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Monumento à Mãe PretaEscultura de Julio Guerra

Largo Paissandu, São PauloPraça Anita Garibaldi, Campinas

Foto Gisele Almeida

Sexta MaravilhaSexta Maravilha20082008

Este é um trabalho acadêmico, resultado de pesquisas com objetivos e fins didáticos,

desenvolvido em estabelecimento de ensino, para ser apresentado em

estabelecimento de ensino. Na contramão do cortejo fúnebre da universidade, não

tem intuito de lucro, nem qualquer vínculo comercial.

Benjamin e O Narrador

Versão 2008Cliqu

e para mudar de

slide

“O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov” in Magia e técnica, arte e política. Obras Escolhidas vol. 1 (6ª edição), Editora Brasiliense, São Paulo, 1993, pp. 197-221.

Ou “O narrador: observações acerca da obra de Nicolau Leskow” in Walter Benjamin, Max Horkheimer, Theodor W. Adorno, Jürgen Habermas, Textos Escolhidos (2ª edição), Abril Cultural, São Paulo, 1983, pp. 57-74.

Texto original: 1936.

O TEXTO EM PAUTA

Nikolai Leskov, escritor e jornalista russo. Nasceu em Orjol, em 1831.Morreu em São Petersburgo, em 1895.

Walter Benjamin nasceu em

Berlim (1892) e morreu em

Port Bou (1940).

Descrever

Leskov como

narrador não

significa trazê-lo

para perto de

nós e sim

aumentar a

distância que

nos separa dele.

A experiência dessa

distância é a de que a

arte de narrar está em

vias de extinção.

Tudo acontece como se

estivéssemos privados

de uma faculdade que

nos parecia segura e

inalienável: a faculdade

de intercambiar

experiências.

Se “dar conselhos” parece

hoje algo antiquado, é porque

as experiências estão deixando

de ser comunicáveis. O

conselho tecido na malha viva

da existência tem um nome:

sabedoria.

A arte de narrar está

definhando porque a sabedoria

– o lado épico da verdade –

está em extinção.

Esse processo tem se

desenvolvido com a evolução

das forças produtivas.

O primeiro indício do

que vai culminar com a

morte da narrativa é o

surgimento do

romance no início do

período moderno.

Benjamin estudou em Berlín e na Turíngia. En 1918, defendeu sua tese em Berna: O conceito de crítica de arte no romantismo alemão.

A origem do romance é

o indivíduo isolado, que

não pode mais falar

exemplarmente sobre

suas preocupações,

que não recebe mais

conselhos, nem sabe

dá-los.

Na descrição da vida

humana, o romance leva

o incomensurável a seus

últimos limites.

O romance anuncia a

profunda perplexidade de

quem vive.

Se quiser ler um pouco mais, veja “Alguns temas de Baudelaire”

(publicado em 1939) e “Paris, capital do século XIX” (publicado em 1955).

O primeiro grande livro do

gênero,

Don Quixote,

mostra como a grandeza da alma,

a coragem e a generosidade de

um dos mais nobres heróis da

literatura são totalmente

refratárias ao conselho e não

contêm a menor centelha de

sabedoria.

Os primeiros

exemplares de

Don Quixote

saíram da

tipografia em

janeiro de 1605.

Com a consolidação da burguesia – da qual a

imprensa, no alto capitalismo, é um dos

instrumentos mais importantes – destacou-se

uma nova forma de comunicação.

Ela é tão estranha à narrativa como o romance,

mas é mais ameaçadora e provoca uma crise no

próprio romance. Essa nova forma de

comunicação é a informação.

Cada manhã, recebemos notícias de todo o

mundo, mas somos pobres em histórias

surpreendentes. Os fatos já chegam

acompanhados de explicações. Eles são

informação.

O texto mais conhecido de Benjamin é “A obra de arte

na época da sua reprodutibilidade técnica” (1936). São

também muito conhecidos: “Para a crítica da

violência” (1921), “O papel do tradutor” (1923) e “As

origens do drama barroco alemão (1928).

Metade da arte da

narrativa está em

evitar explicações.

O extraordinário, o

miraculoso são narrados

com a maior exatidão,

mas o contexto

psicológico da ação não

é imposto ao leitor.

Ele é livre para

interpretar a história.

Todo episódio

narrado atinge

uma plenitude que

não existe na

informação.

Com a ascensão de

Hitler, Benjamin

refugiou-se em Paris.

Com a ocupação da

França, tentou asilar-se

na Espanha, de onde iria

para os Estados Unidos.

A narrativa não está

interessada em

transmitir o “puro em si”

da coisa narrada, com se

fosse uma informação ou

um relatório.

Para Paul Valéry, as

coisas perfeitas que

encontramos na

natureza são produtos

preciosos de uma longa

cadeia de causas.

Antigamente, os homens – como os narradores – cultivavam essa paciência [para compreender longas cadeias de causas]. Os homens de hoje não cultivam o que não pode ser abreviado.

Paul Ambroise Valéry. Sète, 1871 – Paris, 1945.

Benjamin lembra Valéry:

O romance não é significativo por descrever

pedagogicamente o destino de uma vida,

mas o seu leitor procura personagens nos

quais possa ler o “sentido da vida”.

O que seduz o

leitor é a

esperança de

aquecer sua

vida gelada

com a morte

descrita no

romance.

O leitor

de um

romance

é um

solitário.

Persistem até hoje,

dúvidas sobre como

ele morreu. Versão

mais difundida:

ameaçado de ser

entregue aos nazistas

pela polícia

espanhola, ele teria

se suicidado em um

vilarejo da fronteira.

Trechos de

Jeanne Marie Gagnebin, “Prefácio: Benjamin ou a história aberta” In Magia e técnica, arte e política. Obras Escolhidas vol. 1 (6ª edição),Editora Brasiliense, São Paulo, 1993, p. 7-19.

Nos textos fundamentais dos anos 30, Benjamin retoma a questão da “Experiência”, no capitalismo moderno: o fortalecimento da “Erlebnis” – experiência característica do indivíduo solitário – em detrimento da experiência anteriormente vivida, a “Erfahrung”.

“O depauperamento da arte de contar parte (...) do declínio de uma tradição e de uma memória comuns, que garantiram a existência de uma experiência coletiva, ligada a um trabalho e um tempo partilhados, em um mesmo universo de prática e linguagem.”

“A degradação da “Erfahrung” descreve o mesmo processo de fragmentação e secularização que Benjamin, na mesma época, analisa como a “perda da aura” em seu célebre ensaio sobre ‘A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica’”

“No momento em que a experiência coletiva se perde, em que a tradição comum já não oferece nenhuma base segura, outras formas narrativas tornam-se predominantes. Benjamin cita o romance e a informação jornalística. Os dois têm em comum a necessidade de encontrar uma explicação para o acontecimento real ou ficcional.”

“Enquanto a narrativa antiga se caracterizava por sua abertura, o romance clássico, em sua necessidade de resolver a questão do significado da existência, visa a conclusão.

Essa oposição, desenvolvida em “O Narrador”, é entretanto recolocada em causa no romance contemporâneo, como o próprio Benjamin vai demonstrar em seus ensaios literários. Selecionarei aqui dois exemplos privilegiados desse não-acabamento, os de Proust e Kafka.

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