livro patrimônio - 7º b
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Lagamar
Patrimônio Cultural e Natural
Capítulo 01 – Patrimônio de Iguape
Sumário
Introdução 7
11
Características da Região Estudada 8
Capítulo 02 – Patrimônio de Cananéia 31
Capítulo 03 – Patrimônio de Ilha do Cardoso
Conclusão
57
96
Créditos 98
Os alunos do 7º ano A fizeram entrevistas, filmagens, observações, pesquisas e fotografias para entenderem e conhecerem melhor os patrimônios da região do
Lagamar, ou seja, trabalhos de investigação.
Patrimônio é um bem material ou imaterial que possui um valor simbólico. Há diversos patrimônios, entre eles, cultural, ambiental e histórico. Esses patrimônios
estão presentes em todos os lugares, como em Cananéia, Iguape e Ilha do Cardoso, a região do Lagamar, onde visitamos.
Essa região engloba diversos aspectos como o linguístico, pois os habitantes têm variedade em suas falas; histórico pela história da cidade, pois Cananéia foi a
primeira vila do Brasil; biológico pois na Ilha do Cardoso existe grande biodiversidade, e é um dos poucos lugares que preservam os cinco ecossistemas:
Manguezal, Mata de Encosta, Praia, Costão Rochoso e Restinga. As casas de Cananéia são um aspecto matemático, pois sua arquitetura está relacionada à
geometria, como o fato de algumas casas serem simétricas; a principal atividade econômica praticada pelos habitantes da região do Lagamar é a pesca, esse é um
aspecto econômico.
O objetivo desse livro é registrar os resultados e conclusões obtidas no Vale do Ribeira. E, passando de geração para geração, preservamos uma cultura que, no
futuro, pode ser extinta, mas estará registrada por meio desse livro.
Em cada ecossistema, fizemos várias pesquisas dirigidas para observar adaptações e relações entre os seres vivos, também vendo a densidade populacional e a
biodiversidade de todos os ecossistemas. Nós também realizamos entrevistas com pessoas relacionadas com o tema escolhido, e dentre elas, fizemos filmagens,
gravações e tiramos fotos.
Todas as disciplinas têm o mesmo objetivo nesse Estudo do Meio, que é buscar responder a pergunta “Por que preservar?”, mesmo sendo matérias muito
diferentes, no final chegam à mesma resposta, porém de pontos de vistas diferentes.
Este livro está estruturado de acordo com os lugares que visitamos: Iguape, Ilha do Cardoso e Cananéia.
Introdução
7
Características da região estudada
Localização
8
O clima Subtropical úmido acontece do trópico de Capricórnio:
abrange o sul do estado de São Paulo, a maior parte do Paraná,
Santa Catarina, Rio Grande do Sul e o extremo sul de Mato
Grosso do Sul.
Recebe influência da massa polar atlântica, que determina a
temperatura média de 18°C e a amplitude térmica elevada (10°C).
As chuvas são pouco intensas, 1000mm/ano, mas bem
distribuídas durante o ano. Há geadas com frequência e eventuais
nevadas. Apresenta estações do ano bem marcadas. O verão é
muito quente, podendo ultrapassar os 30°C de temperatura. O
inverno é muito frio, com temperatura inferior a 0°C. Primavera e
outono têm temperatura média entre 12°C e 18°C.Os pontos mais
altos do planalto onde cai neve durante vários dias nos anos de
inverno mais rigoroso são os municípios de São Francisco de
Paula (RS), São Joaquim (SC) e Palmas (PR). http://conceitosetemas.blogspot.com/2009/03/classificacoes-dos-climas-do-brasil.html
O relevo predominante e o das planícies e terras baixas
costeiras que se caracterizam por formar uma longa e estreita
faixa litorânea, que vai desde o Amapá até o Rio Grande do
Sul. Em alguns pontos dessa extensão, o planalto avança em
direção ao mar e interrompe a faixa de planície. Aparecem,
nesses pontos, falésias, que são barreiras à beira-mar
resultantes da erosão marinha.
