metodologia cientÍfica - estudos observacionais
Post on 27-Oct-2021
10 Views
Preview:
TRANSCRIPT
METODOLOGIA CIENTÍFICA -
ESTUDOS OBSERVACIONAIS
2021
Gabriella Berwig Möller
OBSERVACIONAISESTUDOS
Retomando...
Experimentais Observacionais
O pesquisador intervém
no participante e faz
observações (manipulação
de variáveis)
Pode-se estabelecer
relação causa-efeito
O pesquisador apenas faz
observações sem intervir
nos participantes (não há
manipulação de variáveis)
Estabelecem-se
associações, mas não
causa-efeito
Estudos observacionais
A natureza determina o seu curso:
o investigador mede, mas não intervém
Só observo
Estudos observacionais
DESFECHOEXPOSIÇÃO
EFEITOCAUSA
Estudos observacionais
ASSOCIAÇÃO CONCOMITANTE
A ocorrência de uma doença em pessoas expostas a um fator específico é maior (ou menor) do que
em pessoas não expostas a esse fator?
Quais são os critérios
para julgar
casualidade???
Quanto + forte uma
associação, > será a
possibilidade de se tratar de
uma relação causal
Estudos observacionais
Data sources: National Vital Statistics Reports and U.S. Department of Agriculture
A presença de uma associação estatística não significa necessariamente
uma associação causal
Correlação: 99.26% (r=0.992558)
Estudos observacionais
Tipos de estudos
Sem controle
• Relato de caso
• Série de caso
COM controle
• Coorte
• Caso-Controle
• Transversal
Relato de caso e Série de Caso
O QUE
É?
Uma descrição detalhada de um caso
clínico
~ 3 a 10 casos
Parente, et al. Relatos e Série de Casos na Era da Medicina Baseada em Evidência. Brazilian Journal of Videoendoscopic Surgery, 2010 - 3 (2)
Não mais que 3 casos
RELATO DE CASO
SÉRIE DE CASOS
O QUE
É?
Relato de caso e Série de Caso
Relato de caso e Série de Caso
Bom relato de
caso deve ter 5
características1
Uma questão relevante como tema
Uma questão claramente definida para ser respondida, ser
único e interessante
Uma apresentação que siga um roteiro de critérios rígidos
Escrita compatível com o jornal escolhido para publicação
Apresentar conclusões e respostas compatíveis com as
limitações de um relato de caso
1Jenicek M. Clinical case reports and case series research in evaluating surgery. Med Sci Monit, 2008; 14(10): RA149-162.
Relato de caso e Série de Caso
Os relatos de casos foram, durante
muito tempo, a única base de
informações científicas da medicina
São, ainda hoje, integrantes importantes das
publicações médicas e continuam a serem
publicados em vários importantes periódicos
como Lancet e New England
Grande importância no estudo de
doenças raras
Praticamente impossível a compilação de
vários casos de pacientes em um único estudo
Terapêuticas são avaliadas quanto ao sucesso e ao
fracasso em um único indivíduo e estes “erros e
acertos” são apreendidos para um próximo caso
Relato de Caso e Série de CasoPor que?
1860
Endometriose foi primeiramente
descrita por Rokitansky1
011935
Stein e Leventhaldescreveram a síndrome do
ovário policístico2
022009
A etiologia da metaplasia óssea endometrial foi
descrita em 2009 num estudo de série de casos3
03
1V
on
Ro
kita
nsk
yC
.,1
86
0;
Stei
n IF
, 19
35
; Par
ente
RC
, 20
09
Ex
emp
lo
Relato de Caso e Série de Caso
TALIDOMIDA que foi liberada para o tratamento de
enjoo em grávidas
Com um relato de caso inicial4 e, depois com vários
outros, foi comprovado que era teratogênica e, com
isto, retirada do mercado
4Joki T, Vaananen I. Thalidomide and embryopathies. Report of 2 cases. Duodecim 1962;78:822-7.
Os relatos de casos podem ser o alarme
inicial para efeitos colaterais não vistos
em ensaios com animais e humanos
Nível de Evidência
Nível de Evidência
Coorte
É um estudo observacional onde os
indivíduos são classificados (ou
selecionados) segundo o status de
exposição
Coorte
RETROSPECTIVO
PROSPECTIVO O desfecho (doença)
AINDA NÃO ocorreu
Estudo inicia a partir
do desfecho (doença)
Coorte
Coorte Os participantes são seguidos
para avaliar a INCIDÊNCIA da
doença em determinado período
de tempo
Coorte
Também chamado de longitudinais ou de incidência
Os estudos de coorte também podem ser
utilizados para avaliar os riscos e benefícios
do uso de determinada medicação
RISCO
Coorte
OBJETIVO
Ver o surgimento de novos casos de doença (ou
outro desfecho) entre os grupos, conforme a
presença ou não de exposição
Por
que?
