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ANAIS 2017
ANAIS Volume 1, Número 1 Março de 2017
ISSN: 2359-3563
XIX Semana de Estudos em Terapia Ocupacional da UFSCar II Simpósio de Trabalhos de Conclusão de Curso e de Iniciação Científica
de Terapia Ocupacional da UFSCar I Encontro de Preceptores do Curso de Terapia Ocupacional da UFSCar
Universidade Federal de São Carlos – Curso de Terapia Ocupacional Anfiteatro Florestan Fernandes e Departamento de Terapia Ocupacional
24 a 28 de outubro de 2016
EQUIPE DOS SONHOS
Alessandra Rossi Paolillo
André Propheta
Brenda Dias
Bruna Neregato Sabino
Carla Regina Silva
Cyntia Vasselo
Dandara Sousa
Débora Couto de Melo Carijo
Fabiana Tsutae
Fernanda Desuó Gomes
Gabriela Agnello
Giovanna Gouvea
Gerusa Ferreira Lourenço
Isadora Cardinalli
Izamara Pereira Paterra
Júlia Caltabiano Porto
Leticia Ambrósio
Ludmila Boaventura
Mariana Zambulim
Maribia Oliveira
Marília Sales Martins
Marina Sanches Silvestrini
Pamela Bianchi
Rúbia Diana Mota
Thainá Soares
Tiemi Hanada
Vitória Gementi
Veronique Yamasaki
REALIZAÇÃO E APOIO
COMUNICAÇÃO
#SETOC
DEPARTAMENTO DE TERAPIA OCUPACIONAL
COORDENAÇÃO DE CURSO DE TERAPIA OCUPACIONAL
ANAIS da XIX Semana de Estudos em Terapia Ocupacional da UFSCar
II Simpósio de Trabalhos de Conclusão de Curso e de Iniciação Científica de Terapia Ocupacional e I Encontro de Preceptores do Curso de Terapia Ocupacional da UFSCar, 2017.
#SETOC
v.2, n.1 ISSN: 2359-3563 4
Sumário
EDITORIAL................................................................................................................09 SILVA, CARLA REGINA; LOURENÇO, GERUSA FERREIRA; CARRIJO, DÉBORA COUTO DE MELO;
PAOLILLO, ALESSANDRA; AMBROSIO, LETICIA
AS PRODUÇÕES SOBRE O CAMPO SOCIAL NA TERAPIA OCUPACIONAL LATINO-
AMERICANA: ANÁLISES SOB A LEITURA DA TERAPIA OCUPACIONAL SOCIAL
BRASILEIRA ............................................................................................................ 10
BIANCHI, PAMELA CRISTINA; MALFITANO, ANA PAULA SERRATA
VARIAÇÃO E MUDANÇA LINGUÍSTICA NAS RUAS: A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE
RUA DO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS ENQUANTO COMUNIDADE DE FALA ............... 15
SANTOS, FELIPE; BASSO, RENATO MIGUEL; SILVA, CARLA REGINA
HISTÓRIA DE VIDA E SUAS INTERFACES NA PARTICIPAÇÃO EM AÇÕES SOCIAIS: O
PROJETO METUIA/UFSCAR NA VISÃO DE UM JOVEM .............................................. 19
MELO, TATIANA VASCONCELLOS. MALFITANO, ANA PAULA SERRATA
TERAPIA OCUPACIONAL E ATENÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE EM
ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA ................................ 25
ROBERTO, RAFAELA DA SILVA; SANTORO, BEATRIZ DA SILVA; SILVA, LUIZ FELIPE DA
O GRUPO DE PESQUISA “INTERVENÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL NA ATENÇÃO
INTEGRAL À CRIANÇA” E A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO .................................... 30
FOLHA, DÉBORA RIBEIRO DA SILVA CAMPOS;NUNES, ANA CÉLIA; MARINI, BRUNA PEREIRA
RICCI; NUCCI, LARISSA VENDRAMINI; RAMOS, MAYSA MARINHO ANTUNES; DELLA BARBA,
PATRÍCIA CARLA DE SOUZA
O USO DE PRÁTICAS POPULARES DE SAÚDE EM UM DISTRITO DA ZONA RURAL DE
SÃO CARLOS – SP .................................................................................................... 35
SANCHES ROCHA, LAURA; AQUILANTE, ALINE GUERRA
SISTEMATIZAÇÃO E APLICABILIDADE DO USO DA TÉCNICA TRILHAS ASSOCIATIVAS EM
TERAPIA OCUPACIONAL .......................................................................................... 40
MARCOLINO, TAÍS QUEVEDO; DITURI, DÉBORA RICCI
REPENSAR DO COTIDIANO NO CONTEXTO DA HOSPITALIZAÇÃO INFANTOJUVENIL
COMO AÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA ........................ 44
LINO, THAÍS BRETERNITZ; KUDO, AIDE MITIE
O BRINCAR EM HOSPITAL ONCOLÓGICO PEDIÁTRICO .............................................. 49 ALMEIDA, THALLYTA APARECIDA; JOAQUIM, REGINA HELENA VITALE TORKOMIAN
ANAIS da XIX Semana de Estudos em Terapia Ocupacional da UFSCar
II Simpósio de Trabalhos de Conclusão de Curso e de Iniciação Científica de Terapia Ocupacional e I Encontro de Preceptores do Curso de Terapia Ocupacional da UFSCar, 2017.
#SETOC
v.2, n.1 ISSN: 2359-3563 5
RELAÇÃO ENTRE OCUPAÇÃO REMUNERADA, PERCEPÇÃO SOBRE A CAPACIDADE
PARA TRABALHO E INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL DE UMA POPULAÇÃO ATENDIDA EM
SERVIÇO DE REABILITAÇÃO ..................................................................................... 52
CAITANO, ROSANA APARECIDA ; CARRIJO, DÉBORA COUTO DE MELO
TERAPIA OCUPACIONAL E TRANSTORNOS ALIMENTARES: DIFERENÇAS ENTRE
CONCEITOS E PRÁTICAS EM UMA REVISÃO DE LITERATURA .................................... 57
MIYAMOTO, EVELLIN ERI; FARIAS, ALINE ZACCHI; MARCOLINO, TAÍS QUEVEDO
DISCUTINDO RACISMO NA UNIVERSIDADE: OLHARES DA TERAPIA OCUPACIONAL E
PSICOLOGIA ............................................................................................................ 62
FARIAS, MAGNO NUNES; VICENTE, HEITOR ABADIO
APONTAMENTOS ACERCA DA EXPECTATIVA DE JOVENS AUTORES DE ATO
INFRACIONAL SOBRE A SAÍDA DA UNIDADE DE INTERNAÇÃO .................................. 67
MALFITANO, ANA PAULA SERRATA, MARTINEZ, GABRIELA AGNELLO; FARIA, CAROLINE BEIER
CAPITAL SOCIAL E PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO ................................................... 71
SILVA, CÍNTIA VIVIANE VENTURA DA; SANTOS, ÉLCIO ALTERIS DOS; LINHARES, BIANCA DE
FREITAS
FAZENDO ARTE COM O CORPO: RESSONÂNCIAS DE ABORDAGENS CORPORAIS
EXPRESSIVAS NO COTIDIANO DE MORADORES DE UM SERVIÇO RESIDENCIAL
TERAPÊUTICO ......................................................................................................... 77
QUEIROZ, RENATA BRANDLE MORATO; LIBERMAN, FLÁVIA
COMUNIDADE DE PRÁTICA DE TERAPEUTAS OCUPACIONAIS DE SÃO CARLOS:
TRAJETÓRIA DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA ............................ 82
PEREIRA, ANA JÚLIA ARNONI THOMAZ; MARCOLINO, TAÍS QUEVEDO LOURENÇO, MARIANE
CRISTINA; BALDESSIM, ADRIELE; HERNANDES, JULIANA
O DESAFIO DO TRABALHO INTERSETORIAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE: UM
RELATO DE EXPERIÊNCIA ........................................................................................ 91
SANTOS, JAMILE FERREIRA DOS; DEMONARI, LAYSLA GOMES; GOZZI, ALANA DE PAIVA
NOGUEIRA FORNERETO
QUANDO A REDE É O CENÁRIO: APRENDIZAGENS A PARTIR DE ESTÁGIO
PROFISSIONAL EM SAÚDE MENTAL ......................................................................... 96
FARIAS, ALINE ZACCHI; PEREIRA, ANA JULIA ARNONI TOMAS; COSTA, LURIAN ANDRADE
RODRIGUES; GOZZI, ALANA DE PAIVA NOGUEIRA FORNERETO
TECNOLOGIAS E TERAPIA OCUPACIONAL .............................................................. 101
FARIAS, ALINE ZACCHI; SILVA, CARLA REGINA
ANAIS da XIX Semana de Estudos em Terapia Ocupacional da UFSCar
II Simpósio de Trabalhos de Conclusão de Curso e de Iniciação Científica de Terapia Ocupacional e I Encontro de Preceptores do Curso de Terapia Ocupacional da UFSCar, 2017.
#SETOC
v.2, n.1 ISSN: 2359-3563 6
COMPARAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DO JOGO GESTURE CHAIR NO
DESEMPENHO DE PESSOAS COM LESÃO MEDULAR E PESSOAS SAUDÁVEIS............ 106
KRUTLI, RENATA LUIZA DOS SANTOS; CRUZ, DANIEL MARINHO CESAR; BRANDÃO,
ALEXANDRE FONSECA
EFEITOS DA CAPACITAÇÃO SOBRE COMUNICAÇÃO SUPLEMENTAR E ALTERNATIVA
PARA A MÃE DE UMA CRIANÇA COM PARALISIA CEREBRAL NO CONTEXTO
DOMICILIAR ......................................................................................................... 111
OLIVEIRA, BÁRBARA BRITO; LOURENÇO, GERUSA FERREIRA; MANZINI, MARIANA GURIAN;
MARTINEZ, CLAUDIA MARIA SIMÕES
ANÁLISE DE APLICATIVOS DE COMUNICAÇÃO SUPLEMENTAR E ALTERNATIVA PARA
INDIVÍDUOS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO ............................... 116
SANTOS, LEDIANE DE OLIVEIRA DOS; PEDRO, LETÍCIA ZAGATTI; OLIVEIRA, JULIANA CRUSCO
DE; SANTOS, GIOVANA MANZATTO FORTI DOS; SILVA, FABÍOLA ANTUNES DA ROCHA, AILA
NARENE DAHWACHE CRIADO
COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA COMO UM RECURSO TERAPÊUTICO: PROPOSTA DE
INTERVENÇÃO ...................................................................................................... 121
MANZINI, MARIANA GURIAN; MARTINEZ, CLAUDIA MARIA SIMÕES; LOURENÇO, GERUSA
FERREIRA; OLIVEIRA, BÁRBARA DE BRITO
ESTUDO DE CASO: USO DE TECNOLOGIA ASSISTIVA DE BAIXO CUSTO E SOLUÇÕES
PARA NECESSIDADE DE UM INDIVÍDUO COM ESPASTICIDADE ............................... 126
ROSA, SAMBLEISSE SODRÉ
A ESCOLA DO CAMPO E AS DEMANDAS PARA A TERAPIA OCUPACIONAL SOCIAL ... 132
FARIAS, MAGNO NUNES; FURLAN, PAULA GIOVANA; FALEIRO, WENDER
ENTRE VELHOS E VELHICES: EXISTÊNCIAS MÚLTIPLAS E DIVERSAS ......................... 137
NEVES, AMABILE TERESA DE LIMA; BARROS, DENISE DIAS
ENTRE LUTA E RESISTÊNCIA: PERCURSOS E MODOS DE VIDA NO ASSENTAMENTO
VISTA ALEGRE - GO ............................................................................................... 141
FARIAS, MAGNO NUNES, ALVES, MARIA ZENAIDE; FALEIRO, WENDER
A JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE MENTAL COMO ELEMENTO BROCHANTE PARA UMA
PRÁTICA ANTIMANICOMIAL ................................................................................. 146
RICCI, THAMY EDUARDA; MARCOLINO, TAÍS QUEVEDO
CORPOREIDADE: OS CONCEITOS A PARTIR DA HISTÓRIA DO CORPO ...................... 151
AMBROSIO, LETICIA; SILVA, CARLA REGINA
ANAIS da XIX Semana de Estudos em Terapia Ocupacional da UFSCar
II Simpósio de Trabalhos de Conclusão de Curso e de Iniciação Científica de Terapia Ocupacional e I Encontro de Preceptores do Curso de Terapia Ocupacional da UFSCar, 2017.
#SETOC
v.2, n.1 ISSN: 2359-3563 7
O ENSINO, A PESQUISA E A EXTENSÃO JUNTO AOS ADULTOS COM DISFUNÇÕES
FÍSICAS ATENDIDOS NA UNIDADE SAÚDE ESCOLA DA UFSCAR .................................. 156
CARRIJO, DÉBORA COUTO DE MELO; PAIVA, GISELE; CALIXTO, GÉSSICA SOARES; MORETTI,
PAULA PONCIANO; PROPHETA, ANDRÉ FONTINI
EXPRESSÕES POTENTES DA JUVENTUDE: CULTURA E CORPO NA ESCOLA .............. 160
CARLA REGINA SILVA; ANTONIO BELFORTE LAVACCA; SOLANGE TIEMI HANADA; BRENDA
CAMARGO DIAS; PAMELA CAROLINE ASNAR; THAINÁ SOARES SILVA
A ATENÇÃO À MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR:
TECNOLOGIAS DE CUIDADO DA TERAPIA OCUPACIONAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À
SAÚDE .................................................................................................................. 164
OLIVEIRA, MARIBIA TALIANE DE; FERIGATO, SABRINA HELENA
MEMÓRIA FALADA: DO REGISTRO AO ACESSO ÀS MEMÓRIAS DA PESSOA EM
SITUAÇÃO DE RUA ................................................................................................ 169
SILVA, CARLA REGINA; SOUZA, AGATHA ZELLER PEREIRA DE ; CAMARGO, MARIANE DE GÓES
; GONÇALVES, SHIRLEI ROSSATO PELARIN ; GRACIOSO, LUCIANA DE SOUZA
CONSTRUINDO PRÁTICAS DE TERAPIA OCUPACIONAL E CULTURA ......................... 173
CARLA REGINA SILVA; MARINA SANCHES SILVESTRINI; ANA CAROLINA ALMEIDA PRADO;
ANA PAULA NAGATA
ARTE ENGAJADA DA E COM A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA ........................ 178
SILVA, CARLA REGINA; SILVESTRINI, MARINA SANCHES; AMBROSIO, LETICIA; MOTA, RÚBIA
DIANA DA; CALTABIANO, JÚLIA; DESUÓ, FERNANDA GOMES
TRAJETÓRIAS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM INTENSO SOFRIMENTO PSÍQUICO:
PERCURSO ESCOLAR E ACESSO AOS SERVIÇOS DE SAÚDE NA PERCEPÇÃO DE SEUS
FAMILIARES .......................................................................................................... 183
MATSUKURA, THELMA SIMÕES; TAÑO, BRUNA LÍDIA; SEMEGHINI, GEORGIA FARAH
CRIANÇAS COM FISSURAS LABIOPALATINAS: MANUAL DE ORIENTAÇÃO DE
BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS. ............................................................................ 189
MAYARA CRISTINA ALVES DA SILVA; MARCIA CRISTINA ALMEDROS FERNANDES MORAES;
NATHÁLIA RODRIGUES GARCIA SCHINZARI ; CRISTINA MARIA DA PAZ QUAGGIO; LYANA
CARVALHO E SOUSA
IDENTIFICAÇÃO DE SINAIS DE TRANSTORNO DO DESENVOLVIMENTO DA
COORDENAÇÃO EM CRIANÇAS DE 3 A 4 ANOS QUE FREQUENTAM CRECHES
MUNICIPAIS ......................................................................................................... 195
SALLA, MILENA; DELLA BARBA, PATRICIA CARLA DE SOUZA
ANAIS da XIX Semana de Estudos em Terapia Ocupacional da UFSCar
II Simpósio de Trabalhos de Conclusão de Curso e de Iniciação Científica de Terapia Ocupacional e I Encontro de Preceptores do Curso de Terapia Ocupacional da UFSCar, 2017.
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v.2, n.1 ISSN: 2359-3563 8
PROJETO TERAPIA OCUPACIONAL NAS DISFUNÇÕES DO CONTROLE MOTOR DA IDADE
ADULTA E VELHICE: INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA OCUPACIONAL PARA PACIENTE
COM SEQUELA DE TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO ........................................ 200
ÁDRIA GLEYCE DE SOUZA
GRUPO DE TERAPIA OCUPACIONAL COM TRABALHADORES EM REABILITAÇÃO
PROFISSIONAL ...................................................................................................... 205
COSTA, LURIAN RODRIGUES DA; FIGUEIRED,O MIRELA DE OLIVEIRA; DAIDONE, VITÓRIA1 205
AUTOMAQUIAGEM DE UMA ADULTA COM VISÃO SUBNORMAL: RELATO DE CASO 210
MARTINS, GABRIELA FERREIRA ; MONTILHA, RITA DE CÁSSIA IETTO
TERAPIA OCUPACIONAL E DESENVOLVIMENTO LOCAL PARTICIPATIVO:
CONSTRUINDO PROCESSOS DE ENSINAGEM .......................................................... 216
CORREIA, RICARDO LOPES
GRUPO DE ORIENTAÇÃO AOS CUIDADORES E FAMILIARES DE PACIENTES DA
UNIDADE DE ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (UAVE) ........................................ 221
QUEIROZ, DEBORAH MARIA DE
CORPOREIDADE GESTANTE E INTERVENÇÕES DA TERAPIA OCUPACIONAL ............. 225
AMBROSIO, LETICIA; SILVA, CARLA REGINA; FERIGATO, SABRINA HELENA
TERAPIA OCUPACIONAL JUNTO A FAMILIAS DE CRIANÇAS HOSPITALIZADAS ......... 230
BARBANO, LETICIA MARIA; JOAQUIM, REGINA HELENA VITALE TORKOMIAN; BOMBARDA,
TATIANA BARBIERI
RELATO DE EXPERIÊNCIA: ATIVIDADE DE CULINÁRIA EM UM GRUPO DE TERAPIA
OCUPACIONAL PARA PESSOAS COM SEQUELAS PÓS-AVE E SEUS CUIDADORES ...... 235
LAIS COUTO CATINACCIO; DANIELE BIANCA MARQUES; ALESSANDRA ROSSI PAOLILLO
QUAIS TERMOS OS PESQUISADORES TERAPEUTAS OCUPACIONAIS BRASILEIROS
ESTÃO UTILIZANDO? ............................................................................................. 240
SILVA, CARLA REGINA; CARDINALLI, ISADORA; POELLNITZ, JÉSSICA
ARTE ENGAJADA DA E COM A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA ........................ 245
SILVA, CARLA REGINA; SILVESTRINI, MARINA SANCHES; AMBROSIO, LETICIA; MOTA, RÚBIA
DIANA DA; CALTABIANO, JÚLIA; DESUÓ, FERNANDA GOMES
ANAIS da XIX Semana de Estudos em Terapia Ocupacional da UFSCar
II Simpósio de Trabalhos de Conclusão de Curso e de Iniciação Científica de Terapia Ocupacional e I Encontro de Preceptores do Curso de Terapia Ocupacional da UFSCar, 2017.
#SETOC
v.2, n.1 ISSN: 2359-3563 9
EDITORIAL
A XIX Semana de Estudos em Terapia Ocupacional da UFSCar foi realizada entre
os dias 24 e 28 de outubro de 2016, abarcou inúmeras atividades e bateu recorde de
público, tivemos 327 inscrições, mais de 50 atividades propostas, 60 palestrantes,
grupos e profissionais envolvidos com a programação do evento, incluindo 5 usuários e
pessoas que passam por processos de terapia ocupacional em diferentes áreas e cursos
de vida, além de 30 pessoas envolvidas com sua organização.
Os temas centrais do encontro foram INOVAÇÃO e DIVERSIDADE e para isso
utilizamos a metodologia colaborativa de projetos Dragon Dreaming, que preconiza um
processo cíclico, não hierárquico, cooperativo que começa a partir de um círculo de
sonhos para produzir as estratégias de planejamento e organização associadas à uma
construção ética baseada nos princípios Gaia de i) gerar crescimento pessoal: como
realizar a transformação do seu entorno centrado em seus valores e princípios
potencializando transformações positivas para si e para o Outro; ii) promover senso de
comunidade: uma comunidade de indivíduos empoderados e unidos é a forma mais
poderosa de transformação fortalecendo a cultura cooperativa e iii) servir
à Terra: Cuidar da manutenção e da valorização da vida, pois somos parte da Natureza,
e como elementos interdependentes da grande teia planetária viva, assim buscamos
inspirar princípios de acessibilidade e sustentabilidade.
Apresentamos nesse Anais do evento os resumos expandidos de 49 trabalhos
enviados, avaliados e aprovados para serem apresentados nos eventos nos formatos de
pôsteres criativos e em rodas de conversa de 132 autores. O evento não estipulou área
de concentração para o envio dos trabalhos e tampouco separou as apresentações por
áreas ou campos, a intenção foi promover a articulação entre diferentes pesquisas,
práticas, sujeitos, coletivos e locais de atuação tendo como eixo central a própria terapia
ocupacional e a valorização de sua diversidade e pluralidade.
Esperamos que apreciem o resultado final e que desejem novos encontros
potentes conosco!
ANAIS da XIX Semana de Estudos em Terapia Ocupacional da UFSCar
II Simpósio de Trabalhos de Conclusão de Curso e de Iniciação Científica de Terapia Ocupacional e I Encontro de Preceptores do Curso de Terapia Ocupacional da UFSCar, 2017.
#SETOC
v.2, n.1 ISSN: 2359-3563 10
AS PRODUÇÕES SOBRE O CAMPO SOCIAL NA TERAPIA OCUPACIONAL
LATINO-AMERICANA: ANÁLISES SOB A LEITURA DA TERAPIA
OCUPACIONAL SOCIAL BRASILEIRA BIANCHI, PAMELA CRISTINA1; MALFITANO, ANA PAULA SERRATA2
Universidade Federal de São Carlos
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
No atual cenário dos países latino-americanos, o campo social se apresenta como
um reflexo da questão social vigente: grande aglutinador de pobrezas, desigualdades e
vulnerabilidades. Espaço que demanda proposições de políticas sociais e atuações
profissionais que fortaleçam a ação social e as redes de suporte da população afetada
pelos transcursos do fenômeno, como o terapeuta ocupacional (LOPES et al, 2008).
No Brasil, a ação do terapeuta ocupacional social prevê um recorte metodológico
específico para o qual se voltam ações para públicos que têm a vulnerabilidade social e
a ruptura das redes sociais de suporte como eixo central de sua demanda de atenção.
Para tanto, propõe-se o desenlace da mediação saúde-doença, a partir do
extravasamento do campo da saúde e confronto concreto com as realidades sociais
(BARROS; GHIRARDI; LOPES, 2002).
No âmbito latino-americano, a atuação da terapia ocupacional com a questão
social “têm ganhado visibilidade e destaque no cenário profissional, demonstrando uma
ascendência da área e um número maior de possibilidades de intervenção” (LOPES et
al., 2012, p.30). Abre-se o questionamento sobre como os demais países da América
Latina vêm desenvolvendo ações de interface entre a questão social e a terapia
ocupacional.
Para contribuir com essa discussão, a presente investigação debruçou-se sobre
as produções divulgadas na Revista Chilena de Terapia Ocupacional, visto que se trata
1 Doutoranda e Mestre em Terapia Ocupacional pelo Programa de Pós-graduação em Terapia Ocupacional, Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, São Carlos, SP, Brasil. E-mail: pamelacbianchi@gmail.com 2 Pós-doutora em Ciência Ocupacional pela Faculdade de Terapia Ocupacional da Western University Ontario, Canadá. Professora Adjunta do Departamento de Terapia Ocupacional e do Programa de Pós-graduação em Terapia Ocupacional, Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, São Carlos, SP, Brasil. E-mail: anamalfitano@ufscar.br
ANAIS da XIX Semana de Estudos em Terapia Ocupacional da UFSCar
II Simpósio de Trabalhos de Conclusão de Curso e de Iniciação Científica de Terapia Ocupacional e I Encontro de Preceptores do Curso de Terapia Ocupacional da UFSCar, 2017.
#SETOC
v.2, n.1 ISSN: 2359-3563 11
de um periódico de reconhecimento na América Latina e indexado em bases
reconhecidas para divulgação. Lançando mão dos pressupostos teórico-metodológicos
da terapia ocupacional social brasileira, investigou-se a produção divulgada no periódico
chileno, com vistas a identificar se são publicados textos sobre práticas e discussões no
campo social.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Realizou-se um levantamento bibliográfico acerca das produções atuais dos
terapeutas ocupacionais latino-americanos pela seleção e análise dos artigos que
remetiam ao campo social.
Os critérios de inclusão tiveram como base a pesquisa realizada por Reis (2008)
sobre a produção da terapia ocupacional social brasileira. São eles: textos elaborados
por terapeutas ocupacionais latino-americanos; reflexões sobre a responsabilidade
social, histórica e o papel ético-político dos terapeutas ocupacionais; trabalhos que
retratassem a constituição da área social na terapia ocupacional latino-americana e seus
pressupostos teórico-metodológicos; textos que discorressem sobre a ocupação, com
enfoque na justiça ocupacional e/ou sua contextualização social; e análises de
programas sociais destinados às populações em situação de risco ou vulnerabilidade
social e cuja caracterização se desse pelas suas características coletivas, excetuando-se
aquelas definidas em função de problemática de saúde.
Após a elaboração criteriosa dos elementos de seleção dos artigos, foi realizada
a leitura dos títulos, resumos e palavras-chave, com vista a selecionar o maior número
de trabalhos referentes à investigação. Realizou-se a leitura do trabalho completo,
objetivando identificar no corpo do texto as temáticas e verificando sua aplicabilidade
nos critérios acima apresentados. Por fim, procedeu-se à análise a luz dos referenciais
teórico-metodológicos da terapia ocupacional brasileira.
ANAIS da XIX Semana de Estudos em Terapia Ocupacional da UFSCar
II Simpósio de Trabalhos de Conclusão de Curso e de Iniciação Científica de Terapia Ocupacional e I Encontro de Preceptores do Curso de Terapia Ocupacional da UFSCar, 2017.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi sistematizado um universo de 182 artigos publicados desde o início do
periódico em 2001 até o ano de 2014. Destes, foram selecionados 19 artigos, ou seja,
aproximadamente 10% do universo total de textos do periódico. Os trabalhos escolhidos
foram publicados no período entre os anos 2003 e 2014, nos quais é possível observar
certa linearidade quanto às produções, com destaque para o ano de 2008, quando, com
oito artigos no total publicados, três abordavam o campo social, ou seja,
aproximadamente 40%.
O material selecionado foi classificado em dois subgrupos: “a emergência do
campo social: descobertas e entraves a partir de uma nova atuação”, 07 textos, e “os
caminhos da terapia ocupacional e seu enlace com o social”, com 12 textos.
A emergência do campo social: descobertas e entraves a partir de uma nova atuação
Os sete textos elencados nesta categoria representam relatos de práticas
profissionais no campo social. Ao se confrontar com as problemáticas sociais, a questão
da busca pela garantia de direitos e a utilização do conceito de ocupação se fazem
presentes como recursos de intervenção e/ou de uma mediação social. Dois textos
apresentam a promoção de direitos sociais como eixos da intervenção.
Contudo, cinco relatos referem-se à prática no campo social com base nos
pressupostos advindos do campo da saúde, a partir de uma abordagem no indivíduo e
calcada em modelos de atuação já existentes, como o Modelo de Ocupação Humana.
Compreende-se estas abordagens e manejos de atuação, ainda ligados ao campo da
saúde e ao sujeito individual, apresentam uma maior tradição da área de terapia
ocupacional em seu enraizamento clínico, podendo-se inferir como uma resposta que
estende sua atuação, sem recontextualizá-la em um novo campo de atuação, com
demandas de metodologias e referenciais próprios, como se caracteriza a área social.
A terapia ocupacional social brasileira, ao contrário do apresentado, tem
defendido o desenlace com o campo da saúde para que se possa desenvolver
intervenções voltadas para o social, no desafio de uma contribuição terapêutico-
ANAIS da XIX Semana de Estudos em Terapia Ocupacional da UFSCar
II Simpósio de Trabalhos de Conclusão de Curso e de Iniciação Científica de Terapia Ocupacional e I Encontro de Preceptores do Curso de Terapia Ocupacional da UFSCar, 2017.
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ocupacional para a discussão acerca dos processos de inserção social (BARROS;
GHIRARDI; LOPES, 2002).
É importante ressaltar que a perspectiva brasileira caminhou para mudanças a
partir de questionamentos provenientes da prática, assim, nos cabe a dúvida: os colegas
latino-americanos vêm produzindo saberes teóricos e críticas relacionadas ao contexto
social e à população em situação de vulnerabilidade social?
Os caminhos da terapia ocupacional e seu enlace com o social
Doze trabalhos selecionados pautam-se em reflexões críticas acerca da interface
entre a terapia ocupacional e a questão social.
Os ensaios teóricos de enfoque coletivo propõem a discussão a respeito do
caminho histórico, da quebra de valores e dos questionamentos frente à produção de
conhecimento, práticas e saberes, os quais nos revelam uma similaridade nos processos
vivenciados e certa congruência nas discussões e pensamentos formados pela área
brasileira.
Na terapia ocupacional social, as intervenções são dimensionadas pela
compreensão da demanda e seu enraizamento no interior das contradições sociais,
requerendo uma compreensão dos processos históricos e socioculturais do território a
ser adentrado (BARROS; GHIRARDI; LOPES, 2002).
Observamos que a produção latino-americana, em especial a chilena e a
argentina, tem desenvolvido reflexões importantes acerca dos aspectos históricos em
meio às sociedades que a terapia ocupacional foi construída, especificamente nos
últimos cinco anos, o que nos permite inferir um movimento de reflexão e transição na
profissão na América Latina, adentrando uma perspectiva coletiva e social para
fundamentar a atuação terapêutico-ocupacional.
CONCLUSÃO
A proposta da pesquisa bibliográfica teve como intuito buscar uma
aproximação com a produção latino-americana de terapia ocupacional e investigar
como têm caminhado as reflexões e proposições práticas no campo social. Observamos
ANAIS da XIX Semana de Estudos em Terapia Ocupacional da UFSCar
II Simpósio de Trabalhos de Conclusão de Curso e de Iniciação Científica de Terapia Ocupacional e I Encontro de Preceptores do Curso de Terapia Ocupacional da UFSCar, 2017.
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que as práticas profissionais ainda se mantêm entrelaçadas aos pressupostos da área da
saúde e da perspectiva individual de atenção. Contudo, as reflexões teóricas apontam
para críticas, questionamentos e proposições pautadas em um âmbito coletivo de ação
e comprometidas socialmente com a realidade de vulnerabilidades e desigualdades
sociais.
As profissões se modelam conforme as realidades sociais, vivências e atores
sociais que as compõem. Assim, nós, latino-americanos, temos que desenvolver
metodologias de ação e aportes teóricos que sejam singulares à nossa realidade e se
direcionem, efetivamente, a buscar respostas às demandas da sociedade.
Propomos, portanto, uma maior aproximação entre os países da região para
possíveis trocas e consequentes ganhos; para alianças em discussões, saberes e
pesquisas; e para a construção, em conjunto, de uma nova perspectiva profissional
comprometida socialmente com nosso contexto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, D. D.; GHIRARDI, M. I. G.; LOPES, R. E. Terapia ocupacional social. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 13, n. 2, p. 95-103, 2002. LOPES, R. E. et al. Juventude pobre, violência e cidadania. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 17, n. 3, p. 63-76, 2008. LOPES, R. E. et al. Terapia Ocupacional no campo social no Brasil e na América Latina: panorama, tensões e reflexões a partir de práticas profissionais. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, São Carlos, v. 20, n. 1, p. 21-32, 2012. REIS, T. A. M. A Terapia Ocupacional Social: análise da produção científica no estado de São Paulo. (Dissertação de mestrado) Faculdade de Medicina. Universidade de São Paulo. São Paulo, Brasil, 2008.
Palavras-chave: Terapia Ocupacional; Vulnerabilidade Social; Terapia Ocupacional Social; Produção científica.
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VARIAÇÃO E MUDANÇA LINGUÍSTICA NAS RUAS: A POPULAÇÃO EM
SITUAÇÃO DE RUA DO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS ENQUANTO
COMUNIDADE DE FALA1
SANTOS, FELIPE2; BASSO, RENATO MIGUEL3; SILVA, CARLA REGINA3 Departamento de Letras (UFSCar); Departamento de Terapia Ocupacional (UFSCar)
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
É um tanto surpreendente a enorme escassez de estudos, dentro de uma
disciplina como a Sociolinguística, que tenham como objeto o grupo social conhecido
como população em situação de rua. A presente pesquisa se configura justamente como
uma tentativa de preencher tal lacuna.
Nossa investigação encontrou como motivação inicial os projetos de extensão da
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) desenvolvidos desde 2012 pelo
Departamento de Terapia Ocupacional da universidade aliado ao Centro de Referência
Especializado para População em Situação de Rua de São Carlos (Centro POP), que tem
como objetivo a intervenção junto a esse grupo social na cidade.
Durante a realização das atividades de extensão, verificou-se a existência de uma
atividade linguística distinta. Tratava-se então de um vocabulário peculiar, que
geralmente é reconhecido socialmente como gíria, um conjunto de vocábulos e
expressões próprios de um grupo social específico (PRETI, 2010, p. 01) – neste caso,
caracterizado pelas pessoas em situação de rua no município de São Carlos-SP.
Para auxiliar no desenvolvimento de seus trabalhos bem como também registrar
a riqueza linguística dessa comunidade de fala (LABOV, 2008), a equipe dos projetos
anotou as gírias encontradas. Com esses dados linguísticos em mãos, foi construída uma
1 Este trabalho é resultado de pesquisa de Iniciação Científica, realizada entre os anos de 2015 e 2016 e financiada pelo CNPq. 2 Graduando em Linguística na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Email: felipe.snts88@gmail.com 3 Professor do Departamento de Letras da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Email:
rmbasso@gmail.com 4 Professora do Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Email: carla.metuia@gmail.com
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videoinstalação chamada Dicionário das Ruas. Os dados são constituídos por expressões
idiomáticas, neologismos e processos de ressignificação ou ressemantização de
palavras. Os exemplos extraídos do Dicionário das Ruas pareciam então nos demonstrar
que parte do léxico (referente às gírias) usado por esse grupo social estabelecia uma
ponte entre a sua condição social vulnerável e a sua atividade linguística enquanto
falantes do português brasileiro (PB). Expressões como “boca de rango” (“lugar onde se
dá comida”) ou “dormir de mocó” (“dormir na rua”), constantes do Dicionário, dizem
respeito às realidades vividas por essas pessoas, capturando seus modos de vida, suas
atividades cotidianas.
A partir disso, nosso interesse era investigar e compreender como o uso da língua
por essa comunidade de fala sofre influências ou está de alguma forma correlacionada
às experiências e condição de vida dos integrantes deste grupo social. Para isso, em
nossa pesquisa (para além do nível lexical), usamos as ferramentas da Sociolinguística
Variacionista para coletar e analisar os dados dos sujeitos dessa comunidade, fazendo
um levantamento de características gramaticais tipicamente ligadas ao que Ilari e Basso
(2006), e muitos outros, chamam de PB substandard. Dentro dessa perspectiva, os
fenômenos linguísticos investigados foram: a) ditongação das palavras (não-derivadas
ou flexionadas) terminadas em /s/ (i.e., mas → mais, mês → mêis); b) a realização do
pronome pessoal /você/ (i.e, você, vocês, ocê, ocês, cê, cês); c) as orações relativas (i.e.,
“No tempo em que eu vivia na cidade” → “No tempo que eu vivia na cidade”); e d) a
variação na concordância de número no sintagma nominal (i.e., “Faz dois ou três meses
que eu num vou lá” → “Faz dois ou três mês que eu num vou lá”).
Também era de nosso interesse delimitar se as gírias em questão eram o único
traço linguístico próprio dessa comunidade de fala ou se a sua identidade linguística se
estendia também para outros níveis linguísticos e outros fenômenos em variação.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Entrevistamos as pessoas em situação de rua em São Carlos usuárias da Casa de
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Passagem (antigo albergue municipal) que se mostravam abertas para nos conceder
entrevistas1. Foram entrevistadas quatro pessoas em situação de rua no município,
todos homens com idade acima de 45 anos. Como ferramenta de coleta dos dados,
optamos pela entrevista individual e gravação de atividades e dinâmicas em grupo com
captação de imagem ou áudio. As entrevistas individuais foram desenvolvidas a partir
de um roteiro que visava recolher informações de dados e experiências de vida dos
informantes. As gravações realizadas foram transcritas de maneira que reproduzisse
com o maior grau de fidelidade possível a fala dessas pessoas. Na análise dos dados
linguísticos coletados, foram contabilizadas tanto as gravações das entrevistas
individuais quanto as gravações de atividades coletivas. Todavia, no cruzamento com os
dados extralinguísticos, os dados linguísticos correspondentes às gravações de
atividades coletivas foram excluídos da contabilização, uma vez que não tivemos acesso
aos dados sociais dos informantes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Embora nossa amostra tenha um caráter deficitário, pois os entrevistados foram
somente homens acima dos 40 anos, em um grupo social tão heterogêneo, pode-se dizer
que a nossa hipótese inicial foi confirmada. A atividade linguística da comunidade de fala
estudada está centrada na oralidade e se enquadra dentro do Português substandard.
Os resultados mais interessantes dos fenômenos linguísticos investigados são
aqueles concernentes à ditongação e à variação na realização do pronome você. O
primeiro porque pode estar relacionado aquilo que Amaral (1920) chamou de dialeto
caipira, além de ser um fenômeno característico do desenvolvimento da língua pelo seu
uso oral (NOLL, 2008); o segundo por conta da grande predominância da forma mais
reduzida do pronome você (cê), além do aparecimento de formas também
características do dialeto caipira (ocê/ocês).
De maneira geral, a análise dos dados linguísticos revelou que:
a) o fenômeno de ditongação de palavras terminadas em /s/ se fez presente em
94,58% das ocorrências, das quais 50,19% não apresentavam mais o /s/ final;
1 Cabe ressaltar que o projeto de pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética de Pesquisa em Seres Humanos (CAAE: ) e contava com um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), assinado por todos os participantes procurados.
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b) a variante de /você/ mais frequente foi a forma reduzida /cê/, correspondente a
68% dos elementos linguísticos analisados;
c) das 408 orações relativas analisadas, 366 são do tipo de estratégias de
relativização tidas como relativas cortadoras, ou seja, 89,70%;
d) do total de sintagmas nominais (SNs) analisados, 421 apresentavam ausência de
concordância de número de forma completa – 77,68% das formas em análise;
e) o uso de gírias foi o fenômeno linguístico que se apresentou como o mais
próximo a uma identidade linguística característica dessa comunidade de fala.
CONCLUSÃO OU CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como entrevistamos poucos falantes, não podemos dizer que os traços
linguísticos encontrados são característicos dessa comunidade de fala como um todo.
Além disso, os fenômenos linguísticos estudados também podem ser verificados em
outras comunidades de fala que igualmente tenham a sua atividade linguística
estabelecida dentro do português vernáculo.
No sentido contrário, as gírias utilizadas pelos informantes demonstram uma
identidade linguística própria deste grupo social, com palavras e expressões vinculadas
ao seu cotidiano e suas práticas sociais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, A. O dialeto caipira. 1920. Em domínio público. Acesso em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do? select_action=&co_obra=7381
ILARI, R.; BASSO, R. M. O Português da Gente: a língua que estudamos, a língua que falamos.
2ª ed. São Paulo: Contexto, 2011. 272 p.
LABOV, W. Padrões sociolinguísticos. Tradução de Marcos Bagno, Maria Marta Pereira Scherre, Caroline Rodrigues Cardoso. São Paulo: Parábola Editorial, 2008 [1972]. NOLL, V. O Português Brasileiro. Tradução: Mário Eduardo Viaro. São Paulo: Globo, 2008.
PRETI, D. O léxico na linguagem popular: a gíria. São Paulo, 2010.
Palavras-chave: Perfil sociolinguístico, português brasileiro, sociolinguística, pessoas em situação de rua; identidade linguística.
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HISTÓRIA DE VIDA E SUAS INTERFACES NA PARTICIPAÇÃO EM AÇÕES
SOCIAIS: O PROJETO METUIA/UFSCAR NA VISÃO DE UM JOVEM MELO, TATIANA VASCONCELLOS1. MALFITANO, ANA PAULA SERRATA2.
Universidade Federal de São Carlos, UFSCar
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
De acordo com o Estatuto da Juventude (BRASIL, 2013), a juventude é
classificada no Brasil dos 15 aos 29 anos. Apesar da semelhança etária, deve-se atentar
para as diversas diferenças sociais existentes entre os jovens, sendo muitas vezes a faixa
etária o único aspecto em comum entre eles (PAIS, 1990). Além do mais, a estrutura
social que vivenciamos, notadamente na sociedade brasileira, demarca oportunidades
extremamente diferentes que criam ou não oportunidades para a vida, em todas as
gerações.
Em 1927, foi promulgado o Código de Menores, a primeira legislação a
especificar as crianças e os adolescentes como público de uma lei (BRASIL, 1927). Porém,
essa população só passou a ser notadas de forma mais integral, em termos jurídicos, a
partir de 1990, com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) (BRASIL,
1990).
A partir do momento que a sociedade assume publicamente as demandas da
juventude, abrem-se espaços para o desenvolvimento de ações públicas para com este
grupo, como os projetos sociais. Uma modalidade específica de projeto social, que
enfocamos neste trabalho, situa-se vinculada a projetos originados nas universidades,
com a finalidade de promover espaço de ensino, pesquisa e também retorno para a
comunidade, chamado de extensão universitária.
No contexto de juventude, enfocando a vulnerabilidade social e a pobreza, a
terapia ocupacional social, em suas atividades no projeto METUIA/UFSCar, tem atuado
por meio de projetos sociais. Visou-se compreender os impactos que esse projeto social
tem na visão de jovens participantes.
1 Graduanda em Terapia Ocupacional pela UFSCar. E-mail: tativasconcellosmelo@hotmail.com. 2 Professora do Departamento e do Programa de Pós-graduação em Terapia ocupacional da UFSCar. E-mail: anamalfitano@ufscar.br
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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este projeto baseia-se nos princípios da história oral como recurso para escuta
dos jovens colaboradores com o estudo e foi realizado a partir da inserção e experiências
do Projeto METUIA/UFSCar em um bairro periférico da cidade de São Carlos/SP.
Foram realizadas entrevistas com cinco jovens moradores do bairro e
participantes de projetos sociais. A escolha dos colaboradores ocorreu de forma
intencional, a partir do vínculo pré-estabelecido e concordância em colaborar com o
estudo, buscando a conversa com aqueles que tinham experiência prolongada de
participação em projetos sociais. Desses colaboradores, para o trabalho em tela, foi
selecionada apenas a entrevista de um jovem para a análise, sendo o critério de escolha
aquele que mais relatou atividades sobre o projeto METUIA/UFSCar.
Para auxiliar as entrevistas foi utilizado um roteiro de perguntas para nortear a
conversa abordando trajetória pessoal, participação em projetos e perspectivas de
futuro. Todas as entrevistas foram gravadas, transcritas e contaram com a autorização
dos participantes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O jovem escolhido foi o Lipe, atualmente tem 22 anos e realiza atividade de
trabalho formal em um supermercado da cidade. Mora com seus pais e seus quatro
irmãos, no bairro Jardim Gonzaga. Começou a participar do projeto METUIA aos 14 anos
e permaneceu nele até quando conseguiu, não participando mais devido a sua entrada
no mercado de trabalho.
Lipe se recorda de algumas atividades realizadas no projeto que o marcaram de
forma especial: visita a rádio no campus da UFSCar e realização de desenhos. As
atividades realizadas na UFSCar foram trazidas também por outros colaboradores como
exemplo de uma situação marcante para si. Parte daqueles jovens não conhece e nem
circula em sua cidade, na medida que são apartados socialmente de determinadas
localizações. Somado a isso, os serviços públicos e equipamentos em grande parte são
ausentes nos bairros que esses jovens se encontram, originando dessa forma um alto
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número de jovens excluídos de educação, saúde, trabalho, cultura e lazer (SPOSITO,
2007).
Ainda sobre as atividades, Lipe se refere especialmente aos desenhos, pois
gostava muito de realizá-los desde criança. Lipe disponibilizou um de seus primeiros
desenhos realizados no projeto METUIA (Figura 1):
Figura 1 - Desenho realizado no projeto METUIA
Lipe conta que o projeto incentivou sua participação em exposições de
quadros, em São Carlos e em Araraquara. Em uma das exposições em São Carlos, Lipe
conheceu uma professora de pintura e esta, notando o seu talento e dedicação, o
procurou e ofereceu uma bolsa de estudos para frequentar as aulas de desenho, o que
ele prontamente aceitou. Ele realizou o curso de desenho por 5 anos. Lipe nos mostrou
dois trabalhos realizados por ele no curso para uma exposição sobre a cidade de São
Carlos (Figura 2 e Figura 3).
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Figura 2 - Pintura realizada no curso
Figura 3 - Pintura realizada no curso
Considera-se fundamental tais encaminhamentos tendo como base o
acompanhamento individual e territorial, que são ferramentas na assistência à
população, cujo objetivo é ampliar as alternativas de prevenção de situações vulneráveis
e de violência, com a criação de espaços de participação, ampliação da rede social e de
suporte, buscando assim oportunidades de acesso para os jovens (LOPES, BORBA,
CAPPELLARO, 2011).
Sobre seus sonhos e projetos futuros, Lipe contou que sua vontade é ser
professor desenho particular, com um ateliê em sua casa. A partir desses relatos é
possível notar que os projetos sociais possibilitam a elaboração de “sonhos” pelos seus
participantes. De acordo com Lopes et al. (2008), no início do trabalho realizado pelo
METUIA/UFSCar no antigo centro comunitário do bairro, com a mesma população, em
2007, foi identificado que planos e sonhos não apareciam no discurso daqueles jovens
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e, quando questionados sobre o que gostariam de fazer, eles não sabiam responder,
parecendo que não eram autorizados a desejar novas possibilidades. Após estes anos
de trabalho, por meio da história de Lipe, observa-se a possibilidade de sonhar.
Quando indagado sobre o que teria sido diferente na sua vida se não tivesse
passado pelos projetos, Lipe diz acreditar que apenas uma coisa mudaria, a inserção no
mercado de trabalho mais cedo. Lipe teve a oportunidade de ampliar sua moratória
social de jovem em função da participação no projeto, pois sua mãe permitiu que ele
“demorasse” para entrar no mercado de trabalho, pois estava participando de alguma
ação que considerava significativa. Pode-se, então, inferir que um aspecto positivo que
ele vivenciou foi a ampliação de sua moratória social, com a possibilidade de vivenciar
novas experiências, conhecer outros recursos, antes de ingressar como funcionário de
um mercado da cidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Lipe nos conta que esta sua experiência contribuiu com sua história pessoal,
descobrindo interesses, conhecendo pessoas e novos “mundos”. Conclui-se que,
especificamente na história de Lipe, sua participação nas atividades realizadas pelo
Projeto METUIA/UFSCar possibilitaram a ampliação de sua moratória social, em termos
de um alargamento da vivência do ser jovem, antes da transição para o mercado de
trabalho. Porém, é necessário concluir igualmente que esta experiência não resultou na
mudança de sua realidade social, ocupando um lugar de subemprego na escala social.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, LEI Nº 12.852, DE 5 DE AGOSTO DE 2013. DOS DIREITOS E DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE
JUVENTUDE. 2013. Acesso: 21/03/2016. Disponível:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12852.htm.
BRASIL, Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº 8.069, 13 de julho 1990. Acesso:
17/04/2016. Disponível:
https://www.faneesp.edu.br/site/documentos/estatuto_crianca_adolescente.pdf.
BRASIL, DECRETO Nº 17.943-A DE 12 DE OUTUBRO DE 1927. Código de Menores. 1927. Acesso:
21/03/2016. Disponível: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1910-
1929/d17943a.htm.
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LOPES, R. E.; et al. Juventude Pobre, Violência e Cidadania. Saúde Soc. São Paulo, v17, n3, p63-
76, 2008.
LOPES, R. E.; BORBA, P. L. O.; CAPELLARO, M. Acompanhamento individual e articulação de
recursos em Terapia Ocupacional Social: compartilhando uma experiência. O mundo da saúde,
v35, n2, p233-238, 2011.
PAIS, J. M. A construção sociológica da juventude - alguns contributos. Análise Social, v25, n105-
106, p139-165, 1990.
SPOSITO, M. P. Espaços públicos e tempos juvenis. In: SPOSITO, M.P. Espaços públicos e tempos
juvenis: Um estudo de ações do poder público em cidades de regiões metropolitanas brasileiras.
São Paulo: Ed. Global, p6-41, 2007.
Palavras-chave: Terapia Ocupacional Social, Juventude, Projetos Sociais
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TERAPIA OCUPACIONAL E ATENÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE EM
ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA ROBERTO, RAFAELA DA SILVA1; SANTORO, BEATRIZ DA SILVA2; SILVA, LUIZ FELIPE DA3;
PANÚNCIO-PINTO, MARIA PAULA4. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo (FMRP-USP).
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
Considera-se que as ações de cultura e extensão respondem às exigências das
sociedades contemporâneas, sendo que as de extensão desempenham papel
fundamental devido ao significado público que carregam, envolvendo atividades
essenciais de atendimento público como a clínica, os cursos de especialização,
convênios, desenvolvimento e ensino, contribuindo para aprofundar e expandir a
relação da universidade com a sociedade (USP, 2010). O projeto “Atividades lúdicas e
de contação de histórias em instituição de acolhimento a crianças e adolescentes” como
ação de cultura e extensão universitária foi desenvolvido pela primeira vez na vigência
2015-2016 do Programa Aprender com Cultura e Extensão. Nesta edição, sua finalidade
principal é envolver acadêmicos do curso de Terapia Ocupacional em atividades voltadas
para o atendimento de crianças e adolescentes institucionalizadas, e desta forma
propiciar uma integração universidade-comunidade que responda de um lado, às
demandas de formação profissional na área de Terapia Ocupacional na Infância e
Adolescência, e, de outro, às necessidades das crianças e adolescentes alvos de políticas
de proteção especial, que por questões sociais e pessoais estão abrigadas em instituição
de acolhimento (PANÚNCIO-PINTO, 2015). Este trabalho pretende relatar a experiência
do referido projeto no período de agosto de 2015 a julho de 2016 com sujeitos do
serviço municipal de acolhimento institucional.
1 Graduanda do curso de Terapia Ocupacional da FMRP-USP; rafaela.roberto@usp.br. 2 Graduanda do curso de Terapia Ocupacional da FMRP-USP; beatriz.santoro@usp.br 3 Graduando do curso de Terapia Ocupacional da FMRP-USP; luiz4.silva@usp.br 4 Docente do curso de Terapia Ocupacional da FMRP-USP, Coordenadora do Projeto Atividades lúdicas e de contação de histórias em instituição de acolhimento à crianças e adolescentes; mapaula@fmrp.usp.br
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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Trata-se de relato de experiência do projeto “Atividades lúdicas e de contação
de histórias em instituição de acolhimento à crianças e adolescentes”. Para dar estrutura
ao relato foram abordados os relatórios das intervenções realizadas no período.
Participaram do projeto três bolsistas graduandos do curso de Terapia Ocupacional da
FMRP -USP, com atividades uma vez por semana na instituição, atendendo crianças e
adolescentes presentes no contexto daquele período. Sempre que necessário foram
divididos grupos, de acordo com a faixa etária. Ao longo dos dois semestres de projeto
estiveram presentes 32 sujeitos, com idade entre 3 e 17 anos, sendo 14 meninos e 18
meninas. Após o período de observação foram revistos os objetivos de intervenção,
tendo como base a proposta do projeto e a realidade identificada na instituição.
Semanalmente, eram levadas atividades que envolviam o brincar dirigido, atividades
lúdicas, além da oferta de atividades estruturadas (artesanais) com produto final,
estratégias que se mostrou muito importante para o reconhecimento de habilidades e
empoderamento dos sujeitos. De acordo com o número de crianças presentes, eram
criados subgrupos conforme a faixa-etária. No início de cada sessão, a equipe
apresentava a proposta de atividade para que as crianças pudessem compreender o que
iriam realizar naquela sessão. Em relação às atividades artesanais, sempre era
apresentada uma amostra de como ficaria o produto final. Em relação às atividades
lúdicas e de contação de histórias, a equipe pedia que as crianças se organizassem em
círculos, introduziam a história e passavam a envolver as crianças em sua contação,
desenvolvimento, finalizando com atividades lúdicas e de reflexão, a partir do contexto
da história.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao longo do período relatado foram realizados 34 encontros semanais no local
da intervenção com o objetivo de promover autoconhecimento e
desenvolvimento/descoberta de habilidades necessárias para o envolvimento em
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ocupações significativas para sua idade. Em termos específicos, as atividades foram
realizadas com objetivos distintos em relação ao acolhimento inicial e desenvolvimento
de vínculo, para em seguida trabalhar especificamente as ocupações visadas: brincar,
participação social e lazer. Nessas ocupações foram trabalhas tais habilidades:
integração dos participantes; regulação emocional; comunicação; expressão de
sentimentos e emoções; processuais, como atenção, concentração, realização de
escolhas, utilização das ferramentas e dos materiais segundo sua utilidade, e
sequenciamento. Buscou-se também favorecer o desenvolvimento de crença nas
próprias habilidades, estimulando diversas formas de fazer e participação em atividades
dirigidas; estimular a autonomia, oportunizando escolhas, tomada de decisão e
utilização de diferentes ferramentas e materiais através da oferta de atividades
estruturadas.
Desenvolvimento da intervenção: é importante considerar que os grupos
realizados têm caráter de “grupo aberto”, uma vez que há uma rotatividade de crianças,
pois de uma semana para outra podem chegar novas crianças para o acolhimento
institucional, ao mesmo tempo em que outras podem ser desacolhidas (o ingresso ou
saída de crianças da instituição dependem de medida judicial). Além disso, a maioria das
crianças frequentam a escola e instituições de contraturno escolar, por esse motivo,
grande parte dos encontros foram realizadas com crianças recém-acolhidas, que ainda
não tinham atividades escolares na rotina. A partir dos objetivos definidos de acordo
com a identificação das demandas gerais mais importantes, as sessões foram planejadas
semanalmente. O Quadro 1 apresenta algumas das atividades propostas no
desenvolvimento das sessões. Necessário esclarecer que a maior parte dos sujeitos
presentes nos momentos de nossa intervenção eram crianças. Algumas atividades são
mais próprias aos objetivos definidos com as crianças e outras, com os adolescentes.
Mesmo as atividades individuais, eram realizadas em contexto de grupo e envolviam
auxílio mútuo, compartilhamento de materiais e ferramentas.
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Atividade Descrição
Tear indígena
Conta-se história da atividade (índios guaranis utilizavam tear enquanto
mulheres estavam em trabalho de parto, pois criam que manter as mãos
ocupadas os colocava em contato com os deuses). Pediu-se aos
participantes que atribuíssem um sentimento a cada uma das cores
escolhidas para fazer o tear. Sentimentos apresentados eram
discutidos.
Massa de modelar
Massa caseira era confeccionada, cada participante executou uma
etapa da produção; em seguida cada um modelou figuras de sua escolha
com a ajuda da equipe. Ao final foi estimulado o brincar coletivo com
figuras e personagens produzidos.
Contação de
história
“Pinóquio” seguido
de atividades
lúdicas
História era contada com o recurso da “caixa de história” que contém
elementos da história, personagens. Crianças eram estimuladas a
participar da história e ao final pede-se que recontem a história
enquanto manuseiam materiais da caixa e personagens. Conversa-se
sobre habilidades, qualidades, defeitos dos personagens, e ao final era
proposta atividade expressiva ligada à história (pintura, desenho,
modelagem).
Confecção de
brinquedo de
sucata
Modelos prontos foram apresentados e participantes foram
estimulados a confeccionar um brinquedo de sua escolha. Ao final foram
propostas brincadeiras para utilização dos brinquedos (vai e vem,
peteca e chocalhos). Sugeriu-se ao grupo a doação dos chocalhos aos
bebês acolhidos naquele momento na instituição.
Quadro 1 – Exemplos de atividades desenvolvidas ao longo do projeto
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O projeto desenvolvido no serviço de acolhimento propõe ações às crianças e
adolescentes institucionalizados com o objetivo de possibilitar o contato com atividades
lúdicas e expressivas, como recurso facilitador do desenvolvimento de habilidades
sociais e processuais, oferecendo alternativas de enfrentamento do cotidiano gerado
pela institucionalização e criar condições para elaboração e ressignificação do cotidiano
transformado pelos eventos de vida adversos que antecederam a institucionalização.
Atende a uma importante demanda da comunidade, uma vez que apesar do fato de que
as crianças e adolescentes abrigados mantenham atividades regulares na escola e em
outros equipamentos da comunidade, muitos deles, por motivos diversos permanecem
na instituição em alguns períodos e necessitam de atenção especial quanto às questões
do seu desenvolvimento e da atribuição de sentido ao seu cotidiano. Em relação ao
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envolvimento de acadêmicos em atividades de extensão comunitária com crianças e
adolescentes, temos que sua participação em projetos dessa natureza contribui para o
desenvolvimento de habilidades específicas como raciocínio clínico e manejo de grupos,
comunicação com a população alvo da intervenção, interação com equipe e cuidadores;
solução de problemas e desenvolvimento de prática reflexiva e humanizada. Além disso,
resultados apontam para o conhecimento da realidade da comunidade na qual as ações
são desenvolvidas, o contato precoce com a prática profissional (avaliado de forma
positiva pelos estudantes), o desenvolvimento de autonomia e de relação mais próxima
com o orientador-supervisor, que favorece a aprendizagem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PANUNCIO-PINTO, MP Atividades lúdicas e de contação de histórias em instituição de acolhimento à crianças e adolescentes Projeto de Extensão homologado pela PRCEU-USP.Ribeirão Preto: FMRP, 2015. USP. Universidade de São Paulo. Pró Reitoria de Cultura e Extensão. USP, 2010.Disponível em http://www.usp.br/prc
Palavras-chave: extensão universitária; terapia ocupacional; crianças e adolescentes institucionalizados.
