mestrado em geografia · 2014. 11. 3. · 1 leandro aranda a centralidade do aglomerado urbano...
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA - MESTRADO
LEANDRO ARANDA
A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO
APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL
MARINGÁ
2010
1
LEANDRO ARANDA
A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO
APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL
Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade Estadual
de Maringá, como requisito parcial para a obtenção do grau de
Mestre em Geografia, área de concentração: Análise Regional.
Orientador: Prof. Dr. César Miranda Mendes
MARINGÁ
2010
2
3
AGRADECIMENTOS
A Deus, o criador e norteador de minha vida.
Ao meu orientador Professor Dr. Cesar Miranda Mendes, pela paciência, pela
disposição de sempre me atender, pelos grandes ensinamentos, pela orientação e
principalmente pela confiança depositada no meu trabalho de dissertação, além da
amizade adquirida.
Aos amigos em que convivi no curso durante a realização das disciplinas,
especialmente ao meu grande amigo Ricardo Luiz Töws.
A Professora Tânia Fresca, pelos ensinamentos repassados em suas aulas.
A todos os órgãos que estiveram à disposição desta pesquisa, de forma especial,
Prefeitura Municipal de Apucarana, FIEP, IBGE, FECEA e DER-PR.
A todos os professores, funcionários e alunos do Mestrado em Geografia da
UEM, e todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram a realização desta
dissertação.
E... Especialmente a minha esposa Ana Cláudia, minha mãe Cida e a toda a
minha família que sempre acreditaram na conclusão deste trabalho.
4
RESUMO
O trabalho disserta sobre as cidades de Apucarana e de Arapongas, na Mesorregião
Norte-Central Paranaense sob os aspectos geográficos relacionados à centralidade e à
dinâmica das cidades na rede urbana. As cidades estudadas fazem parte de um
complexo e dinâmico eixo no Norte do Paraná polarizado pelas cidades de Londrina e
de Maringá, institucionalizadas como Regiões Metropolitanas. Londrina, por sua vez,
possui trâmite de inserir as cidades de Apucarana e de Arapongas em sua região
metropolitana, com o intuito de fortalecimento das relações, sobretudo políticas. A
centralidade urbana foi trabalhada no contexto intra e interurbano, sobretudo o último,
com ênfase ao setor secundário da economia e as exportações industriais para ilustração
da importância das mesmas. Trabalhamos como variáveis algumas indústrias de móveis
e de alimentos, de Arapongas, bem como indústrias do ramo de alimentos e têxtil de
Apucarana. Utilizamos como variável ainda as Instituições de Ensino Superior (IES)
para demonstrar o número de alunos que são de outras localidades e se deslocam para as
cidades em busca de formação. Caracterizamos as cidades a partir da discussão teórica
da rede urbana, buscando identificar o grau de influência que as cidades exercem na
rede urbana em que se inserem. Trabalhamos ainda com a produção do espaço urbano,
na tentativa de identificar a importância dos proprietários dos meios de produção no
desenvolvimento das cidades estudadas.
Palavras-chave: Apucarana; Arapongas; Centralidade; Produção do espaço Urbano;
Rede Urbana.
5
ABSTRACT
The work is about the cities of Apucarana and Arapongas in North Central mesoregion
of Parana about the geographic aspects related to the centrality and the dynamics of
cities in the urban network. The cities studied are part of a complex and dynamic shaft
in northern Parana polarized by the cities of Londrina and Maringa, institutionalized as
metropolitan areas. Londrina, in turn, owns proceeding of entering the cities of
Apucarana and Arapongas in its metropolitan area, with the aim of strengthening
relations, especially political. The urban centrality was built up in the intra and
interurban context, especially the last, with emphasis on the secondary sector of the
economy and industrial exports to illustrate the importance of them. We work as
variables some furniture and food manufacturers from Arapongas and industries in food
and textile sector from Apucarana. We still used as variable the Higher Education
Institutions to demonstrate the number of students who are from other places and move
to the cities in search of formation. We characterize the cities from the theoretical
discussion of the urban network in order to identify the degree of influence that cities
play in the urban network in which they are inserted. We also work with the production
of urban space in attempt to identify the importance of owners of means of production
in the development of the cities studied.
Keywords: Apucarana; Arapongas; Centrality; Poduction of urban space; Urban
Network.
6
LISTA DE SIGLAS
ABRAFAB‟ Q - Associação Brasileira dos Fabricantes de Bonés de Qualidade
APL – Arranjo Produtivo Local
CMNP – Companhia Melhoramentos Norte do Paraná
CTNP – Companhia de Terras Norte do Paraná
FACNOPAR - Faculdade do Norte Novo de Apucarana
FAP – Faculdade de Apucarana
FIEP - Federação das Indústrias do Paraná
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IES – Instituições de Ensino Superior
IPARDES – Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
PNPB - Programa Nacional de Produção e Uso do Biodíesel
REGIC – Região de Influência das Cidades
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SIMA – Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas
UTFPR – Universidade Tecnológica Federal do Paraná
7
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: COMPARAÇÃO ENTRE OS CENSOS DEMOGRÁFICOS DE 2000 E DE 2007 DAS CIDADES DE
APUCARANA E DE ARAPONGAS ............................................................................................................... 15
TABELA 2: PRINCIPAIS PRODUTOS, VALORES E PERCENTUAIS DE EXPORTAÇÃO DE APUCARANA
EM RELAÇÃO AO PARANÁ E AO BRASIL, EM 2008 ............................................................................... 64
TABELA 3: NÚMEROS DO SETOR MOVELEIRO EM 2005 ................................................................................. 75
TABELA 4: PRINCIPAIS PRODUTOS, VALORES E PERCENTUAIS DE EXPORTAÇÃO DE ARAPONGAS
EM RELAÇÃO AO PARANÁ E AO BRASIL, EM 2008 ............................................................................... 77
TABELA 5: PERCENTUAL DE ALUNOS DE OUTRAS LOCALIDADES MATRICULADOS NAS IES DE
APUCARANA .................................................................................................................................................. 92
TABELA 6: PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS E TOTAL DE INDÚSTRIAS DE APUCARANA E DE
ARAPONGAS EM 2002 ................................................................................................................................. 105
TABELA 7: NÚMERO DE EMPREGOS FORMAIS NOS PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS DE
APUCARANA E DE ARAPONGAS, EM 2002............................................................................................. 106
TABELA 8: PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS E TOTAL DE INDÚSTRIAS DE APUCARANA E DE
ARAPONGAS EM 2008 ................................................................................................................................. 108
TABELA 9: NÚMERO DE EMPREGOS FORMAIS NOS PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS DE
APUCARANA E DE ARAPONGAS, EM 2008............................................................................................. 109
TABELA 10: APUCARANA E ARAPONGAS: COMPOSIÇÃO SETORIAL DO PIB, 2007 ................................ 111
8
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1: RELAÇÃO DOS APLS VALIDADOS, SEGUNDO FATORES RELEVANTES (SOMENTE OS
APLS DO NORTE CENTRAL PARANAENSE) ............................................................................................. 59
QUADRO 2: DESTINO DE VENDAS DOS PRODUTOS DA EMPRESA KOWALSKI POR ESTADOS E
REGIÕES (2010) .............................................................................................................................................. 69
QUADRO 3: DESTINO DE VENDAS DOS PRODUTOS DA EMPRESA MOINHO ARAPONGAS S/A POR
ESTADOS E REGIÕES (2010) ........................................................................................................................ 78
QUADRO 4: ARAPONGAS E DOS MUNICÍPIOS VIZINHOS GRAU DE URBANIZAÇÃO E NÍVEL DE
CENTRALIDADE .......................................................................................................................................... 120
9
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: ORGANOGRAMA TEÓRICO-METODOLÓGICO DA PESQUISA .................................................... 20
FIGURA 2: CIDADE DE APUCARANA – 2009. ...................................................................................................... 27
FIGURA 3: APUCARANA NA DÉCADA DE 1960 .................................................................................................. 29
FIGURA 4: CIDADE DE ARAPONGAS NA DÉCADA DE 1950 ............................................................................ 34
FIGURA 5: ARAPONGAS ATUALMENTE (2009) .................................................................................................. 38
FIGURA 6: PRODUTOS DESENVOLVIDOS PELA CARAMURU ALIMENTOS ................................................ 66
FIGURA 7: INDUSTRIALIZAÇÃO AO LONGO DA RODOVIA BR -369 ............................................................. 71
FIGURA 8: MOINHO DE TRIGO ARAPONGAS ..................................................................................................... 78
FIGURA 9: INDÚSTRIAS DE ARAPONGAS NO LIMITE MUNICIPAL. .............................................................. 98
FIGURA 10: PERÍMETRO MUNICIPAL E URBANO DAS CIDADES ESTUDADAS, EM 2010 ....................... 123
10
LISTA DE MAPAS
MAPA 1: ARAPONGAS E APUCARANA NO CONTEXTO DA MESORREGIÃO NORTE-CENTRAL
PARANAENSE E EIXO LONDRINA-MARINGÁ ......................................................................................... 26
MAPA 2: EVOLUÇÃO URBANA DA CIDADE DE APUCARANA ....................................................................... 32
MAPA 3: EVOLUÇÃO URBANA DE ARAPONGAS .............................................................................................. 37
MAPA 4: AMBIENTE INDUSTRIAL E TECNOLÓGICO DA REGIÃO APUCARANA -IVAIPORÃ .................. 63
MAPA 5: DESTINOS NACIONAL E INTERNACIONAL DAS VENDAS DA EMPRESA CARAMURU
ALIMENTOS NO ANO DE 2008 .................................................................................................................... 67
MAPA 6: EXPORTAÇÕES INDUSTRIAIS DE APUCARANA NO ANO DE 2008................................................ 68
MAPA 7: APL DE MÓVEIS DE ARAPONGAS ........................................................................................................ 73
MAPA 8: MUNICÍPIOS QUE COMPREENDEM O TERRITÓRIO DO SIMA, 2008. ............................................. 74
MAPA 9: DISTRIBUIÇÃO DO EMPREGO DO SETOR NO ESTADO DO PARANÁ (2007), COM DESTAQUE
PARA ARAPONGAS ....................................................................................................................................... 76
MAPA 10: DISTRIBUIÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS DO SETOR NO ESTADO DO PARANÁ (2007),COM
DESTAQUE PARA ARAPONGAS ................................................................................................................. 76
MAPA 11: ESPACIALIZAÇÃO DAS VENDAS DA EMPRESA MOINHO ARAPONGAS S/A, 2010 ................. 79
MAPA 12: EXPORTAÇÕES INDUSTRIAIS DE ARAPONGAS NO ANO DE 2008 .............................................. 80
MAPA 13: USO DO SOLO URBANO DA CIDADE DE ARAPONGAS, 2008 ....................................................... 83
MAPA 14: CIDADES DE ORIGEM DOS ESTUDANTES MATRICULADOS NAS IES DE APUCARANA (PR)
EM 2008 ............................................................................................................................................................ 91
MAPA 15: PERÍMETRO URBANO DE ARAPONGAS ........................................................................................... 96
MAPA 16: PERÍMETRO URBANO DE APUCARANA ......................................................................................... 102
MAPA 17: LEI DE ZONEAMENTO E DE OCUPAÇÃO DO SOLO DE APUCARANA COM DESTAQUE PARA
OS PARQUES INDUSTRIAIS E PARA OS NÚCLEOS HABITACIONAIS ............................................... 103
MAPA 18: NÍVEL DE CENTRALIDADE DAS CIDADES DA MESORREGIÃO NORTE CENTRAL
PARANAENSE, EM 1993 .............................................................................................................................. 115
MAPA 19: HIERARQUIA DOS CENTROS URBANOS......................................................................................... 116
MAPA 20: DESLOCAMENTO DE PASSAGEIROS NO MÊS DE MAIO DE 2005 .............................................. 117
MAPA 21: MOVIMENTO PENDULAR NO NORTE DO PARANÁ, COM DESTAQUE PARA ARAPONGAS,
EM 2005. ......................................................................................................................................................... 119
11
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1: MATRÍCULAS E NÚMERO DE CONCLUÍDOS DO ENSINO SUPERIOR DE ARAPONGAS ..... 93
GRÁFICO 2: PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS E TOTAL DE INDÚSTRIAS DE APUCARANA E DE
ARAPONGAS EM 2002 ................................................................................................................................. 105
GRÁFICO 3: NÚMERO DE EMPREGOS FORMAIS NOS PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS DE
APUCARANA E DE ARAPONGAS, EM 2002............................................................................................. 107
GRÁFICO 4: PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS E TOTAL DE INDÚSTRIAS DE APUCARANA E DE
ARAPONGAS EM 2008 ................................................................................................................................. 109
GRÁFICO 5: NÚMERO DE EMPREGOS FORMAIS NOS PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS DE
APUCARANA E DE ARAPONGAS, EM 2008............................................................................................. 110
12
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................................... 3
RESUMO .................................................................................................................................................... 4
ABSTRACT ................................................................................................................................................ 5
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 13
PRESSUPOSTOS METODOLÓGICOS ............................................................................................... 18
1. CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA DAS CIDADES ESTUDADAS .......................... 22
1.1. A GÊNESE E A ESTRUTURAÇÃO URBANA ................................................................... 22
1.2. A EVOLUÇÃO URBANA DAS CIDADES DE APUCARANA E DE ARAPONGAS E O
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ............................................................................................. 25
1.3. A REDE URBANA DO NORTE DO PARANÁ E A INDÚSTRIA ............................................ 39
1.4. A REDE URBANA DO NORTE-PARANAENSE E A PRODUÇÃO INDUSTRIAL: A INSERÇÃO
DAS CIDADES ESTUDADAS ......................................................................................................... 44
1.5. ALGUNS RECORTES ESPACIAIS E INSTITUCIONAIS RELACIONADOS ÀS CIDADES
ESTUDADAS E A REDE URBANA ................................................................................................ 47
2. O ESPAÇO URBANO: OS AGENTES SOCIAIS COMO DEFINIDORES DA
CENTRALIDADE INTRA E INTERURBANA .................................................................................... 50
2.1. OS PROPRIETÁRIOS DOS MEIOS DE PRODUÇÃO ........................................................... 53
2.2. A PRODUÇÃO INDUSTRIAL NAS CIDADES, OS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS E AS
EXPORTAÇÕES ........................................................................................................................... 57
2.3. O ESTADO CAPITALISTA E SEU PAPEL NA ORGANIZAÇÃO ESPACIAL ......................... 81
2.4. A INFLUÊNCIA DOS AGENTES NA (RE)DEFINIÇÃO DA CENTRALIDADE URBANA .......... 84
2.5. AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR COMO UMA DAS VARIÁVEIS PARA DEFINIR A
CENTRALIDADE DAS CIDADES ................................................................................................... 87
2.5.1. Características das IES de Apucarana ................................................................. 87
2.5.2. As IES como expressão da Centralidade em Apucarana ..................................... 88
2.5.3. Características das IES de Arapongas ................................................................. 93
3. ESTUDO COMPARATIVO: APUCARANA E ARAPONGAS ........................................ 95
3.1. A PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO NAS CIDADES A PARTIR DAS ESTRATÉGIAS DOS
PROPRIETÁRIOS DOS MEIOS DE PRODUÇÃO E DO ESTADO .......................................................... 95
3.2. AS VARIÁVEIS DA PESQUISA E SUAS PARTICULARIDADES NAS CIDADES ESTUDADAS104
3.3. REDE URBANA E A CENTRALIDADE DAS CIDADES ESTUDADAS ................................. 112
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................. 122
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 126
APENDICE ............................................................................................................................................. 131
ANEXOS ................................................................................................................................................. 133
13
INTRODUÇÃO
O crescimento da população em todo o mundo, com maior intensidade após a
Revolução Industrial do século XIX, o êxodo rural, causando uma inversão do local de
moradia da população, que passou a ser majoritariamente urbana e a diversificação na
produção econômica fizeram com que as cidades se expandissem, chegando a atingir
níveis cada vez mais dinâmicos de ocupação dos espaços.
As regiões de atividade econômica mais intensa viram suas pequenas
aglomerações urbanas se transformarem em grandes cidades, metrópoles e megalópoles.
Nas grandes áreas de concentração populacional do planeta, as cidades
apresentaram crescimento horizontal e vertical, muitas delas encontrando-se com outras,
ligando suas vias de acesso urbano e criando interdependências na prestação de serviços
aos cidadãos, na influência política e administrativa, tendo como resultado o surgimento
da centralidade daquelas com maior poder de melhor atender a sua população e dos
demais centros da rede urbana.
No caso de Apucarana e de Arapongas, cidades de portes semelhantes no
aspecto populacional, perfazendo no aglomerado urbano uma população absoluta de
211.992 habitantes (tabela 1), há fluxos materiais e imateriais interagindo-se
continuamente. Há a necessidade de se levantar estes fluxos, com ênfase maior aos
materiais, para compreendermos a dinâmica do aglomerado urbano. A cidade de
Apucarana tem uma população maior, mas desde a década de 1990, Arapongas
apresenta um maior crescimento, cujos fatores serão apresentados no decorrer do
trabalho.
Nesses termos, a presente pesquisa tem como objetivo discutir a “Centralidade
Urbana” referente às estruturas urbanas da área colonizada pela Companhia de Terras
Norte do Paraná, bem como identificar a centralidade do aglomerado urbano de
Apucarana e Arapongas, tomando como referência as relações geo-espaciais,
econômicas, políticas e sociais. Ambas as cidades possuem importante papel na rede
urbana do Norte Central Paranaense.
Ainda referindo-se aos objetivos, a pesquisa propõe o conhecimento do que é e
como se processa a centralidade das cidades de Apucarana e Arapongas; a identificação
através da produção industrial e do setor educacional superior a centralidade de
Apucarana e de Arapongas. Assim, teremos mais subsídios para a compreensão da
14
lógica da rede urbana do norte central paranaense e a sua influência no território
nacional.
Para tanto, a metodologia utilizada será a de pesquisa bibliográfica e o
levantamento das variáveis já apresentados no que refere ao fluxo
Apucarana/Arapongas, e este com as respectivas cidades polarizadas. Estas cidades são
localidades que formam Arranjos Produtivos Locais, mas a produção do aglomerado
urbano não está somente na especificidade de cada arranjo. É importante salientar que
estas cidades são influenciadas pelas cidades pólos do norte do Paraná, Londrina e
Maringá.
A escolha deste tema para a execução da pesquisa deve-se à importância e à
necessidade de aprofundamento de conhecimentos sobre o mesmo, tendo em vista
tratar-se de um caso específico do Estado do Paraná, de cidades limítrofes com
equivalências ou semelhanças numéricas no sentido populacional e econômico, com
disputa no sentido de liderar os municípios circunvizinhos.
Por residir na cidade de Apucarana e ter contato constantemente com a cidade de
Arapongas é perceptível na população, uma discussão sobre a liderança de serviços
ofertados por estas para os municípios da região. É uma rivalidade histórica, que
envolveu inclusive o poder executivo de ambas as cidades.
Pretende-se, ainda, através desta pesquisa fornecer futuros subsídios para
estudos que vierem a ser realizados, principalmente aqueles relacionados à rede urbana
paranaense.
É fato que Londrina e Maringá têm a liderança da mesorregião Norte Central
Paranaense, com uma centralidade maior para a primeira. Posteriormente, em um grau
menor, aparece a cidade de Apucarana (CUNHA, 2005). A cidade de Arapongas,
contudo, está atualmente em um crescimento econômico maior que Apucarana (iniciado
durante a década de 1980), refletindo diretamente no crescimento populacional
proporcional, conforme pode ser constatado pela tabela abaixo:
15
TABELA 1: COMPARAÇÃO ENTRE OS CENSOS DEMOGRÁFICOS DE 2000 E DE 2007 DAS
CIDADES DE APUCARANA E DE ARAPONGAS
Ano 2000 2007 (1)
Apucarana 107 827 115 323
Arapongas 85 428 96 669
Fonte: IBGE (1) Conatagem divulgado em setembro de 2007.
A taxa de crescimento populacional de Apucarana foi de aproximadamente 7%,
enquanto a de Arapongas foi de aproximadamente 12%.
A conurbação destas duas cidades, embora seja menos provável em curto prazo
no sentido físico, com ligações de ruas e avenidas, hoje já existe no que refere à
interdependência delas. Certamente haverá o acirramento no sentido de definir uma
liderança maior por parte de uma delas.
Tem-se a intenção, por meio deste trabalho, de verificar quais os municípios que
Apucarana e Arapongas polarizam e determinar os fatores que contribuam para a
mobilidade entre essas localidades. A respeito disso, Corrêa (1994, p. 21) coloca que:
A centralidade de um núcleo, por outro lado, refere-se ao grau de
importância a partir de suas funções centrais: maior o número delas,
maior a sua região de influência, maior a população externa atendida
pela localidade central, e maior a sua centralidade.
Além disso, a centralidade de um núcleo na rede urbana pode modificar, ou seja,
pode aumentar ou diminuir:
A posição de cada centro na hierarquia urbana não é mais suficiente
para descrever e explicar a sua importância na rede de cidades. É
necessário que se considere suas especializações funcionais, sejam
industriais ou vinculadas ao serviço, muitos dos quais criados
recentemente (CORREA, 2005, p. 99).
Tanto Apucarana e Arapongas são cidades com especializações produtivas
industriais. A primeira com a indústria de bonés e confecções; e a segunda, com a
indústria moveleira. Mas essas especializações produtivas, no entanto, não significam
exclusividade, pois os dois núcleos urbanos contam com diversidade industrial
significativa, que será apresentada no transcorrer deste trabalho.
16
A problemática deste trabalho está vinculada à determinação da centralidade de
Apucarana e de Arapongas, além de determinar a influência de cada uma das cidades
em relação à distribuição de bens e serviços para a rede urbana do Norte Central
Paranaense.
Em relação ao aglomerado Apucarana/Arapongas, este se distingue da
aglomeração urbana de Londrina, Cambé e Ibiporã1, já que estas são cidades mais
dependentes de Londrina em relação à distribuição de bens e serviços.
A partir da revisão teórica sobre a centralidade intra e inter-urbana e da própria
rede urbana, a investigação sobre uma tendência de centralidade maior em uma do que
em outra cidade, parte de hipóteses no que se refere ao número de habitantes, à
influência da PR-444 (Arapongas- Mandaguari) sobre o crescimento e desenvolvimento
econômico mais acentuado em Arapongas, que, por sua vez, pode ter influenciado no
desvio da intensidade dos fluxos materiais existentes entre Londrina e Maringá (cidades
que polarizam o Norte do Paraná) e as cidades estudadas (Arapongas e Apucarana). A
pesquisa revelará outras particularidades e contemplará as hipóteses ilustradas.
Enfim, o primeiro capítulo ilustra a caracterização geográfica das cidades, com
ênfase à gênese e a evolução das cidades e a inserção das mesmas no contexto regional.
Procurou-se demonstrar a evolução das cidades a partir de um demonstrativo do
desenvolvimento econômico, do aumento da população e do desenvolvimento
territorial. Trabalhamos com a caracterização da rede urbana Norte paranaense com
ênfase nas cidades e, ainda no capítulo, ressaltamos os recortes institucionais e espaciais
ligados às cidades.
No capitulo dois trabalhamos com os agentes produtores do espaço urbano e sua
importância na produção do espaço das cidades de Arapongas e de Apucarana.
Detalhamos a atuação do poder público e dos proprietários dos meios de produção, que
representaram e participaram do processo que transformou as cidades em
especializações produtivas. Trabalhamos nesse capítulo com as variáveis escolhidas
para a delimitação da centralidade bem como delineamos e apresentamos os dados
empíricos referentes às entrevistas e às exportações e vendas das empresas e/ou
1 Para aprofundamento: O Aglomerado urbano-industrial de Londrina: sua constituição e dinâmica industrial. Cláudio
Roberto Bragueto. Tese de Doutorado (USP – 2007)
17
indústrias entrevistadas. A partir da produção industrial e do ensino superior,
juntamente com estudos anteriores, estabelecemos variáveis para a classificação
hierárquica das cidades.
O último capítulo tem como foco a comparação das cidades estudadas. Vale
salientar que o estudo comparativo oferece riscos, pois os dados adquiridos em uma
cidade pode não confrontar com a outra realidade, permitindo margens de interpretação.
Entretanto damos ênfase aos temas trabalhados anteriormente, sobretudo relacionados
aos dados referentes ao número de estabelecimentos industriais e número de empregos
formais ofertados. Trabalhamos ainda com algumas considerações sobre a
espacialização e a interferência da indústria na atuação do Estado e, por fim, fechamos a
discussão sobre a rede urbana, a centralidade e a conurbação das cidades.
18
PRESSUPOSTOS METODOLÓGICOS
Este trabalho tem como base metodológica a pesquisa bibliográfica, com a
utilização de uma literatura impressa e eletrônica, que permita responder as questões
relacionadas ao tema. Trata-se de uma pesquisa teórica e empírica, fundamentada nas
informações contidas no material consultado e comentadas também a partir do
conhecimento relacionado à observação e vivência nas comunidades objeto deste
estudo.
Por isso, as categorias pesquisadas foram as seguintes: Produção do espaço
urbano (através das categorias proprietários dos meios de produção) e o do Estado na
organização espacial, a centralidade urbana, a rede urbana e o significado dos APLs2.
No trabalho empírico, realizou-se entrevistas com algumas empresas no ramo de
alimentos e couros em Apucarana e, em Arapongas as entrevistas foram realizadas na
indústria do ramo alimentício e móveis. Adquirimos materiais referentes às exportações
das cidades e à economia dessas cidades para compor o quadro referente à importância
no cenário mundial. Buscamos materiais nas prefeituras, como nos Planos Diretores
Municipais, que possibilitaram um maior conhecimento da realidade das cidades
estudadas. Visitamos as IES das cidades, na tentativa de adquirir dados, pois o ensino
superior é considerado nessa pesquisa como variável para a discussão da centralidade.
Em Apucarana adquirimos diversas informações, que ajudaram compor um quadro
sobre os alunos que vêm de outras localidades. Já em Arapongas, foram somente
obtidos os dados referentes ao total de alunos e a quantidade dos que são do próprio
município, não obtendo os dados dos estudantes que são de outra localidade.
Foram visitadas de ambas cidades a Associação Comercial e Industrial para
aquisição de informações referentes à atividade industrial de modo geral, sendo que
através das instituições, foi possível a escolha - e a conseqüente visita - a algumas
indústrias.
Em Apucarana, pesquisamos junto a Caramuru Alimentos, a Kowalski e
Apucacouros. As duas primeiras cederam entrevistas, nas quais possibilitaram a
sistematização de dados para a pesquisa. Os dados mais relevantes referiram-se aos
2 Arranjo Produtivo Local: aglomeração de empresas com especialização produtiva – será discutido no capítulo 2.
19
destinos das vendas e das exportações, relacionados à produção, bem como o total de
funcionários e seu local de origem, relacionados ao fluxo de pessoas.
Em Arapongas utilizamos também de entrevistas, ou seja, que relacionaram
tanto os dados da produção quanto do número e origem dos funcionários. As empresas
pesquisadas na cidade foram: Moinho Arapongas S/A e Pennacchi, do ramo
alimentício; Moval S/A, do ramo moveleiro. A única empresa que cedeu entrevista foi a
Moinho Arapongas S/A, sendo que as demais não quiseram passar as informações que
suscitávamos. Todavia, utilizamos os dados adquiridos pela empresa para
sistematização sobre os temas da pesquisa.
