novas estratégias para uma comunicação popular e comunitária

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Artigo apresentado no Simpósio Internacional de Poder Popular na América Latina

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Seminrio Internacional Poder Popular na Amrica Latina Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 25, 26, 27 e 2 deno!em"ro de 2#$%Novas estratgias para uma comunicao popular e comunitriaEixo Temtico:Comunicao e a construo do poder popular1 Universidade Federal Fluminense - UFF, Instituto de Artes e Comunicao Social, IACS 2, Niteri-RJcamille!erisse"#mail$comResumoO presente artigo se prope a apresentar estudos que auxiliem no entendimento terico darea ComunicaoComunitria. Por ser umcampode conhecimentoextremamenteligado prxis, a Comunicao necessita constantemente de atualizaes e reaaliaesdo que ! tem sido "eito. Partindo de autores #rasileiros, o tra#alho #usca reconhecer oque determina as atuais condies de nossos e$culos de comunicao comunitrios, paraque se!a poss$el pensar cuidadosamente emestrat%gias para suas demandas.%movimento de m&dia comunit'ria temcrescido e #an(ado notoriedade, travandoim!ortantes discuss)es !ol&tico-culturais no seio da academia e dos movimentos sociaiseas*uais, conse*uentemente, v+msendolevadasao!oder!,-lico$ .ssede-atetem!ermitido o res#ate da !artici!ao !o!ular !ol&tica, re!ensando a democracia econtri-uindo !ara a emanci!ao (umana na construo do !oder !o!ular$/alavras-c(ave0 Comunicao Comunit'ria1 Comunicao /o!ular1 Comunidade1Favela1 2e#emonia1 IntroduoOsprocessosqueenolemaconstruodeumacomunicaoquesegueumalgicadi"erente dos grandes meios, !tendosidoconceituadacomocomunicaopopular,alternatia e comunitria& enolem moimentos de resist'ncia, surgindo em pequenosgrupos marginalizados que se unem a partir de interesses, territrio ou modo de ida emcomum, comumaidentidadeereiindicaodeseureconhecimentoeseusdireitos,incorporando(se na luta discursia contra hegem)nica.*lgumas produes acad'micas atri#uem ao surgimento desta outra "orma decomunicaono+rasil ocontextohistricodeumpa$sondenohaiaparticipaopol$tica de classes populares. ,o per$odo da ditadura militar, como "orma de organizaodessas classes, haia mani"estaes no -m#ito de uma .comunicao popular/. Por contaCamille C. . ereira 1Seminrio Internacional Poder Popular na Amrica Latina Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 25, 26, 27 e 2 deno!em"ro de 2#$%da "orte censura, grupos que no se sentiamrepresentados pela m$dia usaamprincipalmente pan"letos, #oletins e pequenos recursos para se mani"estar.Comarea#erturapol$ticaeinserindo(seemumper$ododemaisdeduasd%cadasdedemocracia representatia, a comunicao popular se ampliou, ainda mais comodesenolimento das 01Cs 20ecnologias da 1n"ormao e Comunicao3, desenolendo(se tanto em m$dias locais com interesses comerciais quanto em m$dias comunitrias 4 asquais se caracterizam, dentre outros "atores, pela alorizao da cultura local,compromisso com a cidadania e contri#uio para a democratizao da comunicao.5stes processos tam#%m se inserem em um contexto histrico de grande concentrao eiso comercial das m$dias. * partir de um processo de glo#alizao e de decl$nio eminestimentos sociais, este % umpanorama o#seradoemmuitos pa$ses, apesar derecentes contra tend'ncias latino(americanas deixarem o +rasil em um posto ainda maisgrae com relao aos seus izinhos.Opresentetra#alhopretende, dessa"orma, resgataresseatual de#atepol$ticoso#reademocratizao da comunicao no sentido de multiplicao de ozes, em que situaesconcretas de meios comunitrios que primam por outra lgica 4 contrria a interesses demercado e sociedade de consumo 4 emergem com urg'ncia na ida social cotidiana.Para tanto, a #ase em re"er'ncias #i#liogr"icas e em casos espec$"icos para compreend'(los em sua complexidade de detalhes e em sua diersi"icao, explicitando aheterogeneidadeemqueocorremas trans"ormaes histricas, se"aznecessria. *sanlises particulares constituem pilares para um pensamento mais a#rangente, sendo nos de interesse p6#lico, mas de necessidade acad'mica. ! Comunidade e comunicao no "rasilPara entender os e"eitos das relaes sociais no campo da Comunicao, ainda mais norecorte espao(temporal das comunidades, % preciso lear em conta o processo glo#al queiemos aceleradamentenas 6ltimas d%cadas. 7aquel Paia2899:3, comore"er'ncianacional nos estudos de Comunicao Comunitria, inicia suas o#seraes com a leiturade que a estrat%gia de mercadoda glo#alizao consiste emalorizar oconsumo,distanciando os indi$duos da sociedade contempor-nea de uma participao social e daprtica de cidadania. * es"era do tra#alho, por sua ez, apresenta uma massa de mo deo#ra que nosente os mesmos e"eitos da glo#alizao, ! que h umdesempregoestrutural arraigado pela excluso e preconceito. 