o futebol em 11 mandamentos - gov.br

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DADOSDECOPYRIGHT

Sobreaobra:

ApresenteobraédisponibilizadapelaequipeLeLivroseseusdiversosparceiros,comoobjetivodeoferecerconteúdoparausoparcialempesquisaseestudosacadêmicos,bemcomoosimplestestedaqualidadedaobra,comofimexclusivodecomprafutura.

Éexpressamenteproibidaetotalmenterepudiávelavenda,aluguel,ouquaisquerusocomercialdopresenteconteúdo

Sobrenós:

OLeLivroseseusparceirosdisponibilizamconteúdodedominiopublicoepropriedadeintelectualdeformatotalmentegratuita,poracreditarqueoconhecimentoeaeducaçãodevemseracessíveiselivresatodaequalquerpessoa.Vocêpodeencontrarmaisobrasemnossosite:LeLivros.siteouemqualquerumdossitesparceirosapresentadosnestelink.

"Quandoomundoestiverunidonabuscadoconhecimento,enãomais

lutandopordinheiroepoder,entãonossasociedadepoderáenfimevoluira

umnovonível."

(SOARESSILVA)

OFUTEBOL-EM11MANDAMENTOS

1ºEDIÇÃOGOIÂNIA

EDIÇÃODOAUTOR2014

De Deus para mim - a maior dasjogadas - meus filhos e minhaesposa.Pertodeles,omaisbelogol,odebicicleta -aindaqueprovoqueavitórianoúltimosegundodeumafinaldecopadomundo-setornacomum,sembrilho; é a réstia de um lampiãose apagando perante o brilho dasestrelas.

Pobre do homem que não buscasuperar suas fraquezas e as aceitapor culpa do destino. Na superaçãoestáoresgatedomelhorcaráter.

Abraça a fauna e a flora comoabraça teus filhos e netos. Eis asabedoria (mais simples) dapreservaçãohumana.

UM PEDIDO DO AUTOR - MAIS QUEAPROPRIADO:

NÃOLEIAESTETRABALHOSEMLEROPREFÁCIO.ASSIM,NÃO

CORRERÁORISCODEANALISAR,JULGARECONDENARAS

MENSAGENSEXPOSTASSEMCONHECEROPROPÓSITOFUNDAMENTALDOSEU

CONTEÚDO.

QUE É, SIMPLESMENTE, MOSTRAR EPRESERVAR A MAGIA DO FUTEBOLARTE.

MANDAMENTOS

FUTEBOLNÃOSEAPRENDE,NÃOSEENSINA;OUSE

NASCE,OUNÃOSENASCE.FUTEBOLÉPURAINTUIÇÃO

ENTREJOGARPRAGANHAREJOGARPRANÃOPERDER-

HÁPROFUNDASDIFERENÇAS

SÃOCINCOASCARACTERÍSTICAS

MÁGICASDEUMCRAQUEDEFUTEBOL:HABILIDADEOBJETIVA,DRIBLESDE

CORPO,ENFIADASE/OULANÇAMENTOSPRECISOS,CHUTESE/OUCABEÇADASCERTEIROSECALMANATURAL

UMAGRANDEEQUIPESEFAZCOMUMBOMCONJUNTO,

UMÓTIMOPREPAROFÍSICO,UMTREINADORCOMPETENTE–ECOMALIDERANÇADEUMFORA-DE-SÉRIE

APETRECHOSQUENÃOENSINAMNADAENÃO

GANHAMJOGO

EMDECISÃONOSPÊNALTISARESPONSABILIDADEDA

VITÓRIAESTÁNASMÃOS;NÃO,NOSPÉS

NÃOEXISTEJOGADORMODERNO.NÃOEXISTE

FUTEBOLMODERNO

EXPERIÊNCIAEMFUTEBOLCONTAMUITOPOUCO

GRANDESCRAQUESEGRANDESTIMESNÃOTEM

FASEBOA;TEMFASERUIM.JOGADORESETIMESRUINSÉQUETEMFASEBOA

10º

11º

ESCALADACATEGORIA:OBOMJOGADOR,O

CRAQUE,OGRANDEJOGADOR,OSUPERCRAQUEEOGÊNIO

ENTENDERDEFUTEBOLÉTERCONHECIMENTODAS

REGRAS,NOMES,HISTÓRIAS,ETC.,SACARDEFUTEBOLÉPERCEBERAESSÊNCIADASUAARTE–CRIATIVIDADEINTUITIVACENTRADANOJOGADOREBOLA

CONSIDERAÇÕESESPECIAIS

OALCANCEDAARTE

FUTEBOL:TRABALHOOULAZER?

AMÍDIA

COMENTARISTAS

NARRADORES

OMAISIMPORTANTE:OTORCEDOR

Este trabalho só aconteceu complenitude graças à performance deSBS; excepcional na montagemtécnicaecomsugestõesapropriadasparaolivro.

PREFÁCIO

As páginas a seguir não vieramcontar causos, inventar jogadas,contestar regras, desmerecerprofissionais, ensinar táticas;tampouco,comapretensãodeserobest-sellerdaverdade.Simplesmenteveiofalardaessênciadofutebol,queé sua intuição pura e simplesrefletida pela criatividade. Dessafonte de riqueza esportiva nasce efulgura uma arte de fantasias epaixões - graças a movimentosinesperadosesbanjandogenialidades.

Essamagia pertence aos jogadores.São eles que fazem brotarperipécias de encantamentos noscampos de futebol. São eles quetransformam o breve silêncio dasarquibancadas em gritosesgoelados, em pulosincontroláveis, em risos defelicidade, em lágrimas quaseimperdoáveis (quase, porque otorcedorperdoasempre).

Dessas loucuras musculares nosmembros superiores e inferiores,dessas contrações faciais exibindoora tristeza, ora alegria, é possívelvislumbrar os dois lados antagônicose equidistantes do ponto central, ogol.

A intenção, pois, deste trabalho, éfalar:

Dosdriblessutisquebrandocinturas,Dasenfiadasrasteirasenganandocorpos,Dospassesmilimétricospodandogramas,Dacoragemedosvoosvencendocanhões,Dafirmezaeantecipaçõesdistribuindocategoria,Doslançamentoscurvilíneosameaçandocabeças,Doschutesecabeçadasmortaiscausandoarrepiosnasespinhas.

Bemcomo falar dogol.Dogol deplaca, de voleio, de bicicleta, decalcanhar, de letra, olímpico, dechapa; enfim, de todos os gols, arazãodeserdo futeboleprincipalmaravilha de todos os estádios -um arrebatamento cristalizado pelabola - a redonda que se deixaenfeitiçar pelos mágicos e estrelasmaioresdesteuniverso,os jogadoresdefutebol.

Aspáginasaseguirvieramfalarjustamente de um casalinseparável,ojogadoreabola.Umdueto apaixonado distribuindocoraçõespara todomundonomundodo futebol, onde o expectador sedeslumbracomosartifíciosdameia-

lua, dos chapeuzinhos, dascanetadas, dos elásticos, daspedaladas…dogol.

Enquanto ele, o jogador,orgulhosamente cria; ela, abola, caprichosamenteobedece. Quando não, éporque ao criador faltoucategoria.

Em nome desse casal -responsável pelas quimeras doscampos verdes - busquei com omáximo rigor, e na maioria dasvezes, fazer citações apenas dejogadores que foram e sãocraques, mas craques mesmos;aqueles considerados “os fora-de-

série” - os sem reservas à altura;alguns lembrados em váriosexemplos e condições. Todos,porém, focados tecnicamente noesplendor da forma – a que sesustenta entre os 17 e 34 anos deidadeaproximadamente. Com essaexigência, só lembrei e lembro detimes e seleções alcançando oslimites da força técnica, física ecoletiva - protegidos peladisciplina e determinação. Aojogador e à equipe, com a bênçãodos deuses do futebol, fica oregistro de glórias para aposteridade.

Mas,éparaa intuiçãocriativaebela da individualidade que as

páginas a seguir desvendam umanova maneira de se ver a arte dofutebol, de se perceber com maisrigorosdetalhesmágicosdoesportedas multidões, de se ir para osestádiose tvssabendoquenãoseráenganadoporaquelesquesepostamcomo craques, treinadores,jornalistas, repórteres,diretores;nemtampouco pelos próprios olhos quepassamaserbemmaisaguçados.

A mais pura das intenções écolocarumacríticahonesta,justaeconstrutiva para que o mundo dofutebol seja visto com maisdesprendimento, prazer eencantamento. São críticasdesprovidas de quaisquer

pretensões por toda extensão desuas linhas. Linhas centradasapenas na saudação do futebolsimples e belo. Especialmente oFutebol Brasileiro, sempre e semcomparações o melhor do Globo;bem coadjuvado pelo Argentino edemaisSul-Americanos.

Parailustrarmelhoraindaariquezae o poderio do futebol, podemoscompará-lo com música, basquete,tênis,artesplásticasecinema–aschamadas artes puras (cujaessência não sofre evolução,porque são belas em quaisquertempos). Dessa maneira, busqueitodos os adjetivos possíveis paraalegraramaisforteNaçãodofutebol,

oBrasil.

Mas nem por isso as chamadasartes puras gozam de soberania nosrequisitos determinação edisciplina, princípios essenciais quenorteiamprincipalmenteoschamadosesportes de dedicação, entre eles:atletismo e natação, em que osparticipantes, se possuidor deprivilégios físicos compatíveis paraaatividadeescolhida,bastasomaràsprerrogativas aos dois fatores paraalcançaroestrelato.

OBSERVAÇÕES:

Embora pareça que este trabalhotenha sidodirecionadoprincipalmente

aos graduados em português – nãofoi esta a intenção do Autor, poisconsidera que todo brasileiroapaixonadoporesseesporte, letradoou não, desvendará cada palavrasimples, cada termo clássico, cadafrasepoética,cadaparágrafotécnico,com igual naturalidade. Por umarazãonaturaldoesporte:ofutebolindependedesinônimosdiferentesou suntuosos para mostrar suainteligência. Ademais, qualquertrabalho,oulivro,nãodeveserescritopara uma geração somente; mas,acreditar que toda ignorância tem odireitodeserculta.Umtrabalho,pois,paraalcançar todasas camadaseaposteridade.Lembramosainda,queoBrasilclama,devez,emacabarcom

aignorânciadaleitura.Alémdomais,temos craques analfabetos aosmilharesmundoafora.Masdentrodecampo se compreendemperfeitamente, até em idiomas bemdiferentes.Coisasdofutebol!…

O Autor também não estevepreocupado em discorrer sobrefundamentos de economia eadministração esportiva, ou sobredireitos e deveres para compor ouprofissionalizar uma equipe ou umaseleção; nem tampouco, pretendeuregistrarabelíssimahistóriadonossofuteboloudequalquerpaís.OAutorse absteve de formalidadesexteriores para se concentrarapenas na essência do futebol;

afinal de contas, somente ela éresponsável por todo universo defantasiascriadasàsuavolta.

OAutorprocurou tambémlimitaromáximo a citação de craques dopassado e do presente para não seperder com tantos nomesmerecedores de rasgados elogios.Efez ressalva entre parênteses paraaqueles que não viu jogar, aexemplo de Di Stéfano, Yashim,Arthur Friendereich Domingos daGuia, Zizinho... E tambémconsiderou que seria melhorresguardar na memória a lembrançaemvidadequemviajouparaoscéus.Quem deixou por aqui respeito,saudade e transcendeu em suas

atuações como pessoa, atleta,treinador, jornalista, diretor,certamentenãopediriaconsideraçõespóstumasalémdasmerecidas.

O Autor assinala ainda que arepetiçãodenomesconsagradosnãoaconteceu por descuido; sim, porcapricho, para fazer deles os bonsexemplos. A pretensão foisimplificar a linha de raciocíniosobreomaisaltoQIdesseesporte,que é sua intuição pura e simplesdesvendada pela criatividade, queeste trabalho glorifica repetidasvezes.

I

1°FUTEBOLNÃOSEAPRENDE,NÃOSEENSINA;OUSENASCE,OUNÃOSENASCE.FUTEBOLÉPURAINTUIÇÃO.

maginem momento mágico dacriaçãoartística,quandootalentosaidoanonimatoemprofusãodeentusiasmo e produtividade.

Imaginem lentes poderosas filtrandoem câmara-lenta os lampejos daintuição e permitindo alterações nomalabarismo e na sincronia dosdetalhes numerados em infinito por

todososespaçosdocampo.

Querendo opções melhores,possivelmente, em toda jogada oatletabuscariasuspenderosprópriosmovimentosnomeiodo lancegeradoporfraçõesdesegundos.Oresultadoseria um esporte lento, truncado esembrilho.Certamenteempobreceriaos reflexos da genialidade, enquantoos músculos da marcação seriambeneficiados. A intuição, armamortal dos craques, ficariaextremamenteprejudicada.

ÉESSACRIATIVIDADEDEBERÇOQUEDISTINGUEOSLANCESGENIAISECOLORIDOSDOS

GROTESCOSEMPRETOEBRANCO.

Portanto,dessaassertivaprimeira,os deuses do futebol não permitemfalar, escrever e, muito menos,lecionar que futebol se ensina ou seaprende.

Em sendo uma das artes puras,ou se nasce ou não se nasce. Édom, é pura evidência doraciocíniointeligente.Deformatãorápida que a prática se confundecom o pensamento. Não se sabequem nasceu primeiro. Écriatividadeporexcelência.

Nesse campo de compreensão,podemos afirmar: assim como Pelé

paraofutebol,nãoadiantaquererserLeonardo da Vinci, Michelangelo,Almeida Júnior, Mozart, NoraRoberts, Michael Jordan, AirtonSena, Federer/Nadal ouFalcão/futsal.

Vocênasceeapuraasuaartecomodom que Deus lhe deu. O dom é aarte inata a cada um. A arte temvaloração distinta desde o primeiroinstante.

Mas não vai aumentando oucrescendocomopassardotempo.É como um diamante bruto;quando lapidado, apenas se vêacrescido da luminosidade e doesplendorquejálhepertenciam.

É como o brilho do artista nasartes plásticas que surge com aretirada dos excessos de tinta,óleo, materiais ou rabiscos queenfraqueceriamo resultado final…Ecom incrível capacidadedelineiacom as mãos, por exemplo, ostraços de uma deusa - ímpar nabelezaenaelegância.O resultadoéumtrabalhoperfeito,quebeiraaclaridade das luas e sois em seusnascentes e poentes; que beira oesplendor dos sorrisos e daslágrimasnasalegriasetristezas.Éo artista posto em telas, pedras,papéiseinstrumentos.Pelomesmoraciocínio é o craque nosgramados quando se limpa defirulas desnecessárias e vira

estrelasobaluzdosdoisastros.Équandosevestedeautoconfiança,determinaçãoeféno interiordesie faz acontecer o que dele seespera,magia. Como omágico deumromancequeprendeoleitordaprimeirapalavraaoatofinal.

NOFUTEBOLOSENCANTOSSÃOREPASSADOSPELOSDEUSESDABOLA,ASSIMCOMOTEMOSOSDEUSESDASNOTASMUSICAIS,DOSCESTOS,DASRAQUETES;EDEUSESQUE,EMOUTROS

CAMPOS,DIRECIONAMOSOLHOS,ASMÃOSEOSPÉSDOSARTISTAS.

Desse condão de criatividade,

artista nenhum, craque nenhum,vai ficando cada dia melhor nacapacidade de criar como seestivesse aprendendo matemáticaou física.Seassim fosse, teríamosgênios por safras, em períodosmaisquebreves…Curtos.

Supondo que haja evolução nosesportes, os personagens principais,com o decorrer da idade e daexperiência praticada, econsiderando-osaténolimitedovigorfísico, passariam a ser mais queexperientes… Fantásticos! Arealidade nunca mostrou isso,justamente porque não é possívelevoluçãoconstantenaartedecriar.Oque existe é alternância na

individualidade,umsobeedescecomregularidade. Quanto maisregularidade,maiscraque.

ACREDITAREPREGAREVOLUÇÃOCONSTANTENAESSÊNCIADAARTEÉACEITARQUEOS

ARTISTASPOSSAMSUPERAROSTITULARESDOSOFERTÓRIOS,OS

PRÓPRIOSDEUSES.

Em síntese, é verdade que ofutebol ficou mais rápido e maisvigoroso para os noventa minutos,mais versátil nas negociações, maiscomercial nas propagandas e maisfinanceiro em suas paixões, além deacrescentarquenosacessórios:

Ascamisasficaramleveseenxutascomoplumas;Asbolassetornarambalõescoloridos,tãobonitosquefazdómachucá-las;OsgramadossãotapetespersasconfeccionadospelasmaisexigentestecelãsAschuteirasmaisparecemdesfilesdesapatosempassarelasinternacionais;Osestádios,umaapoteose!…Capazdeintimidarosolhosdosdeusesolímpicos;

Porém,aartecriativado futebolsemprefoiesempreseráamesmadesdequebolaébola.

Há mais de cinquenta anos: noscampinhos de areia, de palha dearroz, de cascalhos, dos gruposescolares; naqueles camposenormes cobertos por sapérasteiroseescorridosparaumdoslados; e mesmo nos campos dechão batido pelas beiradas dosmaracanãsdoBrasil…Jásevianaspeladas dos times de camisasrepresentativas dos grandes clubesdoRioedeSãoPaulo,muitascoisasde todo o potencial oferecido pelofutebol: gols de bicicleta, passes deletra, enfiadas e lançamentos, oschamados “overlapping”. Bem comodriblesdesconcertantesvindosdosbalançosdecorposdesengonçadosprovocandogargalhadasde tirar o

chapéu. Provavelmente, nem asfenomenais pedaladas de hoje foramnovidades para alguns craques nopassado. Muitos, aindapequeninos, já quebravamcolunascom passadas largas eimprevisíveis nos trejeitos daspernas e das cinturas finas. Tudo,enfim,quesevêhojejánasceucomabola do futebol. É a audácia paracriar que mantém a desenvolturasurgindo desde os primeiroschamadoscraques.

PELOSFILTROSDOSOLHOS

Perceber os liames dessas linhasinfinitas de minúsculos detalhes,quase invisíveis, é captar amensagem dos gestos nos instantesda criação e transformá-los empalavras, poemas, documentários,filmes. Por esse caminho o torcedor,odirigentedeclube,oprofissionaldaimprensaeotreinadorquepretendamestar entre os melhores podemvislumbrar, já no primeiro instante,coisascomo:

Atacantequenãodribladecorpo…éesforçado;Atacantequesimplesmentechuta…nãoécraque;Atacantequecabeceiadeolhosfechados…écego;

Zagueiroemeio-campistaquesódesarmam…sãopoliciais;Escanteiocomospontastrocados…desnorteiaoscabeceadores;Goleirosembate-prontoesemdriblenenhum…jamaisserágenial;Especialmente,quesegrave,jogadorquepensaparajogar…nãojoga.

Ouainda:

Nãobastachutarforte…Éprecisochutarnomomentocertocomprecisão;Nãobastamantecipações,raça,segurança…Épreciso

municiaroscolegasàfrente;Nãobastaficardistribuindopassinhosdeladoeparatrás…Éprecisorenderparafrente;Nãobastachutarecabecearmilvezesdeolhosfechados…Éprecisofazerogolaindaquecabeceandoouchutandomenos;Nãobastamgrandesdefesas…Éprecisosairbemdogol,distribuirbemabola,nortearbemoscompanheiros;Nãobastagritarparadizerqueécapitão…Éprecisodarbonsexemplosdetécnicaedisciplinaparaobterliderançaecomandocom

desprendimento.

DASESCOLINHASÀSFACULDADES

Brasilafora!…Jáédebomtempoque se vê metodologias visandoensinar os fundamentos do futebolparaalcançaromelhordoseustatus,entre elas: cursinhos, escolinhas,institutos. (só falta a Faculdade doFutebol – com vestibular, reitoria,créditos, computador e diploma debacharel.Imaginem!…Commestradoe doutorado). E no currículo dospalestrantes, gente famosa com a

proposição de ministrar variáveistáticas nas lousas e campinhos decomputador. Um aparato com apretensão de ensinar garotos (egarotas) a jogar bola. Isso mesmo,dominar no peito, chutar de efeito,cruzar, driblar com um elástico, etc.E, muitas das vezes, as pretensas“aulas” são lecionadas por quemjamais teve, em algum tempo,qualquerrelacionamentocomcamposde terra, de grama e, muito menos,amaciou a redonda com embaixadasbaixinhas.

Atentem - para o bem deexigências vindas de berço, dainfânciaedajuventude-existeoladopositivo nas escolinhas quando a

intençãoseprende:

Aproporaosgarotososbonsprincípiosdamoral,dadisciplina,dadeterminação…Tudobem;Aressaltaraimportânciadaparceladecontribuiçãodecadaumafavordogrupo…Tudobem;Adaraelessaúdeemelhorvigorfísico,compatívelcomofutebol…Tubobem.

Merecereconhecimentoessafilosofiamoraledisciplinar.

NADAMAISQUEISSO.

Na verdade, esses cursos – porignorância, vaidade ou lucrofinanceiro -destinados a formaralunos brilhantes subestimam amáxima do primeiro mandamento,onde os detalhes do futebol não seensinam porque não se aprendem.Esses bancos escolares têm apresunção de levar aos chamadosalunos a promessa vã de fazê-losacreditar que, se tirarem boas notasem salas de aula, futuramentepoderão aplicar os rigorososensinamentos nos campos ondereceberãonotasaindamelhores.

Portanto, essa avalanche deinformações só deveria terconsideração damídia global porque

as escolinhas, bem estruturadas,procuram tambémeducar os garotosnos campos dos direitos e deveressociais; o que equilibra as condiçõespsicológicas e sustenta a melhorcidadania. Que essa educação seja,pois, preferencialmente comsemelhança de idade edesenvolvimento físico, aos quaisrepassará os valores do espíritoolímpico.Emseguida,comosdireitosdos passes (ou não), retire dosgramados talentos promissores esocialmente bem conduzidos paraelevá-los à condição de profissionaisbemremunerados.

É sempre bom ver um jovemcraque esbanjando categoria;

melhor ainda que se some ao seucaráterresponsabilidadeerespeitopelos colegas, pelos adversários epelatorcida.

Ou seja, são as escolinhaspreparando os garotos de ruas efavelas (ou não) para o sonhadomundo novo. Nesse surto deaspirações e vaidades de quem“leciona”, é admirável ver oschamados professores tentandoensinar ou transferir habilidadesnaturais de craques para quemnasceupredispostoaserperna-de-pau, ainda que em outros campospossa ser até um supercraque demuitacriatividadeesucesso.Chegaaser engraçado como algumas

escolinhas e técnicos se apresentamao público. Vêm ancorados por umaparafernália de objetos - como sefutebol fosse um círculo deacrobaciasfixas.

E tentandomaterializar a dinâmicados ensinamentos em bancosescolares, ainda se vê canaistelevisivos dando cobertura a treinosrecheados de lições caseirasoferecidaspelotreinador.

ALGUNSTÉCNICOS,NESSESCASOS,PARECEMMAISUMADONADECASA,DECOLHERERECEITANAMÃO,MEDINDOEPESANDOCADAINGREDIENTEPARAA

CONFECÇÃODEUMBOLO.

E alguns livros, pretensiosos,ensinam as manhas de serecepcionar a bola, a segurança dodomínio, como produzir uma finta eainda sistematizam jogos comesquemas táticos e técnicosproduzidos por gráficos ecomputadores. Tudo, excesso defantasia extracampo. Esseabsolutismo somente vale paraquem nunca jogou bola; ou sejogou,querganhardinheirofácil.

Ora! Ora!… Se tais métodostivessem respaldo de exemplosconcretos, eficácia comprovada,diríamos que os garotos de QIespeciais em matemática, física,mecatrônica etc, indo para o

campo estudar as maravilhas dofutebol, estariam todos acima damédia de inteligência dos craquesmundiais. No passado e hoje sãoincontáveis os jogadores carentes doprimeiro graue pouquíssimosos queterminaram o superior que, ao longode décadas, vêm desbancando ateoria da inteligência escolar - sãobons de bola sem a interferência dequadros,professoresefaculdades.

OQUEVAIALÉMDAESPONTANEIDADEÉVÃFILOSOFIA.

Filosofia que vem contrariarolhos cansados de ver em campo(o que dissemos acima) garotosque nunca frequentaram bancosescolares; de repente, seapresentam como supercraques emesmo gênios. De QI tão elevadoparao futebolquantoosmelhoresalunosparaasclássicasdisciplinascolegiaiseuniversitárias.

Mesmoqueumjogadordefutebol,por falta de oportunidade naeducação pública ou privada, nãoconheçadequímica,éasuaquímicacom a bola que provoca inveja aosnãopraticantesdaredonda.Sóquemsabe cuidar dela com respeito,carinho e elegância faz brotar uma

gamade lancesgeniaisemcimadosgramados.Tanto é verdadeque, dosmilhões de torcedores entre asnações de cada clube, milhares debacharéis (até com mestrados edoutorados) são abnegados entre asmultidões batendo palmas, gritando,se esgoelando. Milhares viajamcentenasdequilômetrosembuscadoprazer concebido pela vitória simplesou, melhor ainda, pela vingança dederrotas amargas. Milharescaminham meio mundo por umarrebatamento de explicaçõesmodestas e definidas: que é seextravasar pelo time do coração epelos atletas aparentemente deinteligência inferior que sãoregistrados como profissionais,

mas lembrados como ignorantesnascolaçõesdegraus.

Sefossepossívelaprenderfutebol,seria possível ensinar aos filhos enetos a ganhar muito dinheiro, cominúmerasvantagens:

Fazendoexercíciosdiariamenteempistasmodernaseacademiassuntuosas;Pegandosol,transpirandoenergiaeenriquecendoosmúsculos;Conhecendoomundoevirandopoliglotassembacharelados;Bebendo,comendoedormindo

emhotéiscincoestrelas;Virandoídolosdegerações.

Na verdade, para alegria demilhares e milhares de craques emtodo mundo, eles usufruem demordomias de dar inveja a políticosdobaixoealtocleroeaosexecutivosde gravata da mais pura ceda; semesquecermos das absolutasprerrogativas na proteção da saúde,com serviço médico e odontológicoem clínicas e hospitais decelebridades.Issoémuitobom.

Assim, se todo pretenso atletapudesse assimilar com rigor asmalandragens do futebol, o esportese tornaria uma festa diária para os

comerciantes dos mais carossupérfluos. Imaginem, pois, estudaras técnicas do futebol e aprenderfácil, COMO QUEREM MUITOS. Oresultado seria uma enxurradadescomunal de crianças, jovens eadultossepreparandoemcursinhosefaculdades. Seria uma disputaacirradíssima para se termuitomaislazer do que trabalho, com muitodinheironobolsoeglóriasnopeito.Omaisprovável,noentanto,équeofutebol perderia a graça. Todomundoseriacraque!…

Essa fartura de deferências -merecidas para quem tem garra,coração, talento e humildade -contemplados ou não com

diplomas de bancos escolares -venhamos e convenhamos, muitasdas vezes premia com aplausosdesmerecidos quem não tem ospredicados da categoria,justamentepelosquedesconhecemos lampejos dos craquesexcepcionais.

TÁTICAPROGRAMADA?!…

Um pouco mais à frente, para aformação de novos treinadores embancos escolares, os especialistaslecionam as chamadas variáveis

táticas a serem aplicadas em umdeterminado período. Surge acontradição:essasvariáveisteriamque ser, necessariamente,definidas apenas para um torneioou campeonato, ou somente paraum jogo. Acontece que, sepreparadas para um período não sepode alterar para um jogo; se parauma partida, a cada 90 minutosteriam que ser refeitas.Consequentemente, é impossíveldeseterumatáticapré-fixadaparaum campeonato disputado portimestotalmentediferentesentresinas qualidades técnicas e físicas;quando,nemmesmoparaumjogoissoépossível.