Para obtermos os dados referentes à indústria moveleira, entretanto, de crucial
importância para a pesquisa devido a relevância do setor, buscamos as informações no
Sindicato das Indústrias Moveleiras de Arapongas (SIMA).
Realizamos ainda uma pesquisa na Federação das Indústrias do Paraná (FIEP –
Unidade de Apucarana e de Arapongas) para aquisição de dados industriais - ilustrados
no decorrer da pesquisa. Adquirimos ainda informações junto ao SEBRAE (Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
Os dados sobre exportações foram realizadas através da página eletrônica do
Ministério da Indústria e Comércio. Isso só foi possível com códigos próprios de cada
produto. Estes códigos e todo processo de como realizar esta pesquisa foi repassada pela
Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de Apucarana.
Por fim, pesquisamos as instituições públicas, como as prefeituras e as câmaras
de vereadores para a aquisição de materiais relacionados à atuação do Estado, e
adquirimos os Planos Diretores Municipais aprovados e atualizados, de grande valia
para a compreensão do papel do Estado e as transformações espaciais recentes.
Em suma, na parte prática da pesquisa, realizou-se a confecção e a adaptação de
mapas, tabelas, gráficos e fotografias (Figura 1), conforme demonstrado no
organograma a seguir.
20
FIGURA 1: ORGANOGRAMA TEÓRICO-METODOLÓGICO DA PESQUISA
21
CAPÍTULO 1
22
1. CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA DAS CIDADES ESTUDADAS
1.1. A GÊNESE E A ESTRUTURAÇÃO URBANA
A evolução histórica da região onde se inserem as cidades estudadas, o Norte do
Paraná como um todo, já foi contada, trabalhada e minuciosamente detalhada por
diversos autores, os quais tratavam e tratam do processo como um grande
empreendimento imobiliário.
Fresca (2004) contou a história da região subdividindo-a por períodos de
ocupação ou etapas. Para ela, a primeira etapa corresponde ao intervalo entre 1850 e
1899, com a fundação da colônia militar de Jataí, atualmente, a cidade de Jataizinho
A ocupação mais efetiva ocorreu na porção extrema do leste do norte
do Paraná através das grandes posses lideradas por mineiros
praticantes de uma agricultura de subsistência e a criação de suínos.
São dessa fase as gêneses das cidades de Jacarezinho, Ribeirão Claro,
Santo Antônio da Platina, Tomazina, dentre outras (FRESCA, 2004,
p.46).
Para a autora, a segunda etapa de ocupação respeita o intervalo entre 1900 e
1929, quando a ocupação avançou em direção oeste, tendo a cafeicultura como motor da
frente pioneira. “Foi o momento das grandes fazendas cafeicultoras com base no
colonato” (FRESCA, 2004, p.48). O destaque especial dessa fase deve ser dado à
Londrina, que teve sua gênese em 1929 e foi “a primeira ocupação de uma fase
vindoura: a dos grandes projetos de loteamentos (...) Londrina é o marco de uma nova
etapa” (FRESCA, 2004, p. 49).
A terceira etapa de ocupação do Norte do Paraná, para Fresca (2004), se iniciou
em 1930, quando se iniciou a ocupação e fundação de cidades lideradas por companhias
imobiliárias, sendo delas a principal Companhia de Terras Norte do Paraná (C.T.N.P.).
Não se tratava apenas de comercialização de terras, da construção de
estradas e de ferrovias como elementos cruciais para fazer avançar a
ocupação. Não mais, grandes fazendas, mas o predomínio absoluto e
relativo das pequenas e médias propriedades. Foi a fase da
concretização da pequena produção mercantil no norte do Paraná
(FRESCA, 2004, p. 49).
Nesse contexto foi fundada a cidade de Apucarana, como a última cidade
fundada pela C.T.N.P. antes da empresa colonizadora mudar de nome. Nesse período,
segundo a autora, proliferaram os núcleos fundados em direção norte e oeste. A
finalização dessa etapa ocorreu nas imediações da cidade de Maringá, cuja gênese é de
23
1942 (FRESCA, 2004). Assim, esse período constituiu o consolidador das estratégias
privadas de colonização, no entanto, somente no período seguinte - a última etapa de
colonização (após 1945) - que ocorreu a maior etapa de colonização no sentido de área
ocupada e cidades fundadas. “Sob a ação da Companhia Melhoramentos Norte do
Paraná, - CMNP – sucessora da CTNP (denominação adotada apenas em 1951, mas
desde 1944, sob o controle do capital nacional), proliferaram as companhias loteadoras
e a fundação das cidades” (FRESCA, 2004, p. 50).
Apucarana e Arapongas localizam-se numa parte da região Norte do Paraná,
cuja ocupação teve como agente hegemônico a empresa acima citada, que agiu
estrategicamente na organização deste espaço (BOEIRA, 2003). Uma série de
estratégias geoeconômicas e socioespaciais foi colocada em prática para assegurar o
sucesso do empreendimento (BOEIRA, 2003) que gerou o sucesso de cidades como
Londrina, Maringá, Apucarana, Arapongas, dentre outras.
Carvalho (2000) atribui o sucesso à construção da ferrovia: a ferrovia foi
fundamental para o sucesso da colonização da área. As cidades que estão próximas à
ferrovia são maiores, concentrando a maior parte da população do Norte do estado.
Segundo o autor, a atuação da companhia também foi fundamental para o
desenvolvimento das cidades. Esse processo não foi apenas bem pensado e planejado,
como também, muito bem executado nos detalhes, na tecnologia empregada e a
sistematização dos trabalhos (GIMENEZ, 2007). Complementando a importância da
ferrovia para a região, Monbeig (1988) alegou que
Aqui está o dado essencial. O trilho e a estrada de rodagem criam os
sítios favoráveis a fundações urbanas. A facilidade das relações com
as velhas zonas e com os desbravamentos opera uma verdadeira
seleção entre os patrimônios, para transformá-los em cidades
(MONBEIG, 1988, apud GIMENEZ, 2007, p.84).
Gimenez (2007) afirma que a rede urbana foi planejada nas terras da Companhia
de Terras Norte do Paraná. As cidades eram implantadas em média a 15 Km uma da
outra, sendo que a cada 100 Km, uma cidade maior, para servir de pólo regional, seria
implantada. Essa estratégia da empresa colonizadora tinha por objetivo facilitar o
atendimento à população nos quesitos de abastecimento e de fácil deslocamento,
principalmente.
Além da distância entre os núcleos urbanos situados às margens da
ferrovia, com distância aproximada de 15 km entre os mesmos,
24
previu-se a implantação de núcleos urbanos de maior porte a cada 100
km. Estas distâncias são em valores aproximados e medidas ao longo
do desenvolvimento do traçado ferroviário. Esta previsão é uma
tentativa de se hierarquizar as cidades e só foi tomada após o sucesso
obtido nas primeiras implantações, Londrina, Cambé, Rolândia,
Arapongas e Apucarana. O notável desenvolvimento de Londrina
definiu esta localidade como uma das cidades de maior porte, sendo a
contagem dos 100 km iniciada a partir daí. Todavia, convém
esclarecer que esta hierarquização não estava prevista para ocorrer
desta forma, pois o plano inicial de Londrina não previa uma cidade
de porte grande para ser uma cidade central ou capital regional.
Maringá foi concebida para ser uma capital regional, posicionada no
centro geométrico das terras da Companhia. Cianorte e Umuarama
também foram concebidas para serem capitais regionais, sendo, em
planos, cidades de maior porte que as demais (CARVALHO, 2000, p.
89 e 90).
Entre as cidades de Londrina e de Maringá, obedecendo ao espigão, ou seja, ao
divisor de águas entre a bacia hidrográfica do rio Pirapó e do Rio Ivaí, coincidindo com
a ferrovia, conforme já apontado, foram fundadas as cidades de Apucarana (em 1938,
como será mais adiante detalhado) e a cidade de Arapongas, que foi elevada à categoria
de município em 1947.
Cabe ressaltar, ainda, que é importante definir o recorte territorial em que as
análises serão realizadas. Na verdade, quando se trata de influência e centralidade
interurbana é difícil se ater a limites estatísticos ou pré-fixados politicamente. Por isso,
em alguns momentos, como este, é trabalhado o Norte do Paraná, de modo geral, para
compreender a gênese, a formação e a importância da rede urbana onde se inserem as
cidades estudadas. Em alguns momentos, no entanto, para delimitar algumas variáveis
empíricas, será utilizado o recorte da mesorregião Norte Central Paranaense, limite
definido pelo IBGE em 1988. Assim, não é pretensão ficar limitado a um recorte
geográfico ou regional preestabelecido, mas verificar a importância das cidades no
contexto regional em que se inserem. Para isso, faz-se necessário o estudo da gênese e
da evolução das cidades de Apucarana e de Arapongas.
25
1.2. A EVOLUÇÃO URBANA DAS CIDADES DE APUCARANA E DE
ARAPONGAS E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Os municípios que constituem o recorte espacial da pesquisa se localizam na
mesorregião norte central paranaense, no eixo dinâmico Londrina-Maringá. A
proximidade com Londrina e a localização junto ao eixo consolidam-nas como cidades
de grande importância para a região que se inserem, ainda que com peculiaridades
distintas que serão retratadas, principalmente no que se refere à centralidade e a
importância distinta de ambas.
Foram planejadas pela empresa de capital inglês, Companhia de Terras Norte do
Paraná (CTNP) que mais tarde passou a ser de capital acionário nacional, com a
mudança de nome para Companhia de Melhoramentos Norte do Paraná (CMNP). O
planejamento seguiu a conformação do relevo, junto à cabeceira de drenagem,
configurando o espaço produzido na alta vertente, ou seja, de longe se avista a paisagem
urbana de ambas. São igualmente vizinhas, Arapongas a Norte e Apucarana a Sul e são
interligadas pela BR-376. As cidades se desenvolveram obliquamente à linha férrea.
As duas cidades fazem parte da mesorregião norte central paranaense e
localizam-se no eixo dinâmico Londrina-Maringá (Mapa 1).
26
NORTE CENTRAL PARANAENSE
BRASIL PARANÁ
LEGENDA
MUNICÍPIOS DO COMPLEXO URBANO LONDRINA-MARINGÁ
DEMAIS MUNICÍPIOS DO NORTE CENTRAL PARANAENSE
ÁREA URBANA
EIXO RODOVIÁRIO DO COMPLEXO URBANO LONDRINA-MARINGÁ
BASE: IPARDES/SEMA/PRÓPRIAELABORAÇÃO: TÖWS, RICARDO LUIZ, 2008ADAPTAÇÃO: ARANDA, L., 2008
MUNICÍPIO DE APUCARANA
MUNICÍPIO DE ARAPONGAS
MAPA 1: ARAPONGAS E APUCARANA NO CONTEXTO DA MESORREGIÃO NORTE-
CENTRAL PARANAENSE E EIXO LONDRINA-MARINGÁ
27
Apucarana possui uma área de 558 km², sendo fronteiriço aos municípios de
Arapongas, Cambira, Califórnia, Mandaguari, Mandaguari, Marilândia do Sul, Novo
Itacolomi, Rio Bom, Sabáudia e Londrina. O município ainda abrange no seu território
além da sede, os distritos de Correia de Freitas, Pirapó, São Pedro e Vila Reis. Sua
população total e de 115.323 (IBGE 2007) e sua taxa de urbanização em 2000 era de
93% (IPARDES, 2005).
Os colonizadores teriam chegado na região de Apucarana por volta de 1930. Ela
foi projetada pela Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP), conforme já
colocado, em 1934. No ano de 1938, Apucarana foi elevada à categoria de vila. Em 28
de janeiro de 1944, Apucarana foi elevada a município, sendo seu primeiro prefeito o
coronel Luís José dos Santos.
FIGURA 2: CIDADE DE APUCARANA – 2009. Fonte: Skycrapercity, 2009.
Durante a década de 40, de acordo com o Plano Diretor de Apucarana (2003), o
dinamismo econômico da região atraiu maciços contingentes demográficos para o Norte
do Paraná. Isso se traduziu no crescimento explosivo da população rural e no
incremento ainda mais intenso da população de sua rede urbana, constituída pelas
28
inúmeras cidades e vilas que foram sendo criadas na esteira do movimento de
apropriação do espaço regional. No bojo desse conjunto, destacou-se o crescimento do
povoado de Apucarana que, já no Censo de 1950, havia superado largamente a
população e o perímetro urbano previstos no seu projeto original. De fato, na década de
40 surgiram 26 loteamentos em Apucarana, somando o total de 154,4ha à sua área
urbanizada e acrescentando 2.417 novos lotes ao estoque inicial, o que representou um
acréscimo de 84,1% sobre os 183,5ha do seu projeto original, fazendo a área urbanizada
da cidade atingir a 337,9ha e seu acervo de lotes chegar a 4.325 unidades em 1950.
Cabe registrar que esses 26 loteamentos surgiram apenas entre 1945 e 1950, com a
média de 4,3 loteamentos por ano, o que se explica pelo extraordinário dinamismo do
Norte do Paraná após o fim da Segunda Guerra Mundial, já comentado no capítulo
sobre a gênese da região. Em 1950, quando o município apareceu pela primeira vez em
um censo demográfico, sua população urbana compreendia um contingente de 11.981
habitantes que, referido à área urbanizada de 337,9ha, resultava em uma densidade de
35,5hab/ha. Tal nível de ocupação do solo significa um rebaixamento em relação à
densidade embutida no projeto urbanístico original, o que pode ser explicado pelo fato
de que na década de 40 foi criado um número de lotes muito superior ao que foi
efetivamente ocupado em função do crescimento demográfico, representando a redução
da economicidade e coesão internas da área urbanizada da cidade (APUCARANA,
2003).
Nos anos de 1950, conforme elucida Apucarana (2003), a ocorrência de duas
fortes geadas em 1953 e 1955 teve um efeito devastador sobre a cafeicultura da região,
afetando negativamente seu nível de atividade econômica, o que, entre outras
consequências, provocou a redução do ritmo de crescimento demográfico e físico de
suas cidades, inclusive Apucarana.
Embora o número de loteamentos aprovados entre 1951 e 1960 tivesse
aumentado para 33, a média anual de loteamentos aprovados caiu para
3,3, representando a incorporação de apenas 79,2ha e 2.064 lotes à
área urbanizada da Cidade. Dessa forma, esta última passou a 417,1ha,
com um acréscimo de 23,4% em relação aos 337,9ha de 1950,
enquanto o número de lotes subiu a 6.389, significando um aumento
de 47,7% sobre o estoque desse ano. No Censo Demográfico de 1960
a população urbana de Apucarana chegava aos 21.203 habitantes, com
um incremento de 80,0% no decênio, a qual, referida à área
urbanizada de 417,1ha naquele ano, correspondia a uma densidade
média de 50,8hab/ha, o que significou a recuperação de níveis de
densidade bastante próximos daqueles contidos no projeto urbanístico
original, representando um resultado bastante positivo no quociente
29
entre o crescimento da população e o da área urbana (APUCARANA,
2003, p. 71).
A recuperação econômica da região durante os anos 60 (Figura 3) teve
rebatimento no nível do município, quando foram implantados 53 novos loteamentos,
com a incorporação de 225,6ha ao quadro urbano da sede, o que fez sua área urbanizada
chegar a 642,7ha em 1970, representando um acréscimo de 54,1% em relação aquela de
1960 (APUCARANA, 2003). Quanto ao número de lotes, foram criados nada menos
que 4.625 unidades na década, o que fez o seu estoque chegar a 11.014 datas em 1970,
devendo-se registrar que dentre estas, 1.274 (27,5% do total) surgiram em conjuntos
habitacionais populares, como conseqüência da criação do Banco Nacional da
Habitação - BNH em 1965 (Idem, 2003). No Censo Demográfico de 1970 a população
da cidade chegou a 41.813 habitantes, com um incremento 97,2% na década, que reflete
a supra referida recuperação econômica da região. Tal contingente populacional,
dividido pela área de 642,7ha acima resulta em uma densidade demográfica de
65,1hab/ha, ou seja, quase 30,0% maior que aquela registrada em 1960, o que traduziu
um saudável adensamento da ocupação urbana no período (Idem, 2003).
FIGURA 3: APUCARANA NA DÉCADA DE 1960 Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=717118, visita em 05/06/2010
30
Em função do sucesso econômico dos anos 40 a 70, obtido graças aos ciclos
madeireiro, cafeeiro e da atividade comercial cerealista, a cidade rapidamente se tornou
um centro comercial dinâmico, referência de serviços e comércio de bens de todo o vale
do Ivaí (na época uma próspera região agrícola) e dotada de uma ampla rede bancária. A
base econômica do desbravamento foi a atividade madeireira, que representou o berço
da atividade industrial da cidade e abriu espaço para a agricultura.
Na década de 1970, houve a “geada negra”, interferindo na agricultura,
principalmente a do café. Um ciclo vicioso se estabeleceu e ocorreu uma vertiginosa
queda da atividade econômica e da renda per capita. Na última década do século XX,
voltou a ter um ritmo de lenta retomada do desenvolvimento, com alguns sinais de
recuperação empresarial e com iniciativas industriais, como o Arranjo Produtivo Local
(APL) de bonés.
Retomando a década de 1980, no Censo de 1980 a população urbana de
Apucarana chegava a 67.161 habitantes, com um crescimento de 60,6% no decênio, a
qual, referida à área urbanizada de 946,7ha acima, produzia a densidade de 70,9hab/ha,
significando a manutenção do superávit na relação entre crescimento demográfico e
expansão urbana verificado nas décadas anteriores (APUCARANA, 2003).
Nos anos 80 prosseguiu a transição da monocultura cafeeira para o
modelo de agricultura diversificada capital intensiva, iniciada na
década de 70, cujas lavouras, entretanto, eram todas menos
empregadoras de mão-de-obra do que a cafeicultura, mantendo-se,
com isso, o processo de liberação de população do campo e das
pequenas cidades da Região, comentado anteriormente. A maior parte
dessa população, todavia, já havia migrado do Norte do Paraná
durante a década de 70, tendo-se reduzido grandemente seu estoque
demográfico passível de migração, motivo pelo qual nos anos 80 o
crescimento populacional de centros capazes de absorver fluxos
migratórios foi muito menor que nos anos 70, sem falar na atração
predominante exercida por Londrina e Maringá sobre essas migrações
(...). No Censo de 1991 a população urbana de Apucarana atingiu a
86.079 habitantes, a qual, referida à área urbanizada de 1.287,5ha,
correspondia à densidade de 66,9hab/ha, o que significou uma
retração nos níveis de adensamento, em comparação com os referentes
ao Censo de 1980 (APUCARANA, 2003, p.73).
Nos anos de 1990, o Plano Diretor Municipal relatou que em Apucarana a
consolidação da agricultura poupadora de mão-de-obra, junto com o advento de novas
lavouras de café que também passaram a utilizar mão-de-obra volante em regime
temporário de trabalho, o que continuou causando perda de população rural, ao lado do
crescimento discreto da população urbana, que não passou dos 16,5% na década.
31
Em 2003, o Plano Diretor de Apucarana assinalou que de um total de
aproximadamente 40.000 imóveis territoriais na cidade, cerca de 12.000 ainda estavam
vagos, perfazendo 30,0% do estoque total de lotes do perímetro urbano. Considerando-
se o grande número de loteamentos aprovados e a moderada taxa de crescimento
demográfico da cidade entre 1991 e 2000, deixa claro que durante a década de 90, foi
criado um número de lotes muito superior ao necessário para absorver o crescimento da
população. Isso se traduz em excesso de lotes vagos e infra-estrutura ociosa que
penaliza financeiramente o município e a sociedade. Tal constatação coloca a
necessidade imperiosa e urgente de se reduzir a superfície total do perímetro urbano,
para se evitar que sejam aprovados loteamentos distantes da área urbanizada atual, a fim
de não se comprometer a coesão funcional e não aumentar os custos sociais de
urbanização na cidade (APUCARANA, 2003).
32
500 1000 1500m0
Década de 70
Década de 80
Década de 90
Década de 00
Década de 60
Década de 50
Década de 40
Prefeitura do Município de ApucaranaFONTE:
EVOLUÇÃO URBANA
M ria ngá
Londrina
Curitiba
MAPA 2: EVOLUÇÃO URBANA DA CIDADE DE APUCARANA Fonte: Plano Diretor de Apucarana (2003)/ Adaptação: ARANDA, L., 2009
33
Já Arapongas possuía uma população total de 96.669 com uma área de 380 km²,
(IBGE 2007), perfazendo aproximadamente uma densidade demográfica de 258
hab/km². Faz divisa com Apucarana, Londrina, Rolândia e Sabáudia.
A cidade de Arapongas foi fundada pela referida Companhia, pioneira do
progresso e desbravamento de toda uma região. A cidade, como as demais idealizadas,
planejadas e instituídas pela iniciativa privada, não surgiu por acaso, nem foi construída
sem um planejamento, previamente elaborado (ARAPONGAS, 2005).
O núcleo inicial da cidade de Arapongas data de 1943, tendo sido
implantado no platô entre as nascentes do córrego Mantiqueira,
ribeirão Três Bocas, córrego do Arlindo, córrego do Damásio, ribeirão
Campinho e seus afluentes, córrego Tapajós e ribeirão Bandeirantes
do Norte, tendo como limite, a leste, o leito da atual rodovia BR 369 e
da estrada de ferro. O projeto inicial correspondia a 206,10 hectares
(ARAPONGAS, 2008, p.118).
No ano de 1937, foram povoadas as glebas destinadas às colônias formadas por
imigrantes japoneses e eslavos, surgindo, assim, em 1937, as Colônias Esperança e
Orle, que muito contribuíram para o progresso e expansão do novo patrimônio.
Com base no Plano Diretor de Arapongas, descreve-se o desenvolvimento
urbano da cidade: com a economia cafeeira em expansão (em Arapongas e em toda a
região norte-paranaense), o sucesso do primeiro empreendimento motiva novos
parcelamentos, entre eles a Vila Conceição. Ainda na década de 1940 são acrescidos
mais 14,49 ha ao redor do núcleo primitivo, compondo 220,59 ha de área urbana até o
final da década de 40 (ARAPONGAS, 2008).
Arapongas continuou a fazer parte do território do município de Londrina até o
ano de 1943, quando foi criado o de Rolândia, ao qual passou a pertencer, já agora
como distrito judiciário, criado pela Lei nº 199 de 30 de dezembro de 1943, que
aprovou a nova divisão administrativa do Paraná, para vigorar no quinqüênio 1943-
1947 (ARAPONGAS, 2005).
Novas expansões ocorreram na década de 1950. A cidade expandiu-se
principalmente junto à ferrovia, sobretudo a oeste desta estrada de ferro. Nesse período,
a Vila Cascata é implantada na cabeceira do ribeirão Bandeirantes do Norte. Ao findar a
década de 50 a cidade tem cerca de 21 mil habitantes (ARAPONGAS, 2008).
Devido à falta de transportes, o distrito crescia vagarosamente e esse problema
se agravou ainda mais em decorrência das restrições motivadas pela segunda grande
34
guerra. Nessas condições, até o ano de 1945, a sede distrital possuía umas 600 casas e
era servida pela então Estrada de Ferro São Paulo-Paraná que, logo depois, foi
incorporada, passando a integrar o patrimônio da Rede de Viação Paraná - Santa
Catarina.
Somente no ano de 1947, o Governo Estadual, pela lei nº 2 de 10 de outubro,
criava o município de Arapongas desmembrando-o de Rolândia. Naquela época, o
município se compunha dos distritos administrativos da sede municipal, Astorga e
Sabáudia.
FIGURA 4: CIDADE DE ARAPONGAS NA DÉCADA DE 1950 Fonte: plano Diretor de Arapongas (2009)/ Adaptação: ARANDA, L., 2010
Durante a década de 1960 o núcleo urbano expande-se, principalmente em
direção leste, pelo eixo indutor da estrada ferroviária e rodovia BR 369, inclusive
ultrapassando-as. Outras pequenas expansões são vistas a sul e norte do sítio urbano,
bem próximas ao núcleo inicial. Na década 1950/60 a população urbana havia crescido
72% (ARAPONGAS, 2008).
Arapongas se configurava em duas zonas bem distintas: a primeira delas ao
longo da rodovia BR 369, sentido norte/sul; uma outra parte era composta pelo núcleo
de origem e alguns poucos loteamentos surgidos entre 1950/1960 (sentido
noroeste/sudeste). Nesse período, destacou-se a continuidade do crescimento da malha
35
urbana ao longo do ribeirão Bandeirantes do Norte e do ribeirão Campinho, córrego
Damásio e ribeirão Três Bocas. É desse período também o surgimento do núcleo urbano
de Aricanduva, distante 7,3 km do centro da cidade, pela rodovia BR 369, sentido
Apucarana (ARAPONGAS, 2008).
Ao findar 1970 a cidade possuia 48 mil habitantes: sua população havia crescido
31,7% em relação à década anterior. A partir do final da década de 1990, os novos
loteamentos aglomeram-se:
1) em torno do núcleo inicial, pelo lado sul, avançando sobre as
cabeceiras do ribeirão Campinho, córregos Tabapuan e Aimorés; e do
lado norte, na cabeceira do córrego Uri;
2) ao norte, no prolongamento natural das áreas urbanizadas nas
décadas anteriores, caminhando em direção às nascentes do córrego
do Arlindo;
3) para noroeste, pelo eixo direcional da estrada de acesso à cidade de
Sabáudia (atual rua Gaturamo), com destaque para o aparecimento dos
conjuntos habitacionais construídos pelo poder público; no caso, o C.
H. José Bretas Cupertino (1969) e C. H. Semiramis B. Braga (1978);
4) para sudoeste, pelo eixo direcional da atual rua Tangará
(ARAPONGAS, 2008, p. 119-120).
No período 1980/1991 a população de Arapongas cresceu 24,5%, totalizando,
em 1991, 60.025 habitantes. Durante a década de1980, a cidade expandiu-se ao longo
do eixo da ferrovia/BR 369, no sentido Rolândia, implantando setores industriais; nas
proximidades da nascente do córrego Três Fontes; para Sul, entre o córrego Mantiqueira
e ribeirão Campinho; entre os córregos Tabapuan e Aimoré; e outros loteamentos
isolados. Destacam-se os loteamentos para conjuntos habitacionais do poder público: o
Conjunto Habitacional Jardim Tropical (1988), localizado na rodovia de acesso à
Sabáudia; C. H. Padre Chico (1981); C. H. Flamingos (1981); C. H. Palmares (1989)
(ARAPONGAS, 2008).
No período 1991/2000 o incremento na população urbana é de 36,17%,
atingindo, em 2000, cerca de 82 mil habitantes. A malha urbana expande-se 672,44 ha e
a expansão se dá em todos os quadrantes. São destaques:
1) O aparecimento de loteamentos para fins industriais/comerciais/
serviços na extremidade nordeste (saída para Rolândia) e na
extremidade sul (saída para Apucarana), ambos junto à rodovia BR
369. Nas proximidades desse último irão comparecer os projetos de
moradia popular do poder público: C. H. Bussadori (1995); C. H.
