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VIVER BEM NO SEMIÁRIDO

Apresentação

Cartilha 2º ao 5º ano.

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O Agrinho é um programa de responsabilidade social que, há mais de uma década, leva às escolas públicas rurais cearenses dos municí-pios participantes, uma proposta pedagógica baseada na interdiscipli-naridade e na pedagogia da pesquisa.

Neste ano, é com muita satisfação e entusiasmo que o sistema FAEC/SENAR/SINRURAL traz uma proposta inovadora para trabalhar com crianças, adolescentes e jovens das regiões semiáridas, produzindo a coleção Agrinho - “Viver bem no Semiárido”, composta do Manual do Professor, do Guia de Atividades, das cartilhas do 2º ao 5º ano e do 6º ao 9º ano, com a ideia de trabalhar o supracitado tema nas escolas, com os alunos do ensino fundamental, visando a formar futuros produtores rurais mais conscientes das características físicas do espaço em que vivem.

Aproveitamos, também, a oportunidade para agradecer a pessoa doprofessor, pelo belíssimo trabalho realizado, pois, sem a sua partici-pação jamais teríamos construído esta história de sucesso.

Cientes da missão e do compromisso ético de formar indivíduos conscientes e críticos para a transformação da sua realidade, apresen-tamos esta coleção, desejando a todos boa leitura, muitas reflexões e ações que, efetivamente, contribuam para o desenvolvimento rural.

Flávio Viriato de Saboya NetoPresidente do Conselho Administrativo do SENAR.

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VIVER BEM NO SEMIÁRIDO

Cartilha 2º ao 5º ano.

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VIVER BEM NO SEMIÁRIDO

Cartilha 2º ao 5º ano.

C omo é gostoso amanhecer no sertão!O cheiro da terra molhada pela chuva da madrugada; agora, o que era vegetação seca

e sem folhas, já se apresenta verdinha, certa de seu lugar naquele solo! Embora, há bem pouco tempo, estivesse seco e árido!

O canto do Galo Campina de cabeça vermelha invadia a casa, sinalizando os movi-mentos na cozinha, apesar de tão cedo.

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VIVER BEM NO SEMIÁRIDO

Cartilha 2º ao 5º ano.

- “O sertão é mágico”!!! – diz Juca, o pai de Agrinho já, no alpendre da cozinha, olhan-do os serrotes ao redor da casa. – “Lá em cima, ainda, está seco, mas basta dá só mais uma chuvinha, e tudo fica verde”!

- “Mágico mesmo...” – fala Agrinho sentado na rede, pouco depois de acordar. Era ja-neiro, as primeiras chuvas já começavam a cair, Agrinho lembrava que, há pouco mais de um mês, em novembro, ainda, o sol forte escaldava o solo de terra seca e pedras... Onde o vento seco e quente, que não refresca, levantava a poeira no terreiro de casa. Árvo-res com seus galhos secos e espinhos completavam a paisagem “daquele sertão de meu Deus”! – como falava sua mãe.

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VIVER BEM NO SEMIÁRIDO

Cartilha 2º ao 5º ano.

udo ao redor esverdeava! As árvores, relativamente baixas, com troncos finos e retorcidos, revertidos de folhas verdes em várias tonalidades, enchiam o olhar de Agri-nho; neste momento, sentado à mesa com a família, tomando café. Ao redor da casa, havia um jardim em que, antes, era tudo, aparentemente, sem vida e sem cor; agora, se apresentavam o mandacaru florido, o juazeiro em frente de casa e a aroeira ladeada por um umbuzeiro...

Observando aquele jardim, que a própria natureza formara, acabava de tomar o café, após um copo de leite da cabra canindé, pensativo sobre as mudanças que aquela paisa-gem sofrera e a felicidade que sentia em estar naquele lugar!

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VIVER BEM NO SEMIÁRIDO

Cartilha 2º ao 5º ano.

- Aqui, o clima sempre é bom, embora seja quente durante o dia, porém agradável à noite, a partir da chegada do vento aracati... que entra no sertão adentro. O problema é não chover... quando não chove, o homem nordestino e sua família sofrem muito, pois, não se preparam para o período de seca - comenta a mãe de Agrinho.