0am#%mem;are< 289==3 esseprocesso se con"igura como acumulao "lex$el, dentro de um .noo/ per$odo chamadops(modernidade.>egundo Paia, a m$dia contempor-nea, representando todas as inst-ncias das pol$ticasecon)micas li#erais, estaria aparentemente indissociel ao sistema econ)micocapitalista. .* concepo da in"ormao como produto, mercadoria, instala uma realidadetrazida pela massa? a de p6#lico consumidor, de consumidores que elegem e adquiremprodutos hipoteticamente necessrios/ 2P*1@*, 899:, p. 8A3. * proposta de ComunicaoComunitria tem seu espao na sociedade seguindo, por%m, outra lgica 4 e qual seriaB *dos exclu$dos, dos que "icaram margem do processo de glo#al de acumulao "lex$elB>egundo a autora, % a lgica do .esp$rito comum/. Seminrio Internacional Poder Popular na Amrica Latina Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 25, 26, 27 e 2 deno!em"ro de 2#$%* partir do momento em que a representao do real na m$dia de grande circulao %questionada pelos grupos marginalizados, que se encontram distantes daqueles processosde produo, pode surgir a necessidade e o dese!o de produzir uma comunicao prpriadesses grupos. Ceios de comunicaoem"aelas cariocas eemoutros espaos deminorias 'm crescendo no pa$s. Para entender melhor esse "en)meno, podemos resgatarde"inies clssicas e contempor-neas acerca dos conceitos de comunidade e deComunicao Comunitria, a partir das autoras #rasileiras de re"er'ncia nesse tema.2.1 Leituras filosficas de comunidade5ntender comunidade a#range nososeuconceito, mas a sua prtica. Desde opensamento rom-ntico alemo, o entendimento de comunidade em se trans"ormando deacordo com as noas determinaes das nossas relaes materiais e sociais, chegando,nos dias atuais, a um conceito que a#range muito mais que o mero $nculo de indi$duosa um territrio.>egundo Paia 2899:3, a ida em sociedade est em crise, e por esse motio est em ogaa discusso so#re o esp$rito da comunidade, que % isto, por um lado, como soluo paraoes"acelamentodaestruturasocietria, mas, aomesmotempo, nohmuitaclarezaso#re at% onde ele poderia nos lear. .*palara comunidade temaparecidocomoinestidadeumpoderderesgatedasolidariedadehumanaoudaorganicidadesocialperdida/2P*1@*, 89::, p. =E3. 5lasempreesteenoimaginriodogruposocial e%"undamental para a construo do mundo.;umaoposioentreosconceitosdesociedadeecomunidade, oquegeraalgunspro#lemas metodolgicos. .0rata(se de oposio emocional, que redunda quase semprenuma escolha de alores e na constatao da perda de um para$so/ 2P*1@*, 89::, p. FG3.Herdinand 0Innies, no clssico liro Comunidade e Sociedade, pu#licado originalmenteem=JJG, massomentesetornando-est-sellerapartir dasegundaedioem=E=8,explorouaant$teseentreessestermos. Comunidade23emeinsc(a4t3, paraele, seriaoespao destinadoa colocaro grupoemconsenso e disseminar alores e costumes emcomum, atra%sdalinguagem. Knasociedade23essellsc(a4t3, aontadeprealecidaseria a indiidual, industrializada, di"erente da sociedade rural. .*pesar de consistir numao#ratpicaere"erencial paraoestudodoqueemasercomunidade, nohcomoa#strair o "ato de que Comunidade e Sociedadecomporta uma cr$tica 3esellsc(a4ct, sociedade, "undamentada principalmente nas #ases do racionalismo iluminista/ 2P*1@*,899:, p. G93.5mirtude das m6ltiplas propostas de comunidade, pode(se resumir os conceitosclssicos a partir dos seguintes crit%rios sistematizados por Peruzzo?,uma leitura de con!unto, na tentatia de apresent(la de "orma didticae concisa, in"ere(se que, a partir dos clssicos, uma comunidadepressupe a exist'ncia de determinadas condies #sicas, tais como? a3um processo de ida em comum por meio de relacionamentos org-nicosecertograudecoesosocialautossu"ici'ncia2asrelaessociaispodem ser satis"eitas dentro da comunidade, em#ora no se!aexcludente3& c3 cultura comum& d3 o#!etios comuns& e3 identidadenatural e espont-nea entre os interesses de seus mem#ros& "3 consci'nciaSeminrio Internacional Poder Popular na Amrica Latina Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 25, 26, 27 e 2 deno!em"ro de 2#$%de suas singularidades identi"icatias& g3 sentimento de pertencimento&h3 participaoatia& i3 locus territorial espec$"ico& e !3 linguagemcomum. 2P57LMMO, 899F, p. =:3 =Paia seapro"undanadiscussoso#re a noo espacial,ecolgica,queo#!etiamentede"ine comunidade como umgrupo ligado a seu territrio.5la de"ende que aterritorialidade est ligada s comunidades mais tradicionais, que se utilizam do "ator deproximidade das relaes humanas, sendo assim 6til sociologia e ao serio social paraplani"icar e criar condies para o "uncionamento org-nico das comunidades. Por%m, o.territrio/irtual determinadopelos noos meios decomunicaoislum#raoutraspossi#ilidadesdecomunidade. Comosaparatosdas01Cs, adist-nciaeotemposoprescindidos pelas relaes humanas, o que desloca o conceito de comunidade para o deum $nculo mais a"etio. Peruzzo, #aseada em Palcios, tam#%m reconstri o racioc$nio?O sentimento de pertencimento, elemento "undamental para a de"iniode uma comunidade, desencaixa(se da localizao? % poss$el pertencer dist-ncia. 5identemente, isso no implica a pura e simplessu#stituio de um tipo de relao 2"ace(a("ace3 por outra 2a dist-ncia3,mas possi#ilita a coexist'ncia de am#as as "ormas, com o sentimento depertencimento sendo comum s duas. 2P*NOC1O> apud P57LMMO, p.