36
Mário Ribeiro Rezende (1995). É o início de um novo núcleo urbano,
distante do restante da malha urbana;
2) O crescimento da malha urbana em direção à cabeceira do córrego
Mantiqueira (Jardim Columbia);
3) O avanço da malha urbanizada nas terras situadas ao longo do
córrego Tabapuan;
4) Crescimento nas áreas situadas entre a rua Tangará e a rua
Gaturamo, até os limites do contorno rodoviário - rodovia PR 444;
5) Aparecimento de loteamentos junto à rodovia PR 218, saída para
Sabáudia, além do C. H. Jardim Tropical;
6) Novos loteamentos, ao leste, ocupando as cabeceiras do ribeirão
Três Bocas, córrego Criador e córrego do Arlindo (ARAPONGAS,
2008, p.120).
37
MAPA 3: EVOLUÇÃO URBANA DE ARAPONGAS
38
FIGURA 5: ARAPONGAS ATUALMENTE (2009) Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=712140, visita em 05/2010
Entre 2000 e 2007, a cidade de Arapongas consolida o núcleo urbano que havia
sido criado na extremidade sul da rodovia BR 369 (saída para Apucarana), com o
aparecimento de novos loteamentos (Mapa 3). Novos empreendimentos são
implantados ao leste, nas cabeceiras do córrego do Arlindo, e entre o córrego do Criador
e córrego Três Bocas. O crescimento urbano também se dá ao longo do córrego Três
Fontes, na extremidade nordeste, junto à rodovia BR 369 (saída para Rolândia) e nas
terras situadas entre o ribeirão Campinho e a rodovia PR 444 (contorno rodoviário). Ao
findar 2007 a cidade tem 2.496 hectares de área urbanizada e população de 96.669
habitantes (ARAPONGAS, 2008).
39
1.3. A REDE URBANA DO NORTE DO PARANÁ E A INDÚSTRIA
Tendo em mente que a rede urbana se expressa pela divisão territorial do
trabalho, acredita-se que a produção industrial é uma variável que explica a rede urbana
e a importância de determinada cidade.
Tendo em vista a significativa expansão da produção industrial no
norte do estado, importante se torna a análise de como esta produção
altera a rede urbana norte-paranaense, mediante diferentes processos
para a re-inserção dos núcleos urbanos na divisão territorial do
trabalho (...) Nesse contexto é preciso entender a rede urbana
articulada à produção industrial, questão esta há muito já colocada por
Corrêa (1989) quando nos fala da rede urbana e da divisão territorial
do trabalho (FRESCA, 2009, s/p).
Fresca (2009) contribui com seu texto ao trabalhar com diversas cidades
paranaenses nesse quesito, elencando que no Norte do Paraná há cidades com um setor
industrial numericamente expressivo no contexto da rede urbana tais como Londrina,
Cambé, Ibiporã, Rolândia, Arapongas, Apucarana, Campo Mourão, Marialva, Maringá,
Paranavaí, Cianorte e Umuarama. “A expansão da produção industrial gerando inclusive
especializações produtivas em determinados ramos para várias cidades, sejam elas de
nível muito fraco, fraco, médio para fraco de centralidade” (FRESCA, 2009, s/p).
A autora registrou necessidades de novas pesquisas em direção a entender a
dinâmica da produção industrial e suas articulações com as cidades, independente de
seus níveis de centralidade. “Em uma rede urbana densa, complexa e diversificada como
é a norte-paranaense torna-se fundamental analisar os diferentes processos de
industrialização” (FRESCA, 2009, s/p), fazendo-se necessário adicionar a variável
industrial para entender a dinâmica das cidades. Por isso, ressalta-se a importância das
cidades na rede urbana norte paranaense, por meio da espacialização de número de
trabalhadores e estabelecimentos industriais do norte do Paraná bem como apresenta a
importância na hierarquia dos centros urbanos.
Nesse raciocínio e, a partir dos estudos da autora, acreditamos que “a rede norte-
paranaense na atualidade coloca-se como muito complexa e diversificada, relacionada à
intensificação dos processos de produção, circulação, distribuição e consumo,
ressaltando-se uma forte heterogeneidade de centros e continuidade da diferenciação e
redefinição das re-inserções dos núcleos na rede” (FRESCA, 2009, s/p).
40
Para Fresca (2004; 2009), cinco aspectos são fundamentais para o entendimento
da rede norte-paranaense na atualidade:
A inserção na divisão territorial do trabalho mediante produção
agropecuária; a dinâmica populacional; a expansão da produção
industrial; a melhoria da circulação, enquanto etapa necessária entre
produção e consumo; e a inserção dos núcleos urbanos em pelo menos
duas redes (FRESCA, 2009, s/p.).
A partir dos elementos acima citados, discorreremos sobre cada um deles para
realizar um exercício comparativo entre a teoria e a realidade analisada.
O primeiro aspecto assinalado, de acordo com a autora, correlaciona-se ao
processo geral de modernização da agricultura brasileira que, ao atingir a rede,
provocou uma diversidade produtiva que teve como uma de suas mais importantes
expressões a implantação de complexos agroindustriais submetidos à lógica da
produção e reprodução do capital industrial (FRESCA, 2009).
Esse processo, especificamente no norte do Paraná, sobretudo no referenciado
complexo urbano Londrina-Maringá (MENDES E TÖWS, 2008), gerou necessidades
como bens de consumo coletivos, gestão e organização do território para melhor atender
aos expressivos fluxos de mercadorias, entre outros (MENDES, 1992). O autor estudou
a cidade de Maringá, mas, em estudos posteriores realizados pelo autor e por outros, nos
mostra que a modernização da agricultura influenciou de maneira significativa no
aumento da população urbana das cidades estudadas. Em relação à Apucarana, se
retornarmos ao capítulo que elucida a evolução urbana das cidades elencadas pela
pesquisa, percebemos nitidamente a inserção de elementos urbanos que, mais tarde, por
volta de década de 1980, darão suporte à instalação da agroindústria na cidade. Em
Arapongas, percebemos a criação de um parque industrial que, ao não incorporar
diretamente os processos relacionados à produção agrícola, percebeu notoriedade
importante com a inserção da especialização industrial.
Retomando as idéias da autora, verificamos que o segundo aspecto que explica a
rede urbana norte-paranaense vincula-se à dinâmica populacional que, após ter passado
por intenso processo de esvaziamento demográfico no campo – êxodo rural articulado
às leis trabalhistas e a mecanização e tecnificação do campo – tendo como destino as
maiores cidades do estado do Paraná e da rede urbana do norte do estado, apresenta-se
na atualidade com algumas mudanças qualitativas, sobretudo relacionadas à diminuição
41
da população no campo, mas aumento significativo da população urbana (FRESCA,
2009).
De acordo com C.M.N.P. (1977), o processo que culminou a inversão da
população esteve relacionado à decadência do café e à conseqüente substituição pelo
binômio soja-trigo e a mudança substancial da estrutura fundiária. Isso explica em parte
o esvaziamento demográfico no campo, pois a população que vivia da cultura
permanente teve que adiantar seu deslocamento para as cidades, na medida em que o
café perdeu o valor econômico como conseqüência da crise, e a produção foi ceifada
como conseqüência da geada negra de 1975. Essa é, também, uma das explicações para
o processo de modernização da agricultura, anteriormente assinalado pela autora.
Essa discussão está ligada às transformações no campo, bem elencadas por Moro
(1991) e Endlich (1999; 2009). Se compararmos os processos já ilustrados com as
transformações no campo, percebemos certa assimetria entre os respectivos processos,
pois podemos indicar como transformações no campo as seguintes dinâmicas (em
restrito, as ocorridas no norte do Paraná):
- Substituição de culturas agrícolas e diversificação agropecuária - o
café foi gradualmente cedendo espaço para as lavouras temporárias
como soja, algodão e trigo, e, posteriormente, para uma maior
diversificação agropecuária na região; - Concentração fundiária - a
estrutura fundiária tornou-se mais concentrada, sendo que a
característica regional de numerosas pequenas propriedades rurais,
alterou-se, transformando também as relações espaciais, anteriormente
pressupostas;
- Distribuição da população – antes predominantemente rural, agora
urbana. As causas da mobilidade espacial da população são atribuídas
à inviabilidade da permanência no campo de muitos pequenos
proprietários que venderam suas terras, além de arrendatários,
parceiros e trabalhadores permanentes que tiveram de sair do campo.
Este grupo provocou a inversão do local de residência da população
na região, do campo para a cidade;
- Relações cidade-campo - as relações cidade-campo antes eram mais
escassas, já que os estabelecimentos agropecuários eram quase auto-
suficientes e estes não demandavam produtos, assistência técnica e as
diversas orientações que a agricultura modernizada exige. A
agricultura passou a depender mais de relações mercantis e financeiras
por causa do crédito agrícola e comercialização dos produtos. O
agricultor intensificou suas relações com bancos, cooperativas
agropecuárias e comércio especializado (MORO, 1991; ENDLICH,
2009, p. 899).
42
Relacionado ao processo de modernização e à dinâmica da população, temos o
terceiro aspecto apontado por Fresca (2009): Refere-se à produção industrial que, desde
meados dos anos 1980 vem apresentando um importante processo de crescimento nos
núcleos da rede urbana do norte do Paraná. Para a autora, existem dois processos
articulados à expansão desta produção: o primeiro se refere ao crescimento de uma
produção previamente existente na área, de origem local e regional, que na fase
recessiva brasileira, a partir dos anos de 1980, iniciou ampliações pela conquista de
nichos de mercados e aprimoramento técnico da produção (FRESCA, 2009). O
segundo processo articula-se às transformações industriais de plantas para as cidades da
rede, similar à discussão sobre desconcentração industrial (FRESCA, 2009).
Na interpretação sobre os dois processos, relacionando com as cidades
estudadas, percebemos que o primeiro vincula-se à existência das primeiras “portas”
que nasceram nas cidades, cada uma relacionada à sua atual especialização produtiva,
que, através de sua ampliação, culminou nos parques especializados que hoje existem,
em Apucarana, relacionados à área têxtil e Arapongas relacionado ao setor moveleiro.
Não nos aprofundamos para saber se o segundo processo de expansão industrial teve
importância significativa na cidade, tendo em vista que isso exigiria uma pesquisa mais
aprofundada sobre cada uma das instalações industriais para perceber a origem. De
modo geral, no entanto, percebemos que as indústrias “nasceram” e se expandiram nas
cidades.
O processo engendrado pela agricultura modernizada e a formação de um
complexo agroindustrial gerou, além do consumo de produtos e serviços, a composição
de um meio técnico-científico-informacional (ENDLICH, 1999) que, conforme Santos,
(...) é o meio geográfico do período atual, onde os objetos mais
proeminentes são elaborados a partir dos mandamentos da ciência e se
servem de uma técnica informacional da qual lhes vem o alto
coeficiente de intencionalidade com que servem às diversas
modalidades e às diversas etapas da produção (Santos, 1993, p. 187).
A industrialização explica o processo de produção do espaço nas cidades
estudadas. Pode-se afirmar, de imediato, que as ações dos agentes ligados à indústria
fomentaram a atuação do Estado e dos demais agentes na produção das cidades. Esse
aspecto é bem visível em Arapongas, onde se tem um parque industrial criado pelo
Estado como incentivo às instalações industriais.
43
O quarto aspecto para o entendimento da rede urbana na atualidade, de acordo
com Fresca (2009) refere-se à melhoria geral da circulação, entendida como uma das
etapas do processo de produção e articulada à intensidade produtiva instaurada. Isso é
visível nas cidades, pois, se deixarmos de lado todos os níveis de circulação e nos
atermos somente nas vias de circulação criadas, sobretudo as rodovias (BR-369 e PR-
444), percebemos uma nítida possibilidade de incremento na rede urbana em que se
propõe o estudo.
E, por fim, elencamos a possibilidade das cidades estudadas serem inseridas em
mais de uma rede urbana, posto que se discute ao analisarmos as múltiplas escalas de
análise que permeiam a discussão da rede urbana como teoria.
44
1.4. A REDE URBANA DO NORTE-PARANAENSE E A PRODUÇÃO
INDUSTRIAL: A INSERÇÃO DAS CIDADES ESTUDADAS
O espaço geográfico é composto por uma infinidade de elementos que o tornam
cada vez mais dinâmico e complexo no que tange à sua compreensão. A velocidade
como alguns espaços vêm se transformado no que diz respeito a sua forma e função,
sobretudo na atual conjuntura3, tem cada vez mais chamado à atenção para as discussões
a respeito das cidades, pois estas são o palco das decisões e dos acontecimentos que
comandam o espaço como um todo.
Partindo do pressuposto de Corrêa (1999), de que a cidade é um reflexo e
condicionante social, local da reprodução do capital e da sociedade, deve-se salientar
que as cidades possuem várias facetas e formas de se analisar o espaço urbano.
Primeiramente, o espaço urbano pode e deve ser analisado sob um viés interno, ou seja,
compreende-lo a partir das relações que acontecem dentro de sua própria dinâmica, suas
articulações e demais características que o tornam heterogêneo, ou seja, a análise intra-
urbana. Já a outra forma de ser analisado refere-se às relações e articulações que
determinada cidade exerce com outra. Trata-se de entender qual é o papel de
determinada cidade seja num contexto regional, nacional ou global. Diante disso, o
estudo a cerca das redes urbanas são de fundamental importância na medida em que se
tem a possibilidade de compreendermos as cidades enquanto um conjunto de centros
funcionalmente articulados (CORRÊA, 1999).
Dessa maneira, a temática sobre a rede urbana tem cada vez mais, atraído a
atenção para estudos e reflexões acerca desta categoria de análise espacial. Segundo
Corrêa, (1995, p.17), as categorias mais importantes dizem respeito à “diferenciação das
cidades em termos de funções, dimensões básicas de variação, relações entre tamanho
demográfico e desenvolvimento, hierarquia urbana e relações entre cidade e região”.
Isso significa que as cidades se relacionam através de uma determinada configuração no
espaço, seja por relações de dependência uma das outras no que se refere a algum tipo
de serviço prestado, ou pela subordinação a órgãos de gestão do território4.
3 Quando nos referimos ao termo “atual conjuntura”, estamos fazendo alusão ao meio técnico cientifico
informacional (SANTOS, 2005) e o processo de globalização vigente no mundo.
4 Não temos a intenção de discutir a questão a cerca do território neste capitulo. Apenas estamos fazendo menção aos
órgãos que comandam e organizam o território, sendo que estes podem ser tanto da esfera pública como ativos
institucionais, bem como as corporações.
45
Assim sendo, a análise da rede urbana segundo Dias (1995), exige uma
abordagem que apresente as suas relações com a urbanização, com a divisão territorial
do trabalho (D.T.T) e com a diferenciação crescente das cidades, fato este evidenciado
nas trocas de funções que as cidades adquirem constantemente. Assim sendo, Fresca
(2007, p.202) coloca que “a rede urbana é uma condição e reflexo da divisão territorial
do trabalho”, pois é através das funções articuladas que se torna possível a D.T.T.
Assim, afirma também Corrêa:
A cidade em suas origens constitui-se não só em uma expressão da
divisão entre trabalho manual e intelectual, como também em um
ponto do espaço geográfico que, através da apropriação de excedentes
agrícolas, passou de certo modo a controlar a produção rural. Este
papel de condição é mais tarde transmitido à rede urbana: sua gênese e
evolução verificam-se na medida em que, de modo sincrônico, a
divisão territorial do trabalho assumia progressivamente, a partir do
séc. XVI, uma dimensão mundial. (1994, p.49)
Com a alteração dos processos econômicos e a consequente modificação da
dinâmica, as redes influem e são influenciadas. Ela garante a reprodução da sociedade,
acabando por garantir a sua existência.
É através desta rede que os grandes centros de produção, circulação e
acumulação deslocam investimentos, que ocasionam desigualdades. Esta é a lógica
capitalista. É uma estratégia logística do capital, que tem como expressão as cidades que
possuem meios técnicos científicos que facilitam a expansão do mercado.
Em fase pré-capitalista, os centros de mercado eram pouco articulados entre si,
numa pequena área espacial, pequeno volume de troca e conseqüentemente uma
pequena divisão territorial do trabalho (CORRÊA, 1995).
Tomando por base os estudos feitos por Roberto Lobato Corrêa, a rede urbana
pode ser definida como “um conjunto de centros funcionalmente articulados”
(CORRÊA, 1999, p.8), ou “para que se possa também compreender o sentido da rede
urbana, é imprescindível a abordagem dos fluxos entre as cidades” (CORRÊA, 1999,
p.8). Nesse sentido, o movimento é quem dá a razão para a existência da rede no
território. Sobre esse movimento, Corrêa (1995) denomina de interações espaciais.
Segundo este autor, as interações espaciais constituem um horizonte complexo de
deslocamento de pessoas, mercadorias, capital e informação sobre o espaço geográfico,
46
bem como “um produto social cujo papel através de interações espaciais articula a
sociedade no espaço garantindo a sua existência e reprodução” (CORRÊA, 1995, p.93).
Desde sua gênese, os estudos sobre redes urbanas tinham a necessidade de buscar
fatores que explicassem a distribuição espacial das cidades e no que implicava o
estabelecimento de uma hierarquia de um centro sobre os demais. Partindo sempre da idéia
de que as cidades se configuravam de forma hierárquica, os critérios para tal menção
basearam-se inicialmente naqueles em que o mercado é o mecanismo definidor através da
distribuição de bens e serviços (DRUCIAKI, 2009).
Recorrendo às contribuições formuladas por Christaller (1966), notamos que sua
teoria das localidades centrais é calcada na construção de um modelo que explica a
dinâmica e o comportamento dos centros urbanos. Tal proposta mostra que cada localidade
central, independente do grau de relevância na hierarquia urbana, apresenta uma influência
em seu entorno, que é exercida através da disponibilidade e oferta de bens e serviços. Foi
uma proposta de fundamental importância na medida em que não somente o mercado
estrutura a rede (DRUCIAKI, 2009), mas também os fluxos, os transportes e a indústria.
Os estudos de Christaller representam a forma clássica de abordagem
da rede urbana, e, com o surgimento da Geografia Crítica, os estudos
desta natureza passam a ter outras indagações, as quais começaram a
buscar nas questões a cerca da produção do espaço urbano, na sua
relação homem-natureza de forma dialética, apontamentos que
explicassem sob um outro viés como se estrutura uma rede urbana
(DRUCIAKI, 2009, p. 34).
De acordo com os pesquisadores do IPEA, et AL (2002),
Os geógrafos passaram então, a analisar as relações existentes entre
uma grande cidade, os centros urbanos de menor porte e as zonas
rurais, para demonstrar que, tanto no tempo como no espaço, as
relações entre cidade e região são, historicamente e geograficamente,
muito diferenciadas (IPEA, et al, 2002, p. 28).
Esse estudo procura complementar as palavras do IPEA (2002), onde temos por
objetivo analisar as relações e as diferenciações existentes entre as cidades de
Apucarana e Arapongas e, destas com a sua respectiva rede urbana.
47
1.5. ALGUNS RECORTES ESPACIAIS E INSTITUCIONAIS
RELACIONADOS ÀS CIDADES ESTUDADAS E A REDE URBANA
Complementando a discussão da rede urbana e, sobretudo o último tópico
estabelecido por Fresca (2009) para compor as características da rede urbana do norte
do Paraná, elaboramos uma discussão que parte da identificação de uma determinada
rede, bem como dos recortes adotados pelos diversos estudos no que diz respeito à rede
urbana e à centralidade.
É de conhecimento que Apucarana e Arapongas estão em trâmite para
ingressarem na Região Metropolitana de Londrina. Londrina foi institucionalizada
como região metropolitana pela Lei Estadual Complementar Nº. 81 - 17/06/98,
acrescida pela Lei Estadual Complementar Nº. 91 - 05/06/2002, constituída pelos
municípios de Londrina, Cambé, Jataizinho, Ibiporã, Rolândia, Tamarana, Bela Vista do
Paraíso e Sertanópolis (RIBEIRO, 2007). Não discutiremos aqui os méritos e as
características para a classificação de Londrina metrópole como outros trabalhos já
tentaram. Tampouco discutiremos se as cidades de Apucarana e de Arapongas podem
ser incluídas de maneira satisfatória, no entanto é mais um recorte político que se
estabelece tendo como pressuposto o realce de algumas cidades em detrimento de
outras, influenciando, inclusive, na hierarquia das cidades em relação à rede urbana em
que se aloca. Essa discussão pode ser contemplada como um recorte espacial de análise
no estudo das cidades.
Um segundo recorte, esse, institucional, refere-se à delimitação das
mesorregiões pelo IBGE. Primeiramente, deve-se destacar que as regionalizações
paranaenses sempre estiveram ligadas as divisões regionais brasileiras. Isso se deu a
exemplo das regionalizações anteriores, propostas pelo IBGE, quando não eram feitas
através de modelos importados a fim de propiciar uma regionalização de acordo com os
interesses dos diversos agentes produtores do espaço regional, sobretudo aqueles que
dizem respeito às multinacionais inseridas no território nacional e estadual a partir da
década de 1970.
A proposta da criação das mesorregiões foi instituída pelo IBGE em 1989, sendo
que foi uma estratégia de planejamento territorial com o intuito de criar e intervir com
as ações necessárias para o desenvolvimento e sustentabilidade desses recortes
territoriais, constituindo uma delimitação político-administrativa. Segundo Mendes
48
(1996, p.14) apud IBGE (1989), a definição da proposta da criação das mesorregiões se
define como:
Uma área individualizada, em uma Unidade da Federação, que
apresente formas de organização do espaço definidas pelas seguintes
dimensões: o processo social, como determinante, o quadro natural,
como condicionante e, a rede de comunicação e de lugares, como
elementos de articulação espacial. Estas três dimensões deverão
possibilitar que o espaço delimitado como mesorregião tenha uma
identidade regional. Esta identidade é uma realidade construída
através do tempo pela sociedade que aí se formou.
Algumas dessas dimensões nos suscitam a pensar na rede urbana e a elaborar, a
partir desse pensamento, alguns questionamentos: Essa delimitação explica a rede
urbana? Estaria a rede urbana das cidades estudadas delimitadas espacialmente pelo
critério acima especificado? Ainda que sirva como instrumento de planejamento e seja
adotado em alguns mapeamentos desse trabalho para explicar algumas variáveis,
acreditamos que as respostas das perguntas são negativas.
Por isso recorremos a uma nova classificação, baseada em um estudo realizado
pelo próprio IBGE em parceria com o IPEA e outros órgãos institucionais, nomeado
REGIC, ou seja, região de influência das cidades, elaborado em 2007.
De acordo com o REGIC (2007), Apucarana apresenta hierarquia de
centralidade como Centro Sub-regional A e Arapongas, como Centro de Zona A, duas
categorias abaixo da primeira. Ambas são polarizadas por Londrina e a proximidade
com a capital regional as inserem na dinâmica da Região Metropolitana.
A partir desse estudo, estabelecemos que é um critério mais contundente para
explicar a cidade no contexto de sua rede urbana, assim como para atribuir níveis de
centralidade para as mesmas, objeto também enfatizado nesse trabalho.
Outros recortes espaciais foram estabelecidos pelos autores, como da análise de
todo o norte do Paraná por Fresca (2009), por exemplo. Entretanto, dependendo da
análise que se propõe, a delimitação espacial tende a ampliar, sobretudo quando
relacionada à industrialização e a exportação dos produtos, tema a ser desenvolvido nos
capítulos posteriores, assim como a comparação entre as cidades no que tange à rede
urbana em que se inserem.
49
CAPÍTULO 2
50
2. O ESPAÇO URBANO: OS AGENTES SOCIAIS COMO DEFINIDORES
DA CENTRALIDADE INTRA E INTERURBANA
No contexto das ciências humanas, colocar a cidade como um objeto de estudo
significou um grande esforço e exigiu uma variedade de olhares, todos significativos
(TÖWS, 2009).
No Brasil, assim como em outros países, temos a tradição em pensar e em
analisar a cidade e a questão urbana (TÖWS, 2009). Quando estudamos as dinâmicas
que se territorializam e que se expressam no espaço urbano, logo percebemos que se
pode fazer diferentes leituras desses, seja por meio de uma descrição de suas
características, seus dados sócio-econômicos e formas, seja uma análise cultural de seus
costumes ou partindo das políticas adotadas para o desenvolvimento de um centro
urbano, uma cidade, um bairro, uma via, dentre outras (MACHADO e MENDES,
2006).
Partindo da assertiva de que são muitas as possibilidades de se estudar a cidade,
que se constitui como sinônimo de espaço urbano, adota-se a pergunta realizada por
Corrêa (1999): O que é o espaço urbano?
Para o autor, o espaço de uma grande cidade capitalista constitui-se no conjunto
de usos da terra justapostos entre si.
Tais usos definem áreas, como o centro da cidade, local de
concentração das atividades comerciais, de serviços e de gestão, áreas
industriais, áreas residenciais distintas em termos de forma e conteúdo
social, de lazer e, entre outras, aquelas reservadas para futura
expansão (CORRÊA, 1999, p. 7).
O autor trata desses diferentes usos da terra como complexos que, em realidade,
é a organização espacial da cidade ou simplesmente o espaço urbano (CORRÊA, 1999).
Rolnik (1995), outra autora que trata do conceito, alega que,
O espaço urbano deixou assim de se restringir a um conjunto denso e
definido de edificações para significar, de maneira mais ampla, a
predominância da cidade sobre o campo. Periferias, subúrbios,
distritos industriais, estradas e vias expressas recobrem e absorvem
zonas agrícolas num movimento incessante de urbanização (ROLNIK,
1995, p.12).
51
Há, evidentemente, de acordo com Mendes (1989) uma expansão do espaço
urbano sobre o campo, sendo a cidade, um espaço em constante transformação em
proporções mais significativas que no campo (rural),
pelo ritmo acelerado em que tem crescido nos países
subdesenvolvidos, principalmente nas três últimas décadas e os níveis
de concentração populacional que tem atingido gerando uma série
muito grande de dificuldades a serem superadas. Esse processo de
transformação traduz-se em constantes modificações na estrutura
interna da cidade, seja pela modificação do solo devido ao
crescimento territorial, ou pela distribuição dos novos atributos
locacionais no processo de constante reestruturação da cidade
(MENDES, 1989).
Entendendo o predomínio da cidade sobre o campo e, em uma análise sobre a
urbanização brasileira, rendendo-se à verdadeira inversão do local de moradia da
população do país, que era predominantemente rural e, de 1940 a 1980 se transformou
em urbana (SANTOS, 1993), a cidade passou a ser o local privilegiado para a
reprodução capitalista (FRESCA, 2009). Há, dessa forma, uma correlação entre a cidade
e o modo de vida da população, assim como as formas que essa população passou a
criar mecanismos de sobrevivência. Em outras palavras, há o privilégio das atividades
comerciais sobre as demais atividades no espaço urbano. “Desse modo entendemos que
a análise do comércio permite uma melhor compreensão do espaço urbano, na medida
em que esses são elementos articulados, inseparáveis historicamente” (ASALIN, 2008,
p.9).
As formas comerciais, conforme Lefebvre (1999), são antes de
qualquer coisa as formas sociais, pois são as relações sociais que
produzem as formações, ao mesmo tempo em que essas ensejam as
relações sociais. Ao analisar as formas comerciais, que são formas
espaciais históricas, se permite a verificação das diferenças presentes
no conjunto urbano, o entendimento das distinções que se delineiam,
entre espaços sociais (ASALIN, 2008, p.9).
