mamede-jefferson alessandro galdino
Post on 20-Feb-2018
229 Views
Preview:
TRANSCRIPT
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
1/141
1
UNIVERSIDADE DE TAUBAT
Jefferson Alessandro Galdino Mamede
ANLISE DO DESENVOLVIMENTO DO CONE LESTEPAULISTA DESDE A CRIAO DO CODIVAP:impactos observados e necessidades futuras
Dissertao apresentada para obteno doTtulo de Mestre em Gesto e DesenvolvimentoRegional. rea de concentrao: Planejamentoe Desenvolvimento Regional. Departamento deEconomia, Contabilidade e Administrao daUniversidade de Taubat.Orientador: Prof. Dr. Nelson Wellausen Dias
Taubat SP
2008
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
2/141
2
JEFFERSON ALESSANDRO GALDINO MAMEDE
ANLISE DO DESENVOLVIMENTO DO CONE LESTE PAULISTA DESDE ACRIAO DO CODIVAP: impactos observados e necessidades futuras
Dissertao apresentada para obteno doTtulo de Mestre em Gesto e DesenvolvimentoRegional. rea de concentrao: Planejamentoe Desenvolvimento Regional. Departamento deEconomia, Contabilidade e Administrao daUniversidade de Taubat.Orientador: Prof. Dr. Nelson Wellausen Dias
Data: 03 de maro de 2008
Resultado: ______________
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Nelson Wellausen Dias Universidade de Taubat
Assinatura __________________________________
Prof. Dr. Fbio Ricci Universidade de Taubat
Assinatura __________________________________
Prof. Dr.Jos Eduardo Marques Mauro Universidade de So Paulo
Assinatura __________________________________
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
3/141
3
Dedico este trabalho ao meu amado pai, por seu exemplo de vida que influenciou o
meu esforo e fomentou as minhas crenas, minha amada me por todo o esforo
envidado na incessante busca de meu sucesso, por sua dedicao e acima de tudo
por seu amor demonstrado em cada gesto seu, s minhas irms as quais eu tanto
amo, e minha esposa que se tornou parte de minha vida, cooperadora e
participante em minhas conquistas.
A DEUS A HONRA, A GLRIA E O LOUVOR PARA SEMPRE AMM!
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
4/141
4
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Dr. Nelson Wellausen Dias, por sua dedicao e pacincia durante a
orientao desta pesquisa;
Ao professor Fbio Ricci, por sua colaborao;
Aos professores do Departamento de Economia, Contabilidade e Administrao da
Universidade de Taubat.
Ao amigo Dr. Vantoil de Souza Junior, por sua contribuio e apoio;
Ao Evangelista Jos Geraldo, sua esposa Sueli e familiares por toda assistncia,
amor e acolhida;
Aos amigos Ismael Frango Pereira e Terezinha Gomes dos Santos pelo apoio
incondicional e contribuies acadmicas;
Aos companheiros, mestrandos MGDR / 2006 2008
SraMarli e funcionrios do Programa de Ps Graduao da Unitau e
A todos que direta ou indiretamente contriburam de alguma forma para elaborao
desta pesquisa.
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
5/141
5
"O cidado no mora na Unio, no morano estado, mora no municpio",costumava dizer o governador paulistaFranco Montoro.
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
6/141
6
RESUMO
Este estudo analisa o processo de regionalizao ao longo do tempo e seus efeitos
no Estado de So Paulo, especificamente aps a dcada de 1960, e investiga o
desenvolvimento da Regio Administrativa de So Jos dos Campos. Ainda
apresenta uma anlise da atuao do Consrcio de Desenvolvimento Integrado do
Vale do Paraba (CODIVAP), desde sua criao, na promoo de aes que
efetivamente conduzam ao desenvolvimento dos Municpios do Cone Leste Paulista.
Abordam-se conceitos e legislaes pertinentes ao consrcio pblico municipal
como base contextual para apresentao dos resultados alcanados pelo CODIVAP,bem como sua contribuio para o desenvolvimento dos municpios consorciados.
Ainda apresenta um breve histrico do Consrcio do ABC, e sua evoluo estrutural,
para fins de reflexo. O estudo inclui pesquisa bibliogrfica, coleta de dados
estatsticos e outras fontes de dados, que constituem a base de informaes
necessrias s comparaes a que se prope. Os resultados indicam a existncia
de desigualdades socioeconmicas entre as microrregies e sugere os consrcios
como instrumento de materializao das aes planejadas para regio. A partir
deste estudo recomenda-se que sejam adotadas medidas de adequao da
estrutura do CODIVAP, tais como a insero de atores sociais e definio de seus
papeis no desenvolvimento regional e na minimizao das desigualdades entre os
municpios do Cone Leste Paulista. Recomenda-se ainda que seja considerada a
escala microrregional e suas peculiaridades para elaborao do planejamento
regional.
Palavras-chave: CODIVAP; consrcio intermunicipal; desenvolvimento e
desigualdades regionais.
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
7/141
7
ABSTRACT
This study analyzes the regionalization process over time and its effects in the State
of So Paulo, especially during the 1960s. It investigates the development of the
Administrative Region of So Jos dos Campos. And also presents an analysis of
the Integrated Development Consortium of Paraiba Valley (CODIVAP) initiatives,
since its creation, and their effects in promoting the development of all municipalities
located in the Cone Leste Paulista (So Paulos Eastern Cone Region). It covers
concepts and legislation associated with municipal public consortium to allow the
analysis of the results obtained by CODIVAP, as well as the contributions to the
development of its municipal members. A brief description of ABC Consortium and its
evolutions is presented for comparison reasons. This study includes literature review,
statistical data and other types of data that, together, formed an information database
that permitted developing the necessary analysis. Results indicate the existence of
unequal development patterns among the micro regions and suggest that consortia
could be a good instrument for implementing planned interventions in the region. It s
recommended the adoption of structural changes at CODIVAP such as, the increase
of social representative institutions participation and the re-definition of its goals for
promoting regional development and minimizing the unequal patterns of development
in the Cone Leste Paulista. It is also recommended the micro regional scale as an
ideal scope for diagnostic purposes and the development of regional planningactivities.
Keywords: CODIVAP; inter-municipal consortium; unequal regional development.
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
8/141
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Caracterizao Demogrfica dosMunicpios Brasileiros ............................................................ 33
Figura 2 - Composio da Estrutura Orgnica do CODIVAP ................ 50
Figura 3 - Evoluo do IDH nos estados brasileirode 1970 a 1991....................................................................... 62
Figura 4 - Mapa brasileiro conforme ndice de DesenvolvimentoHumano IDH .......................................................................
62
Figura 5 - Mapa representativo do indicador deescolaridade no ndice de DesenvolvimentoEconmico IDH 2000........................................................ 69
Figura 6 - Mapa representativo do indicador de Longevidadeno ndice de DesenvolvimentoEconmico IDH 2000........................................................ 69
Figura 7 - Mapa representativo do indicador de renda percapita no ndice de DesenvolvimentoEconmico IDH 2000 ....................................................... 70
Figura 8 - Mapa da Regio Administrativa deSo Jos dos Campos .......................................................... 71
Figura 9 - Diviso da RA So Jos dos Camposem Microrregies .................................................................. 74
Figura 10 - Diviso da RA So Jos dos Campos emMicrorregies por faixa de IDH em 1970................................ 76
Figura 11 - Diviso da RA So Jos dos Campos em Microrregiespor faixa de IDH em 1980....................................................... 77
Figura 12 - Diviso da RA So Jos dos Campos em Microrregiespor faixa de IDH em 1991 ..................................................... 78
Figura 13 - Diviso da RA So Jos dos Campos em Microrregiespor faixa de IDH em 2000 ...................................................... 79
Figura 14 - Mapa das Microrregies do Vale do Paraba ........................ 95
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
9/141
9
Figura 15 - Distribuio da Populao, Segundo Faixas Etrias RA de so Jos dos Campos ............................................... 97
Figura 16 - Participao percentual dos Setores Econmicono Valor Adicionado 2004 .................................................. 98
Figura 17 - Grfico dos indicadores do IDH na regiodo Vale do Paraba entre 1970 e 2000................................... 103
Figura 18 - Grfico do ndice de DesenvolvimentoHumano nas Microrregies do Vale do Paraba Paulista....... 106
Figura 19 - Grfico do ndice de Desenvolvimento Humanodo Cone Leste Paulista por Microrregiesentre as dcadas de 1970 e 2000 ........................................ 107
Figura 20 - Crescimento populacional da Regio por
Microrregies ......................................................................... 108Figura 21 - Distribuio Populacional nas Microrregies
Ano 2000..................................... .......................................... 109
Figura 22 - Demonstrativo do percentual mdio dos responsveispor domiclio sem renda por municpios nasmicrorregies no ano de 2000................................................ 114
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
10/141
10
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Municpios do Cone Leste Paulista que
compem o CODIVAP........................................................... 48
Quadro 2 - Os Municpios na viso dos atores sociais............................ 89
Quadro 3 - Dados scio-econmicos de municpios doVale do Paraba Paulista....................................................... 91
Quadro 4 - Comparativo entre os ndices de DesenvolvimentoHumano da Regio Administrativa de SoJos dos Campos, estado de So Paulo e do Brasil ........... 102
Quadro 5 - Nmero de municpios participantes deConsrcios por rea de atuao............................................ 121
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
11/141
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Srie histrica de IDH no Brasil.............................................. 60
Tabela 2 - Srie histrica do IDH nos estados brasileiros de1970 a 2000 ........................................................................... 61
Tabela 3 - Ranking dos Estados brasileiros segundo ndice deDesenvolvimento Humano IDH 2000( BRASIL 0,766) .................................................................. 64
Tabela 4 - Ranking dos Estados brasileiros segundo ndice deDesenvolvimento Humano IDH 1991( BRASIL 0,742) .................................................................. 65
Tabela 5 - Ranking dos Estados brasileiros segundo ndice de
Desenvolvimento Humano IDH 1980(BRASIL 0,685) ................................................................... 66
Tabela 6 Ranking dos Estados brasileiros segundo ndice deDesenvolvimento Humano IDH 1970(BRASIL 0,462) .................................................................. 67
Tabela 7 - Srie histrica de IDH no Estado de So Paulo .................... 68