=:(=A3,o se pode ocultar tam#%m a relao entre comunidade e totalitarismo, o qual possui emsuas #asesideolgicasa alorizaoda"am$liaeo nacionalismo para sealcanarumpara$so 4 assim como no campo da religiosidade crist, com as noes de comunidadeligadas "raternidade, reciprocidade, con"iana e comunho, dando uma aura de#eatitude ao conceito 2P*1@*, 899:, p. FG3. Para o cristo, a retomada da comunidadesempre existiu como um "ator determinante para a retomada do para$so. >eu pressuposto% de que na comunidade os indi$duos ligam(se uns aos outros, em uma experi'ncia dealteridade.*o longo do tempo, tal sentido idealista de comunidade ! chegou a #eirar airracionalidade, como no exemplo histrico do nazismo. 5, pelo lado religiosoou"ascista, alguns consideram a comunidade um sistema social opressor, o que gera repulsaa esse conceito.Por esse prisma pode(se entender com propriedade o porqu' de a ideiade comunidade ter "icado, atra%s dos tempos, num lugar toestranhamentedistantedoquotidianodahumanidade, masomesmo=Peruzzo ressalta que no % necessrio que todos os crit%rios apaream para uma comunidade ser leg$tima.Seminrio Internacional Poder Popular na Amrica Latina Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 25, 26, 27 e 2 deno!em"ro de 2#$%tempo sempre presente como disposio em#lemtica, ideal a sersempre #uscado, algopraticamente imposs$el de concretizaonomundo dos mortais. Lma ideia que sempre estee muito"requentemente en"ileirada nos propsitos religiosos ou ento assumiu a"ace mais trgica ! produzida como sistema pol$tico. 2P*1@*, 899:, p.J:3*plicandooconceitocon!unturaatual,Paiaentende, ento, quecomunidadedariamargem a tr's pro!etos poss$eis? como instituio& como unidade de gerenciamento daestrutura social 2de"endido pelo pensamento norte(americano? a estrat%gia de presso3& oucomo cooperatiismo 2uma estrutura que explicite as di"erenas sociais entre classes, na#uscacoletiapor solues3. Ocooperatiismosedestaca, assim, comosurgimentocrescente nas 6ltimas d%cadas de empreendimentos solidrios que empregam eempoderam tra#alhadores ou de grupamentos oluntrios, como as O,Ps, que aanamnas reas a#andonadas pelo poder p6#lico. * cr$tica que se tem "eito a essas organizaes% o"atode poderemre"orar a isenodo5stadoemseus compromissos sociais,passando elas mesmas a se responsa#ilizarem por com#ater 4 pontualmente 4 a mis%ria, odesemprego, adestruioam#iental eoutrospro#lemasinerentesaodesenolimentocapitalista.Ocarter comunitriodascooperatiassedariapor suascaracter$sticas internas? .*"orma de organizao comunitria, "undada so#re sentimentos de "raternidade econ"iana, %#aseadanaeconomiadareciprocidade, pelaqualaterraetodosos#enspertencem a todos, que eles podem dispor liremente/ 2P*1@*, 899:, p. EG3. 7esgatandorios exemplos .noas "ormas/ de cooperatias, como .0raaux dQLtilit% Collectie/2Hrana3, Organizaes 5con)micas Populares 2Chile3, Cooperazione 0erzo Condo21tlia3, ,ooPalmarese7oegundoCiciliaPeruzzo2899F3, essas rdios nemsempre surgem com carter pol$tico de"inido, sendo por ezes criadas to somente deidoao gosto pela t%cnica da radiodi"uso. * autora considera, no entanto, que elas so por simesmas um protesto contra a "orma de hegemonia da comunicao de massa no pa$s. R aconcretizao da ontade 2impl$cita, em alguns casos3 de democratizao dacomunicao, da ontade de e"etiar o direito li#erdade de expresso. ,esse sentido, %interessanteo#serar queessese$culosalternatiossurgiramnoper$ododaditaduramilitar, quando a comunicao era explicitamente no democratizada.Paia 2899:3 traz o dado de que muitas dessas rdios no 7io de Kaneiro nasceram so#in"lu'ncia de pol$ticos, da 1gre!a Catlica, ou por experi'ncias indiiduais. >eguindo amesma lgica das grandes corporaes, alguns desses e$culos podem se con"igurar como.m$dia local/, de"inida por Cicilia Peruzzo 2899F3 como um tipo de m$dia que teria umpropsito na oportunidade lucratia que o local apresenta, na explorao de nichos demercado.Cas, pelosimples "atode estarem"ixados emdeterminada regio,poderiam tais e$culos ser compreendidos como erdadeiras emissorascomunitriasBDamaneiraqueatualmenteexistem, %di"$cilinclu$(lasnessa categoria. Peralmente com uma programao limitada a m6sicase pu#licidade, alguns desses e$culos SrdiosT coniem at% mesmo coma restrio de no "alarem em pol$tica. 2P*1@*, 899:, p. =AU3Portanto % interessante compreender, ao se estudar meios alternatios, que sua condiono est desinculada da mesma lgica que rege os meios de grande circulao.O que osdi"erencia % !ustamente sua posio pol$tica de carter hegem)nico ou contra(hegem)nico.