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O GRUPO DE PESQUISA “INTERVENÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL NA
ATENÇÃO INTEGRAL À CRIANÇA” E A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO FOLHA, DÉBORA RIBEIRO DA SILVA CAMPOS1; NUNES, ANA CÉLIA2; MARINI, BRUNA
PEREIRA RICCI3; NUCCI, LARISSA VENDRAMINI4; RAMOS, MAYSA MARINHO ANTUNES5;
DELLA BARBA, PATRÍCIA CARLA DE SOUZA6
Universidade Federal de São Carlos
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
O Desenvolvimento Infantil (DI) tem sido alvo do investimento em pesquisas e
práticas voltadas ao cuidado na primeira infância. É nesse bojo que se insere o Grupo de
Pesquisa “Intervenção da Terapia Ocupacional na atenção integral à criança”, ligado ao
Laboratório de Atividade e Desenvolvimento do Departamento de Terapia Ocupacional
da Universidade Federal de São Carlos (LAD/DTO/UFSCar).
As ações deste grupo têm buscado contemplar as políticas públicas relacionadas
à infância, com a premissa do oferecimento de atenção integral à criança, por meio de
ações de vigilância e de análise de contextos promotores do desenvolvimento, assim
como a estruturação de intervenções voltadas ao desenvolvimento infantil enquanto
um desenvolvimento ocupacional, que se dá em um contexto e que é mediado pela
família (PLUCIENNIK, 2015).
Considera-se que a atenção integral ao DI, pela Terapia Ocupacional, tem
apresentado uma lacuna, no contexto brasileiro, no que se refere à participação deste
profissional em programas de monitoramento e detecção de atrasos de DI, de forma
que atenda aos objetivos que vêm sendo propostos nas políticas mais recentes de
1 Terapeuta Ocupacional; Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos; Professora do Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade do Estado do Pará, Belém, Brasil. 2 Terapeuta Ocupacional; Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos. 3 Terapeuta Ocupacional; Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos. Bolsista CAPES. 4 Terapeuta Ocupacional, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos. Bolsista CAPES. 5 Pedagoga, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, Brasil. Bolsista CAPES. 6 Terapeuta Ocupacional, Professora do Departamento de Terapia Ocupacional e do Programa de Pós-Graduação em Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos, orientadora. São Carlos, Brasil.
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atenção integral à criança, com ações intersetoriais e que respondam às necessidades
das famílias.
Em relação às políticas direcionadas à infância, ressalta-se que apesar de haver
um consenso acerca da importância do acompanhamento do DI, a forma de concretizá-
lo ainda é controversa. Dentre os fatores responsáveis pela falta de efetividade no
monitoramento do DI, tem-se a imprecisão da definição de termos como “criança de
risco”, “atraso de desenvolvimento”, “intervenção precoce” e as repercussões para a
intervenção (SILVA; ALBUQUERQUE, 2011; MARINI, DELLA BARBA, 2015); a
desconsideração do potencial da família como partícipe do cuidado integral às crianças
e na identificação das que necessitam de apoios e serviços; a necessidade de articulação
intersetorial; a carência de instrumentos claros e eficazes de vigilância do
desenvolvimento; e a demanda por capacitação de recursos humanos para um trabalho
em rede (GURALNICK, 2005; DELLA BARBA, 2007, 2015; FIGUEIRAS, 2015).
Os programas de Intervenção Precoce Infantil (IPI) têm adotado a filosofia da
perfilhação de ações nos contextos naturais, com abordagem transdisciplinar e centrada
na família, objetivando a promoção de competência e confiança nos atores significativos
para a criança, segundo a lógica da prestação de apoio. Porém, no Brasil, as ações de IPI
ainda parecem se dar em função da reabilitação e do foco na patologia, apontando para
a necessidade redimensionamento para uma abordagem centrada na família (BRASIL,
1995; BOLSANELLO, 2003).
Neste contexto, identifica-se a necessidade de delinear a especificidade da
Terapia Ocupacional no âmbito da atenção ao DI. Mesmo tendo claro que o terapeuta
ocupacional é um profissional competente para compor equipes de IP, não são claras as
ações específicas desse profissional e muitas vezes essas são citadas como comuns a
outros profissionais da equipe. Nessa perspectiva, este trabalho objetiva descrever os
estudos que têm sido desenvolvidos pelo Grupo de Pesquisa “Intervenção da Terapia
Ocupacional na atenção integral à criança” e analisar as contribuições para a produção
de conhecimento em Terapia Ocupacional.
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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Trata-se da descrição e análise dos estudos de pós-graduação desenvolvidos pelo
Grupo de Pesquisa “Intervenção da Terapia Ocupacional na atenção integral à criança”,
vinculado ao Laboratório de Atividades e Desenvolvimento (LAD), do Departamento de
Terapia Ocupacional da UFSCar.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos até o momento refletem-se nas temáticas pesquisadas em
relação à atenção integral ao DI em diálogo com a Terapia Ocupacional. Atualmente,
estão sendo desenvolvidas 2 pesquisas de doutorado e 3 pesquisas de mestrado,
explicitados a seguir.
O estudo de Mestrado intitulado “Capacitação Profissional para Monitoramento
e Acompanhamento do Desenvolvimento Infantil sob Perspectiva do Modelo de
Construção de Capacidades Centrado na Família” tem por finalidade construir
conhecimento acerca da articulação dos serviços e ações de vigilância do
desenvolvimento infantil através de um programa de formação de equipes para o
monitoramento e acompanhamento do DI envolvendo os setores de saúde, educação e
assistência social com perspectiva centrada na família, identificando intervenções, as
bases das ações e estrutura dos serviços, caracterizando como se dá a participação e
atuação da família no processo de acompanhamento e desenvolvimento infantil.
O estudo de Mestrado intitulado “O uso do Ages and Stages Questionnaire Brasil
no contexto da educação infantil” tem como objetivo principal avaliar o desempenho no
ASQ-BR de crianças de 4 a 60 meses de idade que frequentam os Centros Municipais de
Educação Infantil de São Carlos, bem como verificar as possibilidades de adesão ao
instrumento por profissionais da educação, visto que creches e pré-escolas constituem
espaços de desenvolvimento humano com potencialidades únicas que demandam por
instrumentos de triagem que, no país são escassos, porém essenciais para engrenar o
processo de IPI centrada na família.
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O Estudo de mestrado “Retrato das práticas de Intervenção Precoce no estado
de São Paulo” tem por objetivo identificar as práticas desenvolvidas pelos serviços de
Intervenção Precoce destinados a crianças de zero a cinco anos, no estado de São Paulo.
Para tanto, parte da perspectiva da Intervenção Precoce enquanto um sistema de
serviços destinado a prover o desenvolvimento infantil por meio de ações voltadas à
criança e à família, desenvolvidas em uma base comunitária.
O estudo de Doutorado “Educação como ocupação: análise das repercussões
ocupacionais da inclusão de crianças com deficiência na educação infantil em Belém
(PA)” tem por objetivo identificar e analisar repercussões ocupacionais do envolvimento
de crianças com deficiência na Educação Infantil. A partir da compreensão do
desenvolvimento infantil enquanto um desenvolvimento ocupacional, ou seja, que
provoca e deriva do envolvimento em ocupações, pretende-se compreender como a
ocupação da educação reverbera no desenvolvimento ocupacional de crianças com
deficiência inseridas em práticas educacionais inclusivas desde a faixa etária condizente
com a educação infantil.
O estudo de Doutorado “Necessidades da família e Qualidade de Vida familiar de
crianças e adolescentes brasileiros com necessidades especiais” objetiva conhecer as
necessidades de apoio e a qualidade de vida das famílias de crianças/adolescentes com
necessidades especiais a partir do instrumento Family Needs Assessment, que será
adaptado transculturalmente e validado para uso com a população brasileira nesse
mesmo estudo. O estudo pretende, além de identificar as necessidades de apoio das
famílias das diferentes regiões do Brasil, disponibilizar às famílias e profissionais um
instrumento internacional, culturalmente adequado e com capacidade de levantar com
precisão as necessidades de famílias que têm uma criança ou adolescente com
necessidades especiais (deficiências, transtornos globais do desenvolvimento, altas
habilidades/superdotação, etc…).
Os estudos supramencionados encontram-se em diferentes fases de execução e
tem gerado produtos em forma de apresentações em eventos científicos, publicação de
resumos em anais e elaboração de artigos científicos que estão sendo submetidos para
publicação em periódicos científicos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos estudos mencionados, considera-se que o Grupo de Pesquisa
“Intervenção da Terapia Ocupacional na atenção integral à criança” vem contribuindo
para a produção de conhecimentos no âmbito da atenção integral ao DI e no
fornecimento de subsídios para que terapeutas ocupacionais possam fundamentar suas
práticas profissionais. Tais subsídios referem-se à compreensão do desenvolvimento
infantil enquanto um desenvolvimento ocupacional e atrelado aos contextos reais de
produção das vidas cotidianas, nos quais as famílias exercem papel central na oferta de
cuidados às crianças.
Sendo assim, a produção de conhecimento deste Grupo tem evidenciado
que as perspectivas do desenvolvimento ocupacional e do cuidado centrado na família
mostram-se como pontos de partida para a promoção da atenção integral ao DI pela
Terapia Ocupacional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Diretrizes Educacionais sobre estimulação precoce: o portador de necessidades educativas especiais. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Especial, 1995. BOLSANELLO, M. A. Interação mãe-filho portador de deficiência: concepções e modo de atuação dos profissionais em estimulação precoce. Tese (Doutorado) - Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo. São Paulo, 1998, p.146. DELLA BARBA, P.C.S. Rede de atenção à criança e adolescente com deficiência no município de São Carlos: acesso aos serviços e capacitação de profissionais. Projeto Proext/SIGPROJ, MEC, 2015. FIGUEIRAS, A. Vigilância do desenvolvimento da criança. In: Estratégias para alcançar um desenvolvimento integral na Primeira Infância. Boletim do Instituto de Saúde, vol. 16, n 1, julho 2015, p. 77-83. GURALNICK, M. J. An overview of the developmental systems model for early intervention. In M. J. Guralnick (Ed.). The developmental systems approach to early intervention. Maryland: Paul H. Brookes, 2005 (p. 3-28). MARINI, B. R., DELLA BARBA, P.C.S. Revisão sistemática integrativa da literatura acerca dos modelos e práticas de Intervenção Precoce no Brasil. Relatório de pesquisa (no prelo). 2016. PLUCIENNIK, G. A. Programa Primeiríssima Infância: a experiência da atuação integrada entre as pastas de Saúde, Educação e Desenvolvimento Social. In: Estratégias para alcançar um desenvolvimento integral na Primeira Infância. Boletim do Instituto de Saúde, vol. 16, n 1, julho 2015, p. 14-22. SILVA, E. M.; ALBUQUERQUE, C.P. Atraso do desenvolvimento: a imprecisão de um termo. Psicologia, Saúde e Doenças, 2011, vol. 12, n 1, p.19-39, Lisboa, Portugal.
Palavras-chave: Saúde da criança; Desenvolvimento infantil; Intervenção Precoce.
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O USO DE PRÁTICAS POPULARES DE SAÚDE EM UM DISTRITO DA ZONA
RURAL DE SÃO CARLOS – SP SANCHES ROCHA, LAURA1; AQUILANTE, ALINE GUERRA2.
Universidade Federal de São Carlos
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
As práticas populares de saúde (PPS) são um saber construído ao longo dos anos,
passado de geração em geração e também uma importante forma de manifestação
cultural (CARREIRA; ALVIM, 2002). Suas técnicas e conhecimentos vão se acumulando
com o passar do tempo e de acordo com as condições que um lugar específico oferece
a elas, como alguns tipos de plantas medicinais disponíveis no ambiente ou a religião
predominante no local. Tudo isso vai se fundindo para criar o saber popular que busca
a cura, tratamento e alívio de males e doenças.
As PPS também preenchem lacunas na vida de muitos usuários porque a
realidade vivida pelas camadas populares nem sempre condiz com os cuidados
oferecidos pelo serviço de saúde. Gomes e Merhy (2010) lembram que a própria
população tem estruturado estratégias autônomas de produção de vida e é importante
para os profissionais de saúde evitarem realizar julgamentos morais.
Vasconcelos (1989) aponta a necessidade de diálogo entre pacientes usuários de
PPS e profissionais de saúde. Ele lembra que a medicina popular e suas práticas não
podem ser consideradas melhores que a medicina oficial ou totalmente benéficas aos
seus usuários, pois é preciso um nível de criticidade ao analisá-las, sendo que em muitos
casos a ciência biomédica já desmistificou e pôde alertar para o uso prejudicial de
algumas técnicas ou substâncias comumente usadas.
Para haver diálogo possível entre os profissionais de saúde e os usuários de
diversas PPS é necessário romper a barreira do desconhecimento e do preconceito. Para
colaborar nessa discussão, nosso estudo teve como objetivo verificar que PPS utiliza a
população que reside na área urbana do distrito de Água Vermelha, pertencente ao
município de São Carlos-SP.
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METODOLOGIA
A pesquisa realizou uma abordagem de natureza quantitativa e se caracterizou
como um estudo epidemiológico observacional exploratório. Foi obtida aprovação do
projeto pelo Comitê de Ética da UFSCar.
Foi aplicado um questionário com os residentes de Água Vermelha baseado no
instrumento de pesquisa criado pelo grupo MAPEPS (Mapeamento de Práticas de
Educação Popular e Saúde) da Universidade Federal de São Carlos (OLIVEIRA et al.,
2011). Modificações foram realizadas para que o instrumento estivesse adequado à
proposta da pesquisa.
Para realizar o cálculo da amostra mínima necessária, tivemos a colaboração do
Prof. Benedito Benze, do Departamento de Estatística – UFSCar. Foi realizado o esquema
de amostragem estratificada segundo: o sexo (masculino e feminino) e a faixa etária,
classificada em: jovens (18 a 35 anos) meia idade (36 a 60 anos) e idosos (61 anos ou
mais). Portanto, considerando 6 estratos formados pelas combinações desses dois
fatores.
Foram realizados percursos aleatórios dentro do distrito de Água Vermelha em
horários e dias alternados, sendo que as coletas foram realizadas nas imediações da USF
(Unidade Saúde da Família), na praça pública principal, no comércio local, em templos
religiosos e nas casas de vários entrevistados. O questionário foi desenvolvido para que
pudesse ser autoaplicável, entretanto na grande maioria das vezes, os pesquisadores
estavam presentes durante a coleta dos dados, disponíveis para quaisquer
esclarecimentos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O gráfico abaixo (Figura 1) mostra um comparativo geral entre as diversas
práticas populares de saúde analisadas.
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Figura 1- Gráfico de colunas do Comparativo geral sobre a prática de práticas populares de saúde.
População urbana do Distrito de Água Vermelha, município de São Carlos – SP, 2015.
Abreviações: benz: benzimento; C.E.: Centro Espírita; Terreiros: Terreiros de Umbanda/Candomblé; Igreja cat.: Igreja Católica; Cat. Popular: Catolicismo Popular; Igreja Pent: Igreja Pentecostal; Igreja Neo: Igreja Neopentecostal.
Rodrigues Neto et al. Realizam na cidade de Montes Claros – MG um estudo
semelhante e cabível de comparação aos dados encontrados em Água Vermelha. Lá há
uma prevalência de 70% no uso das práticas populares de saúde na população
investigada. A distribuição ocorre da seguinte maneira:
“oração a Deus com intenção terapêutica foi relatada por 1608 (52%) dos entrevistados, remédios populares (30,9%), exercícios físicos (25,5%), benzedeiras (15%), dietas populares (7,1%), massagem (4,9%), relaxamento/meditação (2,8%), homeopatia (2,5%), grupos de autoajuda (1,9%), quiropraxia (1,7%), acupuntura (1,5%) e medicina ortomolecular (0,2%).” (RODRIGUES NETO et al, 2009, p. 297)
As informações que Rodrigues Neto et al. apresentam em sua pesquisa se
aproximam aos dados obtidos em Água Vermelha. As baixas porcentagens no uso de
Homeopatia e Acupuntura são um ponto em comum e podemos supor que essas PPS
ainda estão restritas a um menor número de pessoas porque exigem profissionais
especializados. Quando analisamos os altos índices de oração a Deus (independente da
religião) com intenção terapêutica, o uso dos remédios populares, incluindo as ervas
medicinais, e as benzedeiras podemos também concluir que são PPS baratas e mais
0,000,100,200,300,400,500,600,700,800,901,00
PC
REN
TAG
ENS
TIPOS DE PRÁTICAS POPULARES DE SAÚDE ANALISADAS
% sim % não
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acessíveis para as duas populações estudadas, não exigindo o acompanhamento de um
profissional especializado.
Mandu (2000, p. 17) defende essa ideia quando escreve que:
Uma das razões que justifica o uso que fazem dos remédios caseiros é o acesso mais fácil a eles, uma vez que para obtê-los, cultivam-nos ou recorrem a vizinhos, benzedores e raizeiros que, na maioria das vezes, não cobram por eles. A sua utilização depende de conhecimentos de pessoas experientes da família, da procura de “peritos” da própria comunidade (ou de outras) e também do uso de informações obtidas através dos meios de comunicação, que compõem um estoque de conhecimentos nesse campo.
Entretanto esse raciocínio não se aplica aos casos de práticas relacionadas aos
Terreiros de Umbanda e Candomblé. Elas não exigem profissionais especializados e
normalmente são gratuitas, mas poucas pessoas em Água Vermelha afirmaram ser
adeptas dessas práticas. O número apresentado nessa pesquisa dialoga com o
recenseamento de 2000, onde apenas 0,3% da população se declarava pertencente a
uma dessas religiões afro-brasileiras (PRANDI, 2004, p. 224).
O baixo número de pessoas que se declaram adeptas muitas vezes se deve a
condições históricas envolvendo a recriminação dessas manifestações religiosas durante
séculos no Brasil, pois por muito tempo a religião Católica foi a oficial no país e era fonte
de legitimidade social. (PRANDI, 2004, p. 224). Os altos índices de pessoas que
frequentam a Igreja Católica e realizam práticas de catolicismo popular fortalecem o
argumento encontrado na literatura.
CONCLUSÃO
A partir dos dados apresentados, concluímos que a população de Água Vermelha
está familiarizada com PPS. Também podemos afirmar que o público alvo entrevistado
nessa investigação tem contato com várias práticas e, independentemente da faixa
etária, realiza o uso frequente de algumas delas.
Cada PPS tem suas especificidades e modos singulares de penetrar o cotidiano e
se tornar parte dos hábitos de seus usuários. Para aprofundar a análise no uso das
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diversas práticas populares de saúde é importante também conhecer o histórico de cada
prática e sua inserção social e política nas comunidades.
Vasconcelos (2004) afirma que ainda há pouco investimento em políticas que
tenham como objetivo a participação da comunidade através da Educação Popular,
buscando a difusão dos saberes populares no cotidiano dos serviços de saúde. A partir
dessa pesquisa pudemos compreender melhor quais são as práticas que a população de
Água Vermelha recorre para tratamento, alívio ou cura de doenças. Esse levantamento
constitui-se como uma ferramenta que potencializa a construção do diálogo entre as
PPS e os serviços de saúde, no sentido de qualificar o cuidado em saúde das pessoas.
REFERÊNCIAS
CARREIRA, L; ALVIM, N.A.T. O cuidar ribeirinho: as práticas populares de saúde em famílias da ilha Mutum, Estado do Paraná. Acta sci., v. 24, n. 3, p.791-801, 2002. GOMES, L.B.; MERHY, E.E. Compreendendo a educação popular em saúde: um estudo na literatura brasileira. Cad Saúde Pública, v. 27, n. 1, JAN/2001. MANDÚ, E.N.T.; SILVA, G.B.da. Recursos e estratégias em saúde: saberes e práticas de mulheres dos segmentos populares. Rev.latino-am.enfermagem, Ribeirão Preto, v. 8, n. 4, p. 15-21, agosto 2000. OLIVEIRA, Maria Waldenez et al. Catálogo de práticas populares de saúde de São Carlos - SP - Volume 3. São Carlos: UFSCar; 2011. PRANDI, R. O Brasil com axé: candomblé e umbanda no mercado religioso. Estud. av.[online]. v.18, n.52, p. 223-238. 2004. RODRIGUES NETO, J.F; FARIA, A.A de; FIGUEIREDO, M.F.S. Medicina complementar e alternativa: utilização pela comunidade de Montes Claros, Minas Gerais. Rev. Assoc. Med. Bras.[online].vol.55, n.3, pp. 296-301. 2009. VASCONCELOS, E.M. Educação Popular nos Serviços de Saúde. 1ª edição. São Paulo: Editora Hucitec; 1989. 391 p.
Palavras-chave: Prática de saúde integrativas e complementares; Atenção Primária à Saúde;
Estudo Observacional.
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SISTEMATIZAÇÃO E APLICABILIDADE DO USO DA TÉCNICA TRILHAS
ASSOCIATIVAS EM TERAPIA OCUPACIONAL
MARCOLINO, TAÍS QUEVEDO ¹; DITURI, DÉBORA RICCI ² Universidade Federal de São Carlos
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
Trilhas associativas é uma técnica de análise de atividades própria do Método
Terapia Ocupacional Dinâmica (MTOD) cujo objetivo é favorecer a construção de
sentidos sobre o tratamento em terapia ocupacional e sobre o cotidiano do sujeito alvo
das intervenções.
A técnica teve sua primeira sistematização na dissertação de mestrado de Jô
Benetton, chegando ao grande público no livro “Trilhas Associativas: ampliando
recursos na clínica da psicose” (BENETTON, 1991). Desde essa época, terapeutas
ocupacionais, em especial aquelas(es) formadas(os) pelo CETO, vêm utilizando-na em
seus atendimentos.
Visando compreender a aplicabilidade da técnica na prática clínica, buscou-se
sistematizar as publicações que descrevem sua utilização.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A coleta de dados deu-se por consulta (a) à obra de Jô Benetton, criadora do
MTOD (artigos, seminários publicados, livros, capítulos de livros e tese), (b) às revistas
especializadas de Terapia Ocupacional no Brasil, e (c) às terapeutas ocupacionais
formadas pelo CETO (instituição formadora do MTOD) sobre suas publicações que
descrevessem a técnica. As informações quanto ao tipo de publicação, características
dos sujeitos alvo, serviços e atendimentos foram sistematizadas em tabelas. As
informações sobre o processo de trilhas associativas (momento do processo terapêutico
em que foi utilizada; motivo explicitado para sua utilização; sentidos explicitados nas
falas do sujeito alvo) foram organizadas em quadros, e analisadas tematicamente.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
O presente estudo encontrou 12 trabalhos publicados que continham Trilhas
Associativas (sujeitos alvo com idade média de 32 anos, sendo 16 anos o mais novo e 67
anos o mais velho; 5 mulheres e 7 homens, com quadros médico clínicos diversificados,
predomínio de problemáticas relacionadas à saúde mental e diferentes problemáticas
situacionais), dos quais dez foram publicados na Revista CETO e os outros dois foram
encontrados na obra de Jô Benetton (Tese de Doutorado e livro).
Dos relatos estudados seis experiências aconteceram em instituições públicas,
indicando grande possibilidades do uso da técnica em serviços guiados pelas políticas
públicas. Por outro lado, quatro foram casos acompanhados em consultórios,
reforçando a terapia ocupacional como uma profissão autônoma e liberal.
Foram identificadas quatro categorias que desvelaram os sentidos construídos
pelos sujeitos alvo no processo de trilhas: 1) Construção de sentidos sobre si na vida a
partir de sua história; 2) Atividades e relações no cotidiano: preenchendo a gramática
comum com a criatividade pessoal; 3) Projetando o futuro; 4) Reconhecimento do
espaço de cuidado.
O tema “construção de sentidos sobre si na vida a partir de sua história”,
constituiu-se a partir da tomada de consciência sobre aspectos da vida e novas
construções de sentidos. Ao reconstituir narrativamente uma história de adoecimento,
os sujeitos buscaram expressar e dar significado à aflição e à própria identidade,
explicitando o sentido que tem para si a sua própria situação, continuidade e caráter,
resultado de suas várias vivências sociais, as quais passam a ser objeto de reflexão
(GOFFMAN, 1978 apud DUARTE; LEAL, 1998).
Esta temática dividiu-se em quatro subtemas: (1a) conexão presente e passado,
(1b) consciência sobre si, (1c) sentidos construídos sobre as pessoas com as quais convive
e (1d) construção de sentidos sobre seu problema/conflito/doença, dos quais é possível
notar que os sujeitos alvo buscam sentidos sobre as pessoas com as quais convivem,
revelando sentimentos bons ou ruins, características das pessoas e o lugar destas em
suas histórias, além das mudanças que vão acontecendo no modo de compreender as
pessoas em suas vidas.
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O segundo tema “atividades e relações no cotidiano: preenchendo a gramática
comum com a criatividade pessoal”, é constituído pela percepção e construção de
sentidos dos sujeitos alvo sobre a organização do cotidiano após ou durante o processo
de Terapia Ocupacional. Esta temática dividiu-se em dois subtemas: (2a) a conversa
sobre o cotidiano, que abarcou o sujeito na vida comum e em seus relacionamentos com
as pessoas e (2b) as atividades que vem desenvolvendo.
O terceiro tema, “projetando o futuro”, revela não só as expectativas dos sujeitos
para o futuro, mas também coisas que gostariam de modificar. Kujawski (1991) discute
o quanto o cotidiano é a estrutura para a realização dos projetos pessoais, é por ele que
nos tornamos familiarizados ao que está em nossa volta, conseguimos reconhecer as
pessoas e as coisas que encontramos rotineiramente em nossa vida, é o cotidiano que
nos oferece estrutura e segurança, alguma estabilidade e direção para projetarmos o
futuro.
O quarto e último tema, “reconhecimento do espaço de cuidado”, demonstra a
compreensão que os sujeitos alvo têm da importância do espaço de cuidado, o qual
desencadeou diversos sentimentos e emoções. O espaço de cuidado favorece a
construção de uma história dentro do processo de Terapia Ocupacional. A partir do uso
da técnica trilhas associativas, o sujeito alvo, constrói junto com a(x) terapeuta
ocupacional uma narrativa histórica de todo este processo (BENETTON, MARCOLINO,
2013).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os sujeitos que se submeteram à técnica tinham problemáticas sintomatológicas
e situacionais diversas, sendo adolescentes, adultos e idosos, com a maioria atendida
em serviços públicos. Os atendimentos aconteceram, em sua maioria, individualmente.
O tempo de atendimento para a aplicação da técnica Trilhas Associativas variou de 3
meses a 3 anos.
Durante os atendimentos de terapia ocupacional, onde se fez uso da técnica
Trilhas Associativas, foi possível perceber a criação de novas histórias junto com o
sujeito-alvo de intervenção, e consequentemente, para a(x) terapeuta. A técnica
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favoreceu a criação de um ambiente de trocas na relação triádica onde o sujeito possa
se enriquecer e enriquecer sua vida cotidiana e a construção de sentidos.
Avalia-se que esses resultados ainda são um número muito restrito em termos
de divulgação de ideias, dado que a Revista CETO é um periódico clínico, não indexado
em base de dados e que começou a ter versão disponível online somente em 2010.
Esse projeto insere-se em uma perspectiva de identificação de evidências sobre
o que pode e deve ser considerado para a tomada de decisões no cuidado em terapia
ocupacional. Esperamos que nossos resultados possam contribuir para melhor
compreensão do uso da técnica como evidência de que caracteriza-se como uma técnica
que favorece a avaliação do processo terapêutico e da construção de sentidos pelo
sujeito alvo, com ajuda da(x) terapeuta ocupacional, para pessoas em diferentes faixas
etárias e problemáticas situacionais. Além disso, espera-se ampliar a compreensão da
abrangência e a aplicabilidade da técnica Trilhas Associativas no contexto de assistência
em Terapia Ocupacional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BENETTON J. Trilhas associativas: Ampliando recursos na clínica da psicose. São Paulo: Lemos; 1991. BENETTON, M. J. ; MARCOLINO T. Q. As atividades no Método Terapia Ocupacional Dinâmica, Cad. Ter. Ocup. UFSCar, São Carlos, v. 21, nº 3, pp. 645-652, 2013. DUARTE, L. F. D; LEAL, O. F. Doença, sofrimento perturbação: perspectivas etnográficas. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1998, 210p. Disponível em < http://books.scielo.org > KUJAWSKI, G. M. A crise do cotidiano. In: ___ A crise do século XX. 2 edição. São Paulo: Ática, 1991.
Palavras-chave: Terapia Ocupacional/Método; Prática Clínica Baseada em Evidência;
Saúde Mental.
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REPENSAR DO COTIDIANO NO CONTEXTO DA HOSPITALIZAÇÃO
INFANTOJUVENIL COMO AÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL: RELATO DE
EXPERIÊNCIA LINO, THAÍS BRETERNITZ1; KUDO, AIDE MITIE2.
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (ICr HCMUSP)
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
O processo de hospitalização e adoecimento representa um grande impacto na
vida de um indivíduo, ocasionando desestruturações de seus papeis sociais e erosão em
seu cotidiano (CAZEIRO; PERES, 2010). A presença da dor, sofrimento e morte se fazem
intensos neste ambiente, colocando o sujeito frente sua fragilidade de vida e tornando
um hospital um ambiente instável para todos que estão ali (ANGELI; LUVIZARO;
GALHEIGO, 2012).
Pacientes com doenças crônicas precisam de acompanhamento médico
constantemente, convivem diariamente com as restrições relativas ao seu quadro
clínico, com o risco eminente de morte e se deparam com o fato que podem ser
tratados, mas não curados devido à natureza de sua patologia (KUDO et al., 2012). A
erosão do cotidiano pode tornar a vida do sujeito impraticável, é neste contexto, de
vulnerabilidade e impotência do paciente, que a Terapeuta Ocupacional no contexto
hospitalar pode intervir. Ela vem para minimizar os impactos gerados pela
hospitalização, favorecendo a melhora do paciente na reação e enfrentamento de sua
internação, proporcionando espaço de vida saudável diante um cotidiano tão limitado
pela doença (OTHERO; COSTA, 2007; PIMENTEL, 2014).
Trata-se de um relato de experiência de atividade realizada em Contexto
Hospitalar Pediátrico por uma aluna de graduação em Terapia Ocupacional durante o
estágio curricular. O objetivo foi discorrer sobre mudanças ocasionadas pela
intervenção da estagiária junto a um adolescente com diagnóstico de doença pulmonar
obstrutiva crônica (DPOC) e o impacto de repensar o cotidiano neste contexto.
1 Estudante do curso de graduação de Terapia Ocupacional da UFSCar. E-mail: thatalino@gmail.com 2 Supervisora do Serviço de Terapia Ocupacional, Instituto da Criança, Hospital das Clínicas. Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo – HCFMUSP. E-mail: aide.kudo@icr.usp.br
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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A intervenção ocorreu na enfermaria de internação clínica atendido pelo serviço
de Terapia Ocupacional do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (ICr HCMUSP). O paciente acompanhado foi um
adolescente de 16 anos com diagnóstico de doença pulmonar obstrutiva crônica.
Ao todo, foram realizados 6 atendimentos, com média de 40 minutos de duração
cada. Iniciou-se a intervenção com o instrumento de avaliação de Terapia Ocupacional
em contexto hospitalar pediátrico do serviço, em que foi possível identificar as
demandas do adolescente e levantar a hipótese de não aderência ao tratamento e não
conhecimento da patologia, sendo estabelecido como conduta avaliar seu nível de
comprensão acerca da patologia e se necessário aprofundar o conhecimento sobre ela,
e auxiliar no processo de reorganização do cotidiano frente ao diagnóstico.
Com isso, foi proposta a construção de uma tabela com as atividades que
compõe e que poderiam compor o seu dia a dia, permitindo identificar quais destas
atividades que lhe são significativas e quais foram deixadas de ser realizada devida sua
condição clínica. E finalizado os atendimentos com a construção de uma tabela de rotina
para pós-alta hospitalar.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A seguir serão apresentados os resultados obtidos por meio da construção da
tabela com as atividades que compõe o cotidiano do paciente. Nas linhas são relatadas
as atividades que constitui, ou que o paciente gostaria; ou até mesmo que podem vir a
compor o dia a dia do paciente apontados por ele mesmo, sendo elas: ir para escolar,
jogar bola, tomar remédio, ficar na rua, tomar banho, usar cilindro de O2, jogar
videogame, trabalhar, correr, depender de O2, ficar no hospital, pular no bungee
junping, comer e transplante de pulmão. Já nas colunas, estão descritos: gostava ou não,
queria fazer ou não, poderia fazer ou não, e realiza ou não, tem que fazer ou não, em
que o adolescente deveria assinalar o que caracteriza cada atividade, estimulando sua
reflexão.
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A atividade foi realizada na brinquedoteca da enfermaria e se deu deste a
construção da tabela até seu preenchimento. À medida que caracterizava cada
atividade, o paciente ia relatando para estagiária as dificuldades de enfrentamento de
sua doença, pontuando quais atividades realizava e que deixou de fazer, corroborando
com a literatura quanto às perdas ocupacionais e pelo impacto das doenças crônicas na
capacidade funcional dos pacientes (CASTRO; PICCININI, 2002).
Dentre as 14 atividades pontuadas, o adolescente consegue realizar e quer fazer
57,15% delas. E entre as atividades que quer fazer, não consegue realizar 62,5%. Além
de realizar 50% de atividades no seu dia a dia que não gosta de fazer, mas precisa, como:
tomar remédio, usar o cilindro de O2 e depender de O2.
O adolescente, embora consciente de suas perdas ocupacionais decorrentes de
sua condição clínica, se demonstrou surpreso ao ver os resultados obtidos por meio da
atividade. Por meio disso, foram trabalhadas novas maneiras de realizar as atividades
que lhe são significativas e proposto busca de novas atividades para experimentar,
obtendo uma boa resposta. Através da intervenção, foi possível identificar que o mesmo
compreende seu diagnóstico e condição clínica, relatando de pesquisas que realizou
para se informar e que não gostava de falar com a equipe por receio de descobrir que
sua morte era eminente.
A atuação junto a este caso demonstrou mudança na motivação do adolescente
durante os atendimentos, o qual foi se tornando cada vez mais participativo. Em cada
atendimento, o paciente permitiu a aproximação da estagiária, compartilhando suas
angústias e relatando sua história de vida. Por meio dos atendimentos da Terapia
Ocupacional, o adolescente passou a frequentar a brinquedoteca espontaneamente,
interagir com as pessoas da enfermaria, comer suas refeições e a ter uma postura mais
ativa no seu autocuidado e tratamento. Apesar das limitações do contexto hospitalar
apresenta frente aos atendimentos reduzidos e espaço físico, ao refletir sobre as
possibilidades de explorar novas atividades, o adolescente demonstrou-se motivado.
Diante sua previsão de alta, foi proposto à construção de uma tabela de rotina para pós-
alta hospitalar contendo os horários dos remédios e espaço para exploração dessas
novas atividades, de acordo com a escolha do próprio paciente, adequando a sua
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realidade e de sua família. Neste caso, a atuação da Terapia Ocupacional visou fomentar
o paciente tornar-se protagonista de seu cotidiano, dentro do contexto hospitalar e fora,
desempenhando um importante papel na promoção da saúde e da qualidade de vida
ocupacional durante o período de internação hospitalar, ressignificando seu cotidiano
que foi interrompido devido o adoecimento e resgatando ações que visam possibilitar o
fazer e a promoção da autonomia. Ferramentas estas, que auxiliaram o paciente no
processo de enfrentamento da doença e hospitalização, proporcionando espaço de vida
saudável diante um cotidiano tão limitado pela doença (CARLO et al., 2006; OTHERO,
COSTA, 2007; KUDO et al., 2012).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio da tabela que o adolescente preencheu a respeito das atividades que
fazem parte do seu dia a dia, foi possível colher informações que compuseram o
processo de avaliação e auxiliou no planejamento das intervenções. Neste contexto, a
atuação da Terapia Ocupacional tem um papel importante na promoção da saúde e da
qualidade de vida ocupacional do paciente, sendo fundamental para repensar o
cotidiano. A ressignificação deste cotidiano que foi interrompido devido o adoecimento
age como fomentadora do protagonismo dos pacientes e cuidadores dentro do contexto
hospitalar, promovendo espaços de autonomia, melhoria de permanência neste
ambiente e qualidade de vida dentro e fora dele (CARLO et al., 2006; KUDO et al., 2012).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANGELI, A. A. C.; LUVIZARO, N. A; GALHEIGO, S. M. O cotidiano, o lúdico e as redes relacionais:
a artesania do cuidar em terapia ocupacional no hospital. Interface, Botucatu. v. 16, n. 40, p.
261-272, Mar., 2012.
CARLO, M. M. R. P. et al. Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares. Prática Hospitalar,
ano VIII, n. 43, p. 158-164, jan./fev. 2006.
CASTRO, E. K.; PICCININI, C. A. Implicações da Doença Orgânica Crônica na Infância para as
Relações Familiares: algumas questões teóricas. Psicologia: Reflexão e Crítica, 15(3), pp. 625-
635, 2002.
CAZEIRO, A. P.; PERES, P. T. A Terapia Ocupacional na prevenção e no tratamento de
complicações decorrentes da Imobilização no leito. Cad. Ter. Ocup. UFSCar. São Carlos,
Maio/Ago, v.18, n.2, p. 149-167, 2010.
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KUDO, A. M.; PARREIRA, F. V.; BARROS, P. B. M., ZAMPER, S. S. S. Construção do instrumento de
avaliação de terapia ocupacional em contexto hospitalar pediátrico: sistematizando
informações. Cad. Ter. Ocup. UFSCar, 20(2):173-81, 2012.
OTHERO, M. N.; COSTA, D. G. Propostas Desenvolvidas em cuidados Paliativos em um Hospital
Amparador. Terapia Ocupacional e Psicologia. Pratica Hospitalar, no. 52, Jul-Ago, 2007.
PIMENTEL, F. A. A ruptura do cotidiano na intervenção hospitalar: as contribuições da Terapia
Ocupacional no serviço de interconsulta em saúde mental. Serviço de Atenção Psicossocial
Integrada em Saúde, 2014.
Palavras-chave: Contexto Hospitalar; Enfermaria Pediátrica; Terapia Ocupacional.
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O BRINCAR EM HOSPITAL ONCOLÓGICO PEDIÁTRICO ALMEIDA, THALLYTA APARECIDA1; JOAQUIM, REGINA HELENA VITALE TORKOMIAN2.
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
A criança que necessita de um tratamento longo, como o de câncer, passa por
diversos processos invasivos e dolorosos, desagradáveis fisica e emocionalmente,
trazendo o afastamento de seu cotidiano e sendo necessária readequação a nova
realidade (MOTTA, ENUMO, 2004).
A criança doente apresenta dificuldade em compreender tudo o que está
ocorrendo com ela, tanto a doença em si, quanto os procedimentos em que é submetida
durante o período de internação. Com isso, ela apresenta dificuldade em interagir com
o seu corpo, que agora está doente, e uma das formas de ajudá-la é com a utilização do
brinquedo e brincadeira (SOUZA, et al.2012; MOTTA, ENUMO, 2002).
Os brinquedos ocupam um lugar importante na vida das crianças, e esta
importância deve-se a motivação que elas têm para brincar. E independente de sua cor
ou forma, a função do brinquedo é a brincadeira por si só. E por meio das brincadeiras
as crianças estimulam aspectos importantes para o seu desenvolvimento, de modo
geral, e expressão (CORDAZZO; VIEIRA; ALMEIDA, 2011).
Como objetivo geral deste trabalho, visou-se identificar a preferência de
brinquedos e brincadeiras ofertadas às crianças em assistência oncológica pediátrica em
regime de internação ou ambulatorial, e identificar os principais brinquedos e
brincadeiras que estas crianças sentem falta enquanto estão neste contexto.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Pesquisa realizada na unidade de serviço infantojuvenil de instituição hospitalar
para tratamento oncológico que recebe paciente de vários estados brasileiros, em
1 Estudante do Curso de Graduação em Terapia Ocupacional da UFSCAR. Email:
thaally.almeida@gmail.com 2 Docente do Departamento de Terapia Ocupacional da UFSCAR. Email: joaquimrhvt@gmail.com
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serviço oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O tamanho amostral foi de 84
participantes.
Estudo de abordagem mista, que utilizou como instrumentos: roteiro de
informações sociodemográficas, para informações referentes aos participantes e aos
seus responsáveis, como também identificar se estavam em regime de internação ou
ambulatorial e o tempo de internação (dias); e roteiro de estrevista semi-estruturada,
construído pela pesquisadora a partir de suas experiências prévias com o público infantil
com temas relacionados ao seu universo lúdico.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A maioria dos participantes foi do gênero masculino (51,2%), com a média de
idade de 9 anos e 10 meses, sendo a maior parte proveniente da região sudeste (53,6%),
havendo uma parte importante dos participantes provenientes da regição norte
(26,2%). Os mesmos estando predominantemente em regime ambulatorial (76,2%), e
em relação a escolaridade a maior parte (26,2%) encontra-se com o ensino fundamental
incompleto, sendo adequado para a faixa etária participante.
Os brinquedos e brincadeiras citados como preferidos são diversos, mas alguns
se destacam pelo número de vezes que foram citados, como no caso de boneca (30),
jogos eletrônicos (26), pique esconde (25), pega-pega (23) e futebol (21). Nota-se que
entre os que mais aparecem, há três jogos, pique esconde, pega-pega e futebol, que
envolvem interação com as demais crianças, assim como muito movimento.
O lúdico é utilizado como estratégia para diminuir estresse, ansiedade e medo,
relacionados à nova condição da criança, que agora se encontra doente ou
hospitalizada, e quando ela e seus pais ou responsáveis entram no hospital e deparam-
se com um espaço próprio para o brincar, isto pode acalmar a todos, pois mostra uma
preocupação com o bem-estar do paciente em questão. (AZEVEDO; ZAMBERLAN, 2001).
Quanto aos brinquedos que mais sentem falta, os mais citados foram aqueles
que as crianças relatam ter ficado em suas casas (15), seguido da falta de brincarem com
alguém (9), seja da família ou amigos.
Com todas as mudanças, na maioria das vezes não planejada, que a criança e sua
família passam, muitas vezes, sofrem perdas, para além da doença.
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Com o brincar os profissionais podem estabelecer uma melhor relação com a
criança e com a família, tornar o tempo, nessa situação, mais prazeroso, tanto para a
criança, para a família, como para o profissional em si (MITRE; GOMES, 2007). A
promoção do brincar deve ser uma prática em todo o hospital e não apenas realizada
dentro de um espaço, como da brinquedoteca, por exemplo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O brincar é importante para o desenvolvimento infantil, especialmente quando
a criança se encontra em um momento de fragilidade, como ocorre durante o
adoecimento e a hospitalização. O brincar permite a criança se expressar, vivenciar
novas situações e compreender as novas informações e rotina a qual está sendo
imposta.
Ressalta-se que o universo lúdico ultrapassa a brinquedoteca, sendo necessárias
outras ações para além deste espaço. É preciso que os profissionais compreendam a
importância que o brincar tem para as crianças, para que assim respeitem o momento
da brincadeira, assim como o incentivem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZEVEDO, M. R. Z. S.; ZAMBERLAN, M. A. T. A inclusão do brincar na hospitalização infantil. Rev. Estudos de Psicologia, PUC-Campinas, v.8, n.3, p.64-69, maio-agosto, 2001. CORDAZZO, S. T. D.; VIEIRA, M. L.; AMEIDA, A. M. T. O lugar dos brinquedos: semelhanças e singularidades das escolhas de crianças brasileiras e portuguesas. Análise Psicológica, v.29, n2, 2011, p.275-288. MITRE, R. M. A.; GOMES, R. A perspectiva dos profissionais de saúde sobre a promoção do brincar em hospitais. Rev. Ciência & Saúde Coletiva, v.12, n.5, p.1277-1284, 2007. MOTTA, A. B.; ENUMO, S. R. F. Brincar na hospitalização: câncer infantil e avaliação do enfrentamento da hospitalização. Rev. Psicologia, saúde e doenças; v. 3, n.1, p. 23-41, 2002. MOTTA, A. B.; ENUMO, S. R. F. Câncer infantil: uma proposta de avaliação das estratégias de enfrentamento da hospitalização. Estudos de Psicologia, Campinas, v. 21, n.3, p. 293-202, setembro/dezembro, 2004. SOUZA, L.P.S., et al. Câncer infantil: sentimentos manifestados por crianças em quimioterapia durante sessões de brinquedo terapêutico. Rev Rene, Ceará, v. 13, n. 3, p. 686-692, 2012. VIEIRA, M. A.; LIMA, R. A. G. Crianças e adolescentes com doenças crônicas: convivendo com mudanças. Rev. Latino-am Enferm. v.10, n.4, p.552-0, julho/agosto, 2002.
Palavras-chave: jogos; lúdico; hospitalização; infantil.
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RELAÇÃO ENTRE OCUPAÇÃO REMUNERADA, PERCEPÇÃO SOBRE A
CAPACIDADE PARA TRABALHO E INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL DE UMA
POPULAÇÃO ATENDIDA EM SERVIÇO DE REABILITAÇÃO CAITANO, ROSANA APARECIDA1; CARRIJO, DÉBORA COUTO DE MELO2
Universidade de Araraquara Uniara¹/ Universidade Federal de São Carlos UFSCar²
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
Sabe-se que há várias questões que levam a incapacidade da população na idade
adulta. Ao ter capacidades motoras comprometidas, o adulto passa por uma série de
impactos diretos no seu cotidiano, podendo interferir na dinâmica familiar,
fragmentando rotina e transformando papeis. Dentre os papeis mais relevantes na fase
da vida adulta está o de trabalhador, caracterizado como direito, forma de subsistência,
prazer e identidade, dentre outros. Diante disso, o afastamento ou não ingresso nesse
contexto pode contribuir significativamente para que esses adultos percebam
dificuldades para participação social, as quais são alimentadas pelas dificuldades
motoras, barreiras arquitetônicas, sociais, regulação do mercado de trabalho, pré-
conceitos, dentre outras. Assim, a ceara de ação do terapeuta ocupacional envolve não
apenas a recuperação de componentes motores mas também, desenvolver mecanismos
para promover e facilitar o processo de participação nos diferentes contextos, dentre
eles o de trabalho.
Diante desse olhar e a percepção da amplitude do desenvolvimento de ações de
assistência, esse projeto piloto buscou conhecer qual a representatividade de pessoas
assistidas pelas diferentes clínicas da Uniara com relação às deficiências motoras e, em
seguida, conhecer as características da relação entre limitações motoras, formação e
capacidade para o trabalho, podendo ter com desfecho fomentar a discussão sobre a
inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho no município de
Araraquara.
1 Estudante de Terapia Ocupacional na Universidade de Araraquara (Uniara). Email: rosana.caitano@outlook.com 2Profª Drª do Curso de Terapia Ocupacional da Universidade de Araraquara (Uniara) e Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) coutocarrijo@gmail.com
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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Trata-se de um estudo transversal que utilizou como instrumento de coleta de
dados um questionário desenvolvido pelas pesquisadoras para conhecer experiências
de trabalho remunerado, formação e adoecimentos além de dois instrumentos
padronizados: o Índice de Capacidade para o Trabalho (ICT), (WAINSTEIN, 1997;
MARTINEZ, LATORRE e FICHER, 2009) e a Medida de Independência Funcional (MIF),
RIBERTO et al, (2004).
Inicialmente o trabalho foi encaminhado para avaliação ética e aprovado pelo
CEP Uniara - parecer consubstanciado número 1.121.361- Projeto CAAE
45004215.5.0000583.
Os resultados foram analisados através de medidas estatísticas clínicas de
relação intra e intercategorias.
RESULTADO E DISCUSSÃO
Dentre as clínicas identificou-se que não há programas em andamento que
identifiquem questões específicas da população com deficiência, exceto as clínicas de
fisioterapia e terapia ocupacional. A tabela 1 apresenta os dados sobre os atendimentos
prestados nas clínicas da UNIARA, sem contabilizar as produções em hospitais, atenção
básica e outros equipamentos da rede.
Tabela 1 – Atendimentos no ano de 2015 pela área da saúde
Setor Número de procedimentos Porcentagens
Estética 18500 52,2%
Fisioterapia 11643 32,9%
Fonoaudiologia 445 1,3%
Nutrição 895 2,5%
Odontologia 1701 4,8%
Psicologia 57 0,2%
Terapia Ocupacional 2214 6,3%
Total 35455 100%
Diante disso, envolveu-se para coleta de dados com sujeitos as clínicas de terapia
ocupacional e fisioterapia, totalizando 27 sujeitos avaliados no primeiro semestre de
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2016. Sabe-se que se trata de uma amostra não representativa, porém foi uma amostra
relacionada a 39, 5% dos procedimentos realizados no ano de 2015.
Participaram da amostra 14 sujeitos do gênero feminino e 13 do gênero
masculino. Em relação a escolaridade obteve-se que 37% tinham ensino fundamental
incompleto; 18,5% da população com ensino médio incompleto e 18,5 com ensino
médio completo, sendo que somente 7,5% possuía o ensino superior completo. A idade
média dos participantes foi de 37,9 anos (DP 12,21), caracterizando-se como adultos em
fase produtiva de vida.
Fica permeado um discurso de que a população de Pessoas com Deficiências
possui menos capacidades para o trabalho devido à sua condição particular de menor
acesso à formação. O que se coloca aqui, no entanto, é a necessidade de discutir que
esses sujeitos, no geral, não nasceram com deficiências e sim as desenvolveram na idade
adulta, sua fase atual de vida, considerando a média de idade apresentada
anteriormente. Tem-se, portanto, uma população adulta com baixa escolaridade que
não está relacionada ao fator deficiência, mas que de fato coloca-se como um
importante empecilho para novas colocações profissionais frente às possibilidades de
sequelas motoras remanescentes.
Somado a isso, tem-se que dentre as alterações houve predomínio das lesões
envolvendo membros superiores, seguidos das alterações de membros inferiores e
coluna. Destaca-se ainda que 44,4% da mostra respondeu que o desenvolvimento da
lesão estava relacionado à atividade laboral.
Com o instrumento Índice de Capacidade para o trabalho (ICT) obteve a média
de 25,1 (DP 9, 23) sendo que os valores variam de 7 a 49, destaca-se o menor índice
alcançado de 7 pontos e o maior 42 pontos. A amostra de sujeitos da clínica de
fisioterapia foi de 13 sujeitos, sendo que nesses a média do ICT variou entre 42 e 11
pontos com média de 29,2 pontos (DP 8,72). Os 14 sujeitos atendidos pela Clínica de
Terapia Ocupacional obteve média de ICT variando entre 38 e 7 pontos com valor médio
de 21,15 pontos (DP 8,18). Tem-se, então uma percepção de capacidade de trabalho na
amostra de usuários da clínica de fisioterapia, podendo, ainda estar relacionada a
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mesma justificativa descrita anteriormente. Porém, de uma forma geral, as pessoas
apresentam uma baixa percepção da capacidade de trabalho nos dois serviços.
A Medida de Independência Funcional (MIF) permitiu pontuar a avaliação em até
126 pontos. Na amostra avaliada obteve-se uma média de 120,74 (DP 12,75) entre todos
os participantes considerando o menor valor 60 e o maior 126. O valor médio entre os
participantes da clínica de Fisioterapia foi de 120,07 (DP 18,08) e entre os participantes
da clínica de Terapia Ocupacional obteve-se média de 121,35 (DP 4,74).
Destacou-se, portanto a discrepância entre a percepção de função, dada pela
MIF e percepção da capacidade para o trabalho obtido pelo ICT, mostrando aos
pesquisadores que a auto percepção sobre capacidade para trabalho passa por outros
fatores que diferem da sua análise de condição motora para realizar as atividades, visto
que, em sua maioria, os participantes reconhecem que ocorreram mudanças na forma
de realização das atividades, porém que essas não eram impeditivas na realização das
atividades avaliadas com a MIF.
CONCLUSÃO
Trata-se de um estudo exploratório para reconhecimento de demandas onde
informações identificadas encontram- se em consonância com a literatura que vem
buscando compreender o impacto para os sujeitos do afastamento e como facilitar o
retorno ao mercado de trabalho ainda que as capacidades motoras estejam diminuídas.
Os instrumentos mostraram-se adequados, porém, faz-se necessário, ampliar o
número de sujeitos para uma amostra com validade para que os dados da amostra
possam ser extrapolados e permitam o entendimento da população.
Ainda assim, os dados podem balizar desfechos secundários nas discussões sobre
o alcance das ações do processo de reabilitação para promover o retorno a vida,
cotidiano e papeis ocupacionais de forma a minimizar o sofrimento nessa fase de
transição.
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No entanto, sabe-se que não se trata de ações isoladas, mas que envolve a
intersetoriedade e medidas públicas comprometidas com os processos envolvidos na
reabilitação física e mudanças nos contextos políticos e sociais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MARTINEZ, MC., LATORRE, MRD.; FISCHER, F.M. Validade e Confiabilidade da versão brasileira do Índice de Capacidade para o Trabalho. Rio de Janeiro, Rev. Saúde Pública, v.43, n. 3, p. 525-32, 2009. RIBERTO, M. et al. Validação da Versão Brasileira da Medida de Independência Funcional. São Paulo, Acta Fisiatr, v. 11, n. 2, p. 72-76, 2004. WAINSTEIN S. Estresse, índice de capacidade de trabalho, atividade física e composição corporal em profissionais do telejornalismo. 2000. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2000.
Palavras-chave: reabilitação; inclusão; terapia ocupacional
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TERAPIA OCUPACIONAL E TRANSTORNOS ALIMENTARES: DIFERENÇAS
ENTRE CONCEITOS E PRÁTICAS EM UMA REVISÃO DE LITERATURA MIYAMOTO, EVELLIN ERI1; FARIAS, ALINE ZACCHI2; MARCOLINO, TAÍS QUEVEDO3
Universidade Federal de São Carlos
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
Os transtornos alimentares são caracterizados pela anorexia e bulimia nervosa e
tem sido alvo da atuação de diversos profissionais por atingir principalmente uma
população jovem e ter diversas implicações na vida (APPOLINARIO, 2000).
O cotidiano dos sujeitos com esses transtornos se apresenta com grande prejuízo
nas relações sociais, distúrbios nos hábitos alimentares e fragilidade em desempenhar
os papéis sociais (MORAIS, 2006).
A terapia ocupacional frente aos transtornos alimentares pode promover ações
que construam uma nova relação do fazer, organizar as ações do cotidiano e oferecer
espaços de saúde através da sustentação da relação terapêutica que promove um fazer
compartilhado que pode ser extrapolado para espaços sociais e outras relações
(MORAIS, 2006).
O objetivo deste estudo consistiu em buscar estudos produzidos por terapeutas
ocupacionais frente a esta temática.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Neste estudo, foi realizada uma revisão de literatura para tecer um panorama
do que se tem produzido sobre as intervenções em terapia ocupacional com sujeitos
com anorexia.
Desse modo, para realizar uma busca ampla e sistematizada em bases de dados
que contemplassem as áreas de Terapia ocupacional e Saúde Mental, utilizou-se o Portal
de Periódicos da CAPES/MEC (http://www-periodicos-capes-gov-
1 Estudante do curso de graduação em Terapia Ocupacional da UFSCar. E-mail: evellin.miyamoto@gmail.com 2 Estudante do curso de graduação em Terapia Ocupacional da UFSCar. E-mail: linef51@yahoo.com.br 3 Professora Drª Adjunta do Departamento de Terapia Ocupacional da UFSCar. E-mail: taisquevedo@gmail.com
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br.ez31.periodicos.capes.gov.br), portal que congrega bases de dados nacionais e
internacionais com mais de 37 mil publicações.
Além disso, como almejava-se identificar essa temática nas produções
nacionais em terapia ocupacional, realizou-se busca manual em periódicos que não
estavam indexados em bases de dados, ou por se tratarem de revistas clínicas ou por
serem recentes: Revista GESTO, Revista Baiana de Terapia Ocupacional e Revista CETO,
algumas disponíveis em meio eletrônico, outras em meio impresso.
Os critérios de inclusão dos estudos foram considerados (a) estudos nos
idiomas inglês e português, (b) artigos que discutissem a prática de terapia ocupacional
com sujeitos com transtornos alimentares e (c) artigos teóricos, teórico-práticos e
relatos de experiência. Os critérios de exclusão foram (a) artigos que não abordassem a
prática de terapia ocupacional com a clientela definida no estudo, (b) revisões
sistemáticas ou (c) artigos escritos em outras línguas. Inicialmente, foi realizada a leitura
dos resumos e, caso continuassem a atender os critérios de inclusão, foi feita a leitura
do texto completo. Não houve recorte de horizonte temporal para a pesquisa.
Os dados coletados foram sistematizados utilizando a estrutura do software
StArt “State of the Art through Systematic Review”
(http://lapes.dc.ufscar.br/tools/start_tool), desenvolvido pelo Laboratório de Pesquisa
em Engenharia de Software (LaPES) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
A análise dos dados qualitativos foi feita por Análise Temática (BARDIN, 2011;
MINAYO, 2010) buscando temas/categorias que sistematizassem os núcleos de sentidos
presentes nos estudos, em especial relacionadas à qualidade e tipo de atendimento,
referencial teórico-metodológico utilizado, foco da intervenção, atividades utilizadas e
seus objetivos nas intervenções propostas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No Portal de Periódicos da Capes foram encontrados, inicialmente, 60 estudos,
sendo 3 deles duplicados. Ao aplicar os critérios de inclusão/exclusão foram
desconsiderados 53 estudos, restando 4 estudos que atenderam aos critérios. Na busca
manual, foi encontrado apenas um estudo, totalizando, assim, 5 estudos para a análise.