http://conceitosetemas.blogspot.com/2009/03/classificacoes-do-relevo-do-brasil.html
Relevo
Aspectos Físicos
Clima predominante Subtropical úmido
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Patrimônio de Iguape
Iguape A pequena cidade de Iguape situada no litoral de São Paulo nem sempre foi como hoje. Antigamente a cidade se destacava na economia com a grande exploração de ouro, que era enviado para a Europa. Porém, com as descobertas de minas ricas em ouro em outras regiões, a cidade foi “esquecida”, já que os olhares estavam neste centro do Brasil que hoje é chamado de Minas Gerais. Iguape, no início era palco de disputas entre Espanhóis e Portugueses, para ver quem ficava com a posse dessas terras. Portugal venceu, mesmo assim, alguns espanhóis continuaram a morar na cidade, assim influenciando nas características dessa pequena cidade. Hoje em dia, Iguape é uma cidade considerada pobre. Encontramos nela uma igreja, as casas possuem arquitetura colonial, caracterizada pela eira, beira e tribeira. Tem indícios da história, como suas ruas estrategicamente feitas para conseguir identificar os visitantes. No verão, os hotéis e pousadas lotam, a cidade lucra. No inverno existe a Festa do Bom Jesus, onde a cidade também lucra. Mesmo sendo considerada uma cidade pobre, Iguape tem uma marca histórica e religiosa em seu povo.
Maria Luíza Gouveia, Isadora Noronha, Maria Luíza Flório
Valo Grande O Valo Grande foi construído a pedido de Dom Pedro II no século XIX, para facilitar o transporte de mercadorias até porto que por sua vez iriam ser levadas para o continente europeu. Após a construção houve alguns problemas: por conta da água do rio estar em um relevo mais alto e descer para um mais baixo, causava erosão pela força d’água ser muito violenta. Isso aumentou sua largura: seu tamanho inicial era de 2km de extensão e 4m de largura, e atualmente seu tamanho é de 2km de extensão e 200m de largura. Outro problema foi o assoreamento do Estuário Lagamar, pois depositavam as terras retiradas das margens nas planícies o que fez o porto ser desativado. A barragem do Valo Grande foi construída para controlar a quantidade de água, evitando alagamentos. O Valo Grande pode ser considerado uma fronteira l, por conta de dividir a cidade de Iguape em duas partes: a mais pobre e a menos pobre.
Bruna Monteiro,
Felipe Ioschpe,
Gabriel Freire,
Maria Luiza Gouveia,
Clara Cortez,
Gabriela Hawat,
Stéfani Morcillo,
Stéfani M.
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Morro do Espia
O Morro do Espia esta localizado a 80m acima do nível do mar. Sua vegetação é a mata de encosta e gramíneas e esta localizado na cidade de Iguape.
Antigamente, era utilizado para avistar barcos inimigos (invasores). Hoje em dia é utilizado para o turismo, pesquisas, e religião.
Do morro pode-se avistar a parte urbana de Iguape, a Ilha Comprida, o Estuário Lagamar do Mar Pequeno, o Valo Grande e ao longe a Ilha de Cananéia e a Ilha do
Cardoso.
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Desenhos de observação - Morro do Espia
Stéfani Morcillo
Sandy Loane
Religiosidade
Apresentação
O secretário de cultura de Iguape Carlos Alberto Pereira nasceu em Iguape, e ama a cidade. Desde pequeno, mesmo não sendo religioso, Carlos era
fascinado por santos e rezas, como as procissões que ele brincava com os amigos quando era criança. Ele nos conta que a Festa do Bom Jesus é o
maior evento da cidade, e acontece desde que encontraram a imagem do santo, a festa é uns dos eventos que as pessoas de lá mais gostam, eles
começam a organizar a festa desde o começo do ano, contribui muito para cidade em aspectos econômicos. Dentro da Basílica de Iguape, Carlos nos
contou muito sobre a cidade e sobre a festa do Bom Jesus.
Nós vamos explicar aqui sobre a religiosidade da cidade de Iguape, a religiosidade está muito presente na história da cidade de Iguape, a cidade
começou com o nome de Filipéia de Nossa Senhora das Neves devido a um homem que estava sendo atacado por piratas e no seu navio havia uma
imagem de Nossa Senhora das Neves e ao vencer a batalha ele dedicou essa a vitória á Nossa Senhora das Neves. A cidade, apesar de ter uma forte
influência religiosa, também é uma cidade muito histórica, assim como a sua “vizinha”, Cananéia.
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“Gosto do clima de história” Carlos fala da importância da Festa e de como ela comove Iguape
Carlos Alberto Pereira nasceu em Iguape, e ama a cidade. Desde pequeno, mesmo não sendo religioso, Carlos era fascinado por santos e rezas, como as procissões. Ele nos conta que a Festa do Bom Jesus é o maior evento da cidade, e acontece desde sempre. Carlos é secretário de cultura de Iguape, e organiza essa Festa.
