maurÍcio cabral dutra
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MAURÍCIO CABRAL DUTRA
Uso de antimicrobianos em suinocultura no Brasil: analise crítica e
impacto sobre marcadores epidemiológicos de resistência
São Paulo
2017
MAURÍCIO CABRAL DUTRA
Uso de antimicrobianos em suinocultura no Brasil: analise crítica e
impacto sobre marcadores epidemiológicos de resistência
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Epidemiologia
Experimental Aplicada às Zoonoses da
Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia da Universidade de São Paulo
para obtenção do Título de Doutor em
Ciências.
Departamento:
Medicina Veterinária Preventiva e Saúde
Animal
Área de concentração:
Epidemiologia Experimental Aplicada às
Zoonoses
Orientador:
Profa. Dra. Andrea Micke Moreno
São Paulo
2017
Autorizo a reprodução parcial ou total desta obra, para fins acadêmicos, desde que citada a fonte.
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
(Biblioteca Virginie Buff D’Ápice da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo)
T. 3522
FMVZ
Dutra, Maurício Cabral Uso de antimicrobianos em suinocultura no Brasil: análise crítica e impacto sobre
marcadores epidemiológicos de resistência. / Maurício Cabral Dutra. -- 2017.
92 p. : il.
Tese (Doutorado) - Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia. Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal, São Paulo,
2017.
Programa de Pós-Graduação: Epidemiologia Experimental Aplicada às
Zoonoses.
Área de concentração: Epidemiologia Experimental Aplicada às Zoonoses.
Orientador: Profa. Dra. Andrea Micke Moreno.
1. Resistência antimicrobiana. 2. Suíno. 3. MRSA. 4. ST398. I. Título.
FOLHA DE AVALIAÇÃO
AUTOR: DUTRA, Mauricio Cabral
TÍTULO: Uso de Antimicrobianos em Suinocultura no Brasil: Analise crítica e Impacto
Sobre Marcadores Epidemiológicos de Resistência
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Epidemiologia
Experimental Aplicada às Zoonoses da
Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia da Universidade de São Paulo
para obtenção do Título de Doutor em
Ciências
Data: _____/_____/_____
Banca Examinadora
Prof. Dr.__________________________________________________________
Instituição:____________________________Julgamento:__________________
Prof. Dr.__________________________________________________________
Instituição:____________________________Julgamento:__________________
Prof. Dr.__________________________________________________________
Instituição:____________________________Julgamento:__________________
Prof. Dr.__________________________________________________________
Instituição:____________________________Julgamento:__________________
Prof. Dr.__________________________________________________________
Instituição:____________________________Julgamento:__________________
AGRADECIMENTOS
À Deus, pelo dom da vida, pela minha família, amigos, saúde física e mental e a
graça de viver cada dia, confiando somente no Senhor.
Aos meus pais, Emanuel e Lídia Dutra pelo seu amor incondicional e seu apoio em
toda minha jornada.
À minha esposa e eterna companheira, Cláudia Cambria Dutra pelo seu amor, apoio
nos momentos difíceis, pela sua ajuda e paciência comigo durante a elaboração
desta tese.
À Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo
pela oportunidade de aperfeiçoar meus conhecimentos.
À orientadora Profa. Dra. Andrea Micke Moreno pela oportunidade de trabalharmos
juntos, pela confiança, pelo apoio e pela orientação sábia, precisa e determinada.
A todos os colegas e funcionários do Laboratório de Sanidade Suína pelo apoio na
realização do experimento e, sobretudo, pela amizade frutificada neste período.
A todos os colegas do Departamento de Suínos da BRNova/Trouw Nutrition,
incluindo diretoria pela confiança, pelos anos de trabalho juntos e por permitirem a
realização deste trabalho.
Aos suinocultores, gerentes e funcionários das granjas, pela confiança ao
disponibilizar seus animais para a realização do experimento, bem como pelo auxílio
em sua execução.
RESUMO
DUTRA, MC. Uso de Antimicrobianos em Suinocultura no Brasil: Análise
crítica e Impacto Sobre Marcadores Epidemiológicos de Resistência. [Use
of Antimicrobials in Swine in Brazil: Critical Analysis and Impact on
Epidemiological Markers of Resistance]. 2017. 92 f. Tese (Doutorado em
Ciências) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de
São Paulo, São Paulo, 2017.
O uso indiscriminado de antimicrobianos na suinocultura nacional e
mundial tem sido uma prática comum, visando minimizar possíveis falhas
no manejo e no ambiente em que vivem os animais, no entanto, este uso
é descrito como potencial fator de risco na seleção de estirpes
resistentes à antimicrobianos, entre elas as estirpes de Staphylococcus
aureus resistentes à meticilina (MRSA). O presente estudo revelou o uso
médio de 358,0 mg diferentes antimicrobianos/ kg de suíno produzido
nos 25 sistemas de produção pesquisados, sendo este valor considerado
elevado, quando comparado a tendência global de 172,0 mg, bem como
período médio de exposição de 66,3% da vida dos animais e exposição à
7 diferentes princípios ativos em média, variando de 2 a 11. A pesquisa
de animais carreadores de estirpes MRSA revelou 80,0% dos sistemas
de produção positivos, sendo 68,0% positivos para LA-MRSA-ST398, e
60,0% positivos para a presença do gene czrC, codificador de resistência
ao óxido de zinco e cádmio. Não foi evidenciada correlação significativa
entre o uso de antimicrobianos, nível de biossegurança, produtividade,
status dos rebanhos para Mycoplasma hyopneumoniae, tipo de criação
em sítio único (ciclo completo) ou dois sítios e positividade para MRSA.
Apesar da ausência das correlações significativas ficou evidente no
presente estudo a possibilidade de grandes melhorias nos programas de
biossegurança, manejo, assim como nos programas de utilização de
antimicrobianos. A alta frequência de sistemas de produção positivos
para as estirpes MRSA são um importante alerta para o risco de
disseminação deste agente para os seres humanos.
Palavras-chave: Resistência antimicrobiana, suíno, MRSA, ST398
ABSTRACT
DUTRA, MC. Use of Antimicrobials in Swine in Brazil: Critical Analysis and
Impact on Epidemiological Markers of Resistance. [Uso de Antimicrobianos
em Suinocultura no Brasil: Análise crítica e Impacto Sobre Marcadores
Epidemiológicos de Resistência]. 2017. 92 f. Tese (Doutorado em Ciências) –
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2017.
The indiscriminate use of antimicrobials in Brazilian and global pig farms
has been a common practice in order to minimize possible failures in the
management and environment in which animals live, however, this use is
described as a potential risk factor in the selection of strains resistant to
antimicrobials, including strains of methicillin resistant Staphylococcus
aureus (MRSA). The present study revealed the average use of 358.0 mg
of different antimicrobials / kg of pig produced in the 25 production
systems surveyed, which is considered high when compared to the
overall trend of 172.0 mg, as well as the mean exposure period of 66.3%
of the animals life and exposure to 7 different active principles on average
ranging from 2 to 11. Research on MRSA strains showed 80.0% of the
positive production systems, and 68.0% were positive for MRSA strains.
LA-MRSA-ST398, and 60.0% positive for the presence of the czrC gene,
encoding resistance to zinc oxide and cadmium. There was no significant
correlation between antimicrobial use, biosafety level, productivity, herd
status for Mycoplasma hyopneumoniae, single site (complete cycle) or
two sites and MRSA positivity. Despite the absence of significant
correlations, it was evident in the present study the possibility of great
improvements in biosafety programs, management, as well as in
programs for the use of antimicrobials. The high frequency of positive
production systems for MRSA strains is an important warning for the risk
of dissemination of this agent to humans.
Keywords: Antimicrobial resistance, swine, MRSA, ST398
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Representação esquemática das formas de disseminação da
resistência aos antimicrobianos....................................................16
Figura 2 - Comparação do consumo de antimicrobianos na população
animal (mg ATB / kg) em diferentes países no ano de
2013..............................................................................................46
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Antimicrobianos com uso permitido como facilitadores de
crescimento no Brasil...................................................................19
Quadro 2 - Características e distribuição dos sistemas de produção de suínos
avaliados no estudo......................................................................24
Quadro 3 - Distribuição dos princípios ativos utilizados em cada granja de
acordo com a classe antimicrobiana e frequência de granjas
usando cada ativo......................................................................29
Quadro 4 - Distribuição dos princípios ativos utilizados nas diferentes fases
do sistema de produção.............................................................31
Quadro 5 - Descrição dos primers e produtos amplificados utilizados para
caracterização das estirpes de S. aureus.....................................59
Quadro 6 - Informações comparativas entre granjas positivas e negativas
para MRSA...................................................................................64
Quadro 7 - Formulário utilizado na coleta de dados sobre programas de
medicação e vacinação................................................................86
Quadro 8 - Formulário utilizado na coleta de dados sobre programas de
biosseguridade e características de manejo do
rebanho.........................................................................................87
Quadro 9 - Frequência de animais carreadores de estirpes positivas ou
negativas para mecA, pertencentes ao ST398 e positivas para o
gene czrC nos diferentes sistemas de produção..........................92
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Uso de antimicrobiano nas 25 granjas avaliadas (mg ATB/ kg
suíno produzido)...........................................................................26
Gráfico 2 - Nível de biossegurança determinado através dos questionários
aplicados as 25 granjas avaliadas................................................27
Gráfico 3 - Produtividade média dos 25 rebanhos avaliada em kg suíno
produzido por matriz por ano........................................................27
Gráfico 4 - Período de vida dos animais do nascimento ao abate em que
estão expostos à antimicrobiano (%)............................................28
Gráfico 5 - Frequência de utilização das diferentes classes de
antimicrobianos (%)......................................................................30
Gráfico 6 - Doses dos antimicrobianos utilizados preventivamente em leitões
de maternidade (mg / kg de peso)................................................32
Gráfico 7 - Frequência de utilização das diferentes classes de
antimicrobianos na Creche-Terminação (%)................................33
Gráfico 8 - Doses máximas e mínimas dos antimicrobianos utilizados nas
fases de Creche a Terminação (mg/ kg de peso).........................34
Gráfico 9 - Período em dias de uso dos antimicrobianos nas fases de Creche
a Terminação (mg/ kg de peso vivo)............................................35
Gráfico 10 - Aspectos de biossegurança inadequados ou com necessidade de
ajustes (%) – Parte 1....................................................................37
Gráfico 11 - Aspectos de biossegurança inadequados ou com necessidade de
ajustes (%) – Parte 1....................................................................38
Gráfico 12 - Análise estatística de correlação entre uso de antimicrobianos e
biossegurança..............................................................................39
Gráfico 13 - Análise estatística de correlação entre uso de antimicrobianos e
produtividade................................................................................40
Gráfico 14 - Análise estatística de correlação entre biossegurança e
produtividade................................................................................40
Gráfico 15 - Comparação das médias de uso preventivo de antimicrobianos
(mg ATB/ kg suíno produzido) – Ciclo Completo vs.
