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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação em Linguística
Doutorado em Linguística
O Processamento da Correferência Pronominal em Posição de Sujeito e em
Posição de Objeto - Um Estudo Comparativo entre Português Brasileiro
(PB) e Português Europeu (PE).
Katharine de Freitas Pereira Neto Aragão da Hora
Rio de Janeiro
Fevereiro de 2019
O PROCESSAMENTO DA CORREFERÊNCIA
PRONOMINAL EM POSIÇÃO DE SUJEITO E EM
POSIÇÃO DE OBJETO - UM ESTUDO COMPARATIVO
ENTRE PORTUGUÊS BRASILEIRO (PB) E PORTUGUÊS
EUROPEU (PE).
Katharine de Freitas Pereira Neto Aragão da Hora
Tese de Doutorado apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Linguística da Universidade
Federal do Rio de Janeiro como quesito para a
obtenção do Título de Doutor em Linguística
Orientador: Prof. Doutor Marcus Maia
Coorientador (a): Doutora Paula Luegi
Rio de Janeiro
Fevereiro 2019
CIP - Catalogação na Publicação
Elaborado pelo Sistema de Geração Automática da UFRJ com os dados fornecidospelo(a) autor(a), sob a responsabilidade de Miguel Romeu Amorim Neto - CRB-7/6283.
H811pHora, Katharine de Freitas Pereira Neto Aragão da O Processamento da Correferência Pronominal emPosição de Sujeito e em Posição de Objeto - Um EstudoComparativo entre Português Brasileiro (PB) ePortuguês Europeu (PE). / Katharine de FreitasPereira Neto Aragão da Hora. -- Rio de Janeiro,2019. 280 f.
Orientador: Marcus Maia. Coorientadora: Paula Luegi. Tese (doutorado) - Universidade Federal do Riode Janeiro, Faculdade de Letras, Programa de PósGraduação em Linguística, 2019.
1. Psicolinguística. 2. Processamento . 3.Correferência. 4. Pronome nulo e pleno. 5. Posiçãode sujeito e Posição de objeto. I. Maia, Marcus,orient. II. Luegi, Paula, coorient. III. Título.
Dedico esta Tese à minha
filha, meu sobrinho e minha
afilhada, que aqui
representam todas as crianças
do Brasil e a esperança de um
futuro melhor.
Agradecimentos
Em primeiro lugar, agradeço a Deus!
Agradeço aos meus pais por terem me ensinado a importância dos estudos e por
terem sido o contínuo apoio durante todos os anos da minha vida, sempre presentes
em todos os momentos. Agradeço a minha mãe (in memoriam), que em todo o
período do doutorado, de onde quer que ela esteja nunca deixou de me apoiar e de
amar sempre me dando forças para continuar e concluir essa fase. Ao meu pai e ao
meu irmão, agradeço de forma muito carinhosa pelo suporte nos momentos em que
precisei durante o doutorado. Sua paciência e sua efetiva ajuda com a Lívia nunca
serão passíveis de um mero agradecimento.
Agradeço ao Felipe, meu companheiro de todas as horas, que soube
compreender, como ninguém, os momentos de afastamento, de cansaço e de loucura
pelos quais passei durante o período de escrita desta tese. Tenho certeza que sem o
seu apoio nada disso seria possível, você como sempre me traz a força quando eu já
não tenho mais de onde tirar. Agradeço pelo apoio quando decidi que precisaria ir a
Portugal fazer parte da minha pesquisa abrindo mão da presença da nossa filha e da
minha também. A você, meu amor, o meu maior agradecimento.
Agradeço à minha filha, por sempre ser compreensiva, principalmente no
momento em que a tirei da sua zona de conforto e a joguei num mundo desconhecido
quando a levei para Portugal junto comigo. Muito obrigada, minha filha, pois todas as
vezes que eu sentia vontade de sair correndo você chegava perto, me dava um beijo e
eu percebia que por você eu tinha que continuar.
À minha comadre, que sempre esteve à disposição quando precisei de ajuda com
a Lívia durante as viagens a congressos e minhas idas à faculdade em horários em que
a Lívia não estaria na escola. Comadre receba meus sinceros agradecimentos.
A todos os familiares que sempre estiveram dispostos a ajudar em todos os
momentos, à minha sogra e ao meu sogro, aos meus cunhados Andrea, Luciana e
Eduardo.
Quero deixar registrado aqui um agradecimento mais do que especial a pessoas
maravilhosas que conhecemos antes de nossa ida a Portugal e que foram de essencial
importância para que o trabalho que fui fazer pudesse ser realizado. Família Leme
Terra, nas figuras de Michela, Valdir, Maria e Benson, foram enviados por Deus para
nos ajudar e tornar os nossos dias mais fáceis longe de nossos familiares e de nossa
terra. Agradeço à Michela e ao Valdir pelo carinho e pelo cuidado com a Lívia e
também comigo, vocês sabiam quando eu estava precisando de um café, de um vinho,
de um abraço ou até mesmo apenas de uma boa conversa. Agradeço à Maria, uma
menina de 12 anos que tem um coração enorme, que para fazer a Lívia se sentir
melhor brincava com ela como se tivessem a mesma idade, muito obrigada florzinha,
por ser esse “serumaninho” maravilhoso. Agradeço ao Benson por me ensinar muita
coisa, muito obrigada pela preocupação e pelo cuidado com a Lívia. Rapaz, você é
gigante!!! Não tenho palavras para agradecer o que fizeram por mim, por minha filha
e pelo Felipe, ou seja, por minha família. Amamos cada um de vocês de um modo
muito especial.
Além dessa família maravilhosa, conhecemos através deles outras pessoas que
também tiveram grande importância durante nossa estada em Portugal. Alexandre,
Beatriz, Raquel, Cleide, Bia e Dona Lourdes, muito obrigada.
Aos amigos do laboratório, Michele, Lorrane, Sara, Sabrina, Cristiane, Ana
Luíza, Kátia e Daniela pela ajuda em todos os momentos e pelos momentos de
descontração durante os almoços e cafezinhos.
Aos amigos de fora do laboratório, alguns de longa data, mais de 15 anos, que
passaram por todos os momentos importantes da minha vida, desde a entrada na
faculdade até os dias de hoje, né Rafa? Há aqueles amigos que ganhei de presente do
meu marido, Elaine, Marcus, Sheila, Kiko e Monique, pessoas que conheci através
dele e que permanecem em minha vida até hoje. Há também aquelas pessoas que
ganhei de presente em momentos inusitados, quem diria que um início de conversa
durante o reparo de um ônibus enguiçado daria em tantos anos de amizade, né Carol?
Há também aqueles amigos que ganhei da minha filha, desde o início de sua vida
escolar sempre se identificou com alguns amiguinhos e junto com eles trouxe para nós
duas famílias maravilhosas que estão sempre presente em nossas vidas: Amanda,
Bárbara, Giulia, Paulo, Felipe e Tia Denise, família da melhor amiga Kamilli; e
Sônia, Maurício, Vitória e Luísa, família do melhor amigo Lucas. Muito obrigada,
meus amigos, por compreenderem os momentos de ausência, de desespero, de
angústia e por sempre me apoiarem muito.
Um agradecimento especial à Tia Denise, inspetora da escola da minha filha, que
se tornou amiga e esteve presente durante todo o processo do doutorado e me ajudou
em todos os momentos. Muito obrigada, tia, pelo suporte sem o qual eu não teria
conseguido.
Agradeço à Professora Armanda por ter aceitado o meu projeto de sanduíche e
por ter me recebido tão bem no laboratório da Universidade de Lisboa.
Agradeço aos membros da banca por terem aceitado ao convite para participar
desse momento tão importante da minha vida. Aniela Improta França, Daniela Cid,
Kátia Abreu, Márcio Leitão, Maria Eugênia Duarte e Michele Calil, muito obrigada!
Por fim, não por serem menos importantes e sim por serem os mais importantes
durante esse processo e por eu não saber como expressar minha gratidão, deixo meu
agradecimento aos meus orientadores, pessoas as quais devo todo o reconhecimento
por que sei que sem eles este trabalho não seria possível.
Ao meu orientador Marcus Maia, que me acompanha desde a iniciação científica
iniciada em 2008, agradeço pela dedicação, pelo cuidado, pelo carinho, pela
paciência, pela amizade, pela confiança e por acreditar no trabalho que foi
desenvolvido até aqui.
À minha orientadora Paula Luegi que, por sorte, cruzou meu caminho na etapa de
conclusão de mestrado e permanece em minha vida até hoje. Agradeço pelas
observações sempre muito pertinentes e pela ativa ajuda em todos os momentos.
Agradeço pelos puxões de orelha, pelos questionamentos, pelas aulas de organização
e disciplina e, principalmente, agradeço pela força quando estive em Portugal e pelo
empenho, pelas horas despendidas para me ajudar, que poderiam ter sido usadas com
coisas muito mais prazerosas, no momento final de escrita desta tese. Nenhuma
palavra é suficiente para eu descrever tamanha gratidão.
Agradeço a Capes e ao CNPq pelo apoio financeiro durante o doutorado sem os
quais não teria conseguido chegar ao fim.
Resumo
Resumo.
A fim de definir o nível de distanciamento entre o Português Brasileiro (PB) e o
Português Europeu (PE), muitos linguistas têm tomado como base o modelo de
Princípios e Parâmetros (Chomsky, 1989) com a finalidade de explicar como os
Princípios da GU fundamentam os parâmetros em cada variedade. Tarallo (1996) afirma
que PB e PE diferem totalmente em relação à categoria vazia, PB preferencialmente
preenchido na posição de sujeito e nulo em posição de objeto e o PE sempre nulo em
posição de sujeito e sempre pleno em posição de objeto.
Estudos de corpora relativos à posição de sujeito como os de Duarte (1995) e de
Barbosa, Duarte e Kato (2005) verificaram que o Português Europeu (PE) e o Português
Brasileiro (PB) diferem no que diz respeito ao preenchimento da posição de sujeito:
mais sujeitos preenchidos em PB do que em PE. Nos estudos, também de corpora
relativos a posição de objeto, Cyrino e Matos (2016) também verificaram, assim como
foi verificado para a posição de sujeito uma disparidade entre as variedades: mais
objetos preenchidos em PE do que em PB.
No que diz respeito aos estudos de compreensão na comparação entre PE e PB
em posição de sujeito, estudos recentes confirmaram que, de fato, existem diferenças na
resolução de formas nulas e plenas (Luegi, Costa e Maia, 2014; e.o.): em PE confirma-
se a preferência nulo-sujeito e pleno-objeto, mas em PB essa assimetria não se verifica,
mantendo-se a preferência para o nulo, mas não se registrando uma preferência clara
para a forma plena. Em relação ao objeto nulo, Leitão (2005) observou que fatores
como animacidade e paralelismo estrutural desempenham papel significativo.
Tomando como referência de partida a afirmação de Tarallo (1996), com a
finalidade de aprofundar as pesquisas comparativas entre PB e PE, na posição de
sujeito, o presente trabalho testa estruturas em que o sujeito pronominal, nulo ou pleno,
Resumo
de uma oração completiva deve retomar, forçado pela concordância em número, um de
dois antecedentes possíveis que integram um SN complexo, sujeito da oração anterior.
Considerando que a forma da expressão anafórica está relacionada com a saliência do
antecedente (Ariel, 1990), e tendo em mente a influência da função sintática do
antecedente na resolução de pronomes, queremos agora verificar se a posição estrutural
relativa dos SNs que integram um SN complexo também tem impacto na resolução de
pronomes. Na posição de objeto, o presente trabalho testa estruturas subordinadas em
que ora o antecedente da forma nula ou plena é [+animado] ou [-animado] sempre com
o traço de especificidade marcado positivamente para não termos interferências de
outros traços no momento da retomada.
Os resultados para a posição de sujeito indicam que há tanto em PB quanto em
PE uma preferência pela interpretação de nulo retomando o SN1, sendo esse o mais
saliente dentro da estrutura e que em PE a forma plena retoma preferencialmente o SN2,
que está encaixado, diferentemente do que acontece com o PB, que com a forma plena
retoma tanto SN1 quanto SN2 de maneira similar. Os resultados para a posição de
objeto indicam que o fator pronome é altamente distintivo entre as variedades, as
condições com pleno apresentaram custos de processamento menores para o PE,
enquanto a forma nula apresentou custos de processamento menores em PB. Os índices
de aceitabilidade foram altos em todas as condições nas duas variedades, sendo a forma
plena a que teve índices mais elevados nas duas. Não foram encontrados resultados
significativos para o traço de animacidade.
A partir dos resultados encontrados, conclui-se que PB e PE diferem com
relação aos parâmetros do sujeito e do objeto nulos, mas apresentam alguns pontos em
comum, como a preferência de retomada de SN1 pelo nulo em posição de sujeito. Há
Resumo
alguns pontos que precisam ser mais bem explorados, como o traço de animacidade em
posição de objeto, usando outros paradigmas experimentais.
Palavras-chave: Processamento, correferência pronominal, pronome nulo e pleno,
posição de sujeito e posição de objeto.
Abstract
Abstract
The Generative Linguistics Principles and Parameters model (Chomsky, 1989)
has been used by many linguists as the proper theoretical framework in order to
compare and define the degree of distance between Brazilian Portuguese (BP) and
European Portuguese (EP), explaining how the Universal Grammar Principles
accommodate the parameters in each variant of Portuguese. Tarallo (1996) claims that
BP and EP present important differences with relation to the empty category in object
position, BP preferring filled subjects and empty objects and EP going the opposite
way, preferring null subjects and filled subjects.
Based on corpora surveys about the subject position, studies such as Duarte
(1995), Barbosa, Duarte and Kato (2005), among several others, have claimed that BP
and EP differ: BP has more filled subjects than EP. Considering the object position,
Cyrino and Matos (2016), on the other hand, has claimed that there are more filled
objects in EP than in BP.
Psycholinguistic studies have also been carried out mainly comparing the subject
position in BP and EP. A more recent study, Luegi, Costa and Maia (2014) confirm that
there are significant differences in the resolution of empty and filled forms: whereas in
EP there is a clear preference for null subjects and filled objects, in BP this asymmetry
is not found, since there seems to be a clear preference for the null forms, but no clear
preference for the filled forms. Leitão (2005) noticed that factors such as animacy and
structural parallelism play an important role to explain these patterns.
The current dissertation tests constructions in which, forced by number
agreement, the null or filled pronominal subject, in a complement clause, must corefer
Abstract
to one of two possible antecedents in a complex DP in subject position in the previous
clause
Considering that the form of an anaphoric expression is related to the
salience of its antecedent (Ariel, 1990), and also having in mind the influence of the
syntactic position of an antecedent in pronoun resolution, this dissertation intends to
verify whether the structural position do the DPs that make up a complex DP also have
an impact on pronoun resolution. With relation to the object position this research tests
subordinate constructions in which the antecedent of null or filled form may be either
[+animate] our [-animate], with the specificity feature positively marked in order to
avoid extraneous interferences during the resolution.
Results for the subject position indicate that both in BP and in EP there is a
preference for the null category taking DP1, which is the most salient element within
the structure. In EP, the filled form takes the embedded DP2 preferentially, unlike BP in
which the filled form takes both the DP1 and the DP2 the same way.
Results for the object position suggest that the factor “pronoun” is highly
distinctive between the two variants. Conditions with the filled form present smaller
processing cost for EP, whereas the null forms present smaller cost in BP. The
acceptability rates were high in all conditions in both varieties of Portuguese, with the
filled forms displaying the highest rates both in BP and EP. No significant results were
found for the animacy feature.
Based on these results, the dissertation concludes that BP and EP differ in terms
of null subject and object parameters, but also present some traits in common, such as
the preference for the null taking the DP1 in subject position. There are still several
Abstract
issues remaining to be explored, such as the animacy feature in object position, which
may present results using different experimental techniques.
As keywords: processing, pronominal coreference, null and filled pronouns,
subject position and object position.
Sumário
Sumário
1. INTRODUÇÃO 1
2. PROCESSAMENTO DA CORREFERÊNCIA PRONOMINAL 9
2.1. A Correferência e suas teorias 20
2.1.1 – Teoria da acessibilidade de Mira Ariel 21
2.1.2 – Teoria da Centralidade de Grozs, Joshi e Weinstein 24
1 – Penalidade do Nome Repetido 25
2 – Paralelismo Estrutural 26
2.1.3 Hipótese da Carga Informacional de Almor 29
2.1.4 Hipótese da Posição do Antecedente de Carminati 31
3. O MODELO GERATIVISTA, A TEORIA DE PRINCÍPIOS E
PARÂMETROS, A CATEGORIA VAZIA E A RELAÇÃO DE
C-COMANDO 34
3.1. Modelo Gerativista 34
3.2. A Gramática Universal e A Teoria de Princípios e Parâmetros 36
3.3. A Categoria vazia 39
3.4 A relação de C-comando 42
4. SUJEITO E OBJETO NULOS: UMA BREVE REVISÃO DA
LITERATURA 48
4.1. Sujeito Nulo 48
4.1.1. Sujeito nulo em Português Brasileiro (PB) 51
4.1.1.1 O sujeito nulo em PB à luz de estudos de representação 52
Sumário
4.1.1.2 O sujeito nulo em PB à luz de estudos de Processamento 55
4.1.2. Sujeito nulo em Português Europeu (PE) 65
4.1.2.1 O sujeito nulo em PE à luz de estudos de Processamento 65
4.1.3. Estudos comparativos entre PB e PE 69
4.1.3.1 Estudos comparativos entre PB e PE à luz de estudos
de Representação 69
4.1.3.1 Estudos comparativos entre PB e PE à luz de estudos
de Processamento 72
4.1.4. O presente estudo 79
4.2. Objeto Nulo 80
4.2.1. Objeto nulo em Português Brasileiro (PB) 83
4.2.1.1 O objeto nulo em PB à luz de estudos de representação 83
4.2.1.2 O objeto nulo em PB à luz de estudos de Processamento 93
4.2.2. Objeto nulo em Português Europeu (PE) 105
4.2.1.1 O objeto nulo em PE à luz de estudos de representação 105
4.2.3. Estudos comparativos entre PB e PE 113
4.2.3.1 Estudos comparativos entre PB e PE à luz de estudos
de Representação 113
Sumário
4.2.4. Motivação para estudar o Objeto Nulo 114
4.2.5. Condicionamentos semânticos para o preenchimento ou não da posição de
objeto -Traços de Animacidade, Especificidade e Gênero semântico. 115
5. O TRABALHO EXPERIMENTAL 119
5.1. Testando a posição de sujeito 120
5.1.1. Os Experimentos 124
1. Experimento 1 – Sujeito nulo em PE e em PB 124
1.1. Metodologia 124
1.2. Resultados 132
1.2.1. Resultados PE 133
1.2.1.1. Resultados off-line 133
1.2.1.2. Resultados on-line 134
1. First pass 135
1.1. Verbo 136
1.2. Advérbio 137
1.3. Pronome+Verbo 137
2. Total pass 139
2.1. Verbo 139
2.2. Advérbio 140
2.3. Pronome + Verbo 140
Sumário
1.2.1.3. Discussão dos Resultados PE 141
1.2.2. Resultados PB 143
1.2.1.1. Resultados off-line 143
1.2.1.2. Resultados on-line 145
1. First pass 145
1.1. Verbo 145
1.2. Advérbio 146
1.3. Pronome+Verbo 147
2. Total pass 148
2.1. Verbo 148
2.2. Advérbio 149
2.3. Pronome + Verbo 150
1.2.1.3. Discussão dos Resultados PB 151
1.2.3. Análise comparativa PE e PB 155
1.2.1.1. Resultados off-line 156
1.2.1.2. Resultados on-line 157
1. First pass 157
1.1. Verbo 157
1.2. Advérbio 158
1.3. Pronome+Verbo 159
Sumário
2. Total pass 161
2.1. Verbo 161
2.2. Advérbio 162
2.3. Pronome + Verbo 163
1.2.1.3. Discussão dos Resultados comparativos PE e PB 164
5.2. Testando a posição de objeto 170
5.2.1. Os Experimentos 172
1. Experimento 2 – Objeto nulo em PE e em PB 172
1.1. Metodologia 172
1.2. Resultados 180
1.2.1. Resultados PE 180
1.2.1.1. Resultados off-line 180
1.2.1.2. Resultados on-line 182
1. First pass 182
1.1. Verbo 183
1.2. Advérbio 183
2. Total pass 184
2.1. Verbo 185
2.2. Advérbio 185
1.2.1.3. Discussão dos Resultados PE 186
Sumário
1.2.2. Resultados PB 188
1.2.2.1. Resultados off-line 188
1.2.2.2. Resultados on-line 190
1. First pass 190
1.1. Verbo 190
1.2. Advérbio 191
2. Total pass 192
2.1. Verbo 192
2.2. Advérbio 193
1.2.2.3. Discussão dos Resultados PB 194
1.2.3. Análise comparativa PE e PB 196
1.2.3.1. Resultados off-line 197
1.2.3.2. Resultados on-line 199
1. First pass 199
1.1. Verbo 199
1.2. Advérbio 200
2. Total pass 201
2.1. Verbo 202
2.2. Advérbio 203
Sumário
1.2.3.3. Discussão dos Resultados comparativos PE e PB 204
6. Considerações finais 207
7. Referências Bibliográficas 215
Anexos 223
Anexo 1 – Lista de frases do experimento 1 PE 224
Anexo 2 – Lista de frases do experimento 1 PB 231
Anexo 3 – Lista de frases do experimento 2 PE 238
Anexo 4 – Lista de frases do experimento 2 PB 245
Anexo 5 – Termo de consentimento PE 252
Anexo 6 – Termo de consentimento PB 254
Anexo 7 – Ficha de controle dos participantes 256
Índice de gráficos
Índice de gráficos
Gráfico 1: Percentagem de erros e certos exp. 1 PE 133
Gráfico 2: Tempos de duração first pass em [ms] VERBO exp1 PE 136
Gráfico 3: Tempos de duração first pass em [ms] ADVÉRBIO exp1 PE 137
Gráfico 4: Tempos de duração first pass em [ms] PRON+VERBO exp1 PE 138
Gráfico 5: Tempos de duração Total pass em [ms] VERBO exp1 PE 139
Gráfico 6: Tempos de duração Total pass em [ms] ADVÉRBIO exp1 PE 140
Gráfico 7: Tempos de duração Total pass em [ms] PRON+VERBO exp1 PE 141
Gráfico 8: Percentagem de erros e certos exp. 1 PB 143
Gráfico 9: Tempos de duração first pass em [ms] VERBO exp1 PB 145
Gráfico 10: Tempos de duração first pass em [ms] ADVÉRBIO exp1 PB 146
Gráfico 11: Tempos de duração first pass em [ms] PRON+VERBO exp1 PB 147
Gráfico 12: Tempos de duração Total pass em [ms] VERBO exp1 PB 149
Gráfico 13: Tempos de duração Total pass em [ms] ADVÉRBIO exp1 PB 150
Gráfico 14: Tempos de duração Total pass em [ms] PRON+VERBO exp1 P 151
Gráfico 15: Percentagem de erros e certos exp. 1 PE 156
Gráfico 16: Percentagem de erros e certos exp. 1 PB 156
Gráfico 17: Tempos de duração first pass em [ms] VERBO exp1 PE 158
Gráfico 18: Tempos de duração first pass em [ms] VERBO exp1 PB 158
Gráfico 19: Tempos de duração first pass em [ms] ADVÉRBIO exp1 PE 159
Gráfico 20: Tempos de duração first pass em [ms] ADVÉRBIO exp1 PB 159
Gráfico 21: Tempos de duração first pass em [ms] PRON+VERBO exp1 PE 160
Gráfico 22: Tempos de duração first pass em [ms] PRON+VERBO exp1 PB 160
Gráfico 23: Tempos de duração total pass em [ms] VERBO exp1 PE 161
Índice de gráficos
Gráfico 24: Tempos de duração total pass em [ms] VERBO exp1 PB 161
Gráfico 25: Tempos de duração total pass em [ms] ADVÉRBIO exp1 PE 162
Gráfico 26: Tempos de duração total pass em [ms] ADVÉRBIO exp1 PB 162
Gráfico 27: Tempos de duração total pass em [ms] PRON+VERBO exp1 PE 163
Gráfico 28: Tempos de duração total pass em [ms] PRON+VERBO exp1 PB 163
Gráfico 29: Percentagem de aceitabilidade exp. 2 PE 180
Gráfico 30: Tempos de duração first pass em [ms] VERBO+CLITICO exp2 PE 183
Gráfico 31: Tempos de duração first pass em [ms] ADVÉRBIO exp2 PE 184
Gráfico 32: Tempos de duração Total pass em [ms] VERBO+CLITICO exp2 PE 185
Gráfico 33: Tempos de duração Total pass em [ms] ADVÉRBIO exp2 PE 186
Gráfico 34: Percentagem de aceitabilidade exp. 2 PB 188
Gráfico 35: Tempos de duração first pass em [ms] VERBO+CLITICO exp2 PB 191
Gráfico 36: Tempos de duração first pass em [ms] ADVÉRBIO exp2 PB 192
Gráfico 37: Tempos de duração Total pass em [ms] VERBO exp2 PB 193
Gráfico 38: Tempos de duração Total pass em [ms] ADVÉRBIO exp2 PB 193
Gráfico 39: Percentagem de aceitabilidade exp. 2 PE 198
Gráfico 40: Percentagem de aceitabilidade exp. 2 PB 198
Gráfico 41: Tempos de duração first pass em [ms] VERBO+CLITICO exp2 PB 200
Gráfico 42: Tempos de duração first pass em [ms] VERBO+CLITICO exp2 PB 200
Gráfico 43: Tempos de duração first pass em [ms] ADVÉRBIO exp2 PE 201
Gráfico 44: Tempos de duração first pass em [ms] ADVÉRBIO exp2 PB 201
Gráfico 45: Tempos de duração total pass em [ms] VERBO+CLITICO exp2 PB 202
Gráfico 46: Tempos de duração total pass em [ms] VERBO+CLITICO exp2 PB 202
Gráfico 47: Tempos de duração total pass em [ms] ADVÉRBIO exp2 PE 204
Índice de gráficos
Gráfico 48: Tempos de duração total pass em [ms] ADVÉRBIO exp2 PB 204
Índice de tabelas
Índice de tabelas
Tabela 1: Exemplos das diferentes condições do experimento 1 Hora (2014) 57
Tabela 2: Exemplos das diferentes condições do experimento 2 Hora (2014) 59
Tabela 3: Exemplos das diferentes condições do experimento 3 Hora (2014) 60
Tabela 4: Exemplos das diferentes condições do experimento 4 Hora (2014) 61
Tabela 5: Resultados de Barbosa, Duarte e Kato (2005) 71
Tabela 6: Resultados de Duarte (no prelo) 72
Tabela 7: Percentagem de erros e acertos experimento 1 PE 133
Tabela 8: Análise estatística dos resultados off-line experimento 1 PE 134
Tabela 9: Análise estatística dos resultados first pass exp1 (PRON+VERBO) PE 138
Tabela 10: Análise estatística dos resultados total pass exp1 (PRON+VERBO) PE 141
Tabela 11: Percentagem de erros e acertos experimento 1 PB 144
Tabela 12: Análise estatística dos resultados off-line experimento 1 PB 144
Tabela 13: Análise estatística dos resultados first pass exp1 (VERBO) PB 146
Tabela 14: Análise estatística dos resultados first pass exp1 (ADVÉRBIO) PB 147
Tabela 15: Análise estatística dos resultados first pass exp1 (PRON+VERBO) PB 148
Tabela 16: Análise estatística dos resultados total pass exp1 (VERBO) PB 149
Tabela 17: Análise estatística dos resultados total pass exp1 (ADVÉRBIO) PB 150
Tabela 18: Análise estatística dos resultados total pass exp1 (PRON+VERBO) PB 151
Tabela 19: Estatística comparativa dos resultados off-line experimento 1 156
Tabela 20:Estatística comparativa dos resultados first pass exp1 (VERBO) 158
Tabela 21: Estatística comparativa dos resultados first pass exp1 (ADVÉRBIO) 159
Tabela 22: Estatística comparativa dos resultados first pass exp1 (PRON+VERBO) 160
Tabela 23: Estatística comparativa dos resultados total pass exp1 (VERBO) 162
Tabela 24: Estatística comparativa dos resultados total pass exp1 (ADVÉRBIO) 163
Índice de tabelas
Tabela 25: Estatística comparativa dos resultados total pass exp1 (PRON+VERBO) 164
Tabela 26: Percentagem de aceitabilidade experimento 2 PE 181
Tabela 27: Análise estatística dos resultados off-line experimento 2 PE 181
Tabela 28: Análise estatística dos resultados first pass exp2 (ADVÉRBIO) PE 184
Tabela 29: Percentagem de erros e acertos experimento 2 PB 189
Tabela 30: Análise estatística dos resultados off-line experimento 2 PB 189
Tabela 31: Estatística dos resultados first pass exp2 (VERBO+ CLÍTICO) PB 191
Tabela 32: Estatística comparativa dos resultados off-line experimento 2 198
Tabela 33: Estatística comparativa first pass exp2 (VERBO) 200
Tabela 34: Estatística comparativa first pass exp2 (ADVÉRBIO) 201
Tabela 35: Estatística comparativa total pass exp2 (VERBO) 203
Tabela 36: Estatística comparativa total pass exp2 (ADVÉRBIO) 204
Introdução
1
Introdução
O modelo de Princípios e Parâmetros (Chomsky, 1989) fundamenta-se na ideia
motriz de que a gramática universal é composta de princípios comuns, inatos, universais
e invariáveis a toda a espécie humana, aos quais estão associados parâmetros que são
marcados positivamente ou negativamente para cada língua específica, após o input da
comunidade em que a criança está inserida durante o processo de aquisição. Kenedy
(2016) faz uso de uma metáfora muito elucidativa para explicar a Teoria de Princípios e
Parâmetros:
“... Digamos que, no estágio inicial da aquisição,
a GU possua apenas alguns chaveamentos já
preestabelecidos e outros ainda não
estabelecidos. Os chaveamentos estabelecidos
desde o início da aquisição da linguagem são os
Princípios da GU. São esses chaveamentos que,
digamos assim, já vêm formados de fábrica. Eles
serão idênticos em todas as línguas naturais,
exatamente porque são previamente
especificados pela GU.
Por sua vez, os Parâmetros da GU são
aqueles chaveamentos que não são especificados
de fábrica. Eles serão formatados no curso da
aquisição da linguagem... Os Parâmetros são,
digamos assim, como interruptores de luz que
precisam ser especificados na posição “ligado”
Introdução
2
ou na posição “desligado” de acordo com o
ambiente em que se encontra.”
Kenedy (2016:97)
Sendo assim, podemos dizer que os Princípios são comuns a todas as línguas
naturais e que os Parâmetros são justamente o que as diferencia. A fim de definir o nível
de distanciamento entre o Português Brasileiro (PB) e o Português Europeu (PE),
muitos linguistas têm tomado como base o modelo PP, com a finalidade de explicar
como os Princípios da GU fundamentam os Parâmetros em cada variante.
O Princípio da Gramática Universal (GU) que norteia a presente tese é o
princípio do sujeito e do objeto nulos que estão presentes em todas as línguas naturais e
o Parâmetro do sujeito nulo e o Parâmetro do objeto nulo, que são parâmetros binários,
pois podem ser marcados positivamente ou negativamente nas línguas, ou seja, as
línguas podem ser [+] ou [-] pro-drop1.
Línguas marcadas positivamente para o parâmetro do sujeito nulo são
denominadas línguas [+pro-drop], como o Italiano e o Português Europeu, e línguas
marcadas negativamente para este parâmetro são denominadas [-pro-drop], como o
Inglês e o Francês (Chomsky, 1981). Tal marcação também pode ser utilizada para o
parâmetro do objeto nulo em que línguas como o PB são [+pro-drop] e o Inglês [-pro-
drop].
1 Línguas pro-drop são línguas que permitem a queda (drop) do pronome (pro). Tal conceito é mais visto
e utilizado quando trata-se de sujeito nulo, mas trataremos as línguas que permitem o objeto nulo também
como uma língua pro-drop.
Introdução
3
(1) (Eu) falo português.
(2) (Io) parlo italiano.
(3) I speak english.
(4) Je parle français.
Sabemos que a Língua Portuguesa, que é o objeto de nossa pesquisa, apresenta
mais de uma variedade por ser falada em Portugal, no Brasil, na Angola entre outros
países, o presente estudo tem como objetivo verificar como se dá o processamento de
pronomes nulos e plenos em posição de sujeito e de objeto em duas das variedades do
português, mais precisamente o PE e o PB.
(5) A ambição frequentemente leva pro a cometer erros.
(6) L’ ambizione spesso spinge a pro commettere errori.
(7) *Ambition often makes pro make mistakes.
De acordo com a literatura, estruturas como a apresentada em (8) são aceitas em
PE mas não são aceitas em PB, já que considera-se que a perda do valor referencial de
flexão de pessoa e número levaria a uma menor ocorrência de sujeitos nulos e um
aumento dos sujeitos preenchidos (Duarte 1993; Kato 1999; Barbosa et al. 2005).
Línguas [+ pro-drop]
Línguas [- pro-drop]
Línguas [+ pro-drop]
Língua [- pro-drop]
Introdução
4
(8) O João disse que [-] comprei um carro
Em PE o processamento de estruturas como a apresentada em (8) é muito mais
facilitado do que em PB por apresentar um pronome nulo que retoma uma entidade que
não é referida no discurso. O processamento de estruturas como essa geram um alto
custo de processamento em PB devido a Perda do Princípio Evitar Pronome.
Estudos, como o de Barbosa, Duarte e Kato (2005), por exemplo, argumentam
de modo bastante convincente a respeito da diferenciação entre o PB e o PE. No que diz
respeito à categoria vazia, tem-se avaliado que há diferenças entre as duas variantes em
relação ao parâmetro do sujeito nulo. Esses estudos apontam para o fato de que o PB e o
PE se comportam de maneira distinta em relação a esse parâmetro. De acordo com o
referido estudo de Barbosa, Duarte e Kato (2005), o PE é considerado uma língua
plenamente [+pro-drop], ao passo que, em contraste, o PB vem perdendo essa
característica com o passar dos anos. Roberts e Holmberg (2010) propõem que a melhor
classificação para o PB é a de que ele é uma língua de sujeito nulo parcial, por
avaliarem que o PB está na direção de se tornar uma língua [- pro-drop].
Segundo Duarte (1995), estamos perdendo a opção pelo sujeito nulo em PB para
a primeira e segunda pessoas, mas para a terceira pessoa essa forma ainda é usada. Tal
afirmação se confirma em uma pesquisa feita mais recentemente em que Duarte e Reis
(2018) focalizaram a terceira pessoa. No referido estudo, que será mais detalhado na
seção 4.1.1.1 do capítulo 4, os autores concluíram que, embora ainda sejam utilizados
os sujeitos nulos estão em processo de extinção:
Introdução
5
“... no PB esses sujeitos nulos referenciais estão
em processo de extinção e se encontram em
variação com os expressos, cada vez mais
frequentes.”
Duarte e Reis (2018)
Vários estudos em Psicolinguística Experimental vêm também tratando do tema
da categoria vazia, do ponto de vista do seu processamento, tanto em PB, quanto em PE.
Um desses estudos, por exemplo, é o de Luegi (2012) que focaliza a categoria vazia em
posição de sujeito em estruturas complexas nestas duas variedades do português,
revendo diversos trabalhos anteriores sobre o processamento de sujeitos nulos. Mais
recentemente, Machado, França & Maia (2018) compararam o processamento do sujeito
nulo com sua contraparte plena, em PB. No entanto, se, por um lado, já contamos com
um razoável número de estudos acerca da categoria vazia em posição de sujeito, por
outro lado, ainda são relativamente escassos os estudos sobre a categoria vazia em
posição de objeto.
Em psicolinguística, temos os trabalhos de Maia (1997) e o de Leitão (2005),
que deram início às pesquisas psicolinguísticas sobre esse parâmetro. Do ponto de vista
da teoria gramatical, Cyrino, desde 1997, vem estudando sistematicamente o objeto
nulo em PB e em PE. A pesquisadora afirma que as duas variedades apresentam muitas
diferenças em relação à utilização do nulo, em posição de objeto. Seus estudos serão
melhor detalhados no capítulo 4, na seção 4.2.1.1.
Introdução
6
Um dos objetivos do presente trabalho é o de investigar experimentalmente e
aprofundar os estudos sobre o processamento da categoria vazia, tanto em posição de
sujeito, quanto em posição de objeto, estabelecendo uma comparação entre as duas
variedades do português que estão sendo aqui estudadas (Português do Brasil - PB e
Português Europeu - PE) a partir de estruturas como as apresentadas em (8) e (9):
(9) Posição de sujeito
Durante a festa, os coreógrafos do dançarino mencionaram que Ø/eles refletiam
vagarosamente sobre os espetáculos.
Durante a festa, o coreógrafo dos dançarinos mencionou que Ø/eles refletiam
vagarosamente sobre os espetáculos.
(10) Posição de objeto
O professor levou a aluna para a secretaria da escola, depois encaminhou-a/Ø
cautelosamente para a casa da avó.
O professor levou a prova para a secretaria da escola, depois encaminhou-a/Ø
cautelosamente para o cofre da sala.
Espera-se verificar, a partir dos estudos experimentais realizados, se o PB e o PE
apresentam diferenças no que diz respeito ao processamento da categoria vazia tanto em
posição de sujeito, quanto em posição de objeto. Tarallo (1996) diz, de maneira
categórica, que PB e PE diferem totalmente em relação à categoria vazia, PB
Introdução
7
preferencialmente preenchido na posição de sujeito e nulo em posição de objeto e o PE
sempre nulo em posição de sujeito e sempre pleno em posição de objeto. Levando-se
em consideração que os estudos que fazem essa generalização são estudos de corpora,
pretende-se com estudos psicolinguísticos averiguar os custos de processamento
associado à resolução de pronomes nulos e plenos em posição de sujeito e de objeto em
PB e em PE. Pretende-se verificar se o processamento das formas pronominais é
facilitado ou dificultado por fatores sintáticos, como por exemplo, a posição na estrutura
sintática, ou o tipo de estrutura onde se encontra, além de fatores semânticos, como por
exemplo o traço de animacidade.
O trabalho experimental utilizou o paradigma de rastreamento ocular
(eyetracking), uma metodologia on-line, em que monitoramos os movimentos dos olhos
dos participantes durante a leitura das sentenças. Em busca de uma melhor compreensão
do processamento da correferência pronominal em posição de sujeito e em posição de
objeto em duas variedades do português e das minúcias relativas a categoria vazia,
percorremos o seguinte roteiro a partir daqui:
a) No capítulo 2, fazemos uma breve revisão da literatura sobre o Processamento
da correferência pronominal e das diferentes propostas psicolinguísticas que tentam
explicar como são processadas as diferentes expressões anafóricas.
b) No capítulo 3, revisamos aspectos relevantes da Teoria Gerativa, com especial
atenção para o modelo de Princípios e Parâmetros, que tem servido de quadro de
referência para a maioria dos estudos sobre o tema, além de fazermos um breve
esclarecimento sobre a noção de categoria vazia e a relação de c-comando, que será um
dos objetos de nossa observação.
Introdução
8
c) No capítulo 4, apresentamos uma breve revisão da literatura sobre o sujeito e
o objeto nulos, discutindo estudos que servem de referência para a tese e fornecem
elementos para a comparação proposta. Nesse mesmo capítulo, fazemos uma revisão
sobre os condicionamentos semânticos para o preenchimento ou não da posição de
objeto – os traços de animacidade, especificidade e gênero semântico, sendo o primeiro
deles um traço relevante para o trabalho proposto na posição de objeto.
d) No capítulo 5, apresentamos a descrição do trabalho experimental,
caracterizando os seus objetivos e as suas hipóteses, e ainda a metodologia aplicada para
a coleta e análise dos dados, bem como para a obtenção dos resultados. No mesmo
capítulo, fazemos a apresentação dos resultados e a comparação entre as duas
variedades do Português estudadas, o PB e o PE.
e) Os capítulos 6 e 7 se ocupam, respectivamente, das discussões e das
considerações finais a que as análises nos permitiram chegar.
Processamento da correferência pronominal
9
2. Processamento da correferência pronominal
O estabelecimento das relações entre elementos correferenciais é um problema
fundamental a ser resolvido pelo sistema de compreensão de frases. O estudo de Chang
(1980) estabeleceu, pioneiramente, a chamada realidade psicológica dos pronomes, em
inglês, demonstrando que esses elementos possuem a propriedade de reativar seu
antecedente nominal na memória de trabalho, facilitando, portanto, a compreensão de
um sintagma nominal mencionado anteriormente. Os pronomes, por serem
psicologicamente reais ou relevantes perceptualmente, provocariam, assim, na memória
do leitor, um efeito de reativação do referente denotado no sintagma nominal
antecedente.
Alguns estudos buscam no modelo teórico gerativista princípios que permitam
o estabelecimento de uma ponte entre aspectos relacionados à competência linguística e
aspectos relacionados ao desempenho linguístico. Esses estudos, de modo geral,
caracterizam-se pelo emprego dos princípios da Teoria da Ligação (Binding Theory)
(Chomsky, 1980; 1981) para evidenciar restrições relativas ao processamento da
correferência (cf. Sturt, 2003; Kennison, 2003).
A Teoria da Ligação (Binding Theory) foi desenvolvida por Noam Chomsky a
partir de 1980 a fim de resolver questões relativas às regras de interpretação dos
sintagmas nominais e às relações que são estabelecidas entre eles, outros SNs, anáforas
e pronomes, conforme se indica nos exemplos:
Processamento da correferência pronominal
10
(11) Mariai machucou-sei.
(12) Pedroi machucou eley no treino.
(13) Mariai disse que elai/y passou na prova.
(14) Paulai queria que eley viajasse de avião.
(15) Elai queria que a Joanay fosse premiada.2
Basicamente, a teoria da ligação de Chomsky propôs uma modalização das
expressões nominais e a interpretação que lhes é dada, ou seja, a Teoria da Ligação
descreve como expressões podem receber referência dentro da mesma sentença ou não.
Para isso foram propostos três princípios que dão conta dessas relações de correferência
dentro da sentença:
i) Princípio A – uma anáfora tem que ser ligada dentro do seu domínio local.
(16) Mariai machucou-sei
ii) Princípio B – um pronome tem que ser livre dentro do seu domínio local.
(17) Pedroi machucou eley no treino.
2 Na sentença (11), o pronome clítico ‘-se’ retoma o antecedente ‘Maria’ e por isso tem o mesmo índice.
Quando não há correferência, ou a referência é disjunta, atribuem-se às expressões nominais presentes nas
estruturas índices diferentes, como em (12), (14) ou (15), por exemplo. Para marcar que uma expressão
anafórica pode correferir mais do que um antecedente, atribui-se mais do que um índice, assinalando a
ambiguidade, como em (13). Como pode-se notar, a relação de correferência é assinalada pela utilização
de um índice nos SNs envolvidos. Quando correferentes, esses índices serão iguais e quando não
correferentes os índices serão diferentes.
Processamento da correferência pronominal
11
iii) Princípio C – uma expressão-R tem de ser livre dentro de qualquer domínio.
(18) Elai queria que a Joanai*/k fosse premiada.
Simplificadamente, o Princípio A estabelece que o reflexivo “se” presente no
exemplo tem que ser “Maria” e não outro referente. No caso do Princípio B, o pronome
“ele” não pode estar ligado ao antecedente “Pedro”, por este estar dentro do mesmo
domínio que ele e, finalmente, o Princípio C, em que a expressão-R “Joana” tem
referência própria, não podendo ser ligada a nada.
Na área da Psicolinguística, que está inserida na gramática gerativa, Gordon e
Hendrick (1998) estabelecem que a ocorrência de pronomes, como mostra o exemplo
(19), teria sido gerada a partir de uma transformação aplicada a uma estrutura profunda
contendo duas ocorrências de nome próprio, como mostra o exemplo (20):
(19) Bill Clinton contends he will win.
(20) Bill Clinton contends Bill Clinton will win.
Alguns estudos (Bach, 1970; Lasnik, 1976; Newmeyer, 1986 (apud Leitão
2005)), estipulam que as transformações pronominalizadoras são abandonadas em favor
de uma livre inserção de nomes e pronomes, e estabelecem que o que vai representar a
referência pretendida é o uso dos índices. Então, (19) poderia ter a forma representada
em (21) ou em (22), dependendo de a quem o pronome estaria se referindo, a Bill
Clinton ou a algum outro indivíduo. Dessa forma, a correferência em (22) não seria
Processamento da correferência pronominal
12
resultado de nenhum princípio gramatical, seguindo o slogan “indexe livremente” de
Chomsky (1981).
(21) Bill Clintoni contends hei will win.
(22) Bill Clintoni contends hek will win.
Em relação ao tipo de estrutura e ao número de possíveis antecedentes, não
existe nenhuma regra linguística que defina qual antecedente deve ser ligado à
expressão anafórica.
(23) Mário chamou Paulo quando ele desceu do ônibus.
Apesar de não haver nenhuma regra linguística que restrinja a ligação do
pronome a “Mário” ou a “Paulo”, nem tão pouco uma regra que indique a quem o
pronome deve ser ligado, na maior parte dos casos, a compreensão do sentido da frase é
feita de forma eficaz.
Estudos realizados em inglês demonstram que, para o estabelecimento da
correferência intrassentencial, existem restrições embasadas pelos Princípios da Teoria
da Ligação. Tendo como foco a compreensão do processamento correferencial, há
estudos como o de Nicol & Swinney (1989) e Kennison (2003).
Nicol & Swinney (1989) apresentaram evidências sobre o processamento da
correferência a partir de uma série de experimentos que utilizaram o paradigma de
priming inter-modal (crossmodal). Os resultados mostraram um efeito de priming
significativo quando as palavras sonda eram relacionadas semanticamente aos nomes
que estavam disponíveis como antecedentes. Já quando as palavras sondas eram
Processamento da correferência pronominal
13
relacionadas aos antecedentes não disponíveis estruturalmente, o efeito de priming não
foi observado. Os pesquisadores concluíram que o efeito não foi encontrado em relação
aos antecedentes não disponíveis porque eles não foram levados em conta durante a
resolução da correferência. Para melhor compreensão sobre o que os autores chamam de
antecedentes disponíveis e indisponíveis, observemos a estrutura apresentada em (24) e
(25).
(24) Joãoi disse que Pauloj machucou-se j.
(25) Joãoi disse que Pauloj machucou elei.
Em (24) o antecedente disponível para retomar o pronome reflexivo “se” só
pode ser o nome “Paulo” e em (25), o antecedente disponível para retomar o pronome
“ele” só pode ser o nome “João”.
Posteriormente, em 2003, Nicol & Swinney revisaram esses achados. Os autores
descreveram os resultados de um experimento em que usaram a mesma metodologia
utilizada na pesquisa anterior (Priming intermodal) para examinar o processamento dos
reflexivos e pronomes em sentenças conforme as apresentadas abaixo:
(26) The queen told the ballerina that the actress in the play had injured herself
during the performance.
(27) The skier told the ballerina that the doctor for the team would blame
her/him for the recent injury.
Processamento da correferência pronominal
14
Os autores observaram que o reflexivo ou um pronome desencadeia a reativação
de antecedentes potenciais, mas a associação desse pronome ou reflexivo a potenciais
antecedentes é restringida pela congruência da característica pronominal
(gênero/número) e pela sua posição na estrutura oracional. Eles propuseram que é a esta
informação adicional que o processamento da correferência presta atenção, ou seja,
somente os NPs com a posição apropriada e as especificações de acordo com as
características pronominais serão reativados. Para os autores, esse conjunto de
informações é considerado antes mesmo da ativação do significado da palavra.
Badecker e Straub (2002) aplicaram uma série de experimentos em que os
participantes liam frases, como as exemplificadas em (28), apresentadas palavra por
palavra.
(28)
a. John thought that Beth owed him another opportunity to solve the problem.
b. John thought that Bill owed him another opportunity to solve the problem.
Os resultados mostraram que os antecedentes não disponíveis influenciaram no
tempo de leitura das sentenças que continham pronomes. Nas condições em que o
gênero do antecedente não disponível concordava com o gênero do pronome os tempos
de leitura foram mais elevados do que quando não concordava, sendo assim, para os
autores antecedentes indisponíveis influenciam o processamento de sentenças, mesmo
que esse efeito seja observado tardiamente, conforme foi observado por eles na palavra
opportunity que aparece depois do pronome him.
