oportunidade e desafios da educaÇÃo a distÂncia: uma ... · diante da dinâmica da modernidade,...
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OPORTUNIDADE E DESAFIOS DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: uma análise
na visão de alunos e profissionais catarinenses sobre a modalidade EaD
Adriane Nopes
1
Paulo Ricardo Borges Pedroso2
Resumo
O presente artigo visa contribuir com as análises sobre a inclusão dos novos meios de
comunicação no processo de ensino-aprendizagem, mais especificamente, a inclusão do
sistema de redes (internet), característico da nova modalidade de ensino EaD. O
objetivo da pesquisa foi identificar os desafios e oportunidades da modalidade EaD
junto aos alunos catarinenses que optaram por esta modalidade de ensino para graduar-
se, bem como, com profissionais (educadores, gestores e responsáveis por esta
modalidade de ensino em centros educacionais catarinenses) que atuam diretamente
nesta área de ensino no Estado de Santa Catarina. A pesquisa foi realizada em 2014, a
coleta de dados com os alunos foi realizada com questionário estruturado via meio
eletrônico, e com os profissionais realizou-se pesquisa em profundidade. A pesquisa
abordou questões como pontos fortes e pontos fracos, vantagens e desvantagens,
facilidades e dificuldades metodológicas e didáticas no processo de educação quando se
utiliza das novas tecnologias de comunicação, no caso as redes de internet. A
modalidade de ensino a distância com o uso da internet no Brasil é bastante recente,
portanto, um processo ainda em formações e reconhecimento, apresentando diversos
desafios e questionamentos quanto à qualidade do ensino. No Estado de Santa Catarina,
a pesquisa aponta para um processo ascendente de aceitação, para os alunos e
profissionais entrevistados, a modalidade de EaD representa mais uma possibilidade de
obter uma graduação, portanto, não significa uma ruptura com o ensino presencial. Os
entrevistados apresentam como principal vantagem à flexibilidade tempo e espaço, e
como principal desafio, a falta de cultura da autonomia no processo de aprendizagem.
Palavras chave: educação; ensino EaD; Santa Catarina
Introdução
A sociedade moderna contemporânea, desde final do século XX, vivencia novas
formas de inter-relação humana, principalmente, com a inclusão das novas tecnologias
1 Doutora e mestre em Sociologia Política pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),
especialista em História Social pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e graduada
em Ciências Sociais pela UFSC. Professora no Centro Universitário Estácio de Sá de Santa Catarina e
SENAC. Pesquisadora no Grupo de Pesquisa: Projetos globais e o estranho. Situações locais e o
diverso, no Departamento de Sociologia Política da UFSC. E-mail: adrpes@hotmail.com 2 Especialista em Marketing pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), graduado em
Comunicação Social com Habilitação em Publicidade e Propaganda pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Professor no Centro Universitário Estácio de Sá de Santa
Catarina e sócio da empresa Lupi & Associados Pesquisa e Marketing. E-mail:
paulo@lupiassociados.com.br
2
de comunicação, como computadores, internet e celulares promovendo o que Harvey
(1992) denomina de compressão do tempo e espaço. Para Castells (1999), o processo de
inclusão das novas tecnologias de comunicação nas relações humanas emerge a
denominada “sociedade em rede”. Neste processo, a educação igualmente vem
apresentando algumas transformações substanciais surgindo novas modalidades de
Educação a Distância (EaD), tendo como principal, meio as redes de comunicação.
Entretanto, sobre as novas modalidades de ensino EaD emergem debates
bastante controversos, pois, o que por um lado demanda oportunidades, por outro
aparecem muitos desafios no âmbito educacional. No presente artigo analisaremos
como os alunos EaD e profissionais catarinenses avaliam estas novas modalidades de
ensino, diagnosticando pontos fracos e pontos fortes.
Para desenvolver uma análise nessa perspectiva, inicialmente faremos uma breve
análise sobre o conceito rede, situando a emergência desta abordagem na Educação a
Distância. No segundo tópico apresentaremos como as redes se inserem no processo de
educação, apresentando os desafios didáticos e metodológicos de ensino, bem como as
oportunidades de inclusão educacional. Para compreendermos como o processo de
inclusão de redes no sistema de educação se dá no Estado de Santa Catarina, faremos o
cotejamento com a pesquisa realizada junto aos profissionais e alunos que optam pela
modalidade EaD.
1 SOCIEDADE DE REDE E ENSINO EaD
Há certo consenso por parte dos cientistas sociais (sociólogos, historiadores,
geógrafos e antropólogos), de que vivemos um processo de reconstrução e
reorganização da sociedade. Por força principalmente da globalização e das tecnologias
da informação, uma nova organização social encontra-se em construção, atingindo todas
das áreas de interação humana. Diferentes autores dão diferentes nomes a este processo
da sociedade contemporânea; “pós-modernismo” (HARVEY, 1992) “modernidade
líquida” (BAUMAN, 2001), “alta modernidade” (GIDDENS, 1993) e “sociedade em
rede” (CASTELLS, 1999). No entanto, independente da questão terminológica, todos
admitem que vivemos num processo de reestruturação espacial da sociedade,
ultrapassando os limites de barreiras sejam elas locais, regionais ou nacionais,
assumindo um caráter global.