Futebol não é matemática, emque2+2=4eametadede2(+2)=3.

Ainda que se acate o direito àliberdadedeexpressão-“latosensu”,e o fazemos com respeito àsopiniões contrárias, negamosafirmações que contrariam o espíritofundamental do futebol, que é a suaespontaneidade pura e simples, asua intuição. Os excessos dasinverdades estão prejudicando aessência do futebol, em razão detantas invenções desvirtuando ecomplicandocadavezmaisas raízesdofutebol.

Porculpadasnovas “mil euma

invencionices” nos espaços doscampos de futebol, estamosperdendo quatro, cinco em cadaseis copas, quando poderia edeveriaserocontrário.

Ademais, a cada temporada detorneios e campeonatos se vê, comfrequência,umagrandeequipenadar,nadar…Emorrernapraia.

Eis,pois,aperguntafundamental:

COMO É POSSÍVEL ENSINAR AESSÊNCIA DAQUILO QUE NÃO SEPODEDEFINIR?

Em esportes menos intuitivos emais previsíveis, a exemplo do vôleidepraia,ondesepodecantaraever

a jogada antecipadamente seminterferência direta do adversário, eporqueapenasdoisdecada lado,válá!… Já em natação e atletismo,repetimos, é praticamente possívelfazer um campeão quase quesomentepeloscaminhosdadisciplinaedeterminação,desdequeamparadopor um físico privilegiado. Mas, emfutebol - simplesmente dinâmico eimprevisível; relâmpago a cadafração de segundos - construçõesnuméricas, algumas mirabolantes:3.5.2; 4.3.3; 5.3.2, 4.4.2 etc,estabelecidas para se empregar naconstância de um jogo, seria omesmoquedizeraocraque:

Olhe,vocêfoiescaladopara

minhatáticacomestafunçãoedelanãopodearredaropé.Você,capitão,tomecontadosseuscompanheirosenãodeixeninguémsairdonossoesquema…Eseoadversárioatrapalhardanecomele.(abemdaverdade,osmaisexperientese‘osmaislúcidosficariam–eficam-abobalhadoscomtamanhodiscernimento).

Oqueumtreinadorpodedaraumtime é consistência técnica, demaneira tal que o seu conjunto seaprimore em um padrão de jogoconstante, sem correriasdesnecessárias. Mas commovimentações inteligentes em que

cadajogadorpercebaqueolancedocolega ou adversário necessita dasua intervenção.Toda jogadatemumdesenlace que, normalmente, pedeauxilio ou participação de umcompanheiro, próximo ou não, quetrará a conclusão esperada. A issosechamaprincípiobásicoenaturaldeumconjunto.

Aprimoramento também é jogarcom euforia quase permanente. Aisso se chama enriquecimento deumconjunto.Comelecada jogador,conhecendoosespaçosemquemaisgoste de atuar, venha encontrar suaposição naturalmente e faça suaparte nos caminhos da vitória semdanificar os espaços dos colegas.

Nasceucanhoto,comespíritoefísicodefensivo, certamente terá melhorrendimento na lateral esquerda. Comrarasexceçõesjogaránaquarta-zagaou meio-de-campo. Mas, canhoto“leve” e habilidoso, geralmente éótimo apoiador ou ponta-de-lança;muitos se consagram como umsuperstar.

Feita a descoberta da posiçãodesde cedo, que tenhadesprendimento e competência parase deslocar para todos os lados emfunção dos lances acontecendo. Oque significa ajudar os colegas dogoleiro ao ponta-esquerda, cobrarescanteios, cruzar, fazer gols. Aposição do jogador não o impede de

se infiltrar por áreas de outroscolegase“salvaraPátria”.

NÃOSEDIGA,PORÉM,QUEPARACOMEÇARUMAPARTIDA,NÃOSEJAPRECISODISTRIBUIROS

JOGADORESEMALGUMESQUEMA,DEPREFERÊNCIANOMAISORIGINALDETODOSE

UMDOSMAISANTIGOS,O“4.2.4”,COMVARIAÇÕESEMFUNÇÃODOSCRAQUESDISPONÍVEIS.APARTIR

DELE,SIM,CONHECENDOACATEGORIADOELENCOEDO

ADVERSÁRIO,SEJAMOSATLETASINSTRUÍDOSAJOGAREMCOMMAISOUMENOSCAUTELAEM

CADAPOSIÇÃO-PREVALECENDO

SEMPREASCARACTERÍSTICASPESSOAISPARAAVANÇAROU

RECUAR.

Pode-se também privilegiar adefesaouduplicarosapoiadores.Poroutro lado,comousadia,mandarqueo time todo avance sem medo delevar gols. Essa última filosofia éresultado da confiança na qualidadedoszagueiros, dosmeio-campistasepor acreditar que os atacantes farãotantos gols quantos necessários.ESSAÉAMELHORDIDÁTICAPARAUMTIME VENCEDOR. A que também sepode chamar de tática, porém nãodefinida para os noventa minutose, muito menos para um torneio.Reiteradamente,diremosque,ACIMA

DE TUDO, UMA EQUIPE VENCEDORASE FAZ COM CRAQUES, CONJUNTO,PREPARO FÍSICO E UM TREINADORINTELIGENTE; afirmação que seráesmiuçadanoquartomandamento.

A ÚNICA LÓGICA DO FUTEBOLCHEGA A SER SEM GRAÇA DE TÃOCLARA: EM CAMPO SÓ GANHA QUEMFAZMAISGOLS.Atéaquiumaquestãode bom senso. Porém, é necessárioacrescentar: mais gols, sim, comregularidade.

Porém, como futebol costuma serumacaixinhadesurpresas,nuncaumtécnicopodesubestimaroadversário,tampouco se sentir inferiorizadoporquedooutro ladose temumtime

commais história, que estejamelhorna temporada, ou mesmo com maiscraques. A falta de coerência dofutebol não escolhe a cor e nem opeso da camisa para influenciar noresultado, com isso pode beneficiarquem busque superar as deficiênciascomespíritode lutapor todapartida.Incontáveis exemplos para asincertezas do futebol vêmacontecendo em todos os certamesaolongodosanos,sejadeclubesoudeseleções,noBrasilenoexterior.Ealém do mais, sorte tem quem nelaacredita.

QUANTASVEZESUMPEQUENODETALHEOUDESLIZEALTERAAS

CORESDOSQUADROSDEUMJOGOPARADARAOMAISFRACOUMAVITÓRIAMAISCOLORIDA?

É dessa falta de lógica,descontraídaezombeteira,quesurgecom regularidade a zebrinha daloteria: equipes tecnicamenteinferiores se superam com oschamados “milagres do goleiro”,“felicidadedosavantes”ougraçasàinfelicidadedoadversário.

Após tantos apontamentos,inúmeras comparações, exemplos eafirmações, é possível compreenderque a ousadia de pré-estabelecertáticas para o tempo de umapartidaéamesmapresunçãodese

fritar ovo em gordura fria.Começado o jogo em qualquerdisposição (tática), daí para frenteserá o capitão e comandados queirão se redistribuir em campoconformeoandamentodapartidaeàprópria categoria técnica e física emrelação ao adversário. Será ainteligência, a coragem e a sorte dequem mais tem que dará o tom dojogo. Antecipadamente, sim, naspalestras da semana, antes dosjogos,nos intervaloseatéàbeiradogramado que o treinador mostraráserviços com observações, gritos,indicações de posicionamento (parair, voltar,marcar ou se desmarcar) esubstituiçõesnomomentocerto.

Jamais, porém, é concebívelquerer posicionar o jogadorsegurando-o pelos braços ou usaro indicador para dizer onde deveficar,porondedevecorrerecomodeve jogar.Chegaaserengraçadoum treinador – até aquele quejogou bola – querer ensinar a umcraque, a um supercraque e a umgênio se posicionar ou correrdentrodecampo.Éumcrimeoqueos treinadores (até na seleção)ofazem inclusive com alguns fora-de-série: obedientes demais,submissos demais ou educadosdemais..

Ora, ora!… Futebol não é umesporteestático,nãoématemática,

não faz continência paraensinamentos que contrariem anaturalidade dos movimentos emcampo.Quando a bola rola, rolamsituações ímpares, imprevisíveis acadasegundo.

FUTEBOL-DISTINÇÃOÍMPAR

Futebol, por seus detalhesincomparáveis, às vezesincompreendidos, apresentapeculiaridades especiais que o fazdistinto no mundo esportivo. Mesmoquese tentemostrarempormenores

mínimos as técnicas de defender,chutar, lançar, driblar, cabecear -trejeitos inatos aos personagens dabenditabola-pergunta-se:

Comoensinaraintuiçãonomomentoprecisodolance?Comoensinarinteligênciaparafazerocertonomomentocerto?Comolecionareaprenderhabilidadesetécnicasobjetivasemtabuleiros,lousas,computadores?Como?…Seduranteumjogotemosdezenas,centenasdeinspiraçõesnascendoemespaçospequeninos,detemposmínimosdapartida.

Toquescommaisoumenosforçapordécimosdediferença;

Como?…Setemosumaseqüênciadeincontáveispensamentosindecifráveis,deaçõesdocorpoedospésrapidamentefurtivos,dedesviosdeolharesedecisõesinesperadas;enfim,tantafluênciadelancesnãoprevistosparaosnoventaminutos.

Ora! Ora… Se a essência dofutebol fosse tão simplória de seensinar e aprender, certamenteteríamos gênios timbrados pelas

estaçõesdoanotodoano.

Nãoéassim:

Futebolnãoéumaescalamilimétrica;Nãoéumabalançaparatantosquilos;Nãosãotriangulaçõesdefinidasporfísicaougeometria.

FUTEBOLÉAPENASUMUNIVERSOMULTICOLORIDO CENTRADO NAREDONDAMAISCHARMOSA,ABOLA;paparicadapelos jogadoresaosseusmodos: ternamente, grotescamente,rispidamente,mas sempre beijandoa redonda como a uma amada se

beija. A esse grupo se soma otreinador, o coadjuvante maisimportante, o protagonista da batutaque coordena a orquestra. Paracompletar o palco de mais valia,temosaindapreparadores,auxiliares,fisioterapeutas, médicos,odontólogos.

Finalmente, o mundo do futebolparaserbeloe representar tudoquenele se vê, se lê e se ouve apoia-seem dois sustentáculos fundamentais,amídiaea torcida, semasquaisofutebol não sobreviria. Além deaplaudir, são elas que cobram,fiscalizam e dão a nota que leva oprofissional do céu ao inferno e vice-e-versa.

FUTEBOL-NOTEMPOENOESPAÇO

Diferentemente de outrasmodalidades esportivas, no futeboljamais teremossua intuiçãopermitidacom folga de tempo no relógio. Issoporque, com a bola rolando otempo se torna um implacávelcobrador das horas, minutos esegundos, igual ao Pelé na marcadopênalti.

Futebol por todos seusmeandros,na comparação com outras artes,delas difere profundamente graças àrapidez de imaginações firmadas navelocidade dos pensamentos e

filmadasnacoreografiacorporal.Vejabem, em escultura, pintura emúsica - artes mais belas aosnossosolhoseouvidos-épossívelensinarasmanhas:

Desemisturarmassasetintas;Detalharpedrasemadeiras;Desealterarnotasecompassos.

Em seguida, dessa faculdade depaciência e técnica, colher os frutossaudáveisdotrabalhopostonopontodo melhor original. Aqui, os artistasainda que deles também se exija odom para criar e desenvolver linhas,traçadose formasdiferenciadas,sãobeneficiados pelas benesses do

tempo e espaço para recriar o quenão ficoubom.Comesseprivilégioàdisposição, o artista pode olhar aobra por todos os ângulos e corrigirfissurasporventuraexistentes.

Já em futebol a sensibilidade éposta à prova instantaneamente,quasesempre,sobrígidapressãodoadversário querendo desfazerqualquer pretensão criativa doopositor.Echegaquerendodepositarsobreelaumamagiademaisluz.Nosesportes de grupos, como basquete,futebol-de-salão e o próprio futebol -pelo fato de serem esportes dechoques - o conjunto, odesprendimento e a lucidez decadacraquesãofundamentaispara

superarosadversários.Aocontráriode alguns esportes que, mesmoformado por vários atletas, nãomantêm contato direto contra oinimigo; um dos fatores para nãoapresentar o mesmo carisma doesportedasmultidões.

Por seu lado, nas práticasesportivas individuais os louros davitóriaserestringemaopróprioatleta,ao técnicoeaosauxiliares.Apartilhada glória é mais restritiva; nem porisso, em alguns deles inexistecriatividadeebeloslances.

Com bons olhos é possívelobservar uma peculiaridade bastantecomumnosespaçosdosesportesem

geral, principalmente naqueles deconfrontos físicos diretos, quandojogadores de diferentes statussociais, portes atléticos, raças ecoresseconfrontamcomdesavençasde palavras e até atos agressivosdurante os jogos. Mas, ao final doembate, via de regra, osdesencontros são acompanhados dedesculpas, abraços e elogios, semconstrangimentos e com o maisprofundo respeito; ainda quemisturada com alegria zombeteira. Éa força do esporte superando asfraquezas do sangue quente.O quecomeça dentro de campo, dentrode campo termina. Participantes ounão de agressões, voltam a seembaralhar pelas raias do gramado

como se nada tivesse acontecido,semrancores.

Ademais, há de se lamentarsempre quaisquer picuinhas eviolências que extrapolam os limitesdo campo. É preciso rechaçar comfirmeza qualquer segregação racialvindadejogadores,torcida,imprensa,que insista em se imiscuir pelosambientes esportivos. Toda ervadaninha deve ser banida dosgramados, quadras, raias e pistascom a força da melhor cidadania epordecretosoficiais.

CELEBRAÇÃODOS

MOVIMENTOS

No futebol o faz e o desfaz e agarrapelaexcelênciadajogadacriamum esporte com expectativas epaixões imensas. Esse faz e desfazacontece graças à celebração dosmovimentos que, em frações desegundos,sãorealizadosemperfeitasintoniaentreosextremosdocorpo-dacabeçaparaospés.Enquantoemoutros esportes a vibração dainteligência é alterada com maisfacilidade a cada instante do jogo,porquerealizadacomasmãos.Fatorpreponderante que dá aos atletasmais facilidade e segurança narealizaçãodoslances.

Essaabordagemécolocadasemdepreciação alguma paraatividades das mãos ágeis, comobasquete, tênis, e mesmo o voleyde quadra, que geralmenteproduzem lances tão vistosos queenchemdeadmiraçãoosolhosatédos apaixonados por futebol. Odiferencial de qualidade está nograudedificuldadedasjogadasemfunção dos membros dos corposnãoseremosmesmos,excetoparaogoleiro.

Isso mesmo, regra geral, osesportes são semelhantes entre si evalorizados em função de mais oumenos criatividade e da carga deadrenalina saudável que se apodera

do corpo. No futebol, muito mais…Porque arrebatam corações com aprodução de coreografias geniaispelas linhas dos gramados e dasquadras. Para os brasileiros,principalmente, o futebol reinaabsoluto pela composição do seuconjunto. É um esporte de harmoniabastantediferenciada.

Qualificar, pois, o futebol comouma das artes puras mais puras seprendepeloalcancequedelineiasuasfantasias,sobressaindo:

Olançamentode40mrasteirandocabeças;Ovoleiodeitandoocorponosventos;

Ovôodogoleiroalcançandoafênix;Odribledecorpoquebrandocoluna;Aparadinhaenganandoosolhos.Abicicletapedalandopelosares;

Esses destaques, entre outros,com excesso de velocidade noraciocínio criativo, podem sercomparados a artes plásticas,músicas e outras mais. Porém, sedeve observar que nessas artes, porserem fixas, o dom artístico podeabusar:

Dopensarepensa;

Domontadesmonta;Doconsertadesconserta.

Mostrandoqueadisponibilidadedetempo para movimentar os toques eretoques propicia à confecçãoartesanalumtempoilimitadonabuscadeumobjetomaisoriginal,maisbelo.Esta deferência, no entanto, não seestende aos gramados onde não sepermiterepensar.

NOFUTEBOL,NOMOMENTODACRIAÇÃO,OUSEFAZERRADO,

MAISOUMENOS,BEMFEITO…OUNÃOSEFAZ.

Até em música, no campo dasinterpretações instrumentais, semcontradizer as observaçõesanteriores, quanto mais se estudamaissecaptaossonsdasnotas,oritmo dos compassos, a harmoniadas escalas e as batidas dosacordes. Como o tempo é quaseeternamentedisponívelaumaprendizouaumprofissionalquepretendaserumvirtuosee se consagrar, seja nasteclas, nas cordas ou nos sopros,basta-lhe somar disciplina edeterminação com mais intensidadeao dom que possui; pronto, mais demeio caminho se andou rumo aosucesso. A musicalidade advinda daausteridadesefazmaravilhosa.

No futebolesse lastrode temponão acontece. É necessário opredomínio absoluto do talentoparasealcançaromelhorstatusnaEscaladaCategoria -graduadano10º Mandamento. Enquanto emmuitas das artes disciplina edeterminação são caminhosparalelos ao sucesso, no futebolsão coadjuvantes necessáriosapenasparasemanteraqualidadedeberço.

Não resta dúvida, porém, que oencontro saudável entre dom evontade alcançará melhoresresultados na busca do rigor técnicoparatodosospraticantesdequalqueresporte, somente fazendo ressalvas

para mais ou menos criatividade emcadaumdeles.Omesmoocorreemoutroscamposartísticos.

Ébemverdadeque,nasandançaspelo mundo do futebol, merecemaplausosdacriticaedosapaixonadosos livros que narram históriaspitorescas, jornadas vitoriosas,desastresinesquecíveis–empáginasque retratam e gravam para aposteridade os altos e baixos dejogadoresetimes.

Nada, porém, de todos osmeandros inseridos no contextodessa paixão tresloucada,permite aqualquer sumidade da literatura edospalcosesportivosse imbuirda

pretensão de querer ensinar osfundamentos do futebol (nemquando assentados nas bases decursossuperiores).

Quando falamos e batemos natecladavaloraçãodessessegmentosapenascomoeducacionais, éporqueacreditamos na força dos livros ecursos com a capacidade de criaroportunidadessemdiscriminaçõesderaça, credo, cor e poder aquisitivo.Já, nos espaços dos adultos épossível aos participantes (e aquipodem ser chamados de alunos)oferecerliçõesdeconteúdodisciplinare técnico para as atividades detreinadores, juízes, auxiliares; entreoutras: regras para cobrança de

escanteios, laterais, pênaltis,exibições de jogadas proibidas,normassobre torneiosnacionais einternacionais e com as devidaspunições aplicadas pelasFederações,Confederações,CBFeFIFA.Ouseja,formam-sejuízesesedáaos treinadoresmaiscompetênciaa respeitoàsnormasdoesportequeajudam a conduzir e a disseminar.Portanto,oquesepode lecionarsãoos cumprimentos dos deveres e aspenas para os descumprimentos,além de transmitir a importância daéticapessoaleprofissional.

Essa moldagem que aperfeiçoa oconhecimento e a personalidadetambém de jovens acaba por ser

muito positiva quando - na formaçãode equipes - se soma odesprendimentodo valor individual naparcela de contribuição, ainda quemínima, a favor do coletivo. Mas sepequena tecnicamente, essainferioridade fica enorme quandoacompanhadadevontade,raça,suor;não de agressão, confundida pormuitoscomo“garra”.

Por issomesmoos adjetivos damelhor qualificação profissionalvão para os jogadores de bomcaráter e boa educação fora edentrodocampo.Violência éparaos inconsequentes eirresponsáveis. Ignorância físicaparasuperaraignorânciatécnicaé

adefesadosmaisfracos.

FALSAENGRENAGEM

Ao lado dos valores profissionaisque preservam estrelas surgindoespontaneamente a cada estação, épreciso desmistificar a ideia dequerer ensinar a jogar bola e apromover táticas em quadros-negros e computadores como sefaz com física e matemática. Épreciso conter os palavreados quelecionam os fundamentos dofutebol como se fossemengrenagens de veículocontroladasporpainéiseletrônicos

e digitais. Os gestos naturais dacriatividade, inata a cada um, nãopodem ser alterados por terceirosque, embora possam ter sido atémais craques, certamente teriamtambém visões diferentes para osinstantesdaintuiçãocriativa.

Essa possível contrariedade deopiniões e movimentos,especialmente entre treinador eatleta, não trás benefícios para osegundo, nem resultados positivospara o primeiro. Pior, porém,quando a intenção de ensinar oudar opiniões vem de diretores,comentaristas, técnicos (ouprofessores):

Desprovidosdedonsquaisquerparaofutebol;Quejamaistiveramumpoucodosuordasvitóriasederrotas;Quejamaisestiveramuniformizadoscomomínimodacategoriatécnica;Quesegabamemfutebolmercêdecursosuperioroubonsconhecimentoemoutrascampos.

Para ser comentarista ou críticocompetente, acima de tudo, épreciso esmiuçar com os olhos osdetalhes, as linhas e entrelinhas,os mais simples movimentos,enfim; as grosserias cutucando abola como se fosse pedra

traiçoeira; e as genialidadesreverenciando a redonda como sefosse um botão de rosaperfumandoogramado.

Mas como os espaços doesporte são imensos e a liberdadede expressão pessoal uma vitóriada democracia, respeitamos todosaqueles envolvidos com o futebol,fora e dentro do campo, mesmoquandoopinamsemadevidavisãodo essencial sobre as quatrolinhas. Mas, que chega a serengraçado, chega: ver e ouvir dequem nunca jogou bola, nuncaconviveu em campos e vestiários,nunca soube quantos lados tem arainhadosestádios, sóassiste jogos

vez ou outra; ainda assim, vir apúblico com textos e opiniões paracontrariarasabedoriadofutebol:

Aoafirmarquenãosecomparamjogadoresdeépocasdiferentes;Aoigualarofutebolbrasileiroeoargentinocomosdemaisdetodososcontinentes;Aomisturarsentimentospessoaisquemascaramaverdadeearealidade;Sejapelaignorânciadenãoseperceberasperspicáciasdaartedofutebolemtemposdiferentes,posiçõesdiferentesoumesmocomfunçõessemelhantes;

ASPARADINHAS-(CRIMINALMENTE,ABATIDASPELAFIFAEPELOSINCULTOSDAARTE;OUATÉMESMOPORPRETENSÕESDEINTELIGÊNCIASUPERIOR)

As paradinhas aconteciamjustamenteprapenalizaras infraçõesdos zagueiros e até dos própriosgoleiros. A “paradinha” ou“paradona” não foi apenas umaartepuraenobredesvendadapelacategoria,mas tambémuma formaespontânea e primorosa de se

aplicaraleicontraosinfratores.

Em seu tempo, goleiro que se prezetentarásacaraintuiçãodomovimentointerrompidoantesdoarrematefinal.

Sea“paradinha”éuma“sacanagem”,goleiro que não se deixa enganarpoderá ser o herói da penalidade etransformar o sacana em vilão.Desmerecer ou abortar a“paradinha” foi como retirar decampo os reflexos da inteligênciarápida contidas nos olhos dosopostosvidradosemcimadabola.Nesseembate,tantocobradorquantodefensor podem roubar a cena doespetáculo. Assim, que fiqueregistradoparaosincautoseincultos,

o alcance das virtudes individuais,em qualquer esporte, deve estaracima da ignorância de não seperceber, por exemplo, a intuiçãomaravilhosadeuma“paradinha”.

Temmais, ao se retirar de campoas “paradinhas”, porque se trata demovimentosdesleais,então,odribledecorpo,oelástico,ogoldeletra,a “folha seca” etc etc… Tambémdeveriam ser banidos dosgramados por ser covardiaexplícita cometida contra quemnada fizera de errado. Enfim, a“paradinha” é (ou foi) um dosfiletes da arte desvendada pelolampejo reluzente de poucos (nachamada “hora H”). Se as

confederações mundiais,especialmente a brasileira,tivessem atentado para uma artetão ímpar, tão magistral, nãoteriam permitido que a FIFAcometesse um crime tão bárbarocontramovimentostãopuros.

Isso mesmo, essas coisaspequeninas do esporte estão aípara contrariar os chamadospalpiteiros que nunca viram agrande diferença entre um dribledecorpoeumacorreria levandoabolaparaadireitaouesquerda;deumjogadorquerendopassagemnamarra como se fossem donos dosespaçosà frente.Esses ignorantesda bola, se colocados no campo,

nos tempos áureos da própriaidade, arrancariam tufos de gramana tentativa de chutar a redonda.Mesmoassim,emnomedafaustosae salutar liberdade de expressão,dão opiniões até em revistas ejornaisfamosos,comoseaartedofutebol fosse fundo de quintal dacompetência que, certamente,teriam (ou tem) em outrasparagens.

Vale para reis e plebeus ahumildade sobre a vaidade: quererensinarfutebol-éseesquecerquea danada da bola e os vintejogadores correm durante osnoventa minutos com impossíveis

definições antecipadas develocidade, tempo, espaço,habilidade e criatividade. Essecondão da inteligência intuitiva,refletido pelos movimentos,ratifica-se: não podem sermedidos, nem pesados, nemimaginadosantecipadamente–nãoseensinaenãoseaprende.

A

2°ENTREJOGARPRAGANHAREJOGARPRANÃOPERDER-HÁPROFUNDASDIFERENÇAS.

primeira afirmação, às vezes,perde; mas, de pouco. Asegunda, às vezes ganha;mas,depouco.Aquinãosefala

em exceções de placares. Falamosde regrais que ganham torneios,campeonatos, Copa do Mundo. Nemmesmo a sorte faz parte daafirmação, consequentemente, só

ganha com mais frequência quembusca o gol com mais vontade.Neste segundo mandamento, deassertiva simples a favor de vitóriasconstantes, está toda valoração dofutebol. Decorre do antagonismoentre um ponto de vista e outro umaprofunda diferença, como os doisladosdamesmabola:

OINTERNO,ESCONDIDOPARANÃOAPANHAR;OEXTERNO,SEMPREDISPOSTOALEVARPONTAPÉSPARAVENCER.

QUANDO SE ACEITA A PRIMEIRA CONDIÇÃOCOMO MELHOR CAMINHO PARA A VITÓRIA, SEDESCOBRE QUE A VANTAGEM NO PLACARACONTECECOMMAISNATURALIDADE,AINDAQUE

NOSÚLTIMOSSEGUNDOS.

ASEGUNDA,JUSTAMENTEOCONTRÁRIO.DEFENDE-SE,

DEFENDE-SE…VIADEREGRA,ADERROTACHEGAIMPIEDOSA,MESMONOSINSTANTESFINAIS.

Essa equidistância do pontocentral, o gol, acontece mais naprimeira assertiva doMandamentoporquenelapredominaaaudáciaea alegria da arte que semanifestano treinador, no jogador, no timeinteiro; enquanto a segunda seafasta da finalidade precípua,porque nela reside o medo, ainsegurança e o antifutebol,

caracterizando a personalidade dotécnicoedaequipe.

Dessa forma, não pode um timede craques, de treinador “safo”, debom conjunto e preparo físicoconsistente se retrair e considerar oadversárioigualousuperioremseusméritos. Conhecendo (ou não) oopositor em sua bagagemmuscular,técnica e coletiva, se avança ou serecua conforme o andamento dapartida-deformacompacta.

Todosaquelesquenasceramparamarcar, marcam; os que nãonasceram combatem sem prejudicarsuas características principais.Desmarcar, sim, é para todos –

dentro de um ritmo de paciência econfiança -semprejuízoalgumparaas individualidades de cada jogador,que devem ser respeitadas. Paraesses, não confundir correria portodo o campo pra dizer que émarcadorouqueépraajudarotime.Muitasvezessignificaincompetênciapara realizar o que seria o seuposicionamento.

Essa postura não é umaestratégia, uma tática, apenas umacircunstância de uma equipe comjogadores capazes de conhecer ospróprios limites e reconhecerimediatamente as qualidades dooponente. O importante é acreditarna força da própria equipe sem

menosprezaroconcorrentecomigualpretensãodevitória.