Processamento da correferência pronominal
15
Kennison (2003) aplicou três experimentos de leitura automonitorada que
mostraram que o SN não disponível estruturalmente influenciou o processamento de
pronomes na posição de objeto direto quando não havia um antecedente disponível
estruturalmente, mas esse SN sujeito indisponível não influenciou o processamento de
pronomes na posição de objeto direto quando o contexto discursivo continha um
antecedente estruturalmente disponível, ou seja, quando o antecedente era indisponível
estruturalmente o processamento da correferência foi mais custoso do que quando havia
um antecedente disponível.
(29)
a. Carl watched him yesterday during the open rehearsals of the school play.
b. Susan watched him yesterday during the open rehearsals of the school play.
c. They watched him yesterday during the open rehearsals of the school play.
Em todos os exemplos acima a correferência entre o pronome e o antecedente
não é licenciada pelo Princípio B da teoria da ligação, já que o pronome deve ser livre
dentro do seu domínio de vinculação, nesse caso o pronome e o seu possível
antecedente, que estão dentro do mesmo domínio, sendo a correferência não licenciada
e, consequentemente, o antecedente indisponível.
Abaixo, exemplificamos o experimento aplicado por Kennison em que ele insere
os elementos em um contexto discursivo que contém um antecedente disponível. Nesse
caso, o nome presente na frase anterior era licenciado pelo princípio B e também
continha os traços convergentes com o pronome him, tornando assim a correferência
facilitada e permitida.
Processamento da correferência pronominal
16
(30) Billy complained about having a stomachache.
a. Laura watched him closely throughout the day.
b. Michel watched him closely throughout the day.
c. They watched him closely throughout the day.
De acordo com Kennison (2003), o processamento correferencial passa por dois
momentos, o momento da ligação e o momento da resolução. Primeiramente o princípio
guiaria a possível ligação do antecedente a um antecedente disponível e depois é feita a
avaliação dessa ligação na fase de resolução, em que se avalia se a ligação foi adequada
ou não. A busca termina e os antecedentes indisponíveis não são levados em
consideração, mas se na fase de ligação não houver candidato disponível sintaticamente,
a busca continua, sendo levados em conta os traços de gênero e número. Havendo
compatibilidade entre o pronome e o antecedente indisponível pode-se atrasar a decisão
pelo termino da busca.
Em PB, Leitão, Peixoto e Santos (2008) aplicaram dois experimentos com o
paradigma de leitura automonitorada (self-paced reading) em que se testava o pronome
pleno em posição de objeto. No primeiro experimento a frase era apresentada sem
contexto nenhum introdutório, conforme exemplificado em (31) e no segundo
experimento era apresentado, antes da frase teste, um preâmbulo, conforme
exemplificado em (32).
(31) Tião/ atropelou/ ele/ imprudentemente/ na estrada/ de Cabedelo.
Processamento da correferência pronominal
17
(32) Preâmbulo: Carlos atravessou a rua correndo.
Tião/ atropelou/ ele/ imprudentemente/ na estrada/ de Cabedelo.
Os autores mostraram que todas as entidades discursivas, tanto as disponíveis
estruturalmente, seguindo a Teoria da Ligação, quanto as indisponíveis, são incluídas
como candidatos potenciais a antecedentes. Os candidatos a antecedentes indisponíveis
eram levados em consideração na resolução da correferência quando combinavam em
gênero, número e animacidade com o pronome e quando não havia antecedentes
disponíveis no escopo discursivo. Se houvesse um antecedente disponível, a busca
terminava e a ligação entre pronome e antecedente era estabelecida.
Maia et alii (2012) fizeram alguns experimentos sobre correferência entre
pronomes plenamente especificados e anáforas conceituais, usando o paradigma
experimental de leitura automonitorada (self-paced reading), mostrando que, nos dois
casos, há restrições estruturais para o estabelecimento de relações anafóricas. Todos os
experimentos controlaram relações intrassentenciais legitimadas ou não pelos Princípios
de Ligação (Chomsky, 1986), mais precisamente os princípios B e C.
(33) Princípio B
A /delegação /do /time/ indicou/ ele (eles) /para/ o/ jogo/ de/ estréia.
O /time /da/ delegação/ indicou/ ele (eles) / para/ o/ jogo/ de/ estréia.
Processamento da correferência pronominal
18
(34) Princípio C
Quando/ ele (eles) / praticava (m)/ com/ muito/ afinco,/ o time/ sempre/
marcava/ vários/ gols.
Ele (eles)/ sempre/ marcava (m)/ vários/ gols,/ quando/ o time/ praticava/ com/
muito/ afinco.
Os resultados levaram os autores a concluírem que, no nível intrassentencial, as
anáforas conceituais apresentam as mesmas características dos pronomes especificados,
o que lhes permite concluir que ambos tenham um estatuto semelhante. Outro resultado
relevante de Maia et al (2012) é a assimetria encontrada no processamento de estruturas
reguladas pelos Princípios B e C da Teoria da Ligação: enquanto a correferência com
um antecedente é default para o pronome, a correferência em condições legítimas pelo
Princípio C é mais custosa para os nomes, que ao contrário dos pronomes, têm
referência própria, sendo este o seu default.
Teixeira (2013) procurou examinar a relação semântica e a preferência sintática
durante a resolução da correferência em dois experimento de monitoramento ocular (eye
tracking), tais testes serão mais bem explorados na subseção (4.1.1.2). Os resultados
encontrados confirmam a hipótese de que, em períodos complexos, o sintagma nominal
que ocupa a função de sujeito da oração principal é o preferencialmente retomado para
estabelecer a correferência com a primeira expressão referencial anafórica do período.
Teixeira et ali (2014) concluíram com um teste de rastreamento ocular, em que
analisaram as preferências sintáticas para o processamento da correferência, que é
possível distinguir no sistema pronominal do PB um grau de acessibilidade distinto para
Processamento da correferência pronominal
19
os pronomes nulos e plenos. De acordo com os dados analisados, os pronomes plenos
tenderiam a se ligar a antecedentes menos acessíveis, enquanto os nulos se ligariam a
antecedentes mais salientes e acessíveis, conforme estipulado pela Teoria da
Acessibilidade de Ariel (1991) e pela Hipótese da Posição do antecedente de Carminati
(2002).
A maneira como se dá o processamento da correferência e as possíveis ligações
entre referentes dentro do discurso é altamente relevante para o presente estudo, em que
observaremos como falantes nativos de PB e PE estabelecem a correferência de
pronomes de terceira pessoa com seus antecedentes, investigando o papel do traço de
animacidade e a posição estrutural em que o antecedente aparece.
(35)
No final da noite, os estagiários do arquiteto informaram que eles/ Ø discutiam
irritadamente com frequência.
No final da noite, o estagiário dos arquitetos informou que eles/ Ø discutiam
irritadamente com frequência.
(36)
A diretora aprovou o locutor/cartaz para o leilão de beneficência, depois
considerou-o/considerou Ø excessivamente caro para o evento.
Na estrutura exemplificada em (35), temos as formas pronominais que retomam
algum referente já mencionado, que tem a retomada forçada pelo traço de número,
colocado propositalmente para que a retomada fosse estabelecida com um ou com outro
Processamento da correferência pronominal
20
SN antecedente. No presente estudo, investigaremos se fatores como saliência sintática
são mais relevantes para o estabelecimento dessa ligação.
2.1. A Correferência e suas teorias
Propostas como a Teoria da Acessibilidade (Ariel, 1990), a Teoria da
Centralidade (Grosz, Joshi e Weinstein, 1995), a Hipótese da Carga Informacional
(Almor, 2000) ou a Hipótese da Posição do Antecedente (Carminati, 2002) consideram
que a forma da expressão anafórica está diretamente relacionada com as propriedades
do antecedente, como a sua saliência.
Em síntese, a Teoria da Acessibilidade tenta dar conta de aspetos relacionados
com a resolução de expressões anafóricas, tanto ao nível da frase, como ao nível do
discurso. A Hipótese da Carga Informacional, a Teoria da Centralidade e a Hipótese da
Posição do Antecedente têm foco no nível da frase, tentando abordar aspetos mais
específicos, como a carga informacional das expressões anafóricas ou a saliência
sintática dos antecedentes envolvidos.
Com a finalidade de deixar clara a contribuição de cada uma das teorias para o
processamento da correferência e a sua importância para a presente tese, nesta seção
faremos uma breve revisão dessas teorias.
Processamento da correferência pronominal
21
2.1.1 – Teoria da acessibilidade de Mira Ariel
A Teoria da acessibilidade desenvolvida por Mira Ariel (1990) estipula que
existe uma correlação entre o uso de expressões anafóricas e as entidades que elas
retomam. O uso de determinada expressão está diretamente ligada a acessibilidade do
seu antecedente na memória do falante/ouvinte/leitor. Para Ariel, há uma escala no grau
de acessibilidade em que formas nulas aparecem no topo, sendo elas indicadores de
máxima acessibilidade por ser a forma pronominal menos informativa, e que um nome
completo modificado marca a retomada de uma entidade com baixa acessibilidade
(Ariel, 1996:21)3:
3 O esquema utilizado foi feito por Luegi (2009), retirado de Morgado (2012).
Processamento da correferência pronominal
22
Segundo Ariel, a informatividade, a rigidez e o grau de atenuação são critérios
levados em consideração para a associação de um marcador de acessibilidade. Quanto
mais informativo, rígido e não atenuado for a forma menor será o seu grau de
acessibilidade e quanto menos informação, rigidez e mais tênue a forma for maior será
seu grau de acessibilidade, ou seja, quanto mais rígida a forma menos acessível é o
antecedente e quanto menos rígida a forma mais acessível é o antecedente.
Por exemplo, nomes completos + modificadores são formas dotadas de
informação, portanto, mais rígidas, por isso procuram referentes menos acessíveis no
High Accessibility Accessibility Marking Scale
Zero pronouns
Reflexives
Agreement markers
Cliticized pronouns
Unstressed pronouns
Stressed pronouns
Stressed pronouns + gesture
Proximal demonstrative (+NP)
Distal demonstrative (+NP)
Proximal demonstrative (+NP)
+ modifier
Distal demonstrative (+NP) +
modifier
First name
Last name
Short definite description
Long definite description
Full name
Full name + modifier
Low Accessibility
Níveis de acessibilidade Expressões anafóricas
do antecedente
Processamento da correferência pronominal
23
discurso. Já os pronomes nulos são menos informativos, portanto, codificam
antecedentes mais acessíveis.
Segundo Ariel há alguns fatores que influenciam o grau de acessibilidade de
cada entidade, são eles:
i) A saliência, em que o antecedente mais proeminente presente no discurso
será também o mais acessível;
ii) Distância a que a expressão anafórica se encontra da sua retomada.
Quanto menor a distância entre o antecedente e a expressão anafórica maior é o grau de
acessibilidade;
iii) A unidade e a coesão entre as unidades linguísticas;
iv) O número de possíveis antecedentes. Quanto maior o número de
potenciais antecedentes, mais difícil fica de se estabelecer a relação.
A Teoria da Acessibilidade prediz que, quanto maior é a distância e o número
de possíveis antecedentes entre expressão anafórica e o seu referente, menor é o nível de
acessibilidade entre eles. De modo simétrico, quanto maior a saliência do referente e a
coesão entre as unidades linguísticas, maior é o seu nível de acessibilidade, o que
possibilita o uso de formas menos informativas como as expressões anafóricas nulas
que é um indicador de máxima acessibilidade e de expressões anafóricas plenas, que
não é um indicador de máxima acessibilidade, mas tem características de grande
acessibilidade.
Apesar de o fator distância ser de grande importância para explicar como se
estabelece o grau de acessibilidade entre a expressão anafórica e o seu referente, este
não pode explicá-lo sozinho. Em síntese, a Teoria da Acessibilidade prevê que formas
Processamento da correferência pronominal
24
nulas, em línguas em que são possíveis, retomam os antecedentes mais salientes,
considerando que vários fatores contribuem para a saliência das entidades discursivas.
2.1.2 – Teoria da Centralidade de Grozs, Joshi e Weinstein
A Teoria da Centralidade de Grozs, Joshi e Weinstein (1995) sintetiza como as
relações estabelecidas entre as expressões referenciais e os seus antecedentes
contribuem para uma melhor coerência discursiva. Para os estudiosos, um dos fatores
que faz com que a coesão e a coerência durante o discurso se mantenham é a
possibilidade de se estabelecer ligação entre uma entidade e um pronome.
De acordo com a Teoria da Centralidade, os pronomes são mecanismos
linguísticos que indicam continuidade e coerência. Para essa teoria, as entidades em
cada enunciado são ordenadas em função da sua proeminência, que é determinada
principalmente pela posição sintática que ocupam e pela função dos pronomes4 no
discurso, que é a de manter a coerência. Por esta razão, o pronome faz referência ao
antecedente mais proeminente.
A teoria da centralidade prediz que existem centros discursivos e que esses
centros discursivos estão presentes em qualquer enunciado, ou seja, qualquer entidade é
um centro discursivo que tem alguma relação com outra entidade dentro do discurso. Os
centros discursivos podem ser divididos em dois: (i) os centros catafóricos (forward-
looking center) que são entidades que têm um grande potencial para serem retomadas
no discurso e (ii) os centros anafóricos (backward-looking centers) que são entidades
apresentadas no enunciado anterior que são retomadas no enunciado atual.
4 Por ser uma teoria desenvolvida para o inglês, o foco são os pronomes plenos, contudo, a proposta pode ser extensível a outras formas pronominais, como o pronome nulo.
Processamento da correferência pronominal
25
A partir da Teoria da Centralidade foram postulados dois princípios, o
Princípio da Penalidade do nome Repetido e a Hipótese do Paralelismo Estrutural. Esses
princípios procuram checar, por meio de evidências empíricas se a Teoria da
Centralidade apresenta problemas relativamente a alguns princípios fundamentais
postulados por ela.
1 – Penalidade do Nome Repetido
Para Gordon, Grosz e Gillion (1993) quando um nome repetido é usado dentro
da sentença para retomar algum antecedente há uma grande chance de o nome repetido
ser considerado outro referente que não aquele mencionado anteriormente no discurso.
Um conjunto de experimentos foi elaborado pelos autores para investigar a Teoria da
Centralidade e o princípio da Penalidade do Nome Repetido.
Os resultados dos testes aplicados indicaram que o nome repetido realmente é
um indicador de penalidade, já que os resultados dos experimentos mostraram que os
pronomes foram lidos mais rapidamente do que os nomes repetidos, tendo este que
retomar o sujeito ou o objeto.
Esse tema vem sendo perseguido em PB por Leitão desde 2005. Em um dos
trabalhos sobre o tema, Leitão et al (2012) testaram com o uso do rastreador ocular a
Penalidade do Nome Repetido em PB em sentenças como as exemplificadas em (37) e
(38):
(37) Experimento 1
Eva comprou a tela na galeria e depois ela vantajosamente vendeu no leilão.
Eva comprou a tela na galeria e depois Eva vantajosamente vendeu no leilão.
Processamento da correferência pronominal
26
(38) Experimento 2
Os colegas pintaram Léa no camarim mas depois esqueceram ela no palco.
Os colegas pintaram Léa no camarim mas depois esqueceram Léa no palco
No primeiro experimento os autores verificaram como se dá o processamento
da correferência com o pronome e com o nome repetido em estruturas coordenadas,
estando o nome repetido e o pronome em posição de sujeito da oração coordenada. No
segundo experimento, os autores verificaram, diferentemente do primeiro, como se
estabelece a correferência quando o pronome ou o nome repetido estão em posição de
objeto na oração coordenada. Os resultados encontrados pelos pesquisadores reforçam
que em PB a hipótese da Penalidade do Nome Repetido é bem marcada e mostram
também que o processamento de pronomes plenos é bem menos custoso do que o nome
repetido.
2 – Paralelismo Estrutural
A Hipótese do Paralelismo Estrutural prevê que pronomes em posição de
sujeito retomam entidades na posição de sujeito e com a mesma função sintática,
enquanto pronomes em posição e com função de objeto sejam preferencialmente
correferentes com antecedentes em posição de objeto.
(39) Maria brigou com Joana enquanto ela ajudava ela a preparar o almoço.
Processamento da correferência pronominal
27
Segundo a Hipótese do Paralelismo Estrutural na sentença apresentada no
exemplo acima a expressão anafórica que aparece em posição de sujeito (ela) retomará
o antecedente ‘Maria’ que também ocupa a posição de sujeito e a expressão anafórica
em posição de objeto (ela) retoma o antecedente ‘Joana’ que também ocupa a posição
de objeto.
Para Chambers e Smyth (1998), estudiosos que aprofundaram os estudos sobre
o paralelismo estrutural, o processamento de estruturas paralelas é mais fácil do que o
processamento em estruturas não paralelas. Os testes aplicados pelos autores mostram
que a correferência é estabelecida com o antecedente que aparece em posição paralela -
na mesma posição - a que ele aparece independentemente do papel que o pronome
exerce dentro da sentença ou da sua posição gramatical, ou seja, a interpretação de
expressões anafóricas e seus antecedentes é facilitada desde que estejam na mesma
posição sintática.
Em PB, o Paralelismo Estrutural foi estudado por Corrêa em (1998) para testar
esta hipótese em posição de sujeito. Com a aplicação de dois experimentos com
metodologia off-line de questionário a autora procurou observar qual era o antecedente
preferido entre dois disponíveis em uma sentença para ser relacionado com uma
expressão anafórica, que poderia ser nula ou realizada que aparecia em posição de
sujeito em outra oração, seja ela independente, coordenada ou subordinada. Essa medida
foi observada através de uma pergunta feita para ver com qual antecedente o pronome
era interpretado como correferente. A autora observou que, em sua maior parte, os
participantes realizaram a correferência de forma paralela com o pronome nulo e
quando não tinha vínculo sintático a correferência era estabelecida paralelamente entre
as orações para as duas formas (nula e plena). De acordo com os resultados encontrados
Processamento da correferência pronominal
28
pela autora, questões como estrutura sintática são altamente levadas em consideração
para o estabelecimento da correferência. Se as estruturas são independentes o princípio
do Paralelismo Estrutural atua, sendo tanto nulo quanto o pleno igualmente
selecionados para retomar um antecedente em posição de objeto, porém, quando há
vínculo sintático a retomada paralela só é verificada com os nulos, o que pode ser mais
bem explicado pela Hipótese da Posição do Antecedente de Carminati (2002).
Em PB, além do trabalho de Corrêa (1998), o Paralelismo Estrutural foi
estudado também por Leitão (2005), mas para estudar tal hipótese em posição de objeto.
O autor aplicou cinco experimentos fazendo uso de diferentes metodologias
experimentais.
Leitão (2005) usou em seus testes estruturas que envolviam estruturas
coordenadas com retomadas anafóricas na posição de objeto que podiam ser nome
repetido, pronome lexical, objeto nulo, retomando ora um antecedente [+ animado], ora
um antecedente [- animado].
(40) Paulo entregou o Marcos/revolver para a polícia, mas depois retiraram
Ivo/ele/Ø da investigação.
A partir dos resultados obtidos em seus testes, o autor conclui que o
Paralelismo Estrutural desempenha papel significativo para o processamento da
correferência pronominal em posição de objeto e define que a Teoria da Centralidade
prevê que há preferências por retomada da posição de sujeito porque antes não havia
sido testada a posição de objeto.
Processamento da correferência pronominal
29
Tais estudos serão mais aprofundados no capítulo 4 em que trataremos da
retomada anafórica em posição de sujeito e em posição de objeto.
2.1.3 Hipótese da Carga Informacional de Almor
A Hipótese da Carga Informacional de Almor (2000) explica como se dá a
relação entre a expressão anafórica e seu(s) possível(s) antecedente(s). Para o autor,
cada expressão anafórica possui em si características que indicam a qual antecedente ele
deve ser relacionado e que cada uma dessas expressões tem custos de processamento
diferenciados.
Tal hipótese estipula que a informação deve ser dada na medida em que é
necessária e que as restrições da memória de trabalho para armazenar e processar a
informação do verbo e a informação veiculada pela expressão anafórica (retomando
algum antecedente ou acrescentando uma informação nova) são mais dois pontos
centrais para a Hipótese da Carga Informacional. Para a Hipótese da Carga
Informacional quanto menos informação a expressão anafórica veicular mais facilmente
ela será relacionada ao seu antecedente.
De acordo com a proposta de Almor (2000), a distância semântica entre o
antecedente e a expressão anafórica com a qual se estabelece a correferência é um fator
altamente preponderante para o processamento, quanto maior a distância semântica
entre estes referentes menor será a carga informacional a ser processada pela memória
de trabalho, o que causa um menor custo de processamento.
Tomando os nomes repetidos e os pronomes como exemplo, pode-se dizer que,
segundo a Hipótese da Carga informacional, os pronomes carregam menos carga
Processamento da correferência pronominal
30
informacional, ou seja, menos informações semânticas semelhantes ao seu antecedente
do que um nome repetido, que tem características semânticas iguais a do seu
antecedente tornando assim o processamento pela memória de trabalho mais custoso.
De acordo com esta hipótese os leitores teriam mais facilidade para processar uma
sentença conforme a apresentada em (42), em que é apresentado um pronome para
retomar o antecedente potencialmente disponível do que uma sentença conforme a
apresentada em (41), em que o nome é repetido. De acordo com a hipótese, o nome
carrega em si muitas informações e pode ser interpretado como um novo referente, já a
carga informacional do pronome é baixa. Assim, o pronome só carrega a informação de
gênero, pessoa e de número, sendo a relação estabelecida mais facilmente.
(41) Maria gosta muito de brincar. Maria é uma menina muito esperta.
(42) Maria gosta muito de brincar. Ela é uma menina muito esperta.
As diferenças de carga informacional não ficam restritas aos pronomes e aos
nomes. Dentre diferentes SNs, também se pode observar diferentes cargas
informacionais e diferentes custos de processamento. De acordo com Almor, SNs mais
específicos são processados com mais dificuldade do que SNs mais gerais. Para o
estudioso, o pronome é a melhor opção para que se estabeleça a correferência com o
antecedente sem muito custo para a memória de trabalho.
Em relação ao estudo de Almor, pode-se concluir que as expressões anafóricas
que contêm em si mais traços semânticos, por exemplo os nomes, apresentam maior
custo de processamento do que as expressões que apresentam menos traços semânticos,
por exemplo os pronomes. Sendo assim, pode-se afirmar que os pronomes são
processados com menos custo do que outras expressões realizadas por conterem menos
Processamento da correferência pronominal
31
traços semânticos para serem interpretados pelo interlocutor, ou seja, a relação dos
traços semânticos com a proeminência sintática/discursiva do antecedente faz com que
os pronomes tenham menos custo de processamento do que as demais expressões.
Segundo Almor, sua proposta diferencia-se do que foi exposto por Ariel, com a
Teoria da Centralidade, por esta ser estabelecida com base em premissas
generalizadoras além de não fazerem uso explicitamente de noções psicológicas, como a
memória de trabalho que é visto pela Hipótese da Carga Informacional como o principal
caminho explicativo para o processamento da correferência.
2.1.1.4 Hipótese da Posição do Antecedente de Carminati
A Hipótese da Posição do Antecedente desenvolvida por Carminati (2002)
defende que, em Italiano, os pronomes nulos preferem retomar antecedentes que estão
em Spec IP, enquanto os pronomes realizados preferem retomar antecedentes que não
estejam em Spec IP, ou seja, antecedentes que não estejam na posição mais alta no
escopo argumental.
The Position of Antecedent Hypothesis for the Italian null and overt
pronouns in intra-sentential anaphora: the null pronoun prefers an
antecedent which is in the Spec IP position, while the overt pronoun
prefers an antecedent which is not in the Spec IP position.
(Carminati, 2002)
O Italiano, língua testada por Carminati (2002), é uma língua que tem em seu
sistema pronominal duas formas que funcionam de maneiras distintas, são elas o
Processamento da correferência pronominal
32
pronome nulo e o pronome pleno. O português também tem um sistema pronominal
semelhante ao do italiano com formas pronominais nulas ou plenas que podem aparecer
em posição de sujeito ou em posição de objeto. Às línguas que têm esse sistema
pronominal dá-se o nome de línguas pro-drop.
Uma das hipóteses de Carminati (2002) é a de que o pronome nulo, em posição
de sujeito, tem como antecedente preferencial o antecedente que ocupa a posição mais
alta dentro da estrutura, independentemente de este ser um sujeito ou um expletivo, por
exemplo. A pesquisadora aplicou vários testes utilizando a metodologia de leitura
automonitorada e de questionário, havendo confirmado que os antecedentes em Spec IP
são os preferidos para a retomada pelo sujeito nulo, ou seja, na hora do estabelecimento
da correferência, o que importa é a posição que o antecedente ocupa dentro da estrutura.
Segundo Carminati (2002), os resultados dos testes aplicados por ela são
evidências de que a Hipótese da Posição do Antecedente é a proposta que melhor
explica a resolução da correferência. Segundo a autora o fator primordial para o
estabelecimento da correferência é a posição estrutural do antecedente.
Em suma, as propostas apresentadas no decorrer desta seção apresentam pontos
em comum. As teorias se assemelham por postularem que o que distingue tanto SNs
plenos quanto anafóricos é a marcação do grau de acessibilidade e de saliência do
antecedente, além de considerarem que a informação sintática e a ordem de referência
são preponderantes para o estabelecimento da correferência.
Com base no que foi apresentado na presente seção, parece-nos que as
inerências relativas à saliência de um antecedente (Ariel, 1996) ainda não foram
totalmente esclarecidas. De que resulta a saliência de um referente, é uma das questões
colocadas no presente estudo. Levando-se em consideração que a saliência é fator
Processamento da correferência pronominal
33
preponderante para a escolha da forma da expressão anafórica que será usada, pensa-se
ser necessário avaliar se a saliência de um referente resulta somente da sua função
sintática ou se a posição estrutural, ou a relação estrutural entre constituintes, interfere
na atribuição de saliência.
(43) Durante a festa, os coreógrafos do dançarino mencionaram que Ø/eles
refletiam vagarosamente sobre o espetáculo.
No exemplo retirado da presente pesquisa tem-se um SN complexo composto
por dois SNs, em que um deles é mais saliente do que o outro. Sendo assim, pretende-se
perceber se os custos de processamento associados à resolução de formas nulas e plenas
refletem efeitos da função sintática ou da relação estrutural entre constituintes.
O Modelo Gerativista, a Teoria de Princípios e Parâmetros, a Categoria Vazia e a Relação de C-comando
34
3. O Modelo Gerativista, a Teoria de Princípios e Parâmetros, a Categoria Vazia e
a Relação de C-comando
3.1. Modelo Gerativista
“The core of language appears to be a
system of thought, with externalization a
secondary process (including
communication, a special case of
externalization).”
Chomsky, 2011
A teoria gerativa se ocupa do estudo dos princípios universais da faculdade
humana da linguagem e de seus parâmetros nas línguas particulares. Tal modelo vem
sendo desenvolvido por Noam Chomsky desde 1957 e vem servindo de referência para
um programa de pesquisa científica que engaja milhares de pesquisadores em todo o
mundo, desde então. Para o estudioso, a teoria linguística deve descrever os
procedimentos mentais que “geram” as estruturas da linguagem, como as palavras e as
frases. O modelo Gerativista defende a ideia de que a linguagem é uma capacidade inata
ao ser humano, tida para Chomsky como a Faculdade da Linguagem. Segundo o
modelo, a criança já nasce com a capacidade de aquisição da linguagem, e por isso ela
absorve o conhecimento linguístico com extrema facilidade e rapidez. Para Chomsky,
os seres humanos são capazes de gerar frases que nunca ouviram antes.
Os princípios que norteiam as pesquisas de cunho gerativista são estabelecidos
com base na distinção entre a competência e o desempenho linguísticos. A competência
O Modelo Gerativista, a Teoria de Princípios e Parâmetros, a Categoria Vazia e a Relação de C-comando
35
linguística humana é a nossa língua-I5, ou seja, é a capacidade de o ser humano produzir
e compreender expressões linguísticas compostas pelos códigos da língua-E6, ou seja, a
competência linguística é acessada todas as vezes que falamos, ouvimos, escrevemos ou
lemos textos, bem como está inserida na mente humana e também é usada na mente
quando se está de repouso, em silêncio, sem fazer uso da linguagem na interação verbal.
A competência destaca-se pela capacidade que os seres humanos têm em produzir
sentenças de acordo com uma gramática interna, sabendo distinguir uma frase
gramatical de uma agramatical.
(44) O menino caiu.
(45) *O caiu menino.
A partir do conhecimento internalizado da competência gramatical, os falantes
conseguem distinguir que a frase (44) é gramatical e que a frase (45) é agramatical no
português do Brasil, mesmo não tendo passado pela escola.
Em síntese, a competência linguística é o modulo da mente humana em que
todos os conhecimentos linguísticos (fonologia, morfologia, léxico, sintaxe,...) estão
armazenados, ou seja, a competência linguística trata apenas do conhecimento
linguístico pertencente ao módulo cognitivo da linguagem e o desempenho linguístico é
5 Língua-I – Dimensão mental/subjetiva do fenômeno da linguagem é sintetizada no conceito de língua-I,
em que o I significa interna, individual, intensional (diz respeito a tudo o que é interior e próprio de um
dado significado). Segundo Chomsky, a língua-I é, pois, um elemento que existe na mente da pessoa que
conhece a língua, adquirido por quem aprende e usado pelo falante-ouvinte. (Chomsky, 1994:41) 6 Língua-E – Dimensão sociocultural/objetiva das línguas, em que o E significa externa e extensional
(refere-se a extensão de um dado significado). Segundo Chomsky, a língua-E é, pois, uma língua externa,
no sentido em que o construto é compreendido independentemente das propriedades da mente/cérebro.
(Chomsky, 1994:39)
O Modelo Gerativista, a Teoria de Princípios e Parâmetros, a Categoria Vazia e a Relação de C-comando
36
o uso da linguagem que envolve a utilização da linguagem em conjunto com outros
fatores não linguísticos. Pode-se afirmar que a competência linguística é modular7 e que
o desempenho é intermodular8 (cf: Kenedy, 2016:57).
De maneira bem resumida, costuma-se dizer que a teoria linguística estuda a
representação gramatical da competência humana inata, enquanto que o processamento
se interessa pelo estudo do desempenho, ou seja, do acesso à representação. Essa
distinção é diretamente relevante para a presente tese, em que se examinam questões de
processamento, tomando como referência também questões de representação
gramatical. Neste sentido, esta tese inscreve-se no campo relativamente novo da
Psicolinguística e da Sintaxe Experimental.
3.2. A Gramática Universal e A Teoria de Princípios e Parâmetros
“A Gramática Universal (G.U.) é a arte que nos
permite produzir e compreender a linguagem”
(cf. Arnald; Lancelot, 1660)
A Gramática Universal é uma teoria linguística que afirma que determinados
princípios gramaticais são comuns a toda a espécie humana e ela é o estágio inicial da
Faculdade da Linguagem, ou seja, a G.U. é um conjunto de princípios inatos universais
invariáveis aos quais estão associados parâmetros que são marcados positivamente <+>
ou negativamente <->, que só serão atingidos durante o processo de aquisição através de
7 Competência modular - pois é algo estático e isolado na anatomia modular da mente humana. 8 Desempenho intermodular – pois é o uso dinâmico do conhecimento linguístico, de maneira integrada a outros tipos de cognição não especificamente linguística. (Kenedy, 2016)
O Modelo Gerativista, a Teoria de Princípios e Parâmetros, a Categoria Vazia e a Relação de C-comando
37
sua fixação numa das posições possíveis, com base no input recebido da comunidade
em que se está inserido.
Durante o período da aquisição da linguagem, a criança aprende as formas
lexicais da língua com suas propriedades fonológicas, sintáticas e semânticas e fixa os
parâmetros da G.U. que têm relevância para a comunidade de fala em que está sendo
exposta. Quando todos os parâmetros estão selecionados, a gramática nuclear da língua
(core Grammar) está adquirida, ou seja, há um domínio do sistema entre princípios
rígidos e parâmetros variáveis.
Segundo Chomsky (1981), a linguagem apresenta Universais Linguísticos, ou
seja, princípios que são comuns a todas as línguas como, por exemplo, os listados
abaixo:
i) princípio de sujeitos;
ii) princípio da dependência de estrutura;
iii) princípio da subordinação;
iv) princípios da ligação;
Há na G.U. o princípio que determina a existência da posição de sujeito, e
podemos dizer que, relacionado a este princípio, está o parâmetro do sujeito nulo, que é
um parâmetro variável. A presente tese se debruça sobre esse parâmetro e procura
aprofundar os estudos acerca do sujeito nulo e as inerências existentes nas variedades de
português, mais explicitamente o Português brasileiro e o Português europeu.
A G.U. não determina que a posição de sujeito seja necessariamente preenchida
por um sintagma nominal com conteúdo fonético, isso constitui um fato interessante
O Modelo Gerativista, a Teoria de Princípios e Parâmetros, a Categoria Vazia e a Relação de C-comando
38
sobre os sujeitos sintáticos das diferentes línguas naturais que é o fato de em algumas
delas o sujeito poder ser omitido na frase. Trata-se de um fenômeno variável e por isso
configura-se um parâmetro da G.U, a que chamamos de Parâmetro do Sujeito Nulo. Por
tratar-se de um parâmetro, o sujeito nulo será variável binariamente, ou seja, poderá ser
marcado positivamente ou negativamente. Línguas marcadas positivamente para o
parâmetro do sujeito nulo são denominadas línguas [+pro drop], como o Italiano e o
Português Europeu, e línguas marcadas negativamente para este parâmetro são
denominadas [-pro drop], como o Inglês e o Francês (Chomsky, 1981).
(46) (Eu) falo Português.
(47) (Io) parlo Italiano.
(48) ✓I went to the movies yesterday./ *Went to the movies yesterday.
(49) ✓Je suis allé au cinema hier./ *Suis allé au cinema hier.
Em suma, a Gramática Universal e a Teoria de Princípios e Parâmetros visam
explicar as semelhanças entre as línguas em termos de princípios universais e as
diferenças em termos de parâmetros. A G.U. propõe que a criança nasce biologicamente
equipada com faculdade da linguagem e que precisa apenas se basear na experiência
(input) para a aquisição de léxico e a configuração dos valores paramétricos específicos
para a língua alvo.
O Modelo Gerativista, a Teoria de Princípios e Parâmetros, a Categoria Vazia e a Relação de C-comando
39
3.3. As Categorias vazias
"se o movimento não deixasse uma categoria vazia
(vestígio), então estes fenômenos continuariam a ser
um mistério.”
(Chomsky, 1986b:124).
No modelo da gramática gerativa, a medida em que os elementos zero são
considerados como elementos que fazem parte da gramática das línguas naturais,
assume-se também que o locutor tem a capacidade de distinguir e posicionar esses
elementos nas representações que constrói. As categorias vazias, assim como as
categorias plenas, devem ser legitimadas e identificadas.
Chomsky (1981) propõe que uma categoria vazia é um nó desprovido de
conteúdo fonético, e que existem vários tipos de categorias vazias, a depender de suas
propriedades sintáticas e da sua sensibilidade aos vários módulos da teoria, em
particular a Teoria da Ligação.
A Teoria da Ligação estipula que os sintagmas nominais se dividem em três
tipos de NPs plenos (anáfora, pronomes, expressões referenciais) a partir da combinação
de dois traços primitivos [+ anafórico] e [+ pronominal]. A combinação destes traços dá
origem a quatro tipos de NPs:
1. [+anafórico] [-pronominal] – cópia
2. [-anafórico] [+pronominal] – pro
3. [-anafórico] [-pronominal] – Variável
O Modelo Gerativista, a Teoria de Princípios e Parâmetros, a Categoria Vazia e a Relação de C-comando
40
4. [+anafórico] [+pronominal] – PRO
As três primeiras combinações são claramente associadas aos tipos de NPs
estipulados pela teoria de Ligação, mas o quarto é a combinação entre os dois traços
marcados positivamente. Embora não haja um sintagma nominal pleno que satisfaça
essa combinação, há um sintagma nominal vazio que a satisfaz, o pronome anafórico
nulo (PRO).
(50) [O João]i quer [PROi comprar o livro do Chomsky ]
Assumimos aqui que há uma relação de correferência existente entre João e o
sujeito do verbo comprar, que está assinalada no exemplo por coindexação.
De acordo com a teoria de regência e ligação há quatro tipos de categorias
vazias: i) cópia; ii) variável; iii) pro e iv) PRO.
i) Cópia – gerada pelo movimento de um constituinte para uma posição
argumental. É a cópia apagada (t) do sintagma movido para a posição argumental em
ST.
[ ST
Mariai [
T foi [
SV ti comprar o livro]]]
ii) Variável – é um tipo de cópia, porém, é uma cópia de um constituinte movido
para uma posição não argumental.
O Modelo Gerativista, a Teoria de Princípios e Parâmetros, a Categoria Vazia e a Relação de C-comando
41
[ SC
Que livrot [
ST Maria
i [
T vai [
SV ti ler t
t ?]]]]
iii) pro – é um pronome nulo, uma forma de zero fonético de valor pronominal.
Gramaticalmente é licenciado com papel temático e Caso da mesma forma que outro
SN. É equivalente a um pronome pessoal.
[pro Comprei os livros hoje.]
iv) PRO - Gramaticalmente é licenciado com papel temático, porém, não é
identificado com nenhum papel temático devido não acontecer nehuma flexão finita na
oração em que se insere.
[Maria foi [ PRO comprar o livro.]]
Para Raposo (1992:336), a identidade real dessas categorias vazias não permite
confundi-las com uma ausência: "A conclusão de que existem tipos diferentes de
categorias vazias, com propriedades distintas e restrições distribucionais diferentes,
mostra claramente que estamos face a entidades linguísticas reais, que fazem parte da
representação da linguagem na mente do falante/ouvinte. [...] Uma categoria vazia não é
uma simples «ausência», porque uma ausência não pode possuir propriedades
diferenciadas. Pelo contrário, uma categoria vazia é uma categoria linguística real com
uma matriz gramatical, embora sem matriz fonológica."
Na presente tese, através de um estudo experimental e de processamento,
trataremos e analisaremos a categoria vazia em posição de sujeito e em posição de
objeto (pro), a fim de aprofundar os estudos acerca da categoria vazia e de entender
O Modelo Gerativista, a Teoria de Princípios e Parâmetros, a Categoria Vazia e a Relação de C-comando
42
melhor como funcionam as restrições relacionadas ao seu processamento em duas
variedades do português, o Português Brasileiro e o Português Europeu.
3.4 A relação de C-comando
Ainda pensando na sentença retirada da presente pesquisa, o SN complexo, que
no caso do teste aplicado contém os possíveis antecedentes para a expressão anafórica,
também apresenta uma questão gramatical, a relação de c-comando, que também é posta
em questão no nosso trabalho. Dentro do SN complexos, além de termos um SN mais
saliente e um menos, também temos um que c-comanda a expressão anafórica e um que
não c-comanda.
(51) Durante a festa, os coreógrafos do dançarino mencionaram que Ø/eles
refletiam vagarosamente sobre o espetáculo.
A fim de deixar clara a relação de c-comando colocada em questão faremos
uma breve revisão sobre o assunto e depois voltaremos a tratar da relação de c-comando
no âmbito da presente pesquisa.
A relação de c-comando é uma estratégia de vinculação sintática que se
estabelece entre dois constituintes. Assim, nesse contexto, há um constituinte que c-
comanda e outro que é c-comandado.
A relação de c-comando ocorre quando um constituinte c-comandante é
ramificado imediatamente de um nó na árvore sintática do qual o constituinte c-
comandado também se ramifica, direta ou indiretamente. Na relação de c-comando há
sempre um ponto de referência que será um nó sintático.
O Modelo Gerativista, a Teoria de Princípios e Parâmetros, a Categoria Vazia e a Relação de C-comando
43
A relação de c-comando pode ser classificada como uma relação (i) simétrica
ou (ii) assimétrica9.
(i) Relação de c-comando simétrico – o nó sintático deve se posicionar
imediatamente acima de α e não se separar dele por nenhum outro material
interveniente. Tal nó também deve ser a origem do elemento β, nesse caso, imediato.
Assim, dizemos que α c-comanda β e β também c-comanda α, conforme pode ser
observado na imagem abaixo.
SX
α β
(ii) Relação de c-comando assimétrico – o nó sintático deve se posicionar
imediatamente acima de α e não se separar dele por nenhum outro material
interveniente. Tal nó também deve ser a origem do elemento β, mas, nesse caso, entre
ele e o elemento β tem que existir material interveniente. Assim, dizemos que α c-
comanda β, mas β não c-comanda α, conforme pode ser observado na imagem abaixo.
9 Classificação retirada de Kenedy, 2016.
O Modelo Gerativista, a Teoria de Princípios e Parâmetros, a Categoria Vazia e a Relação de C-comando
44
SX
α SY
Y β
Fazendo uma correlação entre a relação de c-comando com a teoria da ligação
pode-se dizer que o referente de um pronome deve estar em uma posição c-comandante
fora da oração em que a anáfora se encontra (Princípio B), os reflexivos terão que estar
presentes em uma relação de c-comando dentro da mesma oração (Princípio A) e as
expressões R não podem ser correferentes e nem serem c-comandadas por pronomes
indexados em qualquer domínio (Princípio C).
No presente trabalho, ao estudarmos a correferência pronominal em posição de
sujeito, observaremos como sentenças, conforme as apresentadas em (41) e (42), se
comportam em relação aos princípios estabelecidos pela relação de c-comando existente
entre os termos correferentes. Duarte, Barbosa e Kato (2005) verificaram que a relação
de c-comando em PB e PE é um definidor quando se tem um pronome nulo, para as
autoras nulos tem que ser c-comandados por seu antecedente, quando este não está em
posição de tópico.
(52) Durante a festa, os coreógrafos do dançarino mencionaram que Ø/eles
refletiam vagarosamente sobre o espetáculo.
O Modelo Gerativista, a Teoria de Princípios e Parâmetros, a Categoria Vazia e a Relação de C-comando
45
(53) Durante a festa, o coreógrafo dos dançarinos mencionou que Ø/eles
refletiam vagarosamente sobre o espetáculo.
Observemos abaixo a representação arbórea das sentenças apresentadas em que
colocamos em cheque a relação de c-comando. A correferência presente na sentença
apresentada em (52) é forçada pelo traço de número, e dependendo da forma a ser
utilizada na retomada, nula ou plena, não obedece ao que sugerem Barbosa, Duarte e
Kato, 2005 a respeito da relação de c-comando, de que uma forma nula tem como
antecedente o SN que a c-comanda (Cf: Barbosa, Duarte e Kato, 2005).
“c-command… most favorable contexto for null
subjects in both varieties…” (p.19)
“cases of null subjects that are not c-commanded
by their antecedents…” (p.36)
“thus, in BP the null subject looks for a c-
commanding antecedent; however, whenever it
doesn’t find one in syntax, it can do so
logophorically…” (p.37)
O Modelo Gerativista, a Teoria de Princípios e Parâmetros, a Categoria Vazia e a Relação de C-comando
46
(54) Durante a festa, os coreógrafos do dançarino mencionaram que Ø/eles refletiam
vagarosamente sobre o espetáculo.
(55) Durante a festa, o coreógrafo dos dançarinos mencionou que Ø/eles refletiam
vagarosamente sobre o espetáculo.
O Modelo Gerativista, a Teoria de Princípios e Parâmetros, a Categoria Vazia e a Relação de C-comando
47
Ao observar os exemplos e os esquemas arbóreos acima, vê-se claramente que
a sentença em que o pronome retoma o antecedente que está no SN mais alto a relação
de c-comando está sendo respeitada, mas quando o pronome retoma, forçadamente, o
antecedente que encontra-se em um SN encaixado (os dançarinos) dentro do SN mais
alto (o coreógrafo), que não é uma condição idela/preferencial, pois o SN não está
ligado diretamente ao VP em que o pronome está inserido.
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
48
4. Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
4.1. Sujeito nulo
Chomsky (1981) identificou que há algumas propriedades que acompanham o
apagamento do pronome em línguas de sujeito nulo. Tais propriedades caracterizam
uma língua [+pro-drop] e a sua ausência caracteriza uma língua [-pro-drop]. As
propriedades que caracterizam uma língua [+pro-drop], segundo Chomsky (1981) são:
(56) sujeito nulo pronominal
___ Encontrei o livro.
I found the book.
(57) inversão livre do sujeito
Jogaram a bola [os meninos].
Giovanni ate it.
(58) movimento longo de qu- (sujeito)
O homem [que eu perguntei [quem ele viu.]]
The man x such [that i Wonder [Who he saw]].
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
49
(59) pronomes resumptivos (de retomada) vazios em orações subordinadas
Eis a moçai quei eu me pergunto quem acredita que elai tenha batido.
This is the girl [Who i Wonder that [who thinks [that she may SV]]]
(60) violações aparentes do filtro “that-trace” (sujeito extraído diretamente de
uma posição pós-verbal)
Quem (é que) você pensa [que [t viu esse filme]]?
Who do you think [(that) Will leave].
De acordo com Chomsky (1981), o que licencia a expressão não fonética do
sujeito seria a morfologia verbal “rica” das línguas com o parâmetro [+ pro-drop]. A
referência do pronome apagado só poderia ser recuperada pelo morfema número-
pessoal ligado ao verbo. Em línguas com a morfologia verbal “pobre”, a expressão do
pronome se faria necessária para que ele possa ser interpretado.
Indo na contramão do que foi proposto por Chomsky (1981) sobre as línguas
pro-drop e sua morfologia rica, estão línguas como o Chinês e o Japonês que também
permitem o sujeito nulo e não possuem morfologia. De acordo com J. Huang (1984,
1989) o sujeito nulo em Chinês é legitimado por um outro mecanismo. Para a autora, o
sujeito nulo do Chinês pode ser um pro controlado por uma entidade superior, ou ser
ligada por um tópico de frase.
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
50
(61) [VP Zhangsan1 shuo e1 mai shu le].
Zhangsan dizer e comprar livro past.
“O Zhangsan disse que comprou um livro.”
No exemplo (61) do Chinês, de acordo com a teoria de J. Huang, a categoria
vazia pode ser considerada como um pro e vai ser controlada pelo sujeito da frase
matriz “Zhangsan”. Ou seja, existe correferência entre o sujeito matriz e o sujeito nulo
encaixado.
Conforme já foi referido várias vezes no transcorrer desta tese, as línguas que
permitem que o sujeito seja nulo são designadas de línguas pro-drop. Para Chomsky
(1981) e Rizzi (1988), nas línguas prototipicamente [+pro-drop] o sujeito nulo não é
uma opção, ou seja, o sujeito só será expresso se houver um comando que leve o falante
a realizá-lo, por exemplo quando este retoma um antecedente não sujeito, já que o nulo
é a forma preferencial para retomada de sujeito. Sendo assim, a forma plena e a forma
nula estariam em distribuição complementar.
Estudos seminais sobre a forma nula em posição de sujeito em PE e em PB,
como o de Barbosa, Duarte e Kato (2005), observaram que sua utilização não se dá da
mesma maneira nas duas variedades. De acordo com as autoras, a utilização da forma
nula em posição de sujeito está cada vez mais sendo diminuída em PB, diferentemente
do que ocorre em PE (veja mais na seção 4.1.3.1 deste mesmo capítulo).
Já que em PB e PE a utilização da forma nula vem estabelecendo diferenças
entre as variedades, tomando o estudo feito pelos estudiosos Roberts e Holmberg
(2010), que propõem que as línguas pro-drop se dividem em quatro grupos (sujeito nulo
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
51
consistente; sujeito nulo expletivo; sujeito nulo discursivo; sujeito nulo parcial) devido
as formas pronominais não apresentarem uma interpretação homogênea em todas as
línguas, podemos dizer que PB e PE são classificadas de maneira distinta, enquanto o
PE é classificado como uma língua de sujeito nulo consistente o PB é classificado como
uma língua de sujeito nulo parcial.
Nas próximas seções faremos uma revisão dos trabalhos sobre o sujeito nulo em
PB e em PE, bem como dos trabalhos que os comparam à luz de trabalhos de
representação sintática e de trabalhos de processamento, a fim de delinear os achados
sobre esta categoria nas duas variedades e mostrar onde nosso estudo se enquadra,
finalmente mostrar quais as contribuições do nosso trabalho para o estudo do sujeito e
do objeto nulos.