Tabela 8 - Srie histrica de IDH na Regio Administrativa de SoJos dos Campos SP .......................................................... 71
Tabela 9 - Srie histrica de IDH na Regio Administrativa de SoJos dos Campos SP .......................................................... 75
Tabela 10 Srie histrica do IDH entre os municpios que compema microrregio de So Jos dos Campos ........................ 80
Tabela 11 - Srie histrica do IDH entre os municpios quecompem a microrregio de Caraguatatuba ......................... 81
Tabela 12 - Srie histrica do IDH entre os municpios quecompem a microrregio de Guaratinguet ........................... 82
Tabela 13 - Srie histrica do IDH entre os municpios quecompem a microrregio de Campos do Jordo .................. 83
Tabela 14 - Srie histrica do IDH entre os municpios quecompem a microrregio de Bananal .................................... 84
Tabela 15 - Srie histrica do IDH entre os municpiosQue compem a microrregio deParaibuna/Paraitinga .............................................................. 85
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
12/141
12
Tabela 16 - Srie do IDH nas Microrregies doVale do Paraba Paulista ........................................................ 94
Tabela 17 - Indicadores scio econmicos na regio emicrorregies. ......................................................................... 112
Tabela 18 - Percentual de analfabetos com mais de 15 anosentre os anos de 1970 e 2000 ............................................... 115
Tabela 19 - Percentual de analfabetos com mais de 25 anosentre os anos de 1991 e 2000 ............................................... 115
Tabela 20 - Mdia de anos de estudo da populao naregio e microrregies ........................................................... 116
Tabela 21 - ndice de sucesso das microrregies ..................................... 117
Tabela 22 -
Variao interna nas microrregies dos
ndices de sucessos .............................................................. 118
Tabela 23 - Demonstrativo das formas de parceria adotadas eo nmero de municpios participantes no estadode So Paulo........................................................................... 120
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
13/141
13
SUMRIO
1 INTRODUO ................................................................................. 151.1 PROBLEMA ................................................................................ 17
1.2 OBJETIVOS ................................................................................ 181.2.1 Objetivo Geral ................................................................. 181.2.2 Objetivos Especficos .................................................... 18
1.3 DELIMITAO E RELEVNCIA DO ESTUDO .......................... 191.4 ORGANIZAO DO TRABALHO .............................................. 20
2 REVISO DA LITERATURA ........................................................... 222.1 DESENVOLVIMENTO ............................................................... 22
2.1.1 Desenvolvimento Regional ............................................ 242.2 REGIONALIZAO .................................................................... 26
2.2.1 Economia e Desenvolvimento Regional ....................... 292.3 O PLANEJAMENTO E O DESENVOLVIMENTO REGIONAL ... 31
2.3.1 Caracterizao dos Municpios Brasileiros ................. 332.3.2 Os Consrcios Intermunicipais ..................................... 34
2.3.2.1 As Formas Jurdicas e a Legalidade do Modelo ......... 352.3.2.2 A Lei 11.107 de 2005......................................... ......... 39
2.4 O CAMINHO DA REGIONALIZAO E O CONE LESTEPAULISTA..........................................................................................
42
2.5 O CODIVAP ................................................................................ 462.5.1 O estatuto do CODIVAP .................................................. 48
2.6 O CONSRCIO DO ABC ........................................................... 50
3 MTODO .................................................................................... 53
4 RESULTADOS E DISCUSSO........................................................ 594.1 NDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO IDH ................. 59
4.1.1 IDH no Brasil ................................................................... 604.1.2 Srie Histrica de IDH no Estado ................................. 614.1.3 A Regio Administrativa de So Jos dos Campos..... 704.1.4 As Microrregies do Cone Leste Paulista..................... 724.1.5 A Composio das Microrregies do Cone
Leste Paulista .................................................................. 794.2 AVALIAO DOS ATORES SOCIAIS SOBRE OSMUNICPIOS DA REGIO............ .................................................... 864.3 O CODIVAP E AS DESIGUALDADES DO
DESENVOLVIMENTO NO CONE LESTE PAULISTA ..................... 904.4 ASPECTOS DA REGIONALIZAO DO ESTADO ................... 924.5 O DESENVOLVIMENTO DO CONE LESTE PAULISTA ............ 96
4.5.1 Aspectos Populacionais ................................................ 964.5.2 Aspectos Econmicos ................................................... 974.5.3 Longevidade .................................................................... 994.5.4 Educao ......................................................................... 1004.5.5 O IDH ................................................................................ 101
4.6 AS MICRORREGIES E AS DESIGUALDADES DODESENVOLVIMENTO DA REGIO .................................... ............ 104
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
14/141
14
4.6.1 Aspectos Territoriais e Populacionais ....................... 1084.6.2 Indicadores do Sucesso do Desenvolvimento das
Microrregies ................................................................. 1104.7 OS CONSRCIOS ........................................................ ............ 120
4.7.1 O CODIVAP e a Cooperao entre os
Consorciados .................................................................. 1224.7.2 A Eficincia do CODIVAP................................................ 1244.7.3 A Participao dos Atores Sociais nos
Consrcios Pblicos.......................................................4.7.4 A Estrutura do CODIVAP.................................................
125127
5 CONSIDERAES FINAIS .............................................................. 129
REFERNCIAS.................................................................................. 135
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
15/141
15
1 INTRODUO
O crescimento populacional e o aumento das reas urbanas, resultado do
desenvolvimento industrial do pas ocorrido a partir da dcada de 1950, geraram
uma imensa demanda de servios nos municpios do Cone Leste Paulista. A essa
demanda, no correspondeu o crescimento da capacidade dos municpios de
solucionarem, isoladamente, os problemas pelos quais passavam a populao na
busca de desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida.
Os municpios que compem o Cone Leste Paulista tm passado por um
processo de desenvolvimento desigual. Esta desigualdade tem gerado problemas
sociais relevantes para quase todos os municpios. Problemas estes relacionados
com a migrao intra-regional, o empobrecimento da rea rural, a especulao
imobiliria, a insuficincia dos recursos pblicos, a falta de capacidade de gerar
receita, entre outros que exigem do planejador a tomada de decises por meio de
instrumentos que sejam capazes de fomentar o desenvolvimento sustentvel dos
municpios.
Previa-se, desde a dcada de 1970, que o Vale do Paraba, por estar no
maior corredor industrial do pas, cortado pela via Dutra e pelo rio Paraba do Sul,
tornar-se-ia uma megalpole, que exigiria solues comuns para seus problemas
devido a um processo de conurbao previsto naquela poca.
A criao do Consrcio Integrado do Vale do Paraba (CODIVAP),visou a coordenao dos esforos municipais, estaduais, federais eprivados na Regio do Vale do Paraba Paulista, no sentido depromover seu pleno desenvolvimento. (CODIVAP, 1971).
Pautado por esta afirmao, a qual d sentido a existncia do Consrcio de
Desenvolvimento Integrado do Vale do Paraba Paulista CODIVAP, este estudo
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
16/141
16
busca caracterizar o desenvolvimento visado pelo CODIVAP. Assim, esta pesquisa
parte de uma explorao histrica e conceitual sobre o desenvolvimento dos
municpios do Vale do Paraba Paulista, Serra da Mantiqueira e Litoral Norte que,
conjuntamente, formam o Cone Leste Paulista.
Fundado no dia 10 de outubro de 1970, em Campos do Jordo, no Grande
Hotel, o Consrcio de Desenvolvimento Integrado do Vale do Paraba (CODIVAP)
foi, quanto ao modelo de governana regional, pioneiro no Brasil e serviu de
paradigma para o surgimento de outros consrcios que se formaram pelo pas.
Durante sua histria, a atuao do CODIVAP tem-se caracterizado como um
instrumento facilitador para tornar os municpios mais prximos politicamente, por
meio da participao de seus representantes em reunies mensais com discusses
sobre temas relacionados aos problemas por eles identificados na regio.
Analisando-se os indicadores de desenvolvimento scio-econmico do Cone
Leste Paulista, pode-se observar a existncia de desigualdades crescentes entre os
municpios, o que, por si s, justifica a realizao de um estudo sobre o desempenhodo CODIVAP desde sua criao.
Outros modelos de Consrcios Intermunicipais vm sendo constitudos,
principalmente a partir da dcada de 1990. Como o caso do Consrcio do Grande
ABC, composto pelos municpios de Santo Andr, So Bernardo do Campo, So
Caetano do Sul, Diadema, Mau, Ribeiro Pires e Rio Grande da Serra, abrangendo
uma populao de aproximadamente 2.449.003 habitantes (IBGE, 2004). O
consrcio tem sido um instrumento de articulao e tem possibilitado o surgimento
de outras formas de cooperao intermunicipal, como o Frum da Cidadania, a
Cmara do Grande ABC e a Agncia de Desenvolvimento Econmico. Todos atuam
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
17/141
17
conjuntamente, com papis distintos e sem perder a sua prpria identidade, com
grande participao dos diversos atores da sociedade.
Esta evoluo no modelo consorciado do ABC e a participao de novos
atores tornam-se importantes pontos de reflexo para analisar a estrutura, os
objetivos e a efetividade de Consrcios Pblicos Intermunicipais.
1.1 O PROBLEMA
Diante das mudanas impostas recentemente sobre a forma de governana
municipal (e.g. Lei de Responsabilidade Fiscal) nas diferentes regies do Brasil, com
intuito de contribuir e acelerar o processo de desenvolvimento urbano, o problema
desta pesquisa se relaciona com esta problemtica ao tentar responder seguinte
questo: como tem sido a atuao do CODIVAP, desde sua criao, na promoo
de aes que efetivamente conduzem ao desenvolvimento eqitativo dos Municpios
do Cone Leste Paulista?
Com base nesta questo mais ampla, surgem outras questes mais
especficas, como por exemplo: como se deu a delimitao da regio do Cone Leste
Paulista? Quais os fundamentos histricos para a constituio do CODIVAP? Qual a
evoluo do desenvolvimento da regio? Quais os resultados percebidos ao longo
da histria do CODIVAP? Estas questes so discutidas neste estudo.