Dentro da Basílica de Iguape, Carlos foi entrevistado por nós tranquilamente, nos contando tudo sobre Iguape.
Carlos fala da importância da Festa e de como ela comove Iguape
Carlos Alberto Pereira nasceu em Iguape, e ama a cidade. Desde pequeno,
mesmo não sendo religioso, Carlos era fascinado por santos e rezas, como
as procissões. Ele nos conta que a Festa do Bom Jesus é o maior evento
da cidade, e acontece desde sempre. Carlos é secretário de cultura de
Iguape, e organiza essa Festa. Dentro da Basílica de Iguape, Carlos foi
entrevistado por nós tranquilamente, nos contando tudo sobre Iguape.
Há quanto tempo você mora em Iguape? Como é pra você viver aqui?
Ta, Felipe, eu nasci aqui em Iguape. Desde que nasci eu moro aqui em
Iguape. Eu adoro morar nesse lugar. É, é, o meu trabalho, o que eu estudei,
a minha família, me proporcionou possibilidades incríveis de viajar,
conhecer outros lugares, de, de passar temporadas, já estudei em Curitiba,
morei lá. É, o tempo que eu estudava, mas sempre com a ideia de voltar
para cá e de alguma forma contribuir com esse lugar, né, que eu curti muito,
sempre. Gosto do “clima de história” que rola no ar aqui, dessa
tranquilidade de viver num lugar que não tem trânsito, que não tem
violência, é, então tudo que rola aqui me chama bastante atenção. Por isso
eu moro aqui.
A festa contribui, ela é boa para a cidade no modo cultural e
econômico? Por quê?
Então, eu acho que, como tudo na vida da gente, existem aspectos
positivos e aspectos negativos que envolvem essa história, né. Eu acho que
a festa tem mais aspectos positivos do que negativos, por isso que eu acho
que ela contribui de alguma forma pra cidade. Primeiro contribui no que diz
respeito à manutenção da religiosidade, contribui no que diz respeito à
manutenção da cultura tradicional, porque, afinal de contas, ta falando de
uma festa que tem mais de 350 anos, né então isso mostra que a cultura
tradicional ainda, ainda é viva, é forte, né, ainda se sustenta. E tem também
os aspectos econômicos que envolvem tudo isso, né, então é, é... São
criados muitos empregos temporários durante o período da festa. Tem a
questão também da, da, do comércio local, os hotéis lotam, as pousadas,
os restaurantes, então, isso também dá um, dá uma movimentação na
cidade e acontece exatamente numa temporada que não estaria
acontecendo nada, que é o inverno. E a gente tem um fluxo turístico muito
grande aqui no verão, né, e aí, essa festa acontece exatamente no inverno,
então também ajuda bastante economicamente a cidade. Acho que ela tem
mais aspectos positivos do que negativos nesse processo. Contribui na
questão cultura e na questão econômica, porque você reafirma todos os
anos, algo que faz parte da vida do iguapense, isso é muito importante,
todos os iguapenses conhecem as músicas, a cultura. É importante,
inclusive as características culturais.
E a escola, ela ensina sobre religião também?
Escola é um problema quando se fala de religião, então o grande barato é
esse, e a questão da religiosidade, e falar da Fé do Bom Jesus. O que eles
aprendem na escola é a questão da história, cultural, não professar a Fé
propriamente dita. Eu não concordo com esse tipo de ação, na prefeitura, o
trabalho que fazem em sala de aula é reafirmar a questão cultural da festa
do Bom Jesus e como isso reflete na vida das pessoas, mas a questão
religiosa é de cada um, e dentro de casa, cada um escolhe a sua questão
e toca para frente.
Você é muito religioso? O que a festa significa pra você?
Ah, não sou muito religioso, na verdade (risos). Não sou a pessoa mais
religiosa do mundo, assim, mas a festa representa... É engraçado, assim,
aqui em Iguape a gente tem a vida muito ligada a isso que acontece aqui.