4.1.1 – Sujeito nulo em PB
O Português do Brasil tem se tornado cada vez mais uma língua de sujeito
preenchido que tem como consequência uma distribuição não complementar entre
forma nula e plena do pronome, podendo estas coocorrer no mesmo contexto. Segundo
Duarte (1995), o Princípio Evitar Pronome estabelecido por Chomsky (1981), em que o
autor defende que uma forma plena deve ser substituída por uma forma nula sempre que
possível, não se confirma para o PB, já que o nulo e o pleno são usados nessa variedade
sem distinção. Por exemplo, em (62):
(62) Maria disse que ela está pronta para ir à festa. (ela ≠ Maria)
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
52
O princípio Evitar Pronome prevê que ‘ela’ se refira a uma entidade diferente de
‘Maria’ já que se poderia ter utilizado a forma nula, por ser esta forma a interpretada
correferencialmente e preferível para retomar ‘Maria’. Para o PB, este princípio não se
aplica o que teríamos seriam ambas as formas funcionando da mesma forma, vejamos
(63) e (64):
(63) Maria disse que ela está pronta para ir à festa. (ela = Maria)
(64) Maria disse que Ø está pronta para ir à festa. (Ø = Maria)
Em (63) e em (64) podemos observar a utilização das duas formas de retomada
que são aceitáveis para o PB. De acordo com o estudo de Duarte (1995), para o PB o
princípio evitar pronome se aplica, mas está a perder peso, sendo as duas formas
possíveis nessa variedade de Português.
Os estudos sobre o sujeito nulo estão sendo cada vez mais discutidos, tanto do
ponto de vista da representação quanto do ponto de vista do processamento. Faremos,
abaixo, a revisão de alguns trabalhos de cunho representacional e de processamento.
4.1.1.1 O sujeito nulo em PB à luz de estudos de representação
Duarte (1993), através de uma pesquisa que utiliza dados de entrevistas
transcritas que vão de 1845 até 1992, procura confirmar a hipótese da relação entre o
preenchimento do sujeito com a redução do paradigma verbal do PB, que durante este
período passou de 6 para 4 desinências distintivas. Os resultados encontrados pela
autora mostram que houve uma perda relevante da categoria vazia no período estudado.
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
53
Em 1845, a autora encontrou 80% de ocorrências da categoria vazia enquanto em 1992
apenas 26%.
Duarte (1995/2003), em estudos sobre a fala culta e popular, respectivamente,
atesta que há preferência pelo pronome pleno em todas as pessoas gramaticais, sendo a
terceira pessoa a mais resistente a esse preenchimento. Mesmo os sujeitos identificados
por flexão verbal, como os de primeira pessoa, estão tendendo ao preenchimento. Em
relação aos sujeitos identificados pelo contexto, a autora verificou que são os mais
resistentes ao preenchimento. Assim, o caráter dêitico dos pronomes de primeira e
segunda pessoas faz com que eles sejam mais expressos do que os pronomes de terceira
pessoa, que têm sua interpretação garantida por um antecedente, o que os torna menos
vulneráveis ao preenchimento.
Em 1999, Kato, em um estudo sobre os pronomes, chega à conclusão de que
todas as línguas possuem pronomes fortes e que as línguas que não possuem
concordância possuem pronomes fracos, que são referencialmente dependentes.
Relativamente ao sujeito nulo de terceira pessoa em PB, Kato (1999) observou que o
licenciamento de tais sujeitos envolve PRO. Se não há um DP que o c-comande, PRO
recebe uma leitura genérica ou arbitrária, mas se existe um DP c-comandando o PRO,
este se liga ao morfema Agr.
(65) [PROi [aqui conserta Øi sapatos]]
(66) O Pedroi disse que [PROi [conserta Øi sapatos]]
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
54
Kato e Duarte (2014) propõem que o princípio “Evite Pronome” de Chomsky
pode ter uma contrapartida para línguas consideradas de sujeito nulo parcial (conforme
o PB), o ‘Evite Pronomes não-referenciais’. As autoras verificaram que no PB quanto
mais referencial é o sujeito maior a expectativa de um pronome expresso, conforme
proposto pela “hierarquia da referencialidade” de Cyrino, Duarte & Kato (2000), sendo
os itens [+ específicos] os mais referenciais e os [- específicos] os menos referenciais
que apresentam como característica o traço [+/- humano] marcado negativamente. De
acordo com as autoras o sistema linguístico permite uma variação entre o sujeito nulo e
o sujeito expresso.
Em um estudo mais recente, que tem como base o estudo realizado por Duarte
(1995), Duarte e Reis (2018) fizeram um estudo com base na fala carioca recente e
compararam com o estudo realizado em 1995 por Duarte. Os autores observaram que,
relativamente à 3.ª pessoa o processo de mudança é mais lento, conforme já observado
anteriormente por outros estudos. Segundo os autores, três fatores apontam como
relevantes para o processo de mudança, o padrão estrutural, o feixe de traços e a
estrutura do sintagma complementizador.
Os autores observaram diferentes padrões sentenciais que levam em
consideração a função do antecedente e sua posição dentro da estrutura, no mesmo
período ou em período adjacente. Os autores dividiram as sentenças em 5 padrões
diferentes:
i) Padrão A - O sujeito da encaixada posposta é correferente com o sujeito da
oração matriz
ii) Padrão B - O antecedente é sujeito e se encontra em um período adjacente
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
55
iii) Padrão C - O antecedente exerce outra função sintática e se encontra no
mesmo período ou no período adjacente
iv) Padrão D - O antecedente é o sujeito de uma oração não adjacente no
contexto precedente, ou seja, há uma ou mais orações intervenientes, ou ainda os
referentes são separados (split reference)
v) Padrão E - O antecedente, na função de sujeito, se encontra na oração
subordinada anteposta a oração matriz e é correferente com o sujeito dessa oração
Os autores observaram que as estruturas do tipo E favorecem mais o sujeito
expresso e estruturas do tipo A e B apresentam maior resistência para a mudança. Para
os autores, o fator que mais influencia na utilização do pronome nulo em estruturas do
tipo E é a falta de c-comando, a acessibilidade sintática se perde pela falta de c-
comando entre os constituintes.
De acordo com os resultados encontrados, os autores afirmam que o
preenchimento do sujeito referencial definido avança na fala carioca. Os resultados dos
autores apontam também que fatores de natureza estrutural se sobrepõem a fatores
sociais no processo de mudança.
4.1.1.2 O sujeito nulo em PB à luz de estudos de Processamento
Os estudos sobre o sujeito nulo à luz do processamento linguístico e da
psicolinguística em PB passaram a ser mais conhecidos a partir dos trabalhos de Corrêa
(1993/1998).
A autora, em trabalho realizado em 1993, distingue três níveis de atividade da
memória de trabalho atuando paralelamente. A memória imediata, que mantém a
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
56
informação de natureza lexical e sintagmática, o nível intermediário, que mantém um
referente em foco e o nível temático, que mantém ativa a representação do tópico do
discurso e/ou dos referentes em torno dos quais o discurso se organiza. A concepção de
memória de trabalho esboçada por Corrêa foi utilizada em 1998, em sua pesquisa sobre
o paralelismo estrutural em PB que, segundo a autora, parece atuar de maneira distinta
em português, comparativamente ao inglês.
Corrêa (1998) a fim de testar o efeito do paralelismo sintático em PB realizou
um estudo com dois experimentos em que usou a metodologia off-line de questionário
com pergunta e resposta. Os dois experimentos seguem a mesma linha e distinguem-se,
apenas, devido ao segundo restringir-se a verificar a interpretação de formas
pronominais como sujeito de orações sintaticamente independentes. No primeiro
experimento, a autora observou três diferentes estruturas com diferentes relações
sintáticas (orações independentes, coordenadas e subordinadas temporais), além de
controlar a manipulação de ativação (+ativado; -ativado), em que o +ativado era o
tópico discursivo e o –ativado não era o tópico discursivo.
A variável dependente dos testes foi o número de respostas em que o pronome
foi interpretado como correferente com o sujeito da oração anterior com uma pergunta
relativa ao sujeito do verbo da segunda oração.
A autora conclui que a presença ou a ausência de um vínculo sintático entre as
orações atua diretamente na interpretação do contraste entre o pronome nulo ou
pronome realizado. Quando não há vínculo, a preferência pela interpretação paralela é
equilibrada entre as duas formas do pronome. No entanto, quando há vínculo sintático
um contraste nítido é estabelecido entre as retomadas, havendo um maior percentual de
respostas paralelas para o uso do pronome nulo.
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
57
Esses resultados são explicados pela autora por meio da diferença do nível de
ativação e acessibilidade na memória de trabalho, estipulados por ela em 1993.
Enquanto o pronome nulo seria interpretado em nível mais alto na memória de trabalho
(nível temático) o pronome realizado seria interpretado em um nível imediato na
memória de trabalho.
Hora (2014), também à luz da psicolinguística experimental, aplicou
experimentos a fim de investigar o processamento do sujeito nulo e do sujeito pleno em
PB. A autora tinha como objetivo contribuir para a identificação de quatro dos fatores
envolvidos no processamento correferencial de expressões anafóricas, em contextos de
estruturas subordinadas do Português Brasileiro. Os fatores observados foram: (i)
posição estrutural, (ii) paralelismo sintático, (iii) ordem de orações e (iv) tipo de
expressão anafórica.
Nos quatro experimentos aplicados, a autora testou estruturas complexas do
Português Brasileiro. No primeiro experimento, foi aplicado um teste on-line de leitura
automonitorada em que o participante era exposto a sentenças onde tanto o sujeito
quanto o objeto da oração subordinada era pronominal e retomava um antecedente
presente, ou não, na oração principal, conforme pode ser observado na tabela 1.
Tabela 1: Exemplos das diferentes condições do experimento 1 Hora (2014)
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
58
Os resultados do primeiro teste mostram que as retomadas em posição de sujeito
foram processadas mais facilmente do que as retomadas de objeto independentemente
da expressão anafórica usada, com um aumento de latência nas condições em que o
objeto era nulo. Outro fato observado no experimento 1 foi a falta de resultados on-line
mais elucidativos. A autora fez uso de estruturas subordinadas introduzidas pelo
conectivo ‘quando’ que, conforme vem sendo referido na literatura, estabelece uma
relação de coesão fraca entre as estruturas, quando a estrutura é matriz/dependente, e
por esse motivo a preferência por retomar o sujeito com a forma nula fica atenuada (cf.
Luegi, 2012).
A partir dos resultados encontrados no primeiro experimento foram pensados
mais três experimentos, agora testando somente a posição de sujeito. Um deles off-line,
com a técnica de questionário e os outros on-line, com a técnica de leitura
automonitorada.
No experimento 2, com a metodologia de questionário off-line a autora tinha
como objetivo identificar a preferência de interpretação das formas pronominais nulas e
realizadas envolvendo o traço de número a fim de forçar, através desse traço, a
retomada de um ou de outro possível antecedente. Colocamos em questão nesse
experimento a posição do antecedente e a questão da ordem das orações.
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
59
Tabela 2: Exemplos das diferentes condições do experimento 2 Hora (2014)
Os resultados do teste off-line mostram que o pronome nulo e pleno comportam-
se de maneira semelhante em PB, sendo ambos aceitos como retomadas de sujeito.
Quanto à ordem das orações, foi observado que a ordem dependente/matriz teve índices
de acerto maiores, o que sugere que a ordem das orações, de alguma forma, facilita a
interpretação das sentenças, já que a representação da subordinada em posição inicial
fica retida na memória até o fim da interpretação do período, conforme foi observado
por Filliaci (2010) para o italiano.
No experimento 3 foi feito um contraste de número utilizando a metodologia on-
line de leitura automonitorada com estruturas bem próximas das testadas no
experimento 2 a fim de verificar se durante o processamento o que entra em jogo é a
Hipótese da Posição do Antecedente. O traço de número entra em questão para forçar o
estabelecimento de relações de correferência entre a anáfora e o antecedente, que ora era
o sujeito ora era o objeto.
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
60
Tabela 3: Exemplos das diferentes condições do experimento 3 Hora (2014)
Os resultados on-line encontrados mostram que as formas anafóricas testadas
funcionam do mesmo modo, ambas as formas retomando o antecedente que aparece em
posição de sujeito, sem apresentar preferências para uma ou outra forma. Relativamente
à ordem das orações, os participantes demonstraram maior sensibilidade para interpretar
sentenças com a ordem dependente/matriz, tendo estas um custo de processamento
maior.
No experimento 4 a autora colocou em questão o traço de gênero a fim de
verificar se, assim como o traço de número, o traço de gênero força de alguma forma a
interpretação do antecedente retomado pelas formas pronominais ou se esse traço é tão
fraco que não é levado em consideração durante o processamento. As estruturas testadas
foram bem próximas das estruturas testadas no experimento 3, mas, desta vez,
manipulou-se o traço de gênero no pronome.
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
61
Tabela 4: Exemplos das diferentes condições do experimento 4 Hora (2014)
Assim como nos experimentos anteriores, a autora percebeu que as formas
anafóricas nulas e plenas funcionam da mesma forma quando se trata de retomadas em
posição de sujeito. Quanto à ordem das orações, a autora percebeu que a ordem
matriz/dependente é processada mais rapidamente, embora as respostas à questão
interpretativa final tenham tido índices de acerto maiores nas condições com a ordem
dependente/matriz, o que vem a confirmar o que foi proposto por Bever & Townsend
(1979) e Garnham et. al. (1998) de que na ordem dependente/matriz a informação de
toda a estrutura fica disponível na memória de trabalho, diferentemente do que ocorre
com a ordem matriz/dependente.
De maneira geral, os resultados encontrados por Hora (2014) nos diferentes
experimentos revelam que, em PB, as formas nulas e plenas estão cada vez mais
semelhantes, sendo a forma plena a preferida para retomadas de antecedentes em
qualquer posição, o que nos leva a concordar com Duarte (1993), que afirma que, em
PB, o paradigma de sujeito nulo está se perdendo, ou seja, segundo esta autora, no PB a
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
62
queda do sujeito nulo é um processo gradual, o que também pode ser verificado com os
resultados dos nossos testes.
A partir dos resultados experimentais obtidos, a autora sugere que, assim como
já foi observado por estudos em outras línguas como o de Filliaci (2010) para o italiano,
fatores como ordem das orações, tipo de expressão anafórica e posição do antecedente
desempenham papel significativo no processamento da correferência pronominal em
PB. Além disso, concluiu que, em PB, diferentemente do que ocorre com as outras
línguas pro-drop, como o italiano e o português europeu, os pronomes, nulos e plenos,
não têm complementaridade em seu uso. Em PB os pronomes são usados de maneira
semelhante, assim como observado por Luegi (2012) em estudo a ser mais bem exposto
na seção (4.1.3.2).
A resolução da categoria vazia em posição de sujeito vem sendo estudada
também há alguns anos por Teixeira. Teixeira (2013), em sua tese de doutorado, em
estudo de rastreamento ocular procurou examinar dois tipos de preferência durante a
resolução da correferência em PB, a relação semântica e a preferência sintática.
Primeiramente a autora investigou em períodos complexos por coordenação as relações
de hierarquia semântica estabelecidas entre anáfora e antecedente e a proeminência
sintática do termo antecedente. A autora dividiu os participantes em 2 grupos, o grupo 1
recebeu os estímulos em que foi manipulada a correferência realizada por hipônimos e
hiperônimos na posição de sujeito tanto na retomada quanto no termo antecedente e o
grupo 2 foi exposto a um conjunto de estímulos em que estava presente o mesmo tipo
de manipulação, mas tanto a retomada quanto o termo antecedente estavam em posição
de objeto, ver exemplos de (67) a (68).
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
63
(67) Grupo 1
[O macaco]i subiu na árvore mais próxima e depois [o chimpanzé]i ou j
avidamente comeu os frutos maduros.
Pergunta: O chimpanzé subiu na árvore e comeu os frutos maduros? Sim ou Não
(68) Grupo 2
Os biólogos avistariam [um réptil]i no rio mas depois assustaram [o animal]i ou j
na margem.
Pergunta: Os biólogos avistaram e depois assustaram o animal? Sim ou Não
Nos resultados do grupo 1 a autora pode observar que há um tempo menor na
leitura de frases com retomadas por hipônimos, mas com os resultados do grupo 2 não
foi possível observar diferenças significativas em relação a retomada por hipônimos e
hiperônimos. A autora explica os resultados sob a perspectiva que compreende serem as
retomadas com funcionalidade discursiva aquelas que acontecem na maioria dos casos,
ou seja, nos casos em que o antecedente está mais acessível. A autora sugere que é
provável que tenhamos uma regra sintática para correferência de entidades mencionada
no discurso em posição de alta acessibilidade, e que é provável que não tenhamos
internalizada uma regra de correferência para sintagmas de baixa acessibilidade ou que
não constituem foco discursivo, ainda mais por se tratar de uma correferência
estabelecida por sintagma nominal e não por um pronome nulo ou pleno.
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
64
No segundo experimento, em que fez um estudo sobre as preferências sintáticas,
Teixeira observou a resolução anafórica de pronomes nulos e plenos, na condição de
catáfora e anáfora, em períodos complexos por subordinação. As frases experimentais
eram formadas por uma oração principal e uma oração subordinada temporal, ver
exemplos (69) e (70).
(69) [A Maria]i conversava com [a Joana]j enquanto [pro]i/j/[ela]i/j cozinhava.
(70) Enquanto [pro]i/j/[ela]i/j cozinhava, [a Maria]i conversava com [a Joana]j.
Pergunta: Quem cozinhava? A Maria – A Joana
Com este experimento a autora se inclinou a examinou as funções do pronome
nulo e pleno além de observar o efeito que a posição catafórica ou anafórica do
pronome poderia provocar. Os resultados encontrados pela autora indicam que é
possível distinguir no sistema pronominal do PB uma escala de acessibilidade para os
pronomes nulos e plenos. Segundo a autora os pronomes plenos tenderiam a se ligar a
antecedentes menos acessíveis, enquanto o pronome nulo se ligaria àqueles mais
acessíveis e salientes.
Os resultados encontrados pela autora em seus dois experimentos confirmam a
hipótese de que, em períodos complexos, o sintagma nominal que ocupa a função de
sujeito da oração principal é o preferencialmente retomado para estabelecer a
correferência com a primeira expressão referencial anafórica do período.
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
65
Teixeira et alii (2014), fizeram um estudo onde procuraram observar os efeitos
da posição (anáfora e catáfora) e do tipo de expressão anafórica (nula e plena), em
termos de processamento e em termos de preferência no estabelecimento da
correferência em períodos compostos por subordinação.
As autoras aplicaram um experimento em que usaram a metodologia de
movimentação ocular (eye-tracking) e chegaram à conclusão de que é possível
distinguir no sistema pronominal do PB graus de acessibilidade distintos para os
pronomes nulos e plenos. De acordo com os dados analisados, os pronomes plenos
tenderiam a se ligar a antecedentes menos acessíveis, enquanto os nulos se ligariam a
antecedentes mais salientes e acessíveis, conforme estipulado pela Teoria da
Acessibilidade de Ariel (1996) e pela Hipótese da Posição do Antecedente de Carminati
(2002).
4.1.2 – Sujeito nulo em PE
4.1.2.1 O sujeito nulo em PE à luz de estudos de Processamento
Costa, Faria e Matos (1998), a partir de um estudo de compreensão de leitura de
frases, verificaram um efeito claro de correferência entre o sujeito da oração principal e
o sujeito da oração coordenada. As autoras observaram que, quando o sujeito da oração
coordenada era realizado, a preferência do participante era a de fazer uma referência
disjunta, ou seja, o participante preferia relacionar o pronome a algo fora do discurso do
que ao antecedente possível presente na estrutura apresentada.
Os resultados apresentados pelas autoras mostram que há uma distribuição quase
complementar dos pronomes e corroboram o Princípio Evitar Pronome. Ao observar os
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
66
dados obtidos, as autoras concluem que a escolha de um antecedente para o pronome
realizado é menos condicionada do que a escolha para o antecedente do pronome nulo.
O pronome pleno pode escolher entre vários candidatos possíveis, enquanto o nulo
procura sempre um candidato maximamente acessível.
Costa (2003/2005) realizou um estudo com o objetivo de verificar a atuação do
Princípio Evitar Pronome testando estruturas com verbos de causalidade implícita. Para
a autora, a atuação do Princípio Evitar Pronome em estruturas causais faz com que a
forma nula seja preferida para o sujeito e a forma plena para o objeto.
A tarefa a ser realizada pelo participante era simples, o participante tinha que
completar frases que eram apresentadas a ele. A preferência pela forma nula foi clara
para retomar antecedentes em posição de sujeito e a forma plena foi preferível para
correferir antecedentes em posição de objeto.
A fim de testar estruturas justapostas, diferentemente do que já havia sido
testado anteriormente, Morgado (2012) realizou dois experimentos off-line, um com
tempo limitado e outro sem tempo limitado, usando dois tipos de estruturas diferentes.
No primeiro experimento, foram usadas frases simples justapostas com duas entidades,
uma em posição de sujeito e outra em posição de objeto. Foram manipulados o papel
temático destas entidades e o tipo de retomada pronominal (nulo ou realizado). A autora
pretendia verificar se os fatores pronome nulo/pronome realizado influenciavam no
tempo de resposta e se também o tipo de frase e o tipo de verbo eram também um fator
determinante para a escolha da resposta e também para o tempo de decisão que o sujeito
levou para respondê-la. No exemplo (71) estão presentes algumas frases usadas no
experimento:
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
67
(71)
Após o acidente, a Ângela ajudou a rosa na ambulância. Dias depois, [-]/ela
levantou os exames no hospital.
Após o acidente, a Ângela foi ajudada pela Rosa na ambulância. Dias depois, [-
]/ela levantou os exames no hospital.
Quem levou os exames no hospital? a) a Ângela b) a Rosa
Os resultados mostram que, independentemente do tipo de pronome e do papel
temático do antecedente, a preferência é inequívoca e significativa para a retomada de
sujeito. Os resultados encontrados no experimento 1 de Morgado (2012) confirmam as
predições da Teoria da Centralização de Grozs, Joshi e Weinstein (1995), que diz que
um antecedente na posição de sujeito é preferido na retomada anafórica. Nos testes
feitos, o sujeito é retomado tanto pelo pronome nulo quanto pelo pronome realizado e as
diferenças entre a forma escolhida não se mostram significantes (72,5% nulo vs 73,3%
realizado). Neste caso não há uma complementaridade no uso das duas formas e sim
uma sobreposição. A autora afirma que, mesmo em condições interfrásticas a
informação sintática é mais forte do que a informação semântica disponível na grade
temática dos verbos na atribuição de correferência. A posição proeminente do sujeito
sobrepõe-se à informação semântica que este possa ter.
No segundo experimento, foram usadas frases subordinadas adverbiais
concessivas, apresentadas em (72), ou seja, frases onde existe vínculo sintático, além de
manipular a agentividade das frases (foram usadas frases ativas e passivas).
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
68
(72)
O Gonçalo socorreu o Raul após o acidente, se bem que [-]/ele não tivesse
pronunciado uma única palavra.
O Gonçalo foi socorrido pelo Raul após o acidente, se bem que [-]/ele não
tivesse pronunciado uma única palavra.
Quem não pronunciou uma única palavra? a) o Raul b) o Gonçalo
A metodologia usada, assim como no primeiro experimento, foi off-line sendo
este um teste de questionário onde os participantes não tinham o tempo limitado para ler
as frases e nem respondê-las. Os resultados encontrados mostram que em frases ativas
houve uma clara complementaridade na utilização do pronome nulo e do pronome
realizado, já em frases passivas, ambos os pronomes retomam o sujeito. A autora
concluiu com os resultados que o peso da informação sintática é bastante significativo.
Os resultados obtidos pela autora são semelhantes aos encontrados Costa, Faria e Matos
(1998) e Carminati (2002), o pronome nulo retoma o antecedente mais saliente
enquanto o pronome lexical retoma o antecedente menos saliente quando se trata de
construções ativas, mas quando se trata de construções passivas o pronome realizado
tende, assim como o pronome nulo, a retomar antecedentes em posição de sujeito.
Segundo a autora, talvez esta diferença se dê devido ao fato de as construções passivas
acarretarem um maior custo de processamento e que talvez o que fique ativo na
memória de trabalho seja uma representação de caráter discursivo e não propriamente
um antecedente linguístico.
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
69
4.1.3. Estudos comparativos entre PB e PE
4.1.3.1 Estudos comparativos entre PB e PE à luz de estudos de Representação
Barbosa, Duarte e Kato (2005) fizeram um estudo comparativo entre PB e PE
através de dados escritos extraídos de jornais10 acerca da distribuição dos pronomes
plenos e nulos de terceira pessoa. Os resultados das autoras mostram que o número de
sujeitos plenos é maior em PB do que em PE e atribuem tais resultados à animacidade e
a posição do antecedente. As autoras observaram que, quando o referente é [-animado],
o PE apresenta apenas 3% de sujeitos plenos, enquanto o PB apresenta 43%.
(73) A história da vida de um indivíduo é determinante na forma como se reage
ao traumatismoi. Elei pode causar a retracção, a inibição... PE
(74) A minha contribuição foi colocar o sambai, no lugar que elei está hoje. PB
Em relação à posição do antecedente, elas observaram que a relação de c-
comando constitui o contexto que mais favorece o sujeito nulo. Tanto em PB quanto em
PE, antecedentes que ocupam a posição de sujeito na oração principal são os que mais
favorecem a retomada pelo pronome nulo. Quando o antecedente está em outra posição
que não é a posição de sujeito, as autoras observaram que, em PE, houve uma redução
do uso da forma nula. Em PB, as autoras observaram que o fator mais relevante para o
uso ou não da forma nula é a distância entre o antecedente e a forma pronominal,
havendo menor ocorrência de nulos quando retomam antecedentes não adjacentes e
10 Edições de domingo do jornal de Lisboa (O Público) e do Rio de Janeiro (Revista Domingo) de 1999 e 2000
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
70
mais distantes. A diferença que consiste entre o PB e o PE, de acordo com os resultados,
é que em PE a ocorrência de sujeitos nulos é mais recorrente do que para o PB. Os
sujeitos nulos em PB estão presentes, mas houve uma certa redução.
Em suma, os resultados das autoras indicam que a utilização da forma nula ou
plena varia de acordo com a distância entre o antecedente e a sua retomada e de acordo
com a função sintática que o antecedente desempenha dentro da sentença. As autoras
afirmam que sujeitos pronominais expressos possuem sempre o traço [+animado] em
PE, mas no PB podem apresentar tanto o traço [+animado] quanto [-animado]. As
autoras atribuem essa diferença às diferentes posições ocupadas pelo sujeito nas duas
línguas. Elas observaram também que o contexto que mais favorece o sujeito nulo é a
relação de c-comando com o antecedente. Quando não há relação de c-comando, o uso
ou não do nulo está relacionado à manutenção ou à mudança de tópico, ou seja, o nulo
sempre retomará o antecedente mais proeminente dentro do discurso.
Na tabela abaixo, estão apresentados os resultados encontrados pelas autoras
acerca da distribuição dos sujeitos plenos de acordo com os padrões relacionados à
posição do antecedente analisado pelas autoras. Padrão I: sujeito da oração principal;
Padrão II: sujeito da oração adjacente; Padrão III, sujeito da oração não adjacente;
Padrão IV: não sujeito na oração adjacente.
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
71
Padrão Português Europeu Português Brasileiro
I 1/40 3% 5/23 22%
II 6/55 11% 20/48 42%
III 8/28 29% 21/28 75%
IV 8/24 33% 13/23 57%
Tabela 5: Ocorrências de pronomes plenos nos diferentes padrões.
Barbosa, Duarte e Kato (2005).
Ao observar a tabela acima podemos ver que em PE todos os padrões favorecem
o sujeito nulo – desde o mais favorável (com correferência) até o menos favorável. No
PB, só os dois padrões com o antecedente na mesma função, seja na matriz, seja na
oração adjacente, preferem os nulos (22% e 42%), mas com o antecedente distante ou
em outra função os expressos já superam amplamente os nulos, ou seja, em PE há uma
preferência pela forma nula em todos os contextos analisados e, em PB, quando o
antecedente está na posição de sujeito a preferência é pela forma nula, mas nos outros
contextos analisados a utilização da forma nula e da forma plena são equivalentes,
exceto no padrão III.
Uma comparação de dados da fala espontânea do PE e PB, em amostras gravadas em
2010 (disponíveis em www.corporaport), mostra, de uma lado, o comportamento de uma LSN
consistente, o PE – o sujeito só é expressos em índices muito baixos nos contextos com um
antecedente adjacente na mesma função de sujeito – seja com c-comando, sem c-comando (com
a subordinada anteposta), seja com o antecedente na sentença adjacente, quando o índice já
sobre para 22%. Se o antecedente se encontra em outra função ou distante, aumentam os
percentuais de sujeito expresso, o que se explica por menor acessibilidade. O PB, por outro
lado, já ultrapassa a metade de sujeitos expressos em todos os padrões, incluído os de melhor
acessibilidade sintática, o padrão com c-comando (59%) e o padrão com antecedente na
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
72
sentença adjacente (62%). Nos demais padrões, a falta de c-comando (adjunta/matriz),
antecedente em outra função e distante, já se pode dizer que o sujeito nulo é residual.
PE Input: 0,244 PB Input: 0,752
PADRÃO N / T % P. R.. N / T % P. R..
1 (com c-comando) 11/83 6% 0,070 27/46 59% 0,235
1 (sem c-comando) 01/14 7% 0,146 101/116 88,5% 0,803
2 (adjacente) 113/515 22% 0,412 361/586 62% 0,354
3 (outra função) 76/153 50% 0,726 138/175 79% 0,572
4 (distante) 117/183 64% 0,817 210/241 85,5% 0,670
range 0,747 range 0,568
Tabela 6. Sujeito de 3ª pessoa vs padrão sentencial (valor de aplicação: sujeito expresso)
(Adapt. de Duarte, Tab. 2, no prelo)
Os pesos relativos calculados pelo programa estatíritico Goldvarb-X, mostram
que no PE só os dois últimos padrões favorecem o pronome expresso, enquanto no PB
ainda resistem dois padrões – o primeiro com c-comando e o que tem antecedente
adjacente. Naturalmente, segundo Duarte (no prelo) esses serão os contextos em que o
sujeito nulo apresentará maior resistência. O comportamento de perda do sujeito nulo
em todos os contextos leva Duarte a duvidar da inclusão do PB entre as LSNs parcial,
que são sistemas em que existe opcionalidade em contextos muito restritos. O PB ainda
admite o sujeito nulo, embora modestamente, em todos os contextos.
4.1.3.2 Estudos comparativos entre PB e PE à luz de estudos de Processamento
Costa e Matos (2012), em um teste de produção escrita, tinham como objetivo
determinar as estratégias preferenciais de produção de sujeitos correferenciais em PE e
PB. Foram analisadas narrativas de 40 falantes de PB e de PE, 20 de cada variedade, do
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
73
4.° e do 6.° anos de escolaridade. Os participantes eram expostos a um história
desenhada, a história do gato (the cat story) usada inicialmente por Hickmann (1982;
1995), ver quadro abaixo. Os participantes tinham que, num primeiro momento,
observar as imagens e produzir uma narrativa em forma de texto, não em frases.
Como se pode observar, os participantes tinham na história ilustrada três
entidades, o gato, o pássaro e o cachorro que apresentam traços idênticos de gênero e
número. Para que a análise ficasse mais uniforme, já que trata-se de uma tarefa de
produção, as autoras calcularam a extensão dos textos avaliando a média de palavras por
grupo.
Os resultados encontrados pelas autoras mostraram que o uso anafórico de
sujeitos expressos (expressões nominais repetidas) é uma estratégia comum a todos os
grupos testados. Entretanto, essa estratégia diminui do 4.° para o 6.° ano em PE, o que
não ocorre em PB, o que é interpretado pelas autoras como consequência das
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
74
propriedades gramaticais do PB. Em relação à produção de sujeitos nulos, somente os
falantes de PE os usam recorrentemente em frases raiz e subordinadas finitas.
Luegi (2012) realizou quatro experimentos com o Português com o objetivo de
identificar o efeito da função sintática e da posição estrutural dos antecedentes no
processamento e interpretação de sujeitos pronominais nulos e plenos. As estruturas
testadas tinham sempre dois potenciais antecedentes para a expressão anafórica, que
podia ser nula ou realizada, que aparecia na oração subordinada. Um dos antecedentes
tinha função sintática de sujeito e o outro de objeto que ora apareciam na ordem SVO
ou OVS. A oração subordinada era sempre introduzida pelo conectivo indicador de
temporalidade, “quando”. Nos experimentos 1 e 4, a interpretação do pronome era
forçada pela flexão de gênero quando o pronome era realizado, ou com a flexão do
particípio, nas condições com a forma nula, como exemplificado em (75):
(75) O João conversou com a Maria no quarto quando [-]/ele foi internado com
uma crise de malária.
Nos experimentos 2 e 3 a interpretação do pronome não foi forçada e as
entidades introduzidas na primeira oração representavam atividades ou profissões,
conforme exemplificado em (76):
(76) O jardineiro esperou pelo agricultor no jardim quando [-]/ele trouxe as
sementes para plantar.
A partir do primeiro experimento, em que se testou apenas o nulo, destaca-se
que, em PE, os tempos mais altos de leitura foram registrados nas condições em que é
retomado o complemento oblíquo em posição pós-verbal, a sua posição básica e que,
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
75
nas condições em que o sujeito nulo é correferente com o antecedente sujeito pré-verbal,
foram registrados os tempos mais baixos. Nas condições em que houve uma alteração
na ordem dos constituintes da primeira oração, não foram verificadas diferenças entre a
retomada de sujeito e a retomada de oblíquo, o que parece indicar que as duas entidades
têm o mesmo nível de saliência.
No experimento 2, foram analisadas as preferências de interpretação das formas
pronominais durante o processamento auditivo da informação. Foram cruzadas duas
variáveis independentes, a ordem dos constituintes e a forma pronominal usada
originando as seguintes condições:
a. SVO_N O bombeiro perguntou pelo militar no quartel quando recebeu a
medalha de condecoração.
b. SVO_P O bombeiro perguntou pelo militar no quartel quando ele recebeu a
medalha de condecoração.
c. OVS_N Pelo militar perguntou o bombeiro no quartel quando recebeu a
medalha de condecoração.
d. OVS_N Pelo militar perguntou o bombeiro no quartel quando ele recebeu a
medalha de condecoração.
Quem recebeu a medalha de condecoração? a. o bombeiro b. o militar
Os resultados dividem-se em resultados on-line (preferências de fixação das
entidades) e em resultados off-line (preferências de interpretação da pergunta final). Os
resultados off-line mostram que há diferenças quanto à preferência de retomada de
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
76
sujeito ou de complemento oblíquo em cada uma das condições testadas. Com exceção
da condição SVO_P, em que a preferência foi em sua totalidade por retomada de
sujeito. Os testes estatísticos aplicados mostram que as diferenças são, em quase todas
as condições, estatisticamente significativas. Os resultados on-line mostram que há uma
preferência de fixação do sujeito nas condições SVO_N e OVS_P e uma preferência de
fixação do oblíquo nas condições SVO_P e OVS_N. Os resultados on-line, sendo
semelhantes aos resultados off-line, reforçam a ideia de que a alteração da posição das
constituintes na frase interfere no estabelecimento da correferência entre as expressões
anafóricas e seus antecedentes. Quando o complemento oblíquo aparece deslocado para
uma posição mais alta da estrutura, ganha proeminência e torna-se um bom antecedente
para a forma nula do pronome. Quando o sujeito aparece na posição pós-verbal, indica
que o sujeito perde saliência e passa a ser considerado como o antecedente preferencial
para uma expressão anafórica mais informativa. Os resultados indicam que tanto a
função sintática quanto a posição estrutural do antecedente são considerados na
interpretação dos pronomes.
No experimento 3, foi feito um teste de questionário para identificar as
preferências de interpretação das formas pronominais nulas e plenas em contextos
ambíguos. As frases experimentais usadas foram as mesmas do experimento 2. Os
resultados mostram que as condições com nulo tiveram valores mais altos para retomar
o sujeito e que as condições com pleno tiveram valores mais elevados para estabelecer a
retomada com o oblíquo. As condições com a forma nula distinguem-se das condições
com a forma plena, mas as condições com a mesma forma não se distinguem entre si.
Há preferência por retomar o sujeito da oração precedente com a forma nula,
independentemente da sua forma estrutural. Com a forma plena algumas diferenças
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
77
foram encontradas. Segundo a autora, estes resultados podem vir a fortalecer a hipótese
de que as formas pronominais plenas em PE tem maior valor referencial.
No experimento 4, a autora retomou o desenho experimental do seu primeiro
experimento, aumentando-o, melhorando-o e usando um outro modelo experimental, o
teste de monitoramento ocular (eye-tracking), onde os movimentos oculares são
captados durante a leitura das frases. Nesse experimento, a retomada de sujeito ou
oblíquo foi forçada pela flexão de gênero do particípio da oração subordinada e do
pronome pleno, uma vez que as duas entidades referidas na oração subordinante eram
sempre de gêneros distintos.
A análise dos registros dos comportamentos oculares divide-se em duas partes.
Primeiramente foram analisados os dados das condições com as formas nulas e depois
os dados das condições com as formas plenas. Os registros dos comportamentos
oculares durante a leitura mostram que na primeira leitura as condições em que a forma
nula é ligada ao antecedente oblíquo pós-verbal os tempos foram mais elevados. Os
tempos das demais condições foram bastante uniformes, tendo o tempo mais baixo a
condição em que o sujeito nulo retoma o antecedente oblíquo topicalizado. Os tempos
totais de leitura apresentaram uma ligeira alteração dos valores. Os tempos mais
elevados continuaram a ser os da condição com oblíquo pós-verbal, mas os valores mais
baixos passaram a ser os das condições em que é retomado o sujeito.
Os resultados das condições com a forma plena mostram que os tempos mais
elevados de primeira leitura são registrados na condição em que a forma plena retoma o
antecedente sujeito em posição pós-verbal, tendo as outras condições valores mais
baixos. As diferenças não são estatisticamente significativas. Os tempos totais de leitura
são muito semelhantes aos tempos de primeira leitura. Os tempos mais elevados foram
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
78
os da condição em que o pronome retoma o sujeito pós-verbal e os mais baixos foram
os da condição em que retoma o oblíquo pós-verbal. De acordo com Luegi, os
resultados com as formas nulas parecem indicar que há interação entre os diferentes
fatores que foram analisados, tanto a função sintática quanto a posição estrutural dos
antecedentes contribuem para a sua saliência. Esses resultados indicam uma penalização
pela retomada de um antecedente pouco saliente, como acontece com a retomada do
oblíquo pós-verbal. Relativamente aos resultados das formas plenas, Luegi, conclui que
aconteceu o contrário do que aconteceu com as forma nulas. Os tempos de primeira
leitura são semelhantes aos tempos de leitura total. Em ambos os casos os valores mais
baixos foram os da condição OVS (oblíquo topicalizado) e os valores mais altos os da
condição em que é retomado o sujeito pós-verbal. Nas condições com ordem canônica
da primeira oração os tempos mais baixos foram registrados na condição em que é
retomado o oblíquo e os mais altos na condição em que é retomado o sujeito.
De acordo com as previsões da autora de que os pronomes plenos tendem a
retomar antecedentes menos salientes, era de se esperar que os resultados mais altos
fossem registrados na condição em que é retomado o sujeito pré-verbal e os mais baixos
nas condições em que é retomado o oblíquo pós-verbal. Os resultados indicam que os
pronomes plenos são preferencialmente interpretados como correferentes com
constituintes com funções sintáticas menos relevantes, mas com posições estruturais de
destaque. Assim, o primeiro critério de seleção parece ser a função sintática e depois a
posição estrutural. Quanto ao custo de processamento associado à ordem dos
constituintes frásicos, os resultados indicam que as estruturas de topicalização com
inversão sujeito verbo são mais difíceis de processar do que as estruturas com ordem
canônica. Em conclusão, os resultados dos diferentes experimentos de Luegi (2012)
revelam que a função sintática e a posição dos antecedentes, assim como a forma da
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
79
expressão anafórica que os retoma, são usados na resolução de expressões anafóricas,
mais especificamente de sujeitos nulos e realizados e que não há uma única informação
linguística responsável pela atribuição de saliência a um antecedente.
4.1.4. O presente estudo
Tomando como referência os quadros de questões e os resultados reportados
acima, pretendeu-se desenvolver um estudo comparativo entre o PB e o PE em que
exploramos ainda mais as questões relacionadas à perda do sujeito nulo em PB e à
valorização dessa categoria em PE.
Pretendemos, a partir de estruturas com orações subordinadas completivas, que
serão exemplificadas abaixo, observar como se dá o processamento da correferência nas
duas variedades de português e verificar se, de fato, podemos dizer que as duas
variedades apresentam distinções em relação a este parâmetro ao nível do
processamento, conforme foi afirmado nos trabalhos apresentados nas seções anteriores.
(77)
PS1 - No final da noite, os estagiários do arquiteto informaram que eles discutiam
irritadamente com frequência.
PS2 - No final da noite, o estagiário dos arquitetos informou que eles discutiam
irritadamente com frequência.
NS1 - No final da noite, os estagiários do arquiteto informaram que discutiam
irritadamente com frequência.
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
80
NS2 - No final da noite, o estagiário dos arquitetos informou que discutiam
irritadamente com frequência.
4.2. Objeto Nulo
O Parâmetro do Objeto Nulo (ON) é um Parâmetro da Gramática Universal
marcado positivamente em português e em outras línguas como o chinês, coreano,
japonês, enquanto que línguas como o inglês, por exemplo, marcam o valor negativo
para o parâmetro, como pode ser observado nos exemplos abaixo respectivamente:
(78) a. A ambição freqüentemente leva pro a cometer erros.
b. *Ambition often makes pro make mistakes.
O presente trabalho pretende observar o processamento sobre o uso do ON em
PB e em PE. De acordo com Cyrino (1997), o uso de ON em PB é um fenômeno muito
comum, já em PE, embora não tenha a mesma difusão, o ON também é encontrado, mas
não em todos os contextos em que é usado hoje no Brasil. Para a autora, o objeto direto
nulo em PB é muito mais livre do que o objeto direto nulo em PE. Segundo ela, tal
diferença é existente devido ao estatuto de objeto nulo não ser estabelecido
uniformemente para as línguas que marcam o valor positivo para este parâmetro.
O trabalho de Huang (1984) foi um marco na literatura sobre o ON, sendo ele o
desencadeador de variados trabalhos sobre o ON, inclusive em PB. O autor concluiu em
sua pesquisa que o ON do chinês é um operador foneticamente não realizado que só
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
81
pode ser recuperado no ambiente discursivo em que está inserido. Além disso, Huang
classifica línguas como o português e o chinês como línguas orientadas para o discurso,
que podem ter tanto a posição de sujeito como a de objeto nulas, apresentando a teoria
do pro drop para a posição de objeto.
Para Raposo (1986), a maioria dos contextos em PE utilizam o recurso do clítico
acusativo, não sendo o ON livremente licenciado devido a restrições sintáticas. De
acordo com Raposo, sentenças simples seriam possíveis com o ON e com clítico tanto
em PB quanto em PE, enquanto que em contextos de ilha o ON seria agramatical no PE
diferentemente do que ocorre em PB.
(79)
a. Joana viu-os na TV ontem. ok PE e PB
b. Joana viu ___ na TV ontem. ok PE e PB
(RAPOSO, 1986: 373)
(80)
a. Eu informei à polícia da possibilidade de o Manuel ter guardado ___ no cofre da sala
de jantar. *PE e ok PB
(RAPOSO, 1986: 381)
Em um estudo realizado em 2004, Raposo defende que o português é a única
língua que admite o objeto nulo em estruturas como “esse livro, eu só encontrei ___ na
FNAC”. Tal estrutura é considerada como uma estratégia de topicalização por Inês
Duarte (1987) e que, segundo ela, só seria gramatical em castelhano com a presença de
um resumptivo “Esse libro. Solo lo encontre em la FNAC”.
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
82
Em Raposo (1996), podemos observar que o autor generaliza o uso do objeto
nulo tanto a PB quanto a PE dizendo que ambas as variedades licenciam objetos nulos,
sendo o primeiro como resultado da elipse de pronome oblíquo ou pleno e o segundo
como omissão de clítico, oração ou SN.
Cyrino (1997) defende que o emprego do ON depende da interação entre dois
traços do antecedente: animacidade e especificidade. Para a autora, um objeto nulo
dificilmente seria empregado em um contexto em que o antecedente apresentasse os
traços animacidade e especificidade marcados positivamente. Segundo a autora para ter
um ON é necessário que o antecedente seja [-animado].
Em 2004, Menuzzi e Creus apontaram que o gênero semântico do antecedente
seria o fator mais relevante para o uso de ON ou do pronome pleno. Os autores
observaram que a distribuição de ONs x pronomes plenos em posição de objeto está
embasada na especificação do gênero semântico que é atribuído ao referente com o
traço [+animado]. Para os autores, pronomes plenos são preferencialmente empregados
quando há marca de gênero semântico no seu antecedente, quando não há esta marca, ou
seja, quando o gênero semântico não for especificado no antecedente a preferência será
para a utilização de ON. Segundo a proposta dos autores, os efeitos obtidos por Cyrino
em seus estudos em relação aos traços de animacidade e de especificidade seriam
derivados de uma única propriedade do antecedente, seu gênero semântico, tal proposta
é muito interessante mas não vamos nos ater a ela no presente trabalho.
Os trabalhos sobre o ON vêm em uma crescente desde os anos 70. Já foram
feitos estudos sobre o PB e o PE isoladamente e sobre as duas variedades de português
comparativamente. Na próxima seção faremos uma revisão acerca das pesquisas aqui
referidas e outras mais.
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
84
4.2.1 – Objeto nulo em PB
4.2.1.1 O objeto nulo em PB à luz de estudos de representação
Os primeiros trabalhos a respeito do objeto nulo em PB foram de cunho
variacionista. Omena (1978) analisou os pronomes de terceira pessoa com função
acusativa (clítico, pronome lexical e objeto nulo) em dados de fala de adultos em fase de
alfabetização. A autora verificou que um antecedente com função de objeto favoreceria
a retomada por um objeto nulo, além disso, a autora mostrou que o antecedente do ON
no PB aparece na maioria dos casos com os traços [-animado] e [+ especificado].
Em uma perspectiva gerativista, Wheeler (1981) foi a primeira a chamar a
atenção para o ON em PB. Após constatar que o pronome tônico em PB seria marcado
com o traço [+animado], enquanto em PE seria obrigatoriamente [+animado], ela
avaliou que o ON seria um pronome com o traço [-pessoa], resultado de uma regra de
apagamento.
Tarallo (1983) analisou textos escritos de caráter informal e atestou um aumento
contínuo da categoria vazia na posição de objeto direto no PB ao longo dos séculos e a
simultânea queda dos clíticos. Em 1988, em um estudo conjunto com Duarte, foi
verificada a existência de três aspectos linguísticos que determinam a escolha das
variantes objeto nulo, clítico e pronome pleno na retomada anafórica da 3.ª pessoa: a
estrutura oracional, a forma verbal e o traço [+ animado] do objeto direto. Para o
licenciamento de clíticos e pronomes haveria uma combinação desses aspectos, mas
para o licenciamento do ON, bastaria a presença do traço [-animado] do objeto.
Duarte (1989) apresenta uma análise quantitativa do ON e das demais formas
variantes para a posição de objeto utilizando dados retirados de gravações de fala
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
85
espontânea, entrevistas e novelas. A autora elege o componente semântico “traço [-
animado] do antecedente” como o mais relevante para a ocorrência do objeto nulo
independentemente da estrutura sintática em que ele ocorre, não sendo a ocorrência de
ONs com antecedentes [+animados] impossível, conforme pode ser visto em (81).