Coorte
Fornecem a melhor informação sobre a ETIOLOGIA
das doenças e a medida mais direta do risco de
desenvolvê-la
Estudos de coorte são bastante caros
porque podem requerer longos
períodos de acompanhamento
Coorte
Sobre o SISTEMA CARDIOVASCULAR a decorrer desde 1948
5209 indivíduos adultos
Já está 3º geração de participantes
Até este estudo, praticamente nada
se sabia sobre a epidemiologia das
doenças hipertensas ou
cardiovasculares
Influência da dieta, exercício
físico e de medicamentos como a aspirina
teve por base este estudo
1,200 artigos publicados
https://framinghamheartstudy.org/
Coorte
Coorte de 1982, o estudo baseia-se no acompanhamento,
desde o momento do parto, de todos os recém-nascidos
de Pelotas (RS) naquele ano, que totalizaram 5.914 crianças
Esta população passou, então, a ser acompanhada desde o
início da vida até o presente, através de visitas realizadas
em diversos momentosMortalidade infantil, amamentação,
cesarianas, desnutrição e obesidade
Coorte de 1993 seguiu os mesmos
critérios da 1º coorte, com a
metodologia bem + complexa
• Total de
5249
pessoas
Coorte de 2004 os pesquisadores
queriam conhecer a história
natural das populações e descobrir
o que muda com o tempo• Total de 4231 pessoas
Ao todo são 15 mil pessoas, de 3
gerações distintas, acompanhadas
desde o nascimento
+ de 500 artigos científicos
publicados
Coorte Estudos de coorte histórica / RETROSPECTIVO
As pessoas são identificadas a partir de registros de exposição no
passado
Os custos podem ser ocasionalmente reduzidos utilizando-se
uma coorte histórica
EXPOSTO
NÃO EXPOSTO
Retrospectivo
Coorte
O que se
calcula no
estudo de
coorte?
Incidência da doença em cada grupo,
ou como proporção de incidência ou
como taxa de incidência
Isso deve ser feito levando-se em conta o tempo em que cada
participante foi seguido no estudo, dando como resultado para cada
indivíduo um valor de pessoa - tempo
CoorteRisco Relativo (RR)
Assim que determinamos a incidência da
doença em cada coorte, podemos
comparar essas incidências
O RR é definido como a incidência
(proporção ou taxa) em uma coorte
dividida pela incidência na coorte de
referência
O que se
calcula no
estudo de
coorte?
Coorte
O que se
calcula no
estudo de
coorte?
O risco relativo também pode ser expresso utilizando os
fumantes como a coorte de referência: RR = 0,67 (comparação
entre os não fumantes e fumantes)
82,6 falhas por1000 pessoas-ano fumantes
55,3 falhas por1000 pessoas-ano ñ fumantes
RR = 1,49 (comparação entre fumantes com não fumantes)
Kaplan-Meier
• Estudar o tempo desde uminstante inicial até a ocorrênciade um evento (falha)
• Uma distribuição desobrevivência permite estimar otempo de sobrevivência alémde determinados momentos notempo
Kaplan-Meier
Estudar o tempo de sobrevida de um paciente a
partir de um instante inicial, por exemplo, após o
primeiro AVC
Qual a prob. de sobreviver 1 ano, 2 anos pós AVC?
O que
queremos saber?