É, por exemplo, as minhas brincadeiras de infância, eu morava do lado da
igreja, né, então as nossas brincadeiras de infância, a gente se reunia na
casa de um amigo enquanto todos os outros lugares normais do mundo,
vocês brincam das coisas mais normais, a gente brincava de procissão
(risos). Quem são as crianças, no mundo, que brincam de procissão? Né, a
gente brincava de procissão porque era muito encantador pra gente ver as
procissões, várias procissões que saem aqui da basílica durante o ano, na
páscoa, durante a festa do Divino, então são muitas as procissões, durante
a festa do Bom Jesus. E a gente via aqueles Santos saindo todos floridos e
tal... Então a gente reproduzia isso em casa e as nossas brincadeiras
estavam muito ligadas a isso. Mas, mas isso tem uma importância muito,
muito fundamental pra uma cidade que quer preservar suas características,
que quer preservar o seu jeito de ser diferenciado, e mesmo não sendo tão
religioso assim, não sou de frequentar missa e tudo o mais, mas a festa do
Bom Jesus sempre me pareceu um momento muito especial pra cidade, eu
gosto muito do Bom Jesus. Nos momentos de desespero, eu geralmente...
a gente dá uma passadinha aqui na Igreja, tomara que, que ele esqueça os
momentos que a gente não veio (risos). Mas não sou uma pessoa muito
religiosa não.
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O que você faz na época da festa? O que você geralmente faz?
Trabalho pra caramba! Trabalho pra caramba! Na verdade, o meu
departamento que eu dirijo na prefeitura é o de cultura e turismo, né, e... E
ele está diretamente ligado à festa do Bom Jesus. Não só da festa do Bom
Jesus como dos outros eventos que acontecem aqui, como o carnaval, o
verão, os Revelamos de São Paulo, festa do Divino, é... Festival da Língua
e Expressão Musical, o Drama da Paixão, todas essas atividades, o
Festival de Teatro, todas essas atividades que a gente faz durante todo o
ano, o meu departamento é diretamente ligado. Então durante a festa eu
trabalho pra caramba! É do meu departamento que sai em grande parte das
decisões que, que envolvem a festa do Bom Jesus.
Você conhece, é amigo de alguém de Iguape que seja imigrante de
espanhol ou descendente?
De espanhóis? De espanhóis... Não tenho... Assim, não lembro. Tem alguns
descendentes de italianos, a minha família é de descendência portuguesa,
minha avó é “portuguesona” e tal, mas de espanhóis não me lembro
diretamente
Você acha que o povo de Iguape gosta da festa?
Ah, eu acho que sim, acho que sim... (não tem que mudar nada? – eu
disse) não, tem que mudar muita coisa! Tudo tem que mudar, sempre, né. A
gente... A festa, ela vai acontecendo, e, e no decorrer desses
acontecimentos, no decorrer dessas festas, a gente vai, a gente vai sempre
vendo onde a festa pode melhorar, onde ta complicado, então a gente
sempre tem que estar mudando algum aspecto, mudando alguma coisa.
Primeiro pra gente manter viva, a festa. (é, tem que mudar às vezes – eu
disse)... Exatamente. E segundo pra gente também manter a organização,
os problemas diferenciados vão aparecendo e a gente tem que estar
sempre ligado pra isso acontecer. Né, então, é uma dinâmica interessante
que depende muito das coisas que acontecem, mas ela muda.
Você sabe como a festa começou? Quando foi a primeira vez que a
comemoraram?
Então, na verdade... A imagem do Bom Jesus, ela foi encontrada em 1647,
né. Desde a época em que ela foi encontrada até os dias de hoje, a fama
de imagem milagreira, assim... Foi se espalhando. E a festa, ela já
começou logo nos primeiros anos de achado. Então a gente ta falando de
uma festa de 350 anos ou um pouco mais. Então é uma festa bastante
antiga, e... E ela remonta mais ou menos dessa época aí, ta? Século XVII.
O que é a festa para você? Por que você acha que existe tanta
comemoração?
Como assim? A festa do Bom Jesus? (é – eu disse) Ah, acho que a festa do
Bom Jesus é um momento de celebração religiosa que as pessoas têm
todo o direito do mundo de fazer, né. (para comemorar... a religião mesmo?
– eu disse)...
.
Exatamente, eu acho, eu acho que religião e religiosidade são duas coisas
distintas, assim. A religião é... É aquela que se subdivide, em que o homem
ta muito presente nela, né. Mas a religiosidade não, né, é aquela que
transcende todo o espaço físico e que faz a gente ter um momento de
ligação com o Sagrado, assim... Independente de que formato né. Algumas
pessoas.... É como aqui em Iguape, por exemplo, tem várias religiões, (mas
todo mundo comemora a festa, aqui em Iguape? – eu disse) A festa? Não.