3
O acelerado processo de implementação tecnológica, principalmente a
modernização dos meios de comunicação, internet, telefonia celular, ampliam a
integração do território, e “o espaço torna-se fluido, permitindo que os fatores de
produção, o trabalho, os produtos, as mercadorias, o capital passem a ter uma grande
mobilidade”. (SANTOS, 2005, p. 42) Desta forma, pode-se incluir nesta perspectiva de
atuação dos novos meios de comunicação o processo educacional, conforme nos
propomos para este artigo, verificar como os alunos de graduação EaD no Estado de
Santa Catarina, avaliam o processo de ensino via internet.
Neste contexto, os avanços tecnológicos são determinantes do quadro de
mudanças atual e na análise das redes. E, “quanto mais avança a civilização material,
mais se impõe o caráter deliberado na constituição de rede” (SANTOS, 2002, p. 265).
Diante da dinâmica da modernidade, da fugacidade, de novas possibilidades de
interelação, insurge um novo tipo de organização espaço-temporal das práticas sociais,
onde, “a rede representa um dos recortes espaciais possíveis para compreender estas
novas organizações sociais do espaço” (DIAS, 2005, p. 23).
A ideia de rede como representação existe desde a antiguidade grega, fazendo-se
presente na “mitologia do fio e da tecelagem”, na “metáfora do organismo” (corpo ou
cérebro como um sistema de fluxos)3. Segundo Musso (2004), o conceito moderno de
rede provém da ideia de sistemas, oriundo da filosofia de Saint-Simon, na França do
século XIX e implica a associação de técnica. Neste período histórico há uma grande
sistematização da modernização nos sistemas de transporte e comunicação (emergem os
sistemas de estradas de ferro, de rodagem e o telégrafo). “A rede sai do corpo e torna-se
um artefato superposto a um território e anamorfoseando-o” (MUSSO, 2004, p. 22). O
conceito de rede é reformulado, mantendo a noção de sistema, fluxo e movimento, mas
atualmente, vem associado também à técnica.
Para Dias (1995, p. 141) “toda a história das redes técnicas é a história de
inovações que, uma após as outras, surgiram em resposta a uma demanda social antes
localizada do que uniformemente distribuída”. Ou seja, o próprio conceito de rede é
uma construção em movimento; está em constante construção e reconstrução,
acompanhando os movimentos históricos de desenvolvimento da técnica, adaptando-se
às variações do espaço e do tempo, e, das necessidades do social.
3 A analogia da rede no mitologia grega do fio e da tecelagem, ou na associação com o organismo, ver
Musso (2004) e Dias (2005).
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Mesmo o conceito rede sendo bastante amplo e complexo, há alguns pontos de
convergência sobre o enfoque de análise de rede.
Segundo Dias (2005, p. 11), o termo rede teve uma larga difusão nas últimas
décadas do século XX, sendo utilizado em diversos campos disciplinares, seja enquanto
conceito teórico, ou como ferramenta metodológica. Mas em todas as abordagens há
uma perspectiva de integração e interligação de pontos ou nós, que compõem uma rede,
perpassando barreiras locais, regionais e nacionais, assumindo um caráter global.
Analisando as diversas contribuições conceituais nas diversas áreas de
investigação, Musso (2004, p. 31) propõe uma definição para rede, apontando três
níveis à definição: primeiro, “a rede é uma estrutura de interconexões instáveis”;
segundo, a rede é “composta de elementos em interação” e terceiro, a “variabilidade (da
rede) obedece a alguma regra de funcionamento”. Partindo da definição de Musso,
podemos dizer que a movimentação e dinâmica da rede a torna complexa, pois mesmo
obedecendo a algumas regras de funcionamento, os elementos de interação são
variáveis, fazendo com que a estrutura da rede seja instável.
O que difere uma rede de outra é a dimensão organizacional de cada rede, no
tempo e no espaço.
A dimensão organizacional refere-se à configuração interna da entidade
estruturada em rede, abrangendo os agentes sociais, a origem da rede, a
natureza dos fluxos, a função e finalidade da rede, sua existência e
construção, sua formalização e organicidade. (CORRÊA, 1997, p.109)
Para facilitar o entendimento das abordagens e da dinâmica da rede, Dias (2005),
analisa que, atualmente, a maioria dos estudos de rede relaciona-se a,
quatro grandes fluxos que atravessam o espaço geográfico: os movimentos de
pessoas ou fluxos migratórios; os movimentos comerciais ou fluxos de mercadorias;
os movimentos de informação ou fluxos informacionais; e os movimentos de capitais
ou fluxos monetários e financeiros. (DIAS, 2005, p.11)
No caso em análise focaremos na perspectiva dos fluxos de informação e
conhecimento na modalidade de Educação a Distância (EaD). Para analisar o fluxo de
informações da rede precisamos ter em mente que, a rede apresenta duas propriedades
contraditórias, conexidade e exclusão, ou seja, tanto pode representar uma oportunidade
de democratização da educação, como também pode criar novas desigualdades e meios
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de exploração sociais. Se por um lado a rede integra e liga lugares e pessoas, por outro
lado, pode excluir e impessoalizar as relações humanas.
Neste sentido, para apreender o método de análise da rede é preciso perceber
que, uma rede pode não ter uma superfície, nem dimensões específicas e forma definida,
mas possui os pontos nodais, portanto, “uma rede deve ser entendida com base numa
lógica das conexões, e não numa lógica das superfícies” (KASTRUP, 2004, p. 80).