(81)
(O Sinhozinho Malta está tentando convencer o Zé das Medalhas a matar o
Roque...) Mas ele é muito medroso. Quem já tentou matar __ foi o empregado da
Porcina. Ontem ele quis matar __, a empregada é que salvou __. Ele estava prontinho
pra dar o tiro, quando a Mina chegou lá, passou um pito nele e convenceu __ que ele
não devia matar __. (DUARTE, 1989, p.20)
Para a autora a aceitação do ON [-animado] seria unânime, ou seja, esse tipo de
ON seria naturalmente aceito em qualquer tipo de estrutura, já o ON [+animado] a
aceitação seria razoável por parte dos informantes, “exceto aqueles que se situam num
nível de escolaridade mais alto, a quem causam estranheza construções de que eles
próprios fazem uso na fala natural” (p. 32).
Ainda em 1989, Galves, que foi uma das pioneiras no estudo sobre os ON dentro
da Teoria de Regência e Ligação (TRL), fez um estudo tratando essa categoria vazia
como sendo um pro.
De acordo com a autora, o que caracteriza o fenômeno e estabelece a variação
paramétrica é a possibilidade de ocorrência do tópico nulo dominando a sentença na
língua. Línguas que não aceitam tópico nulo, e consequentemente, o ON, como o inglês,
só admitiriam tópico lexical.
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
86
(82)
a. Eu informei à polícia da possibilidade de o Manuel ter guardado __ no cofre
da sala de jantar.
b. Johni , I saw __i yesterday.
(GALVES, 1989, p.68)
Além de ir contra a proposta de Huang (1984), o trabalho de Galves marca a
diferenciação entre o PB e o PE, destacando o PB em comparação as demais línguas
românicas em relação ao ON pela possibilidade de ocorrência de objeto nulo não-
referencial produzindo sentenças gramaticais no PB, como a apresentada em (82).
Kato (1991) diz que o objeto nulo não é um fenômeno homogêneo que ocorre
uniformemente entre as línguas, sendo a manifestação de três estruturas: ocorrência de
pro com referência no contexto pragmático, de caráter dêitico, o exopro; ocorrência de
elipse de VP, em que o antecedente estaria no discurso anterior, e não no contexto
pragmático e ocorrência de pro sendo identificado e licenciado por um clítico nulo.
A autora indica que há uma diferença entre a elipse de VP e o ON. Para a autora
a elipse de VP apresenta antecedente no discurso anterior e o ON expressa o
antecedente na mesma construção que a lacuna, mesmo assim ela considera a elipse de
VP uma das manifestações do ON.
Cyrino (1997) em um estudo diacrônico sobre o ON caracteriza o ON em PB
pelo antecedente [-animado] devido a uma reanálise da queda do clítico neutro, que
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
87
também tinha essa característica. Com o passar do tempo todo clítico com esse traço foi
sendo apagado sem comprometer a interpretação, o que veio a gerar o ON.
(83) Clítico neutro “o”
D. Lancelote: - Que isso sobrinho?
D. Tibúrcio: - Eu o não sei, em minha consciência.
(CYRINO, 1997, p.169)
Durante o processo de desaparecimento, os clíticos que tinham o traço
[+animado] passaram a ser representados pelos falantes a partir do pronome pleno ele/a,
a fim de estabelecer a referencialidade.
(84)
a. ?João trouxe a Mariai, mas Pedro não beijou __i.
b. João trouxe a Mariai, mas Pedro não beijou elai/não ai beijou.
(CYRINO, 1997, p.145)
Mas, entre os dados recolhidos pela autora há um dado em que o ON aparece
com antecedente [+animado, +especificado] em (85). Para a autora se trata de um
exemplo em que a especificidade do antecedente não pode ser confirmada, pois existe a
leitura de “o assassino do crime, quem quer que ele seja”. E, mesmo que fosse
específico, para a autora, essa estrutura poderia ser considerada elipse de VP.
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
88
(85)
P: - Descobriram o assassino do crime?
R: - Para mim a polícia não descobre __ (Marques Rebelo, Rua Alegre, 12, p.17)
(CYRINO, 1997, p.146)
A partir de sua observação, Cyrino conclui que antecedentes com traço [-
animado] permitem ON e que o traço de especificidade também tem algum efeito, já
que o ON pode ser [+animado] se combinado com o traço [-específico].
Cyrino, Duarte e Kato (2000) propõem a Hierarquia da Referencialidade a fim
de dar conta do apagamento das posições de sujeito e de objeto em várias línguas. Com
essa hierarquia as autoras mostram, basicamente, que os processos em direção ao
preenchimento começam pelos itens mais referenciais, que é o caso do sujeito e que os
processos em direção ao apagamento começam pelos menos referenciais, que é o caso
do objeto.
(86) HIERARQUIA DE REFERENCIALIDADE
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
89
De acordo com a hierarquia estabelecida pelas autoras, argumentos com o traço
[+animado] estariam na posição mais alta da hierarquia, tendendo a serem preenchidos
por serem bastante referenciais. Para elas, isso explicaria o fato de os pronomes de 1ª e
2ª pessoa sempre ocorrerem preenchidos. Não argumentos estariam na posição mais
baixa. Em relação à especificidade, pode-se dizer que o traço [+ específico] interage com
todos os outros traços no sentido de que, quanto mais específico maior a probabilidade
de preenchimento. Em línguas em que os falantes podem optar pelo preenchimento ou
não da posição de objeto, segundo as autoras, o preenchimento seria influenciado pelo
estatuto referencial do antecedente que é definido considerando-se os traços de
animacidade e especificidade.
Em 2000, Cyrino faz um estudo sobre as características do ON. Nesse trabalho a
autora reforça o papel dos traços [-animado] e [-específico] no licenciamento do ON. A
autora retifica o trabalho feito em 1997 e afirma que a construção, por surgir a partir de
estruturas de elipse sentencial, seria um tipo de elipse, diferenciando-se da elipse de VP
apenas pela não obrigatoriedade da identidade verbal, seguindo Matos (1992).
De acordo com Cyrino, quando ocorre um objeto nulo com antecedente
[+animado] a tendência é que ele esteja dentro de uma estrutura de elipse de VP. Em
uma análise dos dados do NURC, a autora observa que a maioria das ocorrências de ON
continha o traço [-animado]. De um total de 112 ocorrências de ON, somente 17
continham o antecedente com traço [+animado]. Ao concluir seu trabalho, Cyrino
afirma que o objeto nulo no PB é preferencialmente [-animado].
Em 2003, Cyrino faz uma nova análise do ON em PB e propõe que essa análise
seja feira a partir de uma reconstrução sintática combinada aos traços semânticos do
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
90
antecedente, mas dessa vez a autora propõe uma terceira causa para o ON que é a
operação do princípio Evite Pronome. Nesse trabalho, a autora vai contra o que foi
defendido por ela em 1993, em que disse que o aumento das ocorrências de ON seria
devido a perda dos clíticos, pois constatou que nem todos os clíticos caíram. Para a
autora as ocorrências de ONs no PB são fenômenos independentes relacionados por
uma causa em comum, o principio Evite Pronome agindo na posição de objeto, embora
não na de sujeito.
Na proposta de Cyrino, tendo sido o objeto reconstruído em forma lógica a
mente já o interpreta, sendo assim a sua pronúncia dispensável, ou seja, o ON ocorreria
por haver na FL uma opção pelo silêncio em detrimento do pronome realizado, para que
não haja redundância no discurso.
Com a reconstrução, seriam satisfeitas a condição de identificação pela presença
de uma categoria funcional relacionada a INFL, para onde o verbo se moveria,
licenciando a estrutura alvo da elipse.
Segundo esse trabalho de Cyrino, para ocorrer ON seria necessário que ele
portasse o traço [-animado] e que o verbo fosse deslocado para uma posição mais alta
na estrutura para permitir a reconstrução que se relaciona com o Princípio Evite
Pronome.
Assim, a autora combina várias causas para o licenciamento de ON, ou seja, para
ocorrer ON é necessário que se tenha uma combinação de causas que são: a estrutura
sintática, traços semânticos do antecedente e a operação de um princípio, caso não haja
esta combinação o ON não é licenciado.
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
91
Kato (2001) atribui ao objeto nulo em PB a estatuto de categoria vazia
pronominal. Segundo a autora, esse fenômeno pode ocorrer em estruturas em que (i) o
ON pode ocorrer sem que haja um antecedente linguístico na sentença, a referência
dessa categoria estaria no contexto (ver (87)); (ii) o pronome clítico neutro tenha
passado a ocupar o lugar do clítico de terceira pessoa no PB quando o antecedente tem o
traço [- animado] (ver (88)); (iii) o objeto nulo é resultado de movimento remanescente
de VP (ver (89)).
(87) Vou pegar ____ para você.
(88) Esse pratoi não permite que você (Ø)i cozinhe em fogo alto. (KATO, 2001,
p. 138)
(89) Esse autori, eu acho que eu não conheci ___i.
Kato (2001) assume que o tipo de objeto nulo apresentado em (88) resulta de
movimento:
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
92
“[...] the BP topicalized forms were proposed to
have the same nature as VPTopicalization, except
that in the latter the verb is retained.
VPTopicalization in both EP or BP can be
analyzed as movement IF we assume that
sensitivity to islands is not conditioned solely in
terms of structural barries, but by type of
constituent involved in the movement.”
(KATO, 2001, p. 142).
Pivetta (2016) faz uma análise sobre o objeto nulo examinando o seu
condicionamento em função dos traços semântico-pragmáticos do DP antecedente. O
objetivo da autora era (i) verificar a hipótese em relação ao traço gênero semântico do
antecedente proposta por Menuzzi e Creus (2004), que será melhor explorado na
próxima seção, por meio de um estudo de corpus; (ii) cotejar os resultados com os
encontrados por Cyrino (1997); (iii) determinar se o estudo de corpus é capaz de indicar
qual das duas propostas tem maior sucesso na explicação da alternância entre objetos
nulos e pronomes plenos em PB; (iv) estabelecer uma comparação entre o
condicionamento semântico-pragmático que norteia o emprego do objeto nulo e o que
se estabelece para a elipse de VP, que não será tratado aqui.
A autora usou os textos “Rua Alegre, 12, de Marques rebelo (1940); “O pagador
se promessas”, de Dias Gomes (1959); “ Um Grito Parado no Ar”, de Gianfrancesco
Guarnieri (1973); e “No Coração do Brasil”, de Miguel Falabella (1992) para constituir
o seu corpus,assim como foi feito por Cyrino (1997).
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
93
Com base nos resultados encontrados, Pivetta (2015) concluiu que a teoria
baseada na distinção [ + gênero semântico] tem tanto sucesso quanto a teoria baseada
em [ +animacidade], tendo uma pequena vantagem conceitual para a teoria baseada em
gênero semântico devido à facilidade que tem em explicar por que DPs [+gs] pedem
pronomes plenos e DPs [-gs] pedem objetos nulos. Tais achados nos levam a pensar
sobre a caracterização do gênero semântico e que tal distinção precisa ser mais bem
explorada, mas para a presente tese isso não será possível, aqui trataremos, única e
exclusivamente, do traço de animacidade.
4.2.1.2 O objeto nulo em PB à luz de estudos de Processamento
Corrêa (1992) a partir de gravações de alunos de 1ª série, de nível superior e não
escolarizados, observou como ocorre o preenchimento do objeto direto no PB. A autora
considerou em sua análise aspectos como o lugar do antecedente, sua animacidade, a
correspondência entre a função do objeto e do seu correferente e o tipo de oração em
que ocorre o ON para tentar mapear o seu uso.
De acordo com os dados mapeados a autora afirma que o uso do objeto nulo está
condicionado ao traço [-animado] do seu antecedente, independentemente da estrutura
sintática em que ele aparece, o que não quer dizer que não ocorra com o antecedente
[+animado], mas trata-se de ocorrências em menor escala, ou seja, o ON em PB não se
restringe ao traço de animacidade.
(90) Esqueceu a carteira na mesa e voltou para pegar__.
(CORRÊA, 1992, p.4)
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
94
(91) Ia puxando a bolsa pra cá, ela puxava __ pra lá.
(92) Ela pediu um lanche e um refrigerante para tomar __.
(CORRÊA, 1992, p.52)
Maia (1997), em estudo sobre a correferência pronominal em posição de objeto,
pretendia verificar se as expressões anafóricas (nulas/plenas) retomam seu antecedente
de forma imediata, estando ele em posição de tópico oracional (94) ou em posição de
sujeito (93). Para tal o autor utilizou a técnica de Priming (probe-word).
(93) A moradora disse agora mesmo na entrevista à televisão que os bombeiros
já estão ajudando [e]/ela.
(94) Os desabrigados, a moradora disse agora mesmo na entrevista que os
bombeiros já estão ajudando [e]/eles.
Os resultados encontrados pelo autor não demonstram diferenças entre as
retomadas com a forma nula, ou seja, os participantes tiveram o mesmo comportamento
quando viam frases com nulo/tópico e quando viam frases com nulo/sujeito. O autor
observou também que o tópico frasal é altamente relevante para o estabelecimento da
correferência, pois mesmo a anáfora estando em posição de objeto, retoma o
antecedente que está mais proeminente na estrutura, ou seja, o tópico. Percebe-se com
os resultados encontrados pelo autor que, conforme vem sendo referido na literatura, a
forma nula tende a retomar o antecedente que está mais proeminente dentro da estrutura,
independentemente se ele é um tópico ou um sujeito frasal.
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
95
Medeiros, Maia e Guesser (2018), usando a técnica de rastreamento ocular,
confirmam os resultados encontrados por Maia (1997). Os autores se apoiam na
hipótese de que as topicalizações à esquerda sem retomadas explícitas no PB seriam
geradas via movimentação sintática. Os autores investigaram estruturas em que o
pronome pleno ou a categoria vazia poderiam retomar o SN topicalizado em estruturas
de ilha sintática (95) e de não-ilha sintática (96) em PB.
(95) O aluno, o diretor aceitou a acusação de que o professor reprovou Ø/ele
ontem.
(96) O aluno, o diretor aceitou que o professor reprovou Ø/ele ontem.
Os resultados encontrados pelos autores indicam que um pronome em posição de
objeto, no comentário, dificulta a leitura do SN topicalizado tanto em estruturas de ilha
quanto em estruturas de não-ilha. Os autores afirmam que os resultados demonstram
que o parser tem uma surpresa ao se deparar com a lacuna preenchida por um pronome,
conforme proposto por Maia (1997).
Menuzzi e Creus (2004) propõem em seu estudo que o gênero semântico é
altamente relevante para elucidar as questões referentes ao ON.
Os autores introduzem, com base na teoria apresentada por Mattoso Câmara para
o gênero dos nomes em português, algumas definições operacionais (i) o gênero
gramatical está ligado a uma classificação morfossintática dos substantivos, isto é,
aquela que estabelece as relações de concordância gramatical; (ii) o gênero semântico,
que está diretamente relacionado à classificação semântica dos substantivos.
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
96
Gênero gramatical Gênero semântico
Todos os substantivos da língua portuguesa
têm gênero gramatical, seja ele um ser
animado ou não. Dividem-se em dois
gêneros: masculino e feminino.
O gênero semântico está diretamente
relacionado à classificação semântica dos
substantivos. Só possuem gênero semântico
aqueles nomes que têm como referência
indivíduos ou classes de indivíduos cujo sexo
natural possa ser identificado.
Menina em oposição a menino
O balde
A mesa
Mulher
Boi
Gata
A partir dessa observação acerca do gênero semântico e do gênero gramatical, os
autores estabeleceram a seguinte hipótese:
“é o gênero semântico do antecedente que
determina a escolha entre pronome pleno e a
categoria vazia na realização do objeto direto
anafórico. Se o antecedente possui gênero
semântico identificável, um pronome que com ele
concorde será empregado; caso contrário, a
escolha recairá sobre o objeto nulo.”
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
97
Segundo Menuzzi e Creus (2004), os traços de animacidade e de especificidade
defendidos por Cyrino como fatores primordiais para a escolha do pronome
desempenham papel secundário quando se leva em conta o gênero semântico.
(97) Maria, este senhor, esta mulher [+a, +e, +gs]
(98) um menino, todo garoto, qualquer mulher [+a, -e, +gs]
(99) muita gente, toda pessoa, um profissional [+a, -e, -gs]
(100) essa pedra, este carro, o Rio de Janeiro [-a, +e, -gs]
(101) qualquer árvore, uma sala, um poema [-a, -e, -gs]
(MENUZZI e CREUS, 2004, p.153)
Os autores acreditam que do ponto de vista conceitual esta análise é mais
natural, pois para eles a escolha entre um objeto nulo ou um pronome pleno é resultado
de um processo de concordância entre o antecedente e a forma anafórica. Antecedentes
com gênero semântico selecionam formas anafóricas especificadas para gênero –
pronomes plenos-; já os antecedentes sem gênero semântico favorecem o emprego de
objetos nulos.
(102) Aquele paciente ali ... É melhor examinar {ele/?? ___} logo.
(103) Aquela paciente ali ... É melhor examinar {ela/?? ___} logo.
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
98
(104) Quando um paciente está respirando mal, é melhor examinar {___/?ele}
logo.
(MENUZZI e CREUS, 2004, p.153)
Como já é sabido, paciente é um substantivo com traço semântico [+animado].
Nos exemplos (102) e (103) a entidade está especificada pelos pronomes (aquele/a),
portanto o gênero pode ser identificado, o que significa que o DP possui gênero
semântico, o que não ocorre com o exemplo (104) em que o paciente não está
especificado e, portanto, não possui gênero semântico.
A partir do exposto, Menuzzi e Creus (2004) apresentam as seguintes predições
acerca do sistema anafórico pronominal do PB:
I- antecedentes com traços [+animado], [-específico] e [+gênero semântico]
ocorrerão com pronomes plenos;
II- antecedentes com traços [+animado], [-específico] e [-gênero semântico]
ocorrerão com objetos nulos.
A fim de confirmar tais predições, os autores aplicaram um teste de julgamento
de gramaticalidade contendo frases-testes a 13 alunos de pós-graduação e observaram
que, de acordo com os resultados obtidos, há forte evidência de que a presença ou
ausência de gênero semântico é um fator fundamental no condicionamento da
alternância entre pronomes plenos e objetos nulos e que os efeitos desta distinção se
sobrepõem aos efeitos dos traços de animacidade e especificidade, que possivelmente
derivam dele.
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
99
Leitão (2005) a fim de testar o processamento do objeto direto anafórico em
estruturas coordenadas em Português Brasileiro aplicou cinco experimentos
psicolinguísticos usando várias técnicas experimentais. O autor investigou de que
maneira diferentes formas de retomada anafórica em posição de objeto se comportam no
estabelecimento da correferência. O autor estabeleceu um contraste entre hipóteses
relacionadas ao efeito de fatores como animacidade e paralelismo, e hipóteses
relacionadas ao efeito de proeminência sintática proposta pela teoria da centralização.
Leitão (2005) usou em seus testes estruturas que envolviam estruturas
coordenadas com retomadas anafóricas na posição de objeto que podiam ser nome
repetido, pronome lexical, objeto nulo, retomando ora um antecedente [+ animado], ora
um antecedente [- animado].
No primeiro experimento, Leitão, utilizando o paradigma de reativação (priming
com probe-word), comparou o processamento do pronome lexical com o processamento
da categoria vazia. A combinação das variáveis independentes desse teste resultou em
frases como nas apresentadas de (105) à (107).
(105) Os vizinhos entregaram o ladrão/ o punhal à polícia pela manhã, mas
depois retiraram Ø da investigação.
(106) Os vizinhos entregaram o ladrão/ o punhal à polícia pela manhã, mas
depois retiraram ele da investigação.
(107) Os vizinhos entregaram o ladrão/ o punhal à polícia pela manhã, mas a
investigação terminou logo.
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
100
Os resultados encontrados mostraram que o efeito de animacidade não se
mostrou significativo assim como o efeito do tipo de retomada. Leitão observou que a
realidade psicológica da retomada anafórica é demonstrada ao cruzar as condições com
nulo (105) e realizado (106) com as condições de controle (107) foi encontrado um
efeito principal do tipo de retomada F(2,46)=0,839,p<0.001. A conclusão que se chegou
ao final deste teste é que o processamento da correferência é real psicologicamente seja
com pronome realizado, seja com pronome nulo em PB.
Leitão, em seu segundo experimento, compara o processamento do pronome
lexical com o processamento de nome repetido usando a tarefa de leitura
automonitorada. Com esse teste o autor pretende testar: (i) a eficiência de pronomes e
nomes repetidos, em termos de tempo e leitura, para verificar se os pronomes são lidos
mais rapidamente do que os nomes repetidos no estabelecimento da correferência
conforme prevê a teoria da centralização (Gordon & Hendrick, 1998) com a penalidade
do nome-repetido e (ii) que pronomes em posição de objeto direto em PB estabelecem
de maneira natural e eficiente a correferência com um antecedente também em posição
de objeto. A combinação das variáveis apresentadas resulta nas frases exemplificadas
em (108) e (109).
(108) Os vizinhos entregaram Ivo na polícia, mas depois absolveram ele no júri.
(109) Os vizinhos entregaram Ivo na polícia, mas depois absolveram Ivo no júri.
Os tempos médios de leitura encontrados para as duas condições atestam a
hipótese de que os pronomes lexicais são mais facilmente processados do que os nomes
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
101
repetidos. As médias dos tempos de leitura para a condição com o pronome lexical (98)
foi significativamente menor do que para as condições com nome repetido conforme
mostra a análise estatística aplicada (Teste-T: t(49)=2,32; p<0,03). Os resultados
encontrados mostram que ocorre Penalidade do Nome-Repetido também quando a
retomada e o antecedente se encontram em posição não proeminente (objeto).
No experimento 3, Leitão observou a eficiência no estabelecimento de
correferência entre SNs mais gerais e SNs mais específicos a partir de uma relação ora
de hiponímia, ora de hiperonímia, com seus respectivos antecedentes. Além disso,
testou a hipótese de que elementos anafóricos, sejam pronomes ou expressões
referenciais, em posição não proeminente estabelecem de maneira natural e eficiente a
correferência com um antecedente também em posição não proeminente. Os exemplos
de cada condição testada no experimento estão apresentados em (110) e (111).
(110) Os vizinhos adquiriram um carro na loja, mas depois venderam o veiculo
no feirão. Pergunta: Os vizinhos adquiriram o veículo?
(111) Os vizinhos adquiriram um carro na loja, mas depois venderam o chevette
no feirão. Pergunta: Os vizinhos adquiriram o chevette?
Os resultados encontrados mostram que os participantes estabeleceram a
correferência com o antecedente disponível, independentemente de o SN correferencial
ser superordenado (S) ou hipônimo (H). O percentual de respostas afirmativas é
significativamente maior do que as negativas, confirmando o estabelecimento da
correferência como aponta o Teste-T: t(258)=2,70; p<0,01.
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
102
Leitão observou que as condições com SN hipônimo teve mais respostas
negativas do que a condição com SN superordenado, o que revela uma maior
dificuldade na interpretação correferencial nas frases em que o elemento anafórico
estabelece uma relação de hiponímia com seu respectivo antecedente. Relativamente
aos tempos de leitura, os resultados mostram que os superordenados são lidos
significativamente mais rápido que os hipônimos, como mostra o teste-T: t(258)=1,65;
p<0,01. Com estes resultados o autor conclui que a hipótese da carga informacional
proposta por Almor (2000) é corroborada. SNs com mais traços semânticos são
processados mais lentamente do que SNs com menos traços semânticos, ou seja, os SNs
hipônimos têm maior carga informacional, portanto dificultam a correferência.
No quarto experimento Leitão voltou a testar o efeito da animacidade e o efeito
de paralelismo no processamento do objeto direto anafórico. Nesse experimento Leitão
comparou, utilizando a técnica de julgamento de compatibilidade semântica, o
processamento do pronome lexical com o processamento da categoria vazia em posição
de objeto em que estas anáforas estão relacionadas a antecedentes que aparecem ora na
posição de sujeito com o traço [+ animado], ora na posição de objeto com o traço [-
animado] ou [+ animado]. A correferência é sempre ambígua podendo ocorrer com o
antecedente em posição de sujeito ou com o antecedente em posição de objeto,
conforme exemplificado de (112) à (115).
(112) Paulo entregou o Marcos/revólver para a polícia, mas depois retiraram
ele da investigação.
Frase sonda: Retiraram o Marcos da investigação.
Frase sonda: Retiraram o Revólver da investigação.
Frase sonda: Retiraram o Paulo da investigação.
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
103
(113) Paulo entregou o Marcos/revólver para a polícia, mas depois retiraram Ø
da investigação.
Frase sonda: Retiraram o Marcos da investigação.
Frase sonda: Retiraram o Revólver da investigação
Frase sonda: Retiraram o Paulo da investigação.
(114) Paulo entregou o Marcos/revólver para a polícia, mas depois retiraram
ele da investigação.
Frase sonda: Retiraram o Marcos da investigação.
Frase sonda: Retiraram o Revólver da investigação.
Frase sonda: Retiraram o Paulo da investigação.
(115) Paulo entregou o Marcos/revólver para a polícia, mas depois retiraram Ø
da investigação.
Frase sonda: Retiraram o Marcos da investigação.
Frase sonda: Retiraram o Revólver da investigação.
Frase sonda: Retiraram o Paulo da investigação.
As condições isoladas por tipo de retomada anafórica mostrou efeito marginal da
posição sintática (F(1,38)=3,64, p=0,06). Com as condições com pronome lexical foi
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
104
encontrado efeito principal de animacidade (F(1,38) = 4,18, p<0,05) e um efeito bem
marginal da interação entre animacidade e posição sintática (F(1,38) = 3,30, p<0,07).
Os resultados do experimento 4 mostram que há uma interação convergente
entre os fatores de animacidade (fator semântico) e de paralelismo (fator estrutural)
associados a retomadas pronominais, já que tanto o traço [+ animado] do antecedente
quanto o paralelismo entre posição e função sintática do antecedente em relação à
retomada com pronome lexical (ele/ela) influenciaram conjuntamente a preferência dos
participantes do experimento.
No quinto experimento utilizando a técnica on-line de leitura automonitorada,
Leitão, testou a interação entre o efeito de animacidade e o efeito de paralelismo a partir
de retomadas anafóricas pronominais em posição de objeto em sentenças coordenadas
não ambíguas, como as apresentadas de (116) à (119).
(116) A câmera registrou os movimentos do ladrão e depois o perito analisou ela
no laboratório.
(117) A Mônica registrou o caso na delegacia e depois o psicólogo analisou ela
no consultório.
(118) O consumidor registrou a câmera no seguro de roubos e furtos e depois o
perito analisou ela na vistoria.
(119) O pesquisador registrou a Mônica no cadastro de bolsistas do país e depois
o conselho analisou ela na reunião.
Leitão concluiu com os resultados do seu quinto experimento que há uma
possível distinção entre o processamento de argumentos e adjuntos, que há efeito de
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
105
paralelismo para retomadas de objeto e que o processo de resolução anafórica no escopo
discursivo está sujeito tanto a restrições de correferência impostas por fatores
superficiais, como as restrições impostas por fatores semânticos.
A partir dos resultados experimentais obtidos com os cinco experimentos
aplicados, Leitão sugere que fatores como animacidade e paralelismo estrutural
desempenham um papel significativo principalmente no que diz respeito ao
processamento da correferência pronominal.
4.2.2 Objeto nulo em PE
4.2.2.1 O objeto nulo em PE à luz de estudos de representação
Raposo (1986) foi um dos primeiros a observar a ocorrência de objetos nulos no
português europeu.
(120) Joana viu ____ na TV ontem.
Para Raposo esse objeto nulo é uma variável, um vestígio deixado pelo
movimento de uma categoria vazia para a posição de complemento, onde se tornaria um
operador nulo coindexado ao tópico (nulo) do discurso como pode ser visto e (121), o
que não ocorre com os exemplos (122) e (123), pois apresentam estrutura de ilha para
movimento, tornando as sentenças não possíveis.
(121) TOP [ ___ ]i [s Op i [s a Joana viu ti na TV ontem]]
(122) *O rapaz que trouxe ___ mesmo agora da pastelaria era o teu afilhado.
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
106
(123) *Que a IBM venda ___ a particulares surpreende-me.
A sugestão de Raposo é que o parâmetro relevante a regra de predicação é aberto
nas línguas que têm ON, como o chinês e o português enquanto que nas línguas que não
têm essa regra não aceita influência pragmática.
“The null object construction may thus be seen as
a point of contact between the purely formal
module of language (the Grammar) and the
pragmatic module that rules the way we use
language in concrete situations.”
(Raposo 1986, pag. 385)
Segundo o autor, algumas línguas levam em consideração a pragmática e o
contexto na sintaxe no momento em que a frase está sendo construída pelo falante,
enquanto que em outras língua o contexto e a pragmática não são observados.
Raposo (2004) revê seu posicionamento radical em relação ao ON em PE e deixa
de considerar sentenças que considerou agramaticais em seu primeiro estudo e passa a
considerá-las como marginais (2004, p.47.). O autor passa a considerar a categoria vazia
em posição de objeto como um fenômeno misto em português: “... a categoria vazia das
frases com objecto nulo em português é ao mesmo tempo pro e uma variável, embora
em nível derivacional distintos” (RAPOSO, 2004, p.48).
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
107
Matos (1992) em sua tese de doutorado distingue as construções de SV nulo das
construções de objeto nulo. Segundo a autora, SV nulo é o fenômeno de elipse que afeta
o sintagma verbal (124), e objeto nulo é o fenômeno que afeta apenas ao complemento
do verbo (125).
(124) A Maria tinha atribuído as culpas do desastre ao motorista e a Teresa
também tinha atribuído [ - ]
[ - ] = as culpas do desastre ao motorista.
(125) A Maria não viu o desastre mas o João viu [ - ].
A autora conclui que formas pronominais nulas presentes em construções de SV
nulo e de objeto nulo apresentam propriedades diferentes, conforme proposto por
Raposo (1986). A autora reafirma que a natureza categorial, o modo de fixação do
conteúdo do constituinte nulo e o comportamento diante de condições de subjacência
são os aspectos definidores para a classificação dessa forma como SV nulo ou objeto
nulo. Para além dessa abordagem, a autora define também que a representação estrutural
do objeto nulo em PE se trata de uma estrutura de Tópico marcado e a construção de SV
nulo estabelece uma relação de predicação entre o predicado elíptico e o sintagma
lexicalmente realizado.
Duarte e Costa (2013) fazem uma revisão de vários trabalhos sobre o ON,
inclusive o trabalho de Cyrino (1997) já explorado aqui, e afirmam que o objeto nulo é
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
108
comum aos registros mais informais, enquanto nos registros mais formais é preferível a
forma clítica da retomada. Os autores caracterizam o ON como um sintagma nominal
definido que pode recuperar dentro da estrutura um sintagma indefinido, um sintagma
quantificador ou um nome sem determinante.
(126) Se achas que esse livro é chato, eu não compro [-] para a Maria.
Os autores afirmam que é necessário muito cuidado para que não sejam feitas
classificações indevidas dessa categoria. Segundos autores o ON pode ser confundido
com complementos omitidos de um transitivo usado intransitivamente, com uma elipse
parcial do predicado, como uma elipse de complemento oracional, exemplificadas
abaixo, respectivamente.
(127) Vais à praia?
Não creio [-]. Omissão de oração
(que vá a praia)
(128) O João encontrou os documentos secretos no cofre do embaixador e a
Maria também encontrou [-]. [elipse parcial do predicado]
(SV = [SV
encontrou os documentos secretos no cofre do embaixador]).
(129) O A Maria quis visitar o museu mas eu não quis [-].
([-] = [Or
visitar o museu])
(Cf. Raposo at. al. 2013)
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
109
Além de definir a distinção entre as categorias apresentadas acima em relação ao
ON, os autores mencionam também que há propriedades que definem a gramaticalidade
das sentenças. Segundo os autores, a propriedade semântica de animacidade opera em
dois contextos sintáticos distintos, o contexto em que o antecedente do complemento
direto está na mesma frase (130) e o contexto em que o ON está em estrutura de ilha
sintática(131). No segundo, os autores mencionam que independentemente do traço do
antecedente o ON não é permitido nesse contexto. Globalmente, em PE o ON na mesma
estrutura que o seu antecedente tem que ter o traço de animacidade marcado
negativamente [-animado] e em contexto de ilha ele não pode ser usado, a não ser que o
seu antecedente esteja no contexto discursivo (132), nesse caso estará igualmente
condicionado ao traço [-animado].
(130) *Quando encontro o Pedro, beijo [-] com ternura. (Pedro [+animado] -
OK)
Quando encontro uma gralha, corrijo [-] imediatamente. (Gralha [-animado] - OK)
(131) E então, o carro novo?
*A minha mulher está furiosa porque eu comprei [-] sem ela saber.
(132) O Pedro tirou os óculos e guardou [-] na gaveta.
*O Pedro tirou os óculos. Foi buscar um livro e fazer uma café. Ligou a
televisão e, finalmente, guardou [-] na gaveta.
Em suma, o capítulo da gramática do Português escrito por Duarte e Costa
destinado a descrever o ON no português define que quando o antecedente está no
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
110
mesmo período que o ON, há restrições de animacidade e que quando este ON está em
contexto de ilha sintática as sentenças se tornam agramaticais, ou seja, em PE o ON é
restrito a estruturas simples e ao traço [- animado].
No que concerne aos estudos sobre a aquisição do objeto nulo, Costa e Lobo
(2009), em estudo sobre aquisição de clíticos e objeto nulos em PE, verificaram que, de
alguma forma, as crianças sobregeneralizam o objeto nulo, ou seja, a omissão
encontrada no PE não é um caso de omissão de clítico e sim uma sobregeneralização da
construção de objeto. Num teste de compreensão, os autores testaram a compreensão de
estruturas como a apresentada em (133) com o objetivo de perceber se as crianças são
capazes de atribuir interpretação transitiva a verbos sem complemento.
(134) Acordou (-o)
Os autores observaram que as crianças portuguesas interpretaram frases como a
apresentada em (134) transitivamente, o que mostrou que as construções de objeto nulo
são aceitas e interpretadas desde cedo. Os autores frisam que as crianças aceitam objetos
nulos em contextos em que não seriam aceitos por adultos, contextos de ilha, por
exemplo, simplesmente por generalização do objeto. A partir desses resultados os
autores levantam a hipótese de que as crianças conhecem a gramática que estão
adquirindo, sabem que se trata de uma língua de objeto nulo, mas não conhecem todas
as propriedades envolvidas nessa categoria.
Em 2010, com o objetivo de entender a natureza da sobregeneralização
defendida em 2009, Costa e Lobo aplicaram um teste a fim de verificar se as crianças
diferenciam pro de variável em contexto de elipse, de sujeito (controle) e de objeto,
explorando a ideia de Miyagawa (2010) de que pro e variável se distinguem pelo tipo de
leitura que legitimam (estrita ou sloppy).
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
111
Os autores, tomando a afirmação de Raposo (1986) e de Duarte (1987) como
referência, de que o ON é uma variável, definem que é justamente esse aspecto de
variável que não é dominado pela criança.
A partir da distinção de Miyagawa (2010) sobre o pro ter uma leitura estrita e a
variável ter uma leitura ambígua (estrita e sloppy), os autores aplicaram um teste com o
objetivo de aferir se as crianças dominam a distinção entre leitura strict e sloppy quando
estão associadas a diferentes construções.
A tarefa era constituída de um juízo de valor de verdade. As crianças
observavam uma imagem e tinham que atribuir valor de verdade a uma descrição dessa
imagem.
O teste era constituído de 6 condições, leitura estrita e leitura sloppy com sujeito
nulo (controle), leitura estrita e leitura sloppy com objeto nulo e leitura estrita e leitura
sloppy para elipse de VP. O teste tinha cinco itens por condição. Foram testadas 20
crianças e um grupo controle com 15 adultos.
Os resultados encontrados pelos autores é que adultos aceitam leituras estritas e
sloppy nas condições teste (100% (75/75)), já as crianças apresentam performance
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
112
inferior a apresentada pelos adultos em todas as condições, principalmente na condição
com objeto nulo (71% (71/100)).
Os autores argumentam que o fato de haver dificuldades de interpretação para as
duas leituras não se dá por um desconhecimento generalizado das categorias nulas.
Tendo Miyagawa (2010) como referência os autores defendem que a distinção entre pro
e variável no contexto de legitimação é feita na interpretação que lhes é dada.
Os resultados mostram que as crianças não fazem distinção entre pro e variável e
sugerem que “Entre os três e os seis anos, a diferença entre pro e variável não se
estabelece. Atingir um estádio de desenvolvimento adulto implicará dominar as
condições de interpretação que permitem diferenciar estas duas categorias.”(Cf. Costa
e Lobo, 2010).
Os autores concluem que se as crianças não distinguem leituras estritas de
leituras sloppy elas também não diferenciam pro de variável, já que a diferenciação
entre pro e variável é de fundamental importância para esta distinção. Assim, a
indiferenciação prediz que as crianças produzam e aceitem ON em contextos ilegítimos.
Os estudos referidos aqui mostram que há uma certa distinção entre o objeto
nulo em fase de aquisição e o objeto nulo em fase adulta. Os referidos trabalhos
mostram que quando se está em fase de aquisição o PE admite o objeto nulo em
contextos considerados ilegítimos pelos adultos, em ilhas sintáticas por exemplo, mas
tal característica se perde ao longo dos anos. Na presente tese não investigaremos
contextos de ilha sintática, mas investigaremos contextos em que o objeto nulo é
complemento de um verbo transitivo, a fim de observar se em contextos em que o
predicado está ligado diretamente ao verbo facilita, ou não, o processamento de
estruturas com ON em PE e em PB.
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
113
4.2.3. Estudos comparativos entre PB e PE
4.2.3.1 Estudos comparativos entre PB e PE à luz de estudos de Representação
Cyrino (2000), em um estudo comparativo entre PB e PE utilizando corpus
constituído de anúncios de revistas brasileiras e portuguesas, constatou que há uma
grande diferença de ocorrências de objetos nulos entre o PB e o PE.
Em PE a autora só encontrou uma ocorrência de ON. O dado encontrado tinha o
imperativo, ou exopro (cf. Kato, 1993), que também ocorre em outras línguas.
(135) Preencha os seus dados, cole o cupão num postal dos CTT e envie ___
para a promoção QUO/NIVEA FOR MEN, Rua Filipe Folque 40 – 2º, 1069-124
Lisboa.
A autora concluiu que de todas as sentenças analisadas a ocorrência de ON só
aconteceu em um dos casos do referido corpus, a referida ocorrência trata-se de um caso
em que há imperativo. Nesse exemplo pode-se observar também o traço inanimado do
antecedente. Todos os casos em que o antecedente era animado havia o preenchimento
da posição por clítico, ou seja, o traço de animacidade é relevante para a escolha da
forma pronominal.
Cyrino e Mattos (2016), em seu estudo mais recente acerca do ON e da elipse de
VP, fazem uma revisão na literatura sobre os dois fenômenos comparando o PB e o PE.
As autoras concluíram que o objeto nulo em PB e em PE corresponde a duas categorias
diferentes. Em PE o nulo em posição de objeto é uma variável A-bound com o nulo em
posição de tópico e para o PB o objeto nulo é uma elipse de DP reconstruída em Forma
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
114
Lógica (FL). As autoras continuam afirmando que tanto PB quanto PE apresentam
restrições de animacidade relacionados a uma hierarquia referencial.
4.2.4. Motivação para estudar o Objeto Nulo
Como já mencionado anteriormente, os trabalhos sobre o objeto nulo vêm numa
crescente desde os anos 70. A fim de aprofundar os estudos acerca desse fenômeno
pretende-se, à luz da psicolinguística experimental, aplicar testes com a metodologia de
monitoramento ocular, com a finalidade de observar como se dá o processamento
durante a sua leitura de frases.
Pretende-se observar também o papel dos traços de animacidade colocados
como ponto central para a utilização ou não do objeto nulo por Cyrino (1997). É
interessante ressaltar que a questão do gênero semântico colocada por Menuzzi e Creus
(2004) é muito interessante e merece um melhor aprofundamento, o que pretendemos
fazer em trabalhos futuros.
Além de observar o papel do traço de animacidade, propõe-se também uma
comparação entre o PB e o PE, já que, conforme observamos na seção anterior,
apresentam diferenças quanto a utilização do objeto nulo.
Para tal, testaremos sentenças como as apresentadas abaixo:
(136) PA - A diretora aprovou o locutor para o leilão de beneficência, depois
considerou-o excessivamente caro para o evento.
(137) PI - A diretora aprovou o cartaz para o leilão de beneficência, depois considerou-o
excessivamente caro para o evento.
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
115
(138) NA - A diretora aprovou o locutor para o leilão de beneficência, depois
considerou excessivamente caro para o evento.
(139) NI - A diretora aprovou o cartaz para o leilão de beneficência, depois considerou
excessivamente caro para o evento.
Nos exemplos (136) e (137) temos o pronome pleno retomando antecedente
[+animado] e [-animado] respectivamente e nos exemplos (138) e (139) temos o
pronome nulo retomando antecedente [+animado] e [-animado] respectivamente.
Pretendemos, com a análise dos resultados encontrados com testes usando as
sentenças apresentadas acima, confirmar a hipótese de que tanto PB quanto PE
permitem a forma nula em posição de objeto, mas o seu processamento não se dá da
mesma forma para as duas variedades. A forma nula em PB não está condicionada a
nada, diferentemente do PE, que terá restrições quanto ao antecedente a ser retomado. A
retomada pelo ON será mais facilmente processada quando o antecedente for [-
animado], ou seja, em PB o ON é facilmente processado em qualquer contexto, já em
PE o ON encontra restrições de animacidade.
4.2.5 Condicionamentos para o preenchimento ou não da posição de objeto -
Traços de Animacidade, Especificidade e Gênero semântico.
De acordo com estudos de Duarte (1993), Cyrino (1993, 1997) e Menuzzi &
Creus (2004), o preenchimento ou não da posição de objeto está condicionado a fatores
semânticos. Os estudos de Duarte (1993) e de Cyrino (1993, 1997) apontaram,
primeiramente, o traço de animacidade como principal fator a influenciar a escolha da
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
116
estratégia a ser utilizada e, em seguida, passaram a considerar o traço de especificidade
também. O traço de gênero semântico é o mais recente e segundo Menuzzi e Creus
(2004) parece explicar de maneira mais econômica a escolha da estratégia a ser
utilizada.
A animacidade é uma característica gramatical dos substantivos. Para a maior
parte dos estudos linguísticos o traço de animacidade costuma ser o de uma propriedade
semântica. Mas, se formos pensar sintaticamente, podemos dizer que os traços-phi tem
uma grande relação com a estrutura sintática das sentenças, já que tais traços estão
ligados diretamente ao caso dos constituintes nominais das frases.
Há línguas que apresentam um sistema simples baseado na oposição entre
[+animado] e [-animado], nessas línguas elementos [+animados] são pessoas, animais,
etc. e os [-animados] são plantas, objetos, etc., mas também existem línguas em que há
uma hierarquia de animacidade que apresentam diversos níveis. Nessa hierarquia os
pronomes pessoais são os que apresentam maior animacidade, seguidos dos outros
humanos e dos animais. O uso da animacidade varia muito de uma língua para outra, tal
uso pode ser estabelecido pela ordem das palavras, pela declinação, pela concordância,
etc.
Machado, França e Maia (2018), em uma pesquisa sobre a resolução da
ambiguidade no âmbito da correferência pronominal, observaram qual é a influência da
semântica verbal para o seu processamento. Os autores aplicaram dois testes de leitura
automonitorada a fim de entender se e em que medidas os vieses semânticos do verbo
podem influenciar no processamento da correferência pronominal. Os resultados
encontrados pelos autores indicam que quando há o preenchimento da lacuna o fator
semântica do verbo foi altamente importante, mas quando a lacuna estava vazia esse
fator foi secundário, sendo o fator sintático o preponderante.
Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura
117
Na presente pesquisa, o traço de animacidade está presente nas análises que
envolvem a utilização ou não do objeto nulo, sempre utilizaremos substantivos com o
traço de especificidade marcado positivamente por considerarmos que precisamos
estudar cada um dos traços de forma isolada e controlada. Deixaremos para pesquisas
futuras uma análise mais profunda sobre o traço de especificidade e o traço gênero
semântico.
O trabalho experimental
119
5. O trabalho experimental
Nesta seção faremos uma descrição do trabalho experimental levado a efeito
nessa tese, composto por dois experimentos que se dividem em PB e PE: dois em
português europeu e dois em português brasileiro. O conjunto de experimentos que
serão descritos a seguir tem como objetivo avaliar o impacto de alguns fatores, tais
como saliência do antecedente, sua função sintática, relação estrutural entre os
constituintes e os traços semânticos envolvidos no processamento e interpretação das
formas nulas e realizadas na terceira pessoa em contextos intrafrásicos do PB e do PE,
tanto em posição de sujeito quanto em posição de objeto.
Pretendemos com este trabalho perceber como o processamento da correferência
pronominal de formas plenas e nulas se dá em posição de sujeito usando estruturas
completivas. A forma pronominal tem como antecedente na oração principal um SN
complexo em posição de sujeito, diferentemente do que vem sendo utilizado na
literatura. Em posição de objeto, pretendemos observar como se dá o processamento da
correferência de formas nulas e plenas usando estruturas subordinadas introduzidas pelo
conectivo “depois” com antecedentes com traço animado x inanimado, também em
posição de objeto.
O conjunto experimental foi pensado, elaborado e aplicado com a intenção de
averiguar, a nível de processamento, a afirmação feita por Tarallo (1996), em um estudo
comparativo sobre o preenchimento ou não da posição de sujeito e de objeto em PB e
PE. O autor diz que enquanto o PE favorece o não preenchimento da posição de sujeito
e o preenchimento da posição de objeto, o PB faz exatamente o oposto, favorecendo o
não preenchimento da posição de objeto e o preenchimento da posição de sujeito, além
O trabalho experimental
120
de investigar como fatores relacionados a função sintática, a posição estrutural e a traços
semânticos interferem no estabelecimento da correferência.
No transcorrer do capítulo, descreveremos o estudo de maneira minuciosa,
explicando cada uma das questões envolvidas no trabalho separadamente.
Primeiramente, na seção 5.1, trataremos do experimento aplicado para testar a posição
de sujeito e, posteriormente, na seção 5.2 trataremos do experimento aplicado para
testar a posição de objeto.
5.1. Testando a Posição de Sujeito
Diferentes trabalhos têm demonstrado que a resolução de formas pronominais,
nulas e plenas, em línguas de sujeito nulo, se baseia essencialmente na função sintática
do antecedente: formas nulas são preferencialmente interpretadas como retomando o
antecedente em posição de sujeito e formas plenas como retomando o antecedente em
posição de objeto (Costa, Faria e Matos, 1998; Carminati, 2002; entre outros). No
entanto, de um modo geral, esses estudos testam, sobretudo, estruturas independentes ou
estruturas subordinadas, na maior parte dos casos, adverbiais ou causais e geralmente
com referentes em funções sintáticas distintas: sujeito vs. objeto. No presente trabalho
testamos estruturas em que o pronome, nulo ou pleno, sujeito de uma oração completiva
retoma um antecedente pertencente a um SN complexo (o estagiário do arquiteto), como
exemplificado de (140) a (143). O pronome é forçadamente ligado a um dos referentes
através da informação de número.
O trabalho experimental
121
(140) No final da noite, os estagiários do arquiteto informaram que discutiam
irritadamente com frequência.
(141) No final da noite, o estagiário dos arquitetos informou que discutiam
irritadamente com frequência.
(142) No final da noite, os estagiários do arquiteto informaram que eles discutiam
irritadamente com frequência.
(143) No final da noite, o estagiário dos arquitetos informou que eles discutiam
irritadamente com frequência.
Considerando que a forma da expressão anafórica está relacionada com a
saliência do antecedente (Ariel, 1996), pretendemos avaliar se a saliência de um
referente, em contextos intra-frásicos, resulta exclusivamente da sua função sintática ou
se, por outro lado, a posição estrutural, ou a relação estrutural entre constituintes,
interfere na atribuição de saliência: entidades em posições estruturais mais altas (o
estagiário, em o estagiário do arquiteto) são mais salientes do que entidades em
posições estruturais mais baixas (o arquiteto, em o estagiário do arquiteto). Nesse
sentido, pretendemos avaliar se os custos de processamento associados à resolução de
formas nulas e plenas refletem efeitos da função sintática ou da relação estrutural entre
constituintes, assumimos aqui que a relação estrutural tem maior impacto para
estabelecer esta relação, assim como foi proposto pela Hipótese da posição do
antecedente (Carminati, 2002).
