nick hornby - crítica de seus livros

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“Nãoéjustoque cada um de nós tenha de compor pequenas aventuras para chegar na Globo ou no cinema grande“ 9 Museu de Arte Moderna – MAM Escola de Música - Ufba Escola de Dança – Ufba Av. Ademar de Barros, Ondina - 3283-6579 Instrumentos, canto e composição nos níveis iniciante e básico [requer noções prévias para leitura de partitura]. Novas turmas em dezembro. Taxa do semestre de R$ 200 a R$ 380. R. Basílio da Gama, s/n, Canela - 3283-7886 projetos contemplados Salvador

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8 | VESTIBULAR | SALVADOR, SEGUNDA-FEIRA, 4/8/2008 9| VESTIBULAR |SALVADOR, SEGUNDA-FEIRA, 4/8/2008

❛“Não é justo quecada um de nóstenha de comporpequenasaventuras parachegar na Globoou no cinemagrande“

Amós Heber, 24, formado emartes cênicas pela UniversidadeFederal da Bahia ❚

CAPA ❚ Visão dinâmica e empreendedorismo são táticas paradriblar mercado reduzido e dependência de editais

Ser ou nãoser artista?MIRELA PORTUGALm p o r t u g a l @ g r u p o a t a rd e . c o m . b r

Rafael Souza, 22, não se achamuito bom com as palavras. Porisso desistiu de uma carreira nojornalismo ou na psicologia eescolheu que suas mãos, oumelhor, os sons que elas tãohabilmente sabem costurar, fossemo foco das atenções. Foi assim nanoite de 15 de julho, quando opúblico aplaudiu de pé o seurecital de piano no auditório dareitoria da Universidade Federal daBahia [Ufba].

No repertório, Bach, Mozart eChopin. “A idéia é simples, chegare tocar. É questão de formação deplatéia”. Rafael veio de Sergipe em2006 para cursar instrumento naEscola de Música da Ufba [EMUS],e desde então, as oportunidadesde se apresentar como solista sãoiniciativas acadêmicas. “Não há

cultura de concertos“. As vagas naOrquestra Sinfônica da Bahia[Osba] e na Orquestra Sinfônica daUfba são poucas para atender osegressos da EMUS [há cadeiraspara, respectivamente, 70 e 25músicos ] levando os caminhos àdesviarem na licenciatura.”Invariavelmente, acabamoslecionando. Pianistas talentososque prometiam ser grandesconcertistas acabam assim, porquenão têm espaço para se destacar“.

FIM DO PRIMEIRO ATO – Conseguira primeira assinatura na carteirade trabalho é uma odisséia mesmopara as carreiras tradicionais. Noamplo campo das artes, onde otalento é mais decisivo que umcurrículo com estágios, noções deinformática e inglês, a situação éainda mais subjetiva. Acrescente odetalhe de que a profissão nãoprecisa de diploma [basta umcurso-livre fora da academia ou oauto-didatismo amador], e as coresdo quadro ficam mais dramáticas.

Essas condições quase fizeramAmós Heber, 24, formado em artescênicas pela Ufba, mudar deprofissão. Mesmo nos palcos, Amóssempre fez bicos paralelos, e nãoapenas por causa dos paishesitantes com um filho artista. ”Arentabilidade no teatro é muitovolúvel“. Hoje ele concursado noEstado e não se banca com suaarte, mas ainda tenta um adeusdefinitivo. ”Sempre que penso emparar aparece um convite legal “.

Filho de uma geração quecresceu espelhada em LosCatedrásticos, hoje Amós lamentapelo êxodo de talentos para osudeste, onde têm maiores chancesde reconhecimento. ”Tem genteboa que não devia precisar seaventurar para uma chance naGlobo ou no cinema“.

Ganhador do prêmio de melhor

ator no Festival do Rio 2007 e naMostra de São Paulo, por seupapel no filme Cinema, Aspirinas eUrubus, o baiano João Miguel, 38,faz coro. Na mesma estrada quelevou Wagners, Lázaros, Pittys eTom Zés, os louros vêm de fora.”São Paulo é uma das poucascidades que tem um público deteatro mesmo, fruto também daorganização da classe teatral. Omercado de Salvador é muitodifícil, apesar dos grandes atores".

TRAINEE – O ritmo não se alterano terreno da dança, com um funilapertado para as companhiasindependentes ou oficiais. O Balédo Teatro Castro Alves, principalnicho dos bailarinos nos anos 80 e90, só abrirá contratações em 2009.É nosso destino então colocar umMade In Bahia em nossos talentos

e exportá-los? O perigo de perderNielson Souza, 18, é grande. Obailarino acabou de voltar daEscola de Ballet do Bolshoi, emJoinville [SC], e já planeja ingressarno grupo Corpo, de BeloHorizonte. ”Temos de melhorar omercado. Por isso é importanteprojetos como o Balé Jovem deSalvador“. O balé, do qual Nielsonfaz parte, acolhe artistas de 18 a24 anos, recém-formados e comproblemas de inserção profissional.Funciona como uma espécie deportfólio ao vivo, e também querpopularizar a dança no interior daBahia com espetáculos e oficinas .Para Ana Karla Sampaio, uma dasidealizadoras do projeto, oproblema está na inexperiência.“Eles dançam nos grupos comeditais ou vão para bandas de axée forró. Projeto próprios, é difícil”.