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Tabela 1. Referências dos estudos selecionados
GM Giles. Anorexia nervosa and bulimia: An activity-oriented approach. American Journal of
Occupational Therapy,vol. 39 (8) p. 510-7. Aug; 1985,
Gardiner, C; Brown, N. Is there a role for occupational therapy within a specialist child and
adolescente mental health eating disorder service? British Journal of Occupational Therapy, vol.
(73) n 1 p.38-43. Jan, 2010.
CLARK, MAREE ; NAYAR, SHOBA. Recovery from eating disorders: a role for occupational
therapy.(THEORETICAL ARTICLE)(Report). Rev.New Zealand Journal of Occupational Therapy,
Vol.59 (1), p.13 (5), April, 2012
Esturaro, ATA; Bucaretchi, H.A. Uma proposta de intervenção do terapeuta ocupacional no
tratamento da anorexia nervosa. Rev, Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v.9,n.2,p.45-89, maio/agosto,
1998.
L,Lock. The St George's eating disorders service meal preparation group for inpatients and day
patients pursuing full recovery: a pilot study. Rev. Eur Eat Disord.Vol. 20(3), p. 218-24. May, 2012
Através das análises foi possível observar que existem práticas semelhantes
citadas nos diferentes estudos (atividade de cozinhar, atividades corporais, atividades
de compras, arte terapêutica e grupos).
Apesar das atividades serem as mesmas, os objetivos se mostraram diversos
como, por exemplo, o dispositivo grupal foi utilizado tanto como um grupo
comportamental centrado em discussões sobre comportamentos disfuncionais, o peso
corporal, a relação com a família (GILES, 1985); como para engajar os pacientes em
atividades de lazer, atividades físicas e também na ocupação profissional (GILES, 1985);
ou mesmo para abordar o peso normal do corpo, a motivação para a realização das
tarefas e o gerenciamento das angústias do comer (GILES, 1985).
Várias atividades foram utilizadas por um único autor, como uso de vídeos e
biblioteca; artesanato; treino de assertividade; educação e informação; ensino de
estratégias de comportamento; psicodrama e follow-up (GILES, 1985). Por fim, os
autores Clark e Nayar (2012) são os únicos que abordam sobre atividades com conexões
sociais e comunitárias.
Em relação ao referencial teórico-metodológico, dois estudos referiram utilizar
o Modelo de Ocupação Humana (GARDINER; BROWN, 2010 e LOCK, WILLIAMS,
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BAMFORD, 2011). A Abordagem Cognitiva Comportamental (GILES, G.M., 1985), o
Recovery (CLARK, M; NAYAR, S., 2012) e a Abordagem Psicodinâmica (ESTURARO;
BUCARETCHI, 1998) foram utilizados cada um em um estudo.
Em todos os estudos, os atendimentos grupais foram utilizados e, em três deles,
também se utilizaram atendimentos individuais (GILES, 1985; GARDINER; BROWN, 2010;
CLARK; NAYAR, 2012). O atendimento familiar foi citado em dois estudos (GILES, 1985;
GARDINER; BROWN, 2010).
Ao avaliar qualitativamente as atividades propostas em seus objetivos,
encontramos dois grupos distintos: o primeiro deles voltado para a resolução de
conflitos relativos aos sintomas decorrentes do transtorno alimentar (GILES, 1985;
GARDINER E BROWN, 2010; ESTURARO E BUCARETCH, 1998; LOCK et al, 2012), e outro
grupo voltado para a ampliação da participação social como já colocado (CLARK E
NAYAR, 2012).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da proposta do presente estudo foi possível coletar dados referentes às
publicações nacionais e internacionais frente ao tema dos transtornos alimentares em
relação à terapia ocupacional.
Também foi possível observar, que cada estudo aborda as intervenções de
terapia ocupacional a partir de referenciais teórico-metodológicos diferentes, havendo
assim diversas formas de atuações do terapeuta ocupacional.
Outro aspecto observado foi a falta de feedback dos sujeitos que receberam as
intervenções, o que poderia ser um potencial pensando em como o terapeuta
ocupacional pode auxiliar na assistência à esta população.
Desta forma, faz-se necessário uma maior aproximação de terapeutas
ocupacionais frente a este tema e uma necessidade de se ampliarem os estudos e
pesquisas, a fim de que seja possível uma maior discussão sobre as intervenções e sobre
como a terapia ocupacional tem a contribuir com as questões dos transtornos
alimentares.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APPOLINARIO, José Carlos; CLAUDINO, Angélica M. Transtornos alimentares. Rev.
Bras.Psiquiatr., São Paulo , v. 22, supl. 2, p. 28-31, Dec. 2000 . Available from <http://w w w . s
c i e l o . b r / s c i e l o . p h p
?script=sci_arttext&pid=S151644462000000600008&lng=en&nrm=iso>. access on 21 Oct.
2015. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462000000600008.
MORAIS, L.V. A assistência do terapeuta ocupacional para pessoas com anorexia nervosa: relato
de experiência. Medicina (Ribeirão Preto). 2006;39(3):381-5.Saikali, C.J et al. Imagem corporal
nos transtornos alimentares. Rev. Psiq. Clin. 31 (4); 164-166, 2006.
Palavras-chave: anorexia, bulimia, transtornos alimentares e terapia ocupacional
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DISCUTINDO RACISMO NA UNIVERSIDADE: OLHARES DA TERAPIA
OCUPACIONAL E PSICOLOGIA FARIAS, MAGNO NUNES1; VICENTE, HEITOR ABADIO2
Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
O Brasil, cuja gênese tem como fundamento o tráfico negreiro, a escravidão e o
regime servil, desenvolve um processo de racismo que permanecesse arraigado ao
cotidiano de pessoas negras até os dias atuais. O racismo é um fenômeno que estrutura
e permeia as relações sociais, porém, apresenta-se na sociedade de forma velada, há
um cotidiano que nos leva a não identificar as situações racistas as quais os sujeitos
sofrem.
No Brasil ainda se acentua a ideia de democracia racial, o “paraíso tropical de
convivência democrática das raças” (FERNANDES, 1989, p. 06), mesmo ficando obvio
que a questão racial marca a desigualdade socioeconômica e de direitos, firmando
assim, a existência de um racismo que perpassa essa dinâmica social. Desta forma, é
uma “sociedade que convive com milhares de situações de racismo no seu cotidiano e
ignora, minimiza e acaba deixando uma lacuna ética, com efeitos perversos para o
conjunto da população negra” (SANTOS, 2013, p.76).
Assim, a população negra convive diariamente com práticas de racismo, em suas
diversas ocupações, inclusive marcado pelo Racismo Institucional, que cria dificuldade
para negros e privilégios para brancos. Bem como todo um arcabouço cultural pautado
na hierarquia racial, que legitima prática racistas interpessoais. Tendo impactos
estremos na existência desses sujeitos, modificando “seu ser [...] de forma definitiva,
levando-os a adoecer e, de forma trágica, aumentar as estatísticas da menor expectativa
de vida da população negra brasileira” (SANTOS, 2013, p.113). Assim, compreende-se
1 Terapeuta Ocupacional pela Universidade de Brasília (UnB). Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão, Catalão - GO, Brasil. Núcleo de Extensão e Pesquisa em Educação e Desenvolvimento do Campo (NEPCampo) 2 Graduando em Psicologia pela Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão, Catalão - GO, Brasil.
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impactos nocivos na constituição subjetiva desses indivíduos, bem como em suas
participações sociais.
Dentro dessa conjuntura realizou-se uma intervenção com universitários da
Universidade Federal de Goiás (UFG) - Regional Catalão, pensando esses processos sob
o olhar Psicológico e Terapêutico Ocupacional, com objetivo de compreender as
situações de racismo as quais esses jovens estão expostos e os impactos em suas vidas.
Desta forma, o objetivo desse estudo é Relatar essa Experiência.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Trata-se de um Relato de Experiência sobre uma intervenção teórico-prática na
UFG/Regional Catalão, em 1/2016, com 20 jovens universitários negros e outros
interessados pelo tema. Foi realizada uma técnica de dinâmica chamada “caminhada
dos privilégios” e logo em seguida uma Roda de Conversa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Contato Inicial
No processo de preparação do ambiente, organizamos a sala onde ocorreria a
roda de conversa, afim de que a sala pudesse acolher os sujeitos que adentravam e
familiariza-los com as tematicas que seriam discutidas, a recepção foi feita com a música
Canto para Oxalá (Rita Ribeiro) e escrevemos no quadro a seguinte frase: “A nossa
escrevivência não pode ser lida como histórias para “ninar os da casa grande” e sim para
incomoda-los em seus sonos injustos” de Conceição Evaristo.
Buscamos que ao mesmo tempo ambietar um espaço de acolhimento e de
impacto, que produzisse uma reflexão inicial individual, onde cada poderia refletir
questões históricas, culturais e sociais que marcam as relações raciais.
Desta forma, abrimos a intervenção, com um breve apresentação nossa e da
proposta, e logo os convidamos a ir até o jardim para fazermos a dinâmica.
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“Caminhada dos Privilégios”
Utilizamos a técnica de dinâmica “caminhada dos privilégios”, com intuito de
trazer reflexões ao grupo sobre aspectos que privilegiam sujeitos dentro das
desigualdades raciais. A técnica funciona da seguinte forma: colocamos os participantes
lado-a-lado, e começamos a fazer várias perguntas (privilégios ou não privilégios), os
que tiveram esses privilégios, dão um passo à frente, os sujeitos que não tiveram, um
passo para trás. Algumas questões foram: você já foi preterido em uma relação afetiva?;
você já sofreu alguma discriminação pela textura do seu cabelo?; você foi seguido por
seguranças em lojas?; você estudou em escola particular?; entre outras questões.
Durante a dinâmica os sujeitos ficaram imersos em olhares de espanto e alguns
de constrangimentos, tendo em vista que uma grande proporção de jovens negros ficou
para trás, sendo assim, foram os menos privilegiados sobre questões afetivas,
socioeconômicas e culturais. Assim, finalizamos a dinâmica, e retornamos para a sala,
onde iniciamos a roda de conversa.
Roda de Conversa - construindo reflexões
Iniciamos uma reflexão, abrindo espaços para que os sujeitos colocassem suas
percepções acerca do andamento da caminhada.
Assim, alguns participantes logo pontuaram as disparidades raciais, e como isso
perpassa a existência de todos os sujeitos, sobretudo os negros, sejam nos aspectos
socioeconômicos, políticos e afetivos.
Como estávamos no contexto da universidade, os participantes pontuaram como
o racismo se consolida nessa instituição, comentando sobre a falta de professores
negros, reitores negros e alunos negros. Sinalizando os espaços onde os sujeitos negros
estão na universidade, nos cargos de auxiliar geral, limpeza, que são trabalhos
terceirizados e preconizados, concebidos como subempregos. Assim, discutiu-se a
necessidade de maior igualdade racial no mundo do trabalho.
Adentramos na discussão sobre a necessidade das cotas. Porém, admitindo-se
que “o desafio de eliminação da desigualdade histórica que essas populações carregam,
problemas para os quais a mera adoção de cotas para o ensino universitário é
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insuficiente. Precisa-se delas e de muito mais” (SANTOS, 2013, p.231). Sendo
necessários movimentos mais complexos, calcados em políticas públicas materializadas.
Além disso, discutimos sobre questões afetivas e estéticas dos corpos,
pontuando assim, os processos midiáticos que deslegitimam os corpos negros como
belos, exaltando uma beleza branca, eurocêntrica. Assim, “o negro se vê condenado a
carregar na própria aparência a marca da inferioridade social” (SANTOS, 2013, p.124).
Em contraponto discutimos também os movimentos de empoderamento da estética e
dos corpos negros, que marca a história de resistência e afirmação.
Falamos sobre os privilégios dos sujeitos brancos, e o papel desses dentro dessa
estrutura racista, sobre a necessidade de esses reconhecerem a brancura como algo que
lhe diferencia de outros indivíduos, e que os fazem acumular benefícios raciais. Para que
esses possam de certa forma desestabilizarem essas estruturas de privilégios brancos
(SANTOS, 2013)
Esse movimento foi marcado por interveções que demonstram a necessidade do
empoderamento do povo negro, com a finalidade de combater e resistir a esse
movimentos sociais racistas, dando voz e legitimidade a cultura, consciência, auto-
estima, alteridade, identidade do povo negro. Em um processo de valorização da
Negritude.
A valorização da negritude tem sido uma das estratégias escolhidas pelos movimentos sociais negros para a elevação da consciência da comunidade afro-brasileira, para a luta contra o racismo e suas mais diversas manifestações ( OLIVEIRA, 2008, p.76).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observamos que a partir das discussões colocadas em roda houve a possibilidade
dos jovens poderem reconhecer as situações de violência e refletir sobre as mesmas,
reelaborando as vivências e as estratégias desenvolvidas a partir delas. O espaço
possibilitou a construção de diversas indagações sobre como o racismo se reproduz, a
partir das próprias vivências dos sujeitos. Houve em muitos momentos divergências e
dúvidas no grupo, possibilitando assim reflexões sobre como essa questão ainda é pouco
tratada dentro da universidade.
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Nos fez pensar como o racismo impacta a subjetividade e o cotidiano dos sujeitos
negros no ambiente universitário. Além disso, buscou-se constituir processos reflexões
que potencialize movimentos de empoderamento dos jovens negro.
Assim, a Terapia Ocupacional e a Psicologia em atuação interdisciplinar tornaram
possível construção de uma rede de diálogos e reflexões, com o intuito de trazer para a
universidade questões latentes em nossa prática social, buscando o fortalecimento de
práticas antirracistas, através de movimentos de conscientização.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERNANDES, F. Significado do protesto negro. - São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1989. SANTOS, I. A. A. dos. Direitos humanos e as práticas de racismo. – Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2013. OLIVEIRA, E. de. Glossário. In.: Os efeitos psicossociais do racismo / [Edição e entrevistas de Fernanda Pompeu] – São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo: Instituto AMMA Psique e Negritude, 2008.
Palavras-chave: discriminação por raça ou etnia; educação; grupos étnicos.
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APONTAMENTOS ACERCA DA EXPECTATIVA DE JOVENS AUTORES DE
ATO INFRACIONAL SOBRE A SAÍDA DA UNIDADE DE INTERNAÇÃO MALFITANO, ANA PAULA SERRATA1, MARTINEZ, GABRIELA AGNELLO2; FARIA,
CAROLINE BEIER3 Universidade Federal de São Carlos¹ Universidade Federal de São Carlos²
Universidade Federal do Rio Grande do Sul³
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
A pesquisa em curso nasce do projeto de pesquisa “A (Re)Construção do
cotidiano de adolescentes após o cumprimento de medida socioeducativa em meio
fechado”, realizada no Laboratório METUIA do Departamento de Terapia Ocupacional
da UFSCar, integrando atividades de extensão e pesquisa. Visa à discussão acerca dos
processos de saída do adolescente do cumprimento de medida socioeducativa de
internação em meio fechado.
A medida de internação em ambiente fechado é considerada a última
modalidade de medida socioeducativa a ser aplicada, segundo o Estatuto da Criança e
do Adolescente (BRASIL, 1990), por ser considerada a de maior complexidade social, por
retirar o adolescente do convívio familiar e comunitário. Acompanha processos de
estigma social (GOFFMAN, 2008), os quais criam marcas que influenciam a vida daqueles
jovens (PAIS, 2001).
Também, a temática da violência e da juventude e sua visão como uma
“problemática” social, inclusive em algumas pesquisas realizadas (TAKEITI, VICENTIN,
2015), contribuem para um maior estigma social e distanciamento daqueles que
cometeram algum ato infracional. Entretanto, faz-se necessário conhecer esta
realidade, tendo como princípio a execução das políticas públicas direcionadas a todos
adolescentes e jovens brasileiros.
1 Docente do Departamento e do Programa de Pós-graduação em Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos. E-mail: anamalfitano@ufscar.br 2 Graduanda em Terapia Ocupacional, Bolsista do Programa PIBIC/CNPq/UFSCar, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos - SP; E-mail: gabiagnello@hotmail.com 3 Terapeuta Ocupacional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre - RS; Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos, São Carlos - SP;, E-mail: caroline.beier@gmail.com
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Neste contexto, o presente trabalho objetiva compreender como se dá o
planejamento da saída de adolescentes após o cumprimento da medida socioeducativa
de privação de liberdade, conhecendo quais são seus projetos pessoais e quais suportes
social e institucional aciona para sua vida cotidiana. Apresenta-se a primeira fase da
pesquisa, sendo que a mesma encontra-se em curso.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Buscou-se estratégias de aproximação e escuta junto a adolescentes e técnicos
de uma unidade de internação localizada no interior do estado de São Paulo. Foram
realizados Grupos de Atividades em Terapia Ocupacional com os adolescentes, os quais
lançaram mão de exploração de materiais expressivos. Os grupos objetivaram
compreender o que eles gostavam de fazer e o que faziam antes de estar lá, o que
consideram de muito valor em sua vida e o que/quem lhes auxiliaria e o que/quem lhes
impediria de ter o que lhes é valioso em seu cotidiano ao saírem da internação. Com os
técnicos foram realizadas entrevistas individuais sobre as ações de planejamento
institucionais para o processo de saída dos adolescentes e quais as barreiras e
potencialidades encontradas para concretização do que foi traçado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Apresenta-se aqui os resultados do contato com os adolescentes, por meio da
realização do grupo de terapia ocupacional. As atividades relatadas pelos adolescentes
como preferidas foram aquelas consideradas tipicamente juvenis: ir a festas/bailes,
estar com amigos, estar com a família; além da menção à vida loka. Como impedimento
aos seus planos, citaram a dificuldade financeira, a defasagem escolar, a relação da
família com o crime, o preconceito, a desmotivação, a revolta com a seletividade penal
e a “ânsia” pela disputa com policiais militares. Os regramentos e valores dos grupos
criminosos foram identificados pelos adolescentes como algo que interfere em suas
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possibilidades de vida. Como suporte, a resposta maciça citada foi a família (muitas
vezes remetendo-se somente à mãe), Deus e a fé.
Já os técnicos destacaram a participação dos jovens na construção do seu
cotidiano após a internação. A equipe considera que o adolescente deve estar motivado
a fazer novas escolhas. Os profissionais, no geral, relatam os limites para a reconstrução
do cotidiano dos adolescentes entorno da indisponibilidade ou da falta de serviços e
programas que os acompanhem, sendo que reconheceram a internação como o
resultado do fracasso de “acompanhamentos” prévios da família, por diferentes
instituições e políticas. As potências eram muito difusas nos discursos e difíceis de
nomear: a motivação do jovem, o suporte familiar e a articulação com serviços de
assistência social, quando ocorre. Destaca-se que os agentes socioeducativos,
paradoxalmente pertencentes a equipes de “segurança”, veem-se como referência de
uma nova imagem para os adolescentes, compreendendo a motivação como sua
principal tarefa, após a transmissão das regras e disciplina.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tanto os técnicos quanto os jovens falaram do estigma social ao adolescente
egresso do sistema socioeducativo, principalmente de internação. Quando somada à
construção social de uma identidade criminosa, geram importantes impasses à
construção de um novo lugar social. Considera-se essencial abordar tais parâmetros no
desenvolvimento das práticas socioeducativas do sistema de justiça juvenil, incluindo a
dimensão de “fora” para as preocupações de “dentro”.
Para que se possa discutir efetivamente meios eficazes de auxílio à reintegração
social de adolescentes que cumpriram medidas socioeducativas, é indispensável que se
construa programas para egressos, os quais possam tecer redes de cuidado que auxiliem
na construção do cotidiano após a saída da internação.
Desataca-se a relevância da temática para a área de terapia ocupacional,
podendo ser um profissional que contribua com a compreensão e a construção do novo
cotidiano para os jovens, viando sua maior inserção e participação sociais.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990. GOFFMAN, E. Estigma e Identidade Social. In: GOFFMAN, E. Estigma: Notas sobre a Manipulação da Identidade Deteriorada. Tradução de Márcia Bandeira de Mello Leite Nunes. Rio de Janeiro: LTC, 4ª. Ed., 2008. p. 11-50. PAIS, J. Jovens ‘arrumadores de carros’ - a sobrevivência nas teias da toxicodependência. Análise Social, vol. XXXVI, n. 158-159, p. 373-398, 2001. TAKEITI, B. A.; VICENTIN, M. C. G. A produção de conhecimento sobre juventude(s), vulnerabilidades e violências: uma análise da pós-graduação brasileira nas áreas de Psicologia e Saúde (1998-2008). Saúde Soc. v.24, n.3, p.945-963, 2015.
Palavras-chave: Adolescência; Juventude; Medidas Socioeducativas; Políticas Públicas.
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CAPITAL SOCIAL E PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO1 SILVA, CÍNTIA VIVIANE VENTURA DA2; SANTOS, ÉLCIO ALTERIS DOS3; LINHARES,
BIANCA DE FREITAS4
Universidade Federal de Pelotas (UFPEL)
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
Esse trabalho surgiu de questionamentos acerca do papel do Terapeuta
Ocupacional dentro do mundo do trabalho e suas implicações quanto à exploração,
alienação, injustiças sociais, demandas de saúde, entre outros. Oriundo da Saúde, ele
caminha firmemente ao lado da Ciência Política. Fundamenta-se no conceito de Capital
Social de Robert Putnam (2005), que é entendido como confiança interpessoal. Esse
autor comprova na Itália, em um estudo de vinte anos que, nas regiões onde há mais
capital social também há mais desenvolvimento e mais qualidade de vida. Ele estabelece
que “o capital social diz respeito a características da organização social, confiança,
normas e sistemas, que contribuam para aumentar a eficiência da sociedade, facilitando
as ações coordenadas” (PUTNAM, 2005, p. 177).
Nossas reflexões circularam em torno do quanto as condições de trabalho das
pessoas são influenciadas pela sua capacidade de confiarem umas nas outras: de terem
Capital Social.
O objetivo principal desse estudo é compreender as condições de trabalho e
ambientes ocupacionais nos frigoríficos estudados buscando observar se a confiança
interpessoal pode estar relacionada à precarização do trabalho e conhecer o perfil dos
indivíduos entrevistados.
1 Esse trabalho é um recorte do Trabalho de Conclusão de Curso da primeira autora, defendido em
agosto/2014 e orientado pelos demais autores. 2 Terapeuta ocupacional, CAPS Estação das Flores - Portão/RS. E-mail: cintiavvs@gmail.com 3 Terapeuta ocupacional, mestre em Engenharia Elétrica, professor do curso de Terapia Ocupacional da
Universidade Federal de Pelotas / UFPEL. E-mail: elcioalteris@hotmail.com 4 Cientista social, doutora em Ciência Política, professora do Departamento de Sociologia e Política e do
Programa de Pós-Graduação em Ciência Política (PPGCPol) da Universidade Federal de Pelotas /
UFPEL. E-mail: bipolitica@hotmail.com
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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Esse trabalho utilizou dados de uma pesquisa quantitativa do tipo survey
aplicada entre junho e julho de 2014. Teve como população alvo trabalhadores de 4
frigoríficos da cidade de Pelotas/RS, atingindo 46 entrevistados.
O instrumento estruturado utilizado na pesquisa desse trabalho foi elaborado
com perguntas abertas e fechadas. Para fundamentar as questões de perfil e confiança
interpessoal utilizamos os materiais de Santos et al. (2008) e Baquero (2007). Para a
elaboração dos questionamentos acerca da qualidade de vida no trabalho, condições de
trabalho e precarização do trabalho, foram analisados o Modelo de Westley e o de
Walton (FERRO, 2012) e os Indicadores de Precarização do Trabalho (FRANCO, DRUCK e
SELIGMANN-SILVA, 2010).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O perfil dos trabalhadores entrevistados, conforme os dados obtidos, é de que
são trabalhadores (91,3%), do sexo masculino (67,4%), com idade de até 40 anos
(73,9%), exercem funções mecânico-braçais (65,2%), com uma remuneração de um até
dois salários mínimos por mês (67,4%), não completaram o ensino fundamental (45,7%);
são naturais (80,4%) e residentes (97,8%) de Pelotas, passaram 100% da vida em Pelotas
(69%), com dificuldade para acessar os serviços de saúde (25%) e justiça (18,7%). Esses
dados revelam uma população com situações de vulnerabilidade social como baixo
índice escolar e renda mínima.
80,4%
19,6%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
Não se pode confiar naspessoas
Se pode confiar nas pessoas
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Figura 4 – Gráfico de confiança interpessoal. Pelotas, RS, 2014 (n=46)
Fonte: A autora.
Conforme a Figura 1, os entrevistados possuem um nível de confiança
interpessoal baixo (80,4%). Também relatam que não produzem ações de cooperação
para resolução de problemas locais (80,4%), não participam de grupos ou associações
(80,4%) com estabelecimento de relações verticais (somente dentro da família) (80,4%).
Quando questionados de quem receberiam ajuda numa situação de emergência,
80,4% dos entrevistados responderam que seria de seus familiares. Aqui pontuamos a
questão dos vínculos verticais que permeiam uma sociedade com baixos índices de
capital social. A confiança se estabelece apenas dentro do círculo familiar e, estabelecer
laços fora disso, construindo relações horizontais, é muito difícil.
Conforme Santos e Baquero,
[…] quanto maior for a capacidade dos cidadãos confiarem uns nos outros, para além de seus familiares, assim como quanto maior e mais rica for o número de possibilidades associativas numa sociedade, maior será o volume de capital social (SANTOS; BAQUERO, 2007, p. 226).
Nas sociedades com baixos índices de capital social o tecido social é fraco, não
há articulação para atingir as demandas da população bem como há pouca aderência às
políticas públicas implementadas pelo governo (SANTOS et al., 2008). Ora, se o indivíduo
não consegue estabelecer laços além da família, ele não vai se articular com outras
pessoas, não participará de conselhos e assembléias, e não terá voz para demandar,
nem ouvidos para inteirar-se dos repasses para os setores públicos.
Esse quadro seria diferente se o índice de capital social fosse alto? Os
trabalhadores teriam voz para angariar suas demandas? A revisão de bibliografia nos
trouxe que sim, que organizados, articulados e com um tecido social forte, a população
alcança um tom de voz em que é percebida (PASE, 2010; SANTOS ET AL., 2008; SANTOS
e BAQUERO, 2007).
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O acidente de trabalho, no contexto pesquisado, é comum, 63% já presenciaram
com colegas e 72,4% foi na empresa atual; a média de acidentes presenciados foi de
5,52, e dos acidentes presenciados, 5,9% foram com óbito.
Figura 5 – Gráfico de acidentes de trabalho sofridos durante todo o percurso
ocupacional. - Pelotas, RS, 2014 (n=46) Fonte: A autora.
Conforme a Figura 2, 41,3% dos trabalhadores já sofreu acidente de trabalho. A
média foi de 2,47% e, dos acidentes sofridos, 68,4% foram na empresa atual. Esses
números falam da precarização do trabalho nos ambientes estudados. O índice de
acidentes de trabalho é alto, o índice na empresa atual também, e os trabalhadores
continuam se expondo nesse emprego com alta periculosidade. Marx (19--?) fala dessa
dependência do trabalhador ao capital. Ele precisa que o capital disponha dele.
O sistema do salário, substituindo as diversas formas de trabalhos forçados, aliviou o capitalista da manutenção dos produtores. O escravo tinha assegurada a sua alimentação quotidiana, quer fosse obrigado a trabalhar quer não; o assalariado não pode comprar a sua senão com a condição de que o capitalista necessite do seu trabalho (MARX, 19 --?, p.11).
Dos entrevistados 59% trabalham 8 horas por dia - a jornada máxima permitida
por lei (BRASIL, 2014) – e 22% trabalham mais do que isso.
Os trabalhadores não participam das decisões da empresa (69,6%), trabalham
em lugares com cheiro (47,8%), com barulho (78,3%), e com temperaturas frias (60,9%).
41,3%
58,7%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
Sim Não
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entendemos que a falta de capital social pode impulsionar processos de
precarização de trabalho. Individualizados numa ótica de relações verticais, os
trabalhadores se automatizam nas suas ações.
É importante pensar em fomento para a criação de capital social, de confiança
interpessoal, de relações horizontais entre os indivíduos, bem como políticas públicas
de empoderamento e cidadania. Este é um desafio. Estimular a produção de capital
social não é só uma mudança de comportamento, mas uma mudança de modo de vida
e de pensamento na cultura atual. Porém, uma mudança emergente, que visa o início
do esboço de uma sociedade mais justa e mais igualitária. Não basta questionar as ações
governamentais, é necessário aderir às políticas, é preciso fazer voz nos conselhos
municipais; é imperativo que todos exerçam seus papéis de cidadãos, em todas as
instâncias e em todos os contextos.
Aos terapeutas ocupacionais, esperamos que assumam também essa tarefa.
Precisamos reabilitar os membros das pessoas, fazê-las movimentar, readquirir aquele
movimento que foi desarticulado, mas não de braços ou pernas, e sim de seus membros
de cidadania.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAQUERO, Marcelo. Democracia e Desigualdades na América Latina. Porto Alegre: UFRGS, 2007. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações adotadas. Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2014. Disponível em <http://bd.camara.gov.br/bd/handle/bdcamara/17519> Acesso em 13/06/2014 06:34. FERRO, Fernanda Fernandes. Instrumentos para medir a qualidade de vida no trabalho e a ESF: uma revisão de literatura. Trabalho de conclusão de curso (Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família), UFMG, Belo Horizonte, 2012. FRANCO, Tânia; DRUCK, Graça; SELIGMANN-SILVA, Edith. As novas relações de trabalho, o desgaste mental do trabalhador e os transtornos mentais no trabalho precarizado. Rev. bras. saúde ocup. [online]. 2010, vol.35, n.122, pp. 229-248. ISSN 0303-7657. MARX, Karl. O capital. Rio de Janeiro: Ediouro, [19 --?].
PASE, Hemerson Luiz. Capital social e empoderamento. In: Rosangela Schulz. (Org.). Ensaios de
sociologia e política. Pelotas: Editora da UFPel, 2010, v. , p. 111-132.
PUTNAM, Robert. Comunidade e Democracia. A experiência da Itália moderna. Rio de Janeiro:
FGV, 2005.
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SANTOS, Everton Rodrigo; PEDDE, Valdir; VISCARRA, Simone; SILVA, Cíntia Viviane Ventura da. Democracia e Capital Social no Rio Grande do Sul. Revista Política & Sociedade. Florianópolis, 7 (13): 330-359, 2008. SANTOS, Everton Rodrigo; BAQUERO, Marcello. Democracia e Capital Social na América Latina: Uma Análise Comparativa. Revista de Sociologia e Política, v. 28, p. 221-234, 2007.
Palavras-chave: Acidentes de trabalho; saúde do trabalhador.
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FAZENDO ARTE COM O CORPO: RESSONÂNCIAS DE ABORDAGENS
CORPORAIS EXPRESSIVAS NO COTIDIANO DE MORADORES DE UM
SERVIÇO RESIDENCIAL TERAPÊUTICO QUEIROZ, RENATA BRANDLE MORATO1; LIBERMAN, FLÁVIA2
Universidade Federal de São Paulo-Baixada Santista
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
A transformação da saúde mental no Brasil inicialmente foi inspirada na Reforma
Democrática Italiana, e assim vem construindo equipamentos de atenção a pessoas com
transtornos psíquicos localizados no território. Atualmente existem leis e portarias que
constituem a Rede de Atenção Psicossocial - RAPS (BRASIL, 2011). Os Serviços
Residenciais Terapêuticos (SRTs), vinculados aos Centros de Atenção Psicossocial
(CAPS), fazem parte da RAPS e são dispositivos estratégicos no processo de
Desinstitucionalização, sendo voltados a pessoas com transtornos mentais egressas de
longas internações em hospitais psiquiátricos e/ou hospitais de custódia, as quais não
possuem mais vínculos familiares e sociais. Costumam morar 08 pessoas em cada
residência, sendo que o caráter fundamental do SRT “é ser um espaço de moradia que
garanta o convívio social, a reabilitação psicossocial e o resgate de cidadania do sujeito,
promovendo os laços afetivos, a reinserção no espaço da cidade e a reconstrução das
referências familiares” (BRASIL, 2011). Em sua trajetória profissional por serviços que
acolhem pessoas com sofrimento psíquico, a pesquisadora e terapeuta ocupacional,
mobilizou-se com a carência da oferta de abordagens artísticas e expressivas, notando
uma baixa visibilidade por parte de gestores e equipes para atividades de arte e cultura
de uma forma geral, algo também sugerido no estudo de Galvanese; Nascimento;
D’Oliveira (2013).
1 Mestranda do Programa Interdisciplinar em Ciências da Saúde da UNIFESP-Baixada Santista. e-mail: renatabmq@gmail.com 2 Doutora pelo Núcleo de Estudos da Subjetividade no Programa de Psicologia Clínica da PUC-SP.
Docente do Curso de terapia ocupacional e do Mestrado profissional em Ensino em Ciências da Saúde
do Programa Interdisciplinar em Ciências da Saúde da UNIFESP-Baixada Santista. E-mail:
toflavia.liberman@gmail.com
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O objetivo desta pesquisa, a qual encontra-se em andamento, é compreender as
ressonâncias e desdobramentos de uma oficina de percussão oferecida por um
programa da comunidade sobre o cotidiano de moradores de um SRT. A hipótese é que
a inserção dos moradores em tal atividade enriquecerá seu cotidiano, trazendo novos
repertórios de ações práticas, aumentando sua qualidade de saúde mental e ampliando
suas relações interpessoais e as trocas com a comunidade.
PROCEDIMENTOS METOLÓGICOS
Trata-se de uma pesquisa-intervenção, de caráter qualitativo e perspectiva
cartográfica. O estudo tem buscado envolver entre dois e quatro moradores da
residência terapêutica, os quais têm sido convidados a participar da abordagem artística
mencionada por aproximadamente 03 meses, acompanhados pela pesquisadora que
participa junto com eles. Dentre os instrumentos de coleta de dados destacam-se:
observação participante [nos trajetos da residência até o local da oficina e vice-versa,
durante a prática de percussão em si e em outros pedaços do dia-a-dia dos moradores];
diários de campo [registros escritos (narrativas, poesias), visuais (fotografias, colagens,
desenhos, mapas), audiovisuais e em outras linguagens da observação participante];
caderno coletivo onde os participantes terão a possibilidade de registrar, por meio de
diferentes linguagens, suas impressões e sensações obtidas com as práticas vivenciadas;
pesquisa documental com base nos prontuários do CAPS dos integrantes da pesquisa e
possíveis diálogos com seus técnicos de referência. A análise do trabalho cartográfico
será feita com base na reflexão da pesquisadora mobilizada pelas fontes utilizadas.
Serão sistematizadas temáticas relevantes emersas dos materiais coletados, que
enunciarão categorias de análise. Nos casos de pesquisa documental será feita uma
análise de conteúdo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Até agora, podemos observar que o morador do SRT que tem frequentado
assiduamente as oficinas de percussão do bairro está intensificando a convivência com
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os demais participantes da oficina, ampliando os encontros para além dos dias de
percussão, envolvendo-se em outros eventos desdobrados dos laços que está
construindo com estes integrantes. Isto indica uma ressonância afetiva mútua. Assim,
temos a intenção de invocar os corpos enquanto potências de afetar e ser afetados, aos
quais Espinosa já se referia, segundo Uno (2010, p.40). Além disto, o morador em
questão efetivamente tem circulado mais pela cidade e pelo entorno do bairro,
realizando trajetos de ônibus e à pé, devido às saídas semanais para a oficina de
percussão e outras atividades subsequentes.
A presença da pesquisadora enquanto acompanhante deste morador durante as
oficinas tem o valorizado como participante: inicialmente facilitou a aproximação dele
com os demais, de modo que atualmente esta ponte não está mais sendo necessária.
Outro aspecto significativo é a expressividade deste integrante: nas oficinas tem sido
planejado o enredo para o Carvanal de 2017, pois eles realizarão um desfile por uma
região da cidade de São Paulo, e os participantes estão sendo incentivados a produzir
letras e ritmos, atividade com a qual o sujeito da pesquisa está se mobilizando cada vez
mais. Portanto, cabe aqui destacar que “as atividades de arte e cultura no território, ao
favorecerem transformações de padrões de convivência com a diferença, são também
produtoras de fatos de cultura” (LIMA, 2007 apud GALVANESE; NASCIMENTO;
D’OLIVEIRA, 2013).
Podemos notar que este trabalho de campo vem auxiliando a construir
concretamente o que a portaria/GM 3.090 (BRASIL, 2011) coloca como caráter
fundamental de uma residência terapêutica, trazido na introdução deste resumo.
Apesar da parte prática deste trabalho de campo ainda estar se iniciando
(faltam mais de dois meses para seu encerramento), alguns desafios já estão sendo
enfrentados. Há uma percepção da complexidade que envolve tirar os moradores de
seus muros-residências para circular pela parte de fora. Haja vista que até o momento
três moradores foram inicialmente convidados e incentivados a fazer parte da pesquisa,
e apenas um tem saído todas as vezes. Observamos estar lidando com corpos
institucionalizados, desacostumados ou desautorizados a sair, cheios de receios e
resistências. Por outro lado, valorizamos a implicação da gestão do SRT com este estudo,
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que tem realizado esforços para estimular que os moradores experimentem estas saídas
e imersões na oficina de percussão, atuando como elo fundamental para a efetivação
da pesquisa, legitimando seu valor.
Em contraponto aos dois moradores que ainda não conseguiram sair e se arriscar
nestas atividades, há um quarto morador que tem solicitado insistentemente para ir
conosco às oficinas, razão pela qual estamos decidindo integrá-lo ao estudo. Esta atitude
também aponta para uma maior aproximação inclusive entre os próprios moradores da
residência terapêutica (aumento de trocas entre eles).
As conquistas deste trabalho até o momento retomam as artes enquanto
veículos mediadores do contato com a realidade e que facilitam a elaboração dos
acontecimentos, configurando-se enquanto ferramentas que permitem o
“estabelecimento de vínculos e a ‘materialização’ dos conteúdos emocionais,
sentimentos e desejos e a efetivação de processos de expressão, conhecimento de si,
do outro e do mundo”, de acordo com o que Liberman (2002) aponta.
Além dos resultados parciais descritos, entre os resultados esperados
retomamos a confirmação da hipótese (apresentada neste resumo junto com os
objetivos), e também acredita-se contribuir para a ampliação da visibilidade e do
reconhecimento de práticas corporais criativas dentro do mundo acadêmico e pelos
gestores e profissionais de saúde mental, através da divulgação desta experiência em
diferentes espaços. Tem-se ciência de que diversos desafios ainda cruzarão e
percorrerão os mapas desta cartografia expressiva.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme a discussão e os resultados atingidos até agora (com
aproximadamente um terço do trabalho de campo decorrido), verificamos que algumas
hipóteses já estão sendo confirmadas: a ampliação das relações interpessoais do
integrante que tem frequentado assiduamente as oficinas de percussão com pessoas
fora e dentro da residência terapêutica, tal qual o aumento de sua circulação pelo bairro
e cidade. Outro fator que começa a ter destaque é a possibilidade de divulgação desta
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experiência de pesquisa em espaços científicos, contribuindo para a visibilidade de
abordagens expressivas corporais no contexto da atenção à saúde mental.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, MINISTÁRIO DA SAÚDE. Portaria/GM nº 3.088. Sobre a Rede de Atenção Psicossocial. Dezembro 2011. BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria/GM nº 3.090. Sobre os Serviços Residenciais Terapêuticos. Dezembro 2011. GALVANESE, A.T.C.; NASCIMENTO, A.F.; D’OLIVEIRA, A.F.P.L. Arte, cultura e cuidado nos centros de atenção psicossocial. Rev. Saúde Pública [online], vol.47, n.2, p.360-367, 2013. LIBERMAN, F. Trabalho corporal, música, teatro e dança em Terapia Ocupacional: clínica e formação. Cadernos - Terapia Ocupacional: Produção de conhecimento e responsabilidade Social. Centro Universitário São Camilo. São Paulo, v.8, n.3, p.39-43, jul/set. 2002. UNO, K. Corpo-gênese ou tempo-catástrofe: em torno de Tanaka Min, de Hiikata e de Artaud. Cadernos de subjetividade, vol.12, p.37-46. PUC-SP, 2010.
Palavras-chave: serviços comunitários de saúde mental, arte, apoio social.
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COMUNIDADE DE PRÁTICA DE TERAPEUTAS OCUPACIONAIS DE SÃO
CARLOS: TRAJETÓRIA DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA PEREIRA, ANA JÚLIA ARNONI THOMAZ1; MARCOLINO, TAÍS QUEVEDO2
Universidade Federal de São Carlos
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
Para Donald Schön (2000), durante o processo de aprendizagem, as experiências
vivenciadas, sejam elas positivas ou negativas, podem gerar uma resposta à ação, seja
por meio da banalização desta, ou por meio da reflexão, tendo esse transcurso duas
formas: (a) refletir sobre a ação, examinando retrospectivamente o ocorrido, e
analisando se a ação momentânea pode ter contribuído para o resultado, e-ou (b)
refletir durante a ação, sem interrupções, chamando esse processo de reflexão-na-ação,
que caracteriza um modo de pensar que pode possibilitar novos formatos ao que está
ocorrendo no momento da ação.
Schön (2000), argumenta que, a partir da observação das práticas profissionais,
a conversa reflexiva que ocorre durante a ação junto com outros participantes ou
colegas é o centro da reflexão sobre a prática, e que essas conversas reflexivas podem
colaborar e contribuir para tomada de decisões, compreensão e troca de conhecimento
e experiências. A reflexão decorre afiliada ao modo de como se lida com os problemas
na prática, estando aberto a novas possibilidades e hipóteses, viabilizando novos
caminhos, chegando então a diferentes soluções.
Nesta direção, elegemos o referencial da Comunidade de Prática e Identidade
(CoP), de Ethiènne Wenger (1998), segundo o qual a aprendizagem é considerada
resultado da negociação de significados entre pessoas engajadas em um
empreendimento comum.
1 Estudante do curso de Graduação de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos, São
Carlos, SP-Brasil. Email: anajuliaarnoni@gmail.com 2 Docente do Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP- Brasil. Email: taisquevedo@gmail.com
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Wenger (1998) apresenta a teorização do termo que define comunidades de
prática como grupos de pessoas que possuem um interessem comum e através da
interação desenvolvem maneiras de se fazer, compreender mais sobre este, engajando-
se em um processo de aprendizagem coletiva em uma área do conhecimento humano.
Essa aprendizagem possui uma abordagem dinâmica, onde o processo de
desenvolvimento se caracteriza por diferentes níveis de interação entre seus membros,
nos diferentes tipos de abordagem que desempenham.
A pesquisa em andamento
Trata-se de um projeto em andamento, cujo delineamento teórico-metodológico
sustenta processos de aprendizagem colaborativa, desenvolvimento profissional,
melhoria das ações de cuidado em Terapia Ocupacional, construção de conhecimento,
além de articular pesquisa-ensino-extensão (foram desenvolvidos até o momento 5
projetos de iniciação científica e um trabalho de conclusão de curso).
Participam dessa pesquisa-ação 6 terapeutas ocupacionais da rede pública de
saúde do município de São Carlos; a pesquisadora, orientadora deste projeto de
iniciação científica, como coordenadora da CoP; e estudantes de graduação bolsistas de
extensão e/ou iniciação científica.
A CoP, em questão, está ativa desde 2013, e até o presente momento foram
realizados 18 encontros presenciais, gravados em áudio e transcritos, a partir dos quais
se elabora a crônica do grupo para garantir a continuidade da aprendizagem e a análise
temática colaborativa (MARCOLINO; REALI, 2016), além outras atividades voltadas para
a reflexão da prática (entrevistas reflexivas, narrativas sobre a prática).
Este projeto foi desenvolvido em etapas temáticas, construídas
processualmente, a partir das necessidades identificadas pelas participantes.
A primeira etapa (2013 - 8 primeiros encontros presenciais) abarcou a
identificação dos principais dilemas e dificuldades das profissionais, suas expectativas
para o trabalho na CoP, e a definição do empreendimento que seria compartilhado:
identificar e nomear os procedimentos específicos em terapia ocupacional no contexto
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da atenção básica em saúde, com foco nas ações de saúde mental (FANTINATTI, 2014;
MARCOLINO; FANTINATTI, 2016; TAKAYAMA, 2014).
A segunda etapa (2014-2015 - 8 encontros presenciais) esteve voltada para a
identificação de aspectos do processo de identificação de necessidades dos sujeitos-alvo
das intervenções em terapia ocupacional, bem como do processo de raciocínio
diagnóstico (ULRICH, 2015).
A terceira etapa teve início em 2016, focada na produção de três instrumentos
para identificação de necessidades dos sujeitos-alvo das intervenções em terapia
ocupacional, sendo (a) um para a coleta de informações com o sujeito-alvo; (b) um
instrumento para o mapeamento do raciocínio diagnóstico em terapia ocupacional com
as informações provenientes do sujeito e de seu contexto; e (c) um instrumento para o
mapeamento do raciocínio diagnóstico para a análise das informações provenientes
da(o) terapeuta ocupacional.
O objetivo deste trabalho é apresentar as principais temáticas trabalhadas na
CoP até o momento.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Os dados utilizados para este trabalho foram as transcrições e as crônicas
(MARCOLINO; REALI, 2016) dos 18 encontros presenciais para a construção de uma linha
do tempo (MARCOLINO, REALI, 2012).
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos
da Universidade Federal de São Carlos sob parecer no. 22.028.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os principais resultados, decorrentes de análises temáticas dos 18 encontros
transcritos e do processo de desenvolvimento, evidenciaram (a) as expectativas e o
impacto da CoP como espaço de fomento à reflexividade, identificação de dilemas da
prática e suporte afetivo; (b) dilemas e dificuldades da prática em TO na ABS (em
especial, de nomear ações profissionais específicas) e estratégias de enfrentamento; (c)
delineamento sobre o processo de identificação de necessidades e construção do
raciocínio diagnóstico e elaboração de instrumentos para essas finalidades; (d)
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construção de instrumentos de avaliação para identificação de necessidades dos
sujeitos-alvo das intervenções em terapia ocupacional.
Tais temáticas mostram-se sensíveis à prática profissional em terapia
ocupacional no cenário da ABS, ao possibilitar às profissionais identificarem um dilema
importante como a fragilidade na identidade profissional e procedimentos específicos e,
principalmente, construir estratégias de enfrentamento que levaram à reflexão de
aspectos de suas práticas e à construção conjunta de instrumentos específicos em busca
de uma linguagem própria e de maior visibilidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esperamos que este trabalho potencialize trocas de experiências sobre
metodologias de pesquisa sensíveis à realidade complexa da prática profissional, além
da discussão dos resultados no que tange a terapia ocupacional no diálogo com a ABS e
a saúde mental.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FANTINATTI, E.N. Comunidade de Prática em Terapia Ocupacional: Impacto na aprendizagem colaborativa para o cuidado em saúde mental. Relatório Final de Iniciação Científica. São Carlos: UFSCar, 2014. MARCOLINO, T. Q.; FANTINATTI, E. N.; FORNERETO-GOZZI, A. P. N. Comunidade de Prática como Educação Permanente em Saúde: expectativas e impactos da participação de terapeutas ocupacionais. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar (no prelo). MARCOLINO, T. Q.; REALI, A. M. M. R.. Rotas dissonantes e comunidade profissional: pistas para promover a aprendizagem colaborativa. In: Reali AMMR (Org.). Desenvolvimento profissional da docência: teorias e práticas. São Carlos: EdUFSCar; 2012. p. 281-98. MARCOLINO, T. Q.; REALI, A. M. M. R. Crônicas do grupo: ferramenta para análise colaborativa e melhoria da reflexão na pesquisa-ação. Interface (Botucatu) [online]. 2016, vol.20, n.56, pp.65-76. Epub Nov 13, 2015. ISSN 1414-3283. MINAYO, M. C. S. O Desafio do Conhecimento: Pesquisa Qualitativa em Saúde. São Paulo: Hucitec/Rio de Janeiro: Abrasco, 2010. 269 p., bibliografia. SCHÖN. D. Educando o profissional reflexivo. Porto Alegre: Artmed, 2000. TAKAYAMA, G.M. Dilemas e dificuldades de terapeutas ocupacionais que trabalham com o cuidado em saúde mental na atenção básica em saúde: uma perspectiva a partir da inserção em uma comunidade de prática. Monografia. São Carlos: UFSCar, 2014. ULRICH, N. M. Raciocínio diagnóstico em terapia ocupacional em saúde mental na Atenção Básica em Saúde: construções em uma Comunidade de Prática. Relatório Final de Iniciação Científica. São Carlos: UFSCar, 2015. WENGER, E. Communities of practice learning, meaning and identity. Cambridge: Cambridge University Press, 1998.
Palavras-chave: Terapia Ocupacional; Prática Profissional; Processo de aprendizagem.
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A RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL: PROCESSO TEÓRICO-PRÁTICO E
SUAS DIFERENTES PERCEPÇÕES LOURENÇO, MARIANE CRISTINA1; BALDESSIM, ADRIELE2; HERNANDES, JULIANA3 Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP; Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira.
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
A Lei 8080/1990 dispõe sobre as normas gerais do modo de operação do Sistema
Único de Saúde (SUS), constituindo-se enquanto rede de cuidado à saúde, com
financiamento e recursos públicos (BRASIL, 1990). A Reforma Sanitária, no encontro com
a Reforma Psiquiátrica traz à tona a produção de vida, sustentada pela formação do
trabalhador e da participação dos familiares e usuários nos processos de cuidado e
adoecimento (ARANHA E SILVA; FONSECA, 2005).
É necessidade constante a formação de profissionais capacitados e qualificados
para a atuação nos serviços da rede do SUS. A formação profissional em serviço é uma
ferramenta potente que necessita de investimentos e estudos aprofundados. Para
Batista e Gonçalves (2011), há uma necessidade constante de investimento na formação
e educação permanente dos profissionais que atuam no SUS, objetivando ressignificar
suas atuações para garantir um cuidado humanizado e integral aos sujeitos (BATISTA;
GONÇALVES, 2011).
As Residências Multiprofissionais em Saúde (RMS) vêm ao encontro dessa
necessidade. De acordo com a resolução n° 2 da Comissão Nacional de Residência
Multiprofissional de Saúde, as RMS:
[...] constituem programas de integração ensino-serviço-comunidade, desenvolvidos por intermédio de parcerias dos programas com os gestores, trabalhadores e usuários, visando favorecer a inserção
1 Terapeuta Ocupacional residente em Saúde Mental e Coletiva na Universidade Estadual de Campinas –UNICAMP. marianec.lourenco@gmail.com 2 Psicóloga, especialista em Saúde Mental e Coletiva, profissional contratada pela Instituição Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira. adriele_baldessim@hotmail.com 3 Terapeuta Ocupacional, especialista em Psicodrama, profissional contratada pela Instituição Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira. julianahernandesto@gmail.com
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qualificada de profissionais da saúde no mercado de trabalho [...] (BRASIL, 2012 p. 1) .
A lei nº 11.129, de 2005, cria Residência em Área Profissional da Saúde e institui
a Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde, dando início ao processo
de regulamentação da Residência Multiprofissional em Saúde (BRASIL, 2006).
A Residência Multiprofissional em Saúde Mental e Coletiva da UNICAMP iniciou
sua primeira turma em 2013. De acordo com Onocko-Campos, Emerich e Ricci (2016), o
município de Campinas destaca-se pela disponibilidade em receber e formar estudantes
da saúde, mantendo um alinhamento ético-político com as Reformas Sanitária e
Psiquiátrica brasileira (ONOCKO-CAMPOS; EMERICH; RICCI 2016).
A rede de Saúde Mental de Campinas com equipes de saúde mental na Atenção
Básica e no Consultório na Rua; CAPS III, AD e infanto-juvenis; Centros de Convivência;
Oficinas de Trabalho e Geração de Renda; Serviços Residenciais Terapêuticos; leitos
psiquiátricos em Hospital Geral e Núcleo de Retaguarda.
O residente, ao longo de dois anos, exerce sua prática nos serviços acima
listados. Neste período, o residente é acompanhado pela figura de um preceptor. De
acordo com a resolução n° 2 da Comissão Nacional de Residência Multiprofissional de
Saúde, o preceptor tem a função de supervisionar as atividades realizadas pelo residente
no serviço onde o mesmo está inserido devendo, necessariamente, ser da mesma área
profissional do residente (BRASIL, 2012). Desta forma, a Residência propõe uma
formação integral do profissional a partir de sua inserção e imersão na rede de
Campinas, garantindo o aprendizado pela prática.
Frente à discussão apresentada, o presente trabalho tem por objetivo refletir o
processo formativo a partir da experiência da inserção do residente em um CAPS
infanto-juvenil da região Sudoeste de Campinas, bem como apresentar diferentes visões
desta inserção.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Serão apresentadas três experiências referentes à inserção do residente neste
serviço: a visão do próprio residente, enquanto pessoa em processo de formação
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inserido em uma equipe multiprofissional; a visão do preceptor, enquanto sujeito
responsável pela facilitação do processo de inserção do residente e da relação do
mesmo para com a equipe; e a visão de uma ex-residente que atualmente é funcionária
deste serviço.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A residência multiprofissional assegura ao residente um campo de inúmeras
práticas e experiências, promovendo, ainda, reflexão e crítica. Observa-se, em uma
relaçao dialética, a existência de um rico espaço de troca entre as reflexões do residente
e o papel do campo de formação. As figuras 1, 2 e 3 contêm narrativas referentes à
inserção do residente no serviço outrora mencionado.
Figura 1: Narrativa 1 – A Percepção do Residente
Figura 2: Narrativa 2 – A Percepção do ex-residente, atual profissional no serviço em
questão
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Figura 3: Narrativa 3 – A Percepção do preceptor
Pode-se notar o importante papel da militância para com um SUS construído
enquanto compromisso ético e cujo sentido se dá na prática clínica. Como trabalhadores
deste CAPSij, que é ponto essencial da RAPS, percebemos como este modo de
organização em rede de cuidado é passível de retroceder. Dentro do que nos parece ser
uma ameaça clara de desmonte, cabe esclarecer os balizadores que sustentam esta
forma de organização em saúde.
Sabe-se que a RAPS é instituida a partir da portaria 3088 de 2011, tendo por
finalidade criar, ampliar e articular pontos de atenção à saúde para pessoas com
sofrimento ou transtorno mental e com necessidades advindas do uso de crack, alcool
e outras drogas (BRASIL, 2011).
A portaria, ainda muito recente, precisa de mais elementos e investimentos para
que sua consolidação seja possível. Pensando na importância da formação para o SUS,
a figura do residente é uma saída possível para a capacitacão dos profissionais que
ocupam seus postos de trabalho em seu dia-a-dia.
CONCLUSÃO OU CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluimos que a função do residente, alimentanda pelos balizamentos de seu
preceptor, é uma importante forma de fazer valer o sentido formativo existente na
solidificação das políticas públicas de saúde de nosso país. Preocupa-nos o panorâma
atual que em nada favorece a continuidade da construção deste modelo de cuidado.
Observamos, e nos preocupamos, enquanto trabalhadores de um serviço alocado
dentro do RAPS e do SUS, o modo como o modelo neoliberal está engendrado no
discurso midiático hegemônico. E, portanto, este relato é também uma bandeira de luta
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que visa, não só falar sobre a formação do residente, mas sim, apontar a necessidade
de consolidar o SUS, como posto neste texto – dever do Estado e direito social –
demonstrando também uma forte necessidade em problematizar os riscos eminentes
às políticas públicas brasileiras.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARANHA E SILVA. A. L; FONSECA, R. M. G. S. da. Processo de trabalho em saúde mental e o campo psicossocial. Rev Latino-am Enfermagem. v. 13. n. 3. p. 441 – 449. maio-junho. 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v13n3/v13n3a20.pdf Acesso em: Setembro de 2016. BATISTA, K.B.C.; GONÇALVES,O.S.J. Formação dos Profissionais de Saúde para o SUS: significado e cuidado. Saúde Soc. São Paulo v.20 n.4 p.884-899. 2011. BRASIL, Ministério da Saúde. LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: setembro de 2016. BRASIL, Ministério da Saúde. Residência Multiprofissional em Saúde: experiências, avanços e desafios. Brasília, DF, 2006. BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria n°3.088, de 23 de Dezembro de 2011. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt3088_23_12_2011_rep.html Acesso em: setembro de 2016. BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria da Educação Superior e Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde. Resolução nº 2, de 13 de abril de 2012. Dispõem sobre Diretrizes Gerais para os Programas de Residência Multiprofissional e em Profissional da Saúde. Brasília, DF, 2012. ONOCKO-CAMPOS,R.; EMERICH,B.F.; RICCI,E.C. Documento de Orientação aos Preceptores do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Mental da UNICAMP. Acesso Interno. Documento elaborado em: fevereiro de 2016.
Palavras-chave: Formação em serviço; Sistema Único de Saúde; Saúde Mental
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O DESAFIO DO TRABALHO INTERSETORIAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM
SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA SANTOS, JAMILE FERREIRA DOS1; DEMONARI, LAYSLA GOMES2; GOZZI, ALANA DE
PAIVA NOGUEIRA FORNERETO3 Universidade Federal de São Carlos – UFSCar
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
O campo da saúde tem sido visto de maneira mais ampliada e influenciado por
múltiplas determinações, exigindo modificações nos serviços de saúde e visando a
integralidade no cuidado. Reposicionar os processos de trabalho aliada a construção de
uma rede de cuidados intersetorial, bem como a prática da interdisciplinaridade,
tornaram-se, premissas para compor práticas associadas a nova concepção (FERRO et
al., 2014).
A Estratégia de Saúde da Família (ESF) apresentou-se como um plano do governo
federal que visa reorientar o modelo assistencial em saúde. Visto que a ESF tem por base
de suas ações priorizar intervenções de promoção, prevenção e recuperação da saúde,
atuando diretamente com indivíduo e sua família na comunidade (FERRO et al., 2014).