Entre essas diferenças apontadas pelo autor, algumas são de fundamental
importância para a compreensão do que é o espaço urbano. Para Corrêa (1999), o
espaço urbano capitalista é fragmentado, articulado, reflexo e condicionante social,
conjunto de símbolos e campo de lutas.
Fragmentado, pois cada parte da cidade mantém relações com as demais partes,
em intensidade muito variável (CORRÊA, 1999). Há, evidentemente, espaços
diferenciados dentro da cidade, sobretudo subdividindo a cidade em classes sociais
52
distintas e em tipos de usos diferenciados, como uso industrial, comercial, residencial,
entre outros, caracterizando a fragmentação da cidade.
Articulado, devido aos variados fluxos, de veículos e de pessoas, os
deslocamentos quotidianos, os deslocamentos menos frequentes (CORRÊA, 1999). “As
relações espaciais integram, ainda que diferentemente, as diversas partes da cidade,
unindo-as em um conjunto articulado cujo núcleo de articulação tem sido,
tradicionalmente, o centro da cidade” (CORRÊA, 1999, p.8).
O espaço urbano é reflexo e condicionante social, pois reflete tanto as ações que
se realizam no presente como as ações pretéritas, que deixam suas marcas impressas nas
formas espaciais, tendo o substrato capitalista, a segregação e a complexa estrutura
social sempre presente (CORRÊA, 1999). É também um conjunto de símbolos e campo
de lutas, onde as crenças, valores e mitos criados são projetados em forma de símbolos e
as reivindicações da população são expressas no espaço urbano capitalista.
Entendendo os diversos processos que estão presentes no espaço urbano, é
necessário, para a compreensão da totalidade e da produção e reprodução do espaço
urbano, o estudo dos agentes que produzem o espaço. Para Capel (1983) a cidade não
pertence a seus habitantes e não é modelada em função de seus interesses, mas de
acordo com os interesses de uma série de agentes: Os proprietários dos meios de
produção; os proprietários do solo; os promotores imobiliários e as empresas de
construção; os órgãos públicos.
Corrêa (1999) compartilha da opinião de Capel (1983) e define que os principais
agentes produtores do espaço urbano são: os proprietários dos meios de produção,
sobretudo os grandes industriais, os proprietários fundiários, os promotores
imobiliários, o Estado e os grupos sociais excluídos.
Para o entendimento dos objetivos dessa pesquisa, destaca-se os proprietários
dos meios de produção, pois transformam de maneira significativa o espaço urbano das
cidades capitalistas onde se instalam, pois são grandes consumidores do espaço
(CORRÊA, 1999). E também, o Estado, pois tem uma atuação complexa e variável,
mas que corresponde aos interesses da pesquisa conhecer um pouco das suas estratégias
e ações.
53
2.1. OS PROPRIETÁRIOS DOS MEIOS DE PRODUÇÃO
Como uma das variáveis para o entendimento da centralidade das cidades
estudadas, é exatamente a indústria, faz-se necessário o entendimento das estratégias e
ações, além da importância dos proprietários dos meios de produção para a cidade
capitalista. Os proprietários dos meios de produção ou os grandes industriais, conforme
pondera Corrêa (1999) são os grandes consumidores do espaço. Historicamente foram
peças importantes para o desenvolvimento das cidades capitalistas, inclusive as
brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e, mais tarde
Curitiba, dentre inúmeras outras que viram o crescimento industrial interferirem na
dinâmica das cidades, gerando grandes transformações nas mesmas.
No nível nacional, a expansão e a diversificação da produção industrial, após a
revolução de 1930 refletiram-se também na organização da indústria da construção
(MAUTNER, 1999). Esta teve, ao longo do processo de industrialização e de
urbanização no país, um papel importante na implementação de mudanças que afetaram
tanto a produção de mercadorias como a reprodução da força de trabalho (MAUTNER,
1999).
E até hoje abrange um largo espectro de formas de produção: da
capitalista à doméstica, em seus extremos, refletindo no seu
entrelaçamento as condições impostas pela forma peculiar da
reprodução expandida no país. Assim, como a tendência à
generalização da forma da mercadoria, criou ao longo da história
diferentes formas de trabalho assalariado, que induziu também a
produção de um espaço urbano desigual e fragmentado (MAUTNER,
1999, p. 248)
Ou seja, a industrialização das cidades e a forma como aconteceu, sempre sobre
o crivo de estratégias que viessem a satisfazer os seus interesses, favoreceu o mercado
da construção civil, pois, com o aumento dos postos de trabalho e a incessante busca por
um posto, a população nas cidades aumentavam, favorecendo e criando a necessidade
de se construir mais nas cidades, no entanto, essa produção era desigual e fragmentada.
Percebe-se uma grande relação entre a industrialização e a produção da cidade
pelos demais agentes. No Brasil, segundo Mautner (1999), a garantia da reprodução da
força de trabalho por meio da intervenção do Estado jamais foi colocada como
necessidade imediata para a acumulação de capital.
54
O investimento sistemático em áreas da economia consideradas
estratégicas para o desenvolvimento econômico e o descaso para com
a reprodução da força de trabalho impediu uma leitura mais sutil de
formas de provisão habitacional dirigidas aos setores estratégicos da
força de trabalho necessária para a consolidação do desenvolvimento
econômico (MAUTNER, 1999, p.249).
Tendo “carta branca” do Estado, que se importava para o desenvolvimento
econômico, os proprietários dos meios de produção tiveram como empecilho a terra
urbana, pois a mesma tem um duplo papel: o de suporte físico e o de expressar
diferencialmente requisitos locacionais específicos às atividades (CORRÊA, 1999).
Essas relações, todavia, segundo o autor, são mais complexas.
A especulação fundiária, geradora do aumento do preço da terra, tem
duplo efeito sobre as suas atividades. De um lado onera os custos de
expansão na medida em que esta pressupõe terrenos amplos e baratos.
De outro, o aumento do preço dos imóveis, resultante do aumento do
preço da terra, atinge os salários mais elevados, os quais incidirão
sobre a taxa de lucro das grandes empresas, reduzindo-a (CORRÊA,
1999, p.14).
Como a especulação fundiária não é de interesse dos grandes industriais, então
esses travam conflitos com os proprietários fundiários, a fim de negociarem e atingirem
seus anseios. A necessidade de solo industrial abundante, que cumpra com as condições
de localização requeridas pelos industriais, ao mesmo tempo em que sejam baratas,
determina as estratégias das empresas, que se dirigem a evitar a especulação do solo
(CAPEL, 1983). Essas estratégias conduzem, inevitavelmente, a conflitos com os
proprietários fundiários (CAPEL, 1983), conforme já colocado. Conforme pondera
Corrêa (1999), no entanto, é importante considerar que os conflitos entre os
proprietários industriais e os proprietários fundiários não mais constituem algo absoluto
como no passado. Isto deve-se a:
(a) o desenvolvimento das contradições entre capital e trabalho torna
perigosa a abolição de qualquer forma de propriedade, entre elas a da
terra, pois isto poderia levar a que se demandasse a abolição da
propriedade capitalista;
(b) através da ideologia da casa própria, que inclui a terra, podem-se
minimizar as contradições entre capital e trabalho;
(c) a própria burguesia adquiriu terras, de modo que a propriedade
fundiária passou a ter significativo papel no processo de acumulação;
(d) a propriedade da terra é pré-requisito fundamental para a
construção civil que, por sua vez, desempenha papel extremamente
55
importante no capitalismo, amortecendo áreas da atividade industrial;
e,
(e) a propriedade fundiária e seu controle pela classe dominante tem
ainda a função de permitir o controle do espaço através da segregação
residencial, cumprindo, portanto, um significativo papel na
organização do espaço (CORRÊA, 1999, p.15).
Nesse sentido Capel (1983) complementa que “las empresas industriales posen
la posibilidad – facilitada, además, por las fuertes interconexiones personales y
financeras existentes a veces entre los consejos de administración – de estabelecer
relaciones y asociaciones entre ellas com vistas a la adopción de decisiones conjuntas
que afectam a grandes espacios, promovendo de esta forma vastos procesos de
renovación (CAPEL, 1983, p. 93).
Os autores auxiliam na contribuição sobre as estratégias que esses agentes
utilizam através de parcerias e acordos com o Estado e também com os proprietários
fundiários, para a instalação das empresas e/ou indústrias em áreas locacionais
privilegiadas, dotadas de infra-estrutura, sobretudo viária, portuária e de fácil aquisição
de matéria prima. Em outras palavras, buscam a facilidade nos transportes, tanto da
matéria prima quanto do produto industrializado, buscam-se instalar em área providas
de infra-estruturas, na maioria implementadas pelo próprio Estado, além de benefícios
como isenção de impostos, proximidade de bairros operários, entre outros quesitos.
Exemplificando isto, pode-se citar a década de 1990, com as “guerras fiscais” entre os
estados brasileiros, na tentativa de atrair grandes indústrias nacionais e transnacionais
para seu território.
Quando essa indústria, instalada no passado, se vê envolvida fisicamente por
usos residenciais de status, verifica-se o fenômeno da relocalização industrial
(CORRÊA, 1999). A indústria, por meio dessa estratégia, ganha nova localização, onde
há a possibilidade de expansão e extrai elevada renda fundiária ao implantar um
loteamento nas antigas instalações (CORRÊA, 1999).
Pero las grandes empresas industriales, y junto a ellas ahora las des
servicios, contribuyen también a la organización des espacio urbano
por las opciones que adoptam sobre localización de sus sedes sociales,
y que contribuyen al mantenimiento y reforzamiento del centro urbano
(...) El prestígio de una localización dentro de un sector del espacio
urbano particularmente magnificado en la imagen que se posee de la
ciudad, y pleno de resonancias simbólicas, influye claramente en esta
localización, a la vez que refuerza este elemento funcional del espacio
urbano (CAPEL, 1983, p.95).
56
Tendo o conhecimento das estratégias desse agente, importamos as
contribuições dos autores para a realidade dessa pesquisa. Arapongas, possui, na
industrialização, sobretudo no ramo moveleiro, a grande força econômica da cidade.
Apucarana tem prestígio em todo o Vale do Ivaí (região de abrangência), por ter a
atuação desses agentes estabelecidos na cidade.
Se a complexidade desses agentes nas cidades estudadas são diferenciadas, cabe
a pesquisa empírica decifrar. No entanto, há de ponderar que a atuação dos mesmos nas
cidades capitalistas se difere no tempo e no espaço, mas a essência de suas estratégias, a
constante necessidade de terra urbana para instalação e para expansão, bem como a
metamorfose que geram nas cidades após a instalação se repetem nas cidades
brasileiras, inclusive nas cidades estudadas, guardadas as escalas de abrangência. Desse
modo, a produção do espaço urbano capitalista é realizada também, dentre os agentes,
pelo Estado, que é um dos grandes responsáveis pela configuração das cidades (TÖWS,
2009).
57
2.2. A PRODUÇÃO INDUSTRIAL NAS CIDADES, OS ARRANJOS
PRODUTIVOS LOCAIS E AS EXPORTAÇÕES
A cidade de Arapongas, nos últimos anos, sofreu grande impulso econômico,
como conseqüência do bem sucedido APL de móveis, tornando-se um dos principais
pólos moveleiros do país, e Apucarana se firmou como um pólo têxtil, por meio do APL
instituído.
Como o surgimento dos APLs possuem grande importância para o
desenvolvimento de ambas as cidades, é necessário o resgate de tal processo. No
entanto, como sistematizar o significado de APLs, tendo em vista o surgimento
espontâneo e a adoção política? Para uma resposta satisfatória, recorreu-se a diversos
autores que trabalham com as aglomerações produtivas.
Assim, as aglomerações produtivas atuais recebem diversas denominações em
função das diferentes estratégias organizacionais ou diferentes abordagens conceituais
(MORAES, 2006). Dentre os conceitos de aglomerações produtivas estudadas pelo
autor, destaca-se o Distrito Industrial Marshalliano e o cluster, que veremos a seguir:
Pyke, Becattini e Sengenberger (1990) definem distritos industriais
como: “um sistema produtivo local, caracterizado por um grande
número de firmas que são envolvidas em vários estágios, e em várias
vias, na produção de um produto homogêneo”. Um traço desse
conceito é ser composto, em sua maioria, por MPMEs (MORAES,
2006, p. 97).
Os atributos, segundo o autor, de um distrito industrial são:
a) proximidade geográfica;
b) governos regionais e municipais apoiadores;
c) especialização setorial;
d) competição entre as firmas baseada em inovação;
e) predominância de firmas de tamanhos pequeno e médio;
f) colaboração estreita entre as firmas;
g) identidade sócio-cultural que favorece a confiança, e
h) organizações de auto-ajuda ativas.
O referido autor ainda complementa que, embora existam controvérsias acerca
do conceito (PYKE, BECATTINI e SENGENBERGER, 1990), podemos abrigar
58
debaixo desse guarda-chuva conceitual o „sistema produtivo territorial‟, a „estrutura
territorial local‟, o „ecossistema localizado‟, os „arranjos inovativos endógenos‟ e o
„sistema industrial localizado‟ (AMARAL FILHO, 2002). Os „distritos‟ da Terceira
Itália5 são exemplos desse conceito.
Já o modelo cluster pretende ser, segundo Amaral Filho (2002), uma síntese dos
conceitos anteriores, incorporando vários aspectos dos mesmos, e abrindo espaço
também, para as grandes empresas (MORAES, 2006). O autor, ao estudar Amaral Filho
(2002), citou o conceito de Rosenfeld: Cluster é “uma aglomeração de empresas;
(cluster) é uma concentração sobre um território geográfico delimitado de empresas
interdependentes, ligados entre elas por meios ativos de transações comerciais, de
diálogo e de comunicações que se beneficiam das mesmas oportunidades e enfrentam os
mesmos problemas”.
Através dos conceitos citados e também de trabalhos de campo sobre 26
aglomerações produtivas no Brasil, realizadas a partir de 1998, o Instituto de Economia
da UFRJ desenvolve notas conceituais sobre os APLs. Diversos pesquisadores
(ALBAGLI, 2003; AMARAL FILHO, 2002; TORRES, ALMEIDA e TATSCH, 2004,
AUN, CARVALHO e KROEFF, 2005; dentre outros) defendem o conceito
desenvolvido pela REDESIST6, citando os perigos, as limitações e dificuldades de se
fazer uma transposição das experiências e metodologias estrangeiras para a nossa
realidade (MORAES, 2005). Para o autor, o conceito APL, desenvolvido com base em
estudos sobre casos reais, disponibiliza aportes teóricos e metodologias que apontam
soluções de intervenções sociais em agrupamentos produtivos no sentido de viabilizar o
sucesso dos mesmos.
O conceito de APL é definido como “um conjunto de instituições que
conjuntamente e individualmente contribuem para o desenvolvimento e difusão de
tecnologias” (CASSIOLATO e LASTRES, 2003). Outra definição proposta pela
REDESIST é o que segue:
5 Existe uma farta bibliografia acerca do „fenômeno‟ Terceira Itália. Uma sugestão de leitura: Urani
André et al., Empresários e empregos nos novos territórios produtivos: o caso da Terceira Itália. Rio de
Janeiro, DP&A, 1999, onde encontramos uma série de abordagens sobre o tema. Ver também Hiratuka e
Garcia, 1998.
6 Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais (RedeSist).
59
arranjos produtivos locais são aglomerações territoriais de agentes
econômicos, políticos e sociais - com foco em um conjunto específico
de atividades econômicas - que apresentam vínculos mesmo que
incipientes. Geralmente envolvem a participação e a interação de
empresas - que podem ser desde produtoras de bens e serviços finais
até fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadoras de
consultoria e serviços, comercializadoras, clientes, entre outros – e
suas variadas formas de representação e associação. Incluem também
diversas outras instituições públicas e privadas voltadas para:
formação e capacitação de recursos humanos (como escolas técnicas e
universidades); pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política,
promoção e financiamento.
A partir desses conceitos, situa-se os Arranjos Produtivos Locais validados na
Mesorregião Norte Central Paranaense (Quadro 1). Esses APLs foram instituídos
através de uma parcela de contribuição do poder público, que visa estratégias de
desenvolvimento urbano e regional. Com base nisso, destaca-se as peculiaridades da
formação e desenvolvimento de cada um desses APLs, buscando caracterizar a parcela
atribuída pelo Estado, tanto no nível municipal, como é verificado em Arapongas, como
no nível do governo do Estado, que, através de pesquisas, incentivos e organizações
institucionais, releva a importância de cada um desses APLs, que contribuem para o
desenvolvimento local, regional, estadual e, consequentemente, do país (TÖWS;
DRUCIAKI, 2008).
QUADRO 1: RELAÇÃO DOS APLS VALIDADOS, SEGUNDO FATORES RELEVANTES
(SOMENTE OS APLS DO NORTE CENTRAL PARANAENSE)
APLs LOCAL FATORES RELEVANTES
Confecções - Bonés Apucarana Governança Local Especialização de
produto (bonés)
Importância das
MPMEs*
Confecções Maringá Organização
institucional
regional/ estadual
(Sindvest/Vestpar)
Várias classes
industriais
relacionadas
Importância de
MPMEs
Móveis Arapongas Maior pólo
moveleiro do
Estado e de forte
expressão
nacional
Importância de
MPMEs
Potencial
Exportador
Software Londrina
Maringá
Atividade
Inovadora e
Prioritária
Transversalidade Importância da
produção estadual
no país
Fonte: SEPL, IPARDES, In TÖWS e DRUCIAKI, 2008.
* Micro, Pequena e Média Empresa
Em relação à realidade apucaranense, verificou-se que se tornou a “capital
nacional do boné” e conta, atualmente com cerca de 70 indústrias responsáveis por 60%
da produção brasileira de bonés, com cerca de 1,5 milhões de peças/mês. A produção
60
nasceu a partir da ação de Jaime Ramos, produtor artesanal de chapeuzinhos e tiaras
vendidos nos estádios de futebol. Com a aceitação positiva do mercado, criou a Cotton‟s
Bonés Promocionais e passou a confeccionar bonés. Com o sucesso do negócio, outras
empresas foram criadas (FRESCA, 2004).
Em 1974 se iniciou a fabricação de bonés na cidade, a partir da produção
artesanal de bandanas e tiaras que eram comercializadas nas exposições, nas feiras
agropecuárias e no litoral do estado. No início de 1980, começaram a surgir as primeiras
empresas do segmento, entre elas a Faroli, a Cotton‟s, a Sementec e a Kep's. Entretanto,
não havia na região, os elos da cadeia produtiva de bonés e confecções. A dublagem de
tecidos era realizada em São Paulo, assim como a aquisição da matéria-prima e das
máquinas e equipamentos (IPARDES, 2005).
Em 1986 há o surgimento das primeiras empresas da cadeia produtiva de bonés,
entre elas a Dalplast, Showa e outras. Os empresários do setor de bonés reuniram-se em
torno de um objetivo comum: melhorar a qualidade e a produtividade das empresas do
segmento. Contrataram consultoria especializada nas áreas de qualidade, processo
produtivo, formação do preço e controle de custos. Dividiram a produção em células e
deram início ao processo de capacitação das costureiras do setor com o apoio do Senai
Apucarana. Através da cooperação, as empresas conseguiram melhorar a qualidade e a
produtividade da indústria de bonés. Surgiram os primeiros contratos promocionais em
nível nacional e internacional. Entre eles, cita-se o da Cofap, o da Arisco e de franquias
de filmes mundiais como o Jurassic Park. O fato marcante na formação do arranjo de
bonés, contudo, foi a celebração do contrato com o Banco Nacional. Através desse
contrato, o piloto Ayrton Senna tornou-se o primeiro garoto propaganda do setor, o que
contribuiu para a projeção da indústria de bonés de Apucarana na mídia nacional
(IPARDES, 2005).
O IPARDES (2005) relata ainda, que, no começo da década de 1990, a partir da
expansão da demanda nacional de bonés em promoção, houve um crescimento
desordenado do número de empresas do setor. Nesta fase, as empresas engajaram-se
numa competição via preços que afetou a rentabilidade e a lucratividade, na razão direta
do crescimento da concorrência interna. A estratégia de diferenciação utilizada pelas
empresas foi buscar agregar valor ao boné, com a finalidade de manter e/ou ampliar o
market share. Entre 1994 e 1996, dois fatos importantes marcaram a mudança de
paradigma na fabricação de bonés em Apucarana: a importação de máquinas de bordado
61
computadorizado e o surgimento na região de empresas distribuidoras de matérias-
primas (Dalplast, Dicatex, Boneon, Paranatex e Conviex) e fornecedores de máquinas e
equipamentos, tais como: Taicry e M.A.B. Fortuna, entre outras. Teve início uma nova
geração de bonés: a indústria de bonés bordados, com maior valor agregado e
diferencial competitivo. As empresas do segmento investiram pesadamente em
Marketing e Apucarana conquistou um espaço importante na mídia televisiva, sendo
conhecida como a 'Capital do Boné', em referência à produção de um dos brindes mais
utilizados pelas empresas no país.
A partir do ano 1997, houve iniciativas do escritório regional do Sebrae em
Apucarana, através do desenvolvimento de ações de articulação, estimulando a
cooperação, interação e aprendizagem. A primeira iniciativa foi à constituição, com 13
empresas, da Associação Brasileira dos Fabricantes de Bonés de Qualidade
(ABRAFAB‟Q), onde foi elaborado e realizado um projeto de exportação com o apoio
da APEX; certificação ISO 9000 e central de compras. A segunda iniciativa consistiu na
implantação da Associação das Indústrias de Bonés e Brindes de Apucarana
(ASSIBBRA), formada por 17 empresas. Um dos principais objetivos da ASSIBBRA
foi operacionalizar uma central de compras; formar estoques reguladores e produzir, de
forma conjunta, os insumos para a montagem de bonés (IPARDES, 2005).
Aponta-se também o grande contingente de pessoal envolvido com a produção e
comercialização de bonés, que, segundo o IPARDES (2005), só de postos de trabalho
formal, em 2003, trabalhavam 4.659 pessoas no setor. Inserindo os trabalhadores
informais, tem-se a quantia de 9.912 trabalhadores diretamente relacionados ao Arranjo
Produtivo Local de Bonés7.
A produção de bonés, uniformes e confecções em Apucarana é um dos
principais segmentos econômicos de desenvolvimento da cidade, com influência em
toda a economia da cidade. Atrelado a isso e, juntamente com o capital agroindustrial de
todo o Vale do Ivaí, houve a aplicação na produção da verticalização da cidade (TÖWS
et al, 2008).
Além da produção de bonés, da indústria alimentícia e do ramo agroindustrial
regional, Apucarana conta com um ambiente industrial e tecnológico com os seguintes
7 O Arranjo Produtivo Local de Bonés não se restringe somente à cidade de Apucarana, mas a toda a APL
(Apucarana e Região), mas vale considerar que em Apucarana concentra a maior parte desse segmento.
62
segmentos: Instituições Públicas Ensino Superior: FECEA-Apucarana; Instituições
Privadas Ensino Superior: FAP–Apucarana; Profissionalizante e Extensionismo: Senai
Apucarana e Sebrae Apucarana; Entidades Patronais; Entidades de Trabalhadores;
Assessoria em Gestão Empresarial; Contabilidade e Auditoria; Processamento de Dados
e Publicidade (IPARDES, 2004). Essas e outras instituições compreendem o Ambiente
Industrial e Tecnológico da Região Apucarana - Ivaiporã (Mapa 4).
63
NORTE CENTRAL PARANAENSE
LEGENDA
ÁREA DE INFLUÊNCIA DA REGIÃO APUCARANA-IVAIPORÃ
MUNICÍPIO DE APUCARANA
MUNICÍPIOS DO COMPLEXO URBANO LONDRINA-MARINGÁ
DEMAIS MUNICÍPIOS DO NORTE CENTRAL PARANAENSE
ÁREA URBANA
EIXO RODOVIÁRIO DO COMPLEXO URBANO LONDRINA-MARINGÁ
1
2
3
4
1 - APUCARANA2 - BOM SUCESSO3 - BORRAZÓPOLIS4 - CALIFORNIA5 - CANDIDO DE ABREU6 - FAXINAL7 - GRANDES RIOS8 - IVAIPORÃ9 - JANDAIA DO SUL10 - JARDIM ALEGRE11 - KALORÉ 12 - LIDIANÓPOLIS13 - MANOEL RIBAS14 - MARILÂNDIA DO SUL15 - MAUÁ DA SERRA16 - NOVA TEBAS17 - SÃO JOÃO DO IvAÍ18 - SÃO PEDRO DO IVAÍ
5
6
78
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
MAPA 4: AMBIENTE INDUSTRIAL E TECNOLÓGICO DA REGIÃO APUCARANA -
IVAIPORÃ8
Base: IPARDES/SEMA/ Própria Elaboração: TÖWS, R.L., 2008
8 Esse mapa foi produzido de acordo com tabela sobre o Ambiente Industrial e Tecnológico Apucarana-Ivaiporã. Os
municípios selecionados são somente os indicados como referência em algum indicador, ou seja, não se espacializou
toda a APL de Apucarana.
64
Como o desenvolvimento de outras atividades na cidade também é relevante,
para a pertinente análise que se realiza, buscou-se informações sobre os números
relativos a essas exportações realizadas pela cidade.
TABELA 2: PRINCIPAIS PRODUTOS, VALORES E PERCENTUAIS DE EXPORTAÇÃO DE
APUCARANA EM RELAÇÃO AO PARANÁ E AO BRASIL, EM 20089
2008 (US$ F.O.B.)
PRODUTO EXPORTADO Apucarana PR % Brasil %
FARINHA DE MILHO 15.728.921 15.987.141 98% 22.991.870 68,41%
GRÃOS DE MILHO, DESCASCADOS, EM
PEROLAS, CORTADOS, ETC. 5.954.689 6.140.749 97% 8.337.138 71,42%
OLEO DE MILHO, EM BRUTO 9.331.720 14.636.604 64% 38.551.750 24,21%
GRUMOS E SEMOLAS, DE MILHO 6.055.385 8.626.887 70% 10.048.784 60,26%
OUTS. COUROS/PELES, BOVINOS,
PREPARADOS 7.744.663 - - - -
OUTS. CALÇADOS DE COURO NATURAL,
C/BIQUEIRA PROT. DE METAL 3.869.810 6.568.399 59% 9.532.380 40,60%
OUTS. COURO BOVINOS, INCL. BUFALOS,
CORTADOS, ETC. 8.355.387 - - - -
OUTS. COUROS/PELES, BOVINOS, INCL.
BUFALOS, UMIDOS 248.655 7.791.165 3% 159.190.942 0,16%
OUTS. COUROS BOVINOS, INCL. BUFALOS,
DIVD. UMID. PENA FLOR 1.959.266 16.632.119 12% 160.934.139 1,22%
CARNES DE CAVALO, ASININO E MUAR,
FERSCAS, REFRIG. OU CONG. 5.357.880 13.209.692 41% 27.741.740 19,31%
OLEO DE SOJA, REFINADO, EM
RECIPIENTES COM CAP. - 5L 3.888.513 10.015.874 39% 96.228.816 4,04%
Fonte: MDIC, 2008 Elaboração Própria
Percebe-se que, mesmo tendo significativa importância para a cidade o título de
“capital do boné”, conforme dito e mesmo as atividades relacionadas a esse APL
gerarem para a cidade e para todo o vale do Ivaí emprego, renda, trabalho, entre outros
fatores, percebe-se que os produtos de exportação mais significativos estão relacionados
com a produção alimentícia e de couros, inclusive a produção da farinha de milho
corresponder a 98% da exportação do estado do Paraná e aproximadamente 70% de
toda a exportação nacional, com um crescimento considerável nos últimos anos. Assim,
verifica-se que Apucarana é diversificada em termos industriais.
