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Universidade Federal de Santa Catarina
LUCIMARI DORIZETE TRÊS
RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL: Uma compilação entre balanço social IBASE e relatório de sustentabilidade
segundo as diretrizes da GRI
Florianópolis, 2008.
Universidade Federal de Santa Catarina Centro Sócio Econômico
Departamento de Ciências Contábeis
LUCIMARI DORIZETE TRÊS
RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL: Uma compilação entre balanço social e relatório de sustentabilidade segundo as
diretrizes da GRI Monografia apresentada a Universidade Federal de Santa Catarina como um dos pré-requisitos para obtenção do título de bacharel em Ciências Contábeis. Orientador: Professor M.Sc. Luiz Felipe Ferreira
Florianópolis, 2008.
LUCIMARI DORIZETE TRÊS
RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL: Uma compilação entre balanço social e relatório de sustentabilidade segundo as
diretrizes da GRI
Esta monografia foi apresentada como trabalho de conclusão do curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal de Santa Catarina, obtendo a nota de..............., atribuída pela banca constituída pelos professores abaixo: Aprovada em: 12 de Agosto de 2008.
____________________________________ Profa. Dra. Valdirene Gasparetto
Coordenador de Monografia do Departamento de Ciências Contábeis
Professores que compuseram a banca:
_____________________________________
Prof. M.Sc. Luiz Felipe Ferreira (Orientador) Departamento de Ciências Contábeis, UFSC
____________________________________
Profa. Dra. Valdirene Gasparetto Departamento de Ciências Contábeis, UFSC
___________________________________
Prof. M.Sc. Fabrícia Silva da Rosa Contadora
Florianópolis, 2008.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por todas as bênçãos recebidas, e por tornar possível a conclusão de mais uma etapa
na trajetória de minha vida, toda honra e gloria sejam a Ele.
A minha mãe Luiza, que tanto me apoiou nesta jornada com seu carinho, e com palavras de
incentivo.
Aos meus irmãos e familiares que sempre acreditaram em mim.
Ao meu orientador, professor Luiz Felipe Ferreira, por sua paciência, dedicação, e
compreensão, seus direcionamentos foram imprescindíveis para a elaboração deste trabalho.
A todos os amigos com quais compartilhei minhas aflições e expectativas, e que durante a
caminhada deram-me preciosos conselhos estimulando-me a seguir adiante.
A todos os colegas de trabalho, em especial ao departamento contábil, Gisele, Francisco e
Jociane e minha chefe e amiga Luci, pelo companheirismo e auxilio, e por serem uma equipe
tão admirável da qual tenho a alegria de fazer parte.
Aos funcionários e professores da UFSC, pelos ensinamentos transmitidos durante todo o
curso.
A todos aqueles que de forma direta ou indireta contribuíram para a realização deste trabalho.
A todos os meus sinceros agradecimentos.
“Que o nosso tempo seja lembrado
pelo despertar de uma nova reverência
face à vida, pelo compromisso firme
de alcançar a sustentabilidade, a
intensificação da luta pela justiça
e pela paz, e a alegre celebração
da vida”.(Carta da Terra)
RESUMO
TRÊS, Lucimari Dorizete.– Relatório de sustentabilidade empresarial: uma compilação entre balanço social e relatório de sustentabilidade segundo as diretrizes da GRI. Florianópolis, 2008. 84 p. Monografia (Bacharelado em Ciências Contábeis) - Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis. 2008.
A contabilidade, que auxilia os gestores no acompanhamento do desempenho financeiro, tem também como desafio apoiar a gestão sócio-ambiental, elaborando relatórios que demonstrem as medidas e os resultados referentes a atuação das entidades em prol da sociedade e do meio ambiente. Sendo assim, tem-se como objetivo geral do trabalho evidenciar a importância da contabilidade na gestão sócio-ambiental, construindo um modelo de relatório de sustentabilidade a partir do balanço social e das demonstrações contábeis. A metodologia utilizada para alcançar os objetivos caracteriza-se como pesquisa exploratória, de tipologia documental com problemática qualitativa, a fim de reunir e apresentar informações das mais diversas fontes para a compilação de um relatório de sustentabilidade empresarial. Este instrumento tem como ponto de partida o modelo de balanço social do Instituto Brasileiro de Análises Sócio Econômicas, ao qual serão incorporados indicadores que fazem parte das diretrizes da Global Reporting Initiative - GRI. A construção do modelo proposto surgiu da análise comparativa entre as informações apresentadas pelo balanço social e as informações requeridas pelos relatórios do GRI. Foram avaliadas tanto as informações quantitativas como as qualitativas. Como resultado final é apresentado um balanço social ampliado, um relatório contábil com características de relatório de sustentabilidade que abrange indicadores econômicos, sociais e ambientais, subdivididos em três categorias, geral, de referência e específicos, respaldados por 114 indicadores.
Palavras-chave: Contabilidade, Gestão Sócio-Ambiental, Balanço Social Ampliado, Relatório de Sustentabilidade.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Avaliação de desempenho ambiental............................................................26
Figura 2: Relação do patrimônio com ambiente global................................................35
Figura 3: Estrutura de relatórios da GRI.......................................................................50
Figura 4: Árvore de decisão para estabelecimento do (limite) do relatório..................54
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Histórico de acidentes ecológicos.............................................................19
Quadro 2: Paradigma cartesiano versus paradigma da sustentabilidade....................29
Quadro 3: Balanço social - modelo IBASE...............................................................41
Quadro 4: Protocolos de indicadores.........................................................................49
Quadro 5: Exemplos de protocolos de indicadores ambientais..................................49
Quadro 6: Orientações e princípios para definir o conteúdo......................................51
Quadro 7: Princípios para garantir a qualidade..........................................................52
Quadro 8: Orientações para estabelecer o limite do relatório....................................53
Quadro 9: Aspectos dos indicadores de desempenho................................................60
Quadro 10: Paralelo entre indicadores econômicos e ambientais................................64
Quadro 11: Paralelo entre indicadores sociais.............................................................65
Quadro 12: Modelo de relatório de sustentabilidade – Perfil da entidade...................68
Quadro 13: Modelo de relatório de sustentabilidade – Indicadores econômicos.........69
Quadro 14: Modelo de relatório de sustentabilidade – Indicadores sociais.................70
Quadro 15: Modelo de relatório de sustentabilidade – Indicadores ambientais..........72
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ADA - Avaliação do Desempenho Ambiental.
GE - General Electric
GRI - Global Reporting Initiative
IBASE - Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas
ISO - International Organization for Standartization
ONG - Organização Não Governamental
PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
SGA - Sistema de Gestão Ambiental.
PA - Política Ambiental
IUCN - União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................11
1.1 TEMA E PROBLEMA .......................................................................................................12
1.2 OBJETIVOS .......................................................................................................................13
1.2.1 Objetivo geral.................................................................................................................13
1.2.2 Ojetivos especificos ........................................................................................................13
1.3 JUSTIFICATIVA ...............................................................................................................13
1.4 METODOLOGIA...............................................................................................................15
1.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA..........................................................................................17
1.6 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO..................................................................................18
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................................19
2.1 CONSCIENTIZAÇÃO SÓCIO-AMBIENTAL .................................................................19
2.2 GESTÃO SÓCIO-AMBIENTAL.......................................................................................22
2.2.1 Sistemas de gestão ambiental .......................................................................................24
2.2.2 Desenvolvimento sustentável ........................................................................................27
2.2.3 Sustentabilidade empresarial .......................................................................................30
2.3 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS ..............................................................32
2.3.1 Contabilidade ambiental...............................................................................................33
2.3.2 Demonstrações sócio-ambientais..................................................................................37
2.3.2.1 Balanço social ..............................................................................................................37
2.3.2.1.1 Apresentação do modelo IBASE...............................................................................41
2.3.2.2 Indicadores de sustentabilidade ...................................................................................44
2.4 RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE GRI..............................................................45
2.4.1 Apresentação da GRI ....................................................................................................46
2.4.1.1 Estrutura de relatórios da GRI.....................................................................................48
2.4.1.2 Orientações e princípios...............................................................................................51
2.4.1.3 Conteúdo do relatório ..................................................................................................55
2.4.1.3.1 Perfil ..........................................................................................................................55
2.4.1.3.1.1 Estratégia e análise .................................................................................................55
2.4.1.3.1.2 Perfil organizacional...............................................................................................56
2.4.1.3.1.3 Parâmetros para o relatório.....................................................................................57
2.4.1.3.1.4 Governança, compromisso e engajamento .............................................................58
2.4.1.3.1.5 Forma de gestão e indicadores de desempenho......................................................58
2.4.1.3.2 Informações sobre forma de gestão ...........................................................................59
2.4.1.3.3 Indicadores de desempenho.......................................................................................60
3 MODELO DE RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL –
BALANÇO SOCIAL AMPLIADO.......................................................................................62
3.1 BALANÇO SOCIAL IBASE X RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE GRI ............62
3.2 APRESENTAÇÃO DO MODELO DE RELÁTORIO.......................................................67
3.3 CARACTERÍSTICAS DA ESTRUTURA.........................................................................74
4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .........................................................................77
4.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................77
4.2 QUANTO À PROBLEMÁTICA........................................................................................78
4.3 QUANTO AOS OBJETIVOS.............................................................................................78
4.4 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS..................................................79
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................80
11
1 INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas vivenciam-se grandes mudanças, referente à preocupação com as
questões sociais, e com o meio ambiente1, o que direciona as empresas a assumirem uma nova
postura, adotando medidas para controlar o impacto de suas atividades no meio em que estão
inseridas.
O gerenciamento sócio-ambiental está se tornando um diferencial competitivo para as
empresas. Através dele é possível traçar estratégias que atendam aos interesses não apenas
dos acionistas, mas de todos os stakeholders2 que esperam delas atitudes que demonstrem seu
engajamento na busca do desenvolvimento sustentável3.
Neste contexto, a contabilidade, como uma ciência social deve assumir uma nova
postura, auxiliando na gestão sócio-ambiental, através da elaboração de relatórios que
demonstrem além dos dados financeiros e econômicos, a atuação das entidades para a
melhoria das condições sociais, e as medidas adotadas para a preservação do meio ambiente.
As demonstrações contábeis usuais, de ordem econômico-financeira, não são
suficientes para explanar com o grau de transparência desejado, a atuação das entidades nas
questões sócio-ambientais, desta forma a divulgação do balanço social tem se tornado uma
prática cada vez mais comum entre aquelas que já descobriram seu potencial informativo, e
por conseqüência, competitivo.
Diante das pressões internas e externas que as entidades enfrentam quanto a
transparência de suas operações, o balanço social é uma ferramenta importante para prestar
informações de cunho sócio-ambiental aos stakeholders. Constata-se, no entanto, que em
alguns aspectos ele apresenta ausência de elementos essenciais, por esse motivo, a tendência é
que comecem a surgir novos tipos de relatórios, que contemplem indicadores relevantes de
ordem quantitativa e qualitativa capazes de suprir tal deficiência, proporcionando um grau de
evidenciação mais elevado.
1 Meio Ambiente – circunvizinhança em que uma organização opera, incluindo ar, água, solo, recursos naturais, flora, fauna, seres humanos e suas inter-relações (ABNT ISO 14031, 2004, p.1). 2 Stakeholders- parte interessada ou interveniente, diz respeito a todos os envolvidos no processo, como: clientes, colaboradores, investidores, fornecedores, comunidade etc. (GRI, 2006). 3 Desenvolvimento Sustentável – é o que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades (TINOCO, 2004, p.31).
12
1.1 TEMA E PROBLEMA
A contabilidade, vista como um sistema de informações sobre a situação patrimonial,
financeira e econômica das empresas, está adentrando em um campo de atuação relativamente
novo: o desafio é fornecer também informações de cunho social em ambiental, auxiliando as
empresas na gestão sócio-ambiental.
O balanço social, cada vez mais, passa a fazer parte das demonstrações publicadas
pelas empresas. Através dele elas apresentam as informações sobre seu desempenho nas áreas
sociais e ambientais. De acordo com Tinoco e Kraemer (2004, p. 32),
Balanço social é um instrumento de gestão e de informações que visa evidenciar, de forma mais transparente possível, informações financeiras, econômicas, ambientais e sociais, do desempenho das entidades, aos mais diferenciados usuários, seus parceiros sociais.
O relatório de sustentabilidade por sua vez, é mais abrangente que o balanço social,
pois evidencia as práticas adotadas pelas empresas no intuito de buscar o desenvolvimento
sustentável, através de medidas que possibilitem melhores condições de vida para a
sociedade, e que demonstre atitudes de preservação do meio ambiente.
Relatórios de sustentabilidade são a prática de medir e divulgar o desempenho organizacional enquanto se trabalha rumo ao desenvolvimento sustentável. Um relatório de sustentabilidade fornece uma declaração equilibrada e razoável do desempenho de sustentabilidade da organização, incluindo contribuições positivas e negativas (GRI, 2006, p.41).
As informações geradas pelo relatório de sustentabilidade são de ordem qualitativa e
quantitativa, uma vez que ele procura evidenciar os processos da gestão sócio-ambiental nas
organizações, demonstrando o que elas têm feito em busca do desenvolvimento sustentável.
Diante disso, o presente trabalho propõe-se a apresentar a participação da
contabilidade no gerenciamento das informações sócio-ambientais, e na elaboração de
relatórios de sustentabilidade procurando responder a seguinte questão: como as informações
contidas nos demonstrativos contábeis e no balanço social contribuem na elaboração de um
relatório de sustentabilidade?
13
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo geral
Este trabalho tem como objetivo geral, evidenciar a importância da contabilidade na
gestão sócio-ambiental, construindo um modelo de relatório de sustentabilidade a partir do
balanço social e das demonstrações contábeis.
1.2.2 Objetivos específicos
Partindo do objetivo geral os objetivos específicos serão os seguintes:
� Identificar o papel da contabilidade como ferramenta para gestão sócio-
ambiental;
� Caracterizar a gestão sócio-ambiental no contexto empresarial;
� Apresentar um comparativo entre o balanço social do Instituto Brasileiro de
Análises Sociais e Econômicas – IBASE, e as diretrizes da Global Reporting Initiative - GRI;
� Propor um modelo de relatório de sustentabilidade conforme as diretrizes da
GRI, incorporada ao modelo de balanço social do IBASE.
1.3 JUSTIFICATIVA
A relevância do tema abordado está na necessidade cada vez maior, que as entidades
têm em demonstrar atitudes responsáveis quanto aos impactos que suas operações causam na
sociedade e no meio ambiente.
A contabilidade como ferramenta que controla o patrimônio das entidades não pode
ficar alheia à necessidade de informações de cunho sócio-ambiental, limitando-se apenas à
questão financeira, pois certos impactos podem trazer conseqüências que comprometem a
continuidade das operações empresariais.
14
Os balanços apresentados pela contabilidade muitas vezes não refletem a real situação
patrimonial, visto que inúmeras outras variáveis que podem não estar evidenciadas, afetam
significativamente o desempenho das organizações.
Existe ainda, um outro patrimônio que deve ser considerado e embora não possa ser
mensurado, possui um grande valor que pode ser determinante pela importância que as
entidades atribuem a ele, trata-se do patrimônio ambiental e humano (social).
Surge assim uma necessidade de informação na gestão sócio-ambiental, onde seja
possível acompanhar as medidas adotadas pelas organizações no intuito de amenizar o
impacto ambiental de seus produtos, além de demonstrar o que elas têm feito pra melhorar a
vida da sociedade onde estão inseridas. A contabilidade pode e deve contribuir através de
elaboração de relatórios, conforme Tinoco e Kraemer (2004, p. 32)
A contabilidade, entendida como meio de fornecer informações, deveria buscar responder a esse novo desafio, atendendo aos usuários interessados na atuação das empresas sobre o meio ambiente, subsidiando o processo de tomada de decisão, além das obrigações com a sociedade no que tange à responsabilidade social e à questão ambiental.
Diante disso, e fazendo uso das informações obtidas através da contabilidade, este
trabalho propõe-se a apresentar a estrutura do relatório de sustentabilidade a partir dos
indicadores contemplados no balanço social do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e
Econômicas - IBASE e das diretrizes estabelecidas pela Global Reporting Initiative (GRI).
A escolha do modelo de balanço social do IBASE como ponto de partida para a
elaboração do relatório de sustentabilidade é justificada por ser o mais utilizado pelas
organizações devido a sua simplicidade, e também pela credibilidade da instituição, visto que
é reconhecida internacionalmente.
Contudo, no modelo de balanço social do IBASE a ênfase é para o aspecto social.
Existe uma carência de informações relevantes para quem deseja conhecer a política de gestão
sócio-ambiental adotada, e como ela se relaciona com fatores econômicos da entidade.
O modelo de relatório de sustentabilidade que será apresentado visa evidenciar as
ações das entidades voltadas para a busca do desenvolvimento sustentável, englobando as
esferas econômica, ambiental e social. O objetivo não é apenas relatar o que positivo já foi
feito, mas fazer com que as organizações revejam suas atitudes, e caso haja necessidade
estabeleçam novas políticas a fim de melhorar seu desempenho em cada uma das três esferas.
A utilização das diretrizes da GRI é importante para que as informações prestadas
sigam um modelo de referência, pois como destacado por Nossa (2002), a existência de
padrões para evidenciação levaria as empresas a definirem suas responsabilidades, e a
15
publicarem relatórios úteis que ajudariam a administração na avaliação das condições
ambientais em suas operações.
1.4 METODOLOGIA
A elaboração de um trabalho científico visa colaborar para a ampliação do
conhecimento sobre determinado assunto.Trata-se de uma investigação minuciosa sobre fatos
e eventos relacionados ao tema da pesquisa. Esta investigação deve ocorrer através um
processo metodológico alicerçado em uma estrutura lógica, capaz de responder a
problemática e alcançar os objetivos do estudo, possibilitando averiguação dos dados, bem
como servir de base para consultas futuras, ou ainda como ponto de partida para novos
trabalhos.
De acordo com Beuren et al. (2003, p. 76), dentre os processo metodológicos estão os
delineamentos que possuem a função de articular planos e estruturas, a fim de obter respostas
para os problemas de estudo.
Os delineamentos traçam planos e estruturas que resultam na tipologia que por sua vez
contempla os objetivos, os procedimentos e a abordagem a serem adotados para o
desenvolvimento do trabalho.
Levando em consideração a abrangência e a forma dos diferentes métodos que podem
ser utilizados, optou-se quanto aos objetivos por realizar uma pesquisa do tipo exploratória.
Segundo Beuren et al. (2003, p. 80), “[...] para que o estudo na contabilidade seja
considerado exploratório, deverá concentrar-se em algo que necessita ser esclarecido ou
explorado nesse campo de conhecimento”.
E ainda de acordo com Gil (2002, p. 41), a pesquisa do tipo exploratória tem como
objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais
explícito ou construir hipóteses, pode-se dizer que o seu objetivo principal é o aprimoramento
de idéias.
Com a opção pela pesquisa exploratória pretende-se contribuir para o esclarecimento
quanto à elaboração de relatórios de sustentabilidade, buscando diferenciá-lo do balanço
social, cooperando assim para dar maior clareza aos aspectos relacionados à sustentabilidade
empresarial.
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Quanto aos procedimentos técnicos, que tratam do modo como o estudo será
conduzido, a tipologia a ser adotada será uma pesquisa documental e bibliográfica, buscando
informações publicadas nas mais variadas fontes, desde livros, revistas, e material publicado
na web, entre outros que serão citados e referenciados ao término do trabalho.
De acordo com Gil (2002, p. 44)
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Boa parte dos estudos exploratórios pode ser definida como pesquisa bibliográfica.
Quanto à pesquisa documental, Silva e Grigolo (2002, apud BEUREN et al., 2003, p.
89) explicam que este tipo de pesquisa vale-se de materiais que ainda não receberam nenhuma
análise aprofundada, e seu objetivo é de selecionar, tratar e interpretar as informações brutas,
buscando dar-lhes sentido e valor, podendo ainda contribuir para a comunidade científica a
fim de que outros possam voltar a desempenhar futuramente o mesmo papel.
Como o assunto a ser estudado pode ser considerado relativamente novo no campo da
contabilidade, optou-se por realizar a pesquisa documental e bibliográfica, como forma de
investigar o que já foi publicado sobre o assunto, e reunir informações que se encontram
dispersas no intuito de torná-las acessíveis para novas pesquisas.