*s a#ordagens dos meios hegem)nicos ignoram a pluralidade e as contradies contidasnos territrios que podemser chamados de "aelas oucomunidades os termosescolhidos por esses e$culos tam#%m representam qual discurso o"icial se quer pro"eriracerca do tema 2P*1@* e ,V7*, 899J3. .0rata(se do momento em que restam poucasopes di"erentes do espectro o"erecido, que se corpori"ica como o"icial/ 2P*1@*, 899:,p. =:U3. O termo ."aela/ % usado pelos meios de comunicao #rasileiros quando se querdestacar aspectos negatios, geralmente em associao iol'ncia e ao tr"ico de drogas,Seminrio Internacional Poder Popular na Amrica Latina Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 25, 26, 27 e 2 deno!em"ro de 2#$%de um territrio que se caracterizaria por ser desproido de pol$ticas p6#licas. 5m suaa#enda settin#, a m$dia !usti"icaa a necessidade das remoes. 5ste uso lingu$stico de"aela est, assim, de acordo com o senso comum, como exempli"ica o relatrio da O,PO#seratrio de Haelas do 7io de Kaneiro?O eixo de representao da "aela % a noo da aus'ncia. 5la % semprede"inida pelo que no teria? um lugar sem in"raestrutura ur#ana 4 semgua, luz, esgoto, coleta de lixo 4, sem arruamento, sem ordem, sem lei,sem moral e glo#almente miserel. Ou se!a, o caos. 2>OLM* 5 >1N@*e +*7+O>*, 899U, p. 8A3,o -m#ito !ur$dico, no haia de"inio de "aela, exatamente por ser algo que estaria"ora da legalidade. 5m =EE9 a Pre"eitura do 7io sancionou a Nei Org-nica Cunicipal, queesta#elecia o princ$pio de no(remoo das "aelas, apesar desta continuar sem de"inio,e em =EE8, quando o Plano Diretor da Cidade esta#eleceu uma pol$tica ha#itacional eplanos de ao, houe a primeira de"inio legal 2e contraditria3 do termo ."aela/?#rt. 1$% &Para "ins de aplicao do Plano Diretor 2=EE83, "aela % areapredominantementeha#itacional, caracterizadapor ocupaodaterra por populaode #aixa renda, precariedade da in"ra(estruturaur#ana e de serios p6#licos, ias estreitas e de alinhamento irregular,lotes de "orma e tamanho irregular e construes no licenciadas, emdescon"ormidade com os padres legais. 2PN*,O D1750O7, =EE8, p.893K o uso de .comunidade/, no atual senso comum, comea a inserir esses territrios na leie na sociedade, como "orma de garantir um controle so#re eles. Comunidade pressupe,nessesentido, umanoosemelhantesconcepesmaisutpicas, eumaaomaisincisiaeinclusiado5stadonoterritrio? no7iodeKaneiro, cidadere"erencial, omodelo importado de segurana p6#lica conce#ido em 899J com as Lnidades de Pol$ciaPaci"icadora2LPPs3 disseminouousodoconceito, pois, nateoria, umpoliciamentocomunitrio integral, !unto a pro!etos sociais 2executados pela .LPP >ocial/3 retirariamdaquele territrio ."aelizado/ seu controle pelo crime organizado e learia aosmoradores o acesso aos serios ur#anos. 5ssa concepo permite que se produza !u$zosde alor simples e "ceis so#re estes territrios, legitimando interenes externas e umtratamentosemelhanteatodoseles. .Otratamentodascomunidadescomose"ossemcompareis entre si 2por, digamos, umrgo de plane!amento3 temimplicaesmateriais aqueas prticas sociais das pessoas quenelas iemt'mderesponder/2;*7@5W, 89==, p. =E93.,esse caso, a m$dia de grande circulao se utilizou tam#%m do sentido de .comunidade/para representar as antigas "aelas sem o reconhecimento de quem ali ie, com um claroposicionamento a "aor dessas pol$ticas de padronizao e higienizao. Por%m, segundoPaia, aomesmotempoemqueacomunicaoglo#alizaolocal eoreduzaessasrepresentaes, prooca emsua disseminao outras reaes? .*padronizao doen"oque e a impregnao pelo consumo propiciam, no esgotamento das "ormas, tam#%m aperspectia de opes at% ento ali!adas. 5ste % o panorama que permite a insero deSeminrio Internacional Poder Popular na Amrica Latina Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 25, 26, 27 e 2 deno!em"ro de 2#$%noos atores in"ormatios e noas propostas comunicacionais/ 2P*1@*, 899:, p. =:U3.*s experi'ncias classi"icadas como .Comunicao Comunitria/ expressamassim,dentre outros "atores que sero istos adiante, o dese!o de desconstruir o senso(comumdostermos."aela/e.comunidade/, mesmoquandodesconhecemaexist'ncia4oumesmo se no houesse exist'ncia 4 da modalidade de pesquisa que tam#%m se preocupacom essa desconstruo. .*ssim, torna(se eidente mais uma outra razo para a criaode um e$culo de comunicao comunitria? a ontade de Xproduo de discursoQ prprio,sem "iltros e intermedirios/ 2P*1@*, 899:, p.