UPL+Terminação.........................................................................41
Gráfico 16 - Comparação das médias de uso preventivo de antimicrobianos
(mg ATB/ kg suíno produzido) – Status Positivo vs. Negativo
Mycoplasma hyopneumoniae.......................................................42
Gráfico 17 - Comparação das médias de biossegurança (score) – Ciclo
Completo vs. UPL+Terminação....................................................42
Gráfico 18 - Comparação das médias de biossegurança (score) – Status
Positivo vs. Negativo Mycoplasma hyopneumoniae.....................43
Gráfico 19 - Comparação das médias de produtividade (kg suíno produzido/
matriz/ ano) – Ciclo Completo vs. UPL+Terminação....................44
Gráfico 20 - Comparação das médias de produtividade (kg suíno produzido/
matriz/ ano) – Status Positivo vs. Negativo Mycoplasma
hyopneumoniae............................................................................44
Gráfico 21 - Frequência de ocorrência (%) de Staphylococcus aureus
resistente à meticilina (MRSA) encontrada em cada um dos
sistemas de produção...................................................................60
Gráfico 22 - Frequência (%) de animais carreando estirpes MRSA positivas
para o gene czrC e do ST398 em cada um dos sistemas de
produção diferentes genes pesquisados......................................61
Gráfico 23 - Frequência de animais carreando estirpes de Staphylococcus
aureus sensíveis à meticilina MSSA positivas para o gene czrC e
do ST398 em cada um dos sistemas de produção diferentes
genes pesquisados.......................................................................62
Gráfico 24 - Análise estatística de correlação entre positividade para MRSA e
uso de antimicrobianos.................................................................63
Gráfico 25 - Análise estatística de correlação entre positividade para MRSA e
biossegurança..............................................................................63
Gráfico 26 - Análise estatística de correlação entre positividade para MRSA e
produtividade................................................................................64
Gráfico 27 - Comparação das médias de uso de antimicrobianos (mg ATB / kg
suíno produzido – Status Positivo vs. Negativo MRSA................65
Sumário
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 14
CAPITULO I ..................................................................................................... 15
ANALISE CRÍTICA DO USO DE ANTIMICROBIANOS EM GRANJAS DE
SUÍNOS COMERCIAIS NO BRASIL ................................................................ 15
1. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................. 16 2 OBJETIVOS .......................................................................................... 22 3 MATERIAL E MÉTODO ......................................................................... 23
SELEÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO .......................................... 23 OBTENÇÃO DOS DADOS ........................................................................ 25 DADOS COLETADOS .............................................................................. 25 ANÁLISE DOS DADOS............................................................................. 25
4 RESULTADOS ...................................................................................... 26
CAPITULO II .................................................................................................... 52
AVALIAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE STAPHYLOCOCCUS AUREUS
RESISTENTES A METICILINA. ....................................................................... 52
1 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................. 53 2 OBJETIVOS .......................................................................................... 56 3 MATERIAL E MÉTODO ......................................................................... 56
COLETA DE AMOSTRAS ......................................................................... 56 ISOLAMENTO BACTERIANO .................................................................. 57 IDENTIFICAÇÃO DO AGENTE ................................................................ 57 EXTRAÇÃO DE DNA ................................................................................ 58 REAÇÃO EM CADEIA PELA POLIMERASE ............................................ 58
4 RESULTADOS ...................................................................................... 60 5 DISCUSSÃO ......................................................................................... 66 6 CONCLUSÕES ..................................................................................... 73
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 74
ANEXOS .......................................................................................................... 85
14
INTRODUÇÃO
A demanda por proteína de origem animal é crescente em todo o mundo. Com o
objetivo de atender a esta demanda a suinocultura mundial vem buscando níveis cada vez
maiores de produtividade. Os sistemas de produção de suínos atuais abrigam um grande
número de animais em suas instalações e apesar de todas as medidas de prevenção e
controle que devem ser tomadas, a propagação de alguns agentes infecciosos torna-se
uma fonte importante de preocupação para o médico veterinário. Por estas razões, o uso
de antimicrobianos na suinocultura se tornou uma ferramenta importante, sendo
empregada não apenas no tratamento, mas também na profilaxia de doenças bacterianas
em rebanhos de suínos no Brasil e no Mundo.
No Brasil, no ano de 2014 o mercado de antimicrobianos para suínos movimentou
mais de 146 milhões de reais, representando cerca de 31% do mercado de produtos
veterinários para a espécie. Destes antimicrobianos, a maior fatia do faturamento ficou com
os antimicrobianos administrados via ração, que movimentaram mais de 92 milhões de
reais.
O uso de antimicrobianos em animais de produção tem sido amplamente discutido
em todo o mundo e acredita-se que este uso crescente pode, pelo aumento da pressão de
seleção, levar ao crescimento indiscriminado da população bacteriana resistente a
antimicrobianos.
Tendo em vista a importância mundial do controle no uso de antimicrobianos em
animais de produção e a escassez de dados nacionais sobre o uso destes ativos em
suinocultura, os objetivos do presente estudo foram caracterizar o regime de utilização de
antimicrobianos em sistemas de produção de suínos comerciais no Brasil, correlacionar
estes dados com características de biosseguridade e produtividade dos sistemas
estudados e avaliar a presença de Staphylococcus aureus resistentes a meticilina (MRSA)
nos rebanhos estudados.
15
CAPITULO I
Analise Crítica do Uso de Antimicrobianos em Granjas
de Suínos Comerciais no Brasil
16
1. REVISÃO DE LITERATURA
A resistência bacteriana em patógenos de importância em medicina humana é
descrita como um desafio de saúde global pela Organização Mundial de Saúde (WHO). É
consenso geral que o uso de antimicrobianos em medicina humana é o maior responsável
pelo crescimento nos níveis de resistência e disseminação de genes codificadores de
mecanismos de resistência na população, mas o uso de antimicrobianos em animais de
produção também pode ter uma importante participação na disseminação destes agentes
(BARTON, 2014), bem como outras formas de disseminação, conforme figura abaixo:
Figura 1 - Representação esquemática das formas de disseminação da resistência aos
antimicrobianos
Fonte: https://www.linkedin.com/feed/update/urn:li:activity:6130434285649297408/
A demanda por proteína de origem animal para consumo humano está crescendo
globalmente em uma velocidade sem precedentes. As práticas modernas de produção
animal estão associadas ao uso regular de antimicrobianos, e este uso pode estar levando
ao aumento na pressão de seleção de estirpes bacterianas resistentes. Apesar do
17
potencial aumento nos níveis de resistência a antimicrobianos, não há estudos
mensurando o consumo de antimicrobianos em animais de produção (VAN BOECKEL et
al, 2015).
Na Ásia, o consumo diário de proteína de origem animal passou de 7 gramas/dia
para 25 gramas/dia entre 1960 e 2013, enquanto a participação do arroz e trigo na dieta
tem decrescido progressivamente. Para atender esta demanda, países como Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS) investiram fortemente nos sistemas intensivos
de produção animal. Nestes sistemas a necessidade de uso de antimicrobianos para a
manutenção da saúde dos animais é crescente, assim como os relatos de isolamento de
estirpes bacterianas resistentes a diversos antimicrobianos (VAN BOECKEL et al, 2015).
O uso de antimicrobianos em suinocultura ocorre de três formas principais: como
promotor de crescimento, com fim profilático/ metafilático ou em doses terapêuticas. O uso
tradicional como promotor de crescimento é o mais controverso, principalmente quando se
utilizam classes de antimicrobianos importantes para o tratamento de infecções em
humanos. Este uso dos princípios ativos em doses baixas e constantes via ração cria uma
situação ideal para a seleção de estirpes resistentes a antimicrobianos e disseminação
destas estirpes no ambiente intestinal dos animais (BARTON, 2014).
O uso preventivo profilático (individual) ou metafilático (em uma fase da produção ou
baia) de antimicrobianos também envolve a administração dos ativos via ração. A intenção
é que o uso destes ativos ocorra quando há um surto de doença e durante um curto
período de tempo (5 a 10 dias). No entanto, trata-se de uma oportunidade de estender o
uso dos ativos por vários ciclos de produção, e as doses utilizadas são bem maiores que
as utilizadas como promotor de crescimento e geralmente próximas a doses terapêuticas.
O uso terapêutico de antimicrobianos geralmente é individual por via oral ou injetável, no
entanto, a administração via ração também é realizada com frequência. O uso terapêutico
18
de antimicrobianos via ração é bastante questionado, uma vez que animais doentes podem
apresentar reduzido consumo de ração não ingerindo a quantidade adequada do ativo
(BARTON, 2014; SILVA et al, 2013).
A legislação brasileira relativa à alimentação animal data da década de 1970 com a
Lei 6.198/74 e o Decreto 76.986/76, sendo válidas até hoje. A legislação vigente pertinente
ao uso de antimicrobianos via ração pode ser dividida nos dois seguintes grupos
(SCHROEDER R., 2006; BRASIL, 2017):
a) Normativa: relativa à forma de utilização, regula a forma correta de rotulagem e
controles que devem ser feitos para utilização de determinados produtos, sendo
as Instruções Normativas 65/2006 e 14/2016 as atualizações mais recentes,
disponibilizando inclusive modelo de cadastro para produtor que pretenda
manipular produto destinado à alimentação animal com medicamento de uso
veterinário;
b) Restritiva: relativa a produtos proibidos ou que possuem algum tipo de restrição de
uso, como período de carência ou espécies nas quais não podem ser utilizados.
Desde 1998, por meio de Portarias e Instruções Normativas, o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento restringiu os antimicrobianos avoparcina,
anfenicóis, tetraciclinas, penicilinas, cefalosporinas, quinolonas, sulfonamidas,
eritromicina, espiramicina e colistina como melhoradores de desempenho.
O quadro 1 apresenta a lista de antimicrobianos com uso permitido como
melhoradores de desempenho nas diferentes espécies de animais de produção no Brasil.
19
Quadro 1. Antimicrobianos com uso permitido como facilitadores de crescimento no Brasil.
Antimicrobiano Espécie animal
Avilamicina Frango, peru e suíno
Bacitracina metileno disalicilato Frango, galinha poedeira, peru e suíno
Bacitracina de zinco Frango, galinha poedeira, peru, codorna, suíno e bovino
Sulfato de colistina Frango, galinha poedeira, suíno e bovino
Clorexidina Frango, galinha poedeira e suíno
Enramicina Frango, galinha poedeira, suíno e bovino
Eritromicina Suíno
Espiramicina Frango, suíno e bezerro
Flavomicina Frango, suíno, coelho e bovino
Halquinol Frango, galinha poedeira e suíno
Lasalocida Bovino
Lincomicina Frango e suíno
Monensina Bovino e ovino
Salinomicina de sódio Suíno e bovino
Tiamulina Suíno
Tilosina Frango, galinha poedeira e suíno
Virginiamicina Frango, peru, suíno e bovino
Adaptado de SILVA et al, (2013)
O consumo de antimicrobianos pela população humana e animal tem sido
importante objeto de estudo nos últimos anos. Dados alemães mostram um consumo de
aproximadamente 2000 toneladas em 2013, segundo Meyer et al.(2013), sendo 1700
toneladas pela população animal, dos quais 33,0% tetraciclinas e 29,0% penicilinas.
Levantamento similar no Canadá em 2014 apresentou um consumo aproximado de 1740
toneladas, sendo 1500 toneladas utilizadas na produção animal, sendo as tetraciclinas, β-
lactâmicos, macrolídeos e lincosamidas, os principais grupos de antimicrobianos utilizados
(CANADA, 2017).
Estudo qualitativo realizado em frangos de corte no Brasil, estado do Paraná,
revelou o uso de 49 princípios ativos, sendo as fluorquinolonas (34,0%), ionóforos (20,0%),
macrolídeos (10,0%), quinolonas e tetraciclinas (6,0%), os grupos de antimicrobianos mais
20
utilizados preventivamente, enquanto ionóforos (25,0%), fluorquinolonas (19,0%),
sulfonamidas (14,0%), tetraciclinas (11,0%) e β-lactâmicos (7,0%) foram os mais
comumente utilizados de forma terapêutica (SESA, 2005).
De acordo com Morés (2014), a maioria dos modelos de sistemas de produção de
suínos utilizados atualmente no Brasil com alta densidade animal, mistura de leitões de
diferentes leitegadas e origens após o desmame, maximização no uso das instalações em
detrimento de práticas adequadas de manejo, bem como presença de vários outros fatores
de risco nos rebanhos cria condições propícias para a manifestação de doenças, as quais
são mitigadas pelos produtores através do uso de antimicrobianos em doses
subterapêuticas e/ou promotoras de crescimento.
A concentração da produção de suínos em larga escala também favorece à
manifestação de doenças enzoóticas multifatoriais e complexas, como o Complexo das
Doenças Respiratórias dos Suínos (FLABET et al., 2012), no qual diferentes agentes
bacterianos e virais estão envolvidos e amplamente difundidos no Brasil, como
Mycoplasma hyopneumoniae, Haemophilus parasuis, Actinobacillus pleuropneumoniae,
Pasteurella multocida, PCV-2 causando sérios impactos econômicos e aumento
considerável no uso de antimicrobianos (BARCELLOS et al., 2007). Diferentes princípios
ativos têm sido utilizados na prevenção e controle das pneumonias bacterianas,
apresentando elevada sensibilidade amoxicilina, tilmicosina e ceftiofur (BOROWSKI et al.,
2006).
Estudo realizado por Deen (2002) revelou falta de uniformidade atingindo 18,0% dos
animais na idade de abate, sendo as doenças respiratórias e entéricas como enteropatia
proliferativa suína, as principais causas, além das doenças serem responsáveis por 63,0%
das mortes no período de recria e terminação.
21
Prática comum no Brasil, o desmame dos leitões em idade precoce, inferior à 23
dias de idade, segundo Smith et al. (2010) é um importante fator de risco na utilização de
antimicrobianos nas dietas pós-desmame, pois tem influência direta na integridade
intestinal, especialmente na função barreira da mucosa, prevenindo doenças crônicas do
intestino. Outros fatores de risco relevantes são baixo peso ao nascimento, baixo peso à
desmama e não adoção do fluxo de produção “todos-dentro / todos-fora” (DE GRAU et al.,
2005).