Quanto à abordagem do problema será realizada uma pesquisa do tipo qualitativa,
sendo que a decisão por adotar este tipo de pesquisa pode ser entendida através observação do
seguinte fato apontado por Beuren et al. (2003, p. 90): “[...] cabe lembrar que, apesar de a
contabilidade lidar intensamente com números, ela é uma ciência social, e não uma ciência
exata como alguns poderiam pensar, o que justifica a relevância do uso da abordagem
qualitativa”.
Pode-se ressaltar ainda o fato de que o objeto de estudo situa-se não somente no
campo econômico, mas também no social e ambiental, os quais embora possam ser
quantificados, merecem uma visão mais ampla que por vezes pode ser considerada subjetiva.
Na concepção de Pereira (2004, p. 21)
O dado qualitativo é uma forma de quantificação do evento qualitativo que normatiza e confere um caráter objetivo à sua observação. Nesse sentido, constitui-se em alternativa à chamada pesquisa qualitativa, que também se ocupa da investigação de eventos qualitativos mas com referenciais teóricos menos restritivos e com maior oportunidade de manifestação para a subjetividade do pesquisador [...].
Uma vez estabelecidos os delineamentos para traçar a metodologia a ser adotada no
presente trabalho, é possível visualizar uma trajetória que consiste no referencial teórico
abordado no capítulo 2, e na proposição de um modelo que será apresentado no capítulo 3.
17
Ressalta-se aqui que o estudo será desenvolvido a fim de atender os objetivos propostos, sem
a pretensão de esgotar os assuntos e possibilidades do tema.
1.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA
O presente trabalho limita-se em apresentar a importância da contabilidade na gestão
sócio-ambiental e na elaboração de relatórios de sustentabilidade, sem adentrar no aspecto de
escrituração contábil.
Não serão apresentadas as formas de escrituração contábil dos eventos sociais e
ambientais, por entender que este seria assunto para ser abordado por um outro trabalho mais
específico.
A abordagem da importância da contabilidade na gestão ambiental limita-se às
informações por ela fornecidas, sem adentrar na questão de como a contabilidade obteve e
tratou as informações, mas considerando que elas foram obtidas e tratadas em consonância
com as normas e princípios contábeis.
Sendo assim, parte-se da idéia que a entidade relatora fará uso de informações idôneas
para a elaboração de seus relatórios de sustentabilidade. Não serão feitos comparativos entre
os modelos de balanço social ou de relatórios de sustentabilidade existentes. A atenção recairá
sobre os modelos apresentados pelo IBASE e pela GRI.
A intenção não é de fazer estudo de caso sobre o que e como as empresas têm relatado,
mas apresentar um modelo de relatório capaz de suprir as necessidades de informações dos
stakeholders.
Um modelo em pesquisa científica é definido por Most (1982, apud PAIVA 2003, p.
68) como
Uma apresentação correta de alguma coisa, onde ainda assim resume algumas propriedades da coisa sendo modelada. Um modelo de carro pode não possuir motor. [...] da mesma forma, um modelo de pesquisa é uma construção que permite a observação dos efeitos de certas variáveis identificadas pelas hipóteses, podendo, por essa razão, resumir aspectos da realidade modelada que não são afetados pelas variáveis selecionadas, ou efeitos em que não esteja interessado.
Acredita-se que o modelo proposto seja funcional sem, contudo, aplicá-lo, o que pode
ser feito em futuros trabalhos, contribuindo ainda para sua expansão e melhorias.
18
1.6 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
Para explanar o assunto pesquisado de forma coerente e dentro dos padrões exigidos, o
trabalho foi dividido em quatro capítulos, sendo que o capítulo primeiro, denominado
introdução, subdivide-se na abordagem do tema e apresentação do problema, no
estabelecimento dos objetivos a serem alcançados, na justificativa da importância do assunto
pesquisado, na metodologia empregada para o desenvolvimento do trabalho e nas limitações
da pesquisa.
No segundo capítulo, intitulado fundamentação teórica, são abordados os principais
aspectos conceituais que envolvem o tema pesquisado, aborda-se a conscientização sócio-
ambiental, a gestão sócio-ambiental, os sistemas de gestão ambiental, as questões referentes
ao desenvolvimento sustentável, a sustentabilidade empresarial, os sistemas de informações
contábeis, os aspectos da contabilidade ambiental, tipos de demonstrações sócio-ambientais,
balanço social, indicadores de sustentabilidade e fundamentação de relatórios de
sustentabilidade de acordo com as diretrizes e protocolos de indicadores da GRI.
No capítulo três traça-se um paralelo entre os indicadores do balanço social do IBASE
e aos indicadores da GRI, os quais servirão de base para modelo de relatório de
sustentabilidade proposto.
A conclusão do trabalho ocorre no capítulo quatro onde são apresentadas as
recomendações para trabalhos futuros. E, por fim, são listadas as referências das fontes
pesquisadas para o desenvolvimento do presente trabalho.
19
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para que o trabalho científico tenha credibilidade deve estar alicerçado em teorias
capazes de fundamentar de forma adequada o tema abordado, a fim de responder a
problemática e alcançar os objetivos. Sendo assim, passa-se agora à apresentação da
fundamentação teórica, subdividida em tópicos que tratam da conscientização sócio-
ambiental, gestão sócio-ambiental, sistemas de informações contábeis e relatórios de
sustentabilidade GRI.
2.1 CONSCIENTIZAÇÃO SÓCIO-AMBIENTAL
A preocupação com as questões sócio-ambientais não é algo novo, mas deve-se
destacar que tem crescido muito nos últimos anos. Conforme Tinoco (2004 apud CARDOSO
et al., 2007a, p. 3), “a excessiva degradação do meio ambiente e a redução dos recursos
naturais tem chamado a atenção em todo o mundo, e com isso o meio ambiente vem atraindo
cada vez mais atenção e interesse”.
Neste cenário as empresas são os principais agentes causadores de degradação, e
também o principal alvo de críticas e cobranças por parte da sociedade, do governo, de
ambientalistas e de organizações não governamentais, devido ao histórico de desastres
ambientais ao longo dos anos.
O Quadro 1 mostra alguns dos principais acidentes ecológicos que afetaram
significativamente o meio ambiente na segunda metade do século XX e início do século XXI.
HISTÓRICO DE ACIDENTES ECOLÓGICOS
ANO LOCAL DESASTRE AMBIENTAL CONSEQÜÊNCIAS
Anos 50
Minimata, Japão
Indústria química Chisso despeja 460 toneladas de materiais poluentes na Bahia de Yatsushiro
Mais de 1.000 pessoas morrem e um número não calculável sofre mutilações em conseqüência do envenenamento por mercúrio. A empresa é obrigada a pagar mais de 600 milhões de dólares em indenizações e muitos processos judiciais correm até hoje.
1954 Bikini, Pacífico Ocidental
Teste com uma bomba de hidrogênio. A quantidade de partículas espalhadas foi o dobro da esperada e a mudança dos ventos levou as cinzas radiativas em direção às Ilhas Marshall
Contaminação de cerca de 18 km² de oceano, gerada por uma nuvem radiativa de aproximadamente 410 km de extensão e 75 km de largura. Causou doenças em peixes e pescadores da região.
Continua
20
Continuação
1967 Inglaterra Naufrágio do petroleiro Torrey Cânion
Centenas de km da costa da Cornualha foram poluídos.
1982 Ontário, Canadá Chuvas ácidas provocadas por gases tóxicos formados pela queima de combustíveis.
Morte de peixes em 147 lagos. O governo canadense acusa os EUA de indiferença em relação à questão ambiental.
1984 Cubatão, São Paulo, Brasil
Rompimento de um oleoduto da Petrobrás
Explosões e incêndio arrasam a favela de Vila Socó, uma das áreas mais poluídas do planeta, causando a morte de 150 pessoas e ferimentos em quase 200.
1984 México Vazamento em tanques e botijões de gás com explosões sucessivas
Morte de 500 pessoas e ferimentos em cerca de 4.000
1984 Bhopal, Índia
Vazamento de isocianeto de metila em uma fábrica de pesticidas da Union Carbide
Mais de 2.000 pessoas mortas por intoxicação e por volta de 200.000 com graves lesões nos olhos, pulmões, fígado e rins.
1986 Chernobyl, antiga URSS
Explosão destrói um dos quatro reatores de uma usina atômica, lançando 100 milhões de curies da radiação na atmosfera, 6 milhões de vezes o volume que escapou em Three Mile Island, nos Estados Unidos, poucos anos antes, no que era considerado até então o pior acidente atômico da história.
Trinta e uma pessoas perderam a vida e outras 40.000 ficaram sujeitas ao risco de câncer nos cem anos seguintes.
1987 Goiânia, Brasil Manuseio de cápsula de Césio 137 em ferro-velho
Contaminação de dezena de pessoas com 4 mortes em poucos dias.
1989 Alasca
Petroleiro Exxon Valdez bate em um recife e derrama 41.5 milhões de litros de petróleo no estreito de Príncipe William.
Cerca de 580.000 aves, 5.550 lontras e milhares de outros animais morrem no maior acidente ambiental da história recente dos Estados unidos.
1993 Reino Unido
Petroleiro Braer se chocou contra rochas, se quebrou em dois e derramou 80 milhões de galões de óleo.
Considerado "o pior desastre ambiental britânico"
2000 Rio de Janeiro
Rompimento de um duto da Petrobrás despejou durante 4 horas 1,3 milhões de litros de óleo nas águas da Baía da Guanabara.
Contaminação de manguezais, essenciais à sobrevivência da fauna da região.
2001 Rio de Janeiro
Explosões e afundamento da plataforma P-36 da Petrobrás. Ocasionando vazamento de petróleo na bacia de Campos.
Na explosão, 11 operários morreram, os problemas ambientais foram agravados pela elevada quantidade de dispersante químico utilizada pela Petrobrás para tentar fazer desaparecer a mancha de óleo formada no oceano.
2002 Galícia, Espanha
Navio Prestige de bandeira das Bahamas, partiu-se ao meio provocando o vazamento de cerca de 10 mil toneladas de óleo
Mais de 295km da costa e 90 praias foram contaminadas.
2004 Paranaguá, Paraná
Explosão do navio-tanque chileno Vicuña, carregado com 11 mil toneladas de metanol explodiu três vezes e afundou totalmente com pelo menos metade da carga em seu interior.
Num raio de trinta quilômetros de extensão, foram atingidos áreas de mangue, praias, ilhas, costões rochosos e rios e golfinhos e peixes apareceram mortos.
Continua
21
Continuação
2005 China
Cerca de 100 toneladas de benzeno foram lançadas no rio Songhua, depois de um acidente em uma indústria química.
Contaminação da água de rios usada para o consumo humano. O benzeno é altamente tóxico e cancerígeno.
2007 Criméia, Ucrânia
Uma violenta tempestade fez partir ao meio um pequeno petroleiro russo derramando 2.000 toneladas de combustível nas águas do mar Negro.
Morte de milhares de aves a animais marinhos.
2007 Coréia do Sul
Colisão entre petroleiro Hebei Sprit, de Hong Kong, e um cargueiro com bandeira sul-coreana no Mar Amarelo, provoca o vazamento de 10 mil toneladas de óleo.
A mancha de óleo se espalhou por mais de 17km, atingindo a praias de turismo e pesca, e reservas naturais fundamentais para sobrevivência de aves migratórias.
Quadro 1: Histórico de acidentes ecológicos Fonte: Ambiente Global (2001), Empresa e Ambiente (2000) apud Nossa (2002, p. 39) e Ambiente Brasil (2008)
O histórico de acidentes, apresentado no Quadro 1, envolve aqueles que tiveram
repercussão em nível internacional, mas vale lembrar que todos os dias o meio ambiente
continua a sofrer com o desmatamento, a poluição das águas e do ar e do solo.
Diante disso, as empresas estão sendo solicitadas a prestarem contas do que têm feito
para minimizar os impactos negativos causados ao meio ambiente.
Segundo Beets e Souther (1999, apud NOSSA, 2002, p. 44)
Estudos sobre comportamentos e preferências também revelam que muito investidores estão preocupados com as questões ambientais e por isso é mais provável que invistam em companhias que possuem relatórios que demonstrem atitudes favoráveis ambientalmente.
Em seu relatório de sustentabilidade do ano de 2007, a empresa Celulose Irani destaca:
“Uma empresa torna-se mais competitiva na medida em que se cria, ao mesmo tempo, um
ambiente de negócios ético, com respeito às pessoas e ao meio ambiente”.
Além da preocupação com o meio ambiente, a conscientização sócio-ambiental
envolve medidas em favor da qualidade de vida da população, como resposta aos anseios de
uma sociedade que exerce pressão sobre as políticas voltadas para a responsabilidade social.
A respeito da conscientização social, Donaire (2006, p. 23) enfatiza
A Conscientização Social refere-se à capacidade de uma organização de responder às expectativas e pressões da sociedade. Neste sentido, a busca de procedimentos, mecanismos, arranjos e padrões comportamentais desenvolvidos pelas empresas marca aquelas que são mais ou menos capazes de responder aos anseios da sociedade.
Os resultados desta troca de estímulos podem ser acompanhados através da gestão
sócio-ambiental.
22
2.2 GESTÃO SÓCIO-AMBIENTAL
Até meados dos anos 80, gerir uma empresa de forma eficiente significava tomar
decisões voltadas ao aumento da produtividade e da qualidade dos produtos com os menores
custos possíveis, sem uma preocupação ambiental de longo prazo, visando a obtenção de
lucros cada vez maiores.
Passa-se por uma fase, em que essa forma de gerenciamento empresarial onde homem
e meio ambiente são elementos difusos é ineficiente e até equivocada, visto que a empresa
não está isolada e independente dos agentes externos, mas atua em um complexo sistema onde
os agentes podem determinar o sucesso ou fracasso de seus interlocutores.
A gestão empresarial deve passar por reformulação de seus conceitos e valores.
Segundo Cardoso et al. (2007a), os objetivos empresariais devem ir além dos aspectos
mensuráveis dos fatores de produção, de forma a atender os interesses do indivíduo, da
sociedade e da natureza, transitando do paradigma antropocêntrico onde a empresa está no
centro para o ecocêntrico, onde o ambiente é o mais importante e a empresa está inserida nele.
Surge desta forma um novo paradigma; alicerçado na mudança da cultura
organizacional para que os objetivos possam ser alcançados, trata-se da gestão sócio-
ambiental, onde a preocupação com o meio ambiente seja abordada com um potencial
estratégico.
De acordo com Tinoco e Kraemer (2004, p.109)
Gestão ambiental é o sistema que inclui a estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política ambiental. É o que a empresa faz para minimizar ou eliminar os efeitos negativos provocados no meio ambiente por suas atividades.
Trata-se de um sistema de informação gerencial, que não se restringe aos produtos ou
serviços oferecidos pela organização, mas em processos com postura de responsabilidade
sócio-ambiental, que tenham como objetivo decisões de desempenho voltadas a minimizar os
impactos ambientais causados por suas operações.
A Resolução nº 1, de 23-1-1986, do Conselho Nacional do Meio Ambiente em seu art.
1º apresenta a seguinte redação
Considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a
23
biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais.
Medidas devem ser implementadas para garantir um desempenho positivo na
preservação do meio ambiente, através do gerenciamento ecológico.De acordo com
Callenbach (1993 apud CARDOSO et al., 2007a), o gerenciamento ecológico visa minimizar
os impactos ambientais e sociais das empresas, tornando todas as operações tão
ecologicamente corretas quanto possível ao reconhecer que os problemas ecológicos do
mundo, não podem ser entendidos isoladamente, mas são problemas sistêmicos, interligados e
interdependentes, que para serem compreendidos requerem um novo pensamento sistêmico
acompanhado de uma mudança de valores, passando da expansão para a conservação, da
quantidade para a qualidade e da dominação para a parceria.
Para garantir um gerenciamento ambiental eficiente, as empresas podem adotar uma
política de gestão ambiental que mais se adapte ao seu perfil. De acordo com Macedo (1994
apud TINOCO e KRAEMER, 2004) a gestão ambiental se divide em quatro níveis que são:
� Gestão de processos: envolve a avaliação da qualidade ambiental de todas as
atividades e recursos relacionados ao processo produtivo.
� Gestão de resultados: apresenta a avaliação da qualidade ambiental através
dos resultados do processo produtivo, mediante os feitos e resultados ambientais como, por
exemplo, as emissões gasosas e os resíduos sólidos gerados no processo produtivo.
� Gestão de sustentabilidade (ambiental): envolve a avaliação da resposta do
meio ambiente aos resultados do processo produtivo, através ma monitoração dos impactos
causados à natureza e ao ser humano.
� Gestão de plano ambiental: envolve uma avaliação sistemática referente ao
desempenho do plano de gestão ambiental adotado pela organização, com forma de aferi-lo e
adequá-lo de acordo com o resultado obtido.
Para que a gestão ambiental receba a atenção que merece além das exigências do
mercado, podem ser usados outros instrumentos, a fim de garantir a adesão das empresas a
esta questão tão relevante.
Os instrumentos a serem empregados, de acordo com Guimarães et al. (1995) podem
ser de comando e controle ou instrumentos econômicos, sendo que os principais mecanismos
de comando e controle são normas, padrões, licenças e permissões além do controle do uso do
solo e água, mas embora tais mecanismos tenham representado substancial progresso na
política ambiental, são criticados por não atingirem muitos de seus objetivos nos prazos
estipulados, além de serem de difícil aplicação.
24
Como alternativa para aumentar a eficiência da gestão ambiental tem-se adotado nos
últimos anos instrumentos econômicos que passaram a ser preferenciais por propiciarem
maior flexibilidade para a gestão empresarial, e quando bem utilizados os resultados
esperados são a redução de custos, o incentivo a mudanças tecnológicas, maior flexibilidade
nas políticas de controle de poluição e a geração de receitas.
No contexto atual, com o mercado globalizado e altamente competitivo, processos tradicionais de gestão e controle necessitam ser repensados e reavaliados. As organizações devem ser receptivas às novas propostas de gerenciamento. O planejamento e execução de estratégias empresariais devem, necessariamente, adequar-se e contemplar processos de gestão ambiental de acordo com as características do meio ambiente regional onde a mesma está localizada. (CARDOSO, 2007b, p. 4).
A gestão sócio-ambiental é uma ferramenta poderosa, que auxilia na elaboração do
planejamento estratégico e na ampliação do seu potencial competitivo, possibilitando a
elaboração dos sistemas de gestão ambiental a ser adotado pelas entidades.
2.2.1 Sistemas de gestão ambiental
A gestão ambiental faz parte do planejamento estratégico de empresas que perceberam
seu potencial competitivo, frente às exigências de um mercado mais perceptivo às questões
sócio-ambientais.
Um sistema de gestão ambiental (SGA), de acordo com Tinoco e Kraemer (2004, p.
121)
[...] pode ser definido como um conjunto de procedimentos para gerir ou administrar uma organização, de forma a obter o melhor relacionamento com o meio ambiente. Consiste, essencialmente, no planejamento de suas atividades, visando à eliminação ou minimização dos impactos ao meio ambiente, por meio de ações preventivas ou medidas mitigadoras.
O sistema de gestão ambiental é essencial para testar as habilidades das organizações
em antecipar e atender as expectativas quanto ao seu desempenho ambiental, pois ele
possibilita uma abordagem estruturada a fim de estabelecer os objetivos e definir como podem
ser atingidos, e ainda demonstrar se foram ou não atingidos.
Não existe um modelo pré-estabelecido de SGA, mas considerando que as
organizações estão cada vez mais preocupadas em atingir e demonstrar o desempenho
ambiental, foi preciso criar algumas normas, para estabelecer as diretrizes e auxiliar as
organizações no gerenciamento das questões ambientais.
25
Neste sentido, a International Organization for Standartization – ISO4 criou um
sistema internacional de normas designadas pelo código ISO 14000, que segundo Soledade
(2007, p. 6) tem como objetivo estabelecer critérios para auxiliar as organizações no
cumprimento de suas responsabilidades em relação ao meio ambiente, dentro de conceitos e
procedimentos, sem perder de vista características e valores regionais.
O instrumento do SGA é caracterizado pela definição da política ambiental, de acordo
Oliveira (2005, p. 122) um ponto essencial da filosofia subjacente às normas ISO da série
14000, é o estabelecimento da Política Ambiental (PA), cujo objetivo é o de assegurar os
seguintes aspectos quanto a sua aplicação prática:
� Adequar-se à natureza e à magnitude dos prováveis impactos ambientais,
resultantes das atividades desenvolvidas, dos produtos fabricados ou serviços prestados;
� Comprometer-se na busca de um melhoramento contínuo, baseado numa
atitude preventiva, face à poluição, procurando minimizar a dispersão de qualquer tipo de
poluente no ambiente;
� Incluir um pacto de observância e de conformidade à legislação aplicável e aos
demais regulamentos aos quais se tenha de uma forma ou de outra, comprometido a respeitar;
� Estabelecer um enquadramento adequado à implementação e ao
acompanhamento dos objetivos e das metas ambientais, que o organismo se tenha
comprometido a atingir;
� Traduzir a PA num documento de fácil acesso a todo o pessoal; devendo ter
ainda a possibilidade de acompanhar a sua implementação e seguir o seu desenvolvimento, de
forma satisfatória;
� A PA tem, necessariamente, de estar disponível para o público, com toda a
transparência possível.