A Portaria n. 2.488, de 21 de outubro de 2011 passou a determinar que as ações
da ESF devem reconhecer os diversos saberes e práticas na perspectiva de uma
conduta integral e deve-se apresentar interdisciplinar e intersetorialmente (FERRO et
al., 2014).
Realizando assim, ações interdisciplinares entre os membros das equipes,
promovendo integração entre os diversos setores sociais como, saúde, educação,
transporte, trabalho, entre outros, e convidando os serviços a planejar ações
construídas em conjunto, para fortalecer as intervenções em saúde, pois,
“intersetorialidade constitui uma concepção que deve informar uma nova maneira de
planejar, executar e controlar a prestação de serviços para garantir o acesso igual dos
desiguais” (JUNQUEIRA, 1999, p. 27).
1 Graduanda do 8 período, UFSCar, jamile.013@gmail.com 2 Graduanda do 10 período, UFSCar, laysladg@gmail.com 3 Profa. Assistente, Departamento de Terapia Ocupacional/ UFSCar, alanafornereto@gmail.com
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Assim, as intervenções e projetos tornam interdependentes os serviços e os
corresponsabilizam no que tange a efetivação do trabalho integral, concretizando assim,
a concepção de trabalho em rede (FERRO et al., 2014).
Este trabalho tem como objetivo debruçar-se sobre esta temática por meio de
relato de experiência, sob perspectiva de ações realizadas durante período de estágio
profissional do curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos
(UFSCar), em Saúde Mental em uma Unidade de Saúde da Família (USF) na cidade de
São Carlos – SP, e as possibilidades de ação neste contexto.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A metodologia deste trabalho se constitui em um relato de experiência, que
visa trazer as vivências das estagiárias de Terapia Ocupacional da UFSCar, que realizaram
a prática no campo da atenção básica com foco na saúde mental em uma USF nos meses
de fevereiro a junho de 2016.
O relato de experiência é uma abordagem que compreende os relatos como
funções específicas, e que possuem a intenção de transferir um recorte de dada
realidade para um contexto que interpreta cientificamente os dados considerados,
utilizando-os como ponto de partida para reconhecer esta realidade, com base no seu
processo (PÁDUA, 2005).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Diversos casos foram acompanhados pelas estagiárias. A forma como os casos
eram trazidos para a dupla de estagiárias foi também diversa: alguns eram trazidos em
reunião de equipe, outros encaminhados pelos profissionais de forma isolada, muitos
trazidos a partir da inquietação dos agentes comunitários de saúde. As intervenções
eram realizadas com o sujeito e abordando toda a família. As práticas realizavam-se com
atendimentos domiciliares, com atividades propostas, orientações e articulações com o
serviço e também com outros setores.
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As estagiárias contavam com supervisões semanais, que eram direcionadas de
acordo com relatórios feitos e com descrições completas das ações, além de realizar
discussões dos casos com a equipe e profissionais que tinham maior vínculo com os
usuários, na tentativa de trazer para o cuidado mais informações, orientando o
raciocínio clínico das estagiárias em Terapia Ocupacional.
Muitos casos apresentaram demandas para além da saúde, bem como prejuízos
de ordem social, cultural entre outros. A partir da prática supervisionada houve a
possibilidade de considerar o sujeito em sua totalidade, oferecendo suporte, e por vezes
até fornecendo o conhecimento de direitos que são básicos, porém, frequentemente
negados. Estas ações abarcavam todos os equipamentos disponíveis no município de
São Carlos, e também envolvia outros setores.
Assim, a presença do terapeuta ocupacional na equipe estimulou o trabalho
intersetorial, pois, o profissional encontrava-se atento para as demandas apresentadas
pelos usuários e desempenhava papel de articulador na oferta e organização do
cuidado.
Para alcançar resultados em saúde, os diferentes equipamentos devem se comunicar, dentro e fora do seu setor, criando uma rede de proteção aos usuários, [...] articulação entre os serviços, estruturada por meio de conexão próxima entre seus diversos profissionais, ações e projetos [...] (FERRO et al., 2014, p. 131).
Por decorrência da complexidade de alguns casos, era necessário manter
contato e realizar discussões regulares com o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) da
cidade, para que os dois serviços complementassem as ações realizadas com os
usuários. Também foi possível firmar parceria com o Hospital Universitário (HU) e,
depois, com o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) quando demandas de
ordem sociais foram identificadas, com Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), com
a Unidade Escola de Saúde (USE) da UFSCar e com Centro Municipal de Especialidades
(CEME).
A vivência proporcionada às estagiárias de um trabalho intersetorial trouxe
amadurecimento pessoal e profissional, onde foi possível estimular uma postura mais
ativa das estagiárias, assim como o raciocínio para planejar e executar as ações e
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discussões adequadas a cada serviço e momento. No que tange os usuários, as
intervenções realizadas buscavam ser o mais coesas possível, a partir do objetivo que os
atores envolvidos traçavam, com a finalidade de garantir assistência ao sujeito não
apenas pelos serviços de saúde, mas, sim por todos os equipamentos disponíveis no
território e na rede, realizando, assim, um cuidado mais integral.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A intersetorialidade demanda articulações entre os serviços e é uma ação
complexa dentro da saúde, trazendo inúmeros contratempos e reflexões. O desafio em
realizar intervenções que de fato apresentassem características intersetoriais se dá pelo
fato de, ainda, muitos serviços dentro da saúde ou não, apresentarem dificuldades com
este tipo de trabalho.
Segundo Santos e Cutolo (2004), realizar um trabalho neste formato, diz respeito
à associação e inter-relacionamento de diferentes campos de saber em que planejam e
realizam suas ações com múltiplos objetivos, de forma cooperativa.
A oportunidade de realizar um trabalho com ações intersetoriais buscando
efetividade dos casos, trouxe amadurecimento profissional para as estagiárias, visto que
proporcionou o desenvolvimento de habilidades para o trabalho em equipe, através das
constantes discussões com os demais profissionais da unidade e dos equipamentos
disponíveis na rede.
Apesar dos obstáculos encontrados, as estagiárias avaliaram o trabalho realizado
de forma positiva, no que se refere aos aspectos pessoais, tal como nas devolutivas
realizadas pelos profissionais da unidade e pelos usuários acompanhados durante o
estágio.
O relato dessa experiência visa estimular a construção de conhecimentos através
de uma perspectiva interacional, onde o diálogo entre os equipamentos disponíveis na
rede caracteriza-se como o fio condutor. Cria espaços onde as soluções são
compartilhadas entre os diversos setores e os respectivos profissionais, tendo como
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pano de fundo, o engajamento dos participantes em atividades que proporcionam a
efetivação das ações de cuidado ao usuário.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERRO, L. F.; SILVA, E. C. da; ZIMMERMANN, A. B.; et al.; Interdisciplinaridade e intersetorialidade na Estratégia Saúde da Família e no Núcleo de Apoio à Saúde da Família: potencialidades e desafios. O mundo da saúde, São Paulo, 2014; 38 (2): 129-138. GIOVANELLA, L.; MENDONÇA, M. H. M. Atenção primária à saúde. In: GIOVANELLA, L.; ESCOREL, S.; LOBATO, L. V. C.; NORONHA, J. C.; CARVALHO, A. L. Políticas e sistema de saúde no Brasil. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2008. p.575-625. JUNQUEIRA, L. A. P. Descentralização, intersetorialidade e rede como estratégias de gestão da cidade. Revista FEA-PUC-SP, São Paulo, v. 1, p. 57-72, nov. 1999. ______. Intersetorialidade, transetorialidade e redes sociais na saúde; Revista de Administração Pública 6 / 2000; Rio de Janeiro 34( 6 ) : 3 5- 45 , Nov. / Dez. 2000. NOORDHOEK, J. et al. Relato de experiência da atuação da terapia ocupacional em grupo de indivíduos reumáticos. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v. 20, n. 1, p. 13-19, jan./abr. 2009. PÁDUA, E. M. M. Metodologia da pesquisa abordagem teórico-prática. Editora Papirus. 2005. p. 39-86. SANTOS, M. A. M., CUTOLO, L. R. A. A interdisciplinaridade e o trabalho em equipe no Programa de Saúde da Família. Arq Catarinenses Medina. 2004;33(3):31-40.
Palavras-chave: Ação intersetorial; atenção primária à saúde; terapia ocupacional.
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QUANDO A REDE É O CENÁRIO: APRENDIZAGENS A PARTIR DE ESTÁGIO
PROFISSIONAL EM SAÚDE MENTAL
FARIAS, ALINE ZACCHI1; PEREIRA, ANA JULIA ARNONI TOMAS2; COSTA, LURIAN
ANDRADE RODRIGUES3; GOZZI, ALANA DE PAIVA NOGUEIRA FORNERETO4
Universidade Federal de São Carlos
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
O Estágio supervisionado na formação dos futuros profissionais tem como
característica ser um espaço integrado de teoria e prática no qual o aluno tem a
possibilidade de desenvolver habilidades profissionais e atuar em contextos próprios de
trabalhos futuros (PICONEZ, 2001). Neste caso, a formação profissional de saúde terá
enfoque especial.
Segundo Filho (2004) existe a necessidade de novas estratégias de formação
profissional em saúde, que acompanhem a mudança de paradigma - antes centrada na
doença e individualizada no sujeito, para um conceito de saúde ampliado e que
responda às demandas da comunidade e pautadas nas políticas públicas.
Para tanto, o mesmo autor aponta a necessidade do processo de formação e seus
espaços de prática possibilitarem o desenvolvimento de diversas habilidades como o
trabalho em equipe, a compreensão e domínio de atividades que envolvam as esferas
federais, estaduais e municipais de saúde, o conhecimento do sistema de saúde público,
o Sistema Único de Saúde (SUS) e privados, a qualificação e humanização dos
atendimentos aos usuários, entre outros (FILHO, 2004).
Segundo Ministério da Saúde, em2011, a Rede de saúde mental integrada,
articulada se torna efetiva nos diferentes pontos de atenção, atendendo as pessoas em
sofrimento e/ou com demandas decorrentes dos transtornos mentais e/ou do consumo
de álcool, crack e outras drogas, de modo que se adeque às necessidades do usuário e
1 Estudante do Curso de Terapia Ocupacional da UFSCar. Email: linezf10@gmail.com 2 Estudante do Curso de Terapia Ocupacional da UFscar. Email: anajuliaarnoni@gmail.com 3 Estudante do Curso de Terapia Ocupacional da UFSCar. Email: lurianrodrigues044@gmail.com 4 Docente da área de saúde mental adulto do Departamento de Terapia Ocupacional da UFSCar. Email:
alanafornereto@gmail.com
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familiares, atuando na perspectiva territorial conhecendo suas diversas dimensões. Esta
rede foi intitulada de Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).
A vivência de alunos de graduação em um dos componentes desta rede favorece
o aprendizado diversificado, que não se limita apenas ao conhecimento teórico de
condutas e procedimentos, mas permite o relacionamento com os usuários inseridos
em uma realidade própria, em seu caráter territorial e cultural, com uma grande
diversidade de necessidades e demandas, além disso, a educação com base na
interdisciplinaridade favorece à formação de profissionais mais comprometidos com a
realidade de saúde e com a sua transformação (ALMEIDA, et al, 2012).
Desta forma, o presente estudo traz o relato de experiência de um estágio
profissional de Terapia Ocupacional em Saúde Mental no município de São Carlos- SP
com a população adulta que está sendo construído de modo a proporcionar ao aluno
uma formação teórico-prática que possibilite a aproximação constante das práticas dos
serviços públicos de saúde, especificamente os que compõem a rede de saúde mental e
a atenção básica, fornecendo vivências de articulação e produção de ações a partir das
linhas de cuidado.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este relato foi realizado com cunho qualitativo através da análise documental
dos diários de campo e de relatórios produzidos pelas alunas envolvidas no processo de
formação em um estágio de saúde mental adulto em Terapia Ocupacional no município
de São Carlos- SP.
Tal opção possibilita, a partir das vivências dos sujeitos em determinado
ambiente, trazer conteúdo frente a descrição de pessoas, fatos ou situações o processo
de construção de conhecimento para o pesquisador por meio dos dados descritivos
apresentados e analisados a partir do registro deste instrumento- Diário de campo
(BOGDAN; BIKLEIN, 1994).
Para tanto, apontamentos e trechos dos diferentes diários de campo foram
levantados para compor a análise a partir de diferentes descrições e interpretações
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compartilhadas que contribuíssem para compreender e avaliar o processo de
articulação dentro do campo de estágio proposto.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
“Acompanhei o atendimento com a usuária R.- mãe de A caso apresentado em reunião de equipe do
serviço de saúde U” (Trecho de Relatório da aluna A - 16.09.2016)
Neste trecho é possível observar a articulação entre as equipes por meio dos
encontros de reunião de equipe dos serviços do município. A reunião de equipe consiste
em um importante espaço para possibilitar trocas de todos os técnicos e por promover
discussões que permitam a construção coletiva do projeto terapêutico do sujeito e ações
de organização coletiva das atividades em determinado serviço (VASCONCELLOS, 2016).
“Foi orientado o uso da medicação que será aplicada pela USF de seu território”(Trecho de Relatório da aluna A- 16.09.2016).
“Mudou-se recentemente para a micro área II, realizou tentativa de suicídio (mês de junho), com 30
comprimidos de amoxilina, recebeu atendimento na UPA, foi encaminhada para o CAPS e também para o CRAS” (Trecho de Relatório da aluna B- 06.09.2016)
Segundo BRASIL (2011) a articulação ocorre por meio também da integração dos
serviços de saúde ou de outras esferas do território visando qualificar o cuidado do
sujeito por meio do acolhimento e acompanhamento em todos equipamentos que o
mesmo possa transitar. Este desafio da intersetorialidade pode ser visto em muitas
ações disparadas pela USF e também na Unidade Saúde Escola (USE).
“Pegamos os prontuários referentes, pois como combinado iríamos realizar VD juntamente com K. e G. (alunos do segundo ano de medicina), que acompanham o caso de E., mais especificamente de
seu filho Gt, devido a suposto atraso do desenvolvimento” (Trecho de Relatório da aluna B- 06.09.2016)
Através de ações pensadas e realizadas em equipe como colocado acima é
possível vivenciar e contribuir para o cuidado do usuário em sua totalidade, uma vez que
as demandas se apresentam em múltiplas dimensões complexas necessitando da
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articulação entre vários campos e núcleos de saberes para a resolutividade dos casos
(SILVA;TRAD, 2005).
Durante o estágio, tem sido possível vivenciar ações de cuidado e articulação
conjuntas com estudantes de outros cursos como Medicina. Vemos nesta vivência
possibilidades de aprendizagem importantes, de construção da multidisciplinaridade e,
porque não, interdisciplinaridade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os espaços de práticas nos serviços de saúde permitem vivenciar possibilidades
e desafios na realidade que a consolidação do SUS se coloca. Neste relato de experiência
foi apresentada vivência das estagiárias que permeiam o encontro e estratégias de
efetivação para a articulação em rede de saúde mental, aspectos importantes para
futuras terapeutas ocupacionais, em quaisquer cenários de trabalho onde estiverem.
Aspectos como trabalho em equipe, articulações intersetoriais, discussões de
caso, interdisciplinaridade tem sido trabalhados em diferentes situações das práticas e
vivenciados nos diferentes cenários de inserção das estagiárias (USF e USE).
Um dos desafios que a implantação da RAPS nos mostra é a efetivação de
práticas que realmente sejam substitutivas, territoriais e cuidadoras. Espera-se que com
este relato seja possível provocar este debate e também refletir as práticas nos estágios
a partir deste referencial.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, F. C. M., et al. Avaliação da Inserção do Estudante na Unidade Básica de Saúde: Visão do Usuário. Rev. Bras. de Educação Médica. 33-36 (1, Supl. 1) : 33-39; 2012. BOGDAN, Robert; BIKLEIN, Sari. Investigação qualitativa em educação. Porto: Porto Editora, 1994. Brasil, Ministério da Saúde. Rede de Atenção Psicossocial. 2011. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 3088, de 23 de dezembro de 2011. Institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília: Gabinete do Ministro. Seção 1, p. 37-38, 2011.
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FILHO,A.A. Dilemas e desafios da formação profissional em saúde Rev. Interface - Comunic, Saúde, Educ, v8, n15, p.375-80, mar/ago 2004 PICONEZ, S. (Org.) A prática de ensino e o estágio supervisionado. Campinas: Papirus, 2001. SILVA, I. Z. Q. J.; TRAD, L. A. B. Team work in the PSF: investigating the technical articulation and interaction among professionals, Interface - Comunic., Saúde, Educ., v.9, n.16, p.25-38, set.2004/fev.2005. VASCONCELLOS, Vinicius Carvalho de. Trabalho em equipe na saúde mental: o desafio interdisciplinar em um CAPS. SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. (Ed. port.), Ribeirão Preto , v. 6, n. 1, p. 1-16, 2010 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-69762010000100015&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 21 set. 2016.
Palavras-chave: Serviços de saúde mental, ensino, terapia ocupacional.
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TECNOLOGIAS E TERAPIA OCUPACIONAL FARIAS, ALINE ZACCHI1; SILVA, CARLA REGINA2
Universidade Federal de São Carlos
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
A Terapia Ocupacional se constituiu ao longo de sua história pelo uso de
atividades, sendo este o eixo agregador e norteador desta profissão (SILVA, 2013;
CASTRO et al, 2001). A atividade humana é compreendida como um fato da vida, ou
seja, inerente às pessoas e suas pulsões de vida, de modo que todos os sujeitos estão
sempre em atividade e que também se relaciona com nosso sistema social e produtivo,
sendo o território de nossa própria existência (QUARENTEI, 2001).
A tecnologia acompanha o cotidiano do homem desde sua origem, uma vez que
as técnicas sempre foram criadas ao decorrer da história da sociedade, de técnicas
simples a complexas para facilitar seu cotidiano (DIAZ, 2002). Em seu sentido amplo o
conceito de tecnologia é compreendido como produção humana, podendo ser concreta
ou simbólica a fim de responder as demandas e exigências sociais (VERASZTO et al 2008).
Desta forma, para a terapia ocupacional o uso/criação de tecnologias amplia as
possibilidades em produzir e incorporar em suas práticas e construção de conhecimento
como um conceito ou recurso importante, uma vez que possa responder as demandas
dos sujeitos, integradas aos preceitos da participação social, inclusão, direito social e
cidadania.
Nesta perspectiva, este estudo apresenta o recorte de uma pesquisa de revisão
sistemática que objetivou levantar e refletir sobre quais tecnologias, suas compreensões
e utilizações têm sido apresentadas por terapeutas ocupacionais.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O estudo foi realizado a partir da revisão sistemática no qual consiste em uma
“síntese rigorosa de todas as pesquisas relacionada com uma questão específica”
(GALVÃO et al; 2003, p.3). Para tanto foi construído um protocolo de planejamento
1 Estudante do Curso de Terapia Ocupacional da UFSCar. Email linezf10@gmail.com 2 Docente do Departamento de Terapia Ocupacional da UFSCar. Email:carla.metuia@gmail.com
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segundo Rother (2007) a que consiste em organizar sistematicamente levantamentos
bibliográficos.
A busca dos estudos foi realizada de forma ampla e sistematizada em meio
eletrônico a partir de bases de dados conceituadas através do critério de maior fator de
impacto na área da terapia ocupacional: American Journal of Occupational Therapy;
Scandinavian Journal of Occupational Therapy; Australian Occupational Therapy
Journal; Canadian Journal of Occupational Therapy; British Journal of Occupational
Therapy; Occupational Therapy International.
Todas estas revistas estão indexadas na base de dados Scopus e que foi
acessada através dos Periódicos Capes (http://www.periodicos.capes.gov.br/). Desta
forma, foi utilizado os seguintes descritores no local de busca desta base “occupational
therapy” and “technology”.
Como critérios de inclusão/ exclusão optou-se por selecionar os estudos na
língua inglesa e portuguesa. O recorte referente ao horizonte temporal integra
publicações desde 1960, uma vez a base possui indexado eletronicamente a partir desta
data até as publicações em 2015.
Os dados coletados foram sistematizados utilizando o banco de dados através
do software “State of the Art through Systematic Review” (StArt)3 que consiste em um
programa para auxiliar pesquisadores na construção da revisão sistemática.
Start (http://lapes.dc.ufscar.br/tools/start_tool) foi desenvolvido pelo
Laboratório de Pesquisa em Engenharia de Software (LaPES) da Universidade Federal de
São Carlos (UFSCar).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Por meio das análises dos dados se observam um número siginificativo de
produções relacionadas à terapia ocupacional e tecnologias (totalizando 158 estudos)
todos na língua inglesa, sendo a maior parte delas produzidas a partir dos anos 2000,
ressaltando que se referem às publicações nos seis periódicos mais pontuados de acordo
com os critérios da área 21 na CAPES (tabela 1).
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Tabela 1: Revistas, nº de artigos encontrados, idiomas e ano.
Revista Nº de artigos
encontrados/idioma
Quantida (nº) de estudo por ano de publicação
American Journal of
Occupational
Therapy
48
Todos em inglês
2015 (5) 2014 (3) 2013(1) 2012 (4)
2011 (1) 2008 (3) 2007 (2) 2006 (1)
2003 (3) 2002 (1) 2001 (2) 2000 (2)
1999 (2) 1998 (3) 1997 (4) 1996 (5)
1980 (1) 1979 (1) 1978 (2) 1977 (1)
1975 (1) 1973 (1)
Scandinavian Journal
of Occupational
Therapy
24
8
Todos em inglês
2015 (4) 2015 (4) 2014 (2) 2013 (1)
2012 (3) 2011 (1) 2010 (3) 2009 (2)
2008 (1) 2007 (3) 2006 (1) 2005 (2)
2003 (1)
Australian
Occupational
Therapy Journal
20
Todos em inglês
2014(2) 2013(3) 2012(1) 2011(2)
2010(1) 2009(1) 2008(2) 2005 (1)
2004(2) 2001(2) 1988(2) 1984 (1)
Canadian Journal of
Occupational
Therapy
19
Todos em inglês
2012(2) 2009(2) 2008(1) 2007(1)
2006(1) 2005(4) 2004(1) 2002(1)
2000(1) 1999(1) 1993(1) 1991(1)
1975(1) 1968(1)
British Journal of
Occupational
Therapy
30
Todos em inglês
2015 (1) 2014 (1) 2011 (3) 2010 (3)
2009 (1) 2008 (2) 2007 (4) 2006 (2)
2005 (2) 2003 (2) 2001 (4) 1999 (2)
1997 (1) 1996 (1) 1997 (1) 1996 (1)
1974 (1)
Occupational
Therapy
International.
17
Todos em inglês
2014 (1) 2012 (1) 2010 (2) 2009 (1)
2007 (1) 2006 (1) 2005 (1) 2004 (1)
2003 (3) 2002 (1) 2001(1) 2000(1)
1999 (1) 1997 (1)
Foram encontradas uma publicação entre as décadas de 61 a 70, nove entre as
décadas de 71 a 80, três entre as décadas de 81 a 90, 25 entre as décadas de 91 a 2000
e 120 entre 2001 a 2015. Deste modo, percebe-se um aumento de publicações com esta
temática na década de 2000 e a revista American Journal of Occupational Therapy com
maior número de publicações.
Tabela 2: Revistas, países de origem do estudo, autores.
Revistas/ origens dos
estudos/nº autores
Autores
American Journal of
Occupational Therapy
Angelo, J; Arbesman, M; Billingsley, F.F; Buning, M.E; Doster, S; Kanny, E.M; Schmeler, M; Agho, A.O;
Aja, D; Alberts, J.L. Aldrich, R.M; Anheluk, M; Anson, D.K; Arnoldussen, A; Aufman, E.L; Baker, N.A;
Banasiak, N; Bearden, F.M; Boyt Schell, B.A; Bracciano, A.G; Bradberry, J.C; Cahill, S.M; Campo, M;
Chase, C.A; Coggins, T.E; Coppard, B.M.; Cramm, H; Danial-Saad, A; Darragh, A.R; Deitz, J; DiSante, E;
Doucet, B.M; Driscoll, M.C; Droessler, J.L; Durfee, J.L; Egan, B.E; Embleton, A.J; Emery, L.J; Ernouf,
H.S; Fiocca, J.T.
Estados Unidos; Canada;
Australia; Austria; Israel;
Suécia (40 autores).
ANAIS da XIX Semana de Estudos em Terapia Ocupacional da UFSCar
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v.2, n.1 ISSN: 2359-3563 104
Scandinavian Journal of
Occupational Therapy
Kottorp, A; Iwarsson, S; Nygård, L; Löfqvist, C; Malinowsky, C; Bernd, T; Kassberg, A.C; Larsson Lund,
M; Lexell, J; Lund, M.L; Nygren, C; Prellwitz, M; Ahlström, G; Almkvist, O; Andersson, L; Appelros, P;
Auger, C; Bartfai, A; Berndtsson, I; Boman, I.L; Boman, K; Borell, L; Brandt, A; Brännström, M;
Claesson, L; Dahlin-Ivanoff, S; De Witte, L; De Witte, L.P; Eklund, K; Engel, K; Engström, A.L.L;
Fallahpour, M; Filipsson, V; Fredriksson, C; Friederich, A; Fänge, A; Gramstad, A; Haak, M; Hagberg,
J.E; Haglund, L.
Suécia; países Baixos;
Áustria; Canadá (42
autores).
Australian Occupational
Therapy Journal
Hills, C; Hoffmann, T; Ryan, S; Smith, D; Warren-Forward, H; Barker, J.; Beets, C; Boscheinen-Morrin,
J; Brintnell, E.S.G; Bull, J; Cantoni, N; Chedid, R.J; Croser, R; Davids, G; Davies, P; Desha, L; Dew, A;
Eklund, M.; Fitzsimmons, G.W; Garrett, R.; Giesbrecht, E; Hancock, N; Hardy, P; Jones, J; Layton, N;
Layton, N.A; Lee, H; Macnab, D; Madill, H.M.; Malyon, K; Molke, D.K.; Mthembu, T.G; Nilsson, L;
Nyberg, P; Pekeur, M; Rabinowitz, A; Ross, M; Rudman, D.L; Scanlan, J.N; Seeger, B.
Australia; Canada; Africa
do Sul; Suécia (41
autores).
Canadian Journal of
Occupational Therapy
Ahlström, G; Appelros, P; Archer, J; Arthanat, S; Batorowicz, B; Beckers, K; Betuzzi, C; Boersma, A.J;
Browning, N; Desrosiers, J; Dubois, M.F; Enman, M; Favreau, M; Finlayson, M; Freeman, A.R; Gill, T;
Gisel, E.
Guay, M; Hoyt-Hallett, G; Ivanoff, S.; Iwarsson, S; Lloyd, M; Lysaght, R; MacKinnon, J.R; Mays, J;
McArthur, L; McCordic, L; Miller, L.T; Miller, W.C; Missiuna, C.A; Mortenson, W.B; Pearson, W.W;
Perlman, C; Pettersson, I; Petty, L.S; Pinkston, N.E; Pollock, N.A; Simmons, C.D; Skidmore, G; Sonn, U.
Canada; Suécia; Estados
Unidos;Reino Unido (40
autores).
British Journal of
Occupational Therapy
Derdall, M; Hocking, C; Mulholland, S; Abendstern, M.; Barbarioli, M; Borell, L; Brott, T; Brown, C;
Caldwell, J; Challis, D; Chamberlain, E; Chantry, J; Chard, G; Clarkson, P; Cornelis, E; Dawson, J; De
Vriendt, P; Dunford, C; Elfessi, A; Evans, N; Evans, N; Flanagan, S; Garner, R; Gillen; Goodacre, K;
Gorus, E; Green, S; Grisbrooke, J; Higgs, J; Hollis, V; Hughes, J; Hughes, J; Juwah, C; Lane, A; Lansley,
P; Mayers, C; McBain, K; McCannon, R; McCormack, C; McCreadie, C.
Reino Unido; Austrália;
Estados Unidos; Canadá;
Irlanda; Nova Zelândia;
Bélgica; Suécia (37
autores).
Occupational Therapy
International.
Flinn, N.A; Tam, C; Bergh, A; Chau, T; Copley, J; Crowe, T.K; De Melo Pertence, A.E; De Oliveira Assis,
L; Di Stefano, M. Eaton, C; Finlayson, M; Hamdani, Y; Hendrix, I; Hollis, V; Johansson, L; Katz, N;
Lamont, A; Lilja, M; MacDonald, W;Madill, H; Mancini, M.C; Naumann, S; Naveh, Y; Nygård, L;
O'Keefe, B; Pereira, L.S.M; Plow, M; Reid, D; Rodger, S. Royeen, M; Schwellnus, H; Smith, J.L; Steward,
B; Storr, C; Stube, J.E; Thomas, A; Tirado, M.G.A; Tripp, C.J; Unsworth, C.A; Weiss, P.L.T.
Estados Unidos;
Canadá; Austrália; Áustria;
Brasil; Israel; Suécia; Reino
Unido (40 autores).
Além disso, os estudos se originam predominantemente dos Estados Unidos e
Reino Unido, uma vez que aparecem em quase todas as revistas selecionadas. É
interessante notar que a seleção foi composta por um estudo de origem brasileira.
CONCLUSÃO OU CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através do levantamento desta pesquisa foi possível observar que a Terapia
Ocupacional tem relacionado diversas produções quanto à prática ou pesquisa com a
utilização da tecnologia, como tecnologia assistiva, de sistema de informação, entre
outros. A pesquisa continua em andamento e irá apresentar dados qualitativos em
relação ao conceito, utilização e relação com a terapia ocupacional.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Palavras-chave: Produção científica, Recursos, Atividades Humanas.
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COMPARAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DO JOGO GESTURE CHAIR NO
DESEMPENHO DE PESSOAS COM LESÃO MEDULAR E PESSOAS
SAUDÁVEIS KRUTLI, RENATA LUIZA DOS SANTOS1; CRUZ, DANIEL MARINHO CESAR2; BRANDÃO,
ALEXANDRE FONSECA3
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
As tecnologias criadas para jogos digitais que fazem uso de ambientes de
Realidade Virtual- RV permitem ampliar alguns de nossos sistemas sensoriais, realizam
a manutenção do condicionamento físico do indivíduo e reabilitação de pacientes com
doenças neuromusculares. Essa tecnologia pode evitar o sedentarismo e servir como
técnica específica para reabilitação cognitiva e funcional (BRANDÃO, et al., 2014).
A intenção de reproduzir situações reais sem risco aos pacientes, com diminuição
de custos devido à redução de objetos físicos e a oportunidade de simular e visualizar
situações impossíveis de serem vistas no mundo real, constituem as justificativas para
que a RV aplicada à saúde seja uma área de interesse próspera (NUNES, et al. 2011).
A literatura internacional trás alguns benefícios da utilização da RV na
reabilitação, como a concentração e motivação (SIESTSEMA et al., 1993), melhoras na
qualidade de vida, promove a plasticidade cerebral (ACHTMAN et al., 2008). A RV está
sendo usada para trabalhar habilidades cognitivas, atenção visual, memória e resolução
de problemas em crianças (VAGHETTI; BOTELHO, 2010.
Em face aos diferentes usos da reabilitação virtual e do desenvolvimento de
pesquisas na área, identifica-se uma lacuna na produção de conhecimento relacionada
aos usuários de cadeiras de rodas. Os pacientes com lesão medular sofrem perdas
funcionais motoras e sensitivas que geram grandes dificuldades na marcha, com
paralisia parcial ou total dos membros inferiores e/ou tronco (GREVE; CASTRO, 2001).
A terapia ocupacional na reabilitação do lesado medular tem papel essencial nos
pacientes que apresentam déficit funcional dos membros superiores- MMSS. O objetivo
1 Estudante do Curso de Terapia Ocupacional da UFSCar. Email: renatakrutli@gmail.com 2 Docente no Departamento de Terapia Ocupacional da UFSCar. Email: cruzdmc@gmail.com 3 Departamento de Ciência da Computação, UFSCar. Email: brandaobiotec@gmail.com
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principal a ser alcançado com todos os pacientes é a maior independência possível,
sempre considerando tempo de lesão, nível, grau, assim como fatores culturais, social e
econômico (SAURON, 2007). A RV pode então servir como uma nova atividade, que pode
ser estudada e experimentada como um recurso que auxilie nesse processo da
reabilitação física das pessoas com deficiência, na abrangência do repertório de tarefas
do cotidiano, promovendo lazer e outros benefícios ao sujeito. Para essa apresentação
o objetivo do trabalho será destacar os efeitos do jogo virtual com as duas amostras e a
performance de ambos durante o jogo.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Participaram dessa pesquisa 10 sujeitos, sendo 05 com para e tetraplegia e 05
pessoas saudáveis. Os instrumentos de avaliação foram:
-Ficha de avaliação que contou com informações pessoais dos participantes.
-O jogo GestureChair, a versão livre do jogo PacMan, a partir da posição sentada
(BRANDÃO et al., 2014).
-Aplicativo REHABGESTURE: faz registro em tempo real das medidas de ADM das
articulações do ombro e dos cotovelos no plano coronal (BRANDÃO,2016).
Para realização da coleta foram utilizados como equipamentos:
- Dispositivo Microsoft Kinect é um sensor de movimento para captura de gestos
em tempo real (BRANDÃO et al., 2014).
-Computador: notebook da marca Semp Toshiba modelo IS 1414 com
processador Intel® Pentium T4500, com 2 GB de memória RAM, tela 14.0” WIDE e
sistema operacional Windows® 8.1.
A coleta foi realizada no Laboratório de Análise Funcional e Ajudas Técnicas-
LAFATec na UFSCar. O participante foi posicionado com a cadeira de rodas cerca de dois
metros de distância do dispositivo Kinect; o grupo controle passou pelos mesmos
procedimentos, na cadeira de rodas cedida pela Unidade de Saúde Escola-USE da
UFSCar.
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Para experimentação do jogo foram dados cinco minutos. A coleta foi realizada
durante uma única sessão, o jogo teve duração de quinze minutos. Antes do
participanete iniciar o jogo, foi realizado a mensuração de ADM na qual primeiramente
ele fez três repetições com movimento de flexão do ombro e de abdução do ombro. Ao
final do jogo, cada participante passou por esse processo de reavaliação.
Durante o jogo, o participante jogou cinco minutos com o membro superior
direito-MSD e cinco minutos com membro superior esquerdo-MSE, tendo também um
tempo de descanso de dois minutos quando necessário e completado os dez minutos
de jogo foi dado o seu encerramento.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Estatisticamente a pesquisa não obteve resultados significativos a ponto de
afirmar que o jogo auxilia na reabilitação de MMSS, tendo como base a avaliação de
ADM pelo aplicativo REHABGESTURE, não houve diferenças significantes entre os grupos
para nenhuma das variáveis que tiveram distribuição normal.
Para a análise dos dados de abdução de ombro em pessoas com lesão medular,
observa-se que para o ombro direito na coleta de dados pré-jogo a média de ADM foi
de 119,2º±35,8º e pós-jogo 126,7º±36,68º na qual houve um aumento de 7,5º. Já no
ombro esquerdo houve redução de 9,7º. Ambos os valores não apresentaram diferença
significativa entre as medidas (p>0,05).
Entretanto foi observado alguns fatores limitantes para a avaliação do jogo
virtual, sendo eles a pequena amostra de participantes e o curto período de tempo para
coleta. Outro viés que pode ter interferido na pesquisa, seria o funcionamento
adequado do aplicativo REHABGESTURE e a fadiga muscular, todos os participantes no
momento do jogo relataram dores nos MMSS.
A fadiga muscular é muito comum em atividades esportivas e atividades diárias,
ela resulta na piora da performance motora, ou seja, reduz a capacidade do sistema
neuromuscular de gerar força (SILVA et al.2006).
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Apesar da estatística não trazer dados suficientes para uma comparação de
efeito do jogo sobre as amostras, outros aspectos foram positivos e analisados durante
a coleta. Um deles foi poder aplicar o jogo com pessoas com tetraplegia, mesmo não
tendo movimentação ativa das mãos, o sensor Kinect reconhecia os movimentos
realizados pelo punho do participante, que acionava o início do jogo. A lesão medular,
quando incompleta, deixa preservado a função motora e/ou sensitiva abaixo do nível
neurológico (CEREZETTI, 2012)
O jogo foi acessível, pois permitiu que a coleta se realizasse na residência e local
de trabalho das pessoas com lesão medular; os equipamentos são portáteis e de fácil
manejo; esse fator possibilitou ao jogador se sentir mais a vontade e confortável durante
a coleta.
Dois participantes (n=2) com lesão medular, que realizavam alguma atividade
física não mostraram muito interesse pelo jogo, relataram ser monótono; porém os
demais participantes de ambas as amostras demonstraram interesse e questionaram
sobre possibilidades de adquirir jogos desse tipo, relataram ser estimulante o momento
de jogo.
CONCLUSÃO OU CONSIDERAÇÕES FINAIS
A investigação mostrou a necessidade de serem realizadas mais pesquisas na
área para que se possa testar a aplicabilidade do jogo, em vários âmbitos, seja como
forma de lazer ou medida para ser utilizada nas sessões de terapia. Trouxe a
necessidade de novas pesquisas que se voltem para roteiros de avaliação que forneçam
dados, mensuração do que essa atividade, tema dessa pesquisa, proporciona.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACHTMAN,R.L.; GREEN,C.S.; BAVELIER,D. Video games as a tool to train visual skills. Restor.
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BRANDÃO, A.F. PROTOCOLO PARA VALIDAÇÃO: REHABGESTURE. Campinas, mar/2016.
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v.2, n.1 ISSN: 2359-3563 110
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sobre a utilização de exergames. Ciência & Cognição, v.15, n.1, p. 76-88, 2010.
Palavras-chave: Realidade Virtual; Jogos de Reabilitação Virtual; Tecnologias de
Reabilitação.
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EFEITOS DA CAPACITAÇÃO SOBRE COMUNICAÇÃO SUPLEMENTAR E
ALTERNATIVA PARA A MÃE DE UMA CRIANÇA COM PARALISIA
CEREBRAL NO CONTEXTO DOMICILIAR OLIVEIRA, BÁRBARA BRITO1; LOURENÇO, GERUSA FERREIRA2; MANZINI, MARIANA
GURIAN3; MARTINEZ, CLAUDIA MARIA SIMÕES2.
Departamento de Terapia Ocupacional – Universidade Federal de São Carlos
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
A criança com Paralisia Cerebral (PC) apresenta algumas diferenças no seu modo
de agir, podendo apresentar dificuldades na interação com outras pessoas em diversos
ambientes de sua vida (ZERBINATO; MAKITA; ZERLOTI, 2006; STASSOLA et al., 2013).
Prejuízos em sua comunicação podem dificultar sua relação com o ambiente e inclusive
com seu próprio cuidador, impedindo que ele consiga realizar seus desejos e entender
as mensagens que estão sendo passadas (STASSOLA et al., 2013; PELOSI, 2009).
A utilização de recursos e métodos de Comunicação Suplementar Alternativa
com crianças com PC pode compor as intervenções da Terapia Ocupacional com essa
população (SILVA; 2004; PELOSI, 2009). No entanto, para que a comunicação realizada
pela CSA seja eficaz, os parceiros de diálogo da criança com PC devem ter paciência,
compreensão e habilidades para interagir com ela utilizando os materiais e meios
alternativos (MIRANDA; GOMES, 2004). Sendo assim, os interlocutores que estão
presentes com a criança nos seus contextos de vida devem compreender a importância
de aprenderem e serem capacitados para utilizar a CSA no desenvolvimento das
habilidades comunicativas da criança (MANZINI; MARTINEZ; ALMEIDA, 2015).
Nessa direção, foi realizado um estudo de doutoramento maior da terceira
autora com a proposta de formação de interlocutores em três ambientes de vida de uma
criança com paralisia cerebral, a saber domicílio, escola especial e clínica. Para esta
1 Graduanda em Terapia Ocupacional pela UFSCar. Bolsista PIBIC/CNPq/UFSCar. Email: barbara.brito94@gmail.com 2 Docente do Departamento de Terapia Ocupacional da UFSCar. Email: gerusalourenco@gmail.com, claudia@ufscar.br 3 Terapeuta ocupacional, doutoranda em Educação Especial / PPGEEs/ UFSCar. Email:mariana_gurian@yahoo.com.br
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apresentação, o objetivo do trabalho será destacar os resultados referentes à
capacitação realizada com a mãe no contexto domiciliar da criança.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O estudo baseado na Análise do Comportamento se caracterizou como um
Delineamento de Múltiplas Sondagens.
Os participantes foram uma criança com diagnóstico de paralisia cerebral não-
verbal de 12 anos de idade, do sexo masculino, que não apresentava comunicação
verbal, com nível V do GMFCS e sua respectiva mãe.
Foram utilizados instrumentos de caracterização dos participantes e um
Protocolo para Análise das Sessões de Linha de Base, Intervenção e Follow up para
análise das sessões e pontuação dos resultados da intervenção proposta, com as
seguintes categorias: oportunidades oferecidas; estratégias para apresentação da
atividade; Ações utilizadas para oferecer a atividade; Oferta de tempo para a criança
responder as estratégias e ações; e possíveis reações da criança.
Os procedimentos realizados no estudo foram:
Etapa 1 - Elaboração do programa Comunica PC: dividido em capacitação teórica,
capacitação prática e confecção de materiais para CSA.
Etapa 2 – Conhecimento das características e habilidades comunicativas dos
participantes;
Etapa 3 - Capacitação para o familiar: capacitação no ambiente domiciliar para o uso
dos recursos de CSA.
Etapa 4 – Intervenção no ambiente domiciliar: Foram fornecidas instruções para que a
mãe oferecesse adequadamente as atividades para a criança por meio das figuras
pictográficas ao longo da capacitação prática.
Durante a linha de base foi avaliado o repertório inicial da mãe para a
comunicação com a criança. Em seguida houve uma dinâmica de sensibilização com a
mãe para o uso de recursos de comunicação suplementar alternativa e foi dado incio à
intervenção. Foram dadas instruções para que a mãe apresentasse comportamentos
adequados para favorecer o uso dos recursos e a comunicação com seu filho, como as
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situações em que a mãe realizava o oferecimento da atividade ou objeto para a criança,
relacionando-o com as figuras pictográficas, fornecendo modelos para que a criança
conseguisse expressar reações e por fim fornecendo tempo adequado para a resposta
da criança. Ao final, foram feitas sessões de sondagem para se averigar os resultados
obtidos após a intervenção quanto a esses comportamentos.
As sessões iniciais, de intervenção e de sondagens finais foram filmadas e
analisadas quantitativamente quanto à frequência da emissão de comportamentos e
reações da mãe e da criança no uso dos recursos de CSA.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram realizadas no total 16 sessões com a mãe. Aqui serão apresentadas as
maiores mudanças nas ações da mãe na interação com os recursos e seu filho no
decorrer do processo.
A quantidade do número de oportunidades de comunicação oferecidas para a
criança diminuiu após a intervenção com a mãe, passando da soma de 53 oportunidades
dadas na linha de base para 31 oportunidades na intervenção; 24 na sondagem. Essa
diminuição apresentou-se como uma evolução, pois, a redução do número de
oportunidades pode ser explicada devido a maior quantidade de vezes que a mãe
ofereceu tempo de resposta para a criança, onde a soma das vezes onde a mãe ofereceu
tempo para a criança na linha de base foram 4 vezes, seguida de um aumento para 22
vezes nas intervenções, 16 vezes na sondagem.
Essa queda no número de oportunidades dadas também pode indicar que cada
oportunidade foi realizada com mais atenção às estratégias e ações, aumentando a
qualidade das oportunidades oferecidas, onde o tempo de resposta para a criança
responder é uma ação importante de ser realizada para poder observar se ela apresenta
alguma reação (MIRANDA; GOMES, 2004).
A realização das estratégias para apresentação e das ações para oferecimento
das atividades se apresentaram importantes por serem nesses momentos que havia a
introdução sobre a atividade a ser realizada e sua correlação com a figura de CSA. Outro
indicador do aumento da qualidade da interação da criança foi observado por meio da
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queda da frequência do início mecânico da atividade, o que ocorreu muito durante a
linha de base e foi diminuindo ao longo da intervenção.
A reação que a criança mais apresentava nas oportunidades dadas pela mãe foi
a expressão fácil, sendo 44% das reações. Essa expressão facial ocorria mesmo quando
a mãe não oferecia tempo de resposta para a criança, evidenciando assim que a criança
tem um potencial maior para reagir com a mãe, e que essa reposta se deu devido a ser
ela a interlocutora dele no momento. Esses dados reafirmam a ideia de Manzini,
Martinez e Almeida (2015), que no microssistema familiar é onde a criança tem maior
potencialidade para desenvolvimento da comunicação. A quantidade de vezes que a
mãe utilizava o recurso de CSA com a criança aumentou no decorrer das sessões. Na
linha de base a mãe não utilizou esse recurso, iniciando seu uso durante a intervenção
com pontuação de 3, 4 e 6, e dando continuidade após, não deixando de utilizar em
nenhuma outra sessão.
Por fim, quanto aos comportamentos da mãe, notou-se que ela brincava muito
com a criança no decorrer das sessões, não utilizando as estratégias ensinadas. Criou-se
assim a hipótese de que devido à mãe conhecer as reações do seu filho, suas estratégias
utilizadas eram mais naturais, em detrimento da nova proposta que estava sendo
ensinada.
CONCLUSÃO OU CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo apresentou-se como um trabalho cooperativo da terapia
ocupacional com a mãe e com a criança. As estratégias para ensino e aprendizagem
sobre CSA foram eficazes e fundamentais para potencializar a qualidade e a quantidade
do repertório comunicativo da criança, sendo assim, uma estratégia potente para ser
explorada pela terapia ocupacional.
Os dados indicaram que quanto mais vezes era oferecida a atividade com tempo
adequado de resposta para a criança responder, maior era a chance dela ter alguma
reação e se comunicar.
Por fim, considera-se que esse estudo se fez uma importante produção de
conhecimento na temática de CSA na terapia ocupacional com a população de crianças
com PC não verbais.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MIRANDA, C. L.; GOMES, D. C. I. Contribuições da comunicação alternativa de baixa tecnologia
em paralisia cerebral sem comunicação oral: relato de caso. Revista CEFAC, São Paulo, v. 6, n .
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ZERBINATO, L.; MAKITA, L. M.; ZERLOTI, P. Paralisia Cerebral. In: TEIXEIRA, E. et al. Terapia Ocupacional na reabilitação física. São Paulo: Roca, 2003. p. 504-534.
Palavras-chave: Terapia Ocupacional; Auxiliares de Comunicação para Pessoas com Deficiência, Paralisia Cerebral.
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ANÁLISE DE APLICATIVOS DE COMUNICAÇÃO SUPLEMENTAR E
ALTERNATIVA PARA INDIVÍDUOS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO DO
AUTISMO SANTOS, LEDIANE DE OLIVEIRA DOS1; PEDRO, LETÍCIA ZAGATTI2; OLIVEIRA, JULIANA
CRUSCO DE3; SANTOS, GIOVANA MANZATTO FORTI DOS4; SILVA, FABÍOLA ANTUNES
DA5; ROCHA, AILA NARENE DAHWACHE CRIADO6
INTRODUÇÃO
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é definido como um grupo de
transtornos caracterizados por um espectro compartilhado de prejuízos qualitativos na
interação social, associados a comportamentos repetitivos e interesses restritos
pronunciados (BRENTANI et al, 2013). Indivíduos com TEA apresentam maior
comprometimento em três áreas do desenvolvimento com intensidades e qualidades
diferentes, sendo elas, a área social, de linguagem e comunicação e pôr fim a
comportamental (MARINHO; MERKLE, 2009).
A fim de suprir a defasagem comunicativa e linguística, a Comunicação
Suplementar e Alternativa (CSA) que é proposta por meio de integração de recursos,
técnicas e estratégias, (SANTAROSA, et al.; 2010) incentivam, estimulam e ampliam o
vocabulário do indivíduo, sendo uma área da Tecnologia Assistiva que engloba produtos,
recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a
qualidade de vida e inclusão social. (BERSCH, 2008).
O uso de sistemas de CSA tem o intuito de incentivar a oralidade e a expansão
linguística e comunicativa por meio principalmente das interações sociais estabelecidas,
1 Discente do Curso de Terapia Ocupacional. Faculdade de Filosofia e Ciências – Universidade Estadual
Paulista (UNESP/Marília). 2 Discente do Curso de Terapia Ocupacional. Faculdade de Filosofia e Ciências – Universidade Estadual
Paulista (UNESP/Marília). 3 Discente do Curso de Terapia Ocupacional. Faculdade de Filosofia e Ciências – Universidade Estadual
Paulista (UNESP/Marília). 4 Discente do Curso de Terapia Ocupacional. Faculdade de Filosofia e Ciências – Universidade Estadual
Paulista (UNESP/Marília) 5 Discente do Curso de Terapia Ocupacional. Faculdade de Filosofia e Ciências – Universidade Estadual
Paulista (UNESP/Marília) fabiola.unesp@hotmail.com 6 Docente do Curso de Terapia Ocupacional. Faculdade de Filosofia e Ciências – Universidade Estadual
Paulista (UNESP/Marília) aila@marilia.unesp.br
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visto que essas são fundamentais para o desenvolvimento do indivíduo (CAPOVILLA,
NUNES, 2003).
Estudos demonstram que estímulos visuais aprimoram o aprendizado mais do
que apenas os auditivos (KRANTZ, MCCLANNAHAN, 1998; FINKEL, WILLIAMS, 2001;
SHABANI, et al.2002), sendo assim uma forma de incentivo para a comunicação pode
ser o uso de aplicativos em dispositivos móveis, como por exemplo os tablets e
smartphones. O uso destes aplicativos, podem levar a criança com TEA a alcançar maior
independência pessoal no quesito de organização da rotina; conquista e/ou evolução da
comunicação verbal e não verbal; aquisição de novos conhecimentos. (MELLO;
SGANZERLA; 2013).
O objetivo do estudo é identificar a quantidade e a função dos aplicativos
disponíveis para downloads nos dispositivos móveis para indivíduos com TEA, como
recurso de CSA.
MÉTODO
Houve uma abordagem quantitativa e qualitativa de caráter exploratório. Foi
realizada uma pesquisa de revisão sistemática com finalidade de constatar aplicativos
existentes para dispositivo móvel direcionado a indivíduos com TEA.
Para a coleta de dados utilizou-se os mecanismos de busca de aplicativos dos
smartphones, sendo eles Play Store (Android), Loja (Windows Phone), Store (Iphone) e
Google. As palavras chaves utilizadas nos smartphones foram “autismo” e “comunicação
alternativa” e no Google utilizou-se “Aplicativos para celular de comunicação
alternativa”, “Aplicativos para celular de comunicação alternativa para android” e
“Aplicativos para celular de comunicação alternativa para Iphone”.
Após a coleta, os dados foram transcritos para o Word e organizados de acordo
com o sistema operacional. A partir dos critérios, foram excluídos os aplicativos que
eram pagos sem versão gratuita, os de outro idioma e os que não eram direcionados aos
indivíduos com TEA.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
O estudo identificou 12 aplicativos, destes, três não passaram pelo critério de
exclusão, pois eram em outro idioma, sendo “VisualTokens” e “AutismsSpeaks” em
Inglês e “AraBoars” em Espanhol. Deste modo restaram nove, dentre esses, sete são
gratuitos e dois pagos que possuem versão demonstrativa gratuita, porém com símbolos
reduzidos.
Foi feito o download dos aplicativos, a fim de verificar se os objetivos descritos
pelo aplicativo foram alcançados. Os resultados obtidos foram listados de acordo com o
sistema operacional.
No Sistema Android todos os aplicativos obtiveram sucesso no download, porém,
três não funcionaram corretamente, sendo eles, o Vox4All 2.0 que desapareceu após o
download; Que-Fala!, apresenta layout de difícil compreensão e o Livox, não atendeu
ao objetivo, pois após download solicitou uma licença para que este executasse. O único
que executou corretamente foi o LetMeTalk, pois atende de modo eficaz a proposta
descrita e oferece grande quantidade de imagens, possibilidade de criar frases e depois
verbaliza-las por uma voz sintetizada.
No sistema Windows (Windows Phone) os três aplicativos obtiveram sucesso
no download e apenas um aplicativo ineficiente. O Communicate e o Comunicar
atendem de forma eficaz ao objetivo proposto na descrição, porém com um número
reduzido de imagens, limitando o vocabulário do usuário. O aplicativo Visual Steps não
atendeu os objetivos devido à apresentação ser em Português e o áudio em Inglês.
Anteriormente os sistemas CSA mais avançados estavam disponíveis apenas para
computador, porém com o avanço tecnológico e difusão de dispositivos móveis
desencadeou uma nova forma do uso da CSA em smartphones e tablets, principalmente
pelo fato da comodidade por serem móveis, atendendo as necessidades dos diferentes
contextos que o indivíduo se insere (GELATTI, et. al., 2004)
No sistema IOS (Iphone) os três aplicativos obtiveram sucesso no download e na
execução. O TobiiSono Flex e Vox4all 20 atendem de forma eficaz, porém limitada,
devido o download ter sido feito da versão gratuita. O aplicativo Vozz cumpre os
objetivos citados na descrição e além da prancha possui um teclado com voz sintetizada,
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no qual o indivíduo tem um campo extenso para escrever usando o teclado e ao clicar
no botão “fala” todas as palavras são verbalizadas.
Os estudos de Bez e Passerino (2009), Bez (2010, 2014), Ávila e Passerino (2011)
e Ávila (2011), a tecnologia digital envolvendo o uso da CSA para o desenvolvimento da
comunicação e da interação social de sujeitos com TEA, tem apresentado resultados
significativos para o desempenho comunicativo e interação com os seus pares.
CONCLUSÃO
Conclui-se que a quantidade de aplicativos encontrados é semelhante em ambos
os sistemas operacionais e tanto a busca, quanto ao download podem ser feitos de
forma rápida e fácil, porém existe um número limitado de aplicativos que são realmente
eficientes no quesito de quantidade de símbolos, frases e expressões.
É importante que tanto os familiares e ou responsáveis de sujeitos com TEA,
como os profissionais que os acompanham identifiquem e analisem os aplicativos para
atender a demanda real do usuário sem optar prematuramente por um sistema que não
supra a necessidade, por isso é fundamental a avaliação contínua da eficácia dos
sistemas (BEUKELMAN, MIRENDA, 2005). Sem esse levantamento pode ocorrer o
abandono do aplicativo e posteriormente abandono definitivo da CSA (MCBRIDE, 2011).
REFERÊNCIAS
AVILA, G.A. Comunicação Aumentativa e Alternativa para o desenvolvimento da oralidade de Pessoas com autismo. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de educação. Programa de pós-graduação em educação. Porto alegre, 2011. BERSCH, R. Introdução à Tecnologia Assistiva. Porto Alegre CEDI - Centro Especializado em Desenvolvimento Infantil, 2008. 19f. BEZ, R. M. Comunicação Aumentativa e Aumentativa para sujeitos com transtornos globais do desenvolvimento. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de educação. Programa de pós-graduação em educação. Porto alegre, 2010. BRENTANI, H. Autism spectrum disorders: an overview on diagnosis and treatment. Rev. Bras. Psiquiatr. São Paulo, v. 35, supl. 1, p. S62-S72. 2013. CORREIA, A. V. P. Alteração de um paradigma e o futuro da comunicação alternativa: VOX4ALL, um caso de estudo. Congresso Brasileiro de Comunicação Alternativa. Anais do Congresso Brasileiro de Comunicação Alternativa. 2013. p. 1-11. FIALHO, J. Autismo: O treino da comunicação alternativa por pistas visuais. 2013. Disponível em <http://www.comportese.com/2013/10/autismo-o-treino-da-comunicacao-alternativa-por-pistas-visuais/>. Acesso em: 1 de julho de 2016
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FRANCISCATTO, R; BEZ, R.M, PASSERINO, M.L. Sistema de Comunicação Alternativa para Letramento de Pessoas com Autismo – SCALA Tablet. Congresso Brasileiro de informática na Educação. IV. p. 248-255,2015. LEITE, A. LetMeTalk: app de comunicação alternativa gratuito para Android. 2015. Disponível em <http://www.reab.me/letmetalk-app-de-comunicacao-alternativa-gratuito-para-android/>. Acesso: 26 jun. 2016 MELO, C.M.C; SGANZERLA, R.A.M. Aplicativo android para auxiliar no desenvolvimento da comunicação de autistas. 2013. Disponível em: < http://www.tise.cl/volumen9/TISE2013/231-239.pdf>. Acesso em: 1 de julho de 2016. OLIVEIRA, Cler. Que-fala! Prancha de comunicação alternativa gratuita para Android. 2013. Disponível em <http://aplicativosparapcd.blogspot.com.br/2013/01/que-fala-prancha-de-comunicacao.html>. Acesso: 26 jun. 2016 PAIVA, J. Autismo e tecnologia. 2011. Disponível em: <http://www.revistaautismo.com.br/edic-o-1/autismo-e-tecnologia>. Acesso em: 1 de julho de 2016. WWW.INSPIRADOSPELOAUTISMO.COM.BR. 6 aplicativos úteis para pessoas com autismo. 2015. Disponível em <http://www.inspiradospeloautismo.com.br/aplicativos-para-pessoas-com-autismo/>. Acesso em: 26 jun. 2016.
Palavras-chave: Terapia Ocupacional; Autismo; Tecnologia Assistiva.
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COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA COMO UM RECURSO TERAPÊUTICO:
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO MANZINI, MARIANA GURIAN1; MARTINEZ, CLAUDIA MARIA SIMÕES2; LOURENÇO,
GERUSA FERREIRA3; OLIVEIRA, BÁRBARA DE BRITO4 Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, São Carlos, SP, Brasil.
FINANCIAMENTO: FAPESP
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
Os terapeutas ocupacionais estão aptos a utilizar recursos capazes de promover
a funcionalidade de crianças, jovens e/ou adultos (ALVES; EMMEL; MATSUKURA, 2012).
A Tecnologia Assistiva (TA) é utilizada nesta perspectiva, ou seja, responsável por expor
produtos, recursos e estratégias com vistas à melhora na capacidade de realizar
atividades cotidianas (GALVÃO FILHO, 2013).