O trabalho experimental
122
Objetivo
Um fator distintivo existente entre o PB e o PE vem sendo apontado em estudos
de processamento e em estudos de corpora. Tais estudos apontam que o PB apresenta
menos ocorrências de sujeito nulo comparativamente com o PE. Segundo Duarte
(1995), Kato (1991) e outros, o PB está sendo considerado como uma língua com
marcação parcialmente positiva para o parâmetro pro-drop, caminhando cada vez mais
para uma língua [-pro-drop].
O trabalho experimental desenvolvido tem como objetivo observar como se dá o
processamento das formas pronominais plena e nula em posição de sujeito,
manipulando-se a relação estrutural dos antecedentes, que ora era mais acessível, por ser
o núcleo do SN complexo, ora era menos acessível, por estar encaixado nesse núcleo,
em estruturas subordinadas completivas do PB e do PE. A fim de esclarecer mais os
estudos de processamento com a forma nula em posição de sujeito no PB e no PE
pretende-se identificar quais dos fatores envolvidos na atribuição de saliência, posição
estrutural do antecedente ou relação sintática, são levados em consideração em
estruturas completivas verbais das duas variedades de português.
Porque testar as completivas?
As completivas verbais em PB e em PE possuem características diferentes em
relação a utilização do sujeito nulo. No PB o sujeito nulo é opcional quando
correferente com o sujeito da oração matriz, nestes casos o antecedente deve c-
comandar o sujeito nulo (cf: Figueiredo Silva, 2000; Modesto, 2000; Ferreira, 2000;
Rodrigues, 2004), diferentemente do que ocorre em PE, em que o nulo é a forma
preferida.
O trabalho experimental
123
(144) a. No final da noite, [os estagiários do [arquiteto]k]i informaram que Ø*k/i
discutiam irritadamente com frequência.
b. No final da noite, [os estagiários do [arquiteto]k]i informaram que ele k/i
discutiam irritadamente com frequência.
A fim de atestar as diferenças de processamento e os fatores envolvidos no
processamento da correferência do PB e do PE em relação às completivas verbais,
aplicamos o presente experimento com estas estruturas.
Porque testar SNs complexos?
Conforme referido anteriormente, de acordo com Figueiredo Silva (2000),
Modesto (2000), Ferreira (2000), Rodrigues (2004), o sujeito nulo nas completivas em
PB deve ser c-comandado pelo antecedente. A fim de observar os custos de
processamento em estruturas em que temos dois possíveis antecedentes, um em posição
de c-comando e outro não, colocamos em teste sentenças completivas com SNs
complexos em que um SN está na posição mais alta da estrutura, portanto, c-
comandando o pronome (nulo/pleno) e um encaixado que não estaria c-comandando o
pronome (pleno/nulo), conforme no exemplo:
(145) a. [O tio do [João]k]i disse que Ø*k/i está doente.
b. [O tio do [João]k]i disse que elek/*i está doente.
O trabalho experimental
124
Pretende-se observar as preferências de interpretação e o processamento dos
antecedentes para a retomada com plenos e nulos.
5.1.1 Os experimentos
1. Experimento 1 – Sujeito nulo em PE e em PB
Questão do estudos:
Que fatores influenciam a retomada de um antecedente por diferentes expressões
referenciais, considerando fatores como: Função sintática e as Relações estruturais de c-
comando.
As estruturas testadas são particularmente sensíveis à influência de fatores
estruturais, uma vez que há relação forte entre orações: expressão referencial em
posição de sujeito de oração completiva. Nas frases testadas temos um SN que é o
sujeito sintático e um SN que é complemento, núcleo desse sujeito sintático. O SN
composto, no seu todo, c-comanda o sujeito da completiva, assim como o SN cabeça,
mas o SN interno a esse sintagma não o faz.
1.1. Metodologia
Participantes: 24 falantes nativos de Português Europeu e 24 falantes nativos de
Português Brasileiro
Material: 24 conjuntos de itens experimentais (6 frases por cada condição) e 48
distratoras
O trabalho experimental
125
O material utilizado foi basicamente o mesmo nas duas variedades. Foram necessárias
algumas alterações no léxico de algumas sentenças, mas mantivemos o mesmo número
de caracteres usados para cada item. As palavras usadas como segmento crítico não
foram alteradas, tivemos o cuidado de usar verbos e advérbios que fazem parte do
vocabulário tanto do PE quanto do PB.
(146)
PS1 - No final da noite, os estagiários do arquiteto informaram que eles discutiam
irritadamente com frequência.
Pergunta: Quem discutia irritadamente? (a) os estagiários (b) o arquiteto
PS2 - No final da noite, o estagiário dos arquitetos informou que eles discutiam
irritadamente com frequência.
Pergunta: Quem discutia irritadamente? (a) o estagiário (b) os arquitetos
NS1 - No final da noite, os estagiários do arquiteto informaram que discutiam
irritadamente com frequência.
Pergunta: Quem discutia irritadamente? (a) os estagiários (b) o arquiteto
NS2 - No final da noite, o estagiário dos arquitetos informou que discutiam
irritadamente com frequência.
Pergunta: Quem discutia irritadamente? (a) o estagiário (b) os arquitetos
O trabalho experimental
126
Variáveis independentes: (i) Tipo de expressão anafórica (plena /nula) e (ii) Posição
do antecedente (SN1/SN2)
Variáveis dependentes:
(i) First pass no segmento crítico (verbo); (ii) First pass no segmento crítico advérbio;
(iii) First pass dos dados residuals da região pronome+verbo; (iv) Total pass no
segmento crítico (verbo); (v) Total pass no segmento crítico advérbio; (vi) Total pass
dos dados residuals da região pronome+verbo; (vii) respostas às perguntas
interpretativas.
Design: 2x2, gerando as condições
PS1 – pronome pleno retomando SN1
PS2 – pronome pleno retomando SN2
NS1 – pronome nulo retomando SN1
NS2 - pronome nulo retomando SN2
Quadrado latino
Os itens experimentais foram distribuídos em formato de quadrado latino para que se
evitasse que o participante visse frases que pertencem ao mesmo conjunto.
O trabalho experimental
127
VERSÃO 1 VERSÃO 2 VERSÃO 3 VERSÃO 4
1PS1 1PS2 1NS1 1NS2
2PS2 2NS1 2NS2 2PS1
3NS1 3NS2 3PS1 3PS2
4NS2 4PS1 4PS2 4NS1
5PS1 5PS2 5NS1 5NS2
6PS2 6NS1 6NS2 6PS1
7NS1 7NS2 7PS1 7PS2
8NS2 8PS1 8PS2 8NS1
9PS1 9PS2 9NS1 9NS2
10PS2 10NS1 11NS2 10PS1
11NS1 11NS2 11PS1 11PS2
12NS2 12PS1 12PS2 12NS1
13PS1 13PS2 13NS1 13NS2
14PS2 14NS1 14NS2 14PS1
15NS1 15NS2 15PS1 15PS2
16NS2 16PS1 16PS2 16NS1
17PS1 17PS2 17NS1 17NS2
18PS2 18NS1 18NS2 18PS1
19NS1 19NS2 19PS1 19PS2
20NS2 20PS1 20PS2 20NS1
21PS1 21PS2 21NS1 21NS2
22PS2 22NS1 22NS2 22PS1
23NS1 23NS2 23PS1 23PS2
24NS2 24PS1 24PS2 24NS1
Procedimentos:
Experimento com a metodologia on-line de monitoramento ocular (eye tracker) em
que foram monitorados os movimentos dos olhos dos participantes e medidos os tempos
que o participante levava para ler o segmento crítico, além de observar as repostas à
questão final. Foram apresentadas, na tela do computador, sentenças e ao final de cada
sentença o participante tinha que responder a questão interpretativa.
Em PE o experimento foi montado no programa Experiment Center
desenvolvido pela SensoMotoric Instruments. Os itens experimentais foram
apresentados aleatoriamente tendo-se mantido fixa a ordem de apresentação das frases
distratoras. Deste modo garantimos que entre cada frase experimental foi apresentada,
pelo menos, uma frase distratora.
O trabalho experimental
128
Para registrar a movimentação dos olhos utilizamos o equipamento de registro
iVewX Hi-Speed da SensoMotoric (SMI), a uma velocidade de registro de 1000Hz em
modo monocular registrando sempre apenas um dos olhos. Todas as gravações foram
feitas na sala de experimentos do Laboratório de Psicolinguística da Universidade de
Lisboa. Os estímulos foram apresentados no programa Experiment Center e os dados
extraídos com o programa BeGaze, ambos desenvolvidos pela SMI.
Em PB o experimento foi montado no programa ‘EyeTracker 0.7.10m’
desenvolvido pela UMASS. Para registrar a movimentação ocular, utilizamos o
equipamento de registro EyeLink 1000, com uma câmera de alta precisão a uma
velocidade de registro de 1000Hz em modo monocular registrando sempre um do olhos,
acoplada a uma tela de 32 polegadas com resolução de 1920x1080 px. Foram utilizados
aparatos para a cabeça e para a testa dos voluntários. Todas as gravações foram feitas na
sala de experimentos do Laboratório de Psicolinguística Experimental da UFRJ
(Lapex). Os estímulos foram apresentados no programa EyeTracker 0.7.10m e os dados
extraídos com os programas EyeDoctor e EyeDry, ambos desenvolvidos pela
UMASS.
No início de cada teste foi explicado individualmente a cada participante o que
ele teria que fazer durante o teste. Era explicado que seriam apresentadas, na tela do
computador, frases e que após a leitura era necessário responder a uma questão de
interpretação sobre a frase lida. Após a explicação informal sobre a tarefa a ser
realizada, caso o voluntário concordasse em participar da pesquisa, pedíamos que ele
preenchesse uma ficha com os seus dados pessoais e assinasse ainda um termo de
consentimento permitindo a utilização e publicação dos seus dados sob anonimato.
O trabalho experimental
129
Por se tratar de equipamentos diferentes o procedimento em cada variedade deu-
se de maneiras diferentes. Em Portugal, os participantes depois de estarem sentados em
frente ao computador, liam as instruções que eram apresentadas por escrito na tela do
computador. Nessa instrução indicávamos que o participante fixasse o olhar no canto
superior esquerdo para liberar a frase a ser lida e que após a leitura da frase deveria fixar
o olhar no canto inferior direito para aparecer a tela com a pergunta. Para responder a
questão o participante selecionava a opção escolhida com o mouse. Antes e depois da
leitura das instruções era realizado o processo de calibração, que se repetia três vezes
nos momentos das pausas fixas colocadas durante o experimento por se tratar de um
teste longo.
No Brasil, depois de os participantes estarem sentados em frente ao computador,
liam as instruções que eram apresentadas por escrito na tela do computador. Nessa
instrução indicávamos que o participante fixasse o olhar em uma bolinha que aparecia
no centro da tela e logo após fixasse o olhar no quadradinho que aparecia no canto
esquerdo na região central da tela para liberar a frase a ser lida e que após a leitura da
frase deveria apertar o botão direito do joystick (controle), logo após aparecia na tela
novamente a bolinha no centro e depois o quadradinho que deveriam ser fixados para
que aparecesse na tela a pergunta sobre a frase que havia lido e responder com o botão
esquerdo caso a resposta fosse a que estava no lado esquerdo da tela e com o botão
direito caso a resposta fosse a que aparecia no lado direito da tela. Antes e depois da
leitura das instruções era realizado o processo de calibração, que se repetia algumas
vezes durante o experimento e que, por se tratar de um teste longo, poderia ser
aproveitado para a realização de pausas.
A fim de avaliar se o participante tinha compreendido a tarefa e também para
que ele se adaptasse com o procedimento, antes do início do teste era realizado um
O trabalho experimental
130
treinamento. Se os participantes se sentissem confortáveis para continuar, dava-se início
à tarefa. Em caso negativo, esclarecíamos as dúvidas existentes e repetíamos o
treinamento.
Hipótese
A hipótese principal do teste é a de que em estruturas subordinadas completivas, assim
como ocorre com estruturas subordinadas adverbiais, as duas formas pronominais (nulo
e pleno) comportam-se de maneira distinta. Tanto para o PE quanto para o PB, a
retomada do SN1 pelo pronome nulo será preferível e a retomada do SN2 será
estabelecida mais facilmente pelo pronome pleno, para o PE por não ser o antecedente
mais saliente na estrutura e para o PB por não estar c-comandando o pronome (Barbosa,
Duarte e Kato 2005).
Previsões
Espera-se que em PE:
Sentenças com nulo serão processadas e lidas com mais facilidade quando o
antecedente a ser retomado é o SN1, já que, de acordo com estudos já realizados
o nulo prefere retomar antecedentes que ocupem posições mais altas dentro do
escopo sentencial.
Sentenças em que o nulo retoma o SN encaixado em posição de sujeito, a
retomada será mais custosa.
Nas sentenças em que há pronome pleno espera-se que haja mais dificuldades
para o processamento quando este retoma o antecedente SN1, mais saliente, já
O trabalho experimental
131
que esta seria a retomada preferível para um pronome nulo. Estudos (Costa,
Faria e Matos (1998) e Luegi (2012)) verificaram que o pronome pleno retoma
antecedentes não sujeito, como na presente pesquisa não há esse tipo de
estrutura, prevê-se que o pronome pleno retomará o antecedente menos saliente.
Espera-se que em PB:
Sentenças com nulo serão processadas e lidas com mais facilidade quando o
antecedente a ser retomado é o SN1, já que, de acordo com estudos já realizados
(Luegi, 2012 e Hora 2014) o nulo prefere retomar antecedentes que ocupem
posições mais altas dentro do escopo sentencial assim como ocorre com o PE
(Luegi, 2012) e com o italiano (Carminati, 2002).
Os plenos retomarão antecedentes menos salientes, ou seja, os SNs encaixados.
Pronomes plenos, devido a perda do Princípio Evitar Pronome, retomarão
também SNs mais altos na estrutura sintática.
Sentenças com pronome nulo terão tempos maiores de fixação nas regiões
testadas devido a baixa produtividade do Princípio Evitar Pronome em PB.
Com o pronome nulo a retomada do SN1, que dentro da estrutura testada é o SN
que c-comanda o pronome, será preferida (Barbosa, Duarte e Kato, 2005) em
comparação com a retomada do SN2, em que o SN não c-comanda o pronome e,
portanto, faz com que a correferência deste com a forma nula seja dificultada.
Espera-se com a análise comparativa PB e PE:
Português Brasileiro e Português Europeu terão resultados muito semelhantes
para a forma nula. Para retomadas do SN1 a forma nula apresentará custos de
O trabalho experimental
132
processamento bem menores do que para as retomadas do SN2, ou seja, a forma
nula retoma preferivelmente o SN mais saliente.
A forma plena apresentará distinção em relação a retomada do SN1, em PB essa
retomada será processada da mesma forma que ocorre com o nulo, devido a
perda do Princípio Evitar Pronome, e para o PE haverá mais custos de
processamento.
1.2. Resultados
Os resultados abaixo apresentam análises onde obtivemos os tempos de primeira
leitura dos segmentos críticos (verbo e advérbio) e leitura total, mensurados em
milésimos de segundo (medida on-line), comparando-se as frases com pronome
realizado com as frases com pronome nulo, retomando sintagmas nominais (SNs) em
primeira posição (SN1) ou em segunda posição (SN2). Além dos dados on-line,
apresentaremos os índices de acertos às questões interpretativas (medida off-line).
Para a análise estatística dos dados utilizaram-se os modelos lineares mistos com o
software R (R Development Core Team, 2008) e o pacote lme4 (Bates, Maechler,
Bolker e Walker, 2015). Para a análise das variáveis categoriais (acerto de
resposta/aceitabilidade) usou-se a função binomial. Todos os modelos incluíram a
máxima estrutura relevante para a análise: efeitos principais de Animacidade, Pronome
e Variedade (quando se compara PE e PB) e suas interações. Consideraram-se como
fatores de variação (random effects) os Itens e os Participantes. Foram ainda
considerados como elementos de variação (random slopes) as variáveis independentes
relevantes para o modelo. As variáveis independentes foram sempre centradas de modo
a evitar efeitos de colinearidade.
O trabalho experimental
133
1.2.1. Resultados para o PE
1.2.1.1. Resultados off-line
Iniciaremos a apresentação dos resultados obtidos com as percentagens de erros
e acerto das respostas das perguntas apresentadas no final de cada sentença. No gráfico
apresentamos os índices de erros e acertos, já que o traço de número presente na oração
subordinada enviesava a resposta para determinado SN.
Gráfico 1. Percentagem de acertos e erros à questão final off-line.
Certo Errado
SN1
Nulo 90% 10%
Pleno 78% 22%
SN2
Nulo 64% 36%
Pleno 76% 24%
Tabela 7: Percentagem de erros e acertos
Como se pode observar no gráfico e na tabela apresentados acima, os valores das
percentagens de acerto maiores do que as de erros em todas as condições, sendo a
O trabalho experimental
134
condição em que o pronome nulo retoma o SN1 (NS1 - Durante a festa, os coreógrafos
do dançarino mencionaram que refletiam vagarosamente sobre os espetáculos) a que
teve índices de acerto mais elevados 90% e a condição em que o pronome nulo retoma o
antecedente SN2 (NS2 - Durante a festa, o coreógrafo dos dançarinos mencionou que
refletiam vagarosamente sobre os espetáculos) a que teve índices de acerto mais baixos
64%.
A análise estatística mostra um efeito principal de Antecedente, com diferenças
nas taxas de acerto de SN1 e de SN2, houve também um efeito de interação entre o tipo
de pronome e o antecedente que justifica-se pelo maior índice de acertos nas condições
em que o pronome nulo retoma o SN1.
Estimate SE z-value p-value
(Intercept) 1.742 0.284 6.123 <0.001
PronCENTERED -0.274 0.248 -1.106 0.269
AntCENTERED -1.145 0.418 -2.740 0.006
PronCENTERED:AntCENTERED 1.889 0.500 3.776 <0.001
Tabela 8: Análise estatística dos resultados off-line
Referente as respostas às perguntas das distratoras, a percentagem de erro varia
entre 6% e 19%, com uma média de 12%. Considerando que todos os participantes
acertaram mais de 80% das questões não excluímos nenhum participante da análise.
1.2.1.2. Resultados on-line
Os registros da movimentação ocular durante a leitura permite-nos fazer uma
análise de diferentes variáveis dependentes. Na presente pesquisa analisaremos os
tempos de leitura dos segmentos críticos (verbo e advérbio e também do pronome junto
O trabalho experimental
135
com o verbo). Observaremos os tempos da primeira leitura (First pass reading time), e
o tempo total de leitura (Total Pass) dos segmentos analisados.
As regiões a serem analisadas foram escolhidas por serem o ponto em que se dá
o processamento da correferência das estruturas testadas, sendo a região do pronome e
do verbo as mais interessantes e a região do advérbio será analisada para verificarmos se
a resolução da correferência se dará em um momento tardio.
1. First Pass
Como em qualquer estudo com eyetracking, foram rejeitadas todas as condições
em que não havia dados nas regiões a serem analisadas. Foram também eliminados em
todas as regiões os valores de fixação inferiores a 100ms e os valores acima da média
mais 2.5 desvio padrão. Como a região do pronome não ocorre em todas as condições,
fizemos as análises em pontos comuns a todas as condições, na posição do verbo e na
posição do advérbio.
Com a finalidade de cobrir a lacuna da posição do pronome, optamos por fazer a
análise residualizada na posição em que juntamos o pronome com o verbo
(pronome+verbo) para que pudéssemos fazer o comparativo entre as condições com
nulo e com pleno, já que pressupõe-se que nas condições com o pleno a correferência
inicia nele e não no verbo. De forma a tornar possível a comparação da região do
pronome e do verbo, os tempos de todas as regiões foram residualizados, tendo sido
aplicada uma regressão ao tempo (tanto de First Pass como de Total Pass)
considerando o número de caracteres de cada região. Para esta regressão foram
consideradas, para cada participante, todas as regiões e todas as frases, experimentais e
O trabalho experimental
136
distratoras. Para a região do pronome e do verbo, os tempos das duas regiões foram
somados antes da aplicação desta fórmula.
Vejamos abaixo, as análises para cada região:
1.1. Verbo
Não encontramos resultados na região do verbo, sendo os tempos médios de
primeira leitura muito próximos em cada condição. Apesar do gráfico abaixo apresentar
a diferença encontrada para o tipo de pronome e o antecedente a ser retomado em cada
condição, sendo a condição com nulo retomando o SN1 a mais rápida, as diferenças não
são significativas.
Gráfico 2. Tempos de duração da primeira fixação em milésimos de segundo [ms].
O trabalho experimental
137
1.2. Advérbio
Assim como na região do verbo, não foram encontrados efeitos para a região do
advérbio. Os tempos médios de primeira leitura foram muito próximos em todas as
condições, sendo a condição com nulo retomando o SN1 a mais rápida também nessa
região.
Gráfico 3. Tempos de duração da primeira fixação em milésimos de segundo [ms].
1.3. Pronome e verbo
Conforme já foi referido acima, ao observar as variáveis testadas percebe-se que
não tem como se estabelecer uma comparação entre a forma nula e a forma plena, já que
a forma nula não é constituída por um item lexical realizado fonologicamente. Devido a
tal característica e incompatibilidade de formas de uma análise bem delineada, optamos,
como já referido, por somar o tempo de leitura da região do pronome (nas condições em
que ocorre) com o tempo de leitura da região do verbo.
O trabalho experimental
138
Gráfico 4. Tempos de duração da primeira leitura (first pass) residualizados.
Estimate SE T-value p-value
(Intercept) 0.381 8.365 0.045 0.964
PronCENTERED 20.886 14.102 1.481 0.139
AntCENTERED -3.308 17.869 -0.185 0.853
PronCENTERED:AntCENTERED -49.219 28.204 -1.745 0.081
Tabela 9: Resultados LMM first pass região pronome e verbo (residuals)
Os resultados indicam que há um efeito marginal de interação entre o tipo de
pronome e o antecedente a ser retomado (p=0.081), com tempos menores para as
condições com a forma nula retomando o SN1 e o pronome realizado retomando o SN2,
em oposição ao nulo retomando o SN2 e o pleno retomando o SN1.
O trabalho experimental
139
2. Total Pass
Assim como nos tempos de primeira leitura, também excluímos para a análise
dos tempos totais de leitura (total pass) todos os dados inferiores a 100ms, inclusive os
zeros, e os valores maiores que a média mais 2.5 do desvio padrão. Na análise da região
pronome+verbo, os dados foram residualizados.
2.1. Verbo
Os tempos totais de leitura na região do verbo também não apresentaram efeito
para nenhuma das variáveis testadas.
Gráfico 5: Tempo total de leitura (Total Pass)
O trabalho experimental
140
2.2. Advérbio
O gráfico abaixo, que representa as médias de tempo total de leitura da região do
advérbio, mostra que os tempos foram muito próximos em todas as condições, não
apresentando, portanto, efeito para nenhuma das variáveis testadas assim como ocorreu
com os tempos da primeira leitura.
Gráfico 6: Tempo total de leitura advérbio (Total Pass)
2.3. Pronome e verbo
Os resultados apresentados no gráfico e na tabela abaixo mostram que há um
efeito principal de posição do antecedente (p<0.001), tendo a condição com retomada
de SN1 mais tempo de leitura total, sobretudo nas condições com pleno retomando o
antecedente SN1. Os resultados mostram também um efeito de interação entre o Tipo de
O trabalho experimental
141
pronome e o antecedente (p=0.004), com tempos de leitura menores para as condições
com a forma plena retomando o SN2.
Gráfico 7: Tempo total de leitura (Total Pass)
Estimate SE t-value p-value
(Intercept) 0.490 19.078 0.026 0.979
PronCENTERED -42.064 35.713 -1.178 0.239
AntCENTERED -117.313 33.042 -3.550 <0.001
PronCENTERED:AntCENTERED -176.666 61.078 -2.892 0.004
Tabela 10: Resultados LMM Total Pass região pronome e verbo (residuals)
1.2.1.3. Discussão dos Resultados
Os resultados do experimento realizado mostram que as hipóteses testadas se
confirmam. As sentenças em que o SN1 era retomado pelo pronome nulo teve índices
de acerto mais elevados e tempos de primeira leitura mais baixos do que as demais
condições. A hipótese de que os pronomes plenos teriam mais custos de processamento
O trabalho experimental
142
ao retomar o SN1 e menos custos de processamento ao retomar o SN2 também se
confirma, alargando a afirmação feita por Costa, Faria e Matos (1998) e por Luegi
(2012) que afirmaram que o pronome pleno retoma antecedentes não sujeito. Com os
resultados encontrados em nosso teste em que não havia um antecedente em posição
não sujeito e sim em posição de sujeito, mas não saliente, podemos dizer que a
afirmação pode ser a de que pronomes plenos retomam antecedentes menos salientes
dentro da estrutura independentemente se ele se encontra em posição de objeto ou se ele
se encontra encaixado dentro do sujeito.
Acerca das preferências gramaticais colocadas em questão por Barbosa, Duarte e
Kato (2005) de que as formas nulas só podem correferir com um antecedente que as c-
comande, podemos observar que se confirma. A relação de c-comando realmente limita
a retomada de um antecedente que não c-comanda a forma nula, mas não estabelece
essa limitação quando se trata de uma forma plena retomando um antecedente que não o
c-comanda, ou seja, em PE a preferência de retomar um antecedente mais saliente na
estrutura e que esteja c-comandando a forma nula se mantém em orações completivas.
Em síntese, podemos sugerir que, para o PE, assim como ocorre com orações
subordinadas adverbiais, nas orações completivas, o pronome (nulo/pleno) retomando
um antecedente que nas sentenças testadas ora poderia ser o mais saliente dentro da
estrutura e ora poderia ser o elemento encaixado dentro do sujeito da oração principal.
A posição estrutural da sentença foi levada em consideração, tendo sido indiferente o
fato de em orações completivas a relação entre as estruturas ser mais forte do que em
orações adverbiais. Nas orações completivas os antecedentes mais salientes foram
retomados com mais facilidade quando o pronome era nulo, assim como foi observado
por Luegi (2012) com as adverbiais.
O trabalho experimental
143
Com base nos resultados encontrados podemos afirmar, de acordo com o que
vem sendo exposto na literatura e indo ao encontro do que foi estipulado por Carminati
(2002) com a Hipótese da Posição do Antecedente, que em PE os pronomes nulos
tendem a retomar antecedentes que ocupam a posição mais alta dentro da estrutura
sintática, além de observar que para que seja estabelecida a correferência com o pleno o
antecedente deve ser o menos saliente dentro do escopo sentencial.
1.2.2. Resultados para o PB
1.2.2.1. Resultados off-line
Iniciaremos a apresentação dos resultados obtidos com as percentagens de acerto
das respostas das perguntas apresentadas no final de cada sentença. No gráfico
apresentamos os índices de acerto, já que o traço de número presente na oração
subordinada enviesava a resposta para determinado SN.
Gráfico 8. Percentagem de acertos e erros à questão final off-line.
O trabalho experimental
144
Certo Errado
SN1
Nulo 84% 16%
Pleno 76% 24%
SN2
Nulo 52% 48%
Pleno 70% 30%
Tabela 11: Percentagem de erros e acertos
Como se pode observar no gráfico e na tabela apresentados acima, os valores das
percentagens de acerto são maiores do que as de erros em três das quatro condições
testadas. A condição em que o pronome nulo retoma o antecedente que está encaixado
(NS2) teve 48% das respostas erradas, quase a metade do total. As demais condições
tiveram índices de acerto bem elevados, acima de 70%, sendo a condição em que o
pronome nulo retoma o antecedente em posição de Spec de IP (NS1) a que teve índices
de acertos mais elevados 84%.
A análise estatística mostra um efeito principal de Antecedente (p=0.017), com
diferenças nas taxas de acerto de SN1 e de SN2, com uma taxa de erro mais elevada em
SN2, houve também um efeito de interação entre o tipo de pronome e o antecedente
(p<0.001), que justifica-se pelo maior índice de erros com o nulo quando retoma SN2.
Estimate SE z-value p-value
(Intercept) 1.435 0.287 5.004 <0.001
PronCENTERED 0.211 0.377 0.558 0.577
AntCENTERED -1.376 0.578 -2.381 0.017
PronCENTERED:AntCENTERED 1.995 0.518 3.854 <0.001
Tabela 12: Análise estatística dos resultados off-line
O trabalho experimental
145
Referente às respostas às perguntas das distratoras, a percentagem de erro varia
entre 3% e 16%, com uma média de 9%. Considerando que todos os participantes
acertaram mais de 80% das questões não excluímos nenhum participante da análise.
2.2.2. Resultados on-line
1. First Pass
1.1. Verbo
Os resultados na região do verbo nos mostram que há efeito principal de
pronome, sendo os tempos médios de primeira leitura com o pronome pleno mais
baixos do que os tempos de leitura com o pronome nulo (p<0.001). O gráfico abaixo
apresentar claramente a diferença encontrada para o tipo de pronome em cada condição,
sendo a condição com pleno retomando o SN1 a mais rápida 449ms, mas a condição
com pleno retomando o SN2 também não apresenta média muito distante 506ms, não
apresentando assim resultados significativos para o antecedente a ser retomado.
Gráfico 9. Tempos de duração da primeira fixação em milésimos de segundo [ms].
O trabalho experimental
146
Estimate SE t-value p-value
(Intercept) 6.170 0.056 109.038 <1e-04
PronCENTERED -0.284 0.080 -3.523 <0.001
AntCENTERED 0.080 0.056 1.423 0.154
PronCENTERED:AntCENTERED 0.098 0.091 1.083 0.278
Tabela 13: Análise estatística (first pass) VERBO
1.2. Advérbio
Os resultados apresentados no gráfico e na tabela abaixo mostram que há na
região do advérbio um efeito principal de pronome, tendo as condições com pronome
nulo mais tempo de leitura (p<0.001). Os resultados mostram também um efeito de
interação entre o Tipo de pronome e o antecedente, com tempos de leitura menores para
as condições com a forma plena e maiores para a forma nula retomando o SN2
(p=0.014).
Gráfico 10. Tempos de duração da primeira fixação em milésimos de segundo [ms].
O trabalho experimental
147
Estimate SE t-value p-value
(Intercept) 5.945 0.044 134.154 <0.001
PronCENTERED -0.188 0.050 -3.736 <0.001
AntCENTERED 0.025 0.041 0.611 0.541
PronCENTERED:AntCENTERED -0.170 0.069 -2.456 0.014
Tabela 14: Análise estatística (first pass) ADVÉRBIO
1.3. Pronome e verbo
Assim como na análise apresentada para os dados do PE, os valores encontrados
para cada condição foram residualizados considerando o tempo de leitura por caracter e,
depois tirada a diferença do valor à média para que os dados das condições pudessem
ser comparáveis. Vejamos o gráfico e a tabela abaixo em que apresentamos os valores
residuais, que serão as medidas usadas por nós nessa análise:
Gráfico 11. Tempos de duração da primeira fixação em milésimos de segundo [ms].
O trabalho experimental
148
Estimate SE t-value p-value
(Intercept) -0.499 45.853 -0.011 0.991
PronCENTERED -324.562 76.155 -4.262 <0.001
AntCENTERED 61.787 54.894 1.126 0.260
PronCENTERED:AntCENTERED 134.410 100.511 1.337 0.181
Tabela 15: Resultados LMM first pass região pronome e verbo (residuals)
Os resultados indicam que há efeito principal de pronome, assim como foi
observado com a região do verbo analisada separadamente (p<0.001). As condições
com o pronome nulo apresentaram tempos mais elevados do que as condições com
pleno.
2. Total Pass
2.1. Verbo
Os tempos totais na região do verbo nos mostram que há efeito principal de
pronome, sendo os tempos médios de leitura total com o pronome pleno mais baixos do
que os tempos de leitura com o pronome nulo (p<0.001). Os resultados estatísticos
mostram também que há efeito principal de antecedente (p=0.015), com tempos mais
elevados na retoma de SN2.
O trabalho experimental
149
Gráfico 12. Tempos da primeira leitura em milésimos de segundo [ms].
Estimate Std..Error t.value P
(Intercept) 6.618 0.0681 97.116 <1e-04
PronCENTERED -0.275 0.077 -3.549 <0.001
AntCENTERED 0.137 0.056 2.423 0.015
PronCENTERED:AntCENTERED -0.143 0.086 -1.657 0.097
Tabela 16: Resultados LMM total pass VERBO
2.2. Advérbio
Os tempos totais na região do advérbio nos mostram que há efeito principal de
pronome, sendo os tempos médios de leitura total com o pronome nulo mais elevados
do que os tempos de leitura com o pronome pleno (p=0.022). O gráfico abaixo
apresentar claramente a diferença encontrada para o tipo de pronome em cada condição,
sendo as condições com pleno mais rápidas do que as condições com nulo.
O trabalho experimental
150
Gráfico 13. Tempos da primeira leitura em milésimos de segundo [ms].
Estimate SE t-value p-value
(Intercept) 6.465 0.052 123.835 <1e-04
PronCENTERED -0.166 0.072 -2.298 0.022
AntCENTERED 0.051 0.044 1.156 0.248
PronCENTERED:AntCENTERED -0.002 0.087 -0.027 0.978
Tabela 17: Resultados LMM total pass ADVÉRBIO
2.3. Pronome e verbo
Os tempos totais residualizados na região pronome+verbo mostram que há efeito
principal de pronome devido ao alto custo de processamento com o pronome nulo
(p<0.001). Também se registra um efeito principal de Antecedente (p=0.004), sendo a
retomada de SN2 mais demorada.
O trabalho experimental
151
Gráfico 14: Tempo total de leitura (Total Pass) PRONOME+VERBO (Residuals)
Estimate SE t-value p-value
(Intercept) -0.761 55.938 -0.014 0.989
PronCENTERED -335.365 86.904 -3.859 <0.001
AntCENTERED 208.470 73.045 2.854 0.004
PronCENTERED:AntCENTERED -175.595 146.286 -1.200 0.230
Tabela 18: Resultados LMM Total Pass região pronome e verbo (Residuals)
1.2.2.3. Discussão dos Resultados
Os resultados encontrados mostram que as hipóteses testadas se confirmam. A
hipótese de que o SN1 seria retomado com maior facilidade em comparação com o SN2
se confirma, e a hipótese de que plenos retomariam tanto os mais salientes quanto os
menos salientes também se confirma e se apoia no que foi proposto por Duarte (1995)
sobre a perda do Princípio Evitar Pronome. Quanto aos que se referem às relações
estruturais, com base nos resultados off-line, a nossa hipótese também é confirmada, já
O trabalho experimental
152
que os resultados encontrados mostram que a relação de c-comando realmente é
determinante para o estabelecimento da correferência com a forma nula.
Estudos como o de Duarte (1995) e Barbosa, Duarte e Kato (2005) a utilização
da forma nula em posição de sujeito em PB vem sendo diminuída cada vez mais. De
acordo com o que foi exposto, era de se esperar, no presente estudo, que os participantes
tivessem mais facilidade ao interpretar e processar as condições em que o sujeito pleno
aparece, sendo as condições PS1 (Durante a festa, os coreógrafos do dançarino
mencionaram que eles refletiam vagarosamente sobre os espetáculos) e PS2 (Durante a
festa, o coreógrafo dos dançarinos mencionou que eles refletiam vagarosamente sobre
os espetáculos) as mais fáceis de serem processadas e interpretadas comparativamente
com as condições com nulo NS1 (Durante a festa, os coreógrafos do dançarino
mencionou que refletiam vagarosamente sobre os espetáculos) e NS2 (Durante a festa,
o coreógrafo dos dançarinos mencionou que refletiam vagarosamente sobre os
espetáculos).
Os resultados off-line vão de acordo com preferências encontradas para o uso do
sujeito nulo em PB. Segundo o que vem sendo referido por Figueiredo Silva 2000,
Modesto 2000, Ferreira 2000, Rodrigues 2004, é preferível que o sujeito nulo seja
utilizado para retomar antecedentes em terceira pessoa e que o c-comande, é o que
acontece com a condição NS1 (Durante a festa, os coreógrafos do dançarino
mencionaram que refletiam vagarosamente sobre os espetáculos) em que o pronome
nulo está sendo c-comandado pelo antecedente “os coreógrafos”, o que não ocorre
quando o antecedente a ser retomado é o SN encaixado “os dançarinos”, que não c-
comanda o pronome nulo conforme na condição NS2 (Durante a festa, o coreógrafo
dos dançarinos mencionou que refletiam vagarosamente sobre os espetáculos), em que
O trabalho experimental
153
o pronome nulo está sendo c-comandado pelo SN mais alto, mas não está sendo c-
comandado pelo SN encaixado. Podemos considerar que tal restrição gramatical pode
ter sido a responsável pelo alto índice de erros na condição SN2, reforçando as
propostas dos estudos referidos.
Relacionado ao pronome pleno, assim como foi proposto por Figueiredo Silva
2000, Modesto 2000, Ferreira 2000, Rodrigues 2004, a forma plena do PB é usada para
retomar tanto antecedentes em posição mais alta, que esteja sendo c-comandado pelo
antecedente ou em posição mais baixa, nesse caso encaixada, não havendo preferências
por um ou por outro.
Globalmente, os resultados off-line do PB indicam que para que seja
estabelecida a correferência com o pronome nulo ele precisa, necessariamente, estar
sendo c-comandado pelo antecedente a ser retomado, e que os pronomes plenos
retomam tanto antecedente em posição mais altas dentro da estrutura sintática quanto
antecedentes mais baixos, como é o caso do SN encaixado. Tais resultados corroboram
em partes os achados por Carminati (2002) em estudo com o italiano. No italiano,
pronomes nulos retomam antecedentes mais altos na estrutura sintática e pronomes
plenos retomam antecedentes em posição mais baixa.
Agora vamos à análise dos resultados encontrados no teste on-line. Os resultados
de primeira leitura (first pass) e de leitura total (total pass) nos permitem dizer
claramente que o pronome pleno é mais facilmente processado do que o pronome nulo,
diferentemente do que indica os resultados off-line. No teste on-line verificamos que as
condições com pronome pleno foram processadas mais rapidamente do que as
condições com nulo em todas as regiões, o que pode vir a ser um indício de que há uma
certa preferência pela forma plena e de que o que vem sendo referido por Duarte (1995)
O trabalho experimental
154
sobre a perda do Parâmetro do Sujeito Nulo em PB se confirma, pois apresenta impacto
no processamento.
Tais resultados nos parecem indicar que há certa preferência pela forma plena,
mas isso não impede que o pronome nulo seja processado e interpretado,
Quanto à forma plena, mais especificamente, observamos que não há
preferências por determinada retomada, a forma plena em PB retoma o SN mais saliente
ou o SN menos saliente da mesma forma, sendo os tempos tanto de primeira leitura
quanto de leitura total muito próximos para uma ou para outra. Sendo os tempos de
retomada para o SN1 um pouco menores do que os tempos de retomada para o SN2,
indo de acordo com nossa previsão de que a retomada do SN1 teria tempos menores
tanto com nulo, quanto com pleno, mas estes dados não se mostraram significativos em
nossa análise.
Sendo assim, relativamente aos resultados encontrados para o PB, nos é
permitido concluir que em estruturas com o pronome nulo em posição de sujeito a
relação de c-comando influencia a escolha do antecedente dessa forma, ou seja, as
formas nulas retomam preferencialmente as formas que as c-comandam diretamente. As
restrições de c-comando estão limitadas apenas as forma nulas do pronome, já que
podemos perceber a partir dos testes aplicados que com a forma plena não há limitação
de qual antecedente deve ser retomado pelo pronome pleno, ou seja, a relação de c-
comando limita a retomada de um antecedente que não c-comanda a forma nula, mas
não limita a retomada de um antecedente que não c-comanda a forma plena.
Podemos sugerir que, para o PB, assim como ocorre com orações subordinadas
adverbiais, nas orações completivas, o pronome (nulo/pleno) retomando um antecedente
que nas sentenças testadas ora poderia ser o mais saliente dentro da estrutura e ora
O trabalho experimental
155
poderia ser o elemento encaixado dentro do sujeito da oração principal a posição
estrutural da sentença foi levada em consideração. Nas orações completivas os
antecedentes mais salientes foram retomados com mais facilidade tanto quando o
pronome era nulo ou quando o pronome era pleno, assim como foi observado por Hora
(2014) com as adverbiais.
Com base nos resultados encontrados podemos afirmar, de acordo com o que
vem sendo exposto na literatura e indo ao encontro do que foi estipulado por Carminati
(2002) com a Hipótese da Posição do Antecedente, que em PB os pronomes nulos
tendem a retomar antecedentes que ocupam a posição mais alta dentro da estrutura
sintática, mas que há uma certa preferência pelo pronome pleno em detrimento do
pronome nulo, indo de acordo com o que vem sendo referido por Duarte (1995) até os
dias atuais através de estudos de corpora, de que o paradigma do pronome nulo está
cada vez mais se perdendo em PB.
1.2.3. Análise comparativa entre PB e PE
Questão:
Será que os fatores que influenciam a retomada de um antecedente por diferentes
expressões referenciais em PB e em PE são os mesmo, levando-se em consideração
fatores como: Função sintática e as relações estruturais de c-comando? PB e PE
apresentam disparidade em relação às preferências por retomadas de antecedentes por
pronome nulo e pleno?
Abaixo apresentaremos os resultados encontrados na análise comparativa entre o
PB e o PE acerca do pronome em posição de sujeito.
O trabalho experimental
156
1.2.3.1. Resultados off-line
Iniciaremos a apresentação dos contrastes entre os resultados encontrados para
PB e para PE a partir dos dados off-line de questionário. Observamos que há efeito
principal de antecedente (p=0.001) devido ao alto índice de acertos para as condições
que retomavam o antecedente SN1 e houve também efeito de interação entre Pronome e
Antecedente (p<0.001) devido ao maior número de erros nas condições com nulo
retomando o antecedente SN2. Porém, não encontramos resultados que apontem
diferenças entre as duas variedades de português.
Estimate SE z-value p-value
(Intercept) 1.507 0.194 7.774 <0.001
PronCENTERED -0.026 0.172 -0.149 0.881
AntCENTERED -1.176 0.366 -3.216 0.001
VarCENTERED 0.505 0.326 1.548 0.122
PronCENTERED:AntCENTERED 1.825 0.342 5.342 <0.001
PronCENTERED:VarCENTERED -0.455 0.344 -1.326 0.185
AntCENTERED:VarCENTERED 0.045 0.551 0.082 0.935
PronCENTERED:AntCENTERED:VarCENTERED 0.190 0.671 0.283 0.777
Tabela 19: Análise estatística dos resultados off-line
Gráfico15: erros e acertos nas diferentes
condições em PE Gráfico 16-: erros e acertos nas diferentes
condições em PB
O trabalho experimental
157
A partir da comparação dos resultados off-line entre PB e PE podemos inferir
que o fato de o SN2 estar encaixado e não c-comandando o pronome nulo faz com que
essa retomada seja dificultada, sendo o SN1 o preferido para retomadas com o nulo, ou
seja, as restrições de c-comando limitam a retomada de um antecedente que não c-
comanda a forma nula nas duas variedades, sendo as restrições para o PB mais
marcantes devido ao alto índice de erros na questão interpretativa na condição com nulo
retomando o SN encaixado.
1.2.3.2. Resultados on-line
1. First Pass
Apresentaremos o estudo comparativo sob a metodologia on-line em que
averiguaremos os comportamentos oculares de primeira leitura dos participantes
comparativamente.
1.1. Verbo
A análise comparativa na região do verbo nos mostra que há efeito principal de
pronome (p<0.001), efeito principal de variedade (p<0.001) e há efeito de interação
entre pronome e variedade (p=0.001). Podemos observar nos gráficos abaixo a
diferença dos tempos para cada uma das variedades, sendo no PB as diferenças entre as
condições as mais aparentes. Aqui inferimos que o efeito apareceu devido ao fato de em
PB apresentarmos tamanha discrepância em termos de comportamento em relação ao
que ocorre em PE, em que não obtivemos nenhuma diferença entre as condições.
O trabalho experimental
158
Estimate SE t-value p-value
(Intercept) 6.017 0.038 154.418 <0.001
PronCENTERED -0.153 0.045 -3.366 <0.001
AntCENTERED 0.043 0.032 1.322 0.185
VarCENTERED -0.303 0.071 -4.264 <0.001
PronCENTERED:AntCENTERED 0.019 0.060 0.326 0.743
PronCENTERED:VarCENTERED 0.267 0.083 3.213 0.001
AntCENTERED:VarCENTERED -0.078 0.062 -1.257 0.208
PronCENTERED:AntCENTERED:VarCENTERED -0.166 0.120 -1.381 0.167
Tabela 20: Análise estatística dos resultados comparativos de primeira leitura do VERBO
1.2. Advérbio
A análise comparativa na região do advérbio nos mostra que há efeito principal
de pronome (p<0.026), efeito de interação entre Pronome e Antecedente (p<0.014) e há
efeito de interação entre Pronome e Variedade (p=0.001). Podemos observar nos
gráficos abaixo a diferença dos tempos para cada uma das variedades, sendo no PB as
diferenças entre as condições as mais aparentes. Aqui inferimos que o efeito apareceu
devido ao fato de em PB apresentarmos tamanha discrepância em termos de
comportamento em relação ao que ocorre em PE, em que não obtivemos nenhuma
Gráfico17: tempos de primeira leitura em [ms]
nas diferentes condições em PE VERBO
Gráfico18: tempos de primeira leitura em [ms]
nas diferentes condições em PB VERBO
O trabalho experimental
159
diferença entre as condições, ou seja, os efeitos são motivados pelos resultados
encontrados em PB.
Estimate SE t-value p-value
(Intercept) 5.970 0.036 164.641 <0.001
PronCENTERED -0.077 0.035 -2.224 0.026
AntCENTERED 0.018 0.026 0.722 0.471
VarCENTERED 0.044 0.068 0.651 0.515
PronCENTERED:AntCENTERED -0.124 0.050 -2.469 0.014
PronCENTERED:VarCENTERED 0.210 0.062 3.368 0.001
AntCENTERED:VarCENTERED -0.021 0.050 -0.409 0.682
PronCENTERED:AntCENTERED:VarCENTERED 0.098 0.101 0.971 0.332
Tabela 21: Análise estatística dos resultados comparativos de primeira leitura do (ADVÉRBIO)
1.3. Pronome + Verbo
A análise comparativa na região pronome + verbo nos mostra que há efeito
principal de pronome (p<0.01), há efeito de interação entre Pronome e Variedade
(p=0.001) e um efeito marginal de interação entre os três fatores envolvidos Pronome,
Antecedente e Variedade (p=0.075). Podemos observar nos gráficos abaixo a diferença
Gráfico19: tempos de primeira leitura em [ms]
nas diferentes condições em PE (ADVÉRBIO) Gráfico20: tempos de primeira leitura em [ms]
nas diferentes condições em PE (ADVÉRBIO)
O trabalho experimental
160
dos tempos para cada uma das variedades, sendo no PE os tempos residuais mais baixos
para a condição em que o pronome nulo retoma o antecedente SN1 e no PB os tempos
residuais mais baixos para a condição em que o pronome pleno retoma o antecedente
SN1.
Estimate SE t-value p-value
(Intercept) 0.575 23.435 0.025 0.980
PronCENTERED -145.850 37.132 -3.928 <0.01
AntCENTERED 27.040 28.763 0.940 0.347
VarCENTERED -3.304 26.388 -0.125 0.900
PronCENTERED:AntCENTERED 41.287 52.817 0.782 0.434
PronCENTERED:VarCENTERED 349.398 58.004 6.024 <0.001
AntCENTERED:VarCENTERED -61.233 57.529 -1.064 0.287
PronCENTERED:AntCENTERED:VarCENTERED -188.386 105.640 -1.783 0.075
Tabela 22: Análise estatística dos resultados comparativos de primeira leitura (residuals) do PRON+V
Gráfico21: tempos de primeira leitura
(residuals) nas diferentes condições em PE
(PRON+V)
Gráfico22: tempos de primeira leitura
(residuals) nas diferentes condições em PB
(PRON+V)
O trabalho experimental
161
2. Total Pass
Apresentaremos o estudo comparativo sob a metodologia on-line em que
averiguaremos os comportamentos oculares de leitura total dos participantes dos dois
grupos comparativamente.