Outras características da série ISO 14000, que deve ser observada é quanto aos
objetivos que se pretende alcançar. De acordo com Soledade (2007, p. 6)
A série de normas ISO 14000 visa alcançar três principais objetivos:
a) promover uma abordagem comum a nível internacional no que diz respeito à
gestão ambiental dos produtos;
b) aumentar a capacidade das empresas de alcançarem um desempenho ambiental
e na medição de seus efeitos;
c) facilitar o comércio, eliminando as barreiras dos imperativos ecológicos.
4 A ISO International Organization for Standartization é uma organização internacional especializada, cujos membros são entidades normativas provenientes de 111 países, fundada em 1946 com sede em Genebra.O Brasil participa da ISO através da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. (NOSSA, 2002).
26
Dentre a série ISO 14000 destaca-se aqui a norma 14031 sobre a qual Kraemer (2004,
p. 4) pontua
A ISO 14031 é uma norma cujo objetivo é definir de um processo de Avaliação do Desempenho Ambiental dos Sistemas das Organizações. De acordo com este documento, os Indicadores para a Avaliação do Desempenho Ambiental são utilizados pelas organizações como um meio de apresentar dados quantitativos ou qualitativos ou informações de uma forma mais compreensível e útil. Eles ajudam a converter dados selecionados em informações precisas quanto ao desempenho ambiental, através do desempenho do gerenciamento ambiental da organização, do desempenho ambiental das operações da organização ou da condição ambiental.
A norma ISO 14031:2004 dá as diretrizes para a gestão ambiental e a avaliação do
desempenho ambiental. E apresenta um processo de gestão baseado na avaliação do
desempenho ambiental – ADA.
O ADA segue um modelo gerencial que passa por quatro fazes distintas que são:
planejar, fazer, checar e agir, o esquema de a ADA pode ser observado na Figura 1.
PLANEJAR3.2 Planejamento da avaliação de desempenho ambiental
3.2.2 Seleção de indicadores paraavaliação de desempenho ambiental
FAZER
3.3 Utilização de dados e informações
CHECAR E AGIR
3.4 Análise crítica e melhoria da avaliação de desempenho ambiental
3.3.2 Coleta de dados
3.3.3 Análise e conversão de dados
3.3.4 Avaliação da Informação
3.3.5 Relato e Comunicação
DADOS
INFORMAÇÃO
RESULTADOS
Figura 1: Avaliação de desempenho ambiental Fonte: ABNT NBR ISO 14031:2004
O planejamento da ADA envolve uma série se decisões a serem tomadas acerca dos
indicadores a serem utilizados, sendo que a norma descreve duas categorias de indicadores
para a ADA que são:
� Indicadores de desempenho ambiental (IDA) – subdivididos em indicadores de
desempenho gerencial (IDG) e indicadores de desempenho operacional (IDO).
27
� Indicadores da condição ambiental (ICA).
O fazer engloba a parte prática, onde os dados são colhidos, analisados e convertidos
em informações, sendo estas avaliadas. Devem descrever o desempenho ambiental da
organização. Os resultados são então apresentados em um relato que pode ser voltado para o
público interno ou externo.
As fases, checar e agir visam fazer um levantamento crítico da ADA, a fim de
identificar oportunidades de melhoria, e caso sejam observadas falhas no processo, é possível
tomar as medidas necessárias para corrigi-las e melhorar o desempenho da gestão e das
operações da organização (ISO 14031:2004).
Desta forma, pode-se perceber que as normas apresentadas pela série ISO 14000
auxiliam as organizações na elaboração e na revisão do SGA, que atenda as exigências não
apenas do mercado interno, mas do mercado globalizado onde a preocupação com questões
sócio-ambientais é crescente, fazendo com que as entidades se envolvam gradativamente na
busca do desenvolvimento sustentável.
2.2.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
A busca pelo desenvolvimento sustentável não limita o crescimento, pelo contrário,
faz com que ele seja alcançado de forma racional e equilibrada.
A definição de desenvolvimento sustentável conforme o Relatório de Brundtland5, “é
a capacidade de atender as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as
gerações futuras de atenderem suas próprias necessidades”.
Conforme Ribeiro (2005, p. 4), o desenvolvimento econômico acabou gerando dois
produtos, a riqueza tão desejada e a poluição, ao equipar as cidades com a infra-estrutura
necessária para as condições de sobrevivência da população. Contudo o volume de resíduos
poluentes gerados coloca em risco a vida da humanidade, comprometendo também a
continuidade da atividade econômica, e ainda o acúmulo da riqueza nas mãos de um número
5 Relatório Brundtland é o documento intitulado Nosso Futuro Comum, publicado em 1987, elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, faz parte de uma série de iniciativas, anteriores à Agenda 21, as quais reafirmam uma visão crítica do modelo de desenvolvimento adotado pelos países industrializados e reproduzido pelas nações em desenvolvimento, e que ressaltam os riscos do uso excessivo dos recursos naturais sem considerar a capacidade de suporte dos ecossistemas (WIKIPEDIA, 2008).
28
cada vez menor de pessoas, faz com que haja um crescimento do contingente populacional
pobre.
Este desequilíbrio coloca em xeque um modelo econômico voltado exclusivamente
para a obtenção de lucros, pois se tornará insustentável pela degradação causada ao meio
ambiente, e pelas desigualdades sociais geradas.
Andrade et al. (2000, p. 2) cita a frase da então primeira ministra da Índia, Indira
Gandhi, na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente realizada em Estocolmo,
em junho de 1972, onde ela diz: “A pobreza é a maior das poluições”, neste contexto os países
do sul6 (ou países em desenvolvimento), afirmaram que a solução não estava em brecar o
desenvolvimento, mas sim orientá-lo para preservar o meio ambiente e os recursos não
renováveis. Foi na conferência de Estocolmo, que representantes de governos se uniram pela
primeira vez, para discutir a necessidade de adotar medidas efetivas de controle de fatores que
causam a degradação ambiental.
Ainda em 1972 teve início o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente -
PNUMA e, segundo Tinoco e Kraemer (2004, p. 48), “[...] sob influência desse programa,
para maior tranqüilidade dos países em desenvolvimento, os conceitos de crescimento zero
postulados pelos países ricos começam a ser substituídos pelas metas de desenvolvimento
sustentável”.
Em junho de 1992, pela ocasião do 20º aniversário da Conferência de Estocolmo,
aconteceu no Rio de Janeiro a Conferência sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, os
documentos resultantes desta conferência foram a Carta da Terra, ou Declaração do Rio, e a
Agenda 21.
De acordo com Andrade et al. (2000, p. 2), a Declaração do Rio “visa estabelecer
acordos internacionais que respeitam os interesses de todos e protejam a integridade do
sistema global de ecologia e desenvolvimento”. A Agenda 21 constitui-se em um plano de
ação que tem como objetivo colocar em prática programas para frear o processo de
degradação ambiental e transformar em realidade os princípio da Declaração do Rio.
Desta forma pode-se verificar que a solução para os problemas mundiais de ordem
social e ambiental, não está em deter o crescimento, mas em buscá-lo de forma consciente e
responsável através do desenvolvimento sustentável.
6 Países do Sul é o nome que se dá ao grupo de países subdesenvolvidos, divididos no mapa através de uma linha imaginária. Apesar do nome, alguns países do norte também estão no grupo, embora a maior parte desses países estejam localizados abaixo da Linha do Equador. (WIKIPEDIA, 2008).
29
Para tornar este pensamento válido faz-se necessária a quebra de alguns paradigmas, e
a formulação de novos, onde as ações empresariais não se limitam às questões econômicas,
mas refletem uma preocupação com a sociedade e com o meio ambiente através da
conscientização de que tudo está interligado. A mudança do velho para novo paradigma pode
ser vista no Quadro 2.
Cartesiano Sustentável
Reducionista, mecanicista, tecnocêntrico Orgânico, holístico, participativo
Fatos e valores não relacionados Fatos e valores fortemente relacionados
Preceitos éticos desconectados das práticas cotidianas
Ética integrada ao cotidiano
Separação entre objetivo e o subjetivo Integração entre o objetivo e o subjetivo
Seres humanos e ecossistemas separados, em relação de dominação
Seres humanos inseparáveis dos ecossistemas, em uma relação de sinergia
Conhecimento compartimentado e empírico Conhecimento indivisível, empírico e intuitivo
Relação linear de causa e efeito Relação não linear de causa e efeito
Natureza entendida como descontínua, o todo formado pela soma das partes
Natureza entendida como conjunto de sistemas inter-relacionados, o todo maior que a soma das partes
Bem-estar avaliado por relação de poder (dinheiro, influência, recursos)
Bem-estar avaliado pela qualidade das inter-relações entre os sistemas ambientais e sociais
Ênfase na quantidade (renda per capita) Ênfase na qualidade (qualidade de vida)
Análise Síntese
Centralização de poder Descentralização de poder
Especialização Transdisciplinaridade
Ênfase na competição Ênfase na cooperação
Pouco ou nenhum limite tecnológico Limite tecnológico definido pela sustentabilidade
Quadro 2: Paradigma cartesiano versus paradigma da sustentabilidade Fonte: Almeida (2002, apud TINOCO e KRAEMER, 2004, p. 135)
A busca pelo desenvolvimento sustentável requer das organizações uma nova visão
sobre os objetivos a serem alcançados. Não há como buscar um bom desempenho econômico
sem atentar às questões sociais e ambientais do universo em que estão inseridas, visto que
existe uma condição de inter-relacionamento, onde decisões isoladas sem levar em conta os
reflexos na sociedade e no meio ambiente pode tornar os negócios insustentáveis.
30
Segundo Tinoco e Kraemer (2004, p. 136)
[...] o desenvolvimento sustentável introduz uma dimensão ética e política que considera o desenvolvimento como um processo de mudança social, com conseqüente democratização do acesso aos recursos naturais e distribuição eqüitativa dos custos e benefícios do desenvolvimento, bem como sua divulgação aos parceiros sociais.
O desenvolvimento é algo inevitável e necessário para a continuidade da vida no
planeta. A preocupação com as questões sociais e ambientais tem crescido ao longo dos anos.
Na busca por um modelo de desenvolvimento sustentável as empresas têm adotado uma nova
postura em busca da sustentabilidade empresarial.
2.2.3 SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL
O despertar para a questão sócio-ambiental tem feito com que as empresas mais
experientes identifiquem o potencial de desenvolvimento econômico no engajamento a essa
causa, levando-as a inserir variáveis sociais e ambientais em seu planejamento estratégico.
De acordo com Ribeiro (2005, p. 3)
Urge conciliar os sistemas econômico e ecológico, em especial, porque os dois necessariamente interagem. Assim, não se pode fazer uma escolha entre desenvolvimento econômico ou meio ambiente saudável. A convivência harmoniosa entre eles é de fundamental importância, visto quer são vitais para a sobrevivência da humanidade; não são mutuamente exclusivos, mas partes que se complementam.
É necessário admitir que as empresas não aderem à causa por pura consciência social e
ecológica, o fator econômico poderá ser decisivo no momento de tomar decisões gerenciais.
Um exemplo que sustenta tal afirmação vem de uma matéria publicada pela revista
Exame (2008, p. 28), apresentando o caso da empresa General Electric – GE. Em dezembro
de 2004 seu presidente, Jefffrey Immelt, determinou que todas as áreas da empresa, da
fabricação de turbinas a serviços financeiros, deveriam se engajar na criação de produtos
ambientalmente corretos. Segundo Immelt, apenas 20% dos executivos presentes acharam
aquela uma boa idéia e a grande maioria não demonstrou o mesmo apoio, o que eles não
entenderam foi que idéia fazia parte do planejamento estratégico para adentrar em um
mercado promissor, o chamado mercado verde7. Conforme afirmação do próprio Immelt:
7 Mercado Verde - trata-se de um mercado com novas tendências de consumo, formado por cidadãos mais conscientes, que exigem produtos que causem menores impactos ambientais, produzidos por empresas ecoeficientes que demonstrem a preocupação com o meio ambiente em seu processo produtivo.
31
“Não acho que as empresas devam ter hobbies. Nossa estratégia visa atender uma demanda
crescente dos clientes e vamos colocar a empresa à frente desse processo”.
Um dos maiores problemas enfrentados pelas empresas que desejam entrar neste novo
mercado são os custos relacionados à adequação do processo produtivo para a fabricação dos
produtos verdes, esse também foi um desafio para a GE, mas a longo prazo a receita gerada
por esse tipo de produto tende a superar a dos produtos tradicionais.
Outro grande desafio está relacionado à mudança da cultura organizacional. Todo o
corpo funcional precisa estar engajado na busca pelo desenvolvimento sustentável. De acordo
com Donaire (1994, apud ANDRADE et al., 2000), a evolução de gestão ecológica passa por
várias fases, sendo que na fase de percepção da cúpula administrativa a variável ecológica é
considerada importante e deve fazer parte da política organizacional, mas a princípio não se
espalha para os níveis hierárquicos mais baixos da empresa, desencadeia-se então um
processo de disseminação do comprometimento organizacional, que começa a atingir os
gerentes de linha, e prepara terreno para atingir a fase de ação, quando então a variável
ecológica atinge um nível de maturação dentro da organização, que se caracteriza pela
incorporação de sua avaliação nas atividades de linha da estrutura, notadamente na função
produtiva e na administrativa, modificando os processos, exigindo investimento de recursos e
modificando a estrutura e cultura organizacional.
O processo de adaptação à nova cultura pode ser lento, visto que certos hábitos devem
dar lugar a novas atitudes, que reflitam comprometimento e engajamento de todas os agentes
envolvidos na busca da sustentabilidade empresarial.
Dentro desta nova cultura organizacional a gestão é reformulada para alcançar os
objetivos. Tinoco e Kraemer (2004, p. 131) apontam algumas mudanças importantes
A gestão de qualidade empresarial passa pela obrigatoriedade de que sejam implantados sistemas organizacionais e de produção que valorizem os bens naturais, as fontes de matérias-primas, as potencialidades do quadro humano criativo, as comunidades locais e de que deve iniciar-se o novo ciclo, em que a cultura do descartável e do desperdício seja coisa do passado. Atividades de reciclagem, incentivo à diminuição do consumo, ao controle de resíduos, à capacitação permanente dos quadros profissionais, em diferentes níveis e escalas de conhecimento, ao fomento ao trabalho em equipe e às ações criativas são desafios-chave neste novo processo.
A conscientização ambiental faz com que ocorra uma mudança no comportamento do
principal agente responsável pelo fomento do processo produtivo. Trata-se do consumidor que
passa a preocupar-se não só com a qualidade dos produtos, em saber se o seu método
fabricação causou danos ao meio ambiente.
32
Neste sentido, Rovere (2006, p. 4) destaca que
Atualmente algumas modificações no gerenciamento empresarial vêm sendo adotadas, objetivando a maior competitividade das empresas e a adequação das suas atividades ao meio onde estão instaladas. A busca da melhoria das características finais do produto da empresa, visando aperfeiçoá-lo e, em última análise, atender aos interesses do consumidor, cada vez mais consciente e exigente em relação à qualidade dos produtos, está se tornando uma meta prioritária. Desta forma, a estrutura produtiva passa a sofrer alterações permanentes no sentido de minimizar custos e preço final, aperfeiçoar o sistema de garantia da qualidade do processo, do produto e dos serviços ao consumidor, aumentar a produtividade e garantir a proteção ambiental na produção.
A adaptação das empresas para enfrentar o desafio de alcançar um desenvolvimento
sustentável, passa pela formulação de novas estratégias, em um processo criativo, que pode
ser acompanhado e assessorado por um sistema de informações contábeis.
2.3 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS
A contabilidade como um sistema aberto, tem a incumbência e fornecer às empresas
informações sobre o andamento dos negócios. Essas informações podem ser requeridas para o
gerenciamento ou demonstração do resultado econômico-financeiro junto a investidores,
bancos ou governo.
Conforme Kroetz (2000, p. 30), o sistema é um conjunto de recursos (humano ou de
capital), que envolve técnicas, tecnologias e lógicas formais, que permite planejar, analisar,
projetar, construir, controlar e operacionalizar as políticas administrativas, com o objetivo de
alcançar os melhores resultados de forma íntegra.
Cada empresa deve planejar seu próprio sistema de informação, de forma a atender
seus objetivos quer seja de controle, tomada de decisão, apresentação do resultado
econômico-financeiro dentre outros que se possa julgar necessários.
Segundo Lev (2001, apud PACHECO, 2005, p. 101), “uma visão contemporânea
sobre os sistemas de informações contábeis deve ser baseada na noção de que o mesmo deve
ser capaz de fornecer informações para tomadas de decisão em todos os níveis decisórios”.
Desta forma, o sistema de informações contábeis deve ser capaz de prover
informações monetárias e não monetárias destinadas a atividades e decisões dos níveis
operacionais, táticos e estratégicos da empresa, desempenhando um papel fundamental no
sistema gerencial da entidade. As variáveis não monetárias precisam ser destacadas para que
33
seja possível verificar o desempenho das atividades empresariais, tanto interna quanto
externamente.
Kroetz (2000 p. 31) ressalta que um sistema organizacional traz pontos que devem ser
analisados com maior profundidade, onde além da análise das demonstrações contábeis, o
contexto no qual a empresa está inserida também deve ser observado, bem como as
influências que ela exerce ao meio externo. A análise de um balanço, por exemplo, pode
apresentar um lucro financeiro em decorrência de danos ambientais não contabilizados.
O fato é que toda a ação de uma empresa sobre o meio onde está inserida causará uma
reação que pode ser positiva (benefícios gerados à sociedade, preservação ao meio ambiente)
ou negativa (exploração social, danos à natureza).
[...] as empresas precisam ser entendidas como algo dinâmico, em contínua interação com o meio em que estão situadas, ou seja, como algo sistêmico, mutável, adaptável, que exige sempre e cada vez mais contínua preocupação com as informações disponíveis (qualidade e disponibilidade) e com aquelas demandadas no futuro; em grande parte, novas informações. Atrás de qualquer processo de avaliação deve, no entanto, haver sempre um conjunto de preocupações com os usuários em geral. (PACHECO, 2005, p. 98).
O despertar para a responsabilidade sócio-ambiental faz surgir a necessidade de
demonstrações que apresentem o que as empresas têm feito para melhorar sua relação com a
sociedade, e que demonstrem como elas têm atuado para a preservação do meio ambiente, não
se restringindo apenas às demonstrações contábeis obrigatórias.
Os eventos que causam impactos ambientais devem ser acompanhados a fim de prever
eventos capazes de ameaçar a continuidade das operações a ponto de torná-las insustentáveis.
Ressalta-se aqui a importância da contabilidade, como geradora de informações, em auxiliar
na elaboração de relatórios ambientais. Através de um novo ramo da ciência contábil, a
contabilidade ambiental.
2.3.1 CONTABILIDADE AMBIENTAL
A Contabilidade é uma ciência, desenvolvida a partir da necessidade humana de
controle dos eventos que modificavam os bens ou direitos de indivíduos. De acordo com
Marion (2003), ela pode ser considerada um sistema de informações que se destina a prover
aos seus usuários dados que auxiliem na tomada de decisão, sendo que estes usuários podem
34
ser tanto internos (gerentes, diretores, administradores, funcionários em geral), quanto
externos (acionistas, instituições financeiras, fornecedores, governos, sindicatos).
A contabilidade é considerada uma ciência social, pois apesar de seu aspecto
quantitativo ela busca evidenciar as ações humanas sobre o patrimônio, e apontar os
resultados dessas ações.
De acordo com Iudícibus, Martins e Carvalho (2005, p. 8)
A Contabilidade, campo de conhecimento essencial para a formação dos agentes decisórios dos mais variados níveis, é fruto concebido da relação entre o desenrolar dos fatos econômico-financeiros e sua captação e processamento segundo os paradigmas de uma metodologia própria e potencializada pela racionalidade científica. Logo, a pedra fundamental que apóia e sustenta o edifício contábil pode ser definida como “a contabilidade seguindo, relatando e respeitando a essência dos eventos econômicos que captura e mede”.