A comunicação alternativa (CA), temática ressaltada neste trabalho, é uma
subárea da TA e caracteriza-se pelo uso de gestos, expressões faciais e corporais,
símbolos gráficos, voz digitalizada ou sintetizada, que tem por finalidade promover a
comunicação de indivíduos com limitação na comunicação (VIANNA; GRECA; SILVA,
2014).
O terapeuta ocupacional pode utilizar a CA como um recurso terapeutico, pois
possui sua prática baseada no desempenho ocupacional, e consequentemente
limitações na comunicação acarretam dificuldades de realizar várias atividades de
desempenho ocupacional (AMERICAN..., 2009).
O presente estudo tem por objetivo descrever os resultados de uma proposta de
intervenção da terapia ocupacional por meio da confecção de pranchas de comunicação
alternativa com a parceria da família, profissional da saúde e da educação de uma
criança com paralisia cerebral.
1Aluna de Doutorado, Universidade Federal de São Carlos - UFSCar. E-mail: mariana_gurian@yahoo.com.br 2Doutora, Universidade Federal de São Carlos - UFSCar. E-mail: claudia@ufscar.br 3Doutora, Universidade Federal de São Carlos - UFSCar. E-mail: gerusalourenco@gmail.com 4Aluna do Curso de Terapia Ocupacional, Universidade Federal de São Carlos - UFSCar. E-mail: barbara.brito94@gmail.com
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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Considerações Éticas: O presente estudo teve o parecer favorável pelo Comitê de
Ética pelo nº 922.817/ 2014.
Local e Participantes: Participaram 01 criança com 12 anos e diagnóstico de
paralisia cerebral não verbal e seus interlocutores nos respectivos ambientes de
atuação: professora (escola especial), estagiária de terapia ocupacional (clínica) e mãe
(ambiente domiciliar).
Instrumentos de coleta de dados: (1) Protocolo de caracterização dos
participantes, (2) Roteiro de entrevista das habilidades comunicativas das crianças
(MANZINI, 2013) e (3) Protocolo para seleção das figuras (MANZINI, 2013).
Procedimentos de coleta e análise de dados: A proposta de intervenção foi
realizada em 03 etapas: (1º) Os interlocutores receberam uma capacitação teórica e
prática sobre o uso da comunicação alternativa. (2º) Foram realizadas reuniões
semanais com a mãe, professora e estagiária de terapia ocupacional para a confecção
da prancha de comunicação de cada contexto. (3º) Os participantes utilizaram o
software Boardmaker para a construção gráfica da prancha. Todos os procedimentos de
coleta foram filmados, fotografados e descritos no registro contínuo de informações.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Crianças com paralisia cerebral podem apresentar severos distúrbios na
comunicação, o que pode limitar a realização das atividades de cada contexto de
desenvolvimento. Dessa forma, em uma proposta de intervenção deve-se levar em
consideração a participação dos principais interlocutores de cada contexto (MELO;
ICHISATO; MARCON, 2012).
Os interlocutores desta pesquisa foram capacitados a confeccionar pranchas de
comunicação alternativa, de acordo com o centro de interesse da criança. As figuras
selecionadas para compor a prancha do contexto domiciliar foram distribuídas em 8
categorias: Comidas preferidas, Bebidas preferidas, Roupas preferidas, Objetos
utilizados no banho e higiene pessoal, Brinquedos, brincadeiras ou objetos de interesse,
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Recreação (Atividades Preferidas), Ambientes preferidos, Socialização (pessoas de sua
preferência).
A prancha elaborada pela professora foi construída abordando aspectos da
rotina do ambiente escolar. Foram selecionados itens referentes às situações cotidianas
vivenciadas na sala de aula desde a chegada do aluno na escola até a hora da saída. Esta
prancha foi distribuída em 8 categorias: Objetos utilizados para comer, Objetos
utilizados para beber, Roupas utilizadas na escola, Objetos para higiene, Brinquedos,
brincadeiras ou objetos de interesse, Mudança de decúbito (sentado, deita), Finalização
das atividades.
A prancha elaborada pela estagiária de terapia ocupacional foi construída por
meio de situações vivenciadas no ambiente de terapia. As figuras selecionadas para
compor a prancha do contexto clínico foram distribuídas em 2 categorias: Recursos
preferidos para brincar e Recursos para posicionamento.
Além disso, a capacitação prática consistiu em dar orientações para os
interlocutores ampliar as habilidades comunicativas da criança durante as atividades
lúdicas utilizando as figuras de comunicação alternativa confeccionadas. Foram
fornecidas orientações sobre: (i) como a atividade deveria ser oferecida, (ii) qual
estímulo deveria ser utilizado (objeto concreto ou figura de comunicação), (iii) qual a
melhor estratégia utilizada para apresentação da atividade e (iv) o desempenho do
interlocutor durante a atividade.
Os familiares, profissionais da educação e da saúde precisam ser empoderados
para utilizar os recursos de comunicação alternativa e agir como mediador estimulando
o desenvolvimento de novas habilidades comunicativas ao interagir com crianças não
falantes (MANZINI, 2013; ARAÚJO; BRACCIALLI; DELIBERATO, 2009).
A CA pode propiciar inclusão em diferentes ambientes sociais, aumento de
interação durante as atividades cotidianas por meio do uso das figuras de comunicação
alternativa, elevação de autoestima e na qualidade de vida (LIGHT; MCNAUGHTON,
2012, 2014).
Em síntese, os resultados do estudo revelam que as estratégias de intervenção
utilizadas trouxeram ganhos para: os interlocutores no que se refere a melhoras de
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desempenho e conduta e para a criança no desempenho e aquisição de novas
habilidades comunicativas. Apesar dos resultados positivos, algumas limitações foram
encontradas ao longo do estudo: a falta dos participantes, ocorrência de feriados, falta
de transporte público para trazer a criança até a clínica de reabilitação, problemas de
saúde e dificuldade da mãe em utilizar o computador.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao refletir sobre o objetivo de descrever os resultados de uma proposta de
intervenção na terapia ocupacional, por meio da confecção de pranchas de
comunicação alternativa, o presente estudo trouxe contribuições importantes, pois: (a)
auxiliou na formação acadêmica de uma estagiária de terapia ocupacional, (b)
proporcionou formação continuada para uma professora, (c) capacitou três
interlocutores para a confecção de pranchas de CA e (d) implementou uma proposta de
intervenção na área da comunicação alternativa em três contextos de vida diária de uma
criança com paralisia cerebral não falante.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, A. C. J. ; EMMEL, M. L. G. ; MATSUKURA, T. S. Formação e prática do terapeuta
ocupacional que utiliza tecnologia assistiva como recurso terapêutico. Rev. Ter. Ocup. Univ. São
Paulo, São Paulo, v. 23, n. 1, p. 24-33, 2012.
AMERICAN OCCUPATIONAL THERAPY ASSOCIATION – AOTA. Official Documents: Providing
Occupational Therapy Using Sensory Integration Theory and Methods in School-Based Practice.
American Journal of Occupational Therapy, New York, v. 63, n. 6, p. 823-842, 2009.
ARAÚJO, R. C. T.; BRACCIALLI, L.M. P.; DELIBERATO, D. A comunicação alternativa como área de
conhecimento nos cursos de educação e da saúde. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA, 3., 2009, São Paulo. Anais... São Paulo: Memnon Edições
Científicas, 2009. p. 275-284.
GALVÃO FILHO, T. A. A construção do conceito de Tecnologia Assistiva: alguns novos interrogantes e desafios. Revista Entreideias, Salvador, v. 2, n. 1, p. 25-42, 2013. LIGHT, J.; MCNAUGHTON, D. Communicative Competence for Individuals who require Augmentative and Alternative Communication: A New Definition for a New Era of Communication? Augment Altern Commun., Abingdon, v. 30, n. 1, p. 1-18, 2014. LIGHT, J.; MCNAUGHTON, D. The changing face of augmentative and alternative communication: past, present, and future challenges. Augment Altern Commun., Abingdon, v. 28, n. 4, p. 197-204, 2012.
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MANZINI, M.G. Efeito de um programa de comunicação alternativa para a capacitação de
mães de crianças com paralisia cerebral não verbal. 2013. 110f. Dissertação (Mestrado em
Educação especial) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2013.
MELLO, R.; ICHISATO, S. M. T.; MARCON, S. S. Percepção da família quanto à doença e ao cuidado
fisioterapêutico de pessoas com paralisia cerebral. Rev. Bras. Enferm., Brasília, v. 65, n. 1, p.
104-109, 2012.
VIANNA, C. R.; GRECA, L. C. M.; SILVA, R. A. F. Quem são eles? Os alunos da minha sala de aula?
In: Brasil. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto
Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: Educação Inclusiva. Brasília: MEC, SEB, 2014. p. 21-
54.
Palavras-chave: terapia ocupacional; métodos de comunicação; tecnologia assistiva.
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ESTUDO DE CASO: USO DE TECNOLOGIA ASSISTIVA DE BAIXO CUSTO E
SOLUÇÕES PARA NECESSIDADE DE UM INDIVÍDUO COM ESPASTICIDADE ROSA, SAMBLEISSE SODRÉ1
Lace Inclusiva – Núcleo de Ações para a Cidadania na Diversidade (São Paulo – SP, Brasil)
“Para as pessoas, a tecnologia faz a vida mais fácil.
Para as pessoas com deficiência, a tecnologia torna a
vida possível”.
Mary Pat Radabaugh
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
A cadeira de rodas (CR) pode ser fundamental na reabilitação e na funcionalidade
de uma pessoa, favorecendo a locomoção, o posicionamento correto e suporte, bem
como proporcionando sensação de liberdade, independência e qualidade de vida para
seus usuários (ANTONELI, 2003). Por meio das CRs, a criança e o jovem são habilitados
para explorar o mundo ao seu redor, a desenvolverem-se e a aprenderem.
De outro lado, a paralisia cerebral (PC) corresponde a um grupo não progressivo
de distúrbios motores secundários à lesão do cérebro em desenvolvimento, sendo uma
das patologias neurológicas mais comuns de serem encontradas nos centros de
reabilitação. Entre os tipos de PCs, a espástica caracteriza-se pela presença de tônus
elevado (aumento dos reflexos miotáticos, clônus e reflexo cutaneoplantar em extensão
- sinal de Babinski), sendo ocasionada por uma lesão no sistema piramidal (SCHOLTES et
al, 2006). A espasticidade é predominante em crianças cuja paralisia cerebral é
consequente do nascimento pré-termo, enquanto que as formas discinéticas e atáxica
(os outros tipos) são frequentes nas crianças nascidas a termo (HENDERSON et al, 2007).
É nesse contexto que se insere este trabalho, o qual aborda as dificuldades
encontradas na utilização de uma CR para uma pessoa com paralisia cerebral do tipo
espástica, motivo do nosso estudo de caso. Após a devida apresentação dos
procedimentos metodológicos, discutiremos as dificuldades de adaptar o uso de CRs às
1 Bacharela em Terapia Ocupacional pela Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual “Júlio de Mesquita Filho” (Marília – SP, Brasil). Especialização em andamento em “Tecnologia Assistiva: A abordagem da Terapia Ocupacional” pela AVM Faculdade Integrada. Terapeuta Ocupacional em Lace Inclusiva – Núcleo de Ações para a Cidadania na Diversidade (São Paulo – SP, Brasil). Endereço eletrônico: sambleisse@hotmail.com
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peculiares necessidades de cada indivíduo. Em seguida, apresentaremos uma adaptação
de baixo custo, criada pela família de uma usuária que solucionou as queixas e os
encomodos desta. Aproveitaremos também para expor outras adaptações de baixo
custo utilizadas para treino de atividades de vida diária (AVDs) pela usuária em questão.
O objetivo final é provocar a reflexão sobre o uso desses para outras pessoas
com PC do tipo espástica, proporcionando alternativas de intervenções terapêuticas
para esse público e favorecendo a melhora na qualidade de vida dos usuários e de suas
famílias.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O estudo de caso tem caráter qualitativo. Parte-se de uma abordagem
experimental, a partir da manipulação direta de variáveis relacionadas ao objeto de
estudo. A elaboração foi realizada durante os atendimento em grupo por equipe
multidiciplinar em uma organização não governamental (ONG) do estado de São Paulo.
Essa ONG atende crianças, adolescentes e adultos com deficiência e seus familiares,
contando com uma abordagem socioeducativa e multiprofissional e tendo por objetivo
a promoção da inclusão, da interação social, da independência e da autonomia dos
usuários.
Primeiramente foram coletados os dados da família e da usuária, por meio da
aplicação do acolhimento e da anamnese. Em sequência, foi feita a avaliação da usuária,
a qual é própria da instituição, tomando como base as áreas de habilidades adaptativas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Conforme mencionado, este trabalho visou trazer uma análise da eficácia de
alguns recursos para fins de adaptação de CR a pessoas com PC do tipo espástica. Essas
intervenções são conhecidas como “adequação postural em cadeira de rodas” ou
“seating” e visam permitir e assegurar maior bem-estar e proteção para usuários com
alguma alteração psicomotora e neuromotora, focando-se, não apenas no conforto e na
redução de pressão, mas também no enriquecimento do desempenho do usuário e no
oferecimento de estrutura e suporte corporal (CHAVES; RIZO; ALEGRETTI, 2003).
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Muitas vezes as CRs e suas adaptações são complicadas, difíceis de usar, além
de, possivelmente, ser de alto custo e ter a necessidade de manutenção. Baseando-se
na intervenção terapêutica, o nosso estudo de caso diz respeito ao atendimento de uma
jovem de 24 anos, que chegou à instituição com diagnóstico de paralisia cerebral do tipo
espástica quadriplégica com tônus flutuante e movimentos involuntários.
Durante a avaliação e os atendimentos em grupo, a jovem apresentou
dificuldades (1) nas atividades de vida diária (ex: alimentação e escovação de dentes);
(2) nas atividades instrumentais de vida diária (ex: pintar, escrever, recortar, colar etc.);
(3) mobilidade de maneira assistida, pois não executa independentemente a propulsão
da CR; (4) também mostrou dificuldades para se adaptar nesta (CR) e na cadeira de
banho (CB), trazendo como queixa principal a constante quebra do apoio de pés dessas,
isso devido à hipertonia e a uma série de contrações musculares involuntárias (clônus),
que implicavam o empurrar, com grande força, dos apoios para os pés da CR e da CB
para baixo e, consequentemente, quebrava-os. A família da usuária havia comprado e
pesquisado vários apoios de pés para CR, mas todos feitos de materiais pouco
resistentes (ex: plástico). Frente a isso, a família teve a iniciativa de confeccionar, por
conta própria, um apoio de pés.
Realizaram-se as medidas dos materiais, que foram: uma prancha de madeira
firme e grossa, duas alças de tecido grosso, dois parafusos grossos com as porcas
correspondentes, um metro de plástico para encapamento e um EVA (para ser
antiderrapante). Cortamos na madeira duas passagens (entradas circulares) para
encaixar no suporte de apoio para os pés na CR, com duas alças de tecido grosso
parafusadas na parte de cima do apoio de madeira para o encaixe dos pés (imagem 1).
A mesma iniciativa do apoio de pés se deu para a cadeira de banho, também feita de
madeira, encapada com plástico impermeável, porém, para prender no suporte do
apoio de pés, foram usadas dobradiças e fecho (tranca de alumínio para porta). Depois
dos reajustes, aplicamos a adaptação na CR e na CB da usuária, a qual deixou de quebrar
os apoios de pés das duas cadeiras e também deixou de escorregar no momento tomar
banho.
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Imagem 1. Adaptação para CR e CB. Fonte: Arquivo pessoal da autora.
A utilização dessas adaptações para o quadro de espasticidade proporcionou
melhor qualidade de vida e maior segurança no uso da cadeira de rodas e na cadeira de
banho. Evitando que a usuária quebrasse os apoios, também evitou acidentes e risco de
quedas no momento do banho.
Indo mais além, ainda no contexto de atender às necessidades do indivíduo com
espasticidade, atentou-se para outras necessidades da usuária, para a questão da
independência nas AVDs. Por conta disso, efetuou-se o treino da alimentação com os
talheres e copo adaptados e seguradores, tudo feito com material de baixo custo. Esses
recursos proporcionaram à usuária a oportunidade de segurar objetos (imagem 2). Hoje,
nos atendimentos, ela pode apreender pincéis, lápis, caneta, giz e até mesmo a escova
de dente.
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Imagem 2. Adaptações de baixo custo para AVDs.
Fonte: Arquivo pessoal da autora.
A experiência deste trabalho reforça a ideia de que é essencial que as pessoas
compreendam a funcionalidade na utilização das adaptações para as atividades e os
significados destas para a suas vidas assim como para o momento do atendimento. O
terapeuta ocupacional tem o dever de identificar e avaliar atividades que são de
interesses de seus usuários e estimular a reflexão junto a eles, sobre o papel e função
dessas atividades no seu contexto de vida (MARTINELLI, 2011).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo reafirma a importância de que o terapeuta ocupacional utilize
o raciocínio profissional a todo momento para explorar ao máximo os recursos
oferecidos e disponíveis. Às vezes, será preciso readaptar o dispositivo, recriá-lo ou
reforçá-lo, sem se render ao que já está formado e fabricado. A família é a grande aliada
para uma intervenção terapêutica efetiva, visto que as ideias para as adaptações podem
advir dessa, já que testemunham diariamente as dificuldades do usuário. O estudo
demonstrou como é possível realizar o intento fazendo uso de materiais de baixo custo.
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A usuária mostrou satisfação ao realizar as atividades, já que a mesma apresenta
vontade de participar de todas as atividades.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTONELI, M. R. M. C. Prescrição de Cadeira de Rodas. In: Teixeira. E.; Sauron, F. N.; Santos, L. S. B.; Oliveira, M. C. Terapia Ocupacional na Reabilitação Física. 1a Edição. São Paulo: Roca, 2003. CHAVES, E. S.; RIZO, L. R.; ALEGRETTI, A. L. Adequação Postural para o Usuário de Cadeira de Rodas. In: TEIXEIRA, E.; SAURON, F. N.; SANTOS, L. S. B.; OLIVEIRA, M. C. Terapia Ocupacional na Reabilitação Física. 1a Edição. São Paulo: Roca, 2003. HENDERSON, R.C., et al. Growth and nutritional status in residential center versus home-living children and adolescents with quadriplegic cerebral palsy. J Pediatr. 2007 Aug;151(2):161-6. MARTINELLI, S. A. A importância de atividades de lazer na terapia ocupacional. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, São Carlos, jan/abr 2011, v. 19, no 1, pp. 111-118. SCHOLTES, V.A B. et al. Clinical assessment of spasticity in children with cerebral palsy: a critical review of available instruments. Developmental Medicine & Child Neurology, 48: 64–73, 2006.
Palavras-chave: Equipamentos de Autoajuda; Terapia Ocupacional; Paralisia erebral; Cadeiras de Rodas.
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II Simpósio de Trabalhos de Conclusão de Curso e de Iniciação Científica de Terapia Ocupacional e I Encontro de Preceptores do Curso de Terapia Ocupacional da UFSCar, 2017.
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A ESCOLA DO CAMPO E AS DEMANDAS PARA A TERAPIA OCUPACIONAL
SOCIAL FARIAS, MAGNO NUNES1; FURLAN, PAULA GIOVANA2; FALEIRO, WENDER3.
Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão e Universidade Federal de São Carlos –
UFSCar.
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
Evidencia-se que “na sociedade brasileira, assim como na realidade de muitos
países, a constituição sócio-histórica desenha padrões de desigualdades sociais
relevantes, que marcam grande parte de sua população” (LOPES, et al., 2010, p. 141),
sendo a educação um dos instrumentos que perpetuam essas desigualdades.
Uma das populações fortemente atingidas por esses processos desiguais, são os
povos do campo. Com isso, se dá na década de 80 uma forte mobilização dos
Movimentos Sociais do campo em favor de processos educacionais que efetivamente
olhassem para os sujeitos do campo, surgindo assim o movimento Educação do Campo.
Se caracteriza como um movimento sócio-político brasileiro, que tem como agentes as
trabalhadoras e trabalhadores do campo, que busca a partir de ações de enfrentamento,
lutar por políticas educacionais e os diversos acessos a direitos sociais que foram
negados historicamente a essas comunidades, e ainda são negados (CALDART, 2012).
Além disso, o movimento tem a Escola do Campo como uma das suas perspectivas de
materialidade como política pública, fundamental para a constituição e
desenvolvimento dos sujeitos que habitam o campo, superando o modelo de escola
urbanocêntrica que não dialoga com a realidade do campo (MOLINA e SÁ, 2012).
O objetivo desse artigo é refletir sobre a possíveis atuações da TO Social nos
contextos das Escolas do Campo, tendo em vista que a institucionalização desse modelo
de escola (devido ao processo histórico e conjuntural brasileiro) tem grandes desafios
1 Terapeuta Ocupacional pela Universidade de Brasília (UnB). Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão, Catalão - GO, Brasil. Núcleo de Extensão e Pesquisa em Educação e Desenvolvimento do Campo (NEPCampo). Bolsista CAPES. 2 Terapeuta Ocupacional, Doutora em Saúde Coletiva. Docente na Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. 3 Doutor em Educação. Docente da Universidade Federal de Goiás, Regional Catalão. Programa de Pós-Graduação em Educação. Núcleo de Extensão e Pesquisa em Educação e Desenvolvimento do Campo – NEPCampo.
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pela frente, sendo fundamental uma atuação interdisciplinar para instituir modelo de
escola contra-hegemônico.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Trata-se de um trabalho de reflexão, que busca levantar referências sobre a TO
Social e a sobre a Educação do Campo, e pensar nas possibilidades de atuação da TO
Social nas Escolas do Campo, dialogando esses dois movimentos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
É fundamental que o TO Social reconheça a Escola do Campo como espaço de
vinculação com os sujeitos concretos do campo, tendo suas necessidades sociais
protagonismo nessa escola, bem como seu projeto societário popular (reforma agrária
e agricultura familiar) (MOLINA e SÁ, 2012).
Além disso, deve-se se ater a possibilidade da escola como lugar de libertação e
conscientização, que permite a visibilidade social de grupo marginalizados, amplia a
possibilidades de vivenciar o mundo de modo emancipatório, como instrumento
fundamental para melhorar condições matérias e subjetivas de vida (LOPES e SILVA,
2007; FREIRE, 1967).
Assim, a TO Social irá transitar sobre as questões que geram conflitualidades nos
espaços do campesinato brasileiro, como as questões políticas que desenvolveram e
ainda desenvolvem uma educação para o campo alienadora., e sobre as questões de
caráter ideológicos, que muitas vezes inculcam nesses sujeitos a necessidade de
desraizamento do campo, deslegitimando seus modos de vida e cultura, a partir da
Ideologia Civilizatória, que coloca o campo como lugar de atraso e o urbano de progresso
(CRUZ, ARAÚJO, COSTA, 2015).
Nesse contexto a atividade, recurso da TO, tomará um caráter emancipatório,
tendo como parâmetro as questões históricas e culturais dos sujeitos que irão vivenciar
esse processo de intervenção, sendo fundamental que essas possuem significado para
os sujeitos (BARROS, LOPES e GALHEIGO, 2007b). Além disso, deve-se levar em conta
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que a escola é um local de encontro que produz significados e interfere de maneira
direta na existência desses sujeitos do campo.
Assim, as ações práticas da TO Social podem se dar de diversas formas, com base
nas tecnologias sociais inovadoras, afim de produzir ações que articulem e agregam
dimensões micro e macroestruturais. Algumas ações da profissão nas Escolas do Campo
podem se dar das seguintes maneiras:
- Construção de Atividades, Dinâmicas e Projetos, constituindo espaços coletivos
ou grupais: utilizar atividades grupais ou coletivas, com intuito de conhecer os universos
desses sujeitos que constituem o ambiente escolar do campo (alunos, profissionais da
educação e comunidade), buscando ampliar os vínculos com a atividades significativas,
de cunho cultural, que caracteriza o viver no campo. Esse espaço se configura como
lugar de sociabilidade, aprendizagem e experimentação, objetivando contribuir para
que os sujeitos que participarem dela, adquira nova leituras sobre o mundo do campo,
sobre suas próprias identidades. Objetivando desmitificar os pensamentos hegemônicos
que coloca o campo como “lugar de atraso” e que marginaliza seus modos de vida
(LOPES, et al., 2014, p. 597) do campo.
- Acompanhamentos singulares e territoriais: estratégias de intervenção com o
objetivo de compreender e interagir sobre o território do camponês, de maneira mais
intensa, o que possibilidade realizar uma leitura da realidade concreta, circulando sobre
as redes de relações que estão em volta das Escolas do Campo, compreende aquele
território como espaço vivo. Fortalecendo a ponte entre comunidade e cotidiano
escolar. Essas necessidades se dão pelas demandas singulares ou coletivas (LOPES, et
al., 2014).
- Articulação de Recursos no Campo Social: essas articulação se constrói a partir
de diversas articulações individuais, coletivas, institucionais e políticas, com a finalidade
de lançar mão de estratégias para gerenciar práticas nos distintos níveis de atenção
social, com o intuito de alcançar os “objetivos comuns e utilizar os recursos possíveis,
compreendidos como dispositivos financeiros, materiais, relacionais, afetivos, sejam
eles micro ou macrossociais, para compor as intervenções” (LOPES, et al., 2014, p. 598)
voltados para as crianças, jovens, adultos e idosos do campo.
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-Dinamização da Rede de Serviços: essa ação objetiva mapear, organizar e
materializar todos os programas, projetos e movimentos que são voltados para a
comunidade do campo “com o intuito de fomentar a interação e a integração entre eles,
articulando os diferentes setores e níveis de intervenção, facilitando a efetividade e o
direcionamento das estratégias” (LOPES, et al., 2014, p. 598). Assim, com a articulação
de diversas ações se torna possível a realização da construção da uma rede social
resolutiva para os sujeitos do campo, pautadas na intersetoralidade e
interdisciplinaridade, e que tenha a Educação do Campo como um movimento
fundamental para a sustentação dessa rede.
A profissão utiliza com recursos atividades individuais e grupais nas Escolas,
capazes de contribuir para superar as contradições sociais, dando luz e protagonismo
para a existência dos sujeitos do campo, pautadas na conscientização, empoderamento
e emancipação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em meio das infinitas contradições a TO Social vai atuar fortalecendo os
processos da Educação do Campo, assegurando o acesso da população do campo aos
seus direitos sociais, em especial educacionais, articulando ações terapêuticas
ocupacionais para ajudar promover nos ambientes escolares do campo uma escola que
esteja estreitamente fixada nas necessidades sociais dos camponeses, e que não
reproduza qualquer tipo de opressão social.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, D. D.; LOPES, R. E.; GALHEIGO, S. M. Novos espaços, novos sujeitos: a terapia ocupacional no trabalho territorial e comunitário. In: CAVALCANTI, A.; GALVÃO, C. Terapia ocupacional: fundamentação e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007b. p. 354-363. CALDART, R S. Educação do Campo. In: CALDART, Roseli et al. (org.). Dicionário da Educação do Campo. Rio de Janeiro: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Expressão Popular, 2012, p. 257-264. CRUZ A. B. da; ARAÚJO L. A.; COSTA T. M. M. da. Cultura Rural: Resistências E Modificações Observadas No Campo A Partir Da Inserção Da Tecnologia. In: 2º WORKSHOP DE GEOGRAFIA CULTURAL: Da cultura material ao simbolismo cultural, 2015, Alfenas. Anais...Alfenas – MG, 2015, p. 99-109. FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 23. ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1967.
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v.2, n.1 ISSN: 2359-3563 136
LOPES, R. E.; SILVA, C. R. O campo da educação e demandas para a terapia ocupacional no Brasil. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v.18, n. 3, p. 158-164, set./dez. 2007. LOPES, R. E. et al. Educação profissional, pesquisa e aprendizagem no território: notas sobre a experiência de formação de terapeutas ocupacionais. O Mundo da Saúde, São Paulo34(2):140-147, 2010. LOPES, R. E. et al. Recursos e tecnologias em Terapia Ocupacional Social: ações com jovens pobres na cidade. Cad. Ter. Ocup. UFSCar, São Carlos, v. 22, n. 3, p. 591-602, 2014. MALFITANO, A. P. S. Campos e núcleos de intervenção na terapia ocupacional social. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v. 16, n. 1, p. 1-8, jan./abr., 2005. MOLINA, C.M. e SÁ, L. M. Escola do Campo. In: CALDART, Roseli et al. (org.). Dicionário da Educação do Campo. Rio de Janeiro: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Expressão Popular, 2012, p. 324-331.
Palavras-chave: população rural; educação; justiça social.
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ENTRE VELHOS E VELHICES: EXISTÊNCIAS MÚLTIPLAS E DIVERSAS NEVES, AMABILE TERESA DE LIMA1; BARROS, DENISE DIAS2
Programa de Pós-Graduação em Terapia Ocupacional - Universidade Federal de São Carlos
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
A presente reflexão emerge de experiências acadêmicas e profissionais vivenciadas por
mim nos últimos anos em torno do universo da velhice. Em 2013, durante o estágio acadêmico,
em terapia ocupacional social, integrei a equipe do Serviço Especializado de Atendimento
Domiciliar – SEAD, prestado a idosos e pessoas com deficiência em vulnerabilidade social e/ou
que se encontrem em situações de violação de direito já instaladas, e que estejam dependentes
e com as limitações agravadas, dificultando seu acesso ao serviço. No SEAD, passei a repensar o
processo de envelhecimento e a velhice. Sentia a necessidade por debates que fossem além das
mudanças biofisiológicas e dessem suporte para lidar com as problemáticas socioculturais
emergentes no contexto da velhice e da assistência social.
Minhas questões despontavam quando atuei como docente substituta, em 2014 e 2015,
e ministrei a disciplina de “Geriatria e Gerontologia em Terapia Ocupacional”, que me permitiu
a percepção mais apurada sobre a menor quantidade de material abordando o envelhecimento
pelo viés sociocultural na formação geriátrica e gerontológica, comparado às produções clinico-
biológicas e desenvolvimentistas.
No que tangia ao aporte científico da terapia ocupacional brasileira sobre a diversidade
nos processos envelhecimento, os dados chamavam atenção. Em um rápido levantamento
bibliográfico encontrei apenas o artigo de minha autoria junto com a docente que fora minha
supervisora no estágio: A Terapia Ocupacional Social na assistência ao idoso: história de vida e
produção de significados (NEVES; MACEDO, 2015).
Paralelamente, estive como técnica voluntária do programa de extensão Metuia-UFES
no seu projeto Terapia Ocupacional e os jovens Guarani do Espírito Santo: diálogos e oficinas
culturais. Nessa experiência me coloquei na ação técnica em contato com a realidade cultural
da comunidade Guarani de Aracruz, que me instigava a pensar sobre as diferenciações
existentes nos modos de ser do homem, e me fez avançar nos questionamentos: “Como
1 Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos. mabi_neves@yahoo.com.br. 2Docente no Programa de Pós-Graduação Interunidades em Estética e História da Arte da Universidade São Paulo e no Programa de Pós-Graduação em Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos. Pesquisadora membro da Casa das Áfricas – Núcleo Amanar. ddbarros@usp.br
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enxergar a velhice de forma diversa? O que e como seria o “ser velho” em culturas outras, que
concebem a própria noção de velhice de forma diferenciada?”.
Ratificou-se em mim, portanto, a demanda por reflexões sobre a diversidade e
pluralidade da/na velhice. Dessa forma, o objetivo desse escrito é retratar reflexões iniciadas a
partir do diálogo que venho estabelecendo com autores que partem do interior das
humanidades para repensar o ser velho e sua definição, apresentando chaves de leitura outras
que permitam ver o processo de envelhecimento e a velhice por constituições que consideram
as experiências humanas múltiplas e diversas. Aproveito a interlocução com as ciências humanas
para trazer breves apontamentos à terapia ocupacional, a fim de contribuir a expansão do
arcabouço teórico metodológico que a profissão vem construindo acerca da velhice.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Trata-se de um ensaio teórico sobre o que é ser velho em perspectivas que vão
à contramão das discussões e definições pautadas em marcadores biofisiológicos dos
ciclos de vida e na divisão geracional por faixa etária. A reflexão foi construída por meio
da interlocução com autores voltados aos debates das humanidades e da extensão
desse diálogo à terapia ocupacional.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As visões biologicistas apresentam o envelhecimento como um processo
biofisiológico que, de acordo com Heck e Langdon (2002), caracteriza-se por mudanças
gradativas e degenerativas das funções vitais, podendo culminar em dependência e
perda de controle sobre si, principalmente quando se chega à velhice, considerada fase
final do ciclo da vida.
Embora pertinentes tais perspectivas reduzem o envelhecimento a um quadro
de características, sinais e sintomas clínicos excluindo sua complexidade. Para Graeff
(2011, p.4) essa redução pode se tornar um risco à medida que possibilita reafirmar o
“discurso gerontológico”, que víncula a vivência satisfatória da velhice aos padrões de
consumo e não aos desdobramentos das histórias de vida dos sujeitos, vindo a reforçar
os processos de exclusão das pessoas. Dificultando, portanto, conforme destacam
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Freitas, Queiros e Souza (2010), o exercício de olhar para o processo de envelhecimento
a partir das construções singulares e subjetivas dos sujeitos e das sociedades.
Pinheiro Junior (2005), em seu estudo aponta que os primeiros estudos
dedicados à definiçao da velhice datam do século XVI. No boon da ciência positivista, a
definição vinha atrelada aos estudos médicos, ao binômio saúde e doença, e à visão
biomédica do homem. Com a eclosão do capitalismo industrial, entre os séculos XVIII e
XIX, o termo terceira idade começou a emergir, relacionado aos trabalhadores que se
aposentavam. Já no Brasil, o termo idoso ganhou destaque, contudo, está bastante
associado aos processos de exclusão enfrentados pelas pessoas mais velhas, dado não
se encaixarem ao sistema capitalista de produção intensiva. Nesse sentido, o autor
ressalta que essas definições vão acompanhando as conjunturas sociais e tempos
históricos, tal qual ocorre à classificação etária, que é construída político, econômico e
socialmente, a fim de organizar as pessoas e grupos em papeis e funções a se
desempenhar na vida social, e dar contornos ao funcionamento da estrutura social.
Debert (1998), apartir de sua reflexão antropológica sobre a velhice, questiona
as visões universalizantes, onde a velhice é retratada como categoria natural, repleta de
aspectos defendidos como comuns a qualquer pessoa velha. A crítica da autora se
configura na compreensão de que a velhice é uma categoria social, e que por isso terá
construções variadas, de modo que a definição do que é ser velho se inscreve a partir
das formas de se relacionar e de produzir o conhecimento e as experiências humanas,
por cada sociedade.
Existem, pois, velhos e as velhices, múltiplos e diversos, e nessa interpretação,
autora nos instiga a buscar mais do que as definições em si, mas as razões, sentidos e
significados pelas quais são estabelecidas. Essa perspectiva pode ir, signficativamente,
ao encontro da terapapia ocupacional, uma vez que essa área de conhecimento e prática
profissional se debruça sobre os diferentes cotidianos e a multiplicidade de rupturas e
desconstruções normativas existentes, dedicando-se também em seus estudos a
compreender os significados e sentidos das ações humanas e suas diferenças. Dessa
forma, ao buscar conhecer o velho e a velhice de seu interior, a terapia ocupacional tem
a oportunidade de repensar também as ações humanas e os formatos de cotidianos
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possíveis às pessoas velhas, construindo tecnologias variadas para lidar com as
problemáticas atreladas à velhice, de acordo com seu recorte sociocultural, e, assim,
contribuir para com os debates acerca da diversidade do envelheciemto e da velhice.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diferentes áreas de conhecimento têm tem se dedicado à velhice, apresentando
olhares e inúmeras definições para essa categoria geracional e social. Todavia, é
significativa a necessidade de que construções não normativas e singulares, que
considerem o ser velho por meio da historicidade das próprias pessoas velhas,
considerando suas dinâmicas culturais e espaço-tempo específicos, ganhem mais
destaque frente aos discursos universalizantes.
À terapia ocupacional fica o chamado, portanto, a se aproximar mais de campos
epstemológicos outros, para além daqueles que apresentem uma visão psico-biológica
e desenvolvimentista da velhice, a fim de reinventar suas práticas e ações, expandindo
seus conhecimentos para acolher de forma diversa a diversiade das experiências e
necessidades humanas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DEBERT, G.G. Pressupostos da reflexão antropológica sobre a velhice. In: DEBERT, G.G. (Org.)
Antropologia e velhice. Campinas: IFCH/UNICAMP, 1998, p. 7-27.
FREITAS, M. C.; QUEIROZ, T. A.; SOUSA, J. A. V. O significado da velhice e da experiência de
envelhecer para os idosos. Revista da Escola de Enfermagem USP, São Paulo, v. 44, n. 2, p.
407-412, jun, 2010.
GRAEFF, L. Considerações sobre a velhice institucionalizada: memória social, cotidiano e ritmos
asilares. Polis e Psique, v. 1, n. 1, 2011.
HECK, R. M.; LANGDON, E. J. M. Envelhecimento, relações de gênero e o papel das mulheres na
organização da vida em uma comunidade rural. In: MINAYO, M. C.S.; COIMBRA JUNIOR, C.E.A.
(Org) Antropologia, saúde e envelhecimento [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2002.
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NEVES, A. T. D. L.; MACEDO, M. D. C. Terapia Ocupacional Social na assistência ao idoso:
história de vida e produção de significados. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, São
Carlos, SP, v. 23, n. 2, p. 403-410, 2015.
PINHEIRO JUNIOR, G. Sobre alguns conceitos e características de velhice e terceira idade: uma
abordagem sociológica. Revista Linhas, Florianópolis, SC, v. 6, n. 1, p. 1-14, 2005.
Palavras-chave: velhice; envelhecimento; diversidade; terapia ocupacional.
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ENTRE LUTA E RESISTÊNCIA: PERCURSOS E MODOS DE VIDA NO
ASSENTAMENTO VISTA ALEGRE - GO FARIAS, MAGNO NUNES1, ALVES, MARIA ZENAIDE2; FALEIRO, WENDER3.
Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
Os Assentamentos surgem a partir das demandas dos Movimentos Sociais do
Campo constituídos pelos trabalhadores e trabalhadas do campo, sendo resultado do
projeto de Reforma Agrária. São territórios constituídos por diversos sujeitos que estão
engajados nas lutas pela democratização da terra, vindos tanto dos próprios espaços
rurais, quanto retornando dos espaços urbanos para viver nos territórios rurais. Assim,
essas novas unidades possuem efeitos muito grande na configuração agrária brasileira,
nos modos de vida, de produção, moradia, relação com a natureza, consumo, trabalho
e lazer. E assim, produzem novas necessidades sociais, como acesso à educação, saúde,
trabalho, lazer e assistência social nesses espaços (LEITE, 2012).
Os assentamentos marcam os processos de luta e resistência pelo direito e a
conquista da terra pela classe trabalhadora do campo e seus Movimentos Sociais,
buscando justiça social, que modifica a estrutura fundiária do país (LEITE, 2012).
Sendo assim, são fundamentais estudos que contribuam “para avançarmos na
compreensão e no conhecimento das especificidades desses tempos, e das carências as
quais estão submetidos esses sujeitos” (MOLINA, 2006, p.09), bem como para entender
suas potencialidades e seus modos de viver e se organizar. Para assim, fortalecer um
reconhecimento político, social e cultural desses sujeitos do campo.
O objetivo desse estudo é Relatar a Experiência de uma vivência realizada em um
Assentamento, no Goiás, que teve como objetivo compreender os percursos e modos
1 Graduado em Terapia Ocupacional pela Universidade de Brasília. Mestrando pelo Programa de Pós-graduação da Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão. Bolsista CAPES. Núcleo de Extensão e Pesquisa em Educação e Desenvolvimento do Campo – NEPCampo. 2 Doutora em Educação pela UFMG. Docente da Universidade Federal de Goiás, Regional Catalão. Unidade Acadêmica Especial de Educação. Núcleo de Extensão e Pesquisa em Educação e Desenvolvimento do Campo – NEPCampo. 3 Doutor em Educação pela UFU. Docente da Universidade Federal de Goiás, Regional Catalão. Programa de Pós-Graduação em Educação. Núcleo de Extensão e Pesquisa em Educação e Desenvolvimento do Campo – NEPCampo.
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de vida dos sujeitos que vivem ali. Também buscamos refletir sobre o processo
formativo dessa vivência.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Trata-se de um Relato de Experiência de uma vivência realizada por estudantes
e docentes da Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão, no Assentamento Vista
Alegre (Cristaliza – Goiás). Essa vivência objetivou aprofundamentos sobre as realidades
do campo. Os viventes foram: discentes e docentes da Licenciatura em Educação do
Campo e um Terapeuta Ocupacional (mestrando em Educação da UFG).
Assim, nesse trabalho buscamos descrever e analisar os percursos e modos de
vida dos assentados, a partir da imersão realizada na comunidade. Além disso,
procuramos refletir sobre os impactos na formação de nós viventes ao participarmos
dessa experiência.
No assentamento vive em torno de 250 famílias e já existe a cerca de 16 anos. A
vivência foi realizada no 1°/2016, em dois dias. Nos hospedamos em uma das famílias
da comunidade, intensificando nossa imersão no espaço. Usaremos nomes fictícios dos
sujeitos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O nascer da Comunidade: percursos de Sr. José e Sra. Joana
Ao chegarmos no Assentamento fomos recebidos pela família que nos acolheu
em sua casa, e assim já iniciamos conversas com os membros dessa família, Joana e José.
José nos falou sobre sua chegada ao local, em 1999, veio de Goiânia – GO, do
meio urbano, decidido então a viver no território rural, devido seu sentimento e vínculos
com os modos de vida do campo. Quando chegou estava no iniciando o Projeto de
Assentamento, então ele também se assentou em uma parte do terreno.
Primeiramente, permaneceu os quatro primeiros meses vivendo em uma lona preta,
depois buscou Sra Joana, e começou a construir sua casa. José nos relatou que: “Isso
(chegada ao assentamento) para mim não é sofrer e sim construir experiências”.
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Quando questionado “O que o motivava? ”sua resposta foi “Esperança”, quando
perguntado se ele tinha se arrependido de algo relatou “De maneira alguma! ”, além
disso falou ser muito feliz naqueles espaços. Sr. José é um sujeito que se empoderou a
partir do processo de Assentamento, se reconhecendo como capaz de lutar por seus
direitos e conduzir seus percursos de vida, formulado estratégias de ação para a
conquista de um território para existir com sua família (MELGAREJO, 2001).
Sr. José relatou: “Muitos pensam que só na cidade tem qualidade de vida, porém
lá existe muita ambição [...]. Se esquecem que a base é a agricultura”. Sr. José então
desconstrói o pensamento que aponta a cidade como único espaço de qualidade de
vida, e aponta a falta de reconhecimento do campo como espaço fundamental para o
desenvolvimento brasileiro.
Modos de Vida e Produção
Há uma organização comunitária no Assentamento, onde existe diversas ações
conjuntas entre os assentados para construir avançamos na comunidade. Alguns
exemplos dessas ações são: construção da Associação de Agricultores Assentados da
Reforma Agrária, que tem como objetivo fortalecer o território e unificar forças para a
luta por direitos sociais de permanência e avanços no assentamento; existe o Centro
Esportivo União Vista Alegre, que promove ações esportivas; há também a promoção
de uma Feira, que tem por objetivo construir um espaço de venda e troca entre os
próprios assentados. Essas iniciativas promovem e potencializam as relações
comunitárias de cooperação, unificando esses sujeitos de forma territorial e em uma
rede de relações (TARDIN, 2012).
Os assentados em sua grande maioria são pequenos produtores, e vivem
basicamente da agricultura familiar. A comunidade também tem uma cooperativa de
farinha. Se contrapondo a modos de produção agrícola-capitalista.
Foi construída uma Barragem (por uma empresa) no rio que passa no
Assentamento. A barragem teve impactos nocivos na de vida dos sujeitos, pois imergiu
uma grande parte do assentamento. Sobre essa questão Marlene nos relatou: “Essa
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barragem não foi boa para gente não, eu ia procurar orquídeas na mata, e era muito
bom, agora tudo foi coberto pela água”.
No assentamento há uma escola, somente até o nono ano. E sobre serviços de
saúde os sujeitos pontuam que o médico vai ao assentamento somente uma vez por
mês. Sinalizando a necessidade de materialização das políticas sociais.
Impactos da experiência
Notamos que a experiência proporciona uma desconstrução da ideia do que é
um Assentamento para nós viventes, pois por se tratar de um território ocupado e
conquistado pelos Movimentos Sociais, há concepções criminalizatórias sobre esse
espaço, colocando os sujeitos que estão ali como “invasores”, “oportunistas” e
“vagabundos” (FILHO, 2012). Nessa perspectiva, nós integrantes do grupo começamos
a refletir sobre a importância da democratização da terra, a as injustiças que permeia a
concentração de terra no nosso país, tendo os movimentos sociais um papel crucial para
esse processo de justiça social.
Assim, nos viventes passamos a compreender melhor as estruturam que rodeiam
a vida dos sujeitos do campo, com sua particularidade e modos de vida. Há uma
compreensão sobre a Cultura Camponesa, que possibilita uma ressignificação e
valorização.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Há diversas produções de vida no Assentamento, que superam perspectiva de
organização capitalista. Assim, notamos formas de ocupação inovadoras, e emergentes,
que residem na perspectiva comunitária, conservação e valorização da natura, na
agricultura familiar, ou seja, formas alternativas e solidárias de se relacionar com a
natura e com os outros sujeitos (COSTA e MACEDO, 2016).
Observamos que os Assentamentos têm seus modos de conhecer a realidade,
que possuem racionalidade e consciência legitima sobre si mesmos e as estruturas
sociais. Estão engajados em modos de vida pautados na luta e resistência, superando
tensionamento de uma sociedade capitalista excludente. Assim, há necessidade de
políticas públicas que legitimem e potencialize a existência desses sujeitos.
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Além disso, a vivência nos possibilitou descontruir as representações sociais que
tendem a pensar os sujeitos do campo como irracionais, ignorantes e sem
conhecimento, para termos um olhar mais profundo sobre os modos de vida desses
sujeitos, a partir da valorização e respeito.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA, L. da C. e MACEDO, M. D. C. de. In: LOPES, R. E. e MALFITANO, A. P. S. (Org.). Terapia
ocupacional social: desenhos teóricos e contornos práticos. São Carlos: EdUFSCar, 2016.
FILHO, A. E. Despejos. In: CALDART, R.S. et al. (Org.). Dicionário da Educação do Campo. Rio de
Janeiro, São Paulo: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Expressão Popular, 2012.
LEITE, S.P. Assentamento Rural. In: CALDART, R.S. et al. (Org.). Dicionário da Educação do Campo. Rio de Janeiro, São Paulo: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Expressão Popular, 2012. MELGAREJO, L. O desenvolvimento, a reforma agrária e os assentamentos - Espaços para a
contribuição de todos. Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.2, n.4, out./dez.2001.
MOLINA, M. C. Prefácio. In: CALDART, R. S.; PALUDO, C.; DOLL, J. Como se formam os sujeitos
do campo? Idosos, adultos, jovens, crianças e educadores. - Brasília: PRONERA : NEAD, 2006.
TARDIN, J. M. Cultura Camponesa. In: CALDART, Roseli et al. (org.). Dicionário da Educação do
Campo. Rio de Janeiro: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Expressão Popular, 2012
Palavras-chave: população rural; atividades cotidianas; cultura; zona rural.
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A JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE MENTAL COMO ELEMENTO BROCHANTE
PARA UMA PRÁTICA ANTIMANICOMIAL RICCI, THAMY EDUARDA1; MARCOLINO, TAÍS QUEVEDO2
Universidade Federal de São Carlos - UFSCar
INTRODUÇÃO
Inspirado pela Reabilitação Psicossocial dentro do processo da Reforma
Psiquiátrica, é criado, em 1998, o Núcleo de Atenção Psicossocial (NAPS) de Rio Claro
(DEVERA et al., 2000), que mais tarde tornou-se o CAPS III 18 de maio.
Até a criação do NAPS, a única referência em Saúde Mental de Rio Claro era o
hospital psiquiátrico “Casa de Saúde Bezerra de Menezes” (DEVERA et al., 2000). Ainda
de portas abertas e com outro nome - Centro Integrado de Atenção Psicossocial
(CINAPSI) -, em 2015, no I Seminário de Atenção Psicossocial e Políticas Públicas da
UNIMEP, a instituição foi apresentada como parte constitutiva da Rede de Atenção
Psicossocial (RAPS) (FRENTE ESTADUAL ANTIMANICOMIAL, 2015).
Este trabalho relata a experiência de uma aluna cursando o 5º ano da graduação
de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) em um estágio
profissionalizante em saúde mental realizado no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)
III 18 de maio em Rio Claro, interior de São Paulo. Para tanto, toma como pano de fundo
o diário de campo elaborado pela aluna entre fevereiro e junho de 2016.
CONTEXTO
De acordo com a Portaria nº 336/GM de 2002, um CAPS III é um serviço
ambulatorial de atenção contínua e territorializada, cujo funcionamento é de 24 horas
diárias, incluindo feriados e finais de semana. Rio Claro é o único dentre os 26 municípios
da macrorregião que possui um CAPS III e, no período referido do estágio, atendia cerca
de 400 pessoas por mês com transtornos mentais graves e persistentes (FUNDAÇÃO
MUNICIPAL DE SAÚDE, 2016).
1 Aluna de graduação de Terapia Ocupacional, Universidade Federal de São Carlos - UFSCar, thamyricci@gmail. 2 Terapeuta ocupacional, Doutora em Educação, Professor adjunta do Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, taisquevedo@gmail.com.
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A equipe é formada por técnicos de enfermagem, enfermeiros, assistentes
sociais, psicólogos, terapeutas ocupacionais. Não havia um médico psiquiatra diarista
no serviço. O atendimento era realizado por diferentes médicos psiquiatras plantonistas
de segunda-feira a domingo. A equipe se subdivide em duas mini-equipes de referência
territorial, composta por três profissionais cada: terapeuta ocupacional, psicólogo e
assistente social.
Sendo um serviço de portas abertas, o CAPS recebe as demandas via
encaminhamentos de outros serviços, durante o acolhimento realizado diariamente. É
realizada uma avaliação pelos profissionais a fim de decidir se os casos são para a
instituição ou se devem ser encaminhados para outros serviços. Se os profissionais
avaliarem que há possibilidade de oferecer atendimento adequado à demanda da
pessoa, inicia-se a construção de um Projeto Terapêutico Singular (PTS) com a equipe
de referência designada.
O serviço também atende urgência e emergência, possuindo quatro leitos para
pernoite. As atividades oferecidas no CAPS são abrangentes: grupos, oficinas,
assembleia mensal de usuários e visitas domiciliares. Diariamente, ocorrem as reuniões
de troca de plantão, onde são discutidos os casos de pessoas acolhidas nos leitos.
A PRÁTICA
Pichon-Rivière (1995, p. 03) define o vínculo como “a maneira particular pela
qual cada indivíduo se relaciona com outro ou outros, criando uma estrutura particular
a cada caso e a cada momento, que chamamos de vínculo”. Ainda segundo o autor, os
vínculos são estruturas dinâmicas que estão em constante movimento.
Em um determinado momento, em um momento da supervisão, ocorreu a
discussão sobre o processo de vinculação e de como estas relações acontecem de forma
espontânea, e que seria assim que a prática de estágios deveriam ocorrer. Porém, as
primeiras semanas do estágio mostraram-se difíceis, pois não era apenas com os
usuários que se dá o processo de vinculação, mas também com a instituição, com
profissionais e a toda uma linguagem desconhecida, baseada em números do Código
Internacional de Doenças (CID). A convivência foi fundamental no processo de
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vinculação da estagiária com os usuários e toda a instituição, tornando clara a
importância dos vínculos para possibilitar a construção de projetos terapêuticos
ocupacionais.
O CASO
L. é um homem de 31 anos, natural de Rio Claro e mora com os pais adotivos. É
um caso que preocupa muito as equipes do CAPS, pois há momentos em que a família
mostra-se resistente ao tratamento, relatando a agressividade do filho e buscando
exaustivamente a internação de L. por tempo indeterminado.
O vínculo de L. com a aluna ocorre por acaso em uma conversa sobre idiomas. A
partir daí iniciam-se atendimentos individuais. Para este caso, os atendimentos eram
baseados nos princípios da Reabilitação Psicossocial, pois a mesma “tem como objetivo
proporcionar que atinjam patamares cada vez mais mais altos de gerenciamento de suas
vidas, possibilidades sempre maiores de autonomia, qualquer que seja a medida desta
para eles; aumentar-lhes enfim a capacidade de escolha” (GOLDBERG, 2001, p. 44).
A partir do interesse de L. por outros idiomas, os atendimentos foram pensados
para acontecer fora do CAPS. A proposta foi de conhecer espaços acadêmicos que
ofereciam cursos livres, a biblioteca da cidade, para que, além de livros, L. conhecesse o
programa de inclusão digital oferecido nesse serviço.
Aos poucos, L. experimentou sua autonomia e independência e elaborou planos
para si. L. se interessou por suas possibilidades futuras, principalmente em relação a sua
profissionalização, e em alguns dias, conseguiu a permissão dos pais para ir e vir ao
serviço sozinho. Por conta da troca de supervisoras no serviço, a prática, assim como os
atendimentos, foram interrompidos por duas semanas.
Durante o hiato no estágio, os pais de L. conseguiram por decisão judicial a
internação do filho no CINAPSI. Apesar de toda mobilização da equipe do CAPS, L. foi
institucionalizado e sem previsão de alta.
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A REFLEXÃO
A aluna visitou o CINAPSI e, durante a visita guiada por um profissional do
serviço, foi possível conhecer todo o espaço, assim como as oficinas que estavam
acontecendo no momento.
L. estava bastante sonolento e, apesar da fala lentificada, relatou que sua
medicação havia mudado; não reconhecia os remédios que estava tomando. Disse que
seus pais o visitavam todos os dias e que participava do máximo de oficinas que
conseguia. L. estava inserido em um programa do serviço que consiste em passar 15 dias
em casa e outros dois dias no CINAPSI. É um programa que fortalece a existência do
CINAPSI e ao mesmo tempo, apresenta-se como uma alternativa de atenção à saúde
mental que pode vir a compor a RAPS, contrariando a Lei 10.216/2001. A proposição da
superação de instituições asilares não significa apenas uma criação de serviços
territoriais e uma desospitalização. “Trata-se de um processo social complexo que
implica inovações em diferentes dimensões: social, cultural, técnica, institucional,
jurídica e política” (OLIVER; NICÁCIO, 1999, p. 64).
Até o momento do estágio, os pais não haviam concordado com a proposta de
que o filho voltasse para casa por meio do programa do CINAPSI alegando que fugia das
determinações judiciais.
A reforma psiquiátrica no Brasil ainda está em curso, vai além do fechamento da
instituição física, atravessa questões político-econômicas que permeiam a saúde
mental, fazendo com que a plena implementação de serviços territoriais de saúde é
impedida também pela dificuldade (ou resistência) de mudanças de antigos paradigmas,
tão enraizados em nossa sociedade.
Aos profissionais de saúde são atribuídas características que favorecem a
hierarquia nas relações de poder em relação a pacientes. Como reflexão final, caberá a
cada profissional ser responsável pela sua própria prática, de ser um funcionário do
consenso (BASAGLIA; BASAGLIA, 19771 apud KINKER, 2012), legitimados pelo paradigma
1 BASAGLIA, F.; BASAGLIA, F. O. Los crímenes de la paz.In: BASAGLIA, F.; BASAGLIA, F. O. (Orgs.). Los crímenes de la paz: Investigación sobre los intelectuales y los técnicos como servidores de la opresión. Trad. Juan Diego Castillo con la colaboración de Maria Elena Petrilli y Marta E. Ortiz. Revisión técnica de Armando Suárez. Madrid: Siglo Veintiuno de España Editores, 1977. p. 13-102.
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psiquiátrico ou profissionais que enveredam o caminho para a transformação plena do
cuidado em saúde mental, visando a emancipação, autonomia e produção de sentido
nas intervenções em saúde.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DEVERA, D.; PALMA, M. E. F.; PINHEIRO, R. C.; BOLANHO, T. F.; MENDES, Y. M. Reabilitação
Psicossocial: A Experiência de Rio Claro. 2000. 120f. Monografia (Especialização). Escola de
Enfermagem, Universidade de São Paulo, São Paulo.
FRENTE ESTADUAL ANTIMANICOMIAL. Denúncia sobre a Estratégia do Governo do Estado de
SP de associar o CINAPSI à construção da RAPS. Disponível em
<https://antimanicomialsp.wordpress.com/tag/cinapsi/>. Acesso 14 set. 2016.
FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE SAÚDE. Após 18 anos, serviço de saúde mental passará a ter prédio
próprio. Disponível em <http://www.saude-
rioclaro.org.br/informativos/Apos%2018%20anos.htm>. Acesso 14 set. 2016.
GOLDBERG, Jairo. Reabilitação como processo – O centro de atenção psicossocial – CAPS. IN:
PITTA, Ana (org). Reabilitação psicossocial no Brasil. São Paulo: Hucitec, 2001.
KINKER, F. S. O lugar do hospital psiquiátrico na atualidade: da disciplina ao abandono. Rev. Ter.
Ocup. Univ. São Paulo, v. 23, n. 2, p. 172-185, maio/ago. 2012.
OLIVER, F.; NICÁCIO, F. Da instituição asilar ao território: caminhos para a produção de sentido
nas intervenções em saúde. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v. 10, n.2/3, p. 60-8, mai/dez.,
1999.
PICHON-RIVIÈRE, E. A teoria do vínculo. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
Palavras-chave: Reabilitação Psicossocial; Hospital Psiquiátrico; Estágio
profissionalizante; Centro de Atenção Psicossocial.
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CORPOREIDADE: OS CONCEITOS A PARTIR DA HISTÓRIA DO CORPO AMBROSIO, LETICIA1; SILVA, CARLA REGINA2.