Assim, segundo Corrêa (1997), ao definirmos uma rede para analisar,
precisamos ter em mente algumas especificações, observando a “dimensão
organizacional”, a “dimensão espacial” e “temporal” do objeto investigado. Cada uma
dessas dimensões desdobra-se apresentando características específicas, de acordo com a
rede em análise. Segundo, Benakouche, (2005, p. 88), para Latour (1987) e Bijiker
(1992), a melhor estratégia para identificar os “grupos sociais relevantes” é “seguir os
atores” envolvidos no problema investigado, para não correr o risco de deixar de lado
algum grupo. No entanto, estas estratégias somente serão satisfatórias quando o caso em
análise referir-se a uma rede com características mais “fechadas”4.
No caso de estudo de redes mais amplas o problema metodológico torna-se mais
evidente, pois como observa Marques (2000, p. 310), no “estudo de caso de redes com
maiores dimensões”, provavelmente parte significante de entrevistados não saberão
identificar outros agentes envolvidos, bem como não saberão identificar o tipo de
relações entre os agentes. Para Santos (2005), o que dificulta e conhecer os elementos e
as variáveis que compõem a rede, e as consequências do meio técnico-científico-
informacional refere-se à sua abrangência.
Desta forma, diante da complexidade de análise das redes, optamos nesta análise
segmentar os atores de abrangência em determinado tempo e espaço, ou seja, a
profissionais atuantes na modalidade de ensino EaD e alunos que optaram por esta
modalidade para sua formação no Estado de Santa Catarina em 2014.
No entanto, antes de apresentarmos a visão do segmento selecionado
apresentaremos um breve histórico sobre a modalidade de Ensino EaD, bem como os
desafios e oportunidades que emergem na inclusão das tecnologias de comunicação na
educação brasileira.
4 Marque (2002, p. 310)
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2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EaD) – A REDE NO PROCESSO DE ENSINO
O modelo de educação a distância não é algo novo, o grande diferencial das
novas metodologias de Educação a Distância (EaD) é a inserção dos novos meios de
comunicação, principalmente as redes de internet. Segundo relatório da ABED (2012), o
ensino a distância existe desde o século XIX, a primeira experiência nesse campo de
ensino registrada foi na Suécia em 1883. No entanto, têm-se notícias de ensino a
distância na Inglaterra em 1840; na Alemanha em 1856 e nos Estados Unidos aparece o
ensino por correspondência em 1874.
O início do ensino a distância no Brasil data provavelmente de 1904, com as
Escolas Internacionais e cursos de datilografia por correspondência oferecidos pelo
Jornal do Brasil.
No processo histórico apresentado por autores como Maia & Mattar (2007) e
Vianney (1999) a utilização dos meios de comunicação no ensino a distância no Brasil,
existem desde a década de 1920, quando a Rádio-Escola (entre os anos de 1923 a 1934)
oferecia cursos de Português, Francês, Silvicultura, Literatura Francesa, Esperanto,
Radiotelegrafia e Telefonia. Segundo pesquisa realizada por Hoffmann em 2013 a
Radio-Escola foi doada ao Ministério da Educação e Saúde em 1936; em 1939 a Rádio
Monitor foi o primeiro Instituto Brasileiro a oferecer cursos profissionalizantes a
distância por correspondência. E, em 1941, surge o Instituto Universal Brasileiro (IUB)
e a primeira Universidade do Ar, que durou até 1944, neste período a metodologia
investida era os alunos estudarem por apostilas.
Na década de 1960 verifica-se uma ampla difusão e expansão do ensino a
distância no Brasil, quando se propaga várias iniciativas, como, por exemplo, em 1965
foi criada a Divisão de Ensino a Distância (DED) pelo Ministério do Exército, na Escola
de Comando e Estado Maior (ECEME); criação da Rádio e TV Educativa no Rio
Grande do Sul / MEC; criação do Centro de Ensino Técnico de Brasília (CETEB), no
Rio de Janeiro, que inicia suas atividades a distância a partir de 1973/74. Em 1967, cria-
se a Fundação Centro Brasileiro de Televisão Educativa (FUNTEVE) no Rio de
Janeiro; a Fundação Padre Anchieta, atual TV Cultura, mantida pelo Governo do Estado
de São Paulo, atividades educativas e culturais ocorriam via rádio e televisão; a
Fundação Padre Landell de Moura (FEPLAM) no Rio Grande do Sul, que seguia as
orientações do seu núcleo de Educação a Distância com metodologias de ensino por
correspondência e via rádio. Ainda, em 1967 foi criado o Instituto Brasileiro de
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Administração Municipal (IBAM), que também foi aplicada a metodologia de ensino
por correspondência para atender demandas de funcionários de prefeituras municipais.
Em 1969, TV Cultura lança o primeiro telecurso; e, neste ano foi criada a Fundação
Maranhense de TV Educativa.
Como podemos perceber pelo breve histórico apresentado, as metodologias de
ensino a distância no Brasil dava-se basicamente por correspondência, rádio e televisão
auxiliados por apostilas e visavam uma formação complementar.