Os eventos que causam as mutações patrimoniais são resultados das decisões tomadas
a partir de informações fornecidas pela contabilidade, sem as quais seria impossível
acompanhar e controlar tais eventos.
Desta forma é possível caracterizar a contabilidade como um sistema que recebe
dados, processa-os, e gera informações, formando uma rede.
Em sua origem grega, o vocábulo sistema significa reunir, ordenar, coligir. Com a modernização esse significado amplia-se e não mais é entendido como uma simples reunião ou forma de ordenação, mas como conceitua Saviani, ‘sistema é a unidade de vários elementos intencionalmente reunidos, de modo a formar um conjunto coerente e operante’. (KROETZ, 2000, p. 25)
O tipo de sistema contábil é considerado aberto por sua constante ligação com o meio
que a cerca conforme demonstrado na Figura 2.
35
Figura 2: Relação do patrimônio com o ambiente global. Fonte: Adaptado de Kroetz (2000, p.26)
Sendo o patrimônio o objeto de estudo da contabilidade, é possível perceber que ele
está inserido em um sistema maior do qual recebe, e para o qual transmite estímulos, com o
objetivo de manter a harmonia global. (KROETZ, 2000, p. 26).
Sabe-se que o objeto de estudo da contabilidade é o patrimônio das entidades, que esse
é composto por seus bens e direitos, mas diante da evolução da consciência ambiental surge
um novo tipo de objeto para a contabilidade o “patrimônio natural da humanidade”, que é
composto pelos recursos naturais do planeta.
Contudo, a grande diferença entre o patrimônio das entidades e o patrimônio natural
da humanidade está na forma de mensuração. O primeiro é facilmente mensurado e registrado
enquanto que o segundo ainda não possui um método adequado para definir seus valores.
Sabe-se, no entanto, que tal patrimônio possui um valor extremamente significativo para toda
a humanidade.
De acordo com Paiva (2003, p. 68), existe uma necessidade de melhor explicitação
para a geração de informações relativas ao meio ambiente, e a viabilização de instrumentos
que atendam a tal necessidade deve partir da contabilidade, que pode melhorar sua
contribuição para o alcance do desenvolvimento sustentável.
Desta forma a contabilidade tem o desafio de adentrar a um novo segmento,
assumindo uma tipologia conhecida como Contabilidade Ambiental. De acordo com Ribeiro
36
(2005, p. 45), a contabilidade ambiental não é uma nova ciência, mas uma segmentação da
tradicional, onde os objetivos principais são a identificação, mensuração e esclarecimento dos
eventos e transações econômico-financeiros relacionados com a proteção, preservação e
recuperação ambiental, ocorridos em um determinado período, visando evidenciar a situação
patrimonial de uma entidade.
Embora o patrimônio ambiental não possa ser mensurado, conforme os critérios
estabelecidos pelos princípios e normas contábeis, o valor atribuído a ele pelas diferentes
entidades é identificado pelas ações que visam reduzir os impactos negativos, no intuito de
preservá-lo e, através da revisão dos processos, contribuir para o alcance da sustentabilidade.
Com objetivo de controlar o desempenho ambiental e evidenciar as medidas adotas
pelas entidades para a preservação do meio ambiente, a contabilidade deve utilizar-se de
novas ferramentas e, de acordo Kraemer (2004, p. 1),
[...] faz-se necessário que a contabilidade, como instrumento de informações para a tomada de decisões, possa desenvolver e incorporar, em seus conceitos e métodos, formas de registrar e mensurar os eventos econômicos relativos ao meio ambiente, capazes de mostrar resultados da gestão ambiental, devidamente acompanhados de um conjunto de indicadores apresentados nas notas explicativas, propiciando à sociedade avaliar o desempenho ambiental da organização.
Para Lima e Viegas (2002 apud TINOCO e ROBLES, 2006), a contabilidade deve
atualizar-se na busca de procedimentos que proporcionem a evidenciação das informações de
caráter ecológico, promovendo a discussão do tema entre seus pesquisadores e profissionais,
pois demonstrar interesse pela questão ambiental é uma atitude ética e econômica que pode
determinar a permanência da empresa no mercado.
Novos relatórios passam a fazer parte do rol de demonstrações geradas pela
contabilidade, como forma de analisar a gestão ambiental das entidades a fim de otimizar o
uso de recursos naturais e reduzir os gastos com a preservação ambiental.
As informações de ordem ambiental, geradas pela contabilidade, são de suma
importância para todos os stakeholders, ao considerar os riscos e benefícios ambientais de
acordo com as particularidades de cada atividade econômica.
Conforme Ribeiro (2005, p. 45), “[...] teremos uma sociedade informada, e a empresa
dando a conhecer seu empenho por um futuro que garanta condições ambientais às gerações
vindouras, paralelamente ao desenvolvimento econômico [...]”.
Com o objetivo de suprir a necessidade de informação de ordem ambiental, novos
tipos de demonstrações têm sido elaboradas, são as chamadas demonstrações sócio-
ambientais.
37
2.3.2 DEMONSTRAÇÕES SÓCIO-AMBIENTAIS
Para uma sociedade que sente diariamente os reflexos de um crescimento
desordenado, apresentar apenas números já não é suficiente. A exigência de demonstrações
que evidenciem com maior clareza a interferência de operações das organizações sobre o
meio ambiente e a sociedade é crescente, pode-se dizer que há uma carência por informações
qualitativas que possibilitem uma visão geral dos impactos causados, pois como mencionado
anteriormente ainda não existe uma forma de mensuração do patrimônio ambiental.
[...] A globalização das atividades econômicas, a concorrência, a vasta gama de opções que têm os consumidores, investidores fornecedores de linhas de crédito e o governo, enfim, todos aqueles que têm interesse na continuidade da empresa e exigem que a transparência das operações e sua conduta seja alvo de grande importância e preocupação. Em outras palavras, a comunidade externa adquiriu significativos poderes, deixando-as em situação de grande vulnerabilidade. Por isso, agir certo – e demonstrar que se está agindo certo – tornou-se uma questão fundamental. (RIBEIRO, 2005, p. 3).
Passa a existir então a necessidade de novas formas de apresentar informações de
ordem ambiental, surgindo assim as demonstrações sócio-ambientais. Tratam-se de
demonstrações alternativas que fornecem informações sobre o desempenho sócio-ambiental
das organizações.
Conforme Paiva (2003, p. 61), “as demonstrações alternativas são apresentadas em
uma linguagem simplificada possibilitando entendimento maior aos leigos são mais diretas, e
de fácil acesso”.
O balanço social enquadra-se neste tipo de demonstrativo e, embora não obrigatório,
no Brasil, começa a fazer parte cada dia mais das demonstrações elaboradas pelas empresas,
porém as informações apresentadas no balanço social são mais quantitativas que qualitativas.
A idéia é expandi-lo, surgindo assim o relatório de sustentabilidade que contempla as
informações do balanço social, apresentando dados quantitativos e evidenciando também os
aspectos qualitativos da gestão sócio-ambiental das empresas.
2.3.2.1 Balanço social
Para que os balanços apresentados pelas entidades tenham credibilidade, devem ser
elaborados em conformidade com as normas específicas, todavia o mecanismo de questões de
38
direito, em determinadas situações, pode limitar e comprometer a qualidade de informações
desse tipo de relatório. Segundo Kroetz (2000, p. 66), “balanços transparentes de muitas
entidades, em quantidade de expressão monetária, na realidade encerram um sem número de
bens que muitas vezes nada valem”, o autor afirma ainda que as demonstrações contábeis
atuais não são suficientes para refletir a verdadeira vitalidade da entidade.
Quando os demonstrativos contábeis limitam-se às questões de direito deixam de
fornecer informações relevantes para o acompanhamento da “saúde” da entidade. O balanço
patrimonial pode apresentar uma situação confortável econômico-financeira, porém o reflexo
de suas ações na sociedade e no meio ambiente pode estar sendo negativo, comprometendo
assim sua continuidade.
Neste sentido, a elaboração do balanço social auxilia as empresas a demonstrarem seu
desempenho na busca de um “desenvolvimento saudável” relacionado às questões sociais e
ambientais. O Conselho Federal de Contabilidade através da NBC T 15 define o balanço
social como uma demonstração de natureza sócio-ambiental, que deve ser elaborada com o
objetivo de evidenciar dados e informações de natureza social e ambiental das entidades,
extraídos ou não da contabilidade, apresentando informações complementares às
demonstrações contábeis sem confundir-se com as notas explicativas. As informações de
natureza social e ambiental são entendidas como:
a) Geração e a distribuição de riqueza;
b) Os recursos humanos;
c) A interação da entidade com o ambiente externo;
d) A interação com o meio ambiente;
De acordo com a norma as informações devem ser apresentadas, para efeito de
comparação, entre do exercício atual e do exercício anterior.
O Conselho Federal de Contabilidade tem como uma de suas atribuições estabelecer
normas para procedimentos contábeis, sendo que vale ressaltar que ainda não existe nenhuma
lei em nível federal que obrigue as empresas e elaborarem e divulgarem o balanço social.
Quanto à questão da obrigatoriedade imposta por lei, Ribeiro (2005, p. 13) ressalta que
esse é o aspecto mais polêmico em relação ao balanço social, visto que enquanto alguns
entendem que é necessário impor sua publicação, outros acreditam que ela deve ser deixada à
escolha das empresas. De acordo com a autora, aqueles que defendem a liberdade de escolha,
as empresas, o mercado e a comunidade devem definir a evolução e o amadurecimento do
balanço social, sem imposições legais que venham a engessá-lo. Já quem pleiteia a
obrigatoriedade entende que, se não houver uma padronização, será difícil avaliar a função
39
social das empresas, tendo em vista a tendência de informar apenas o que lhes é conveniente,
sem dimensionar os valores gastos, o que dá ao balanço social a conotação de instrumento de
marketing.
Os dois pontos de vista apresentam argumentos que devem ser considerados, sobre a
imposição legal da publicação do balanço social, todavia vale observar que assim como ele
não pede ser “engessado” por leis rígidas que afetem sua flexibilidade e a opção de elaborá-lo
ou não, as informações apresentadas precisam ser confiáveis e comparáveis com as de outras
empresas do mesmo setor, obedecendo ainda um padrão que possibilite acompanhar o
desempenho das entidades ao longo do tempo.
As informações requeridas pelos stakeholders e a transparência das atividades
empresariais são agentes determinantes para opção por parte das empresas, em elaborá-lo ou
não, basta observar os fatores que deram origem a este tipo de informativo para compreender
sua principal missão.
A história de seu surgimento começa nos anos 60, quando o mundo acompanhava os
conflitos da guerra do Vietnã, que deram origem ao surgimento de movimentos sociais
contrários à guerra. Nos EUA e na Europa; a população começou então a boicotar produtos de
empresas ligadas ao conflito, e a exigir uma nova postura ética das empresas que, por sua vez,
passaram a prestar contas de suas ações e objetivos sociais.
Teve início então a elaboração e divulgação dos primeiros relatórios com ênfase nas
questões sociais em um esboço do demonstrativo conhecido hoje como de balanço social.
Com o tempo ele passou a apresentar uma abordagem mais ampla incluindo a questão
ambiental e o valor agregado à economia do país.
No Brasil, a idéia de elaboração do balanço social começou a ser discutida somente na
década de 70. Contudo, apenas nos anos 80 surgiram os primeiros balanços sociais de
empresas, e a partir da década de 90 corporações de diferentes setores passaram a publicá-lo.
Com relação ao contexto histórico o sítio do IBASE (2008) destaca que
A proposta, no entanto, só ganhou visibilidade nacional quando o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, lançou, em junho de 1997, uma campanha pela divulgação voluntária do balanço social. Com o apoio e a participação de lideranças empresariais, a campanha decolou e vem suscitando uma série de debates através da mídia, seminários e fóruns. Hoje é possível contabilizar o sucesso desta iniciativa e afirmar que o processo de construção de uma nova mentalidade e de novas práticas no meio empresarial está em pleno curso.
A verdade é que o balanço social é uma importante ferramenta para divulgação da
responsabilidade social da empresa, sem esquecer da variável econômica, sendo ainda uma
forma de a empresa evidenciar suas ações para atender as necessidades de informações de
40
seus stakeholders e, apesar de apresentar dados de exercícios anteriores presta grande auxílio
à gestão sócio-ambiental presente, e no planejamento para os anos seguintes.
De acordo como Instituto Ethos (2008, p. 11)
O balanço social é um levantamento dos principais indicadores de desempenho ambiental, econômico e social da empresa. Ele amplia seu diálogo com os públicos com os quais a empresa se relaciona e esclarece seus objetivos no passado no presente e no futuro. O balanço social ainda permite que a importância da responsabilidade social seja ampliada na estratégia corporativa, uma vez que reúne, além da avaliação da empresa sobre seu desempenho, as expectativas de seus públicos de interesse.
A maior parte das informações apresentadas no balanço social é extraída dos registros
contábeis, destaca-se então, a importância da contabilidade ao fornecer informações
necessárias para sua elaboração, e auxiliar as entidades a demonstrarem seu envolvimento
com as questões sociais e ambientais. A respeito da relação entre os profissionais da área
contábil e os detentores da riqueza, Mendes (1997 apud KROETZ, 2000, p. 75) escreve que
Nos profissionais de contabilidade, temos às mãos um instrumento fantástico, capaz de criar uma nova cultura e de fazer entender, aos detentores da riqueza, que as empresas têm, de fato, um papel social relevante e, certamente, muito acima do que temos esperado do Estado.
Esta é uma observação oportuna, pois ao assumir uma postura voltada para a
responsabilidade social as empresas passam a complementar as funções que são de obrigação
do Estado, este por sua vez deve estar atento para empresas que têm tido este tipo de atitude, e
na medida do possível, dar incentivos para que esta prática seja disseminada.
Segundo Ribeiro (2005, p. 13), nos últimos anos houve uma mudança significativa no
meio empresarial quanto à percepção das empresas referente à necessidade de elaboração e
divulgação das informações de cunho sócio-ambiental. Muitas têm publicado nos jornais de
grande circulação ou através de sites, normalmente, junto às suas demonstrações contábeis, o
balanço social, tentando evidenciar sua contribuição para o desenvolvimento sustentável.
Contudo, para que seja possível tornar público o que as empresas têm feito, de forma
eficiente e eficaz elas devem apresentar as informações sócio-ambientais através de
ferramentas adequadas, que tenham credibilidade e reconhecimento público. Diante disso, um
grande número de empresas no Brasil têm optado pelo modelo proposto pelo Instituto
Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – IBASE.
41
2.3.2.1.1 Apresentação do modelo IBASE
O IBASE propõe um modelo de balanço social de simples elaboração. Ele é
apresentado em uma única página para facilitar a comparabilidade e manter as características
de simplicidade e de fácil entendimento.
De acordo com o IBASE (2008), o balanço social é um demonstrativo que deve ser
publicado anualmente, pois além de reunir informações sobre projetos, benefícios, e ações
sociais dirigidas aos stakeholders, também é um instrumento estratégico para avaliar e
multiplicar o exercício da responsabilidade social corporativa. Sua função principal é tornar
pública a responsabilidade social empresarial, construindo maiores vínculos entre a empresa,
a sociedade e o meio ambiente. O modelo de balanço social proposto pelo IBASE para o
exercício de 2007 é apresentado no Quadro 3.
Balanço Social Anual / 2007
Empresa:Empresa:Empresa:Empresa:
1 - Base de Cálculo 2007 Valor (Mil reais) 2006 Valor (Mil reais)
Receita líquida (RL)
Resultado operacional (RO)
Folha de pagamento bruta (FPB)
2 - Indicadores Sociais Internos Valor (mil) % sobre FPB % sobre RL Valor (mil) % sobre FPB % sobre RL
Alimentação
Encargos sociais compulsórios
Previdência privada Saúde
Segurança e saúde no trabalho
Educação
Cultura Capacitação e desenvolvimento profissional
Creches ou auxílio-creche
Participação nos lucros ou resultados
Outros
Total - Indicadores sociais internos
3 - Indicadores Sociais Externos Valor (mil) % sobre RO % sobre RL Valor (mil) % sobre RO % sobre RL
Educação
Cultura
Saúde e saneamento
Esporte
Combate à fome e segurança alimentar
Outros Total das contribuições para a sociedade
Tributos (excluídos encargos sociais)
Total - Indicadores sociais externos
4 - Indicadores Ambientais Valor (mil) % sobre RO % sobre RL Valor (mil) % sobre RO % sobre RL
Continua
42
Investimentos relacionados com a produção/ operação da empresa
Investimentos em programas e/ou projetos externos Total dos investimentos em meio ambiente Quanto ao estabelecimento de “metas anuais” para minimizar resíduos, o consumo em geral na produção/ operação e aumentar a eficácia na utilização de recursos naturais, a empresa
( ) não possui metas ( ) cumpre de 51 a 75% ( ) cumpre de 0 a 50% ( ) cumpre de 76 a 100%
( ) não possui metas ( ) cumpre de 51 a 75% ( ) cumpre de 0 a 50% ( ) cumpre de 76 a 100%
5 - Indicadores do Corpo Funcional 2007 2006
Nº de empregados(as) ao final do período 0 0
Nº de admissões durante o período 0 0
Nº de empregados(as) terceirizados(as) 0 0
Nº de estagiários(as) 0 0
Nº de empregados(as) acima de 45 anos 0 0 Nº de mulheres que trabalham na empresa 0 0 % de cargos de chefia ocupados por mulheres 0,00% 0,00% Nº de negros(as) que trabalham na empresa 0 0 % de cargos de chefia ocupados por negros(as) 0,00% 0,00% Nº de pessoas com deficiência ou necessidades especiais 0 0
6 - Informações relevantes quanto ao exercício da cidadania empresarial
2007 Metas 2008
Relação entre a maior e a menor remuneração na empresa 0 0
Número total de acidentes de trabalho 0 0 Os projetos sociais e ambientais desenvolvidos pela empresa foram definidos por:
( ) direção ( ) direção e gerências
( ) todos(as) empregados(as)
( ) direção ( ) direção e gerências
( ) todos(as) empregados(as)
Os pradrões de segurança e salubridade no ambiente de trabalho foram definidos por:
( ) direção e gerências
( ) todos(as) empregados(as)
( ) todos(as) + Cipa
( ) direção e gerências
( ) todos(as) empregados(as)
( ) todos(as) + Cipa
Quanto à liberdade sindical, ao direito de negociação coletiva e à representação interna dos(as) trabalhadores(as), a empresa:
( ) não se envolve
( ) segue as normas da OIT
( ) incentiva e segue a OIT
( ) não se envolverá
( ) seguirá as normas da OIT
( ) incentivará e seguirá a OIT
A previdência privada contempla: ( ) direção ( ) direção e
gerências ( ) todos(as)
empregados(as) ( ) direção ( ) direção e
gerências ( ) todos(as)
empregados(as)
A participação dos lucros ou resultados contempla:
( ) direção ( ) direção e gerências
( ) todos(as) empregados(as)
( ) direção ( ) direção e gerências
( ) todos(as) empregados(as)
Na seleção dos fornecedores, os mesmos padrões éticos e de responsabilidade social e ambiental adotados pela empresa:
( ) não são considerados
( ) são sugeridos
( ) são exigidos ( ) não serão considerados
( ) serão sugeridos
( ) serão exigidos
Quanto à participação de empregados(as) em programas de trabalho voluntário, a empresa:
( ) não se envolve
( ) apóia ( ) organiza e incentiva
( ) não se envolverá
( ) apoiará ( ) organizará e incentivará
Número total de reclamações e críticas de consumidores(as):
na empresa _______
no Procon _______
na Justiça _______
na empresa _______
no Procon _______
na Justiça _______
% de reclamações e críticas atendidas ou solucionadas:
na empresa _______%
no Procon _______%
na Justiça _______%
na empresa _______%
no Procon _______%
na Justiça _______%
Valor adicionado total a distribuir (em mil R$):
Em 2007: Em 2006:
Distribuição do Valor Adicionado (DVA): ___% governo ___% colaboradores(as) ___% acionistas ___ % terceiros ___% retido
___% governo ___% colaboradores(as) ___% acionistas ___ % terceiros ___% retido
7 - Outras Informações
Quadro 3: Balanço social - modelo IBASE Fonte: Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – IBASE (2008)
Continuação
43
No modelo proposto pelo IBASE os indicadores quantitativos são calculados através
da razão entre gastos em cada categoria de indicador, e a sua respectiva base de cálculo, que
dependendo do indicador pode ser:
� Receita líquida (RL) - Trata-se da receita bruta excluída dos impostos,
contribuições, devoluções, abatimentos e descontos comerciais.