Para comprovar essa constatação, realizou-se uma entrevista na empresa
Caramuru Alimentos, que é uma das grandes responsáveis pelo processamento
9 As tabelas dos anos anteriores estão em anexo. A análise total será possível após a qualificação.
65
alimentício na cidade de Apucarana bem como na empresa Kowalski, também do ramo
alimentício.
A empresa Caramuru Alimentos foi fundada na cidade de Maringá no ano de
1964. Em 1970, houve uma transformação por incorporação da firma individual para
produtos alimentícios Caramuru. Já, no ano de 1971, a empresa abriu uma filial na
cidade de Apucarana e em 1973, houve a transferência da matriz para a cidade de
Apucarana. Com o crescimento da empresa, houve, em 1975 a abertura de uma nova
filial na cidade de Itumbiara (GO). As décadas de 1980 e 1990 foram fundamentais para
o Grupo firmar sua presença, aproximando-se do setor rural, com 52 armazéns gerais
distribuídos pelos estados de Goiás, Mato Grosso e Paraná. Com a expansão das
atividades, a empresa lançou, em 1983, a marca Sinhá e, em 1986, na filial de Goiás, a
abertura das fábricas de óleo degomado, farelo de soja e pré-cozidos de milho, além da
unidade administrativa (CARAMURU, 2009).
Em 1995, a empresa implantou a indústria de óleo de soja em São Simão (GO),
voltada para a produção de farelo de soja, pioneira na região em capacidade de co-
geração de energia, tendo a sua produção escoada pela hidrovia Tietê-Paraná. Entre
outras inaugurações e aquisições, a empresa adquiriu locomotivas, e foi integrada ao
Programa Nacional de Produção e Uso do Biodíesel (PNPB) com o objetivo de agregar
valor e diversificar a produção (CARAMURU, 2009).
De fato, a empresa trabalha com produtos de consumo (Figura 6), no segmento
animal, no segmento industrial, em commodities e também na área do biodíesel,
constituindo-se assim, em uma empresa com múltiplas atividades.
Atualmente a empresa vende seus produtos para os estados do Paraná,
propriamente dito, para o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais,
Rio de Janeiro e Espírito Santo, e exporta para a França, a Angola e as Ilhas Cabo
Verde, totalizando 27% da sua produção (Mapa 5). Comprova-se dessa forma, o que
Santos (1987) dizia sobre a instalação dos grandes industriais na cidade em que as
formas flexíveis de produção, além de impor mudanças na própria estrutura interna das
cidades, coloca-as cidades em uma rede de relações entre cidades. Acrescenta-se que
essas relações não respeitam fronteiras e barreiras administrativas.
Sinalizando para a perspectiva de continuidade da pesquisa nesse tema, abordou-
se rapidamente, através dos dados do Ministério do Desenvolvimento da Indústria e
66
Comércio Exterior, de 2008, as informações de todas as exportações de Apucarana para
os diversos países, além dos valores dessas exportações. Assim, verificou-se que o
principal país comprador de produtos industriais de Apucarana é Angola, seguido de
Coréia do Sul e Hong Kong (Mapa 6).
FIGURA 6: PRODUTOS DESENVOLVIDOS PELA CARAMURU ALIMENTOS
67
0 400 800 Km
N
Escala
Fonte: Pesquisa Empírica realizada em 2009Base Cartográfica: IBGE, 2007Elaboração e Confecção: ARANDA, L.; TÖWS, R.L., 2009
Apucarana
ANGOLA
FRANÇACABO VERDE
MERCADO EXTERNO
MAPA 5: DESTINOS NACIONAL E INTERNACIONAL DAS VENDAS DA EMPRESA CARAMURU ALIMENTOS NO ANO DE 2008
68
LEGENDA (EM US$ 1.000)
De 147 a 1.000De 1.000 a 2.000De 2.000 a 3.000De 3.000 a 4.000
De 4.000 a 5.000
6.834
7.201
24.395
Apucarana
0° 60°60° 120°120° 180°180°
0°
30°
30°
60°
90°
90°
60°
ESCALA 1:200.000.000
PROJEÇÃO DE ROBINSON
1000 2000 km0
N
CHINA
INDONÉSIA
COSTA DO MARFIM
COLÔMBIA
NOVA ZELÂNDIA
C. VERDE
CAMARÕES
ARÁBIASAUDITA
PANAMÁ
EUA ESPANHA
VIETNÃ
CHILE
CUBA
TUNÍSIA
AFRICA DO SUL
VENEZUELA
TURQUIA
HOLANDA
ARGENTINA
JAPÃOGEÓRGIA
QUÊNIA
FRANÇA
PARAGUAI
URUGUAI
ITÁLIA
HONG KONG
CORÉIA DO SUL
ANGOLA
BASE CARTOGRÁFICA: IBGE, 2005FONTE DOS DADOS: MINISTÉRIO DO DESELVOLVIMENTOINDÚSTRIA E COMÉRICO EXTERIOR, 2009ELABORAÇÃO: ARANDA, L.; TÖWS, R.L., 2009
MAPA 6: EXPORTAÇÕES INDUSTRIAIS DE APUCARANA NO ANO DE 2008
69
A Empresa Kowalski Alimentos inicia suas atividades na área de
comercialização de cereais em 1935, na cidade de Curitiba, com sócio Fundador
Nicolau Kowalski. Em 1952, visualizando a força do interior e a proximidade com os
produtores, abre uma filial em Apucarana no norte do Paraná, onde consolida seu nome
expandindo a atuação para todo o Brasil. Em 1974, redireciona seus investimentos para
equipamentos e tecnologias, inicia sua atividade na área de industrialização de produtos
de milho, selecionando os melhores grãos, atendendo às exigências dos padrões
industriais do mercado consumidor. Em 1986, inaugura na cidade de Rio Verde, Goiás,
uma unidade armazenadora de cereais e posteriormente uma de industrialização de
milho. Em 1993, na unidade de Apucarana, é inaugurada a indústria de óleo. Em 1995,
inicia suas atividades no setor de rações e alimentos para pequenos animais. Em 2002,
aumenta seus investimentos no setor de Alimentos para Pequenos Animais com a
instalação de uma moderna unidade fabril em Apucarana. Em 2003, moderniza os
equipamentos da degerminação e moagem e aumenta a capacidade de produção na
unidade de Rio Verde. Em Apucarana é iniciada a instalação de uma planta para
degerminação semi úmida (KOWALSKI, 2010).
Dentre os produtos fabricados pela empresa, destacamos o fubá, a canjica, grits,
óleo de milho, farelo de gérmen de milho e rações para cães e gatos. Os principais
destinos dos produtos dentro do país são os estados do Sudeste (São Paulo e Minas
Gerais, principalmente), no entanto há o alcance em quase todos os estados do país
(Quadro 2).
Já as vendas externas, ou seja, as exportações têm como principais destinos os
Estados Unidos (42% das exportações), Angola (30%), Coréia (20%) e Uruguai (8%).
QUADRO 2: DESTINO DE VENDAS DOS PRODUTOS DA EMPRESA KOWALSKI POR
ESTADOS E REGIÕES (2010)
Região Sul Sudeste Centro Oeste Nordeste Norte
PR: 23,65% SP: 24,85% MS: 0,92% AL: 0,51% AM: 0,33%
SC: 4,62% RJ: 2,57% MT: 0,52% BA: 2,08% PA: 0,24%
RS: 7,10% MG: 9,01% GO: 2,83% CE: 1,56%
ES: 0,96% DF: 0,52% PB: 1,18%
RN: 1,01%
MA: 0,45%
PE: 0,32%
PI: 0,09%
SE: 0,61% Fonte: Pesquisa Empírica, 2010.
70
Em Arapongas o processo foi diferenciado no que tange ao tipo de matéria para
produção industrial. Enquanto a anterior se desenvolveu no ramo de confecções e de
alimentos, principalmente, mas em uma configuração de mais variedades produtivas,
Arapongas tem como virtude a criação de um parque industrial moveleiro.
O desenvolvimento econômico da cidade se deu com a criação do parque
industrial, na década de 1960, identificando e confirmando a teoria de que a inserção
industrial nas cidades transforma o espaço urbano (Corrêa, 1999). Com a crise do setor
produtivo do café, determinado pelo fator climático principalmente, os negócios
imobiliários na cidade pararam, sobretudo na área rural em que, anteriormente, eram
intensos. Com a decadência no setor, houve a necessidade da criação do parque
industrial, idealizado pelo prefeito vigente no período, Sr. Grassano (ARAPONGAS,
2007). O IPARDES coloca que,
O parque industrial de móveis de Arapongas surgiu em 1966, por
meio de incentivos da Prefeitura Municipal pela Lei n.º 654, que
fomentou a implantação de novas indústrias e a ampliação das
existentes, mediante a doação de terrenos e a concessão de isenção de
impostos municipais. O objetivo dessa política pública era o de
promover a atividade industrial e diversificar a economia do
município, que era dependente da agricultura, particularmente da
cultura do café (2006, p. 09).
Os primeiros imóveis para tal foram adquiridos/ construídos às margens da
Rodovia BR-369. Foram fixadas as primeiras empresas no ramo moveleiro, começando
com a MOVAL, seguida pelas demais. Outras empresas de outros segmentos que se
instalaram inicialmente devem ser destacadas, como a PENNACHI, PRODASA e
PRODUTOS a GOSTO, e a transferência da NORTOX de Apucarana10
.
Essa rodovia se tornou a principal referência para a instalação desse segmento
econômico da cidade até os dias atuais (Figura 7).
10 Baseado no Guia Cultural de Arapongas – Depoimento de Dr. José Colombino Grassano no Livro “Plantando
Chaminés” – de Naici Vasconcelos de Souza – em 1998.
71
FIGURA 7: INDUSTRIALIZAÇÃO AO LONGO DA RODOVIA BR -369 Fonte: GoogleEarth, 2008
Entretanto, até meados dos anos 70 a economia do município estava
baseada na agropecuária, particularmente na extração de madeira,
criação de gado e plantações de café. Após a grande geada de 1975,
que destruiu a maior parte dos cafezais, o Município de Arapongas,
como os demais da região, sofreu uma reestruturação da atividade
econômica local, passando a focar seus esforços na atividade
moveleira. Em 1978 foi criada a Associação Profissional das
Indústrias da Serraria, Carpintaria, Madeiras Compensadas e
Laminadas e da Marcenaria (móveis de madeira) de Arapongas, ou
Associação dos Moveleiros de Arapongas. Em 1982, a Associação dos
Moveleiros de Arapongas transformou-se em sindicato das indústrias
de serrarias, carpintarias, tanoarias, madeiras compensadas e
laminadas, aglomerados e fibras de madeira e da marcenaria (móveis
de madeira), móveis e mobílias em geral, inclusive vime, junco e
tubulares (estruturas metálicas), além de vassouras e ainda cortinas,
cortinados e estofados de Arapongas, denominado Sindicato das
Indústrias de Móveis de Arapongas (SIMA) (IPARDES, 2006, p. 09).
Arapongas é reconhecida como uma das Capitais Moveleiras do país, setor de
grande importância no desenvolvimento dos setores econômicos da cidade. Com a
implantação dessas e de outras indústrias na cidade, ocorre um desenvolvimento urbano
com grandes transformações territoriais, tanto horizontais - com a criação de bairros,
loteamentos e o próprio Parque Industrial - como verticais, com a construção de
72
edifícios. Através dessa especialização da industrialização na cidade, instituiu-se,
através de programas governamentais, o chamado Arranjo Produtivo Local de Móveis
de Arapongas – APL, com o intuito de especialização no setor e desenvolvimento
regional e local (TÖWS, 2008).
Corrêa (1999) aponta que a ação espacial dos proprietários industriais leva à
criação de amplas áreas fabris em setores distintos das áreas residenciais nobres da
cidade (TÖWS, 2009). “Deste modo a ação deles modela a cidade, produzindo seu
próprio espaço e interferindo decisivamente na localização de outros usos da terra”
(CORRÊA, 1999, p. 15).
Há que se pontuar que existe interferência dos proprietários dos meios de
produção no desenvolvimento urbano, como coloca Capel (1983, p. 89):
De lo que hemos expuesto sobre los factores del crescimiento urbano
puede deducirse el papel fundamental que desempeña la localización
de los médios de producción en la organización y evolución de la red
urbana. Pero la misma organización del tejido urbano se encuentra
afectada por las decisiones y las estratégias de los propietarios de los
médios de producción y, en general, de las grandes empresas
industriales y de sevicios.
O APL de móveis de Arapongas “saiu” do contexto intraurbano e se expandiu
para as cidades vizinhas, ou seja, empresas do segmento se instalaram nas cidades
próximas, que também estão atreladas ao suporte oferecido por Arapongas,
caracterizando um aglomerado de empresas, como colocado no conceito, um Arranjo
Produtivo. Os municípios que compreendem esse arranjo são: Arapongas, Apucarana,
Cambe, Rolândia e Sabáudia (Mapa 7).
73
MAPA 7: APL DE MÓVEIS DE ARAPONGAS
Base: IPARDES/SEMA/ Própria Elaboração: TÖWS, R.L., 2008
É de interesse sinalizar que essa discussão tem por objetivo dar suporte e
comprovar a importância desse tipo de atividade para a cidade, tanto em termos de
desenvolvimento urbano, transformações na cidade, quanto na importância econômica e
de centralidade que configura para a localidade.
74
NORTE CENTRAL PARANAENSE
LEGENDA
TERRITÓRIO DO SIMA
MUNICÍPIO DE ARAPONGAS
DEMAIS MUNICÍPIOS DO NORTE CENTRAL PARANAENSE
ÁREA URBANA
EIXO RODOVIÁRIO DO COMPLEXO URBANO LONDRINA-MARINGÁ
18
6 79
11
10 2
34
1 -ARAPONGAS2 - APUCARANA3 - CAMBÉ4 - ROLÂNDIA5 - SABÁUDIA6 - CAMBIRA7 - CALIFORNIA8 - LONDRINA9 - JANDAIA DO SUL10 - MARIALVA11 - MANDAGUARI
BASE: IPARDES/SEMA/PRÓPRIAELABORAÇÃO: ARANDA, L./TÖWS, R. L., 2009
5
Assim, para destacar a importância do setor, buscou-se informações no
Sindicado da Indústrias de Móveis de Arapongas. As informações, sobretudo os
números do setor, não se restringem somente à cidade de Arapongas, devido a
abrangência. Mas é necessário pontuar para entender a dinâmica do setor e a
representatividade do mesmo para Arapongas.
Como dito, é importante verificar que a base territorial do SIMA ultrapassa os
limites do APL de móveis de Arapongas, pois considera os seguintes municípios:
Arapongas, Apucarana, Califórnia, Cambé, Cambira, Jandaia do Sul, Londrina,
Mandaguari, Marialva, Rolândia e Sabáudia (Mapa 8).
MAPA 8: MUNICÍPIOS QUE COMPREENDEM O TERRITÓRIO DO SIMA, 2008.
75
Pelo mapa (9) é possível perceber a expansão da centralidade somente pelo
quesito da união sindical dos empresários. Na verdade, os limites são bem maiores, se
consideradas as exportações (Tabela 3), como será sinalizada.
TABELA 3: NÚMEROS DO SETOR MOVELEIRO EM 2005
ANO 2005 ARAPONGAS
PÓLO
MOVELEIRO
NORTE PR
BRASIL
Número de
Funcionários 7.890 11.570 189.372
Faturamento Anual R$ 877 mi. R$ 1,4 bi. R$ 12,05 bi.
Exportação Anual US$ 48,8 mi. US$ 57 mi. US$ 990,42 mi. Fonte: SIMA, 2009.
Em Arapongas, os números são os seguintes: Eram 145 empresas no segmento,
com 7.890 funcionários (empregos diretos) e 2.350 funcionários (empregos indiretos),
em 2005. A grande diferenciação é que o setor representa aproximadamente 65% do
PIB do município de Arapongas, com um faturamento em 2005, de R$ 877 milhões e 48
milhões de exportação.
Reportando para o ano de 2007, os mapas 9 e 10 demonstram a distribuição do
emprego no setor no estado do Paraná e a distribuição dos estabelecimentos. Em 2007,
já se tinha 9685 funcionários e 157 empresas, demonstrando que há a expansão do setor.
O segmento é significativo na cidade e, como coloca TÖWS, et.al. (2009), há a
transformação no espaço urbano pelo capital industrial de Arapongas.
Esse capital refere-se ao industrial, por meio da instalação do Parque
Industrial de Arapongas, onde houve o desenvolvimento da indústria
moveleira, principalmente, acarretando à criação do Arranjo Produtivo
Local de Móveis de Arapongas (APL). Ela tem sua gênese atrelada ao
capital oriundo da agricultura, mas sofre grandes transformações com
a inserção do Parque Industrial. Os proprietários dos meios de
produção, conforme designados têm o importante papel no
desenvolvimento urbano, pois altera substancialmente a paisagem
urbana, tanto no local onde se instala, às margens da Rodovia PR-369,
quanto no desenvolvimento no espaço urbano, com retorno local
aplicado, também, na produção vertical (TÖWS, et.al., 2008, p. 37).
76
MAPA 9: DISTRIBUIÇÃO DO EMPREGO DO SETOR NO ESTADO DO PARANÁ (2007),
COM DESTAQUE PARA ARAPONGAS Fonte: FIEP, 2008
MAPA 10: DISTRIBUIÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS DO SETOR NO ESTADO DO
PARANÁ (2007),COM DESTAQUE PARA ARAPONGAS Fonte: FIEP, 2008
77
É possível observar, nas áreas onde existem os parques industriais, a expansão
da ocupação, sobretudo das classes sociais com menos poder aquisitivo, servindo de
mão de obra no setor moveleiro (Mapa 13). As transformações no espaço urbano
também são derivadas da atuação dos proprietários dos meios de produção.
Em relação às exportações (Tabela 4), de modo geral e não só do setor
moveleiro, através da pesquisa realizadas no Ministério do Desenvolvimento da
Indústria e Comércio Exterior, de 2008, adquirimos as informações de todas as
exportações de Arapongas para os diversos países, além dos valores dessas exportações.
Os maiores compradores de Arapongas são Hong Kong e Argentina (Mapa 12).
TABELA 4: PRINCIPAIS PRODUTOS, VALORES E PERCENTUAIS DE EXPORTAÇÃO DE
ARAPONGAS EM RELAÇÃO AO PARANÁ E AO BRASIL, EM 2008
2008 (US$ F.O.B.)
PRODUTO EXPORTADO Arapongas PR % Brasil %
MOVEIS DE MADEIRA P/QUARTOS DE
DORMIR 23.280.562 39.568.526 59% 289.531.719 8,04%
OUTROS MOVEIS DE MADEIRA 17.894.443 35.724.439 50% 297.342.085 6,02%
MOVEIS DE MADEIRA
P/COZINHAS 3.735.802 6.259.718 60% 53.870.981 6,93%
ASSENTOS ESTOFADOS,COM
ARMACAO DE MADEIRA 2.031.007 4.523.040 45% 63.512.899 3,20%
MOVEIS DE MADEIRA P/ESCRITORIOS 475.996 923.727 52% 24.614.235 1,93%
CARNES DE GALOS/GALINHAS,N/
CORTADAS EM PEDACOS,CONGEL. 2.345.487 679.163.051 0% 2.207.043.371 0,11%
PEDACOS E MIUDEZAS,COMEST.DE
GALOS/GALINHAS,CONGELADOS 10.072.812 872.460.468 1% 3.612.183.077 0,28%
TRIPAS DE BOVINOS,FRESCAS,REFRIG.
CONGEL.SALG.DEFUMADAS 5.442.060 7.952.935 68% 244.103.926 2,23%
OUTRAS MIUDEZAS COMESTIVEIS DE
BOVINO,CONGELADAS 4.809.274 9.530.416 50% 153.338.146 3,14%
ALIMENTOS PARA CAES E GATOS 1.188.611 1.543.273 77% 27.709.750 4,29%
BOMBONS,CARAMELOS,CONFEITOS E
PASTILHAS, SEM CACAU 1.459.738 7.632.605 19% 104.442.884 1,40%
Fonte: MDIC, 2008 Elaboração Própria
Devemos, no entanto, pontuar outras atividades importantes para a cidade, em
relação à indústria, que não se monopoliza somente pela atividade acima apresentada.
Arapongas também se destaca em outros setores, com menos ênfase do que o setor
moveleiro, mas que devem ser contempladas. Assim, entrevistamos a empresa Moinho
Arapongas S/A, do ramo alimentício.
Em 1963 começou a história do MOINHO ARAPONGAS com início da sua
construção, começando a produzir em 1964. Eram apenas 200 sacos de farinha por dia e
todo o trigo vindo direto da Argentina, pois o norte do Paraná era essencialmente de
cafeicultores, não existia trigo na região, mas com um potencial agrícola imensa para
78
esse produto. O proprietário da empresa, com sua incrível capacidade de gerar negócios
e fazer amigos, conseguiu em parceria com órgãos especializados em trigo no sul, trazer
o trigo para o norte do Paraná (MOINHO ARAPONGAS, 2010) (Figura 8).
A empresa se especializou na fabricação de farinha de trigo e, mais
recentemente, de fubá e de massas alimentícias. Não produz para o mercado externo, no
entanto realiza vendas por diversos estados brasileiros das regiões Sul, Sudeste e
Centro-Oeste (Quadro 3 e Mapa 11).
QUADRO 3: DESTINO DE VENDAS DOS PRODUTOS DA EMPRESA MOINHO ARAPONGAS
S/A POR ESTADOS E REGIÕES (2010)
Região Sul Sudeste Centro Oeste
PR: 84,63% SP: 20% MS:0,35%
SC: 0,50% RJ:2% MT: 0,20%
RS:2% MG:5% GO: 1%
ES:0,50% Fonte: Pesquisa Empírica, 2010.
Em relação ao número de funcionários, a empresa possui 378 funcionários da
cidade, 05 de Apucarana, 07 de Rolândia, 01 de Sabáudia, 06 de Londrina, 08 de
Cambe, 06 de Maringá, 03 de Jandaia do Sul, 02 de Guarapuava, 03 de Cianorte e 02 de
Cornélio Procópio que, em sua maioria, sobretudo os que residem nas cidades mais
próximas, se deslocam diariamente para a realização do trabalho.
FIGURA 8: MOINHO DE TRIGO ARAPONGAS Fonte: www.moinhoarapongas.com.br
79
0 400 800 Km
N
Escala
Fonte: Pesquisa Empírica realizada em 2010Base Cartográfica: IBGE, 2007Elaboração e Confecção: ARANDA, L.; TÖWS, R.L., 2010
Arapongas
MAPA 11: ESPACIALIZAÇÃO DAS VENDAS DA EMPRESA MOINHO ARAPONGAS S/A,
2010
80
LEGENDA (EM US$ 1.000)
De 430 a 1.000De 1.000 a 2.000De 2.000 a 3.000De 3.000 a 4.000
De 4.000 a 5.000
De 5.000 a 7.000
8.393
9.042
12.313
Arapongas
0° 60°60° 120°120° 180°180°
0°
30°
30°
60°
90°
90°
60°
ESCALA 1:200.000.000
PROJEÇÃO DE ROBINSON
1000 2000 km0
N
PANAMÁ
EUAESPANHA
CHILE
CUBA
TUNÍSIA
AFRICA DO SUL
VENEZUELA
ALEMANHA
ARGENTINA
JAPÃO
PARAGUAI
URUGUAI
HONG KONG
ANGOLA
BASE CARTOGRÁFICA: IBGE, 2005FONTE DOS DADOS: MINISTÉRIO DO DESELVOLVIMENTOINDÚSTRIA E COMÉRICO EXTERIOR, 2009ELABORAÇÃO: ARANDA, L.; TÖWS, R.L., 2009
EMIRADOSÁRABES
CASAQUISTÃO
EQUADOR
PERÚ
MÉXICO
NAMÍBIA
MOÇAMBIQUE
PORTUGAL
BOLÍVIA
C.RICA
HONDURASGUATEMALAEL SALVADOR
HAITI
MAPA 12: EXPORTAÇÕES INDUSTRIAIS DE ARAPONGAS NO ANO DE 2008
81
2.3. O ESTADO CAPITALISTA E SEU PAPEL NA ORGANIZAÇÃO
ESPACIAL
É de real importância compreender o papel do Estado enquanto agente produtor
da cidade capitalista, pois o Estado atua na organização espacial do espaço urbano
capitalista. Se não é detentor dos meios de produção, viabiliza a inserção dos demais
agentes e favorece a entrada e a (re) produção do capital no espaço urbano.
Assim, conforme contribui Villaça (1999), o Estado brasileiro tem atuado sobre
as cidades de várias maneiras, instalando redes de abastecimento de água e de coleta de
esgotos; construindo avenidas, parques e casas populares; regulamentando a delimitação
de zonas urbanas, a abertura de loteamentos e a construção de edifícios pela iniciativa
privada, etc. Afetaram de forma significativa as cidades brasileiras, sobretudo as
grandes e médias, nos anos 1970 e 1980, no que tange às ações do governo federal nos
campos do saneamento, transporte e habitação. Cabe ressaltar, porém, que nas cidades
estudadas, em particular Arapongas, o Estado foi responsável pela criação do Parque
Industrial, que mais tarde atingiu a dimensão atual e tem uma configuração destacada na
paisagem urbana.
Para Corrêa (1999), o Estado atua como grande industrial, consumidor do espaço
e de localizações periféricas, proprietário fundiário e promotor imobiliário, “sem deixar
de ser também um agente de regulação do uso do solo e o alvo dos chamados
movimentos sociais urbanos” (CORRÊA, 1999, p. 24).
No entanto, é através da implantação de serviços públicos, como
sistema viário, calçamento, água, esgoto, iluminação, parques, coleta
de lixo, etc., interessantes tanto às empresas como à população em
geral, que a atuação do Estado se faz de modo mais corrente e
esperado. A elaboração de leis e normas vinculadas ao uso do solo (...)
constituem outro atributo do Estado no que se refere ao espaço urbano
(CORRÊA, 1999, p.24).
Além desses atributos, compete ao Estado algumas estratégias e ações, que o
autor acima citado interpreta como instrumentos que podem ser empregados em relação
ao espaço urbano. São os seguintes, entre outros:
a) direito de desapropriação e precedência na compra de terras;
b) regulamentação do uso do solo;
c) controle e limitação dos preços de terras;
82
d) limitação da superfície da terra de que cada um pode se apropriar;
e) impostos fundiários e imobiliários que podem variar segundo a
dimensão do imóvel, uso da terra e localização;
f) taxação de terrenos livres, levando a uma utilização mais completa
do espaço urbano;
g) mobilização de reservas fundiárias públicas, afetando o preço da
terra e orientando espacialmente a ocupação do espaço;
h) investimento público na produção do espaço, através de obras de
drenagem, desmontes, aterros e implantação da infra-estrutura;
i) organização de mecanismos de credito à habitação;
j) pesquisas, operações-teste sobre materiais e procedimentos de
construção, bem como o controle de produção e do mercado deste
material (CORRÊA, 1999, P.25).