=:E3. >endo uma "orma de apropriao das"erramentas de m$dia, a Comunicao Comunitria em emergindo como !ossi-ilidadede ummoimentocatrticoe de uma contra(hegemonia. Por%m, essa possi#ilidadeapenas se concretiza quando h constantes re"lexes, re"ormulaes e experimentaes,permitindo sua autonomia. R quando a teoria se alia prtica. >ua prxis exprime, dessa"orma, as contradies iidas nocotidianour#anonoquedizrespeitos relaessociais, aos con"litos de classe e aos processos culturais de signi"icao e uso social dam$dia. Ca#e s instituies acad'micas reconhecer esses aspectos para de "atocontri#u$rem com o desenolimento de uma teoria indissociel prtica.' ressupostos de uma comunicao comunitriaComorecentecrescimentodaproduoacad'micaso#reoassunto, Cic$liaPeruzzo,sendo tam#%m uma re"er'ncia nacional, desenoleu uma s%rie de estudos de caso so#remeios de comunicao locais, alternatios e comunitrios. *autora de"ende umacompreensodaComunicaoComunitriacomoumacategoriaespec$"icadentrodocampo da comunicao.R importante que se entenda que a m$dia comunitria se re"ere a um tipoparticular de comunicaona *m%rica Natina. Raquela gerada nocontextode umprocessode mo#ilizao e organizaosocial dossegmentos exclu$dos 2e seus aliados3 da populao com a "inalidade decontri#uir para a conscientizao e organizao de segmentossu#alternos da populao isando superar as desigualdades e instaurarmais !ustia social. 1nicialmente ela se con"igurou como umacomunicao alternatia e que assim"oichamada4econtinua sendoem muitos lugares 4 mas que rece#eu rias outras denominaes comocomunicao participatia, comunicao horizontal, comunicaopopularetc. * expressoComunicao Comunitria % deusorecente,certamentenuma tentatiadesedar contas trans"ormaes nesse-m#ito, ouse!a, dapassagemdeumacomunicaomaiscentradanoprotestoe na reiindicaoemuito ligada aosmoimentospopularespara uma comunicao mais plural e de conte6do a#rangente2P57LMMO, 8999, p. =AE3*partir dos estudos de Peruzzo, algumas caracter$sticas esperadas de meios decomunicao comunitria seriam? a3 aus'ncia de "ins lucratios& #3 programaocomunitria& c3 gesto e propriedade coletia& d3 interatiidade& e3 alorizao da culturalocal& "3 compromisso com a cidadania& g3 agir para a democratizao da comunicaoSeminrio Internacional Poder Popular na Amrica Latina Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 25, 26, 27 e 2 deno!em"ro de 2#$%2P57LMMO, =EEJ3. Paia 2899:3 tam#%m ressalta as premissas? a3 de umcomprometimento pol$tico& #3 do papel participatio como exerc$cio da cidadania& c3 damudanadoscrit%riosdenoticia#ilidade2paraquese!amaisconsideradoaquiloqueinteressa diretamente a comunidade3& d3 do tratamento didtico contextualizador dado in"ormao& e3 da alorizao da cultura local, "3 da promoo da educao.3.1 Sobre a ausncia de fins lucrativos e a gesto e propriedade coletivaPeruzzo a"irma que o e$culo comunitrio no dee ter "ins lucratios, mas enxerga apossi#ilidade da utilizao da enda de espaos pu#licitrios para inestimentos no seuprpriodesenolimento. Ys rdios comunitrias, comoexplica, %edadapor lei apu#licidade, sendo permitidos .apoios/ culturais para custear as produes de programas.Kos!ornais noen"rentamestepro#lema, por%mumas%riedequestescomplexastam#%m se apresenta, como a questo da independ'ncia editorial.Os princ$pios degestodeummeiocomunitriode"endidos porPeruzzoemmuitoassemelham(se a modelos de democracia participatia. Para ela, existem tr's n$eis departicipaoposs$eis 2passia, controlada e participao(poder3,sendoimportanteemum meio de comunicao comunitrio a participao(poder, em que o exerc$cio do poder%partilhado, aocontrriodaparticipaonaqual ocorreadelegaodastomadasdedecises. Para que o exerc$cio do poder possa ser compartilhado, a pessoa tem que estarenolida atiamente em todos os n$eis de deciso, como nos casos da co(gesto e daautogesto. * di"erena entre am#as % que na co(gesto .as decises centrais permanecemreseradas c6pula hierrquica, no se alterando a estrutura central de poder/2P57LMMO,=EEJ, p.J83. ,aautogesto,poroutrolado,hmaishorizontalidade e apessoa%capazdeaprenderoprotagonismodedecisoemtodasases"erasdaida?econ)mica, pol$tica, social, cultural. Dessa "orma, a autora prope a exist'ncia de espaos onde a comunidade possa deli#erarso#re propostas apresentadas pelos produtores do e$culo, que no deeriam ser apenas.representantes eleitos/paratomar decises. Paraqueomeiose!aerdadeiramentecomunitrio, tam#%m% necessrio que ele no pertena a ums indi$duo dacomunidade, mas que se!a de propriedade coletia. 5ssa concepo tam#%m se aproximaao carter de cooperatiismo reisto com o estudo da 7aquel Paia.3.2 Sobre a programao comunitria e novos critrios de noticiabilidade*s autoras ressaltamanecessidadede oe$culoter um.$nculoorg-nico/ comacomunidade local, mantendo conte6dos 2programas, no caso das rdios, ou mat%rias, nocasodos !ornais3 que "alemdas necessidades da comunidade, de sua cultura, suascomemoraes etc. O conte6do dee pautar os assuntos de maior interesse dacomunidade. 