� Resultado operacional (RO) - Lucro ou prejuízo apresentado pela empresa no
período.
� Folha de pagamento bruta (FPB) – É obtida pelo somatório da remuneração
(salários, gratificações, comissões e abonos), 13º salário, férias e encargos sociais
compulsórios (INSS, FGTS e contribuição social).
A utilização desse modelo tem crescido nos últimos anos e isso se deve ao fato de que
as informações necessárias para a sua elaboração são de fácil acesso. Existe também
motivação gerada pelo fornecimento do Selo Balanço Social IBASE/Betinho que foi criado
em 1998 e tem sido entregue para as empresas que adotam e publicam anualmente o balanço
social no modelo proposto pelo IBASE.
A obtenção do selo é importante para aquelas empresas que desejam ser vistas como
socialmente responsável e cidadãs, sendo que com o passar do tempo agir corretamente e
demonstrar as ações deixa de ser uma opção e torna-se uma cobrança da sociedade para as
empresas.
O balanço social tem auxiliado as empresas nesta tarefa, porém como as exigências e
necessidade de informações com maior clareza têm aumentado significativamente, os dados
evidenciados por ele podem não garantir o grau de transparência desejado, principalmente as
informações referentes ao desempenho ambiental.
Apesar de contemplar informações sociais de forma abrangente, o modelo proposto pelo Instituto Brasileiro de Análise Social e Econômica (IBASE) poderia contribuir mais no que diz respeito à evidenciação de gastos ambientais. É louvável o desenvolvimento até aqui observado nesse campo. No entanto, a seção destinada ao meio ambiente do modelo apresenta possibilidades de ampliação da gama de dados, possibilitando maior geração de informações que supram os anseios de seus usuários externos, incluindo ONGs, os acionistas e quem mais possa interessar-se. (PAIVA, 2003, p. 66).
Da mesma forma, pode-se observar uma carência de informações de ordem econômica
no modelo proposto pelo IBASE, sendo que tais informações servem quase que unicamente
como base de cálculo dos indicadores sociais e ambientais.
É certo que as informações de ordem financeira são amplamente apresentadas nas
demonstrações contábeis obrigatórias, porém algumas variáveis merecem destaque para que
44
se possa evidenciar o desempenho econômico relacionado à busca do desenvolvimento
sustentável.
Sugere-se então que as empresas interessadas em divulgar seu empenho com as
questões sociais e ambientais de forma mais eficiente, utilizem um relatório de
sustentabilidade, que contemple as informações do balanço social complementadas com
outros tipos de indicadores de sustentabilidade relevantes para demonstrar seu desempenho.
2.3.2.2 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE
Os indicadores de sustentabilidade auxiliam na identificação dos impactos das
operações empresarias sobre o meio ambiente através de inúmeras variáveis, e com diferentes
pontos de abordagem, que possibilitam acompanhar o desempenho das políticas e métodos
adotados pelas organizações para a melhoria das condições sócio-ambientais.
A definição de indicador apresentada por Mitchell (2004 apud CAMPOS et al., 2007,
p.4) é a seguinte: “um indicador é uma ferramenta que permite a obtenção de informações
sobre uma dada realidade, tendo como característica principal a de poder sintetizar diversas
informações, retendo apenas o significado essencial dos aspectos analisados”.
Desta forma, a escolha correta dos indicadores a serem utilizados é essencial para que
as organizações possam alcançar seus objetivos, ao abordarem informações quantitativas e
qualitativas relevantes para garantir a transparência da gestão sócio-ambiental.
De acordo com Tinoco e Kraemer (2003 apud CALLADO, 2007 p. 8)
Os indicadores de desempenho ambiental podem ser definidos como sintetizadores das informações quantitativas e qualitativas que permitem a determinação da eficiência e efetividade da empresa, através de uma ótica ambientalmente desejável, sobre os recursos disponíveis utilizados.
A missão dos indicadores é de sintetizar as informações, tornando-as acessíveis
e de fácil entendimento, possibilitando acompanhar o desempenho da organização referente às
questões sócio-ambientais ao longo dos anos.
Os indicadores ambientais devem ser capazes de demonstrar com clareza o
desempenho econômico-financeiro possibilitando acompanhar a eficiência e eficácia do
consumo de recursos para obtenção de receitas, indicadores eco-eficientes ou Environmental
Performance Indicators (EPI) são descritos por Bartolomeo (1997, apud FERREIRA, 2003,
p. 109) como
45
Informação quantitativa e qualitativa que permite a avaliação, sob o ponto de vista ambiental, da eficiência e da eficácia no consumo de recursos. EPIs consistem em processos, sistemas e indicadores econômico-financeiros; tratam da relação de duas variáveis, uma ambiental e outra financeira. Espera-se que ele possa identificar em que medida uma melhoria do desempenho econômico-financeiro se relaciona com uma melhoria do desempenho ambiental. Melhoras nos indicadores de lucratividade deveriam trazer concomitantemente melhoras nos indicadores de poluição. Caso contrário, poder-se-ia imaginar que esse lucro foi obtido à custa do Meio Ambiente.
Ainda conforme Kraemer (2004, p. 1)
Os indicadores ambientais expressam informação útil e relevante sobre a atuação ambiental da empresa e sobre seus esforços pela influência em tal atuação. São os cálculos específicos de um aspecto concreto que possam ser utilizados para acompanhar e demonstrar o desempenho.
Há uma diversidade muito grande de indicadores e para que seja possível escolher
aqueles que mais atendam às necessidades de informações, deve-se levar em conta o grau de
transparência que se deseja alcançar e a relevância dos temas a serem abordados, além de se
ter o cuidado em escolher indicadores adequados à realidade da organização que irá elaborar o
relatório, para evitar informações equivocadas sobre seu desempenho. Neste sentido Nossa
(2002, p. 24) alerta
Muitos relatórios ambientais tornam-se inúteis devido à diversidade de indicadores de desempenho ambiental. A falta de certas características qualitativas dominantes nos relatórios financeiros leva os relatórios ambientais a ausência de credibilidade aos olhos de grupos externos de stakeholders.
Para evitar tal problema uma das alternativas é elaborar o relatório ambiental ou
relatório de sustentabilidade observando alguns aspectos importantes relacionados com a
escolha do conteúdo, o estabelecimento de limites e a qualidade que se pretende alcançar.
Sendo assim, a sugestão é que as entidades adotem um modelo pré-estabelecido de
indicadores para, a partir deles, elaborarem seus relatórios de sustentabilidade.
A GRI apresenta diretrizes importantes para a escolha do conteúdo do relatório
vislumbrando sua qualidade e auxiliando no estabelecimento de seus limites, por este motivo
optou-se por elaborar um modelo de relatório de sustentabilidade baseado nessas diretrizes.
2.4 RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE GRI
Para auxiliar na padronização das informações a serem apresentadas pelas diversas
entidades a fim de que as informações possam ser verificadas e comparadas a GRI elaborou
uma série de diretrizes para a elaboração de relatórios de sustentabilidade.
46
2.4.1 APRESENTAÇÃO DA GRI
A Global Reporting Initiative (GRI) ou (Iniciativa Global para Apresentação de
Relatórios), surgiu em 1997 através de um acordo internacional representado por várias
Organizações não Governamentais (ONGs), sendo que se pode atribuir as idéias iniciais ao
CERES (Coalition for Environmentally Responsable Economies) em cooperação com a
UNEP (United Nations Environment Programme) ou PNUMA (Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente).
A transparência sobre os impactos econômicos, ambientais e sociais tornou-se
fundamental para dar credibilidade às empresas junto aos stakeholders, através do
fornecimento informações sobre a sustentabilidade empresarial, surgindo a necessidade de
uma estrutura de conceitos globais em linguagem coerente e métrica, desta forma a GRI tem
como missão: “[...] satisfazer essa necessidade, oferecendo uma estrutura confiável para a
elaboração de relatórios de sustentabilidade, que possa ser usada por organizações de todos os
tamanhos, setores, e localidades” (GRI 2006, p. 2).
O interesse sobre sustentabilidade empresarial tem alcançado diferentes públicos,
como empresas, mercado, investidores, trabalhadores, organizações não governamentais,
contadores, comunidade acadêmica etc. Por este motivo a GRI conta com a participação e
colaboração de vários especialistas em cada um desses grupos de usuários, para a elaboração e
aperfeiçoamento da estrutura de relatórios, através de um processo denominado
multistakeholder8.
De acordo com a GRI (2006), sua estrutura multistakeholder, apresenta seu lado
institucional e coordena os elementos formais da rede GRI, e é composta por:
� Conselho Diretor – composto por 16 membros que detém as responsabilidades
fiduciárias, financeiras, legais e estratégicas pela GRI; e recebe recomendações estratégicas e
políticas do Conselho de Stakeholders, e técnicas do Comitê Consultivo Técnico (TAC);
� Conselho de Stakeholders (SC) – grupo consultivo em questões amplas
relativas a política; composto de 48 pessoas nomeadas segundo um equilíbrio geográfico dos
stakeholders.
� Comitê Consultivo Técnico (TAC) – grupo consultivo em questões técnicas,
composto por 12 especialistas internacionais, que dão suporte à manutenção da qualidade e
8 multistakeholder: Termo em inglês para qualificar um processo que leva em conta todos os grupos de partes interessadas. (GRI 2006, p. 2)
47
coerência geral da estrutura de relatórios da GRI, fornecendo aconselhamento sobre sua
arquitetura geral e conhecimentos de alto nível técnico para o Conselho Diretor e para a rede
GRI;
� Stakeholders Organizacionais (OS) – composto por centenas de organizações e
indivíduos que apóiam a missão da GRI, elegem o Conselho de Stakeholders e contribuem
para o orçamento anual;
� Secretaria Internacional – é uma pequena secretaria com aproximadamente 25
pessoas, sediada em Amsterdã, Holanda, que implementa o plano de trabalho do Conselho
Diretor, incluindo o engajamento e construção da rede e coordenação dos processos dos
grupos de trabalho que resultam em novas e melhores estruturas de relatórios.
Conforme Nossa (2002, p. 122), “de todos os organismos que apresentam diretrizes
sobre gestão ambiental ou geração de informações ambientais, este é o que parece mais
completo e abrangente com suas diretrizes”. O que contribui para tal observação é o fato de
que além do processo ser multistakeholder, o relatório de sustentabilidade apresentado pela
GRI baseia-se em um tripé onde são evidenciados os impactos econômicos, ambientais e
sociais.
O relatório de sustentabilidade baseado nas diretrizes da GRI deve divulgar
informações referentes aos compromissos, e forma de gestão da organização dentro de um
determinado período, e pode ser usado como:
Padrão de referência (benchmarking) e avaliação do desempenho de sustentabilidade com respeito a leis, normas, códigos, padrões de desempenho e iniciativas voluntárias; Demonstração de como a organização influencia e é influenciada por expectativas de desenvolvimento sustentável; Comparação de desempenho dentro da organização e entre organizações diferentes ao longo do tempo (GRI, 2006, p. 3, grifo do autor).
Percebe-se então que este tipo de relatório poderá auxiliar as organizações a melhorar
seus processos através do benchmarking9, além de demonstrar sua contribuição para o
desenvolvimento sustentável e servir de comparativo do desempenho da organização ao longo
do tempo.
Conforme Cardoso et al. (2007, p. 17) “o que a GRI propõe baseia-se no conceito de
sustentabilidade, buscando transformar a elaboração dos relatórios sobre sustentabilidade
numa rotina que confere credibilidade tal como as demonstrações financeiras”.
Todas as empresas que tiverem interesse em elaborar um relatório de sustentabilidade,
podem fazer uso do relatório proposto pela GRI, pois ele foi criado para atender organizações
9 Benchmarking: é a busca das melhores práticas na indústria que conduzem ao desempenho superior. (WIKIPEDIA, 2008).
48
de qualquer porte, setor ou localidade, e embora cada organização apresente questões de
desempenho diferentes, a GRI apresenta indicadores essenciais, considerados relevantes para
a comparabilidade e transparência; servindo como ponto de partida para a elaboração de
relatórios de sustentabilidade.
As organizações poderão ainda ampliar o conteúdo de seus relatórios, basta que para
isso observem as estrutura de relatórios da GRI, e sigam as diretrizes.
2.4.1.1 ESTRUTURA DE RELATÓRIOS DA GRI
Observar as diretrizes é fundamental para que o relatório elaborado tenha
credibilidade, pois elas apresentam três elementos primordiais, que são a definição do
conteúdo, a qualidade e o limite do relatório. Cada um desses elementos, por sua vez, possui
princípios que devem ser observados para determinar quais os temas e indicadores a serem
divulgados.
As diretrizes para elaboração de relatórios de sustentabilidade da GRI consistem de princípios para a definição do conteúdo do relatório e a garantia da qualidade das informações relatadas. Incluem também o conteúdo do relatório, composto de indicadores de desempenho e outros itens de divulgação, além de orientações sobre temas técnicos específicos relativos à elaboração do relatório (GRI, 2006, p. 3).
As diretrizes ajudam ainda a identificar as informações consideradas relevantes para as
organizações e que são do interesse da maioria dos stakeholders, através de três categorias de
conteúdo:
Perfil: Informações que estabelecem o contexto geral para a compreensão do desempenho organizacional, tais como sua estratégia, perfil e governança; Forma de Gestão: Conteúdo que descreve o modo como a organização trata determinado conjunto de temas para fornecer o contexto para a compreensão do desempenho em uma área específica; Indicadores de Desempenho: Informações comparáveis sobre o desempenho econômico, ambiental e social da organização (GRI, 2006, p. 5, grifo do autor).
Além das diretrizes, a estrutura de relatórios da GRI é composta por protocolos de
indicadores, suplementos setoriais e protocolos técnicos.
Os protocolos de indicadores dão a “receita” para a utilização dos indicadores e são
enumerados de acordo com o tipo de indicador, conforme demonstrado no Quadro 4.
49
INDICADORES DE DESEMPENHO PROTOCOLO
Econômico EC
Meio Ambiente EN
Direitos Humanos HR
Práticas Trabalhistas e Trabalho Descente LA
Responsabilidade Pelo Produto PR
Sociedade SO Quadro 4: Protocolos de indicadores Fonte: Adaptado de Global Reporting Initiative (2006)
Cada tipo de protocolo demonstrado no Quadro 4 é subdividido de forma a incluir
definições para cada termo-chave do indicador, conforme metodologias de compilação,
finalidade do indicador, e outros aspectos técnicos, e são apontados quando essenciais ou
adicionais. Por exemplo, para o indicador de desempenho ambiental os protocolos que tratam
do aspecto energia são os seguintes, conforme Quadro 5.
INDICADORES DE DESEMPENHO Meio Ambiente
Aspecto: Energia
Essen
c.
EN3 Consumo de energia direta discriminado por fonte de energia primária.
Essen
c.
EN4 Consumo de energia indireta discriminado por fonte primária.
Adicion
al
EN5
Energia economizada devido a melhorias em conservação e eficiência.
Adicion
al
EN6
Iniciativas para fornecer produtos e serviços com abaixo consumo de energia, ou que usem energia gerada por recursos renováveis, e a redução na necessidade de energia resultante dessas iniciativas.
Adicion
al
EN7
Iniciativas para reduzir o consumo de energia indireta e as reduções obtidas.
Quadro 5: Exemplos de protocolos de indicadores ambientais Fonte: Adaptado de Global Reporting Initiative (2006, p. 28)
Para cada aspecto a ser abordado, a GRI sugere que sejam utilizados pelo menos os
indicadores considerados essenciais, por serem pertinentes à maioria das organizações e de
interesse da maior parte dos stakeholders. Já, a inclusão dos indicadores adicionais é opcional,
50
sendo que este tipo de indicador serve para atender a stakeholders considerados importantes
para algumas entidades relatoras.
Quanto aos suplementos setoriais, eles complementam a diretrizes, ajudando a superar
as limitações de uma abordagem padronizada, envolvendo um conjunto específico de
questões de um determinado setor e incluindo indicadores relevantes para cada área de
atuação das organizações como vestuário, alimentação, financeiro etc.
A criação dos protocolos técnicos visa orientar a elaboração dos relatórios,
estabelecendo os limites, e abordando questões que a maioria das organizações se deparam ao
elaborar um relatório de sustentabilidade. Esse tipo de protocolo ajuda no estabelecimento das
diretrizes e sua observância.
A Figura 3 demonstra a composição da estrutura de relatórios da GRI, para que seja
possível compreendê-la mais facilmente.
Figura 3: Estrutura de relatórios da GRI Fonte: Global Reporting Initiative (2006, p. 3)
Para que seja possível elaborar um relatório de sustentabilidade de acordo com a
estrutura proposta pela GRI, faz-se necessário observar também as orientações e princípios
que norteiam os elementos que compõem o relatório.
51
2.4.1.2 ORIENTAÇÕES E PRINCÍPIOS
Com o objetivo de garantir a transparência, que aqui é definida como “divulgação
completa de informações sobre os temas e indicadores necessários para refletir os impactos e
possibilitar a tomada de decisão pelos stakeholders”, a GRI criou orientações e instituiu
princípios para definir do conteúdo, garantir a qualidade e estabelecer os limites do relatório.
O Quadro 6 apresenta as orientações e princípios para a definição do conteúdo.
Assunto ProcedimentoTemas eIndicadores
Identificar temas e respectivos indicadores que sejam relevantes, por meio de um processo interativocompatível com os princípios.
Relevância Considerar a relevância de todos os aspectos do indicador de acordo com as Diretrizes da GRI de dossuplementos setoriais.
Aplicação de TestesA partir do conjunto de temas e indicadores relevantes, aplicar testes para cada princípio a fim de avaliarquais temas e indicadores devem ser relatados.
Priorizar Temas Usar os princípios para priorizar os temas e selecionar as informações a serem enfatizadas.
Indicadores Essenciais eAdicionais
Diferenciar indicadores essenciais e adicionais, os essenciais geralmente são aplicáveis e relevantes pelamaioria das organizações e só devem ser omitidos caso sejam considerados irrelevantes, dependendo docontexto da organização os indicadores adicionais podem ser considerados essenciais.
Indicadores deSuplementos Setoriais
Os indicadores das versões finais dos suplementos setoriais são considerados essenciais e devem seraplicados usando-se a mesma abordagem dos indicadores essenciais.
Informações Complementares
Outras informações (como indicadores específicos da empresa) devem estar sujeitas aos mesmos princípiosde relatório e ter o mesmo rigor técnico das Diretrizes da GRI.
Verificação dasInformações
Verificar se as informações a serem relatadas e o limite do relatório são apropriados, aplicando o princípioda abrangência.
Princípio Objetivos
Materialidade
As informações no relatório devem cobrir temas e indicadores que reflitam os impactos econômicos,ambientais e sociais significativos da organização ou possam influenciar de forma substancial as avaliaçõesdecisões dos stakeholders . A materialidade é o limiar a partir do qual um tema ou indicador se tornasuficientemente expressivo para ser relatado.
Inclusão dosStakeholders
A organização relatora deve identificar seus stakeholders e explicar no relatório que medidas foramtomadas em resposta a seus interesses e expectativas procedentes. A participação dos stakeholders sobre ostemas a serem abordados é fundamental para dar credibilidade ao relatório, pois as informações precisamatender às suas necessidades.
Contexto daSustentabilidade
O relatório deverá apresentar o desempenho da organização no contexto mais amplo da sustentabilidade.As informações sobre o desempenho devem ser contextualizadas de forma que a organização evidenciecomo contribui, ou pretende contribuir, para a melhora das condições econômicas, ambientais e sociais emnível local regional ou global.
AbrangênciaA cobertura dos temas e indicadores relevantes, assim como a definição do limite do relatório, deverá sersuficiente para refletir os impactos econômicos, ambientais e sociais significativos e permitir que osstakeholders avaliem o desempenho da organização no período analisado.
OrientaçõesDEFINIÇÃO DO CONTEÚDO
Princípios
Quadro 6: Orientações e princípios para definir o conteúdo Fonte: Adaptado de Global Reporting Initiative (2006)
As orientações descrevem quais medidas devem ser tomadas a fim de decidir o que
relatar, elas dão as diretrizes para definir o conteúdo e limite do relatório, já os princípios
52
direcionam a escolha do conteúdo e a busca da qualidade, apontando os objetivos que devem
ser atingidos por um relatório.
Definir o conteúdo do relatório não é uma tarefa fácil, pois ele deve assegurar uma
apresentação equilibrada do desempenho da organização, para isso tanto os pontos positivos
quanto negativos precisam ser apontados, para que haja transparência nas informações
apresentadas.