- Filho – diz o pai de Agrinho – o homem sertanejo só parece seco e árido... como o solo em que vive, mas surpreende a todos com sua criatividade, seja na adaptação dos re-cursos naturais à sua sobrevivência, seja na arte de curtume para confecção da roupa de vaqueiro, chamada Gibão, usada quando o vaqueiro, em surpreendente agilidade, monta em seu cavalo a fim de pegar o gado fujão no meio da Caatinga!

- Pai, minha mãe falou que, no passado, durante o período da falta de chuvas, o ser-tanejo passava grande dificuldade para conseguir água para beber e manter a criação. É verdade? - Pergunta Aninha.

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VIVER BEM NO SEMIÁRIDO

Cartilha 2º ao 5º ano.

pós o café da manhã, o avô de agrinho e Nando, foram para debaixo do juazei-ro, amontoar lenha para cozinhar. Seu pai e Agrinho foram ajudá-lo a amontoar. Aninha os acompanhava e lá recebe a resposta do pai.

- Esse solo, cheio de pedras, não armazena água, elas descem até o subsolo, mas gran-de parte dela se evapora com a “quintura” daqui! Para evitar perder água para o uso, como a da chuva, construímos a cisterna. – diz, apontando a construção de forma arre-dondada, caiada de branco, disposta ao lado da casa.

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VIVER BEM NO SEMIÁRIDO

Cartilha 2º ao 5º ano.

- Pai, essa água serve para beber e cozinhar. E a água do banho da gente, da onde vem? – pergunta Aninha, enquanto o pai e Agrinho terminam de ajudar o avô amontoar a lenha.

- Aqui em casa, no terreno, foi perfurado um poço, mas, como sua vida útil é de 20 anos, em média, foi preciso cavar uma cacimba mais lá perto da baixa, onde está plan-tado o canavial. Ela está situada perto do barreiro, não temos certeza da pureza da água, por isso a usamos para essas necessidades da casa, que não seja para beber nem cozinhar - responde o pai, para o Agrinho e para a Aninha, apontando com a mão o lugar onde estava situada a cacimba recém-construída.

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VIVER BEM NO SEMIÁRIDO

Cartilha 2º ao 5º ano.

- Pai, eu e Nando vamos andar pelo terreno; perto da hora do almoço, estaremos aqui de volta, certo? – diz Agrinho, esperando seu consentimento.

-Tenham como companheiro o “cuidado” – responde o pai carregando um fardo de lenha a caminho da cozinha da casa.

Nesse momento, arrebanhando um grupo de ovelhas até o pasto, situado logo após o terreiro, entre a casa e o juazeiro, segue Sabiá que, com o Agrinho, ajuda nas tarefas com a criação dos animais. É filho de um compadre da família, rapaz esperto e ágil, que adora imitar passarinhos e identificar os bichos do semiárido

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VIVER BEM NO SEMIÁRIDO

Cartilha 2º ao 5º ano.

grinho e Nando correm até ele!-Olá, Sabiá! Que novidade você tem para contar? Que passarinho tem encontrado por

aí? Imita um... para a gente ouvir e identificá-lo!Sabiá rir e abraça os dois. – Sim, os passarinhos! – continuou falando – vi um golinha fazendo ninho atrás da

casa, depois vamos vê-lo lá, certo? e, vindo para cá, vi, lá na cerca do curral, anuns em-poleirados... debaixo do “solzão” de meu Deus! – Agrinho, você se lembra daquele pássa-ro que atacou os pintinhos no terreiro?

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VIVER BEM NO SEMIÁRIDO

Cartilha 2º ao 5º ano.

- Sim!!!! Que vovô chama de Carcará!!! Lembro sim, ô bicho medonho! Você não teve medo dele não? E se ele viesse para cima de você?

- Para cima de mim, não!!! – sorria alto Sabiá – se ele viesse, eu pegava ele! – conti-nuou sorrindo demonstrando coragem. – Aquilo é gavião que ataca pinto, mas come, também, outros pequenos animais. Alimenta-se de tudo que pode pegar...