Não foram encontrados estudos relatando os regimes de utilização de
antimicrobianos nos sistemas de produção de suínos no Brasil. Os dados existentes são
obtidos a partir de estimativas de venda fornecidas pela indústria farmacêutica. Para
permitir estudos mais aprofundados e que contribuam para a redução do risco global e
minimizem os efeitos das intervenções sobre a produtividade, há necessidade de uma
vigilância contínua e integrada entre o uso de antimicrobianos e a ocorrência de
resistência, de preferência associada a avaliação de dados sobre produção e ocorrência
de doenças para determinar o impacto positivo e negativo da redução do uso de
antimicrobianos em pecuária (AARESTRUP, 2015).
Investimento em biossegurança por meio de boas práticas de manejo, como adoção
de vazio sanitário associado a programa de limpeza e desinfecção (MORES, 1997),
disponibilização de condições ambientais adequadas às necessidades dos animais
(HESSING & TIELLEN, 1994), entre outras, favorece a manutenção do status sanitário dos
rebanhos, minimizando a necessidade da utilização preventiva de antimicrobianos.
22
2 OBJETIVOS
Avaliar o uso de antimicrobianos em granjas comerciais de suínos no Brasil e
correlacionar os dados obtidos com os dados de biosseguridade, manejo sanitário e
produtividade.
23
3 MATERIAL E MÉTODO
SELEÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO
Vinte e cinco sistemas de produção de suínos foram selecionados abrangendo
todos os Estados de maior representatividade na produção de suínos nacional. Para
facilitar o acesso e a coleta de informações todas as granjas são de produtores
independentes com número de matrizes alojadas variando de 150 a 15000, totalizando
61410 matrizes (Quadro 2).
O nível técnico e sanitário dos rebanhos é similar e representa a maioria dos
sistemas de produção intensiva independente de suínos do Brasil.
Foram coletadas amostras de rebanhos mantidos em sítio único, denominado Ciclo
Completo, mas também de rebanhos criados em dois sítios, denominados UPL (Unidade
Produtora de Leitões), onde os leitões são produzidos e posteriormente transferidos para
as instalações de Terminação, onde serão mantidos dos 70 dias de idade até o abate.
Todas as granjas fazem uso de vacina comercial contra infecção por PCV-2 nos
leitões, enquanto somente as granjas positivas para Mycoplasma hyopneumoniae fazem
uso preventivo de vacina contra este agente nos leitões.
24
Quadro 2- Características e distribuição dos sistemas de produção de suínos avaliados no estudo.
Granja Estado Plantel (n⁰ matrizes)
Tipo de Criação Presença de Mycoplasma hyopneumoniae
A DF 3500 UPL e Terminação Negativo
B PR 3500 UPL Positivo
C MG 1000 Ciclo Completo Positivo
D MT 15000 UPL e Terminação Positivo
E RS 600 UPL e Terminação Positivo
F GO 560 Ciclo Completo Positivo
G SC 2200 UPL e Terminação Positivo
H ES 480 Ciclo Completo Negativo
I SP 150 Ciclo Completo Positivo
J MG 5200 UPL e Terminação Positivo
K SP 540 Ciclo Completo Positivo
L SP 900 UPL e Terminação Negativo
M DF 8000 UPL e Terminação Positivo
N RS 300 UPL e Terminação Negativo
O SC 1700 UPL e Terminação Positivo
P MG 500 Ciclo Completo Positivo
Q MG 800 Ciclo Completo Positivo
R PR 1550 Ciclo Completo Positivo
S SP 3500 Ciclo Completo Positivo
T RS 600 UPL e Terminação Positivo
U MG 1000 Ciclo Completo Positivo
V PR 480 UPL e Terminação Positivo
W PR 2350 Ciclo Completo Positivo
X PR 5500 UPL e Terminação Negativo
Y MG 1500 Ciclo Completo Positivo
25
OBTENÇÃO DOS DADOS
Os dados foram coletados em uma visita presencial a granja agendada com
antecedência. Estas visitas, bem como a coleta de todas as informações utilizadas no
estudo foram realizadas por uma única pessoa, exceto nas granjas 14 e 21.
Os dados relativos à estrutura e condição ambiental do rebanho foram avaliados
visualmente e os dados relativos aos antimicrobianos utilizados ou dados de produtividade
obtidos em entrevista com o gerente de produção e/ou proprietário.
DADOS COLETADOS
Foram avaliados dados qualitativos e quantitativos referentes à condição sanitária
do rebanho, estrutura, biosseguridade, uso de vacinas e uso de antimicrobianos. Os
questionários empregados na obtenção dos dados avaliados são detalhados nos quadros
7 e 8 (Anexo).
Para as análises não foi realizada discriminação entre as diferentes formas de uso de
antimicrobianos, sendo considerados os ativos usados como facilitadores de crescimento e
de uso preventivo, via ração ou injetável.
ANÁLISE DOS DADOS
As variáveis quantitativas foram submetidas a análises de correlação e regressão
linear. Realizou-se comparação de médias pelo teste não paramétrico U de Mann-Whitney,
devido à distribuição não ser normal. Para ambas as análises utilizou-se o pacote
estatístico do programa de computador EXCEL.
26
4 RESULTADOS
Os dados referentes à utilização de antimicrobianos foram mensurados em mg dos
diferentes princípios ativos antimicrobianos (ATB) utilizados/ kg suíno produzido (gráfico 1),
obtendo-se 358,0 mg ATB/ kg como valor médio, porém este valor variou de 5,4 até 586,0
mg, permitindo desta forma a comparação entre os sistemas avaliados, bem como a
comparação na utilização de antimicrobianos na produção de suínos em outros países.
Gráfico 1: Uso de antimicrobiano nas 25 granjas avaliadas (mg ATB/ kg suíno produzido)
O nível de biossegurança foi obtido através da aplicação de check-list abordando
áreas relativas à susceptibilidade dos sistemas de produção aos riscos sanitários, sendo
possível uma pontuação máxima de 1200. Em média, os sistemas avaliados obtiveram 708
pontos, variando de 435 até 1105. Os dados encontram-se representados no gráfico 2.
27
Gráfico 2: Nível de biossegurança determinado através dos questionários aplicados as 25 granjas
avaliadas.
Mensurou-se a produtividade média dos rebanhos através da somatória dos kg
suíno produzido/ matriz/ ano obtendo-se uma produção média de 2852,0 kg
suíno/matriz/ano, porém com uma amplitude significativa de 2004,0 até 3979,0 kg
suíno/matriz/ano.
Gráfico 3: Produtividade média dos 25 rebanhos avaliada em kg suíno produzido por matriz por
ano.
28
Outra mensuração relativa ao uso de antimicrobianos foi o percentual do tempo de
vida dos animais destinados ao abate no qual eles tiveram contato com algum
antimicrobiano, seja administrado de forma injetável ou oral, através da ração ou água de
bebida. Em média, os animais tiveram contato com algum antimicrobiano durante 66,3%
de sua vida, variando de 2,9% até 90,4% nos diferentes rebanhos, conforme dados
presentes no gráfico 4.
Gráfico 4: Período de vida dos animais do nascimento ao abate em que estão expostos à
antimicrobiano (%)
Considerando os dados das 25 granjas avaliadas foi observada a utilização de 26
diferentes princípios ativos pertencentes à 14 classes de antibióticos. A frequência de
granjas usando os princípios ativos, bem como das classes utilizadas encontra-se,
respectivamente no quadro 3 e gráfico 5.
29
BAMBERMICINA CLORANFENICOL ÁC. FOSFÔNICO DITERPENO HIDROXIQUINOLINA LINCOSAMIDA ORTOSOMICINA QUINOLONA SULFONAMIDA
GEN ESP NEO FLA AMO CEF FLO FOS TIA HAL LIN JOS TILM TIL TUL AVI BMD BZN COL ENR NOR ST CLO DOX OXI
A X X X X X X X X X
B X X X X X X X X
C X X X X X X
D X X X X X X
E X X X X
F X X X X X X X
G X X X X X X X X
H X X X X X X X X
I X X X X X X X X X
J X X X X X X X X X
K X X X X X X X X X
L X X X
M X X X X X X X
N X X
O X X X X X
P X X X X X X
Q X X X X X
R X X X X X X X X X X
S X X X X X X X X
T X X X X X X
U X X X X X X
V X X X X X X X X
W X X X X X X X X X
X X X X X
Y X X X X X X X X X X X
FREQ. (%) 20,0 28,0 8,0 4,0 100,0 40,0 68,0 4,0 88,0 8,0 52,0 16,0 8,0 24,0 8,0 8,0 4,0 12,0 52,0 32,0 20,0 4,0 8,0 72,0 4,0
TETRACICLINASGRANJA
AMINOGLICOSÍDEOS β-LACTÂMICOS MACROLÍDEOS POLIPEPTÍDEOS
Quadro 3: Distribuição dos princípios ativos utilizados em cada granja de acordo com a classe antimicrobiana e frequência de granjas usando
cada ativo.
Legenda: AMO=amoxicilina, AVI=avilamicina, BMD=bacitracina metileno-disalicilato, BZN=bacitracina de zinco, COL=colistina, CEF=ceftiofur, CLO=clortetraciclina, DOX=doxiciclina, ENR=enramicina, ESP= espectinomicina, FLA=flavomicina, FLO=florfenicol, FOS=fosfomicina, GEN=gentamicina, HAL=halquinol, JOS=josamicina, LIN=lincomicina, NOR=norfloxacina, NEO=neomicina, OXI=oxitetraciclina, ST=sulfa+trimetoprim, TIA=tiamulina, TIL=tilosina, TILM=tilmicosina, TUL=tulatromicina
30
Gráfico 5: Frequência de utilização das diferentes classes de antimicrobianos (%)
A estratificação da utilização de antimicrobianos nos diferentes setores produtivos,
Maternidade, Creche e Terminação está presente no quadro 4. A frequência média
encontrada foi de 7 diferentes princípios ativos por granja, variando de 2 a 11. Das 25
granjas envolvidas no estudo, 18 fazem uso preventivo de pelo menos um princípio ativo
antimicrobiano em leitões na maternidade, administrado principalmente via injetável,
enquanto 7 fazem uso de mais de um princípio ativo na mesma fase.
No período de creche, compreendido entre desmame, por volta dos 21-25 dias, e os
70 dias de idade, 24 granjas fazem uso preventivo de antimicrobiano, principalmente via
ração. A mesma frequência foi encontrada no período de terminação.
31
GRANJA MATERNIDADE CRECHE TERMINAÇÃO TOTAL ATIVOS
A CEF AMO, COL, FLO, LIN+ESP, TIA AMO, AVI, ENR, FLO, TIA 9
B CEF, BMD AMO, COL, DOX, LIN+ESP, TIA AMO, DOX, TIA 8
C AMO, TUL AMO, COL, DOX, JOS AMO, DOX, TIA 6
D AMO, FLO, HAL AVI, OXI, TIA 6
E FLO AMO, DOX, FLO, TIA 4
F CEF AMO, LIN, TIA BZN, DOX, TIA, TIL 7
G CEF AMO, LIN, NOR FLO, FLA, LIN+ESP, TILM 8
H AMO, GEN AMO, FLO, FOS, JOS CLO, FLO, LIN, NOR 8
I AMO, CLO, HAL, LIN, ST COL, DOX, ENR, TIA 10
J LIN+ESP AMO, COL, FLO BZN, COL, DOX, TIA, TIL 9
K AMO, GEN AMO, COL, DOX, JOS, TIA AMO, DOX, ENR, FLO, NOR 9
L LIN+ESP AMO 3
M CEF AMO, COL, DOX, FLO, TIA DOX, ENR, TIA 7
N AMO, TIA 2
O AMO, COL DOX, FLO, TIA 5
P AMO, TIA DOX, FLO, LIN, TIA, TIL 6
Q AMO AMO, FLO, TIA DOX, ENR, FLO, TIA 5
R AMO, GEN AMO, COL, LIN+ESP, TIA, TILM DOX, ENR, FLO, TIA, TILM 10
S CEF AMO, COL, FLO, LIN AMO, DOX, ENR, TIA 8
T CEF AMO, DOX, JOS, TIA AMO, DOX, FLO, TIA 6
U AMO, GEN AMO, COL, TIA DOX, TIA, TIL 6
V CEF AMO, COL, DOX, LIN+ESP, TIA AMO, FLO, LIN, TIA 8
W CEF AMO, DOX, FLO, NOR, NEO, TIA AMO, DOX, ENR, FLO, NOR, TIA, TIL 9
X AMO, GEN, LIN AMO, TIA 4
Y CEF, TUL AMO, COL, NOR, NEO, TIA BZN, COL, DOX, FLO, TIA, TIL 11
FREQUÊNCIA % 72 (18/25) 96 (24/25) 96 (24/25) MÉDIA ATIVOS : 7
Quadro 4: Distribuição dos princípios ativos utilizados nas diferentes fases do sistema de produção.