A qualidade das informações prestadas é assegurada pela observância dos princípios
apresentados no Quadro 7.
Princípio Objetivos
Equilíbrio
O relatório deve refletir aspectos positivos e negativos do desempenho da organização, de modo apermitir uma avaliação equilibrada do desempenho geral. É preciso evitar escolhas, omissões ou formatosde apresentação que tendam a influenciar indevida ou inapropriadamente uma decisão ou julgamento porparte do leitor.
Comparabilidade
As informações relatadas devem ser apresentadas de modo que permita aos stakeholders analisar mudanças no desempenho da organização ao longo do tempo, e subsidiar análises sobre outrasorganizações. A comparabilidade é necessária para a avaliação de desempenho.
Exatidão
As informações devem ser suficientemente precisas e detalhadas para que os stakeholders avaliem odesempenho da organização relatora. As características que determinam a exatidão variam de acordo coma natureza das informações que podem ser tanto qualitativas quanto quantitativas.
Periodicidade
O relatório é publicado regularmente e as informações são disponibilizadas a tempo para que osstakeholders tomem decisões fundamentadas. A utilidade das informações está em permitir que osstakeholders possam incluí-las em seu processo decisório. Pode ser de extrema relevância que ocalendário do relatório financeiro e de sustentabilidade esteja alinhado.
Clareza
As informações devem estar disponíveis de uma forma que seja compreensível e acessível aosstakeholders que fizerem uso do relatório. As informações desejadas devem ser encontradas semdemasiado esforço e apresentadas de maneira clara para os stakeholders que detêm um conhecimentorazoável a respeito da organização e de suas atividades.
ConfiabilidadeAs informações e processos usados na preparação do relatório devem ser coletados, registrados,compilados, analisados e divulgados de uma forma que permita sua revisão e estabeleça a qualidade ematerialidade das informações.
GARANTIA DA QUALIDADEPrincípios
Quadro 7: Princípios para garantir a qualidade Fonte: Adaptado de Global Reporting Initiative (2006)
Ao definir o conteúdo, e tomar as medidas necessárias para garantir a qualidade do
relatório, é necessário estabelecer os Limites de abrangência através de um processo que visa
identificar, dentre uma gama de entidades que interagem a organização relatora, aquelas que
influenciam ou são influenciadas significativamente por ela.
53
Na cadeia de relacionamentos encontram-se os fornecedores, clientes, unidades
denegócios, joint ventures10 etc. Ao traçar o limite do relatório a organização deve analisar
“sobre quem” relatar.
As orientações para estabelecer o limite do relatório são apresentadas no Quadro 8.
Assunto Procedimento
Impactos eInfluências
O relatório de sustentabilidade deve incluir em seu limite todas as entidades que geram impactossignificativos(reais e potenciais), e/ou todas as entidades sobre as quais a organização exerça controle ouinfluência expressivos sobre políticas e práticas financeiras e operacionais.
Tipos deindicadores
As entidades podem ser incluídas por meio do uso de indicadores de desempenho operacional, dedesempenho de gestão ou através de descrições narrativas.. - As entidades controladas devem ser abordadas por meio de indicadores de desempenho operacional;
- As entidades sobre as quais a organização exerça influência significativa devem ser abordadas por meiode informes sobre desempenho de gestão.
Abordagens Relevantes
- As entidades que estejam associadas a desafios fundamentais para a organização relatora, em razão deseus impactos expressivos , embora esta não exerça controle ou influência significativa devem serabordadas através de descrições narrativas.
Exclusão deEntidades
Em seu processo de elaboração a organização pode escolher não coletar dados relativos a uma entidade oua um grupo delas, contudo tal decisão não pode alterar significativamente o resultado final de um informeou indicador.
ESTABELECIMENTO DO LIMITEOrientações
Obrigatoriedade deInclusão
Quadro 8: Orientações para estabelecer o limite do relatório Fonte: Adaptado de Global Reporting Initiative (2006)
A organização deve considerar não somente a questão financeira ao estabelecer o
limite do relatório, visto que desenvolvimento sustentável abrange muito mais do que valor
monetário, mas todas as medidas que causam impactos ao meio ambiente e a sociedade,
portanto a organização deve considerar seu limite sob a perspectiva mais ampla.
Ainda para estabelecer os limites são aplicadas duas definições, a de controle e a de
influência significativa, a primeira diz respeito ao poder de dirigir as políticas financeiras e
operacionais de determinada entidade, já no caso de influência significativa a organização
relatora não possui controle da entidade, mas pode participar das decisões de políticas
financeiras e operacionais.
A Figura 4 mostra como identificar o grau de envolvimento das entidades com a
empresa relatora a fim de auxiliar no estabelecimento do limite do relatório.
10 Joint venture ou empreendimento conjunto é uma associação de empresas, não definitiva e com fins lucrativos, para explorar determinado(s) negócio (s), sem que nenhuma delas perca sua personalidade jurídica. (WIKIPEDIA, 2008).
54
Figura 4: Árvore de decisão para estabelecimento do (limite) do relatório Fonte: Global Reporting Initiative (2006, p. 18)
Perceber-se na Figura 4, que a abordagem pode ser feita em três níveis distintos que
são:
� Desempenho operacional – geralmente para entidades controladas;
� Desempenho de gestão – enquadram-se aqui as entidades sobre as quais a
relatora possui influência, mas não controla;
� Descrições narrativas – para aquelas entidades que não são nem controladas e
nem exercem influência significativa, mas estão associadas a desafios fundamentais para a
organização relatora.
Conhecendo os princípios e orientações para a escolher o conteúdo, garantir a
qualidade e estabelecer os limites, pode-se traçar um plano de ação para a elaboração do
relatório, contudo é necessário ainda conhecer a composição básica do relatório da GRI, que
será apresentada no item a seguir que trata do conteúdo básico de um relatório de
sustentabilidade.
55
2.4.1.3 CONTEÚDO DO RELATÓRIO
A partir da observação das orientações e princípios, pode-se definir o conteúdo básico
que deve constar em um relatório de sustentabilidade, de acordo com as diretrizes da GRI
existem três tipos de conteúdos básicos, que são:
� Perfil
� Informações sobre a forma de gestão
� Indicadores de desempenho
A GRI sugere que as organizações adotem esta estrutura para compilar seus relatórios,
sendo que outros formatos podem ser adotados desde que observem os princípios dos
relatórios GRI.
2.4.1.3.1 Perfil
O Perfil é o primeiro tópico a ser abordado em um relatório de sustentabilidade, é
através dele que a empresa é apresentada, dessa forma deve ser elaborado de maneira que
transmita informações sobre o contexto geral da organização, seu desempenho organizacional,
suas estratégias e o perfil de governança.
O conteúdo abrangido pelo perfil subdivide-se nos seguintes tópicos:
� Estratégia e análise
� Perfil organizacional
� Parâmetros para o relatório
� Governança, compromisso e engajamento
� Formas de gestão de indicadores de desempenho
2.4.1.3.1.1 Estratégia e análise
56
Neste tópico apresenta-se a visão estratégica da organização com relação a
sustentabilidade, não se trata de um resumo do conteúdo do relatório, mas de uma visão do
contexto em que se inserem os dados que serão apresentados posteriormente.
A apresentação inicia-se com uma declaração da pessoa com o cargo de maior poder
dentro da organização, geralmente o diretor-presidente, que deve abordar assuntos como a
relevância da sustentabilidade para a organização, estratégias de sustentabilidade adotadas de
curto e longo prazo, tendências que afetam a organização, sucessos e insucessos nos eventos
realizados, visão do desempenho em relação às metas e perspectivas sobre os principais
desafios e metas para os próximos anos.
Em seguida deve-se descrever através de narrativas, os principais riscos, impactos e
oportunidades que fazem parte das operações da empresa. Esta narrativa subdivide-se em duas
seções, sendo que na primeira são apresentados os impactos significativos da organização
sobre a sustentabilidade e seus efeitos em relação aos stakeholders de forma a atender seus
vários interesses, na segunda parte deve-se focar o impacto de tendências riscos e
oportunidades sobre as perspectivas do desempenho financeiro a curto e longo prazo, de
maneira que atenda as expectativas de stakeholders financeiros.
2.4.1.3.1.2 Perfil organizacional
Este item apresenta a estrutura organizacional da empresa, aqui serão apresentados todos os
dados necessários para o conhecimento do contexto em que ela se insere, sendo que os pontos
fundamentais para a apresentação são:
� Nome da organização;
� Principais marcas, produtos e/ou serviços;
� Estrutura operacional da organização;
� Localização da sede da empresa;
� Número de paises em que a organização opera;
� Tipo e natureza jurídica da propriedade;
� Mercados atendidos;
� Porte da organização, incluindo número de funcionários, vendas líquidas,
capitalização total, quantidade de produtos ou serviços oferecidos, ativo total, divisão do
capital e percentual dos principais acionistas.
57
� Principais mudanças ocorridas durante o período de abrangência do relatório,
como mudanças na estrutura do capital social ou mudanças nas operações;
� Prêmios recebidos no período coberto pelo relatório.
2.4.1.3.1.3 Parâmetros para o relatório
Os parâmetros para o relatório dão as diretrizes gerais para sua elaboração
contemplando informações que vão desde o período coberto pelo relatório, a data do relatório
anterior mais recente (se houver), e o ciclo de emissão de relatórios (anual, bienal etc.).
São apresentados ainda os processos adotados para estabelecer o escopo e limite do
relatório, observando-se o princípio da materialidade, para priorizar temas e identificar os
stakeholders, que se espera, façam uso das informações. As limitações específicas quanto ao
escopo e limite do relatório também devem ser declaradas.
As técnicas de medição utilizadas para apresentação dos dados e quaisquer
reformulações de critérios, com relação a relatórios anteriores, precisam ser evidenciadas
além de qualquer mudança significativa em comparação com anos anteriores com relação ao
escopo e limite do relatório.
Para que as informações possam ser consultadas com maior facilidade utiliza-se um
sumário, e caso haja necessidades, são apontados links para páginas da Internet onde os dados
possam ser encontrados.
A GRI também criou um sistema para que as entidades indiquem o nível de aplicação
das diretrizes, é uma forma das empresas declararem até que ponto as diretrizes foram
aplicadas em seus relatórios, além de trazer aos relatores um caminho para expansão
progressiva de sua utilização.
Os níveis de aplicação são divididos em C, B e A e cada entidade poderá auto-declarar
um ponto a mais (+) no nível de declaração, mas para isso deve passar por uma verificação
externa.
A avaliação do nível está relacionada com a abrangência na apresentação dos
seguintes tópicos: perfil, informações sobre forma de gestão, indicadores de desempenho e
indicadores de desempenho e suplemento setorial.
58
De acordo com a inclusão de informações sobre cada um desses tópicos o nível de
aplicação pode variar de C quando forem apresentadas apenas informações básicas até A (+)
para um relatório mais completo.
2.4.1.3.1.4 Governança, compromisso e engajamento
A estrutura de governança da organização é apresentada, para que seja possível
identificar aqueles que detém o poder de decisão e que estabelecem as estratégias
organizacionais. São apontados também, os mecanismos utilizados para que os acionistas e
empregadas possam fazer recomendações ou dar orientações ao mais alto órgão de
governança, como forma de contribuírem no processo de gestão.
O compromisso da organização é apresentado mediante as declarações de missão,
visão de códigos de conduta além de princípios internos relacionados a questões econômicas,
ambientais e sociais. O órgão de governança da organização deve estabelecer processos para a
avaliação do desempenho de sustentabilidade, e informar com que freqüência o desempenho é
avaliado.
A organização deve relatar sua adesão a princípios e normas externas relacionadas à
sustentabilidade empresarial, destacando sua participação e contribuição em órgãos que têm
como objetivo promover desenvolvimento sustentável.
Como o grande objetivo do relatório de sustentabilidade é fornecer informações aos
stakeholders a participação destes na elaboração do relatório é fundamental, a organização
precisa identificá-los e definir os grupos com os quais precisa se engajar a fim de identificar
os principais temas e preocupações que farão parte do relatório.
2.4.1.3.1.5 Forma de gestão e indicadores de desempenho
No item que abordou a estratégia e análise, foi destacada a necessidade de apresentar
uma visão geral sobre riscos e oportunidades que atingem a organização. As informações
sobre a forma de gestão visam estabelecer o contexto para a análise do desempenho da
organização, associados a estes riscos e oportunidades.
59
De acordo com o GRI (2006, p. 25)
As informações sobre a forma de gestão devem fornecer uma breve visão da abordagem da gestão da organização no que tange aos aspectos definidos sob cada categoria de indicador, visando estabelecer o contexto para informações sobre desempenho.
A GRI destaca ainda que para relatar os indicadores de desempenho faz-se necessário
seguir algumas orientações para a compilação dos dados:
� Relatos sobre tendências – os dados informados devem fazer parte de um
período de tempo limitado que pode ser um ano, por exemplo, e a pelo menos dois períodos
anteriores, apresentando ainda metas a curto e médio prazo, para que seja possível visualizar
as tendências.
� Uso de protocolos – A organização relatora deverá fazer uso dos protocolos
que acompanham os indicadores.
� Apresentação de dados – Pode-se fazer uso de índices ou dados normalizados
para apresentação dos dados com maior clareza, no entanto sempre que forem utilizados
índices ou dados normalizados deve-se fornecer os dados absolutos.
� Agregação de dados – Os dados apresentados podem, em alguns casos, serem
agregados desde que não ocorra distorção das informações. A organização relatora deve
determinar um nível apropriado para a agregação.
� Sistema métrico – Para que seja possível comparar as informações dos
relatórios de sustentabilidade entre organizações, deve-se adotar uma padronização das
informações por meio de um sistema de medidas aceito internacionalmente como
quilogramas, metros e litros, por exemplo.
2.4.1.3.2 Informações sobre forma de gestão
Como já mencionado no item 1.3 a organização relatora deve fornecer informações
sobre a forma de gestão relativa aos aspectos de cada indicador.
Ao apresentar o indicador de desempenho econômico, por exemplo, a organização
deve fazer um relato conciso sobre a forma de gestão referente aos aspectos dos seguintes
itens: desempenho econômico, presença no mercado e impactos econômicos diretos.
Cada tipo de indicador possui um conjunto de itens distintos, sendo que a forma de
gestão de cada um dos seus aspectos deve ser relatada.
60
2.4.1.3.3 Indicadores de desempenho
Os indicadores de desempenho são informações sobre conseqüências ou resultados das
operações da organização, e podem ser tanto quantitativas quanto qualitativas.
Com a utilização dos indicadores pode-se avaliar o desempenho da organização para
manter o equilíbrio do tripé da sustentabilidade através de uma análise do desenvolvimento
econômico, do impacto ambiental e da responsabilidade social.
O Quadro 9 mostra as categorias dos indicadores de desempenho e seus
desdobramentos referentes aos aspectos que envolvem cada indicador:
Esfera Indicador Aspectos - Desempenho Econômico - Presença no Mercado - Impactos Econômicos Diretos - Materiais - Energia - Água - Biodiversidade - Emissões, Efluentes e Resíduos - Produtos e Serviços - Conformidade - Transporte - Geral - Emprego - Relações entre Trabalhadores e a Governança - Saúde e Segurança no Trabalho - Treinamento e Educação - Diversidade Igualdade e Oportunidade - Práticas de Investimento e de Processos de Compra - Não- Discriminação - Liberdade de Associação e Acordo de Negociação Coletiva - Abolição do Trabalho Infantil - Prevenção de Trabalho Forçado e Escravo - Práticas de Segurança - Direitos dos Indígenas - Comunidade - Corrupção - Políticas Públicas - Concorrência Desleal - Conformidade - Saúde e Segurança do Cliente - Rotulagem de produtos e Serviços - Comunicações de Marketing - Privacidade do Cliente - Conformidade
Ambiental Desempenho Ambiental
Social
Responsabilidade peloProduto
Práticas Trabalhistas eTrabalho Decente
Direitos Humanos
Sociedade
INDICADORES DE DESEMPENHO
EconômicaDesempenho Econômico
Quadro 9: Aspectos dos indicadores de desempenho Fonte: Adaptado de Global Reporting Initiative (2006)
Os indicadores de desempenho que fazem parte do relatório de sustentabilidade
conforme as diretrizes da GRI estão divididos nas categorias econômica, ambiental e social,
61
sendo que os indicadores sociais estão subdivididos nas seguintes categorias: práticas
trabalhistas, direitos humanos, sociedade e responsabilidade pelo produto.
Desta forma, é possível perceber que a explanação do desempenho social da
organização recebe maior ênfase nos relatórios elaborados de acordo com as diretrizes da
GRI.
62
3 MODELO DE RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL – BALANÇO SOCIAL AMPLIADO
Neste capítulo será apresentado o modelo de relatório de sustentabilidade empresarial
proposto, mas antes, faz-se necessário comparar os indicadores dos dois modelos que servirão
de base para a compilação.
No tópico 3.1, traça-se um paralelo entre os indicadores contemplados pelo balanço
social do IBASE e os indicadores sugeridos pela GRI, através de um comparativo
apresentado nos Quadros 10 e 11.
O modelo de relatório proposto é apresentado nos quadros 12, 13, 14 e 15 no tópico
3.2 deste trabalho, sendo que no Quadro 12 traça-se o perfil da organização que deve
acontecer através de um relato no qual a entidade é apresentada, no Quadro 13 são
apresentados os indicadores econômicos, no Quadro 14 os indicadores sociais, e no Quadro
15 os indicadores ambientais.
3.1 BALANÇO SOCIAL IBASE X RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE GRI
Os quadros apresentados nesta seção traçam um paralelo entre as informações que
devem constar no modelo de balanço social do IBASE e no relatório de sustentabilidade
segundo as diretrizes da GRI. O objetivo é fazer um comparativo e verificar os pontos em
comum entre eles, a fim de mesclá-los em um novo demonstrativo.
Os indicadores estão agrupados de acordo com o tipo de informação, as quais
receberam a denominação de esfera, sendo assim são apresentados indicadores de cada um
dos modelos para a esfera econômica, ambiental e social.
Note-se que em ambos os modelos a ênfase recai sobre os indicadores sociais. Isso se
deve ao fato de que o surgimento do balanço social foi para atender uma demanda de
informações relativas às relações sociais da entidade dentro e fora dela. Com o passar do
tempo, indicadores econômicos e ambientais foram sendo acrescentados aos demonstrativos,
contudo como se pode perceber nos modelos apresentados, ainda há uma insuficiência desses
tipos de indicadores.
63
No modelo proposto pelo IBASE, as informações econômicas são utilizadas apenas
como base de cálculo para os indicadores sociais e ambientais. Não há uma preocupação
maior em demonstrar o desempenho econômico das entidades entre os períodos abrangidos
pelo demonstrativo. Existe também uma grande deficiência de indicadores ambientais. A
riqueza de informações está concentrada na esfera social.
Enquanto que os indicadores do balanço social do IBASE são, em sua maioria,
quantitativos, a GRI apresenta um número superior de indicadores qualitativos. Nos quadros
apresentados os indicadores da GRI estão destacados em duas tonalidades, sendo que aqueles
de tom escuro são considerados essenciais para a elaboração de um relatório em
conformidades com suas diretrizes, enquanto que os de tonalidade clara são tidos como
adicionais.
Passe-se agora a apresentar o comparativo através dos quadros 10 e 11.
64
BALANÇO SOCIAL - IBASE DADOS QUANTITATIVOS
Base de Cálculo ESFERA ASPECTOS
EC1
Apresentar o valor econômico direto gerado e distribuído, incluindo receitas,custos operacionais, remuneração de empregados, doações e outrosinvestimentos na comunidade, lucros acumulados e pagamentos paraprovedores de capital e governos.
EC2Implicações financeiras e outros riscos e oportunidades para as atividades
da organização devido a mudanças climáticas.
EC3 Cobertura das obrigações do plano de pensão de benefício.
EC4 Ajuda financeira significativa recebida do governo.
EC5Variação e proporção do salário mais baixo comparado ao salário mínimo
local em unidades operacionais importantes.EC6 Políticas, práticas e gastos com fornecedores locais.
EC7Procedimentos para contratação local e proporção de membros de altagerência recrutados na comunidade local.
EC8 Desenvolvimento e impacto de investimentos em infra-estrutura e serviçosoferecidos.
EC9 Identificação e descrição de impactos econômicos indiretos significativos.
EN1 Materiais usados por peso ou volume.
EN2 Percentual dos materiais usados provenientes de reciclagem.
EN3 Consumo de energia direta discriminado por fonte de energia primária.
EN4 Consumo de energia indireta discriminado por fonte primária.