Se você “pegar” os evangélicos, por exemplo, eles não participam desse
processo. Eles têm um outro jeito de se conectar com o Sagrado. É, é... Se
você “pegar” os adeptos do, do espiritismo, ou do candomblé, e outras mil
denominações que a gente encontra por aí, né, cada uma tem o seu jeito
de professar a fé. A festa do Bom Jesus está mais ligada às tradições
religiosas da Igreja católica, que é a Igreja predominante aqui na cidade.
Mas... E que tem um alcance muito grande. É muito impressionante a gente
ver a quantidade de gente que participa da festa e que se
envolve.
Então essa festa não é só para religiosidade?
A religiosidade na verdade é, é uma vertente desse processo né e ela é o
que move tudo isso né, mas eu acho que tem questões que estão em volta
disso que é a questão cultural, que é a questão econômica e que é a
questão histórica, que permeia todo esse processo e que também tem seu
reflexo. E qual o papel da Secretária de Iguape?
A gente faz toda a produção, tudo o que acontece da porta da igreja pra
fora, de alguma forma, o departamento de cultura e turismo está envolvido
e o departamento de obras e serviços urbanos que é o que dá o aparato
para toda a infraestrutura turística da festa: desde auxiliar a Igreja na
escolha da imagem gráfica que vai representar a festa naquele ano, até
organizar o trânsito, entrada e saída das imagens durante as procissões,
que são os momentos mais delicados que envolvem muita gente, e a parte
comercial da festa.
Você acredita que a festa irá durar? Você acha que algum dia irá
acabar, ou será passada de geração em geração?
“Cara”, eu acho que não acaba nunca. É impressionante como só aumenta,
como só cresce, eu acho que essa necessidade do ser humano de, de se
conectar com o Sagrado e de, de buscar uma vida melhor ou de estar
diretamente, só professando a sua fé, acho que isso é uma necessidade
que o ser humano tem que... E que pra, pra mudar, acho que depende de
um processo muito, muito, muito, MUITO longo, né. Então eu acho que hoje
a festa chegou aonde chegou, a fama do Bom Jesus chegou aonde chegou
e tudo o mais, e isso é um aspecto muito importante da cultura nacional, né,
a gente esta falando de um país basicamente católico que é o Brasil, e de
uma cidade muito católica, que é Iguape. Então eu não vejo possibilidades
de acabar. Acho que a gente tem que aperfeiçoar cada vez mais. (é, por
que pode mudar, talvez, o jeito – eu disse) Exatamente, exatamente
.
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Conclusão
O Secretário Carlos Alberto Pereira nos diz que a fama do Bom Jesus, de sua festa, contribuiu muito pra cidade e “é um aspecto muito importante para a cultura nacional (o patrimônio nacional).” Então, podemos afirmar que a Festa do Bom Jesus seja um patrimônio muito importante para o Brasil. Há muitos anos atrás, a imagem do Bom Jesus apareceu na praia e encantou todos. Desde então se comemora a Festa. Ela é muito sagrada, já que nosso país é praticamente católico, a imagem de Jesus é muito importante, então a Festa também deve ser. A religiosidade tem uma relação muito forte com tudo isso, pois o que atrai e envolve mais os turistas é a imagem da Nossa Senhora Das Neves e do Senhor Bom Jesus De Iguape, que são a atração da festa. A Festa do Bom Jesus em Iguape faz a cidade lucrar todo ano. O impacto de turistas também acontece na época da Festa, já que a cidade lota completamente, e é a época mais lucrativa no ano. Como no verão não existe quase nenhuma atração que atraia os turistas, o calor e as praias perto de Iguape acabam trazendo turistas de todo o Brasil, ajudando a cidade economicamente. Percebemos que a forma de vida em Iguape é muito mais simples do que a dos moradores em São Paulo. As casas são antigas e não existem prédios. Iguape tem 30.000 habitantes, já São Paulo tem 15.000.000.000 (praticamente). As construções são separadas e a arquitetura tem um “quê” de Portuguesa. Assim como o Pão de Açúcar no Rio de Janeiro, lá existe o Morro do Espia, e também tem um Cristo. Existe somente uma Igreja, bem bonita e antiga e sagrada para todos. Os moradores são muito religiosos (a maioria). Diferente de São Paulo, a cidade é pequena e existem várias árvores, natureza e poucas obras, construções.