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
18/141
18
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
Este estudo prope uma caracterizao histrica sobre a formao e
desenvolvimento econmico e social do Cone Leste Paulista a partir da dcada de
1960 e ainda analisar o Consrcio Integrado de Desenvolvimento do Vale do
Paraba Paulista, observando seus objetivos estatutrios e investigando seus
resultados como instrumento articulador na promoo de aes que efetivamente
conduzam ao desenvolvimento eqitativo dos municpios que compem esta regio.
1.2.2 Objetivos Especficos
Analisar relatrios e estudos coordenados pelo CODIVAP para dar suporte
ao planejamento do desenvolvimento regional.
Analisar indicadores de desenvolvimento da regio e confront-los com os
objetivos do CODIVAP.
Identificar quais tm sido os enfoques de atuao do CODIVAP, considerando
a desigualdade do desenvolvimento dos Municpios do Cone Leste Paulista, e
a necessidade de amenizar essas desigualdades.
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
19/141
19
Propor recomendaes que visem melhorar a atuao do CODIVAP no
sentido de atingir suas prprias metas estatutrias.
1.3 DELIMITAO E RELEVNCIA DO ESTUDO
Este estudo prope uma anlise da constituio da Regio do Cone Leste
Paulista e da atuao do Consrcio Integrado do Vale do Paraba, a fim de verificar
os resultados de um modelo consorciado ao longo de sua histria. Para tanto
investigada sua estrutura, abrangncia geogrfica e forma de atuao. A anlise
tem como ponto de partida o prprio Estatuto do CODIVAP, o qual traduz suas
finalidades. Estas finalidades sero confrontadas com indicadores regionais capazes
de medir a eficincia do CODIVAP.
A relevncia deste estudo se sustenta em trs pilares principais: (1) a
constituio de inmeros consrcios, principalmente a partir da dcada de 1990,
aponta para importncia deste instrumento; (2) o CODIVAP foi pioneiro como
instrumento de planejamento do desenvolvimento regional, porm necessrio se faz
analisar seus resultados e sua estrutura para identificar sua capacidade de
minimizar os impactos da desigualdade do desenvolvimento dos diversos municpios
que o integram; e (3) uma reflexo sobre outros modelos de Consrcios no sentido
de contribuir para a elaborao de recomendaes por meio deste estudo.
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
20/141
20
1.4 ORGANIZAO DO TRABALHO
O trabalho est dividido em cinco captulos, conforme apresentado a seguir.
O primeiro captulo apresenta uma introduo com consideraes preliminares dos
assuntos abordados na pesquisa. Apresenta, tambm, o problema de pesquisa, os
objetivos geral e especficos, a delimitao do estudo e a sua relevncia.
O segundo captulo apresenta a reviso de literatura necessria susteno
terica do estudo, apresentando os conceitos correlatos ao tema. Caracteriza, de
forma geral, os municpios brasileiros a fim de evidenciar a importncia dos modelos
de parcerias intermunicipais, bem como suas formas jurdicas e seu amparo legal.
No mesmo captulo apresentado o Cone Leste Paulista desde suas origens
e seu processo de regionalizao at a sua atual composio. Essa regio o foco
de atuao do Consrcio de Desenvolvimento Integrado do Vale do Paraba
CODIVAP e tambm o objeto de anlise dessa pesquisa.
No terceiro captulo descrita a metodologia empregada nessa pesquisa com
detalhes sobre as formas de coleta de dados, as tcnicas de analise utilizadas, o
desenvolvimento da pesquisa e a obteno dos resultados.
No quarto captulo so apresentados os resultados da pesquisa com a
caracterizao da regio do Cone Leste Paulista e suas microrregies com o uso de
indicadores scio-econmicos de desenvolvimento. Tambm faz parte desse
captulo sries histricas que sejam convergentes com a criao do CODIVAP.
A Partir da apresentao dos resultados discutido o processo de
regionalizao do Cone Leste e a formao do CODIVAP, considerando seus
aspectos estatutrios e contrastando com indicadores regionais apresentados no
captulo anterior.
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
21/141
21
No quinto captulo so apresentadas as consideraes finais dessa pesquisa
e recomendaes para melhorar a atuao do CODIVAP no sentido de atingir suas
finalidades estatutrias.
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
22/141
22
2 REVISO DA LITERATURA
2.1 DESENVOLVIMENTO
Nesta seo so apresentados os conceitos e definies selecionados da
bibliografia mais atual e associados aos temas desenvolvimento (evidenciando a
diferena de crescimento econmico), desenvolvimento econmico e
desenvolvimento sustentvel.
At poucos anos existia uma grande distoro no conceito de
desenvolvimento, o qual era meramente associado com crescimento. Clemente e
Higachi (2000) apontam crescimento como variao positiva da produo e da
renda, por outro lado, desenvolvimento sugere a elevao do nvel de vida da
populao.
O crescimento econmico evidencia a capacidade de acmulo de riquezas
em um dado perodo e em um dado lugar, geralmente representado por meio do
produto interno bruto PIB.
Como afirmam Oliveira e Oliveira (2006), o modelo de polticas pblicas
fundamentado no crescimento econmico foi, paulatinamente, sendo substitudo
pelo modelo de desenvolvimento econmico.
O crescimento econmico desenvolve as bases para o desenvolvimento,
porm, o desenvolvimento resultado de mudanas sociais, as quais podem ser
no s percebidas, mas mensuradas por meio de indicadores que remetem
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
23/141
23
eficincia da distribuio da riqueza produzida, o que se traduz na melhoria da
qualidade de vida da populao.
Em 1987, foi divulgado pela Organizao das Naes Unidas ONU, o
Relatrio Brundtland, no qual surge o termo desenvolvimento sustentvel como o
desenvolvimento que satisfaz as necessidades das geraes atuais sem
comprometer a capacidade das geraes futuras de satisfazer as suas prprias
necessidades (ONU, 1987), destacando a harmonia entre trs componentes
fundamentais para o desenvolvimento: equilbrio e proteo ecolgica e ambiental,
eqidade social e desenvolvimento econmico.
Clemente e Higachi (2000) ainda consideram um outro conceito de
desenvolvimento, o desenvolvimento auto sustentado, neste o processo
desencadeia uma seqncia de fases, nas quais, cada uma desenvolve as
condies necessrias subseqente. Assim os indicadores demonstram um
processo progressivo e continuo de transformao social.
Cabe aqui uma diferenciao entre desenvolvimento sustentvel e
desenvolvimento sustentado:
Desenvolvimento sustentado refere-se ao desenvolvimentoconquistado nos ltimos dez anos, que precisa vigorar, daqui parafrente, em clima previsvel de crescimento com estabilidade,consolidado pelo controle da dvida, responsabilidade fiscal eequilbrio oramentrio e financeiro. J o termo desenvolvimentosustentvel deve ser entendido como um conjunto de mudanasestruturais articuladas, que internalizam a dimenso da
sustentabilidade nos diversos nveis, dentro do novo modelo dasociedade da informao e do conhecimento, numa perspectiva maisabrangente do que o desenvolvimento sustentado, que apenasuma dimenso relevante da macroeconomia e pr-condio para acontinuidade do crescimento. (BRASIL, 2004).
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
24/141
24
2.1.1 Desenvolvimento Regional
Clemente e Higachi (2000) afirmam que o indicador mais utilizado para se
medir desenvolvimento regional a variao da renda per capita. No entanto,
existem desdobramentos deste indicador que necessitam ser avaliados, como por
exemplo, a distribuio da renda, tendo em vista refletir diretamente em outros
indicadores sociais, econmicos e polticos.
A abordagem da temtica sobre desenvolvimento regional ou dimenso
territorial do desenvolvimento passa a informar prticas, intervenes e estratgias
de ao pblica aliada s discursivas dos diversos atores sociais, como sustentao
do desenvolvimento.
Brando et al. (2004) discutem o pensamento de que a escala menor a mais
adequada na promoo de verdadeiro desenvolvimento sustentvel, o que sugere a
possibilidade de consolidao de um novo modelo de desenvolvimento.
Segundo estes autores, bvio que no mbito local, muitas aes podem ser
articuladas e promovidas, mas a escala local encontra uma srie de limites que
devem ser levados em conta nas polticas de desenvolvimento (BRANDO et al.,
2004). Ressaltam ainda que as melhores polticas de desenvolvimento, assim
caracterizadas por seus resultados, so as que optam por aes mesorregionais e
microrregionais, definidas a partir de cada problema a ser enfrentado.Neste contexto, a necessidade de territorializao das polticas de
desenvolvimento passa a ser vista Como uma panacia: na qual todos os atores
sociais econmicos e polticos, estariam cada vez mais plasmados, diludos,
enraizados em um determinado recorte territorial. [...] (BRANDO, et al., 2004).
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
25/141
25
Contudo, torna-se necessria a criao de um ambiente no geogrfico,
consolidado por meio de parcerias, no qual os atores atuariam de forma cooperativa
com coincidncia de objetivos buscando de forma consensuada, projetos integrados
com caractersticas regionais.
O Estado pouco teria o que fazer nesse contexto deaprendizagem coletiva, em que os atores se congregam e seaproximam de forma cooperativa e solidria. A ao pblica deveriaapenas prover externalidades positivas, desobstruir entravesmicroeconmicos e institucionais, regular e sobre tudo, desregular, afim de garantir o marco jurdico e o sistema normativo, atuando sobreas falhas de mercado. (BRANDO, et al., 2004)
A necessidade de cooperao entre os agentes regionais, neste sentido,
tornar possvel a substituio dos modelos arcaicos de poltica de incentivos,
geralmente fiscais e financeiros calcados na prtica de investimentos em obras de
infra-estrutura, por estratgias de carter regional, sobre tudo as que fomentem a
endogeneizao dos processos de desenvolvimento, para que possam ter carter
mais durvel e sustentvel (BRANDO, et al., 2004).
A endogeneizao do desenvolvimento, discutida por alguns autores,
sustenta a hiptese de que o desenvolvimento regional pode ser alcanado atravs
da ao sinrgica entre os atores de um determinado espao econmico abstrato.
Brando et al. (2004) apresentam como proposta de implementao de
poltica regionalizada de desenvolvimento a possibilidade de formao de arranjos
institucionais, os quais caracterizam como Arranjos Verticais, Arranjos Horizontais e
Arranjos Mistos.
