nossa roça nº 18: saberes da agroecologia em divino: a família de gaucirene

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nossa Roçanossa RoçaOutubro de 2009 - nº 18 Experiências da agricultura familiar da Zona da Mata de Minas Gerais

Saberes da Agroecologiaem DIVINO

A Família de GlaucireneDona Glaucirene, e seus três filhos moram na comunidade de Grumarim, município de

Divino. A agricultora se mudou para a comunidade assim que se casou, em 1976.Nesta época ela trabalhava de meeira com o seu marido.

Com muita luta, o casal foi juntando dinheiro até conseguir comprar um pedaço deterra com pouco mais que 1 hectare.

Com a morte do marido, Dona Glaucirene e suafamília passaram por um período de muitasdificuldades, principalmente porque os filhossofriam com problemas de saúde e necessitavamde cuidados. Aos poucos, contudo, as dificuldadesforam sendo superadas. Agora, todos os filhos deDona Glaucirene tocam serviço na propriedade,além de assumirem outros ofícios na cidade.Fernando, por exemplo, trabalha de motorista.

A propriedade é uma fita de terra, com grandecomprimento e pequena largura. A casa e o quintalocupam a parte da frente do terreno. Em seguida,há uma área central com pastos e açudes. E, nosfundos, a lavoura de café. No quintal, é grande adiversidade de plantas que se pode encontrar.Vimos uva, limão, angá, limão doce, goiaba,

laranja, banana e abacate. Mas o plantio de frutas éum pouco dificultado, pois o terreno tem baixaprofundidade de lençol freático. Para contornaresse problema, coloca-se, no berço de plantio, umapedra grande antes da muda. Deste modo, a raizpivotante será impedida de se desenvolver e deinduzir o crescimento de raízes mais superficiais.

Um outro desafio enfrentado na terra de DonaGlaucirene é o ataque constante de formigassaúvas, quém-quéns e lava-pés. A sugestãoapontada foi plantar batata doce e feijão guandunas proximidades, pois atraem para si as formigas eprotegem as plantas de interesse. Outro problemaé a criação de galinhas. As aves destroem tudo edesmotivam o plantio, dificultando, assim, oprocesso de ampliação da diversidade.

Diferente de hoje, a região antigamente tinha fartura de água, com muitasáreas de brejo e grandes atoleiros, mas aos poucos os terrenos foram

sendo drenados pelos vizinhos e contaminados com o veneno das lavouras

A horta da famíliaDona Glaucirene

Contato com a família: STR de Divino (32)3743-1544

telefax (31) 3892 2000e-mail: cta@ctazm.org.brhttp://www.ctazm.org.brViçosa - MG

Ministério doDesenvolvimento Agrário

Secretaria daAgricultura Familiar

Apoio:

Boletim produzido pelo CTA-ZMFotografia: Breno de Mello SilvaProgramção Visual: Oswaldo SantanaTexto: Vladimir Dayer e Eloah Monteiro

ASSOCIAÇÃOREGIONAL DOS

TRABALHADORESRURAIS DA ZONA

DA MATA - MG

tel: (32)3743-1544aregional@ig.com.br

Centro de TecnologiasAlternativas da Zona da Mata

A família de Dona Glaucirene, assim como alguns vizinhos, usaa água de um poço artesiano. De vez em quando, a família utilizao próprio poço para obter água. A falta de água já é umproblema na comunidade. A família precisa ainda se preocuparcom o veneno usado pelos vizinhos, que desemboca no poço econtamina a água.

A propriedade conta com um talhão, onde está plantada acana que é usada para o preparo de rapadura. Ao longo docaminho até a lavoura, podem ser vistos alguns pés de eucalipto,usados para o fornecimento de madeira. Há, ainda, uma área combananeiras, que fornecem frutos suficientes para as despesas dafamília, mas com pouco excedente. Tentou-se estabelecer um poçode criação de peixes, mas o ataque constante de lontras dificultoumuito.

A família mantém um total de 2 mil pés de café na propriedade,divididos em dois talhões. O talhão mais velho possui 900 pés comcerca de 28 anos e foi recepado uma vez. Dona Glaucirenetambém cultiva nas entrelinhas feijão e milho, que ajudam nadespesa e no trato dos animais. No meio da lavoura, foi observadotambém banana, mamão, cana, mandioca e goiaba. Na área coma lavoura mais nova plantou-se leguminosas e feijão-de-porco,para contribuir com a melhoria do solo. A adubação é feita com 6sacos de 20-5-20, anualmente, além de esterco e palhas de café efeijão. A lavoura tem poucas árvores, mas a família pôde observarque a peroba, em especial, é uma boa companheira para o café.

Dos produtos gerados na propriedade, apenas o café écomercializado. Um dos anseios da família é ampliar asplantações de cana e banana, além de diversificar mais apropriedade, para que consigam vender mais produtos. DonaGlaucirene recebe ainda uma pensão que ajuda nas despesas dafamília.

Refletimos um pouco também sobre a falta de cooperaçãoentre agricultores. Eles, muitas vezes, passam por dificuldadessem precisarem, passam por situações que poderiam serfacilmente resolvidas com a ajuda dos vizinhos. Nesse sentido, hátambém a necessidade de ampliar os trabalhos conjuntos, pois,através da ajuda mútua e da troca de favores, a vida de todospode melhorar.

Fernando desenhando o mapa

da propriedade da família

Grupo do intercâmbio

visitando a lavoura

Vista da propriedade

com a casa ao fundo

Vista da propriedade

com as divisas

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