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MPEMinistério Público Eleitoral

Procuradoria

Regional Eleitoral

na Bahia

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ AUXILIAR DO TRIBUNAL REGIONAL

ELEITORAL DO ESTADO DA BAHIA

O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL, por sua Procuradoria

Regional, vem oferecer REPRESENTAÇÃO, com pedido de medida liminar, em

face de GEDDEL VIEIRA LIMA, brasileiro, Deputado Federal, com endereço funci-

onal na Praça dos Três Poderes, Câmara dos Deputados, Gabinete 612, Anexo IV, Bra-

sília, Distrito Federal, CEP: 70.160-900, pelos motivos adiante explicitados:

DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A partir de material colhido por esta Procuradoria Eleitoral, constatou-se,

mais uma vez, a realização de propaganda eleitoral antecipada da pretensa candidatura

do representado Geddel Vieira Lima para o pleito vindouro.

Com efeito, as várias fotos que seguem anexas - coligidas também em

mídia CD e que integram os autos do Procedimento Administrativo n. 08/2010, em

trâmite nesta Procuradoria Regional Eleitoral - revelam, à toda evidência, que o

representado continua a promover propaganda extemporânea, veiculada mediante

adesivos autocolantes, distribuídos ao público em geral, contendo a mensagem “Tô

com GEDDEL”.

Veja-se:

Ministério Público Eleitoral – Procuradoria Regional Eleitoral na Bahia

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Ministério Público Eleitoral – Procuradoria Regional Eleitoral na Bahia

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Ministério Público Eleitoral – Procuradoria Regional Eleitoral na Bahia

Malgrado já tenha sido condenado por prática idêntica – conforme

Representação n. 22-65.2010.6.05.0000/TRE/BA –, insiste o representado, com a sua

cruzada propagandística ilícita, em vilipendiar as normas eleitorais e utilizar do poder

econômico para difundir antecipadamente o seu nome como candidato ao Governo do

Estado.

Como visto, a conduta chegou a atingir aos domínios do Egrégio

Tribunal Regional Eleitoral, o que representa absoluta ausência de respeito a essa

Corte, que de forma tão diligente busca coibir práticas de tal natureza!

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Ministério Público Eleitoral – Procuradoria Regional Eleitoral na Bahia

Lamentavelmente, os elementos de prova demonstram que, no dia 17 de

junho de 2010, por volta das 18h, durante a Sessão Plenária, encontrava-se estacionado

no pátio em frente ao Prédio desse Tribunal, um automóvel modelo Corolla, placa

JRY-2050, com um adesivo contendo a aludida mensagem (“Tô com GEDDEL”).

Indaga-se: Se as dependências do Tribunal Regional Eleitoral são utilizadas

para a prática de propaganda antecipada, o que tem ocorrido nas demais localidades do

Município?

Na verdade, vislumbra-se que a difusão da publicidade ora impugnada

atingiu significativa amplitude, sendo possível identifica-la nos mais diversos bairros,

exatamente como se já houvesse iniciado o período de propaganda, em flagrante

prejuízo ao processo eleitoral.

São mais de 10 (dez) representações já ajuizadas pelo Parquet eleitoral

contra o representado. Na verdade, o grande número de representações em desfavor

do réu demonstra, além do forte poderio econômico destinado a financiar a

publicidade ilícita e as sanções dela advinda, o absoluto desprezo para com o mister

dessa Justiça Especializada, o que importa em reconhecer a subalternização das

Instituições republicanas e democráticas.

Como se aduziu em todas as outras representações já ajuizadas por esta

Procuradoria, malgrado não contemple pedido explícito de voto, certo é que a conduta

do representado revela-se, a toda evidência, instrumental e potencialmente

preordenada a alavancar pretensões políticas no prélio que ocorrerá no mês de

outubro do próximo ano, daí porque há de subsumir-se ao regramento estabelecido

para a propaganda eleitoral, ex vi legis.

Advirta-se que para estimular psicologicamente o consumidor, a

propaganda não necessita ser explícita, já que os anúncios mais eficazes não são

aqueles endereçados ao consumo consciente, mas sim os de mensagem implícita,

preordenada a agasalhar-se no subconsciente do consumidor.

Desta feita, o mecanismo psicológico da propaganda subliminar apresenta-

se mais insidioso que o das mensagens explícitas, ao atuar no inconsciente das pessoas

de forma aleivosa, sem que elas próprias percebam.

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Ministério Público Eleitoral – Procuradoria Regional Eleitoral na Bahia

Não subsiste, pois, qualquer dúvida acerca do preclaro objetivo eleitoral

contido na iniciativa perpetrada pelo representado, no sentido de lançar – de forma

deliberada, ostensiva e prematura – a candidatura de Geddel Vieira Lima ao governo

estadual nas próximas eleições.

A conduta ora narrada enseja, destarte, a cabível reprimenda no âmbito

eleitoral, diante da propaganda extemporânea que restou caracterizada.