2.1. Verbo
A análise comparativa na região do verbo nos mostra que há efeito principal de
pronome (p<0.001), efeito de interação entre Pronome e Antecedente (p=0.006), efeito
de interação entre pronome e Variedade (p=0.026) e efeito de interação entre
antecedente e Variedade (p=0.001). Podemos observar nos gráficos abaixo a diferença
dos tempos para cada uma das variedades, sendo no PB as diferenças entre as condições
as mais aparentes. Aqui inferimos que o efeito apareceu devido ao fato de em PB
apresentarmos tamanha discrepância em termos de comportamento em relação ao que
ocorre em PE, em que não obtivemos nenhuma diferença entre as condições.
Gráfico23: tempos de leitura total nas
diferentes condições em PE (VERBO) Gráfico24: tempos de leitura total nas
diferentes condições em PB (VERBO)
O trabalho experimental
162
Estimate SE t-value p-value
(Intercept) 6.540 0.048 136.684 <0.001 PronCENTERED -0.189 0.046 -4.093 <0.001 AntCENTERED 0.009 0.031 0.287 0.773 VarCENTERED -0.152 0.089 -1.713 0.087 PronCENTERED:AntCENTERED -0.171 0.061 -2.774 0.006 PronCENTERED:VarCENTERED 0.185 0.083 2.219 0.026 AntCENTERED:VarCENTERED -0.262 0.063 -4.154 0.001 PronCENTERED:AntCENTERED:VarCENTERED -0.086 0.124 -0.693 0.488
Tabela 23: Análise estatística dos resultados comparativos de leitura total do VERBO
2.2. Advérbio
A análise comparativa na região do advérbio nos mostra que há efeito principal
de pronome (p=0.042), efeito de interação entre pronome e variedade (p=0.054) e efeito
marginal de interação entre antecedente e Variedade (p=0.073). Podemos observar nos
gráficos abaixo a diferença dos tempos para cada uma das variedades, sendo no PB as
diferenças entre as condições as mais aparentes. Aqui inferimos que o efeito apareceu
devido ao fato de em PB apresentarmos tamanha discrepância em termos de
comportamento em relação ao que ocorre em PE, em que não obtivemos nenhuma
diferença entre as condições.
Gráfico25: tempos de leitura total nas
diferentes condições em PE (ADVÉRBIO) Gráfico26: tempos de leitura total nas
diferentes condições em PB (ADVÉRBIO)
O trabalho experimental
163
Estimate SE t-value p-value
(Intercept) 6.534 0.048 136.994 <0.001
PronCENTERED -0.091 0.045 -2.037 0.042
AntCENTERED -0.009 0.031 -0.285 0.776
VarCENTERED 0.126 0.081 1.558 0.119
PronCENTERED:AntCENTERED -0.029 0.060 -0.476 0.634
PronCENTERED:VarCENTERED 0.144 0.075 1.924 0.054
AntCENTERED:VarCENTERED -0.108 0.060 -1.792 0.073
PronCENTERED:AntCENTERED:VarCENTERED -0.060 0.120 -0.502 0.616
Tabela 24: Análise estatística dos resultados comparativos de leitura total do ADVÉRBIO
2.3. Pronome + Verbo
A análise comparativa na região do Pronome+verbo, em que residualizamos os
tempos, nos mostra que há diferença nos tempos para cada uma das variedades, sendo
no PB as diferenças entre as condições as mais aparentes. Aqui inferimos que o efeito
apareceu devido ao fato de em PB apresentarmos tamanha discrepância em termos de
comportamento em relação ao que ocorre em PE, em que não obtivemos nenhuma
diferença entre as condições.
Gráfico27: tempos residuals nas diferentes
condições em PE (PRON+V)
Gráfico28: tempos residuals nas diferentes
condições em PB (PRON+V)
O trabalho experimental
164
Estimate SE t-value p-value
(Intercept) 1.621 28.627 0.057 0.955
PronCENTERED -184.228 45.648 -4.036 <0.001
AntCENTERED 40.517 39.437 1.027 0.304
VarCENTERED -3.636 39.460 -0.092 0.927
PronCENTERED:AntCENTERED -174.682 78.911 -2.214 0.027
PronCENTERED:VarCENTERED 296.509 78.962 3.755 <0.001
AntCENTERED:VarCENTERED -329.676 78.917 -4.178 <0.001
PronCENTERED:AntCENTERED:VarCENTERED -1.092 157.912 -0.007 0.994
Tabela 25: Análise estatística dos resultados comparativos de leitura total do PRON+V
1.2.3.3. Discussão dos Resultados
Relativo ao contraste entre as duas variedades de português, os resultados nos
permitem dizer que as hipótese colocadas se confirmam. Para as duas variedades, o SN1
foi o antecedente preferível a ser retomado pela forma nula. E relacionado a forma
plena, em PB não houve diferenças relativo a retomada de SN1 ou do SN2 sendo as
duas formas possíveis, entretanto para o PE houve uma maior dificuldade quando essa
forma retomava o SN1.
Segundo Roberts e Holmberg (2010) as línguas marcadas positivamente para o
parâmetro do sujeito nulo dividem-se em grupos, existem as línguas que tem sujeito
nulo consistente, as línguas de sujeito nulo expletivo, as línguas de sujeito nulo
discursivo e as línguas de sujeito nulo parcial. De acordo com o que foi estipulado pelos
pesquisadores e com os resultados encontrados por Barbosa, Duarte e Kato (2005) o PB
e o PE podem ser enquadrados em grupos diferentes, PB como uma língua de sujeito
nulo parcial e o PE como uma língua de sujeito nulo consistente.
No presente estudo, era de se esperar que essa diferenciação ficasse mais
delineada e consistente tendo sido analisadas estruturas diferentes das analisadas por
outros pesquisadores (Costa e Matos (2012) e Luegi (2012)). Baseando-se no
O trabalho experimental
165
pressuposto de que o PB é uma língua de sujeito nulo parcial, caminhando cada vez
mais para uma língua -pro-drop, espera-se que os participantes tenham mais facilidade
em processar estruturas com o pronome pleno, em contrapartida, como o PE é uma
língua de sujeito nulo prototípico, espera-se uma maior facilitação para processar
estruturas com o pronome nulo. Como para cada uma das formas pronominais tínhamos
dois possíveis antecedentes, que era demarcado a partir da concordância de número, é
de se esperar que as condições que retomam o SN mais alto dentro da estrutura
complexa do SN composto sejam processadas mais rapidamente do que as condições
em que o SN a ser retomado é o SN encaixado.
Os resultados Off-line não mostram resultados significativos que apontem
diferenças entre as duas variedades sendo em ambas as variedades a retomada do SN
mais alto a preferida tanto para o pleno quanto para o nulo. Em PB percebemos que a
escolha para o antecedente a ser retomado pelo nulo está relacionada com as restrições
de c-comando, que limitam a retomada de um antecedente que não o c-comanda, como
é o caso da condição NS2 (Durante a festa, o coreógrafo dos dançarinos mencionou
que refletiam vagarosamente sobre o espetáculo). Consideramos que tais restrições são
mais marcadas para o PB o que se reflete no alto índice de erros na condição NS2, o que
não percebemos em PE, que teve altos índices de acerto também para esta condição, o
que nos leva a pensar que para o PE o que é levado em consideração é a saliência do
antecedente a ser retomado, conforme referido por Ariel (1996).
Ainda com base nos resultados off-line podemos afirmar que, de acordo com o
que vem sendo exposto na literatura e indo ao encontro do que foi estipulado por
Carminati (2002) com a Hipótese da Posição do Antecedente, o pronome nulo tende a
retomar antecedentes que ocupam a posição mais alta dentro da estrutura sintática, que
no caso das estruturas testadas também c-comandam a forma pronominal. Tal afirmação
O trabalho experimental
166
pode ser feita devido ao alto índice de acertos na questão interpretativa na condição NS1
(Durante a festa, o coreógrafo dos dançarinos mencionou que refletiam vagarosamente
sobre o espetáculo.
Relativo aos resultados on-line, tanto os de primeira leitura quanto os de leitura
total, os dados nos mostram que os efeitos encontrados foram primordialmente relativo
ao tipo de pronome, e mais especificamente devido aos tempos de leitura mais baixos
para o pleno em PB e mais baixos para o nulo em PE. A análise das regiões verbo e
advérbio foram inconclusivas devido ao fato dos tempos de leitura no PE terem sido
praticamente os mesmos em todas as condições nessas regiões. Porém, na região
pronome+verbo, em que fizemos a residualização dos tempos por caracter, encontramos
evidências claras de que PB e PE funcionam de maneira oposta. Para o PE, os tempos
de leitura dessa região foram mais baixos quando o nulo retomava o SN1 e para o PB os
tempos foram mais baixos quando o pleno retomava o SN1.
Os resultados encontrados para o PE deixam clara a complementaridade entre as
duas formas pronominais, nulo retoma o antecedente mais saliente com maior
facilitação e o pleno retoma o antecedente menos saliente, nesse caso o SN encaixado
no sujeito complexo, com mais facilidade. Tal complementaridade não pode ser
observada para o PB, já que o pronome pleno tem tempos mais baixos para retomar
qualquer um dos dois SNs disponíveis, o que nos dá indícios de que o que vem sendo
referido na literatura por Duarte (1997) e Barbosa, Duarte e Kato (2005) sobre a
improdutividade do Princípio Evitar Pronome em PB se confirmam.
Relativo ao antecedente a ser retomado, verificou-se que os antecedentes mais
salientes tiveram tempos de leitura mais rápidos, sendo esse o preferido para ser
O trabalho experimental
167
retomado pelo pronome em posição de sujeito. Relativo ao SN2, verificamos que tanto
em PE quanto em PB esse antecedente é preferido para retomadas pronome pleno.
Globalmente, os resultados encontrados fortalecem a hipótese de que o pronome
pleno em PB tem menos valor referencial do que em PE, podendo esta ser considerada
equivalente a forma nulo do PE e assim faz com que na escala de acessibilidade as duas
formas fiquem bem próximas e por isso seja a forma plena a preferida para retomar um
antecedente mais saliente em PB. Ou seja, podemos redefinir a escala de acessibilidade
de Ariel (1996) para o PB, colocando o pronome pleno e o pronome nulo na mesma
linha/ escala, devido aos pronomes plenos em PB serem caracterizados como pronomes
fracos devido a perda de valor referencial, conforme referido por Filliaci (2010), para o
espanhol e para o italiano.
O trabalho experimental
170
5.2. Testando a Posição de Objeto
Diferentes trabalhos sobre o objeto nulo tratam a forma nula do objeto como
sendo “a contraparte do pronome neutro o” (Kato, 2003). Cyrino (1997) propõe que a
ocorrência de objeto nulo em PB é devido a fatores históricos, ou seja, a queda do
clítico. Para a autora, o ON é um fenômeno de elipse em forma fonética e reconstrução
em forma lógica. Pensando na comparabilidade entre o PB e o PE, estudos afirmam que
PB e PE diferem, assim como ocorre com a posição de sujeito.
Estudos mais recentes definem que em PE o nulo em posição de objeto é uma
variável A-bound com o nulo em posição de tópico e para o PB o objeto nulo (ON) é
uma elipse de DP reconstruída em Forma Lógica (FL) e que os fatores que mais
favorecem ou bloqueiam a utilização ou não de tal forma são os traços semânticos de
animacidade e de especificidade. Os trabalhos sobre o ON estão mais centralizados em
estudos de representação gramatical, sendo, na nossa perspectiva, interessante um
aprofundamento nos trabalhos em processamento.
No presente trabalho, colocamos sob análise apenas o traço de animacidade, a
fim de verificar com maior afinco a influência desse traço para o estabelecimento da
correferência. Testamos estruturas em que o pronome, nulo ou pleno, em posição de
objeto da oração subordinada retomava um antecedente, também em posição de objeto,
com o traço [+animado] ou [-animado] (aluna/prova), como exemplificado de (147) a
(150).
(147) O professor levou a aluna para a secretaria da escola, depois encaminhou-a
cautelosamente para a casa da avó.
O trabalho experimental
171
(148) O professor levou a aluna para a secretaria da escola, depois encaminhou
cautelosamente para a casa da avó.
(149) O professor levou a prova para a secretaria da escola, depois encaminhou-
a cautelosamente para o cofre da sala.
(150) O professor levou a prova para a secretaria da escola, depois encaminhou
cautelosamente para o cofre da sala.
Levando em consideração a Teoria do Paralelismo Sintático, colocamos os
possíveis antecedentes para os pronomes nulo e pleno também em posição de objeto.
Pretendemos avaliar, colocando sob análise o traço de animacidade, se esse traço
realmente é o fator levado em consideração durante a escolha de um referente, já que
tomamos o devido cuidado para não envolver outros traços na pesquisa, como os traços
de especificidade e de gênero semântico, que merecem igual cuidado em trabalhos
futuros. Verificaremos se os antecedentes [+animados], como “aluna”, tem custo de
processamento maior do que os antecedentes [-animados], como “prova”, já que a
literatura propõe que os pronomes nulos são usados para retomar antecedentes com esse
traço marcado negativamente.
Objetivo
Observar como falantes de PB e PE se comportam diante de frases em que o
pronome não está realizado em posição de objeto, já que, de acordo com estudos como
o de Tarallo (1996), por exemplo, o PB e o PE diferem em relação a este parâmetro,
sendo o primeiro marcado positivamente e o segundo negativamente. Pretende-se
O trabalho experimental
172
observar se com as estruturas testadas o que foi proposto por Cyrino (1997), de que para
ter um ON é necessário que o antecedente seja [-animado] e que o pronome pleno é o
preferido para retomar uma antecedente [+animado] se confirmam.
5.2.1 Os experimentos
1. Experimento 2 – Objeto nulo em PE e em PB
Questão do estudo:
Que fatores determinam a seleção do antecedente de uma expressão referencialmente
dependente em posição de objeto considerando fatores como: traços semânticos, mais
especificamente a animacidade.
Os estudos de Cyrino (1997) e Cyrino, Duarte e Kato (2000) preveem que um objeto
nulo dificilmente seria empregado em um contexto em que o antecedente apresenta os
traços de animacidade e de especificidade marcados positivamente.
Nessa pesquisa investigaremos mais a fundo o traço de animacidade, sendo utilizados
apenas antecedentes [+ especificados], a fim de observar melhor as minúcias inerentes
do traço de animacidade.
1.1. Metodologia
Participantes: 24 falantes nativos de Português Europeu
Material: 24 conjuntos de itens experimentais (6 frases por cada uma das 4 condições)
e 48 distratoras
O trabalho experimental
173
(151)
PA - A diretora aprovou o locutor para o leilão de beneficência, depois considerou-o
excessivamente caro para o evento.
Pergunta: A diretora considerou o locutor caro para o evento? (a) SIM (b) NÃO
PI - A diretora aprovou o cartaz para o leilão de beneficência, depois considerou-o
excessivamente caro para o evento.
Pergunta: A diretora considerou o cartaz caro para o evento? (a) SIM (b) NÃO
NA - A diretora aprovou o locutor para o leilão de beneficência, depois considerou
excessivamente caro para o evento.
Pergunta: A diretora considerou o locutor caro para o evento? (a) SIM (b) NÃO
NI - A diretora aprovou o cartaz para o leilão de beneficência, depois considerou
excessivamente caro para o evento.
Pergunta: A diretora considerou o cartaz caro para o evento? (a) SIM (b) NÃO
Variáveis independentes
(i) Tipo de pronome – nulo/realizado; (ii) Animacidade do antecedente - +animado/-
animado.
Variáveis dependentes
O trabalho experimental
174
(i) First pass dos dados residuals crítico (verbo+clítico); (ii) First pass no segmento
crítico advérbio; (iii) Total pass dos dados residuals da região (verbo+clítico); (iv) Total
pass no segmento crítico advérbio; (vii) respostas às perguntas interpretativas.
Design: 2x2, gerando as condições:
PA – Pronome clítico com antecedente [+ animado]
PI – Pronome clítico com antecedente [- animado]
NA – Pronome nulo com antecedente [+ animado]
NI – Pronome nulo com antecedente [- animado]
Quadrado latino
Os itens experimentais foram distribuídos em formato de quadrado latino para que fosse
evitado de o participante ver frases que pertencem ao mesmo conjunto.
O trabalho experimental
175
VERSÃO 1 VERSÃO 2 VERSÃO 3 VERSÃO 4
1PA 1PI 1NA 1NI
2PI 2NA 2NI 2PA
3NA 3NI 3PA 3PI
4NI 4PA 4PI 4NA
5PA 5PI 5NA 5NI
6PI 6NA 6NI 6PA
7NA 7NI 7PA 7PI
8NI 8PA 8PI 8NA
9PA 9PI 9NA 9NI
10PI 10NA 11NI 10PA
11NA 11NI 11PA 11PI
12NI 12PA 12PI 12NA
13PA 13PI 13NA 13NI
14PI 14NA 14NI 14PA
15NA 15NI 15PA 15PI
16NI 16PA 16PI 16NA
17PA 17PI 17NA 17NI
18PI 18NA 18NI 18PA
19NA 19NI 19PA 19PI
20NI 20PA 20PI 20NA
21PA 21PI 21NA 21NI
22PI 22NA 22NI 22PA
23NA 23NI 23PA 23PI
24NI 24PA 24PI 24NA
Procedimentos:
Experimento com a metodologia on-line de monitoramento ocular (eye tracker) em
que foram monitorados os movimentos dos olhos dos participantes e medidos os tempos
que o participante levava para ler o segmento crítico, além de observar as repostas à
questão final. Foram apresentadas, na tela do computador, sentenças e ao final de cada
sentença o participante tinha que responder a questão interpretativa.
Em PE o experimento foi montado no programa Experiment Center
desenvolvido pela SensoMotoric Instruments. Os itens experimentais foram
apresentados aleatoriamente tendo-se mantido fixa a ordem de apresentação das frases
O trabalho experimental
176
distratoras. Deste modo garantimos que entre cada frase experimental foi apresentada,
pelo menos, uma frase distratora.
Para registrar a movimentação dos olhos utilizamos o equipamento de registro
iVewX Hi-Speed da SensoMotoric (SMI), a uma velocidade de registro de 1000Hz em
modo monocular registrando sempre apenas um dos olhos. Todas as gravações foram
feitas na sala de experimentos do Laboratório de Psicolinguística da Universidade de
Lisboa. Os estímulos foram apresentados no programa Experiment Center e os dados
extraídos com o programa BeGaze, ambos desenvolvidos pela SMI.
Em PB o experimento foi montado no programa ‘EyeTracker 0.7.10m’
desenvolvido pela UMASS. Para registrar a movimentação ocular, utilizamos o
equipamento de registro EyeLink 1000, com uma câmera de alta precisão a uma
velocidade de registro de 1000Hz em modo monocular registrando sempre um do olhos,
acoplada a uma tela de 32 polegadas com resolução de 1920x1080 px. Foram utilizados
aparatos para a cabeça e para a testa dos voluntários. Todas as gravações foram feitas na
sala de experimentos do Laboratório de Psicolinguística Experimental da UFRJ
(Lapex). Os estímulos foram apresentados no programa EyeTracker 0.7.10m e os dados
extraídos com os programas EyeDoctor e EyeDry, ambos desenvolvidos pela
UMASS.
No início de cada teste foi explicado individualmente a cada participante o que
ele teria que fazer durante o teste. Era explicado que seriam apresentadas, na tela do
computador, frases e que após a leitura era necessário responder a uma questão de
interpretação sobre a frase lida. Após a explicação informal sobre a tarefa a ser
realizada, caso o voluntário concordasse em participar da pesquisa, pedíamos que ele
O trabalho experimental
177
preenchesse uma ficha com os seus dados pessoais e assinasse ainda um termo de
consentimento permitindo a utilização e publicação dos seus dados sob anonimato.
Por se tratar de equipamentos diferentes o procedimento em cada variedade deu-
se de maneira diferentes. Em Portugal, os participantes depois de estarem sentados em
frente ao computador, liam as instruções que eram apresentadas por escrito na tela do
computador. Nessa instrução indicávamos que o participante fixasse o olhar no canto
superior esquerdo para liberar a frase a ser lida e que após a leitura da frase deveria fixar
o olhar no canto inferior direito para aparecer a tela com a pergunta. Antes e depois da
leitura das instruções era realizado o processo de calibração, que se repetia três vezes
nos momentos das pausas fixas colocadas durante o experimento por se tratar de um
teste longo.
No Brasil, depois de os participantes estarem sentados em frente ao computador,
liam as instruções que eram apresentadas por escrito na tela do computador. Nessa
instrução indicávamos que o participante fixasse o olhar em uma bolinha que aparecia
no centro da tela e logo após fixasse o olhar no quadradinho que aparecia no canto
esquerdo na região central da tela para liberar a frase a ser lida e que após a leitura da
frase deveria apertar o botão direito do joystick (controle), logo após aparecia na tela
novamente a bolinha no centro e depois o quadradinho que deveriam ser fixados para
que aparecesse na tela a pergunta sobre a frase que havia lido e responder com o botão
esquerdo caso a resposta fosse a que estava do lado esquerdo da tela e com o botão
direito caso a resposta fosse a que aparecia do lado direito da tela. Antes e depois da
leitura das instruções era realizado o processo de calibração, que se repetia algumas
vezes durante o experimento e que, por se tratar de um teste longo, poderia ser
aproveitado para a realização de pausas.
O trabalho experimental
178
A fim de avaliar se o participante tinha compreendido a tarefa e também para
que ele se adaptasse com o procedimento, antes do início do teste era realizado um
treinamento. Se os participantes se sentissem confortáveis para continuar, dava-se início
à tarefa. Em caso negativo, esclarecíamos as dúvidas existentes e repetíamos o
treinamento.
Hipótese
O objeto nulo em PB não está condicionado a traços semânticos, ou seja, ao traço de
animacidade, enquanto no PE há restrições quanto ao antecedente a ser retomado pelo
ON. A forma nula em PB será processada sem problemas, entretanto, em PE só será
possível a retomada se o antecedente for [-animado], sendo a correferência das
condições com a forma nula com antecedente [+animado] altamente dificultada.
Previsões
Espera-se que em PE:
Em relação ao pronome nulo, espera-se que nas sentenças em que ele retoma
antecedentes [-animados] os tempos de leitura sejam menos elevados do que na
condição em que ele retoma antecedente [+animado].
Nas sentenças em que o pronome está realizado, verificaremos se há uma
facilitação da retomada e se há uma preferência por retomadas de antecedentes
[+animados] ou [-animados] com esse tipo de pronome. Já que, de acordo com
Cyrino (1997), esta é a forma preferida para retomadas de antecedentes
[+animados].
O trabalho experimental
179
Por se tratar do PE, considerada uma língua [-prodrop] para o objeto, espera-se
maior custo de processamento para as condições NI e NA.
Espera-se que em PB:
Em relação ao pronome nulo, espera-se que não haja diferenças de tempos para
retomadas de antecedentes [-animados].
Nas sentenças em que o pronome está realizado, esperamos que haja facilitação
da retomada de antecedentes [+animados], estando de acordo com o que refere
Cyrino (1997), de que esta é a forma preferida para retomadas de antecedentes
[+animados].
Espera-se com a análise comparativa PB e PE:
Retomada com a forma plena será mais facilmente processada em PE e a forma
nula mais facilmente processada em PB.
Retomadas de antecedente [-animado] com a forma nula serão facilmente
processadas nas duas variedades, conforme proposto por Duarte e Costa (2013),
que a forma nula retoma preferivelmente antecedentes marcados negativamente
para o traço animacidade.
O trabalho experimental
180
1.2. Resultados
Os resultados abaixo apresentam análises onde obtivemos os tempos de leitura
dos segmentos críticos (verbo e advérbio) e de releitura, mensurados em milésimos de
segundo (medida on-line), comparando-se as frases em que o pronome estava realizado
com as frases em que o pronome estava nulo, retomando sintagmas nominais (SNs) em
posição de objeto animados ou inanimados. Além dos dados on-line, apresentaremos os
índices de aceitabilidade averiguados na questão interpretativa (medida off-line).
1.2.1. Resultados PE
1.2.1.1. Resultados off-line
Iniciaremos a apresentação dos resultados obtidos com as percentagens de
aceitabilidade de retomada com objeto apresentadas em uma questão no final de cada
sentença. Tal pergunta foi feita a fim de observar se os participantes estavam fazendo a
tarefa com a devida atenção e se uma ou outra forma influenciaria nos índices de
aceitabilidade.
Gráfico 29. Percentagem de respostas à questão final - Objeto.
O trabalho experimental
181
Retomadas de Objeto
SIM NÃO
Animado
Nulo 72% 28%
Pleno 88% 12%
Inanimado
Nulo 73% 27%
Pleno 92% 8%
Tabela 26: Percentagem de aceitabilidade - Objeto
Pode-se observar, no gráfico e na tabela apresentados acima, que em todas as
condições a aceitação para a retomada de objeto teve índices elevados, sendo a condição
com pronome pleno retomando um antecedente animado a condição em que os índices
de aceitabilidade foram maiores. Nas demais condições não houve diferenças.
De acordo com a análise estatística, as respostas ao questionário indicam que há
efeito principal de pronome (p=0.003), sendo as condições com pleno as que obtiveram
índices de aceitabilidade mais elevados.
Estimate SE z-value p-value
(Intercept) 2.075 0.269 7.719 <0.001
PronCENTERED 1.514 0.505 3.001 0.003
AnimCENTERED 0.318 0.299 1.064 0.287
PronCENTERED:AnimCENTERED 0.438 0.540 0.811 0.417 Tabela27: Análise estatística de índice de aceitabilidade posição de objeto PE
Referente as respostas às perguntas das distratoras, a percentagem de erros varia
entre 2% e 12%, com uma média de 6%. Considerando que todos os participantes
acertaram mais de 80% das questões não excluímos nenhum participante da análise.
O trabalho experimental
182
1.2.1.2. Resultados on-line
Como já foi dito anteriormente, os registros da movimentação ocular durante a
leitura permite-nos fazer uma análise de diferentes variáveis dependentes. Para o
presente experimento analisaremos os tempos de leitura dos segmentos críticos
verbo+clítico e advérbio nas seguintes medidas: (i) primeira leitura do segmento (First
pass reading time) e (ii) tempo total de leitura (Total Fixation).
Como a região do verbo tem uma extensão variável devido ao uso do clítico nas
condições com pleno e ao não uso nas condições com nulo, os tempos foram
residualizados, como na região da soma do pronome com o verbo dos experimentos em
posição de sujeito. A região do verbo é a que mais nos interessa nesse estudo, mas a
região do advérbio será analisada para verificarmos se a resolução da correferência se
dará em um momento tardio, devido as dificuldades inerentes da categoria vazia em
posição de objeto e ao traço de animacidade.
1. First Pass
Como nos testes anteriores, foram rejeitadas todas as condições em que não
havia dados nas regiões a serem analisadas e os tempos menores que 100ms e acima da
média +2.5 do desvio padrão. Para uma análise mais robusta e uniforme, optamos por
residualizar os tempos nas regiões de interesse, já que, além da extensão dos segmentos
também temos a influência de fatores externos por se tratar de equipamentos diferentes
e de variedades diferentes da língua.
O trabalho experimental
183
1.1. Verbo
Na análise na posição de verbo não encontramos resultados, sendo os tempos
médios residuais de primeira leitura muito próximos em cada condição. Apesar do
gráfico abaixo apresentar uma diferença aparente entre o tipo de pronome, sendo as
condições com plenos as que apresentam menos dificuldades de processamento, não foi
significativo estatisticamente.
Gráfico30: Médias FP (residuals) da região verbo+clítico em PE – Exp. 2 Objeto.
1.2. Advérbio
Os resultados encontrados na posição de advérbio mostram efeito de pronome,
sendo a condição com nulo as com menos tempo, mas não nos parece que seja devido
ao nulo ter sido aceito com maior facilidade que o pleno, mas um efeito de aceleração
da leitura em busca do elemento que está em falta.
O trabalho experimental
184
Gráfico31: Médias FP (residuals) da região advérbio em PE – Exp. 2 Objeto.
Estimate SE t-value p-value
(Intercept) 0.424 10.280 0.041 0.967 PronCENTERED 45.633 17.518 2.605 0.009 AnimCENTERED 14.051 15.116 0.930 0.353 PronCENTERED:AnimCENTERED 20.095 29.478 0.682 0.495
Tabela28: Análise estatística da região advérbio (residuals)PE – Exp. 2 Objeto
2. Total Pass
Assim como nos tempos de primeira leitura, também excluímos para a análise
dos tempos totais de leitura (total pass) todos os dados inferiores a 100ms, inclusive os
zeros, e os valores maiores que a média mais 2.5 do desvio padrão, além de
residualizarmos todos os dados.
O trabalho experimental
185
2.1. Verbo
Podemos perceber com os tempos de leitura total e com a análise estatística que
não houve efeito principal para nenhum dos fatores testados. Ao observar o gráfico,
percebe-se visualmente a distinção entre a retomada por um antecedente [+animado] ou
[-animado] por parte do pronome nulo.
Gráfico32: Médias TP (residuals) da região verbo+clítico em PE – Exp. 2 Objeto.
2.2. Advérbio
Podemos perceber com os tempos de leitura total e com a análise estatística que
não houve efeito principal para nenhum dos fatores testados. Ao observar o gráfico, não
percebe-se visualmente nenhuma distinção, nem mesmo mínima, o que nos leva a
interpretar que essa região não teve muitas releituras devido ao fato de o processamento
da correferência já ter sido resolvido na região do verbo.
O trabalho experimental
186
Gráfico33: Médias TP (residuals) da região verbo+pronome em PE – Exp. 2 Objeto.
1.2.1.3. Discussão dos Resultados
O objeto nulo em PE é considerado uma variável, ou seja, uma categoria vazia
resultante de movimento e não pode ocorrer em contextos de ilha sintática, em orações
adjuntas, relativa e interrogativas QU, Raposo (1986). Tendo o PE tais características, e
sendo ele categoricamente classificado como uma língua não marcada positivamente
para o padrão prodrop em posição de objeto, era de se esperar que os participantes
tivessem mais facilidade para processar e interpretar estruturas em que o pronome
estava realizado ( na sua forma clítica) como nas condições PA (A diretora aprovou o
locutor para o leilão de beneficência, depois considerou-o excessivamente caro para o
evento.) e PI (A diretora aprovou o cartaz para o leilão de beneficência, depois
considerou-o excessivamente caro para o evento.), o que pode ser observado nos
resultados off-line, em que foi observado um maior índice de aceitação para as
condições com plenos, e um maior número de não aceitação com nulo, caracterizando
um efeito principal de pronome (p=0.003). Relativamente ao traço de animacidade, os
O trabalho experimental
187
resultados off-line mostram que não houve diferenças relativas a esse traço na
interpretação para as questões finais.
Para iniciarmos as análises on-line medimos os tempos de primeira leitura na
região do verbo e do advérbio. Na região do verbo não foram encontrados resultados
significativos para nenhum dos fatores analisados, mas podemos perceber que os
tempos de leitura nessa região foram menores para as condições com o pronome pleno.
Já a região do advérbio apresentou efeito principal para o tipo de pronome, sendo as
condições com nulo as mais rápidas. A priori não vamos considerar aqui, assim como
não fizemos com o resultado encontrado com o teste off-line, a aceitação do objeto nulo
em sentenças como NA (A diretora aprovou o locutor para o leilão de beneficência,
depois considerou excessivamente caro para o evento.) e NI (A diretora aprovou o
cartaz para o leilão de beneficência, depois considerou excessivamente caro para o
evento.) testadas na presente pesquisa. Primeiramente vamos considerar que esse
resultado deve-se ao fato de o participante ter acelerado a leitura em busca de um
elemento em falta, que seria um argumento obrigatório do verbo, que será confirmado,
ou não, pelos resultados encontrados com os tempos de leitura total (total pass).
Os tempos totais de leitura nos mostram que não há efeito principal para
nenhuma das regiões testadas. Por haver uma grande variação entre os tempos totais das
regiões testadas não temos resultados conclusivos.
A partir dos dados obtidos e dos resultados encontrados para o PE, nos é
permitido concluir a partir dos resultados off-line que em PE há um custo de
processamento maior para os objetos nulos. Não podemos afirmar que o traço de
animacidade em PE mostra-se como fator restritivo a utilização ou não do nulo, já que
O trabalho experimental
188
os resultados não mostraram-se significativamente distintivos assim como foi observado
por Duarte e Costa (2013).
1.2.2. Resultados para o PB
1.2.2.1. Resultados off-line
Iniciaremos a apresentação dos resultados obtidos com as percentagens de
aceitabilidade de retomada do objeto observadas nas perguntas apresentadas no final de
cada sentença. Tal pergunta foi feita a fim de observar se os participantes estavam
fazendo a tarefa com a devida atenção.
Gráfico 34. Percentagem de respostas certas à questão final - Objeto.
O trabalho experimental
189
Retomadas de Objeto
SIM NÃO
Animado
Nulo 76% 24%
Pleno 83% 17%
Inanimado
Nulo 71% 29%
Pleno 74% 26%
Tabela 29: Percentagem de aceitabilidade de retomadas - Objeto
Pode-se observar, no gráfico e na tabela apresentados acima, que em todas as
condições o índice de aceitabilidade foi elevado, sendo a condição com pronome pleno
retomando um antecedente animado a condição em que os índices de aceitabilidade
foram maiores. Nas demais condições não houve diferenças.
Os resultados estatísticos mostram que houve efeito principal de pronome
devido às condições com nulo terem apresentado índices maiores de rejeição do que as
condições com pleno.
Estimate SE z-value p-value
(Intercept) 1.659 0.311 5.328 <0.001
PronCENTERED 0.454 0.228 1.987 0.047
AnimCENTERED -0.487 0.443 -1.098 0.272
PronCENTERED:AnimCENTERED -0.349 0.456 -0.766 0.444
Tabela30: Análise estatística do índice de aceitabilidade de retomadas posição de objeto PB
O trabalho experimental
190
1.2.2.2. Resultados on-line
1. First Pass
Como nos testes anteriores, foram rejeitadas todas as condições em que não
havia dados nas regiões a serem analisadas. Foram extraídos em todas as regiões os
valores de fixação inferiores a 100ms e acima da média + 2.5 do desvio padrão.
Com a finalidade de cobrir a lacuna da posição do pronome, optamos por fazer a
análise residualizada nas duas regiões em análise para que pudéssemos fazer o
comparativo entre as condições com nulo e com pleno. Para tal, somamos o número
total gasto na região e dividimos por caracteres e, posteriormente, a diferença do valor a
média.
1.1. Verbo
Os resultados encontrados na região do verbo mostram que há efeito principal de
pronome (p=0.054) devido aos tempos mais elevados para as condições com pronome
pleno. Quanto ao fator animacidade, não foram encontrados resultados relevantes
estatisticamente, mas podemos perceber no gráfico que a condição em que o pronome
nulo retoma um antecedente inanimado (NI) a que teve tempo mais baixo.
O trabalho experimental
191
Gráfico35: Tempos médios FP (residuals) para a região do Verbo em PB
Estimate SE t-value p-value
(Intercept) 0.098 21.602 0.005 0.996
PronCENTERED 65.083 33.760 1.928 0.054
AnimCENTERED -47.458 33.758 -1.406 0.160
PronCENTERED:AnimCENTERED 20.655 67.520 0.306 0.760
Tabela31: Análise estatística FP (residuals) para a região do Verbo em PB
1.2. Advérbio
Os resultados encontrados na região do advérbio não mostraram efeito principal
para nenhum dos fatores analisados. Percebe-se, ao olhar o gráfico, que o padrão
observado no gráfico da região do verbo se mantém, as condições com nulo mais
rápidas do que as condições com pleno.
O trabalho experimental
192
Gráfico36: Tempos médios FP (residuals) para a região do Verbo em PB
2. Total Pass
Assim como na análise de first pass, na análise Total Pass excluímos da análise
os tempos menores que 100ms, inclusive os zeros e os tempos maiores que a média +
2.5 de desvio padrão.
2.1. Verbo
A análise dos tempos totais de leitura da região do verbo não mostrou-se
significativo para os fatores testados. Observando o gráfico podemos perceber que na
leitura total da região verbo as médias residuais foram menores nas condições em que
ambas as forma pronominais retomavam o antecedente [+ animado].
O trabalho experimental
193
Gráfico37: Tempos médios TP (residuals) para a região do Verbo em PB
2.2. Advérbio
A análise estatística dos tempos totais de leitura da região do advérbio não
mostrou-se significativa, mas percebe-se ao observar o gráfico que a condição em que o
pronome pleno retoma o antecedente [+animado] tem tempos médios residuais mais
baixos do que as demais condições.
Gráfico38: Tempos médios TP (residuals) para a região do Advérbio em PB
O trabalho experimental
194
1.2.2.3. Discussão dos Resultados
Levando-se em consideração os estudos de Cyrino (1995, 1997, 2000, entre
outros) que classificam o PB como uma língua de objeto nulo e que esse ON ocorre
livremente em qualquer contexto sintático e que tal categoria tem o mesmo
comportamento que um pronome, era de se esperar que nas estruturas testadas, em que o
pronome não aparece lexicalmente realizado, tanto os tempos de leitura quanto as
respostas à questão interpretativa fossem favoráveis a essa afirmação, indo de acordo
com nossa hipótese de que em PB os objetos nulos são preferenciais para retomada de
um referente em posição de objeto.
Ao observar os resultados encontrados no teste off-line podemos perceber que
essa distinção não foi observada, devido ao maior índice de não aceitação nas condições
com nulo houve efeito principal de tipo de pronome, tendo sido o pronome pleno
considerado o mais fácil para retomada do antecedente objeto. Ao colocarmos o traço de
animacidade em questão, não podemos perceber efeitos do traço para a retomada pelas
formas pronominais.
Referente aos resultados encontrados na medida on-line, os tempos de primeira
leitura das regiões observadas (verbo+clítico e advérbio) demonstram resultados
opostos aos encontrados no teste off-line, os tempos de leitura das condições com
pronome nulo foram menores do que os tempos de leitura das condições com pleno, o
que era de se esperar, indo ao encontro do que diz na literatura. A análise estatística
mostra que houve efeito principal de pronome, além disso, percebemos também que
quando o antecedente era menos animado esse tempo foi bem menor, tendo sido esse o
motivador para que o efeito de pronome aparecesse, mesmo não havendo efeitos de
interação. Tais conclusões não foram confirmadas com a análise dos tempos totais de
O trabalho experimental
195
leitura, em que encontramos tempos de leitura menores para a condição em que o
pronome pleno retoma antecedente [+animado].
Podemos inferir que esses resultados foram encontrados e mostram-se tão
discrepantes devido ao fato de o objeto pronominal estar na forma de um clítico, que
segundo Duarte (1989), está em total desuso em PB e poderia ter causado um
estranhamento nos participantes durante a primeira leitura ao se depararem com essa
forma em estruturas como (A diretora aprovou o cartaz para o leilão de beneficência,
depois considerou-o excessivamente caro para o evento.), em que era de se esperar que
estivesse realizado na forma do pronome pessoal “ele”, ou seja, a média de tempo
elevada nas condições com pleno na primeira leitura pode ser um indicativo da perda do
clítico em PB.
Observando somente os dados obtidos com os tempos totais de leitura, podemos
observar que não houve efeito principal de nenhum dos fatores testados em nenhuma
das regiões de interesse, entretanto observamos dados interessantes a serem discutidos,
principalmente relativamente aos traços envolvidos na pesquisa, mais especificamente o
traço de animacidade ([+/- animado]) e o traço de especificidade ([+especifico]).
Optamos por testar somente a binaridade do traço de animacidade para termos uma
análise mais robusta desse traço e colocamos o traço de especificidade somente marcado
positivamente para observarmos mais especificamente se esse traço influenciaria de
alguma forma a retomada de um antecedente [+/- animado]. Shewenter e Silva (2003)
observaram em seu estudo de corpora que referentes [+animados] e [+específicos]
favorecem a retomada pelo pronome pleno e que referentes [-animados] e [+específicos]
favorecem a retomada pelo pronome nulo.
O trabalho experimental
196
De acordo com o que foi encontrado na presente pesquisa na região do verbo,
região que consideramos mais importante para a nossa análise, tal afirmação só pode ser
confirmada em partes, já que os dados de leitura total mostram que, estando de acordo
com os autores, os tempos foram mais rápidos para as condições com pleno retomando
antecedente [+animado], mas relativamente ao pronome nulo a afirmação não se
confirma, já que os tempos foram mais elevados na condição em que retomava um
antecedente [-animado] em relação aos tempos em que retomava um antecedente
[+animado].
Globalmente, nossos resultados indicam que tanto a forma plena quanto a forma
nula são processadas com mais facilidade ao retomar antecedentes [+ animados] e esses
custos de processamento refletem nos resultados off-line em que o índice de
aceitabilidade foi maior para as condições em que o antecedente tinha o traço de
animacidade marcado positivamente.
1.2.3. Análise comparativa entre PB e PE
Questão:
Serão os mesmos os fatores que influenciam a retomada de um antecedente por
diferentes expressões referenciais em PB e em PE, levando-se em consideração fatores
como: animacidade e estrutura sintática. PB e PE apresentam disparidade em relação a
utilização do pronome nulo em posição de objeto?
Testando estruturas subordinadas do PE e do PB verificaremos se a afirmação feita por
Tarallo (1996) de que o PB e o PE diferem em relação ao parâmetro de objeto nulo,
sendo o primeiro marcado positivamente e o segundo negativamente se confirma.
O trabalho experimental
197
Pretende-se observar se com as estruturas testadas o que foi proposto por Cyrino (1997)
acerca do traço de animacidade e a retomada por pronome nulo ou por pronome pleno
se confirmam.
1.2.3.1. Resultados off-line
Iniciaremos a apresentação dos contrastes entre os resultados encontrados para
PB e para PE a partir dos dados off-line de questionário. Observamos que há efeito
principal de pronome (p<0.001) devido ao alto índice de rejeição para as condições com
nulo nas duas variedades, sendo a variedade do PB a que apresentou maior rejeição e
devido a esse resultado a análise estatística mostrou que há efeito principal também de
variedade (p=0.041). A análise estatística mostrou também que há interação entre o
fator pronome e o fator variedade (p=0.020) devido ao PE apresentar índices de
aceitabilidade maiores nas condições com pleno em relação ao PB. Os fatores
animacidade e variedade também apresentaram efeito de interação (p=0.018)
apresentando o PB os maiores índices de rejeição nas condições com antecedentes
inanimados.
O trabalho experimental
198
Estimate SE z-value p-value
(Intercept) 1.814 0.219 8.291 <0.001
PronCENTERED 0.975 0.251 3.885 <0.001
AnimCENTERED -0.045 0.302 -0.149 0.882
VarCENTERED 0.594 0.291 2.043 0.041
PronCENTERED:AnimCENTERED 0.082 0.353 0.232 0.817
PronCENTERED:VarCENTERED 1.163 0.500 2.326 0.020 AnimCENTERED:VarCENTERED 0.832 0.353 2.360 0.018
PronCENTERED:AnimCENTERED:VarCENTERED 0.865 0.704 1.229 0.219
Tabela 32: Análise estatística comparativa dos resultados off-line
A partir da comparação dos resultados off-line entre PB e PE podemos inferir
que o maior índice de rejeição para as condições com nulo nas duas variedades deve-se
ao fato de em ambas a preferência seja que a posição de objeto esteja preenchida.
Percebemos que em PB tanto a condição retomando antecedente [+animado] quanto a
condição retomando antecedente [-animado] apresentam maiores índices de
aceitabilidade quando o pronome era pleno, o que também acontece com o PE, que
apresenta maiores índices de aceitabilidade com o pleno retomando antecedentes [+/-
Gráfico39: aceitabilidade nas diferentes condições
em PE Gráfico40: aceitabilidade nas diferentes condições
em PB
O trabalho experimental
199
animados], sendo para o PB o pleno retomando animados o com índices de
aceitabilidade maiores e o pleno retomando inanimados o com índices de aceitabilidade
maiores para o PE.
Os índices de aceitabilidade nos mostram que há efeito de animacidade x
variedade, o que quer dizer que o fator animacidade é um fator distintivo para as duas
variedades.
1.2.3.2. Resultados on-line
1. First Pass
Apresentaremos o estudo comparativo sob a metodologia on-line em que
averiguaremos os comportamentos oculares de primeira leitura dos participantes
comparativamente.
1.1. Verbo
A análise comparativa na região do verbo nos mostra que há efeito de interação
entre o pronome e a variedade (p=0.039) que se dá devido haver disparidade no uso do
pronome em cada variedade, tendo sido as condições com nulo as que apresentaram
custos de processamento menores do que as condições com pleno e o oposto acontece
com o PE, em que as condições com pleno apresentaram os custos de processamento
menores do que as condições com nulo. Aqui assumimos que os tempos elevados para a
condição com pleno em PB devem-se ao fato de ter ocorrido um estranhamento
relacionado ao uso do clítico.
O trabalho experimental
200
Estimate SE t-value p-value
(Intercept) 0.982 11.930 0.082 0.934
PronCENTERED 28.036 18.537 1.512 0.130
AnimCENTERED -27.721 18.535 -1.496 0.135
VarCENTERED 0.511 18.557 0.028 0.978
PronCENTERED:AnimCENTERED 13.420 37.098 0.362 0.718
PronCENTERED:VarCENTERED -76.722 37.104 -2.068 0.039
AnimCENTERED:VarCENTERED 41.260 37.091 1.112 0.266
PronCENTERED:AnimCENTERED:VarCENTERED -16.205 74.273 -0.218 0.827
Tabela 33: Análise estatística dos resultados comparativos de primeira leitura do VERBO
1.2. Advérbio
A análise comparativa na região do advérbio nos mostra que há efeito principal
de pronome (p=0.001), devido o pronome nulo ter sido processado mais rápido nas duas
variedades.
Gráfico41: tempos de primeira leitura em [ms]
nas diferentes condições em PE VERBO Gráfico42: tempos de primeira leitura em [ms]
nas diferentes condições em PB VERBO
O trabalho experimental
201
Estimate SE t-value p-value
(Intercept) 0.661 8.673 0.076 0.939
PronCENTERED 37.512 10.828 3.464 0.001
AnimCENTERED 11.920 12.897 0.924 0.355
VarCENTERED -1.079 10.470 -0.103 0.918
PronCENTERED:AnimCENTERED 15.065 20.935 0.720 0.472
PronCENTERED:VarCENTERED 16.580 21.511 0.771 0.441
AnimCENTERED:VarCENTERED 4.092 21.306 0.192 0.848
PronCENTERED:AnimCENTERED:VarCENTERED 9.587 41.881 0.229 0.819
Tabela 34: Análise estatística dos resultados comparativos de primeira leitura do (ADVÉRBIO)
2. Total Pass
Apresentaremos o estudo comparativo sob a metodologia on-line em que
averiguaremos os comportamentos oculares de leitura total dos participantes dos dois
grupos comparativamente.
Gráfico43: tempos de primeira leitura em [ms]
nas diferentes condições em PE (ADVÉRBIO) Gráfico44: tempos de primeira leitura em [ms]
nas diferentes condições em PE (ADVÉRBIO)
O trabalho experimental
202
2.1. Verbo
A análise comparativa na região do verbo com os tempos totais não mostrou
efeito para nenhum dos fatores testados. O que se nota ao olhar os dados é que,
aparentemente, há uma restrição de animacidade para o pronome nulo em PE devido os
custos de processamento para essa forma retomando antecedente [-animado] terem sido
menores, comparativamente com a mesma forma retomando antecedente [+animado]. O
contrário acontece com o PB, em que não se percebe restrição de animacidade para
nenhuma das formas, nulo e pleno retomam da mesma forma antecedentes [+animados].
Para a retomada de antecedentes [-animados] percebe-se um custo de processamento um
pouco maior para a forma plena, mas não se trata de um indicativo de restrição, já que
houve uma variação muito grande dos mesmos. A fim de termos resultados mais
consistentes e conclusivos sobre a animacidade é necessário aumentar o número de
participantes e de dados analisados.