Legenda: AMO=amoxicilina, AVI=avilamicina, BMD=bacitracina metileno-disalicilato, BZN=bacitracina de zinco, COL=colistina, CEF=ceftiofur, CLO=clortetraciclina, DOX=doxiciclina, ENR=enramicina, ESP= espectinomicina, FLA=flavomicina, FLO=florfenicol, FOS=fosfomicina, GEN=gentamicina, HAL=halquinol, JOS=josamicina, LIN=lincomicina, NOR=norfloxacina, NEO=neomicina, OXI=oxitetraciclina, ST=sulfa+trimetoprim, TIA=tiamulina, TIL=tilosina, TILM=tilmicosina, TUL=tulatromicina
Dos princípios ativos utilizados preventivamente na maternidade, ceftiofur foi o mais
frequente (40,0%), sendo seguido pela amoxicilina (24,0%), gentamicina (16,0%),
associação lincomicina/ espectinomicina (8,0%), tulatromicina (8,0%) e bacitracina
metileno-disalicilato (4,0%).
32
As doses máximas e mínimas de cada princípio ativo encontram-se no gráfico 6,
destacando-se o uso de elevadas doses de amoxicilina, bastante acima da dose
terapêutica recomendada (20 mg/ kg peso), da mesma forma o uso de 16,7 mg ceftiofur e
9,5 mg gentamicina.
Gráfico 6: Doses dos antimicrobianos utilizados preventivamente em leitões de maternidade (mg / kg de peso).
Na mensuração da frequência dos 23 princípios ativos utilizados no período de
creche-terminação destacam-se o extensivo uso de amoxicilina, tiamulina, doxiciclina,
florfenicol e colistina (gráfico 7).
33
Gráfico 7: Frequência de utilização das diferentes classes de antimicrobianos na Creche-
Terminação (%)
Outro ponto de destaque são as doses máximas e mínimas (gráfico 8), bem como o
período de uso (gráfico 9) merecendo destaque princípios ativos como clortetraciclina,
colistina, lincomicina, associação lincomicina/ espectinomicina, oxitetraciclina, tiamulina e
tilosina, os quais tem sido utilizados como promotor de crescimento e com finalidade
terapêutica.
34
Gráfico 8: Doses máximas e mínimas dos antimicrobianos utilizados nas fases de creche a terminação (mg/ kg de peso)
35
Gráfico 9: Período em dias de uso dos antimicrobianos nas fases de creche a terminação (mg/ kg de peso vivo)
36
O questionário epidemiológico de biossegurança aplicado no estudo contém 120
questões divididas em 16 áreas, as quais abordam a susceptibilidade das granjas aos
riscos externos, risco de introdução de agentes exóticos ao sistema, mas também riscos
internos, risco de disseminação dos agentes já presentes na propriedade. Cada item foi
classificado juntamente com o gestor de cada granja como: “ADEQUADO”, implementado
e seguido de forma apropriada; “NECESSITANDO AJUSTES”, implementado, mas
exigindo correções; “INADEQUADO”, ou seja, ainda não implementado.
A análise detalhada dos pontos elencados no questionário evidencia oportunidades
significativas de implementação, aprimoramento e melhora nos diferentes aspectos
envolvidos na biossegurança dos sistemas de produção, conforme representado nos
gráficos 10 e 11.
37
Gráfico 10: Aspectos de biossegurança inadequados ou com necessidade de ajustes (%) – Parte 1
38
Gráfico 11: Aspectos de biossegurança inadequados ou com necessidade de ajustes (%) – Parte 2
39
A análise estatística entre os parâmetros de uso de antimicrobianos (mg ATB/ kg de
peso) e pontuação de biossegurança não apresentou correlação significativa, conforme
demonstrado no gráfico 12.
Gráfico 12: Análise estatística de correlação entre uso de antimicrobianos e biossegurança
Da mesma forma, não houve correlação significativa entre o uso de antimicrobianos e o
nível de produtividade das granjas pesquisadas (gráfico 13), nem mesmo uma interação
significativa entre biossegurança e produtividade (gráfico 14).
40
Gráfico 13: Análise estatística de correlação entre uso de antimicrobianos e produtividade
Gráfico 14: Análise estatística de correlação entre biossegurança e produtividade
A mesma análise estatística entre os parâmetros de uso de antimicrobianos, nível
de biossegurança e produtividade frente à individualização das granjas por características
dos sítios, ciclo completo (sítio único) e UPL+Terminação (produção em dois sítios), ou
status para Mycoplasma hyopneumoniae (granjas positivas e negativas) não apresentou
nenhuma correlação significativa.
41
Na comparação das médias do uso de antimicrobianos de acordo com o sistema de
produção, obteve-se 429 mg ATB/ kg suíno produzido em sítio único (Ciclo Completo)
versus 318 mg em sistemas de dois sítios (UPL+Terminação). Apesar da diferença
numérica, não houve diferença estatística significativa (gráfico 15).
A mesma comparação na utilização de antimicrobianos foi realizada de acordo com
o status dos sistemas para Mycoplasma hyopneumoniae, importante bactéria envolvida
como agente primário no Complexo das Doenças Respiratórias dos Suínos e as granjas
negativas para este agente apresentaram menor utilização de antimicrobianos (222 mg
ATB/ kg suíno produzido) quando comparado aos sistemas positivos (392 mg ATB/ kg
suíno produzido), porém sem diferença estatística significativa, representada no gráfico 16.
Gráfico 15: Comparação das médias de uso preventivo de antimicrobianos (mg ATB/ kg suíno produzido) – Ciclo Completo vs. UPL+Terminação.
*a, b: médias com letras iguais não diferem estatisticamente entre si
a
P<0,05
a
42
Gráfico 16: Comparação das médias de uso preventivo de antimicrobianos (mg ATB/ kg suíno produzido) – Status Positivo vs. Negativo Mycoplasma hyopneumoniae
O score médio de biossegurança obtido nos sistemas de produção em “Ciclo
Completo” foi 645, enquanto os sistemas “UPL+Terminação” apresentaram score 742, no
entanto a comparação das médias não apresentou diferença estatística significativa, ao
nível de significância de 5,0% (gráfico 17). Também não houve diferença estatística
significativa na comparação dos score médios de biossegurança nos sistemas positivos
(675 pontos) e negativos (838 pontos) para Mycoplasma hyopneumoniae (gráfico 18).
Gráfico 17: Comparação das médias de biossegurança (score) – Ciclo Completo vs. UPL+Terminação
a
P<0,05
a
a
P<0,05
a
43
Gráfico 18: Comparação das médias de biossegurança (score) – Status Positivo vs. Negativo Mycoplasma hyopneumoniae
As médias de produtividade avaliada em kg suínos produzidos/ matriz/ ano não
apresentaram diferença estatística significativa ao nível de significância de 5,0%, seja na
comparação relativa aos sistemas de produção (2693,5 no Ciclo Completo vs. 2941,1 nas
UPLs+Term.), seja quanto ao status para Mycoplasma hyopneumoniae (2782,6 nos
sistemas positivos vs. 3129,4 nos sistemas negativos) e encontram-se representadas nos
gráficos 19 e 20.
a
a
P<0,05
44
Gráfico 19: Comparação das médias de produtividade (kg suíno produzido/ matriz/ ano) – Ciclo Completo vs. UPL+Terminação
Gráfico 20: Comparação das médias de produtividade (kg suíno produzido/ matriz/ ano) – Status Positivo vs. Negativo Mycoplasma hyopneumoniae
a
a
a
a
P<0,05
P<0,05
45
5 DISCUSSÃO
Antimicrobianos têm sido utilizados por mais de 60 anos em todos os estágios da
produção de suínos (JUKES et al., 1950), apresentando relação direta com a intensificação
dos sistemas de produção (MACDONALD & MCBRIDE, 2009). Uma estimativa do
consumo global de antimicrobianos (ATB) em 2014 revelou o consumo médio de 45 mg
ATB/ kg bovino, 148 mg ATB/ kg frango e 172 mg ATB/ kg suíno produzido (VAN
BOECKEL et al, 2015).
O presente estudo realizou levantamento similar revelando consumo médio de 358,0
mg ATB/ kg animal produzido, valor bastante superior ao obtido por VAN BOECKEL et al.
(2015), denotando, de modo geral, o uso excessivo de antimicrobianos em nossos
sistemas de produção. Relatórios Canadense e Europeu do sistema de vigilância de
resistência à antimicrobianos apresentaram o uso de antimicrobianos nas diferentes
espécies animais representado na Figura 2. De acordo com os dados obtidos neste estudo
os sistemas de produção Brasileiros estariam na segunda colocação, atrás apenas de
Chipre.
Segundo Viola & Devincent (2006), quatro são as principais razões de uso dos
antimicrobianos: (1) terapêutico, no tratamento de enfermidades, (2) profilático visando
prevenção doenças específicas em determinados estágios da produção, (3) metafilático,
no tratamento de grande quantidade de animais, quando a doença é observada em uma
parcela significativa do rebanho, e como (4) promotor de crescimento visando melhora no
ganho de peso e eficiência alimentar através do fornecimento de doses sub-terapêuticas
dos antimicrobianos, principalmente via ração.
46
Figura 2 - Comparação do consumo de antimicrobianos na população animal (mg ATB /
kg) em diferentes países no ano de 2013.
Fonte: https://www.canada.ca/en/public-health/services/publications/drugs-health-products/canadian-antimicrobial-resistance-surveillance-system-report-2016.html
O elevado uso de antimicrobianos em diferentes dosagens associado à extensa
exposição dos animais aos mesmos (66,3% da vida dos animais, em média) nos diferentes
estágios de produção de nossos sistemas (72,0% das maternidades e 96,0% das creches
e terminações), denota uma ampla utilização de diferentes princípios ativos como
profiláticos e/ou promotores de crescimento, situação bastante favorável ao
desenvolvimento de resistência aos antimicrobianos (SWANN et al., 1969; FRYE et al.,
2011; MARSHALL & LEVY, 2011). Estes achados são similares aos levantamentos
americanos e canadenses, onde mais de 90,0% dos animais nas fases de creche e recria-
terminação são expostos à antimicrobianos (UNITED STATES DEPARTMENT OF
AGRICULTURE, 2007; DECKERT et al., 2010).
47
A utilização preventiva de princípios ativos de amplo espectro como ceftiofur, já na
fase de maternidade, impacta negativamente a microbiota intestinal favorecendo o
desenvolvimento de resistência bacteriana através de uma maior eliminação de estirpes
resistentes às cefalosporinas de amplo espectro, conforme descrito por FLEURY M. A. e
colaboradores (2015), condição esta de importância também em saúde pública.
Culturalmente, a busca por máxima eficiência produtiva em nossos sistemas
promove a utilização profilática excessiva de princípios ativos, inclusive alguns de amplo
espectro como o citado, muitas vezes desconsiderando a realização de diagnóstico
laboratorial como medida auxiliar na tomada de decisões relativas ao uso de
antimicrobianos. O uso médio de 07 princípios ativos diferentes de forma preventiva,
chegando ao extremo de 11 reforça esta questão cultural, a qual é muitas vezes fomentada
por técnicos e produtores. A implementação de diretrizes para o uso prudente de
antimicrobianos em medicina veterinária na Alemanha registrou após 2 anos, uma redução
significativa de 73,0% no consumo dos mesmos, bem como redução de 31,6 para 13,6
dias no período de tratamento (UNGEMACH et al., 2006). Da mesma forma na Holanda, a
colaboração intensiva entre governantes, veterinários e produtores, associada a ações
compulsórias e voluntárias com objetivos bem definidos reduziu em 56,0% o uso de
antimicrobianos na produção animal entre 2007 e 2012 (SPEKSNIJDER et al., 2013).