O grande diferencial da educação a distância ocorrerá no Brasil em 1985 com a
inclusão da rede de internet, com o uso do computador ou em rede local nas
universidades no país. Entretanto, a modalidade de Educação a Distância (EaD) se
difunde no Brasil somente na década de 1990, principalmente devido a expansão das
redes de internet e o reconhecimento pelo Governo, assim, em 1995 cria-se o Centro
Nacional de Educação a Distância de iniciativa do SENAC, e, em 1996 funda-se
oficialmente a Secretaria de Educação a Distância (SEED) pelo Decreto nº 1.917, de 27
de maio de 1996, visando uma política que privilegia a democratização e a qualidade da
educação brasileira.
Portanto, segundo Hoffmann (2013), no Brasil o reconhecimento legal de
Educação a Distância apresenta como marco legal o artigo 80 da LDB - Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, cujo
caput dispõe que “o Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de
programas de educação a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de
educação continuada”. A referida foi regulamentada em 20 de dezembro de 2005 pelo
Decreto n° 5.622 (BRASIL, 2005), estabelecendo a forma de credenciamento das
instituições, os requisitos para a realização de exames e registro de diplomas. (PORTAL
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2012). A regulamentação de 2005 estabelece que:
(...) como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica
nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e
tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. (Art. 1º,
Decreto nº 5.622/2005).
No entanto, cabe destacar que, na definição da Educação a Distância, segundo
decreto de 2005, a modalidade de Educação a Distância tem por obrigatoriedade aulas
presenciais, conforme se descreve.
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§1º A Educação a Distância organiza-se segundo metodologia, gestão e
avaliação peculiares, para as quais deverá estar prevista a obrigatoriedade de
momentos presenciais para:
I – avaliações de estudantes;
II – estágios obrigatórios, quando previstos na legislação pertinente;
III – defesa de trabalhos de conclusão de curso, quando previstos na
legislação pertinente e;
IV – atividades relacionadas a laboratórios de ensino, quando for o caso. (Art.
1º, Decreto nº 5.622/2005).
Com a regulamentação legal, por parte do Ministério da Educação, e
reconhecimento da modalidade de Educação a Distância, o governo federal criou leis e
estabeleceu normas para a Educação a Distância no Brasil (UNIFESP, 2009) em todos
os níveis de educação, incluindo cursos superiores da EaD, reconhecendo a
equivalência de diplomas aos dos cursos oferecidos pelas instituições de ensino superior
que utilizam a modalidade presencial. O reconhecimento de diplomas de graduação na
modalidade EaD ainda gera muitos debates.
Desde a legalização da Educação a Distância no Brasil, verificam-se crescentes
investimentos por parte das instituições privadas e públicas nesta modalidade de ensino,
entretanto, ainda existem muitas controvérsias quando a Educação a Distância, há quem
classifique esta modalidade de ensino como massificada e uma iniciativa de segunda
categoria; bem como, há os defensores da ideia da democratização da educação e que
“EaD é o Futuro da Educação”, como veremos no próximo tópico.
2.1 Principais desafios e oportunidades do Ensino EaD em Santa Catarina
No que tange as controvérsias e polêmicas do debate sobre a Educação a
Distância, verifica-se que a nova modalidade de ensino com a inclusão da rede no
processo de ensino-aprendizado está em processo de implementação e reconhecimento,
e, portanto, imbuído de incertezas quanto na sua eficácia para atender as necessidades
da sociedade contemporânea. Desta forma, verifica-se que a modalidade de EaD vem
carregado do imaginário de ensino sem qualidade, devido a vários fatores como: a falta
da presença física do professor, que Freire (1988) refere-se a pedagogias “bancárias”, a
falta de espaço para tirar dúvidas, ou seja, a modalidade na prática do ensino torna-se
muito impessoal, bem como, a limitações de alguns professores(as) e alunos(as) no
domínio das ferramentas.
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Entre outros fatores da imagem negativa da EaD, verifica-se a percepção que são
formações voltadas a atender somente o mercado, cujo objetivo é reduzir custos para
aumentar a lucratividade. Neste sentido, como consta no relatório ABED (2012, p. 64):
Essa modalidade educacional vem adquirindo, com grande velocidade,
adeptos individuais e institucionais e, ao mesmo tempo, observa-se neste
caminho rastro de polêmicas e desafios. Há um esforço no sentido dos
educadores manterem o caráter educacional e os valores éticos e de
comprometimento social nas iniciativas em que estão envolvidos. Mas, há
também, a busca por parte de algumas instituições de priorizarem valores
econômicos e políticos na ampliação da conquista dos espaços educacionais.
Por outro lado, encontra-se muitas argumentações favoráveis a modalidade de
ensino da EaD, apresentando como principais justificativa: democratização do ensino e
menos oneroso.
Para complementar as questões de impasse da nova modalidade de ensino EaD
diante da complexidade que envolve a qualidade de ensino, o MEC estabelece a
obrigatoriedade de apresentar aspectos pedagógicos, recursos humanos e infraestrutura
no Projeto Político Pedagógico de implementação de curso na modalidade a distância os
seguintes tópicos principais: “(I) Concepção de educação e currículo no processo de
ensino e aprendizagem; (II) Sistemas de Comunicação; (III) Material didático; (IV)
Avaliação; (V) Equipe multidisciplinar; (VI) Infraestrutura de apoio; (VII) Gestão
Acadêmico-Administrativa; (VIII) Sustentabilidade financeira. (MEC - SEED, 2007)”
Apresentado os pressupostos teóricos e legais que serviram de base para a
pesquisa, apresentaremos a visão entrevistados sobre os desafios e oportunidades que
envolvem a rede na modalidade de Educação a Distância.