EN5 Energia economizada devido a melhorias em conservação e eficiência.
EN6Iniciativas para fornecer produtos e serviços com baixo consumo de energia
ou que usem energia gerada por recursos renováveis.EN7 Iniciativas para reduzir o consumo de energia e as reduções obtidas.
EN8 Total de retirada de água por fonte.
EN9 Fontes hídricas significativamente afetadas por retirada de água.
EN10 Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada.
EN11Localização e tamanho da área possuída, arrendada ou administradadentro de áreas protegidas, ou adjacentes a elas e áreas de alto índice debiodiversidade fora das áreas protegidas.
EN12 Descrição de impactos significativos na biodiversidade.
EN13 Habitats protegidos ou restaurados.
EN14Estratégias, medidas em vigor e planos futuros para a gestão de impactos
na biodiversidade.
EN15Número de espécies na IUCN e em listas nacionais de conservação com
habitats.EN16 Total de emissões diretas e indiretas de gases de efeito estufa por peso.
EN17 Outras emissões indiretas relevantes de gases de efeito estufa por peso.
EN18Iniciativas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e as
reduções obtidas.EN19 Emissões de substâncias destruidoras da camada de ozônio por peso.
EN20 NOx, SOx e outras emissões atmosféricas significativas, por tipo e peso.
EN21 Descarte total de água, por qualidade e destinação.
EN22 Peso total de resíduos, por tipo e método de disposição.
EN23 Número e volume total de derramamentos significativos.
EN24 Peso de resíduos transportados, importados, exportados ou tratados.
EN25Identificação, tamanho, status de proteção e índice de biodiversidade de
corpos d’água e habitats afetados por descartes de água pela relatora;.
EN26Iniciativas para mitigar os impactos ambientais de produtos e serviços e a
extensão da redução desses impactos.
EN27Percentual de produtos e suas embalagens recuperados em relação ao
total de produtos vendidos, por categoria de produto.
Conformidade EN28
Valor monetário de multas significativas e número total de sanções não-
monetárias resultantes da não-conformidade com leis e regulamentos
ambientais.
Transporte EN29Impactos ambientais significativos do transporte de produtos e outros bense materiais utilizados nas operações da organização, bem como dotransporte de trabalhadores.
Geral EN30 Total de investimentos e gastos em proteção ambiental, por tipo.
Investimentos em programas e/ou projetos externos
Indicadores Ambientais
Água
AM
BIE
NTA
L
Materiais
Biodiversidade
Emissões, Efluentes e Resíduos
Produtos e Serviços
Receita líquida (RL)
Resultado operacional (RO)
Folha de pagamento bruta(FPB)
Energia
Investimentos relacionados com a produção/ operação da empresa
PROTOCOLOS
INDICADORES DE DESEMPENHOGLOBAL REPORTING INITIATIVE
Desempenho Econômico
RELATAR
EC
ON
ÔM
ICA
Presença no Mercado
Impactos Econômicos Diretos
Quadro 10 - Paralelo entre indicadores econômicos e ambientais Fonte: Balanço Social IBASE e diretrizes da GRI
65
BALANÇO SOCIAL - IBASE DADOS QUANTITATIVOS
E QUALITATIVOS ESFERAIND ASPECTOSIndicadores Sociais Internos LA1 Total de trabalhadores, por tipo de emprego, contrato de trabalho e região.
Alimentação LA2 Rotatividade de empregados, por faixa etária, gênero e região.
Encargos sociais compulsórios LA3 Benefícios oferecidos a empregados de tempo integral.
Previdência privada LA4Percentual de empregados abrangidos por acordos de negociação coletiva.
Saúde LA5Prazo mínimo para notificação com antecedência referente a mudançasoperacionais.
Segurança e saúde no trabalho LA6Percentual dos empregados representados em comitês formais de segurança esaúde, compostos por gestores e por trabalhadores.
Número total de acidentes de trabalho
LA7Taxas de lesões, doenças ocupacionais, dias perdidos, absenteísmo e óbitosrelacionados ao trabalho por região.
Identificação de que ajudou a definir os padrões de segurança e salubridade
LA8Programas de educação, treinamento, aconselhamento, prevenção e controle derisco em andamento para dar assistência a empregados, seus familiares oumembros da comunidade com relação a doenças graves.
Educação LA9Temas relativos à segurança e saúde cobertos por acordos formais com sindicatos.
Capacitação e desenvolvimento profissional
LA10Média de horas de treinamento por ano, por funcionário, discriminado por categoriafuncional.
Cultura LA11 Programas para gestão de competências e aprendizagem contínua.
Creches ou auxílio-creche LA12Percentual de empregados que recebem regularmente análises de desempenho ede desenvolvimento de carreira.
Participação nos lucros ou resultados
LA13Composição dos grupos responsáveis pela governança corporativa e discriminaçãode empregados por categoria, de acordo com o gênero, faixa etária, minorias eoutros indicadores de diversidade.
Relação entre a maior e a menor remuneração na empresa
LA14Proporção de salário-base entre homens e mulheres, por categoria funcional.
Indicadores do Corpo Funcional HR1Percentual e número total de contratos de investimentos significativos que incluamcláusulas referentes a direitos humanos ou que forma submetidos a avaliaçõesreferentes a direitos humanos.
Nº de empregados(as) ao final do período
HR2Percentual de empresas contratadas e fornecedores críticos que foram submetidosa avaliações referentes a direitos humanos .
Nº de admissões durante o período HR3
Total de horas de treinamento para empregados em políticas e procedimentosrelativos a aspectos de direitos humanos relevantes para as operações, incluindo opercentual de empregados que recebeu treinamento.
Nº de estagiários(as) Não- Discriminação HR4 Número total de casos de discriminação e medidas tomadas.
Nº de empregados(as) terceirizados(as)
Liberdade de Associação e Negociação
HR5Operações identificadas em que o direito de exercer a liberdade de associação e anegociação coletiva pode estar correndo risco significativo e as medidas tomadaspara apoiar esse direito.
Nº de empregados(as) acima de 45 anos
Abolição do Trabalho Infantil HR6
Operações identificadas como de risco significativo de ocorrência de trabalhoinfantil e as medidas tomadas para contribuir para a abolição do trabalho infantil.
Nº de mulheres que trabalham na empresa
Prevenção de Trabalho Forçado/Escravo HR7
Operações identificadas como de risco significativo de ocorrência de trabalhoforçado ou análogo ao escravo e as medidas tomadas para contribuir para aerradicação do trabalho forçado ou análogo ao escravo.
% de cargos de chefia ocupados por mulheres
Práticas de Segurança HR8Percentual do pessoal de segurança submetido a treinamento nas políticas ouprocedimentos da organização relativos a aspectos de direitos humanos que sejamrelevantes às operações.
Nº de negros(as) que trabalham na empresa
Direitos dos Indígenas HR9Número total de casos de violação de direito dos povos indígenas e as medidastomadas.
% de cargos de chefia ocupados por negros(as)
Comunidade SO1Natureza, escopo e eficácia de quaisquer programas e práticas para avaliar e geriros impactos das operações nas comunidades, incluindo a entrada, operação esaída.
Nº de pessoas com deficiência ou necessidades especiais
SO2Percentual e número total de unidades de negócios submetidas a avaliações deriscos relacionados a corrupção.
Informações sobre a liberdade sindical e direito de negociação coletiva
SO3Percentual de empregados treinados nas políticas e procedimentos anticorrupçãoda organização.
SO4 Medidas tomadas em resposta a casos de corrupção.
SO5 Participação na elaboração de políticas públicas e lobbies.
Educação SO6Valor total de contribuições financeiras e em espécie para partidos políticos.
Cultura Concorrência Desleal SO7Número total de ações judiciais por concorrência desleal, práticas de truste emonopólio e seus resultados.
Saúde e saneamento Conformidade SO8Valor monetário de multas significativas e número total de sanções não-monetáriasresultantes da não-conformidade com leis e regulamentos.
Continua
Corrupção
Indicadores Sociais Externos
Políticas Públicas
SO
CIA
L
Prá
tica
s Tra
bal
his
tas
e Tra
bal
ho D
ecen
te.
Emprego
Relações entre trabalhadores e a governança
Saúde e Segurança no Trabalho
Treinamento e Educação
Diversidade e Igualdade de Oportunidade
Direi
tos
Hum
anos.
Práticas de Investimento e de Processos de Compra
Soci
edad
e.
INDICADORES DE DESEMPENHOGLOBAL REPORTING INITIATIVE
RELATARPROTOCOLOS
66
Continuação
Esporte PR1Fases do ciclo de vida de produtos e serviços em que os impactos na saúdee segurança são avaliados, visando melhorias.
Combate à fome e segurança alimentar
PR2
Número total de casos de não-conformidade com regulamentos e códigosvoluntários relacionados aos impactos causados por produtos e serviços nasaúde e segurança durante o ciclo de vida.
Indicação de quem definiu os projetos sociais e ambientais desenvolvidos pela empresa
PR3Tipo de informação sobre produtos e serviços exigida por procedimentos derotulagem e o percentual de produtos e serviços sujeitos a tais exigências.
Informações sobre a participação de funcionários em trabalhos voluntários
PR4Casos de não-conformidade com regulamentos e códigos voluntáriosrelacionados a informações e rotulagem de produtos e serviços.
PR5Práticas relacionadas à satisfação do cliente, incluindo resultados depesquisa que medem essa satisfação.
PR6Programa de adesão às leis, normas e códigos voluntários relacionados acomunicações de marketing incluindo publicidade, promoção e patrocínio.
Número total de reclamações e críticas de consumidores(as):
PR7Número total de casos de não-conformidade com regulamentos e códigosvoluntários relativos a comunicações de marketing.
% de reclamações e críticas atendidas ou solucionadas:
Conformidade PR8Número total de reclamações comprovadas relativas à violação deprivacidade e perda de dados de clientes.
Informações sobre a DVAPrivacidade do Cliente
PR9Valor monetário de multas (significativas) por não-conformidade com leis eregulamentos relativos ao fornecimento e uso de produtos e serviços.
SO
CIA
L
Informações sobre a seleção de fornecedores obedecendo os mesmos padrões éticos de responsabilidade social e ambiental da empresa
Saúde e Segurança do Cliente
Comunicações de Marketing
Rotulagem de produtos e Serviços
Resp
onsa
bili
dade p
elo P
roduto
.
Quadro 11 - Paralelo entre indicadores sociais Fonte: Balanço Social IBASE e diretrizes da GRI
Cada empresa pode definir como deseja relatar suas ações sócio-ambientais já que não
existe lei específica que determine um padrão único para todas. Contudo problema da falta de
padronização está na dificuldade em comparar informações entre diferentes entidades e
também pelo fato de que um demonstrativo elaborado de acordo o que a empresa “acredita”
que deva divulgar pode emitir informações relevantes para a transparência das atividades
empresariais.
O modelo de relatório proposto neste trabalho visa auxiliar a construção de um
relatório padrão, que contemple informações quantitativas e qualitativas de ordem econômica,
ambiental e social a fim de tornar público o engajamento das entidades com as questões sócio-
ambientais.
No relatório proposto serão incluídos alguns indicadores relevantes sobre os aspectos
econômicos e ambientais, que não são abordados nos modelos que serviram de base, porém
sua inserção baseia-se em consultas realizadas em diversas fontes que apresentam sugestões
de indicadores considerados relevantes, dentre as quais está a ISO 14031. São utilizados
também indicadores retirados das demonstrações contábeis obrigatórias.
67
3.2 APRESENTAÇÃO DO MODELO DE RELÁTORIO
O balanço social do IBASE e as diretrizes da GRI são o suporte teórico para o
relatório de sustentabilidade proposto. Considerando que para adoção deste modelo a empresa
tenha aplicado no mínimo uma vez os critérios estabelecidos pelo IBASE. Num primeiro
momento este modelo pode ser visto como algo muito difícil de ser elaborado pela quantidade
de informações que são solicitadas, mas as entidades não precisam necessariamente
apresentar todas as informações. A idéia é que aconteça uma expansão progressiva de
aplicação de ano para ano.
Antes de iniciar a elaboração as entidades devem observar as instruções das diretrizes
da GRI para definir o conteúdo a ser abrangido, garantir a qualidade que se espera alcançar e
estabelecer seus limites. O modelo de relatório proposto parte da idéia que a entidade relatora
mantenha um sistema de informações que de subsídios as informações requeridas.
As informações que devem ser apresentadas na abertura do relatório são apontadas no
Quadro 12. O objetivo é fazer uma apresentação do perfil da entidade, destacando
informações sobre a estrutura organizacional e a sua preocupação com o desenvolvimento
sustentável, demonstrada através das declarações de missão, visão e códigos de conduta.
Nos Quadros 13, 14 e 15 são apresentados os indicadores, sendo que para cada um
deles foi criado um número de referência de acordo com a tipologia do indicador, os quais são
subdivididos nas categorias: diretos, de referência, e específicos.
Os indicadores econômicos são apresentados no Quadro 13, e obedecem a uma ordem
de numeração que compreende do E1 ao E20, sendo assim, são apontados 20 indicadores para
evidenciar o desempenho econômico. No Quadro 14 relacionam-se os indicadores sociais,
enumerados de S1 a S56, e no Quadro 15 constam os indicadores ambientais com numeração
do A1 ao A38, totalizando assim, 114 indicadores. O predomínio de indicadores sociais
mantém uma característica de balanço social.
A entidade relatora poderá ainda incluir outros indicadores que julgar necessários para
atender suas necessidades, basta que para isso observe sua relevância e a classificação dentro
da estrutura.
68
Estratégia e análise
Mensagem do Presidente
Abordar assuntos como a relevância da sustentabilidade para a organização, estratégias de
sustentabilidade adotadas de curto e longo prazo, tendências que afetam a organização,
sucessos e insucessos nos eventos realizados, visão do desempenho em relação às metas e
perspectivas sobres os principais desafios e metas para os próximos anos.
Impactos Riscos e OportunidadesDescrever através de narrativas, os principais riscos, impactos e oportunidades que fazemparte das operações da empresa.
Apresentar a estrutura organizacional da empresa dados necessários para o conhecimento do contexto em que ela se insere, sendo que os fundamentais são: - Nome da organização - Principais marcas, produtos e/ou serviços - Estrutura Operacional da organização - Localização da sede da empresa - Número de paises em que a organização opera - Tipo e natureza jurídica da propriedade - Mercados atendidos - Porte da organização, incluindo número de funcionários, vendas líquidas, capitalização total, quantidade de produtos ou serviços oferecidos, ativo total, divisão do capital e percentual dos principais acionistas. - Principais mudanças ocorridas durante o período de abrangência do relatório, como mudanças na estrutura do capital social ou mudanças nas operações - Prêmios recebidos no período coberto pelo relatório
Diretrizes gerais para elaboração do relatório, informações do período coberto, da data do
anterior mais recente (se houver) e o ciclo de emissão (anual, bienal etc.).Apresentar os processos adotados para estabelecer o escopo e limite do relatório,observando-se o princípio da materialidade, as técnicas de medição utilizadas paraapresentação dos dados e quaisquer reformulações de critérios, com relação a relatóriosanteriores.
- Apresentar a estrutura de governança da organização identificando aqueles que detém o poder de decisão e que estabelecem as estratégias organizacionais. - Apresentar o compromisso da organização mediante as declarações de Missão, Visão de Códigos de Conduta além de princípios e políticas internas relacionados á questões econômicas, ambientais e sociais. - Relatar a adesão à princípios e normas externas relacionadas á sustentabilidade empresarial, destacando a participação e contribuição em órgãos que tem como objetivo promover desenvolvimento sustentável.- Envolver os stakeholders na elaboração do relatório, identificar e definir os grupos com osquais é preciso engajar-se a fim de identificar os principais temas e preocupações que farãoparte do relatório.
Fornecer uma breve visão da abordagem da gestão da organização no que tange aosaspectos definidos sob cada categoria de indicador: - Econômico - desempenho econômico, presença no mercado, impactos econômicos indiretos. - Ambiental - materiais, energia, água, biodiversidade, emissões, efluentes e resíduos - Social - práticas trabalhistas e trabalho descente; direitos humanos; sociedade e responsabilidade pelo produto.
RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL
Perfil Organizacional
PERFIL DA ENTIDADE
Parâmetros para o Relatório
BALANÇO SOCIAL AMPLIADO
Governança, Compromisso eEngajamento
Formas de Gestão eIndicadores de Desempenho
Quadro 12 - Modelo de relatório de sustentabilidade - Perfil da entidade Fonte: Autora (A partir das diretrizes da GRI)
69
E1 Receita Operacional Bruta E2 Receita Operacional Líquida E3 Resultado Operacional E4 EBTIDA E5 Resultado do ExercícioE6 Lucros DistribuídosE7 Juros Pagos sobre Capital Próprio E8 Valor Unitário das Ações 31 de DezembroE9 Valores ConsignadosE9a União
PIS COFINSCSLLIRPJOUTROS
E9b EstadoICMS
E9c MunicípioISS
E10 Outros
1A - Indicadores de ReferênciaValores totais R$ % S/ E1 % S/ E3 R$ % S/ E1 % S/ E3
E11 Materiais $ E11/E1 E11/E3 $ E11/E1 E11/E3E12 Energia Elétrica $ E12/E1 E12/E3 $ E12/E1 E12/E3E13 Água $ E13/E1 E13/E3 $ E13/E1 E13/E3E14 Combustíveis $ E14/E1 E14/E3 $ E14/E1 E14/E3E15 Aquisições de Ativos Imobilizados $ E15/E1 E15/E3 $ E15/E1 E15/E3
E16
E17
E18
E19
E20
INDICADORES ECONÔMICOSPERÍODOS 2007 2006
1 INDICADORES DIRETOS Valores em mil R$ Valores em mil R$
$ $$ $$ $$ $$ $$ $$ $$ $
$ $$ $$ $$ $$ $
$ $
$ $
Implicações financeiras e outros riscos e oportunidades para as atividades da organização devido a mudanças climáticas.
Ajuda financeira significativa recebida do governo.
$ $
Políticas, práticas e gastos com fornecedores locais.
Desenvolvimento e impacto de investimentos em infra-estrutura e serviços oferecidos.
RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIALBALANÇO SOCIAL AMPLIADO
Identificação e descrição de impactos econômicos indiretos significativos.