O artista boêmio que morre defome já ficou no romantismo“Ser artista na Bahia, emBangladesh ou em Nova Iorque éigual. Desenvolver uma trajetóriacomo artista pode ter distinções.Porque, como qualquer outraprofissão, precisa haver estrutura,desenvolvimento e empenho”. Aspalavras são de Solange Farkas,diretora do Museu de ArteModerna da Bahia [MAM-BA].Solange é curadora de museusinternacionais e não partilha dodiagnóstico catastrófico do nossomercado profissional. “A arte virouum grande business. Estamos numperíodo transitório para melhor”.

Um dos fatores que apontampara essa avaliação positiva é ocrescimento do nicho doscolecionadores de arte. “Há poraqui colecionadores que compramuma exposição inteira. Isso é raromesmo no Sudeste, é algo a secomemorar”.

Para Solange, nossa produçãonasce em meio a uma defasagemestrutural do aparelho de arte,unida a uma boa dose de falta devisão individual. “Falta iniciativa einformação de que há coisasacontecendo aqui, sim. A interneté um ótimo lugar para expor suahabilidade, serve para inserção earticulação. O artista boêmio quemorre de fome ficou noromantismo e aqueles que têmpretensões artísticas devem ver suacarreira com dinamismo”.

Foi o caminho que DanilloBarata, 31, seguiu. Ainda durantea graduação de licenciatura em

desenho e plástica na Escola deBelas Artes, procurou cursos livrespara especializar-se, encontrou seucaminho no audiovisual eparticipou de workshops, mostrase exposições. ”É um mercadoestrangulado. Meu caminho deentrada foi usar a internet paraentrar em mostras internacionais.Foi importante também fazerconexões com artistas locais quepensavam como eu“.

Danillo, que é representante daBahia na Associação Nacional dePesquisadores em Artes Plásticas[ANPAP], acabou de voltar de umaresidência artística na VrijeAcademie da Holanda, e enxerga asaída para o impasse da artesustentável na reforma social.”Num país sem diferença de classese com serviços básicos acessíveis, émais fácil a arte se autonutrir ”.

NEGÓCIOS –- Não é só de galeriassilenciosas e fruição estéticakantiana que vive a arte. O artistasaiu da torre de marfim, arregaçouas mangas e dialogou com novaslinguagens. Elementos comodesign, decoração, moda eintervenções apontam atalhos eoportunidades para novatos ounovos caminhos para veteranos.

Com um olho noempreendedorismo, os artistasplásticos Cristiano Piton, 29, eKlaus Schuenemann, 33, formaramhá dois anos a Coringa SoluçõesArtísticas, cuja premissa é “sercoringa mesmo, aplicar nossosconhecimentos artísticos em todasas áreas”, explica Piton.

Os amigos fazem de cenário aeventos, mosaicos, oficinas, moldese o que mais pintar, tudo porencomenda. “Precisávamos de umretorno mais certo. E com isso eualimento minha necessidade deconstruir, lidar com o material. Ogrande lance é você saberdesenvolver as coisas que vocêgosta de fazer”.

Para Paulo Henrique Almeida,diretor de promoção cultural daSecretaria de Cultura do Estado,uma produção independente queconcretiza o seus próprios projetos,como a do Coringa, é o horizonteideal. ”Os editais são um avançopois garantem mais transparênciano acesso ao recurso público, maseles não substituem o mercado. Ofuturo da carreira artística está nasua independência do Estado“.

Balé Jovem de SSA capacita aspirantes da performance em dança e promove intercâmbio entre companhias

ANA KARLA SAMPAIO | DIVULGAÇÃODANILO BARATA | DIVULGAÇÃO | FONTES PARA ESTE INFOGRÁFICO: SECULT, PENAD E MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Cena do documentário Um Soco na Imagem [2007], de Danillo Barata, que é representante da Bahia na Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas [ANPAP]

* O Salão da Bahia é umcaminho para exportrabalhos de artecontemporânea sem anecessidade de estarvinculado à formaçãosuperior. Iniciativa daSecretaria de Cultura, a15ª edição do evento,que acontece este ano,inclui pintura,escultura, instalações,fotografia,performance e híbridos.

CURSOS LIVRES SÃO OPÇÃO PARA INICIANTES

Escola de Dança – UfbaTurmas do preparatório paravestibular, dança do ventre,flamenco, afro, dança de salão,forró e pilates abertas o ano inteiro.Mensalidades de R$ 45 a R$ 100.Av. Ademar de Barros, Ondina -3283-6579

Escola de Música - UfbaInstrumentos, canto e composiçãonos níveis iniciante e básico [requernoções prévias para leitura departitura]. Novas turmas emdezembro. Taxa do semestre deR$ 200 a R$ 380.R. Basílio da Gama, s/n, Canela -3283-7886

Museu de ArteModerna – MAMA novidade vem do MAM, que abreinscrições em agosto e setembropara o novo projeto Escola de ArtesVi s u a i s , que se desmembra naEscola de Arte, para crianças eadultos que querem se familiarizarcom universo das artes visuais, e nosCursos Livres, para aqueles que têminteresse em seguir a profissão deartista e pesquisar técnicas e teorias.Haverá também mini-cursos eworkshops com artistas, curadores,historiadores e críticos. Taxa ad e f i n i r.Av. Contorno, Solar do Unhão -3117-6141 / 3117-6139

Rafael Souza, 22,critica a ausênciade concertos

ARQUIVO PESSOAL

{APOIO}

23editais foramlançados em2007

155p ro j e t o scontemplados

2 mide reaisinvestidos

20 miserãoinvestidoseste ano

Rio de Janeiro

EMPREGOS GERADOS PELAINDÚSTRIA DAS ARTES

15,2%São Paulo

14,7%Salvador

3,6%

54.183ocupações sãopara as artes

400projetos em40 editais

4instituiçõeso f e re c e mgraduaçãoem artes naBahia

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