O que importa mesmo a umaequipe que se pretenda forte evencedoraécomeçarcontratandoumtreinador inteligente; dando a eleapoionabuscadecraquescomperfilprofissional. E juntos compartilhem ointeressepelodesempenhodomelhorfutebol.Mas,umtreinadordaSeleçãoBrasileiraéproibidoreclamardafaltadecraquesparacomporaequipe.

A pouca atenção para com esseMandamento tem provocadoincontáveis absurdos contra o futebolbrasileiroaolongodosanos.Derrotase empates descabidos até contra

equipes inexpressivas. Em sefalando de seleção brasileira éinadmissível que se jogue commedo de perder, sabendo que setemumplanteldemaisquantidadee qualidade. Alguns treinadoresdizemqueétáticaparasurpreenderoadversário. Jogam com excesso deretranca na zaga e no meio-de-campo; esquecem as inúmeras esurpreendentesderrotas sofridasnossegundos finais, seja pelacompetência do adversário ouincompetência própria. Para secaptar e retransmitir a mensagemda vitória é preciso aceitar quesomente o caminho do gol faz adiferença entre a coragem e omedo.A opçãopelo empate, porque

seria o bastante, apenas sinalizareceiodederrota.Eaí,nesseespaçodetempo,sepremiaojogosemgolsoudegolsiguais,eseesquecequeoresultado só ocorreu porque faltousorteaoadversário,quando:

Abolabateunatraveoutravessãoenãoentrou;Ojuiztomoudecisõesequivocadas;Ogolperdidoemcimadalinha;Opênaltimalcobrado.

A questão é: como não selembrar de tantos jogos decididosnos segundos finais das

prorrogações, condenando os“retranqueiros” à derrotasamargas?

Temmais,vencersemconvenceré como ganhar por WO ouconquistarno"tapetão".Ounãoé?

Podemos,então, falarequebrarumoutrotabu.

TÁTICADEFENSIVA

Nãoexistee jamaisexistirácomcerteza o paradigma: "Segurar oresultadoparaconseguirvitóriaou

empate”. A chamada “táticadefensiva”, quando dá certo, éfruto muito da categoria e da boasortedosgoleirosedoszagueiros.A verdade é: os guardiões dadefesa fazem a sua parte naretranca perniciosa, e lá na frenteos atacantes - sem receber bolasdomeio-de-campodefensivista-seesperneiamparasalvaraequipedeumaderrota.Quandoaconteceumgolzinhomilagrosoparajustificarocargo do treinador, aí vem o ladovaidoso se safando com o jargãopragmático: “Experiência demacacovelho!…”.

Pois bem, que fique claro edefinido – especialmente para o

melhorfuteboldomundo,obrasileiro- no pressuposto de se jogar paraganhar só existe um caminho:atacar sempre (jogar pra frente),prenderoadversárionasuadefesanão lhe permitindo o campoofensivo. A procura incessantepelo gol deve ocorrer do primeiroaoúltimominuto,ganhandode1a0,oumais.

Quanto à seleção brasileira, acrítica exige mais rigor aoconsiderarmos a quantidade decraques consagrados para formaruma, duas, três seleções com forçade campeã do mundo. Mas, paramanter essa safra permanente emalta,impõenãoseesquecerdeum

detalhe bem simplório: só ganhaquemfazmaisgols,ditadoreiteradoneste trabalho. Mas, que passabatido por muitos técnicos ejogadores.Que se observe: para osgols acontecerem com naturalfacilidade, é fundamental que setenhaemmentequeumgrandetimesó se faz com UM GRANDEGOLEIRO, UM GRANDEZAGUEIRO, UM GRANDE MEIO-DE-CAMPO; ESPECIALMENTE,COM UM FORA-DE-SÉRIE,DAQUELES QUE NÃO SEAPAGAMAOLONGODOSANOS.Desse caminho e conjunto (baseadono coletivo) se chega aos títulosalmejados.

Portanto, ao Escrete Canarinhonãosepodepermitirdeterminaçãodiferente daquelas refletidas nasloucuras incitadas pelo balançodas redes; nem tão pouco aceitarsercampeãodomundoemcimadeequipes frágeis ou das grandesdesfalcadas. Ser campeão deverdade, em qualquer esporte,individual ou coletivo; em qualquercampeonatooutorneio,sobretudoemcopas do mundo, é querer seclassificarevencerosmelhoresedepreferência com todos os seustitulares.

É injustificável – como se vê eouve, até de nomes consagradosno futebol - torcer para o Brasil

cair na chave dos inexpressivos,dos desfalcados e depois renderhomenagens às conquistas sem obrilho das estrelas. Imaginem!…SercampeãocontraumaArgentinade Di Stéfano, Passarela,Maradona e Messi a um sótempo!…–Nãoseria aglória bemmaior?

Umoutrosabordevitóriasemsale sem açúcar ocorre quandoconquistamoso títulocomempatesevitóriasmagras:0a0,1a0,1a1,2a 1; ou se conquistadas nasprorrogações, nos pênaltis, sem omerecimento de um final feliz notemponormal da partida. Qualqueremoçãoqueodesenlacepossatrazer

é frustrada pela carência de alegriaquandomais se queria, na boa rima,paraquemmelhorvenceria.

Ora, bolas!… Nós somos oBrasil!Vitóriaetítulostemquesermerecidos.

Merecem prêmios e lauréis porconquistas simplórias aqueles dequemnão seesperamuito ounada;justamente os inexpressivos oudesfalcados.

A FILOSOFIA "O QUE IMPORTA ÉGANHAR!…", CABE BEM PARA QUEMNUNCAFOIARTISTA.

Mas, Brasil e Argentina, que

sempre produziram um futebol lúcidoe habilidoso, de plástica e belezainesgotável,nãopodemjamaisaceitarque a glória venha por acaso, porsorte ou com resultados singelos.Umacampanharealmentevitoriosanãopodeserbrilhantecomoosolda meia noite; sim, do meio dia.Memoráveis são as campanhas de50,58,62,70e82.

VITÓRIAANTECIPADA

Na Copa do Mundo de 1950,quando a euforia já nos dera a taçaantes do torneio, a derrota para o

Uruguai trouxe junto, de maneiracontundente, o primeiro alerta contraos espíritos presunçosos oudesavisados; ainda assim, somosesquecidos com frequência da liçãohistórica e de outras máximas dofutebol:

Saltoaltonãoganhajogo;Noventaminutosnãosãoduashoras;Nofutebolsóganhaquemfazmaisgols;Emjogodemata-mataoudecisivonãohárevanche.

Pois bem, quando essesdesatentos se acham invencíveis enão respeitam princípios quase

sagrados,mesmoumgrandeclubeouuma grande seleção acabatropeçando contra adversários beminferiores. São os exemplos quehumilham, magoam, ferem… Ahistória daquele que sempre será omelhorfuteboldomundo.

Enfatizamos, lições com lágrimaspenduradas nos cílios vêmacontecendo desde 1950, quando ofamoso “salto alto” invadiu osgramados com antecipadascomemorações de vitória. Por outrolado, também acontecem derrotaspor excesso de humildade; ao seolhar para o adversário de cabeçabaixa, aceitando o inaceitável parajustificaromedodoenfrentamentode

igual para igual.Quem não acreditasermelhor,realmentenãopodeseromelhor.

Aindaquepassadostantosanos,odesastrecontinuavivonamemóriadofutebol brasileiro. Trinta e dois anosdepois as lágrimas voltaram em 74,78, 86, 90, 98, 2006 e 2010. Assimcomo a Seleção de 50 (quandoBarbosanãoteveculpaalguma),ade82 se salvou com a vitória da arte.Para os melhores, nem sempre avitóriaéobastante.Bastanteésermelhor.Asdemaisficarammarcadaspela ausência de reação queacordasse os craques para arealidadequeacontecia.

Quandoaderrotaestáa caminho,como em tantas copas, aacomodação de que o time daria otrocoantesdoapito final, foi umdosmotivosparaodesastredaseleçãoede timesemdecisões.Oexcessodeconfiança na superioridade técnica,dentroeàbeiradogramado,tambémpodeserprejudicial.Éaíqueentraotreinador, não permitindo que alguns,outodos,corrampensando:

Daquihápoucoagenteviraojogo!Umtimeruimdesseganhandodagente?Fulano,SicranoouBeltranologodecidirá.

É a chamada coceira da línguavaidosa.Comseguidasrepetiçõesaolongo da história, boa parte daimprensa, dos técnicos e jogadoresesquecem facilmente de amargasderrotas nos últimos segundos.Esquecem que os deuses do futebolnão perdoam arrogância, desprezo,ou abuso contra adversários aindaque pequenos. Contrariados,revertemasituaçãocomapagõesnainteligênciadoscraquesparacausar-lheshumilhaçõesinesquecíveis.

É inexplicável, sim, o que podeaconteceratécommentesbrilhantes.Nas várias copas perdidas, algumasde graça, se esqueceram,comandantes e comandados, que

futebol não tem lógica obrigatóriapara uma só partida. Nessemomento é preciso ter uma visãomais aguda de fora para dentro ede dentro para todos os lados docampo. É necessária uma reaçãoenérgica, em cadeia, justamente nocomportamento psicológicoendeusador de si próprio; naqueleque,porexcessodevaidade,tapaosolhosenãovêosméritos(ouasorte)doadversário.

É preciso trazer de volta arecomposição da humildade e dadeterminação que podem alterar oresultadonegativoocorrendo.

Quando o salto alto invade o

espírito de uma equipe, só haverá oreencontro com o potencial doconjuntoseotécnicovaiàbeiradogramado gritar, espernear,xingar… até o último minuto senecessário. Levando-se emconsideração que aproveitou ointervalo para ser o mais braviopossívelcomos“pupilos”-atécomomaiscraqueouomaisconsagradodo time, exigindo-lhes mais atenção(nos passes, lançamentos, chutes,cruzamentos, pênaltis, marcação etcetc) e garra… Garra até o últimosegundodapartida,semmenosprezoalgumaoadversário.

Só assim, recomposta do

espírito vencedor e do “saltobaixo”, a equipe terá o direito deperder.

Ademais, não se deve esquecer oque a experiência adverte: VITÓRIAANTECIPADAÉDERROTAPREMEDITADA.

Os desígnios dos deuses dofutebol não se estudam, não secompreendem, não se analisam;aceitam-se. Caso contrário, osresultados adversos sãoimperdoáveis.

RESUMINDO:EXCESSODECRIATIVIDADEPARACHAMARDETÁTICAEO“SALTOALTO”SÃO

VAIDADESEPRETENSÕESDEINTELIGÊNCIAACIMADAARTE,EXTREMAMENTEPREJUDICIAIS

AOFUTEBOL.

ANOTAÇÃO:Cabe aqui uma ressalva,

desconsiderada por torcedores,diretores, treinadores e pelamídiaespecializada.Emhipótesealguma,jogadores (hoje, de saláriosconsideráveis)podemser tratadoscomo heróis, patriotas, gigantesetc–porquesuaram(ebastante)acamisa durante os noventaminutos. Ora!… Ora… Ainda queas remunerações fossempequenas, trata-se de um dever

acima da técnica; e por umaquestão de ética e decênciaprofissional o salário (em dia ouatrasado) não pode interferir aolongodapartida.Osaltossalárioseprêmiosdofutebolprofissional–especialmentedosgrandestimes–nãopermitemdescansoduranteosnoventa minutos (ou mais).Considerá-los competentes,craques, supercraques, gênios oucomobrioda responsabilidadedesuar a camisa seriam termos bemmaisapropriado.Poisbem,quesefique claro, os limites dos elogiosnão podem exceder para o campodo heroísmo porque suou duranteapartida.Seissofossecompatívelcom a obrigação, muitos salários

teriam que correr pelo menos 300minutos. Noventa seria muitopouco. E quem não ganha nada,também não precisaria suar acamisa.Ora!Ora!…

CRÍTICASINFELIZES

Se, acima, falamos em elogiosincompatíveis com a obrigação, em1969, tivemos críticas precipitadasnas comparações infelizes quandodiziam:“Nãotemosopreparofísicoetécnico/tático dos europeus”.Engraçado não se comparar com osargentinos, nossos maiores

adversários. Diziam que estávamosatrasadosnessesdoisquesitos,alémde que não tínhamos a organizaçãoextracampo e o profissionalismoempresarial - já em passadas largasnofuteboldoprimeiromundo.

Esqueceram os especialistas,porém, do trunfo maior: nós é quetínhamos os fora-de-série para omundial chegando em 1970, não oresto do planeta. E foram tantossurgindo logo a seguir para ostorneios de quatro em quatro anosque, se a CBF, com um pouco maisde desprendimento a favor darealidade, convocasse sempre omelhor técnico,aquelequeamaioriados brasileiros (aos quais pertence

a seleção) pedia e pede; por suavez,otreinadorescolhidoconvocassee escalasse sempre os melhores,conforme também a opinião damaioria e da imprensa - não hádúvidas, teríamos embolsadofacilmente pelo menos mais uns trêstítulosdeláparacá.

Muito?Não,pouco.

Nós sempre tivemos safras esafras de grandes jogadores quefazem a diferença. Mas nuncativemos safra de técnicospreocupados só em ganhar. QUASETODOS, QUANDO NA SELEÇÃO,SEMPREJOGARAMPREOCUPADOSEMPRESERVARONOME -NÃOPERDER;

QUERENDO A VITÓRIA POR UMACASO, A QUALQUER CUSTO (ATÉPOR SORTE). Soma-se a issoexemplos gritantes de jogadores quedeveriamenãoforamconvocadosnomomentocerto.

A inadmissível ausência do RomárioemduasCopas; em98quandomaisumavezsalvariaaPátriaeem2002-comele teríamosganhadobemmaisfácil.Eoutroscraquesdesperdiçadoscomalgunsminutos emcampo, casoespecial de Denílson, Raí, Alex,Edmundo.Teriamarrebentado!…Selhes dessem o tempo certo, aoportunidade merecida. Maisrecentemente, JuninhoPernambucano (um dos três

melhoresvolantesdahistória–aolado de Falcão e Clodoaldo – nãoopinaria sobre o mestre Zito; nãovi) sem o merecimento necessário.Agora, em 2014, deixar de fora otalento do Ganso (quando joga maldeixa os companheiros na boca dogolpelomenosduasvezes–quandojoga bem é o melhor do mundo emsua posição). Além do Dedé,simplesmente o mais craque apósLuisPereira.EoquefalardoLucasedo Pato? A inteligência, rapidez deraciocínio e criatividade ficaram defora. Seleção Brasileira não é lugarde simplesmente suar, brigar, correrde um lado pra outro… é lugar dejogar, acertar, de mostrarprodutividade.

Que nos perdoem os menoscríticos, os que assistem semaprofundar os olhares para arealidade do nosso futebol emrelação ao resto do mundo. Quenos perdoem os saudosistas eentusiastas da vitória pura esimples. Que nos perdoem oscomentaristas com análises bemrasas.

Não somos dessa opinião ereafirmamos: Em 94 e 2002, porexemplos, fomos campeões comresultados“simplórios”emcimadeseleções sem craques. Igualmentetristequandoseperdeporinfelicidadeé ganhar realizando campanhasfrágeis como nesses mundiais. Aos

exigentes da arte, não trazsaudadesnenhumas.Aindaassim,éjusto lembrar que em cima dessesmundiais abstratos tivemosbelíssimas exceções, mercê dacategoria de alguns craques, entreoutros: o Baixinho, em preciosaparceria com Bebeto; além deTaffarel,Jorginho,RicardoRocha.Já,em 2002,Marcos, Lúcio, Edmilson eRonaldo – brilhante - em seusmelhoresmomentos.

STRESSEXTRACAMPO

A tecla pode ser repetitiva,mas a

visão crítica não pode pisar na bola,nem escorregar por camposmolhados quando analisa questõesfora das quatro linhas que possaminfluenciarnorendimentoouresultadodo jogo ou jogador.Os comentáriossãopertinentesquandosecondenaaspectos de organização sobreumacampanhaoutime,ouquandose salienta problemas emocionaisfortes, a exemplo de perdas deparentespróximos.Foradisso,nãoé permitido aos observadoresalegarem (e aceitar) fracasso emcampo por culpa de paixõesdesencantadas, brigas comdiretores, treinadores, ou porviagens longas com mais de 24horasdeantecedência.

Issomesmo,namaioriadasvezesé preciso não esquecer: ESTRESSQUEÉDEFORADECAMPOEMCAMPONÃO ENTRA, sobretudo quando setrata da seleção brasileira em jogosoficiais,oudosclubesemdecisões.

Por um motivo bem simples.Jogador algum (por exceção deraramá-condutaouatédecaráter)deixaria de colocar seu nome nahistóriaparasevingardetécnicos,diretoria,imprensaoutorcida,nemtampouco se entregaria à derrotapor questões salariais ou“briguinhas de namorados”. Pormais rudeque sejaum jogadordefutebol, ele tem consciência obastante para manter seu bom

nomeetirardividendosfinanceirose sociais das grandes vitórias.Ademais, dentro de campo não hátempo para ficar pensando emproblemas particulares. Não se ficapensandooquêecomofazer;muitomenos, sobra tempo para lembrarbesteiras particulares. Atentem:Jogadores(eatletas),profissionaisou não, preferem dar a vitória aotécnico que não merece a levarvaia da torcida ou ser condenadopelahistória.

Essa compreensão se tornamuitoimportante para a salvaguarda dosjogadores de bom foro íntimo, aindaque tenham sido responsáveis ou

meramente envolvidos em tropeçosde copas, campeonatos e decisões,quando as causas fundamentaisaconteceram, e acontecem, muitomais:

Peloendeusamentoeestrelismodacomissãotécnica;Peloexcessivonúmerodeconvocados;Pelasexaltaçõesnospalavreados;Pelasconvocaçõesequivocadas;Pelassubstituiçõesenganosas;Pelofutebolretranqueiro;

Ou, por análise semelhante e

paralela,sedecidirmoscontra:

Ojornalismoassanhadoeimpacienteporvitórias;Àinvasãonosgramadospordiretorespalpiteiros;Àstravasdaschuteirasdobrandodealtura;Àchamadacoceiradalínguavaidosa;

Mesmocomtodoesseaparatodepresunção sem humildade, de brilhopálido,deconquistassemvitórias,emque alguns treinadores se colocamacimadoQIdosartistas,muitacoisaficaevidenteparabrasileiroseparaomundo: sempre teremos o maiornúmero de grandes jogadores à

disposição da comissão técnicaquando falamos de seleçãobrasileira.Éumadecorrêncianaturaldo imenso celeiro de garotosnascendo com a bola nos pés portodos os rincões do País; depois, amaior quantidade de grandes clubesnoBrasil.COMESSASAFIRMAÇÕESSECONCLUI QUE TEMOS NOBRASILEIRÃOOMAISCONCORRIDOEO MAIS FORTE FÍSICO E TECNICAMENTE DOGLOBO. ESSA AFIRMAÇÃO JUSTIFICA OUTRA: OEDMUNDO, PELOS CINCO RECORDESQUE BATEU NO MESMO TORNEIO,MERECIA O TÍTULO DE “O MELHORDO MUNDO” EM 1997; SEMMENOSPREZOOUDEMÉRITOALGUMPARA A BELA CAMPANHA DORONALDO, EM IGUAL PERÍODO, NA

ESPANHA.Criticamos,sim,aCBFeamídiaesportivabrasileiraabaixandoacabeçaparaasdecisõesdaFIFA,daEuropa e até nasAméricas. Por queainda não criamos o “O melhor doMundo” por aqui? – onde realmentesejogafutebol.Passinhosdeladoeparatráséumabeladesculpaparaquemnãojogabola.

O número elevado desupercraquesquemandamosparaosestádios no Brasileirão e para váriostorneios do resto do mundo, nãodeixadúvidasqueseasconvocaçõesfossem mais apuradas, com menosgosto pessoal do técnico e seminfluências da CBF, com certezateríamos melhores resultados nos

amistosos de valia e nas CopasAmérica, das Confederações e doMundo.

Em malfadadas convocações,quandoopiniõesegostosparticularesestiveram acima da sabedoria, oresultado foi catastrófico; e sempreserá.Porissomesmo,ésemprebomreconhecer, com humildade edesprendimento, o genialpragmatismo do inesquecívelSaldanha.

“Não quero jogador para casarcomminha filha, quero para fazergols”.

Vem de anos que essa filosofia

deixou de ser aplicada pelostreinadores, especialmente quandochegam à seleção; pesa mais oexcessode vaidade–até com faltasgravíssimas como já disseram:“Quem tem que ficar satisfeito oucontenteéotreinador”.Ora,ora…Reafirmamos, a seleção ébrasileira.Ela,sim,éaproprietáriadaeuforia.Seelanãoestábem,éporque a seleção vai mal. Sendoassim, um treinador, consciente, nãopode abrir mão da liberdade paraconvocar; tampouco, para convocarsomente os melhores (não o seugosto pessoal simplesmente).Ademais,nãopodeumtreinador–naseleção e nos clubes - prejudicar aindividualidadedocraqueemnomedo

chamado conjunto, para que ele sejaa estrela do time. Convenhamos, amídia, por ser a força maior da vozdo povo, deveria opinar e exigir sempestanejar: Que se convoquem osmelhores, inclusive o técnico. E porque já vai de anos que sempre sãoosmesmos?

Lembrem-se: assim comocombustível é um bem público (enãoprivadocomomuitosquerem),a seleção brasileira é o diesel, agasolina,oetanolmaispuroemaisforte da alegria brasileira; nãoumbem particular da CBF ou do seutreinador. Assim como opresidente de um País, ainda quecompetente,nãopodeseperpetuar

no cargo; naCBF, tambémnão.Opioréquandoopovoeamídiasecalam.

SELEÇÃO–CONVOCAÇÃO-PONTOSFUNDAMENTAIS

Primeiro, uma condição técnicapermanente. Pressuposto queindepende como obrigatório para ossupercraques e os gênios. Essediferencial em relação ao superstardeveestaracimadoabsolutismodostécnicos, que praguejam: “Tem que

estar em boa fase para serconvocado ou para jogar”. Émelhoresclarecer: os supercraques e osgênios (às vezes, até os grandesjogadores) não tem boa fase, masfase ruim; logo, passageira. Faseque tendeaserbemmaiscurtaquepara os demais.Consequentemente,não se pode deixar de convocá-losdesconsiderando que, a qualquermomento, a fase boa volta; ou que,mesmo estando aquém do potencialque sempre exibiram, continuammelhores que tantos outros nachamada “boa fase”. Isso porque, orendimento deles é melhor namarcação, desarme, lançamentos,enfiadase definiçãodosgols.Aindaquenãosejamprimorososcomonos

melhoresmomentos,nãopodemsersubtraídos tão facilmente como, àsvezes,acontece.

Segundo, escalar de imediato osmelhores tecnicamente – aquelesmaiscraques-seestiverememboascondiçõesfísicasepsicológicas,pelosimplesditadomilenar:“Quemsainafrente bebe água limpa”. Isto é,quanto mais tempo se tem de jogoparaomaiscraque,maischanceseleterá de produzir resultados positivos.Deixá-lo para depois, por razões desomenos importância, é colocar emrisco a vitória ou mesmo uma viradaenquanto tempo se tem. “Guardar”um craque para o segundo tempo,principalmente acima dos vinte

minutos,aindaquevireojogo,nãosepode creditar tais méritos aotreinador que alguns, por análiseapressada,achamqueocomandantefoi bem na substituição. Chegam adizer:Odedodomestre.

MESTRESERIAESCALANDOOCRAQUE,OUCRAQUES,DESDEOINÍCIO.AVITÓRIACERTAMENTE

VIRIAMAISFÁCIL.

Por essas atitudes faltosas, devaidade ou pretensão deinteligência acima da lógica,quantas vezes vimos partidasganhas ficarem na gíria: “Esse

jogofoiproespaço”;“Infelizmente,nãoconseguimossuperaroplacaradverso”.

FATOINCOMPREENSÍVEL

Tudo porque o treinador nãoconfiou no banco, não viu o maislógico,ouachoumelhorfazerumamédia com a chamada “mexidainteligente”. Também aqui,recentemente, tivemos um casoque extrapolou o bom-senso, alógica e o respeito ao profissionaldobancode reservas:Um jogadorcomeça a sangrar porque semachucou. Aí, se para o jogo;

recomeça. O jogador torna a cair,para se o jogo; recomeça. Sai decampo, o jogo para; recomeça…Minutos eternos. Mesmo assim,não é substituído. Ora!… Ora!…Então pra que reservas? Nostreinos,namídia…Nãosedizquetodossão titulares?TodosaptosavestiraCanarinho?

Se observados os doisentendimentos sobre convocação esubstituição, o Brasil não teriaperdidos tantos títulos ao longo dosanos, principalmente em Copas doMundo. Nós somos os melhores,sim. O futebol não está e jamaisseránivelado,comoqueremalgunscomentaristas. Ou o basquete

americanofoi,estáouseránivelado?Éprecisotermaisalcanceparaverque alguns esportes são inatos adeterminadas Nações ou regiões.Issonãoseexplica.

Aquestãoéquestionaracompetênciadedirigentesedecomissõestécnicaspousando de semideuses, mesmocom placares miúdos e colocaçõesapagadas. O Autor, em hipótesealguma, mistura a responsabilidadeprofissional e o caráter pessoal dedirigentes, técnicos e jogadoresmerecedores dos maiores elogios,enquanto cidadãos cumpridores dosdeveres familiares, sociais e cívicos.Este trabalho cobra competênciaexclusivamentenocampodefutebol

Reiteramos: perder por azar, oujogar mal, vez ou outra, faz partedo futebol. Só que, nesses casos,deixa saudades até nas lágrimasda infelicidade, como em 50 e 82,quando fizemos campanhasespetaculares. Perder e culparsomentealguns,comofizemoscontraBarbosa, Cerezo e Zico porfracassos, é discrepante. Os três,como tantos exemplos, estiverambem acima da média durante acampanha e mesmo nas derrotas.Não pode um “frango”, um passe delado ou um pênalti ser a causa aderrota de um jogo. Dissemos erepetimos: Acontece que o clima do“já ganhou” entrou antecipadamenteem campo, juntamente com a

incompreensível ausência de golsquandomais se precisava e tambémpelas convocações e substituiçõesmalsucedidas.Aliás,foramessasasprincipaiscausasdasderrotasparaUruguai e Itália. O 4º Mandamentoreafirmará algumas injustiças dofutebol ao discorrermos sobre ascompetênciasdeumtreinador.

O futebol, com suas manhas eartimanhas, não perdoa quando seignora as bases deste SegundoMandamento, em que o futebolvitorioso só existe e persiste com acontínuapretensãode jogarsomentepra ganhar. O DESPREZO PELA VONTADE DEVENCER OU O MEDO QUE ACEITA VENCER POR ACASO,PROVOCA UM FUTEBOL SEM ARTE, SEM VIDA… SEM

ALEGRIA.ÉCOMOUMESTÁDIOVAZIOEUMGRAMADODEJOGADORESSEMCATEGORIA.

3°SÃOCINCOASCARACTERÍSTICASMÁGICASDEUMCRAQUEDEFUTEBOL:HABILIDADEOBJETIVA,DRIBLESDECORPO,ENFIADASE/OU

LANÇAMENTOSPRECISOS,CHUTESE/OUCABEÇADASCERTEIROSECALMANATURAL.

óéprofissionalvitoriosoquemsomar

S a essas qualidades precípuasdisciplina e determinação. Desseconjuntosurgemasdiferenciações

que justificam a maior ou a menorintensidadedacategoriadeumatletado futebol. E não é necessáriomesmo que um craque desse porteseja alto, forte ou incansável.Algumasposiçõesexigemmaisessesrequisitos;outras,menos.Noentanto,somente em relação àscaracterísticas mágicas é que sepodedizerque:

Ocabeça-de-bagrepassalongedelas;Obomjogadorassimilaalgumacoisa;Ocraqueastemcom

desenvoltura;Ograndejogadorasmantémemboamédia;Osupercraquepossuipelomenosumacomdestaque;Ogênioécompetenteemquasetodas.