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Fotomontagens
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Renata Torelli – 7th grade B- 2011
Cena de Iguape
Patrimônio de Cananéia
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Entrevista Pesca e turismo
A influência do turismo e da pesca em Cananéia
A cidade de Cananéia foi uma das primeiras vilas da região. A cidade tem sua arquitetura muito antiga
e é semelhante à arquitetura dos Europeus (colonizaram a cidade). É considerado um patrimônio
histórico por conta disso relatado acima. Muitas casas de Cananéia são e foram tombadas pelo
Condephaat, com o objetivo de preservá-las.
Nessa entrevista iremos conversar com dois moradores de Cananéia que contam o impacto do
turismo no modo de vida deles, as mudanças na economia após a transformação da Ilha do Cardoso
em Parque Estadual, as diferenças culturais e aqueles que vivem do turismo. Eles também contam
sobre suas vidas de pescadores (um hoje e outro antigamente) em Cananéia.
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Além da cultura caiçara Entrevistamos o pescador Naor Honorato que vive em Cananéia, e nos conta um pouco sobre sua vida de pescador.
Esse texto irá explicar sobre a vida de um caiçara comum e típico de Cananéia contendo táticas, costumes e um pouco da cultura e do estilo de vida caiçara. Como começou a pescar e por quê? Eu comecei a pescar por falta de opção, por falta de estudo , por que era muito fraco eu só fiz ate a quarta serie , eu teria que ir para Paranaguá que são 40 quilômetros , na época meu pai não tinha condições de bancar ai eu passei a trabalhar com ele Qual o tipo de turista que visita Cananéia? Eu acredito que é as pessoas que gostam de cidade antiga, quem gosta de fazer pesca esportiva, quem gosta de ficar na ilha do Marujo, da ilha do Cardoso, de acampar, desse tipo de turista que visita Cananéia. Quais pontos da cidade deveriam ser mais valorizados Depende do turista que vem para visitar Cananéia, eu acho que devia existir mais investimento na área de levar esse pessoal para Maruja, que tem muita gente que vai pra lá , mais pousadas e eu acho que é isso . O que você acha que Cananéia precisa para se desenvolver na área de pesca , nos ´pontos turísticos e pousadas ? Aqui em Cananéia tem uma empresa de pesca que chama Miami só ela comanda aqui, eu acho que deviam existir mais empresas de pesca aqui em Cananéia, mais como a pesca vive caindo muito aqui o pessoal ta desistindo da pesca profissional. A pessoal ta investindo muito na pesca esportiva que é o pessoal que vem de outras regiões do Brasil, e a pesca esportiva não agridem tanto o meio ambiente. Os caras pegam 20 kg de peixe e fica feliz, nos pescamos 7 toneladas e não ficamos felizes, hoje em dia 7 toneladas é só pra pagar despesas de filhos, de rancho , de óleo . Eu acho que deveria investir em pesca esportiva, porque é uma área muito rica em peixes de pedra, tem todos esses rios que da para levar os turistas, eu acho que devia ser investido nessa área. O que é ser caiçara? Ser caiçara é nascer aqui, conhecer o lugar, é sofrer porque não tem infra estrutura para nada, ser caiçara é matar um leão a cada dia. A cidade tem suporte para hospedar turistas com aconchego? Não tenho muita noção disso. Você acha que o governo deveria fazer uma reserva para procriar os camarões e peixes, ou o senhor acha que esta boa desse jeito? A reserva já existe só que esses três meses têm que parar a pesca para o camarão se reproduzir. Eu acho que o governo tinha que ensinar o caiçara.
a ser guia turístico e investir mais nesse tipo de embarcação que possa fazer esse tipo de pescaria Como hoje em dia tem muito mais população do que antes isso afetou a pesca de Cananéia, como? A pesca de Cananéia eu acredito que não, porque 80 % dos barcos do Brasil inteiro vem pescar aqui em Cananéia , o pessoal diz que é grande quantidade de barco tudo ajuda , é muita exploração. Eu acredito que a poluição afetou muito a pesca hoje em dia. Quando não tem exportação de soja e milho, meu pai pesca bem. O senhor aprendeu técnicas de pesca com os caiçaras? Meu pai era caiçara, aprendi com ele. As técnicas dos nativos são as mesmas dos caiçaras? São as mesmas, só alguns caiçaras são mais espertos e criam algumas técnicas melhores, porem alguns usam a mesma técnica a quarenta anos , cinquenta anos . Como se diz que alguns pescadores pararam de pescar, você vai fazer o mesmo que eles? Eu vou trabalhar até agosto e depois vou parar, eu queria que meu filho aprendesse, eu tenho um filho de 19 anos , porque eu acredito que daqui uns anos não haverá mais pesca como outras profissões que existiram e ninguém se lembra delas .