Ou seja, cabe ao Estado a interferência sobre o espaço urbano, onde o mesmo
detêm, ainda que diferenciando as classes sociais, poderes sobre o espaço através dos
instrumentos acima citados. Dessa maneira, é importante compreender seu papel, suas
estratégias e suas ações para compreender o espaço urbano de modo geral. É
importante, por excelência, sua interferência na localização das coisas, na viabilização e
na gestão de políticas para atração de investimentos do capital privado, sobretudo os
proprietários dos meios de produção, que geram emprego para a população, atraem
investimentos e rendas para a localidade, reforçam a centralidade e a importância do
espaço urbano no contexto em que se insere.
Mesmo demonstrando a importância do Estado e dos proprietários dos meios de
produção para a produção do espaço urbano, é necessário a (re)definição que a
centralidade sofre no transcorrer no tempo e ação dos agentes.
83
MAPA 13: USO DO SOLO URBANO DA CIDADE DE ARAPONGAS, 2008 Fonte: Plano Diretor de Arapongas, 2008/ Adaptação: ARANDA, L., 2009
84
2.4. A INFLUÊNCIA DOS AGENTES NA (RE)DEFINIÇÃO DA
CENTRALIDADE URBANA
A partir da consolidação do sistema capitalista de produção é que ocorreu a
propagação do processo de urbanização e a ampliação da divisão espacial nas cidades,
processos resultantes das mais variadas modificações espaciais e temporais com o
intuito de ampliar e acumular capital (ASALIN, 2008).
“(...) a centralidade é entendida enquanto processo, e o centro ou os centros
como expressão territorial” (SPÓSITO 1996, p. 4). A centralidade está relacionada aos
processos que se materializam em certos pontos da cidade, identificados pela densidade
dos fluxos e fluidez no território, permitindo a emergência de uma centralidade múltipla
e complexa, no lugar da centralidade principal (ASALIN, 2008). Esse processo está
atrelado às diversas formas de capital no espaço urbano, que se inserem para atrair a
população.
Corrêa (1995, p. 21) coloca que:
A centralidade de um núcleo [...] refere-se ao grau de importância a partir de
suas funções centrais: maior o número delas, maior a sua região de influência,
maior a população externa atendida pela localidade central, e maior a sua
centralidade.
Além disso, a centralidade de um núcleo na rede urbana pode modificar, ou seja,
pode aumentar ou diminuir:
A posição de cada centro na hierarquia urbana não é mais suficiente para
descrever e explicar a sua importância na rede de cidades. É necessário que se
considere suas especializações funcionais, sejam industriais ou vinculadas ao
serviço, muitos dos quais criados recentemente (CORREA, 1996, p. 99).
A centralidade urbana pode ser abordada em duas escalas territoriais: a
intraurbana e a da rede urbana (SPÓSITO, 1998). Este trabalho está vinculado à rede
urbana, que, segundo Asalin (2008, p.46),
a análise toma como referência a cidade ou aglomeração urbana principal em
relação ao conjunto de cidades de uma rede, essa, por sua vez, podendo ser vista
em diferentes escalas e formas de articulação e configuração, ao tornar
compreensível os papéis da cidade central.
No primeiro nível é possível enfocar as diferentes formas de expressão dessa
centralidade tomando como referência o cidadão ou da aglomeração urbana, a partir de
seu centro ou centros. No segundo nível, a análise toma como referência a cidade ou
85
aglomeração urbana principal, em relação ao conjunto de cidade de uma rede, essa por
sua vez podendo ser vista em diferentes escalas e formas de articulação e configuração,
de maneira que se possa compreender os papéis da cidade central.
A análise da redefinição da centralidade das cidades ganha cada vez
mais relevância em função de quatro dinâmicas que marcam as
transformações em curso:
1. As novas localizações dos equipamentos comerciais e de serviços
concentrados e de grande porte determinam mudanças de impacto no
papel e na estrutura do centro principal ou tradicional, o que provoca
uma redefinição de centro, de periferia e da relação centro-periferia.
2. A rapidez das transformações econômicas que se expressam,
inclusive, através das formas flexíveis de produção impõem mudanças
na estruturação interna das cidades e na relação entre as cidades de
uma rede.
3. A redefinição da centralidade urbana não é um processo novo, mas
ganha novas dimensões, considerando-se o impacto das
transformações atuais e a sua ocorrência não apenas nas metrópoles e
cidades grandes, mas também em cidades de porte médio.
4. A difusão do uso do automóvel e o aumento da importância do lazer
e do tempo destinado ao consumo redefinem o cotidiano das pessoas e
a lógica da localização e do uso dos equipamentos comerciais e de
serviços (SANTOS, 1987, p. 28).
A densidade espacial das cidades, nódulos essenciais da urbanidade, toma
proporções nunca vistas, arrastando consigo novas dimensões na relação homem/meio.
A progressiva industrialização, fazendo por redefinir o arranjo espacial, estabelece a
dinâmica do fluxo migratório. No módulo do espaço urbano, a cidade cresce em
densidade absorvendo como demanda cada vez mais crescente a mão-de-obra e a força
de trabalho necessária.
Este é um processo, pode-se dizer clássico onde o mundo da manufatura torna-se
hegemônico. E nesta densidade acarretada, amplia-se a divisão social do trabalho, a
interdependência das atividades, portanto, não só a produção, mas também a circulação
tem sua geografia dilatada.
Com a evolução capitalista, a diferenciação das cidades acaba se enfatizando,
incluindo-se aí a hierarquia, o qual é tradicionalmente objeto de estudo das redes
urbanas. Sobre isso, Corrêa coloca que:
Todas as cidades são dotadas de funções centrais, isto é, atividades de
distribuição de bens e serviços para uma população externa, residente
86
na região complementar (hinterlândia, área de mercado, região de
influência), em relação à qual a localidade central tem uma posição
central. A centralidade de um núcleo, por outro lado, refere-se ao seu
grau de importância a partir de suas funções centrais. (1994, p. 21).
É notável que através da reprodução da cidade se processa a centralidade, sendo
manifestada através das condições de atração, acessibilidade e mobilidade.
Por meio do conhecimento das formas de centralidade (intra e interurbana), é
possível identificar algumas variáveis para interpretação da lógica das cidades
estudadas. Ainda que na metodologia é realizado o “recorte” de dados para confirmar,
ou, pelo menos, para demonstrar, por meio das variáveis, a importância das cidades, é
de igual importância demonstrar algumas variáveis utilizadas por alguns autores que
estudaram as cidades da região para confirmar a centralidade, sobretudo interurbana,
dos espaços urbanos trabalhados em suas pesquisas.
Ribeiro (2007) trabalhou em suas pesquisas com as cidades de Londrina e de
Maringá sob o aspecto da centralidade. Para identificar a centralidade de ambas
cidades, o autor trabalhou com as interações espaciais como meio de avaliar as
características e padrões espaciais da rede urbana: estudou os deslocamentos e
comunicações correlatas, relacionadas às dinâmicas econômicas que são oriundas de
momentos históricos diferenciados e de capitais distintos, em escala e origem. Assim, o
autor fez uma breve análise dos fluxos materiais, sobretudo do transporte de passageiros
e de cargas, aéreo e rodoviário que envolvem as cidades de Londrina e de Maringá, para
uma mais precisa caracterização de suas relações interurbanas e diferentes
conectividades.
Asalin (2008) realizou pesquisas sobre a cidade de Maringá (PR) para identificar
a centralidade exercida pela cidade com uma única variável: o comércio atacadista de
confecções. Com base nos deslocamentos e nos fluxos dos compristas e dos guias, o
autor identificou a importância do setor para a cidade, assim como a centralidade
exercida pela cidade de Maringá em vários estados no Brasil, nesse quesito. O autor
ainda identificou a articulação existente entre os agentes comerciais e a construção civil
na cidade de Maringá, ou seja, uma intrínseca relação entre eles e a devida aplicação de
seus capitais.
87
2.5. AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR COMO UMA DAS
VARIÁVEIS PARA DEFINIR A CENTRALIDADE DAS CIDADES
2.5.1. Características das IES de Apucarana
A instalação da Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de Apucarana foi
uma luta do povo de Apucarana que através do deputado Jorge Amim Maia teve seus
anseios levados até Curitiba.
A Faculdade teve a autorização para funcionamento no Diário Oficial da União
no governo de Juscelino Kubitschek no dia 5 de julho de 1960, através do decreto n°
48.376.
Conta atualmente com os seguintes cursos de graduação: Administração,
Ciências Contábeis, Ciências Econômicas, Secretaria Executivo Trilíngue, Serviço
Social e Turismo.
Em 29 de novembro de 2006 foi autorizado o funcionamento da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná – campus Apucarana através da Portaria MEC n°1.862.
Atualmente a UTFPR oferece o curso de Tecnologia em Design de Moda. Esta surgiu
através da expansão da Rede Federal de Educação Tecnológica.
A partir da década de 1990, houve em todo território brasileiro uma expansão do
ensino superior privado. Esta expansão do setor privado está baseado nas políticas
neoliberais (MOTA, 2007). Sendo assim, no ano de 1999, surge a primeira IES privada
de Apucarana, a Faculdade de Apucarana.
A Faculdade de Apucarana teve a autorização para o primeiro curso superior -
Sistemas de Informação, em 24 de junho de 1999. Além dessa graduação a instituição
oferece mais nove cursos: Administração, Ciências Biológicas, Direito, Enfermagem,
Fisioterapia, Matemática, Nutrição, Pedagogia e Turismo.
A Faculdade do Norte Novo de Apucarana teve o credenciamento concebido
através da Portaria MEC n.° 2.277 de 18 de outubro de 2001. Agronegócios, Direito,
Comunicação Social, Comércio Exterior, Design de Interiores, Marketing, Negócios
Imobiliários, Pedagogia e Recursos Humanos são os cursos oferecidos por essa
instituição.
88
2.5.2. As IES como expressão da Centralidade em Apucarana
Como colocado anteriormente, comprova-se nesta parte do trabalho, uma
centralidade em Apucarana, exercida pelas IES. Como colocou Corrêa (1995), é
necessário que se considere suas especializações funcionais, sejam industriais ou
vinculadas ao serviço, muitos dos quais criados recentemente. Apucarana apresenta
como especialização funcional o segmento têxtil, voltado para a produção de bonés e
artigos de confecções, como uniformes. No entanto, como colocou também o autor, há
uma crescente e importância tendência às atividades de prestação de serviços, entre elas,
a educação. Nos últimos anos, Apucarana têm se destacado nesse segmento, de suma
importância na centralidade urbana.
Vale considerar, todavia, que Apucarana perde sobremaneira a centralidade para
Londrina e Maringá em vários segmentos, inclusive, na educação. Essa pesquisa,
porém, tem como pressuposto demonstrar que a mesma exerce uma grande influência
sobre todo o vale do Ivaí, mas não só, pois, como pode ser observado no mapa 14, há
alunos de várias regiões do Estado do Paraná, do Estado de São Paulo, de Minas Gerais,
do Mato Grosso do Sul e do Rio Grande do Sul.
A Faculdade de Ciências Econômicas de Apucarana é uma das instituições
públicas e a mais importante da cidade. Em 2008, estavam matriculados, 2322 alunos,
dos quais 831 são de Apucarana e os demais vêm de outras localidades, acima
mencionadas. Verifica-se que a maior parte dos alunos não residia em Apucarana,
principalmente os de outros estados e, percebe-se, uma grande mobilidade dos alunos
que residem na região. Comprova-se tal afirmação (Tabela 4) pelo número de
matriculados que residem em Arapongas, Rolândia, Cambé e Londrina que, somados,
ultrapassam o número de alunos de Apucarana, ou seja, 921 alunos, contra 831 de
Apucarana.
RELAÇÃO DE ESTUDANTES MATRICULADOS POR ESTADO
PARANÁ
LOCALIDADE FECEA FACNOPAR FAP UTFPR TOTAL
APUCARANA 831 270 835 26 1962
ANDIRÁ 1 1
ARAPONGAS 321 81 152 7 561
ASSAÍ 1 1
ASTORGA 29 1 30
BANDEIRANTES 1 1
BARBOSA FERRAZ 1 1
BELA VISTA DO PARAÍSO 1 1
BOM SUCESSO 7 4 8 19
BORRAZÓPOLIS 8 12 20
89
CALIFÓRNIA 27 44 71
CAMBARÁ 1 1
CAMBÉ 100 5 1 106
CAMBIRA 30 9 24 1 64
CENTENÁRIO DO SUL 11 2 13
CIANORTE 1 1
CORNÉLIO PROCÓPIO 1 1
CRUZMALTINA 1 1
CURITIBA 1 1 2
FAXINAL 21 4 28 53
FLORESTÓPOLIS 6 6
GOIOERÊ 1 1
GRANDES RIOS 8 8
GUARACI 2 2
IBIPORÃ 10 1 11
ITAMBARACÁ 1 1
IVAIPORÃ 1 4 5
JAGUAPITÃ 10 4 14
JANDAIA DO SUL 73 7 31 1 112
JARDIM ALEGRE 3 9 12
JATAIZINHO 1 1
JUSSARA 1 1
KALORÉ 6 6 12
LIDIANÓPOLIS 2 2 4
LONDRINA 388 3 5 18 414
MANDAGUARI 84 14 1 99
MANOEL RIBAS 1 1
MARIALVA 6 6
MARILÂNDIA DO SUL 31 32 1 64
MARINGÁ 12 2 14
MARUMBI 9 2 2 13
MAUÁ DA SERRA 10 13 23
NOVA TEBAS 1 1
NOVO ITACOLOMI 3 1 17 21
ORTIGUEIRA 32 1 12 45
PARAÍSO DO NORTE 1 1
PARANAVAÍ 1 1
PITANGA 1 1 2
PITANGUEIRAS 6 4 10
PONTA GROSSA 1 1
PORECATU 25 1 3 29
PRADO FERREIRA 2 2
RIO BOM 10 11 1 22
ROLÂNDIA 112 1 13 1 127
ROSÁRIO DO IVAÍ 1 5 6
SABÁUDIA 14 2 2 18
SÂO JOÂO DO IVAÍ 10 2 9 21
SÃO MARTINHO 1 1
SÃO PEDRO DO IVAÍ 14 16 30
SIQUEIRA CAMPOS 1 1
TAMARANA 1 1
TELÊMACO BORBA 1 2 3
UMUARAMA 1 1 2
TOTAL 4079
SÃO PAULO
LOCALIDADE FECEA FACNOPAR FAP UTFPR TOTAL
AVARÉ 1 1
BAURU 2 2
90
BIRIGUI 1 1
CAMPINAS 1 1
ESTRELA DO OESTE 1 1
IRAPURÚ 1 1
JACAREÍ 2 2
JALES 1 1
LORENA 1 1
MARÍLIA 1 1 2
OURINHOS 1 1
PALMITAL 1 1
PARAGUAÇU PAULISTA 3 3
PEDERNEIRAS 5 5
PRESIDENTE EPITÁCIO 1 1
PRESIDENTE PRUDENTE 2 2
PROMISSÂO 1 1
RANCHARIA 4 4
SANTA CRUZ DO RIO
PARDO 1 1
SOROCABA 1 1
TAQUARITUBA 2 2
TUPÂ 2 2
TOTAL 37
MINAS GERAIS
LOCALIDADE FECEA FACNOPAR FAP UTFPR TOTAL
VARGINHA 1 1
TOTAL 1
RIO GRANDE DO SUL
LOCALIDADE FECEA FACNOPAR FAP UTFPR TOTAL
ACEGUÁ 1 1
TOTAL 1
MATO GROSSO DO SUL
LOCALIDADE FECEA FACNOPAR FAP UTFPR TOTAL
TRÊS LAGOAS 1 1
TOTAL 1
TOTAL GERAL 2322 388 1345 64 4119
A UTFPR oferece o curso Tecnologia em Design de Moda. Um dos fatores da
implantação do curso é a grande demanda causada pela especialização do setor de
confecções em Apucarana. É uma tendência das cidades especializadas no Paraná, cita-
se como exemplo, a cidade de Cianorte, que, por ser a capital do vestuário, abriga o
curso superior de Moda, ofertado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). No
caso da UTFPR, estavam matriculados 64 alunos no curso, dos quais, apenas 26 são de
Apucarana. É uma realidade que comprova que a maior parte dos estudantes é de outras
localidades, confirmando a mobilidade populacional, que causa um fluxo diário, pois a
maioria é das cidades circunvizinhas.
Na FAP, estavam matriculados em 2008, 1345 alunos, das mais diversas
localidades (Tabela 4). Destes, 835 são residentes em Apucarana e os demais, 510
alunos, eram provenientes de outras localidades. Já, na Facnopar, estão matriculados
388 alunos, dos quais 270 residem em Apucarana.
91
MAPA 14: CIDADES DE ORIGEM DOS ESTUDANTES MATRICULADOS NAS IES DE
APUCARANA (PR) EM 2008
92
Verifica-se que ocorre, nas IES privadas, o fenômeno inverso, ou seja, a maior
parte dos estudantes reside na cidade-sede da instituição. É elevado, entretanto, o
número de estudantes provenientes de outras localidades, por isso, a importância na
análise. É importante considerar que a grande maioria destes estudantes vem
diariamente a Apucarana, ou seja, realizam o movimento pendular. Ocorre esse fato, por
residirem próximos a Apucarana. No caso das IES públicas, os estudantes, em grande
parte, por essa centralidade, vêm a Apucarana e fixam residência, por tempo
determinado.
Comprova-se dessa maneira, o exposto por Corrêa (1995), que diz que a
centralidade de um núcleo também se refere ao grau de importância a partir de suas
funções centrais: maior o número delas, maior a sua região de influência, maior a
população externa atendida pela localidade central (Tabela 5), e maior a sua
centralidade, podendo-se afirmar os dois últimos fatores, para Apucarana.
TABELA 5: PERCENTUAL DE ALUNOS DE OUTRAS LOCALIDADES MATRICULADOS
NAS IES DE APUCARANA
TOTAL %
Nº DE ALUNOS DE
APUCARANA
1962 47,6
Nº DE ALUNOS DE OUTRAS
LOCALIDADES
2157 52,4
TOTAL 4119 100
Fonte: Pesquisa Empírica realizada em 06/2008
93
2.5.3. Características das IES de Arapongas
Unopar é a única instituição de ensino superior de Arapongas. Possui
aproximadamente 2500 alunos, sendo que 35% são de Arapongas11
. A instituição é de
caráter privado, oferecendo em torno de nove cursos sendo enfermagem, direito,
química, marketing, medicina veterinária, administração de empresas, educação física,
letras e análise desenvolvimento de sistemas, não existente cursos relacionado à
engenharia, agronomia ou arquitetura (CREA, 2009).
Nos cursos em geral apresenta-se um índice baixo de concluintes, entre 13,50%
à 20,40%, tendo o ano de 2005 com o maior índice proporcional, como é possível
verificar no gráfico 1.
GRÁFICO 1: MATRÍCULAS E NÚMERO DE CONCLUÍDOS DO ENSINO SUPERIOR DE
ARAPONGAS
Fonte: CREA, 2009
O alto índice de desistência deve-se ao fato de a instituição ser privada,
contrapondo o que ocorre em Apucarana, com duas IES públicas. Ou seja, diversos
alunos tem dificuldades financeiras para conseguir pagar as mensalidades, gerando,
consequentemente, este grande índice.
No próximo capítulo, veremos alguns comparativos entre Apucarana e
Arapongas, relacionado, ao número de empregos, número de indústrias e relacionado à
hierarquia urbana.
11 A espacialização dos dados referentes à origem dos estudantes não foi possível, pois a instituição não divulgou essa
informação.
94
CAPÍTULO 3
95
3. ESTUDO COMPARATIVO: APUCARANA E ARAPONGAS
3.1. A PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO NAS CIDADES A PARTIR DAS
ESTRATÉGIAS DOS PROPRIETÁRIOS DOS MEIOS DE PRODUÇÃO E DO
ESTADO
Não se pretende nessa parte do trabalho evidenciar novamente os dados
referentes à produção industrial nem tampouco expressar as informações teóricas já
trabalhadas sobre os agentes. É oportuno apresentarmos as transformações que
ocorreram nas cidades a partir da atuação dos distintos agentes. Já temos ciência, como
nos dizia Capel (1983) que a cidade não pertence a seus habitantes, mas sim, aos
agentes que a produzem, que, por sua vez, dominam o setor da construção civil,
dominam as estratégias de ocupação e de produção do espaço e, sobretudo, possuem
conhecimento antecipado sobre o mercado de terras nas cidades. O Estado contribui de
maneira significativa para o processo de produção da cidade, na medida em que, como
nos alertava Corrêa (1995), possui ferramentas como, por exemplo, a legislação urbana,
sobretudo àquelas que alteram a configuração e a paisagem das cidades. Uma das leis
que o poder público regulamenta é a denominada Lei do Perímetro Urbano e, nessa,
temos que realizar algumas interferências.
Em Arapongas foi aprovada a nova Lei do Perímetro Urbano em 2008 (Mapa
15). A Lei tem como características o mapeamento dos limites da cidade e a subdivisão
nos seguintes itens: Área Urbanizada, Expansão Urbana Prioritária e Expansão Urbana
Secundária. Se analisarmos a dimensão da área urbanizada e da área de expansão urbana
prioritária, já temos um espaço significativo para ampliação, sem a real necessidade de
mais uma área, caracterizada pela expansão urbana secundária. Geralmente essas áreas
são definidas por conflitos entre os proprietários de terras e o Estado (RIBEIRO, 1997).
Acontece que é alarmante o tamanho da área aprovada para expansão. É perceptível
também uma proposta de continuidade da malha urbana margeando as rodovias. Isso
possibilita uma possibilidade de aumento considerável nos Parques Industriais.
Como ilustrado no capítulo que trata da urbanização, percebemos que o aumento
da cidade é conseqüência do aumento da industrialização, pois os novos bairros da
cidade são aprovados próximos a essas áreas industriais. Töws et al (2009) nos ilustra
que a cidade de Arapongas teve sua gênese atrelada ao capital oriundo da agricultura,
mas sofre grandes transformações com a inserção do Parque Industrial.
96
MAPA 15: PERÍMETRO URBANO DE ARAPONGAS Fonte: ARAPONGAS, 2008
97
Os proprietários dos meios de produção, conforme designados têm o
importante papel no desenvolvimento urbano, pois altera
substancialmente a paisagem urbana, tanto no local onde se instala, às
margens da Rodovia (...), quanto no desenvolvimento no espaço
urbano, com retorno local aplicado, também, na produção vertical
(TÖWS, et al, 2009, p. 37).
Ou seja, houve um direcionamento da urbanização atrelada à nova forma de
capital que passou a se desenvolver na cidade a partir da implementação do Parque
Industrial. Vale lembrar que a estratégia de criação do Parque foi iniciativa do Estado,
como já dito. O Estado (poder público) aprovou em 2008 a nova Lei de Zoneamento da
cidade, ampliando esse Parque Industrial inicialmente proposto12
. Na Lei de
Zoneamento, a localização industrial da cidade passou a ser subdivida em duas, a Zona
Industrial I e a Zona Industrial II.
As Zonas Industriais - ZIN destinam-se predominantemente ao
exercício das atividades industriais e de comércio e serviços
incômodos, nocivos ou perigosos. As zonas industriais subdividem-se
em:
I. ZIN1 - Zona de Indústrias não Poluitivas: destina-se à instalação de
indústrias, comércio e serviços não nocivos ou perigosos;
II. ZIN2 - Zona de Indústrias potencialmente poluitivas: destina-se à
instalação de indústrias, comércio e serviços potencialmente
incômodos, nocivos ou perigosos (ARAPONGAS, 2008).
De acordo com o mapa da distribuição das áreas industriais na cidade,
percebemos que a Zona Industrial I já está consolidada na cidade, ou seja, é contornada
por bairros urbanos. Já a Zona Industrial II é mais evidenciada fora da área urbana. O
que se nota é um exagero na área de expansão desse segundo Parque Industrial da
cidade, que atinge, inclusive, o limite municipal, em direção a Apucarana (Figura 9),
sendo esse, um dos processos que dão suporte para explicar a tendência de futura
conurbação contínua entre as duas cidades.
12 As diversas leis de zoneamento que são aprovadas sempre ampliaram as áreas industriais da cidade.
98
FIGURA 9: INDÚSTRIAS DE ARAPONGAS NO LIMITE MUNICIPAL. Fonte: Skycrapercity, 2009
Em Apucarana temos uma conotação diferenciada ao analisarmos a atuação dos
agentes e sua direta interferência na produção do espaço. Primeiro, porque há uma
maior preocupação do poder público em relação à expansão, sobretudo pela cidade
apresentar características ambientais que interferem no processo de ocupação, tais como
declividades acentuadas e áreas de preservação permanente.
Com respeito à ocupação do solo, o modelo de assentamento vigente
apresenta aspectos preocupantes, com a diluição da população em um
quadro urbano exageradamente superdimensionado e que se traduz,
como já referido, em uma densidade de ocupação do solo bastante
rarefeita. Tal disfunção acarreta a fragmentação do tecido urbano e o
aumento nos custos sociais de urbanização, dificultando a implantação
de infra-estrutura por parte do Poder Público, o que penaliza
pecuniariamente toda a população da cidade e trabalha em sentido
contrário à elevação de seus padrões de qualidade de vida. A baixa
densidade demográfica média recomenda a redução da superfície do
perímetro legal, não só para adequá-lo ao crescimento esperado da
população, mas, igualmente, para submetê-lo às restrições de caráter
ambiental que se impõem à expansão do quadro urbano da Cidade
(APUCARANA, 2003, p. 19).
99
Assim, percebemos uma nítida intenção em reduzir o perímetro, pois há, na
cidade, o que alguns sociólogos denominam de “urbanização em saltos”, fenômeno que
se apresenta quando aprova loteamentos distantes deixando áreas em especulação vazias
para futuras ocupações. Na verdade há critérios estipulados na Lei visando o controle e
a restrição do perímetro da cidade bem como o direcionamento da ocupação urbana.
(...) verifica-se o desajuste desse perímetro em relação às tendências
espontâneas de crescimento da Sede Municipal, estando ele muito
folgado em alguns de seus setores e já próximo da saturação em
outros, principalmente no quadrante leste. Paralelamente, constata-se
que os diversos usos presentes na malha urbana sofrem de
estruturação deficiente, causada pelos seccionamentos que os
inúmeros cursos d‟água, os dois ramais ferroviários e algumas
reservas florestais produzem na mesma, resultando em
descontinuidades na ocupação do solo que mantém bairros segregados
entre si e condena seus moradores ao isolamento social, além de
interrupções viárias que prejudicam a organização funcional da cidade
e a implantação de infra-estrutura, contribuindo, ambas, para rebaixar
a qualidade do seu espaço urbano (APUCARANA, 2003, p. 19).