Ainda que o craque e o grandejogador mereçam especial atençãopor ser a base maior de um timeexcepcional, bommesmo é falar dosdois últimos, os astros de primeiragrandeza. Deles brotam com maisfrequênciaomalabarismoconsistentevindodos reflexosda intuiçãocriativaeveloz.

Éa regularidade técnicamantida pormais jogos que define oenquadramento do jogador acima oumais abaixo na Escala de Categoria(apostano10º.Mandamento).

Superstar ou pop stars – osincomparáveis – (Di Stefano,Zizinho,Puskas,DomingosdaGuia)- Cruif, Rivelino, Garrincha,Beckembauer, Luis Pereira, EliasFigueiroa, Passarela, Gamarra,Júnior, Nelinho, Nilton Santos, Didi,Ademir da Guia, Platini, Zidane,Falcão, Zico, Edu, Tostão, PedroRocha,Gerson e os gêniosmaioresPelé,MaradonaeRomário, sempretrouxeram com eles, desde osprimeiros contatos com a bola, as

características mágicas do futebolcom sobras. Todos, pelosexcepcionais predicados, setornaram “os fora-de-série”. Apósessa safra esplendorosa, dois jácarimbaram o passaporte para ocampo dos lendários abençoadospelos deuses da bola:LionelMessieNeymarJúnior.

HABILIDADEOBJETIVA

Eisodiferencialentreocircenseeo craque dos campos gramados oude chão batido. Nela reside acategoria da bola que amortece no

peito; de um balão que se rendecalminho à chuteira; das correriascom a bola grudada nos pés; dosdribles desconcertantes saindo dolugar.NaEscaladaCategoria–queeste trabalhoapresenta -HabilidadeObjetiva é a base primeira, doscraquesaosgênios.Semelas,nãohá que se falar em craque,inclusiveparaoszagueiros.

Uma observação preponderante:Nem todo jogador que fazembaixadas, embaixadinhas ouperipéciascomabolaéumcraque;mas, todo craque realiza magiascircensescomextremafacilidade.

Ao discorrermos sobre as

qualidades mágicas do futebol,enfatizamos que para um craqueascender aos pontos mais altos daEscaladaCategoriaéimprescindívelomínimodehabilidadeparaalgumasposições e o máximo para outras.Nessas, lógico, uma habilidadeobjetiva,casocontrárioojogadornãopassará de um malabarista depicadeiro.Nãoadiantamfirulassemaexecuçãodajogadaaindaquenãodêcerto. O que importa é que,preferencialmente, seja no sentidoverticaldocampo.Essadeterminaçãodeseguiremfrentemuitasdasvezesdestaca um jogador e faz dele umatacante excepcional, pelasarrancadas fulminantes, objetivas,com definições claras nos dribles e

passadas firmes em direção ao gol.Casos de (Just Fontaine), Euzébio,RuudGulit,Careca,Ronaldo,SamuelEto’o e Reinaldo (o Rei do Galo -um dos três melhorescentroavantesdetodosostempos),do inesquecívelDênis (umdosmais“muleques” com a bola que ofutebol já viu e que, certamente,nãoforaoprematurochamadodoscéusparavê-lojogarnaseleçãodoOlimpo, teria reinando parasempre entre os deuses dosgramados).

Grandes meio-campistas tambémfizeram história nos quesitos tocar,avançar, chutar…,Clodoaldo,DirceuLopes, Juninho Pernambucano,

Djalminha e Alex (ainda ematividade, continua bem superior àmaioria) apoiadores que, além darefinada elegância sobre osgramados, exibiam dribles emovimentos precisos; colocavampasses, lançamentos e enfiadassempre verticalmente, cometiampoucas faltas e negavambolas paraosladosouparatrás.Oqueimportana observação é saber que todoseles, goleadores ou não, semprecaminharam em frente de modoespetacular: altivos e soberanoscontra os inimigos como sereinassem acima dos colegas eadversários.

Dentre tantas pérolas finas e

especiaisdopassadoedopresente,umasesobressai fortee imponente,semdeixardesersimplesenatural,Lionel Messi, pela objetividade,definição de jogadas criativas,incrível visão do gol e posturavitoriosa para cada minuto dosnoventa. Messi é outro meio-campistacomfarodeponta-de-lança– como já dissemos – ao lado doNeymar - já surgiu com cadeiracativa ao lado dos “pop star” dahistória.

No entanto, é lamentável veralguns chamados apoiadores ciscardeumladooutro;só tocaraboladelado ou para trás - e ainda serconvocados (melhor que fossem

chamadosparazagueiros).

Pior, ainda são chamados decraques, grandes jogadores e atéde supercraques. Para seemparelhar com aqueles querealmente fizeram e fazem históriadeabsolutacategoriaéprecisotratara bola com maestria e dar a elaendereçosdivinos.

DRIBLEDECORPO

A mais malandra das magiasdesfilando pelos campos de futebol.Osdriblesdecorpo,entre todosos

movimentos, são os de mais purosdons - se tornam incomparáveis pelacapacidade de entortar as colunasdos adversários com movimentostraiçoeiros e inconcertáveis. Pode seincluir no drible de corpo aMeia-lua(verbalmenteestragadacomo“dribleda vaca”), os bamboleios, aspedaladas e os elásticos,característicasmágicasdeumcraquejustamente porque melhor separamas habilidades circenses daquelasobjetivas,comresultadosfrutíferosnodecorrerdapartida.Dessaeficiênciaencantadora, que levanta estádiose faz coro de arrepiarsobrancelhas, nasceu Romário,Maradona, Dênis, Joãozinho, Edu,Denílson, Luizinho (ACG–década

de 60), Júlio César (pontaesquerda do Flamengo). (Pelé éhorsconcours=semcomparações)Neles, cada movimento, único esensacional, semprepareceu simplese descomplicado. Porém, a fórmulado sucesso de cada gingado,logicamente,nãoéparaquempensaque pode. Vinda de berço, só arealiza com elegância e naturalidadeosmagosdaslinhaseentrelinhasdosgramados, os artistas abençoadospelos “gnomos” da bola, a exemplode Robinho no jogo Brasil xEquador, quando aplicou noadversário um dos mais geniaisdribles de corpo da história dofutebol e o de Neymar contra oFlamengo, quando à criatividade

dos dribles sequenciais se somouuma arrancada tão sensacionalquanto a flecha de fogo de UsainBolt. Falando em Neymar, estetrabalho não tem medo de afirmar:Ele é um dos três maioresdribladores da história do futebol,com uma vantagem: só abaixo doPelénasucessãodecriatividade.

Essa complexidade que acontecenaturalmente e com objetividade, detão singular e cristalina, tomariaespaço facilmente nas coreografiasdeBolshoi.Acadabalançoencantariaosmaisexigentescríticoseosgostosmaisapurados.

O drible de corpo – tem um

movimento mais que especial, oelástico - patrocinado pela magiaelástica de três R: Rivelino,Romário, Ronaldo, é uma daschamadas coisas fantásticas dofutebol.Odribledecorpo,emborahámuito já acontecia nos campos depeladaenoscampeonatosdevárzeae profissional de todos osEstados eestádios do Brasil, foi Garrinchaquem assumiu para si e para oplaneta a responsabilidade demostraressacaracterísticaemumacopa do mundo, com todaplenitudedoseugarranchodireito.Das suas pernas tortas e corpobrincalhão gravou-se para semprea regência de um virtuoso para omais sensacional requinte dos

gramados,odribledecorpo.

LANÇAMENTOS/ENFIADAS

Outros jogadores, frutas raras,tambémpossuíramepossuemalgunsdesses dons com destaque para seassociarem aos grandes mestres;fazerhistóriacomamesmaesperteza(ou até mais, em alguma dascaracterísticas).CasosdeRonaldinhoGaúcho eGanso para as enfiadas ede Alex para os lançamentos,sobressaem nesses quesitos. Nosdois casos, lucidez e precisão dequem arremete a bola e deixa os

atacantes na cara do gol comhabitualidade.ÉbomfrisarqueDirceuLopes, Djalminha e Alex estão entreos maiores injustiçados da seleçãobrasileira; justamente por seremgeniais e entre os melhores daposiçãoepelasduascaracterísticas,enfiadaselançamentos.

Os lançamentos e as enfiadas,juntamente com o drible de corpo,são joias tão preciosas para osmomentos de um jogo quanto obrilho do sol e da lua para o dia epara a noite. Graças a essasatitudes, abusadas com maestria, éque surgem probabilidades de golsmais constantes para a festa datorcida.

Se o gol é a própria alma dofutebol, essas duas qualidades sãoasalmasdabolaemdireçãoàrede.Tanto quê, quando o balançoacontece, muitas vezes os abraçosencontramprimeiramentequemsoubeaplicar com rapidez e precisão umadas duas características. Osjogadores de bom nível técnicosabem dosar os dois fundamentoscom extrema naturalidade; não osdesperdiçam a todo instante; nãoarremessamdequalquer jeito,noafãde mostrar competência. Existe otempo certo para que a bola saiadospéssistemáticosevoelentaourapidamenteatéencontrarocorposoberano, a cabeça enfeitiçada ouos outros pés mágicos que irão

agradecer os primeiros e retribuircom gols as gentilezas dosservidores.

Mas é bom não confundir essascaracterísticas com passes, aquelestocados para trás, de lado, parafrente, sem maiores possibilidadesde se ver a bola balançar a rede;nem com cruzamentos, para quealguém ládentrodasáreasencontrea bola e os rumos do gol. Nestecaso, o mérito maior quase sempreserádequemestivernacondiçãodeatacante: trombando, pulando,chutando, cabeceando, paradesbravar espaços entre oszagueiros e arrumar um jeito dedescobrir a linha da bola com

astúcia, coragem e definição noarremate.

Além do raciocínio rápido e daprecisão se desprendendo dos pésde tantos craques para formular olançamento ou enfiada, não custanada lembrar, com gratidão, doincrível calcanhar de Sócrates, deonde saía “mamão com açúcar”paraoscompanheirosdegustarem,além dos seus passes corretoscapazes de organizar um meio decampocomopoucosconseguiram.

Os dons são os segredosdesvendados do futebol. E quantomaisseospercebemaisbelosficamos olhos de quem vê o diferencial

entre:

OVOODEUMLANÇAMENTO–SEDESVIANDODOSVENTOS,

RASPANDOCABEÇAS,IGNORANDOBARREIRAS…ATÉTOPARCONTRAATESTAGOLEADORA;OUSEAMORTECERCOMCLASSEEMPEITOABERTO.EMSEGUIDA,DESCERMANSAMENTEPARAASCHUTEIRASDEPONTARIASCERTEIRASE,EMDISPARADA,ATRAVESSARALINHADOGOL.

APERSPICÁCIADEUMAENFIADA-DRIBLANDOPERNAS,COÇANDOPÉS,ENGANANDOESPAÇOS…ATÉREPOUSARÀFRENTEDOGOLEIRO

PARASATISFAÇÃODOS“MATADORESSEMPIEDADE”.

Nos dois casos os espaços dagrande e da pequena área dão aexata dimensão da inteligênciacontida nesses dois privilégiostécnicos.

CHUTES/CABEÇADAS

A vez deles, os jogadores queabsorvemedesempenhamcommaisfacilidade a mais laureada dasqualidades:

Aquelaqueéresponsávelportudoquesevê,sefala,seescreveeseouvenoscampinhosegrandesestádios;Aquelaqueinfluenciadiretamentenoresultado,sustentaasoutrasmagiasnoscumesdaglória.Emsíntese,éaprópriavidadofutebol.

Alémdeseramaisimportantedascaracterísticas rolando num jogopelas façanhas de um craque,apresenta-se aos olhos dosapaixonados (ounão)comdesfechossurpreendentes que encantam emaltratamosladosopostos.

Feliz de quem faz - infeliz de

quemleva.

Seja pela testa inteligente deuns, pela potência e pontaria deoutros, ou pelo toque sutil de umgênio, a cabeçada e o chutecerteiros nasceram paraaçambarcar todas as demaisvirtudes. São as conclusões finaise desencadeadoras da maiorpaixãodofutebol,ogol.

CALMA

Embora não seja umacaracterística técnica como asdemaisdaartedofutebol,sesoma

àsmagias dos craques justamenteporsero lastrodesegurançaparaas demais virtudes. Calmo pornatureza é o goleiro que dribla osatacantes dentro da sua pequenaárea;éozagueiroquesaijogando,despreocupado com osadversários;éomeio-campistaqueamortecenopeito,põenagramaenem olha para os oponentes; é oatacante que, no instante final doarremate,levantaosolhosedecidese no canto, por cobertura, comforça, entre as canetas… ou sedriblaogoleiro–paradepois“sairpro abraço”. Calma, em todos oslances sobre os gramados, é umdom tão importante que, quandonão se tem, sobra irregularidades

até para os privilegiados com asdemaiscaracterísticas.

CALMA,épois:

Oalicercedasvirtudestécnicas,especialmente para o goleiro eatacantes.

Éorespiroquetranquilizaosmúsculosnoexatomomentodacriatividade.Éodomquetranscendeemantémfirmeasdemaisqualidadesdeumcraque.

Ser excepcional, fora-de-série,gênio - acima de tudo - é ter a

capacidade de, em frações desegundos, racionar com paciênciasobreosmovimentosqueirãodecidiro lance sem perder a velocidadeexigida.

No entanto, o controle dasemoções só é natural e duradouroquando intrínsecoàpersonalidadedoatleta.Calma,aindaquenãosetenhapornatureza,como tempopode-searrumá-la,darumjeitinho,seguraro nervosismo dos quinze minutosiniciais para evitar faltas burras,jogadas intempestivas, gritariasdesnecessárias, comemoraçõesantecipadas, agressões absurdas.Quando os deslizes dos nervosbamboscomeçamaperturbar,nesse

momento entra a experiência dotécnico e do próprio jogador parafazer a pergunta fundamental, a quederruba tremedeiras e questiona ainsegurança.

Ficarnervoso,porquê?

O ruído dos estádios cheios,cobrança da imprensa, decisõesimportantes, são algumas dasprovas que testam e põem emconfronto os nervos de aço e osnervos à flor da pele; situaçõesque distinguem os craques etécnicos competentes dosprofissionaismaisoumenos.

Ébomanotaroresumodoterceiro

mandamento, que repetimos:somente com as cincocaracterísticas mágicas do futebol(ou pelo menos um delas maisacentuada)sealcançaoverdadeiroestrelato; se posiciona entre ossuperstardofutebolcommerecidadistinção.

APARTESESPECIAIS

OGOL

Monossílaboqueespalhaalegriaparaunsetristezapara

outros.Trêsletrinhascapazesdetransportar,emfraçõesmínimasdetempo,dezenas,centenas,milharesdepessoasdocéuaoinfernoevice-e-versa.Desenlacequerealizasonhosdecriança,loucurasdetorcidaseexplosõesdecontentamentodoprópriojogador,dotimeedeumPaís.

Mas, só existe o gol porqueexistem as duas característicasprimordiais aos atacantes (a testadaou o chute), com sobras para osmeio-campistase,porrarafelicidade,aoszagueiroseaosgoleiros.

Se o gol é a simplificação dacausa do futebol arte, o chutematador (potente, de letra, depênalti, de falta, de bicicleta, devoleio, de facão, rasteirinho, decalcanhar…) e a cabeçada mortal(inteligente, sem-querer, deraspão, de olhos fechados…)acontecemparaseraconclusãodolançamento, da enfiada, docruzamento,dospasses.

Graçasaoschutesecabeçadas

Ogolexplode,avitóriavem,ostítulosaparecem;Éosucessodoscraques,dosnãocraquesedotécnico;Éofestejomaiordo

incalculávelplanteldeaficionados.

Pois bem, além dos fora-de-série,outros craques podem serenumerados por igual categorianessas duas qualidades raras.Necessitam apenas das condiçõesbásicas para que o desempenho dochute ou da cabeçada aconteçanaturalmente,ouseja:

Omelhorposicionamentopróximoaogol;Oespíritodedeterminaçãoquepertenceaosvencedores;Ooportunismodechecarolancenolugaremomentocerto;

Tranquilidadenahora“H”paraconcluircominteligênciaeprecisão.

Sãosesses requisitos,assentadosno dom da intuição única e dapaciência especial, que propiciam aoatacante:

Termaisfacilidadeparasacarodetalhedotoquenoscantosouporcobertura;Fazerlembretedeletra,desviandoaboladoszagueirosegoleiro.Arremessarporentreaspernasdoadversário.

Quesitos que, por excelência,pertencem aos mágicos da bola,aos supercraques e aos gênios -aqueles capazes de criar e recriarmovimentos com as cores e osbailados primorosos vindos das“TerrasdeSapucaí”.

Neste mandamento definidor deresultados, o futebol relembra, entretantos outros, centroavantes epontas-de-lança com especiaisqualidades técnicas comparáveis aosfora-de-série, porque surpreendentesna regularidade e quando delesmaisse precisou: (Leônidas da Silva,Ademir de Meneses, Heleno, Dida,Quarentinha, Pagão),Mário Kempes,Klinsmann, Coutinho, Roberto

Dinamite, Túlio e dos lendárioscabeceadores, Leivinha, Baltasar,Casagrande, Dadá, Líbano (Namelhor fase do campeonato goiano,décadade60,marcavaacimade15golsdecabeçaportemporada).

AFALTA,OPÊNALTI

Entre as infinitas maneiras de sedesferirumchutecerteiro-porcontade infinitas posições da bola, dochutador e jogadores próximos aolance - duas são diferenciadas: afalta e o pênalti, justamente porquelivres de movimentações eadversários; porque limpas degramados traiçoeiros e sem

necessidade de muitas invençõespara realizá-las.Sãomais incisivas ede expectativa mais prolongada queasdemaispossibilidadesdesetentarogol.

AFALTA

Próxima, de longe, pelaesquerda, pela direita ou frontal,propicia aos espectadores aoportunidade de se conhecer ouconfirmar a potência dos pés dobatedor,oumesmosuacapacidadede criar sutilezas de craque acimada média. Na história do futebol,em se falando daqueles que sesobressaíram e sobressaem pelas

vias e veias do dedão, dos trêsdedos ou do peito de pé, semdúvidas, Nelinho arrebata o troféude “melhor cobrador de faltas detodos os tempos do futebolmundial”, seguido de perto pelosmestresdascobranças:Marcelinhoe Zico. Os três são lendas vivascom os pés cravados (e gravados)em qualquer posição da bolabeirando a grande área, além debatizados como geniais nacobrançadepênaltis.

Com eles surgiriam outrosprivilegiados, seja pelos canhõesembutidos nas pernas de boaspontarias ou como ilusionistas nosarrematesquejátonteiamosgoleiros

antes da bola chegar. A falta, assimcomo o pênalti, nos desvendacraques de precisão, destreza, ouforça espetaculares. Desse imensoplantel sobressaíram e sobressaemPepe, Rivelino, Neto, Éder, JuninhoPernambucano, Marcos Assunção,Carlúcio (que fez história no ACG enoBotafogodeRibeirãoPreto).Entremuitos, é justo lembrar aindaRiquelme, Petkovic e o goleiroRogérioCeni.

OPÊNALTI

Separados por nove metros equinze centímetros, graças a umainfração e a um apito, de repente,cobradoredefensorseveem“cara

a cara”; a sós e solitários naimensidãodasáreasverdesemumconfronto direto de vida e morte.Descobrem a um só tempo queestão em cumplicidade nasemoções da certeza e dainsegurança, da alegria e datristeza, da vitória e da derrota,prestesasurgirentreeles.

Dois personagens dispostos avivenciar para si a glória daspalmas, dos gritos, dos assobios,dasmanchetes.Enquantoumquervoar rumo às estrelas e agarrar amais brilhante delas, o outro seconcentra no sol ou nos holofotespara iluminar o próprio pé. Se umquer adivinhar o lado, negar o

chute e se tornar o herói; o outroquer mapear os cantos, driblar asmãos e encantar os olhos. É aeterna briga entre os que nascerampara correr e os que vieram parasaltar. Isso é o pênalti, tão(sagrado) que foi (consagrado)parasetornarogolmildeumRei.Junto com os melhores acima,também se destaca o fantásticoLionelMessi.

NOS PÊNALTIS - UMAINTERROGAÇÃO:

Na cobrança de pênaltis,especialmente em decisões, aresponsabilidadedavitóriaestánas

mãos ou nos pés? Mais à frenteeste trabalho responderá comabsoluta convicção qual o melhorcaminho.

Umapartequesobeaoscéus:

ABICICLETA–EADEUSADOOLIMPO

Nos primórdios das criaçõesartísticas, conta a lenda que osdeuses de todos os esportesestavam reunidos dentro de umimenso anfiteatro. Quem tivesse amais bela inspiração criativa numsólance,ganhariaamãodadeusadoolimpo.Mil eumacoreografias

aconteceram. No apagar das luzesdo sol e com a deusa triste pornadaverdemuitoespecial,eisqueumcampeão - vindodoscéus - seapresenta com a velocidade deuma estrela cadente cortandoespaços; pousa no gramado comas saudações de um deus. Paradelíriodamultidão,imediatamente,sobe aos ares com genial intuiçãoesagacidade-sopraoventocomobalanço do corpo. Com osmembros inferiores desvia a bolaincandescente para dentro de umtriângulo-retângulo - sem chancealguma para o guardião jamaisbatido em sua elasticidade esegurança. Surgia o gol debicicleta, a mais bela paixão da

deusadosestádios

Já é de algum tempo que oscraques abençoados pelo relâmpagosobem tanto que iluminam osholofotes,pairamnosaresepedalamdecosta,enquantoatorcidafazcorode uauu!… Um suspiro longo eagradecido. Depois, em nuvensbranquinhasealgodoadas,dormemosonho da felicidade extraterrestre. Omais festejado de todos os gols –imortalizado por umDiamanteNegro,porPeléecia.

Pilaresbásicos

MúsculossaudáveisDisciplinaedeterminação.

MÚSCULOSSAUDÁVEIS

Quanto aos músculos saudáveisencontramos sua fundamentalimportância no 4º Mandamento.Resta, pois, reconhecer o imensovalor dos outros dois substantivosabstratos (disciplinaedeterminação),capazesde:

Mudarvidascomuns…Quebrarregraspragmáticas…Sustentarideias,entãovazias…Transformarjovensanônimos…Acordarprofissionaisdetalento…

Alterarahistóriadeumpersonagem…

DISCIPLINAEDETERMINAÇÃO

Dois quesitos fundamentais paraos esportes e para a vida,sustentáculosprimordiaisdetodasasprofissões. Quando esses doisbasilares faltam a um craque,certamente alguma coisa ficará embranco no seu currículo amador ouprofissional. O respeito àshierarquias, às normas e àsprescrições, aliado à vontade devencer, pode, sim, subjugar afraquezatécnicadeumquasecraquee elevá-lo à condição de bom

profissional, ou mesmo fazê-loespecial por um jogo oumais. Bastaquerersempre.Quenãoseconfunda,porém: um bom jogador jamais seráum craque por conta da disciplina edeterminação. Jogador algumascende de um patamar a outro naEscaladaCategoriadestetrabalho.

Mesmo que os requisitos dashabilidades técnicas e dos pilaresbásicos sejam aqueles maisimportanteseatése ramificamcomosendo o próprio conteúdo de umjogador, não podemos esquecer ofatordeterminantecapazdesantificaro conjunto dos pré-requisitos: o dobom desempenho comregularidade. E, aqui, reside outro

diferencial para desequilibrar acomparaçãoentreossupercraquesegênioscomoschamadosgrandesjogadoresecomoscraques.Semamanutenção das característicasdiferenciadasporjogosetemporadasnão se pode falar em um fora-de-série. Dessa forma é precisovisualizar algumas contradiçõesque desmistificam muitos atletasposicionadoscomoespeciais,eatégênios,pois:

Setemgarra,mascometemuitasfaltas;Sefazgolsfantásticoseerraosimperdíveis;Setemboaantecipação,masdistribuimalabola;

Sefazcincogolsemumjogoeficacincosemmarcar;Sefazmilagresnogol,mastomafrangosnaturalmente…

Na verdade, temos tentativas deestar em degraus superiores daEscala. Alguns não alcançam osegundopatamar.

Assim, reiteramos, se um jogadorpratica e produz qualquer dascaracterísticasmágicasregularmente,a ele sim, podemos qualificar equantificar com excessos de bonsadjetivos. Atleta desse porte tem aexata noção da máxima: nem todojogador que faz malabarismo é

craque, mas todo craque fazembaixadas com absolutodesprendimento;nemtodojogadorde grandes jogadas, gols epartidas boas é um fora-de-série.Masumfora-de-sériesódevezemquando deixa de lado agenialidade regular que lhepertence.

GOLEIROSEZAGUEIROSNAESCALADACATEGORIA

Quaisasprincipaisqualidadesque

posicionariam os goleiros e oszagueiros nos melhores degraus daEscaladaCategoria?

Habilidade, elasticidade,antecipação,segurança,precisãoecalmasãoosfundamentosparaseconhecer a categoria dos cincodefensores.Umgoleirotemqueserelástico,esperto, rápido.Sinônimosque o apelidam, normalmente, de“gato”.Temqueserseguro,precisoe calmo; qualidades que ratificamuma personalidade forte ecompetente.Quando dotado desseconjunto de qualificações, ogoleiro antecipa, salta, voa… Fazmilagres.

Igualmente, o conjunto éimprescindível para a real categoriatécnica e física dos zagueiros elaterais. Porém, antecipação esegurança são primordiais semprejuízo dos demais requisitos. Aesse conjunto somam-se os pilaresbásicos; aí, sim, temos uma zagaeficiente em sua função principal:defender-se contra os ataques doadversário e, sempre que possível,demonstrar talento técnico paraapoiar e marcar gols. Categoriamesmo!Porisso:

Filosofiadetreinadoralgum,Comentáriodecríticoalgum,Fanatismodetorcedoralgum,

Podeimpedirquea“classe”deumcraque seja posta à prova emqualquer situação do jogo. Seria nãoconfiar nos craques que tem ouporque nunca foi nem um bomjogador.

Assim, são falsas e descabidasas críticas dizendo que bolas nãopodemseratravessadas(alçadas)àfrentedagrandeepequenaárea.Oque não se pode é errar o passe.Como não se pode errar umpênalti,umgol feito,umdriblenomeio campo, ou tomar um gol de“frango”.

Craque, seguro e consciente dasuacategoria,temodireito,sim,de

esbanjá-la em qualquer tempo elocal. Errar faz parte do futebol.Nada mais que isso. Quem saca defutebol percebe as diferença entrejogada certa que dá errado oujogada errada que dá certo (umdos trunfos da percepção –totalmente ignorado pela mídia etreinadores).Atente-se,pois,azarefirulas não se confundem. Mas,confundemacabeçadequenãosacadaartedofutebol.

Quem é da história do esporte háde se lembrar de jogadores dedefesa que, por tantos predicadostécnicose reiteradosanosdeótimasatuações, se firmaram comosupercraques graças às jogadas de

riscoemqualquermomentodojogoeposição do campo: (Domingos daGuia), Luis Pereira, Carlos AlbertoTorres,Edinho,Luisinho,Leandro,Gamarra, Júnior, Marcelo, fazempartedeumaextensalista,naqualseinclui também dois grandes goleiros,Júlio César e Rogério Ceni. Todoseles sempre com manobrascompetentes à frente até deatacantesariscos.