Universidade Federal de São Carlos
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
A Terapia Ocupacional tem como objeto de intervenção e contrução do saber os
sujeitos e suas atividades humanas, portanto sua corporeidade, já que as capacidades,
as potencialidades e movimentações do corpo humano imersas em seus contextos
sociais, políticos, culturais, ambientais e relacionais, compõe uma gama de
possibilidades para cada indivíduo e produzem a sua corporeidade (ALMEIDA, 2004).
Diante de um arcabouço de concepções sobre o corpo e a corporeidade, os
terapeutas ocupacionais se apropriam de alguns saberes para construir seu raciocínio.
Ao deparar-se com os conhecimentos anatômicos, neurológicos, cinesiológicos ou sobre
a mente, os terapeutas ocupacionais precisam atentar-se para não reduzir suas
intervenções as particularidades dessa concepção, reproduzindo práticas reducionistas
que não consideram a totalidade corporal que se apresenta nas atividades cotidianas
(ALMEIDA, 2004).
O corpo é estudado desde a antiguidade por diversos campos do saber, que
produziram variadas concepções e definições do que pode e do que é um corpo. Ao
tentar compreender mais amplamente os estudos sobre o corpo, nos deparamos, de
forma geral, com duas vertentes: uma que compreende o corpo e a mente como duas
unidades separadas e outra que compreende o corpo como uma unidade integrada.
Pode-se dizer que desde Platão, a concepção de dualidade do corpo tem sido
disseminada, e atribui a mente (ou alma), valor maior em detrimento ao corpo,
colocando este no lugar de executor das vontades da mente (GONÇALVEZ, 2009). Essa
vertente foi reforçada por muitos outros pensadores, como Aristóteles e Descartes,
ganhou bastante força sob influência da Igreja Católica durante a Idade Média e
1 Graduanda em Terapia Ocupacional, Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos. leticiaambrosio.le@gmail.com 2 Terapeuta Ocupacional, Doutora em Educação (UFSCar), Professora do Departamento de Terapia Ocupacional e do Programa de Pós-Graduação de Terapia Ocupacional, Universidade Federal de São Carlos. carlars@ufscar.br
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posteriormente com a medicina dos séculos XVIII e XIX, e produz conhecimentos até os
dias atuais (GONÇALVEZ, 2009).
A segunda vertente, um pouco mais recente, tem seu início no século XVII, com
os apontamentos de Spinoza que negam a existência da alma, contrapondo os ideais até
então hegemônicos de corpo-mente, corpo alma (MENEZES, 2012). Merleau-Ponty, que
cunhou o termo corporeidade no século XX, faz uso do termo corporeidade para referir-
se ao que torna o homem um ser existencial por meio da percepção do mundo através
do corpo como um eu subjetivo individual (ORLANDI, 2008).
Embora Spinoza, Merleau-Ponty e outros pensadores recentes, como Deleuze,
tenham feito proposições para romper com o dualismo corpo-mente, esse pensamento
dual está imposto há milhares de anos (ORLANDI, 2008).
Considerando esse contexto apresentamos dados da Iniciação Científica
“Corporeidade: das dores aos desejos do corpo uma revisão de literatura” que teve
como objetivo analisar e compreender como tem sido feito o uso da corporeidade por
variadas áreas do conhecimento, através de uma revisão bibliográfica sistemática.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A coleta de dados foi feita a partir da base de dados Portal de Periódico CAPES e
teve como descritor o termo ‘corporeidade’. Foram considerados artigos, teses e
dissertações, nos idiomas português, inglês e espanhol, e foram excluídos trabalhos que
não estavam disponíveis integralmente e resumos. Foram encontrados 309 trabalhos,
que foram tabulados com: título, autor(es), tipo de texto, ano, local de publicação,
resumo e data de acesso.
A segunda análise se ateve a uma análise qualitativa, excluindo os trabalhos que
não apresentassem resumos cujo termo corporeidade não se referia ao corpo humano,
foram selecionados 244 trabalhos.
A última etapa compreendeu um aprofundamento e possibilitou criar categorias
de análise para os trabalhos. A partir dos critérios de inclusão e exclusão já identificados
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e do aprofundamento da seleção realizada a partir da leitura do trabalho completo,
foram selecionados 198 trabalhos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentre os 198 trabalhos encontrados, 126 (63,7%) são teses e dissertações e 72
(36,3%) são artigos, em sua maioria em português (97,5%), quatro em espanhol e um
em inglês. As principais bases de dados encontradas foram: Scielo (21,2%), Biblioteca
Digital de Teses e Dissertações da Unicamp (19,2%), Directory of Open Access Journal
(14,1%), Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP (11,6%), Repositório Digital
LUME UFRGS (10,6%) e a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNESP (8,1%)
(AMBROSIO, SILVA, 2016).
Entre as 126 teses e dissertações, as áreas do conhecimento que se destacam
em produção científica sobre esse tema foram: 28 (22,3%) trabalhos no campo das
Artes, 23 (18,3%) da Educação, 19 (15,2%) da Educação Física e 17 (13,5%) da Psicologia,
oito (6,4%) da Enfermagem e seis (4,8%) da Pedagogia da Motricidade (AMBROSIO,
SILVA, 2016).
Todos os trabalhos foram distribuídos em 13 categorias e ainda classificados de
como “trabalhos que tratam da corporeidade dual” e “trabalhos que tratam da
corporeidade como unidade do ser”, tendo como base as teorias de Merleau-Ponty.
(Gráfico 1) .
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Gráfico 1: Panorama geral das categorias de análises e as subdivisões entre as duas vertentes sobre corporeidade.
CONCLUSÃO
Pode-se dizer que, de maneira geral, as produções acadêmicas sobre
corporeidade fundamentam-se no pressuposto sustentado pelos pensadores pós-
modernos, que nega a existência da alma e compreende o corpo por uma unidade,
buscando compreender as capacidades e pontecialidades de ser um corpo e produzir
vida através dele. Sendo que dentre as categorias, em apenas duas os trabalhos que
reforçam a dualidade superam o número de trabalhos da outra vertente. Ainda sobre as
categorias, é possível destacar a quantidade de trabalhos que relaciona a corporeidade
com modalidades artísticas (dança, teatro, música, etc), o que provavelmente acontece
por haver uma valorização do corpo e de sua expressividade.
Ainda nesta categoria, é possível destacar um grande número de publicações que
referenciam Merleau-Ponty, o principal estudioso e quem cunhou o termo
corporeidade, e também principal referência para este estudo que contribuiu para
compreender de forma mais ampla a corporeidade e seus elementos – a subjetividade,
a noção espaço-tempo, a percepção do corpo-próprio.
7 5 7 5 3 3 0 0 1 15 3 0
43
2821
157 7 10 7 6 6
1 2 5
0
10
20
30
40
50
60
Qu
anti
dad
e N
o
Total de trabalhos por categoria
Trabalhos que tratam da corporeidade dual
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A Terapia Ocupacional lida com as diversas transformações que perpassam o
corpo do indivíduo e interferem diretamente em suas atividades humanas cotidianas.
Ainda hoje, há terapeutas ocupacionais que não trabalham a ideia mais complexa do ser
humano, e acabam por reduzir o indivíduo as incapacidades motoras ou aos sofrimentos
da mente (ALMEIDA, 2004).
Finalmente, pode-se concluir que o aprofundamento dos estudos sobre o corpo
e a corporeidade é muito importante para avanços nos processos terapêuticos
ocupacionais, para que o terapeuta seja cada vez mais capaz de compreender os
indivídios de maneira mais integral, complexa e corporea.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, M. V. M. Corpo e Arte em Terapia Ocupacional. Rio de Janeiro: Enelivros Editora,
2004.
AMBROSIO, L.; SILVA, C. R. Corporeidade: das dores aos desejos do corpo uma revisão de
literatura. 2016. 144p. Relatório Final da Pesquisa de Iniciação Científica. Departamento de
Terapia Ocupacional, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2016.
GONÇALVES, M. A. S. Sentir, Pensar e Agir: Corporeidade e educação. Campinas: Papirus.12ª
Ed. 2009. 200p.
MENEZES, D. M. Verdade, subjetividade e corporeidade: a dissolução dos pilares tradicionais
da metafísica em Nietzsche. (2012). 92 f. Dissertação (Mestrado). Departamento de Pós-
Graduação em Filosofia, Universidade Federal do Ceará, Ceará, 2012.
ORLANDI, L. B. L. Corporeidades em minidesfile. Unimontes Pontífica, v. 6, n.1, 2004, p. 43-59.
Palavras-chave: Atividade Humana; Corporeidade; Revisão sistemática.
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O ENSINO, A PESQUISA E A EXTENSÃO JUNTO AOS ADULTOS COM
DISFUNÇÕES FÍSICAS ATENDIDOS NA UNIDADE SAÚDE ESCOLA DA
UFSCAR CARRIJO, DÉBORA COUTO DE MELO1; PAIVA, GISELE2; CALIXTO, GÉSSICA SOARES3;
MORETTI, PAULA PONCIANO4; PROPHETA, ANDRÉ FONTINI 5
Universidade Federal de São Carlos - UFSCar
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
O trabalho do terapeuta ocupacional no campo da reabilitação deu origem e
continua o nortear as práticas profissionais pelo mundo. Ao longo dos anos, diversos
fatores veem interferindo nas mudanças das ações, afinal, são novas diretrizes da saúde,
de reabilitação e de ensino, conduzindo a implicações diferentes nas práticas.
No contexto nacional, as ações denominadas de reabilitação física
caracterizam-se como as mais antigas, juntamente com as práticas de “saúde mental”.
Com mais clareza, hoje, entende-se que tais práticas se desenvolveram historicamente
nas ações de reabilitação que ocorrem na atenção secundária, em nível ambulatorial e
com densidade tecnológica intermediária.
A terapia ocupacional é um dos cursos da área da saúde mais antigos da
Universidade Federal de São Carlos com importante papel na expansão da profissão e
na fundamentação científica das práticas clínicas na saúde, em especial no campo da
reabilitação física. Para além da discussão de técnicas as profissões da reabilitação têm
evoluído no sentido da discussão dos porquês e sobre como alcançar objetivos, o que
não é diferente para a Terapia Ocupacional da UFSCar.
Grande divisor de águas nessa discussão é a Classificação Internacional de
Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) lançada pela Organização Mundial
de Saúde em 2001 que desperta nos países membros a discussão sobre os programas
1 Doutora, Docente na Universidade Federal de São Carlos, coutocarrijo@gmail.com.. 2 Mestre, Docente na Universidade Federal de São Carlos, gisa.to@gmail.com 3 Graduação em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de São Carlos, bolsista de extensão. 4 Graduação em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de São Carlos, bolsista de extensão. 5 Graduação em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de São Carlos, bolsista de iniciação científica.
ANAIS da XIX Semana de Estudos em Terapia Ocupacional da UFSCar
II Simpósio de Trabalhos de Conclusão de Curso e de Iniciação Científica de Terapia Ocupacional e I Encontro de Preceptores do Curso de Terapia Ocupacional da UFSCar, 2017.
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de promoção que entenda a incapacidade como uma responsabilidade social e não
individual (MANGIA, MURAMOTO E LANCMAN, 2008).
A Unidade Saúde Escola (USE) da UFSCar foi inaugurada ao final de 2004 e
configura-se como um ambulatório de média complexidade e atendendo especialmente
aos municípios de São Carlos, Ibaté, Matão, Descalvado, Dourado, Porto Ferreira e
Ribeirão Bonito. Caracterizando-se como um espaço destinado ao desenvolvimento de
atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão, o trabalho de reabilitação é promovido
dentro dessas ações há mais de uma década.
Esse texto objetiva, portanto, apresentar e discutir alguns caminhos que
envolvem essas ações desenvolvidas, entre os docentes e alunos da terapia ocupacional
da UFSCar, na Unidade Saúde Escola – USE e no campo da disfunção física, suas práticas
e reflexões sobre novas possibilidades para o ensino da prática em terapia ocupacional
e, em um importante momento para essa Universidade, com a contratação de nove
docentes em regime de trabalho parcial para buscar resolver as questões relacionadas
a qualificação desse ensino.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Trata-se de um estudo exploratório, retrospectivo e prospectivo que apresenta
quantitativamente o volume de atendimentos já produzidos até o atual, através dos
registros digitais e dos prontuários relacionados ás ações da terapia ocupacional em
disfunção física do adulto na USE, na busca de conhecer essas ações historicamente,
assim como a população atendida e, assim, discutir algumas propostas relacionas à
superação de desafios tanto na promoção da ação junto a população, desenvolvimento
de modelos de intervenção e desenvolvimento de pesquisas nesse campo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Unidade Saúde Escola da UFSCar os usuários atendidos pela terapia
ocupacional eram distribuídos pelas áreas e posteriormente passaram a ser
relacionados às linhas de cuidado. A terapia ocupacional em disfunção física do adulto
se insere nas linhas de cuidado de neurologia e musculoesquelética. Pudemos, através
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do registro digital, ter acesso ao número total de altas das ações de terapia ocupacional
em disfunção física do adulto. Assim, foram identificados, 1145 altas desde o início dos
registros em 2004 e, distribuídos da seguinte forma:
Terapia Ocupacional mão – 576 altas
Grupo de orientações – AVE – 10 altas
Terapia Ocupacional – disfunção física – órtese – 51 altas
Terapia Ocupacional – disfunção física – 508 altas
Esses dados iniciais levantados sobre as altas estão fomentando a realização de
uma pesquisa que poderá abordar aspectos históricos sobre diagnósticos, tempo de
intervenção, motivos de alta dentre outros aspectos relevantes para compreender como
o serviço vem se construindo ao longo do tempo. Considerando os limites com relação
ao esforço docente do departamento de Terapia Ocupacional, já foi possível analisar nos
prontuários consultados para a pesquisa que era frequente a troca docente e as
mudanças destes traziam impactos aos atendimentos ou até mesmo traziam
interrupções nas ações junto aos sujeitos.
Dentro dessas ações, acontecem, atualmente, dois projetos de extensão junto
à essa unidade, destacando-se as atividades para população com sequelas neurológicas
crônicas em que a meta é a inserção em novas atividades na comunidade, considerando
que seus aspectos clínicos possuem limitações que não devem sofrer modificações.
Assim, objetiva-se a adequação, mudança de atitude e postura ativa na busca de novos
locais para convivência. E as atividades com objetivos de propiciar um espaço de escuta,
vivências e trocas de experiências as pessoas com doenças reumáticas e/ou síndromes
compressivas, promovendo o autoconhecimento e orientado a conviver com a doença
para potencializar o desempenho nas atividades de vida diária, instrumentais de vida
diária, trabalho e lazer.
Portanto, a continuidade dos profissionais na equipe já vem sendo relatado de
forma positiva, possibilitando a continuidade de ações, assim como, a criação de
programas de extensão multi e interdisciplinares, o que vem verdadeiramente
transformando o processo de formação dos estudantes que passam a compreender a
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composição de equipe e posturas necessárias, bem como fortalecendo a pesquisa de
campo nessa unidade.
Pode-se observar, também, os impactos que dessa continuidade das
intervenções, na assistência aos usuários da USE, que por vezes tiveram suas
intervenções interrompidas, mesmo sem a avaliação dessa necessidade. Por outro lado,
os estudantes vêm experimentando metodologias específicas para preparar suas
intervenções e discutir a ancoragem teórica de forma a estabelecer essa sequência no
tratamento e permitir as transformações no processo de intervenção.
CONCLUSÕES
Em um momento em que a universidade aponta para um maior investimento
na qualificação do ensino da prática, em uma Unidade que caracteriza-se entre ensino,
pesquisa e extensão e, assim busca contribuir para minimizar os problemas sociais
relacionados à saúde das populações, e que demanda a interação adequada com o
sistema de saúde local; se faz necessária a inclusão de novas ações e aprofundamento
das mesmas, mas também, o desenvolvimento de instrumentos que facilitem a
mensuração dos constructos que veem sendo trabalhados com as mudanças dessas
práticas.
Também, as mudanças nas ações das equipes e, a forma como tem se
desenvolvido esse trabalho, vêm permitindo reflexões mais profundas nas linhas de
cuidado da neurologia e de musculoesquelética, promovendo o cuidado mais integral às
demandas dos usuários. Os novos desenhos não estão finalizados nem tão pouco
contabilizados, mas fazem apontamentos importantes na transformação desse cuidado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MANGIA, E. F.; MURAMOTO, M.T.; LANCMAN, S. Classificação Internacional de Funcionalidade e Incapacidade e Saúde (CIF): processo de elaboração e debate sobre a questão da incapacidade. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v. 19, n. 2, p. 121-130, maio/ago. 2008.
Palavras-chave: reabilitação; terapia ocupacional; atenção secundária.
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EXPRESSÕES POTENTES DA JUVENTUDE: CULTURA E CORPO NA
ESCOLA CARLA REGINA SILVA1; ANTONIO BELFORTE LAVACCA2; SOLANGE TIEMI HANADA3;
BRENDA CAMARGO DIAS4; PAMELA CAROLINE ASNAR5; THAINÁ SOARES SILVA6 Universidade Federal de são Carlos
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
Terapia Ocupacional diversa e mobilizada
A terapia ocupacional iniciou sua participação em projetos e instituições sociais
desde os anos 70, partindo de um novo pressuposto acerca de como considerar e
desvelar as condições sociais e culturais dos sujeitos. Voltando-se às ações em espaços
educativos voltados para o público adolescente e infantil que possibilitaram novas
perspectivas para conceitos que contribuíssem com o processo de transformação social
em direção a equidade sobre uma demanda crescente de uma sociedade composta
intensamente pela desigualdade social, compondo processos de mediação
interpretativa entre os sujeitos e os fenômenos por meio de ações comunicativas que
promovam a inclusão, participação e inserção através do agir, do fazer e da interação
dialógica composta pelo sujeito e sua historicidade (BARROS, et al., 2002).
Dessa forma, o projeto de extensão que integra as atividades de ensino, pesquisa
e extensão “Expressões Potentes Da Juventude Na Escola Pública: Encontros De Arte E
Cultura”, desenvolve suas atividades voltadas para investigação, experimentação e
compreensão da diversidade humana, engajado nas questões sociais colocadas na
contemporaneidade, a partir da interface com o corpo e a cultura.
O projeto acontece em um território marcado pela vulnerabilidade social,
fazendo o uso das oficinas de arte, cultura e do corpo para a potencialização da
1 Terapeuta Ocupacional, doutora em Educação (UFSCar), Professora do Departamento de Terapia Ocupacional e do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de São Carlos. carlars@ufscar.br. 2 Músico, Mestrando em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de São Carlos. antonia.lavacca@gmail.com 3 Graduanda em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de São Carlos. tiemihanada@gmail.com 4 Graduanda em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de São Carlos. brendacamargodias@gmail.com 5 Graduanda em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de São Carlos. pamelaasnar@gmail.com 6 Graduanda em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de São Carlos. thaina.soares25@gmail.com
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juventude. Em parceria do Programa Mais Educação, que busca a redução das
desigualdades educacionais e promove a valorização da diversidade cultural do Brasil
(BRASIL, 2016).
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A escola Marivaldo Carlos Degan situa-se no Aracy II em São Carlos, oferece
Ensino Fundamental, ciclo II, Ensino Médio e turmas de Educação de Jovens e Adultos -
EJA. Cada classe tem em média 25 alunos e capacidade máxima para 40, distribuídos
nos três períodos do dia.
O projeto busca promover atividades que auxiliem no processo educativo, na
autopercepção e autonomia dos jovens e na promoção do acesso à cidadania e aos
direitos, como a cultura e a socialização.
As Oficinas
As oficinas sobre rádio/música e expressão corporal acontecem todas às sextas-
feiras no contra turno de seus períodos escolares e a duração aproximada é de 4 horas
de oficina em cada período, para alunos entre os 11 e 17 anos.
A interdisciplinaridade e a prática dialógica entre participantes criam um
arcabouço de elementos importantes para a construção do pensamento e da atuação
social dos jovens. Onde encontram um lugar para existir, ser vistos e escutados, e através
da exposição a diversas expressões artísticas podem alargar seus universos simbólicos
(POLI; FAISSOL, 2016). As oficinas buscam acolher a inquietude desses jovens,
oferecendo uma escuta sensível, de acordo com as demandas que são apresentadas
pelos participantes são pensadas as atividades e dinâmicas que serão oferecidas e quais
reflexões emancipadoras advindas.
A oficina de expressão corporal visa a sensibilização, percepção e
conscientização de nós mesmos para próprios gestos, posturas e ações, no encontro
com sua espontaneidade e criatividade e também promove autoconhecimento, trabalho
da autoimagem e ademais auxilia no processo de expressão da consciência e escuta com
o corpo.
A Oficina de rádio e música trabalha elementos de voz, percussão, ritmo,
tablaturas e acordes, através de aulas teóricas e práticas com instrumentos, produção
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de instrumentos com materiais recicláveis, sons com o corpo e jogos musicais. As
experiências e conhecimentos produzidos são levados para a rádio por meio de
programas midiáticos e gravação de músicas, construídas de forma a valorizar
elementos do seu cotidiano e de suas singularidades.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Por se tratar de uma prática ainda em desenvolvimento, discorreremos sobre
parte dos resultados observados. Ressaltamos que tais práticas se deram de maneira
coletiva e buscaram estabelecer constantes diálogos com os jovens, já que todos
participam e se relacionam no processo de educar-se mediatizados pelo mundo (FREIRE,
2000). Além disso, busca-se o “empoderamento” dos participantes para que, desta
maneira, possamos de fato, estabelecer uma atividade que faça sentido na vida
cotidiana. Sob tal perspectiva, não há transmissão de conhecimento, mas, trocas, na
busca de aprendizagens significativas (FREIRE, 2000).
Muitos participantes demonstraram envolvimento não apenas com as
atividades, mas também com toda equipe. Pudemos perceber que o papel das oficinas
realizadas transcendeu. Existe um ideal de pertencimento a um lugar e a um grupo que
é substancial para o processo sobre o qual nos encontrávamos. Ao longo das atividades,
questões relacionadas a gênero, identidade, território e preconceito perpassam nossas
ações e reflexões.
Já pode ser notado como a relação que estabelecemos com os alunos interfere
na adesão das atividades propostas, se relacionando também com uma transferência
que surge do contato emocional dos alunos para conosco. Por se tratar de uma relação
dinâmica, é algo vivo e em reciprocidade.
A experiência concorda com Liberman (2010) afirma que diferentes
experimentações, em grupo ou individuais, produzem uma mudança na sensibilidade,
buscando voltar atenção para o pulso vital, ao contato consigo mesmo, com os outros e
o ambiente, podendo provocar e reverberar em novos formatos de apresentar-se ao
outro e ao mundo. Apontamos assim, a importância de investigar o encontro entre
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corpos, através do que é visível e não visível, permeando historias, formas, afetos e
intensidades.
CONCLUSÃO
Com as oficinas nós damos a oportunidade de os alunos existirem num espaço
no qual eles tem a liberdade de pensar, sentir e ser, com experiências sensoriais, fazendo
com que o conhecimento abstrato possa de alguma maneira ser extravasado com a
participação consciente do próprio corpo. De acordo com Pais (2005) na juventude
encontramos grande capacidade de criação e de expressões.
Evidencia-se, portanto, a importância do sentimento de pertença. Mostram-se
necessárias ferramentas que vão além das habilidades de ensino e aprendizagem. Os
resultados clarearam o papel transdisciplinar das oficinas e dos profissionais, em
específico sob a ótica da terapia ocupacional. Assim, com esta proposta, trabalhamos as
atividades humanas como produção a emancipação e reconstituição de histórias e
contextos socioculturais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, D.D. et al. Terapia Ocupacional Social. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v. 13, n. 3, p. 95103, set./dez. 2002. BRASIL, Ministério de Educação. Programa Mais Educação: Passo a Passo. http://portal.mec.gov.br/programa-mais-educacao/apresentacao?id=16689. Acesso em: 20/09/2016. FREIRE, P. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: Editora UNESP, 2000. PAIS, J.M. Jovens e cidadania. Sociologia, problemas e práticas, n.º 49, 2005, pp. 53-70. POLI, M.C.; FAISSOL, K.R. Adolescer com Arte (e psicanálise): projetos escolares. Educação & Realidade, vol. 41 n. 3, Porto Alegre, Jul/Set. 2016. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/2175623651152> Acesso em 19 set. 2016. LIBERMAN, F. Danças em terapia ocupacional. São Paulo: Summus, 2ª ed, 1998. STOKOE, P.; HARF, R. Expressão corporal na pré-escola. São Paulo: Summus, 3ª ed, 1987.
Palavras-chave: Terapia ocupacional; Cultura; Escola
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A ATENÇÃO À MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E
FAMILIAR: TECNOLOGIAS DE CUIDADO DA TERAPIA OCUPACIONAL NA
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
OLIVEIRA, MARIBIA TALIANE DE1; FERIGATO, SABRINA HELENA2 Universidade Federal de São Carlos - UFSCar
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
Os serviços de atenção primária já assistem, em grande medida, casos de
violência doméstica cometida contra mulheres. Ainda que não reconhecidos como tal,
estes casos estão presentes no cotidiano dos serviços e geram a demanda reiterada e
com baixa resolutividade.
No caso específico da Terapia Ocupacional, a produção de conhecimento teórico
e prático para lidar com essa problemática são também insipientes, seja pela inserção
formal recente desse profissional na Atenção Básica, seja por que historicamente essa
não é uma população tradicionalmente atendida pela Terapia Ocupacional no setor
saúde.
Assim sendo, o presente projeto pretende explorar como as intervenções da
Terapia Ocupacional podem contribuir junto a essa problemática que é tão presente no
cotidiano da Atenção Primária à Saúde, a partir da identificação e desenvolvimento de
tecnologias de intervenção terapêuticas ocupacionais junto a mulheres vítimas de
violência.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa, de caráter qualitativo, empregará os seguintes procedimentos
metodológicos: entrevistas semiestruturadas, e acompanhamento de um itinerário
terapêutico. Além disso, é caracterizada pelos enfoques definidos pela pesquisa
participativa na modalidade pesquisa-intervenção.
1 Estudante de Terapia Ocupacional, Universidade Federal de São Carlos, maribiaoliveira@gmail.com 2 Terapeuta ocupacional, doutora em Saúde Coletiva, docente adjunta do Departamento de Terapia Ocupacional da UFSCar.
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Os dados coletados aparecerão sob a forma de entrevistas semiestruturadas
realizadas com terapeutas ocupacionais e com mulheres vítimas de violência doméstica
e familiar da rede de APS da cidade de São Carlos – SP, dentre as quais, elegeremos uma
para o mapeamento de seu itinerário terapêutico na rede.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A pesquisa em questão encontra-se em fase inicial, iniciando a inserção no
campo, por isso, em termos de resultados, apresentaremos algumas problematizações
com base no levantamento bibliográfico, além dos resultados que esperamos produzir
com as pesquisas.
A Atenção Primária à Saúde (APS) vem se constituindo como o contato
preferencial dos usuários com o SUS, a principal porta de entrada e centro de
comunicação da Rede de Atenção à Saúde (RAS), tendo como objetivo: a ampliação de
acesso ao SUS, a integralidade e longitudinalidade do cuidado, com ênfase em ações
territoriais.
Com a significativa ampliação da APS, surgiram outros programas diretamente
vinculados à Atenção Básica, como o Programa Saúde da Família (PSF), posteriormente
denominado Estratégia de Saúde da Família (ESF).
Devido ao surgimento desses novos programas, observou-se que outras
populações foram incorporadas como foco de assistência e cuidado em atenção
primária. Anteriormente o foco das ações era voltado ao acompanhamento seletivo de
crianças e mulheres, porém essa realidade se modificou na medida em que a saúde de
fato se territorializou, e assim, novas demandas foram surgindo, dentre as quais, as
situações de violência.
Levando isso em consideração, no que tange à violência contra a mulher, as
unidades de atenção primária à saúde são importantes na detecção e enfrentamento da
violência doméstica, já que como mencionado anteriormente, essa é a principal porta
de entrada e acompanhamento longitudinal da RAS. Nesse contexto, há a necessidade
de se identificar e ampliar as formas de atenção à população com demandas específicas
como essa em linhas de cuidados integrais.
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Desvelar a violência no interior dos serviços de saúde é, portanto, fundamental
para que a situação possa ser compreendida em sua complexidade, extrapolando as
fronteiras sanitárias, para que sejam construídas práticas de cuidado integrais e
intersetoriais.
Este processo resultaria em um maior entrosamento do setor saúde com outros
setores, bem como com associações/comissões de direitos humanos (e especificamente
do direito das mulheres), lidando-se com sua violação em busca da recuperação desses
direitos no restabelecimento da ética nas relações interpessoais, além do tratamento
integrado dos agravos à saúde constatados e decorrentes desse processo (D'OLIVEIRA;
SCHRAIBER; HANADA; DURAND, 2009).
No Brasil, no ano de 2006, entrou em vigor a Lei n. 11.340/2006, nomeada como
Lei Maria da Penha, com a função de coibir a violência doméstica e familiar contra a
mulher. Essa lei garante que toda mulher, independente de classe, raça, etnia,
orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goze dos direitos
fundamentais inerentes à pessoa humana.
Porém, mesmo com a Lei Maria da Penha em vigor, o Mapa da Violência (2015)
que utiliza dados oriundos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN)
do Ministério da Saúde, traz à tona que as mulheres atendidas pelo SUS em 2014
seguem sendo, vítimas de diversos tipos de violência, entre as quais em primeiro lugar
a violência física (48,7% dos casos), com especial incidência nas etapas jovem e adulta
da vida da mulher, quando chega a representar perto de 60% do total de atendimentos.
Segundo os dados disponíveis, durante o ano de 2014, foram atendidas 223.796
vítimas de diversos tipos de violência. Duas em cada três dessas vítimas de violência
(147.691) foram mulheres que precisaram de atenção médica por violências domésticas,
sexuais e/ou outras. Isto é: a cada dia de 2014, 405 mulheres demandaram atendimento
em uma unidade de saúde, por alguma violência sofrida (WAISELFISZ, 2015).
Na maior parte dos casos assistidos nos serviços de saúde, uma equipe de
profissionais trata o conjunto das demandas de uma mesma mulher, com pouco
conhecimento de cada um sobre o trabalho dos outros e muito menos sobre a situação
de violência que pode estar envolvida em várias das queixas e sintomas relatados.
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Porém, para a violência doméstica e familiar, não há o equivalente à norma
técnica/prática, como para outros agravos que orienta as ações a serem realizadas.
(D'OLIVEIRA; SCHRAIBER; HANADA; DURAND, 2009).
A compreensão acerca da complexidade das condições, necessidades e
demandas de saúde na Atenção Primária à Saúde, embora garantam às mulheres um
espaço para acesso ao cuidado, ampliação da rede social de suporte e ações estratégicas
do campo, não tem sido suficiente para que os profissionais desenvolvam ferramentas
necessárias para construir as estratégias assistenciais a partir dos núcleos profissionais
e desdobrá-las em ações interdisciplinares e intersetoriais.
Nessa sociedade marcada pela violência contra a mulher, o terapeuta
ocupacional pode atuar, desde que revisando conceitos e objetivos, contribuindo para
o processo de transformação social em direção a maior equidade.
Com as novas demandas na APS, especificamente os casos de violência
doméstica e familiar contra a mulher, os profissionais de terapia ocupacional precisam
estar preparados para o desenvolvimento de uma prática assistencial mais generalista,
conforme as demandas que se apresentarem nos territórios de abrangência dos serviços
e que se volte para intervenções coproduzidas e responsáveis para promover a
transformação desses cotidianos violentos e geradores de violências.
Assim sendo, o presente projeto tem como resultados esperados a identificação
e desenvolvimento de tecnologias do campo da atenção básica e do núcleo da terapia
ocupacional junto a mulheres vítimas de violência, com ênfase nas ações em rede a
partir da APS, incluindo:
- ações de promoção junto à comunidade para fomento de uma cultura não
violenta.
- ações de prevenção de violência doméstica e familiar
- tecnologias de cuidado junto à mulheres vítimas de violência (ações individuais,
grupais e/ou comunitárias)
- ações em rede setorial
- ações intersetoriais
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base em tudo que foi exposto, espera-se a partir do projeto, verificar quais
são as violências domésticas e familiares mais recorrentes na APS da cidade de São
Carlos – SP, propondo intervenções no âmbito da cotidianeidade de sujeitos e coletivos
vítimas de violência doméstica e familiar. Para isso, será utilizado como recorte as
violências abrangidas pela Lei Maria da Penha (lei n◦ 11.340/06) que incluem a violência
física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. Além disso, identificar tecnologias de
cuidado já realizados pelas equipes da Atenção Básica em Saúde e verificar quais são as
possíveis formas de atendimentos dessas vítimas pela Terapia Ocupacional que já estão
em curso na APS.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
D'OLIVEIRA, Ana Flávia Pires Lucas; SCHRAIBER, Lilia Blima; HANADA, Heloisa and DURAND, Julia. Atenção integral à saúde de mulheres em situação de violência de gênero: uma alternativa para a atenção primária em saúde. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2009, vol.14, n.4, pp. 1037-1050. ISSN 1413-8123. REIS, Fernanda; GOMES, Mariana Leme; AOKI, Marta. Terapia ocupacional na Atenção Primária à Saúde: reflexões sobre as populações atendidas. Cad. Ter. Ocup. Ufscar, São Carlos, v. 20, n. 3, p.341-350, set. 2012. WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da Violência 2015: Homicídio de Mulheres no Brasil . Brasil: Marcelo Giardino, 2015. 83 p.
Palavras-chave: atenção básica em saúde; terapia ocupacional; violência contra a mulher; saúde da mulher.
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MEMÓRIA FALADA: DO REGISTRO AO ACESSO ÀS MEMÓRIAS DA PESSOA EM
SITUAÇÃO DE RUA
SILVA, CARLA REGINA1; SOUZA, AGATHA ZELLER PEREIRA DE2; CAMARGO, MARIANE DE
GÓES3; GONÇALVES, SHIRLEI ROSSATO PELARIN4; GRACIOSO, LUCIANA DE SOUZA5 Universidade Federal de São Carlos
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
O projeto de extensão “Memória Falada”, iniciado no segundo semestre de 2015,
é fruto transdisciplinar dos cursos de Terapia Ocupacional (TO) e Biblioteconomia e
Ciência da Informação (BCI) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em
articulação com serviços socioassistenciais do município de São Carlos e população em
situação de rua.
Neste projeto defende-se que a memória desta população, é tanto matéria como
instrumento de construção de patrimônio imaterial para a sociedade. A população em
situação de rua é definida como um “[...] grupo populacional heterogêneo, composto
por pessoas com diferentes realidades, mas que têm em comum a condição de pobreza
absoluta e a falta de pertencimento à sociedade formal” (COSTA, 2005, p.3).
Dentro deste grupo se encontram crianças, jovens, adultos, idosos, homens e
mulheres, grupos e famílias; compondo este cenário heterogêneo, cada qual com sua
história e com seus motivos particulares de terem adentrado a vida nas ruas (COSTA,
2005).
A partir deste entendimento, e partindo do pressuposto de que a "História de
vida é a narrativa construída a partir do que cada um guarda seletivamente em sua
memória e corresponde ao como organizamos e traduzimos para o outro parte daquilo
que vivemos e conhecemos” (WORCMAN; PEREIRA, 2006, p.203), é que temos como
objetivo geral deste trabalho, identificar, registrar e promover o acesso sensível as
1 Terapeuta Ocupacional, doutora em Educação (UFSCar), Professora do Departamento de Terapia Ocupacional e do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de São Carlos. carlars@ufscar.br 2 Graduanda em Terapia Ocupacional na UFSCar. agathazeller.az@gmail.com 3 Graduanda em Terapia Ocupacional na UFSCar. marianegoes@live.com 4 Graduanda em Biblioteconomia e Ciência da Informação. UFSCar. shirleirossato@gmail.com 5 Bibliotecária, doutora em Ciência da Informação (IBICT/UFF), Professora do Departamento de Ciência da
Informação e do PPGCI e PPGCTS. Tutora do PET/BCI. luciana@ufscar.br
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II Simpósio de Trabalhos de Conclusão de Curso e de Iniciação Científica de Terapia Ocupacional e I Encontro de Preceptores do Curso de Terapia Ocupacional da UFSCar, 2017.
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memórias da população em situação de rua, que circulam na cidade de São Carlos, como
o intuito de dar visibilidade, credibilidade e voz as suas trajetórias de vida.
Almeja-se que, ao promovermos o devido armazenamento e acesso a algumas
destas memórias, estaremos validando estas histórias na sociedade, ao mesmo tempo
em que estaremos possibilitando um empoderamento, mesmo que subjetivo em um
primeiro momento, da população em situação de rua.
Assim, propõe-se de modo mais pontual, coletar e produzir acervo de patrimônio
imaterial a partir de histórias relatadas pela população em situação de rua do município
de São Carlos – SP, realizando escuta e a seleção sensível e estética das histórias de vida
da população em situação de rua, promovendo a reflexão crítica e ética, sobre as
demandas emergentes no país, como a desigualdade social e a complexidade da vida
nas ruas. Ao final do projeto objetiva-se produzir uma interface digital (Museu Virtual da
Pessoa em Situação de Rua) que promova acessibilidade e visibilidade das histórias
coletadas, com recurso estratégico de registro de memória e ferramenta para o
desenvolvimento de políticas públicas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O projeto “Memória Falada” é realizado na cidade de São Carlos, interior de São
Paulo. O município conta com dois serviços socioassistenciais para atendimento da
população em situação de rua, o Centro de Referência Especializada da Assistência Social
para a População em situação de Rua – Centro Pop e a Casa de Passagem, que até 2015
funcionava como Albergue Noturno, o primeiro tem administração direta da Prefeitura
Municipal, já o segundo funciona a partir da terceirização. O Albergue Noturno fundado
na década de 1960 funciona atualmente como a Casa de Passagem do município de São
Carlos (PEREIRA, 2013) e através de parceria estabelecida com a direção desta, o projeto
ocorre nas dependências da mesma, as segundas-feiras.
Durante as segundas-feiras são realizados encontros com a população em
situação de rua que reside na Casa de Passagem e a população trecheira que utiliza os
serviços fornecidos pela instituição. Nestas ocasiões são desenvolvidas atividades de
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sensibilização e são gravadas as entrevistas com aqueles que se interessam e aceitam
registrar suas memórias.
O projeto também expande sua atuação para as praças do município, com o
intuito de tecer as histórias com o máximo de indivíduos possíveis, lhes concedendo
escuta sensível e apresentando novas possibilidades frente à vida nas ruas. No que diz
respeito ao tratamento do material coletado, destaca-se o arquivamento em nuvem das
fotografias, áudios e vídeos produzidos, em plataforma colaborativa.
Estes documentos receberão tratamento temático e descritivo, e passarão por
uma política de seleção, em construção, para avaliação dos conteúdos que serão
disponibilizados no site do museu virtual da pessoa em situação de rua. Esta interface
está sendo modelada em Wordpress inicialmente, mas respeitando-se critérios de
navegabilidade, acessibilidade e usabilidade do sistema. Taxonomias específicas estão
sendo estudadas para estruturar a interface de modo que as memórias sejam
evidenciadas e descritas adequadamente no museu. O intuito desta plataforma e
ampliar o alcance e as possibilidades de visibilidade sobre as histórias de vida da
população em situação de rua, que possam subsidiar a reflexão para configuração e
ajustes de políticas voltadas a este público.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Todas as segundas – feiras a partir das 17h00min desenvolvemos na casa de
passagem, oficinas de atividades e entrevistas abertas qualitativas, estas que não tem o
intuito de obter números como resultados e sim a obtenção de dados descritivos
mediante contato direto e interativo, visando compreender escolhas e analisar
vivencias. As entrevistas e atividades são aplicadas de formas grupais e/ ou individuais,
desenvolvidas pela equipe juntamente com o auxílio da professora Carla Silva (Docente
do departamento de Terapia Ocupacional – UFSCar). As pessoas ali presentes escolhem
se querem participar ou não, ou seja, não é obrigatória a participação de todos em todas
as atividades semanais. Nas tardes de quartas-feiras nos reunimos para planejarmos
acerca das ações e resultados obtidos nas intervenções, somos orientados e planejamos
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futuras atividades. Nas tardes de quintas-feiras vamos até praças do município, com o
intuito de tecer as histórias dos indivíduos que não frequentam a casa de passagem, lhes
concedendo escuta sensível, informações sobre serviços públicos que eles podem
frequentar e apresentando novas possibilidades frente à vida nas ruas. Transcrevemos
e iremos editar as entrevistas das histórias de vida, arquivando-as em um museu online
da pessoa, onde todos poderão conhecer um pouco mais sobre essa população.
CONSIDERAÇÕES PARCIAIS
O projeto extensão Memória Falada para a nossa formação graduandos em
Terapia Ocupacional é de grande importância, pois nos possibilita práticas e saberes
acerca das problemáticas sociais existentes em nosso país e que afetam diretamente
pessoas com quem podemos trabalhar, nos fazendo refletir sobre as diversas formas
que podemos cuidar da população em situação de rua e nos tornando mais humanos
frente à sensibilidade, sentimentos, sonhos, desejos e histórias de vida do próximo.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Departamento de Direitos Humanos e Cidadania. “A Declaração Universal e a Constituição de 1988”, Paraná, 2016. Disponível em: http://www.dedihc.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=60 Acesso em : 3 de março de 2016. COSTA, ANA PAULA M. “População em situação de rua: contextualização e caracterização”. Revista Virtual Textos e Contextos, PUC-RGS, nº 4, dez, 2005 Disponível em http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fass/article/view/993. DRAGON DREAMING. Metodologia. Disponível em: < http://www.dragondreamingbr.org/portal/index.php/component/content/article/79-metodologia-dd/80sobre-a-metodologia.html>. Acesso em: 22 set. 2016. PEREIRA, LUIZ FERNANDO P. No labrinto da gestão: notas sobre moradores de rua e trabalhadores da Assistência Social. 2013. 108 f. Dissertação Mestrado em Sociologia. Universidade Federal de São Carlos. São Carlos, 2013. Disponível em http://www.diagramaeditorial.com.br/namargem/wp-content/uploads/2014/02/pereira-luiz-01.pdf Acesso em: 15 de março de 2016. SILVA, F. C.; Assistência social e cultura política: o processo de uma política em construção. 2012. Dissertação Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Serviço Social, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2012. WORCMAN, K.; PEREIRA, J.V. História Falada: memória, rede e mudança social. São Paulo: SESC SP: Museu da Pessoa: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2006. 280p. Palavras-chave: Pessoas em Situação de Rua; Entrevistas como assunto; Gravação em
vídeo.
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CONSTRUINDO PRÁTICAS DE TERAPIA OCUPACIONAL E CULTURA CARLA REGINA SILVA1; MARINA SANCHES SILVESTRINI2; ANA CAROLINA ALMEIDA
PRADO3; ANA PAULA NAGATA4 Universidade Federal de São Carlos
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
A cultura pode ser definida de diferentes formas e distintos campos, a saber
podemos contextualizar toda a construção de definições de cultura tal como delineado
por Bauman (2012) que aponta e reflete para a organização da cultura em três termos:
1) hierárquico, no qual o autor destaca as diferenças entre os seres humanos de forma
verticalizada, 2) diferencial, que leva a observação e compreensão das mais diversas
culturas e como se diferencial e se mantém, 3) genérico, que propõe a cultura como elo
conector humano dos fazeres e modos de vida, havendo uma crítica as noções
anteriormente expostas pelo autor.
A cultura pode ser vista envolvendo e compondo o fazer e a criação de indivíduos
e grupos, ao mesmo tempo, influenciando e sendo expressa pelas atividades humanas.
Sendo inacabado o ser humano vive, experimenta, toma consciência de si no mundo e
dessa forma também fabrica mundos e possibilidades. O inacabamento humano
alimenta os fazeres sempre cíclicos e constantes que geram formatos de ser e sentir
(FREIRE, 2016), eis que surgem as criações imateriais ou materiais: o jeito de existir e
criar nessa existência. Apesar da existência de distintos autores e correntes do
pensamento pós-moderno que caminham para uma definição do termo cultura, é
importante uma compreensão que não limite seu uso e dimensão, podendo ser pensada
nas mais diferentes esferas e pluralidades e refletindo as modificações ao longo dos
1 Doutora em Educação (UFSCar) Professora do Departamento e Programa de Pós Graduação em Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos. carlars@ufscar.br 2 Terapeuta Ocupacional, Supervisora do estágio em Cultura da Universidade Federal de São Carlos. marinassilvestrini@gmail.com. 3 Graduanda em Terapia Ocupacional pela da Universidade Federal de São Carlos. carolpradojau@gmail.com 4 Graduanda em Terapia Ocupacional pela da Universidade Federal de São Carlos. Nagatta4n4@gmail.com
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tempos, não havendo em si um consenso fechado ou hermético sobre sua definição
(SANTOS, 2000).
Nesse trabalho, nos dedicamos a pensar a cultura relacionada a todos os aspectos
de uma realidade social o que, então, diz respeito ao que caracteriza a existência social
de um povo ou nação, sendo responsável por seu desenvolvimento.
Conjunto de características espirituais, materiais, intelectuais e emocionais que definem um grupo social [...] engloba modos de vida, os direitos fundamentais da pessoa, sistemas de valores, tradições e crenças[...] dá ao homem a capacidade de refletir sobre si mesmo. Por meio dela o homem se reconhece como um projeto inacabado [...] e cria obras que o transcendem (UNESCO, 1982, p. 1 e 2).
No Brasil, a cultura começou a ganhar espaço para o terapeuta ocupacional após
movimentos e lutas nacionais por cidadania e direitos (após 1980) das populações alvo
de sua atuação. Dentre as conquistas de tais movimentos estaria a participação na vida
cultural como direito essencial e básico a ser respeitado e cuidado. Ações como a
expressão e produção artística e a fruição cultural começaram a fazer parte do
repertório terapêutico ocupacional (CASTRO, 2000).
Nessa direção, para além de documentos básicos e norteadores como a
constituição de 1988, definindo nos artigos 215 e 216 a cultura como direito e
considerando a diversidade, acessibilidade, acesso e democratização, tem-se novas
políticas que corroboram com essas discussões e trazem elementos chave no
pensar/fazer em cultura. O atual Plano Nacional de Cultura é apresentado a partir de
objetivos delineados em marcos temporais, para que se promova o desenvolvimento
efetivo das metas em cultura relacionados a população brasileira e as ações que devem
ser tendência nas práticas e fazeres. O plano engloba três dimensões essenciais da vida
humana que se relacionam de forma intrínseca ao repertorio terapêutica ocupacional
de investigação e intervenção. Tem-se a dimensão cidadã da Cultura como um direito
básico; a dimensão simbólica, “Todos os seres humanos têm a capacidade de criar
símbolos” (BRASIL, 2013, p. 16), portanto, através da garantia a diversidade humana de
expressões a atitude multiculturalista é desenvolvida (CASTRO; SILVA, 2007) e a
dimensão econômica.
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Sendo a cultura um direito, o terapeuta ocupacional pode contribuir para sua
efetivação nas mais diversas esferas da sociedade (das barreiras arquitetônicas, as
discussões simbólicas de pertencimento). A Terapia Ocupacional lida com uma grande
diversidade cultural ao atuar com populações heterogêneas, sendo fundamental que
haja valorização e composição da expressão criativa e emancipadoras das atividades
humanas, e, entender afinal a cultura como dimensão humana básica, cotidiana,
subjetiva e complexa.
O objetivo desse trabalho é apresentar a construção do estágio da área de Cultura
na Universidade Federal de São Carlos, para o curso de graduação em Terapia
Ocupacional, discutindo sobre a potencialidade a possibilidade desse campo, sob a ótica
das atividades humanas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A proposta do estágio se insere na perspectiva da integração entre ensino,
pesquisa e extensão com foco na profissionalização do terapeuta ocupacional no campo
da cultura a partir das experiências do Laboratório de Atividades Humanas e Terapia
Ocupacional – Coletivo Cultura, junto aos projetos de extensão:
1) “Rede Universitária de Pontos de Cultura MinC- UFSCar” - atua na
comunidade no sentido de proporcionar uma formação artístico-cultural e de cidadania
com diferentes projetos, complementares à educação formal.
2) “Curadoria e circulação da exposição ética e estética Mais um corre" – Desde
de 2012 a exposição artística concebida, fomentada e agenciada de forma estética e
reflexiva, a partir de criações e expressões artísticas da população em situação de rua,
tem intuito de promover por meio da arte a crítica social referente a este grupo e
apresentar ao público maior compreensão e sensibilização.
3) “Expressões potentes da juventude na escola pública: encontros de arte e
cultura” - Em parceria com uma escola estadual, que pretende oferecer encontros
potentes sobre identidade, respeito e diversidade cultural para estudantes do ciclo II e
ensino médio por meio de oficinas de expressão corporal, rádio e música.
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O estágio está distribuído em 16 horas semanais entre as atividades: Supervisão,
orientação teórica e grupos de estudos; Práticas de campo junto aos projetos
extensivos; Envolvimento nas atividades de Formação em Gestão da Cultura, Realização
de Mostra Cultural, Mapeamento de artistas na cidade de São Carlos e outros eventos;
Reuniões de equipe, de planejamento da gestão do trabalho e de orientação aos
coletivos e entidades culturais e de artistas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O estágio teve início no segundo semestre de 2016 e este processo de construção
inspirou o desvelar deste trabalho na medida em que se nota o processual
amadurecimento das propostas detalhadas no plano de estágio e a partir dos campos
de prática e reflexões em supervisão, tem-se a percepção da importância dessas
vivências e do debate mais amplo para a formação em Terapia Ocupacional (sensível,
diversa, humana). As estagiárias de Terapia Ocupacional junto a supervisora do estágio
e coordenadora do campo e do laboratório AHTO, de forma transversal, estão
construindo este estágio, entendendo suas potencialidades já notadas e explicitadas nos
campos, nos diálogos e nos registros dos diários de campo.
Imagem1: Construindo um estágio: por onde queremos transitar
Estágio TO
Cultura
Extensão (mais um corre,e
expressão na escola Degan)
Rede Unversitária
MINC (pontos)
Intercâmbios (USP,
UNIFESP, UFTM)
ONG's
Criação de produtos e
Produção de eventos
culturais
Políticas públicas
Conselho de Cultura
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CONCLUSÃO
A preocupação com uma formação acadêmica em Terapia Ocupacional que
converse com o tema transversal da Cultura em sua pluralidade e simbologias sob a ótica
do fazer humano, foi necessária para a construção na área. A fim de discutir as
possibilidades e caminhos a partir das percepções geradas pelas vivências culturais no
processo formativo, de maneira horizontal entre todos os envolvidos, compartilhan-se
conhecimentos, conceitos, práticas e intervenções diferenciadas no estágio,
potencializando o saber sobre o campo.
Logo, torna-se possível neste campo de estágio um aprofundamento sobre
cultura para além dos debates acadêmicos e conceituais, mas aliando estes ao fazer
humano, às questões de identidade e existência e as conexões com a Terapia
Ocupacional em suas dimensões amplas com o intuito fundamental de garantir a
respeitabilidade das culturas de todos os povos de maneira mais horizontal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAUMAN, Z. Ensaios sobre o conceito de cultura. Zahar, 1ª Ed, 2012, 328p. BRASIL. Ministério da Cultura. Como fazer um Plano de Cultura – São Paulo: Instituto Via Pública; Brasília, 2013. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. CASTRO, E. D.; SILVA, D. M. Atos e fatos de cultura: territórios das práticas. Interdisciplinaridade e as ações na interface da arte e promoção da saúde. Rev. Terapia Ocupacional Univ. de São Paulo, v.18, n.3, p. 102-112, set./dez. 2007. FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários a prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2016. SANTOS, José Luiz dos. O que é cultura? São Paulo: Brasiliense, 2006. UNESCO. Declaração de México Sobre as Políticas Culturales. In: Conferência Mundial sobre Las Políticas Culturales. Cidade do México: UNESCO, 1982.
Palavras-chave: Terapia ocupacional; Cultura; prática profissional.
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ARTE ENGAJADA DA E COM A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA SILVA, CARLA REGINA1; SILVESTRINI, MARINA SANCHES2; AMBROSIO, LETICIA3; MOTA,
RÚBIA DIANA DA4; CALTABIANO, JÚLIA5; DESUÓ, FERNANDA GOMES6. Universidade Federal de São Carlos
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
As ações interdisciplinares no campo das artes e da cultura em sua composição
com a Terapia Ocupacional têm produzido uma série de possibilidades para campos de
conhecimentos que agregam a interconexão entre saúde, educação e assistência social,
com perspectivas inovadoras de práticas e de construção de conhecimento. O processo
de ensino-aprendizagem, fundado nesta composição, pode contribuir com um projeto
de formação que signifique integração de diferentes conhecimentos, experimentações,
técnicas, profissionais, capazes de delinear contextos científicos e acadêmicos
interdisciplinares (SILVA et al, 2013).
Neste sentido, a formação de terapeutas ocupacionais deve abarcar
conhecimentos e fundamentos destas diferentes possíveis áreas, a partir de vivências e
de experimentações que ampliem a constituição teórico-prática do profissional. O
campo da arte a da cultura expressa e cria imensa valia para a projeção de mundos, que
multiplicam os sentidos das práticas e transformam o modo de sentir-produzir-
compartilhar relações com estes saberes, fazeres, viveres com diferentes populações
alvo da Terapia Ocupacional (SILVA, 2012).
A população em situação de rua apresenta perfis distintos, compondo uma
heterogeneidade grandiosa. Não é possível traçar um só perfil, nem defini-los de acordo
com modelos pré-estabelecidos, é a diversidade que marca essa população, porém ela
concorre com as estigmas e pré-conceitos já delineados no imaginário social. Sociedade
formal que os vê como excluídos, sem potencial. “As instituições e a população, de um
1 Terapeuta Ocupacional, doutora em Educação (UFSCar), Professora do Departamento de Terapia Ocupacional e do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de São Carlos. carlars@ufscar.br 2 Terapeuta Ocupacional, Universidade Federal de São Carlos, marinassilvestrini@gmail.com 3 Graduanda em Terapia Ocupacional, Universidade Federal de São Carlos. leticiaambrosio.le@gmail.com 4 Graduanda em Terapia Ocupacional, Universidade Federal de São Carlos. rubiadmota@gmail.com 5 Graduanda em Terapia Ocupacional, Universidade Federal de São Carlos. juju.caltabiano@gmail.com 6 Graduanda em Terapia Ocupacional, Universidade Federal de São Carlos. fernandadesuo@hotmail.com
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modo geral, enxergam esse segmento da população com grandes defasagens, inclusive
de história, vontades, valores e costumes” (SOUZA, SILVA e CARICARI, 2007, p. 213).
A Política Nacional para População de Rua (BRASIL, 2011) reconhece a
necessidade da interdisciplinaridade e intersetorialidade na atuação para esta
população. Apresenta, em especial, as Diretrizes relacionadas à Cultura que defendem:
1) a promoção de amplo acesso aos meio de informação, criação, difusão e fruição
cultural; 2) o desenvolvimento da potencialidade da linguagem artística como
fundamental no processo de reintegração social; 3) Promoção de ações e debates de
ressignificação da rua; 4) Apoio a ações que tenham a cultura como forma de inserção
social e construção da cidadania; 5) Apoio a ações que promovam a geração de
ocupação e renda através de atividades culturais; 6) Promoção de ações de
conscientização que alterem a forma de conceber as pessoas em situação de rua e 7)
Incentivo a projetos culturais que tratem de temas presentes na realidade de quem vive
nas ruas.
O objetivo deste trabalho é discorrer sobre a experiência da exposição ética-
estética que sempre esteve atrelado à possibilidade de promover outra perspectiva
sobre a população de rua.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O projeto é fruto da junção das atividades desenvolvidas com a população de rua
na cidade de São Carlos - SP, por meio dos projetos extensionistas - Talento CREAS POP,
Curadoria da exposição "Mais um corre" da produção ético-estético-artística dos artistas
da rua e Redes fragilizadas de atenção à população de rua do Departamento da Terapia
Ocupacional, Universidade Federal de São Carlos, com apoio financeiro da Pró-Reitora
de Extensão.
O processo, construído com os participantes dos projetos de extensão, abordou
temas diversos, que delineiam a situação peculiar de cada sujeito e buscou explorar
através da arte e da cultura, o indivíduo na sua identidade, singularidade, história e
trajetória de vida e procurou apresentar não somente o trabalho estético de obras
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produzidas por pessoas em situação de rua, como também, um olhar crítico sobre a
imagem social desta população e a complexidade que envolve o viver nas ruas.
A Exposição percorreu diferentes lugares da cidade de São Carlos e de outros
municípios, através de inscrições em editais e convites para eventos e outras atividades,
possibilitando tornar o trabalho público, acessível, valorizar potenciais e instigar a
sociedade e de fomentar o pensar sobre arte e cultura. Além disso, busca a criação de
um espaço de reconhecimento das produções tão singulares da “arte de rua”,
agregando às obras nomes, histórias, conhecimentos, afetos e percepções que
caracterizam e enriquecem as vivências com essa população. Possibilitar conhecer,
ampliar e desenvolver habilidades e possibilidades, incorporar capital cultural, desvelar
maior reconhecimento das expressões artísticas e culturais produzidas na rua (SILVA et
al, 2015).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Desde 2014 a exposição já esteve nos seguintes locais: Espaço Gaveta – “Centro
Experimental de Artes”, Auditório Leão de Faria (PCA)- UNFAL em Alfenas, Centro
Cultural “Leny de Oliveira Zurita” em Araras e no Museu da TAM - São Carlos, SENAC,
Museu Municipal “Olympia Maffei Olivastro” em Matão-SP, Centro de Convivência de
Itápolis-SP e Museu da Ciência Prof. Mário Tolentino – São Carlos, no Congresso
Brasileiro de Terapia Ocupacional do Rio de Janeiro, no Seminário Nacional da População
em Situação de Rua em Belo Horizonte e no FestRua em São Paulo e no Centro Pop de
Descalvado.