O tempo médio de vida após um AVC
para homens, mulheres, dependendo do
tipo de AVC
Kaplan-MeierObservações censuradas:
Esses dados geralmente
são identificados por
uma estrela, asterisco
ou símbolo +
O evento ainda não ocorreu
O sujeito deixou de ser acompanhado
Foram feitas outras intervenções
O evento ocorreu (morte), mas por causas que não relacionadas
ao estudo
Outro objetivo desse teste é comparar a
eficácia de 2 ou + tipos de tratamento
Determinar se um medicamento ou protocolo é eficaz na taxa de
sobrevivência dos doentes e se é mais eficaz que outro medicamento
Determinar se o tempo que decorre até o aparecimento de uma
doença difere do tipo de estilo de vida, da sua idade, entre outros
Kaplan-Meier
No 1º vai ser o tipo de medicamento
usado →
Comparar a distribuição da sobrevivência
entre medicamentos e determinar se sua
eficácia é igual
No 2º, com o estilo de vida, poderia ter 3 grupos:
sedentários, fisicamente ativos e atletas
O teste indicaria se as distribuições de
sobrevivências são diferentes para cada estilo de
vida
Kaplan-Meier
https://insight.jci.org/articles/view/139024/figure/3
• Estudo retrospectivo - Coorte
• 1018 pacientes com COVID-19 em 2 centros
• OBJ: Associados entre fatores imunológicos
com a morte hospitalar em pacientes com
COVID-19
Abril, 2020
grupo I (IL-6 ≤20 pg / mL e células T CD8 + ≥165 células / μL)grupo II (IL-6> 20 pg / mL e células T CD8 + ≥165 células / μL)grupo III (IL-6 ≤20 pg / mL e células T CD8 + <165 células / μL)grupo IV (IL-6> 20 pg / mL e células T CD8 + <165 células / μL)
Ensaio clínico de fase 3 randomizado,
duplo-cego, controlado por placebo
com CoronaVac entre profissionais de
saúde saudáveis em 16 centros no
Brasil
2 doses de vacina (3 μg em 0,5 mL)
ou placebo nos dias 0 e 14
Eficácia da vacina contra casosde COVID-19 após a 1ª dose e ascurvas de incidência cumulativade Kaplan-Meier
(A)As curvas de incidênciacumulativa de Kaplan-Meier
de casos de Covid-19 sintomáticos após a primeira
dose de vacinação
Nível de Evidência
Caso Controle
Inclui pessoas com a doença e
um grupo controle
A ocorrência de uma possível causa é
comparada entre casos e controles
Parte-se do desfecho (presente/ausente) e,
através de uma fonte confiável, verifica-se a
exposição (passado)
Caso Controle
Caso Controle
Pode estimar os RR a uma
doença, mas eles não podem
determinar a incidência
absoluta dela
O primeiro passo para a realização de um
bem sucedido estudo caso-controle é a
SELEÇÃO CUIDADOSA dos casos e dos
controles
Caso ControleA associação entre uma exposição e uma doença (risco relativo)
em um estudo de caso e controle é uma medida calculada pela
RAZÃO DE ODDS (RO ou de produtos cruzados)
A razão de odds é muito semelhante ao RR
odds de exposição entre os casos
odds de exposição entre os controles
Caso ControleAssociação entre consumo de carne e enterite necrotizante na Papua Nova Guiné
Exposição (ingestão de carne recente)
Sim Não Total
Doença(enterite necrotizante)
Sim 50 11 61
Não 16 41 57
Total 66 52 118
50 x 4111 x 16
= 11,6OR =50 ÷ 1116 ÷ 41
=Probabilidade 11,6x maior
CASOS terem ingerido carne que os CONTROLES
Nível de Evidência
Transversal
“Foto”
“Instante”
TransversalMede a PREVALÊNCIA da doença
“Causa” (exposição) e “efeito” (desfecho) são
mensurados em um único momento no tempo
Proporção de indivíduos de uma população que
apresentam tal doença num determinado momento
no tempo
TransversalOs dados incluem informações relativas ao:
1)Sujeito da pesquisa e do ambiente em que vive no momento
da pesquisa
2) Podem ser relatos de dados retrospectivos (ex.: vacinação,
exposições pregressas)
Em análises descritivas os estudos transversais são amplamente
utilizados para a fundamentação de políticas públicas
TransversalFoto da situação
Determinação simultânea do fator de interesse e do
desfecho em investigação numa população bem
definida em um determinado momento
Transversal
Os estudos transversais são relativamente
baratos e fáceis de conduzir
Na investigação de surtos epidêmicos (COVID-
19), a realização de um estudo transversal
medindo diversas exposições é, em geral, o
primeiro passo para a determinação da sua causa
TransversalPara ser válida, a pesquisa precisa ter um
questionário bem elaborado, uma amostra de tamanho apropriado e uma boa taxa de resposta
EXEMPLO
Estimar a prevalência e os fatores determinantes do
consumo de tabaco por estudantes
Nº de casos existentes da doença
População
Transversal
Medida de frequência em
estudos transversais:
PREVALÊNCIA
Transversal
TransversalMedida de associação:
Razão de Prevalência (RP)
RP= Prevalência expostos
Prevalência não expostos
RP = 1,0
RP > 1
RP < 1
Não há associação
Associação positiva
Associação negativa
Transversal
Obesidade(IMC > 30 kg/m2)
HipertensosNão
hipertensosTotal
Sim 78 82 160
Não 236 871 1107
Total 314 953 1267
• Prevalência nos obesos: 78/160 = 0,4875 ou 48,75%
• Prevalência nos não obesos: 236/1107=0,2132 ou 21,32%
• RP: 0,4875/0,2132 = 2,3
Nível de Evidência
OBRIGADA!
g b m o l l e r @ u s p . b r
top related