3 O ENSINO EaD NA VISÃO DOS CATARINENSES ENTREVISTADOS
Na pesquisa realizada junto aos alunos de EaD em Santa Catarina foram
realizadas 330 entrevistas durante o mês de agosto de 2014. Considerando um número
aproximado de 70.000 estudantes no ensino superior nesta modalidade em todo o
Estado, conforme dados do Anuário Brasileiro de Educação a Distância (ABED) e um
coeficiente de confiança da pesquisa de 95% a margem de erro do estudo situa-se em
5,4% para mais ou para menos. Paralelamente a realização da pesquisa com alunos,
foram realizadas pesquisa em profundidade (qualitativa) com seis educadores e
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profissionais atuantes em EaD no Estado de Santa Catarina, a fim de ampliar a análise
sobre o tema em estudo.
Como análise geral, segundo os entrevistados verifica-se que a inclusão da rede
de internet no processo de ensino aprendizagem representa mais uma opção de acesso a
educação. Os alunos quando solicitados de forma espontânea a indicarem as razões que
os levaram a optar pela EaD citam diversas razões, entretanto, o fator preponderante
recai na relação social de tempo e espaço, ou seja, a flexibilidade de horários e do local
de estudo. É possível encontrar respostas baseadas em aspectos profissionais, como
incompatibilidade de horários e falta de tempo, assim como as de caráter pessoais, como
a existência de filhos pequenos que tomam tempo em demasia, especialmente das mães,
impossibilitando o acompanhamento de aulas na modalidade presencial. Desta forma,
quando estimulados a optar entre os diversos fatores e apontar as que mais contribuíram
na decisão, e quais observam maior vantagem na EaD, os estudantes as apontam na
seguinte ordem: flexibilidade de horários para estudos (82,4%); flexibilidade de local de
estudos (63,3%); evitar deslocamentos e trânsito (56,7%); menor custo (54,5%);
autonomia do aluno para estudar (44,8%); maior comprometimento do aluno (10,0%) e
maior segurança/medo da violência urbana (7,0%).
Os entrevistados quando solicitados a apresentar a justificativa mais importante
ao optarem por graduar-se na modalidade EaD, novamente surge como fator de
destaque a flexibilidade de horários (45,2%). Desta forma, verifica-se que a maioria dos
entrevistados que optam pela modalidade EaD visam conciliar suas atividades pessoais
e profissionais com a educação superior.
A visão dos profissionais da EaD é similar aquela apresentada pelos(as)
estudantes, com destaque para a flexibilidade de horários, entretanto, aparecem também
aspectos referentes a universalização de acesso com a quebra das barreiras de tempo e
espaço na educação, como refere o (a) professor(a) entrevistado(a) “Em minha opinião a
educação a distância é uma grande ferramenta para ampliar o acesso aos conhecimento,
pois derruba as barreiras referentes ao tempo e espaço.”
Os(as) alunos(as) quando arguidos sobre as principais desvantagens na
modalidade de ensino EaD destacam, prioritariamente, a falta de interação humana,
representando um desafio didático pedagógico. Desta forma, apontam, em ordem
decrescente, os seguintes fatores: falta de interatividade com os professores (53,9%);
dificuldades para retirar dúvidas (51,2%); falta de relacionamento humano (48,2%);
dependência de tecnologia (32,4%); exigência de maior comprometimento do estudante
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(24,8%); perda de espontaneidade do estudante (9,7%); qualidade do ensino (3,3%);
maior custo (1,8%); problemas burocráticos (também 1,8%); preconceito contra a EaD
(1,5%). Importante destacar que uma parcela de 2,4% não vê desvantagens na EaD.
Entre todos os fatores apontados, aqueles considerados como mais significativos
como desvantagens da EaD destacam-se: falta de interatividade com os professores
(24,3%); falta de relacionamento humano (23,9%) e dificuldades para retirar dúvidas
(20,9%). Estes fatores podem levar a dois questionamentos: apesar da opção pela EaD a
cultura do estudante ainda se prende a educação presencial com a disponibilidade do
professor, tanto na explicação quanto na retirada de dúvida, assim como fatores
relacionados ao contato humano. O outro ponto que pode ser objeto de futuros estudos é
a necessidade de que as instituições ofereçam mecanismos capazes de suprir estas
carências utilizando ferramentas, sites, plataformas e mesmo redes de relacionamentos
que propiciem esta maior interatividade entre professor e aluno.
Corroborando com a opinião dos(as) alunos(as), os(as) educadores veem na falta
de convívio professor-aluno como a principal desvantagem no processo ensino-
aprendizagem via internet, como pode ser visto no depoimento de um(a) dos(as)
entrevistados(as): “a tradição do processo de ensino-aprendizagem tem vinculado os
processos de estudo à presença de um professor nas discussões e assimilação do
aprendizado, logo, temos, geralmente, certa dificuldade em assumir a autonomia dos
processos de aprendizagem” (ENTREVISTA 4). Os profissionais educadores(as) da
área EaD acreditam que esta modalidade de ensino compromete a prática pedagógica, o
convívio, a troca de experiência e as dinâmicas de grupo.