Os arranjos verticais ocorrem na relao de um mesmo nvel de interveno,
como por exemplo, local-local ou intermedirio-intermedirio.
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
26/141
26
Os arranjos horizontais so derivados do movimento de descentralizao
tanto das reformas constitucionais como administrativas, compreendendo a
articulao local-intermedirio, intermedirio-nacional ou local-nacional.
Os arranjos mistos compreendem-se na relao que se estabelece entre os
arranjos verticais e os governos supra-locais, como na articulao que envolve os
nveis local-local-intermedirio, local-local-nacional, intermedirio-intermedirio-
nacional.
2. 2 REGIONALIZAO
A discusso sobre desenvolvimento regional avanou significativamente com
a proposta desenvolvida pela Secretaria de Poltica e Desenvolvimento Regional e a
Secretaria de Programas Regionais. Esta proposta foi divulgada pelo Ministrio da
Integrao Nacional em dezembro de 2003. Este documento trouxe uma nova
abordagem sobre as aes da administrao federal direcionadas ao
desenvolvimento regional e ao enfrentamento das desigualdades regionais
(BANDEIRA, 2004)
Tal documento faz referncia Mesorregio, apontando-a como escala
preferencial de interveno: As aes sero [...] desenvolvidas preferencialmente escala mesorregional [...] (BRASIL, 2003).
Mesorregies so estabelecidas com base no conceito de organizao
espacial, o qual resulta da dinmica da sociedade sobre um suporte territorial.
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
27/141
27
Segundo Perroux (apud CLEMENTE, A. e HIGAGACHI, 2000), a mesorregio
uma rea individualizada em uma unidade da federao, organizada no espao
geogrfico em trs dimenses: o processo social como determinante, o quadro
natural como condicionante e a rede de comunicao e de lugares como elemento
de articulao social. Estas trs dimenses possibilitam que a mesorregio tenha
uma identidade regional. (CLEMENTE, A., HIGACHI, 2000.)
O Plano Nacional de Desenvolvimento Regional PNDR traduz que a escala
nacional a nica compatvel com a perspectiva de regulao do fenmeno das
desigualdades inter-regionais e que possibilita critrios gerais de ao sobre o
territrio. Ainda assim, as locais e sub-regionais teriam destaque como aes
operacionais.
Assim, os programas mesorregionais constituem-se na unidade de
articulao das aes federais nas sub-regies selecionadas pelos critrios definidos
para todo o territrio nacional [...] (BANDEIRA, 2004).
Segundo Bandeira (2004), a opo por esta escala territorial denominada
mesorregio, tanto vinha sendo discutida na bibliografia referente ao tema quanto
nas prprias prticas de polticas pblicas do governo.
Neste contexto, o de se dar preferncia as mesorregies, observamos alguns
entes federativos evidenciando preocupao no sentido de valorizar escalas
territoriais mais prximas, conforme afirma Bandeira,
Ainda durante a dcada de 90[...] algumas administraes estaduaisse preocupavam em definir novas escalas territoriais para suaatuao, chegando a empreender esforos (nem sempre bem-sucedidos) no sentido de implantar instncias administrativasintermedirias, em nvel de meso ou microrregional. (BANDEIRA,2004)
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
28/141
28
Apesar de corretos os objetivos propostos pela nova Poltica de
Desenvolvimento Regional, entende-se que a mesma suscita questes sobre como
sero estabelecidas as bases institucionais e organizacionais adequadas para
implementao das aes nesse nvel territorial. Ainda prope-se uma discusso
abrangente sobre os critrios utilizados pelo Ministrio de Integrao Nacional para
definio das mesorregies e as formas de infra-estrutura institucional necessria
para atuao em escala mesorregional. (BANDEIRA, 2004).
Importante observar que a proposta do Ministrio da Integrao Social, frisa
sua preocupao e maior ateno para as foras endgenas do sistema regional e
para o tecido scio cultural presente nas regies (BRASIL, 2003).
Bandeira (2004) sugere trs critrios prticos para delimitao de
mesorregies: a identificao da abrangncia das redes j existentes, o
aproveitamento de identidades e referncias simblicas existentes e a exigncia de
um patamar mnimo de densidade institucional.
O primeiro critrio sugere que a articulao e integrao entre os atores
polticos, sociais e econmicos de uma determinada regio ser a condio para
endogeinizao do desenvolvimento regional sustentado.
O sucesso na articulao desses atores fundamental para queesses territrios sejam (ou se tornem) entidades social epoliticamente relevantes, no se constituindo apenas em substratopassivo para aes concebidas e implementadas de fora para dentroe de cima para baixo. (BANDEIRA, 2004)
O segundo critrio considera que, para se aproveitar as identidades regionais,
necessrio considerar seus aspectos formadores, como aspectos histricos,
polticos, econmicos, culturais, paisagsticos ou ainda a forma como o indivduo
experimenta sua situao de habitante da regio.
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
29/141
29
O terceiro critrio considera que a facilitao da articulao entre os atores
regionais pode ser alcanada dentro do programa de desenvolvimento por meio da
definio de uma base regional e da capacitao dos atores locais.
Bandeira (2004) ainda discute o papel dos Fruns das Mesorregies, os
quais poderiam funcionar como instncias de articulao de atores regionais e o de
tornar-se instncia de representao e deliberao. No primeiro caso, existe a busca
da integrao entre as diversas organizaes, com fins de cooperao para
implementao de aes que respondam s demandas mais complexas da regio.
No segundo caso, sugere a construo de um espao para representao, debate e
deliberao sobre propostas que atendam as demandas da regio.
2.2.1 Economia e desenvolvimento regional
Perroux (apud CLEMENTE, A. e HIGAGACHI, 2000) cria o conceito de
espao econmico abstrato, o qual tem origem na atividade humana, ou seja, na
relao econmica existente entre os seres sobre um determinado espao
geogrfico necessrias sua sobrevivncia, como produo, consumo, tributao,
investimento, exportao, importao e migrao.
Entre as dcadas de 1920 e 1930 j se discutia idias de espaoseconmicos. Christaller (apud CLEMENTE, A. e HIGAGACHI, 2000) descreve a
teoria dos lugares centrais, na qual o espao se organiza a partir de um lugar
central, criando lugares subordinados ao redor. Este conjunto funcionalmente
integrado e as funes so hierarquizadas a partir de um lugar central.
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
30/141
30
Ainda entre as dcadas de 1950 e 1960 os conceitos de centralidades e
periferias fundamentavam as discusses sobre desenvolvimento econmico
abordadas pela Comisso Econmica para Amrica Latina e o Caribe CEPAL.
A nvel regional, a relao entre as reas centrais e as perifricas, apresenta
implicaes sociais e econmicas que refletem em deficincias nas reas perifricas
por no arrecadarem impostos de seus moradores que compram e se relacionam na
rea central.
So essas centralidades urbanas, em suas dimenses mltiplas, quearticulam regies e definem eixos de desenvolvimento atravs dosquais a produo e o consumo se organizam e circulam.
(CEDEPLAR, 2004)
Clemente e Higachi (2000) apresentam para discusso trs conceitos de
espaos econmicos: Espao de Planejamento, Espao Polarizado e Espao
Homogneo.
Espao de planejamento, como contedo de um plano configurado pelo
territrio sobre o qual o administrador pblico exerce atividades, utilizando-se de
previso e deciso. Este conceito d origem regio de planejamento.
A referncia espacial das decises econmicas, tanto do setor privado quanto
do setor pblico constitui uma regio de planejamento.
No espao polarizado, a polarizao explicada por meio de foras
centrpetas (de atrao) e por meio de foras centrfugas (repulso), por exemplo,
uma metrpole polariza toda rea circunvizinha, atraindo mo de obra especializada,
lojas, supermercados e outros empreendimentos, entretanto mantm afastada a
populao mais pobre, que se obriga a ocupar as regies perifricas.
Espao homogneo definido geralmente por variveis como renda, preo,
produo, e outras. Muitas vezes a homogeneidade define uma regio, como por
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
31/141
31
exemplo, o grande ABC, a regio txtil de Santa Catarina, a regio dos minrios, e
outras.
Nas dcadas de 20 e 30 Walter Christaller apresentava os conceitosde centralidade regio complementar e hierarquia das cidades,desenvolveu a teoria do lugar central resultante da organizao emtorno de um ncleo. (BREITBACH,1988 apud CARMO, 2003)
2.3 O PLANEJAMENTO E O DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Conforme afirma Carmo (2003), o planejamento no Brasil tem sido uma ao
do Estado, o qual tem atuado sobre o espao urbano de diversas formas,
propiciando a infra-estrutura necessria ao desenvolvimento, ou mesmo intervindo
no prprio espao fsico, como legislador ou regulador.
Segundo a Constituio do estado de So Paulo (1989), o planejamento deve
impulsionar o desenvolvimento scio econmico e a melhoria de qualidade de vida
no estado.
Artigo 152 - A organizao regional do Estado tem por objetivopromover:
I - o planejamento regional para o desenvolvimento scio-econmicoe melhoria da qualidade de vida;
IV - a integrao do planejamento e da execuo de funes pblicasde interesse comum aos entes pblicos atuantes na regio;
V - a reduo das desigualdades sociais e regionais.
Pargrafo nico - O Poder Executivo coordenar e compatibilizar osplanos e sistemas de carter regional.
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
32/141
32
Considerando que o desenvolvimento regional ocorre de forma desigual, o
planejamento deve ter a funo de contribuir com a reduo destas desigualdades,
contribuindo para melhoria da qualidade de vida dos cidados.
O estado de So Paulo fundamenta a sua diviso territorial conforme descrito
na constituio estadual de 1989.
Artigo 153 - O territrio estadual poder ser dividido, total ouparcialmente, em unidades regionais constitudas por agrupamentosde Municpios limtrofes, mediante lei complementar, para integrar aorganizao, o planejamento e a execuo de funes pblicas deinteresse comum, atendidas as respectivas peculiaridades.Constituio do Estado de So Paulo.