No entanto, pela restrição dacriatividade intuitiva concentradaprimordialmente nos dribles,lançamentos, chutes e cabeçadas –nascentes que desembocamno gol -fica muito difícil para os goleiros edefensores alcançarem o último grau

da Escala, o recanto dos gênios.Ainda que tenham sido e sejammaravilhosos na prática do futebol,por jogarembemenabola,“jogaremlimpo”.Paraessessupercraques,odom da criatividade é menosintenso do que para os meio-campistas e atacantes. Nem porisso deixam de ser donos depredicados magistrais: eficientescomo defensores, hábeis naarmação e destemidos nasavançadas.

O Júnior (Flamengo) reuniu emsi todos esses adjetivos para seconsagrar como um dos maiscompletos jogadores da linha dezagueiros que o futebol já viu.

Performances com alto índice derendimentoejogadasimprevisíveisde encher os olhos dosadversáriosmarcaramsuacarreira.

EXAGEROSDESCABIDOS…

Émuitocomumnasequênciadoentra e sai ano se ver jogadoresdesprovidosdessascaracterísticasserem galgados ao pódio doestrelato por um gol de sorte, umlançamentodeefeito,umdribleaoacaso, sem que esses detalhessejam neles permanentes.Enquantooutrosganhambraceletede ouro por uma raça exagerada,porumfôlegodesnecessárioeaté

porgolscomuns.

Crítica merecida se faz tambémquandonãosepercebequemuitosatletas consagrados pela mídia epela torcida foram meroscorredores de campo, esforçadosnaconduçãodabola,“raçudos”ouapenas potentes no chute,esquecendo que o diferencialchamado “categoria”, a dona dodomínio e de todos os talentos,precisa ser constante epermanente. Ainda que o craquetenha uma má fase, o que énormal, sempre há de voltaresbanjando categoria com asartimanhasdenascença.

LATERAISOUPONTEIROS?

Nessas posições, há muito seproduz um dos maiores embustesdo futebol mundial. Isso mesmo!Trata-se de um remédio com altadosedecriatividadedispensadapelostreinadores ao provocar a troca defunções:Lateraisviramatacanteseponteirosdefensores.Efazemissocom a maior naturalidade. Pior,com aceitação dos críticos e dagalera.

“–Hoje não temos pontas”. Diriamosmaisafoitos.

Não temos porque não temsurgido,oupor faltadeestímulos,ouporque os treinadores insistem emacharqueoslaterais-aquelesquenasceram muito mais paraantecipar e marcar - possam tercaracterísticas de atacantessuperioresaquemtemhabilidadesofensivas;privilégiodosponteiros,pontas-de-lançaecentroavantes.

Ou se aparecessem outrosGarrinchas, Jairzinhos, Edus,Denilsons etc, algum técnicocometeria o suicídio de deixá-losnobancopara insistircomlateraisofensivos?

Ora, enquanto os laterais,

nascidos para marcar, fazemdribles sem querer e comredobrado esforço; os segundos,ponteiros ou atacantes (e mesmomeio-campistas) produzem fintasnaturalmente, junto comarrancadas e bamboleiosdesconcertantes do corpo. Ogingado, regra geral, é mais umdos diferenciais entre laterais eponteiros e entre os esforçados eoscraques-aindaquehajalateraisendiabradoscomabola.

Discordamos, pois, do merotroca-troca se afirmando comotática moderna. Com raríssimasexceções, zagueiros e laterais temcompetência para avançar, driblar

chutar como os especialistas dalinha de frente. Essasprerrogativas é para os quenasceramcomodomdebalançararedeadversária.Nãoadianta,pois,em nome de uma emboladaestratégica, apelidada de “jogadorsurpresa”, forçar a vitória com osprimeiros quando, com ossegundososgolssairiamcommaisfacilidade.

Ainda que um lateral sejatravesso com a bola e possabrilhar ofensivamente, casos deFelipe (no Flamengo), Souza (noSãoPaulo),Marcelo,DanielAlves,LeonardoMouraeosmaiscraquesdas laterais direita e esquerda,

Leandro e Júnior, alertamos setratar de exceções. A maioriajamais será a flecha certeira doscraquesnafunçãodeponteiros,secomparados aos especialistas daposição ou a atacantes sedeslocando para as laterais dosponteiros. Sabidamente se podedizer a mesma coisa quando astramas da bola acontecem pelosespaçoscentraisdocampo.

DOM NATURAL (GENIALIDADE) XCRIATIVIDADE FORÇADA (JOGADABRUTA)

Desempates:

Enquantoagenialidadeérecheadadefantasiasespontâneas,ajogadabrutaémetrificadacomosematemáticafosse.Enquantoagenialidadedocraquecriativosemovimentaporintuiçãoacadafraçãodesegundoportodososlados,ajogadabrutadopseudo-artistasaitruncadaesemprevoltadaparaoladoqueonarizaponta.Enquantoagenialidadedeixaaconteceroinesperadoparasurpreenderosolhosdosadversários,ajogadabrutatemodriblepensado,opassepensado,ochutepensado.Enquantoagenialidadetem

fantasiajustamenteporserartística,ajogadabrutapareceartística;parece,porquenãotemfantasia.

Então,podemosdizerque,entreos ponteiros e pontas-de-lançanatos e aqueles que parecemcraquesparaessasposições,cabeumadistinçãocrucial:

Quemnãoécraquesimplesmentecorrecomabola;éabsolutamentemarcávelcomumpouquinhodemalícia.Já,osartistasiluminadospelodribledecorpo,capazesdedesmantelar“osjoões”,com

umsimplesbalançodocorpoedaspernas,sãopraticamenteimarcáveis(termopertencenteaofutebol).

AFIRMAÇÃO-semmedodeerrar:90% dos chamados craqueseuropeus, nascidos nos grandescentros, são craques forçados (dejogadas brutas). Enquanto, 90%dos craques latinos-americanossão espontâneos nas infinitasdestrezas do corpo com a bola.Consequência:Oscraquesdeláseconta nos dedos das mãos; osdaqui, nem com mãos e pés deonze times. O dom capaz de veresse diferencial pertence aos

comentaristasperceptivos;porissomesmo,diferenciados.

GLÓRIASOLÍMPICAS

Poisbem,comessapercepçãoosapaixonados por futebol certamentefarãoanálisemaisacuradadaarteeserãomaisexigentescomosdetalhesdo futebol. E são os detalhes quefazem os movimentos sobre osgramados mais ricos e duradouros.Exigência que deveríamos ter,inclusive, na busca das conquistasolímpicas.

Que,definitivamente,deixemosdeeleger “os atrasadinhos ao pódiocomoheróisnacionaisdoprimeirotime-simplesmenteporquevieramdos “cafundós da pobreza” outreinaramno lugar errado na horaerrada.

Em esportes individuais você só ébom mesmo quando chega parabrigar pelo título. Perdê-lo para osmelhores do mundo, por frações desegundos, por culpa de causasnaturais como excesso de frio ou decalor, ou contusões de última hora,faz parte do esporte e nãodesmereceoparticipantequechegoupara ganhar e vê frustradas as

aspiraçõesdecampeão.

Mas dificuldades, sobretudofinanceiras, de um passado (oupresente) não podem transformar oslentos e os atrasadinhos em heróisforçados. Se aceitarmos comoexemplares uma classificaçãorazoável em cima da pobreza ou demeras dificuldades, estaremosalimentando o simples prazer daparticipação. Por outro lado, osatletas nascidos e crescidos emberço esplêndido seriam obrigados aganharmedalhasdeourosempre.

Em cima dessa ponderação e deoutras incontáveis críticaseanálises,opinando sobre os caminhos certos

para se buscar atletas vencedores,ficaratificadoquesónostornaremosuma Nação Olímpica se ospatrocinadores, a imprensa, osclubes, o Comitê Olímpico e o Paísinvestirem pesado na formação decrianças e jovens competidores edeles cobrarem dedicação,resultados expressivos… Índicesolímpicos, sim. É o que se faz nospaíses vencedores em números demedalhas.

Só com exigências firmes eavaliações eficazes teremos farturadegrandescampeões.Esó teremosreaisvencedoresquandoosprópriosatletas também exigirem para sistatus de campeões e passarem a

considerar que não ganhar uma dastrêsmedalhasémotivodevergonhapessoal. É triste ser um merocompetidor ao lado dos reaiscampeões. Nessa comparação sedescobre aqueles que “sobram” nosespaços das competições e aqueleseternos “maisoumenos” na linhadechegada.Prasercampeãoéprecisoseempenharexaustivamente,superaros recordes da última olimpíada. Sóentra para a galeria dos imortais osquebuscamsuperarosmelhores.

Outra crítica que precisa serrealçada é quando se percebe quemuitos atletas brasileiros nosembates panamericanos,campeonatos do mundo e

principalmente nos olímpicos jogamcom a boca, correm com a boca,pulamesaltamcomaboca…Eatécom lágrimas de desculpas epromessas. Jogar com palavras eemoções antecipadas não ganhamedalhas. Assim como a bandeirae o hino nacional não trazresultadosmelhores.

A filosofia: “o que importa écompetir”,naverdade,éapenasoespíritodaboaeducaçãodeberçoecolegial.Nelasepõeempráticaorespeito, o companheirismo, ahumildade… São princípios morais epatrióticos muito bonitos, dignos deregistro, só que não ganhammedalhas.

PARASERCAMPEÃO,OLEMADAVITÓRIANÃOPERMITECORRERPORCORRER,NADARPORNADAR,SALTARPORSALTAR…PARASERHERÓIÉPRECISOMAISQUE

COMPETIR,ÉPRECISOQUERERGANHARSEMPRE.

4

O

°UMAGRANDEEQUIPESEFAZCOMUMBOMCONJUNTO,UMÓTIMOPREPAROFÍSICO,UMTREINADORCOMPETENTE–ECOMALIDERANÇADEUMFORA-

DE-SÉRIE.

que seria mesmo um time ouuma seleção de deixarsaudades para as gerações

amantes do bom futebol? Sóaquelas que tiveram (ou tiver) no

elenco,obrigatoriamente,umfora-de-série, coadjuvado por dois, três,craques,pelomenoseauxiliadosporbons jogadores.Comessamédia deinteligênciadistribuídapeloconjuntoépossívelterespaçoatéparaunsdoisesforçados.Foi assimcomoSantosde Pelé, oBotafogo deGarrincha,OPalmeirasdeAdemirdaGuia, oFluminensedeRivelino, oNápolesdeMaradona,oFlamengodeZico,OCruzeirodeTostão.Bemcomooescrete de Michel Platini, o deZinedine Zidane, o de FranzBeckembauer, o de Cruiff, o doMaradona. Esses gravaram seusnomesentreosmelhoresdahistória;alémdoBaixinho,queclassificouoBrasil para duas Copas doMundo

e foi oprotagonistada seleçãode1994.

Já o Santos de Robinho eNeymar, Ganso guardará namemóriaumfutebolvistoso,capazdeencher os olhosaté dosadversários,porquesimplesmente tocavamabolacom lucidez, em frente edespreocupados com meroscruzamentos que, absurdamente,muito se treina e se chama detática até em seleções. Vi e vejotimes famosos da Europa serchamado de fenomenais, mesmoquandosósabemtocarabolacompassinhos curtos, de lado e paratraz. Na brasileira e na Argentina –ficarcruzandobolaouzagueirodando

balão - é um desaforo contra atécnicadaartemaisrefinada.

Assim, anotem: é um pecado oexcesso de toque para os lados epara trás. Essa falsa competênciapara superar a incompetência dagenialidade fundamentada nosdribles, lançamentos e enfiadascontrariaarazãodeserdofutebol- a individualidade e o conjuntoque se movimentam por todo ocampocomosreflexosdaintuiçãoe da categoria. Futebol bonito é oque se jogapara frente semmedode errar. Abdicar dessefundamento, é um equívoco daarte.

Reitero, pois, são os jogadoresde talento diferenciado, emobediência aoMandamento acima,que superam as deficiências doscompanheirose fazgrandeatéumtimemediano.

OFORA-DE-SÉRIE

Qual é a graça de um jogo defutebol sem a graça dacriatividade?Nenhuma.Aqui entraem campo o supercraque e ogênio, os que alteram com ocenário do espetáculo. São elesque produzem sensações únicas;magias de encher os olhos para

estimular novas gerações. Asfantasias desses foras-de-sérieprovocam felicidade que a torcidaagradece com risos, lágrimas eloucuras.

Portanto, uma equipe se faz,primeiramente,comcraquesdebompadrão técnico capazes de manternomesmo ritmo a qualidade de jogopara jogo; comum grande jogador,aquele que surpreende com jogadasdecisivas. Mas, uma equipesensacional, a dos sonhos, se fazprecipuamente comumsupercraqueou um gênio, aqueles que alteramcom as rotinas do trivial comfrequência. A esse plantel deconjunto técnico acrescentam-se

ostreinoscoletivos(eomáximo).

Éocoletivoquepropiciaodesprendimentoindividualafavordoconjunto;Éocoletivoquedáaogrupotoquesrápidoseprecisosemdireçãoaogol;Éocoletivoque“jogapormúsica”navozdolocutoredopoeta;Éocoletivoqueproduzumconjuntointuitivoeconsciente.

Paralelamente aos dois primeirosrequisitos, temos o preparo físico,indispensável ao melhor

condicionamento muscular. Énecessário, porém, aplicá-lo namedida certa, permitindo aos atletascorrerem “soltos”, sem cansaço. Emcontrapartida, aplicado em doseexcessiva causa fadigamuscular elesões com mais facilidade; podeaumentar em demasia a massamuscular e retirar do atleta suanaturaldesenvolturaeflexibilidadeque o faz leve e rápido. É bomlembrar também que muito jogo emperíodo curto causa "saturação debola"–inibindoacriatividade.

OTREINADOR

Finalmente, na cabeça de umagrandeequipe, dessasquea históriaguarda com carinho nas prateleirasesportivas e nos baús dasrecordações, é imprescindível apresença de um treinadorcompetente. No Brasil, pra lá decampeões, temos fartura dessesprofissionais quando falamos emconduzirumaequipecomrespeito,harmoniaedisciplina.Mas!…Cominteligência para sacar da arte dofutebolnosmomentosprecisos -abem da verdade - temos poucos,muitopoucos.

Preferimos, no entanto, falar dedois que, ao longo das carreiras,somaram à inteligência uma

simplicidade honesta para setornarem campeões. Lula (Santos).Segundo as boas línguas, além decamarada, não se permitia ser oastro principal. Estava rodeado decraques; logo, não seria ele quemdecidiria os jogos. O outro éunanimidade nacional, o técnico dostécnicos, Telê Santana. Embora,durão, exigente e franco (e quetambém errava por teimosia) erasimples, não complicava e permitiaaos jogadores serem os donos dospróprios movimentos. Só tentavamostrar o mais fácil quando viaabsoluta carência técnica nocomandado. Era amigo de verdadee não se postava como o senhordosgramados.

Hoje – o que se vê – é ainteligência de alguns treinadoressuperaremosespaçosdosgrandesestádios para autografarem dolado de fora o currículo que nãotem dentro de campo. O excessode vaidade faz deles maisiluminados que os demais aopromover entrevistas comacentuada autovalorização;excedem na criação de táticas emdetrimento do coletivo e daindividualidadeeseconsideramosdoutoresdoassunto.

Ainda assim, lembramos: se nopassado tivemos Gradim, FlávioCosta, Zezé Moreira, Brandão, NeyFernandes, Telê Santana. Hoje,

desponta Geninho, Vadão, Cuca,Luxemburgo – entre outros - debons olhos clínicos para a arte dofutebol e com o linguajar inerenteao esporte; sem excessos efloreios para explicar coisas tãosimples.Ademaisseposicionamcomlucidezcontraaspicuinhaseopiniõesdescabidasvistaseouvidas(inclusivede comentaristas famosos) no (esobreo)mundodofutebol,como:

Bebidasemulheresparaatletasemfolgas;Osxingamentostãonormaisemcampo;Ofalsoracismoemalgumassituações;Asbrincadeirascomvestes

coloridas;Substituiçõesaofinalzinhodojogo;Asrodasdebobo,etc).

Assim,afavordofutebolbrasileiroe no cômputo geral, a maioria dostécnicos consegue agrupar osjogadores em torno de princípiosque resultam em grandesconquistas, ainda que não tenhamum plantel de alta qualidadetécnicaeumfora-de-sérieàfrente.Mesmo que alguns se consideremosdonosdoespetáculo,disciplinae harmonia coletiva resguardamum bom valor desses profissional,ainda que não saquem da Artecomodeveriam.

POR OUTRO LADO, semcontradição alguma, e contrariando aopinião de muitos que cerrambandeiras a favor dos treinadoreseuropeus, o Autor discordaprofundamente e afirma que osnossos técnicos e os argentinossempre foram tão grandes (emelhores) que seus colegas dofutebol europeu e do resto domundo. Alguns estrangeiros sãoaclamados,mesmoquecegosparaas coisasmais simples da arte dofutebol.

No entanto, para ser treinador –professor como muitos querem - deprimeiragrandeza,aprimeiracoisaéreconhecer os limites da sua

competência.Nãoumacompetênciaequivocada, esbravejando teorias,estratégias, abracadabrasmilagrosas e de atribuírem a simesmos os donos da magia, dasorte,doresultado.

COMPETÊNCIAESTRITA

A competência, pois, dos técnicosou treinadores é firmadaprimordialmenteemcincopassos:

Convocarbem;Escalarbem;Substituirbem;

Serbomdemensagensnostreinosejogos;Saberagregarvaloresindividuais.

Nesses atributos se encontram osverdadeiros méritos dos treinadores,sustentados:

Peloconfortodoscentrosdetreinamento,Peloconhecimentodasnormasesportivas,Pelaeletrônica,tveinformáticatraçandopassos.Peloamparodamedicinapreventivaereparadora,Poraparelhosdeprecisãonasacademiasdosclubes.

O que passa dessas linhas sãofirulas, excessos da criatividade,de vaidade e de uma burocráticafilosofiaprofissional.

O primeiro potencial dos técnicos,quando se tem liberdade paracontratarouconvocar, estánabuscacerta para encontrar osmelhores decada posição. Ademais, procuramesclar talentos jovens e de meiaidade; bem menos, inclui oschamados jogadores experientes,acima dos trinta; lógico, se tiverembom nível técnico e físico, porqueexperiência conta muito poucoparaofutebol(comoveremosmaisàfrente).

Em se falando de seleçãobrasileira, mais uma vez, fica bemmaisfácilagruparumagrandeequipe.A razão é simples: dezenas decraques espalhados pelo Brasil epelos cinco continentes à disposiçãoda seleção brasileira. Craques semconstrangimentos alguns. Craquesprontinhos física e tecnicamente osmelhoresdomundo.

Entretanto, para que essaconvocação seja feita com rigor, énecessário:

Primeiramente, que o técnicotenha olho e absolutodesprendimento para escolherrealmenteosmelhores.

Issosóocorrerásedeixarde ladoo exagerado gosto pessoal, adecantada experiência própria e asupervalorizada experiência docraque.AfinaldecontasonúmerodetreinadoresformaiseinformaispassadosmilharesnoBrasil;alémdeparteda imprensa com boa visãoprofissional, principalmente os quejogaram bola. Humildade paraconsultá-loseaoscolegastrariaaotreinador,comcerteza,maisjustiçaem suas convocações. Por isso, sefaznecessárioqueotreinadornãoseesqueçade lembrarda imensidãodoPaís, com centenas e centenas decraques espalhados por váriosrincões, o que torna sua opiniãolimitadanotempoenoespaço-ainda

que tenha à sua disposição TV einternet.

EMSEGUIDA,ÉPRECISOESCALARBEM.FATORPREPONDERANTECAPAZDEREVELAROOLHODELINCEDEUMTREINADORPELASMÃOSQUEDISTRIBUEMASCAMISASAOSTITULARES.

Nadaadianta(e tantasvezesnãotem adiantado) uma requisição detalentos para, em seguida, deixar nobancodereservasquemmaispoderiarender para a equipe. As escolhasdevem recair sempre sobre os maiscompetentes para cada posição.

Contudo, o quemuito se vê é deixarum craque na reserva e depoiscolocá-lo no segundo tempopara segabar da chamada substituiçãocerta.Ora,comoponderamosacima,o certo é querer ganhar desde oinício,enãocorrero riscodeperdero jogo por excesso de vaidade oupretensãodemuitainteligência.

Omaiscorriqueiro,porém,duranteuma partida é que apenas um, dois,três, estejam abaixo da média, ouporque se esperava mais de algumdeles.Obaixo rendimentoacabaporcontaminartodoogrupo.AÍ,VEMASUBSTITUIÇÃO.

E qual seria o instante certo para

se restabelecer esse equilíbriotécnicooufísicodeumjogadoroudotime inteiro?Eisaquestãoqueafligeamaioriadostreinadores.

Noprimeirotempo?Nointervalo?Iníciodosegundotempo?Apósosvinteminutosdasegundaetapa?

A resposta é categórica: Nãoexiste um momento definido porrelógio. Há, sim, a capacidade e acoragem do treinador de ver o “dianegro” do atleta e substituí-lo, atémesmo antes dos trinta minutosiniciais, sem que o chamado “saque”cause constrangimento ao jogador e

aoprópriotreinador.

Essa atitude ousada já estariaimplícita em suas preleções nostreinos, nos vestiários e palestras,quando manifestaria sua disposiçãode substituir a qualquer momento dapartida, porque a todo jogador,inclusive aos fora-de-série, é dado odireitodeestaremumdia ruim,sembrilho.

Quantoaosúltimos,ésemprebomobservá-losmelhor,poismerecedoresde mais chances até nos últimosminutos, em virtude da costumeirainspiração para resolverem o jogocomuma tacadasó.Essaconfiançadepositada nos mais craques faz

parte da apurada sensibilidade dotécnico. Quando deve alcançar asestrelas dos mais talentosos porsaberqueelespodemsurpreenderaté nos instantes finais. É ocomandante de visão aguçadaquem verá omomento decisivo desesubstituir,ounão.

Venhamos e convenhamos:inadmissível são as substituiçõesnos minutos finais do jogo(algumas chegam às “arraias dossegundos”), aindaque seja para obatismodeum jovemestreantededezesseteanosemestádiocom80mil pessoas. Só é cabívelalterações nos minutos finais emcaso de acidente físico ou,

explicitamente,paraganhar tempocom medo do empate ou daderrota. Fizemos exposição no 2ºMandamento para mostrar que omedo é quase sempreacompanhado de derrota. Tambémnão é correto escalar por algunsminutinhos em função do prêmioapelidadode“bicho”.Comoficariao mérito profissional? (Uns jogamnoventa minutos e ganham tantosreais;outrosjogamnovesegundosetambémganhamomesmotanto).E o respeito à torcida? (Sempreboquiaberta com a mexida semfuturo)

ÉINCOMPREENSÍVEL(E

INADMISSÍVEL)SUBSTITUIRAPÓSOS25MINUTOSDOSEGUNDO

TEMPO:

Paraadquirirexperiência;Porconsideraçõestáticas;Pordeficiênciatécnica

Substituirapósos25mdosegundotempo–porumadastrêsfinalidades- é dar mostras de incompetênciavisual sobre os aproximados 65minutos em que a bola rolou pelogramado. Sempre é bom lembrar oquenãosedeviaesquecer:Asorteeo adversário não costumamperdoar cegueiras técnicas. Nãovalelembraralteraçõestardiasque

decidiram jogos por sorte, pelacategoriadosubstitutoouporazardo adversário. Analisar porexceçõesqueraramenteacontecemé faltar coma regrada coragemedacompetência.

Desenhadas as três primeirascondições (convocar, escalar,substituir), vem aquela para oantes, para os instantes e para ofinal, a Mensagem. Meticulosa porexcelência,muitasvezesédecisivanacondução da vitória. Durante umapartida é possível que toda equipeestejamal,osonzeaquémdoprópriorendimento; mas as regras nãopermitem trocar todos. Então,somente as correções do lado

psicológico, no intervalo ou pelasbeiradas do gramado, podem ajudarnoreequilíbriodotime.

São as mensagens docomandante e do capitão que setransformam em ondas sonorascapazes de alterar o espírito dosjogadores, levando-os de vencidosavencedores.

Treinadorsemcompetênciaparaalteraroestadopsicológicodeumjogador – treinador não deveriaser.

Psicólogo (a) seria,exclusivamente mesmo, parajogadores com gravíssimos

problemas extracampo, comoalencadosanteriormente:perdadepessoas do coração; uso dedrogas, separação definitiva dapessoa amada ou acidente ouincidente físico ou moral deresponsabilidade própria.Repetimos, treinador que precisade psicólogo(a) para ajudá-lo nosoerguimento técnico de umjogador, deveria abrir mão de 1/5doseusalário,sempre.

Mensagens lúcidas–aquelasquemostram e encorajam até mesmoum jogadorcomumaseromelhoremcampo-sãofundamentaisparaoequilíbriodeumatletaedeumaequipe. Com elas um treinador

ilumina um grupo desacreditado ealtera fisionomias abatidas; Comelas, se perde uma partida, masganha um campeonato. Mensagenscorretas podem substituir com muitomais eficácia os apetrechos citadosno 5º Mandamento. Quandoaplicadas com maestria nostreinos,antesenosintervalos,nasconcentrações, nos bate-paposindividuaisemesmoapósumjogo,elasfazemdotreinadorummágicocapazdetirarcoelhoscoloridosdecartolaspretas.

Mensagens eficientes acontecemquando:

Provocamdesprendimentosa

favordoconjunto.Estimulamaautoconfiançaealiberdadeparainventar.Engrandeceumperna-de-pauesalvaumfora-de-sériedofracasso.Direcionamavontadedeganharportodaextensãodeumapartidaedeumcampeonato.Levantaomoraldoindivíduoedogrupo;viraeganhajogo,campeonato,copadomundo.

Uma mensagem eficiente,alinhadacomatécnica,conjuntoepreparofísico,abraçamquasecemporcentodofutebolvitorioso.

Oquesobra,sãoasmigalhasdasorteedoazar.

Ressalte-se: mesmo que umtécnico nunca tenha tido o privilégioda categoria, como muito dos seuscomandados, ele pode (e deve)incentivá-los a confiarem em simesmos sem medo de errar, oufazeroqueémaiscertodentrodecampo, na chamada hora “H”. Aexemplo de Pelé, Zico, Romário,Reinaldo, Careca, (Messi –atualmente) que não buscavam“cavar” um pênalti; preferiaminvestir na categoria para sesafarem dos zagueiros. Tinhamfome de gols sem enganação. Lána zaga e no meio-de-campo,

lembramos Luís Pereira, Luisinho,Clodoaldo, Falcão, JuninhoPernambucano - desarmando semcometimento de faltas. O mesmovale para o excepcional Dedé, omais diferenciado e mais craquedosúltimostempos.

TREINADORES–CARACTERÍSTICASDOSINTELIGENTESECOMPETENTES

Treinador competente Sabe quea sua responsabilidade maior é aunião do grupo, assentada na

disciplina moral, coletiva eprofissional.

Éautênticoquandotransmitesuapersonalidadecompalavrasegestossinceros;tempeloscomandadosrespeitoeamizade,semperderocontroleeahierarquiaquelheédevida.Sabeaposiçãocorretadecadajogadoredáacamisacertaaojogadorcerto.Nãoseesquecedaestruturapsicológicaque,àsvezes,osprincipiantesnecessitam.Quandopercebeinsegurançasedesviosinerentesaalgunsprofissionais,nãonecessitadepsicólogoparasubstituí-lonatransferênciade

estruturaemocionalaoscomandados,jovensounão.Sejaantesdejogoscomunsoudedecisõesnacionaiseinternacionais.Comodissemosacima,nestequesitoestáamaisnobrecompetênciadotécnicoaomexercomasideiasdoseuatletaetorná-lomaisconfianteemsuastarefas.

Incentiva a técnica individual semmedo.Orientatransferindoconfiança:

Vá!…Ejogueoseumelhorfutebol!Vocêébomdebola…Craque!Vocêéumdostitulares!Acrediteemsi!