Com efeito, o artigo 36 da Lei n. 9.504/97 dispõe que “a propaganda

eleitoral somente é permitida após o dia 5 de julho do ano da eleição”, e estabelece

no seu § 3º, sob a nova redação da Lei 12.034/2009, que:

A violação do disposto neste artigo sujeitará o responsável pela divulgação da propaganda e, quando comprovado o seu prévio conhecimento, o beneficiário à multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), ou ao equivalente ao custo da propaganda, se este for maior.

Mutatis mutandis, outro não é o entendimento de alguns Regionais e da

Corte Superior Eleitoral, conforme julgados adiante transcritos:

Propaganda eleitoral antecipada. Adesivo. Propriedade privada. Prévio conhecimento. Multa.

Adesivo que faz menção ao nome do recorrente fixado em proprie-dade privada. As circunstâncias do caso concreto demonstram o pré-vio conhecimento do recorrente a respeito de propaganda eleitoral ex-temporânea. Deve ser mantida a sentença que aplicou a multa em seu grau mínimo (artigo 36, § 3º, da lei nº 9.504/97). (TRE-RJ. Acórdão 34.721, 21/07/2008);

Recurso eleitoral. Propaganda extemporânea. Adesivos em veículos. Configuração. Sentença mantida. Multa à coligação afastada de ofício.

Configura propaganda extemporânea a afixação de adesivos em veícu-los, no período anterior a 06 de julho, com clara conotação eleitoral. (TRE-PR - RE-7200- 23/10/2008);

Recurso Eleitoral. Representação. Propaganda eleitoral extemporânea. Procedência. Preliminar de inconstitucionalidade da multa aplicada por afronta ao princípio da razoabilidade. Rejeitada. Norma legal edi-tada em sintonia com os princípios de ordem constitucional mormente o princípio da igualdade. Mérito.

Afixação de adesivos em carros, inclusive no próprio veículo do re-corrente, contendo divulgação antecipada de candidatura à reeleição.

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Ministério Público Eleitoral – Procuradoria Regional Eleitoral na Bahia

Destaque do nome e indicação inequívoca da intenção de voto. (TRE-MG – RE 2804/2004 – 12/08/2005);

A fim de verificar a existência de propaganda subliminar, com propó-sito eleitoral, não deve ser observado tão-somente o texto dessa propa-ganda, mas também outras circunstâncias, tais como imagens, fotogra-fias, meios, número e alcance da divulgação. Hipótese em que as cir-cunstâncias registradas no acórdão recorrido trazem clara mensagem de ação política, em que se destaca a aptidão do beneficiário da propa-ganda para exercício de função pública. (TSE-AC. 19.905 – 22.2.03);

Ato de propaganda eleitoral é aquele que leva ao conhecimento geral, embora de forma dissimulada, a candidatura, mesmo que apenas pos-tulada, e a ação política que se pretende desenvolver ou razões que in-duzam a concluir que o beneficiário é o mais apto ao exercício de fun-ção pública. (TSE-RESPE-26202);

É assente nesta Casa de Justiça que as circunstâncias e as peculiarida-des do caso concreto - custo da propaganda, local afixado, tamanho, entre outros - podem evidenciar o prévio conhecimento da propaganda (parágrafo único do art. 72 da Resolução nº 21.610/TSE). (TSE: AG-6788, 04/09/2007). (grifos nossos). (grifou-se).

DO PEDIDO DE MEDIDA LIMINAR

Ante a relevância dos fundamentos invocados na presente demanda, todos

associados à higidez do processo eleitoral, necessário que a ilicitude da reiterada

conduta perpetrada pelo réu, seja interrompida, em caráter urgente, sobretudo, não se

olvide, por se tratar de iniciativa que se constitui em verdadeira burla à legislação, ao

difundir, em época proibida, o nome de um eventual candidato, com o objetivo de

facilitar a sua receptividade durante o período de campanha eleitoral, além de acarretar

franca desvantagem aos demais concorrentes, que aguardam o período eleitoral

autorizado por lei para iniciar a divulgação de suas propagandas.

Desta forma, requer o Ministério Público Eleitoral a concessão de medida

liminar para determinar ao representado que providencie, imediatamente, a suspensão

de toda e qualquer distribuição de adesivos com o slogan em referência ou de

semelhante teor, sob pena de multa diária em valor a ser fixado pelo Juízo por

descumprimento.

DO PEDIDO PRINCIPAL E REQUERIMENTOS FINAIS7

Ministério Público Eleitoral – Procuradoria Regional Eleitoral na Bahia

Diante de todo o exposto, confirmada a medida liminar, a Procuradoria

Regional Eleitoral pede a condenação do réu ao pagamento da multa prevista no

artigo 36, § 3º, da Lei n. 9.504/97, cujo valor deve ser fixado levando em conta o

significativo alcance do meio utilizado.

Requer, ademais, a notificação do representado para oferecimento de

Defesa.

Pugna, ainda, seja conferida oportunidade para produção de prova

testemunhal e documental, se necessário.

Atribui-se à causa o valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais).

Salvador, 1º de julho de 2010.

SIDNEY PESSOA MADRUGAProcurador Regional Eleitoral

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