Art. 153 3 - Considera-se microrregio o agrupamento deMunicpios limtrofes que apresente, entre si, relaes de interaofuncional de natureza fsico-territorial, econmico-social eadministrativa, exigindo planejamento integrado com vistas a criarcondies adequadas para o desenvolvimento e integrao regional.(ALESP, 2007)
Assim como o Estado Brasileiro, por meio do Plano Nacional de
Desenvolvimento Regional PNDR vem intervindo no territrio nacional com aes
planejadas na escala mesorregional, o estado de So Paulo classifica suas regies
e define regies metropolitanas, aglomerados urbanos e microrregies por meio da
Constituio Paulista de 1989 e da Lei 760 de 1994.
Conforme Carmo (2003), o planejamento regional deve ter a caracterstica de
dirimir o desequilbrio e contribuir para que o desenvolvimento ocorra tornando a
regio melhor.
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
33/141
33
2.3.1 Caracterizao dos Municpios Brasileiros
Cruz (2002) define o Brasil como sendo um pas continental em funo de sua
dimenso e que possui grandes disparidades. Possui 5.561 municpios e uma
populao de 169.799.170 habitantes, segundo censo de 2000.
Dos municpios brasileiros, 83,29% tm uma populao inferior a 30.000
habitantes e a soma das populaes desses municpios equivale apenas a 27,9% da
populao nacional.
Figura 1 Caracterizao Demogrfica dos Municpios Brasileiros
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
34/141
34
Por serem os municpios, em sua maioria, de pequeno ou mdio porte,
conforme Figura 1, Cruz (2002) salienta a necessidade de seus problemas serem
resolvidos de forma articulada e integrada.
A dificuldade e deficincia pblica dos municpios de grande, mdio ou
principalmente os de pequeno porte em implantarem seus projetos ou servios,
principalmente em funo da resumida receita que possuem, denotam a
necessidade de se repensar como resolver os problemas territoriais, os quais muitas
vezes transcendem ao territrio municipal, o que torna necessrio que a atuao
seja discutida com os municpios vizinhos.
2.3.2 Os Consrcios Intermunicipais
Os modelos de parcerias entre entes federados, nas diversas esferas tm se
tornado comum, mas principalmente entre municpios, como so os casos de
pactos, consrcios, fruns intermunicipais e outros modelos apresentados como
instrumentos para implantao de polticas pblicas. [...] destacando aqui aquelas
experincias vinculadas s reas de sade e de recuperao e proteo ambiental.
(CRUZ, 2002).
Os consrcios comeam a serem vistos como uma alternativa de [...]ganhode escala nas polticas pblicas (CRUZ, 2002) e ganham mais adeptos
principalmente a partir da dcada de 1980, embora neste estudo tratarmos do
Consrcio Integrado de Desenvolvimento do Vale do Paraba que foi criado na
dcada de 1970.
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
35/141
35
Com o objetivo de elucidar o conceito de Consrcio Intermunicipal, foram
selecionadas algumas definies feitas por diferentes estudiosos do tema.
Cruz (2002) destaca o significado de consrcio pblico municipal como sendo
uma parceria baseada numa relao de igualdade jurdica que possibilite a
territorializao dos problemas comuns.
Bonatto (2004) enfatiza que a sinergia entre os consorciados otimiza os
resultados evitando o desperdcio de esforos improdutivos quando aplicados
isoladamente.
Note-se que os consrcios constituem soluo no s para os municpios de
pequeno porte, como tambm para os limtrofes, justifica-se portanto, o consrcio
ser utilizado nas regies metropolitanas, onde a proximidade dos municpios os
deixa em posio favorvel para exercitar esta cooperao e onde o alcance na
prestao dos servios otimizado. (BONATTO, 2004)
2.3.2.1 As formas jurdicas e a legalidade para o modelo
Pelo fato de os consrcios terem se tornado um modelo de grande
importncia na busca de solues integradas que possibilitam a resoluo em
sinergia dos problemas comuns dos municpios conurbados ou distantes entre si, apartir da dcada de 1990, vrias leis complementares Constituio Federal de
1988, colaboraram para discusso de novos arranjos intermunicipais.
Segundo Cruz (2002) ainda que as Leis Orgnicas Municipais sejam omissas
em seu escopo quanto previso para a constituio de consrcios, os municpios
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
36/141
36
podero faz-lo com base na Constituio Federal de 1988, que, em seu artigo 30,
inciso I dispe sobre a competncia municipal para legislar sobre algum interesse
local. O interesse local pode ser visto como aquele que predomina com relao
Unio e aos Estados.
O art. 241 da Constituio Federal possibilita duas formas pelas quais a
Administrao Pblica pode associar-se para prestao de servios pblicos
sociedade: os convnios e os consrcios.
Conforme Bonatto (2004) a similitude entre convnios e consrcios extrema,
diferindo em alguns poucos aspectos tornado-se assim necessria a diferenciao
legal entre estes dois instrumentos para o escopo deste estudo.
J na Constituio de 1969 (art. 13, 3) existia a prescrio para Unio,
Estados e Municpios celebrarem convnios para a execuo de suas leis, servios
ou decises.
O convnio tem representado a forma de associao entre o poder pblico
com entidades pblicas ou privadas para realizao de aes especficas de
interesse comum.
Constitui forma de que o poder pblico tem-se utilizado para se associar com
outras entidades pblicas ou privadas de forma a realizar objetivos comuns
mediante mtua colaborao. (BONATTO, 2004).
Conforme Montenegro (2005), facultado aos conveniados a possibilidade de
resciso do instrumento, a qualquer momento sem nus ou indenizaes, o queagrega um grande risco aos investimentos neste instrumento.
Os consrcios municipais so instrumentos que tm sido utilizados pelos
governos para maximizao de seus resultados no enfrentamento dos problemas
que emergem da urbanizao.
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
37/141
37
Os consrcios so instrumentos que podem ser formados sem que se
comprometa a autonomia municipal, consagrada no art. 29 da Constituio Federal,
sendo coordenados de forma sinrgica a fim atingir os interesses coletivos e
regionais.
A principal diferena entre os consrcios pblicos e outras formas de
associaes como convnios ou contratos, que as entidades participantes so, no
caso de consrcios, sempre pblicas e tm interesses comuns.
Os municpios partcipes firmam um acordo, no qual se estabelece a
participao de cada um, na medida de suas disponibilidades, que podero ser
financeiras, materiais, humanas ou administrativas.
A estrita abrangncia dos consrcios, que ocorrem, normalmente, entre
municpios ou entre estados, traduz-se nas poucas referncias explcitas a respeito
na legislao.
Art. 241 A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpiosdisciplinaro por meio de lei os consrcios pblicos e os convnios
de cooperao entre os entes federados, autorizando a gestoassociada de servios pblicos, bem como a transferncia total ouparcial de encargos, servios, pessoal e bens essenciais constituio dos servios transferidos.
Assim, ainda que a Lei Orgnica municipal possa ser omissa quanto
celebrao de um consrcio, como consta do art. 18 da Constituio da Repblica,
os municpios fazem parte da federao e gozam da mesma autonomia conferida
Unio e aos estados.
Fica clara a delimitao de que somente mediante lei se poder disciplinar os
consrcios.
Segundo Bonatto (2004) ao analisar a fundamentao legal dos consrcios,
entende que os mesmos esto sujeitos a Lei 8666/93, alterada pela Lei 8.883/94 que
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
38/141
38
regulamenta as licitaes e contratos da Administrao Pblica e salienta que o
consrcio ser resultado de um pacto, de uma negociao que incluir a elaborao
e aprovao do estatuto, expresso do compromisso assumido. (BONATTO, 2004).
Aplica-se a este estudo a identificao de modelos diferentes adotados para
formao de consrcios.
Segundo Cruz (2002) antes da constituio de um consrcio
intermunicipal, devem-se analisar alguns pr-requisitos essenciais, so eles:
existncia de interesses comuns entre os municpios;
disposio de cooperao por parte dos prefeitos na busca
de soluo conjunta para seus problemas;
busca por parte dos prefeitos de superar conflitos poltico-
partidrios;
proximidade fsica, facilidade de comunicao e acesso entre
os municpios consorciados;
deciso poltica dos prefeitos de se consorciarem, e
existncia de uma identidade intermunicipal.
Cruz ainda aponta que os consrcios podem funcionar como pactos ou como
consrcios que assumem personalidade jurdica devendo para isso obedecer a
algumas etapas respectivas ao modelo desejado, que vo desde a identificao de
responsabilidades dos diferentes consorciados aprovao do pacto pelos
legislativos municipais, bem como a elaborao de estatuto para os consrcios de
personalidade jurdica, sendo que para o segundo, existem maiores exigncias que
para o primeiro.
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
39/141
39
Os consrcios intermunicipais, de personalidade jurdica de direito pblico ou
de direito privado, devero se sujeitar aos controles e procedimentos legais previstos
para as pessoas jurdicas de direito pblico, por isso, em sua estruturao, deve-se
prever as atividades relativas elaborao de oramento, contabilidade,
planejamento, controle financeiro e prestao de contas, conforme descrito do art.
70, pargrafo nico, da Constituio da Repblica, com a redao dada pela
Emenda Constitucional 19, de 04/06/98: :
Prestar contas qualquer pessoa fsica ou jurdica, pblica ouprivada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre
dinheiros, bens e valores pblicos ou pelos quais a Unioresponda, ou que, em nome desta, assuma obrigaes denatureza pecuniria.
2.3.2.2 A Lei 11 107 de 2005
O esforo dos entes federativos para que os consrcios tivessem tratamento
jurdico mais adequado cooperaram para a criao da Emenda Constitucional no19,
de 1998, que altera a redao do art. 241 da Constituio Federal, que passou a
prever expressamente os consrcios pblicos e os convnios de cooperao.
Brando et al. (2004) entende que a cooperao entre os municpios ganharimpulso e que as reformas constitucionais sobre o tema sero fundamental para
elaborao de um projeto comum de desenvolvimento regional no pas e ainda
fomentar o surgimento de novos consrcios pblicos.
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
40/141
40
Em 6 de abril de 2005, marca-se um significativo avano para formao dos
consrcios, foi promulgada a Lei Federal n. 11.107, dispondo sobre normas gerais
para contratao de consrcios pblicos pela Unio, Estados, Distrito Federal e
Municpios.