De acordo com o Plano Diretor, a lei do perímetro urbano (Mapa 16) delimita as
zonas urbanas do município, estabelecendo a distinção entre as áreas urbanas e as rurais,
para efeitos tributários, fundiários e de gestão territorial. Segundo os ditames da
autonomia municipal, as primeiras ficam sob a competência institucional e tributária do
Município, enquanto as últimas inscrevem-se na esfera de competência da União quanto
aos aspectos fiscal e fundiário, colocando-se sob a égide de ambos os níveis de governo,
de forma compartilhada, para efeito de organização territorial. A lei municipal que
estabelece o perímetro urbano da Sede do Município de Apucarana é a Lei n.° 103/96
que contempla também os perímetros urbanos das sedes dos distritos de Pirapó, São
Pedro, Correia de Freitas e Vila Reis. As propostas para alteração dessa lei incluem,
dentre os pontos, o seguinte:
reduzir em 45,4% a área de 110,1km² do perímetro da sede municipal,
mantendo-o em torno de 60,1km² que, segundo se espera, deverá ser
suficiente para absorver a expansão urbana no futuro e, ao mesmo
tempo, assegurar a coesão, a funcionalidade e a economicidade da
malha urbana, com o necessário respeito às características do meio
ambiente ((APUCARANA, 2003, p. 56).
Diferente do que ocorre na maioria das cidades, inclusive na de Arapongas, com
a qual estamos comparando, em Apucarana há, efetivamente, políticas para a redução
do perímetro urbano, com as devidas preocupações acima discriminadas. Não podemos,
entretanto, esquecer que a cidade passou por um processo histórico de urbanização
100
ligado inicialmente ao capital agrícola, na sequencia agroindustrial e, acompanhando o
movimento das iniciativas privadas, a inserção das atividades ligadas ao setor têxtil e
alimentar, conforme já apresentado no capítulo anterior. Dessa forma, tivemos uma
atuação significativa dos agentes ligados ao setor da indústria que, por sua vez, tiveram
participação na produção do espaço urbano apucaranense. Percebemos, ao analisar o
mapa 17, que, diferentemente de Arapongas, tivemos uma maior distribuição da
industrialização pela cidade e, o que se nota, é uma consonância com a atuação do poder
público e suas estratégias na aprovação de grandes loteamentos populares às margens
desses parques industriais.
A título de exemplo, tivemos a implementação do Núcleo Habitacional Dom
Romeu Alberti (Mapa 17) após a criação do Parque Industrial Zona Norte da cidade.
Percebemos, no entanto, que junto aos demais parques industriais, há a presença de
Núcleos Habitacionais criados antes ou depois da implementação do Parque Industrial.
A localização industrial, em consonância com a proximidade de bairros que ofertam a
mão-de-obra, confirma o que Corrêa (1999) afirmou: A indústria “desloca-se para áreas
mais amplas e baratas, com infra-estrutura produzida, em muitos casos, pelo Estado”
(CORRÊA, 1999, p. 15). O Estado reelabora o zoneamento com o pensamento de
facilitar a atuação dos agentes ligados ao setor secundário da economia. Para isso,
utilizam áreas onde há infraestrutura, como rodovias, por exemplo, e próximas aos
loteamentos habitacionais que ofertam a mão de obra solvável.
Desse modo, o mapa 17 demonstra também as zonas urbanas da cidade de
Apucarana delimitadas e aprovadas pelo Plano Diretor Municipal. Percebemos que a
cidade possui diversos Núcleos Habitacionais como resultado de estratégias do poder
público na produção do espaço urbano. Foi considerada como Zona Urbana Especial
todas as áreas relacionadas à esses núcleos. Outrossim, percebe-se que, na mesma Lei
de Zoneamento, as áreas consideradas como Zona Industrial, além de se situarem em
áreas com infraestrutura, como já salientado, estão muito próximas a esses núcleos.
Evidenciamos que tanto um (a indústria) quanto o outro (os núcleos habitacionais), por
estratégias de redução de custos, situam-se nas áreas periféricas da cidade.
Chamamos a atenção para o Parque Industrial Zona Norte, com indústrias ou
centros de distribuição de produtos industriais como a Perdigão, a Gás Butano, Rank
Pneus, dentre outras. É uma área em expansão de ocupação industrial que se direciona
para o limite de município com Arapongas, contribuindo para o pensamento da
101
pesquisa, de uma futura conurbação contínua entre as cidades por intermédio de
estratégias ligadas aos proprietários dos meios de produção em consonância com a
atuação do poder público.
Entendemos que para compreender os movimentos relacionados à expansão das
cidades, é necessário que se realize estudos das estratégias e ações desses distintos
agentes, conforme nos propôs Corrêa (1999). São eles que direcionam o crescimento do
espaço urbano, por isso foram de fundamental importância na análise que comprova as
tendências de crescimento de ambas. Ainda que as variáveis definidas objetivem a
compreensão da centralidade das cidades e se, por meio dessa centralidade há a
influência da hierarquia na rede urbana, podemos expressar que a necessidade da análise
da produção industrial se fez fundamental, assim como nos propôs Fresca (2009).
Assim, para um melhor detalhamento da atividade industrial nas cidades, na
sequência, realizamos uma abordagem econômica, com o objetivo de demonstrar o
processo e a importância desse setor para as cidades elencadas. Diga-se de passagem,
que o exposto a seguir tem como ênfase tanto o setor secundário da economia, ou seja, a
produção industrial, quanto o terciário, sobretudo ligado aos serviços, com destaque
para as Instituições de Ensino Superior. Salientamos que a análise a seguir compreende
a comparação das cidades sob uma aproximação das variáveis.
102
ÁREA URBANA CONSOLIDADA
ÁREA DE EXPANSÃO URBANA
LIMITE DO PERÍMETRO URBANO
VIAS DE CIRCULAÇÃO
ESTRADAS RURAIS
REDE HIDROGRÁFICA
DIVISAS
LEGENDA
DIVISAS DO DISTRITO
DELIMITAÇÃO DA DIVISA DO DISTRITO
MAPA 16: PERÍMETRO URBANO DE APUCARANA Fonte: APUCARANA, 2003
103
MAPA 17: LEI DE ZONEAMENTO E DE OCUPAÇÃO DO SOLO DE APUCARANA COM DESTAQUE PARA OS PARQUES INDUSTRIAIS E PARA OS
NÚCLEOS HABITACIONAIS Fonte: APUCARANA, 2003/ Adaptação e Organização: ARANDA, 2010
104
3.2. AS VARIÁVEIS DA PESQUISA E SUAS PARTICULARIDADES NAS
CIDADES ESTUDADAS
O entendimento dos agentes produtores do espaço nos dá subsídio para analisar
como a indústria e seus agentes se articulam na cidade capitalista, bem como sua
importância para o tema da pesquisa. Por isso, foram trabalhados detalhadamente para
sustentar o que se pretende expor. Assim, nesse tópico estudamos a industrialização das
cidades sob os aspectos do número de estabelecimentos e do número de empregos
formais gerados nas cidades em 2002 e 2008.
Para o entendimento da produção industrial em Apucarana e Arapongas é
necessário possuir os dados oficiais do número de indústrias e do número de
trabalhadores dos principais ramos industriais. Para a construção de parâmetros que
pudessem ser comparados, utilizamos os dados dos principais ramos industriais das
duas cidades bem como o número de indústrias e de empregos formais.
Em relação aos principais ramos industriais, classificamos nos seguintes: Têxtil,
vestuários e confecções agrupados, alimentícia e bebidas, couros e móveis, por
verificarmos que são ramos que apresentam números significativos nas duas cidades se
comparados com outros ramos. Os demais correspondem, juntos, a percentuais bem
menores como será demonstrado no decorrer dessa análise.
Em relação ao período, não estabelecemos um período fechado para análise de
todos os dados, tendo em vista a aquisição de dados diferenciados nas duas cidades,
com datas diferentes de aquisição e de levantamento dos mesmos. As informações
obtidas nos permitem, todavia, observar o processo de evolução tanto do número de
indústrias quanto do número de empregos formais. Dessa forma, foi possível relacionar
os ramos que atingiram desenvolvimento positivo e negativo.
Em 2002, a cidade de Apucarana possuía 573 indústrias. Desse total, 316
indústrias ligadas ao setor têxtil e do vestuário, o que representava mais de 55% do
total. Dentre as atividades mais representativas, destacavam-se, ainda, os setores de
alimentos e de bebidas, com aproximadamente 10% do número de indústrias na cidade.
Temos que destacar que essas atividades respondiam por mais da metade do número de
estabelecimentos industriais existentes na cidade (Tabela 07 e Gráfico 02).
105
316
58
26 36
137
573
51 64
25
169
73
382
0
100
200
300
400
500
600
700
Têxtil/ vestuário/
confecções
Alimentícia e
bebidas
Couros Móveis Outros Total
Principais Ramos Industriais
Nú
mero
de I
nd
ústr
ias
Apucarana
Arapongas
TABELA 6: PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS E TOTAL DE INDÚSTRIAS DE
APUCARANA E DE ARAPONGAS EM 2002 Ramos Industriais Apucarana % Arapongas %
Têxtil/ vestuário/ confecções 316 55,1 51 13,4
Alimentícia e bebidas 58 10,1 64 16,8
Couros 26 4,5 25 6,5
Móveis 36 6,3 169 44,2
Outros 137 23,9 73 19,1
Total 573 100 382 100
Fonte: MTE: RAIS/ CAGED, 2002
Se compararmos com o número de estabelecimentos industriais existentes na
cidade de Arapongas no mesmo ano, percebemos que outro setor, como era de se
prever, despontava como de maior importância: a produção moveleira. Diga-se de
passagem que esse setor já representava, no início da década de 2000, por quase a
metade do número de estabelecimentos ligados à indústria araponguense. Outros setores
industriais, contudo, se comparamos os dados da tabela 07, também possuíam
significativa importância, visto que o ramo industrial de alimentos e bebidas bem como
o ramo industrial têxtil, juntos, representavam mais de 30% do número de
estabelecimentos (Gráfico 02).
GRÁFICO 2: PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS E TOTAL DE INDÚSTRIAS DE
APUCARANA E DE ARAPONGAS EM 2002
Fonte: MTE: RAIS/ CAGED, 2002
Quando realizamos uma leitura do gráfico 02, verificamos que as discrepâncias
ocorreram nos setores que motivaram o surgimento das especializações produtivas,
ressaltadas diversas vezes no decorrer do trabalho. O setor de alimentos e couros se
aproximava, pelo menos no número de estabelecimentos.
106
Se compararmos as informações do número de estabelecimentos industriais de
cada ramo industrial com o número de empregos formais, temos uma configuração
distinta. Em Apucarana, o setor têxtil era representado por 316 estabelecimentos, com
um percentual de 55%. Esse percentual se aproximava do número de empregos formais,
pois detinha aproximadamente 58% sobre todas as demais atividades. Ressaltamos que
nos referimos somente aos dados oferecidos pelo Ministério do Trabalho em Emprego,
não sendo possível relatar o número de empregos informais, que são muitos.
No ramo alimentício e de couros, segue a mesma seqüencia percentual, se
compararmos com o número de estabelecimentos.
Em Arapongas há uma maior distinção: enquanto o ramo moveleiro representava
44% do número de estabelecimentos industriais, o número de empregos formais do
setor ultrapassava 65%. Era, portanto, primordial, no estabelecimento de relações de
produção do espaço urbano, por abrigar um grande contingente de mão-de-obra bem
como por representar uma especialização produtiva que culminou na
institucionalização, por parte do poder público, do Arranjo Produtivo Local de Móveis
de Arapongas. O setor de alimentos e de bebidas era representativo, no que concerne ao
alto percentual de empregos formais: mais de 80% dos empregos formais do setor
secundário de Arapongas estavam ligados ao ramo moveleiro e alimentício (Tabela 08 e
Gráfico 03).
TABELA 7: NÚMERO DE EMPREGOS FORMAIS NOS PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS
DE APUCARANA E DE ARAPONGAS, EM 2002 Ramos Industriais Apucarana % Arapongas %
Têxtil/ vestuário/ confecções 5358 58,2 239 2,2
Alimentícia e bebidas 1117 12,1 2109 19,0
Couros 786 8,5 159 1,4
Móveis 438 4,8 7285 65,8
Outros 1511 16,4 1283 11,6
Total 9210 100 11075 100
Fonte: MTE: RAIS/ CAGED, 2002
107
5358
1117
786
438
1511
9210
239
2109
159
7285
1283
11075
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
Têxtil/ vestuário/
confecções
Alimentícia e
bebidas
Couros Móveis Outros Total
Principais Ramos Industriais
Nú
mero
de E
mp
reg
os F
orm
ais
Apucarana
Arapongas
GRÁFICO 3: NÚMERO DE EMPREGOS FORMAIS NOS PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS
DE APUCARANA E DE ARAPONGAS, EM 2002
Fonte: MTE: RAIS/ CAGED, 2002
Em 2002, ano em que foi possível adquirir dados do número de estabelecimentos
industriais e do número de empregos formais, tínhamos na cidade de Apucarana 9.210
empregos formais contra 11.075 de Arapongas, números do setor secundário. Ou seja,
há uma inversão entre as cidades, pois, enquanto Apucarana possuía uma população de
aproximadamente 107 mil habitantes em 2000, no mesmo ano Arapongas possuía
aproximadamente 85 mil habitantes. Assim, verificamos que o setor secundário de
Arapongas era mais significativo, em termos de empregos formais, do que o de
Apucarana.
Outro dado que contraria, até certo ponto, a lógica das cidades se refere ao PIB:
Em 2002 Apucarana possuía um PIB de aproximadamente R$ 691 milhões, enquanto,
Arapongas, no mesmo ano, teve um PIB mais elevado, de aproximadamente R$ 768
milhões. Verificamos também que o PIB per capita de Arapongas era mais elevado que
o de Apucarana, sendo R$ 6.199 em Apucarana contra R$ 8.409 em Arapongas. Esses
dados serão retomados mais adiante na tabela 11, pois apresentam significativa
evolução.
Para comparar o setor secundário das cidades em uma ótica sobre seu processo
de crescimento e de transformação, analisamos também dados mais recentes, referentes
108
ao ano de 2008 para as duas cidades. A lógica pouco se alterou, mas os valores tiveram
alterações significativas, sobretudo positivas.
Em 2008, Apucarana detinha 902 estabelecimentos industriais, sendo 549
ligados ao ramo têxtil e do vestuário, 77 ligadas ao ramo alimentício, 30 de couros, 47
de móveis e todas as demais atividades concentradas em 199 estabelecimentos (Tabela
9). Verificamos que houve um acréscimo percentual das indústrias do ramo têxtil e
alimentício sobre as demais, se compararmos com o ano de 2002. Em 2008, os 04
ramos mais significativos representavam aproximadamente 80% de todos os
estabelecimentos industriais. Em relação ao número de empregos formais contabilizados
nessas indústrias, os percentuais pouco se alteram na cidade de Apucarana, pois, dos
14.604 empregos formais, 9.519 estão ligados ao ramo têxtil e do vestuário. Desses, a
grande maioria se dedicam à produção de bonés e jeans.
TABELA 8: PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS E TOTAL DE INDÚSTRIAS DE
APUCARANA E DE ARAPONGAS EM 2008 Atividade Econômica Apucarana % Arapongas %
Têxtil/ vestuário/ confecções 549 60,9 37 7,2
Alimentícia e bebidas 77 8,5 64 12,4
Couros 30 3,3 27 6,0
Móveis 47 5,2 202 40,5
Outros 199 22,1 169 33,9
Total 902 100 499 100
Fonte: MTE: RAIS/ CAGED, 2008
O gráfico 4 ilustra a grande quantidade de estabelecimentos industriais nas
cidades pesquisadas em 2008. Percebemos que há, evidentemente, uma quantidade de
estabelecimentos industriais em Apucarana bem superior a Arapongas, destacando o
setor principal. Se analisarmos o número de empregos formais, no entanto, conforme
ilustra a tabela 10, verificamos uma quantidade superior em Arapongas, ou seja, 16.947
contra 14.604 empregos formais de Apucarana. Em entrevistas realizadas em Apucarana
e por meio da observação empírica, foi possível verificar que essa quantidade de
número de empregos formais menor em Apucarana do que em Arapongas se refere à
grande informalidade gerada pelo setor têxtil e de confecções. Na verdade, as facções
abertas na cidade possuem menor organização se comparadas, por exemplo, com o setor
moveleiro de Arapongas, que possui um Sindicato representativo (o SIMA) e uma
maior organização na cidade, inclusive em uma continuidade que alguns autores
apontam como a formação de clusters ou especializações produtivas. Retomamos, dessa
forma, a discussão apresentada anteriormente sobre a produção do espaço urbano em
109
549
77
30 47
199
902
37 6
4
27
202
139
499
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
Têxtil/ vestuário/
confecções
Alimentícia e
bebidas
Couros Móveis Outros Total
Principais Ramos Industriais
Nú
mero
de I
nd
ústr
ias
Apucarana
Arapongas
Arapongas, onde as áreas destinadas à industrialização foram previamente delimitadas,
permitindo uma organização do setor moveleiro na cidade.
Já o exaustivo número de facções que produzem bonés e jeans, dentre outros
produtos espalhados pela cidade de Apucarana, contribui para a informalidade
relacionada à mão-de-obra, pois a fiscalização é dificultada pela rotatividade dessas
empresas, pela localização e pelo próprio tamanho das facções.
GRÁFICO 4: PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS E TOTAL DE INDÚSTRIAS DE
APUCARANA E DE ARAPONGAS EM 2008
Fonte: MTE: RAIS/ CAGED, 2008
TABELA 9: NÚMERO DE EMPREGOS FORMAIS NOS PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS
DE APUCARANA E DE ARAPONGAS, EM 2008 Ramos Industriais Apucarana % Arapongas %
Têxtil/ vestuário/ confecções 9519 65,2 225 1,3
Alimentícia e bebidas 1318 9,0 3160 18,6
Couros 648 4,4 241 1,4
Móveis 434 3,0 11039 65,1
Outros 2685 18,4 2302 13,6
Total 14604 100 16967 100
Fonte: MTE: RAIS/ CAGED, 2008
Devemos ainda destacar que utilizamos como variável de análise no capítulo
anterior o ramo alimentício nas cidades, tanto que foi possível entrevistar empresas
ligadas ao setor. O gráfico ilustra a quantidade de estabelecimentos ligados ao ramo
alimentício e de bebidas, bem menor do que as principais atividades realizadas nas
cidades, entretanto, de importância significativa. Em Apucarana, no ano de 2008, foram
contabilizadas 77 indústrias do setor contra 64 de Arapongas. Os empregos formais em
Arapongas dobram, todavia, o de Apucarana, ou seja, enquanto as empresas de
110
95
19
13
18
64
8
43
4
26
85
14
60
4
22
5
31
60
24
1
11
03
9
23
02
16
96
7
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
Têxtil/ vestuário/
confecções
Alimentícia e
bebidas
Couros Móveis Outros Total
Principais Ramos Industriais
Nú
me
ro d
e E
mp
reg
os
Fo
rma
is
Apucarana
Arapongas
Apucarana possuem 1.318 empregos formais, em Arapongas são 3.160. Novamente
chamamos a atenção para esse elemento que se tornou importante em nossa análise
comparativa.
GRÁFICO 5: NÚMERO DE EMPREGOS FORMAIS NOS PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS
DE APUCARANA E DE ARAPONGAS, EM 2008
Fonte: MTE: RAIS/ CAGED, 2008
Assim, mesmo Arapongas possuindo menor número de estabelecimentos
industriais, de modo geral apresenta um maior número de empregos formais, pois, se
compararmos o tamanho das indústrias, percebemos que no setor moveleiro há uma
maior alocação de mão-de-obra, ou seja, se há um maior número de empregos, há,
evidentemente a hipótese de que esse tipo de atividade (setor moveleiro) compreende
indústrias maiores do que de outros setores, sobretudo relacionados ao setor têxtil. Essa
hipótese foi confirmada a partir do trabalho empírico.
Enfim, as principais atividades desenvolvidas, se analisarmos somente o número
de indústrias e de trabalhadores, desconsiderando o faturamento total por setor,
verificamos que permanece em crescimento o setor têxtil e de confecções para a cidade
de Apucarana e do setor moveleiro para a cidade de Arapongas.
As analises acima correspondem, de acordo com o ano de 2007, a
aproximadamente 30% do PIB de Apucarana e a 41% do PIB de Arapongas, pois estão
relacionados ao setor secundário da economia, ou seja, da indústria.
111
Se analisarmos o setor terciário, cuja variável da pesquisa para exemplificar esse
setor ficou restrito às instituições de ensino superior (IES), correspondem a um valor
bem maior em ambas as cidades, sendo aproximadamente 64% do PIB apucaranense e
53% do PIB de Arapongas (Tabela 11). Podemos observar que há uma diferença
significativa em percentuais entre os setores da economia nas cidades, sendo a cidade de
Arapongas mais voltada para a indústria do que Apucarana.
TABELA 10: APUCARANA E ARAPONGAS: COMPOSIÇÃO SETORIAL DO PIB, 2007
Setores Apucarana - 2007 Arapongas - 2007
Valor (R$) % Valor(R$) %
Primário 78.483 6,3 88.676 5,9
Secundário 361.392 28,9 617.811 41
Terciário 811.544 64,8 799.468 53,1
Total 1.251.419 100 1.505.955 100
Fonte: IBGE (2007). Obs: os Impostos sobre produtos líquidos de subsídios foram diluídos nos três setores.
Os dados da pesquisa mostraram o quanto é importante diferenciar as cidades
nos quesitos econômicos, sobretudo ligados à industrialização, pois é fator fundamental
para análise da importância das cidades na rede urbana. Ainda que outros setores
possuem valores maiores, um recorte de análise do setor secundário nos permitiu
visualizar a dinâmica industrial nas cidades, elencando a importância que as mesmas
exercem na rede em que se inserem. Desse modo, a partir dos dados apresentados,
realizamos a seguir um desfecho do entendimento da rede urbana, pautada nos estudos
anteriores e nos dados empíricos analisados até o momento.
112
3.3. REDE URBANA E A CENTRALIDADE DAS CIDADES ESTUDADAS
Retomando a teoria sobre a rede urbana e a indústria no norte do Paraná,
concordamos com Fresca (2009) que no norte do Paraná há cidades com um setor
industrial numericamente expressivo no contexto da rede urbana tais como Londrina,
Cambé, Ibiporã, Rolândia, Arapongas, Apucarana, Campo Mourão, Marialva, Maringá,
Paranavaí, Cianorte e Umuarama. “A expansão da produção industrial gerando inclusive
especializações produtivas em determinados ramos para várias cidades, sejam elas de
nível muito fraco, fraco, médio para fraco de centralidade” (FRESCA, 2009, s/p).
A abordagem ressaltada pela autora e novamente retomada é resultado de uma
análise sobre os estudos referentes à hierarquia dos centros urbanos brasileiros,
dirigidos pelo IPEA e pelo IBGE. Na publicação de 1998, os níveis de centralidade são
os ressaltados por Fresca (2009), conforme consta no mapa 18.
Rosa Moura e Débora Werneck, no trabalho sobre “Rede, Hierarquia e Região
de Influência das cidades: Um Foco sobre a Região Sul”, trabalham com dados do
REGIC (Região de influência das cidades) do IBGE de 1987 e 2000, com o intuito de
caracterizar a rede urbana da região sul, bem como os sistemas urbanos formados a
partir dessas. Trabalhamos aqui com os dados de 1998, sobre a hierarquia da rede
urbana na Mesorregião Norte Central estabelecida em 1993, publicada apenas em 1998
por este órgão.
No mapa 18, as autoras classificam cada cidade com um determinado nível de
centralidade, o que expressa seu papel na hierarquia da rede de cidades. Sendo assim,
foi classificado em: máximo e muito forte, casos de Maringá e Londrina, nível forte
para médio, que é o caso único de Apucarana, nível médio e médio para fraco, casos de
Arapongas, Rolândia, Nova Esperança, Mandaguari, Colorado e Ivaiporã. Essa
configuração data de 1993, plausível de discussões, pelas transformações ocorridas na
última década, caracterizando os processos recentes, de institucionalização de regiões
metropolitanas (Londrina e Maringá) e criação de Arranjos Produtivos Locais. Percebe-
se que essa classificação, tanto da autora, para 1993, quanto do IPEA, para 1998, já
houve alterações de hierarquia de centralidade. Já temos a confirmação, no entanto, de
que Apucarana tem um nível de centralidade superior ao de Arapongas, comprovado
através de estudos direcionados que analisam, por meio da metodologia, inúmeras
variáveis. Como este trabalho analisa poucas variáveis, mas, diga-se de passagem,
importantíssimas para a análise da centralidade, da rede urbana e da produção do espaço
113
urbano, acabamos por comprovar essa centralidade e importância maior do papel de
Apucarana em relação à rede urbana do norte do Paraná.
Na análise sobre a rede urbana na região sul, Moura e Werneck (2001)
verificaram que na pesquisa de 1993, Curitiba e Porto Alegre se mantêm com nível de
centralidade máxima. Londrina perdeu o papel de destaque como único centro regional
com nível muito forte na hierarquia, passando a compartir, segundo o mesmo nível, com
Maringá, Florianópolis, Passo Fundo, Santa Maria e Pelotas. Para estabelecer os níveis
de centralidade, o IBGE utiliza a concepção de Christaller, para a configuração
hierárquica entre centros.
A rede de localidades centrais, além de materializar o sistema de
produção, articulando circulação, distribuição e consumo, também
cristaliza o sistema de decisão e gestão, por meio da localização
seletiva de órgãos da administração pública e sedes de grandes
corporações, oferecendo um nítido posicionamento hierarquizado dos
centros (MOURA & WERNECK, 2001, p.28).
Os mapas seguintes espacializam as relações de centralidades existentes em
1993. As autoras trabalharam com dados do IBGE, em relação ao desempenho dos
principais municípios da região sul relativamente ao nível de centralidade. Em 1993, o
nível de centralidade de Londrina e Maringá eram de 2, Apucarana, 4, Arapongas e
Ivaiporã, 5, e Nova Esperança, 6. A metodologia utilizada pelo IBGE para essa
classificação, tinha em vista a teorização acima explicitada e muitas outras variáveis, em
que:
(...) operacionalização das pesquisas se deu com base na definição de
um rol de bens e serviços que, medidos o volume e a origem da
procura, traduziram a diferenciação entre as localidades centrais e
ofereceram condições para que fosse estabelecida a escala hierárquica
dos centros. (...) A pesquisa de 1993 considerou 46 funções centrais
(bens e serviços), das quais 14 eram de baixa complexidade e
freqüentes nas cidades de hierarquia mais baixa, 30 geradoras de
fluxos de média e alta complexidade e duas de fluxos relativos à busca
de serviços de informação. Foram definidos oito níveis de
centralidade: máximo, muito forte, forte, forte para médio, médio,
médio para fraco, fraco e muito fraco (MOURA & WERNECK, 2001,
p.28-9).
A partir da espacialização dos dados (de acordo com a classificação de 1993),
verificamos que a cidade de Apucarana possui centralidade de forte para médio,
conforme já dito, tendo seus níveis de fluxos de partida médio para Londrina e para
Maringá, e muito fraco para as cidades do Vale do Ivaí, como por exemplo Rio Bom,
114
Cruzmaltina, Califórnia, Marilândia do Sul e Mauá da Serra. Recebe fluxos fortes de
Arapongas e de Jandaia do Sul.