Outro fator importante na extensa utilização preventiva de antimicrobianos em
nossos sistemas é a negligência com manejos básicos, cuja mensuração foi realizada
através da aplicação do questionário epidemiológico de biossegurança.
A ausência de correlação estatística significativa entre a utilização de
antimicrobianos e o nível de biossegurança encontrado no estudo é justificada pelo método
utilizado, com amplo questionário epidemiológico, mas impossibilidade de análise
estatística individualizada dos riscos internos e externos, haja vista que comparação
48
semelhante realizada por Laanen et al. (2013) utilizando sistema de análise de risco
“Biocheck” encontrou associação significativa com menor utilização de antimicrobianos em
granjas apresentando menores riscos internos, enquanto Postma et al. (2016) também
utilizando “Biocheck” encontrou a mesma associação somente em granjas com menores
riscos externos.
A avaliação individualizada dos riscos externos presentes no questionário
epidemiológico aplicado revela várias oportunidades de melhora, considerando que 56,0%
das granjas não possuem ou não manejam seus quarentenários de forma adequada, pelo
menos 60,0% não promovem controle adequado de pragas, 76,0% não promovem
tratamento adequado da água destinada à dessedentação dos animais, 80,0% das
propriedades negligenciam riscos sanitários relativos ao transporte de animais, entre
outros.
A mesma análise individualizada dos riscos internos denota negligência nos
programas de limpeza e desinfecção em pelo menos 40,0% dos sistemas avaliados,
utilização inadequada das instalações, não sendo adotado o sistema “todos-dentro/ todos-
fora” por 64,0% das propriedades, bem como não sendo respeitado o vazio sanitário em
72,0% dos casos.
A negligência na adoção de medidas que minimizem os riscos externos e internos
dos sistemas de produção tende a médio e longo prazo aumentar as enfermidades
presentes, promover uma maior pressão de infecção ambiental, aumentando por fim a
utilização preventiva de antimicrobianos (RIBBENS et al., 2008).
A ausência de correlação entre produtividade e as outras duas variáveis, uso
preventivo de antimicrobianos e nível de biossegurança, é explicada pelo fato da
produtividade estar associada a diferentes fatores, como genética dos animais, número de
49
leitões nascidos, desmamados e vendidos em cada sistema, aspectos nutricionais com
interferência direta no ganho de peso, idade e peso de abate.
A não correlação entre produtividade e o uso preventivo de antimicrobianos indica
também a ausência de impacto negativo na produção com o reduzido uso destes ativos,
quando outros parâmetros são atendidos, como sanidade adequada do rebanho de
origem, ambiência, manejo e nutrição apropriadas, situação confirmada pela granja “L” do
estudo, a qual apresentou maior produtividade e menor uso de antimicrobianos, bem como
por dados dinamarqueses e holandeses, segundo os quais não houve impacto no
desempenho após o banimento dos antimicrobianos como promotores de crescimento
(WEGENER, H. C., 2003).
Na comparação das médias identificou-se menor utilização de antimicrobianos nos
sistemas de produção em dois sítios, UPL + Terminações (429,0 mg), em relação aos
sistemas de sítio único, Ciclo Completo (318,0 mg), o que é esperado, em função da
menor pressão de infecção presente nos sistemas de dois sítios, no entanto, não houve
diferença estatística significativa em decorrência do elevado uso dos antimicrobianos como
promotores de crescimento e/ou ação profilática.
A menor utilização de antimicrobianos também foi identificada nos sistemas
negativos para Mycoplasma hyopneumoniae (222,0 mg), em relação aos sistemas
positivos (392,0 mg), porém esta diferença não foi estatisticamente significativa, dada a
elevada amplitude encontrada nos sistemas negativos, variando de 5,4 até 521,4 mg, o
que é explicado pela positividade para outros agentes patogênicos importantes, sejam eles
bacterianos como Haemophilus parasuis, Lawsonia intracellularis, ou mesmo virais, como
Influenza.
50
Todos os sistemas positivos para Mycoplasma hyopneumoniae fazem uso de vacina
contra este agente, além do fato de todas as granjas avaliadas também utilizarem vacina
contra infecção pelo PCV-2, importante agente imunossupressor dos suínos. Entende-se
que as vacinas são importantes na redução de excreção bacteriana e viral, redução na
incidência e sintomatologia clínica das enfermidades, porém isoladamente não são
capazes de reduzir a utilização de antimicrobianos (KRUSE et al., 2017), sendo outras
práticas de manejo tão importantes quanto esta, para a obtenção deste alvo.
A mensuração das práticas preventivas de manejo através do “check-list” de
biossegurança não apresentou diferença estatística significativa na comparação das
médias de score entre os sistemas de produção de sítio único (645) e dois sítios (742),
nem mesmo entre as granjas positivas (675) e negativas (838) para Mycoplasma
hyopneumoniae, situação explicada pelo aspecto cultural de negligência às questões
relativas à biossegurança de uma parcela significativa do setor produtivo, haja vista a
ausência total de auditoria dos sistemas, bem como à identificação de grandes
oportunidades de melhoria dos programas de biossegurança das granjas pesquisadas.
Os sistemas de produção de 2 sítios apresentaram produtividade superior aos de
sítio único, 2941,1 kg vs. 2693,5 kg respectivamente, no entanto a diferença não foi
estatisticamente significativa, dada a grande quantidade de fatores de interferência neste
parâmetro.
Apesar da diferença numérica encontrada na produtividade entre granjas positivas
(2782,6 kg) e negativas (3129,4 kg) para Mycoplasma hyopneumoniae, a mesma não
apresentou significância estatística, justificada pela presença de outros desafios sanitários
importantes nos sistemas.
51
6 CONCLUSÃO
A utilização de antimicrobianos na produção de suínos apresenta-se excessiva
quando comparada a países de expressão no mesmo setor, decorrente principalmente da
utilização de diferentes princípios ativos como promotores de crescimento e/ou profiláticos
por longos períodos.
Apesar da ausência de correlação direta entre uso de antimicrobianos e
produtividade ou nível de biossegurança, significativas possibilidades de melhoria nestas
práticas foram identificadas em nossos sistemas de produção e sua adoção tende, em
médio e longo prazo, minimizar a utilização destes ativos.
O engajamento de todos os envolvidos no setor produtivo associado ao melhor
diagnóstico dos desafios sanitários, mudança cultural na prescrição de princípios ativos,
busca por aditivos alternativos promoverá o uso prudente dos antimicrobianos na produção
animal, minimizando riscos de resistência à estes ativos.
52
CAPITULO II
Avaliação da Ocorrência de Staphylococcus aureus
Resistentes a Meticilina.
53
1 REVISÃO DE LITERATURA
A introdução de agentes antimicrobianos em medicina clínica humana e veterinária
tem sido uma das realizações mais significativas do século XX. Os primeiros agentes
antimicrobianos foram introduzidos na década de 1930, e um grande número de novos
compostos foram descobertos nas décadas seguintes. Nos últimos 80 anos, os agentes
antimicrobianos literalmente mudaram a medicina e nossa maneira de viver. Tornaram
possível o tratamento de infecções anteriormente consideradas letais, e sem o uso
profilático de agentes antimicrobianos mesmo simples operações tais como cirurgias do
intestino ou remoção de dentes seriam impossíveis ou associadas a taxas de mortalidade
muito elevadas (NORRBY et al, 2005; AARESTRUP, 2015).
Logo após a introdução de agentes antimicrobianos, no entanto, a resistência
bacteriana começou a crescer e o surgimento de resistência foi geralmente seguido pela
introdução de novos compostos antimicrobianos. Tornou-se claro que a resistência aos
antimicrobianos representa uma ameaça para a continuação do uso dos mesmos em
medicina humana e veterinária (AARESTRUP, 2015).
A resistência tornou-se um problema crescente e a expectativa da vida útil (eficácia)
dos compostos antimicrobianos recentemente desenvolvidos gira em torno de 10 a 20
anos. O tempo gasto para desenvolvimento de novos ativos não tem acompanhado este
ritmo, portanto, estamos perante um enorme desafio para encontrar alternativa para o
combate de patógenos bacterianos ou encontrar maneiras de retardar o desenvolvimento
de resistência. A velocidade com que a resistência antimicrobiana emergiu, evoluiu e se
espalhou em todo o mundo tem sido sem comparação e mostra claramente a grande
capacidade adaptativa das bactérias. Estudos recentes têm demonstrado um enorme
54
reservatório de potenciais genes de resistência de diferentes origens ambientais
(AARESTRUP, 2015).
As bactérias possuem vários mecanismos genéticos que podem facilitar a
disseminação de genes de resistência adquiridos, além disso, o mundo globalizado
forneceu maneiras eficazes para as bactérias e os genes de resistência se espalharem
rapidamente através do comércio de produtos alimentares, animais vivos e das viagens de
pessoas. No futuro, a globalização só irá aumentar, assim como o comércio e os contatos
internacionais. Ao lado dos inúmeros benefícios desta nova realidade, podem surgir sérios
problemas, portanto, o modo como iremos lidar com o controle da resistência
antimicrobiana em patógenos humanos, incluído os de origem animal, patógenos
veterinários e reservatórios não patogênicos terá importantes consequências para a saúde
pública no futuro (ALLEN et al, 2010; AARESTRUP, 2015).
Vários agentes bacterianos têm sido monitorados como marcadores de resistência a
antimicrobianos em animais de produção. Dentre os mais estudados nos últimos anos
destacam-se as estirpes de Staphylococcus aureus resistentes a meticilina, Enterococcus
faecalis e Enterococcus faecium resistentes à vancomicina e enterobactérias produtoras de
beta- lactamase extendida. Não foram identificados na literatura avaliada relatos de
isolamento de estirpes de Staphylococcus aureus resistentes a meticilina em criações de
suínos no Brasil e este agente foi escolhido para avaliação no presente estudo.
Com a introdução do uso de meticilina em 1959 imaginou-se que seria o fim dos
problemas terapêuticos associados as estirpes de S. aureus resistentes a penicilina.
Infelizmente, estirpes resistentes ao antimicrobiano (MRSA) foram descritas 2 anos após a
introdução desta droga semi-sintética. A aquisição de resistência a meticilina ocorre devido
a integração do cassete cromossomal mec (SCCmec) que contém o gene mecA que
confere resistência a beta-lactâmicos. A disseminação das primeiras estirpes MRSA foi
55
limitada a poucos clones com distribuição geográfica limitada, em seguida a disseminação
do SCCmec levou ao surgimento de vários clones não relacionados geneticamente. Os
primeiros casos de resistência foram também limitados a hospitais e centros de saúde,
com surtos esporádicos envolvendo pessoas da comunidade que tiveram alguma
exposição prévia relacionada a área da saúde. No final da década de 1990, no entanto,
novos clones de MRSA surgiram na comunidade, causando infecções em indivíduos sem
exposição prévia a ambientes hospitalares ou outros fatores de risco (GUARDABASSI et
al, 2013).
A espécie S. aureus compreende múltiplas linhagens, sendo que cada linhagem
geralmente é associada a um grupo de hospedeiros (por exemplo: humanos, bovinos,
aves, suínos, felinos e etc). Apesar disso são descritos numerosos relatos de transmissão
cruzada do agente entre as diferentes espécies animais. Os primeiros relatos de animais
carreando estirpes de MRSA datam de 1972 em cães e bovinos de leite. No entanto, é
possível que estes primeiros isolamentos tenham sido consequência de contaminação dos
animais por estirpes de origem humana (GUARDABASSI et al, 2013).
A sequência tipo (ST) 398 foi a primeira realmente identificada como MRSA de
origem animal, sendo descrita com alta frequência em suínos, funcionários de granjas,
veterinários e suas famílias na Holanda em 2005. Desde então estirpes de MRSA ST 398
foram descritas com frequência crescente em suínos e outras espécies animais em vários
países da Europa e da América do Norte (GUARDABASSI et al, 2013).
Outras linhagens genéticas de MRSA foram identificadas em suínos na Itália (ST1,
ST9, ST97), Dinamarca (ST 433), Sudeste Asiático (ST9) e Canadá (ST5). A Linhagem
MRSA ST130 foi descrita carreando um novo determinante de resistência a meticilina
semelhante a mecA denominado mecC, esta linhagem foi associada a ruminantes e a
56
raras descrições em humanos na Inglaterra, Dinamarca e Alemanha (GUARDABASSI et al,
2013).
2 OBJETIVOS
Avaliar a ocorrência de Staphylococcus aureus positivos para o gene codificador de
resistência a meticilina mecA nos diferentes sistemas de produção avaliados e
correlacionar sua ocorrência com os dados obtidos sobre o uso de antimicrobianos.