Esta Lei colabora para que os entes federativos alcancem objetivos comuns,
pois ainda que a Constituio de 1988 trouxesse em seu escopo a descentralizao
de poder da Unio, outorgando autonomia aos estados e municpios, os consrcios
pblicos eram vistos como [...]meros pactos de cooperao, de natureza precria e
sem personalidade jurdica tal como os convnios (BRASIL, 2005).
Com a aprovao da Lei n. 11.107, ratificam-se os consrcios como
instrumentos de cooperao horizontal e vertical, porm assegurando-se o princpio
da subsidiariedade.
Art. 1. 2 A Unio somente participar de consrcios pblicos emque tambm faam parte todos os Estados em cujos territriosestejam situados os Municpios consorciados. (BRASIL, 2005)
Outro aspecto da Lei 11.107 que o consrcio torna-se uma associao
pblica e poder assumir personalidade jurdica de direito pblico ou privado
contrapondo-se s configuraes de associaes civis.
Art.1 1 O consrcio pblico constituir associao pblica oupessoa jurdica de direito privado.
Art. 6 O consrcio pblico adquirir personalidade jurdica:
I de direito pblico, no caso de constituir associao pblica,mediante a vigncia das leis de ratificao do protocolo deintenes;
II de direito privado, mediante o atendimento dos requisitos dalegislao civil.
Art. 6 [...] 2 No caso de se revestir de personalidade jurdica dedireito privado, o consrcio pblico observar as normas de direitopblico no que concerne realizao de licitao, celebraode contratos, prestao de contas e admisso de pessoal, que
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
41/141
41
ser regido pela Consolidao das Leis do Trabalho - CLT.(BRASIL, 2005)
A constituio dos consrcios, de acordo com o fulcro desta Lei, continua
obedecendo s etapas para sua consecuo, como: elaborao do protocolo de
intenes, ratificao do protocolo por meio de lei, na qual os respectivos legislativos
aprovam o protocolo e por fim a elaborao do estatuto que se converte em contrato
do consrcio.
Montenegro (2005) destaca que a Lei 11.107 amplia a possibilidade de
concretizao de objetivos para os consrcios. Segundo ele, ainda que os
consrcios no detenham capacidade de criao de leis podero colaborar para
criao delas, pois por meio de seus resultados e relatrios tcnicos podero ser
aprovadas Leis como cdigos tributrios ou planos diretores entre outras.
A Lei 11.107 define as formas de constituio de receitas possveis aos
consrcios pblicos para garantir sua sustentabilidade, como:
Ser contratado pelos consorciados.
1 Para o cumprimento de seus objetivos, o consrciopblico poder:III ser contratado pela administrao direta ou indireta dosentes da Federao consorciados, dispensada a licitao.
Arrecadar receitas advindas da gesto associada de servios pblicos.
2 Os consrcios pblicos podero emitir documentos decobrana e exercer atividades de arrecadao de tarifas eoutros preos pblicos pela prestao de servios ou pelo usoou outorga de uso de bens pblicos por eles administrados ou,mediante autorizao especfica, pelo ente da Federaoconsorciado.
3 Os consrcios pblicos podero outorgarconcesso, permisso ou autorizao de obras ou serviospblicos mediante autorizao prevista no contrato de
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
42/141
42
consrcio pblico, que dever indicar de forma especfica oobjeto da concesso, permisso ou autorizao e ascondies a que dever atender, observada a legislao denormas gerais em vigor.
Estabelecer receitas de contrato de rateio.
Art. 8 Os entes consorciados somente entregaro recursos aoconsrcio pblico mediante contrato de rateio.
1 O contrato de rateio ser formalizado em cadaexerccio financeiro e seu prazo de vigncia no ser superiorao das dotaes que o suportam, com exceo dos contratosque tenham por objeto exclusivamente projetos consistentesem programas e aes contemplados em plano plurianual ou agesto associada de servios pblicos custeados por tarifas ou
outros preos pblicos.
2 vedada a aplicao dos recursos entregues pormeio de contrato de rateio para o atendimento de despesasgenricas, inclusive transferncias ou operaes de crdito.
3 Os entes consorciados, isolados ou em conjunto,bem como o consrcio pblico, so partes legtimas para exigiro cumprimento das obrigaes previstas no contrato de rateio.
Estabelecer receitas de convnios com entes no consorciados.
Art. 14. A Unio poder celebrar convnios com os consrciospblicos, com o objetivo de viabilizar a descentralizao e aprestao de polticas pblicas em escalas adequadas.
2.4 O CAMINHO DA REGIONALIZAO E O CONE LESTE PAULISTA
Na dcada de 1950, foi elaborado o Plano de Metas que trazia a preocupao
com as desigualdades regionais do pas, com o processo de urbanizao acelerada,
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
43/141
43
principalmente em torno das metrpoles, fomentando polticas pblicas para
correo dos desequilbrios e desigualdades.
Em 1962 foi criado o Ministrio do Planejamento que desenvolveu polticas e
meios para estruturao dos sistemas urbanos, tendo como facilitador o prprio
Estado.
Segundo Carmo, a partir de 1964, sobre o governo de Castelo Branco, surge
o PAEG Plano de Ao Econmica do Governo com objetivo de sanear as
finanas pblicas, realinhar preos de bens e servios pblicos e recuperar
capacidade de investimento e aumentar a participao do pais no comrcio mundial.
Em 1970 surge o primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento PND, com
objetivo de acelerar o crescimento econmico e conter a inflao. O discurso do
crescimento era sustentado pela gesto da poltica nacional voltada para questo
urbana, assim, em 1973, foi desenvolvida a Poltica Nacional de Desenvolvimento
Urbano.
Ainda em 1973, o Ministrio do Planejamento elaborou o II PND, o qual
apontava a preocupao para o enfrentamento dos problemas urbanos.
O desenvolvimento das regies administrativas do estado de So Paulo
aconteceram principalmente a partir da dcada de 1970, quando o estado incentivou
a desconcentrao industrial da capital, mas observa-se que a questo regional do
estado j era contemplada desde a dcada de 1950.
No incio da dcada de 1960 os prefeitos dos municpios do Vale do Parabareuniam-se em torno de uma discusso: criar um organismo comum como modelo
de parceria, que associando municpios que apresentassem objetivos comuns,
promovessem o desenvolvimento da regio.
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
44/141
44
Para utilizao destes modelos de parcerias, um grande desafio, passa a ser
a formao de regies. Segundo Vitale (2000) para definir uma regio preciso
reconhec-la e no invent-la, principalmente se ela for utilizada como um objeto de
ao governamental. (VITALE, 2000).
Reconhecer uma regio implica em conhecer as relaes de dependncia e
complementaridade de seus membros, bem como suas caractersticas individuais, a
fim de tornar-se possvel um planejamento de aes regionalizadas.
O Brasil divide-se, na forma poltico-administrativa, em Unio, Estados,
Distrito Federal e Municpios, mas a partir da Constituio de 1967, Art. 157, a Unio
passa a ter a possibilidade de estabelecer Regies Metropolitanas.
O Estado de So Paulo utilizou-se da Carta de Andes, elaborada em 1958
durante o Seminrio de Tcnicos e Funcionrios em Planejamento Urbano, para
fundamentar seu processo de regionalizao, a qual conceituou planejamento como
um processo de ordenao territorial com determinao de metas a serem atingidas
ao longo do tempo (CARMO, 2003).
Segundo Carmo (2003), outro fator relevante para difuso da regionalizao
foi a instalao do Centro de Pesquisas e Estudos Urbansticos (CPEU), na
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de So Paulo em 1957, pois
atravs do CPEU, foram desenvolvidos na dcada de 1960, mais de 30 planos
diretores municipais, os quais, em sua implantao, tornaram clara a necessidade
da regionalizao.Tendo como base os estudos desenvolvidos pelo CPEU e ainda estudos
posteriores do arquiteto Luiz Carlos Costa, atravs do Decreto Estadual n 48162 de
03 de julho de 1967, criou-se a subdiviso regional do Estado de So Paulo.
As regies administrativas resultantes deste processo foram:
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
45/141
45
1 - Regio Metropolitana de So Paulo
2 - Regio Administrativa de Bragana Paulista
3 - Regio Administrativa de So Jos dos Campos
4 - Regio Administrativa de Sorocaba
5 - Regio Administrativa de Campinas
6 - Regio Administrativa de Ribeiro Preto
7 - Regio Administrativa de Bauru
8 - Regio Administrativa So Jos do Rio Preto
9 - Regio Administrativa de Araatuba
10 - Regio Administrativa de Presidente Prudente
Atualmente, o estado de So Paulo possui a seguinte composio entre
Regies Metropolitanas e Administrativas:
Regies Metropolitanas
So Paulo, Santos e Campinas.
Regies Administrativas
Registro, So Jos dos Campos, Sorocaba, Campinas, Ribeiro Preto, Bauru, So
Jos do Rio Preto, Araatuba, Presidente Prudente, Marlia, Central (Araraquara e
So Carlos), Barretos e Franca.
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
46/141
46
2.5 O CODIVAP
Na Regio Administrativa de So Jos dos Campos, esto localizados os
municpios que compreendem o Cone Leste Paulista, que no final da dcada de
1970 possua uma populao de 830.421 habitantes, sendo que 73,2 % da
populao era urbana. O desenvolvimento desta regio, apesar de pujante, tem sido
desigual, levando os gestores pblicos busca de solues para torn-lo mais
eqitativo, menos competitivo internamente e mais competitivo como regio. Assim
surgem ainda no final da dcada de 1960, as primeiras discusses sobre a
necessidade de integrao dos municpios dessa regio.
O modelo adotado entre esses municpios foi o de consrcio, com o objetivo
de instrumentalizar o planejamento a nvel regional.
Como fruto de inmeras reunies e, segundo Martins (1971), com um esprito
de livre iniciativa entre os prefeitos, surge o Consrcio de Desenvolvimento
Integrado do Vale do Paraba CODIVAP, em 10 de outubro de 1970. O objetivo de
sua criao foi aproximao poltico - administrativa dos municpios.