Arapongas foi classificada na hierarquia como uma cidade que possui
centralidade de nível médio. A cidade recebe níveis de fluxos de partida médio de
Rolândia, nível muito fraco de Sabáudia, Astorga, Iguaraçu, Munhoz de Melo, Flórida e
Ângulo. Vale salientar que a mesma estabelece nível de dependência em relação aos
fluxos de partida forte em relação à Apucarana, ou seja, a mesma “depende” de
Apucarana, confirmando a teoria.
Se observarmos a nova classificação elaborada pelo REGIC (Região de
Influência das Cidades), publicado em 2007, assim como já ilustramos em capítulo
anterior, verificamos a classificação superior de Apucarana em relação a Arapongas. A
cidade de Apucarana tem vínculos e fluxos diretos com todo o Vale do Ivaí, sobretudo
por sua importância regional e sua localização geográfica estratégica em relação à essa
parte da mesorregião Norte Central Paranaense. A cidade é classificada como Centro
Sub-regional de Nível “A”, sendo superada na mesorregião somente por Londrina e por
Maringá.
Já, Arapongas, possui uma relação de dependência direta com Londrina, sendo
considerada uma cidade como Centro de Zona “A”, ou seja, na análise realizada em
1993, Arapongas é classificada hierarquicamente em um nível abaixo de Apucarana; já
em 2007, Arapongas é classificada com dois níveis abaixo de Apucarana. Dessa forma,
percebemos que uma década de análise alterou uma posição do grau de centralidade das
cidades. Ou seja, mesmo percebendo um nítido desenvolvimento urbano de Arapongas,
tanto no quesito de expansão como de ocupação e de desenvolvimento econômico, a
localização da cidade, sua importância na rede urbana, dentre outros fatores analisados
pelo REGIC (2007) foram elementos que influenciaram negativamente na classificação,
frente à importância regional da cidade de Apucarana.
115
MAPA 18: NÍVEL DE CENTRALIDADE DAS CIDADES DA MESORREGIÃO NORTE
CENTRAL PARANAENSE, EM 1993
116
MAPA 19: HIERARQUIA DOS CENTROS URBANOS
Fonte: REGIC, 2007
117
Ao tratarmos da centralidade urbana das cidades analisadas, é importante
observar um estudo realizado pelo Plano Diretor de Arapongas (2008) que diz respeito a
uma metodologia para designar os fluxos de passageiros nas cidades do entorno. Na
verdade, a amostra partiu do mês de maio de 2005, mas já retrata a dimensão do
processo. Percebemos que esse estudo restrito também nos dá suporte para analisarmos
a centralidade das cidades, pois Arapongas atrai pessoas de Astorga e de Sabáudia;
Apucarana atrai pessoas da própria Arapongas e de algumas cidades do Vale do Ivaí,
sendo uma amostra que ajuda a confirmar o trabalho publicado no REGIC (2007) sobre
a importância das cidades.
MAPA 20: DESLOCAMENTO DE PASSAGEIROS NO MÊS DE MAIO DE 2005 Fonte: Plano Diretor de Arapongas, 2008
118
Um outro quesito que não foi considerado como variável para a pesquisa, mas
que estudos dos Institutos de Planejamento e de Pesquisa do Paraná nos auxiliam,
refere-se ao movimento pendular. O texto de Moura et al (2005) nos chama atenção
para o conceito: Na verdade, é um conceito originado nos estudos das dinâmicas
metropolitanas pelos demógrafos e pelos geógrafos, oriundo do conceito de “migração
pendular”. O conceito de “movimento pendular”, é antigo na geografia (MOURA, et al,
2005).
Aparece nas análises de Beaujeu-Garnier (1980) e Derruau (s/d),
dentre outros clássicos da Geografia Humana, com ênfase em
Geografia da População. Contudo, a perspectiva de análise do
geógrafo difere da do demógrafo, particularmente em razão da
natureza da preocupação da Geografia com a espacialização dos
fenômenos. Entre os estudos clássicos, observa-se uma certa
compreensão de que os movimentos migratórios variam quanto à
duração e à escala de abrangência, e que aqueles de caráter cotidiano
devem ser compreendidos no contexto em que se inserem,
predominantemente urbano (MOURA, et al, 2005, p. 123).
Por isso, a importância de realizarmos uma ênfase desses movimentos ao
analisarmos as cidades. Ainda que as cidades estudadas não sejam pólos metropolitanos,
as mesmas estão inseridas na dinâmica metropolitana a partir da análise do eixo
dinâmico Londrina-Maringá, que são pólos, ainda que politicamente, considerados
como Regiões Metropolitanas.
Assim, podemos perceber no mapa 21 os fluxos do movimento pendular no
norte do Paraná, tendo grande centralidade, por esse quesito, as cidades de Londrina e
de Maringá, pela importância regional bem como uma centralidade secundária em
Apucarana, tendendo novamente para o Vale do Ivaí. Arapongas aparece como uma
cidade “elencada" no eixo, sendo seus fluxos estabelecidos com Apucarana e Londrina.
119
MAPA 21: MOVIMENTO PENDULAR NO NORTE DO PARANÁ, COM DESTAQUE PARA
ARAPONGAS, EM 2005. Fonte: Plano Diretor de Arapongas, 2008
Em uma análise sobre outros dados apresentados no Plano Diretor de Arapongas
(2008), verificamos que o grau de urbanização de Arapongas é mais elevado do que o
de Apucarana (Quadro 4). Apesar de a análise se referir ao ano 2000, verificamos, como
mostraremos adiante, que o perímetro urbano de Arapongas é maior do que o perímetro
urbano de Apucarana, pois o poder público das cidades possuem distintas estratégias,
sobretudo ligadas à ampliação dos parques industriais.
120
QUADRO 4: ARAPONGAS E DOS MUNICÍPIOS VIZINHOS GRAU DE URBANIZAÇÃO E
NÍVEL DE CENTRALIDADE Município Grau de Urbanização 2000 Nível de Centralidade 1993
ARAPONGAS 95,74 2
APUCARANA 92,97 3
Rolândia 90,36 1
Sabáudia 74,56 0
Londrina 96,96 5
Fontes: IBGE/ IPEA/ IPARDES/ UNICAMP/ ARAPONGAS, 2008
Se nos referirmos ao complexo urbano do eixo Londrina-Maringá, percebemos
que as cidades fazem parte de uma dinâmica onde Londrina e Maringá disputam a
centralidade do norte do Paraná e do próprio eixo. Esse eixo compreende a ligação
rodoviária e ferroviária que une os municípios de Paiçandu, Maringá, Sarandi, Marialva,
Mandaguari, Jandaia do Sul, Cambira, Apucarana, Arapongas, Rolândia, Cambe,
Londrina e Ibiporã. Ao mesmo tempo, entretanto, em que há essa ligação estabelecida
pelos fluxos de pessoas, mercadorias e imateriais, bem como ressaltando a importância
das principais cidades, sobretudo no que tange ao setor terciário, existem duas cidades,
Apucarana e Arapongas, que detêm uma industrialização significativa e atraem pessoas
e serviços ligados a esse setor.
As cidades possuem mais ligações e fluxos com Londrina do que com Maringá,
tanto que o mapa elaborado pelo estudo do REGIC (2007) (Mapa 19), ilustra bem essa
tendência. Ao analisarmos a espacialização de Maringá nesse estudo, percebemos que a
mesma estabelece relações principais com outros centros, como Cianorte, Umuarama e
Paranavaí. Dessa forma, Arapongas e Apucarana estão ligadas no contexto londrinense,
tanto que podem, futuramente, serem anexadas à sua Região Metropolitana.
É importante destacar a localização estratégica, com maior ênfase, de
Apucarana. Como Arapongas está mais próxima à Londrina, as relações de dependência
a essa cidade sempre foram maiores do que de Apucarana com Londrina.
Características relacionadas ao processo de desenvolvimento das cidades e sua
importância na rede respaldaram Apucarana como de maior importância. A cidade têm
influência em todo o Vale do Ivaí, tanto na oferta de empregos quanto de prestação de
serviços médicos, educacionais, entre outros. Dessa forma, a cidade sempre teve uma
importância maior.
O que se percebe é que, atualmente, Arapongas se desenvolve mais, há um
aumento populacional maior do que Apucarana e a cidade cresce economicamente.
Assim, a partir da pesquisa empírica e dos dados apresentados no trabalho, chamamos a
121
atenção para os seguintes fatores: em primeiro lugar, pela própria localização, pois, por
estar próxima a Londrina e estar inserida em políticas relacionadas à cidade pólo, é
atrativa; em segundo lugar, pela consolidação do pólo moveleiro, pois, com o
desenvolvimento do setor, há a criação de eventos na cidade, atração de mão-de-obra
especializada e de outros serviços que sustentam essa industrialização; em terceiro
lugar, devido a estratégias do poder publico, pois aumentou drasticamente o perímetro
urbano, ofertando novos solos para a ocupação urbana.
Devemos ressaltar que as variáveis estudadas demonstraram diversos aspectos
relacionados a esse maior crescimento e desenvolvimento de Arapongas, mas
salientamos que, se analisarmos somente os dados referentes aos fluxos e a atração
populacional que usufruem de serviços esporádicos ou temporários, como a vinda diária
para estudo, verificamos que Apucarana possui uma centralidade mais significativa.
Se analisarmos pelas exportações industriais, verificamos que as duas possuem
rotas de exportações consolidadas, ligadas aos principais produtos. Como demonstrado
nos mapas sobre as exportações realizadas em 2008, verificamos que os mercados
apucaranenses são, de menor para maior importância, EUA, América do Sul (Argentina,
Paraguai e Uruguai), Europa, África (com exceção de Angola, sua maior compradora) e
Sudeste Asiático. Já Arapongas possui outros mercados, sendo, de menor para maior
importância, EUA, América Central e México, países andinos, Alemanha, Cazaquistão,
Japão, alguns países da África, MERCOSUL e Hong Kong, de maior expressão.
122
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho apresentou resultados importantes para a avaliação, tanto da
centralidade, quanto, da importância das cidades na rede urbana e, como “pano de
fundo”, a conurbação descontínua e a tendência à conurbação contínua das duas
cidades.
Verificamos que estudos anteriores trabalharam, com metodologias que
contemplavam inúmeras variáveis para a compreensão da centralidade entre as cidades,
como por exemplo, o estudo publicado em 2007 pelo IPEA. Neste, foi investigado as
principais ligações de transportes regulares, em particular as que se dirigem aos centros
de gestão, e os principais destinos dos moradores dos municípios para obter produtos e
serviços. A pesquisa evidenciou que a centralidade de Apucarana é bem maior do que a
centralidade de Arapongas, o que, como demonstrado no decorrer do trabalho, nos
incitaram a buscar explicações, já que as cidades são próximas (vizinhas), fazem parte
de uma mesma dinâmica, foram colonizadas em um mesmo contexto e são integrantes
do mesmo eixo.
As explicações buscadas evidenciaram que o principal fator se refere à própria
localização, pois, mesmo próximas, Apucarana detém uma importância regional, de
oferta de serviços hospitalares, de educação e outros, de maior aporte para o Vale do
Ivaí, região em que centraliza. Arapongas fica inserida entre Apucarana, Londrina e
Maringá, cidades que, historicamente, possuíram uma maior importância regional.
Devemos salientar que isso não reflete negativamente em Arapongas, visto que a
cidade possui amplo parque industrial, oriundo de estratégias do poder público de
estruturar a cidade no setor secundário. O ramo moveleiro sempre se destacou, desde a
década de 1960, tendo importância significativa no desenvolvimento, nas estratégias do
Estado bem como na atração populacional para a cidade.
Percebemos que Apucarana possui uma dinâmica de atração de pessoas de
outras cidades para trabalho e estudo maior do que Arapongas, pois, como dito,
Apucarana centraliza diversos municípios pequenos direcionados para o centro do
estado do Paraná, locais onde os índices de desenvolvimento são baixos. Já Arapongas,
possui atração principal no setor secundário, pois o terciário é significativo nas cidades
do entorno, sobretudo Londrina e sua região metropolitana. Isso nos remeteu a analisar
que os trabalhadores da indústria geralmente mudam para a cidade e estabelecem
123
residência próximo ao local de trabalho, o que ocorre em Arapongas. Já, as pessoas que
só estudam ou procuram outras atividades ligadas à prestação de serviços, são
intermitentes na cidade, pois visitam diariamente ou esporadicamente, não fixando
residência, caracterizando um maior fluxo, é o que ocorre em Apucarana.
Em relação à conurbação das cidades, percebemos que, através das leituras dos
mapas, Apucarana “chegou” primeiro no seu limite municipal Norte, que faz divisa com
Arapongas. Já a dinâmica de crescimento da cidade de Arapongas é posterior, mas
percebemos que há políticas públicas que tendem para essa conurbação contínua, já que
a conurbação descontínua já foi verificada (Figura 10).
FIGURA 10: PERÍMETRO MUNICIPAL E URBANO DAS CIDADES ESTUDADAS, EM 2010 Fonte: PDM. de Arapongas e de Apucarana, 2010
124
No que se refere à produção do espaço urbano, Arapongas tem menos
urbanização em saltos, mas cabe refletir se esse escancarado aumento no perímetro
urbano possa interferir na organização. Apucarana cresceu mais fragmentada, no
entanto, políticas públicas intencionam para uma redução no perímetro e um controle
mais eficaz do crescimento, tendendo para maior ordem.
Em relação à análise do desenvolvimento do trabalho, apontamos que foram
encontradas algumas dificuldades: as indústrias, principalmente de Arapongas, tiveram
uma postura de não divulgação de dados referentes a sua produção. Mesmo a
Associação Comercial e Industrial de Arapongas fazendo a conexão com elas, muitas
foram contraditórias à pesquisa, além da dificuldade na sistematização de dados, pois
estes foram de diferentes fontes. Percebemos que ambas as prefeituras não tem dados
relevantes a respeito do setor secundário ou terciário. Elas não conhecem
profundamente a realidade de suas cidades, ou seja, há um conhecimento muito
genérico.
Em relação aos setores referentes aos APLs, em Arapongas há uma maior
organização. O SIMA tem acesso a diversos dados finais das indústrias do setor
moveleiro: faturamento, mão de obra, participação no mercado nacional e internacional.
Até fisicamente o SIMA tem uma ótima estrutura, fica localizado no último andar do
principal edifício comercial de Arapongas. É perceptível que o setor moveleiro nacional
é bem organizado, facilitando dados mais reais deste setor. Em Apucarana, acontece o
contrário, ou seja, os dados da ASSIBRA não são muito atuais, percebemos que não há
uma regularidade na atualização dos dados do setor. Outra constatação está na
informalidade do emprego. As chamadas “facções” de bonés, além de não registrarem o
trabalhador, utiliza mão de obra com menores de 16 anos, o que também é proibido por
Lei. Ficou claro que as indústrias de bonés não apresentam emprego informal, ou seja,
fato constado somente nas facções terceirizadas do setor, que funcionam no fundo de
residências.
Fica evidente, até mesmo pelo REGIC (2007) que Apucarana apresenta uma
maior centralidade vinculada ao setor de serviços. Se levarmos em consideração a
expressividade da produção industrial, Arapongas acaba se destacando por um ter um
parque industrial com uma infraestrutura fisicamente melhor. Seus produtos alcançam
125
diversas partes do mundo, observando que seus principais produtos estão vinculados ao
APL e entre as dez maiores indústrias de Arapongas, oito são do setor moveleiro.
O objetivos da pesquisa foram alcançados, ou seja, foi discutido a centralidade
urbana, a influência das Instituições de Ensino Superior e o principal foco, a produção
industrial, explicitado constantemente no referencial teórico/metodológico.
Concluimos que a Centralidade pode e deve ser verificada por diversas variáveis,
não mais somente pela distribuição de bens e serviços, sendo que as variáveis podem
levar a resultados diferenciados.
126
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131
APENDICE
132
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
I - INFORMAÇÕES CADASTRAIS
FIRMA OU RAZÃO SOCIAL:
MUNICÍPIO:
II - INFORMAÇÕES ECONÔMICAS DA UNIDADE LOCAL
INFORMAÇÕES DOS PRODUTOS FABRICADOS E DOS SERVIÇOS INDUSTRIAIS PRESTADOS PELA UNIDADE LOCAL
DESCRIÇÃO SO PRODUTOS E SERVIÇOS INDUSTRIAIS VENDAS REALIZADAS NO ANO
(R$)
_________________,00
_________________,00
DESTINO DAS VENDAS TOTAIS DE FUNCIONÁRIOS
ESTADOS PAÍSES
III - OBSERVAÇÕES
NOME DO INFORMANTE:________________________________________________________________________________________________
CARGO:____________________________________________________________ TELEFONE: (043) _______________-_________________.
133
ANEXOS
134
Anexo I: Exportações de Apucarana em 2008
EXPORTAÇÕES DE APUCARANA
2008 (US$ F.O.B.)
PRODUTO EXPORTADO Apucarana PR % Brasil %
FARINHA DE MILHO 15.728.921 15.987.141 98% 22.991.870 68,41%
GRÃOS DE MILHO, DESCASCADOS,
EM PEROLAS, CORTADOS, ETC. 5.954.689 6.140.749 97% 8.337.138 71,42%
OLEO DE MILHO, EM BRUTO 9.331.720 14.636.604 64% 38.551.750 24,21%
GRUMOS E SEMOLAS, DE MILHO 6.055.385 8.626.887 70% 10.048.784 60,26%
OUTS. COUROS/PELES, BOVINOS,
PREPARADOS 7.744.663 - - - -
OUTS. CALÇADOS DE COURO
NATURAL, C/BIQUEIRA PROT. DE
METAL
3.869.810 6.568.399 59% 9.532.380 40,60%
OUTS. COURO BOVINOS, INCL.
BUFALOS, CORTADOS, ETC. 8.355.387 - - - -
OUTS. COUROS/PELES, BOVINOS,
INCL. BUFALOS, UMIDOS 248.655 7.791.165 3% 159.190.942 0,16%
OUTS. COUROS BOVINOS, INCL.
BUFALOS, DIVD. UMID. PENA FLOR 1.959.266 16.632.119 12% 160.934.139 1,22%
CARNES DE CAVALO, ASININO E
MUAR, FERSCAS, REFRIG. OU CONG. 5.357.880 13.209.692 41% 27.741.740 19,31%
OLEO DE SOJA, REFINADO, EM
RECIPIENTES COM CAP. - 5L 3.888.513 10.015.874 39% 96.228.816 4,04%
135
Anexo II: Exportações de Apucarana em 2006
EXPORTAÇÕES DE APUCARANA
2006 (US$ F.O.B.)
PRODUTO EXPORTADO Apucarana PR % Brasil %
1 FARINHA DE MILHO 5.091.261 10.851.567 47% 11.109.429 46%
2 GRÃOS DE MILHO, DESCASCADOS,
EM PEROLAS, CORTADOS, ETC. 2.003.925 - - - -
3 OLEO DE MILHO, EM BRUTO 3.788.505 5.886.651 64% 20.745.338 18%
4 GRUMOS E SEMOLAS, DE MILHO 1.397.566 2.438.265 57% 2.711.108 52%
5 OUTS. COUROS/PELES, BOVINOS,
PREPARADOS 14.039.117 - - -
6
OUTS. CALÇADOS DE COURO
NATURAL, C/BIQUEIRA PROT. DE
METAL
1.570.505 2.983.402 53% 4.208.449 37%
7 OUTS. COURO BOVINOS, INCL.
BUFALOS, CORTADOS, ETC. - - - - -
8 OUTS. COUROS/PELES, BOVINOS,
INCL. BUFALOS, UMIDOS 734.696 7.703.056 10% 77.711.293 1%
9 OUTS. COUROS BOVINOS, INCL.
BUFALOS, DIVD. UMID. PENA FLOR 1.685.581 15.921.996 11% 215.302.758 1%
10 CARNES DE CAVALO, ASININO E
MUAR, FERSCAS, REFRIG. OU CONG. 9.170.030 18.551.823 49% 33.923.235 27%
11 OLEO DE SOJA, REFINADO, EM
RECIPIENTES COM CAP. - 5L - - - - -
136
Anexo III: Exportações de Apucarana em 2004
EXPORTAÇÕES DE APUCARANA
2004 (US$ F.O.B.)
PRODUTO EXPORTADO Apucarana PR % Brasil %
1 FARINHA DE MILHO 63.645 89.868 71% 549.330 11,59%
2
GRÃOS DE MILHO,
DESCASCADOS, EM PEROLAS,
CORTADOS, ETC. 113.825 140.086 81% 457.782 24,86%
3 OLEO DE MILHO, EM BRUTO 4.640.147 6.385.962 73% 23.511.861 19,74%
4 GRUMOS E SEMOLAS, DE MILHO 4.384.884 5.942.086 74% 6.665.197 65,79%
5
OUTS. COUROS/PELES, BOVINOS,
PREPARADOS 5.049.788 5.063.850 100% 84.750.369 5,96%
6
OUTS. CALÇADOS DE COURO
NATURAL, C/BIQUEIRA PROT. DE
METAL 2.420.646 3.096.521 78% 3.848.637 62,90%
7
OUTS. COURO BOVINOS, INCL.
BUFALOS, CORTADOS, ETC. - - - - -
8
OUTS. COUROS/PELES, BOVINOS,
INCL. BUFALOS, UMIDOS 449.106 1.245.516 36% 30.873.849 1,45%
9
OUTS. COUROS BOVINOS, INCL.
BUFALOS, DIVD. UMID. PENA
FLOR 4.058.281 19.260.315 21% 241.606.840 1,68%
10
CARNES DE CAVALO, ASININO E
MUAR, FERSCAS, REFRIG. OU
CONG. 9.691.538 19.078.621 51% 31.360.720 30,90%
11
OLEO DE SOJA, REFINADO, EM
RECIPIENTES COM CAP. - 5L - - - - -
137
Anexo IV: Exportações de Arapongas em 2008
EXPORTAÇÕES DE ARAPONGAS
2008 (US$ F.O.B.)
PRODUTO EXPORTADO Arapongas PR % Brasil %
1 MOVEIS DE MADEIRA P/
QUARTOS DE DORMIR 23.280.562 39.568.526 59% 289.531.719 8,04%
2 OUTROS MOVEIS
DE MADEIRA 17.894.443 35.724.439 50% 297.342.085 6,02%
3 MOVEIS DE MADEIRA
P/COZINHAS 3.735.802 6.259.718 60% 53.870.981 6,93%
4 ASSENTOS ESTOFADOS,COM A
RMACAO DE MADEIRA 2.031.007 4.523.040 45% 63.512.899 3,20%
5 MOVEIS DE MADEIRA
P/ESCRITORIOS 475.996 923.727 52% 24.614.235 1,93%
6
CARNES DE GALOS/GALINHAS
,N/CORTADAS EM
PEDACOS,CONGEL.
2.345.487 679.163.051 0% 2.207.043.371 0,11%
7
PEDACOS E MIUDEZAS,
COMEST.DE
GALOS/GALINHAS,CONGELADOS
10.072.812 872.460.468 1% 3.612.183.077 0,28%
8
TRIPAS DE
BOVINOS,FRESCAS,REFRIG.CONGEL.
SALG.DEFUMADAS
5.442.060 7.952.935 68% 244.103.926 2,23%
9 OUTRAS MIUDEZAS COMESTIVEIS
DE BOVINO,CONGELADAS 4.809.274 9.530.416 50% 153.338.146 3,14%
10 ALIMENTOS PARA CAES E
GATOS 1.188.611 1.543.273 77% 27.709.750 4,29%
11 BOMBONS,CARAMELOS,CONFEITOS
E PASTILHAS,SEM CACAU 1.459.738 7.632.605 19% 104.442.884 1,40%
138
Anexo V: Exportações de Arapongas em 2006
EXPORTAÇÕES DE ARAPONGAS
2006 (US$ F.O.B.)
PRODUTO EXPORTADO Arapongas PR % Brasil %
1 MOVEIS DE MADEIRA
P/QUARTOS DE DORMIR 11.886.768 28.419.894 42% 288.230.166 4%
2 OUTROS MOVEIS
DE MADEIRA 13.662.585 33.169.408 41% 288.974.002 5%
3 MOVEIS DE MADEIRA
P/COZINHAS 2.723.959 5.563.524 49% 48.734.809 6%
4 ASSENTOS ESTOFADOS,COM
ARMACAO DE MADEIRA 4.599.710 8.392.849 55% 92.466.831 5%
5 MOVEIS DE MADEIRA
P/ESCRITORIOS 557.456 1.018.034 55% 30.886.526 2%
6
CARNES DE
GALOS/GALINHAS,N/CORTADAS
EM PEDACOS,CONGEL.
16.643 340.861.081 0% 936.857.085 0%
7 PEDACOS E MIUDEZAS,COMEST.DE GALOS
/GALINHAS,CONGELADOS 4.358.025 482.085.748 1% 1.978.623.636 0%
8 TRIPAS DE BOVINOS,FRESCAS,REFRIG.
CONGEL.SALG.DEFUMADAS - - - - -
9 OUTRAS MIUDEZAS COMESTIVEIS
DE BOVINO,CONGELADAS 564.305 4.581.441 12% 64.019.910 1%
10 ALIMENTOS PARA
CAES E GATOS 272.464 485.814 56% 22.395.332 1%
11 BOMBONS,CARAMELOS,CONFEITOS
E PASTILHAS,SEM CACAU 2.444.327 7.178.606 34% 95.850.344 3%
139
Anexo VI: Exportações de Arapongas em 2004
EXPORTAÇÕES DE ARAPONGAS
2004 (US$ F.O.B.)
PRODUTO EXPORTADO Arapongas PR % Brasil %
1 MOVEIS DE MADEIRA P/
QUARTOS DE DORMIR 9.264.850 22.881.792 40% 307.182.977 3,02%
2 OUTROS MOVEIS DE
MADEIRA 8.163.256 30.713.100 27% 309.328.790 2,64%
3 MOVEIS DE MADEIRA
P/COZINHAS 2.616.461 3.582.746 73% 37.918.464 6,90%
4 ASSENTOS ESTOFADOS,COM
ARMACAO DE MADEIRA 9.871.382 19.907.811 50% 81.895.795 12,05%
5 MOVEIS DE MADEIRA
P/ESCRITORIOS 352.854 1.159.781 30% 29.636.824 1,19%
6 CARNES DE GALOS/GALINHAS,
N/CORTADAS EM PEDACOS,CONGEL. - - - - -
7
PEDACOS E MIUDEZAS,
COMEST.DE GALOS/GALINHAS,
CONGELADOS
4.368.091 386.350.108 1% 1.692.075.428 0,26%
8 TRIPAS DE BOVINOS,FRESCAS,REFRIG.
CONGEL.SALG.DEFUMADAS - - - - -
9 OUTRAS MIUDEZAS COMESTIVEIS
DE BOVINO,CONGELADAS 133.212 4.390.481 3% 53.477.240 0,25%
10 ALIMENTOS PARA
CAES E GATOS 403.209 506.052 80% 17.354.434 2,32%
11 BOMBONS,CARAMELOS,CONFEITOS
E PASTILHAS,SEM CACAU 1.129.847 5.259.806 21% 96.003.826 1,18%
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