Treinador inteligente é capaz defilosofar comoosTrêsMosqueteiros:“Um por todos, todos por um”, ereforçaasglóriasdeseteroslauréisda vitória em benefício de todos.Estimula o ego da vaidade financeiraapontando os benefícios dasconquistas: “bichos”, salários,seleção… Acima de tudo, diz aoschamados pupilos: Lembrem-se!…As glórias das conquistas serepassam aos filhos, netos e àNação. Atleta com desprendimentocoletivo – em qualquer esporte – émais valorizado; assim como ohomem com aceitação para asconquistas de terceiros é maishomem.

Treinadorinteligente-aomesmotempo– fortalece o companheirismoeenfraqueceavaidadedequererserúnico, o especial do grupo. Elepróprio se abdica da presunção dequererseroartistadaequipe.Essesprincípios,salutares,acabammesmocom desavenças e picuinhas. Poresse caminho, lembra que acriatividadeabusadadeveserpostaafavor do conjunto, porque no espíritocoletivo reside a forçamaior de umaequipe; sem prejudicar aindividualidade–especialmenteadosgeniais.Assim:

Maisvaleumbompassedoqueumgolperdido!Maisvaleumaenfiada,um

lançamento,doquecorreriacomabola!

Nem permite que a liberdade deexpressão religiosa e a políticacontaminem o coração e o rebanhodecadacrença.

Treinador inteligente mostra quecada jogador tem uma característicaespecial capaz de contribuir para osucesso do grupo. Exige garra,suor…Atéparacompensarcarênciastécnicas.

Deixa claro que falta é bola doadversário, às vezes, propiciando aele muito mais condições detransformar um lance ingênuoemum

realperigodegol.Sabemostraraoscomandados que jogadas cantadas,invariavelmente,nãodãocertas.

E O QUE SERIA UMA JOGADACANTADA? (Dificilmenteperceptívelpara quem não nasceu com ahabilidadedeverasentrelinhasdofutebol)

Exemplosmaissimples:

Nacobrançadopênaltiolhaescancaradamenteparaumsólado.Invariavelmente,bateránooutro;Abolavindodelonge-jápreparaocorpoparatentarumameia-lua.Certamente,o

adversárioperceberáolanceantecipadamente.

Treinador inteligente cobra doelenco firmeza, seriedade, empenhona constância dos contatos; salientaque não se deve perder a cabeçacom palavras e gestos agressivos,sob pena de prejudicar o grupo pelaausência do controle psicológico. Aexpulsão é um grave prejuízo para aequipe. Enfatiza que atitudesinsensatas podem eliminar umcolegadofutebolparasempre.

Exige respeito físicoaoadversárioechamaatenção:

DESLEALDADE E VIOLÊNCIA, EM

QUALQUERESPORTE,SÃOASARMASDOSMEDÍOCRES,DOSDESPROVIDOSDA BOA EDUCAÇÃO E DO MELHORESPÍRITOESPORTIVO.

Treinador inteligente é aqueleque vê com respeito os valoresagregados do futebol extracampo:massagista, treinador de goleiros,médicos,diretores,imprensa,torcida.Não lhe passa despercebido a forçadossalários,asemoçõesdasvitóriase das derrotas, as brigas denamoradoseasnoitadasfesteiras.

E olhando para dentro do campovislumbra a magia entre jogador ebola semisturando, se enrolando, sedestrinchando – ambos correndo e

voando livres pelas quatro linhasdo campo. Vê os pormenores, osliames, as entrelinhas daindividualidade e do conjunto sobre ogramado.É justamenteporsuavisãoampla de fora para dentro dotriângulo-retângulo que o técnico temmelhorpercepçãodaarte individualedo seu conjunto. E, ao somarhumildade à sua visão críticaaprende,adquireexperiênciaparasermelhornasvitóriasenasderrotas.

Treinador inteligente não arredaopédasimplicidadeenãosepermiteser professor, porque futebol elesabequenãose ensina. É sensatopara compreender que o termo éapenas um galanteio, um respeito à

hierarquia. Sabe bem que, no ápiceda glória, o jogador é o artistaprincipal.

Treinador inteligente é o quesabecorrigirocorrigível:

Passesparaosladoseparatrás;Escanteiosmalcobrados;Cabeçabaixaaocruzar;Posicionamentoerrado.Faltasdesnecessárias.

Emboracadatreinadortenhaestilopróprio, de passividade ouenvolvimentoduranteo jogo,via-de-regra, o segundo caso, ao viver asemoções do campo e transmitir as

suas, costuma provocar melhoresresultados durante os noventaminutos.

Este envolvimento permitirá aotreinador fazer as correções quepodem e devem ser feitas inclusivenos jogos ao lado das linhas docampo.ComauxiliodoCapitão,pedeque se marque mais, drible mais oudriblemenos.Pressionaparasejogarmais aberto, quando pelo meio estádifícil; lance menos ou mais, toquemais a bola. E, fundamentalmente,sabe acalmar o jogador antes e nointervalo da partida. Em nada disso,porém,existedefinição.Éo jogadorquebuscaespaçoeatalhosparaascircunstâncias do jogo. Por isso,

este trabalho registra: dedos queapontam os lugares dos craquesemcampo(porondecorrer,lançar,driblar, chutar)sãodedosquenãoapontam nada. O que um técnicopode pedir é que se jogue maispeladireitaoupelaesquerda,maisà frente ou mais atrás, não sepreocupe em marcar ou marquemais. Mas, quando falamos decraques mesmos, até isso étotalmentedesnecessário.

Por outro lado, esperto, procuraassistir às próprias partidasanteriores (um, duas, três), como jádissemos, para corrigir o corrigível.Procura ainda assistir jogos dospróximos adversários pessoalmente,

pelatv,ou“tapes”,juntamentecomosjogadoresparamostrar-lhesasfalhase virtudes dos adversários (Embora,via-de-regra, sejam vistas peloscraques com 05m de jogo). São“dicas” que permitem entrar emcampo mais seguro das qualidadestécnicas, físicas e coletivas, de si edos outros. Pode até se considerarmelhor,sempermitirqueo“saltoalto”entreemcampo.

Nadamaisqueisso!

Pautandoporessesprincípios,épossível afirmar: TÉCNICOINTELIGENTE PODE GANHAR JOGO,SIM; SE RENDER GRAÇAS AOSMANDAMENTOS CERTOS E AOS

PUPILOS CERTOS; POIS SÃO ELESQUE,ESTRITAMENTE,FAZEMACOISACERTANOMOMENTOCERTO.

UM EXEMPLO DE DESPRENDIMENTOEHUMILDADERELEVANTE:

Em 1970, após o jogo contra aItália,perguntaramaoRivelino:“Eaquele cruzamento perfeito para oPelé fazer um golaço de cabeça?Elerespondeu:

“Não senhor, eu só cruzei. Omérito foi do Negão que subiuperfeito”.

N

5°APETRECHOSQUENÃOENSINAMNADAENÃOGANHAMJOGO.

ão ensinam e não ganhammesmo! Prancheta,caderno, lousas, barreiras

artificiais,bancosescolares,inúmerasbolas nos treinos, golzinhos, bolinhasdetênis,cones,etcetc.Sãoapenasinvenções que não passam de umfestival de música seminstrumentos e sem cantores;NÃOTRANSMITEM NADA. Outrasinvenções (e comexcessos) semumpingo de valor para os retângulos do

gramado: treinos “táticos” (pelamanhã e à tarde), pontas trocadospara cobrança de escanteios,mesinhas de botões simulandojogadaseatécomputadorcomosefutebol fosse videogame estão nomesmopalco esperando pelo públicoquecansoudeesperarpelosartistas.Todos esses aparatos nãoamparam nada! Jamais foram ouserãoúteisaofutebol.

Outra prática usual que em nadacontribui com o futebol são oschamadosespiões(tãousadosparaas seleções). Senão, vejamos: paraum “olheiro” mostrar serviço ascaracterísticasindividuaiseoritmodejogo do adversário observado terão

que ser, forçosamente, redundantesde treino para treino, de treino parajogoedejogoparajogo,nospasses,chutes, dribles, escanteios, faltas,pênaltisetc.

Comoofuteboléarteinfinitanovai e vem, no troca-troca, no cria-cria-começadoojogonãoexistemregras fixas que definam osmovimentos do adversário.Portanto, esses auxiliares sãoabsolutamente desnecessários, atéporque cada jogo é um jogo. Adecisão estánosnoventaminutos,nos gramados. Nem antes, nemdepois.

Toda essa parafernália a favor decriaçõesmirabolantes,emdetrimentodos treinos coletivos, não passa deabusoprejudicandoaespontâneaartedofutebol.Eviolentaanaturalidadedoesportequenãoéumamáquinade laboratório; tampouco, umsopro da engenharia eletrônica ouda informática. Chega a serengraçado as amostras após jogo,quando se vem explicar como umgol aconteceu através de riscosgráficos nas telas de TV, como seaquelesmovimentospudessemserevitados.Como?Elesnãovoltarãoaacontecer,jamais!

Partindo desses pressupostos,analisemos outro entendimento que

merece especial reflexão, o deJOGADASENSAIADASPARABOLAEMMOVIMENTO. O zelo é tanto nostreinamentos que não se discute enão se duvida da prática. É de seafirmar:Quantomais repetirmosumajogada (ou uma tática!!!) nos treinos,fatalmente teremos o replay nosjogos. Ou seja, quanto mais ensaio,mais o time beiraria à perfeição.Quem mais treinasse a repetiçãode jogadas ganharia o jogo sem ainterferência da categoria docraqueoudaforçadeumconjuntoconsistente. Não seria essa alógicaeoresultado?

Essa filosofia careceprofundamente de respeito técnico.

Olhares atentos que conseguemvislumbraraamplidãodasvirtudesindividuais se movimentando pelocampo,comcerteza,discordamdoprincípio criando regras exatassem concordância do adversário,como estaremos enfatizando emvárioscapítulosdestetrabalho.Umexemploclaroocorrequandoabolaécruzadaparadentrodaárea,e:

comumesforçogigantesco,comumahabilidadeincrível,comumamovimentaçãoestupenda…

Um jogador, atacante ou não, sehabilita por entre vários colegas eadversários e salta com testa

certeira, ou voleio arrasador, oubicicletaveloz, etcetc, e faz o gol.Exemplos esplendorosos acontecemtoda semana pelos jogos doBrasil edomundo.Aí! Sábios narradores ecomentaristas estufam o peito emaltosbrados:Cruzamentoperfeito!Passemilimétrico!etcetc

Acreditar nesse princípio parabolas em movimento seria ver emcampo triangulações combinadas atécom os adversários. Entre oscompanheiros, imaginem se umdeles esquece o que se falou epraticou nos treinos e vestiários?O resultado seriam gritarias paracorrigir e acertar as incontáveissituaçõestécnicasacontecendo.

Você,pracá!Você,corrapralá!Você,cruza!Lança!Espere!Você,cara,seesqueceudotrato?!…

Ojogovirariaumaembromação,abola ficaria perdida em campo.Enquanto o adversário, cabisbaixo emudo, teriaqueaceitarodescontroleda situação ainda que tenha tido asmesmasintenções.

ASSIM,AFIRMAMOS:NÃOEXISTEMJOGADASENSAIADAS

PARABOLASEMMOVIMENTONOSCAMPOSDEFUTEBOL;NO

MÁXIMO,PARABOLASPARADAS

NASCOBRANÇASDEFALTASEPÊNALTIS.

Esclarecido um ponto fundamentalsobre a arte desse esporte, vamosalém: não existe estratégia nofutebol que suplante (por regrageral)uma equipe estabelecida no4º Mandamento. Essas, ainda quepraticassem bem menos aschamadas táticas, elas superariamcom facilidade um adversárioexaustivamentetreinadonasbolasemmovimento. Os táticos treinariam,treinariam… Mas sem as qualidadesprimordiaisdeumgrandetime.

Diante desse quadro, é possívelcontestar osmais afoitos sem receio

de ferir os sentimentos da filosofiahereditária. Isso mesmo! Nãoexistem táticas mágicas para bolaem movimento que possaminfluenciar no resultado a não serpelas coincidências que,fatalmente, aconteceriam dequalquer forma. O que existe, naverdade,éamelhordistribuiçãodoelenco em campo, observandosempreascaracterísticasevaloresindividuais, reforçadosdeumbompreparo físicoeumbomconjunto,mercê dos coletivos. Ademais,reiteramos, os treinos deaprimoramentos técnicos jamaisserão para reforçar um esquematáticomirabolante.Treina-separaasdescobertas das categorias

individuais e para a evolução doconjunto.

Quererdefinirparaojogadorostriângulosretângulosdadefesa,oscírculosdomeiocampooua linhado gol com táticas expressas,ainda que “chova ou faça sol”, éesquecer que do lado oposto temonze jogadores em condiçõesfísicas e técnicas totalmentediferenciadas, commovimentaçõescompletamente imprevisíveis acadafraçãodesegundo.

NADA,PORÉM,TALVEZSEJATÃOOFENSIVOÀDIGNIDADEDO

FUTEBOLQUANTOOSCHAMADOS

“TREINOSSECRETOS”PARA“TÁTICASSECRETAS”.ASSIMCOMOESCALAÇÃODEÚLTIMAHORAPARASURPREENDERO

ADVERSÁRIO.

São dois blefes que completam alista das inutilidades acima, e quejamais tiveram ou terão influência noresultadofinal.

O CHAMADO TREINO SECRETOPARA ESCONDER ESTRATÉGIAMILAGROSA SERIA COMO TOMARÁGUASALGADAPARAMATARASEDE.Apenas faz aumentar aresponsabilidade de vencer supondo-se que, dentro de campo, sesurpreenderá o adversário com um

banhodegoleadagraçasàsmágicasinvisíveis.

Escondertreinoparaesconderojogo é acreditar queosoponentesficarão cegos durante a partida.Alguns treinadores extrapolam,mandam fechar o estádio!… Sãoprofissionaisdementesfechadas.

Que se registre: A favor dasegurança, em alguns locais eestádios, é prudente treinos semtorcida;semaimprensa,jamais.

São tantas as invencionices quealgumas se transformam emsuperstição em cima de números,camisas, cores. E quando a vitória

acontece, não levam emconsideração as coincidências ou acompetência dos jogadores.Esquecem que, a cada partida, oadversário pode ter mais craques,corrermais e termais felicidade nasconclusões.

AS ARTIMANHAS DO CAMPONASCEM ESPONTANEAMENTE NOSTREINOS E NOS JOGOS. TODASAQUELAS PRÉ-FABRICADAS PERDEMO BRILHO DAS ESTRELAS PORQUE,NA PRÁTICA, A CRIATIVIDADE DOSVINTE E DOIS JOGADORES ÉIMPREVISÍVEL A CADA SEGUNDO,NÃO PERMITEM QUE O ENSAIADOSEJALIVREMENTEPRATICADO.

ORA! ORA! SÓ HAVERIASUSTENTAÇÃO DAS JOGADAS PRÉ-FABRICADAS SE O ADVERSÁRIOACEITASSE PASSIVAMENTE O QUENÃO FOI COMBINADO. TODOS OSTÉCNICOS TEM CONSCIÊNCIA DESSEPRAGMATISMO.

Oquepassadessaafirmação,ficaporcontadafaltadelógicanofutebole do “salto alto”. E por que não daboa sorte? Sorte, às vezes, é umprivilégioparamuitosdepoucabolaedemenosparamuitostalentosos.

Em conclusão, imaginem todosos apetrechos em campo fechadopara ensinar o Reinado – um dosmelhorescentroavantesdahistória

– a jogar bola. Como? Se eledriblava com independência,elasticidade e maestria; fazia golssemprecisardeensaiosetruques.Elejánasceumágico.

AUSÊNCIADECAPITÃES-ALERTA

Outra questão que merece maisatenção dos técnicos ecomentaristas: Já é de bom tempoque o capitão, para não serconcorrente do treinador, fala omínimo, orienta o mínimo, grita omínimo, gesticula o mínimo.

Apenas exibe a braçadeira emcampo. Os atuais capitães setornaram olheiros silenciosos semdireito a voto, consequentementedespercebidos pelos colegas.Diferentemente de Belini, Mauro,Carlos Alberto Torres, Brito, Raí,Piazza, Gerson, Sócrates,exemplos que não precisavam dolacre da braçadeira. Eram líderesnaturais,não lhes faltavamorespeitodos colegas em função dos olharesfirmes que desprendiam na horacerta.Quandoperdiamapaciência,arepreensãovinhacompalavrasdurase gestos que faziam tremer a baseaté dos mais craques (ou dosmelhores salários). Os gritos eramchamativosparasimplesalertasouà

responsabilidade. No entanto, querfosse contra colegas ou juízes, aaltura dos decibéis não invocavaofensaspessoaiseatitudesríspidas.

Grandes capitães estão semprefocados no jogo, nos deveresindividuais e coletivos - semexcessos.

Já é de bom tempo que o futebolbrasileiro está carente dessescapitães;atéporque,muitosdosquese acham bons jogadores, ou doschamados craques ou grandesjogadores, também se achamirrepreensíveis e intocáveis. Oresultado são times sem liderança,sem cabeça. É bom ressaltar que,

regra geral, os supercraques e osgênios sempre aceitaram o comandode um colega dentro de campo sempestanejar.

Éprecisoque todos tenhamumpouco mais de humildade, aquelaque glorifica um homem emqualquer lugar e situação;humildadeéprincípiouniversaldevitórias. Humildade é a valentiados homens realmente fortes. Épreciso que as braçadeiras voltema ser símbolos de respeito edisciplina para os colegas,adversários e juízes. Mas isso sóacontece quando o capitão,naturalmente, invoca e impõe suaresponsabilidade com galhardia.

Braçadeira por braçadeira, sematitudes do real significado, viraapetrecho como os citados acima:nãoganhamjogo,nãovalemnada.

A

6°EMDECISÃONOSPÊNALTISARESPONSABILIDADEDAVITÓRIAESTÁNASMÃOS;NÃO,NOSPÉS.

o contrário do que se vê e seouve – desde que pênalti épênalti - a responsabilidadepela vitória não está nos pés

dos cobradores, está nasmãos dogoleiro.Umprivilégioquetreinadorese goleiros desconsideram ou nãoveem. A história do futebol nosmostra que, principalmente em

decisão, dificilmente cinco pênaltissão batidos com eficácia. Asincontáveisvezesemqueatéosfora-de-série falharam é um testemunhodaafirmaçãodestemandamento.

Portanto,bastaogoleiroesperarasaída da bola para aumentarsignificativamente as possibilidadesde defesa, justamente porque aresponsabilidade explicita édirecionadaparaocobrador.Édeleaobrigação de acertar o gol demaneira indefensável. É ele quemcarrega uma boa dose do naturalnervosismo que desce da cabeçaaospésnomomentodacobrança.

As emoções que transpiram

insegurança sobre os arremates dosbatedores ampliam, em muito, aspossibilidades do goleiro se dar bemna defesa do chute; às vezes, semmuitoesforço.

Calma, mesmo forçada, econcentração nos olhos e pés doatacantepoderenderaogoleiroascomemoraçõesdavitória.Ademais,se o goleiro foi atento ao passadoquando das cobranças de pênaltispelos cobradores à sua frente,poderá explorar algumas de suasfraquezasmais facilmente.Exemplos:o costume de batedor só buscar ocanto direito ou esquerdo do goleiro;sempre chutar rasteiro ou mais alto;de pé esquerdo ou direito; forte ou

fraco; com (paradinha) ou não. Sãoinúmeras as possibilidades emque ogoleiro esperto pode se concentrarnas artimanhas do chutador. E atéconsiderar que se trata de umcobrador seguro do que faz ou queapenas tenha pompas de craque.Enfim,ésóesperarobatedorenfiaropéoutocarmansamente.

ATENÇÃO: ainda que agora oscobradores fiquem atentos para aimobilidade do goleiro antes dacobrança,repita-se:ogoleirodeveesperarpelasaídadabola.

A certeza do mandamento émelhor direcionada para as cincocobranças; mas também vale para

umsótirolivre.

Goleiroespertoéaquelecapazdever e sentir na ginga do cobrador àsua frente um craque ou apenas um“simples chutador de bola”; aqueleque,nachamadahora“H”:

Têmtíquetesnervosos;Nãoencaraogolenemogoleiro;Têmmalíciaanalfabeta,olhaparaumdoscantossomente.(jogadacantada)

Como também reconhece os bonscobradores de penalidades,despreocupadoscom:

Omomentodojogo;Aimponênciadogoleiro;Ospersonagenspresentes;Ascondiçõesdotempoedogramado;

Enquanto os primeiros “trememnas bases”, os segundossimplesmente definem como e ondecolocar a bola no exatomomento detocar o pé na redonda; decidem ogolpe mortal de olhos abertos noinstante do chute; não antes. Sãoincisivosnacobrança.

Se porventura erram, não foi porincompetência; sim, por azar ouextremacompetênciaoufelicidadedogoleiroadversário.

Masseráotécnico,deantemão,lános treinos, que estará descobrindopotenciaisecobrandoaprimoramentode defesas e arremates. Ou mesmonasconcentrações,nasconversasdepé-de-ouvido, no dia a dia, irá ver esentir que um jogador, além dacategoria técnica – é sensato naspalavras e atitudes e correto nosafazeres - traços de umapersonalidade candidata àcobrança de pênaltis. Quandoselecionado, demonstra maiorcapacidade de concentração edesprendimento. É seguro de si,especialmente nos momentoscruciais.

Cabe,pois,aessetreinadorcaptar

pormenores de extrema importânciana qualificação do jogador. Issomesmo. É o técnico quem orienta,influindo de maneira positiva ounegativa nas angustiantes cincopenalidades (ou mais). (Ou mesmoem apenas uma). A função plena deescalar o goleiro e os cobradores ocoloca nos dois lados da moeda.Como pênalti é um olhoconcentrado na bola e outro nosmovimentosdogoleiro,decorredaíque a correta instrução do treinadorpoderá facilitar, em parte, o controleemocional dos atletas. A intuiçãoparasacaroperfilmaisapropriadonos momentos de maior tensão éum dos grandes trunfos de umtreinador inteligente. Ele

reconhece, com sua experiência eolhoclínico,alémdabolarolando:

Os“matadores”desanguefrio;Osatletasdemalandrageminstantânea;Oscraquesdetoquesutilouchutepotenteecerteiro;Osjogadoresdeboamédiadeacertosaolongodacarreira;Osjogadoresquenãosedeixaminfluenciarpeloritmocardíaco;Oscraquesdeespíritoforteaochamarparasiaresponsabilidadedadecisão.

Atento à personalidade (até do

próprio caráter) de um jogadordecisivo, que não sente o peso daresponsabilidade e nem permite queos faustos da glória lhe subam àcabeça, certamente o treinadordeixará de escalar cobradores pelonome, porte atlético, superstição esorte; características que colocamem risco a maior probabilidade deacertos nas cobranças daspenalidades. Ou seja, treinadoresperto foge das más influências ecarrega consigo uma das chaves dosucesso não somente para ospênaltis, tambémpara toda extensãode uma partida, de um campeonato,deumavidaprofissional.

Assim, um jogador pronto para a

vitória, seja goleiro, zagueiro, meio-campista ou atacante, quandochamado a intervir, vai além dasdefesasedascobranças:

Absorvecommaisserenidadeosgritosevaiasdeumestádiocheio;Nãoseacanhaperanteaspompasehistóriasdoadversário;Nãosepreocupacomasmanchetesdodiaseguinte.

E

7°NÃOEXISTEJOGADORMODERNO.NÃOEXISTEFUTEBOLMODERNO.

não existe mesmo!… Seconsiderarmos que umjogadorouum timequantomais treinarem dentro de

um esquema tradicional ou inovador,sofrerão proporcional evoluçãotécnica e tática, numa progressãoconstante de categoria eprodutividade, estaríamos diante deum contrassenso difícil de imaginar.Graças ao brilho ascendente dosatletas produzindo criações

inimagináveis para as equipes, estasse tornariam sempre maiscompetitivas, de um futebol maisvistoso a cada jogo. Ora, depois dealgum tempo o time que maistreinassejogadaseesquemastáticosse tornaria imbatível. É possível atéque toda magia do esporte seperderianas linhasdo infinitocriativo.Deixaria de existir o acaso, o lanceúnico,ossupercraques,osgênios.

Portanto, vislumbrando umaprogressão técnica impossível derealizar, podemos afirmar que nãoexistejogadormodernoenemequipede futebol moderno como tantosquerem. As cifras táticas dostreinadores atuais não fazem o

futebol diferente de muitos anosatrás, apenasmais dinâmico,maisrápido, o que dá na mesma emrelação ao passado, quando osdois lados eram mais lentos.Puxando pela memória, veremosjogadores atuando com igualdesenvoltura em várias posiçõesmesmo nos velhos tempos. Um bomexemplo, o excelente Lima, coringadoSantos.Assimcomonopassado,no presente e no futuro sempreteremos jogadores excepcionaistomando posse de vários espaçosdos gramados:Piazza, Paulo CésarCaju, Cruiff, tãomodernos quantoosmodernosdehoje.

Muitos, porém, confundem

correr de um lado para outro,graças ao bom preparo físico,comosendomoderno.

Não basta correr pra lá e pracá!…Éprecisousardeinteligêncianos espaços abertos e truncadosdo campo; é preciso produzirjogadascomresultadospositivos.

As artes esportivas,principalmente, futebol de campo, desalãoebasquete-asmaisexpoentesporintuiçãodoespíritocriador–

CONSIDERADAS PURAS POR ESTEAUTOR PORQUE RETIRAMMARAVILHASDONADAEMFRAÇÕESDESEGUNDOS.

Como já expusemos, podemsofrer uma série de plásticas eretoques em seus componentesexternos: bolas, chuteiras,raquetes, uniformes, estádios,gramados etc; nada disso, porém,significaalteraçãonoconteúdo,naessência,naarte,especialmentenofutebol. Se as maquiagens damodernidade tivessem influênciasobre a arte, repita-se, teríamosatletas superando os deuses dofutebol e das artes em geral todatemporada.

A mesma avaliação é bastanteplausívelemmúsica,artesplásticase literatura - artes igualmentepuras – aos nossos aparelhos

sensitivos; mas que, diferentementeda maioria dos esportes, têm oprivilégio do tempo para semultiplicaremembelezaeraridade.

MESMOASSIMESSASTRÊSÁREAS,EMSEUSFECUNDOS

NASCEDOUROSDECRIATIVIDADE,TAMBÉMNÃOEVOLUÍRAMENÃOEVOLUIRÃOJAMAIS.OUSEJA,AESSÊNCIADAARTENÃOEVOLUI.

Para as artes em geral, existiuum tempo em que os mananciaisdas fontes liberando criatividadeeram colocados pelos artistas deoutramaneira, sejanosgramados,cestos, quadras, telas,

pentagramas e folhas,No entanto,se ontem foram consideradostrabalhos belíssimos - nos temposatuais - dezenas, centenas,milhares dessas obras e artistas,surgindo hoje, continuariamdeslumbrandogeraçõesegeraçõespela riquezadedetalhesnossons,traços,frases,períodos,enredose,especialmente,nosgomosmágicosdabola.

É a arte que não se perde com opassardosanos,masvazaotempoeseperpetuanaeternidade.

O futebol também grava parasempre suas imprevisibilidades. Ecomo exemplo de jogada, a mais

radicalecontundentepossível,queos olhos dos expectadores jápresenciaram, foi produzida peloscalcanhares de Iguita. Aquiregistro - pelos anais do esporte -comoamaisfantásticadetodosostempos,porquedotadadeextremaousadia e precisão. Um toque deMidas percorrendo a história dofutebol com os calcanhares deouro.

Porém, sem contradições,existemjogadoresefutebolmoderno,sim:

Paraofísicomaisatlético;Paraosestádios…Umaapoteose!