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“Se não fosse o turismo...”
Robson José da Cunha conta um pouco sobre como é ser morador de Cananéia e de seu trabalho
Robson José da Cunha é morador de Cananéia, mas nasceu no Paraná, Guaraqueçaba no dia 9 de Abril de 1976. Vive do turismo (mestre de barco), mas
antigamente era pescador.
Você saberia dizer que classe social visita Cananéia a passeio? Você acha que isso interfere no turismo?
Classe social média, Ajuda, porque a gente também vive disso. Sobrevive disso, se não fosse isso o turismo... E começa por ai, vem a classe média, ai começa a
vir a classe mais alta eu acho, mas no momento tá ajudando, porque se não fosse isso a gente também não trabalharia. Então é por ai que a gente tá começando
a trabalhar assim.
Que ponto turístico é mais visitado?
Aqui nessa região a Ilha do Cardoso. Fica aqui no Perequê. O ponto turístico mais visitado é aqui na Ilha do Cardoso e chama praia do Perequê..
Quais são as comemorações ou festa mais importantes de Cananéia? Isso incentiva o turismo?
Sim... Tem uma festa do mês de agosto, que é a festa da cidade, que é dia 12 de agosto começa dia 12 e vai até dia 15 de agosto. E essa comemoração é bem
divulgada. E a festa da tainha agora, a festa do mar, na verdade, que é em junho. A festa do mar que atrai mais turista. Até beneficia agente. Chegam aqui e com
isso agente também ganha, que eles saem passear de barco
A pesca contribuiu para a economia de Cananéia?
Sim, a gente vive aqui da pesca e do turismo né? Antigamente na verdade, não era menor seria melhor ainda do que hoje
antigamente era mais pesca e mais pescadores que vivia bem, antigamente era só pesca aqui. Daí começou a diminuir a pesca
muitos barcos grandes, que viam aqui nas costas, os pequenos já podia né? Estava perdendo lugares né? Estava difícil trabalhar. Ai o
que acontece os pequenos já começaram a desistir da pesca né? e ai os grandes invadiram aqui na costa né? Onde os pequenos
trabalhavam. Ai o que aconteceu o povo começou a desistir, a renda
começou a ficar fraca né? Começou a diminuir ai começam a botar o turismo né? Começaram a trabalhar um pouco no turismo ai ficou dividido, assim agora um
pouco vive da pesca e outro pouco vive do turismo.
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Conclusão
Na cidade a situação econômica financeira é boa ou ruim?
Do modo geral, é, até boa. Tem uns dois ou três aqui que são empresários, estão bem. Classe media e a maioria é baixa. Não é aquela coisa. Meia dúzia são
classe media então o resto já são bem baixa, que vive mais da pesca mesmo. A maioria vive mais da pesca.
Você pode falar um pouco do que você acha de Cananéia?
Ah... Cananéia é uma cidade calma. Na verdade sossegada de se viver, é uma, é uma cidade que não é economicamente falando, não é financeiramente falando
não é muita, é renda baixa. Só que é uma cidade boa, pra viver é uma cidade boa. Como a gente quer para gente está legal.
Em Cananéia as principais atividades econômicas são a pesca e o turismo. Percebemos que de
alguma forma a pesca influenciou na vida das nossas pessoas entrevistadas, pois a pesca foi
proibida e eles pescavam na ilha do Cardoso. Muitas pessoas tiveram que mudar de profissão e
seguir a vida com outras atividades econômicas como o Robson (entrevistado), porém o Naor
(entrevistado) conseguiu superar as dificuldades e sempre ser pescador (irá se aposentar em
breve). Os entrevistados acham que a Ilha do Cardoso ter se transformado em parque alterou na
vida deles, pois antes eles podiam pescar, caçar, e morar na ilha do Cardoso. Eles tiveram que sair
da Ilha e a maioria foi morar em Cananéia.
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Vista do mar com barcos
Praça
Cananéia-
Vista do mar com barcos
Gigante da ilha do Cardoso
Religião de Cananéia
Praça
Entrevista:
Grupo B24 (Robson)
Grupo B4 (Naor)
1-Entevistado 1
2-Entrevistado 2
Praça
Robson
Naor
Naor
Stéfani e Robson Gigante da Olha do Cardoso
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Renata Torelli
Praça Cananéia
Cananéia tiene plazas muy bellas
Roberto Scaff, José Pedro de Mello, e Gabriel Piccirillo
Era una plaza
muy bella
Y muy alegre,
con muchas personas
y muchos árboles.