3 MATERIAL E MÉTODO
COLETA DE AMOSTRAS
Foram avaliados 30 suínos da fase de terminação em cada um dos 25 sistemas de
produção selecionados para o estudo e descritos no Capítulo I (Quadro 2)
De cada suíno foi coletado um suabe da cavidade nasal, sendo o mesmo
acondicionado em meio de transporte de Stuart e resfriado até o momento do
processamento.
57
ISOLAMENTO BACTERIANO
Os suabes foram semeados em placas de Baird Parker (Difco-BBL). As placas
foram incubadas por 24h a 37º C e avaliadas quanto ao crescimento de colônias de
coloração enegrecida.
IDENTIFICAÇÃO DO AGENTE
As colônias com coloração sugestiva de Staphylococcus spp. foram semeadas em
caldo BHI (Brain Heart Infusion -Difco) incubado a 37ºC por 24 horas. Uma alíquota desse
cultivo foi centrifugada a 5.000 rpm por 5 min. O sobrenadante foi descartado; o pélete
recebeu 300 µl de água ultrapura e 900 µl de etanol, foi agitado e em seguida os tubos
foram centrifugados a 13.000xg por 2 minutos. Após descarte do sobrenadante, os
sedimentos foram secos em temperatura ambiente. Aos sedimentos, foram adicionados 50
µl de ácido fórmico (70%) e 50 µl de acetonitrila (100%). A mistura foi novamente
centrifugada a 13.000xg por 2 minutos e o sobrenadante foi transferido a um microtubo
novo e armazenado a -20°C.
Para leitura pelo MALDI-TOF MS foi utilizado o espectrofotômetro de massa
Microflex™ (Bruker Daltonik) da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo - CETESB,
com o auxílio técnico da Dra. Maria Inês Zanoli Sato e sua equipe. Para leitura, 1 uL de
suspensão proteica foi transferido para a placa de aço inox de 96 poços. Após secagem
em temperatura ambiente, foi adicionado sobre a amostra 1 uL da matrix (ácido α-ciano-4-
hidróxido-cinamico). Cada estirpe foi distribuída em dois poços (duplicata) e para cada
placa foram realizadas duas leituras. Para captura dos espectros proteicos foi utilizado o
programa FlexControl™ (Bruker Daltonik) pelo método MTB_autoX. O espectrofotômetro
58
foi externamente calibrado com a utilização de proteínas ribossômicas de Escherichia coli
(BTS - Bruker Daltonik).
Para a identificação bacteriana pelo espectro proteico foi utilizado o programa
BioTyper™ (MALDI Biotyper CA Systems) 3.0 (Bruker Daltonik) a partir do qual foi
realizada uma comparação dos espectros capturados para cada estirpe com a biblioteca
do fabricante. Desta comparação de presença/ausência de picos específicos por gênero e
espécie bacteriana, obteve-se um valor de escore (log (score) value). Os critérios para
interpretação dos padrões da fabricante Bruker Daltonik foram utilizados neste estudo
como segue: escores ≥ 2.0 foram aceitos para atribuição de espécie, e escores ≥ 1.7 e <
2.0 foram utilizados para identificação de gênero.
EXTRAÇÃO DE DNA
As amostras previamente identificadas como S. aureus foram submetidas à extração
do DNA genômico segundo descrito por Boom et al. (1990). As amostras de DNA foram
armazenadas a -20oC.
REAÇÃO EM CADEIA PELA POLIMERASE
As estirpes identificadas como S. aureus pelo MALDI-TOF foram caracterizadas
pela PCR conforme descrito no quadro 5 quanto a presença do gene codificador de
resistência a meticilina (mecA), gene codificador de resistência a oxido de zinco e cadmio
(czrC), gene da termonuclease (nuc) específico para identificação de S. aureus, região
genética relacionada ao ST398.
59
Como controle positivo para a reação proposta foram utilizadas as estirpes de S.
epidermidis ATCC 1228 (czrC+), S, aureus SA7112 (nuc, mecA e ST398+).
A reação foi padronizada na forma de multiplex utilizando-se 5 µL do DNA
bacteriano, 1.5 mM de MgCl2, 10 a 50 pmoles de cada iniciador, 1.0 U de Taq DNA
polimerase (Fermentas Inc), 200 M de cada deoxiribonucleotídeo trifosfato,1 X tampão de
PCR e água até o volume final de 50 µL. Foi utilizado um termociclador (Bio-Rad
Laboratories) programado para um ciclo a 95oC por 15 minutos, 35 ciclos de 950 C por 1
minuto, 56oC por 1 minuto, 72oC por 1 minuto e um ciclo final de 72o por 5 minutos.
A detecção dos produtos de amplificação foi realizada através da eletroforese em
gel de agarose 1,5%, utilizando-se tampão TBE 0,5X (Tris-base 45 mM, ácido bórico 45
mM e EDTA 1 mM, pH 8), com corrida de 110V por 40 minutos. Os fragmentos foram
visualizados em sistema de fotodocumentação Gel Doc XR System (Bio-RadLaboratories),
sendo os mesmos corados com BlueGreen™ (LGC Biotecnologia) e comparados ao
marcador 100 pb DNA Ladder™ (New England BioLabs Inc).
Quadro 5- Descrição dos primers e produtos amplificados utilizados para caracterização das estirpes de S. aureus.
Alvo Primer Sequencia Produto Referência
Gene mecA
mecA264-F GGTGAAGTAGAAATGACTGAACGT 264 pb Panda et al, 2014
mecA264-R CAATATGTATGCTTTGGTCTTTCTGC
S. aureus auNuc-F TCGCTTGCTATGATTGTGG
349 pb Sazaki et al, 2010 auNuc-R GCCAATGTTCTACCATAGC
Gene czrC czrC-F TAGCCACGATCATAGTCATG
655 pb Cavaco et al, 2010 czrC-R ATCCTTGTTTTCCTTAGTGACTT
ST398 SA_C01-F CATTCATCACACGTATATTC
140 pb van Wamel et al, 2010
SA-C01-R GGTGATTATTCATGGTTAAG
60
4 RESULTADOS
Dentre os sistemas de produção pesquisados 80,0% foram positivos para presença
de animais carreando Staphylococcus aures resistente à meticilina (MRSA), confirmada
através do isolamento de S. aureus a partir de suabes nasais e detecção de estirpes
positivas para o gene mecA. O número de animais positivos para MRSA variou de um até
28 por granja. Do total de 750 animais avaliados, 260 foram positivos para isolamento de
MRSA, denotando uma frequência média de 34,6% de animais positivos. A frequência de
animais positivos em cada um dos sistemas encontra-se representada no gráfico 21.
Gráfico 21: Frequência de ocorrência (%) de Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA)
encontrada em cada um dos sistemas de produção.
A pesquisa de genes de resistência ao óxido de zinco e cádmio (gene czrC),
apresentou frequência de 60,0% de granjas positivas. A identificação de estirpes MRSA
associadas ao ST398, que é a sequência tipo (ST) mais descrita em estirpes de MRSA
oriundas dos animais de produção (LA-MRSA: “livestock associated”) foi possível em
61
68,0% dos rebanhos. A frequência de animais carreando estirpes positivas para o gene
czrC e do ST398 em cada um dos sistemas de produção encontra-se representada no
gráfico 22.
Gráfico 22: Frequência (%) de animais carreando estirpes MRSA positivas para o gene czrC e do
ST398 em cada um dos sistemas de produção diferentes genes pesquisados.
A prevalência de estirpes de Staphylococcus aures sensíveis à meticilina (MSSA)
também foi pesquisada, encontrando-se 52,0% dos sistemas de produção com animais
positivos, variando de um até 29 animais positivas. O sistema K foi o único rebanho
positivo apenas para isolamento de MSSA, enquanto os sistemas N, P, Q e V foram
negativos para isolamento de S. aureus, tanto MRSA, quanto MSSA.
A pesquisa de genes de resistência para óxido de zinco e cádmio (czrC) nas
estirpes MSSA apresentou uma frequência de positividade de 0,9% e esteve presente em
8,0% dos rebanhos, enquanto a frequência de animais carreando estirpes pertencentes ao
ST398 e sensíveis a meticilina (LA-MSSA) foi de 14,8% representando 40,0% dos
rebanhos. As frequências de animais positivos nos sistemas de produção para as estirpes
62
MSSA (mecA-), MSSA-ST398 e MSSA positivas para o gene czrC encontram-se no gráfico
23.
Gráfico 23: Frequência de animais carreando estirpes de Staphylococcus aureus sensíveis à
meticilina MSSA positivas para o gene czrC e do ST398 em cada um dos sistemas de produção
diferentes genes pesquisados.
Correlação entre o uso de antimicrobianos em mg dos diferentes princípios ativos /
kg suíno produzido e a positividade para MRSA (número de amostras positivas) foi
pesquisada em cada um dos sistemas de produção apresentando-se não significativa, haja
vista a grande dispersão dos dados e o baixo coeficiente de determinação (R2=0,0195)
representado no gráfico 24.
Pesquisou-se a correlação entre positividade para MRSA e score de biossegurança
nos sistemas de produção avaliados, variando de 0 até 1200, sendo mais seguro o
sistema, quanto maior o score. Da mesma forma, não houve correlação significativa entre
estes parâmetros, com os dados apresentando-se bastante dispersos e um baixo
63
coeficiente de determinação (R2=0,0344), os quais se encontram representados no gráfico
25.
Gráfico 24: Análise estatística de correlação entre positividade para MRSA e uso de
antimicrobianos
Gráfico 25: Análise estatística de correlação entre positividade para MRSA e biossegurança
P-value: 0.50
P-value: 0.37
64
A correlação entre produtividade mensurada através dos kg suíno produzido/ matriz/
ano em cada sistema de produção e a positividade para MRSA também foi pesquisada,
não se encontrando correlação significativa entre estes parâmetros, os quais se
apresentam representados no gráfico 26.
Gráfico 26: Análise estatística de correlação entre positividade para MRSA e produtividade
O quadro seguinte apresenta um comparativo no uso de antimicrobianos, tipo de
sistema de produção e status para Mycoplasma hyopneumoniae entre as granjas positivas
e negativas para MRSA.
Quadro 6: Informações comparativas entre granjas positivas e negativas para MRSA
Característica MRSA Positivas MRSA Negativas
Unidades de Produção 20 5 Uso Antimicrobianos: mg ATB / kg (mínimo, máximo, média)
5,4-585,6 (369,8) 27,6-573,4 (312,6)
Número de Princípios Ativos 3-11 2-9
Status Mycoplasma (Neg / Pos) 04 / 16 01 / 04
UPL / CC 14 / 06 02 / 03
P-value: 0.60
65
O uso de antimicrobianos pelas granjas positivas e negativas para MRSA não
apresentou diferença estatística significativa, ao nível de significância de 5,0% (gráfico 27),
quando comparado através do teste não paramétrico U de Mann-Whitney, sendo este teste
aplicado, em função dos dados não apresentarem uma distribuição normal.
Gráfico 27: Comparação das médias de uso de antimicrobianos (mg ATB / kg suíno produzido –
Status Positivo vs. Negativo MRSA
A comparação das médias de amostras positivas para MRSA de acordo com o
sistema de produção, ou seja, granjas de sítio único (Ciclo Completo-CC) versus granjas
em 2 sítios (UPL+Terminação), com tendência deste último a diminuir a pressão de
infecção ambiental à diferentes patógenos, não apresentou diferença estatística através do
mesmo teste não paramétrico, ao nível de significância de 5,0%.
Comparando-se as amostras positivas para MRSA e sua relação com o status dos
sistemas para Mycoplasma hyopneumoniae, importante agente etiológico de enfermidades
respiratórias em suínos, também não se evidenciou diferença estatística através do mesmo
teste, ao nível de significância de 5,0%.
a a
P<0,05
66
5 DISCUSSÃO
A frequência de 80,0% de sistemas de produção positivos para animais carreadores
de MRSA pode ser considerada bastante elevada, porém é similar a estudos realizados em
países com elevada concentração de suínos, como Alemanha, com 70,0% das granjas
apresentando-se positivas (KOCH et al., 2009) e Holanda, onde 67,0% das granjas de
reprodução e 71,0% das granjas de terminação foram positivas para este agente
(BROENS et al., 2011).