Paraosuniformesbemmaisleves;Paraosjogadoresdeváriosidiomas;Paraascontusõesefraturascuradascommaisrapidez;Paraoshinosnacionaiscantadosporquasetodososprofissionais.

NADAMAIS.Nacriatividade, inataacadaum, não se tem comomexer.O conjunto produzindo toquesrápidos,precisosemovimentaçõesespontâneas, são méritos dostreinos coletivos que exploram alucidez dos jogadores maisfacilmente.

Correr por vários espaços nãosignifica ser mais craque do queaquele que se movimenta pouco;correr menos, tampouco se traduzpordeficiêncianacategoria.

-Quem contestaria Zito, Platini,Ademir da Guia, Didi, Gerson,Rivelino, Maradona, Romário? Pelé,sem correr nada, suplantaria opróprio futebol. Esses e tantosoutros, sem correrias, mas comtoques refinados, sugerindo câmara-lenta, se manteriamsurpreendentemente rápidos mesmonosdiasatuais.

DIANTE DESSAS PONDERAÇÕES,FICA FÁCIL REAFIRMARQUENÃO SE

PODEFALAREMJOGADORMODERNOEemFUTEBOLMODERNO.

DIFERENCIAÇÕESEVALORAÇÃODOPASSADO

Ampliando citações anteriores,somosdeopiniãodequeosesportesem geral, entre outros pontos, sediferem das artes plásticas,literatura e música sem perder asfinalidades semelhantes, por fortesrazões dos ponteiros do relógio, dosdias, dos meses, dos anos. Essas

artes,detemposemtempos,mudamde cores, traços, tons, acordes,ritmos, estilos e formam novasescolas; arrebatam seguidores,mas,comonosesportes,nãosignificaqueosmodelospretéritostenhamperdidovalores.Essereconhecimentosobreoquepassou,àsvezes,vemcomtantaintensidade em cima de trabalhospassados que não se permitedesconsiderar ou esquecer obrilhantismo histórico e permanentede incontáveis livros, músicas,esculturas e quadros de outrostempos.

Assim, fica evidente que, emcampo algum, arte evolui paramelhor, ainda que se altere

radicalmentecomascaracterísticaspassadas. Apenas acontece umanova criação que poderia terocorridonopassadoouquevenhaocorrernofuturo.

Em qualquer das artes puras aexceção fica por conta da parteestritamente técnica – essa, sim, étransmissível. Conclui-se, portanto,comoexpusemoslánoinício,queDaVinci, Mozart, Michelangelo,AlmeidaJúnior,continuariamentreos gênios maiores. Mas, parasalvaguardas futuras dos talentossurgindo, os estilos grandiososdesses artistas não deixariam deadmirar com profundo respeito aspinceladas de gente mais nova,

espalhadaspeloBrasil,comoAndreaCarminati, Zeca Alves, Alex Luizi,JoelOliveira,artistaspurosemseusrequintes e perfeccionistas aomostrar a quentura dos sois, afrescura das sombras, o orvalho naspétalas, o balanço dos rios, aclaridade dos céus. Criaçõessurpreendentes para telas antesinimagináveis.

Esse triunfo de riquezas artísticassegue estupendo pelas emoções dobasquete,esportedeótimaintuiçãoealta criatividade. Nele, enquantoMichael Jordan se manteriafantástico, Oscar e Hortênciaflutuariam com movimentosincríveis e precisos no piso e nos

ares, para desespero dosadversários e alegria dos fãs. Osdeuses do basquete os fizerammaravilhosos na pujança de lancesinesperadoseespetaculares.

Mas os deuses das artes sãosistemáticos,nãofazemtodoscomas mesmas fantasias, nem osgravamcomamesmainteligência.

Pois bem, o Mandamento emquestãoécategóricoeinquestionável:não existe jogador moderno quepossa valorizar o presente e ofuturo em detrimento do passado.Não existe futebol modernoquando nos referimos à categoriaintuitiva do jogador semovimento

pelo campo. Não existemconsequências sem causas, comonãoexistemobediênciassemnormase mandantes sem subordinados; ouseja,ojogadorpodeatécorrerdeumlado para outro porque o treinadorimpõe como táticas. Mas aí podeocorrer sacrifício sobre quem nãonasceuparaseesbaldardesuor.Amovimentação tresloucadasódeveacontecer nos limites dascaracterísticas individuais enaturalmente. É melhor que cadajogador seja um combatente nosespaços da sua posição, mas semficarpresoaeles.

Na verdade,o que temos hoje éum futebol mais competitivo em

função dos treinamentos queativam e desenvolvem ocondicionamento físico ideal paracada atleta, e com mais rapidez.Trata-se de uma seleção artificial eindividualafavordoconjuntograçasauma série de profissionais:professores de educação física,terapeutas, nutricionistas, médicos.Todos eles, amparados por umatecnologiabemmaisavançadaacadadia, podem e fazem uma revoluçãoem termos de medicina esportiva,facilitando o trabalho do treinadorpara formação ou recuperação dejogadores com deficiências ouproblemas musculares, ósseos,cardiovasculares.

Isso,sim,émoderno;comonãoémoderno,neminteligente,pensarqueumdiplomadecursosuperior,ainda que ofereça conhecimentossobre regras esportivas, seja obastante para alguém seconsiderar apto a técnico defutebol, semque tenha jogadoumpingo de bola ou vivenciado obastante desse esporte. Não é poraí!… Curso superior algumconcede créditos para alguém setornar “malandro” na arte dofutebol.

Assim, a opinião inserida nosespaços internos e externos dosgramados não deixa dúvidas aoafirmar que não existe suporte para

qualquer cidadão ou cidadã dizer,com rigor, que exista modernidadenesse esporte. Se tivéssemos,veríamos o futebol presentesuplantando o passado comfacilidade.Quetalbuscarnopretéritoalgunsdaqueles timesextraordináriosem seus melhores momentos:Santos, Botafogo, Palmeiras, RealMadrid,BocaJunior,Flamengo,asseleções da Hungria, Holanda,França e, muito especialmente, asCanarinhasde58,62,70e82eoscolocarmos em campo com opreparo físico do presente? Semdúvidas,teríamosessasequipesdesonhos arrecadando adjetivos desuperação coletiva acima de todosos adversários nos dias atuais e

mesmonumfuturodistante.

EXCESSOSQUEPREJUDICAM

Em se falando de condiçõesfísicas, alertamos aos experts daárea quando, preocupados emprotegerumatleta, principalmenteoschamados “franzinos”, excedem nadosagemmuscular.Seporumladoocondicionamento fortalece; por outro,o excesso afeta, e muito, asqualidadestécnicasdosjogadores.Se magrinhos, são leves ehabilidosos; musculosos, se

transformamemrobôstentandoselivrar da massa pesadacomprimindoacategoria.

FUTEBOL-DE-SALÃO–UMBREVECOMENTÁRIO

Esporte de alto nível técnico que,em muitos detalhes, poderia sercomparadoaofuteboldecampo.Masofatodese jogarempisosdemaiorresistência: cimento, madeira,emborrachados, inibe algumas dasacrobacias espetaculares e de maisfrequência nos gramados: bicicletas,voleios, puxadas, lançamentos. Além

do mais, é natural a correria emfunçãodosespaçosmenoresexigindouma bola menor que, por seu lado,facilita dribles mais rápidos emenores.

No entanto, mesmo commovimentaçõesemaltavelocidade,ofutebol-de-salão é um esporte detoques refinados e jogadassurpreendentes - alçadasao topodaalegriaporumgêniochamadoFalcão,capazdedesmantelarosadversáriose ser o dono do espetáculonaturalmente.

ALERTAPROVIDENCIAL:

Este trabalho também vem

contrariar asmuitas opiniões ouvidase faladasao longodosanos:Fulano,Sicrano, Beltrano são craques dedribles rápidos e curtos porqueaprenderam no Futebol-de-salão.Essasobservaçõesnão temvalidadealguma, por uma afirmação bastantesimples: Todo craque do futebol decampo é craque no futebol-de-salão.O inverso não é verdadeiro. Quemnasceu para driblar curto e rápidocom bola grande, o faz com bolapequena; o contrário não éverdadeiro. Portanto, ninguémaprende ou desaprende nos espaçosdosdoiscampos.Odomparasóumdos lados ou para as duas bolas jáerainerenteaocraque.

M

8°EXPERIÊNCIAEMFUTEBOLCONTAMUITOPOUCO.

uito pouco e muitopouco mesmo! Tanto éverdade que, depois dealcançarem um padrão

físico desejável, incontáveisgarotos abaixo dos 20 anos já serevelam bem melhores do queincontáveisoutroscom20anossódefutebol.Oqueimportaéoníveltécnico da habilidade; categoria,naacepçãodapalavra.

Se pudéssemos precisar,compararemgráficosoupercentuais,o valor da experiência em relação àcategoria, por regra geral e comraríssimas exceções, os mais anosdefutebolnãoinfluiriamalémde10%naprodutividadedojogadorebemmenosnacriatividade.Oavançodaidade pode fazer o atletamais vividonuma série de fatores relacionadoscom os aspectos físicos epsicológicos, porém, não o faz maiscraque.

É a categoria com privilégiosnos reflexos, na elasticidade, nacolocação,nasegurança;enfim,noconjunto de habilidades, seja dogoleiro, zagueiros,meio campistas

e atacantes, que faz definir eenquadrar um jogador como ruim,mais ou menos, bom, ótimo,excepcionalou fantástico;ouseja,se posicionar nos adjetivos daEscala da Categoria do 10ºMandamento.

Por esses fatores, queindependem de cabelos pintados degrisalhos, sempre teremos bonsexemplos de pouca idade quecostumam “arrebentar” em grandesclubes e mesmo na seleção.Provocam ruidosas aclamações dacrítica especializada ereconhecimento dos próprios colegasmais velhos pelos gramados dasdecisões.

Essa afirmação que desmistificaoestrelismodaexperiênciapuraesimples,ajudanamelhorqualificaçãode um jogador na medida em quemostra o seu real valor dentro decampo,sejacomdezoitooutrintaeseisanosdeidade;comseismesesou seis anos de profissionalismo.Por issomesmo, poderíamos desfiaruma lista de incontáveis jogadoresque, ainda muito jovens, jáapresentavam talento acima damédia, no País e no mundo, emrelação aos famosos com vinte anosdeestrada.

Entre outros: Ivair e Dênis(Portuguesa), Geovani (Santos),Robinho, Marcelo, Ganso,

AlexandrePato–talentosque,aindamoldandoosmúsculosda juventude-já acendiam (e acendem) luz própriano meio das estrelas para setornarem sérios candidatos ao pódiodos artistas. E o que falar defelicidades raras, como Messi eNeymar - provando que idadeindepende de experiência para secolocarentreosmelhores.

Lembrem-se, Pelé, a estrelamaior com 17 anos já explodiranuma copa do mundo. Em 70,apenasseencontravamaissereno,maisdonodesi.Suagenialidadejáseconfirmaraem1957com lancesestupendos. Então, que sereafirme: Craque de dezessete

anos também é copa do mundo,sim. E capaz de entortar colunascom pernas tortas desdepequenino, porque já nasceu praser uma das maravilhas doscamposdefutebol.

Não se conteste, porém, a vitalimportânciadaexperiência,quando:

Adquiremaisconfiançaparasieatransmiteaoscolegasemmomentoscruciais;Odeixamaispaciente,consequentementepassaasermenosagressivo;Aprendeadosarsuascorridasesermenosindividualista;Compreendeepraticaa

grandezadahumilde;

É muito comum se ouvir emtransmissões: Fulano… Sicrano…Beltrano… São jogadores muitoexperientes. Por isso mesmo,deveriam ser convocados,escalados. O pensamento é quaseuniversal de que, a cada minuto dejogo, com a experiência adquirida aolongo dos anos, esses atletascertamenterenderãobonslucrosparaaequipee,pelo frutodessavivência,recebemcréditosdequalquer jogadaquerealizam,aindaqueesporádicase“aostrancosebarrancos”.

Contrariando as observações

menos agudas, é bom lembrar quefrutamuitomaduranãosignificamaissuculenta, pelo contrário, às vezesperdequalidade.

Jamais podemos valorizar umatleta em função da soberanaexperiência em detrimento de umjovem craque de mais vigor,disposiçãoetalento.

Dentro de campo o querealmente manda é a capacidadede produzir jogadas objetivas commais frequência, não lancescasuais; um drible aqui, umcruzamento acolá, um golzinhodepois de errar tantos, umlançamento em cinco partidas – e

por essas raras felicidades, serlevado (e mantido) na galeria dosheróis em função da idade, detantos jogos, tantos campeonatos,tantas vezes vestiu a celeste, ouporque fez tantos gols emcertamespassados,ouporquetemmuitaraçaemuitofôlego.

Para uma vastidão de bonsexemplos provocando contrastesentre o novo e o velho, é preciso,então, quea sabedoria dos analistasseja um pouco mais exigente napercepção dessas verdades, semprejuízoalgumparaosmaisde trintaetrês…

Noentanto,faça-sejustiçaàqueles

com mais de 30 que mantiveram emantém um desempenho de muitomaisqualidadedoquealgunsgarotosde vinte. Carbajal, Rogério Ceni,Alex, Juninho Pernambucano –craques com defesas e lancesgeniais, despreocupados com aidade. Ou ainda, um dos melhoresexemplos,Romário – superandoosgarotos de 20 anos. Mas, que segrave,elejánasceuumfora-de-série.

Assim, é a categoria – quandosemantemvivacomorespaldodosmúsculos saudáveis – o fator dedesequilíbrio dentro de campo;nãoaidade,oscabelosbrancos.

Reafirmamos: é o conjunto de

habilidadesinerentesaocraqueosfatores que refletem as diferençasentre os níveis da Escala daCategoria, que vai do perna-de-pau(ou cabeça-de-bagre) ao gênio.Todos eles, mais novos ou maisvelhos,quantomaisamparadospelostraços de uma personalidade forte edeterminada mais tempo deconquistasterão.

Portanto,experiência é algo quenãosemede,nãosefotografa,nãose descreve, mas que abranda ospróprios impulsos e aconselha osmais jovens. No entanto, mesmodentro de um novocomportamento, profícuopara si epara o time, não significa que o

jogadorpassaasermaistalentoso,como se o envelhecimento dosmúsculos pudessem atrair maisvirtudes, mais intuição e maiscriatividade. Apenas lhe dá maiscrédito para desenvolver os donsnaturais que recebeu dos deusesdofutebol.

O

9°GRANDESCRAQUESEGRANDESTIMESNÃOTEMFASEBOA;TEMFASERUIM.JOGADORESETIMESRUINSÉQUETEMFASEBOA.

craque, acima da média,raramente tem uma má fase.Podeatéjogarmal-uma,duas,trêspartidas,umatemporada–

não mais. É quando se encontra emmomentos aquém do esperado. Emcasos raros, alguns decaem física etecnicamente e se deprimem no

estadopsicológico.Pior,nãomaisselevantam.Nãoporculpadacategoria.Certamente por culpa de problemasalheios ao futebol que açoitaram asuatécnicaapurada.

Amaioria,porém,serecuperacombrevidade. A comparação das duasfasesépertinentepara:

Ogoleirolevandoumbaitafrango;Oszagueirosquefazemgolscontra;Osmeio-campistaserrandolançamentos;Osatacantesqueperdemgolscaraacara.

Poroutro lado,o jogadorcomumraramente terá uma fase boa eprolongada; dificilmente será craquepormais deumperíodo.Aí surge aconfusão entre o craque que dáuma sumida do mapa e o jogadorcomum que ascendeu ao estrelatopelafaíscadeumisqueiro.Cabeaoobservadorperceberadistinçãoentreambos. (E isso não se vê nocotidiano dos programasesportivos). A mesma circunstânciasempreocorreemcampeonatoscomospequenosegrandes timesquesealternam no poder dos primeiroslugaresenofracassodosrebaixados.

Em quase todos os campeonatosestaduais ou nacionais, e até em

copas do mundo, uma equipepequena se sobressai; seja pelaboa safra de craques que alisurgem, boas contratações, ouainda pela batuta e sorte de umbom treinador…Depois somesemse desmantelar. Outras equipes seapagamporquedesmantelammesmo–aprincipaldascausascostumasera administrativa. Fora isso, não háexplicaçõesparao fenômeno.Coisasdofutebol.

JOGADACERTAXJOGADAERRADA

Semelhante às diferenças entrefaseboaeruimparajogadoreequipese encontra a jogada certa que saierradaeaerradaquedácerta.

Aprimeirapertenceaoscraques,infelizesnoinstantedecisivo.Asegunda,aosmenosexpressivos,felizesnasexecuçõesacidentais.

Quantas vezes o jogador faz tudocorretamente: na elasticidade,antecipação, drible, lançamento,chute… Mas, no instante preciso daconclusão os refletores se apagam;ou, pelo contrário, faz tudo errado econcluiosarrematescomfelicidade.

Nos dois casos acontecem coisasnegativas para uns e positivas paraoutros,porumaquestãodedetalhe:

Dodriblemalconcluído;Dadivididaouprensadaforte;Domontinhoartilheirooutraiçoeiro;Dabolaencontrandoatraveoutravessão;Dolançamentocomexcessooufaltadeforça;Doescorregãosobreaposturadaestabilidade;Dodescontroledahabilidadenomomento“h”;Doempurrãodesconcertantesobreoinstantefatal;

Dabolaquechicoteianocorpoounoscalcanhares;Dabolaquicandoparafacilitaroucomplicarochute;

Pronto,ajogadatotalmentecertasai errada fugindo da intuição. Aí,faltando com a sensibilidade crítica,ouve-seopiniõesimprudentes:

Deveriatertocadodelado!Prendeudemais!Fominha!Grosso!

Por outro lado, muitas vezes ajogadaerradaseconcluicomêxitograças às mesmas minúcias

favorecendo o lance semqualidades;eseouve:

Sensacional!Éumcraque!Seleçãopraele!Feztudocertinho!

Comonoprimeirocasoemquesepromovea injustiçacontraumgrandejogador, no segundo cria-se paraoutroumstatusexagerado.

Jogada certa que dá errado eerrada que dá certo tambémqualificam a capacidade depercepçãodequemnarra,comentaouescrevesobrefutebol.

Dessa maneira, vislumbrar a artedofutebol(eoutras)giraemtornodacapacidade de se captar asentrelinhasdofutebolnosinstantesdapartidaounosmomentosdacriação.

É muito importante observar,com redobrado esforço, oscontrastes entre o certoacompanhadopeloazareoerradoabraçadopelasorte.

Com uma acuidademais rigorosa,certamente as opiniões serãomenoscontraditóriasnomeiodocaminhooulogoapósofinaldeumlanceque,seconcluído com êxito, recebe osaplausosdeadmiração.Noentanto,amesma jogada começando com

descrição maravilhosa e que, porinfelicidade,nãoterminaemresultadopositivo, é criticadaaté comopiniõesgrotescas.

Essa busca do instante sutil, queconclui ou define o lance, valeigualmenteparaotorcedor,aindaquepreso pelas emoções. Maisobservador,serámaisjustonasvaiasenaspalmas.

RONDANDOASÁREASDOGOLADVERSÁRIO

Costumeiramente acontece de um

jogador dominar a bola na chegadada grande ou pequena área; derepente, toca a redonda para umadas pontas (ou pior, para trás) sópara se livrar dela ou para alguémcruzar.Nesse caso e namaioria dasvezes, faltou a ele coragem paradriblar. competência para realizaruma enfiada; ou responsabilidadepara assumir a decisão da jogadamaiscorajosa.

Convenhamos, em se tratando deum jogador comum, tudo bem. Mas,paraoschamadoscraquesdeclubese seleção brasileira é inadmissíveladoçar atitudes que burlam a jogadademaisvaliaecondiçõesquebeiramointolerável:

Craquestransferindoresponsabilidadedejogadas;Sercampeãopeloscaminhosmaisfáceis;Treinadoresorientandocaminhostortos;Aimprensaelogiandoaincompetência;Atorcidabatendopalmasporbater.

Jogar pelas pontas para abrir adefesa adversária, normalmente sótem desenlace correto e práticoquando a jogada se inicia daintermediária adversária para trás,enquantomais à frente os atacantescomeçam a articular movimentações

rápidasdentroeforadasduasáreas,justamente para facilitar oslançamentos ou enfiadas em direçãoaos ponteiros que, se bons dedribles e inteligentes, levantam acabeça na hora de cruzar –maestria do excepcional Eder(Galoeseleção/82) -para facilitaraconclusão das jogadas para quemestádefrenteparaogol.

Portanto, não se pode arbitrartoneladas de elogios paracruzadores que simplesmentecruzam.

Jogar pelas pontas não pode setransformar em fato corriqueiroparasubstituiraindividualidadede

quempegaaboladaintermediáriapara frente e queira tentar umdrible, uma cobertura, umaenfiada, principalmente porque hámuito não se tem um Garrincha, umJarzinho, um Edu, um RenatoGaucho, um Joãzinho. Lembrem-se:Quando se tem a bola nos espaçoscentrais, qualquer “jogada deefeito” altera com a segurança dadefesa contrária, facilitando apenetração dos atacantes, dosmeio-campistas,deponteiroseatédezagueirosvindodetrás.

Omesmosepodedizer quandoabola,estandopróxima (oudentro)dagrande área, é tocada para aslateraisdianteirasdocampo,afimde

que se busque o cruzamento paraespaços já concentrados. Ora,sobrou mais tempo para a zagaadversária se recompor. Ademais,essa defesa estará de frente para abola,mais bem postada e commaisvisão de jogo; sem levarmos emconsideração que cabeceadores dealta qualidade (Líbano, Leivinha…)sãofrutasrarasnahistóriadofutebol,fica-se ainda mais difícil aceitarcruzamentos como símbolo de umfutebol inteligente, ofensivo, ou emnomedachamada táticaparaabrirojogo.

Quando se tem a bola próximada intermediária adversária, omelhor desfecho é que se

concentre na individualidade, nastabelinhas ou nos chute de longeoumeiadistânciaaconfiançaparaassumiroscaminhosdogol.Bastaousadia, vontade de querer oscaminhos da rede pelos espaçosmaiscurtose,quasesempre,maiscertos e mais rápidos para ascomemorações.

Ora!… Se com dezenas decruzamentos, o gol acaba saindo.Ora!Ora!…Comdezenasdebolaspelomeio,muitomaisgolssairá.

10

P

°ESCALADACATEGORIA:OBOMJOGADOR,OCRAQUE,OGRANDE

JOGADOR,OSUPERCRAQUEEOGÊNIO.

rimeiramenteéprecisoesclarecerque o perna-de-pau não entranesta escala ascendente

justamente pelo fundamento mínimoaos requisitos básicos - habilidadeainda que simplória. Mas!… Comoestãoporaíenganandomeiomundo,foram citados aqui por displicênciaproposital.

Ao mesmo tempo, afirmamos quenão existe ascendência entre osníveis, ainda que as nuances dasqualidades técnicas de um degraupara outro sejam, às vezes,imperceptíveis.

Um bom jogador pode se superarcom lances incríveis, mas nasequência diária ou periódica semanterá abaixo do craque que, porsua vez, em alguns jogos será tidocomo um grande jogador (ou“cracasso”); de repente, volta aonormal; e assim por diante, nosmostrando ao longo dos tempos noBrasil eno restodomundo,númerosquantitativosequalitativosparadefiniraEscaladaCategoria,em:

BonsJogadores-aosmilhões;Craques-aosmilhares;Grandesjogadores-emcentenas;Supercraques-emdezenas;Gênios-nosdedosdasmãos.

Da Escala, começando com osbons jogadores, não vale a penadispensar muitos comentários. Assimcomo os pernas-de-pau ou cabeças-de-bagre (até profissionais), muitosdos bons jogadores têm enganadomultidões e, incrível, sendoconvocadosparaa seleçãobrasileira– como em outros países. Noentanto, podem eles,esporadicamente, mostrar

lampejos excepcionais de darinveja aos próprios gênios. Nãolhes faltam um bom domínio erazoável habilidade. São eles, naverdade, coadjuvantes dos outrosdegrausdaEscala.

Logo a seguir, temos os craques,aqueles de um bom quilate eequilíbrio técnico. Um jogadordesse patamar, com frequência,surpreende amultidão com lancesespetaculares. Mas, é a partir doterceiro degrau, onde se encontramosGrandes Jogadores, que a artedo futebol vem à tona com maisdesprendimento e categoria. OGrandeJogador,muitavezes,éatéchamado de supercraque e, mesmo

confundido com os supercraques egênios. Alguns exemplos destetrabalho mostram essasdiferenciações, quase imperceptíveis.Porissomesmo,apartirdaterceirarampa da Escala as opiniões setornaminfinitasecontraditóriasnaascendência da hierarquia desteMandamento. É que, graças aonúmero infinito de lancesproporcionadosapartirdoGrandeJogador,queapaixãopelofutebolfaz encher campos e estádiosmundoafora.

Em cada um desses lances seencontra o brilho que maisinteressa à história do esporte,qualificando os candidatos ao

pódio dos três últimos degraus.Sãoelesquemarcampresençanospequenos e grandes times e nasseleções de cada país, justamentepela riqueza de invenções nospasses,dribles,lançamentos,voos,antecipações e nas habilidadesparadefinirumgol.Equesetenhaespecial atenção para o gênio,fruta raríssimaque costumasurgirapenas em períodos superiores acincoanos. (E issonãoseexplica,nãoseanalisa,nãosedefine–nãosesabeoporquê).

Perceber os detalhes contidos nacategoria,responsáveisporsituarumjogador emumdesses patamares, émuito importante. Eles nos apontam

resultados surpreendentes quandoapreciamos:

Aperseverançadosquenasceramsomenteparacorrer,correr,correr…Essesproduzemmuitopouco.Osuordosdestemidosnascamisasdosbonsjogadores,quebatalhameseagigantam,nopeitoenaraça…Essessuperamasdeficiênciastécnicas,especialmenteemjogosdecisivos.Asqualidadesdoscraquesquemantémoequilíbriodequalquertime…Esses,maisquecorreredesbravarespaços,carregamodomde

aperfeiçoaroconjuntodogrupoefazerossuperdotadosmaioresainda.AmagiadosGrandes,dosSupercraquesedosGênios,aquelesqueenfeitiçamosolhosdasmultidões…Essesdãoespetáculospeloprazerdedesencadearalegriaefazerhistória.Ademais,decidemjogosecampeonatoscomrarafelicidade.

Enfim, somente focados naobservação dos pormenores,conseguimos transferir para osjogadorescertosadjetivosdefinidoresda melhor qualidade; tantas vezes

desperdiçados com os inexpressivos.Ou corrigir, em tempo, asdepreciações contra quem nãomerecia. A crítica sagaz alcançatodos os níveis das característicasmágicas do futebol, encontrada nainteligência dos jogadores e nasabedoriadostécnicos.

Podemos agora aumentar arestrição na escala. Ainda que osbons jogadores, os craques e osgrandes jogadores mereçamreconhecimento em face dejogadas que encantam e decidem,somente os supercraques e osgênios se enquadram entre oschamados “fora-de-série”, ou“superstar”, ou “pop star”

gravados entre os melhores dahistória.

E QUAL SERIA O GRANDEDIFERENCIAL ENTRE ESSAS DUASÚLTIMASCATEGORIAS?

IMPREVISIBILIDADE, A SAGAMAIOR DE UM GÊNIO. É ELA QUEMPERMITE:

Acriaçãodelancesnuncavistosoufazeraquiloquemenosseespera;Aumjogadoralteraroritmodojogoeoplacaremmomentosdecisivos;Amanutençãodahabilidade,dodom,dacategoria,por

jogos,campeonatos;anos…

GÊNIO…

Termo atualmente vulgarizadopara muitos jogadores que nemmesmo alcançariam o status degrandejogador.

GÊNIOÉOÚLTIMODEGRAUDAESCALA-ÉPARAMUITOPOUCOS.