Como propostas de práticas pedagógicas na modalidade de ensino pela internet
os(as) alunos(as) entrevistados(as) apresentam uma lista de ferramentas que julgam
úteis no processo da EaD. Neste sentido, as respostas apresentadas foram as seguintes:
ambiente para resolução de casos e problemas das disciplinas (40,9%); tutoria online
(40,0%); aulas transmitidas via web/internet (34,8%); chat de conversação com outros
alunos (26,4%); material didático impresso (19,7%); fórum de debates entre professores
e alunos (19,4%) e quadro virtual de avisos (9,1%). É possível perceber que as respostas
nesta questão indicam, novamente, a percepção da necessidade de maior contato com os
professores, desta vez porém, com a utilização de ferramentas da web, tornando os
espaços mais interativo e dialógico.
Quando perguntados quais dos itens sugeridos seriam mais difíceis para serem
realizados por um estudante de EaD as respostas vão no seguinte sentido:
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comprometimento do aluno x flexibilidade de horários (33,6%); saber selecionar as
melhores fontes de referências e estudos (23,9%); buscar um aprendizado mais
aprofundado das disciplinas (22,4%); navegar em ambientes complexos e em constante
mudança (10,0%) e lidar com novas informações que surgem a cada dia (8,2%). Já 1,8%
dos estudantes não sabem apontar quais dos itens é responsável por maior dificuldades
para os alunos em EaD.
No que tange a criação de um Plano de Estudos 61,2% dos entrevistados
afirmam que o elaboraram ao iniciar o curso superior em EaD e 52,1% afirmam que
costumam obedecer a este Plano sempre ou quase sempre, demonstrando assim
coerência com a questão da autodeterminação de dias e horários para se dedicar aos
estudos. Entretanto 38,8% afirmam não terem elaborado um Plano de Estudos e 9,1%
afirmam não obedecer ao Plano elaborado. Assim, percebe-se divisão entre aqueles que
criam e cumprem o Plano e entre os que não criam e/ou não cumprem o Plano
corroborando a percepção de que o comprometimento dos alunos frente a flexibilidade
de horários é o fator primordial a ser estimulado e superado para o sucesso individual na
EaD.
Neste sentido, os(as) especialistas na área também observam dificuldade
enfrentada pelos alunos na organização do tempo de estudos o que pode acarreta em um
impasse metodológico de ensino a relação entre o comprometimento do aluno x
flexibilidade de horários. Na visão de um(a) d(os)as entrevistados(as):
A disciplina é um dos fatores mais importantes para o sucesso em cursos na
modalidade EAD e que leva ao comprometimento do aluno frente à
flexibilidade de horários possibilitada pela modalidade sendo este um dos
motivos mais citados pelos alunos que evadiram de cursos a distância é a
falta de tempo, que na verdade pode ser traduzida pela falta de disciplina e de
comprometimento com um tempo diário de estudos necessário ao
cumprimento das atividades (ENTREVISTA 2).
Na opinião de outro(a) profissional a EaD exige do aluno muito
comprometimento, dedicação e determinação. E a flexibilidade muitas vezes pode fazer
com que o aluno não dê tanta importância, quanto a que daria, se tivesse que
comparecer presencialmente. Uma terceira entrevistada afirma que “todo
comprometimento para um curso é indispensável” (ENTREVISTA 6)
Como podemos observar os desafios didáticos pedagógicos da modalidade de
ensino via internet, segundo os(as) entrevistados(as), entre os diversos fatores, perpassa
a cultura da educação presencial, fator limitador das relações humanas via tecnologia
(rede), destarte, cerca de 72% do público afirma que recomendaria a EaD como
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modalidade de ensino para seus amigos e parentes indicando um grau de satisfação
bastante elevado com a modalidade de ensino. Os que não indicariam a EaD são
somente 2,7% do público, enquanto um quarto do público mostra uma opinião nem
favorável nem desfavorável à modalidade.
Entretanto, quando questionados se concordam com a expressão que “EaD é a
educação do futuro” metade do público afirma que concorda em parte, 41,2% afirma
concordar e a menor parcela 8,8% discorda da citação. O assunto também não é
consenso entre os(as) educadores:
Concordo em parte que o EaD seja a educação do futuro; na verdade acredito
que EaD é uma modalidade de educação que vai avançar muito ainda, mas
que a educação presencial não vai perder seu espaço; as duas modalidades
podem ser complementares, com a utilização de estratégias de blended
learning, ou semipresencial, mesclando o "presencial" com o "a distância".
(ENTREVISTA 1)
Na opinião de outro dos profissionais entrevistados, EaD ainda não pode ser
considerada a educação do futuro, mas sim como uma outra forma de estudar, aliada a
novas tecnologias. Sem estar fisicamente presente com seus professores, mas juntos por
meio de tecnologias de comunicação (ENTREVISTA 5). Já (O)a terceiro(a)
entrevistado (a) afirma que:
Acredito que EaD é uma possibilidade para a educação, mas não será a única.