2P57LMMO, =EEJ, p. 8UG3 e2P*1@*, 899:, p. =:E3. *alorizaodaculturalocaltam#%mestinclu$danesseponto.* ideia%queoconte6doculturaldoe$culonose!asimplesmenteumareproduodoque%produzidoculturalmenteporoutros atores que no os prprios mem#ros da comunidade.5mmuitos casos, de "ato o conte6do do e$culo comunitrio % ma!oritariamenteSeminrio Internacional Poder Popular na Amrica Latina Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 25, 26, 27 e 2 deno!em"ro de 2#$%composto por temas que dizem respeito sua luta por direitos e isi#ilidade. 1sso ocorretam#%mporque, muitasezes, osmeiosdecomunicaocomunitriaso"undadoseconstru$dos por moradores que ! t'm alguma relao com a ida comunitria, no sentidodoesp$ritocomum4ouse!a, !carregamuma#agagemdeoutroscoletios.Peruzzochama a ateno, por outro lado, para a tend'ncia dos e$culos populares no se pautaremmais exclusiamente em reportagens de carter reiindicatrio?Ocarter maiscom#atiodascomunicaespopulares4nosentidopol$tico(ideolgico, de contestao e pro!eto de sociedade 4 "oi cedendoespao a discursos e experi'ncias mais realistas e plurais 2no n$el dotratamentodain"ormao, a#ertura negociao3 e incorporandool6dico, aculturaediertimentocommais desenoltura, oquenosigni"ica dizer que a com#atiidade tenha desaparecido. ;oue tam#%ma apropriao de noas tecnologias da comunicao e incorporao danoodoacessocomunicaocomodireitohumano. 2P57LMMO,899F, p. 9F3Podemos considerar, no entanto, que o olhar so#re o conte6do de um e$culo comunitriodee ser cuidadoso e no preconceituoso. Dee(se considerar o $nculo psicolgico comos moradores da comunidade, e esse $nculo s ezes necessita ser mantido atra%s detemas cotidianos aparentemente noreleantes para a comunidade, comonarratias"iccionais, horscopo, etc.3.3 Sobre interatividade e participaoComo imos, o meio comunitrio deeria permitir que a comunidade no geral participe,inclusiepor meiodaproduodeconte6do2P57LMMO, =EEJ, p. 8UJ3. ,asrdioscomunitrias, como exempli"ica, % comum que moradores disponham de algum espao eautonomia para a produo de seus prprios programas. Paia ainda de"ende que .Zuantomais estreita "or a relao entre o e$culo e os propsitos e o#!etios duma comunidade,mais seus mem#ros o estar enolidos em sua produo, e proporcionalmente maioressero sua representatiidade e reconhecimento como e$culo comunitrio/ 2899:, p. =:G3.Peruzzo, por sua ez, explica que nossa populao "oi "ormada, desde a %poca colonial,so#regimesquenopermitiam, incentiaamou"acilitaamaparticipao. .,ossastradies e nossos costumes apontam mais para o autoritarismo e a delegao de poder doque para oassumir ocontrole e a co(responsa#ilidade na soluodos pro#lemas/2P57LMMO, =EEJ, p. G:3. 1ssotornarianecessrioumes"oromaior dosenolidosdurante o esta#elecimento de prticas solidrias e participatias. * pesquisadora de"ende,portanto, a ideia de que essa participao dee ser conquistada e reiindicada, tal comono modelo de democracia participatia. K Paia sugere que a atuao de pro"issionais dacomunicaodentroda comunidade, comoagente social, dee incitar a articulaocomunitria? .a"unodessepro"issional, considerado"requentementecomoa#entee5terno, % proocar a participao/ 2P*1@*, 899:, p. =A:3.R importante que ha!a participao da comunidade no e$culo que lhe pertence, por%msomente a a#ertura para a participao no pro' garantias de que a mesma acontecer. RSeminrio Internacional Poder Popular na Amrica Latina Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 25, 26, 27 e 2 deno!em"ro de 2#$%preciso considerar que nem sempre a interatiidade proposta pelas autoras % iel naprtica. 1sso porque no deemos considerar comunidade como a #usca pelo .para$so/quenocomportacon"litosecontradies&narealidade%poss$eldistinguirdiersospro!etos comunitrios, por ezes incompat$eis, dentrodeummesmogrupoqueseentende por comunidade. 3. Sobre compromisso com a cidadania e agir pela democrati!ao da comunicao* .educao para a cidadania/ 2P57LMMO, =EEJ, p. 8UJ3 deeria estar tanto na produode conte6docomona prpria exist'ncia e organizaodoe$culo. *ComunicaoComunitria pode, nesse sentido, dar azo socializao do legado histrico doconhecimento, "acilitar a compreenso das relaes sociais, dos mecanismos da estruturado poder 2compreender melhor a pol$tica3, dos assuntos p6#licos do pa$s, esclarecer so#reos direitos da pessoa humana e discutir os pro#lemas locais. 2P57LMMO, 89983.Para Peruzzo, cidadania inclui direitos nos campos da li#erdade indiidual, daparticipaopol$tica e tam#%mdireitos sociais. 1ssoquer dizer que ser plenamentecidado inclui ter direitos iguais perante a lei, direito participao pol$tica e acesso a ummodo de ida digno, com garantia educao, sa6de, moradia etc., mas inclui tam#%m terdeeres. 