- Eu é quem o pegava! Aí queria vê-lo tentando atacar as galinhas e os pintinhos que avó cria! – disse Nando, agarrando uma mão à outra, como se estivesse agarrando o pró-prio bicho.

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VIVER BEM NO SEMIÁRIDO

Cartilha 2º ao 5º ano.

Enquanto estavam conversando, caminharam para baixo de uma cajazeira e começa-ram a jogar pedras para ver quem jogava mais longe.

- Ganhei! Quero ver se vocês conseguem jogar perto daqueles xiquexiques que estão ali – disse Sabiá, apontando o cacto que nascera próximo a um lajeiro, onde, também, continha mandacaru e pau-branco, agora todo florido.

- Eu lanço mais longe, olha... – diz Agrinho ao arremessar a pedra além do lajeiro e correndo para ver onde havia parado, e Sabiá o seguiu.

Ao passar pelo lajeiro, avistou, em cima da pedra, um calango observando a ação dos garotos. Agrinho e Nando quiseram subir a pedra para pegar o calango, mas Sabiá aler-tou-os:

- Tem cuidado... que, em lajeiro, se esconde cobra!

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VIVER BEM NO SEMIÁRIDO

Cartilha 2º ao 5º ano.

grinho e Nando pararam. E Sabiá continuou.- Encontrei uma cascavel semana passada aqui, entre essas rachaduras, ô bicho de bo-

tar medo na gente! Elas ficam nessas frestas do lajeiro, perto das raízes das plantas.- Aquela que vovó achou no terreiro, atrás da cozinha, você lembra Sabiá? – diz Agri-

nho.- A papa-ova. Sim, lembro. Aquela só assusta, mas em cobra ninguém deve confiar-se!- Cadê? Tu achou a tua pedra? – disse Sabiá para Nando.- Deixa ela aí... sou eu que não vou disputar com cobra! – os três saíram rindo a cami-

nho do rio.

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Cartilha 2º ao 5º ano.

- E os passarinhos, Sabiá? cadê? – insistiu Agrinho.- Agrinho, por aqui não é só passarinho que tem. Pode parecer absurdo, mas, apesar

de quente e de pouca água, a caatinga tem muito bicho interessante. E quando começa a chover, como agora... eita! É tanto bicho aparecendo! Teu avô, outro dia, topou com um jabuti perto das ingazeiras, lá do alto da estrada, não sei como não foi atropelado – con-versava olhando as nuvens preparadas no céu para chover.

- Sim, e cadê esse jabuti que vovô nem me falou?

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VIVER BEM NO SEMIÁRIDO

Cartilha 2º ao 5º ano.

- Ah Agrinho... aquele bicho não dá para você ter em casa, ele é do mato, precisa do mato para viver! Todos os animais deviam estar livres para ser admirados, eu – continua Sabiá – defendo que os pássaros sejam livres, gosto de vê-los na natureza, aprecio seu canto, vejo seu voo e suas cores, mas prendê-los é uma judiação!

- Sabiá, você tem apelido de pássaro, de um pássaro daqui! – diz Agrinho.- Só de pássaro não, Sabiá também é o nome de uma espécie de planta da caatinga –

diz Sabiá com todo orgulho!- Ô solzinho quente... O tempo tá bonito para chover, mas nem sinal de um arzinho

que dê frescura! – reclama Agrinho.

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VIVER BEM NO SEMIÁRIDO

Cartilha 2º ao 5º ano.

Sabiá corre para arrebanhar as ovelhas e levá-las à beira do rio para beberem água. Com um sinal, chama Agrinho e Nando, que o segue tangendo as ovelhas que ficaram para trás.

Ao chegar à beira do rio, Sabiá tira a camisa e entra n’água, sem pestanejar. Agrinho fica de cócoras sobre uma pedra e, molhando apenas os dedos das mãos, diz:

- Eu sei não... Tá tão cheio, essas chuvas fazem subir o nível da água. Nem parece o mesmo rio do período de estiagem, que nem bem dá para o gado beber água. Vou entrar não!