Durante as exposições também ocorrem oficinas, que propiciam maior
interatividade com o público contam com a participação de alguns artistas de rua, que
além de fazerem parte do processo de construção da exposição, se apresentam durante
algumas oficinas oferecidas nos espaços de visitação, contando trajetórias de vida,
apresentando sua arte (poesia, malabares e esquetes teatrais).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Compreendemos que a arte permite à construção de um senso de si, à expressão
das trajetórias vividas, a concretização de sonhos, a criação de vínculos, possibilitando
mudanças e transformações através da crítica e da reflexão (PERRUZZA e KINSELLA,
2010). É com seu caráter transformador que a arte que se faz um instrumento tão
potente e sensível, capaz de criar e fazer-se reinventar o ser humano na sua amplitude
do viver, nas mais variadas formas da diversidade da existência.
Pretende-se que a curadoria possa contribuir para estudos e para novas
correlações entre a arte, a intervenção terapêutica ocupacional, questões sociais e a
produção de conhecimento. A exposição almeja tronar acessível, público e estético um
trabalho singular, além de valorizar potenciais esquecidas e invisíveis, de instigar a
sociedade no pensar crítico-social, de fomentar o debate sobre arte e cultura, enfim, de
criar espaços democráticos de contato, exploração e imaginação (SILVA et al, 2015). As
trajetórias circundam sonhos e temores, são marcadas por memórias que buscam traçar
nossas singularidades, nossas identidades. Seguimos nossas trajetórias alicerçadas pelas
redes de conexões, relações, costurando nossos nós desfazendo nossos pontos, mas
sempre motivados pela luta pela vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROS, D.D.; LOPES, R.E.; GALHEIGO, S. M. Projeto Metuia - terapia ocupacional no campo social. São Paulo: O Mundo da Saúde. 2002; 26(3): 365-369. BARROS, D. D.; GHIRARDI, M. I. G.; LOPES, R. E. Terapia ocupacional social. São Paulo: Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo. 2002; 13(3): 95-103. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Renda e Cidadania e Secretaria Nacional de Assistência Social. Orientações Técnicas: Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua – Centro Pop. Brasília, 2011. LOPES, R. E et al. Educação Profissional, pesquisa e aprendizagem no território: notas sobre a experiência de formação de terapeutas ocupacionais. São Paulo: O Mundo da Saúde. 2010; 34(2): 140-147. PERRUZA, N.; KINSELLA, E. A. Creative arts occupations in therapeutic practice: A review of the literature. British Journal of Occupational Therapy, v. 73, n. 6, p.261–268, 2010. SILVA, C. R. População de rua. População de rua! População de rua? Página web Talentos CREAS POP, 2012. SILVA, C. R.; SILVESTRINI, M. S.; AVELAR, M. R; OLIVEIRA, D. H; FEJES, M. Arte, Cultura e População em situação de rua: um “corre” inusitado. Anais do XIII Congresso Brasileiro de Terapia Ocupacional, Florianópolis – SC, 2013.
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SILVA, C. R.; SILVESTRINI, M. S.; AVELAR, M. R; OLIVEIRA, D. H. Um Corre inusitado: Arte, Cultura e a População em Situação de Rua. Expressa Extensão, Pelotas. V. 20, n. 1, p. 72-79, 2015. SOUZA, E. S., SILVA, S. R. V., CARICARI, A. M. Rede social e promoção da saúde dos “descartáveis urbanos”. Rev Esc Enferm USP, 41(Esp):810-4, 2007.
Palavras-chave: terapia ocupacional social; exposição; curadoria; arte e cultura; população em situação de rua.
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TRAJETÓRIAS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM INTENSO SOFRIMENTO
PSÍQUICO: PERCURSO ESCOLAR E ACESSO AOS SERVIÇOS DE SAÚDE NA
PERCEPÇÃO DE SEUS FAMILIARES MATSUKURA, THELMA SIMÕES1; TAÑO, BRUNA LÍDIA2; SEMEGHINI, GEORGIA FARAH3;
Universidade Federal de São Carlos
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
As crianças e adolescentes estiveram por muito tempo fora da agenda de
políticas públicas, e isso foi algo que mudou com o passar do tempo e ganhou sua força
junto com a reforma psiquiátrica. No Brasil, a Reforma Psiquiátrica é um movimento
histórico, de caráter político, social e econômico (Gonçalves; Sena, 2001).
Compreendida como um conjunto de transformações de práticas, saberes, valores
culturais e sociais, é no cotidiano da vida das instituições, dos serviços e das relações
interpessoais que o processo da Reforma Psiquiátrica avança, marcado por impasses,
tensões, conflitos e desafios (BRASIL, 2005).
As atuais políticas e programas de saúde mental para crianças e adolescentes,
inseridas no Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, encontram-se direcionadas para as
situações de transtornos mentais e outras formas de sofrimento psíquico por meio da
defesa de um cuidado integral e complexo que considere as múltiplas singularidades
dessas experiências.
Com relação à expressividade da importância do delineamento de políticas
específicas para crianças e adolescentes com problemas decorrentes de sofrimento
psíquico, estudos formulados por órgãos internacionais na década passada (OMS, 2001;
2005) indicam a grande incidência de acometimentos desta ordem e pontuam as
implicações em longo prazo que a falta de programas de cuidado em saúde e em âmbito
intersetorial podem ocasionar, relacionando-se inclusive ônus para a saúde durante a
vida adulta e dificuldades de inserção no mercado de trabalho.
1 Profa. Dra. Thelma Simões Matsukura Universidade Federal de São Carlos Ocupacional; Departamento de Terapia Ocupacional; Programa de Pós-Graduação em Terapia Ocupacional; Programa de Pós-Graduação em Educação Especial thelmamatsukura@gmail.com 2 Terapeuta Ocupacional; Mestre em Terapia Ocupacional - PPGTO – UFSCar; Doutoranda em Educação Especial - PPGEES – UFSCar brunatano@gmail.com 3 Graduanda em Terapia Ocupacional na Universidade Federal de São Carlos georgia.f.s@hotmail.com
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Os Centros de Atenção Psicossocial, estabelecidos por meio da portaria 336 de
2002, são serviços substitutivos aos hospitais psiquiátricos que têm como objetivo
principal oferecer um cuidado em saúde mental para as pessoas em situação de
sofrimento psíquico intenso baseado na lógica territorial e comunitária de atenção.
Compõem a Rede de Atenção Psicossocial (BRASIL, 2011) e devem estar localizados
próximos às residências e redes relacionais dos sujeitos que demandam atenção.
Quando se fala em crianças e adolescentes, logo vinculamos ás famílias, e o novo
modelo de cuidado acarreta em consequências diretas nesse grupo, que antes quase
não participava da reabilitação psicossocial de seus familiares. Dessa forma, o que se
espera com a Reforma Psiquiátrica é, portanto, a reintegração do sujeito à sociedade e
à sua família. (GONÇALVES; SENA, 2001)
Todavia, mesmo que descrito com ênfase pelas portarias e normativas, a
inserção das famílias nestes serviços, principalmente nos CAPSi, têm ocorrido de modo
ainda enfraquecido e com alguns empecilhos. Destaca-se como intervenção prioritária
sendo realizada nos CAPSi para familiares as propostas grupais em estes que recebem
informações acerca do tratamento dispensado aos seus entes (BUENO, 2013; DOMBI-
BARBOSA, 2009; SCANDOLARA; et al., 2009; TAÑO, 2014). Ainda que se reconheça a
importância desta modalidade de atenção, outras formas de apoio aos familiares e
sustentação à construção de redes se fazem necessárias para a garantia da participação
social, cidadania e inclusão de crianças e adolescentes em sofrimento psíquico e suas
famílias em diferentes esferas da vida social, tal como preconizado pelo SUS.
Pelo exposto, evidencia-se a pertinência de que se possam investigar as formas
com que crianças e adolescentes em sofrimento psíquico têm vivido experiências em
relação ao exercício de sua cidadania e autonomia, principalmente no que tange aos
percursos de inserção escolar, acessos aos serviços de saúde, bem como o
conhecimento, por parte de seus familiares acerca de seus principais direitos.
Este estudo objetivou identificar e compreender, sob a perspectiva de familiares
de crianças e adolescentes com sofrimento psíquico intenso, as atuais formas de
inserção escolar e o percurso de acesso aos CAPSi.
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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Foram realizadas duas etapas neste estudo, sendo que a primeira etapa consistiu
na imersão da pesquisadora em um CAPSi situado em uma cidade do interior do Estado
de São Paulo e, a segunda etapa, consistiu na realização de entrevistas com familiares
de crianças e adolescentes inseridos em 4 CAPSi localizados em municípios do estado de
São Paulo com mais de 500 mil habitantes.
Para a coleta de dados foram utilizados o diário de campo, fichas de identificação
do serviço, dos usuários e familiares e roteiro de entrevista semiestruturada. Para a
análise dos dados advindos do diário de campo foram realizadas várias leituras de seu
conteúdo e identificadas dimensões que foram então categorizadas e apresentadas a
partir dos objetivos do estudo. Já os dados advindos das entrevistas foram analisados
utilizando a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC).
Participaram desta etapa do estudo 16 familiares de crianças ou adolescentes
em intenso sofrimento psíquico, usuários de CAPSi, que responderam a 13 questões
sobre avaliação do cuidado e da atenção oferecida pelos CAPSi. Os resultados advindos
da inserção da pesquisadora apontaram inúmeras situações que envolveram a
dimensão familiar e a necessidade de maior atenção, envolvimento e cuidado voltados
a este grupo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados relativos aos familiares que responderam à entrevista, apontaram
que a predominância dos familiares foi do sexo feminino. Sobre o percurso dos
familiares até chegarem aos CAPSi, verificou-se que a maioria dos entrevistados foi
alertado ou encaminhado pela escola de suas crianças/adolescentes. Tais
encaminhamentos foram feitos porque as crianças não aprendem, ou são muito
agitadas e não param na sala de aula. Segundo estudo desenvolvido por Beltrame e
Boarini, 2013 o medicamento vem sendo uma das alternativas para que se minimize a
agressividade e agitação das crianças, com a crença de que isso seja melhor para as
questões de ensino e aprendizagem, porém segundo resultados do estudo, verifica-se
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que o medicamento pode ajudar, mas também pode atrapalhar. Observa-se a partir dos
relatos a importância da escola na procura por tratamentos.
Outro fato marcado pelos resultados da presente pesquisa é que os
encaminhamentos foram feitos porque as crianças não aprendem, ou são muito
agitadas e não param na sala de aula. A literatura vem frisar que em geral, os
encaminhamentos dos alunos ao CAPSi foram motivados por problemas relacionados a
aprendizagem e ao comportamento escolar, porém a escola se opõe a ideia de modificar
seu método de trabalho, e desse modo, acaba terceirizando a educação de seus alunos.
(BELTRAME; BOARINI, 2013). Isso também evidencia que, geralmente os sintomas
relacionados à comportamentos de maior agitação são mais percebidos pela sociedade
do que os comportamentos de retraimento.
Sobre o modo como o diagnóstico das crianças é informado, o estudo revelou a
fragilidade e as diversas lacunas deste momento fundamental para as famílias.
Discute-se que é importante que se criem condições nos serviços e na rotina de
atendimentos para que os familiares possam compreender e até mesmo nomear aquilo
que seus filhos apresentam. o papel da equipe seria o de ter um tato diferenciado, e
tratar o assunto de forma mais profunda, proporcionando que a família pudesse
compreender de forma mais concreta aquilo que as crianças e adolescentes
apresentam. Conrad (2007) diz que os profissionais da saúde concordam com os apelos
dos pacientes por um diagnóstico médico mais do que simplesmente rotular um
paciente enquanto doença.
Em relação às expectativas voltadas para a inserção de seus filhos na escola, os
familiares, revelam que a escola regular deixa a desejar, na medida em que incluir deve
implicar em aprendizado formal e informal. Além disso, situações de exposição à
violência dentro da instituição escolar também foram identificadas e implicaram na
evasão escolar ou na piora do quadro dos filhos.
Os resultados do presente estudo reforçam sobre a relevância do papel da
escola, tanto no que se refere a possibilidades de detecção do sofrimento quanto dos
encaminhamentos e acompanhamentos, como também, reforçam a necessidade de
maior aproximação e reconhecimento sobre aspectos relativos à saúde mental na
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perspectiva da atenção, cuidado e responsabilização. Ambos os aspectos remetem para
a fundamental perspectiva da intersetorialidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo nos permitiu identificar que as famílias ainda não são informadas sobre
os principais diagnósticos de seus filhos, e que isso pode trazer angustias e dificuldades
para a compreensão das situações que vivem, foi possível também perceber que o CAPSi
ajuda as famílias a manterem seus filhos na escola, fazendo buscas com elas e lutando
para a inserção dessas crianças. Porém, a escola, um dispositivo de atenção e educação
tão importante, encontra-se defasada na questão da inserção de adolescentes em
intenso sofrimento psíquico, já que os educadores dificultam a permanência dessas
crianças e algumas até recusam suas entradas.
Esse estudo, portanto, identificou que a trajetória das famílias até o CAPSi, não
é linear nem igual, porém todas as famílias peregrinaram entre alguns serviços e
especialistas até chegarem nesse serviço. Algumas tiveram bastante dificuldade em
serem acolhidas. Porém, a maioria dos familiares demonstraram alívio ao conhecer o
CAPSi, mostrando então a importância desse Centro de Atenção.
Aponta-se a importância de que outros estudos enfoquem sobre como os outros
serviços que garantem os direitos dessa população têm trabalhado e percebido as
demandas e necessidades de famílias com crianças e adolescentes em intenso
sofrimento psíquico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Atlas - Child and Adolescent Mental Health Resources: global concerns, implications of future. 2005. Disponível em: http://www.who.int/mental_health/resources/Child_ado_atlas.pdf Acesso em 30 de setembro de 2013. BELTRAME, M.M; BOARINI, M.L. Saúde Mental e Infância: Reflexões Sobre a Demanda Escolar de um Capsi. Psicologia: Ciência e Profissão, 2013. P. 336-349. BUENO, A. R. Terapia ocupacional no campo da saúde mental infanto-juvenil: revelando ações junto aos Centros de Atenção Psicossocial Infanto-juvenil (CAPSi). 2013. 145 f. Dissertação (Mestrado em Terapia Ocupacional) – Programa de Pós Graduação em Terapia Ocupacional – Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2013. Decreto 3088 de 23 de dezembro de 2011. Institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Ministério da Saúde. Governo
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Federal. Brasília, 2011. Disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt3088_23_12_2011_rep.html Acesso em 26 de fevereiro de 2014. DOMBI-BARBOSA, C. A inserção familiar nas práticas realizadas em serviços especializados de atenção psicossocial infanto-juvenil. 2009. 193 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. GONÇALVES A.M, SENA, R.R. A reforma psiquiátrica no Brasil: contextualização e reflexos sobre o cuidado com o doente mental na família. Revista Latino Americana de Enfermagem, 2001, p. 48-55. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Caminhos para uma política de saúde mental infanto-juvenil. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2005. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE/OPAS – Organização Pan-Americana de Saúde. Relatório sobre a saúde no mundo: saúde mental – Nova concepção, nova esperança. Suíça: World Health Report, 2001. SCANDOLARA, A.S.; et al. Avaliação do Centro de Atenção Psicossocial Infantil de Cascavel – PR. Psicologia e Sociedade, Porto Alegre, v.21, n.3, 2009, p.334-342 TAÑO, B.L. Os Centros de Atenção Psicossociais Infantojuvenis (CAPSi) e as práticas de cuidado para as crianças e adolescentes em intenso sofrimento psíquico. 2014. 207 f. Dissertação (Mestrado em Terapia Ocupacional) – Programa de Pós Graduação em Terapia Ocupacional – Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2014.
Palavras Chave: Saúde mental infanto-juvenil, famílias, Centros de Atenção Psicossocial.
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CRIANÇAS COM FISSURAS LABIOPALATINAS: MANUAL DE ORIENTAÇÃO
DE BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS. MAYARA CRISTINA ALVES DA SILVA1; MARCIA CRISTINA ALMEDROS FERNANDES
MORAES2; NATHÁLIA RODRIGUES GARCIA SCHINZARI3 ; CRISTINA MARIA DA PAZ
QUAGGIO4; LYANA CARVALHO E SOUSA5
1. INTRODUÇÃO E OBJETIVO
A fissura labiopalatina é uma malformação que se apresenta na 4ª semana de
vida intrauterina, decorrente da falta de fusão do palato durante o período embrionário.
As disfunções mais comuns são relacionadas à deglutição, mastigação, audição,
respiração, arcada dentária e voz nasalizada e podendo também estar associadas a
síndromes ou outras malformações e gerar prejuízos ao desenvolvimento da criança,
que necessitará de maiores cuidados. (OZAWA, 2013)
Nesse contexto o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da
Universidade de São Paulo, Bauru/SP (HRAC/USP) reabilita pessoas com fissuras
labiopalatinas e anomalias craniofaciais e oferece tratamento completo na área da
audição e da visão subnormal.
Sendo o terapeuta ocupacional um facilitador desse processo de reabilitação, o
mesmo tem como objetivo a promoção da qualidade de vida do indivíduo, no caso das
crianças hospitalizadas e que são submetidas a procedimentos invasivos
periodicamente, este profissional promove a interação deste indivíduo com o ambiente,
família e equipe e proporciona por meio de orientação aos pais recursos para estimular
as crianças em casa, atuando como promotor da qualidade de vida das crianças durante
o período de hospitalização e fora dele (SANTOS et al., 2006).
1 Graduanda de Terapia Ocupacional da Universidade do Sagrado Coração; e-mail:
mayaracalves4@gmail.com 2 Diretora Técnica do Serviço de Educação e Terapia Ocupacional e Terapeuta Ocupacional do Hospital
de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, e-mail: malmendros@uol.com.br 3 Professora no curso de Terapia Ocupacional na Universidade do Sagrado Coração; e-mail:
nati.r.garcia@gmail.com 4 Coordenadora e Professora no curso de Terapia Ocupacional na Universidade do Sagrado Coração,
Doutoranda em Biologia Oral na Universidade do Sagrado Coração; e-mail: cristina.quaggio@usc.br 5 Professora no curso de Terapia Ocupacional na Universidade do Sagrado Coração e
doutoranda em Ciências da Reabilitação do Hospital de Reabilitação de Anomalias
Craniofaciais da Universidade de São Paulo (USP), email: lyana.sousa@gmail.com
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Lima et al. (2015) relataram que a experiência vivida dentro do hospital pode
modificar o desenvolvimento da criança e até mesmo a qualidade de vida, alterando
suas relações com seus familiares e amigos. Os estímulos motores e sensoriais são
alterados na internação. Pois a privação de atividades lúdicas, muitas vezes presente na
hospitalização infantil, pode resultar comprometimentos sensórios motores, cognitivos,
emocionais e sociais. (SANTOS et al., 2006)
Considerando que o brincar produz uma realidade própria e singular ao modificar
o cotidiano da internação hospitalar, permitindo que a criança elabore essa experiência,
assim como dê continuidade ao seu desenvolvimento o presente trabalho objetivou
elaborar um manual de orientações para pais e/ou cuidadores fundamentado no
desenvolvimento do brincar de crianças de 0 a 2 anos de idade e como os brinquedos e
brincadeiras podem ser utilizados na estimulação de crianças com fissuras labiopalatinas
e/ou síndromes associadas e suas implicações na prática terapêutica ocupacional.
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O manual foi criado e fundamentado no desenvolvimento do brincar de crianças
de 0 a 2 anos de idade e suas implicações na prática terapêutica ocupacional. Para tal o
projeto foi realizado a partir de um levantamento bibliográfico, por meio de consultas
em livros e artigos que nortearam os conteúdos que compuseram o manual, contendo
ilustrações (fotografias tratadas no photoshop) explicativas distribuídas entre as faixas
etárias de 0 a 3, 3 a 6, 6 a 9, 9 a 12, 12 a 18 e 18 e 24 meses acerca dos brinquedos e
brincadeiras e de linguagem de fácil compreensão para tornar o uso deste recurso
frequente na rotina de tratamento dessas crianças.
As ilustrações que integram o manual foram baseadas em fotografias tiradas
durante observações realizadas nas atividades desenvolvidas na assistência terapêutica
ocupacional pela profissional do HRAC/USP no hospital, após a assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido e do de formulário de permissão para uso de registros
para fins científicos pelos pais e/ou responsáveis das crianças. O projeto foi aprovado
pelos Comitês de Ética em Pesquisa da Universidade do Sagrado Coração e do HRAC/USP
sob os protocolos de n°1.576.709 e 1.613.939 respectivamente.
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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O manual autoexplicativo foi criado a partir da coleta de dados que foi obtida por
meio de levantamentos bibliográficos vinculados na área de desenvolvimento da
criança, com enfoque no período sensoriomotor, que de acordo com Piaget (1975) o
período se constitui nos dois primeiros anos e é uma das conquistas mais importantes
da inteligência sensório motora, pois marca o início vários tipos de ações concretas
como, grafismo, jogo, imitação e linguagem mental, recorrendo a essas ações para
desenvolver sua adaptação, além do jogo e da imitação é valido também o desenho
sendo uma ação que ajuda a criança a interpretar o mundo através da imitação do real.
A organização dos levantamentos bibliográficos foi constituída de linguagem
simplificada e acessível ao perfil da clientela para qual se destina o trabalho, pois em um
manual de saúde é de extrema importância transformar a linguagem das informações
encontradas na literatura, tornando acessíveis a todas as camadas da sociedade (ECHER
,2005).
Echer (2005) salienta ainda o quanto é importante a criação de manuais, pois
facilita o trabalho da equipe multidisciplinar na orientação de pacientes e familiares no
processo de tratamento, recuperação e autocuidado, materias educativos e instrutivo
facilitam a uniformização das orientações com objetivos primários de saúde.
Para ilustração do manual, houve o registro fotográfico de seis crianças com
fissuras labiopalatinas, sendo duas do sexo masculino e quatro do sexo feminino,
durante as atividades realizadas no hospital. Na ocasião foram capturadas imagens que
correspondem às atividades lúdicas próprias da idade. Como menciona Echer (2005) na
proposição de manuais é fundamental que a ilustração seja com imagens as orientações
para descontrair, animar, tornando menos pesado e de fácil entendimento, já que, para
algumas pessoas, as ilustrações explicam mais que muitas palavras.
Para tanto as imagens foram tratadas e construídas a fim de manter a
originalidade das cenas e transmitir ao leitor do manual, informações quanto à
promoção e estímulo do brincar dessas crianças como apontam as figuras 1, 2 e 3.
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Figura 1- Capa e contracapa do manual de brinquedos e brincadeiras.
Figura 2 – Imagens e informações que compõem o manual de brinquedos e brincadeiras.
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Figura 3 – Imagens e informações que compõem o manual de brinquedos e brincadeiras.
Ao final da confecção do referido material, o mesmo estará sendo
disponibilizado aos participantes, como mais um recurso na promoção à saúde oferecida
as crianças, pois a família é fundamental no processo de recuperação do paciente
durante o período de alta hospitalar. (MOTTA; FERRARI, 2004). Assim o terapeuta
ocupacional deve orientar, seja ele um familiar cuidador ou um cuidador formal, pois o
acompanhamento é de extrema importância para o tratamento (THINEN; MORAES,
2013).
4. CONCLUSÃO
Conclui-se que o terapeuta ocupacional poderá contribuir com a otimização do
desenvolvimento dessas crianças utilizando-se de ferramentas como manuais que
proporcionem e o quanto é importante o papel do cuidador e da família para ocorrer
esse desenvolvimento adequado no lar. Por meio do manual é possível que o cuidador
ou familiar se baseie para brincadeiras adequadas adequando ao seu contexto social.
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Sendo assim a proposta de intervenção no espaço domiciliar é de estrema
relevância pois é aonde a crianças estabelece seus primeiros domínios, favorecendo o
seu desenvolvimento.
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IDENTIFICAÇÃO DE SINAIS DE TRANSTORNO DO DESENVOLVIMENTO DA COORDENAÇÃO EM CRIANÇAS DE 3 A 4 ANOS QUE
FREQUENTAM CRECHES MUNICIPAIS SALLA, MILENA1; DELLA BARBA, PATRICIA CARLA DE SOUZA2
Universidade Federal de São Carlos.
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
As habilidades motoras do ser humano são adquiridas de maneira simples e vão
se combinando em sistemas de ação cada vez mais complexos (PAPALIA; OLDS;
FELDMAN, 2006). O atraso ou comprometimento da coordenação motora interfere no
desenvolvimento da capacidade de coordenar os movimentos da criança, afetando
assim suas atividades do cotidiano (FRANÇA, 2008).
O Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC) é caracterizado por um
agravo no desenvolvimento da coordenação motora, e seu diagnóstico é realizado
apenas quando esse prejuízo interfere no desempenho da vida diária e acadêmica
(CARDOSO; MAGALHÃES, 2012). Existem diversos instrumentos que auxiliam na
identificação e diagnostico de sinais do TDC, porém, não são adequados para
populações mais jovens, sendo esta uma limitação para detectar déficits motores em
crianças abaixo de cinco anos (RIHTMAN; WILSON; PARUSH, 2011). O diagnóstico
precoce é importante para que não se prolongue a experiência de fracasso e frustração
na vida acadêmica e diária da criança com TDC, assim como os possíveis rótulos de
preguiçosas, desajeitadas, que podem vir a receber, e que acarreta problemas sociais,
emocionais e comportamentais (FERREIRA et. al., 2006).
O objetivo deste estudo foi identificar os sinais de TDC em crianças de 3 a 4 anos
na cidade de São Carlos, verificando a capacidade do questionário Developmental
Coordination Disorder Questionnaire-little de discriminar o desempenho de crianças
1 Estudante de graduação em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de São Carlos. milenasalla@hotmail.com 2 Professora adjunto do Departamento de Terapia Ocupacional na Universidade Federal de São Carlos. patriciabarba@ufscar.br
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com e sem problemas de coordenação motora, contribuindo para um estudo
multicêntrico de validação deste instrumento.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este estudo está inserido num estudo multicêntrico que pretende validar o
instrumento para população brasileira. A pesquisador aplicou os instrumentos DCDQ-
little, Questionário de Capacidade de Dificuldades (SDQ) e Critério de Classificação
Econômica Brasil (CCEB) com os pais de 6 crianças com dificuldade motora e de 6 sem
dificuldade, e um Questionário de Identificação de Dificuldade Motora direcionado para
professores na seleção dos participantes. Depois foi realizada a análise descritiva e
estatistica da amostra a partir da pontuação de cada instrumento aplicado para
distinção do desempenho dos 2 grupos da pesquisa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Segundo Silva e Beltrame (2013), carecem de estudos envolvendo identificação
do TDC, principalmente no Brasil, apesar da grande importância no âmbito social e
educacional acadêmico. Com isso, encontra-se dificuldade em localizar referências que
possam compor na analise deste trabalho de modo à contribuir no estudo multicêntrico
de validação do instrumento em questão.
Ao comparar os resultados, foi possível discernir as dificuldades motoras à classe
econômica dos participantes, utilizando-se do instrumento DCDQ-little, tendo 82,9%
dos participantes com provável TDC, onde sua maioria pertencia à classe
socioeconômica B2 no grupo de crianças com dificuldade na coordenação motora. No
grupo sem dificuldade, foram classificadas 33,3% com provável TDC e pertenciam à
classe D-E; e 66,6% apresentaram provável não TDC estando às classes B2 e C1;
estabelecendo uma possível relação entre a classe econômica e os resultados do DCDQ-
little. O instrumento SDQ foi utilizado para detectar se as alterações do comportamento
e emocional da criança possuem relação com as dificuldades motoras. De acordo com
os dados mostrados nas tabelas 1 e 2 a seguir, foi possível identificar nas crianças com
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v.2, n.1 ISSN: 2359-3563 197
algum sintoma emocional e problemas de comportamento a interferência no
desenvolvimento da coordenação motora, apresentando dificuldades em suas
atividades.
Tabela 1 – DCDQ-little/SDQ-grupo com dificuldade
DIFICULDADES IMPACTO Normal 2 (33,3%) 4 (66,6%)
Provável TDC Limítrofe 2 (33,3%) 0 (0%) Anormal 1 (16,6%) 1 (16,6%) Não respondeu X 0 (0%) Normal 1 (16,6%) 1 (16,6%)
Provável NÃO TDC Limítrofe 0 (0%) 0 (0%) Anormal 0 (0%) 0 (0%) Não respondeu X 0 (0%)
Tabela 2 – DCDQ-little/SDQ-grupo sem dificuldade
DIFICULDADES IMPACTO Normal 0 (0%) 0 (0%)
Provável TDC Limítrofe 0 (0%) 1 (16,6%) Anormal 2 (33,3%) 1 (16,6%) Não respondeu X 0 (0%) Normal 4 (66,6%) 0 (0%)
Provável NÃO TDC Limítrofe 0 (0%) 0 (0%) Anormal 0 (0%) 0 (0%) Não respondeu x 4 (66,6%)
Segundo Pulzi e Rodrigues (2015) há relação direta dos problemas no
comportamento, principalmente sociais com o TDC, interferindo ems desajustes sociais,
no cotidiano da criança. Também estão associados ao TDC problemas emocionais,
sociais e de aprendizagem, assim como depressão, ansiedade e fraca coordenação
motora em crianças pré-escolares, distinguindo o desenvolvimento típico desta idade.
Habilidades que requerem coordenação motora são dificilmente realizadas por essas
crianças, afetando seu comportamento, deixando-as inseguras e se sentindo incapazes
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v.2, n.1 ISSN: 2359-3563 198
de participar de atividades sociais, necessitando de monitoramento precoce para
tratamento eficaz (WILSON; CREIGHTON, 2013).
A aplicação dos instrumentos foi realizada no ambiente escolar e muitos pais
apresentaram dificuldade em responder alguns itens, no qual a maioria relatava não ter
observado determinadas ações de seus filhos, tendo em consideração o tempo que
estavam presentes e se relacionavam com eles. De acordo com estudo realizado por
Galvão et al (2014), é possivel analisar o quanto as mães não atribuem que algumas
questões comportamentais e emocionais são decorrentes de problemas motores, no
qual se faz necessario oferecer para essas familias informações esclarecedoras de
profissionais e educadores para contribuieram no desenvolvimento e interação de suas
crianças.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a validação de um importante instrumento para o possível diagnóstico
deste transtorno, esta pesquisa dá sua contribuição verificando a capacidade do DCDQ-
little, sendo um questionário para crianças menores favorecendo a investigação e
intervenção precoce, para a colaboração e reforço do estudo multicêntrico de validação
desse instrumento. Os dados e resultados foram significantes para contribuir de forma
produtiva com sua validação. Considera-se que no Brasil haveria grande contribuição da
inserção deste material na educação infantil e espera-se que os resultados colaborarem
com o estudo multicêntrico, como parte da combinação das amostras e análises que
serão enviadas internacionalmente, em Israel.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARDOSO, A. A.; MAGALHÃES, L. C. Análise da validade de critério da Avaliação da Coordenação
e Destreza Motora – ACOORDEM para crianças de 7 e 8 anos de idade. Rev. Bras. Fisioter, São
Carlos, v. 16, n. 1, p. 16-22, jan/fev. 2012.
FERREIRA, L. F.; et. al. Desordem da coordenação do desenvolvimento. Motriz. Rio Claro, v. 12,
n. 3, p. 283-292, set/dez, 2006.
FRANÇA, C. Desordem coordenativa desenvolvimental em crianças de 7 e 8 anos de idade.
Março/2008. 94p. Dissertação (Mestrado em Ciências do Movimento Humano). Centro de
Ciências da Saúde e do Esporte. Universidade do Estado de Santa Catarina. Florianópolis, 2008.
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v.2, n.1 ISSN: 2359-3563 199
GALVÃO, B. A. P.; et al. Percepção materna do desempenho de crianças com transtorno do
desenvolvimento da coordenação. Psicol. Estud. Vol. 19, n. 3. Maringá. Jul./Set. 2014.
PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento humano. 8° edição. Porto Alegre:
ARTMED, 2006. 888p.
PULZI, W.; RODRIGUES, G. M. Transtorno do desenvolvimento da coordenação: uma revisão de
literatura. Revista Brasileira de Educação Especial. Vol. 21, n. 3, Marília, jul./set. 2015.
RIHTMAN, T.; WILSON, B. N.; PARUSH, S. Development of the Little Developmental Coordination
Disorder Questionnaire for preschoolers and preliminary evidence of its psychometric
properties in Israel. Research in Developmental Disabilities. Editora Elsevier, vol. 32, p. 1378-
1387. 2011.
SILVA, J.; BELTRAME, T. S. Indicativo de transtorno do desenvolvimento da coordenação de
escolares com idade entre 7 a 10 anos. Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 35, n. 1, p. 3-
14, jan./mar. 2013.
WILSON, B.; CREIGHTON, D. Little Movements – Lost to Learn: Early identification of
developmental coordination disorder with a parent questionnaire for preschool children
Project. Alberta Center for Child, Family & Community Research. Final Report. Canadian. July,
2013.
Palavras-chave: Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação. Intervenção precoce.
DCDQ-little.
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PROJETO TERAPIA OCUPACIONAL NAS DISFUNÇÕES DO CONTROLE
MOTOR DA IDADE ADULTA E VELHICE: INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA
OCUPACIONAL PARA PACIENTE COM SEQUELA DE TRAUMATISMO
CRANIOENCEFÁLICO ÁDRIA GLEYCE DE SOUZA1; DEBORAH MARIA DE QUEIROZ2; DÉBORA ARZILA SOARES3;
HELENA AULER LOUREIRO4; LÍVIA MARA NAVES BARROS PERDIGÃO5; MARCELA ALINE
FERNANDES BRAGA6; CIOMARA MARIA PÉREZ NUNES7
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
As atividades de extensão universitária desenvolvidas em um hospital público de
ensino da Rede de Urgência e Emergência (RUE) em Belo Horizonte (MG) envolvem
quatro ações: desenvolvimento de tecnologias assistivas de baixo custo; condução de
grupos de cuidadores; atualização e manutenção de um banco de dados com todos os
atendimentos da Terapia Ocupacional (T.O) no hospital e o atendimento das solicitações
de interconsultas.
A RUE determina o raciocínio rápido e a prontidão para as ações da T.O devido
ao tempo restrito de internação, em média oito dias, ao mesmo tempo em que o
ambiente não possui os equipamentos e espaço de um hospital de reabilitação
tradicional. A inovação da atuação da T. O. nesse cenário de Urgência e Emergência já
tem se comprovado na literatura internacional com diminuição do tempo de internação
e das reinternações, objetivos principais de toda equipe de cuidado. A diversidade está
tanto nos cenários de atuação como o Pronto Atendimento e o centro de Terapia
Intensiva, quanto na diversidade de quadros clínicos. Os atendimentos são no leito e os
protocolos de atendimento desenvolvidos privilegiam a funcionalidade, a mobilização
1 Graduanda do curso Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais. Email:
adriagsouza.23@gmail.com. Universidade Federal de Minas Gerais. 2 Graduanda do curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais,
deborahdequeiroz@hotmail.com. Universidade Federal de Minas Gerais. 3 Graduanda do curso Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais. Hospital Risoleta
Tolentino Neves/ Universidade Federal de Minas Gerais. 4 Residente do Hospital Risoleta Tolentino Neves/Universidade Federal de Minas Gerais 5 Terapeuta Ocupacional do Hospital Risoleta Tolentino Neves 6 Hospital Risoleta Tolentino Neves 7 Professora do Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais.
Universidade Federal de Minas Gerais.
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v.2, n.1 ISSN: 2359-3563 201
precoce e o envolvimento do paciente na rotina do hospital. Associa-se os treinamentos
e as estimulações das funções perdidas ou diminuídas, em especial a cognição e a
comunicação.
Eventualmente nos deparamos com internações sociais, quando o hospital não
tem para onde destinar o paciente já estável clinicamente, permanecendo internado por
longos períodos de tempo. Torna-se, portanto, paradoxal a conciliação entre o
atendimento de urgência e os casos de internação prolongada num ambiente
inespecífico para a atuação em reabilitação. Os diagnósticos, em geral, envolvem
grandes incapacitados, como as disfunções neurológicas, como é o caso do traumatismo
cranioencefálico (TCE).
O TCE é definido como dano ao tecido cerebral, não degenerativo ou congênito,
causado por evento traumático que pode ocasionar alteração do nível de consciência e
consequentes déficits cognitivos, comportamentais e/ou físicos. Indivíduos que
sofreram TCE podem apresentar restrições na execução de tarefas rotineiras e
participação social. As intervenções da T.O visam minimizar os comprometimentos e a
aquisição de habilidades básicas necessárias para realizar as Atividades de Vida Diária
(AVD) atuando diretamente na funcionalidade e preparando o indivíduo para alta
hospitalar segura.
A funcionalidade tem sido referenciada por um novo sistema de classificação, a
Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e saúde (CIF) proposta pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) com objetivo de criar uma linguagem única e com
padrão para descrever a funcionalidade e incapacidade relacionadas às condições de
saúde permitindo a comparação de dados que se referem a essas condições entre
países, serviços, setores de atenção à saúde, bem como o acompanhamento da sua
evolução no tempo. (MORENTTIN et al.,2013).
O objetivo deste trabalho foi descrever as intervenções terapêuticas
ocupacionais e comparar os resultados de desempenho de um paciente vítima de TCE,
atendido pela T.O em um hospital universitário de Belo Horizonte.
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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Relato de experiência da TO com paciente vítima de TCE. Trata-se de R.R.G, 22
anos, sexo masculino, solteiro, previamente independente para as atividades básicas e
instrumentais de vida diária (ABVD e AIVD), sofreu TCE por projéteis de arma de fogo
em fevereiro de 2015. Em dezembro de 2015, voltou ao hospital por internação social e
permanece hospitalizado por insuficiência familiar. No momento da admissão da T.O,
foram aplicadas as seguintes avaliações: entrevista para coleta do histórico ocupacional,
Medida de Independência Funcional (MIF), Mini Exame de Estado Mental (MEEM) e
avaliação física. A análise dos dados e as intervenções realizadas foram fundamentadas
no modelo CIF uma vez que seu uso na clínica fornece o perfil funcional do paciente e
permite acompanhar a evolução, avaliar a abordagem terapêutica e até mensurar a
incapacidade ocorrida pela presença ou consequência da condição de saúde existente
(MORENTTIN et al.,2013).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na admissão o resultado da MIF foi de 42 em 126, o que indica dependência
modificada com assistência de até 50% na realização das AVD. O resultado do MEEM foi
19 pontos em 30, indicando comprometimento cognitivo, considerando os cinco anos
de escolaridade do paciente (Brucki et al., 2003). Na avaliação inicial, foram avaliadas os
domínios: funções do corpo e atividade e os fatores contextuais; função
neuromusculoesquelética e relacionada ao movimento, observou-se sequela de paresia
além de tremores que afetam a coordenação de movimentos complexos em membro
superior direito (MSD); função sensorial e dor observou-se hipoestesia em hemicorpo
esquerdo. E no domínio atividade foram realizados treinamentos em mobilidade e
autocuidado. As intervenções realizadas com o paciente visaram otimizar a participação
ativa nas ABVD, por meio de intervenções educativas, quanto o posicionamento correto
no leito, orientação à equipe de enfermagem e ao paciente quanto a importância da sua
participação ativa nas atividades. Os fatores ambientais foram modificados no que se
refere ao uso de adaptações por produtos e tecnologias através do uso de peso para
minimizar tremores em MSD durante as ABVD. Realização de treinos funcionais,
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v.2, n.1 ISSN: 2359-3563 203
alimentação e escovação dos dentes, sendo o primeiro realizado mais vezes. Restaurar
as habilidades neuromusculoesquelélicas do membro superior esquerdo, por meio de
movimentação ativa assistida e alongamentos. Restaurar as funções mentais utilizando
técnicas de orientação temporal, atenção, planejamento e sequenciamento. Paciente
encontra-se em um processo lento de desospitalização por insuficiência familiar. Ao ser
reavaliado na MIF obteve resultado de 45 em 126, através do resultado foi possível
observar aumento do escore no domínio alimentação, atividade treinada com
intensidade nos atendimentos.
Comparação dos resultados obtidos na admissão e reavaliação.
Domínio
da CIF
Descrição do domínio Admissão Reavaliação
Funções
do corpo
(b)
Função mental (b1) MEEM: indicativo de
déficit cognitivo (19
pontos)
MEEM: Manutenção do
indicativo de déficit
cognitvo
Funções
do corpo
(b)
Função sensorial e dor
(b2)
Função tátil (b265):
Hipoestesia
Função Tátil:
Manutençao da
hipoestesia
Função
do corpo
(b)
Função
Neuromusculoesquelétic
a e relacionada ao
movimento (b7)
Função
neuromusculoesquelétic
a e relacionada ao
movimento: Mobilidade
das articulações (b710):
Alongamento visto
limitação da ADM
Função
neuromusculoesquelétic
a e relacionada ao
movimento: Mobilidade
das articulações:
melhora da ADM
disponível após
alongamento
Atividade
s (d)
Atividade de
autocuidado(d5)
Atividade de comer
(d550): MIF 2 (paciente
realiza entre 25 a 49%
da tarefa).
Atividade de comer
(d550):
MIF 5 (paciente
necessita de supervisão
ou preparação).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A prática da T.O. na área da reabilitação neurológica visa minimizar as
deficiências e incapacidades, aumento da funcionalidade, do estímulo e
desenvolvimento de habilidades necessárias para um desempenho ocupacional
satisfatório. A intervenção da T.O junto a este paciente é de extrema importância, uma
vez que, a falta de orientação quanto o posicionamento adequado no leito, o atraso no
início da estimulação funcional e da intervenção focada na restauração das funções
neuromusculoesqueléticas, sensoriais e mentais em contexto hospitalar, podem
acarretar perdas significativas na recuperação funcional do paciente. O treino funcional
privilegiou a alimentação e confirma a literatura que fundamenta a reabilitação
cognitiva de aquisição da habilidade treinada. Poucos são os serviços no Brasil hoje que
utilizam a CIF como modelo teórico e prático na assistência. O acompanhamento e a
comunicação entre a equipe é bastante colaborativa uma vez que os termos e
entendimento sobre o modelo permitem manejo objetivo do caso e favorece a
comparação da intervenção para verificar a adequação durante a internação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRUCKI, Sonia. M. D. et al. Sugestões para o uso do mini-exame do estado mental no Brasil. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, São Paulo , v.61 n.3B, 2003 MORETTIN, Marina et al . O uso da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde para acompanhamento de pacientes usuários de Implante Coclear. CoDAS, São Paulo , v. 25, n. 3, p. 216-223, 2013 .
Palavras-chave: reabilitação cognitiva; terapia ocupacional; funcionalidade; hospital de urgência e emergência; TCE.
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GRUPO DE TERAPIA OCUPACIONAL COM TRABALHADORES EM
REABILITAÇÃO PROFISSIONAL COSTA, LURIAN RODRIGUES DA1; FIGUEIRED,O MIRELA DE OLIVEIRA2; DAIDONE,
VITÓRIA1
Universidade Federal de São Carlos
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
O trabalho possui um papel importante na sociedade exercendo influência na
constituição psíquica dos indivíduos, no sentir-se reconhecido, na motivação, satisfação
e produtividade (LANCMAN; GHIRARDI, 2004).
O modelo atual de saúde do trabalhador visa a uma reabilitação e retorno ao
trabalho considerando os fatores que causam o adoecimento e preconizando a
prevenção de sua recorrência(LANCMAN; GHIRARDI, 2004).
A Terapia Ocupacional constitui uma das profissões que atua na reabilitação
profissional sendo suas intervenções pautadas na forma como se organiza o trabalho e
as condições para concretizá-lo de modo a propiciar a conscientização do trabalhador
sobre os fatores que podem gerar um adoecimento e/ou acidente (TOLDRA et al., 2010;
LANCMAN; GHIRARDI, 2002).
Um dos recursos utilizados nas intervenções com trabalhadores vítimas de
patologias do trabalho são as atividades grupais. Nos grupos são trabalhadas as
situações de trabalho e como enfrenta-las e com isso buscar reinserção do trabalhador
no mercado de trabalho (GLINA et al., 2004).
A presente pesquisa teve por objetivo verificar as percepções de trabalhadores
em reabilitação profissional sobre o impacto do grupo de Terapia Ocupacional no
período de afastamento do trabalho.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Estudo descritivo do tipo exploratório com abordagem qualitativa e
quantitativa(GIL, 2007; TRIVIÑOS, 2009).
1 Discente do curso de Graduação em Terapia Ocupacional, UFSCar. lurianrodrigues044@gmail.com
vitoriadaidone@gmail.com 2 Professora Doutora do Departamento de Terapia Ocupacional, UFSCar.mirelafigueiredo@gmail.com
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A pesquisa teve início mediante a aprovação pelo Comitê de Ética em
Pesquisa (CEP) e aceite e a assinatura do Termo de Consentimento Livre
Esclarecido pelos participantes do estudo.
A amostra foi composta por 5 trabalhadores moradores na cidade de São
Carlos e afastados pelo INSS por motivo de doença e/ou acidente relacionado ao
trabalho. Os critérios para composição da amostra consistiram em: os
trabalhadores deveriam ter idade acima de 18 anos, frequentarem o grupo de
Terapia Ocupacional do INSS da cidade de São Carlos, tendo participado de, no
mínimo, 5 encontros e que ainda estivessem participando.
Os dados foram coletados a partir de uma entrevista semiestruturada,
elaborada pelas pesquisadoras, contendo questões para caracterização,
referentes à idade, tempo de trabalho e motivo do afastamento, e também sobre
as atividades realizadas no grupo e a importância atribuída ao grupo durante o
período de afastamento. As entrevistas ocorreram no período de setembro de
2015 a fevereiro de 2016, em uma sala do INSS em dia e horário pré-agendado
com o trabalhador.
Os resultados obtidos nos relatos dos trabalhadores foram gravados e
transcritos integralmente sendo utilizada para tratamento dos dados a análise
de conteúdo do tipo temática e/ou categorial (Bardin,2006).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A amostra foi composta por quatro participantes do sexo masculino e um
do sexo feminino. O tempo de exercício profissional na função que antecedeu o
afastamento foi em média de 2 a 30 anos.
O motivo do afastamento dos participantes foram todos acometimentos
osteomusculares e tendo como causas queda, lesões, acidente de carro e/ou de
moto.
De acordo com os relatos dos participantes o grupo de terapia
ocupacional é de grande importância, pois propicia orientações, estimula o
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aprendizado, promove a capacitação profissional e a reabilitação dos trabalhadores
afastados.
Além deste caráter prático e benefícios para a reabilitação profissional, os
participantes relataram que o grupo propicia um bem estar emocional, satisfação e
minimização de pensamentos e sentimentos negativos.
Os participantes referiram também que no grupo realiza-se diferentes atividades
como simulação de provas (vestibular) e de entrevista de emprego, discussões sobre
perspectivas futuras, apresentação das profissões e visita a feiras de cursos, palestras e
dinâmicas com pessoas que já passaram pelo INSS.
Além disso, foi possível constatar, por meio das falas, as condições de trabalho,
ambiente e rotina. Em relação às condições de trabalho, dois participantes referiram
que a empresa fornecia equipamento de proteção individual e um participante referiu
que a empresa não fornecia. Houve também relato de que a atividade laboral requeria
o levantamento excessivo de peso.
Os resultados desta pesquisa, referentes a caracterização dos participantes,
especificamente o motivo do afastamento podem ser corroborados com a literatura
sobre o tema. Os estudos de Guedes et al. (2015) e Oliveira e Souza (2015)apresentam
que a maioria da amostra investigada afastou-se do trabalho por motivos
osteomusculares, seja por lesões, fraturas e/ou acidente.
Nos relatos dos participantes evidenciou-se que o grupo de terapia ocupacional
tem um papel imprescindível para o retorno ao trabalho. A pesquisa de Guedes et al.
(2015) refere que a concretização do grupo enquanto forma de intervenção na RP
possibilita uma ação terapêutica na medida em que cada membro do grupo influencia e
é influenciado, propiciando a sua própria transformação e atuando na transformação
coletiva.
Para a condução do grupo o terapeuta ocupacional faz uso de diferentes
atividades tendo como finalidade estabelecer a comunicação verdadeira e aberta,
ampliar a espontaneidade fragilizada dos participantes, promover a retirada de ações
negativas como desconfiança e inibição, proporcionar maior entrega e descontração dos
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participantes levandoos a uma maior autonomia e senso crítico para analisar problemas
e situações (SANTOS; RODRIGUES; PANTOJA, 2015).
Desta forma, o terapeuta ocupacional é um dos profissionais capacitados
para conduzir o grupo de forma que, segundo Samea (2008) é apto a conduzir
suas intervenções com o propósito de facilitar que os participantes possam
experimentar diversas formas de se relacionar e de experienciar situações
inéditas, que estão associadas ao próprio ato do fazer, tornando possível que a
ação ganhe um sentido e um sentimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que o grupo de terapia ocupacional tem um papel
imprescindível como forma de reabilitação profissional auxiliando o trabalhador
no retorno ao trabalho.
Evidenciou-se também que apesar de uma legislação existente, que
determina sobre as condições para o trabalho, ainda ocorre precariedades em
relação, por exemplo, ao uso de equipamentos de segurança e ao levantamento
de peso excessivo nas atividades laborais.
Por fim, o estudo, por envolver uma amostra de cinco trabalhadores,
apresenta limitações e os resultados devem ser considerados sob essas
perspectivas. Com isso, sugere-se a continuidade de investigações sobre essa
temática, na medida em que a forma como os trabalhadores afastados
compreendem a situação vivida e a resolutividade da reabilitação profissional
implica na adesão destes as intervenções propostas, assim como no retorno ao
trabalho
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARDIN L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Personna, 2006. BRASIL. Decreto n.º 3.048, de 6 de maio de 1999. Aprova o Regulamento da Previdência Social, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília (DF), 7 maio 1999. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3048compilado.htm>. Acesso m: 14/07/2016. GUEDES, L. U. et al. O impacto da reabilitação profissional na qualidade de vida dos trabalhadores. Única Cadernos Acadêmicos, v.1, n.1, 2015.
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Palavras-chave: terapia ocupacional; saúde do trabalhador; reabilitação profissional; afastamento.
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AUTOMAQUIAGEM DE UMA ADULTA COM VISÃO SUBNORMAL: RELATO
DE CASO
MARTINS, GABRIELA FERREIRA 1; MONTILHA, RITA DE CÁSSIA IETTO 2 Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”; Universidade Estadual de Campinas.
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
No Brasil, de acordo com a OMS, considera-se a estimativa da prevalência
de cegueira de 0,3% e de baixa visão de 1,7% na população total (RIBEIRO, 2007).
A deficiência visual é mais prevalente no sexo feminino, o que é congruente com
a composição por sexo da população idosa, onde predominam as mulheres na
faixa etária de 60 anos ou mais. (HASSAD; SAMPAIO, 2010).
A deficiência visual é definida com a perda total ou parcial, congênita ou
adquirida da visão. (HADDAD; SAMPAIO, 2010).
A visão subnormal é descrita como a diminuição da capacidade visual que
não pode ser corrigida por tratamento clinico ou cirúrgico nem com óculos
convencionais. Também pode ser caracterizada como perda severa da visão ou
qualquer grau de enfraquecimento visual que cause incapacidade funcional e
diminua o desempenho visual. (RIBEIRO, 2007; CARVALHO; et al., 2002).
Na distrofia macular de Sorsby ocorre lesões cicatriciais precedidas do
edema, hemorragias e exsudatos. Há uma diminuição da acuidade visual central
e nictalopia (LAVINSKY; LAVINSKY, 2010).
Esta condição é autossômica dominante, rara e se manifesta por volta
dos 30, 40 anos, sendo que a perda da visão central por atrofia macular ou
neovascularização sub-retiniana por volta da quinta década. (LAVINSKY;
LAVINSKY, 2011).
1 Terapeuta Ocupacional pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” especialista em
Habilitação e Reabilitação em atividades sociais e pessoais pela Universidade Estadual de Campinas.
Email: gabrielafmartins18@gmail.com 2 Terapeuta Ocupacional. Doutora em Ciências Médicas pela Universidade Estadual de Campinas. Docente do Curso de graduação em Fonoaudiologia e do Mestrado acadêmico: Saúde, Interdisciplinaridade e Saúde - FCM – Unicamp. E-mail: rita.montilha@gmail.com
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Com base nas concepções de inclusão social, saúde e funcionalidade de pessoas
com deficiência visual, Atividades de Vida Diária é um setor da reabilitação que oferece
possibilidades para que as pessoas com deficiência visual alcancem independência e
autonomia no cotidiano (ARRUDA, 2010). Nesse processo consideram-se tanto a
habilitação quanto reabilitação. Considera-se, também, o contexto de vida, a
participação social, os interesses e a funcionalidade de cada pessoa, onde a reabilitação
pode ser compreendida como um processo centralizado na pessoa com deficiência,
respeitando e considerando seus potenciais, sua funcionalidade, condições pessoais e
ambientais (MONTILHA; ARRUDA, 2007).
O uso do resíduo visual, nos casos de baixa visão, assim como os demais canais
perceptivos propicia a aprendizagem e a prática das atividades de vida diária. Por meio
de canais perceptivos, procedimentos práticos, recursos ou técnicas especificas os
sujeitos com baixa visão têm condições para executar as atividades de modo protegido
e eficaz, com independência e autonomia (ARRUDA, 2010).
As atividades de cuidado e higiene com o corpo, como pentear-se, maquiar-se,
barbear-se, devem ser utilizadas quando o terapeuta planeja ressaltar a importância do
corpo para o desenvolvimento da autoestima, autor reconhecimento e da autoimagem,
e a melhora nas relações intra- e interpessoal (PEDRAL; BASTOS, 2013).
A terapia ocupacional tem como alvo principal de intervenção a disfunção
ocupacional. Dessa forma, um dos aspectos cruciais no processo terapêutico
ocupacional é a atividade de vida diária, pois ao mesmo tempo em que aponta o motivo
para a intervenção, significa recurso terapêutico, e seu desempenho é um marco
concreto para o momento da alta (MELLO; MANCINI, 2007).
Objetivo: Descrever o relato de caso enfocando a automaquiagem de uma
pessoa adulta com visão subnormal adquirida.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Trata-se de um estudo de caso de caráter qualitativo.
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No presente relato tem-se a apresentação do caso de uma paciente adulta, do
sexo feminino, atualmente com 46 anos, diagnosticada com visão subnormal por
distrofia macular de Sorsby. Participou do Programa de Reabilitação de Adolescentes,
Adultos e Idosos com
Deficiência Visual do Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação “Prof. Dr.
Gabriel O. S. Porto” da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de
Campinas (CEPRE/FCM/UNICAMP).
Maria (nome fictício) iniciou seu processo de reabilitação em 2013, no Grupo de
Reabilitação de pessoas com visão subnormal, e estava em atendimento em 2014.
Paciente refere perda súbita da acuidade visual bilateral em 1990,
inicialmente em olho direito e logo em seguida em olho esquerdo. Em 2010, foi
diagnosticada com degeneração macular pseudoinflamatória de Sorsboy. Foi
encaminhada para o CEPRE em 2011, para treino de auxilio óptico, porém
começou a participar do grupo de visão subnormal em 2013.
Todas as etapas da pesquisa foram realizadas no ambiente interno do
CEPRE/FCM/UNICAMP. A coleta de dados começou após a aprovação do Comitê
de Ética em Pesquisa sob parecer 890.138. A paciente concordou e assinou o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). As intervenções foram
realizadas pela terapeuta ocupacional ao longo de cinco meses (ano de 2014),
uma vez por semana, cada sessão com duração de uma hora. O procedimento
de coleta de dados se deu mediante a observação, filmagem, relatos da paciente
durante as terapias e no processo da alta, além da consulta ao prontuário
institucional para levantamento de dados clínicos e diagnóstico oftalmológico.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os objetivos traçados em terapia foram: passar lápis no olho, sombra e máscara
de cílios, começando pela incolor, porém era realizada a maquiagem total. Em todas as
intervenções o enfoque foi a automaquiagem, sendo realizados 15 atendimentos no
total. Em cada semana, foi possível notar uma evolução na independência e autonomia
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da paciente ao se maquiar. No decorrer dos cinco meses de reabilitação, o interesse, a
motivação, e autoestima da adulta foi crescendo gradativamente, à medida que sua
independência aumentava.
A prática das AVDs ganha atenção especial quando se trata de pessoas que
apresentam deficiência visual, uma vez que há a necessidade de utilizarem condições
especificas na aprendizagem e prática dessas atividades. (ARRUDA, 2010).
Relato de M. no processo da alta “Procurei o serviço de Terapia Ocupacional
para conseguir me maquiar sozinha. Antes eu não fazia isso, e com as dicas consegui ter
maior controle sobre os meus movimentos, entender o que estava fazendo. Hoje
consigo me maquiar sozinha. Foi muito bom todo esse processo e fez muito bem para a
minha autoestima.”
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em relação às percepções do processo de reabilitação do estudo de caso,
é importante destacar que as conquistas alcançadas durante o ano de 2014,
deram-se, em grande parte, devido ao envolvimento e dedicação de M. Os
objetivos traçados para a terapia tiveram grande relevância, principalmente por
terem sido elaborados com base no seu interesse e necessidade.