Do total de 750 suabes coletados, 26,3% apresentaram positividade para MRSA-
ST398, a qual é comumente denominada “livestock associated-LA”, dada sua elevada
prevalência na população de animais de produção, mas também para diferenciar das
estirpes adquiridas em ambientes hospitalares (“healthcare acquired-HA”) e circulantes na
população sadia (“community acquired-CA”) que geralmente são classificadas em outros
grupos de sequencia tipo ou complexos clonais.
As estirpes “healthcare acquired-HA” tem sido detectadas desde a década de 1960,
apresentando cassete cromossomal Sccmec I-III, são multirresistentes à diferentes classes
de antimicrobianos, sendo bastante comuns nas infecções humanas nosocomiais, onde
fatores de risco como terapia antimicrobiana prolongada, cirurgias, tratamento em
unidades de terapia intensiva, proximidade com outros pacientes MRSA positivos tem
elevada importância na transmissão (KALLEN et al., 2010). Já as estirpes “community
acquired-CA”, as quais foram primeiramente descritas na Austrália na década de 1990,
apresentam cassete cromossomal Sccmec VI-V, podem acometer pessoas saudáveis sem
terem sido expostas a riscos associados a cuidados médicos, sendo fator de risco o
contato próximo entre humanos em centros esportivos, escolas, presídios, quartéis e
similares (GRAVELAND et al., 2011). No Brasil, estudos de dermatologia humana tem
67
sugerido a revisão da medicação empírica para lesões de pele, dada à crescente
positividade para CA-MRSA (GELATTI et al., 2009).
As estirpes LA-MRSA-ST398 são amplamente disseminadas na população suína de
alguns países europeus, tendo sido primeiramente descritas na França (LEFEVRE et al.,
2005) e confirmada a presença massiva no rebanho suíno holandês desde 2003 (VAN
LOO et al., 2007). Em levantamento realizado em 4597 granjas suínas de 26 países do
continente europeu foram detectados 14,0% dos rebanhos multiplicadores e 26,9% das
granjas comerciais positivas para LA-MRSA-ST398, sendo que alguns países
apresentaram todos rebanhos negativos, caso da Suécia enquanto outros apresentaram
aproximadamente 50,0% dos rebanhos positivos, caso da Espanha e Itália, sendo 92,5%
dos isolados de MRSA caracterizados como ST398 (EUROPEAN FOOD SAFETY
AUTHORITY, 2009).
Baixas prevalências de LA-MRSA-ST398 têm sido descritas na América do Norte,
sendo descritas apenas 11,0% das granjas e 4,6% dos suínos de 45 granjas avaliadas
positivas estas estirpes no Canadá (WEESE et al, 2011), nos Estados Unidos são
descritas 9,0% das granjas e 4,6% dos suínos carreando o agente em 45 granjas (SMITH
et al., 2013).
Na Ásia, em estudo realizado em abatedouros chineses, foi observado 27,4% de
positividade para LA-MSSA-ST398 em suabes nasais de suínos e apenas 6,4% de
positividade para estirpes MRSA, sendo estas amostras pertencentes à linhagem genética
ST-9 (YAN et al., 2014).
A elevada frequência para LA-MRSA-ST398 nos rebanhos nacionais pesquisados
pode estar relacionada a ausência de práticas preventivas frente à este agente, práticas
higiênicas deficientes, as quais foram confirmadas pelo inquérito epidemiológico sobre
biossegurança, além da ocorrência em âmbito nacional, da importação de animais para
68
reprodução, sem levar em conta o status dos mesmos como carreadores de estirpes
MRSA, condições ratificadas em diferentes pesquisas realizadas, principalmente no
continente europeu (LEONARD & MARKEY, 2008; EUROPEAN FOOD SAFETY
AUTHORITY, 2009; NATHAUS et al., 2010).
Dada a fácil disseminação das estirpes de S. aureus de um animal para outro no
mesmo ambiente após inoculação nasal com baixa dose (DOYLE et al., 2012), bem como
a transmissão aerógena, além do contato direto, a importância epidemiológica e clínica das
estirpes LA-MRSA-ST398 reside no fato das mesmas colonizarem outras espécies, como
cavalo, gado bovino, frango, animais de companhia e até mesmo o homem (SPRINGER et
al., 2009), podendo causar nesta última espécie, desde lesões leves de pele e tecidos
moles até mesmo casos letais de pneumonia necrotizante (RASIGADE et al., 2010).
Outro ponto importante a ser considerado na colonização das estirpes LA-MRSA-
ST398 em humanos é o elevado risco ocupacional de pessoas expostas à animais de
produção, principalmente suínos e bovinos, sendo este risco 12,2-19,7 vezes maior,
quando comparado à outras categorias de trabalhadores (VAN LOO et al., 2007), 6,0
vezes maior em semelhante trabalho norte-americano (WARDYN et al., 2015) e 7,4 vezes
maior conforme trabalho realizado na China com estirpes LA-MRSA-ST9 (YE et al., 2016).
Paralelo à esta situação, tem-se identificado baixa transmissibilidade das estirpes
ST-398 para familiares e pessoas de contato próximo com trabalhadores sofrendo risco
ocupacional, alcançando 4,0-9,0% na Alemanha (CUNY et al., 2013), bem como baixa
persistência na colonização. Com relação a este último aspecto, estudo realizado nos
Estados Unidos da América com estudantes visitando granjas suínas com positividade de
30,0% para a estirpe em questão, revelou 22,0% dos estudantes positivos após visitarem
os sistemas de produção, porém 100,0% apresentaram-se negativos para a mesma
estirpe, 24 horas após a visita (FRANA et al., 2013).
69
Infecções por LA-MRSA-ST398 têm sido descritas na Holanda nos últimos anos,
mesmo em pessoas sem contato prévio com animais de produção, revelando a presença
de reservatórios fora dos sistemas de produção animal, bem como a ocorrência de um ou
mais subtipos desta estirpe circulando na população humana (VAN DER MEE-MARQUET
et al., 2011).
A pesquisa do gene czrC nas estirpes de S. aureus isoladas, revelou uma
frequência de 60,0% dos sistemas de produção com animais carreando este gene em
associação as estirpes MRSA e apenas 8% (2/25) apresentavam animais carreando
estirpes MSSA positivas para este gene. O gene czrC está associado a resistência a
metais como zinco e cadmio e a alta frequência do mesmo pode estar relacionada ao
elevado uso de óxido de zinco nas dietas dos animais. Considerando-se a frequência de
animais positivos para MRSA/ czrC+ foi observado 16% (120/750), o que representa 46%
dos animais positivos para MRSA (120/260). Já os animais carreando estirpes MSSA/
czrC+ foi bem inferior, representando 0,9% do total (7/750) e 5,9% dos animais
carreadores de MSSA (7/118). Nair et al, (2014) em estudo avaliando estirpes de S. aureus
proveniente de suínos e seres humanos observaram uma relação semelhante entre a
presença do gene czrC e a positividade para o gene mecA (MRSA). Os referidos autores
descrevem 50% das estirpes MRSA positivas para o gene czrC e apenas 6,6% das
estirpes MSSA positivas para o mesmo gene. O gene czrC tem sido descrito com
localização no cassete cromossomal (SSC)mec próximo ao gene mecA em estirpes do
complexo clonal 398 (LA-MRSA).
No presente estudo não foi realizado um levantamento detalhado na quantidade de
oxido de zinco utilizada, no entanto, é sabido que todos os sistemas avaliados utilizam este
aditivo, principalmente no período pós-desmame, como medida auxiliar no controle do
70
desafio entérico, em níveis superiores à 2000 ppm, sendo este um importante fator de risco
na seleção de estirpes positivas para este gene (SLIFIERZ et al., 2015).
O presente trabalho revelou também uma prevalência média de 52,0% dos sistemas
de produção apresentando estirpes de Staphylococcus aureus sensíveis à meticilina
(MSSA), 40,0% apresentando estirpes LA-MSSA-ST398, ou seja, de origem animal e
apenas 8,0% apresentando estirpes MSSA-czrC+. A importância da colonização por
estirpes LA-MSSA-ST398 reside no fato das estirpes LA-MRSA-ST398 facilmente
transmitirem genes de resistência entre si, bem como entre outras espécies de
Staphylococcus (ROBINSON & ELRIGHT, 2004). Há uma situação de risco eminente no
sistema de produção K, o qual apresentou elevada prevalência de estirpes LA-MSSA-
ST398, sendo negativo para estirpes LA-MRSA-ST398, bem como dos sistemas E, G, J e
X, os quais apresentaram alta prevalência de estirpes LA-MSSA-ST398 e baixa
prevalência de estirpes LA-MRSA-ST398.
A pesquisa de correlação entre uso de antimicrobiano nas granjas, mensurado em
mg dos diferentes princípios ativos antimicrobianos / kg suíno produzido, e positividade
para estirpes MRSA não foi estatisticamente significativa, com as granjas MRSA positivas
apresentando em média 369,8 mg e as negativas 312,6 mg. Situação semelhante foi
evidenciada em diferentes experimentos, entre os quais rebanhos livres do uso de
antimicrobianos no Canadá apresentaram elevada prevalência para MRSA (WESSE et al.,
2011), enquanto granjas convencionais americanas com elevado uso de antimicrobianos
em sua rotina apresentaram baixa prevalência das mesmas estirpes (SMITH et al., 2013).
Apesar da ausência de correlação direta, os casos de sucesso de programas de
controle das infecções por MRSA adotado por hospitais europeus e asiáticos, nos quais o
uso prudente e restritivo de antimicrobianos, entre outras medidas, foi eficiente em reduzir
a pressão de seleção sobre estirpes MRSA, reduzindo consequentemente os casos de
71
infecção por este agente, devem também ser considerados na produção animal (VAN
KNIPPENBERG-GORDEBEHE G., 2010; TATOKORO et al., 2013), principalmente se
considerarmos resultados de estudos de sequenciamento genômico realizados para
investigar evolução das estirpes ST398, os quais revelaram provável ancestral de origem
humana, além de revelar ocorrência de eventos múltiplos e independentes na aquisição de
resistência (Sccmec), implicando a pressão seletiva do uso de antimicrobianos na
produção animal como importante fator para o desenvolvimento da resistência às
diferentes classes de antimicrobianos, muitas delas amplamente utilizadas na produção
animal, como tetraciclinas, macrolídeos, lincosamidas, aminoglicosídeos e pleuromutillinas
(KADLEC et al., 2009; PRICE et al., 2012).
Levantamento econômico do programa de controle de infecção por MRSA adotado
há mais de 20 anos nos hospitais holandeses, no qual além do uso racional de
antimicrobianos, adota-se programa severo de limpeza e desinfecção e política “search
and destroy”, onde todos os funcionários e pacientes são testados para MRSA, isolados e
tratados caso sejam positivos, promoveu economia anual de mais de 200.000 euros em
um hospital, além da redução dos casos de morte (VAN RIJEN & KLUYTMANS, 2009).
A pesquisa de correlação entre positividade para MRSA e nível de biossegurança,
mensurado através de score variando de 0-1200, onde a granja apresenta maior proteção,
quanto maior o score, não foi estatisticamente significativa, apresentando baixo coeficiente
de correlação e determinação, o que é justificado pela ausência de qualquer controle na
detecção e introdução de animais positivos ou não para MRSA nos sistemas de produção.
O esforço sueco de manutenção dos rebanhos livres de MRSA através de limitações
das importações de animais, quarentena para material genético importado, sejam animais,
embriões ou sêmen, teste laboratorial para MRSA, sendo teste pareado durante a
quarentena com eliminação dos positivos, além de suabe das baias e adoção restrita do
72
sistema “todos-dentro/todos-fora” nas terminações promove benefícios sociais e
econômicos, considerando o caráter ocupacional desta enfermidade e sua importância em
saúde pública (HÖJGARD et al., 2015).
Estratégias para proteger pessoas da exposição ocupacional aos suínos MRSA
positivos, como intensificação da higiene das mãos, banho antes e após contato com os
animais, troca de roupa, tratamento das feridas e machucaduras, limpeza e desinfecção da
área de banho e alimentação, entre outras ações de biossegurança foram estudadas e os
resultados apresentaram-se inconclusivos em pequeno estudo realizado nos EUA, mas
provavelmente efetivas, de acordo com os autores, se utilizadas corretamente em
experimentação de larga escala (LARSON et al., 2012).