1B - Indicadores Específicos
Quadro 13 - Modelo de relatório de sustentabilidade - Indicadores econômicos Fonte: Autora (A partir do Balanço Social do IBASE e das diretrizes da GRI)
70
PatronalS1 Folha de Pagamento BrutaS2 Contribuição Social PatronalS2a INSSS2b FGTSS3 Contribuição SindicalS4 Previdência PrivadaS5 Planos de Saúde
ColaboradoresContribuições Sociais Retidas
S6 INSSS7 Contribuição SindicalS8 Previdência PrivadaS9 Planos de Saúde
2A - Indicadores de ReferênciaInternos R$ % S/ S1 % S/ E2 R$ % S/ S1 % S/ E2
S10 Alimentação $ S10/S1 S10/E2 $ S10/S1 S10/E2S11 Encargos sociais compulsórios $ S11/S1 S11/E2 $ S11/S1 S11/E2S12 Previdência privada $ S12/S1 S12/E2 $ S12/S1 S12/E2S13 Saúde $ S13/S1 S13/E2 $ S13/S1 S13/E2S14 Segurança e saúde no trabalho $ S14/S1 S14/E2 $ S14/S1 S14/E2S15 Educação $ S15/S1 S15/E2 $ S15/S1 S15/E2S16 Cultura $ S16/S1 S16/E2 $ S16/S1 S16/E2S17 Capacitação e desenvolvimento profissional $ S17/S1 S17/E2 $ S17/S1 S17/E2S18 Creches ou auxílio-creche $ S18/S1 S18/E2 $ S18/S1 S18/E2S19 Participação nos lucros ou resultados $ S19/S1 S19/E2 $ S19/S1 S19/E2
Externos R$ % S/ E3 % S/ E5 R$ % S/ E3 % S/ E5S20 Educação $ S20/E3 S20/E5 $ S20/E3 S20/E5S21 Cultura $ S21/E3 S21/E5 $ S21/E3 S21/E5S22 Saúde e saneamento $ S22/E3 S22/E5 $ S22/E3 S22/E5S23 Esporte $ S23/E3 S23/E5 $ S23/E3 S23/E5S24 Combate à fome e segurança alimentar $ S24/E3 S24/E5 $ S24/E3 S24/E5S25 Outros $ S25/E3 S25/E5 $ S25/E3 S25/E5
Composição do Corpo FuncionalS26 Nº de admissões durante o períodoS27 Nº de empregados(as) ao final do períodoS28 Nº de empregados(as) terceirizados(as)S29 Nº de estagiários(as)S30 Nº de empregados(as) acima de 45 anosS31 Nº de mulheres que trabalham na empresaS32 % de cargos de chefia ocupados por mulheresS33 Nº de negros(as) que trabalham na empresaS34 % de cargos de chefia ocupados por negros(as)
S35
Práticas de Cidadania Empresarial
S36
S37
S38 ( ) direção( ) direção e gerências
( ) todos os colaboradores
( ) direção( ) direção e gerências
( ) todos os colaboradores
S39( ) direção e gerências
( ) todos os colaboradores
( ) todos + Cipa( ) direção e gerências
( ) todos os colaboradores
( ) todos + Cipa
Continua
INDICADORES SOCIAISPERÍODOS 2007 2006
2 INDICADORES DIRETOS Valores em mil R$ Valores em mil R$
$ $
$ $$ $$ $$ $$ $
$ $$ $$ $$ $
Número de pessoas com deficiência ounecessidades especiais
2007 Metas para 2008Relação entre a maior e a menor remuneraçãona empresaNúmero total de acidentes de trabalhoOs projetos sociais e ambientais desenvolvidospela empresa foram definidos por
Os padrões de segurança e salubridade noambiente de trabalho foram definidos por:
RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIALBALANÇO SOCIAL AMPLIADO
71
S40( ) não se envolve
( ) segue as normas da OIT
( ) incentiva e segue a OIT
( ) não se envolverá
( ) seguirá as normas da OIT
( ) incentivará e seguirá a OIT
S41 ( ) direção( ) direção e gerências
( ) todos os colaboradores
( ) direção( ) direção e gerências
( ) todos os colaboradores
S42 ( ) direção( ) direção e gerências
( ) todos os colaboradores
( ) direção( ) direção e gerências
( ) todos os colaboradores
S43( ) não são considerados
( ) são sugeridos
( ) são exigidos( ) não serão considerados
( ) serão sugeridos
( ) serão exigidos
S44( ) não se envolve
( ) apóia( ) organiza e incentiva
( ) não se envolverá
( ) apoiará( ) organizará e incentivará
S45na empresa _______
no Procon _______
na Justiça _______
na empresa _______
no Procon _______
na Justiça _______
S46na empresa _______%
no Procon _______%
na Justiça _______%
na empresa _______%
no Procon _______%
na Justiça _______%
S47 Em 2007: Em 2006:
S48
S49
S50
S51
S52
S53
S54
S55
S56
ContinuaçãoQuanto à liberdade sindical, ao direito denegociação coletiva e à representação internados(as) trabalhadores(as), a empresa:
A previdência privada contempla:
A participação dos lucros ou resultadoscontempla:
Na seleção dos fornecedores, os mesmospadrões éticos e de responsabilidade social eambiental adotados pela empresa:Quanto à participação de empregados(as) emprogramas de trabalho voluntário, a empresa:Número total de reclamações e críticas deconsumidores(as):Percentual de reclamações e críticas atendidasou solucionadas:Valor adicionado total a distribuir (em mil R$)
Distribuição do Valor Adicionado (DVA)___% governo ___% colaboradores(as) ___% acionistas ___ % terceiros ___% retido
___% governo ___% colaboradores(as) ___% acionistas ___ % terceiros ___% retido
2B - Indicadores Específicos
Práticas Trabalhistas e Trabalho Decente
Programas de educação, treinamento, aconselhamento, prevenção e controle de risco em andamento para dar assistênciaa empregados, seus familiares ou membros da comunidade com relação a doenças graves.
Média de horas de treinamento por ano, por funcionário, discriminado por categoria funcional.
Direitos Humanos
Número total de casos de discriminação e medidas tomadas.
Operações identificadas como de risco significativo de ocorrência de trabalho infantil e as medidas tomadas para contribuirpara a abolição do trabalho infantil.
SociedadeNatureza, escopo e eficácia de quaisquer programas e práticas para avaliar e gerir os impactos das operações nascomunidades, incluindo a entrada, operação e saída.
Participação na elaboração de políticas públicas e lobbies.
Responsabilidade pelo ProdutoFases do ciclo de vida de produtos e serviços em que os impactos na saúde e segurança são avaliados, visando melhorias.
Práticas relacionadas à satisfação do cliente, incluindo resultados de pesquisa que medem essa satisfação.
Quadro 14 - Modelo de relatório de sustentabilidade - Indicadores sociais Fonte: Autora (A partir do Balanço Social do IBASE e das diretrizes da GRI)
72
A1 Receita com Venda de Produtos "Verdes".A2 Receita com Venda de Material Reciclado
A3
A4
A5
A6
A7
A8
A9
A10
A11
A12
A13
3A - Indicadores de Referência
A14
A15
A16
A17
A18
A19 ( ) ruim ( ) bom ( ) ótimo ( ) ruim ( ) bom ( ) ótimo
Quantidade % em relação a 2006 Quantidade % em relação a 2005A20 MateriaisA20a Papel Kg KgA20b Tonner Nº NºA21 Energia Elétrica Kwh KwhA22 Água L LA23 CombustíveisA23a Diesel L LA23b Gasolina L LA23c Álcool L LA23d GNV m³ m³
Continua
2007 Metas para 2008
INDICADORES AMBIENTAIS
RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIALBALANÇO SOCIAL AMPLIADO
PERÍODOS 2007 20063 INDICADORES DIRETOS Valores em mil R$ Valores em mil R$
$ $$ $
Redução de custos por compra de materiaisresultantes de reciclagem ou reutilização. $ $Investimentos relacionados com a produção/operação da empresa. $ $Investimentos em programas e/ou projetosexternos. $ $Custos para o Desenvolvimento de Produtos"Verdes". $ $Custos para adequar processo produtivo emconformidade com a regulamentação. $ $Custos para o tratamento de resíduos edisposição do lixo. $ $Custos relacionados à medidas de proteçãoambiental. $ $Multas referentes à penalidades por danoscausados ao meio ambiente. $ $
Recursos aplicados para apoiar programas deproteção ambiental. $ $
Outros custos ambientais.$ $
Total de investimentos/custos em meioambiente. $ $
Quanto ao estabelecimento de “metas anuais”para minimizar resíduos, o consumo em geral naprodução/ operação e aumentar a eficácia nautilização de recursos naturais, a empresa.
( ) não possui metas ( ) cumpre de 51 a 75% ( ) cumpre de 0 a 50% ( ) cumpre de 76 a 100%
( ) não possui metas ( ) cumpre de 51 a 75% ( ) cumpre de 0 a 50% ( ) cumpre de 76 a 100%
Percentual de fornecedores consultados sobrepolíticas de proteção ambiental.
( ) não realiza consultas ( ) entre 51 e 75% ( ) entre 0 e 50% ( ) entre 76 e 100%
( ) não realiza consultas ( ) entre 51 e 75% ( ) entre 0 e 50% ( ) entre 76 e 100%
Percentual de colaboradores que têm requisitosambientais em suas descrições de trabalho.
( ) não estabelece requisitos ( ) entre 51 e 75% ( ) entre 0 e 50% ( ) entre 76 e 100%
( ) não estabelece requisitos ( ) entre 51 e 75% ( ) entre 0 e 50% ( ) entre 76 e 100%
Percentual de colaboradores treinados emprocedimentos de preservação ambiental.
( ) não dá treinamento ( ) entre 51 e 75% ( ) entre 0 e 50% ( ) entre 76 e 100%
( ) não dá treinamento ( ) entre 51 e 75% ( ) entre 0 e 50% ( ) entre 76 e 100%
O planejamento do Sistema de Gestão Ambientalenvolve:
( )alta direção ( ) direção e gerências ( ) colaboradores ( ) grupos de stakeholders
( )alta direção ( ) direção e gerências ( ) colaboradores ( ) grupos de stakeholders
Grau de satisfação percebido junto asstakeholders quanto as medidas de proteçãoambiental.
- -(Qtd2007/Qtd2006)-1 (Qtd2006/Qtd2005)-1(Qtd2007/Qtd2006)-1 (Qtd2006/Qtd2005)-1(Qtd2007/Qtd2006)-1 (Qtd2006/Qtd2005)-1(Qtd2007/Qtd2006)-1 (Qtd2006/Qtd2005)-1
- -(Qtd2007/Qtd2006)-1 (Qtd2006/Qtd2005)-1(Qtd2007/Qtd2006)-1 (Qtd2006/Qtd2005)-1(Qtd2007/Qtd2006)-1 (Qtd2006/Qtd2005)-1(Qtd2007/Qtd2006)-1 (Qtd2006/Qtd2005)-1
73
A24
A25
A26
A27
A28
A29
A30
A31
A32
A33
A34
A35
A36
A37
A38
Continuação3B - Indicadores Específicos
MateriaisMateriais usados por peso ou volume.
Percentual dos materiais usados provenientes de reciclagem.
EnergiaConsumo de energia direta discriminado por fonte de energia primária.
Iniciativas para fornecer produtos e serviços com baixo consumo de energia ou que usem energia gerada por recursosrenováveis.
ÁguaTotal de retirada de água por fonte.
Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada.
BiodiversidadeDescrição de impactos significativos na biodiversidade.
Estratégias, medidas em vigor e planos futuros para a gestão de impactos na biodiversidade.
Emissão de Efluentes e ResíduosTotal de emissões diretas e indiretas de gases de efeito estufa por peso.
Peso total de resíduos, por tipo e método de disposição.
Produtos e ServiçosIniciativas para mitigar os impactos ambientais de produtos e serviços e a extensão da redução desses impactos.
Percentual de produtos e suas embalagens recuperados em relação ao total de produtos vendidos, por categoria deproduto.
ConformidadeValor monetário de multas significativas e número total de sanções não-monetárias resultantes da não-conformidade comleis e regulamentos ambientais.
TransporteImpactos ambientais significativos do transporte de produtos e outros bens e materiais utilizados nas operações daorganização, bem como do transporte de trabalhadores.
GeralTotal de investimentos e gastos em proteção ambiental, por tipo.
Quadro 15 - Modelo de relatório de sustentabilidade - Indicadores ambientais Fonte: Autora (A partir do Balanço Social do IBASE e das diretrizes da GRI)
74
3.3 CARACTERÍSTICAS DA ESTRUTURA
O modelo configura-se como um balanço social com informações qualitativas e
quantitativas, subsidiado pelos demonstrativos contábeis atende aos requisitos de um relatório
de sustentabilidade empresarial, sendo assim optou-se por denominá-lo: Balanço Social
Ampliado.
Dentro de cada uma das três esferas encontram-se indicadores diretos, indicadores de
referência e indicadores específicos, sendo que esta nomenclatura não é encontrada na GRI e
nem no IBASE, trata-se de uma nova abordagem de indicadores que está sendo proposta, a
qual apresenta as seguintes características:
Indicadores Diretos
São indicadores quantitativos que informam os dados sem nenhuma análise ou
manipulação. Os indicadores diretos econômicos e sociais são extraídos facilmente dos livros
e demonstrações contábeis, os indicadores diretos ambientais podem ser extraídos das
mesmas fontes, entretanto, a empresa através da contabilidade ambiental, precisa possuir um
plano de contas adaptado que evidencie as receitas e custos relacionados à questão ambiental.
Como exemplos de indicadores diretos pode-se destacar: receita operacional bruta,
resultado operacional, valor da folha de pagamento bruta, valores das contribuições sociais,
receita com vendas de material reciclado e custos relacionados à proteção ambiental, entre
outros. Esse tipo de indicador dever ser utilizado para evidenciar o desempenho da entidade
em cada uma das três esferas, através seguinte abordagem:
� Econômicos – Valores relativos à obtenção de receitas, valores consignados,
resultados obtidos e distribuição dos resultados.
� Sociais – Gastos com a folha de pagamentos da empresa, valores repassados a
título de encargos e contribuições patronais, benefícios concedidos, valores retidos na fonte
referentes a encargos e contribuições do corpo funcional.
� Ambientais – Receitas, benefícios, custos e despesas provenientes de
programas ambientais.
75
Indicadores de Referência
Podem ser quantitativos ou qualitativos, e recebem essa nomenclatura por traçarem
comparativos de dados com outros parâmetros, ou com os indicadores diretos, com objetivo
de apresentar um indicativo da eficiência da empresa nas áreas econômicas, sociais e
ambientais. Exemplos deste indicador são: gastos com materiais em relação à receita
operacional bruta, gastos com alimentação em relação à folha de pagamento bruta, número de
admissões durante o período, quantidade de material consumido em relação ao exercício
anterior, etc.
Enquanto os indicadores diretos descrevem o valor numérico de receita bruta de
vendas, os indicadores referenciais apresentam a relação da receita bruta de vendas com o
consumo de matéria prima, ou com o consumo de energia elétrica, por exemplo. Assim como
os indicadores diretos os indicadores de referência evidenciam o desempenho da entidade nas
esferas econômica, social e ambiental destacando os seguintes pontos:
� Econômicos de Referência – Valores destinados a aquisições e ou consumo
em relação à receita operacional bruta e ao resultado operacional.
� Sociais de Referência – Valores investidos em benefícios sociais internos em
relação à folha de pagamento bruta e a receita operacional líquida; valores investidos em
benefícios sociais externos com relação ao resultado operacional e ao resultado do exercício;
composição do corpo funcional e práticas de cidadania empresarial.
� Ambientais de Referência – Informações sobre o Sistema de Gestão
Ambiental e os resultados obtidos; variação do consumo de materiais, energia elétrica, água e
combustíveis em relação ao período anterior.
Indicadores Específicos
Os indicadores específicos referem-se a diferentes informações de cunho qualitativo. É
o relato da empresa quanto suas ações na área econômica, social e ambiental, apresentando
seu desempenho, projetos de médio e longo prazo, metas ambientais, metodologia para
reduzir o consumo de água, cuidados com a biodiversidade, controle da emissão de efluentes
e resíduos, entre outros.
Por meio desses indicadores a empresa apresenta a política sócio-ambiental adotada
para minimizar os impactos negativos sobre o meio ambiente e sobre a sociedade onde atua,
fazendo transparecer o seu comprometimento com a melhoria da qualidade de vida e com a
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preservação da natureza, apresentando informações sobre a forma de gestão á todas as partes
interessadas.
� Econômicos Específicos - Abordagem qualitativa de características da política
econômica interna e seus reflexos no desempenho empresarial.
� Sociais Específicos – Apresentação através de um breve relato, das medidas
internas referente às praticas trabalhistas e trabalho decente, direitos humanos, envolvimento
com a sociedade e responsabilidade pelo produto.
� Ambientais Específicos – Informações qualitativas sobre as práticas
ambientais referente ao uso de materiais, consumo de energia elétrica, consumo de água,
cuidados com a biodiversidade, controle da emissão de efluentes e resíduos, controle de
impactos dos produtos e serviços, conformidade com leis e regulamentos, impactos causados
pelo tipo de transporte utilizado, total de investimentos em proteção ambiental.
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4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
A última fase do trabalho consiste em apontar as considerações finais sobre tema
discorrido, a fim de assinalar que os objetivos foram realmente alcançados e que a
problemática obteve resposta, e apresentar sugestões e recomendações para trabalhos futuros
relacionados à questão da sustentabilidade empresarial.
4.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os fatos e eventos que causam mutação patrimonial são amplamente controlados e
evidenciados nas demonstrações contábeis usuais, de natureza econômico-financeira. Essa
prática é importante para acompanhar desempenho das entidades, de modo que estas tenham
subsídios para implantar um sistema de gestão empresarial eficiente.
Diante das crescentes pressões quanto à inserção da responsabilidade sócio-ambiental
nas políticas empresariais, não resta alternativa, se não adaptar-se a esta nova realidade e
buscar de forma eficiente atender as reivindicações, demonstrando que a empresa está
empenhada na busca pelo desenvolvimento sustentável.
Os contadores devem estar preparados para auxiliar os gestores na missão de elaborar
a política sócio-ambiental, apresentando informações sobre o nível de desempenho alcançado
referente à valorização das pessoas e do meio ambiente onde atuam.
No entanto, demonstrações contábeis obrigatórias não são suficientes para evidenciar
com o grau de clareza necessário informações dessa natureza. Sendo assim, é comum o
surgimento de novos relatórios para atender a demanda de informações com caráter sócio-
ambiental.
O problema é que relatórios elaborados sem parâmetros pré-estabelecidos podem
apresentar informações equivocadas e inúteis, deixando de ser um informativo de
desempenho para tornar-se objeto de marketing.
Para assegurar a confiabilidade e comparabilidade das informações a serem
apresentadas aos stakeholders, é necessária a utilização de um modelo de relatório que
contenha indicadores relevantes, capazes de abordar com eficiência o desempenho sócio-
ambiental das entidades.
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Sendo assim, o modelo de relatório apresentado neste trabalho visa atender as
necessidades de informações dos mais diversos usuários de forma eficiente e eficaz.
4.2 QUANTO À PROBLEMÁTICA
A problemática deste trabalho resume-se na seguinte questão: “como as informações
contidas nos demonstrativos contábeis e no balanço social contribuem na elaboração do
relatório de sustentabilidade?”.
A resposta é obtida através da observação dos indicadores apontados no modelo
proposto, alguns deles extraídos diretamente da demonstração do resultado do exercício,
como por exemplo: receita, resultado e custos. Outras informações também são extraídas da
contabilidade, mas com objetivo de serem apresentadas como informações mistas como, por
exemplo, consumo de água em m3, consumo de combustível em litros e o consumo de energia
elétrica em kwh.
As informações contidas no balanço social constituem a base para o modelo
apresentado, desta forma, verifica-se sua valiosa contribuição na elaboração de um relatório
de sustentabilidade, nos padrões do modelo proposto.
4.3 QUANTO AOS OBJETIVOS
O objetivo geral é “evidenciar a importância da contabilidade na gestão sócio-
ambiental, construindo um modelo de relatório de sustentabilidade a partir do balanço social e
das demonstrações contábeis”. Este objetivo é alcançado na medida em que se constata, a
participação da contabilidade na elaboração dos sistemas de gestão ambiental, através de uma
nova abordagem contábil denominada contabilidade ambiental.
A construção do modelo de relatório de sustentabilidade, que contempla, entre outras,
informações da demonstração do resultado do exercício e principalmente do balanço social,
confirma que o objetivo geral foi alcançado.
São quatro os objetivos específicos, e foram atendidos da seguinte forma:
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Primeiro: “identificar o papel da contabilidade como ferramenta de gestão sócio-
ambiental” Observou-se que o controle e o acompanhamento do desempenho econômico,
social e ambiental só é possível através de um sistema de informações contábeis, o qual
fornece subsídios para a implementação de sistemas de gestão ambiental.
Segundo: “caracterizar a gestão sócio-ambiental no contexto empresarial” A gestão
sócio-ambiental apresenta-se como um nova política organizacional, capaz de prever os
reflexos das ações empresariais sobre a sociedade e o meio ambiente, como forma de reduzir
os impactos negativos, e maximizar os positivos, aumentando o potencial competitivo da
organização.
Terceiro: “apresentar um comparativo entre o balanço social do Instituto Brasileiro de
Análises Sociais e Econômicas – IBASE, e as diretrizes da Global Reporting Initiative - GRI”
A maior parte dos indicadores do balanço social são quantitativos e a ênfase é dada para
questões de ordem social. Os indicadores da GRI são mais qualitativos que quantitativos. Eles
indicam o que deve ser relatado, a fim de tornar público o empenho da organização na busca
da sustentabilidade. Os quadros comparativos apresentados no início do capítulo 3 ajudam a
comparar os tipos de indicadores dos dois modelos.
Quarto: “propor um modelo de relatório de sustentabilidade conforme as diretrizes da
GRI, incorporada ao modelo de balanço social do IBASE”. Através da fusão entre os
indicadores GRI o os indicadores do balanço social IBASE, obteve-se um novo modelo de
relatório apresentado no capítulo 3.
4.4 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Na intenção de contribuir para ampliação do conhecimento sobre o tema abordado, e a
partir dos resultados obtidos, recomenda-se que prossigam as pesquisas sobre o tema
abordado. Neste sentido, apresentam-se como sugestões para futuros trabalhos:
� Aplicar o modelo proposto e analisar sua funcionalidade;
� Levantar comparativos entre outros tipos de demonstrativos sócio-ambientais;
� Verificar se o modelo proposto atende as normas contábeis;
� Consultar os stakeholders da entidade que tenha interesse em elaborar o
relatório, sobre a relevância dos indicadores apresentados, buscando sugestões de melhoria;
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