5ntre eles esto .o cumprimento das normas de interesse p6#lico/ e a.responsa#ilidade pelo con!unto da coletiidade/ 2P57LMMO, 8998, p. 83.* questodaparticipao, portanto, aparececomo"undamental naidasocial paraaautora. *cidadania%consideradaumaconquistae, comotal, podeser ampliadadeacordo coma capacidade do poo de .conquist(la/. 5ssa capacidade % medida!ustamente pelograude participaoda populao 4participaonos moimentossociais, sindicatos, associaes. Ou se!a, a populao dee se organizar para reiindicarque a cidadania 4 que inclui o direito participao 4 se!a sempre ampliada. R uma ia demo dupla. Participar % um direito e um deer do cidado, assim como, segundo Paia .amaior capacidade para esse exerc$cio encontra(se inculada conscientizao doexerc$cio da cidadania Sgri"o meuT como direito e deer social/ 2P*1@*, 899:, p. =AA3.Ouse!a, as autoras colocamos dois processos emordens di"erentes, mas podemosconsiderar que nem a participao antecede a cidadania nem necessariamente contrrio.Os dois processos se do de "orma dial%tica e podem ser constru$dos organicamente oucom inter"er'ncia de agentes externos.3." #ara alm de critriosHaz(se necessrio, no entanto, considerar que a caracterizao de meios de comunicaocomunitrios no dee se con"igurar em um delineamento r$gido de crit%rios excludentes,isto que esses meios "oram e so "ruto de um processo histrico de d%cadas, em quecada ez surgem outros tipos de luta, mais trans"ormaes culturais e outras "ormas de sereunir e protagonizar aes.O manique$smo despro#lematiza. Zuando concentramos nossasenergias re"lexias na complicada questo da autenticidade , perdemosa chance de utilizar a "ora das contradies para compor a anlise. >emSeminrio Internacional Poder Popular na Amrica Latina Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 25, 26, 27 e 2 deno!em"ro de 2#$%d6ida, so in6meros os casos de deturpao das iniciatias deComunicao Comunitria, e os estudos da rea no podem ilipendi(los, so# o risco de er dissolido seu o#!eto de anlise. Casacreditamos que a utilizao de crit%rios eliminatrios #aseados no queseria um modelo de m$dia comunitria, pouco ou nada contri#ui paraessaquesto, !quenos "azperder deistaadimensocriatiaemulti"acetadaqueesses meios assumem.2C*N57+*inP*1@*[>*,0O>, 899J, p. =UA3; uma "lexi#ilidade, por%m no total relatiidade, naquilo que pode ser chamado ho!eem dia de .Comunicao Comunitria/. Pode(se questionar se os estudos exploratriosso#requaise$culosestodentroou"oradamodalidade!setornaramultrapassadosdiante da complexidade pol$tica do tema.$ Teorias pol(ticas )ue *undamentam o estudo* teoria gramsciana norteia o estudo so#re as noas "ormas capitalistas em que o homem,suaculturae, consequentemente, os meios decomunicaoseinserem. Ltilizando(acomo"undamento, podemos compreender a realidade cotidiana emque emergeme.a"undam/diersastentatias deseconstruir comunicaoalternatiaecomunitria.Oriundo de uma cidade proinciana da 1tlia, e #uscando compreender, no contexto dops(guerra, porqueaspessoasnosereoltaamcontraaordemigente, ocientistapol$tico*ntonioPramsci de#ruou(seso#reocapitalismoemsua"asemonopolista,desenolendoemseuper$ododepriso2=E8F4=E:G3 umateoriaoriginal so#reasociedade ciil e sua relao com o 5stado, a partir de conceitos "undamentais de Carx,5ngels e N'nin.Pramsci isualizou um cenrio complexo nas relaes de poder e nas organizaes deinteresses, o que o leou a re"undar o conceito de uma das dimenses da ida social? asociedade ciil.*gora, nas sociedades .de tipo ocidental/, haeria tam#%m a es"era da sociedade ciil,onde ocorrem mediaes que esta#elecem certo consenso, que con"iguram a hegemoniade uma classe atra%s de mecanismos de conencimento e dispositios chamadosa!arel(os !rivados de (e#emonia$Osa!arel(os !rivados de (e#emoniaso osorganismos sociais que representam os interesses dos atores que o compem,con"igurando assim o con"lito e o consentimento na luta pela hegemonia. *tra%s dosaparelhos priados de hegemonia % poss$el, portanto, instaurar uma su#ordinao dosoutros grupos a seu modo de ida e produo. ,a dimenso cultural, estes aparelhos sereelam atra%s da literatura, "olclore e outros campos estrat%gicos da cultura, como osmeiosdecomunicao4surgidoscomaimprensa? pan"letos, !ornais, reistas& ecomoutras tecnologias? tel%gra"o, rdio, teleiso, etc.Dessa"orma, comoconceitode5stadoampliado(65stado%todoocomplexodeatiidades prticas e tericas com as quais a classe dirigente no s se !usti"ica e mant%mseu dom$nio, mas consegue o#ter o consenso atio dos goernados/ 2P7*C>C1, 8999#,p. ::=34Pramsci entendequenohapenasumaparelhorepressioquelegitimaaSeminrio Internacional Poder Popular na Amrica Latina Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 25, 26, 27 e 2 deno!em"ro de 2#$%dominao da #urguesia, h tam#%m a sociedade, dentro do 5stado. Por%m, ahegemonia noexcluiaocorr'ncia decontradiese con"litos na sociedadeciil. 