Poroutro lado,seos liamesentreos supercraques e gênios sãofiníssimos e de difícil apreensão, o

fundamental é conseguir ver aquiloque é capaz de diferenciá-los dosdemais companheiros, inclusive dosdoispenúltimosdaEscala.Ouseja:

Para eles não se torce paradecidirem, espera-se; confia-senaturalmente até nas frações dominuto final. Ao longo da carreiraalguns craques e grandesjogadores são capazes degenialidades com boa frequência,mas deles não se espera comtranquilidadeolancefatal.

Como se esperava de (Puskas,Di Stéfano, Zizinho) Pelé,Maradona, Romário, Cruiff, Zico,Zidane, Platini, Reinaldo, para os

quais os instantes dos gols jávinham meticulosamentereservados nos espaços dosnoventa minutos. Atualmente, omesmo se espera de Messi eNeymar.

Jogadores com a genialidadenos pés e o estandarte daconclusão impiedosa, emboracorram,suemebriguem,não faziam(e não fazem) força no momentoimprevisível do toque. Não têmmedo de errar e nem vergonha decriar. A cada instante exigem dosmúsculos e do coração apenas oexercício necessário aodesempenhoda função;nemmais,nemmenos.Paralelamente,deixam

que a intuição desbrave osrecantos da alegria de inventar ereinventar para surpresa efelicidadedosespectadores.

SUPERCRAQUESEGÊNIOSJOGAMBOLASIMPLESMENTE.

Ao talento especial dos fora-de-sériea imprensa retribuicomelogiosrasgados, pomposos, acima donormal. Inserimos, então,mais linhasde orações para diferenciá-los dossimplesmortais.

Ossupercraqueseosgênios,noafãdabola:

Nãocorremporcorrer,Nãolançamporlançar,Nãochutamporchutar,Nãomarcampormarcar,Nãoganhamporganhar.

Apenas passeiam pelosgramados como os dedos de umflautista, deumsanfoneiro, deumpianista ou de um violeiro, sobreasteclasecordasnosponteiosdoinstrumento – numa sequência demovimentosmágicos em busca dolancemaisbonitoedavitóriamaisquemerecida.

Comodissemosacima,ogoléolance fatal dos gênios maiores.Mas o gol só acontece graças ao

craquetalentosodesfilando,acadainstante, roupagem nova pelogramado e pelas áreas doadversário. E provoca o desfechofinal sobre a passarela com umsimples toque, com um chuteenviesado, ou com uma cabeçadasutil. São esses detalhesenvolventes os responsáveis pelacriaçãodos supermansdo futebol,comotantoscitadosnestetrabalho(e alguns não lembrados), mas sóPeléfoiosuper-heróidasériemaisque exponencial para osmelhoresfilmesdeHollywood.

11

O

°ENTENDERDEFUTEBOLÉTERCONHECIMENTODASREGRAS,NOMES,

HISTÓRIAS,ETC.,SACARDEFUTEBOLÉPERCEBERAESSÊNCIADASUAARTE–CRIATIVIDADEINTUITIVACENTRADANOJOGADOREBOLA.

último dos mandamentos vemratificar todos os quesitosanteriores relacionados com aintuição pura e simples da

criatividade.Vemapresentarograndediferencial entre esses dois termostãodistintos:,ode“entender” (teroconhecimento do que é histórico etécnico)e“sacar”, no sentidoestritode se retirar da mente o que sepercebe. Fissuras suficientes paramostrar profundas diferenças.Vejamos:

Sacar cada momento dosnoventa minutos é ir além doentender das técnicas, normas ehistória para se ver, de maneiraquase palpável, as infinitasnuançasqueaartedo futebolnosapresenta no decorrer de umapartida.

Em análise decisiva, a intenção émostrar que os detalhesconcentrados na individualidadedos craques e no conjunto dostimessãoasprincipaisvirtudesdomundo do futebol. Elas, sim,enchemestádiosetransformamcadaassento em espaços de emoções.Essapercepção(“sacar”)deveestarpara o treinador, para a mídia,diretoria e torcedores, assim comoacriatividade para o jogador. “Sacar”vai além do conhecimento deregras, estatutos, condiçõesfísicas, estados psicológicos,cursosecursinhosetc.

Para se alcançar as virtudes daarte pura, aquela fluindo pelos

movimentos dos donos da estrelabola, os jogadores, é necessárioesmiuçar as características de umcraque, sentir os diferenciais quedefinemumjogadorcomoespecial,capaz:

Dealterarresultadosadversos,Decriarlancesgeniaisjamaisvistos,Decomandartodaumajornadadevitórias.

A bem da verdade, são essas assituações primordiais que maisinteressamaofutebol.Esserompantede supremacia esportiva, que lotaestádios mundo afora, seria umachamaapagadaseestivessesozinha

no próprio mundo. Felizmente ofutebol (e todos os esportes) nãodeve ser apenas admirado pelastécnicas intrínsecas, mas tambémfiscalizados pelos credores ecobradores de muita valia fora dasquatro linhas: a imprensa esportivaeostorcedorese,lógico,dentrodecampo um comandante, o técnicodefutebol.

A esses credores e cobradorescabe ver as diferenças entre ojogador comum (naturalmentecausador de prejuízos técnicos e“táticos”),porissomesmo,vaiado,xingado, trocado… E o craqueprimoroso, o que desfila categoriapelos gramados a favor do

conjunto. Logicamente, o técnico defutebol e a mídia têm papelpreponderante ao sentir asvicissitudes que o esporte produz,com os exemplos perfilados no finaldoprimeiromandamento;eaindaverque, para ser craque (dos últimosdegraus da escala) – como estetrabalhoreitera:

Nãobastachutarforte,éprecisochutarnomomentocertocomprecisão;Nãobastaraça,segurançaeantecipações,éprecisomuniciaraslinhasdefrente;Nãobastaficardistribuindopassinhosdeladoeparatrás,éprecisorenderparafrente;

Nãobastachutarecabecearmilvezesdeolhosfechados,éprecisofazerogolaindaquecabeceandoouchutandomenos;Nãobastamgrandesdefesas,éprecisosairbemdogol,distribuirbemabola;nortearbemoscompanheirosNãobastagritarparadizerqueécapitão;éprecisodarbonsexemplosdetécnicaedisciplinaparaobterliderançaecomandocomdesprendimento.

SACARDEFUTEBOL…

VAIALÉM:

Éperceberem15minutosoestadodegraçadecadajogadoredotimeparaojogotodo,quandoosatletaspodem(ounão)estaremlivres,leves,soltosecomdisposiçãovencedora.Écantarogol,opasse,afalta,oslances,quasesempre,antecipadamente.Éperceberquandoumjogador,mesmonãosendoumcraque,édotadodeluzprópriaqueoascendeentreosdemais.Ésentirodomquetemos

gêniosdamúsica,pintura,literatura,basquete,tênis,vôlei,quandofazaconteceraquiloquenãoestavaprevisto,oquenãosevia;oquenasceudonadaparaencantarosolhoseosouvidosdeumPaís,degerações.

Sacar da arte do futebol, aindaque não seja prever o futuro, éantecipar os caminhos da alegriade inventar, reinventar e mostrarem campo que é superior aoadversário. Certamente o placarvencedor será uma consequência;mas se não vem; aí sim, com odever cumprido em cima da

determinação, pode-se culpar ainfelicidade e ao próprio futebolque não tem lógica. Todos serãoperdoados quando se busca avitóriasemmedodeperdê-la.

Ficaentãomaisqueratificado:

FUTEBOLÉARTEPURAEINTUITIVACENTRADANOMUNDO

DABOLA.

Boladebronze,deprata,deouro,multicolorida.Boladoscampinhosdeareia,debarro,decascalhos,decapim,degramados.

Boladostiminhosetimãos,dospeladeirosedoscraques,doscampospequenosedosestádios.Boladoscampeonatoscaseirosedocampeonatobrasileiro,dasolimpíadasedascopasdomundo.Portudoisso,bola,maisdoqueumobjetodedesejoeglórias,éumadasestrelasdouniverso.

Mas, sendo bola sem vidaprópria é submissa aosmágicos edeuses de todos os estádios, osjogadores - aos quais os simplesmortais aplaudem, agradecidospelos momentos de magia que o

casal mais nobre dos gramados aelespropiciam.

CONSIDERAÇÕESESPECIAIS

OALCANCEDAARTE

Contrariando infinitas opiniões dequemuitosdoscraquesbrasileirosdehojenão fariamsucessonopassado,reafirmamos o contrário. Craques,quando craques, se misturam nopassado, presente e futuro. AssimcomoDirceuLopes,AdemirdaGuia,LuisPereira,DjalmaSantos, Luisinho(e muitos outros) seriam geniais nosdiasdehoje;Ganso,Neymar,Messi,

fariam o mesmo nos tempos dochamado futebol arte; entre 50 e82. Pelé – sem comparações –Maradona, Romário, Reinaldo,Rivelino, Zico, Falcão, seriamfantásticosemqualquertempo.

O alcance da arte vai mais longepra fazer justiça a quem não precisadetítuloparaserlembradonahistóriacomo um fora-de-série, ao lado detantos outros consagrados.Lamentavelmente,assimcomoalgunsforam renegadosa supercraquespornão terem sido campeões; outros,justamentepelo título,são lembradosaté como gênios, quando seriamapenas jogadores razoáveis. Algunsque o viram,dizem que Zizinho foi

tão bom quanto Pelé, embora nãotenha sido campeão do mundo. Eaí,comofica?

Pois bem, se todo esporte, todaarte, tem sua essência definida peloque extrapola dos recôncavos dacabeça e se repassa aos membrosdo corpo, é preciso que se tenhavisão crítica justa, paciência semfim e percepção aguçada para sevislumbrar, com riqueza deobservações, os diferenciais quedeterminam as individualidades e osconjuntos e, com essa amplitude,tenhaopalpitedobomgosto.

Com uma ressalva: falamos debom gosto técnico, do bom gosto

que, invariavelmente, recebeapoiodamaioria.Éaquelegostoquetemalcance sobre os pormenores daarte; não falamos do gosto pessoalque merece respeito ainda que demaugosto.

O alcance da essência do futebol,acima do trivial, vai além da meravontade de gostar do esporte.Somenteatençõesredobradas:

Sobreasminúciasdosmovimentosdecadajogada;Sobreascaracterísticasdojogadornocontextocoletivo;Sobreonúmerodeerroseacertosnosfundamentosquedesenvolve.

Possibilita ao apaixonado ver esentir detalhes antes escondidos.Assim, ainda que não seja paratodos,pode:

Ojornalistaopinarcommaisinteligência;Otorcedoraplaudircommaisentusiasmo;Odiretorcomprarcommaiscompetência;Otreinadorconvocareescalarcommaissegurança;

FUTEBOL:TRABALHOOULAZER?

Trabalho e lazer são duas coisasque semisturam e se completam nofutebol.Comoo temageradúvidasejáprovocoumuitapolêmicaquandoseprocura saber se é um ou outro,somos de opinião que, entre odesgaste do trabalho e as bem-aventuranças do lazer, a segundahipótese prevalece graças àsvantagens acima enumeradas e poruma substancial observação: regrageral, trabalho requer serviço semos encantos contidos no cotidianodas piscinas, quadras, campos,estádios, hotéis, praias etc, o quedescaracteriza o futebol e osesportesprofissionaisemgeralcomosendo “trabalho efetivo” - quandonos referimos aos atletas somente.

Por outro lado, parcialmente, quandonos referimos aos treinadores epreparadores físicos. Com esses oempenho cotidiano exclui aparticipaçãodiretanoscampos,ondemuitosgostariamdeestar.

A comparação, com suasdiferenças, justifica a opinião doAutor, comaseguinteobservação:Anão ser que se tenha outraprofissão, ninguém tira férias daspráticas esportivas para lazer emconsultórios, indústrias, bancos,colégios, supermercados,hospitais,prefeituras…Oinversoétotalmente verdadeiro a cadaperíododedescanso.

Além disso, nos tempos atuais,busca-se futebol não apenasporque se nasceu com ele ouporque “se gosta de paixão”;principalmente pelo retornofinanceiro rápidoqueseconquistajuntamentecomasglórias, troféuse mordomias. Seria cada jogadorfazendo sua própria história parasatisfaçãopessoalealegriadosfilhosenetos.Hámuitoofuteboldeixoudeser uma simples brincadeira parapobres e ricos para se tornar umaminadeouro.

No entanto, essa caracterizaçãoque envolve o esporte dasmultidões como um preciosopassatempo,emhipótesealgumaé

um demérito para seusprofissionais,poissetratadelazercom obrigações. Ademais, paraalguns,mesmoosjávencedores(emuitoricos),futebol,maisqueumafontedeprazer,dinheiroe lauréis,é o conteúdo principal da vidadeles. Assim, os deveresnecessários para o melhordesempenho vão ao encontro daalmadoprópriojogadordefuteboledeatletasdeoutrosesportes.

AMÍDIA

Sempre foiumespetáculoàparte,sobretudo pela força das imagensaltamente criativas, reforçadas pelagama de profissionais queagradam pela autenticidade napostura, dicção, clareza esimplicidade. A mídia sempre foi esempre será imprescindível para agrandeza do futebol brasileiro emundial. Esse reconhecimento abrepassagem no mundo dos esportespara mostrar aos espectadores todariquezaedefeitosqueacontecemnaspraçasesportivas.

Mas, paralelamente, a mesmamídiaqueincentiva,criticaecobraresultados – com bons exemplosde probidade no assunto - regra

geral - precisa urgentementerefazer conceitos e buscar amelhor percepção da arte dofutebol.

Aliberdadedeexpressãopuraesimples não ajuda em nada o“achar que” sem achar a arte dofutebol.

Não é bom pousar em cima domuro, ficar mudando de opinião comfacilidade e nem se furtar com asmaravilhaseaberraçõesdofutebole,tampouco,faltarcomaverdade.Paraquemacompanhaeseapaixonapeloesporte, e seja um pouquinhoobservador, nada pior do que umcomentarista em cima do muro com

frases arrumadas logo após osnoventaminutos:

Támuitogordo!…;Muitofranzino!…Porquenãosubstituiunointervalo?Perdeuporquenãojogouassimouassado;FulanoeSicranonãopoderiamterjogado;PorquenãochamaramBeltranoeSicrano?Jogoumalporquenãoobedeceuaotreinador.

Por aí, vai… Se esquecendo deser o profissional que leva osholofotes dos espetáculos para

milhões de expectadores. Melhoropinar falando absurdos do quepousar em cima do alambrado.Portanto, o simples “achar que” émuito fácil e muito pouco,sobretudo para quem foi umespecialista nos gramados. Nãopodeerrar tantosobreoquedeveriater opinado antes ou no intervalo dojogo.Émelhorerrarcomumaopiniãoclara, definida, do que ficar jogandocom possibilidades futuras. Depoisfazpompascomfrasesprontas:

Eujádizia!…Nãodisse?!…

A mídia é também uma forçapositiva para o crescimento da

riqueza individual ou coletiva de umaequipe;por isso mesmo, não podeusardainfluênciaprofissionalparasecolocaracimadobemedomal,sob pena de se tornar uma forçanegativa contra o mesmo esporte (eoutros). Assim, o jornalista de bomcaráter:

Mantémisenção,aindaquemuitopróximodeumatleta.Buscateropiniãoprópriasemperderahumildadeparaaprenderereconhecerqueerrou.Vê,ouve,estuda,analisaefazjustiçacomsuasideiassemconsiderarasdivergênciaspessoaissobrequalquer

camisa.Temdesprendimentoecoragemobastanteparareconhecertrabalhosevirtudesdecolegaseterceiros.

Enfim, a mídia é formadora deopiniõesemlargaescalaemtodosossetores, o que impõe aos seusprofissionaisconhecimento,prudênciae responsabilidade na condução dasmensagens escritas e verbais, comou sem imagem; mostrando o todocomimparcialidade.

COMENTARISTAS

O que se exige dessa patente,mais que das outras, é a bagagemintrínsecaao futebol,que reiteramos:junto com o conhecimentohistóricoetécnico,éprecisosacarda espontaneidade eimprevisibilidade do futebol e serfranco atirador nas opiniões. E amelhor surpresa dos últimos temposveio com Carlos Roberto Godói.Contundente nas observações, semintransigências; definições claras eobjetivas sobre jogadores, juízes,diretores e mesmo colegas deprofissão. Bons conceitos desituações sobre casos do futebol,timese jogos,especialmenteemsuaárea de maior conhecimento, a dejuiz. Ainda que não tenha sido um

craque percebe as firulas do futebolcomo poucos e não usa de “meiasverdades” para criticar ou contestarcom franqueza pensamentoscontrários. Quando erra, cala econsente. É merecedor dequalificaçõeseadjetivospertencentesaoinesquecívelSaldanha.

Nessa apoteose aos grandesnomes do futebol brasileiro, dois jáentraramparaagaleriadosmestres:

-Juarez Soares, pela visão delongo alcance sobre os intrincadoscaminhos da arte; pela autenticidadede opiniões bravias e pela mais felizdascomparaçõesdeforaparadentrodos gramados, quando deu um

bailenovestidodafilha.Amolduradas suas palavras criou quadro porquadro, para cada dia da semana, eretratou,naépoca,oepisódiodeumacopa do mundo sem expectativas,sem truques, sem brilho. OResultadofoiumbailetristeparaafilhaquenãofantasiouovestidoeuma copa do mundo em quetorcemosparanãoperder.

-Armando Nogueira, foi umhomem cavalheiro e um cavaleironobre pelas raias do jornalismoesportivo; eternamente poético nosencantos e lisuras de ponderaçõesserenas e inteligentes; um falcãosobrevoando salas, gramados evestiários para distribuir histórias de

começos, meios e conclusõesinesquecíveis. Seus arrebanhossobre o cotidiano do esportetransformaram o futebol empoemas belos. O Sr. ArmandoNogueira conseguia abrir o sol edespontara luasobreumapartidade futebol enfraquecida por umtemporal; era capaz dedesbotar ouniformedeumpseudocraquesemhumilhar aparências enganadoras.Nos céus é o poema de aberturados craques ascendentes aoparaíso.

AluísioMartins,nofutebolmineiroegoiano,mostravaasmanhasdeumjogo e as mágicas dos jogadorespara enfeitiçar com palavras as

“meninas dos olhos” dos ouvintes.E conseguia prendê-los por todos ossegundos da partida com os seuscomentários inteligentes e fáceis deassimilar.

Ofuteboléassim…Éparaquemsabe captar a essência da arte,abordá-la com sabedoria etransmiti-la de forma coerente noantes e no depois - como umRolando Boldrin contando“causos” no mais simples e purodesprendimento. Transformandofatos pequeninos em contos semfim, pequenas risadinhas emgrandes gargalhadas. Futebol éassim…

REPÓRTERESEAPRESENTADORES

Acreditamos que os preâmbulos,as entrelinhas e o contexto de umareportagem, especialmente nofutebol, pela gama de emoções, sãosempre melhores de se ver e ouvirquandodesfiadoscomalegrianatural.Assim como a inteligência de umprofessor prendendo os discípulospela força do verbo, ou de ummagofazendo mágicas indecifráveis commovimentos simples. Pelas raias dofutebol é melhor de se ver e ouvirmensagens quando firmes etranquilas,comgestosnaturaisvindos

da espontaneidade brasileira. Nesseritmo, nesse conjunto, é possívelimaginar que o trabalho dosprofissionais de pista e de telasficariabemmelhorsepreocupadoemapresentar somente a vivacidade dofutebol mais puro, aquele cantado edecantado por poetas e cantores.Uma boa apresentação, dicção,fluência verbal e simpatia meparecem o bastante para consagrarumprofissionalcomoexcepcional.

Ou seja, os profissionais damídiaesportiva, por si só, já fazem fazerparte da sinfonia composta para osdonos de todas as notas, o casalbola e jogador. Daí, podemosafirmarqueosacompanhamentosdos

fatospor todososenvolvidoscomaspraçasdeesportes(tv,rádio, jornais,revistas),emgeral,sãodesenvolvidoscom muita categoria. Afirmo que acompetência para desbravar notíciase até mesmo cria-las faz dosbrasileiros osmelhores domundo nojornalismo esportivo. E entre tantosparticipantes deixando rastros decompetência na longa história, osenhorLéoBatistaarremataparasitodosospredicadosdeumgrandeapresentador de quadrosesportivos -graçasa incomparávelautenticidade simples nos gestos,expressões e palavras. Como umGran Cru se hibernando paramelhorservir.Umprodutodesafraespetacular; quanto mais velho

mais natural, mais espontâneo,mais riconaapresentaçãodesuasqualidades.

Milton Neves, pela competênciade montar e remontar a história dofutebol, de manter viva a áurea dequemjáfoialuzdoespetáculoepelacoragemde criticar e aceitar críticasaovivo.

Aliás,nomesmotom,oprogramadeesporte da Band dá exemplo dedesprendimento no contraditório dasopiniões, calcadas no sábio ditadomilenar:“Vou tecontestarpor todavida,masterespeitaratéàmorte”–aindaquemuitosdosseusrecadoscontrariem o bom-senso e a própria

arte do futebol. Aliás, regra geral, opainel de críticas e comentários damídia esportiva brasileiradescaracterizaosfeitiçosprovocadospelocasalacimareverenciado.

NARRADORES

Para “abrir as cortinas doespetáculodeFiori”,comseuestiloenvolvente e notável, é necessáriocaptar cadamilímetro de um lance etodas as emoções do torcedor. Épreciso trazer para dentro dascabines os prazeres, desejos e

exigênciasdeumesporterodeadodeverdades, mentiras, fantasias;sobretudo,detristezasealegrias.Emseguida, com a rapidez dos gênios,retransmitir para as multidões deabnegadosasnuançasdaartecomomelhor da voz limpa, da pronúnciacorreta, do vocabulário extenso esacandoasfissurasdasjogadassemcriar falsas ilusões sobre a verdade;no melhor exemplo, quando é oatacantequeerraogoldemaneira“absurda” e não o goleiro que fazgrande defesa. Se o que importa,precipuamente, é a bola na rede,Fiori fazia parte de um espetáculoque sempre pedirá gools!… Bemmodulados, certeiros, carregados deemoções e alegria ainda que

chorados. Assim como nas áreasacima, destaco aqui o mínimo deprofissionais para não cometerinjustiças com tantos outros: ValdirAmaral, Edson Leite, OsmarSantos, José Silvério, Luciano doVale, Galvão Bueno, Jota Júnior -um “mundão” de craquesexcepcionaisquandosimplesmentenarrando.

Aosnarradorescompetederramar,com isenção absoluta, risos elágrimaspelastvsemicrofonescomose estivessem saudando cadatorcedor pela vitória, ou consolando-ospeladerrota.

Narrar como um Charles

Chaplin,que transmitiapelas telasdo cinema mudo as emoções davida, com profundidade, comsabedoria… Sem opinar, semcomentar, mas transferindo aosespectadores todas as vírgulas etextosdainteligênciaproposta.

Pois bem, aos narradores, anarração; aos comentaristas, ascríticas. Só observaçõesponderadas, inteligentes e brevespodem pular a cerca dacompetênciadosprimeirosparaossegundos.

Conclusão

Todo profissional, quando vestido

de sua personalidade própria, é umartista ímpar, diferenciado. Com aroupagem limpa e autêntica levamensagensqueencantamtorcedores.É a simplicidade, agregada pelosvalores da língua pátria, de éticaresponsável e de conhecimentossobre o assunto, que faz dorepórterdepista,doapresentador,donarradoredocomentarista-umcomplemento valiosíssimo queenriqueceospalcosdofutebol.

DAMASDATVESPORTIVA

No Brasil, via-de-regra, osprofissionais esportivos (homens emulheres)possuemótimadicção,boafluência verbal e apresentaçãopessoal. Em contrapartida, fica porcontadaminoriaa competênciaparadiscorrer sobre as perspicácias dofutebol. E para felicidade geral dasnações masculinas, cada vez maissão coadjuvados por mulheres lindasque, aos poucos, despontam cominteligência sobre as notícias doesporte.Algumasseenviesandocomousadia pelos gramados com muitacoragem e provando que têm bonsconhecimentosnoshistóricoseregrasdofutebol,aindaquenãojoguembolaoulhesfaltemovislumbredessaarte.Nem por isso, deixam de provocar

inveja a muitos marmanjos pelosimples atrevimento de seapresentarem com leveza,desenvoltura e opinar compersonalidade própria, semmedo deerrar. Entre tantas desbravadoras,destacamos a pioneira, MilenaCiribelli, para não cometer injustiçacom tantas outras dignas deaplausos. Simples, expansiva,autêntica com suas participaçõesfestivas.E comhumildadedenão seaventurar com críticas e opiniões defora do seu alcance sem perder odom da comunicação essencial,mostrarofutebolcomalegria.

Aplausos também merecem asjovens damas de honra dos

gramados que fazem a história dofutebol feminino. Como osbamboleios da Formiga e daPretinha, as mãos ágeis de Aline,ospéssabidosdaestrelaMarta,ascabeçadassingularesdeCristiane.

Uma lembrança à CBF e aosgrandes Clubes: O futebolfeminino do Brasil merece maisatenção.

SUPERCRAQUESSEMORÓTULODE“CAMPEÃODOMUNDO”

Ainda que o título de campeãoemcopa domundopesemuito nahistória de um atleta, e até o

transforma em craque que nuncafoi, é sempre bom relembrarjogadores que mereciam melhorsorte neste torneio, porqueesbanjavam o porte técnico dosgrandes campeões, dos craquesmesmos;alguns,desupercraques.

Foram muitos aqueles queestiveram(eestão)acimadotítulo:“Campeão do Mundo”, e fizeramhistória de alta qualidade técnica.Luis Pereira, Leandro, Nelinho,Júnior, Marinho Chagas, Edinho,Luisinho. Pelo meio, JuninhoPernambucano, Dirceu Lopes,Djalminha, Reinaldo, Carpeggiani -sempre lembrados entre osmelhoresquejásurgiram.Alémdo

quarteto fantástico: Cerezo,Sócrates, Falcão e Zico. Todoseles, nos gramados, pontuaramacima da média. Falamos, outravez, de Edmundo, um dosmelhoresquetivemos;fabuloso!…

TERTÍTULOS,NÃOSIGNIFICASERCRAQUE.MAS,TODOCRAQUE

MERECETERTÍTULOS.

OSDESÍGNIOSDOSDEUSESDOFUTEBOLNÃOSEESTUDAM,NÃOSECOMPREENDEM,NÃOSEVEEM–SIMPLESMENTEACEITA-SE.

OMAISIMPORTANTE:OTORCEDOR

Deles, as arquibancadas, ocampo, o estádio, o jogador, otécnico,o time,aseleção.Deles,omundo da alegria, da paixão, datristeza… Da vitória e da derrota.Deles, as bandeiras, os fogos, osapitos, as faixas de campeão. Nadapodefaltar-lhesnomundodosdeusese dos pagãos, dos gênios e dospernas-de-pau.Portudoqueédeles,quesecuidemosdemais…Todososdemais! Respeitando-lhes nosaplausos e nos gritos dasarquibancadas, cadeiras e

camarotes. Deles, as vaias, nassubidas e descidas, por todaextensão do jogo e do campeonato,(menos nos treinos, vestiários efora dos estádios). Respeitem-lhesem todos os seus direitos, porquesão eles, os simples, os sábios, osignorantes, os ricos, os pobres, osfeios, os bonitos… Os verdadeirosdonosdomundodabola.

Um alerta: Torcedores e torcidanão têm direito algum à falta derespeito, à baderna e à violência,seja ela em qualquer lugar emomento. Portanto,quandose falaemdireitosdosexpectadores,fala-se na liberdade de expressãocontida nos limites da cidadania,

determinados pela melhoreducação, costumes, leisesportivas e comuns. Fora disso,que se compreenda, sem torcedoresnembolaexistiria.

Copyright©2014bySoaresSilva

Ediçãodigital:julho2014

ArquivoePub:SimplíssimoLivros

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