- Sabiá insiste: – Agrinho, vamos pegar uns piaus e umas traíras? – eu tenho, dentro do bolso da ca-

misa, anzol e linha. Nunca se sabe quando vai ter peixe ou não, então já ando preparado!

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VIVER BEM NO SEMIÁRIDO

Cartilha 2º ao 5º ano.

- Sabiá, esse rio é fonte de muitas riquezas para esse povo que mora por aqui – fala Agrinho quase sussurrando para não espantar os peixes.

- Sabiá! – diz Agrinho de cabeça baixa, tentando reconhecer um peixe que passara – do rio tira-se o alimento, irriga-se a terra para o plantio, dá-se água ao gado e às ovelhas, banha-se a gente, de um tudo o rio nos dá. Mas, com o passar dos tempos, até os rios estão secando. É preciso protegê-los daquilo que possa destruí-los.

- Sabiá, na escola, também, já ouvi a professora falar sobre a poluição dos rios, isto é, os dejetos, as sujeiras que os homens descarregam neles, e é uma pena que, aqui no ser-tão, tão longe e protegido, tenha dessas coisas.

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VIVER BEM NO SEMIÁRIDO

Cartilha 2º ao 5º ano.

Agrinho desafia Sabiá:- Mas nem na cidadezinha aqui perto você moraria? – diz Agrinho.- Nem na vila, você sabe que minha casa fica lá no alto, depois da rodagem, sozinha

no sertão de Deus, eu e minha família aprendemos o que sabemos na escola da vila, mas, para morar mesmo, só presta aqui – diz Sabiá certo do que sentia.

- É bonito ouvir você falar assim - diz Agrinho... - gostar daqui, viver aqui, defenden-do nosso Sertão!

- Melhor seria, Sabiá, se o desmatamento não acontecesse, se os animais fossem res-peitados e se do semiárido fosse mostrado o que tem de melhor – levantou-se Agrinho para mudar de posição, quando... – Óia! Puxou! Você sentiu? Você viu? Puxou a linha! Eita! pega, pega, pega, pega o piau! – grita Sabiá, alegre, por Agrinho ter pescado um peixe.

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VIVER BEM NO SEMIÁRIDO

Cartilha 2º ao 5º ano.

- É ... hoje, a pescaria foi Traíra... amanhã vamos ter mais sorte e pegar Curimatã! Va-mos voltar meninos? O sol já vai alto, a fome aumenta, e as ovelhas têm que sombrear e descansar um pouco – disse Sabiá.

Agrinho, Nando e Sabiá seguem de volta até o terreiro da casa dos avós de Agrinho, onde, no alpendre, estão, à espera deles, o pai e a irmã Aninha, para almoçar. Agrinho corre com a Traíra pendurada em um cipó, mostrando-a aos familiares. Seu pai recebe com sorriso e diz:

- Agrinho, vocês foram longe, hein... até o rio! Sabiá, como foi, a manhã desses dois? Vejo que vocês se divertiram!!!

Sabiá, responde:- Agrinho foi quem me levou até aonde fomos, ele ia falando sobre o desmatamento

que a Caatinga tem sofrido! – respondeu Sabiá.

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Cartilha 2º ao 5º ano.

- Sentados à mesa para o almoço, Agrinho e Nando fazem um relato dos acontecimen-tos da manhã.

Aninha, atenta ao irmão, pergunta:- O sertão pode acabar?- Como acabar, Aninha, o sertão não acaba!!!! – responde Agrinho.- Agrinho, o que Aninha quer dizer é o que poderia destruir ou como o sertão seria

destruído – fala o pai de Agrinho, senhor Juca.- Sim... o que ameaça o sertão, certo? – diz Agrinho, entendendo a pergunta.- É, Agrinho – diz Aninha.