Admitir que seria a única no futuro equivale a dizer que todos somos
indiscutivelmente iguais e que, portanto, nos adaptaríamos a uma única
modalidade de ensino. Acredito na diversidade dos seres, portanto na
diversidade de opções e aprimoramento das mesmas. A modalidade EaD é
uma opção que veio pela necessidade constante que temos de inovar, é um
desafio para os envolvidos no processo e positivo quando se encara com
responsabilidade. (ENTREVISTA 3)
Outro entrevistado aposta na EaD como opção do futuro da educação: “acredito
que EaD seja o futuro sim, pois ela consegue chegar onde as universidades não chegam,
possibilitando a formação a todos” (ENTREVISTA 4)
Como podemos analisar, a pesquisa nos permitiu verificar que na visão dos
catarinenses entrevistados a modalidade de Educação a Distância (EaD) representa um
processo em estruturação, corroborando com a percepção que a inclusão da rede de
internet no ensino facilita na dinâmica da sociedade contemporânea, no entanto, ainda
faz necessário ajustar o processo de ensino aprendizado, de forma a estabelecer vínculos
entre os agentes do processo professores(as) e alunos(as). Igualmente, verificou-se que a
modalidade EaD, segundo os entrevistados, não significa suprimir a educação
14
presencial, mas representa tão somente mais uma modalidade de ensino, atendendo as
demandas da sociedade contemporânea.
Considerações finais:
Diante das dinâmicas e da complexa sociedade moderna, o presente artigo
limitou-se em verificar, juntos aos alunos (as) e profissionais catarinenses, as relações
entre a nova modalidade EaD e a inclusão das novas tecnologias de comunicação (redes
de internet) no processo de ensino aprendizagem. O intuito foi analisar como os
pesquisados identificam as principais vantagens e desvantagens na modalidade de EaD.
No âmbito geral os entrevistados, tanto alunos(as), quanto profissionais, o
principal desafio no ensino EaD é a necessidade de relacionar disciplina no processo de
ensino aprendizagem, ou seja, comprometimento e flexibilidade.
Na visão dos (as) alunos(as) entrevistados a principal vantagem do uso da rede
de internet no processo de graduação refere-se a flexibilização do tempo e espaço,
permitindo ao estudante ajustes conforme suas necessidades. Por outro lado, os(as)
alunos(as) entrevistados percebem a importância da mediação pedagógica, expressa na
limitação da falta da presença do(a) professor(a). As mesmas vantagens e desvantagens
são, também, destacadas pelos profissionais catarinenses.
Relevante destacar, no que tange a participação do(a) professor(a) EaD no
processo de ensino como descreve Belloni (2006, p. 84) , que do ponto de vista da rede
de ensino, atualmente pode-se
agrupar as funções docentes em três grandes grupos: o primeiro é responsável
pela concepção e realização dos cursos e materiais; o segundo assegura o
planejamento e organização da distribuição de materiais e da administração
acadêmica (matrícula, avaliação); e o terceiro responsabiliza-se pelo
acompanhamento do estudante durante o processo de aprendizagem (tutoria,
aconselhamento e avaliação).
Neste sentido, no intuito de atender as demandas apontadas na pesquisa pelos
entrevistados, faz necessário que os cursos de graduação EaD estabeleçam uma
proporção de alunos por professor para garantir boa interatividade de comunicação,
acompanhamento, orientação e respostas em tempo a contento. Neste mesmo sentido,
igualmente cabe destacar, que para garantir a qualidade do processo ensino aprendizado
via internet, faz necessário professores(as) qualificados(as), ou seja, com formação na
área de conteúdo a ser ministrado, bem com regulamentação legal de remuneração
(hora/aula) para atender a demanda dos(as) alunos(as).
15
Anexo
Pesquisa realizada com alunos de cursos superior modalidade EaD em Santa
Catarina – Agosto de 2014
Número alunos em nível superior EAD em SC fonte:
Anuário Brasileiro da Educação a Distância (ABED)
Universo: 70.869 alunos
Número de entrevistas: 330
Margem de erro: ± 5,4%
Coeficiente de confiança: 95%
Tabela 1: Para você quais as principais vantagens de
realizar um curso superior em EAD? - Respostas
Múltiplas
N %
Flexibilidade de horários para estudo 272 82,4
Flexibilidade do local de estudos/poder estudar onde quiser 209 63,3
Evitar deslocamento/trânsito 187 56,7
Menor custo 180 54,5
Autonomia do aluno para estudar 148 44,8
Maior comprometimento do aluno 33 10,0
Segurança/Evitar a violência urbana 23 7,0
Base 330 entrevistas Fonte: Pesquisa EaD na visão dos alunos de Santa Catarina – Agosto
2014
Tabela 2: E qual deles você considera a vantagem mais
importante? N %
Flexibilidade de horários para estudo 149 45,2
Flexibilidade do local de estudos/poder estudar onde quiser 63 19,1
Menor custo 55 16,7
Autonomia do aluno para estudar 30 9,1