M. concluiu que poderia ter alta dos atendimentos de Terapia
Ocupacional, pois seus objetivos foram conquistados, e hoje, a mesma consegue
se maquiar sozinha, com grande satisfação, segurança e independência.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARRUDA, S. M. C. P. Atividades de Vida Diária e Deficiência Visual. In: SAMPAIO M.W. HADDAD, M. A. O.; FILHO, H. A. C.; SIAULYS, M. O. C. Baixa Visão e Cegueira: os Caminhos para a Reabilitação, a Educação e a Inclusão. p. 467-478. Rio de Janeiro: Cultura Médica, Guanabara Koogan, 2010. CARVALHO. K. M. M. de.; et. al. Visão subnormal: orientações ao professor do ensino regular. 3a ed. Campinas: Unicamp, 2002. CORRÊA, G. C.; SANTANA, V. C. Avaliação do impacto de uma intervenção de terapia ocupacional com ênfase no desempenho ocupacional de crianças e adolescentes com deficiência visual. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 2014. HADDAD, M. A. O.; SAMPAIO, M. W. Aspectos Globais da Deficiência Visual. In: SAMPAIO, M. W.; HADDAD, M. A. O.; FILHO, H. A. C., SIAULYS, M. O. C. Baixa Visão e Cegueira: os caminhos
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para a reabilitação, a educação e a inclusão. p. 7-16. Rio de Janeiro: Cultura Médica, Guanabara Koogan, 2010. LAVINSKY F. LAVINSKY J. Distrofias hereditárias da retina e coroide. In: ÁVILA, M. LAVINSKY, J. JÚNIOR, C. A. M. Retina e Vítreo. p. 309. Rio de Janeiro: Cultura médica, Guanabara Koogan, 2010. MELO, M. A. F. DE; MANCINI, M. C. Métodos e técnicas de avaliação nas áreas de desempenho ocupacional. In: CAVALCANTI, A. GALVÃO, C. Terapia Ocupacional: fundamentação e prática. p. 399-413. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. PEDRAL, C.; BASTOS, P. M. Uma abordagem sobre atividade de vida diária In: PEDRAL, C.; BASTOS, P. M. Terapia Ocupacional: metodologia e prática. uma abordagem sobre atividades de vida diária. 2a ed. Rio de Janeiro: Rubio, 2013. RIBEIRO, L. B. Disfunção Visual. In: CAVALCANTI, A.; GALVÃO, C. Terapia Ocupacional: fundamentação e prática. p. 399-413. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. SAMPAIO M.W. HADDAD M. A. O. Avaliação oftalmológica da pessoa com baixa visão. In: SAMPAIO M.W., HADDAD M.A.O., FILHO H.A.C., SIAULYS M.O.C. Baixa Visão e Cegueira: Os Caminhos para a Reabilitação, a Educação e a Inclusão. p.7-16. Rio de Janeiro: Cultura Médica: Guanabara Koogan, 2010.
Palavras-chave: deficiência visual; autocuidado; terapia ocupacional.
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TERAPIA OCUPACIONAL E DESENVOLVIMENTO LOCAL PARTICIPATIVO:
CONSTRUINDO PROCESSOS DE ENSINAGEM CORREIA, RICARDO LOPES1
Universidade Federal do Rio de Janeiro
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
O desenvolvimento local é um paradigma sócio-político que compreende uma
série de abordagens para potencializar as habilidades, competências e capacidades
humanas, junto á órgãos públicos e privados, para a melhora da qualidade de vida de
diversas populações a uma dimensão cultural e geográfica local (ÁVILA, 2000). O
desenvolvimento local participativo – DLP se configura como uma destas abordagens,
na qual a participação é meio e fim de seus processos (CORREIA, 2014).
A fim de superar o paradigma do desenvolvimento como aumento econômico,
aposta-se em novos paradigmas que possam colocar as pessoas como centro dos
processos de desenvolvimento integral, dando à elas e seus arranjos locais as razões e
justificativas para as mais diversas escolhas de vida individual e coletiva
. Desde a década de 1930 no Brasil diversos estudos em Ciências Sociais, foram
responsáveis por modelos e paradigmas sobre desenvolvimento. Os Estudos de
Comunidade em 1940 produziu informações sobre as realidades de “comunidades” e
suas transformações decorrentes da rápida e tardia industrialização brasileira (OLIVEIRA
e MAIO, 2011). O efeito contraditório destes estudos foi a dicotômia entre comunidade
e sociedade, produzindo, nesta primeira, valores como pobreza e carência decorrentes
do isolamento local e da não participação dos fluxos culturais, econômicos e sociais
globalizantes.
Com isso, urge a necessidade para que novos paradigmas sejam propostos e
operacionalizados na realidade, superando as representações sobre comunidade/local
– sociedade/global. Ávila (2000) argumenta que quando ações são desenvolvidas á nível
local, dimensão cultural e geográfica, há maiores possibilidades de compreender e
1 Doutorando e Mestre em Ciências da Saúde/Saúde Coletiva. Docente do Departamento de Terapia
Ocupacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ – Brasil. Email: toobiis@gmail.com
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intervir nos modos como os fluxos globalizantes são vividos direta e subjetivamente por
seu agentes.
A Terapia Ocupacional, se assumida como um campo do conhecimento, em que
toma a Ocupação Humana como seu objeto de investigação e intervenção, há muito no
que contribuir nos processos de desenvolvimento locais. Para Correia e Akermaan
(2015) a Ocupação Humana é um fenômeno social, trata-se da capacidade de pessoas e
indivíduos se engajarem nas atividades da vida cotidiana, e por meio delas e por elas
produzirem participação.
Sob a hipótese que na participação se expressam questões locais. Poderá então
a Terapia Ocupacional introduzir saberes e práticas que visam contribuir com este
campo. Por isso, o objetivo deste trabalho é apresentar um recorte dos resultados de
uma pesquisa documental, sobre as contribuições da Terapia Ocupacional na
abordagem em desenvolvimento local participativo.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Tratou-se de uma pesquisa documental com utilização da Análise Documental e
procedimentos de Análise de Conteúdo. Os documentos corresponderam ao objeto
desta pesquisa, e fizeram parte de um projeto de extensão na cidade de Itapeva, SP,
envolvendo seis universidades e o Projeto Rondon® SP entre julho de 2011 e julho de
2015.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Extrairam-se dos documentos (Figura 1) registros sobre as experiências de
natureza interdisciplinar e abordagem em desenvolvimento local participativo - DLP,
envolvendo 112 estudantes ao longo do período indicado.
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Figura 1. Análise Documental e Análise de Conteúdo dos documentos de pesquisa.
Anterior e ao longo do projeto houve um professor facilitador
(coordenador) que compartilhou estudos sobre a Ocupação Humana com os
estudantes, por meio de exposições teóricas e de atividades práticas, sugerindo
que as diversas áreas de formação graduada possuíam saberes e práticas
possíveis de compreender tal fenômeno e as possibilidades de suas correlações
com outros fenômenos e suas intervenções.
Quando em campo, foram utilizadas estratégias de imersão no cotidiano,
o professor auxiliava os estudantes a criarem estratégias para conhecerem e se
inserirem nos contextos de vida dos agentes locais, como a aproximação, a
incitação e escuta das histórias de participação, a percepção do vínculo, os
registros das narrativas, mapeamentos da paisagem local e das redes de suporte
cotidiana.
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Para Souza (1987) a comunidade ainda resiste a representações e epistemologias
reducionistas do lugar e da pobreza. Compreendendo-a como expressão das questões
sociais, e por tanto, portadora de uma questão a nível local, as questões comunitárias
para a autora, assim como Correia e Akerman (2015) podem ser compreendidas como as
expressões da participação de um coletivo. A participação de um coletivo é
constantemente ameaçada pelas dinâmicas sociais, justificando uma abordagem
comunitária, uma vez que há determinados arranjos de enfrentamento que só podem se
dar com organização temporal ou permanente do coletivo.
Trata-se de compreender a comunidade como um dispositivo, ato resultante dos
processos e estratégias de enfrentamento das questões comunitárias.
A ação técnica nas questões comunitárias diferencia-se também da concepção de
trabalho comunitário (SOUZA, 1987), pois se preocupa em como desenvolver estratégias
que sejam coerentes com a participação colocada enquanto questão. Assim, se aposta em
uma ação técnica, ou uma metodologia participativa, que não sirva somente ao
profissional, mas aos agentes locais, construindo uma metodologia de ensino e trabalho
local e comunitária.
As experiências de imersão dos estudantes foram compartilhadas e debatidas em
pequenas reuniões após cada ação, onde os mesmos eram incentivados a buscar e
aprofundar informações sobre as suas interpretações da realidade, trocavam
conhecimentos teóricos disciplinares e pessoais, e em seguida eram incentivados a
formularem perguntas sobre como operacionalizar a participação dos agentes locais
sobre as questões que emergiam.
As atividades mediadoras surgem então como a forma de operacionalizar o
raciocínio, servindo de instrumento para aproximar os estudantes dos moradores locais,
construir e registrar memórias, diálogos e narrativas, construir indicadores e
mapeamentos, mediar relações com o poder público e delinear projetos de vida. Neste
contexto surgiu a figura dos estudantes como mediadores-facilitadores em DLP.
Assim, os documentos permitiram extrair e sintetizar uma parcela de expressões
sobre a construção de uma proposta metodológica, que vai se denominando como
ensinagem. Para Anastasiou (1998) ensinagem é uma metodologia ativa em que o
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professor cria e utiliza estratégias para aproximar os estudantes da apreensão de certos
conteúdos, e assim produzir algum conhecimento. Para um contexto como em DLP, a
ensinagem pode ser este conjunto de estratégias que operacionalizam um raciocínio
para promover a participação dos agentes locais em suas atividades do dia a dia,
compreendendo que são nessas atividades, e por meio delas, que se expressam suas
questões comunitárias.
CONCLUSÃO
Os aportes da Terapia Ocupacional, em particular a T.O Social e os estudos
da Ocupação Humana, consubstanciam elementos significativos para as bases
estruturais do que está se constituindo como ensinagem em desenvolvimento
local participativo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Palavras-chave: Desenvolvimento local, relações comunidade-instituição, terapia
ocupacional.
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GRUPO DE ORIENTAÇÃO AOS CUIDADORES E FAMILIARES DE PACIENTES
DA UNIDADE DE ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (UAVE) QUEIROZ, DEBORAH MARIA DE1 ¹; SOUZA, ADRIA GLEYCE DE2 ¹; SOARES, DEBORA ARZILA3 ¹, REZENDE, ALESSANDRA PRADO 4²; LOUREIRO, HELENA AULER; NUNES,
CIOMARA MARIA PÉREZ 5 ³. 1 – Universidade Federal de Minas Gerais
2 - Hospital Risoleta Tolentino Neves/ Universidade Federal de Minas Gerais 3 - Universidade Federal de Minas Gerais
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
O desenvolvimento do projeto “Terapia Ocupacional nas Disfunções do Controle
Motor da Idade Adulta e Velhice: Técnicas e Tecnologias de Investigação e Intervenção”,
conta com a participação de três acadêmicas bolsistas. Entre as atividades propostas há
a realização do subprojeto: “ Grupo de Orientação aos Cuidadores e Familiares de
pacientes da Unidade de Acidente Vascular Encefálico (AVE). As intervenções da Terapia
Ocupacional em contextos hospitalares não são realizadas apenas à beira do leito com
o paciente, mas também com os cuidadores e familiares, pois cabe ao profissional
orienta-los no cuidado com o paciente. O grupo atua no empoderamento dos
cuidadores e familiares para o tratamento do paciente com sequelas de lesões
cerebrovasculares. O grupo tem como objetivos: a troca de experiências entre
participantes, educar quanto aos fatores de risco do AVE, sanar sempre que possível as
dúvidas e orientar os cuidadores e familiares sobre as atividades básicas de vida diária
(ABVD) no cotidiano hospitalar (mudança de decúbito, cuidados com o seguimento
parético ou plégico, participação com segurança nas ABVD).
Objetivo: Relatar as dúvidas mais frequentes apresentadas pelos cuidadores e
familiares durante o grupo.
1 Graduanda do curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais,
deborahdequeiroz@hotmail.com 2 Graduanda do curso Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais. 3 Graduanda do curso Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais. 4 Residente do Hospital Risoleta Tolentino Neves/Universidade Federal de Minas Gerais. 5 Professora do Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais
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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Clínico-qualitativa de interpretação das sessões em grupo focal com cuidadores
da Unidade de Acidente Vascular Encefálico (UAVE) que são convidados a participar por
busca ativa nas enfermarias. O grupo é aberto, formado por 2 a 6 participantes por
reunião, tem duração de 40 minutos e ocorre duas vezes na semana no Hospital Risoleta
Tolentino Neves (HRTN/UFMG). Levantou-se as dúvidas apresentadas no grupo pelos
participantes no período de Abril a Agosto de 2016.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O grupo possui atividades dirigidas sobre as atividades básicas do cotidiano na
internação como: mudança de decúbito, cuidados com o seguimento hemiplégico,
participação nas atividades básicas de vida diária (ABVD), fatores de risco do AVE e na
medida do possível sanar as dúvidas desses cuidadores e familiares com a troca de
experiências. Nesses encontros, acontecem simulações em que cuidadores e familiares
se colocam nos lugares de pacientes com limitações de mobilidade, para entender
melhor suas dificuldades e como auxiliá-los da maneira correta. As dúvidas mais
frequentes foram:
‘Qual a diferenças entre AVE isquêmico e hemorrágico? ’, ‘Quais são as causas
do AVE? ’, ‘Qual a chance de ocorrer um novo evento?’, ‘ Quais os fatores de risco?’,
‘Por que a dificuldade de engolir? Ao final disponibilizamos uma cartilha ilustrativa para
os cuidadores e familiares explicando parte das dúvidas.
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Figura 1: Diferança entre AVC isquêmico e hemorrágico.
Fonte:http://medifoco.com.br/acidente-vascular-cerebral-avc-isquemico-hemorragico-sintomas/
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os objetivos do grupo podem ser alcançados nas reuniões, sendo observado
maior empoderamento dos cuidadores e familiares quanto aos cuidados com o
paciente.
Percebe-se que os encontros do grupo preenchem alguns objetivos na área da
tecnologia da saúde e do programa de extensão: a inovação e a difusão de informação,
cuja ênfase é auxiliar cuidadores e familiares a desenvolverem habilidades necessárias
para conversar sobre o paciente, orientar e até mesmo impor, quando necessário, as
condutas ao bem-estar do paciente.
Dessa forma eles se sentem úteis na contribuição do cuidado do paciente num
momento tão delicado. Embora não seja retratado em números de satisfação, os relatos
dos cuidadores e dos profissionais da equipe da Unidade de AVE confirmam a
importância do grupo, que já é uma atividade incorporada na rotina do hospital desde
2010.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CRUZ, Daniel Marinho Cezar da e TOYODA, Cristina Yoshie. Terapia ocupacional no tratamento do AVC.ComCiência [online]. 2009, n.109, pp. 0-0. ISSN 1519-7654. SHIN, Carolina Gina; TOLDRÁ, Rosé Colom. Terapia ocupacional e acidente vascular cerebral: revisão integrativa da literatura/Occupational therapy and stroke: literature integrative review Abstract: The present study aimed the systematization of knowledge produced by occupational therapy involvin.Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, v. 23, n. 4, 2015. MORAIS, Huana Carolina Cândido; GONZAGA, Nathalia Costa; AQUINO, Priscila de Souza and ARAUJO, Thelma Leite de.Strategies for self-management support by patients with stroke: integrative review. Rev. esc. enferm. USP [online]. 2015, vol.49, n.1, pp.136-143. ISSN 0080-6234. http://dx.doi.org/10.1590/S0080-623420150000100018. WOODSON, M. A. Acidente Vascular In. RADOMSKI, M. Vining; LATHAM, C. A. Trombly. Terapia Ocupacional para Disfunções Físicas. São Paulo (SP), Editora Santos, 6ª Edição, 2013. P 1001-1041.
Palavras-chave: AVC ; terapia ocupacional; atuação em grupo.
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CORPOREIDADE GESTANTE E INTERVENÇÕES DA TERAPIA
OCUPACIONAL AMBROSIO, LETICIA1; SILVA, CARLA REGINA2; FERIGATO, SABRINA HELENA3
Universidade Federal de São Carlos
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
Sabemos que a gestação é um processo complexo e uma capacidade biológica
exclusiva da mulher, um momento único e singular, repleto de transformações que
podem ser motivo de superação ou desequilíbrio (SILVA; SILVA, 2009).
É um período complexo em inteface com elementos diversos coletivos,
individuais e subjetivos para cada mulher que exige cuidado, pois gera demandas
psíquicas, sociais, afetivas, econômicas, familiares e ocupacionais, além de estar
submetida também as questões de gênero e aos papéis ocupacionais que espera-se que
a mulher (SILVA; SILVA, 2009).
Historicamente, a medicina tratou a gravidez apenas pela perspectiva biomédica,
compreendendo a mulher como ser nascido e criado para ser mãe e cuidar dos filhos
(TORNQUIST, 2002). Em meados dos anos 80, com a intensa movimentação de lutas por
direitos sociais, o movimento feminista e outros setores, entre outras conquistas,
garantiu, junto a implementação do Sistema Único de Saúde (SUS), a implementação de
programas de atenção a saúde da mulher (TORNQUIST, 2002).
Na Atenção Básica à Saúde, uma das diretrizes que compõe o Núcleo de Apoio à
Saúde da Família (NASF), é a Atenção Integral à Saúde da Mulher, que tem como
premissa integrar estratégias e profissionais da equipe de saúde, promovendo ações
interdisciplinares para prevenção de agravos, promoção da saúde, empoderamento da
mulher, planejamento familiar e abordagem da sexualidade dentro de contextos
culturais e de gênero (BRASIL, 2009).
1 Graduanda em Terapia Ocupacional, Universidade Federal de São Carlos. leticiaambrosio.le@gmail.com 2 Terapeuta Ocupacional, doutora em Educação (UFSCar), Professora do Departamento de Terapia Ocupacional e do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de São Carlos. carlars@ufscar.br 3 Terapeuta ocupacional, doutora em Saúde Coletiva, docente adjunta do Departamento de Terapia Ocupacional da UFSCar
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Estudos apontam que os terapeutas ocupacionais inseridos na Atenção Básica à
Saúde têm atuado com a população de mulheres gestantes, em grande parte, com as de
alto risco e adolescentes, realizando grupos de oficinas, atividades e trabalhos corporais
(GALHEIGO, 2007).
Considerando esse contexto apresentamos dados da Iniciação Científica “Corpo
da mulher gestante e as intervenções Terapia Ocupacional na Atenção Básica”
(AMBROSIO; SILVA, 2016), que teve como objetivo investigar as corporeidades
produzidas por mulheres de um grupo de gestantes realizado na Atenção Básica em
Saúde em uma Unidade Básica de Saúde e propor intervenções da Terapia Ocupacional
integrados com a Atenção em Saúde e com a Assistência Integral à Saúde da Mulher.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Os procedimentos metodológicos consistiram em uma pesquisa-qualitativa do
tipo intervenção a partir da realização de proposições em grupo em uma Unidade Básica
de Saúde no munícipio de São Carlos, de uma região periférica da cidade, em grupo de
gestantes já existente na própria unidade. O grupo acontecia quinzenalmente com
duração média de duas horas, conduzido por uma Agente Comunitária em Saúde e uma
enfermeira com o objetivo de realizar atividades artesanais úteis para as gestantes.
A pesquisa foi realizada em dois encontros, num intervalo de 15 dias, com duas
horas cada encontro, totalizando 14 participantes. O grupo foi conduzido pela
pesquisadora e mais quatro colaboradoras voluntárias, que auxiliaram no registro
fotográfico e áudio-visual das atividades de cuidado e pesquisa realizados com o grupo,
em presença das profissionais que o conduzem.
Utilizamos como recursos de produção de dados: 1) atividades de sensibilização
e registro da linguagem do corpo, 2) grupo focal e 3) diário de campo e 4) atividades de
sensibilização (com questões pensadas para abordar a corporeidade no período
gestacional). As atividades foram: pintura corporal; photovoice; e body map. Todos os
procedimentos éticos, incluindo as anuências das participantes, foram autorizadas nos
Termos de Consentimento Livre e Esclarecido e a pesquisa foi aprovada pela Secretaria
Municipal de Saúde de São Carlos.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Apresentaremos na tabela a seguir, os dados das 14 particiantes gestantes.
Tabela – Dados das gestantes participantes
Gestante Idade
Número de Filhos
Estado civil
Escolaridade completa
Profissão atual Renda Média Familiar (Salários
Mínimos)1
1 37 3 Casada Fundamental Do lar Não declarado 2 24 0 Casada Superior Professora Mais que 2 3 24 2 Casada Médio Desempregada Mais que 2 4 30 4 Casada Médio Do lar Até 1 5 30 2 Solteira Fundamental Não declarado Não declarado 6 23 1 Casada Fundamental Desempregada Até 1 7 23 2 Casada Médio Do lar Até 1 8 41 3 Solteira Fundamental Do lar De 1 a 2 9 15 1 Casada Fundamental Desempregada De 1 a 2
10 17 2 Casada Fundamental Desempregada Até 1 11 17 0 Solteira Médio Auxiliar
Administrativo De 1 a 2
12 16 0 Solteira Fundamental Do lar De 1 a 2 13 28 1 Solteira Médio Garçonete De 1 a 2 14 19 1 Casada Fundamental Do lar De 1 a 2
Além dos dados apresentados, uma gestante relatou ter abortado uma vez e
outra duas vezes. Todas as gestantes se identificaram como heterossexual. Todas
residem próximas a UBS, oito moram com o parceiro e três moram na casa dos pais,
duas moram com o parceiro e com os pais e uma mora com as irmãs. A atenção à saúde
é feita principalmente pela UBS em questão, sendo que apenas três fazem
acompanhamento da gestação em outros lugares.
A gestação foi considerada como um processo no qual são geradas enunciados,
linhas de força invisíveis e não enunciadas, além de processos de subjetivação (DELEUZE,
2005). Nesse sentido, foram consideradas para a pesquisa as falas das gestantes
(enunciados), mas também e o que foi observado durante os encontros e o que emergiu
por outras formas comunicacionais (relações de poder, produção de subjetividade),
apresentados em três eixos.
1 Para calcular a Renda Média Familiar utilizou-se dados do site do Governo Estadual de São Paulo (disponível em: http://www.emprego.sp.gov.br/pesquisa-e-servicos/piso-salarial-regional-de-sp/. Acesso em 23/08/2016), segundo os quais refere que o valor do Salário Mínimo no estado de São Paulo é de R$ 1.000,00, de acordo com a Lei Nº 16.162, aprovada em 14 de março de 2016.
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O primeiro eixo, “Sexualidade” refere-se a sexualidade da mulher grávida,
compreendendo suas relações com o próprio corpo e com o seu parceiro. Notou-se que
em grande parte dos casos enunciados, a sexualidade do parceiro se sobrepunha em
detrimento da sexualidade da própria mulher.
O segundo eixo “A dimensão do desejo de ser mãe” diz sobre os conceitos de
maternidade e maternagem, considerando que o primeiro é uma condição biológica e
não necessariamente significa o desejo de tornar-se mãe podendo até ser resultado de
uma pressão social, e o segundo está atrelado a uma série de elementos psicossociais e
emocionais, reconhecidos nas participantes (STASEVSKAS,1999).
Por último, “Cotidianos” abordou transformações físicas, emocionais e fazeres,
enunciados e observados, que fazem parte do cotidiano dessas mulheres e provocam
impactos nas atividades diárias e nas relações interpessoais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando todos os elementos inerentes ao processo de estar gestante,
temos que as demandas levadas aos serviços de básicos de saúde são cada vez mais
complexas, demandando profissionais capacitados tecnicamente, com visão integrada
e sensível.
Inúmeros assuntos foram abordados, e percebeu-se que em espaços mais
acolhedores e seguro para as mulheres, temáticas que estão além da abordagem da
clínica médica, aparecem com grande urgência para serem discutidas.
Em relação as intervenções da Terapia Ocupacional, concluímos que são
atividades potentes: grupos de acolhimento e escuta qualificada; rodas de conversa para
troca de experiências e saberes; proposição de atividades corporais que tragam atenção
da mulher para o próprio corpo e gerem empoderamento; atividades significativas e
prazerosas com ênfase na qualificação de seu cotidiano; articulação interdisciplinar e
intersetorial a partir do nosso núcleo de especificidade; e aproximação dos familiares e
companheiros da gestantes.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMBROSIO, L.; SILVA, C. R. O corpo da mulher gestante e as intervenções Terapia Ocupacional
na Atenção Básica. 2016. 120 p. Relatório Final da Pesquisa de Iniciação Científica.
Departamento de Terapia Ocupacional, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2016.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
Diretrizes do NASF – Núcleo de Apoio à Saúde da Família. Brasília: Ministério da Saúde; 2009.
(Série B. Textos Básicos de Saúde / Cadernos de Atenção Básica; n. 27).
DELEUZE, G. Foucault. Tradução de Cláudia Sant’Anna Martins. São Paulo: Brasiliense, 5ª
reimpressão, 2005.
GALHEIGO, S. M. Domínios e temáticas no campo das práticas hospitalares em terapia
ocupacional: uma revisão da literatura brasileira de 1990 a 2006. Rev. Ter. Ocup. Univ. São
Paulo, v.18, n. 3, p. 113-121, set./dez. 2007.
SILVA, L. J.; SILVA, L. R. Mudanças na vida e no corpo: vivências diante da gravidez na perspectiva
afetiva dos pais. Esc. Anna Nery Rev. Enferm., v. 13, n. 2, abr./jun. 2009, p. 393-401.
TORNQUIST, C. S. Armadilhas da nova era: natureza e maternidade no ideário da humanização
do parto. Rev. Estudos Feministas, v. 2, n. 10, 2002.
Palavras-chave: Gênero; Prática Profissional; Atenção Básica em Saúde.
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TERAPIA OCUPACIONAL JUNTO A FAMILIAS DE CRIANÇAS HOSPITALIZADAS
BARBANO, LETICIA MARIA1; JOAQUIM, REGINA HELENA VITALE TORKOMIAN2;
BOMBARDA, TATIANA BARBIERI3
Universidade Federal de São Carlos - UFSCar
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
Pouco se tem registrado acerca da abordagem da terapia ocupacional com as
famílias de crianças hospitalizadas. Quando uma criança é hospitalizada, pelos mais
variados motivos, observa-se uma desestruturação na dinâmica de funcionamento da
família (DIAS; MOTTA, 2006; PETTENGILL; ANGELO, 2006; MILANESI et al, 2006; GRAU;
HAWRYLAK, 2010; SILVEIRA; ANGELO, 2006) seguida por desgaste psicológico por parte
dos cuidadores (DIAS; MOTTA, 2006; MILANESI et al, 2006; GRAU; HAWRYLAK, 2010;
SILVEIRA; ANGELO, 2006), medo em relação ao futuro e sofrimento do filho
hospitalizado (LIMA et al, 2010; PETTENGILL; ANGELO, 2006; DIAS; MOTTA, 2006),
cuidador sobrecarregado e que deixa suas necessidades pessoais em segundo plano
(LIMA et al, 2010; MILANESI et al, 2006; GRAU; HAWRYLAK, 2010), preocupação com os
outros filhos que não estão no hospital (MILANESI et al, 2006; GRAU; HAWRYLAK, 2010),
além de queda na qualidade de vida da família (JUNQUEIRA, 2003) e não adaptação ao
contexto hospitalar (LIMA et al, 2010; JUNQUEIRA, 2003; MILANESI et al, 2006), o que
gera um quadro de famílias altamente vulneráveis (PETTENGILL; ANGELO, 2005;
PETTENGILL; ANGELO, 2006).
Deste modo, o presente trabalho visou identificar as necessidades dos familiares
de crianças hospitalizadas e refletir sobre a abordagem da Terapia Ocupacional neste
contexto.
1 Graduanda em Terapia Ocupacional, UFSCar, leticiabarbano@yahoo.com.br 2 Professora adjunta de Terapia Ocupacional, UFSCar, regin@ufscar.br; 3 Professora assistente de Terapia Ocupacional, UFSCar, tatibb_to@yahoo.com.br
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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Estudo exploratório, transversal e qualitativo, realizado numa Santa Casa de
Misericórdia de uma cidade do interior do Estado de São Paulo. Após a aprovação (n°
375.606) da pesquisa pelo Comitê de Ética e pela Santa Casa de Misericórdia, foi iniciada
a coleta de dados de outubro de 2013 a janeiro de 2014, utilizando procedimentos de
grupo focal duas vezes por semana. As seções aconteciam em um dos quartos da
enfermaria, geralmente o que haviam mais cuidadores, e a duração de cada encontro
foi, em média, de 30 minutos. A coleta de dados foi considerada terminada quando as
respostas obtidas já estavam saturadas. Os dados foram registrados de duas formas:
utilizando um gravador, e em diários de campo do pesquisador, que realizava anotações
e observações após cada grupo. As seções foram transcritas e, juntamente com o Diário
de Campo, analisadas com base na técnica de “Análise de Conteúdo Temática”
(MINAYO, 2007).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao total foram obtidas 11 sessões de grupo focal com um total de 36
participantes, 30 mulheres e 6 homens, constituindo o grau de parentesco mães, pais e
avós.
Os dados obtidos foram agrupados em quatro categorias:
1 –Sentimentos: apresenta os sentimentos dos cuidadores durante o período de
internação, estando estes relacionados a condição clínica da criança, procedimentos
médicos adotados, serviço oferecido pelo hospital, condições físicas do ambiente, e
problemas pessoais externos – geralmente ligados a família, trabalho e filhos.
2 –Necessidades: Verifica-se ações e percepções que podem ser sintetizadas em
necessidades físicas, psíquicas ou sociais dos cuidadores.
3 – Serviços: Refere-se ao hospital e o serviço clínico oferecido.
4- Redes de Suporte: Está relacionada ao que a família entende como suporte
ou apoio oferecido por diversas entidades durante o período de internação da criança.
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Os dados obtidos entram em acordo com pesquisas que apresentam que a
família, em situação do filho hospitalizado, tende a se tornar vulnerável e ter uma
desestruturação em seu cotidiano, observada, principalmente, por uma ruptura do
mesmo. Tal situação pode gerar sentimentos negativos nos familiares.
Os sentimentos de “preocupação” e “sofrimento”, relacionados, principalmente,
ao estado de saúde do filho hospitalizado e à situação de deixar o cuidado dos outros
filhos que não estão ali, apareceram com grande frequência. Paes et al. (2009)
demonstraram que a situação desgastante que está submetido o familiar implica em
fatores de risco para o surgimento de transtornos emocionais. Os autores corroboram
com a conclusão de que o quadro do paciente é o que mais influencia a qualidade de
vida do cuidador.
Nesse sentido, Balling e McCubbin (2001) colocam que manter os pais
informados sobre o prognóstico do filho, bem como os procedimentos que serão
adotados, exames a serem feitos e tratamento, permitem que os pais sintam que têm
controle sobre a situação, o que diminui o estresse, ansiedade e sentimentos negativos
dos mesmos.
A situação de esgotamento físico e psicológico relatada pelos pais é confirmada
por Paes et al. (2009), Santos et al. (2013), Beuter et al. (2012); Dias; Motta (2006);
Milanesi et al (2006); Grau; Hawrylak (2010) e Silveira; Angelo (2006). Tal ocorrência
pode se dar devido a junção de fatores negativos vivenciados pela internação do filho.
É deste cenário que surge a necessidade de expressar sentimentos e compartilha-los
com outras pessoas como modo de aliviar tensões, enfrentar a situação, preencher o
tempo ocioso e criar laços e vínculos com outros cuidadores a fim de criar um ambiente
mais familiar e humanizado. D’Alencar et al. (2013); Alvarez (2013); Elmescany (2010)
apresentam a intervenção através da arte como um meio altamente eficaz para
reestabelecer o potencial criativo do sujeito, desenvolver habilidades de
enfrentamento, auto aceitação e autoconfiança, de forma que estas experiências
substituam as vivências negativas do processo de hospitalização.
Outro dado emergente foi a necessidade de uma rede de suporte efetiva para os
cuidadores, podendo esta rede ser composta pela religião, familiares dos cuidadores,
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outros cuidadores companheiros de quarto e equipe médico-hospitalar. Othero e De
Carlo (2006), bem como Gomes et al. (2010) e Beuter et al (2012), confirmam nossos
dados de que a religião é importante e relevante rede de suporte para a situação de
hospitalização.
A criação de vínculos entre cuidadores mostrou-se necessária para trocar
experiências, expressar sentimentos, preencher o tempo ocioso e tornar o ambiente
mais humanizado. Beuter et al. (2012) afirmam que grupos de compartilhamento de
vivências se mostraram eficazes entre familiares acompanhantes de pessoas adultas.
Nos dados obtidos por Santos et al (2013), o grupo entre cuidadores foi uma estratégia
aprovada por eles para trocar apoio e dividir sentimentos e frustrações, e mostrou-se,
para os familiares, como redutor de sofrimentos e importante auxilio para o
enfrentamento da hospitalização do filho.
O impacto que a hospitalização tem sobre o trabalho do cuidador foi outro
resultado encontrado na coleta de dados. O relato de pais que estavam sob ameaça de
perderem o emprego ou de pais que perderam o emprego sugere, a nível nacional, uma
modificação nas políticas trabalhistas, e, a nível local, uma maior atenção dos
profissionais da saúde para trabalharem esta questão com os cuidadores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dados obtidos e analisados conseguiram estar coerentes com o objetivo da
pesquisa, entretanto, necessita-se que novas pesquisas reflitam sobre a atuação da
Terapia Ocupacional com famílias de crianças hospitalizadas a fim de ampliar e reiterar
a importância da intervenção com este público.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ, C. S. Arteterapia en la hospitalización infantil: interaciones entre los acompañantes y los niños hospitalizados. 2013. 66 f. Dissertação (Arteterapia y Educación Artística para la Inclusión Social) – Faculdad de Educación y Trabajo Social, Universidad de Valladollid, Valladollid, 2013. BALLING, K.; MCCUBBIN, M. Hospitalized Children With Chronic Illness: Parental Caregiving Needs and Valuing Parental Expertise. Journal of Pediatric Nursing 2001; 16(2).
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Palavras-chave: terapia ocupacional; família; hospitalização
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RELATO DE EXPERIÊNCIA: ATIVIDADE DE CULINÁRIA EM UM GRUPO DE TERAPIA OCUPACIONAL PARA PESSOAS COM SEQUELAS
PÓS-AVE E SEUS CUIDADORES LAIS COUTO CATINACCIO1; DANIELE BIANCA MARQUES2; ALESSANDRA ROSSI
PAOLILLO3 Universidade Federal de São Carlos
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
O Acidente Vascular Encefálico (AVE) consiste em um comprometimento não
traumático do encéfalo, decorrente da oclusão ou ruptura de um vaso sanguíneo
cerebral, podendo ser isquêmico ou hemorrágico. Esta lesão no sistema nervoso central
pode ocasionar alterações motoras, somatossensoriais, perceptuais, cognitivas,
emocionais e comportamentais (MAZZOLA et al., 2012; CANCELA, 2008 e FARIA, 2007).
Estes compromentimentos podem levar à dependência funcional, sendo que
aproximadamente 40% dos sujeitos necessitam de auxílios para realizar as atividades
cotidianas básicas (SHIN e TOLDRÁ, 2015; FALCÃO et al, 2004).
As Atividades de Vida Diária (AVDs) compõe o dia a dia de todos e englobam
várias tarefas, como banho, vestuário e alimentação. O desempenho destas atividades
influenciam a participação social e independência domiciliar das pessoas com sequelas
pós-AVE. A dependência para a realização das atividades cotidianas básicas são uma das
principais queixas dessa população e de seus cuidadores.
Neste contexto, o ato de comer pode ser considerado uma atividade humana
central, tanto por favorecer a socialização durante a refeição, quanto por sua frequência
e importância (MINTZ, 2001). Assim, favorecer a realização dessa atividade cotidiana é
um dos principais objetivos da intervenção em Terapia Ocupacional junto a esta
população.
Diante deste cenário, o projeto de extensão com pessoas com sequelas pós-AVE
e seus cuidadores, realizou intervenções em grupo com participação de ambos, afim de
proporcionar vivências, uso de técnicas e adaptações para favorecer a realização das
1 Graduanda em Terapia Ocupacional na UFSCar, laiscatinaccio06@gmail.com; 2 Graduanda em Terapia Ocupacional na UFSCar, danielebiancamarques@hotmail.com; 3 Docente do Departamento de Terapia Ocupacional da UFSCar, arpaolillo@gmail.com
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atividades cotidianas, buscando promover a maior independência nas AVDs. O objetivo
deste trabalho é apresentar a experiência de um grupo de terapia ocupacional,
constituído por pessoas com sequelas pós-AVE e seus cuidadores, para a realização de
uma atividade culinária - a preparação e degustação de uma Salada de Frutas, além dos
recursos utilizados para favorecer a participação das pessoas com disfunção física.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Foram compostos grupos, na Unidade Saúde Escola – USE/UFSCar e realizada
intervenção terapêutica ocupacional com pessoas com sequela pós-AVE e seus
cuidadores, em sessões semanais, durante o período de um ano, sendo que cada sessão
tinha o tempo aproximado de 1h30min e temas diversos. Os usuários participantes do
projeto foram contatados a partir dos encaminhamentos ao serviço de Terapia
Ocupacional da respectiva unidade, pertenciam à faixa etária entre 20 e 80 anos, sendo
homens ou mulheres com sequelas decorrentes ao AVE e dependência para a realização
das AVDs. Ainda, os cuidadores deveriam participar de todas as sessões.
De acordo com o cronograma estabelecido, uma das propostas foi o tema
Alimentação e após discussão com o grupo, várias sugestões sugiram, sendo escolhida
a “Salada de Frutas”.
A atividade foi dividida em etapas. Primeiramente os participantes do grupo
foram convidados a comunicar quais as suas frutas preferidas, o motivo e qual gostariam
de trazer na próxima sessão para compor a salada. Posteriormente, os participantes
prepararam as frutas incluindo as tarefas de descascar, retirar as sementes, cortar em
pedaços e colocá-las num recipiente. Durante o processo, as terapeutas faziam as
orientações e a demonstração dos recursos de tecnologia assistiva de baixo custo
disponíveis, para facilitar a atividade de culinária e alimentação, como: faca em báscula
T; tábua de corte adaptada; tábua e faca adaptadas para fatiar; pratos com bordas e
ventosas, talheres com cabo engrossado, entre outros. Após a elaboração da Salada de
Frutas, todos os participantes degustaram o alimento. A finalização ocorreu com um
momento para autoexpressão sobre as dificuldades e facilidades percebidas durante a
atividade, além da devolutiva sobre o desempenho do grupo na sessão.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
A atividade grupal de elaboração e degustação da Salada de Frutas teve como
objetivos estimular a interação/socialização dos participantes; demonstrar as
adaptações para atividades culinárias; realizar estimulação sensório-motora, cognitiva e
perceptiva; favorecer o uso do hemicorpo afetado e o posicionamento adequado; além
da organização, sequenciamento de tarefas, iniciativa e estimular a autoestima das
pessoas com disfunção física. Ainda, o momento de escolha das frutas pelos usuários
deflagrou o processo de autonomia dessas pessoas.
Inicialmente, por meio da apresentação de objetos e adaptações possíveis para
se realizar uma atividade culinária e de alimentação, demonstrou-se aos usuários a
utilidade de cada utensílio. Ainda, abriu-se um espaço para esclarecimento de dúvidas
e orientações, também com a participação dos cuidadores.
Os recursos de tecnologia assistiva de baixo custo utilizados para o preparo da
salada de frutas e alimentação foram selecionados a partir das necessidades do grupo e
permitem a realização da atividade, para quem apresenta déficit funcional em membro
superior devido ao AVE (BRASIL, 2013).
Durante a preparação da salada de frutas, alguns usuários contaram com o
auxílio dos seus cuidadores, que foram orientados pelas terapeutas, sobre como utilizar
os recursos disponíveis e a importância de incentivarem a ação das pessoas com
hemiparesia decorrente ao AVE. De acordo com Bocchi e Angelo (2005) quando o
cuidador percebe as possibilidades e ganhos do paciente, e incentiva a sua recuperação,
isso motiva a pessoa a reassumir gradativamente suas atividades de vida diária,
necessitando cada vez menos de auxílio. O que pode gerar um impacto positivo no
cotiando de ambos. Pois, a sobrecarga dos cuidadores é um fator que compromete a
sua qualidade de vida e o ato de cuidar (Cesário; Penasso e Oliveira, 2006; Bocchi, 2004).
Após a elaboração da Salada de Frutas, todos os participantes degustaram o
alimento. Posteriormente, durante o momento de autoexpressão sobre as dificuldades
e facilidades percebidas durante a atividade, novas propostas para adaptações
emergiram do próprio grupo.
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Os participantes demostraram envolvimento e participação ativa durante todo o
processo das tarefas e utilizaram todas as adaptações apresentadas, principalmente a
tábua de corte adaptada. Alguns participantes sugeriram que a tábua adaptada tivesse
mais “pregos” para aumentar a estabilidade de frutas maiores, como o abacaxi, e assim
poder cortá-las com mais facilidade.
Houve um participante que realizou a atividade de culinária pela primeira vez.
Apesar da sua dependência nas AVDs e do pouco repertório de atividades significativas
no seu cotidiano, nesse momento demonstrou-se ativo e interessado. Para outros
participantes, a atividade de culinária estava sendo resgatada, permitindo o
compartilhamento de experiências e receitas, possibilitando trocas afetivas entre os
membros do grupo, que saíram motivados e interessados na elaboração de novas
receitas, como um “bolo de casca de bananas”.
Na finalização do projeto, os usuários receberam um “kit” com algumas
adaptações utilizadas para a realização da atividade de culinária e alimentação, a fim de
estimular o uso em seus domicílios, visando maior independência, a partir do que foi
apresentado e vivenciado por eles nos grupos de terapia ocupacional.
A atuação da terapia ocupacional buscou com êxito capacitar os envolvidos na
busca de maior independência e autonomia para a realização das atividades cotidianas,
como o preparo de receitas simples e alimentação. Assim, a intervenção grupal para
favorecer o desempenho das AVDs ocorrendo simultaneamente, com os usuários e seus
cuidadores, mostra-se adequada e permite que ambos se beneficiem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que oportunidades de experimentações e espaços para
esclarecimentos dos usuários com sequelas pós-AVE e seus cuidadores são necessários,
pois este suporte profissional em relação às Atividades de Vida Diária favorece a busca
por independência e autonomia, permitindo que se arrisquem na prática, além de
expandir as vivências para o domicílio.
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Palavras-Chave: Atividade de Vida Diária; Adaptações; Terapia Ocupacional, Acidente Vascular Encefálico.
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QUAIS TERMOS OS PESQUISADORES TERAPEUTAS OCUPACIONAIS BRASILEIROS ESTÃO UTILIZANDO?
SILVA, CARLA REGINA1; CARDINALLI, ISADORA2; POELLNITZ, JÉSSICA3. Programa de Pós-Graduação em Terapia Ocupacional e Laboratório de Atividades Humanas e
Terapia Ocupacional, Universidade Federal de São Carlos.
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
Ao longo do tempo constata-se que os termos de ocupação e atividade foram
utilizados de forma intercambiável na produção da terapia ocupacional nacional e
internacional. Porém, o termo ocupação ficou desgastado no Brasil considerando o fato
de, na língua e cultura brasileiras, referir-se às funções de trabalho e ao ato de ocupar
algo ou alguém que está ‘vazio’, de forma alienada (FERIOTTI, 2013; SALLES;
MATSUKURA, 2016).
As produções nacionais da década de 1980 questionaram as concepções
existentes sobre atividade e ocupação. Incorporando conceitos e definições sobre
atividade humana, práxis e cotidiano, embasados por campos das Ciências Humanas e
Sociais, se distanciando do sentido positivista da ciência, questionando o paradigma
médico-psicológico (CASTRO; LIMA; BRUNELLO, 2001; FRANCISCO, 2001).
A atividade tornou-se o conceito central para profissão no Brasil, isolado ou
seguido de classificadores, como: humana, lúdica, artística, criativa, social, de vida
diária, entre outros. Quando o termo ocupação aparece na produção brasileira,
provavelmente, está ligado a referenciais da produção estrangeira (GALHEIGO, 2012).
Na literatura são encontrados os termos: atividade, ação, fazer, práxis, ocupação,
cotidiano, rotina ocupacional, desempenho ocupacional, performance funcional,
afazeres diários, dentre outros (FERIOTTI, 2013).
Apesar da polivocidade presente nas publicações da área, o termo atividade teria
se universalizado a partir de um certo ponto do desenvolvimento da profissão,
abrangendo em seu domínio o cotidiano, o trabalho, o lazer, o lúdico, a arte e a cultura
1 Doutora em Educação, professora adjunta do Departamento de Terapia Ocupacional da UFSCar e orientadora do Programa de Pós-Graduação em Terapia Ocupacional e carlars@ufscar.br. 2 Mestranda, Programa de Pós-Graduação em Terapia Ocupacional, isadora.cadinalli@gmail.com 3 Mestranda, Programa de Pós-Graduação em Terapia Ocupacional, poellnitz.jessica@gmail.com
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(LIMA; PASTORE; OKUMA, 2011). Mesmo assim, não significa que o uso das atividades
seja inerente nos vários modelos de terapia ocupacional e, também, os modelos de
análise de atividades podem ser concebidos de forma dinâmica e reflexiva, portanto, o
que orientará será a perspectiva teórico-metodológica do profissional (MEDEIROS,
2010).
A finalidade da atuação ampliou-se para considerar as complexidades do
cotidiano e da vida dos indivíduos, grupos e populações alvo da terapia ocupacional.
Pode-se dizer que hoje há uma multiplicidade de objetos de estudo para a terapia
ocupacional, com inesgotáveis conexões com outros campos do saber (QUARENTEI,
2001).
Considera-se a pluralidade de termos e concepções que aparecem na história da
profissão no Brasil e que, de alguma maneira, permanecem nos diálogos dos terapeutas
ocupacionais. O objetivo desse trabalho foi identificar os termos utilizados nas
publicações dos principais eventos científicos nacionais de terapia ocupacional.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Foi realizado um levantamento de grupos de pesquisa de terapia ocupacional,
em setembro de 2016, cadastrados no Diretório de Grupos de Pesquisa do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que utilizou o termo
‘terapia ocupacional’ como chave de busca para nome do grupo, linha de pesquisa,
repercussões e/ou palavras-chave. Considerando os grupos atualizados e certificados
pela instituição que tinham pelo menos um terapeuta ocupacional como líder.
Posteriormente, foram consultados os currículos cadastrados na Plataforma
Lattes dos terapeutas ocupacionais pesquisadores desses grupos, que tivessem titulação
mínima de mestre, para mapear termos do diálogo desses profissionais nos encontros
da área.
Com os dados tabulados foi possível descobrir: 1) os eventos científicos
brasileiros nos quais terapeutas ocupacionais têm investido no diálogo sobre termos e
terminologia; 2) os termos que aparecem nos títulos das publicações dos anais desses
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eventos. Os termos de referência para a busca foram: atividade, cotidiano, fazer,
ocupação, trabalho, atividade humana, recurso, práxis, tecnologia, AVD (atividade de
vida diária).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A busca encontrou 69 grupos, desses, 25 não apresentavam nenhum terapeuta
ocupacional como líder e 11 estavam desatualizados. Assim, foram considerados 33
grupos pelos critérios de seleção. Os grupos somaram 178 pesquisadores terapeutas
ocupacionais (mestres e doutores) que somaram 2561 trabalhos publicados em eventos
nacionais da área. Porém, dez pesquisadores não citaram trabalhos nos eventos
pesquisados.
Encontrou-se publicações realizadas nos anais dos eventos: Congresso Brasileiro
de Terapia Ocupacional (CBTO), Congresso Norte-Nordeste de Terapia Ocupacional,
Encontro Nacional de Docentes de Terapia Ocupacional (ENDTO), Seminário Nacional de
Pesquisa em Terapia Ocupacional (SNPTO), Congresso de Terapia Ocupacional em
Contextos Hospitalares e Cuidados Paliativos, Congresso Paranaense de Terapia
Ocupacional, Encontro Científico de Terapia Ocupacional do Estado de São Paulo,
Encontro Nacional de Terapeutas Ocupacionais, Simpósio Paulista de Terapia
Ocupacional, Simpósio de Terapia Ocupacional do Centro de Estudos em Terapia
Ocupacional, Encontro Norte e Nordeste de Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais,
Jornada de Terapia Ocupacional em Cuidados Paliativos, Colóquio Brasileiro de Terapia
Ocupacional, Saúde e Trabalho, Jornada Paranaense de Terapia Ocupacional em Saúde
Mental e Jornada Paranaense de Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares.
A partir da tabulação dos títulos de todos os trabalhos publicados nesses eventos,
pode-se identificar alguns termos presentes nos diálogos desses profissionais, que
foram: atividade, trabalho, cotidiano, recurso, tecnologia, ocupação, fazer, atividade
humana, AVD e práxis. A quantidade de vezes que cada um apareceu nos títulos dos
trabalhos está apresentada na tabela a seguir.
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TERMO CBTO ENDTO/SNPTO OUTROS EVENTOS
Nº DE CITAÇÃO
Atividade 117 26 25 168
Trabalho 95 27 23 145
Cotidiano 45 10 8 63
Recurso 37 14 11 62
Tecnologia 25 15 7 47
Ocupação 19 1 13 33
Fazer 15 3 3 21
Atividade Humana 1 5 1 7
AVD 6 0 1 7
Práxis 1 0 0 1
TOTAL 361 101 92 554
Tabela 1: Quantidades dos termos citados nos títulos dos trabalhos publicados nos eventos
Dos 2561 trabalhos publicados pelos pesquisadores, 554 vezes (21,6%) algum
dos termos foi citado em títulos de trabalhos, dessas: 65,2% está nos 1700 trabalhos do
CBTO; 18,2% nos 440 do ENDTO e/ou SNPTO; e 16,6% nos 421 de outros eventos1.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar do mapeamento considerar apenas os títulos dos trabalhos publicados
nos eventos científicos nacionais da área, é possível ter uma dimensão de quais termos
estão presentes nos diálogos desses terapeutas ocupacionais pesquisados e em qual
quantidade têm sido mencionados.
É importante salientar que, independente do termo, torna-se fundamental a
compreensão de sua concepção, que deve estar conectada, de forma coerente, com a
perspectiva teórico-metodológica utilizada nos estudos e atuações para, assim, evitar
contradições na construção de conhecimentos da área. Pois é preciso compreender que
os conceitos podem apresentar “diferentes concepções, gestadas e constituídas de
1 Apesar de I SNPTO ocorrer em separado ao ENDTO foram considerados juntos pois nos anos seguintes eles aparecem juntos e, na maioria das publicações, não há identificação em qual dos eventos ela pertence.
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acordo com os diferentes momentos históricos que refletem a construção
epistemológica da profissão” (SILVA, 2013, p. 462).
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Palavras-chave: terapia ocupacional brasileira; termos; atividades; eventos científicos; publicações.
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ARTE ENGAJADA DA E COM A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA SILVA, CARLA REGINA1; SILVESTRINI, MARINA SANCHES2; AMBROSIO, LETICIA3; MOTA,
RÚBIA DIANA DA4; CALTABIANO, JÚLIA5; DESUÓ, FERNANDA GOMES6. Universidade Federal de São Carlos
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
As ações interdisciplinares no campo das artes e da cultura em sua composição
com a Terapia Ocupacional têm produzido uma série de possibilidades para campos de
conhecimentos que agregam a interconexão entre saúde, educação e assistência social,
com perspectivas inovadoras de práticas e de construção de conhecimento. O processo
de ensino-aprendizagem, fundado nesta composição, pode contribuir com um projeto
de formação que signifique integração de diferentes conhecimentos, experimentações,
técnicas, profissionais, capazes de delinear contextos científicos e acadêmicos
interdisciplinares (SILVA et al, 2013). Neste sentido, a formação de terapeutas
ocupacionais deve abarcar conhecimentos e fundamentos destas diferentes possíveis
áreas, a partir de vivências e de experimentações que ampliem a constituição teórico-
prática do profissional. O campo da arte a da cultura expressa e cria imensa valia para a
projeção de mundos, que multiplicam os sentidos das práticas e transformam o modo
de sentir-produzir-compartilhar relações com estes saberes, fazeres, viveres com
diferentes populações alvo da Terapia Ocupacional (SILVA, 2012).
A população em situação de rua apresenta perfis distintos, compondo uma
heterogeneidade grandiosa. Não é possível traçar um só perfil, nem defini-los de acordo
com modelos pré-estabelecidos, é a diversidade que marca essa população, porém ela
concorre com as estigmas e pré-conceitos já delineados no imaginário social. Sociedade
formal que os vê como excluídos, sem potencial. “As instituições e a população, de um
1 Terapeuta Ocupacional, doutora em Educação (UFSCar), Professora do Departamento de Terapia Ocupacional e do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de São Carlos. carlars@ufscar.br 2 Terapeuta Ocupacional, Universidade Federal de São Carlos, marinassilvestrini@gmail.com 3 Graduanda em Terapia Ocupacional, Universidade Federal de São Carlos. leticiaambrosio.le@gmail.com 4 Graduanda em Terapia Ocupacional, Universidade Federal de São Carlos. rubiadmota@gmail.com 5 Graduanda em Terapia Ocupacional, Universidade Federal de São Carlos. juju.caltabiano@gmail.com 6 Graduanda em Terapia Ocupacional, Universidade Federal de São Carlos. fernandadesuo@hotmail.com
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modo geral, enxergam esse segmento da população com grandes defasagens, inclusive
de história, vontades, valores e costumes” (SOUZA, SILVA e CARICARI, 2007, p. 213).
A Política Nacional para População de Rua (BRASIL, 2011) reconhece a
necessidade da interdisciplinaridade e intersetorialidade na atuação para esta
população. Apresenta, em especial, as Diretrizes relacionadas à Cultura que defendem:
1) a promoção de amplo acesso aos meio de informação, criação, difusão e fruição
cultural; 2) o desenvolvimento da potencialidade da linguagem artística como
fundamental no processo de reintegração social; 3) Promoção de ações e debates de
ressignificação da rua; 4) Apoio a ações que tenham a cultura como forma de inserção
social e construção da cidadania; 5) Apoio a ações que promovam a geração de
ocupação e renda através de atividades culturais; 6) Promoção de ações de
conscientização que alterem a forma de conceber as pessoas em situação de rua e 7)
Incentivo a projetos culturais que tratem de temas presentes na realidade de quem vive
nas ruas.
O objetivo deste trabalho é discorrer sobre a experiência da exposição ética-
estética que sempre esteve atrelado à possibilidade de promover outra perspectiva
sobre a população de rua.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O projeto é fruto da junção das atividades desenvolvidas com a população de rua
na cidade de São Carlos - SP, por meio dos projetos extensionistas - Talento CREAS POP,
Curadoria da exposição "Mais um corre" da produção ético-estético-artística dos artistas
da rua e Redes fragilizadas de atenção à população de rua do Departamento da Terapia
Ocupacional, Universidade Federal de São Carlos, com apoio financeiro da Pró-Reitora
de Extensão.
O processo, construído com os participantes dos projetos de extensão, abordou
temas diversos, que delineiam a situação peculiar de cada sujeito e buscou explorar
através da arte e da cultura, o indivíduo na sua identidade, singularidade, história e
trajetória de vida e procurou apresentar não somente o trabalho estético de obras
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produzidas por pessoas em situação de rua, como também, um olhar crítico sobre a
imagem social desta população e a complexidade que envolve o viver nas ruas.
A Exposição percorreu diferentes lugares da cidade de São Carlos e de outros
municípios, através de inscrições em editais e convites para eventos e outras atividades,
possibilitando tornar o trabalho público, acessível, valorizar potenciais e instigar a
sociedade e de fomentar o pensar sobre arte e cultura. Além disso, busca a criação de
um espaço de reconhecimento das produções tão singulares da “arte de rua”,
agregando às obras nomes, histórias, conhecimentos, afetos e percepções que
caracterizam e enriquecem as vivências com essa população. Possibilitar conhecer,
ampliar e desenvolver habilidades e possibilidades, incorporar capital cultural, desvelar
maior reconhecimento das expressões artísticas e culturais produzidas na rua (SILVA et
al, 2015).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Desde 2014 a exposição já esteve nos seguintes locais: Espaço Gaveta – “Centro
Experimental de Artes”, Auditório Leão de Faria (PCA)- UNFAL em Alfenas, Centro
Cultural “Leny de Oliveira Zurita” em Araras e no Museu da TAM - São Carlos, SENAC,
Museu Municipal “Olympia Maffei Olivastro” em Matão-SP, Centro de Convivência de
Itápolis-SP e Museu da Ciência Prof. Mário Tolentino – São Carlos, no Congresso
Brasileiro de Terapia Ocupacional do Rio de Janeiro, no Seminário Nacional da População
em Situação de Rua em Belo Horizonte e no FestRua em São Paulo e no Centro Pop de
Descalvado.
Durante as exposições também ocorrem oficinas, que propiciam maior
interatividade com o público contam com a participação de alguns artistas de rua, que
além de fazerem parte do processo de construção da exposição, se apresentam durante
algumas oficinas oferecidas nos espaços de visitação, contando trajetórias de vida,
apresentando sua arte (poesia, malabares e esquetes teatrais).
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CONCLUSÃO OU CONSIDERAÇÕES FINAIS
Compreendemos que a arte permite à construção de um senso de si, à expressão
das trajetórias vividas, a concretização de sonhos, a criação de vínculos, possibilitando
mudanças e transformações através da crítica e da reflexão (PERRUZZA e KINSELLA,
2010). É com seu caráter transformador que a arte que se faz um instrumento tão
potente e sensível, capaz de criar e fazer-se reinventar o ser humano na sua amplitude
do viver, nas mais variadas formas da diversidade da existência.
Pretende-se que a curadoria possa contribuir para estudos e para novas
correlações entre a arte, a intervenção terapêutica ocupacional, questões sociais e a
produção de conhecimento. A exposição almeja tronar acessível, público e estético um
trabalho singular, além de valorizar potenciais esquecidas e invisíveis, de instigar a
sociedade no pensar crítico-social, de fomentar o debate sobre arte e cultura, enfim, de
criar espaços democráticos de contato, exploração e imaginação (SILVA et al, 2015). As
trajetórias circundam sonhos e temores, são marcadas por memórias que buscam traçar
nossas singularidades, nossas identidades. Seguimos nossas trajetórias alicerçadas pelas
redes de conexões, relações, costurando nossos nós desfazendo nossos pontos, mas
sempre motivados pela luta pela vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Palavras-chave: terapia ocupacional social; exposição; curadoria; arte e cultura; população em situação de rua.
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