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- Bom, o próprio homem que vive no sertão vem contribuindo com a destruição dele, por não saber utilizar os recursos naturais e respeitar a natureza e, que, apesar de adver-sa, é rica. A falta d´água contribui para que todos aqueles que habítam esse ambiente em que estamos, a caatinga, fiquem adaptados a ela, mas, para sabermos viver com pouca água, é preciso saber armazená-la, como conversamos pela manhã. É preciso, para culti-var milho, feijão e mandioca, saber manejar a terra e evitar o desmatamento; o homem do sertão pouco entende da fragilidade da Caatinga, ela tem aparência forte e árida, mas é frágil por causa dos desmatamentos sem manejo, ela poderá tornar-se um deserto.

Mesmo que, para combater a seca, tenham sido construídos açudes que abastecem de água cidades e vilas para os homens usá-la, com os animais e em suas lavouras, isso não garante a preservação da caatinga, se o homem não for orientado corretamente.

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Cartilha 2º ao 5º ano.

grinho e Nando ouviam, atentamente, a seu pai. Buscavam entender o modo viver bem no semiárido, assim como o problema da contaminação das águas pelo uso inadequado dos defensivos agrícolas, e como cada agricultor deve tornar-se um defensor da natureza, evitando queimadas e conhecendo o manejo sustentável da caatinga.

Terminado o almoço, Aninha, a mãe e a Avó fazem a limpeza dos pratos, enquanto o pai e o avô de Agrinho continuam a conversa sobre o Manejo Sustentável da Caatinga, baseando-se na Cartilha do SENAR que falava sobre esse assunto e que havia sido trazi-do da cidade pelo pai de Agrinho.

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Cartilha 2º ao 5º ano.

- Bom, o manejo florestal sustentável da caatinga é uma forma de exploração que garan-te sua recuperação, regeneração, recomposição e proteção dos bichos, visando lucro. Como aqui existe a extração de lenha para vender, é preciso saber o que se pode transformar em lenha e o que não pode. O manejo pode ser o uso da floresta e do pasto denominada sil-vopastoril, também, esse que o senhor já faz aqui, com a criação das ovelhas e o manejo de uso múltiplo, que combina produtos madeireiros e atividades agrícolas e pastoris.

- Pai, o senhor falou sobre desertificação, quando a gente estava almoçando... o que é isso? – indagou Agrinho.

- É a diminuição ou destruição da vida na terra que pode nos levar a condições seme-lhantes aos desertos. Seja pelas queimadas, pela erosão, pela poluição dos rios, seja pelo desmatamento desordenado para fins agrícolas e pastoris. – fala o pai de Agrinho lendo um artigo da Cartilha do SENAR.

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ontinuando a conversa com toda a família no alpendre, senhor Juca diz:- Sabe, não sou doutor, o que sei é o que vivo aqui e um pouco do que aprendi na es-

cola, mas sei que somos felizes e fortes, enfrentamos secas que até Deus duvida; a falta de esperança tenta derrubar o sertanejo, como meu pai, que é vaqueiro, mas ele também diz que, no semiárido, podemos conviver sem agressões.

- Sim, é verdade – participa Agrinho – na escola eu pude conhecer as manifestações culturais de nossa região, ouvi falar que é possível até fazer turismo no meio desse sertão de meu Deus!

- Ah sim!!!!! Esta região é rica em biodiversidade! Que todos nós precisamos conhecer para não agredi-la nem destrui-la – explica o pai de Agrinho.

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erto do entardecer, com os animais em seus cochos, as galinhas empoleirando-se na ingazeira, por entre a vegetação, espia-se a corrida de um mocó, estão todos à espera do pôr-do-sol, o vento brando já, refresca o alpendre onde, sentada num tapete de reta-lhos, com uma almofada alfinetada de espinho do mandacaru e bilros pendurados, a avó de Agrinho tece renda. Sua mãe e Aninha encaminham-se à cozinha para fazer o jantar; Agrinho vê o que o cerca: a família, a natureza... e o lindo pôr do sol do semiárido.

Quanto foi aprendido naquele dia e quanto mais se pode aprender, ao visitar o lajeiro novamente, procurar por passarinhos, alimentar as ovelhas, pescar os peixes e banhar-se no riozinho, aproveitando a riqueza da caatinga! – pensa Agrinho.

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