Evitar deslocamento/trânsito 20 6,1
Maior comprometimento do aluno 7 2,1
Segurança/Evitar a violência urbana 6 1,8
Total 330 100,0 Fonte: Pesquisa EaD na visão dos alunos de Santa Catarina – Agosto
2014
16
Tabela 3: Para você quais as principais desvantagens de
realizar um curso superior em EAD? Respostas Múltiplas N %
Falta de interatividade com os professores 178 53,9
Dificuldades para retirar dúvidas 169 51,2
Falta de relacionamento humano 159 48,2
Dependência de tecnologia (máquina/internet) 107 32,4
Exigência de maior comprometimento do aluno 82 24,8
Perda da espontaneidade do aluno 32 9,7
Qualidade de ensino 11 3,3
Maior custo 6 1,8
Problemas burocráticos 6 1,8
Preconceito contra EAD 5 1,5
Não vê problemas em EAD 8 2,4
Base 330 entrevistas
Fonte: Pesquisa EaD na visão dos alunos de Santa Catarina – Agosto 2014
Tabela 4: E qual deles você considera a desvantagem mais
significativa? N %
Falta de interatividade com os professores 80 24,3
Falta de relacionamento humano 79 23,9
Dificuldades para retirar dúvidas 69 20,9
Dependência de tecnologia (máquina/internet) 37 11,2
Exigência de maior comprometimento do aluno 37 11,3
Problemas burocráticos 5 1,5
Qualidade de ensino 5 1,5
Perda da espontaneidade do aluno 4 1,2
Preconceito contra EAD 4 1,2
Maior custo 2 0,6
Não vê problemas em EAD 8 2,4
Total 330 100,0
Fonte: Pesquisa EaD na visão dos alunos de Santa Catarina – Agosto 2014
17
Tabela 5: Dos itens a seguir quais considera mais úteis e que
poderiam proporcionar um melhor desempenho do aluno em
EAD? Respostas Múltiplas
N %
Ambiente para resolução de casos e problemas das disciplinas 135 40,9
Tutoria on-line 132 40,0
Aula transmitidas via internet/Web 115 34,8
Chat de conversação com outros alunos 87 26,4
Material didático impresso 65 19,7
Fórum de debates entre professores e alunos 64 19,4
Quadro virtual de avisos 30 9,1
Base 330 entrevistas
Fonte: Pesquisa EaD na visão dos alunos de Santa Catarina – Agosto 2014
Tabela 6: Dos itens a seguir, qual você considera mais difícil de
realizar num curso em EAD? N %
Comprometimento do aluno x Flexibilidade de horários 111 33,6
Saber selecionar as melhores fontes de referência/estudos 79 23,9
Buscar um aprendizado mais aprofundado das disciplinas 74 22,4
Navegar em ambientes complexos e em constante mudança 33 10,0
Lidar com as novas informações que surgem a cada dia 27 8,2
Não sabe 6 1,8
Total 330 100,0
Fonte: Pesquisa EaD na visão dos alunos de Santa Catarina – Agosto 2014
18
Tabela 7: Ao iniciar seu curso em EAD você elaborou um
Plano de Estudos com dias e horários para estudar? N %
Sim 202 61,2
Não 128 38,8
Total 330 100,0
Fonte: Pesquisa EaD na visão dos alunos de Santa Catarina – Agosto 2014
Tabela 8: Você costuma obedecer a este Plano de Estudos? N %
Sempre 37 11,2
Quase sempre 135 40,9
Raramente 24 7,3
Nunca 6 1,8
Não tem Plano de Estudos 128 38,8
Total 330 100,0
Fonte: Pesquisa EaD na visão dos alunos de Santa Catarina – Agosto 2014
Tabela 9: Você concorda com a expressão de que "EAD é o
futuro da Educação" N %
Sim 136 41,2
Não 29 8,8
Em parte 165 50,0
Total 330 100,0
Fonte: Pesquisa EaD na visão dos alunos de Santa Catarina – Agosto 2014
Tabela 10: Você recomendaria um curso superior em EAD
para algum amigo ou parente? N %
Sim 238 72,1
Não 9 2,7
Depende 79 23,9
Não sabe 4 1,2
Total 330 100,0
Fonte: Pesquisa EaD na visão dos alunos de Santa Catarina – Agosto 2014
19
Tabela 11: Gênero N %
Masculino 163 49,4
Feminino 167 50,6
Total 330 100,0
Fonte: Pesquisa EaD na visão dos alunos de Santa Catarina – Agosto 2014
Tabela 12: Faixa Etária N %
De 18 a 29 anos 145 43,9
De 30 a 39 anos 120 36,4
De 40 a 49 anos 55 16,7
50 anos e mais 10 3,0
Total 330 100,0
Fonte: Pesquisa EaD na visão dos alunos de Santa Catarina – Agosto 2014
Tabela 13: Renda Familiar Mensal N %
Até R$ 1.086,00 (Até 1,5 SM) 30 9,1
De R$ 1.087,00 até R$ 2.172,00 (1,6 a 3 SM) 95 28,8
De R$ 2.173,00 até R$ 4.344,00 (3,1 a 6 SM) 97 29,4
De R$ 4.345,00 até R$ 7.240,00 (6,1 a 10 SM) 68 20,6
De R$ 7.241,00 até R$ 11.584,00 (10,1 a 16 SM) 31 9,4
De R$ 11.585,00 até R$ 21.720,00 (16,1 a 30 SM) 6 1,8
Mais de R$ 21.720,00 (Mais de 30 SM) 3 0,9
Total 330 100,0
Fonte: Pesquisa EaD na visão dos alunos de Santa Catarina – Agosto 2014
Tabela 14: População do município em que reside N %
Até 5.000 habitantes 7 2,1
De 5.001 a 10.000 habitantes 13 3,9
De 10.001 a 30.000 habitantes 20 6,1
De 30.001 a 50.000 habitantes 24 7,3
De 50.001 a 100.000 habitantes 48 14,5
Mais de 100.000 habitantes 218 66,1
Total 330 100,0
Fonte: Pesquisa EaD na visão dos alunos de Santa Catarina – Agosto 2014
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nacional, e 5.773, de 9 de maio de 2006, que dispõe sobre o exercício das funções de
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