5xistem, assim, "oras contra hegem)nicas que lutam para conquistar espaos nasociedade ciil. De acordo com Pramsci, um processo reolucionrio s seria poss$elatra%s desse processo %tico pol$tico, con"igurando uma .Puerra de Posio/.O"atodequeum5stadose!amaishegem)nico(consensual emenosXditatorialQ, ouice(ersa, dependedaautonomiarelatiadases"erassuperestruturais, da predomin-ncia de uma ou de outra, predomin-nciae autonomia que, por sua ez, dependemno apenas do grau desocializao da pol$tica alcanado pela sociedade emquesto, mastam#%m da correlao de "oras entre as classes sociais que disputamentre si a su!remacia. 2COL01,;O, =EEE, p. =:=3Os meios de comunicao, como aparelhos priados de hegemonia, direcionamopensamento coletio para determinados interesses 4 e esto inclusos a$ os meioscomunitrios, que podem ser situados dentro dos interesses contra(hegem)nicos. Portanto, leando em conta o pensamento do autor italiano, perce#e(se que as teorias eprticasdeculturaecomunicaoestoligadaspol$ticaeaopoder emumamplosentido. 5 % importante lem#rar que a .hegemonia e as "ormas de dominao do capitalno comeam e no se esgotam na m$dia/ 2HO,05>, 899E, p. ==3. * m$dia % apenas umadas ertentes em que se con"igura agora a is$el Puerra de Posies.+ Considera,es -inaisPara se "alar em estrat%gias de Comunicao Comunitria e sua inculao com o poderpopular, % necessrio entender de onde surgiu esse campo, e qual a relao histrica entrecomunidade e sociedade. Cesmo em seus m6ltiplos sentidos, % necessrio entender #em aposio em que se quer chegar antes de usar o conceito de comunidade. ,o se deede"enderumautopiaultrapassadadepazeharmoniaentreosindi$duos, poisassimnunca poder$amos i'(lo na prtica. * Comunicao Comunitria, que intrinsecamenteest ligada politicamente ao que de"ine comunidade e questo da democratizao dosmeiosdecomunicao, nodeeser consideradaemtermosrasos eestigmatizados.Cuitas ezes, ela se con"igura como um processo contra(hegem)nico na sociedade ciil.Por%m, % necessria uma iso dial%tica para entender o processo de trans"ormaes queesta prtica carregou ao longo de sua histria.>a#endo(sequeosmeiosdecomunicaosoimportantesmediadoresdesentidonasociedade ciil, e que se inserem no plano cultural que con"igura a hegemonia, % notelque, na con!untura social #rasileira ! explicitada neste tra#alho, os e$culos deComunicao Comunitria surgem como uma !ossi-ilidade Sgri"o da autoraT de que noos sentidosse!amagenciados nas es"eras de negociao do poder? indi$duoshistoricamente exclu$dos do processo comunicacional t'm a chance dequesuas demandas passemacircular nasociedadeatra%s desuasprprias enunciaes. 2C*N57+*, 899J, p. =U:.3Seminrio Internacional Poder Popular na Amrica Latina Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 25, 26, 27 e 2 deno!em"ro de 2#$%Dessa"orma, os con"litos existentes emumalutapelopoder 2edireito3 da"alaseencaixam dentro da concepo de Pramsci de sociedade ciil e hegemonia. Os meios decomunicao "uncionamcomo aparelhos priados de hegemonia, e, no +rasil, aconcentrao desses meios emmos de poucos conglomerados comerciais, comantagens dentro da legislao e das aes ar#itrrias do 5stado, demonstra a di"iculdadede se esta#elecer uma resposta contra(hegem)nica dos grupos de interessedes"aorecidos.Por%m, astentatiast'm(semultiplicado, con"igurandoumimportantemoimento de multiplicao de ozes e resist'ncias no mundo da in"ormao.Ose$culosalternatiosincluem(seassimnacategoriadosaparelhospriadosdehegemoniadePramsci? atuamnasociedadeciil comoorganismos coletios de natureza oluntria, relatiamente aut)nomosem "ace do 5stado em sentido estrito e gerados pela moderna luta declasses. 2CO7*5>, 899J, p. AU3Neando(se emconta essas questes, estudar ocarter contra(hegem)nicoe outrasdi"erentes caracter$sticas dos e$culos de Comunicao Comunitria signi"ica reconhecerseu papel dentro da sociedade ciil, papel que se processa em outra lgica e que promoecotidianamente a!ossi-ilidadede uma tomada de consci'ncia rumo a trans"ormaes,#em como explicita a "alta de representatiidade e a pir-mide de poder inerentes lgicahegem)nica na qual a comunicao eio se constituindo.. Re*er/ncias "i0liogr*icasCOL01,;O, C.3ramsci$Lmestudoso#reseupensamentopol$tico. ,oaedioampliada. 7iodeKaneiro? Ciilizao +rasileira, =EEE.;*7@5W, D. Condio !s(moderna. >o Paulo? 5dies Noo Paulo, .A, n.=, p.=A=(=FE, 899F.^^^^^^^^^. Revisitando os Conceitos de Comunicao /o!ular, Alternativa e Comunit'ria. Dispon$el emhttp?aabbb.portcom.intercom.org.#rapd"sa==F::J:EF=U88EUJ8AFA=A::=GU:E8=GAEFUEAE.pd"*cessadoem : de !aneiro de 89=A.>OLM* 5 >1N@*, K.& +*7+O>*, K. N. Favela0 alegria e dor na cidade. 7io de Kaneiro? 5ditora >enac 7io,899U.

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