O 1 Superintendente do CODIVAP foi o Empresrio Sr. Paulo Egydio
Martins, o qual destacou que a possibilidade de evidncias das precariedades dos
municpios, tanto de recursos econmicos quanto humanos, no interfeririam no
idealismo e vontade de fomentar o crescimento harmnico da regio do Vale do
Paraba.
Martins ainda acreditava na capacidade de contraposio ao desmetido
histrico das cidades mortas, que segundo Martins, s morre quando morre o ltimo
de seus filhos (MARTINS, 1972). Para Martins, a criao do CODIVAP sugere a
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
47/141
47
idia de que as cidades do Vale do Paraba no morrero e que o Vale ainda ser
uma s cidade.
Alm da criao do CODIVAP visar o pleno desenvolvimento do Vale do
Paraba, tambm tinha como objetivo a fixao de diretrizes de planejamento e para
isso foi contratada uma equipe de profissionais agrupados em cinco especialidades:
Ecolgico; Urbanstico; Scio Econmico; Scio Cultural; Institucional. Esta equipe
realizou dois seminrios que permitiram unificao de linguagem para pesquisa e
coletas de dados e por fim, anlise sobre os municpios que pertenciam esfera de
atuao do CODIVAP, produzindo ao final dos trabalhos a Caracterizao do
Conhecimento do Vale do Paraba. Esse documento se constituiu em um um
importante alicerce para a discusso sobre o desenvolvimento da regio,
possibilitando o planejamento de aes que cooperariam com a reduo das
desigualdades ao longo dos anos.
Atualmente, presidido pelo prefeito de Caapava , Carlos Antonio Vilela, o
CODIVAP tem como proposta, contribuir para o desenvolvimento da regio e, sua
composio conta com a participao de 39 municpios do Cone Leste Paulista que
representam uma rea de 16.268 Km2 com uma populao de 2.185.111
habitantes, da qual 93,6% predominantemente urbana . Tambm integram-se a
este consrcio as cidades de Mogi das Cruzes, Nazar Paulista, Salespolis e
Santa Isabel, conforme Quadro 1.
Situado no maior eixo econmico da Amrica Latina (So Paulo, Rio
de Janeiro e Belo Horizonte), o Vale do Paraba e o Litoral Norte do
Estado de So Paulo, historicamente, tem se caracterizado por ser
uma das mais importantes regies do pas, desde a poca dos
bandeirantes, no Brasil colonial, quando foi suporte para a
interiorizaro do desenvolvimento, at na atualidade, quando se
constitui em plo tecnolgico e industrial de grande magnitude.
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
48/141
48
O Vale do Paraba est geograficamente localizado entre as serras
do Mar e Mantiqueira. cortado pelo rio Paraba do Sul, pela rodovia
Presidente Dutra e pelos trilhos da Rede Ferroviria Federal, que
serpenteiam pela regio, compondo uma paisagem mpar em
belezas naturais, quer sejam nos contrafortes serranos, quer sejam
nos municpios erguidos em meio ao vale. (CODIVAP, 2006)
Aparecida do Norte, Ilhabela Redeno da SerraArape Jacare RoseiraAreias Jambeiro So Bento do SapucaBananal Lagoinha So Jos do BarreiroCaapava Lavrinhas So Jos dos CamposCachoeira Paulista Lorena So Lus do Paraitinga
Campos do Jordo Monteiro Lobato So SebastioCanas Natividade da Serra Santa BrancaCaraguatatuba Paraibuna Santo Antnio do PinhalCruzeiro Pindamonhangaba SilveirasCunha Piquete TaubatGuaratinguet Potim TremembIgarat Queluz Ubatuba
Quadro 1 Municpios do Cone Leste Paulista que compem o CODIVAP
OBS: Tambm fazem parte da composio do CODIVAP os municpios de Mogi das Cruzes,Nazar Paulista, Salespolis e Santa Isabel, os quais se integraram ao CDIVAP, mesmo
no fazendo parte da mesma Regio Administrativa.
2.5.1 O Estatuto do CODIVAP
O Consrcio Integrado do Vale do Paraba CODIVAP, foi constitudo sob
forma jurdica de fundao e foi registrado em 18 de dezembro de 1970.
Conforme disposto no artigo 4, todos os municpios participantes possuem os
mesmos direitos e deveres, sem preferncia nem predomnio de um sobre o outro.
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
49/141
49
So finalidades do CODIVAP, planejar, adotar e coordenar medidas que
promovam e ou, acelerem o desenvolvimento scio-econmico da regio
abrangente aos municpios consorciados.
O artigo 7, que dispe sobre as competncias do CODIVAP, deixa clara apreocupao do CODIVAP com alcance de seus objetivo em assegurar o
desenvolvimento scio-economico da regio. No entanto, a sua responsabilidade
com as aes propostas no efetivamente capaz de assegurar a eficincia deste
processo, uma vez que seu papel est definido em promover e fomentar aes, ou
ainda em ser articulador entre o CODIVAP e outras instancias de governo ou
empresas privadas.
Os recursos do CODIVAP constituem-se por meio das quotas de contribuio
de cada municpio, doaes, legados, subvenes e contribuies de qualquer
natureza, podendo ainda obter receita consoante a retribuio por suas atividades,
neste caso como forma de remunerao.
A organizao administrativa do CODIVAP conta com um conselho de
prefeitos, conselho de curadores, diretoria executiva, assessoria tcnica e
procuradoria, conforme Figura 2. As funes de cada rgo constam no seu
estatuto.
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
50/141
50
Figura 2 - Composio da Estrutura Orgnica do CODIVAP
2.6 O CONSRCIO DO ABC
A inteno deste tpico tornar o modelo de Consrcio Municipal do ABC
em um instrumento facilitador da discusso sobre o objeto deste estudo o
CODIVAP.
O Consrcio Municipal do ABC, constitudo em 19 de dezembro de 1990,
com a proposta inicial de soluo para disposio final dos resduos slidos da
regio (CLEMENTE, 1999) e que engloba os municpios de Santo Andr, So
Bernardo do Campo, So Caetano do Sul, Diadema, Mau, Ribeiro Pires e Rio
CONSELHODE PREFEITOS
CONSELHODE CURADORES
DIRETORIAEXECUTIVA
SUPERINTENDNCIA
DIRETORADMINISTRATIVO
DIRETORTCNICO
ESCRITRIOSREGIONAIS
PROCURADORIA
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
51/141
51
Grande da Serra, abrangendo uma populao de aproximadamente 2.449.003
habitantes (IBGE, 2004), dispostos em zona urbana conurbada, vem desenvolvendo
um modelo de gesto voltado ao desenvolvimento econmico regional.
O Consrcio do ABC dotado de um oramento constitudo em forma de
rateio entre os municpios participantes, proporcionalmente s receitas correntes.
Suas decises passam por fruns de cidadania, bem como por cmaras temticas,
de forma a garantir um pacto de governana que propicie a gesto regional
democrtica, compartilhada e responsvel.
Para Daniel e Somekh, o Grande ABC seria uma regio plenamentedistinguvel por apresentar caractersticas econmicas peculiares, seraltamente polarizada e apresentar elevado grau de integraopoltico-administrativa. Esta polarizao seria resultado do fato deque cerca de 90% do movimento das pessoas ocorre dentro doslimites da regio. A integrao regional, do ponto de vista poltico eadministrativo resultaria da existncia de entidades cuja atuaoextrapolam os limites de cada um dos sete municpios que compemo Grande ABC. (DANIEL E SOMECK apud BERBEL, 2001 inFERREIRA, 2005)
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatstica - IBGE, de
1960 a 2001, a populao absoluta do Grande ABC passou de 504.416 para
2.048.678 habitantes.
Assim, o rpido e desordenado crescimento da regio e a crise econmica e
social, a partir do final dos anos 80, so responsveis pela constituio de um novo
regionalismo no ABC. (FERREIRA, 2005)
Destaca-se no Consrcio Intermunicipal do Grande ABC, a sua evoluo na
busca de solues integradas e contribuio para o desenvolvimento local, atravs
do surgimento de novos instrumentos de parceria entre os municpios que o integra.Na regio do ABC, co-existem trs instrumentos de cooperao
intermunicipal, so eles: o Consrcio Intermunicipal, a Cmara e a Agncia de
Desenvolvimento Econmico e o Frum da Cidadania do ABC.
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
52/141
52
O consrcio, alm de instrumento de articulao, tem possibilitado que as
outras formas de cooperao intermunicipal atuem conjuntamente, com papis
distintos, e sem perder a sua prpria identidade.
Essa parceria possibilitou que a regio firmasse vrios acordos,elaborasse um plano estratgico regional e estabelecesse seis eixosestruturantes (educao e tecnologia; sustentabilidade das reas demananciais; acessibilidade e infra-estrutura; fortalecimento ediversificao das cadeias produtivas; ambiente urbano de qualidade;identidade regional; e incluso social) definindo responsabilidade decada ator envolvido. (CRUZ, 2002)
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
53/141
53
3. METODOLOGIA
A metodologia empregada constituiu-se de pesquisa do tipo bibliogrfica,
exploratria, quantitativa e qualitativa que possibilitou uma abordagem descritiva do
tema abordado.
Primeiramente, aborda a formao da Regio Administrativa de So Jos
dos Campos, com nfase a partir da dcada de 1960 e apresenta aspectos do
desenvolvimento desta regio, com objetivo de fundamentar o tema da pesquisa.
Foram analisadas obras que definem Consrcio Intermunicipal, demonstrando
sua real importncia como ferramenta no planejamento do desenvolvimento
regional. Por meio de visitas tcnicas ao Consrcio de Desenvolvimento Integrado
do Vale do Paraba, foram consultados documentos histricos capazes de
demonstrar resultados, definir modelo de estrutura organizacional vigente no
CODIVAP e obter outras informaes que colaboraram com este estudo.
A anlise ao estatuto do CODIVAP traz o entendimento acerca dos reais
objetivos do CODIVAP, suas competncias e seu modelo estrutural, o que torna
possvel investigar sua eficincia face ao que se prope.
A reviso bibliogrfica evidenciou resultados de estudos relacionados
problemtica dessa pesquisa, focando principalmente estudos sobre o CODIVAP.