Gráfico 45: tempos de leitura total nas
diferentes condições em PE (VERBO) Gráfico 46: tempos de leitura total nas
diferentes condições em PB (VERBO)
O trabalho experimental
203
Estimate SE t-value p-value
(Intercept) 0.260 23.787 0.010 0.991
PronCENTERED 7.366 25.826 0.258 0.775
AnimCENTERED 9.681 27.887 0.347 0.728
VarCENTERED -1.821 24.751 -0.073 0.941
PronCENTERED:AnimCENTERED 31.968 49.522 0.645 0.519
PronCENTERED:VarCENTERED -12.981 49.449 -0.262 0.793
AnimCENTERED:VarCENTERED -65.802 55.795 -1.179 0.238
PronCENTERED:AnimCENTERED:VarCENTERED 9.275 99.114 0.093 0.925
Tabela 35: Análise estatística dos resultados comparativos de leitura total do (VERBO)
2.2. Advérbio
A análise comparativa dos tempos totais na região do advérbio, assim como os
resultados estatísticos da região do verbo, não nos mostram resultados significativos
estatisticamente para nenhum dos fatores testados. Ao observar os gráficos perceber que
em PE a condição com nulo retomando antecedentes animados foi a mais custosa. Já
para os dados do PB, comparativamente com o PE, podemos dizer que os tempos totais
dessa região nos indicam que as condições com pleno são processadas com mais
facilidade do que as condições com nulo, pois assumimos que não acontece em PB o
escoamento do processamento da correferência para esta posição, tendo sido resolvido
na posição do verbo. Para que os resultados sejam mais consistentes e conclusivos é
necessário que se faça uma análise de um grupo maior de participantes.
O trabalho experimental
204
Estimate SE t-value p-value
(Intercept) 2.867 33.587 0.085 0.932
PronCENTERED -21.719 24.791 -0.876 0.381
AnimCENTERED 23.393 21.779 1.074 0.283
VarCENTERED -2.915 21.789 -0.133 0.894
PronCENTERED:AnimCENTERED 43.318 43.564 0.994 0.320
PronCENTERED:VarCENTERED 41.169 49.587 0.830 0.406
AnimCENTERED:VarCENTERED -28.850 43.561 -0.662 0.508
PronCENTERED:AnimCENTERED:VarCENTERED -29.626 87.141 -0.339 0.734
Tabela 36: Análise estatística dos resultados comparativos de leitura total do (ADVÉRBIO)
1.2.3.3. Discussão dos Resultados
Tarallo (1996) afirma em seu estudo que PB e PE diferem em relação ao
parâmetro do objeto nulo, sendo o primeiro marcado positivamente e o segundo
marcado negativamente. Cyrino e Matos (2016) colocam em questão em seu estudo os
traços de animacidade e de especificidade e concordam com Duarte e Costa (2003)
quando afirmam que para o PE o traço de animacidade é um fator que restringe a
utilização ou não do nulo, sendo possível apenas quando o antecedente é [-animado].
Gráfico47: tempos de leitura total nas
diferentes condições em PE (ADVÉRBIO)
Gráfico48: tempos de leitura total nas
diferentes condições em PB (ADVÉRBIO)
O trabalho experimental
205
No presente estudo era de se esperar que essa afirmação de Tarallo sobre o
parâmetro do objeto nulo para o PB e o PE fosse observada sob a perspectiva do
processamento, a fim de delinear melhor a afirmação feita a partir de estudos de corpora
e de representação gramatical. Pretendíamos também verificar o papel do traço
semântico de animacidade do antecedente, que é colocado como um traço definidor de
qual forma pronominal deverá ser utilizada.
Sendo o PE uma língua classificada categoricamente como uma língua não
marcada positivamente para o padrão pro-drop em posição de objeto e o PB uma língua
marcada positivamente era de se esperar que em estruturas como NA “O professor
levou a aluna para a secretaria da escola, depois encaminhou cautelosamente para a
casa da avó.” e NI “O professor levou a prova para a secretaria da escola, depois
encaminhou cautelosamente para o cofre da sala.” as duas variedades apresentassem
comportamentos distintos. Para o PE, indo de acordo com a literatura, era de se esperar
resultados que demonstrem a não aceitação do pronome nulo para a retomada do
antecedente, e para o PB era de se esperar que não houvesse dificuldade para essa
retomada comparativamente com a forma plena, como em PA “O professor levou a
aluna para a secretaria da escola, depois encaminhou cautelosamente para a casa da
avó.” e em PI “O professor levou a prova para a secretaria da escola, depois
encaminhou cautelosamente para o cofre da sala.”
Não consideramos que o PE seja tão restritivo, no presente trabalho
pretendemos confirmar a hipótese de que em PE o pronome nulo é processado
preferencialmente em estruturas em que o seu antecedente carrega o traço [-animado],
mas consideramos também que a forma plena é a preferida para a retomada de qualquer
antecedente, seja ele [+animado] ou [-animado]. Já para o PB era de se esperar que a
utilização do objeto nulo não estivesse condicionada ao traço de animacidade do
O trabalho experimental
206
antecedente, sendo a forma nula possível para retomar um antecedente [+animado] ou [-
animado].
Ao observar os resultados off-line, comparativamente, observamos que as duas
variedades apresentaram maiores índices de rejeição para as condições com nulo, o que
pode presumir que a forma plena, possivelmente, seja a preferida nas duas variedades.
Relativamente aos resultados on-line, não se pode ter afirmações embasadas em
resultados estatísticos, pois os dados de análises tanto de primeira leitura quanto de
leitura total não se mostram significativos.
Após uma análise mais aprofundada dos resultados levantamos a hipótese de que
os altos custos de processamento com a forma plena em PB devem-se ao fato de termos
usado a forma clítica do pronome, já que os estudos referem que os clíticos de 3.ª pessoa
desapareceram em PB, segundo Cyrino (2003) os clíticos caíram em PB devido a sua
baixa referencialidade, sendo substituídos pelo objeto nulo, devido considerar o ON
como uma consequência do Princípio Evitar Pronome, ou então pelo pronome pessoal
“ele”.
Considerações Finais
207
6. Considerações Finais
Começamos as conclusões do nosso trabalho com uma síntese dos resultados de
cada um dos experimentos realizados, resumindo as conclusões que se pode tirar de
cada um dos experimentos. No final tentaremos articular os resultados de todos os
experimentos de modo a verificar o que esses resultados nos mostram acerca do
processamento da correferência pronominal em posição de sujeito e em posição de
objeto no Português Brasileiro e no Português Europeu.
Dividimos os experimentos em duas partes, o experimento 1, que trata da
posição de sujeito e o experimento 2, que trata da posição de objeto. Esses experimentos
foram divididos em dois grupos, grupo 1 – falantes nativos de PB e grupo 2 – falantes
nativos de PE, portanto, apresentaremos a síntese de quatro resultados e mais dois
fazendo o comparativo entre as duas variedades da língua portuguesa.
Nos dois experimentos usamos estruturas complexas do português que foram
cuidadosamente pensadas e devidamente adaptadas para cada uma das variedades
testadas para que não houvesse nenhuma diferença que pudesse comprometer os
resultados dos testes. As estruturas testadas no experimento 1, em que testamos a
posição de sujeito, são orações completivas com um SN complexo, em que manipulou-
se o número para que a retomada do SN a ser retomado fosse forçada, como por
exemplo nas sentenças abaixo.
(152) No final da noite, [os estagiáriosi] d[o arquiteto
k] informaram que
discutiam [Ø]/elesi irritadamente com frequência.
Considerações Finais
208
(153) No final da noite, [os estagiáriosi] d[o arquiteto
k] informaram que
discutiam [Ø]/elesk irritadamente com frequência.
As estruturas testadas no experimento 2, em que testamos a posição de objeto,
são orações subordinadas em que manipulamos o traço de animacidade do antecedente a
ser retomado, nesse experimento não houve manipulação de outros fatores.
(154) A diretora aprovou [locutor] para o leilão de beneficência, depois
considerou-[o]/[Ø] excessivamente caro para o evento.
(155) A diretora aprovou [o cartaz] para o leilão de beneficência, depois
considerou-[o]/[Ø] excessivamente caro para o evento.
No experimento 1 monitoramos os comportamentos oculares dos participantes
durante a leitura de frases com as exemplificadas em (152) e (153) e verificamos que os
participantes falantes nativos de PE apresentam maior facilidade em sentenças em que o
pronome nulo retomava o SN1. Os pronomes plenos tiveram custos de processamento
maiores nas condições em que retomava o SN1 e menos custos na condição em que
retomava o SN2 alargando a afirmação feita por Costa, Faria e Matos (1998) e por
Luegi (2012) que afirmaram que o pronome pleno retoma antecedentes não sujeito.
Com os resultados encontrados em nosso teste em que não havia um antecedente em
posição não sujeito e sim em posição de sujeito, mas não saliente, podemos dizer que a
afirmação pode ser a de que pronomes plenos retomam antecedentes menos salientes
dentro da estrutura, independentemente se ele se encontra em posição de objeto ou se
ele se encontra encaixado dentro do sujeito.
Considerações Finais
209
Observamos que as restrições gramaticais colocados em questão por Barbosa,
Duarte e Kato (2005) relacionadas com o fato de as formas nulas só poderem correferir
com um antecedente que a c-comande é altamente pertinente, já que observamos que o
pronome nulo teve custos de processamento menores para o antecedente mais saliente e
que c-comanda a forma nula.
O fato de as completivas estabelecerem uma relação mais forte com a sua oração
principal do que as adverbiais não influenciou nos resultados, a posição estrutural da
sentença foi totalmente levada em consideração. Completivas retomam com a forma
nula preferencialmente antecedentes mais salientes assim como foi observado por Luegi
(2012).
Os resultados encontrados com os falantes nativos de PB demonstram que, assim
como ocorre com o PE, a forma nula retomando o antecedente SN1 apresenta maior
facilidade de processamento em relação com a retomada do SN2. Tal resultado se apoia
na Teoria da Acessibilidade de Ariel (2001). Quanto ao que se refere à relação
gramatical, os resultados também indicam que a relação de c-comando também é
determinante para o estabelecimento da correferência com a forma nula.
A classificação proposta por Roberts e Holmberg (2010) sobre o sujeito nulo,
classifica o PB como sendo uma língua de sujeito nulo parcial. Sendo assim, era de se
esperar que sentenças do tipo PS1 e PS2, em que os antecedentes eram retomados pela
forma plena tivessem tempos de processamento menores do que as condições com nulo.
Observamos que a forma plena do PB é usada para retomar tanto antecedentes em
posição mais alta, que esteja sendo c-comandado pelo antecedente ou em posição mais
baixa, nesse caso encaixada, não havendo preferências por um ou por outro, e que
Considerações Finais
210
obedecendo as restrições de c-comando o nulo retoma o seu antecedente sem grandes
dificuldades de processamento.
Comparativamente, os resultados das duas variedades mostram que o elemento
mais saliente dentro da estrutura é preferível para a retomada pela forma nula e relativo
a forma plena, em PB as duas formas, tanto SN1 quanto SN2 são passíveis de serem
retomados pelo pronome, entretanto em PE a retomada da forma plena pelo SN1 teve
maior custo, já que está forma é preferivelmente retomada pela forma nula.
Segundo Roberts e Holmberg (2010) PB e PE pertencem a grupos diferentes
dentro dos grupos de línguas marcadas positivamente para o parâmetro do sujeito nulo.
Segundo esses autores o PB seria classificado como uma língua de sujeito nulo parcial e
o PE seria classificado como uma língua de sujeito nulo consistente.
Os resultados Off-line não mostraram resultados significativos que apontem
diferenças entre as duas variedades sendo em ambas as variedades a retomada do SN
mais alto (SN1) a preferida tanto para o pleno quanto para o nulo. Em PB e PE
percebemos que a escolha para o antecedente a ser retomado pelo nulo está relacionada
ao grau de acessibilidade que o antecedente apresenta, o pronome nulo tende a retomar
o antecedente mais acessível, ou seja, o antecedente mais saliente dentro da estrutura e é
o que acontece com as duas variedades sendo possível também inferir que a relação de
c-comando pode estar atuando no processamento da correferência, conforme referido
por Barbosa, Duarte e Kato (2005).
Relativo aos resultados on-line, tanto os de primeira leitura quanto os de leitura
total, os dados nos mostram que os efeitos encontrados foram, primordialmente, relativo
ao tipo de pronome, e mais especificamente devido aos tempos de leitura mais baixos
para o pleno em PB e mais baixos para o nulo em PE.
Considerações Finais
211
Globalmente os resultados encontrados no experimento 1 indicam que mesmo
com estruturas completivas há para o PE complementaridade das formas pronominais
observada por Costa, Faria e Matos (1998) e Luegi (2012) em estruturas adverbiais. A
forma nula retoma o antecedente mais saliente com maior facilitação e o pleno retoma o
antecedente menos saliente, nesse caso o SN encaixado no sujeito complexo, com mais
facilidade. O que não ocorre com o PB, em que o pronome pleno tem tempos mais
baixos para retomar qualquer um dos dois SNs do SN composto, o que nos dá indícios
de que o que vem sendo referido na literatura por Duarte (1995) e Barbosa, Duarte e
Kato (2005) sobre a improdutividade do Princípio Evitar Pronome em PB se
confirmam.
Tais resultados corroboram, em partes, os achados por Carminati (2002) em
estudo com o italiano. No italiano, pronomes nulos retomam antecedentes mais altos na
estrutura sintática e pronomes plenos retomam antecedentes em posição mais baixa,
distribuição complementar assim como o PE e diferente para o PB que retomas o SN1
com nulo mas a forma plena retoma os dois antecedentes da mesma forma.
No segundo experimento monitoramos os comportamentos oculares dos
participantes durante a leitura de frases com as exemplificadas em (154) e (155) e
verificamos que os participantes falantes nativos de PE apresentaram, na tarefa off-line,
índices de aceitação maiores para as condições com plenos, e um maior número de
rejeição com nulo, mostrando que o fator pronome é fundamental para o
estabelecimento da correferência em PE.
Os resultados on-line na posição do verbo não mostraram resultados
significativos para nenhum dos fatores testados. Já a região do advérbio apresentou
Considerações Finais
212
efeito principal para o tipo de pronome, sendo as condições com nulo as mais rápidas.
Na medida total pass não foram encontrados resultados relevantes.
Os resultados encontrados para o PB indicam que a afirmativa feita pela
proposta de Cyrino (1995, 1997, 2000, entre outros) não se confirma através do teste
off-line que mostra um maior índice de rejeição nas condições com nulo e apresentou
efeito principal de tipo de pronome, tendo sido o pronome pleno considerado o mais
fácil para retomada do antecedente objeto. O traço de animacidade não apresentou
efeitos do traço para a retomada pelas formas pronominais.
Referente aos resultados encontrados na medida on-line, os tempos de primeira
leitura das regiões observadas (verbo+clítico e advérbio) demonstram resultados
opostos aos encontrados no teste off-line, os tempos de leitura das condições com
pronome nulo foram menores do que os tempos de leitura das condições com pleno. A
análise estatística mostra que houve efeito principal de pronome
Podemos inferir que esses resultados foram encontrados e mostram-se tão
discrepantes nas duas medidas devido ao fato de o objeto pronominal estar na forma de
um clítico, que segundo Duarte (1989), está em total desuso em PB e poderia ter
causado um estranhamento nos participantes durante a primeira leitura ao se depararem
com estruturas com essa forma.
Cyrino e Matos (2016) colocam em questão em seu estudo os traços de
animacidade e de especificidade e concordam com Duarte e Costa (2003) quando
afirmam que para o PE o traço de animacidade é um fator que restringe a utilização ou
não do nulo, sendo possível apenas quando o antecedente é [-animado].
Ao observar os resultados off-line, observamos que as duas variedades
apresentaram maiores índices de rejeição para as condições com nulo, o que pode
Considerações Finais
213
presumir que a forma plena, possivelmente, seja a preferida nas duas variedades.
Relativamente aos resultados on-line, não se pode ter afirmações embasadas em
resultados estatísticos, pois os dados de análises de primeira leitura da região do verbo
não se mostram significativos. Em PB, o custo de processamento foi maior para o pleno
e, em PE o custo de processamento foi maior para o nulo, mas não apresentam
diferenças estatisticamente relevantes, mas o que foi observado vai ao encontro com o
que vem sendo referido na literatura, de que em PB o nulo prevalece e em PE o pleno é
a forma preferida.
Após uma análise mais aprofundada dos resultados levantamos a hipótese de que
os altos custos de processamento com a forma plena em PB devem-se ao fato de termos
usado a forma clítica do pronome, já que os estudos referem que os clíticos de 3ª pessoa
desapareceram em PB, segundo Cyrino (2003) os clíticos caíram em PB devido a sua
baixa referencialidade, sendo substituídos pelo objeto nulo, devido considerar o ON
como uma consequência do Princípio Evitar Pronome, ou então pelo pronome pessoal
“ele”, que precisa ser avaliado para se ter resultados mais consistentes acerca do
pronome nulo em posição de objeto.
A análise comparativa nos permite afirmar que PB e PE funcionam de maneira
diferente em relação a retomada em posição de objeto. Para o PE os tempos de
processamento da forma nula foram mais elevados do que os tempos da forma plena,
em oposição os tempos de processamento da forma plena foi mais rápido para o PB.
Relativo ao traço de animacidade, não foi possível tirar conclusões embasadas em testes
estatísticos.
Mais estudos sobre o objeto nulo devem ser feitos, principalmente pelo fato de
termos usado a forma clítica do pronome. É necessário que o teste seja feito com o
Considerações Finais
214
pronome ”ele” a fim de perceber se houve mesmo o estranhamento ou se os custos de
processamento sejam mesmo por conta da atuação do princípio Evitar Pronome.
Relativamente à questão principal da presente pesquisa, que gira em torno da
afirmativa de Tarallo (1996) de que PB e PE diferem totalmente em relação à categoria
vazia, PB preferencialmente preenchido na posição de sujeito e nulo em posição de
objeto e o PE sempre nulo em posição de sujeito e sempre pleno em posição de objeto,
podemos concluir que a partir de estudo de processamento também são observadas as
preferências colocadas por Tarallo. Observamos que para o PB há uma perda do
Princípio Evitar Pronome, enquanto que na posição de objeto esse princípio é altamente
levado em consideração e para o PE o oposto acontece, o princípio Evitar Pronome é
altamente produtivo em posição de sujeito e não produtivo em posição de objeto.
Sabemos que os resultados dessa análise não são conclusivos e que ainda há
muito o que se fazer acerca dos estudos sobre o parâmetro nulo, mais especificamente
em posição de objeto, como testar os traços de especificidade e gênero semântico
separadamente, o que é uma das propostas para trabalhos futuros.
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Anexos
223
Anexos
Anexo 1
224
Anexo 1
Lista das frases do experimento 1
Variedade Português Europeu
Anexo 1 – frases experimento 1 PE
225
name Sentence Question Certo Errado
PS1 No final da noite, os estagiários do arquiteto informaram que eles discutiam irritadamente com frequência.\n Quem discutia irritadamente com frequência? Os estagários O arquiteto
PS2 No final da noite, o estagiário dos arquitetos informou que eles discutiam irritadamente com frequência.\n Quem discutia irritadamente com frequência? O estagário Os arquitetos
NS1 No final da noite, os estagiários do arquiteto informaram que discutiam irritadamente com frequência.\n Quem discutia irritadamente com frequência? Os estagários O arquiteto
NS2 No final da noite, o estagiário dos arquitetos informou que discutiam irritadamente com frequência.\n Quem discutia irritadamente com frequência? O estagário Os arquitetos
PS1 Antes do jantar, os empregados do cozinheiro verificaram que eles fritavam excessivamente as bolas de Berlim.\n Quem fritava excessivamente as bolas de Berlim? Os empregados O cozinheiro
PS2 Antes do jantar, o empregado dos cozinheiros verificou que eles fritavam excessivamente as bolas de Berlim.\n Quem fritava excessivamente as bolas de Berlim? O empregado Os cozinheiros
NS1 Antes do jantar, os empregados do cozinheiro verificaram que fritavam excessivamente as bolas de Berlim.\n Quem fritava excessivamente as bolas de Berlim? Os empregados O cozinheiro
NS2 Antes do jantar, o empregado dos cozinheiros verificou que fritavam excessivamente as bolas de Berlim.\n Quem fritava excessivamente as bolas de Berlim? O empregado Os cozinheiros
PS1 Durante o treino, os herdeiros do empresário comentaram que eles bocejavam repetidamente durante as conversas.\n Quem bocejava repetidamente durante as conversas? Os herdeiros O empresário
PS2 Durante o treino, o herdeiro dos empresários comentou que eles bocejavam repetidamente durante as conversas.\n Quem bocejava repetidamente durante as conversas? O herdeiro Os empresários
NS1 Durante o treino, os herdeiros do empresário comentaram que bocejavam repetidamente durante as conversas.\n Quem bocejava repetidamente durante as conversas? Os herdeiros O empresário
NS2 Durante o treino, o herdeiro dos empresários comentou que bocejavam repetidamente durante as conversas.\n Quem bocejava repetidamente durante as conversas? O herdeiro Os empresários
PS1 Durante a festa, os coreógrafos do dançarino mecionaram que eles refletiam vagarosamente sobre o espetáculo.\n Quem refletia vagarosamente sobre os espetáculos? Os coreógrafos O dançarino
PS2 Durante a festa, o coreógrafo dos dançarinos mecionou que eles refletiam vagarosamente sobre o espetáculo.\n Quem refletia vagarosamente sobre os espetáculos? O coreógrafo Os dançarinos
NS1 Durante a festa, os coreógrafos do dançarino mecionaram que refletiam vagarosamente sobre o espetáculo.\n Quem refletia vagarosamente sobre os espetáculos? Os coreógrafos O dançarino
NS2 Durante a festa, o coreógrafo dos dançarinos mecionou que refletiam vagarosamente sobre o espetáculo.\n Quem refletia vagarosamente sobre os espetáculos? O coreógrafo Os dançarinos
PS1 Depois do café, os mecânicos do engenheiro acharam que eles reclamavam exaltadamente com os colegas.\n Quem reclamava exaltadamente com os colegas? Os mecânicos O engenheiro
PS2 Depois do café, o mecânico dos engenheiros achou que eles reclamavam exaltadamente com os colegas.\n Quem reclamava exaltadamente com os colegas? O mecânico Os engenheiros
NS1 Depois do café, os mecânicos do engenheiro acharam que reclamavam exaltadamente com os colegas.\n Quem reclamava exaltadamente com os colegas? Os mecânicos O engenheiro
Anexo 1 – frases experimento 1 PE
226
NS2 Depois do café, o mecânico dos engenheiros achou que reclamavam exaltadamente com os colegas.\n Quem reclamava exaltadamente com os colegas? O mecânico Os engenheiros
PS1 Depois do almoço, os admiradores do fotógrafo garantiram que eles preparavam cuidadosamente a seleção de fotos.\n Quem preparava cuidadosamente a seleção de fotos? Os admiradores O fotógrafo
PS2 Depois do almoço, o admirador dos fotógrafos garantiu que eles preparavam cuidadosamente a seleção de fotos.\n Quem preparava cuidadosamente a seleção de fotos? O admiradores Os fotógrafos
NS1 Depois do almoço, os admiradores do fotógrafo garantiram que preparavam cuidadosamente a seleção de fotos.\n Quem preparava cuidadosamente a seleção de fotos? Os admiradores O fotógrafo
NS2 Depois do almoço, o admirador dos fotógrafos garantiu que preparavam cuidadosamente a seleção de fotos.\n Quem preparava cuidadosamente a seleção de fotos? O admiradore Os fotógrafos
PS1 Depois do jantar, os ajudantes do pasteleiro relataram que eles roubavam descaradamente os donos da loja.\n Quem roubava descaradamente os donos da loja? Os ajudantes O pasteleiro
PS2 Depois do jantar, o ajudante dos pasteleiros relatou que eles roubavam descaradamente os donos da loja.\n Quem roubava descaradamente os donos da loja? O ajudante Os pasteleiros
NS1 Depois do jantar, os ajudantes do pasteleiro relataram que roubavam descaradamente os donos da loja.\n Quem roubava descaradamente os donos da loja? Os ajudantes O pasteleiro
NS2 Depois do jantar, o ajudante dos pasteleiros relatou que roubavam descaradamente os donos da loja.\n Quem roubava descaradamente os donos da loja? O ajudante Os pasteleiros
PS1 Durante o jantar, os assistentes do tesoureiro confirmaram que eles voltavam cautelosamente para a praça de touros.\n Quem voltava cautelosamente para a praça de touros? Os assistentes O tesoureiro
PS2 Durante o jantar, o assistente dos tesoureiros confirmou que eles voltavam cautelosamente para a praça de touros.\n Quem voltava cautelosamente para a praça de touros? O assistente Os tesoureiros
NS1 Durante o jantar, os assistentes do tesoureiro confirmaram que voltavam cautelosamente para a praça de touros.\n Quem voltava cautelosamente para a praça de touros? Os assistentes O tesoureiro
NS2 Durante o jantar, o assistente dos tesoureiros confirmou que voltavam cautelosamente para a praça de touros.\n Quem voltava cautelosamente para a praça de touros? O assistente Os tesoureiros
PS1 Durante a reunião, os discípulos do filósofo explicaram que eles pensavam incessantemente no sentido da vida. Quem pensava incessantemente no sentido da vida? Os discípulos O filósofo
PS2 Durante a reunião, o discípulo dos filósofos explicou que eles pensavam incessantemente no sentido da vida. Quem pensava incessantemente no sentido da vida? O discípulo Os filósofos
NS1 Durante a reunião, os discípulos do filósofo explicaram que pensavam incessantemente no sentido da vida. Quem pensava incessantemente no sentido da vida? Os discípulos O filósofo
NS2 Durante a reunião, o discípulo dos filósofos explicou que pensavam incessantemente no sentido da vida. Quem pensava incessantemente no sentido da vida? O discípulo Os filósofos
PS1 Ontem à noite, os tarefeiros do psicólogo esclareceram que eles examinavam minuciosamente as contas do
consultório.\n
Quem examinava minuciosamente as contas do
consultório?
Os tarefeiros O psicólogo
PS2 Ontem à noite, o tarefeiro dos psicólogos esclareceu que eles examinavam minuciosamente as contas do consultório.\n Quem examinava minuciosamente as contas do O tarefeiro Os psicólogos
Anexo 1 – frases experimento 1 PE
227
consultório?
NS1 Ontem à noite, os tarefeiros do psicólogo esclareceram que examinavam minuciosamente as contas do consultório.\n Quem examinava minuciosamente as contas do
consultório?
Os tarefeiros O psicólogo
NS2 Ontem à noite, o tarefeiro dos psicólogos esclareceu que examinavam minuciosamente as contas do consultório.\n Quem examinava minuciosamente as contas do
consultório?
O tarefeiro Os psicólogos
PS1 No fim de semana, os assessores do magistrado recordaram que eles pilotavam agressiavamente na pista de corrida.\n Quem pilotava agressivamente na pista de corrida? Os assessores O magistrado
PS2 No fim de semana, o assessor dos magistrados recordou que eles pilotavam agressiavamente na pista de corrida.\n Quem pilotava agressivamente na pista de corrida? O assessore Os magistrados
NS1 No fim de semana, os assessores do magistrado recordaram que pilotavam agressiavamente na pista de corrida.\n Quem pilotava agressivamente na pista de corrida? Os assessores O magistrado
NS2 No fim de semana, o assessor dos magistrados recordou que pilotavam agressiavamente na pista de corrida.\n Quem pilotava agressivamente na pista de corrida? O assessore Os magistrados
PS1 Durante o almoço, os delegados do aluno reiteraram que eles murmuravam constantemente no início das reuniões.\n Quem murmurava constantemente no início das
reuniões?
Os delegados O aluno
PS2 Durante o almoço, o delegado dos alunos reiterou que eles murmuravam constantemente no início das reuniões.\n Quem murmurava constantemente no início das
reuniões?
O delegado Os alunos
NS1 Durante o almoço, os delegados do aluno reiteraram que murmuravam constantemente no início das reuniões.\n Quem murmurava constantemente no início das
reuniões?
Os delegados O aluno
NS2 Durante o almoço, os delegados dos alunos reiterou que murmuravam constantemente no início das reuniões.\n Quem murmurava constantemente no início das
reuniões?
O delegado Os alunos
PS1 Durante o chá, os secretários do deputado comunicaram que eles escreviam apressadamente em todas as reuniões.\n Quem escrevia apressadamente em todas as reuniões? Os secretários O deputado
PS2 Durante o chá, o secretário dos deputados comunicou que eles escreviam apressadamente em todas as reuniões.\n Quem escrevia apressadamente em todas as reuniões? O secretário Os deputados
NS1 Durante o chá, os secretários do deputado comunicaram que escreviam apressadamente em todas as reuniões.\n Quem escrevia apressadamente em todas as reuniões? Os secretários O deputado
NS2 Durante o chá, o secretário dos deputados comunicou que escreviam apressadamente em todas as reuniões.\n Quem escrevia apressadamente em todas as reuniões? O secretário Os deputados
PS1 Durante o lanche, os adversários do ministro lembraram que eles aguardavam pacientemente a aprovação da lei.\n Quem aguardava pacientemente a aprovação da lei? Os adversário O ministro
Anexo 1 – frases experimento 1 PE
228
PS2 Durante o lanche, o adversário dos ministros lembrou que eles aguardavam pacientemente a aprovação da lei.\n Quem aguardava pacientemente a aprovação da lei? O adversário Os ministros
NS1 Durante o lanche, os adversários do ministro lembraram que aguardavam pacientemente a aprovação da lei.\n Quem aguardava pacientemente a aprovação da lei? Os adversário O ministro
NS2 Durante o lanche, o adversário dos ministros lembrou que aguardavam pacientemente a aprovação da lei.\n Quem aguardava pacientemente a aprovação da lei? O adversário Os ministros
PS1 Depois do lanche, os empregados do bailarino revelaram que eles dormitavam tranquilamente nas horas vagas.\n Quem cochilava tranquilamente nas horas vaga? Os empregados O bailarino
PS2 Depois do lanche, o empregado dos bailarinos revelou que eles dormitavam tranquilamente nas horas vagas.\n Quem cochilava tranquilamente nas horas vaga? O empregado Os bailarinos
NS1 Depois do lanche, os empregados do bailarino revelaram que dormitavam tranquilamente nas horas vagas.\n Quem cochilava tranquilamente nas horas vaga? Os empregados O bailarino
NS2 Depois do lanche, o empregado dos bailarinos revelou que dormitavam tranquilamente nas horas vagas.\n Quem cochilava tranquilamente nas horas vaga? O empregado Os bailarinos
PS1 No final do evento, os costureiros do estilista confessaram que eles caminhavam descuidadamente por entre os
vestidos.\n
Quem caminhava descuidadamente por entre os
vestidos?
Os costureiros O estilista
PS2 No final do evento, o costureiro dos estilistas confessou que eles caminhavam descuidaddamente por entre os
vestidos.\n
Quem caminhava descuidadamente por entre os
vestidos?
O costureiro Os estilistas
NS1 No final do evento, os costureiros do estilista confessaram que eles caminhavam descuidaddamente por entre os
vestidos.\n
Quem caminhava descuidadamente por entre os
vestidos?
Os costureiros O estilista
NS2 No final do evento, o costureiro dos estilistas confessou que eles caminhavam descuidaddamente por entre os
vestidos.\n
Quem caminhava descuidadamente por entre os
vestidos?
O costureiro Os estilistas
PS1 Na semana passada, os sobrinhos do toureiro afirmaram que eles jantavam recorrentemente no mesmo restaurante.\n Quem jantava recorrentemente no mesmo restaurante? Os sobrinhos O tesoureiro
PS2 Na semana passada, o sobrinho dos toureiros afirmou que eles jantavam recorrentemente no mesmo restaurante.\n Quem jantava recorrentemente no mesmo restaurante? O sobrinho Os tesoureiros
NS1 Na semana passada, os sobrinhos do toureiro afirmaram que jantavam recorrentemente no mesmo restaurante.\n Quem jantava recorrentemente no mesmo restaurante? Os sobrinhos O tesoureiro
NS2 Na semana passada, o sobrinho dos toureiros afirmou que jantavam recorrentemente no mesmo restaurante.\n Quem jantava recorrentemente no mesmo restaurante? O sobrinho Os tesoureiros
PS1 Depois do jantar, os auxiliares do jardineiro contaram que eles choravam convulsivamente com as notícias da TV.\n Quem chorava convulsivamente com as notícias da TV? Os auxiliares O jardineiro
PS2 Depois do jantar, o auxiliar dos jardineiros contou que eles choravam convulsivamente com as notícias da TV.\n Quem chorava convulsivamente com as notícias da TV? O auxiliare Os jardineiros
Anexo 1 – frases experimento 1 PE
229
NS1 Depois do jantar, os auxiliares do jardineiro contaram que choravam convulsivamente com as notícias da TV.\n Quem chorava convulsivamente com as notícias da TV? Os auxiliares O jardineiro
NS2 Depois do jantar, o auxiliar dos jardineiros contou que choravam convulsivamente com as notícias da TV.\n Quem chorava convulsivamente com as notícias da TV? O auxiliare Os jardineiros
PS1 Na noite passada, os convidados do angolano constataram que eles gritavam frequentemente com os filhos.\n Quem gritava frequentemente com os filhos? Os convidados O Angolano
PS2 Na noite passada, o convidado dos angolanos constatou que eles gritavam frequentemente com os filhos.\n Quem gritava frequentemente com os filhos? O convidado Os Angolanos
NS1 Na noite passada, os convidados do angolano constataram que gritavam frequentemente com os filhos.\n Quem gritava frequentemente com os filhos? Os convidados O Angolano
NS2 Na noite passada, o convidado dos angolanos constatou que gritavam frequentemente com os filhos.\n Quem gritava frequentemente com os filhos? O convidado Os Angolanos
PS1 Durante o retiro, os professores do catequista informaram que eles meditavam prolongadamente durante toda a
manhã.\n
Quem meditava prolongadamente durante toda a
manhã?
Os professores O catequista
PS2 Durante o retiro, o professor dos catequistas informou que eles meditavam prolongadamente durante toda a manhã.\n Quem meditava prolongadamente durante toda a
manhã?
O professore Os catequistas
NS1 Durante o retiro, os professores do catequista informaram que meditavam prolongadamente durante toda a manhã.\n Quem meditava prolongadamente durante toda a
manhã?
Os professores O catequista
NS2 Durante o retiro, o professor dos catequistas informou que meditavam prolongadamente durante toda a manhã.\n Quem meditava prolongadamente durante toda a
manhã?
O professore Os catequistas
PS1 Na manhã de ontem, os cúmplices do criminoso avisaram que eles esperavam impacientemente pela mercadoria.\n Quem esperava impacientemente pela mercadoria? Os cúmplices O criminoso
PS2 Na manhã de ontem, o cúmplice dos criminosos avisou que eles esperavam impacientemente pela mercadoria.\n Quem esperava impacientemente pela mercadoria? O cúmplice Os criminosos
NS1 Na manhã de ontem, os cúmplices do criminoso avisaram que esperavam impacientemente pela mercadoria.\n Quem esperava impacientemente pela mercadoria? Os cúmplices O criminoso
NS2 Na manhã de ontem, o cúmplice dos criminosos avisou que esperavam impacientemente pela mercadoria.\n Quem esperava impacientemente pela mercadoria? O cúmplice Os criminosos
PS1 Durante os ensaios, os motoristas do pianista declararam que eles suspiravam angustiadamente por notícias dos
amigos.\n
Quem suspirava angustiadamente por notícias dos
amigos?
Os motoristas O pianista
PS2 Durante os ensaios, o motorista dos pianistas declarou que eles suspiravam angustiadamente por notícias dos amigos.\n Quem suspirava angustiadamente por notícias dos
amigos?
O motorista Os pianistas
Anexo 1 – frases experimento 1 PE
230
NS1 Durante os ensaios, os motoristas do pianista declararam que suspiravam angustiadamente por notícias dos amigos.\n Quem suspirava angustiadamente por notícias dos
amigos?
Os motoristas O pianista
NS2 Durante os ensaios, o motorista dos pianistas declarou que suspiravam angustiadamente por notícias dos amigos.\n Quem suspirava angustiadamente por notícias dos
amigos?
O motorista Os pianistas
PS1 No fim de semana, os pacientes do enfermeiro viram que eles respondiam afetuosamente como se nada tivesse
acontecido.\n
Quem respondia afetuosamente como se nada tivesse
acontecido?
Os pacientes O enfermeiro
PS2 No fim de semana, o paciente dos enfermeiros viu que eles respondiam afetuosamente como se nada tivesse
acontecido.\n
Quem respondia afetuosamente como se nada tivesse
acontecido?
O paciente Os enfermeiros
NS1 No fim de semana, os pacientes do enfermeiro viram que respondiam afetuosamente como se nada tivesse
acontecido.\n
Quem respondia afetuosamente como se nada tivesse
acontecido?
Os pacientes O enfermeiro
NS2 No fim de semana, o paciente dos enfermeiros viu que respondiam afetuosamente como se nada tivesse acontecido.\n Quem respondia afetuosamente como se nada tivesse
acontecido?
O paciente Os enfermeiros
PS1 Durante a semana, os carteiros do italiano disseram que eles sonhavam carinhosamente com a nova casa.\n Quem sonhova carinhosamente com a nova casa? Os carteiros O italiano
PS2 Durante a semana, o carteiro dos italianos disse que eles sonhavam carinhosamente com a nova casa.\n Quem sonhova carinhosamente com a nova casa? O carteiro Os italianos
NS1 Durante a semana, os carteiros do italiano disseram que sonhavam carinhosamente com a nova casa.\n Quem sonhova carinhosamente com a nova casa? Os carteiros O italiano
NS2 Durante a semana, o carteiro dos italianos disse que sonhavam carinhosamente com a nova casa.\n Quem sonhova carinhosamente com a nova casa? O carteiro Os italianos
Anexo 2
231
Anexo 2
Lista das frases do experimento 1
Variedade Português Brasileiro
Anexo 2 – frases experimento 1 PB
232
name Sentence Question Certo Errado
PS1 No final da noite, os estagiários do arquiteto informaram que eles discutiam irritadamente com frequência.\n Quem discutia irritadamente com frequência? Os estagários O arquiteto
PS2 No final da noite, o estagiário dos arquitetos informou que eles discutiam irritadamente com frequência.\n Quem discutia irritadamente com frequência? O estagário Os arquitetos
NS1 No final da noite, os estagiários do arquiteto informaram que discutiam irritadamente com frequência.\n Quem discutia irritadamente com frequência? Os estagários O arquiteto
NS2 No final da noite, o estagiário dos arquitetos informou que discutiam irritadamente com frequência.\n Quem discutia irritadamente com frequência? O estagário Os arquitetos
PS1 Antes do jantar, os empregados do cozinheiro verificaram que eles fritavam excessivamente as bolinhas de queijo.\n Quem fritava excessivamente as bolinhas de queijo? Os empregados O cozinheiro
PS2 Antes do jantar, o empregado dos cozinheiros verificou que eles fritavam excessivamente as bolinhas de queijo.\n Quem fritava excessivamente as bolinhas de queijo? O empregado Os cozinheiros
NS1 Antes do jantar, os empregados do cozinheiro verificaram que fritavam excessivamente as bolinhas de queijo.\n Quem fritava excessivamente as bolinhas de queijo? Os empregados O cozinheiro
NS2 Antes do jantar, o empregado dos cozinheiros verificou que fritavam excessivamente as bolinhas de queijo.\n Quem fritava excessivamente as bolinhas de queijo? O empregado Os cozinheiros
PS1 Durante o treino, os herdeiros do empresário comentaram que eles bocejavam repetidamente durante as conversas.\n Quem bocejava repetidamente durante as conversas? Os herdeiros O empresário
PS2 Durante o treino, o herdeiro dos empresários comentou que eles bocejavam repetidamente durante as conversas.\n Quem bocejava repetidamente durante as conversas? O herdeiro Os empresários
NS1 Durante o treino, os herdeiros do empresário comentaram que bocejavam repetidamente durante as conversas.\n Quem bocejava repetidamente durante as conversas? Os herdeiros O empresário
NS2 Durante o treino, o herdeiro dos empresários comentou que bocejavam repetidamente durante as conversas.\n Quem bocejava repetidamente durante as conversas? O herdeiro Os empresários
PS1 Durante a festa, os coreógrafos do dançarino mecionaram que eles refletiam vagarosamente sobre o espetáculo.\n Quem refletia vagarosamente sobre os espetáculos? Os coreógrafos O dançarino
PS2 Durante a festa, o coreógrafo dos dançarinos mecionou que eles refletiam vagarosamente sobre o espetáculo.\n Quem refletia vagarosamente sobre os espetáculos? O coreógrafo Os dançarinos
NS1 Durante a festa, os coreógrafos do dançarino mecionaram que refletiam vagarosamente sobre o espetáculo.\n Quem refletia vagarosamente sobre os espetáculos? Os coreógrafos O dançarino
NS2 Durante a festa, o coreógrafo dos dançarinos mecionou que refletiam vagarosamente sobre o espetáculo.\n Quem refletia vagarosamente sobre os espetáculos? O coreógrafo Os dançarinos
PS1 Depois do café, os mecânicos do engenheiro acharam que eles reclamavam exaltadamente com os colegas.\n Quem reclamava exaltadamente com os colegas? Os mecânicos O engenheiro
PS2 Depois do café, o mecânico dos engenheiros achou que eles reclamavam exaltadamente com os colegas.\n Quem reclamava exaltadamente com os colegas? O mecânico Os engenheiros
NS1 Depois do café, os mecânicos do engenheiro acharam que reclamavam exaltadamente com os colegas.\n Quem reclamava exaltadamente com os colegas? Os mecânicos O engenheiro
Anexo 2 – frases experimento 1 PB
233
NS2 Depois do café, o mecânico dos engenheiros achou que reclamavam exaltadamente com os colegas.\n Quem reclamava exaltadamente com os colegas? O mecânico Os engenheiros
PS1 Depois do almoço, os admiradores do fotógrafo garantiram que eles preparavam cuidadosamente a seleção de fotos.\n Quem preparava cuidadosamente a seleção de fotos? Os admiradores O fotógrafo
PS2 Depois do almoço, o admirador dos fotógrafos garantiu que eles preparavam cuidadosamente a seleção de fotos.\n Quem preparava cuidadosamente a seleção de fotos? O admiradores Os fotógrafos
NS1 Depois do almoço, os admiradores do fotógrafo garantiram que preparavam cuidadosamente a seleção de fotos.\n Quem preparava cuidadosamente a seleção de fotos? Os admiradores O fotógrafo
NS2 Depois do almoço, o admirador dos fotógrafos garantiu que preparavam cuidadosamente a seleção de fotos.\n Quem preparava cuidadosamente a seleção de fotos? O admiradore Os fotógrafos
PS1 Depois do jantar, os ajudantes do pasteleiro relataram que eles roubavam descaradamente os donos da loja.\n Quem roubava descaradamente os donos da loja? Os ajudantes O pasteleiro
PS2 Depois do jantar, o ajudante dos pasteleiros relatou que eles roubavam descaradamente os donos da loja.\n Quem roubava descaradamente os donos da loja? O ajudante Os pasteleiros
NS1 Depois do jantar, os ajudantes do pasteleiro relataram que roubavam descaradamente os donos da loja.\n Quem roubava descaradamente os donos da loja? Os ajudantes O pasteleiro
NS2 Depois do jantar, o ajudante dos pasteleiros relatou que roubavam descaradamente os donos da loja.\n Quem roubava descaradamente os donos da loja? O ajudante Os pasteleiros
PS1 Durante o jantar, os assistentes do tesoureiro confirmaram que eles voltavam cautelosamente para a sede da
empresa.\n
Quem voltava cautelosamente para a sede da empresa? Os assistentes O tesoureiro
PS2 Durante o jantar, o assistente dos tesoureiros confirmou que eles voltavam cautelosamente para a sede da empresa.\n Quem voltava cautelosamente para a sede da empresa? O assistente Os tesoureiros
NS1 Durante o jantar, os assistentes do tesoureiro confirmaram que voltavam cautelosamente para a sede da empresa.\n Quem voltava cautelosamente para a sede da empresa? Os assistentes O tesoureiro
NS2 Durante o jantar, o assistente dos tesoureiros confirmou que voltavam cautelosamente para a sede da empresa.\n Quem voltava cautelosamente para a sede da empresa? O assistente Os tesoureiros
PS1 Durante a reunião, os discípulos do filósofo explicaram que eles pensavam incessantemente no sentido da vida. Quem pensava incessantemente no sentido da vida? Os discípulos O filósofo
PS2 Durante a reunião, o discípulo dos filósofos explicou que eles pensavam incessantemente no sentido da vida. Quem pensava incessantemente no sentido da vida? O discípulo Os filósofos
NS1 Durante a reunião, os discípulos do filósofo explicaram que pensavam incessantemente no sentido da vida. Quem pensava incessantemente no sentido da vida? Os discípulos O filósofo
NS2 Durante a reunião, o discípulo dos filósofos explicou que pensavam incessantemente no sentido da vida. Quem pensava incessantemente no sentido da vida? O discípulo Os filósofos
PS1 Ontem à noite, os contadores do psicólogo esclareceram que eles examinavam minuciosamente as contas do
consultório.\n
Quem examinava minuciosamente as contas do
consultório?
Os contadores O psicólogo
Anexo 2 – frases experimento 1 PB
234
PS2 Ontem à noite, o contador dos psicólogos esclareceu que eles examinavam minuciosamente as contas do consultório.\n Quem examinava minuciosamente as contas do
consultório?
O contadore Os psicólogos
NS1 Ontem à noite, os contadores do psicólogo esclareceram que examinavam minuciosamente as contas do consultório.\n Quem examinava minuciosamente as contas do
consultório?
Os contadores O psicólogo
NS2 Ontem à noite, o contador dos psicólogos esclareceu que examinavam minuciosamente as contas do consultório.\n Quem examinava minuciosamente as contas do
consultório?
O contadore Os psicólogos
PS1 No fim de semana, os assessores do magistrado recordaram que eles pilotavam agressiavamente na pista de corrida.\n Quem pilotava agressivamente na pista de corrida? Os assessores O magistrado
PS2 No fim de semana, o assessor dos magistrados recordou que eles pilotavam agressiavamente na pista de corrida.\n Quem pilotava agressivamente na pista de corrida? O assessore Os magistrados
NS1 No fim de semana, os assessores do magistrado recordaram que pilotavam agressiavamente na pista de corrida.\n Quem pilotava agressivamente na pista de corrida? Os assessores O magistrado
NS2 No fim de semana, o assessor dos magistrados recordou que pilotavam agressiavamente na pista de corrida.\n Quem pilotava agressivamente na pista de corrida? O assessore Os magistrados
PS1 Durante o almoço, os delegados do aluno reiteraram que eles murmuravam constantemente no início das reuniões.\n Quem murmurava constantemente no início das
reuniões?
Os delegados O aluno
PS2 Durante o almoço, o delegado dos alunos reiterou que eles murmuravam constantemente no início das reuniões.\n Quem murmurava constantemente no início das
reuniões?
O delegado Os alunos
NS1 Durante o almoço, os delegados do aluno reiteraram que murmuravam constantemente no início das reuniões.\n Quem murmurava constantemente no início das
reuniões?
Os delegados O aluno
NS2 Durante o almoço, os delegados dos alunos reiterou que murmuravam constantemente no início das reuniões.\n Quem murmurava constantemente no início das
reuniões?
O delegado Os alunos
PS1 Durante o chá, os secretários do deputado comunicaram que eles escreviam apressadamente em todas as reuniões.\n Quem escrevia apressadamente em todas as reuniões? Os secretários O deputado
PS2 Durante o chá, o secretário dos deputados comunicou que eles escreviam apressadamente em todas as reuniões.\n Quem escrevia apressadamente em todas as reuniões? O secretário Os deputados
NS1 Durante o chá, os secretários do deputado comunicaram que escreviam apressadamente em todas as reuniões.\n Quem escrevia apressadamente em todas as reuniões? Os secretários O deputado
NS2 Durante o chá, o secretário dos deputados comunicou que escreviam apressadamente em todas as reuniões.\n Quem escrevia apressadamente em todas as reuniões? O secretário Os deputados
PS1 Durante o lanche, os adversários do ministro lembraram que eles aguardavam pacientemente a aprovação da lei.\n Quem aguardava pacientemente a aprovação da lei? Os adversário O ministro
Anexo 2 – frases experimento 1 PB
235
PS2 Durante o lanche, o adversário dos ministros lembrou que eles aguardavam pacientemente a aprovação da lei.\n Quem aguardava pacientemente a aprovação da lei? O adversário Os ministros
NS1 Durante o lanche, os adversários do ministro lembraram que aguardavam pacientemente a aprovação da lei.\n Quem aguardava pacientemente a aprovação da lei? Os adversário O ministro
NS2 Durante o lanche, o adversário dos ministros lembrou que aguardavam pacientemente a aprovação da lei.\n Quem aguardava pacientemente a aprovação da lei? O adversário Os ministros
PS1 Depois do lanche, os empregados do bailarino revelaram que eles cochilavam tranquilamente nas horas vagas.\n Quem cochilava tranquilamente nas horas vaga? Os empregados O bailarino
PS2 Depois do lanche, o empregado dos bailarinos revelou que eles cochilavam tranquilamente nas horas vagas.\n Quem cochilava tranquilamente nas horas vaga? O empregado Os bailarinos
NS1 Depois do lanche, os empregados do bailarino revelaram que cochilavam tranquilamente nas horas vagas.\n Quem cochilava tranquilamente nas horas vaga? Os empregados O bailarino
NS2 Depois do lanche, o empregado dos bailarinos revelou que cochilavam tranquilamente nas horas vagas.\n Quem cochilava tranquilamente nas horas vaga? O empregado Os bailarinos
PS1 No final do evento, os costureiros do estilista confessaram que eles caminhavam descuidaddamente por entre os
vestidos.\n
Quem caminhava descuidadamente por entre os
vestidos?
