o capuchinho vermelho

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Mário-Henrique Leiria Andréa Adão

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O Capuchinho Vermelho

Mário-Henrique Leiria

Andréa Adão

O Capuchinho Vermelho

Mário-Henrique Leiria

Andréa Adão

-Não te esqueças de dar as flores à avozinha. E tem cuidado com o Lobo Mau que anda sempre rondando por aí, a querer comer toda a gente.

- Ora, mamã! Já li acerca dele! - e Capuchin-ho vermelho, num saltitar alegre, enveredou pelo atalho que atravessava a floresta e, ia dar à casa da avó.

Capuchinho vermelho seguiu o seu caminho. Um malmequer aqui, um rebenta-bois ali, um cardo acolá, lá ia aumentando o bonito ramo de flores para a vovó.

Eis senão que surge o Lobo Mau.

- Onde vais, Capuchinho Vermelho?

- Ora. Sabes muito bem onde vou. Levar estas flores à avozinha, que tu queres comer para depois me comeres a mim.

- Eu, comer-te?

- Sim, porque não? e fez cócegas no pirilau do Lobo Mau.

O Lobo Mau deu três pulos, é óbvio.

-Se bem que a avozinha esteja bastante seca, como sabes, deve no entanto chegar para os dois. Vem dái comigo.

O Lobo Mau foi logo, coitado.

À noite, a bonita casinha da avó, no outro lado da floresta...

o Lobo Mau roía o último fémur e a menina, enquanto punha um pouco mais de banha na frigideira para fritar as iscas, explica ao bicho voraz:

- Quanto a comeres-me, falamos disso mais logo.

E falaram.

Por isso, meus meninos, é que há agora por aí muitos Capuchinhos Vermelhos com um grande rabo, dentes afiados e, ainda por cima, a pedir boleias.

Estória de Wilson Gasosa (Mário-Henrique Leiria), publicada em “O Coiso“, nº1, / de Março de 1975

O Capuchinho Vermelho

- Não te esqueças de dar as flores à avozinha - disse a mãe do Capuchinho Vermelho.- Não esqueço, não, mamã - retorquiu a menina, ao sair a porta.- E tem cuidado com o Lobo Mau que anda sempre rondando por aí, a querer comer toda a gente - insistiu a mãe, carinhosa.- Ora, mamã! Já li àcerca dele! - e Capuchinho Vermelho, num saltitar alegre, enveredou pelo atalho que atravessava a floresta e ia dar à casa da avó. Com o cestinho de flores no braço.- Ah, estas crianças! - suspirou a boa mãe, fechando a porta. Capuchinho Vermelho seguiu o seu caminho. Um malmequer aqui, um rebenta-bois

ali, um cardo acolá, lá ia aumentando o bonito ramo de flores para a vovó.Eis senão quando surge o Lobo Mau. Aliás, já era de esperar.- Onde vais, Capuchinho Vermelho? - perguntou, lambendo o beiço e piscando o olho aos pequeni-nos leitores.- Ora - retorquiu Capuchinho Vermelho, enco-stando-se a uma árvore e acendendo um Gitanes que lhe oferecera o Valdomiro da embaixada - Sabes muito bem onde vou. - Atirou o fósforo à orelha do Lobo mau e continuou: - Levar estas flores à avozinha, que tu queres comer para de-pois me comeres a mim.- Eu, comer-te? - o Lobo mau arregalou o olho, num espanto.- Sim, por que não?Capuchinho Vermelho meteu os cigarros no bolso do aventalinho bordado, colocou o cestinho de flores no chão e fez umas cócegas no pirilau do Lobo Mau. O Lobo Mau deu três pulos, é óbvio. Capuchinho Vermelho prosseguiu:- Se bem que a avozinha esteja bastante seca,

como sabes, deve no entanto chegar para dois. Vem daí comigo.O Lobo Mau foi logo, coitado.À noite, na bonita casinha da avó, no outro lado da floresta, o Lobo mau roía o último fémur e a menina, enquanto punha um pouco mais de banha na frigideira para fritar as iscas, ex-plica ao bicho voraz:- Quanto a comeres-me, falamos disso mais logo.E falaram.Por isso, meus meninos, é que há agora por aí muitos Capuchinhos Vermelhos com um grande rabo, dentes afiados e, ainda por cima, a pedir boleias.

Faculdade de Belas-ArtesUniversidade de Lisboa

2011/2012Ilustração Desenvolvimento I

Ilustrado por Andréa Adão

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