Para sustentao do estudo, utilizamos o ndice de Desenvolvimento Humano
IDH apresentado pelo Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada IPEA, vinculado
ao Ministrio de Planejamento. Por meio do IDH, discutiram-se as diferenas
encontradas entre os municpios e microrregies do Cone Leste Paulista.
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
54/141
54
Considerando que o desenvolvimento representa uma escala maior que
crescimento econmico, pois como afirma Clemente, A. e Higachi (2000)
desenvolvimento sugere elevao do nvel de vida da populao, este estudo se
utilizar do ndice de Desenvolvimento Humano - IDH como parmetro de
mensurao do desenvolvimento do Cone Leste Paulista.
O ndice de Desenvolvimento Humano IDH, contribui, de forma quantitativa,
em definir um parmetro capaz de mensurar o grau de atendimento s demandas
humanas consideradas bsicas em um determinado espao local tendo em vista trs
aspectos bsicos: Renda percapita, longevidade e educao.
O conceito de Desenvolvimento sugere que para mensurar o desenvolvimento
de uma dada populao local, no se deve considerar apenas a dimenso
econmica, mas tambm outras caractersticas sociais, culturais e polticas que
influenciam a qualidade da vida humana.
O IDH foi desenvolvido em 1990 pelo economista paquistans Mahbub ul
Haq, com base nos estudos sobre indicadores de desenvolvimento realizados pelo
economista indiano Amartya Kumar Sen, e passou a ser utilizado junto ao Programa
das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) desde 1993.
O IDH agrega e mensura, como componentes do desenvolvimento as
seguintes variveis:
a longevidade, que tambm reflete, entre outras coisas, ascondies de sade da populao; medida pela esperana de vidaao nascer,
a educao; medida por uma combinao da taxa de alfabetizaode adultos e a taxa combinada de matrcula nos nveis de ensinofundamental, mdio e superior
a renda; medida pelo poder de compra da populao, baseado noPIB per capita ajustado ao custo de vida local para torn-locomparvel entre pases e regies, atravs da metodologiaconhecida como paridade do poder de compra (PPC)
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
55/141
55
Conforme Oliveira (2000), a metodologia de clculo do IDH envolve a
medio desses trs aspectos a partir de ndices de longevidade, educao e renda,
que variam entre 0 (pior) e 1 (melhor). A combinao destes ndices, ponderados
igualmente, gera um indicador sntese do nvel de desenvolvimento.
Desde 1990, a ONU calcula o IDH para um conjunto extenso de pases e
publica os resultados anualmente no Relatrio do Desenvolvimento Humano (RDH)
do PNUD. Quanto mais prximo de 1, maior ser o nvel de desenvolvimento
humano do pas ou regio. (Oliveira in BNDES, 2000).
Para efeito de anlise comparada, o PNUD estabeleceu trs principais
categorias:
0 IDH< 0,5 Baixo Desenvolvimento Humano
0,5 IDH< 0,8 Mdio Desenvolvimento Humano
0,8 IDH 1 Alto Desenvolvimento Humano
A partir dos dados de desenvolvimento humano, apresentados pelo Instituto
de Pesquisa Econmica Aplicada IPEA, para o estado de So Paulo, foram
criadas as tabelas representativas do IDH da Regio Administrativa de So Jos dos
Campos e suas respectivas microrregies.
Com objetivo de se evitar distores durante interpretao dos dados, as
tabelas de IDH apresentadas nesse estudo consideram a diferena populacional das
diferentes microrregies. Dessa forma, o IDH microrregional foi ponderado, portanto
representa a soma do IDH de cada municpio multiplicado pela suas respectivas
populaes e dividido pelo somatrio da populao da microrregio.
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
56/141
56
A mesma frmula foi considerada na produo do IDH da Regio
Administrativa, considerando a populao de cada microrregio.
Tambm se investigou dados quantitativos que contriburam para
interpretao da realidade dos 39 municpios da regio, consorciados do CODIVAP.
Os dados quantitativos foram extrados das seguintes fontes: Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatstica - IBGE, Fundao Sistema Estadual de Anlise de Dados -
SEADE, Ncleo de Pesquisa Econmicas e Sociais da Universidade de Taubat
NUPES e Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada - IPEA.
Com a anlise desses dados foi desenvolvido um indicador que compara o
grau de sucesso no desenvolvimento de uma regio, o qual foi aplicado para
comparar as microrregies do Cone Leste Paulista. Para o clculo deste indicador
foram utilizadas variveis de: renda rendimento mdio mensal dos responsveis
por domiclios; educao percentual de analfabetos com mais de 15 anos; e
longevidade expectativa de vida ao nascer.
Com essas variveis foram computados valores totais para cada microrregio
por meio das frmulas a seguir:
1- ndice de sucesso na renda: calculado por meio do rendimento
mensal mdio do chefe de famlia por municpio dividido pela maior
mdia da microrregio.
ISr = RmMm
Onde:
ISr o ndice de sucesso na renda
Rm a renda mdia do chefe de famlia no municpio
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
57/141
57
Mm a maior renda mdia do chefe de famlia entre os municpios da regio
2- ndice de sucesso na educao: calculado a partir da subtrao do
percentual de analfabetos maiores de 15 anos divido por 100 do
valor 1.
ISe = 1 - %A+15100
Onde:
ISe o ndice de sucesso na educao
%A+15 o percentual de analfabetos maiores de 15 anos
Deve-se observar que este indicador no infinito, por isso sua frmula no
levar em conta a maior mdia regional.
3- ndice de sucesso na expectativa de vida: calculado por meio da
expectativa de vida por municpio dividida pela maior mdia da
regio. (mdia do municpio/maior mdia da regio)
ISev = EvEvm
Onde:
ISev o ndice de sucesso na expectativa de vida
Ev a expectativa de vida do municpio
Evm a maior mdia da expectativa de vida entre os municpios da regio
Posteriormente foi calculado o ndice de insucesso do desenvolvimento
regional por meio da seguinte frmula:
ndice de Insucesso Regional: calculado a partir da soma dos trs
ndices encontrados subtraindo-se o valor total de 3, que seria o
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
58/141
58
valor mximo possvel. Assim, quanto mais distante o valor
encontrado de zero e mais prximo de trs, maior a desigualdade.
IIR = 3 (ISr + ISe + ISev)
Onde:
IIR o ndice de insucesso regional
Por meio de softwares de editorao grfica e elaborao de planilhas
eletrnicas, foram desenvolvidos mapas, quadros e tabelas com objetivo de
demonstrar visualmente os resultados.
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
59/141
59
4. RESULTADOS E DISCUSSO
Este Captulo apresenta e discute dados e resultados scio econmicos
diretamente relacionados ao desenvolvimento scio-econmico no Cone Leste
Paulista.
4.1 INDCE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO - IDH
Ao apresentar o IDH como um parmetro de mensurao do
desenvolvimento, resgata-se os pensamentos de Amartya Sen. Tais pensamentos
influenciaram o Relatrio de Desenvolvimento Humano RDH, apresentado pela
Organizao das Naes Unidas em 1990.
Sen amplia a discusso sobre desenvolvimento apresentando ferramentas
analticas para sua mensurao que extrapolassem os critrios econmicos e
discutissem questes de ordem social, o que trouxe a reflexo os conceitos de
desigualdade e pobreza.
Conforme Kerstenetzky (2000), desde 1973 Sen debrua-se sobre as
questes da medida da pobreza e da desigualdade debatendo a noo de qualidadede vida dos indivduos com suas capacidades de concretizarem seus objetivos
pessoais em um determinado lugar.
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
60/141
60
4.1.1 IDH no Brasil
Tabela 1 - Srie histrica de IDH no Brasil
IDH BRASIL 1970 1980 1991 2000
EDUCAO 0,501 0,577 0,645 0,849LONGEVIDADE 0,44 0,531 0,638 0,727
RENDA 0,444 0,947 0,942 0,723
GERAL 0,462 0,685 0,742 0,766Fonte: dados do IPEA
Observa-se que a variao do IDH no pas, entre as dcadas de 1970 e 1990
calcou-se principalmente sobre a variao do ndice de renda, da mesma forma o
crescimento de 33% entre as dcadas de 1970 e 1980, no entanto, entre as dcadas
de 1980 e 1990, apesar do crescimento do IDH, observamos a variao negativa no
ndice de renda.
Entre as dcadas de 1990 e 2000, observou-se que, apesar do declnio
relacionado aos resultados do PIB, o IDH ainda apresentou um crescimento de 3,2%
sustentado pelo salto no indicador de educao que agregava os reflexos das novas
polticas pblicas voltadas para esta rea como criao o FUNDEB, FUNDEF entre
outras aes.
-
7/23/2019 Mamede-jefferson Alessandro Galdino
61/141
61
4.1.2 Srie histrica do IDH nos Estados
A Tabela 2 apresenta a srie histrica do IDH dos estados brasileiros e as
Figuras 3 e 4 demonstram o comportamento da variao do IDH nos diferentes
estados ao longo desta srie histrica, pela qual se observa a formao de regies
polarizadas, como o caso das regies Sul e Sudeste, nas quais o desenvolvimento
obteve um resultado mais expressivo que as demais regies.
Tabela 2 - Srie histrica do IDH nos estados brasileiros de 1970 a 2000
IDH - ESTADOS 1970 1980 1991 2000Acre 0,35 0,51 0,58 0,70Alagoas 0,29 0,41 0,47 0,65Amazonas 0,40 0,61 0,66 0,71Amap 0,42 0,58 0,69 0,75Bahia 0,33 0,52 0,53 0,69Cear 0,29 0,44 0,52 0,70Distrito Federal 0,65 0,75 0,81 0,84Esprito Santo 0,42 0,67 0,70 0,77Gois 0,40 0,66 0,72 0,78
Maranho 0,29 0,41 0,46 0,64Minas Gerais 0,41 0,68 0,70 0,77Mato Grosso do Sul 0,44 0,69 0,75 0,78Mato Grosso 0,40 0,62 0,70 0,77Par 0,40 0,58 0,60 0,72Paraba 0,28 0,40 0,49 0,66Pernambuco 0,33 0,50 0,57 0,71Piau 0,27 0,39 0,47 0,66Paran 0,44
top related