Os costureiros O estilista
PS2 No final do evento, o costureiro dos estilistas confessou que eles caminhavam descuidaddamente por entre os
vestidos.\n
Quem caminhava descuidadamente por entre os
vestidos?
O costureiro Os estilistas
NS1 No final do evento, os costureiros do estilista confessaram que eles caminhavam descuidaddamente por entre os
vestidos.\n
Quem caminhava descuidadamente por entre os
vestidos?
Os costureiros O estilista
NS2 No final do evento, o costureiro dos estilistas confessou que eles caminhavam descuidaddamente por entre os
vestidos.\n
Quem caminhava descuidadamente por entre os
vestidos?
O costureiro Os estilistas
PS1 Na semana passada, os sobrinhos do toureiro afirmaram que eles jantavam recorrentemente no mesmo restaurante.\n Quem jantava recorrentemente no mesmo restaurante? Os sobrinhos O tesoureiro
PS2 Na semana passada, o sobrinho dos toureiros afirmou que eles jantavam recorrentemente no mesmo restaurante.\n Quem jantava recorrentemente no mesmo restaurante? O sobrinho Os tesoureiros
NS1 Na semana passada, os sobrinhos do toureiro afirmaram que jantavam recorrentemente no mesmo restaurante.\n Quem jantava recorrentemente no mesmo restaurante? Os sobrinhos O tesoureiro
NS2 Na semana passada, o sobrinho dos toureiros afirmou que jantavam recorrentemente no mesmo restaurante.\n Quem jantava recorrentemente no mesmo restaurante? O sobrinho Os tesoureiros
PS1 Depois do jantar, os auxiliares do jardineiro contaram que eles choravam convulsivamente com as notícias da TV.\n Quem chorava convulsivamente com as notícias da TV? Os auxiliares O jardineiro
PS2 Depois do jantar, o auxiliar dos jardineiros contou que eles choravam convulsivamente com as notícias da TV.\n Quem chorava convulsivamente com as notícias da TV? O auxiliare Os jardineiros
Anexo 2 – frases experimento 1 PB
236
NS1 Depois do jantar, os auxiliares do jardineiro contaram que choravam convulsivamente com as notícias da TV.\n Quem chorava convulsivamente com as notícias da TV? Os auxiliares O jardineiro
NS2 Depois do jantar, o auxiliar dos jardineiros contou que choravam convulsivamente com as notícias da TV.\n Quem chorava convulsivamente com as notícias da TV? O auxiliare Os jardineiros
PS1 Na noite passada, os convidados do angolano constataram que eles gritavam frequentemente com os filhos.\n Quem gritava frequentemente com os filhos? Os convidados O Angolano
PS2 Na noite passada, o convidado dos angolanos constatou que eles gritavam frequentemente com os filhos.\n Quem gritava frequentemente com os filhos? O convidado Os Angolanos
NS1 Na noite passada, os convidados do angolano constataram que gritavam frequentemente com os filhos.\n Quem gritava frequentemente com os filhos? Os convidados O Angolano
NS2 Na noite passada, o convidado dos angolanos constatou que gritavam frequentemente com os filhos.\n Quem gritava frequentemente com os filhos? O convidado Os Angolanos
PS1 Durante o retiro, os professores do catequista informaram que eles meditavam prolongadamente durante toda a
manhã.\n
Quem meditava prolongadamente durante toda a
manhã?
Os professores O catequista
PS2 Durante o retiro, o professor dos catequistas informou que eles meditavam prolongadamente durante toda a manhã.\n Quem meditava prolongadamente durante toda a
manhã?
O professore Os catequistas
NS1 Durante o retiro, os professores do catequista informaram que meditavam prolongadamente durante toda a manhã.\n Quem meditava prolongadamente durante toda a
manhã?
Os professores O catequista
NS2 Durante o retiro, o professor dos catequistas informou que meditavam prolongadamente durante toda a manhã.\n Quem meditava prolongadamente durante toda a
manhã?
O professore Os catequistas
PS1 Na manhã de ontem, os cúmplices do criminoso avisaram que eles esperavam impacientemente pela mercadoria.\n Quem esperava impacientemente pela mercadoria? Os cúmplices O criminoso
PS2 Na manhã de ontem, o cúmplice dos criminosos avisou que eles esperavam impacientemente pela mercadoria.\n Quem esperava impacientemente pela mercadoria? O cúmplice Os criminosos
NS1 Na manhã de ontem, os cúmplices do criminoso avisaram que esperavam impacientemente pela mercadoria.\n Quem esperava impacientemente pela mercadoria? Os cúmplices O criminoso
NS2 Na manhã de ontem, o cúmplice dos criminosos avisou que esperavam impacientemente pela mercadoria.\n Quem esperava impacientemente pela mercadoria? O cúmplice Os criminosos
PS1 Durante os ensaios, os motoristas do pianista declararam que eles suspiravam angustiadamente por notícias dos
amigos.\n
Quem suspirava angustiadamente por notícias dos
amigos?
Os motoristas O pianista
PS2 Durante os ensaios, o motorista dos pianistas declarou que eles suspiravam angustiadamente por notícias dos
amigos.\n
Quem suspirava angustiadamente por notícias dos
amigos?
O motorista Os pianistas
Anexo 2 – frases experimento 1 PB
237
NS1 Durante os ensaios, os motoristas do pianista declararam que suspiravam angustiadamente por notícias dos amigos.\n Quem suspirava angustiadamente por notícias dos
amigos?
Os motoristas O pianista
NS2 Durante os ensaios, o motorista dos pianistas declarou que suspiravam angustiadamente por notícias dos amigos.\n Quem suspirava angustiadamente por notícias dos
amigos?
O motorista Os pianistas
PS1 No fim de semana, os pacientes do enfermeiro viram que eles respondiam afetuosamente como se nada tivesse
acontecido.\n
Quem respondia afetuosamente como se nada tivesse
acontecido?
Os pacientes O enfermeiro
PS2 No fim de semana, o paciente dos enfermeiros viu que eles respondiam afetuosamente como se nada tivesse
acontecido.\n
Quem respondia afetuosamente como se nada tivesse
acontecido?
O paciente Os enfermeiros
NS1 No fim de semana, os pacientes do enfermeiro viram que respondiam afetuosamente como se nada tivesse
acontecido.\n
Quem respondia afetuosamente como se nada tivesse
acontecido?
Os pacientes O enfermeiro
NS2 No fim de semana, o paciente dos enfermeiros viu que respondiam afetuosamente como se nada tivesse acontecido.\n Quem respondia afetuosamente como se nada tivesse
acontecido?
O paciente Os enfermeiros
PS1 Durante a semana, os carteiros do italiano disseram que eles sonhavam carinhosamente com a nova casa.\n Quem sonhova carinhosamente com a nova casa? Os carteiros O italiano
PS2 Durante a semana, o carteiro dos italianos disse que eles sonhavam carinhosamente com a nova casa.\n Quem sonhova carinhosamente com a nova casa? O carteiro Os italianos
NS1 Durante a semana, os carteiros do italiano disseram que sonhavam carinhosamente com a nova casa.\n Quem sonhova carinhosamente com a nova casa? Os carteiros O italiano
NS2 Durante a semana, o carteiro dos italianos disse que sonhavam carinhosamente com a nova casa.\n Quem sonhova carinhosamente com a nova casa? O carteiro Os italianos
Anexo 3
238
Anexo 3
Lista das frases do experimento 2
Variedade Português Europeu
Anexo 3 – frases experimento 2 PE
239
Name Text question resposta resposta
PA O professor levou a aluna para a secretaria da escola, depois encaminhou-a cautelosamente para casa da avó. O professor encaminhou a aluna para casa da avó? SIM NÃO
PI O professor levou a prova para a secretaria da escola, depois encaminhou-a cautelosamente para casa da avó. O professor encaminhou a prova para o cofre da sala? SIM NÃO
NA O professor levou a aluna para a secretaria da escola, depois encaminhou cautelosamente para casa da avó. O professor encaminhou a aluna para casa da avó? SIM NÃO
NI O professor levou a prova para a secretaria da escola, depois encaminhou cautelosamente para casa da avó. O professor encaminhou a prova para o cofre da sala? SIM NÃO
PA O agente encaminhou a ladra para a esquadra da polícia,depois mencionou-a cuidadosamente no interrogatório. O agente mencionou a ladra no interrogatório? SIM NÃO
PI O agente encaminhou a arma para a esquadra da polícia,depois mencionou-a cuidadosamente no interrogatório. O agente mencionou a arma no interrogatório? SIM NÃO
NA O agente encaminhou a ladra para a esquadra da polícia,depois mencionou cuidadosamente no interrogatório. O agente mencionou a ladra no interrogatório? SIM NÃO
NI O agente encaminhou a arma para a esquadra da polícia,depois mencionou cuidadosamente no interrogatório. O agente mencionou a arma no interrogatório? SIM NÃO
PA O nadador sugeriu a prima para o treino inicial, depois apresentou-a indevidamente para o jogo final. O nadador apresentou a prima para o jogo final? SIM NÃO
PI O nadador sugeriu a piscina para o treino inicial, depois apresentou-a indevidamente para o jogo final. O nadador apresentou a piscina para o jogo final? SIM NÃO
NA O nadador sugeriu a prima para o treino inicial, depois apresentou indevidamente para o jogo final. O nadador apresentou a prima para o jogo final? SIM NÃO
NI O nadador sugeriu a piscina para o treino inicial, depois apresentou indevidamente para o jogo final. O nadador apresentou a piscina para o jogo final? SIM NÃO
PA A gerente apresentou o chefe do novo serviço de pós-venda, depois anunciou-o empolgadamente a todos os
funcionários.
A gerente anunciou o chefe a todos os funcionários? SIM NÃO
PI A gerente apresentou o cartão do novo serviço de pós-venda, depois anunciou-o empolgadamente a todos os
funcionários.
A gerente anunciou o cartão a todos os funcionários? SIM NÃO
NA A gerente apresentou o chefe do novo serviço de pós-venda, depois anunciou empolgadamente a todos os funcionários. A gerente anunciou o chefe a todos os funcionários? SIM NÃO
NI A gerente apresentou o cartão do novo serviço de pós-venda, depois anunciou empolgadamente a todos os funcionários. A gerente anunciou o cartão a todos os funcionários? SIM NÃO
PA A diretora aprovou o locutor para o leilão de beneficiência, depois considerou-o excessivamente caro para o evento. A diretora considerou o locutor caro para o evento? SIM NÃO
Anexo 3 – frases experimento 2 PE
240
PI A diretora aprovou o cartaz para o leilão de beneficiência, depois considerou-o excessivamente caro para o evento. A diretora considerou o cartaz caro para o evento? SIM NÃO
NA A diretora aprovou o locutor para o leilão de beneficiência, depois considerou excessivamente caro para o evento. A diretora considerou o locutor caro para o evento? SIM NÃO
NI A diretora aprovou o cartaz para o leilão de beneficiência, depois considerou excessivamente caro para o evento. A diretora considerou o cartaz caro para o evento? SIM NÃO
PA A produtora escolheu o cantor para o evento da empresa, depois reprovou-o essencialmente por ser muito exagerado. A produtora reprovou o cantor por ser muito exagerado? SIM NÃO
PI A produtora escolheu o anúncio para o evento da empresa, depois reprovou-o essencialmente por ser muito exagerado. A produtora reprovou o anúncio por ser muito exagerado? SIM NÃO
NA A produtora escolheu o cantor para o evento da empresa, depois reprovou essencialmente por ser muito exagerado. A produtora reprovou o cantor por ser muito exagerado? SIM NÃO
NI A produtora escolheu o anúncio para o evento da empresa, depois reprovou essencialmente por ser muito exagerado. A produtora reprovou o anúncio por ser muito exagerado? SIM NÃO
PA O fotógrafo recebeu a modelo para a sessão de fotografia, depois criticou-o discretamente na revista de moda. O fotógrafo criticou a modelo na revista de moda? SIM NÃO
PI O fotógrafo recebeu a máquina para a sessão de fotografia, depois criticou-o discretamente na revista de moda. O fotógrafo criticou a máquina na revista de moda? SIM NÃO
NA O fotógrafo recebeu a modelo para a sessão de fotografia, depois criticou discretamente na revista de moda. O fotógrafo criticou a modelo na revista de moda? SIM NÃO
NI O fotógrafo recebeu a máquina para a sessão de fotografia, depois criticou discretamente na revista de moda. O fotógrafo criticou a máquina na revista de moda? SIM NÃO
PA A treinadora aceitou o atleta para a competição masculina, depois substituiu-o inusitadamente na véspera da corrida. A treinadora substituiu o atleta na véspera da corrida? SIM NÃO
PI A treinadora aceitou o emblema para a competição masculina, depois substituiu-o inusitadamente na véspera da corrida. A treinadora substituiu o emblema na véspera da corrida? SIM NÃO
NA A treinadora aceitou o atleta para a competição masculina, depois substituiu inusitadamente na véspera da corrida. A treinadora substituiu o atleta na véspera da corrida? SIM NÃO
NI A treinadora aceitou o emblema para a competição masculina, depois substituiu inusitadamente na véspera da corrida. A treinadora substituiu o emblema na véspera da corrida? SIM NÃO
PA O arquiteto elogiou a patroa no início da remodelação, depois analteceu-a fervorosamente no discurso de inauguração. O arquiteto enalteceu a patroa no discurso de inauguração? SIM NÃO
PI O arquiteto elogiou a maquete no início da remodelação, depois analteceu-a fervorosamente no discurso de inauguração. O arquiteto enalteceu a maquete no discurso de inauguração? SIM NÃO
NA O arquiteto elogiou a patroa no início da remodelação, depois analteceu fervorosamente no discurso de inauguração. O arquiteto enalteceu a patroa no discurso de inauguração? SIM NÃO
NI O arquiteto elogiou a maquete no início da remodelação, depois analteceu fervorosamente no discurso de inauguração. O arquiteto enalteceu a maquete no discurso de inauguração? SIM NÃO
PA A engenheira indicou o cunhado para a construção da casa, depois dispensou-o principalmente por falta de dinheiro. A engenheira dispensou o cunhado por falta de dinheiro? SIM NÃO
Anexo 3 – frases experimento 2 PE
241
PI A engenheira indicou o projeto para a construção da casa, depois dispensou-o principalmente por falta de dinheiro. A engenheira dispensou o projeto por falta de dinheiro? SIM NÃO
NA A engenheira indicou o cunhado para a construção da casa, depois dispensou principalmente por falta de dinheiro. A engenheira dispensou o cunhado por falta de dinheiro? SIM NÃO
NI A engenheira indicou o projeto para a construção da casa, depois dispensou principalmente por falta de dinheiro. A engenheira dispensou o projeto por falta de dinheiro? SIM NÃO
PA O auxiliar enfeitou a menina para a sessão de fotografia, depois carregou-a cuidadosamente até ao estúdio. O auxiliar carregou a menina até ao estúdio? SIM NÃO
PI O auxiliar enfeitou a boneca para a sessão de fotografia, depois carregou-a cuidadosamente até ao estúdio. O auxiliar carregou a boneca até ao estúdio? SIM NÃO
NA O auxiliar enfeitou a menina para a sessão de fotografia, depois carregou cuidadosamente até ao estúdio. O auxiliar carregou a menina até ao estúdio? SIM NÃO
NI O auxiliar enfeitou a boneca para a sessão de fotografia, depois carregou cuidadosamente até ao estúdio. O auxiliar carregou a boneca até ao estúdio? SIM NÃO
PA O padrinho arranjou a mágica para a animação da festa, depois descartou-a estranhamente antes da chegada dos
convisados.
O padrinho descartou a mágica antes da chegada dos
convidados?
SIM NÃO
PI O padrinho arranjou a tenda para a animação da festa, depois descartou-a estranhamente antes da chegada dos
convisados.
O padrinho descartou a tenda antes da chegada dos
convidados?
SIM NÃO
NA O padrinho arranjou a mágica para a animação da festa, depois descartou estranhamente antes da chegada dos
convisados.
O padrinho descartou a mágica antes da chegada dos
convidados?
SIM NÃO
NI O padrinho arranjou a tenda para a animação da festa, depois descartou estranhamente antes da chegada dos
convisados.
O padrinho descartou a tenda antes da chegada dos
convidados?
SIM NÃO
PA O dirigente avaliou a atleta para o último jogo do ano, depois rejeitou-a veementemente por falta de preparação. O dirigente rejeitou a atleta por falta de preparação? SIM NÃO
PI O dirigente avaliou a baliza para o último jogo do ano, depois rejeitou-a veementemente por falta de condições. O dirigente rejeitou a baliza por falta de condiçoes? SIM NÃO
NA O dirigente avaliou a atleta para o último jogo do ano, depois rejeitou veementemente por falta de preparação. O dirigente rejeitou a atleta por falta de preparação? SIM NÃO
NI O dirigente avaliou a baliza para o último jogo do ano, depois rejeitou veementemente por falta de condições. O dirigente rejeitou a baliza por falta de condiçoes? SIM NÃO
PA A cirurgiã transferiu o colega para o novo centro de saúde, depois recomendou-o acertivamente para manutenção. A cirurgiã recomendou o colega para manutenção? SIM NÃO
PI A cirurgiã transferiu o raio-x para o novo centro de saúde, depois recomendou-o acertivamente para manutenção. A cirurgiã recomendou o raio-x para manutenção? SIM NÃO
Anexo 3 – frases experimento 2 PE
242
NA A cirurgiã transferiu o colega para o novo centro de saúde, depois recomendou acertivamente para manutenção. A cirurgiã recomendou o colega para manutenção? SIM NÃO
NI A cirurgiã transferiu o raio-x para o novo centro de saúde, depois recomendou acertivamente para manutenção. A cirurgiã recomendou o raio-x para manutenção? SIM NÃO
PA A cantora solicitou o músico para o espetáculo de estreia, depois desprezou-o arrogantemente diante de todos. A cantora desprezou o músico diante de todos? SIM NÃO
PI A cantora solicitou o bilhete para o espetáculo de estreia, depois desprezou-o arrogantemente diante de todos. A cantora desprezou o bilhete diante de todos? SIM NÃO
NA A cantora solicitou o músico para o espetáculo de estreia, depois desprezou arrogantemente diante de todos. A cantora desprezou o músico diante de todos? SIM NÃO
NI A cantora solicitou o bilhete para o espetáculo de estreia, depois desprezou arrogantemente diante de todos. A cantora desprezou o bilhete diante de todos? SIM NÃO
PA O inspetor transportou a refém para o centro de operações, depois escondeu-a prudentemente num dos armazéns. O inspetor escondeu a refém num dos armazéns? SIM NÃO
PI O inspetor transportou a carga para o centro de operações, depois escondeu-a prudentemente num dos armazéns. O inspetor escondeu a carga num dos armazéns? SIM NÃO
NA O inspetor transportou a refém para o centro de operações, depois escondeu prudentemente num dos armazéns. O inspetor escondeu a refém num dos armazéns? SIM NÃO
NI O inspetor transportou a carga para o centro de operações, depois escondeu prudentemente num dos armazéns. O inspetor escondeu a carga num dos armazéns? SIM NÃO
PA A técnica selecionou o filho para uma etapa do mundial, depois aguardou-o inquietamente para o início dos treinos. A técnica aguardou o filho para o início dos treinos? SIM NÃO
PI A técnica selecionou o skate para uma etapa do mundial, depois aguardou-o inquietamente para o início dos treinos. A técnica aguardou o skate para o início dos treinos? SIM NÃO
NA A técnica selecionou o filho para uma etapa do mundial, depois aguardou inquietamente para o início dos treinos. A técnica aguardou o filho para o início dos treinos? SIM NÃO
NI A técnica selecionou o skate para uma etapa do mundial, depois aguardou inquietamente para o início dos treinos. A técnica aguardou o skate para o início dos treinos? SIM NÃO
PA O florista procurou a amiga para a decoração da festa, depois recriminou-a irascivelmente num momento de desespero. O florista recriminou a amiga num momento de desespero? SIM NÃO
PI O florista procurou a camélia para a decoração da festa, depois recriminou-a irascivelmente num momento de desespero. O florista recriminou a camélia num momento de desespero? SIM NÃO
NA O florista procurou a amiga para a decoração da festa, depois recriminou irascivelmente num momento de desespero. O florista recriminou a amiga num momento de desespero? SIM NÃO
NI O florista procurou a camélia para a decoração da festa, depois recriminou irascivelmente num momento de desespero. O florista recriminou a camélia num momento de desespero? SIM NÃO
PA O joalheiro enviou a filha para o desfile na loja, depois fotografou-a orgulhosamente no final do evento. O joalheiro fotografou a filha no final do evento? SIM NÃO
PI O joalheiro enviou a coroa para o desfile na loja, depois fotografou-a orgulhosamente no final do evento. O joalheiro fotografou a coroa no final do evento? SIM NÃO
Anexo 3 – frases experimento 2 PE
243
NA O joalheiro enviou a filha para o desfile na loja, depois fotografou orgulhosamente no final do evento. O joalheiro fotografou a filha no final do evento? SIM NÃO
NI O joalheiro enviou a coroa para o desfile na loja, depois fotografou orgulhosamente no final do evento. O joalheiro fotografou a coroa no final do evento? SIM NÃO
PA A curadora anunciou o pintor para a inauguração do atelier, depois mostrou-o apressadamente antes do início da
exposição.
A curadora mostrou o pintor antes do início da exposição? SIM NÃO
PI A curadora anunciou o menu para a inauguração do atelier, depois mostrou-o apressadamente antes do início da
exposição.
A curadora mostrou o menu antes do início da exposição? SIM NÃO
NA A curadora anunciou o pintor para a inauguração do atelier, depois mostrou apressadamente antes do início da
exposição.
A curadora mostrou o pintor antes do início da exposição? SIM NÃO
NI A curadora anunciou o menu para a inauguração do atelier, depois mostrou apressadamente antes do início da exposição. A curadora mostrou o menu antes do início da exposição? SIM NÃO
PA A bombeira conduziu o idoso para o pátio da corporação, depois observou-o minuciosamente à procura de ferimentos. A bombeira observou o idoso a procura de ferimentos? SIM NÃO
PI A bombeira conduziu o carro para o pátio da corporação, depois observou-o minuciosamente à procura de danos. A bombeira observou o carro a procura de danos? SIM NÃO
NA A bombeira conduziu o idoso para o pátio da corporação, depois observou minuciosamente à procura de ferimentos. A bombeira observou o idoso a procura de ferimentos? SIM NÃO
NI A bombeira conduziu o carro para o pátio da corporação, depois observou minuciosamente à procura de danos. A bombeira observou o carro a procura de danos? SIM NÃO
PA A bancária requisitou o gestor para a operação na agência, depois transferiu-o repentinamente para um novo balcão do
banco.
A bancária transferiu o gestor para um novo balcão do banco? SIM NÃO
PI A bancária requisitou o cheque para a operação na agência, depois transferiu-o repentinamente para um novo balcão do
banco.
A bancária transferiu o cheque para um novo balcão do
banco?
SIM NÃO
NA A bancária requisitou o gestor para a operação na agência, depois transferiu repentinamente para um novo balcão do
banco.
A bancária transferiu o gestor para um novo balcão do banco? SIM NÃO
NI A bancária requisitou o cheque para a operação na agência, depois transferiu repentinamente para um novo balcão do
banco.
A bancária transferiu o cheque para um novo balcão do
banco?
SIM NÃO
PA A missionária substituiu o guarda no início da nova missão, depois procurou-o discretamente por falta de voluntários. A missionária procurou o guarda por falta de voluntários? SIM NÃO
PI A missionária substituiu o balde no início da nova missão, depois procurou-o discretamente por falta de equipamento A missionária procurou o balde por falta de equipamento? SIM NÃO
Anexo 3 – frases experimento 2 PE
244
NA A missionária substituiu o guarda no início da nova missão, depois procurou discretamente por falta de voluntários. A missionária procurou o guarda por falta de voluntários? SIM NÃO
NI A missionária substituiu o balde no início da nova missão, depois procurou discretamente por falta de equipamento A missionária procurou o balde por falta de equipamento? SIM NÃO
PA O anfitrião recomendou a cantora para a festa do casamento, depois esqueceu-a astuciosamente com vergonha do
fracasso.
O anfitrião esqueceu a cantora com vergonha do fracasso? SIM NÃO
PI O anfitrião recomendou a música para a festa do casamento, depois esqueceu-a astuciosamente com vergonha do
fracasso.
O anfitrião esqueceu a música com vergonha do fracasso? SIM NÃO
NA O anfitrião recomendou a cantora para a festa do casamento, depois esqueceu astuciosamente com vergonha do
fracasso.
O anfitrião esqueceu a cantora com vergonha do fracasso? SIM NÃO
NI O anfitrião recomendou a música para a festa do casamento, depois esqueceu astuciosamente com vergonha do fracasso. O anfitrião esqueceu a música com vergonha do fracasso? SIM NÃO
Anexo 4
245
Anexo 4
Lista das frases do experimento 2
Variedade Português Brasileiro
Anexo 4 – frases experimento 2 PB
246
Name Text question certa errada
PA O professor levou a aluna para a secretaria da escola, depois encaminhou-a cautelosamente para casa da avó. O professor encaminhou a aluna para casa da avó? SIM NÃO
PI O professor levou a prova para a secretaria da escola, depois encaminhou-a cautelosamente para casa da avó. O professor encaminhou a prova para o cofre da sala? SIM NÃO
NA O professor levou a aluna para a secretaria da escola, depois encaminhou cautelosamente para casa da avó. O professor encaminhou a aluna para casa da avó? SIM NÃO
NI O professor levou a prova para a secretaria da escola, depois encaminhou cautelosamente para casa da avó. O professor encaminhou a prova para o cofre da sala? SIM NÃO
PA O agente encaminhou a ladra para a cidade da polícia,depois mencionou-a cuidadosamente no interrogatório. O agente mencionou a ladra no interrogatório? SIM NÃO
PI O agente encaminhou a arma para a cidade da polícia,depois mencionou-a cuidadosamente no interrogatório. O agente mencionou a arma no interrogatório? SIM NÃO
NA O agente encaminhou a ladra para a cidade da polícia,depois mencionou cuidadosamente no interrogatório. O agente mencionou a ladra no interrogatório? SIM NÃO
NI O agente encaminhou a arma para a cidade da polícia,depois mencionou cuidadosamente no interrogatório. O agente mencionou a arma no interrogatório? SIM NÃO
PA O nadador sugeriu a prima para o treino inicial, depois apresentou-a indevidamente para o jogo final. O nadador apresentou a prima para o jogo final? SIM NÃO
PI O nadador sugeriu a piscina para o treino inicial, depois apresentou-a indevidamente para o jogo final. O nadador apresentou a piscina para o jogo final? SIM NÃO
NA O nadador sugeriu a prima para o treino inicial, depois apresentou indevidamente para o jogo final. O nadador apresentou a prima para o jogo final? SIM NÃO
NI O nadador sugeriu a piscina para o treino inicial, depois apresentou indevidamente para o jogo final. O nadador apresentou a piscina para o jogo final? SIM NÃO
PA A gerente apresentou o chefe do novo serviço de pós-venda, depois anunciou-o empolgadamente a todos os
funcionários.
A gerente anunciou o chefe a todos os funcionários? SIM NÃO
PI A gerente apresentou o cartão do novo serviço de pós-venda, depois anunciou-o empolgadamente a todos os
funcionários.
A gerente anunciou o cartão a todos os funcionários? SIM NÃO
NA A gerente apresentou o chefe do novo serviço de pós-venda, depois anunciou empolgadamente a todos os funcionários. A gerente anunciou o chefe a todos os funcionários? SIM NÃO
NI A gerente apresentou o cartão do novo serviço de pós-venda, depois anunciou empolgadamente a todos os funcionários. A gerente anunciou o cartão a todos os funcionários? SIM NÃO
PA A diretora aprovou o locutor para o leilão de beneficiência, depois considerou-o excessivamente caro para o evento. A diretora considerou o locutor caro para o evento? SIM NÃO
Anexo 4 – frases experimento 2 PB
247
PI A diretora aprovou o cartaz para o leilão de beneficiência, depois considerou-o excessivamente caro para o evento. A diretora considerou o cartaz caro para o evento? SIM NÃO
NA A diretora aprovou o locutor para o leilão de beneficiência, depois considerou excessivamente caro para o evento. A diretora considerou o locutor caro para o evento? SIM NÃO
NI A diretora aprovou o cartaz para o leilão de beneficiência, depois considerou excessivamente caro para o evento. A diretora considerou o cartaz caro para o evento? SIM NÃO
PA A produtora escolheu o cantor para o evento da empresa, depois reprovou-o essencialmente por ser muito exagerado. A produtora reprovou o cantor por ser muito exagerado? SIM NÃO
PI A produtora escolheu o anúncio para o evento da empresa, depois reprovou-o essencialmente por ser muito exagerado. A produtora reprovou o anúncio por ser muito exagerado? SIM NÃO
NA A produtora escolheu o cantor para o evento da empresa, depois reprovou essencialmente por ser muito exagerado. A produtora reprovou o cantor por ser muito exagerado? SIM NÃO
NI A produtora escolheu o anúncio para o evento da empresa, depois reprovou essencialmente por ser muito exagerado. A produtora reprovou o anúncio por ser muito exagerado? SIM NÃO
PA O fotógrafo recebeu a modelo para a sessão de fotografia, depois criticou-o discretamente na revista de moda. O fotógrafo criticou a modelo na revista de moda? SIM NÃO
PI O fotógrafo recebeu a máquina para a sessão de fotografia, depois criticou-o discretamente na revista de moda. O fotógrafo criticou a máquina na revista de moda? SIM NÃO
NA O fotógrafo recebeu a modelo para a sessão de fotografia, depois criticou discretamente na revista de moda. O fotógrafo criticou a modelo na revista de moda? SIM NÃO
NI O fotógrafo recebeu a máquina para a sessão de fotografia, depois criticou discretamente na revista de moda. O fotógrafo criticou a máquina na revista de moda? SIM NÃO
PA A treinadora aceitou o atleta para a competição masculina, depois substituiu-o inusitadamente na véspera da corrida. A treinadora substituiu o atleta na véspera da corrida? SIM NÃO
PI A treinadora aceitou o emblema para a competição masculina, depois substituiu-o inusitadamente na véspera da corrida. A treinadora substituiu o emblema na véspera da corrida? SIM NÃO
NA A treinadora aceitou o atleta para a competição masculina, depois substituiu inusitadamente na véspera da corrida. A treinadora substituiu o atleta na véspera da corrida? SIM NÃO
NI A treinadora aceitou o emblema para a competição masculina, depois substituiu inusitadamente na véspera da corrida. A treinadora substituiu o emblema na véspera da corrida? SIM NÃO
PA O arquiteto elogiou a patroa no início da remodelação, depois enalteceu-a fervorosamente no discurso de inauguração. O arquiteto enalteceu a patroa no discurso de inauguração? SIM NÃO
PI O arquiteto elogiou a maquete no início da remodelação, depois enalteceu-a fervorosamente no discurso de inauguração. O arquiteto enalteceu a maquete no discurso de inauguração? SIM NÃO
NA O arquiteto elogiou a patroa no início da remodelação, depois enalteceu fervorosamente no discurso de inauguração. O arquiteto enalteceu a patroa no discurso de inauguração? SIM NÃO
NI O arquiteto elogiou a maquete no início da remodelação, depois enalteceu fervorosamente no discurso de inauguração. O arquiteto enalteceu a maquete no discurso de inauguração? SIM NÃO
PA A engenheira indicou o cunhado para a construção da casa, depois dispensou-o principalmente por falta de dinheiro. A engenheira dispensou o cunhado por falta de dinheiro? SIM NÃO
Anexo 4 – frases experimento 2 PB
248
PI A engenheira indicou o projeto para a construção da casa, depois dispensou-o principalmente por falta de dinheiro. A engenheira dispensou o projeto por falta de dinheiro? SIM NÃO
NA A engenheira indicou o cunhado para a construção da casa, depois dispensou principalmente por falta de dinheiro. A engenheira dispensou o cunhado por falta de dinheiro? SIM NÃO
NI A engenheira indicou o projeto para a construção da casa, depois dispensou principalmente por falta de dinheiro. A engenheira dispensou o projeto por falta de dinheiro? SIM NÃO
PA O auxiliar enfeitou a menina para a sessão de fotografia, depois carregou-a cuidadosamente até o estúdio. O auxiliar carregou a menina até ao estúdio? SIM NÃO
PI O auxiliar enfeitou a boneca para a sessão de fotografia, depois carregou-a cuidadosamente até o estúdio. O auxiliar carregou a boneca até ao estúdio? SIM NÃO
NA O auxiliar enfeitou a menina para a sessão de fotografia, depois carregou cuidadosamente até o estúdio. O auxiliar carregou a menina até ao estúdio? SIM NÃO
NI O auxiliar enfeitou a boneca para a sessão de fotografia, depois carregou cuidadosamente até o estúdio. O auxiliar carregou a boneca até ao estúdio? SIM NÃO
PA O padrinho arranjou a mágica para a animação da festa, depois descartou-a estranhamente antes da chegada dos
convisados.
O padrinho descartou a mágica antes da chegada dos
convidados?
SIM NÃO
PI O padrinho arranjou a tenda para a animação da festa, depois descartou-a estranhamente antes da chegada dos
convisados.
O padrinho descartou a tenda antes da chegada dos
convidados?
SIM NÃO
NA O padrinho arranjou a mágica para a animação da festa, depois descartou estranhamente antes da chegada dos
convisados.
O padrinho descartou a mágica antes da chegada dos
convidados?
SIM NÃO
NI O padrinho arranjou a tenda para a animação da festa, depois descartou estranhamente antes da chegada dos
convisados.
O padrinho descartou a tenda antes da chegada dos
convidados?
SIM NÃO
PA O dirigente avaliou a atleta para o último jogo do ano, depois rejeitou-a veementemente por falta de preparação. O dirigente rejeitou a atleta por falta de preparação? SIM NÃO
PI O dirigente avaliou a baliza para o último jogo do ano, depois rejeitou-a veementemente por falta de condições. O dirigente rejeitou a baliza por falta de condições? SIM NÃO
NA O dirigente avaliou a atleta para o último jogo do ano, depois rejeitou veementemente por falta de preparação. O dirigente rejeitou a atleta por falta de preparação? SIM NÃO
NI O dirigente avaliou a baliza para o último jogo do ano, depois rejeitou veementemente por falta de condições. O dirigente rejeitou a baliza por falta de condições? SIM NÃO
PA A cirurgiã transferiu o colega para o novo centro de saúde, depois recomendou-o acertivamente para manutenção. A cirurgiã recomendou o colega para manutenção? SIM NÃO
PI A cirurgiã transferiu o raio-x para o novo centro de saúde, depois recomendou-o acertivamente para manutenção. A cirurgiã recomendou o raio-x para manutenção? SIM NÃO
Anexo 4 – frases experimento 2 PB
249
NA A cirurgiã transferiu o colega para o novo centro de saúde, depois recomendou acertivamente para manutenção. A cirurgiã recomendou o colega para manutenção? SIM NÃO
NI A cirurgiã transferiu o raio-x para o novo centro de saúde, depois recomendou acertivamente para manutenção. A cirurgiã recomendou o raio-x para manutenção? SIM NÃO
PA A cantora solicitou o músico para o espetáculo de estreia, depois desprezou-o arrogantemente diante de todos. A cantora desprezou o músico diante de todos? SIM NÃO
PI A cantora solicitou o bilhete para o espetáculo de estreia, depois desprezou-o arrogantemente diante de todos. A cantora desprezou o bilhete diante de todos? SIM NÃO
NA A cantora solicitou o músico para o espetáculo de estreia, depois desprezou arrogantemente diante de todos. A cantora desprezou o músico diante de todos? SIM NÃO
NI A cantora solicitou o bilhte para o espetáculo de estreia, depois desprezou arrogantemente diante de todos. A cantora desprezou o bilhete diante de todos? SIM NÃO
PA O inspetor transportou a refém para o centro de operações, depois escondeu-a prudentemente num dos armazéns. O inspetor escondeu a refém num dos armazéns? SIM NÃO
PI O inspetor transportou a carga para o centro de operações, depois escondeu-a prudentemente num dos armazéns. O inspetor escondeu a carga num dos armazéns? SIM NÃO
NA O inspetor transportou a refém para o centro de operações, depois escondeu prudentemente num dos armazéns. O inspetor escondeu a refém num dos armazéns? SIM NÃO
NI O inspetor transportou a carga para o centro de operações, depois escondeu prudentemente num dos armazéns. O inspetor escondeu a carga num dos armazéns? SIM NÃO
PA A técnica selecionou o filho para uma etapa do mundial, depois aguardou-o inquietamente para o início dos treinos. A técnica aguardou o filho para o início dos treinos? SIM NÃO
PI A técnica selecionou o skate para uma etapa do mundial, depois aguardou-o inquietamente para o início dos treinos. A técnica aguardou o skate para o início dos treinos? SIM NÃO
NA A técnica selecionou o filho para uma etapa do mundial, depois aguardou inquietamente para o início dos treinos. A técnica aguardou o filho para o início dos treinos? SIM NÃO
NI A técnica selecionou o skate para uma etapa do mundial, depois aguardou inquietamente para o início dos treinos. A técnica aguardou o skate para o início dos treinos? SIM NÃO
PA O florista procurou a amiga para a decoração da festa, depois recriminou-a impulsivamente num momento de desespero. O florista recriminou a amiga num momento de desespero? SIM NÃO
PI O florista procurou a camélia para a decoração da festa, depois recriminou-a impulsivamente num momento de
desespero.
O florista recriminou a camélia num momento de desespero? SIM NÃO
NA O florista procurou a amiga para a decoração da festa, depois recriminou impulsivamente num momento de desespero. O florista recriminou a amiga num momento de desespero? SIM NÃO
NI O florista procurou a camélia para a decoração da festa, depois recriminou impulsivamente num momento de desespero. O florista recriminou a camélia num momento de desespero? SIM NÃO
PA O joalheiro enviou a filha para o desfile na loja, depois fotografou-a orgulhosamente no final do evento. O joalheiro fotografou a filha no final do evento? SIM NÃO
Anexo 4 – frases experimento 2 PB
250
PI O joalheiro enviou a coroa para o desfile na loja, depois fotografou-a orgulhosamente no final do evento. O joalheiro fotografou a coroa no final do evento? SIM NÃO
NA O joalheiro enviou a filha para o desfile na loja, depois fotografou orgulhosamente no final do evento. O joalheiro fotografou a filha no final do evento? SIM NÃO
NI O joalheiro enviou a coroa para o desfile na loja, depois fotografou orgulhosamente no final do evento. O joalheiro fotografou a coroa no final do evento? SIM NÃO
PA A curadora anunciou o pintor para a inauguração do ateliêr, depois mostrou-o apressadamente antes do início da
exposição.
A curadora mostrou o pintor antes do início da exposição? SIM NÃO
PI A curadora anunciou o menu para a inauguração do ateliêr, depois mostrou-o apressadamente antes do início da
exposição.
A curadora mostrou o menu antes do início da exposição? SIM NÃO
NA A curadora anunciou o pintor para a inauguração do ateliêr, depois mostrou apressadamente antes do início da
exposição.
A curadora mostrou o pintor antes do início da exposição? SIM NÃO
NI A curadora anunciou o menu para a inauguração do ateliêr, depois mostrou apressadamente antes do início da exposição. A curadora mostrou o menu antes do início da exposição? SIM NÃO
PA A bombeira conduziu o idoso para o pátio da corporação, depois observou-o minuciosamente à procura de ferimentos. A bombeira observou o idoso a procura de ferimentos? SIM NÃO
PI A bombeira conduziu o carro para o pátio da corporação, depois observou-o minuciosamente à procura de danos. A bombeira observou o carro a procura de danos? SIM NÃO
NA A bombeira conduziu o idoso para o pátio da corporação, depois observou minuciosamente à procura de ferimentos. A bombeira observou o idoso a procura de ferimentos? SIM NÃO
NI A bombeira conduziu o carro para o pátio da corporação, depois observou minuciosamente à procura de danos. A bombeira observou o carro a procura de danos? SIM NÃO
PA A bancária requisitou o gestor para a operação na agência, depois transferiu-o repentinamente para um novo balcão do
banco.
A bancária transferiu o gestor para um novo balcão do banco? SIM NÃO
PI A bancária requisitou o cheque para a operação na agência, depois transferiu-o repentinamente para um novo balcão do
banco.
A bancária transferiu o cheque para um novo balcão do
banco?
SIM NÃO
NA A bancária requisitou o gestor para a operação na agência, depois transferiu repentinamente para um novo balcão do
banco.
A bancária transferiu o gestor para um novo balcão do banco? SIM NÃO
NI A bancária requisitou o cheque para a operação na agência, depois transferiu repentinamente para um novo balcão do
banco.
A bancária transferiu o cheque para um novo balcão do
banco?
SIM NÃO
PA A missionária substituiu o guarda no início da nova missão, depois procurou-o discretamente por falta de voluntários. A missionária procurou o guarda por falta de voluntários? SIM NÃO
Anexo 4 – frases experimento 2 PB
251
PI A missionária substituiu o balde no início da nova missão, depois procurou-o discretamente por falta de equipamento A missionária procurou o balde por falta de equipamento? SIM NÃO
NA A missionária substituiu o guarda no início da nova missão, depois procurou discretamente por falta de voluntários. A missionária procurou o guarda por falta de voluntários? SIM NÃO
NI A missionária substituiu o balde no início da nova missão, depois procurou discretamente por falta de equipamento A missionária procurou o balde por falta de equipamento? SIM NÃO
PA O anfitrião recomendou a cantora para a festa do casamento, depois esqueceu-a astuciosamente com vergonha do
fracasso.
O anfitrião esqueceu a cantora com vergonha do fracasso? SIM NÃO
PI O anfitrião recomendou a música para a festa do casamento, depois esqueceu-a astuciosamente com vergonha do
fracasso.
O anfitrião esqueceu a música com vergonha do fracasso? SIM NÃO
NA O anfitrião recomendou a cantora para a festa do casamento, depois esqueceu astuciosamente com vergonha do
fracasso.
O anfitrião esqueceu a cantora com vergonha do fracasso? SIM NÃO
NI O anfitrião recomendou a música para a festa do casamento, depois esqueceu astuciosamente com vergonha do fracasso. O anfitrião esqueceu a música com vergonha do fracasso? SIM NÃO
Anexo 5
252
Anexo 5
Termo de Consentimento Português Europeu
Anexo 5 –Termo de consentimento PE
253
EXPERIÊNCIA DE EYE-TRACKING
Consentimento Informado
Informações gerais
A experiência insere-se na investigação de Doutoramento em Linguística de Katharine da Hora, orientada
pelo professor doutor Marcus Maia (UFRJ), pela professora doutora Armanda Costa (ULisboa) e pela
professora doutora Paula Luegi (ULisboa). A investigação envolve uma experiência de registo de
movimentos oculares com a recolha de dados a ocorrer na sala de eye-tracking do Laboratório de
Psicolinguística do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa.
Pessoa Responsável: Katharine de Freitas Pereira Neto Aragão da Hora
Contacto: freitas.katharine@gmail.com; paularibeiro@campus.ul.pt
Condições de recolha
A recolha dos dados será feita na sala de eye-tracking do Laboratório de Psicolinguística do Centro de
Linguística da Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras. O processo de eye-tracking é absolutamente
inócuo para o participante, tendo este apenas que apoiar a testa e o queixo num suporte de descanso enquanto
lê algumas frases que aparecem no ecrã, respondendo posteriormente a uma questão relacionada com cada
uma das frases. Os movimentos oculares serão gravados pelo equipamento. Todas as condições de higiene
estão garantidas, sendo o suporte desinfetado entre utilizações.
Confidencialidade e utilização dos dados
Dados pessoais: Os dados pessoais (nome, contacto) dos participantes serão apenas partilhados com a
investigadora e apenas para efeito de contacto urgente. Tais dados estarão salvaguardados a todo o momento,
não vindo a ser partilhados com qualquer outra pessoa ou instituição. Para efeitos de experiência e análise
dos dados, os participantes serão identificados através de uma referência numérica. Os dados são recolhidos
apenas com objetivos científicos e serão apenas utilizados para efeitos de investigação científica no
enquadramento da investigação referida.
Gravação da experiência de eye-tracking: A gravação da experiência será sempre mantida no formato
original de gravação e não será divulgada em qualquer outro meio ou partilhada com qualquer outra pessoa
ou instituição.
Direitos do participante
O participante tem o direito de desistir de participar na experiência a qualquer momento.
O participante tem o direito de aceder aos dados da experiência e de pedir uma cópia de
todos os documentos (relatórios, artigos, pósteres, etc.) produzidos com base nos dados
recolhidos.
Compreendo e aceito os parâmetros expostos neste documento e aceito participar na
experiência.
Lisboa, ____ de _______________________, 2018
Nome em letras maiúsculas _______________________________________ Idade______
Assinatura
________________________________________________________________________
Anexo 6
254
Anexo 6
Termo de Consentimento Português Brasileiro
Anexo 6 –Termo de consentimento PB
255
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Pesquisadora Katharine da Hora (doutoranda em Linguística/CNPq)
Esta pesquisa é sobre o processamento de frases em Português Brasileiro (PB),
sob orientação do Professor Marcus Maia (UFRJ/CNPq) e da Doutora Paula Luegi
(U.Lisboa). A finalidade deste trabalho é contribuir para a compreensão dos processos
cognitivos envolvidos na leitura de frases de diferentes tipos. Solicitamos a sua
colaboração para a tarefa de leitura e julgamento de frases, na tela de um computador,
como também sua autorização para apresentar os resultados deste estudo em eventos da
área de letras e de linguística e, eventualmente, publicá-los em periódicos científicos ou
em capítulo de livro. Não há risco nenhum a sua saúde, pois você terá apenas que ler
frases na tela de um computador e responder perguntas apertando botões. O aparelho a
que será submetido a fim de realizar o teste é um rastreador ocular, que ao rastrear a sua
córnea é capaz de gravar o movimento dos seus olhos durante a leitura.
Esclarecemos que sua participação no estudo é voluntária e, portanto, você não é
obrigado(a) a fornecer as informações e/ou colaborar com as atividades solicitadas pelo
Pesquisador(a).
Desde já agradecemos por sua participação!
Anexo 7
256
Anexo 7
Ficha de controle
Anexo 7
257
Ficha de controle
Nome:_________________________________________________________
Idade: _________ Natural de ________________________
Curso: ______________
Língua materna: _________________________________
Língua materna da mãe: ___________________________
Língua materna do pai: _________________________________
Nome: _________________________________________________________
Idade: _________ Natural de ________________________
Curso: ______________
Língua materna: _________________________________
Língua materna da mãe: ___________________________
Língua materna do pai: _________________________________
Nome: _________________________________________________________
Idade: _________ Natural de ________________________
Curso: ______________
Língua materna: _________________________________
Língua materna da mãe: ___________________________
Língua materna do pai: _________________________________
Nome: _________________________________________________________
Idade: _________ Natural de ________________________
Curso: ______________
Língua materna: _________________________________
Língua materna da mãe: ___________________________
Língua materna do pai: _________________________________
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