A ausência de correlação encontrada entre positividade para estirpes MRSA e
produtividade mensurada em kg suíno produzido/ matriz/ ano se justifica pelo fato deste
agente ser carreado por animais saudáveis, muitos deles em idade de abate, sem causar
interferência negativa em parâmetros produtivos (YAN et al., 2014; MORCILLO et al.,
2015), porém não se pode desconsiderar as evidências do envolvimento das estirpes LA-
MRSA-ST398 em lesões de diferentes tecidos suínos, como pele, articulações, pulmões,
sistema nervoso, atuando muitas vezes como agente primário (MEEMKEN et al., 2009),
bem como a possível contaminação de alimentos de origem animal por animais
carreadores de estirpes MRSA no frigorífico (NORMANNO et al., 2015).
O presente trabalho não evidenciou diferenças estatisticamente significativas na
prevalência de estirpes MRSA de acordo com o sistema de produção, seja em sítio único
(Ciclo Completo), seja em 2 sítios, (UPL+Terminação), o que é justificado pela transmissão
do agente das matrizes para suas respectivas leitegadas no período de amamentação,
bem como entre leitões após o desmame (WEESE et al., 2011).
73
6 CONCLUSÕES
A elevada frequência (80,0%) de sistemas de produção pesquisados positivos para
animais carreadores de Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA), sendo
68,0% dos rebanhos de positivo para estirpes de origem animal LA-MRSA-ST398 e 60,0%
positivo para estirpes LA-MRSA-ST398 czrC+ é significativa e relevante para toda cadeia
produtiva suinícola nacional.
Apesar da falta de correlação da positividade das estirpes MRSA com parâmetros
como uso de antimicrobianos nas granjas, nível de biossegurança e produtividade, dada
sua importância em saúde pública e seu caráter ocupacional, faz-se interessante promover
o uso racional de antimicrobianos na produção animal, implementar e revisar programas de
biossegurança, considerando a pesquisa deste agente na quarentena de material genético
para reprodução, importado ou não, bem como intensificar o monitoramento e pesquisa
deste agente, visando identificar variações nas estirpes LA-MRSA circulantes e
emergência de novos clones.
74
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85
ANEXOS
86
Quadro 7- Formulário utilizado na coleta de dados sobre programas de medicação e vacinação.
Propriedade Programa Vacinal
Plantel (n⁰ matrizes)
Produtividade (kg produzidos / matriz / ano)
Uso de Antibióticos na Maternidade Idade Peso médio
Princípio Ativo
Dose (mg/kg)
Dose Diária
Dose Total
Classificação da Dose
Via de admin.
Finalidade Dias de exposição
Maternidade / Gestação
Leitões Leitões
Total (leitões)
Matrizes Matrizes
Total (matrizes)
Uso de Antibióticos na Creche
Idade Peso médio
Princípio Ativo
Dose (mg/kg)
Dose Diária
Dose Total
Classificação da Dose
Via de admin.
Finalidade Dias de exposição
Creche
Leitões
Total (leitões)
Uso de Antibióticos na Terminação
Idade Peso médio
Princípio Ativo
Dose (mg/kg)
Dose Diária
Dose Total
Classificação da Dose
Via de admin.
Finalidade Dias de exposição
Terminação
Leitões
Total (leitões)
Dados resultantes
Quantidade de princípios ativos
Total (dias de vida exposto à antimicrobianos)
Idade e peso médio de abate / GPD (kg) - média 3 m.
Quantidade de antimicrobiano consumida / animal (mg)
mg antimicrobiano / kg de suíno produzido
87
Quadro 8- Formulário utilizado na coleta de dados sobre programas de biosseguridade e características de manejo do rebanho.
ASPECTO ADEQUADO PRECISA AJUSTES INADEQUADA COMENTÁRIO
EDUCAÇÃO 10 5 0
Presença de Programa de Bioseguridade
Presença de POP relacionado à Biossegurança
Realiza Auditoria do Programa de Biossegurança (frequência)
Treinamento dos empregados
CARACTERÍSTICAS DA PROPRIEDADE E LOCALIZAÇÃO
Proximidade de outra granja (< 3,0 km de distância)
Status sanitário das granjas mais próximas
Proximidade de abatedouro (< 3,0 km de distância)
Densidade de suínos (< 1000 animais; 1001-5000; >5000 animais)
Tráfego local (leve / médio / pesado)
Presença de outros animais ao redor da granja (criação, selvagem)
Presença de outros animais dentro da propriedade (cães, gatos)
Presença de "Cinturão Verde"
Presença e manutenção de cercas
Presença de placas de biossegurança
Política de entrada na propriedade (controle dos portões de entrada)
EMPREGADOS E VISITANTES
Livro de Visitas
Política de vazio sanitário (funcionários e visitantes)
Empregados autorizados à criar próprios animais
Política de banho para entrar e sair da granja
Limpeza e manutenção da área de banho
Áreas "limpa" e "suja" bem definidas
88
Sistema Dinamarquês (sem banho, mas com troca de roupa, botas e limpeza das mãos)
Equipamentos / Utensílios pessoais são permitidos adentrar à granja
Roupas e botas são providenciadas
Carne suína de origem externa autorizada à entrar na granja
Contato ou contaminação cruzada entre motoristas e funcionários da granja durante carregamentos
ISOLAMENTO / QUARENTENA
Distância da Quarentena até os barracões da granja (>500 m)
Período de Quarentena (>28-30 dias)
Política de banho para entrar e sair da quarentena
Movimento de pessoas
Transporte dos animais (veículos dedicados)
Procedimentos de testes realizados nos animais
Testes sorológicos (ELISA)
Realização de PCR
Status de saúde dos animais de reposição
Origem dos animais de reposição (mais de uma origem)
Frequência da chegada dos animais de reposição à quarentena
Animais transportados em veículos dedicados
EQUIPAMENTOS / SUPLEMENTOS
Câmera de Desinfecção ou luz UV presente
Câmera de Desinfecção ou luz UV utilizada apropriadamente
Equipamentos / Suplementos compartilhados entre granjas
Frequência de entrega de suplementos
Entrega de suplementos segue status sanitário da pirâmide
Suplementos entregues em veículos dedicados
CONTROLE DE PRAGAS
Controle de Roedores
Porta-iscas presente à cada 15-20 metros
Porta-iscas utilizados apropriadamente
89
Registro da reposição de iscas
Controle de insetos
Controle de pássaros (presença de telas nos barracões)
Silos mantidos com as tampas fechadas
Restos de ração limpos adequadamente
Manutenção da área ao redor dos barracões
Presença de água parada ao redor dos barracões
SEMEN
Produzido na mesma propriedade
Recebido de outra propriedade
Sêmen entregue pela técnica de duplo empacotamento
Frequência monitoria sanitária (quais enfermidades?)
ÁGUA
Fonte de água (poço, captação de ribeirão,...)
Armazenamento de água
Tratamento da água (uso de cloro, filtros,...)
Frequência de limpeza do sistema
Frequência da análise de água
AR
Granja utiliza filtros de ar (manejo dos filtros)
TRANSPORTE DE ANIMAIS
Motoristas recebem treinamento sobre biossegurança
Motoristas utilizam jaleco, botas e luvas limpas em cada transporte
Motoristas são permitidos criarem seus próprios animais (suínos)
Veículos têm sido limpos, lavados, desinfetados e secos apropriadamente
Utiliza detergente (produto, diluição,...)
Utiliza desinfetante (produto, diluição,...)
Veículos seguem política de vazio sanitário
Transporte respeita status sanitário dos sítios
90
Registro dos transportes (rastreabilidade)
Coleta de suabe dos caminhões para avaliar processo de limpeza
Linhas de separação são respeitadas na área de carregamento
Áreas de carregamento são limpas e desinfetadas antes e após cada utilização
TRANSPORTE INTERNO (LEITOAS, ANIMAIS MORTOS)
Motoristas recebem treinamento sobre biossegurança
Registro dos transportes (rastreabilidade)
Veículos têm sido limpos, lavados, desinfetados e secos apropriadamente.
Conservação, armazenamento dos veículos.
TRANSPORTE DE RAÇÃO
Motoristas recebem treinamento sobre biossegurança
Motoristas são permitidos criarem seus próprios animais (suínos)
Entrega pelo lado de fora da cerca
Motorista utiliza botas plásticas
Aceita entrega de ração em sacos
Veículos dedicados
Veículos seguem política de vazio sanitário
Transporte respeita status sanitário dos sítios
Registro dos transportes (rastreabilidade)
Procedimento de limpeza e desinfecção
MANEJOS GERAIS
Limpeza e desinfecção de equipamentos utilizados no processamento dos leitões
Lava mãos entre leitegadas
Desinfecção de botas entre salas
Procedimento de limpeza e desinfecção – Maternidade
Procedimento de limpeza e desinfecção - Creche e Terminação
Respeita vazio sanitário entre lotes
Adota sistema "todos dentro-todos fora"
Frequência de troca de agulhas durante vacinação do rebanho
91
Frequência de troca de agulhas durante medicação do rebanho
Frequência de troca de agulhas durante vacinação dos leitões
Frequência de troca de agulhas durante medicação dos leitões
Programa de vacinação
Controle de qualidade das vacinas
Armazenamento de produtos veterinários
Uso de medicamentos veterinários
Manutenção dos silos
Leitor de eletricidade (fora da cerca)
MANEJO DE ANIMAIS MORTOS
Frequência de retirada
Barracões possuem áreas específicas para remoção dos animais mortos e as áreas são devidamente limpas e desinfetadas
Equipamentos, utensílios, roupas utilizadas para remoção dos animais mortos retornam para sala
Equipamentos limpos e desinfetados à cada remoção de animais mortos
Empregados não entram na granja após recolher animais mortos
Sistema de descarte propriamente utilizado (compostagem / incineração…)
RETIRADA DE LIXO
Frequência
Localização da caçamba de lixo
MANEJO DE DEJETOS
Pessoa responsável recebe treinamento sobre biossegurança
Sistema utilizado apropriadamente
Fluxo da descarga
Presença de erosão
Distribuição dos dejetos (campo ou outro sistema)
TOTAL 0 0 0 0
92
Quadro 9 – Frequência de animais carreadores de estirpes positivas ou negativas para mecA, pertencentes ao ST398 e positivas para o gene czrC nos
diferentes sistemas de produção.
Granja +
MecA N % MecA N MecA/Czr N % MecA/ST398 N % MecA- N% MecA-
/Czr+N
% MecA-
/ST398+N
A DF 1 25 83,3 6 20 15 50 3 10 0 0 3 10 30
B PR 1 4 13,3 2 6,6 0 0 1 3,3 0 0 0 0 30
C MG 1 10 33,3 0 0 0 0 1 3,3 0 0 0 0 30
D MT 1 7 23,3 0 0 7 23,3 0 0 0 0 0 0 30
E RS 1 1 3,3 0 0 1 3,3 19 63,3 1 3,3 19 63,3 30
F GO 1 19 63,3 8 26,6 12 40 0 0 0 0 0 0 30
G SC 1 4 13,3 3 10 4 13,3 12 40 0 0 12 40 30
H ES 1 18 60 5 16,6 0 0 3 10 0 0 0 0 30
I SP 1 14 46,6 11 36,6 14 46,6 8 26,6 0 0 8 26,6 30
J MG 1 6 20 0 0 6 20 18 60 0 0 18 60 30
K SP 0 0 0 0 0 0 0 29 96,6 0 0 29 96,6 30
L SP 1 10 33,3 10 33,3 10 33,3 0 0 0 0 0 0 30
M DF 1 27 90 27 90 27 90 0 0 0 0 0 0 30
N RS 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 30
O SC 1 2 6,6 2 6,6 2 6,6 4 13,3 0 0 2 6,6 30
P MG 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 30
Q MG 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 30
R PR 1 2 6,6 0 0 2 6,6 0 0 0 0 0 0 30
S SP 1 1 3,3 1 3,3 1 3,3 0 0 0 0 0 0 30
T RS 1 26 86,6 16 53,3 18 60 0 0 0 0 0 0 30
U MG 1 26 86,6 15 50 26 86,6 2 6,6 0 0 2 6,6 30
V PR 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 30
W PR 1 22 73,3 3 10 22 73,3 0 0 0 0 0 0 30
X PR 1 8 26,6 6 20 8 26,6 17 56,6 6 20 17 56,6 30
Y MG 1 28 93,3 5 16,6 21 70 1 3,3 0 0 1 3,3 30
Estado
Animais
S. aureus MecA+
Animais
S. aureus MecA+/Czr+Granja
Animais
S. aureus MecA-
/ST398+
Total S. aureus MecA+/ST398+
Animais
S. aureus MecA-
Animais
S. aureus MecA-
/Czr+
Animais
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