Hay dos cañones,
entre ellos hay un monumento,
alrededor de la plaza hay comercio.
Las casas son coloridas
y muy bellas.
Las casas tienen un piso
y no se puede reformar. Roberto Scaff
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La plaza feliz
Manoela Ambrosio, Gabriela Hawat, Ma. Luiza Gouveia, Bruna Monteiro, e Clara Cortez
Ma. Luiza Gouveia
40
Era una plaza
muy bonita,
antigua.
Había una iglesia
Muy armoniosa
Y grande,
con árboles y arbustos
en que varias personas andaban en bicicleta,
con bancos que varias personas se sientan para descansar.
Hay patrimonios
que eran muy interesantes
Y antiguos.
Nuestra plaza
Sandy Tokuda, Marina Bechara,
Gabriel Barreto e Lucas Gonzalez
Fuimos a una plaza
muy antigua,
muy divertida.
con un piso de damero
tiene un cañón
y varios monumentos.
también hay una iglesia,
que de fuerte servía,
y alrededor de la plaza casitas igualitas,
todas muy juntitas y coloriditas.
la mayoría "tombada",
para la historia de la plaza ser guardada.
Allá no hay mucho verde,
pero es un lugar agradable
y aun así tenemos
que preservarla.
Marina Bechara
Sandy
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Henrique Isadora Noronha
Maria Luiza Florio Victor Lopes
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Arquitetura de Cananéia e São Paulo
A arquitetura de Cananéia está presente em meu bairro?
Eu vi a Matemática nos meus estudos quando...
Foto: Felipe Ioschpe,
“eu fui tirar as fotos de casas simétricas e não simétricas, quando reparei em quantas duas águas tem cada casa,
quando medi quantos lanços, lancinhos, taipas e braças tem o alinhamento de minha casa, quando vi a arquitetura
da Casa dos Bandeirantes e quando vi o alinhamento de minha rua” (Clara Cortez, 7B)
Foto: Stéfani
Foto: Mabel
“eu reparei que a Matemática está presente em tudo, pois se repararmos tudo tem uma medida, uma forma, um
espaço ocupado, etc. Uma das coisas que reparei nos meus estudos foi que o telhado de duas águas forma um
triângulo”. (Felipe Coser, 7B)
“quando medi a fachada da minha casa, quando eu tirei as fotos das construções e observei a forma delas e
quando eu vi a lista dos monumentos tombados.”(Renata, 7B)
“quando eu via as janelas das casas se elas eram quadrangulares, triangulares ou circulares. Quanto media as
fachadas de algumas residências se uma residência tinha a fachada simétrica ou não.”(Gabriel Ayres, 7B)
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Com essa pergunta, tivemos que abrir os olhos para perceber a Matemática no nosso cotidiano, ou seja, uma Matemática que extrapola os muros da escola e se
insere dentro de nossa casa, nosso bairro, nossa cidade, enfim, nosso universo.
Desenvolver a habilidade de observação não é uma tarefa simples. Ela requer que fiquemos atentos a tudo e a todos os detalhes que nos rodeiam.
Nossos estudos sobre a Arquitetura de Cananéia começaram quando lemos um texto que relata como as casas foram construídas no centro histórico de Cananéia.
Curiosidades foram muitas. Nos deparamos com medidas de comprimento e de área que nunca havíamos visto antes em nossos estudos. Destacamos: taipa de
pilão, braça, légua, braça quadrada, alqueire paulista, lanço e lancinho. Vimos e estabelecemos relações com o nosso sistema métrico de medidas de comprimento
e de área.
Quem já imaginou observar o telhado de uma casa e verificar se é um telhado de “duas águas”? Pois bem, nós aprendemos e observamos que muitas casas em
Cananéia e em São Paulo possuem esse formato de telhado.
Foto: Gabriel Piccirillo
Telhado de duas águas – SP
Foto: Gabriel Piccirillo
Telhado de duas águas – SP
Em Cananéia vimos que as construções são feitas sobre o alinhamento da rua, porém, em São Paulo, no nosso bairro pudemos constatar que algumas são feitas
sobre o alinhamento de rua e outras não.
Afinal, o que significa ‘construções sobre o alinhamento de rua’?
Concluímos, após as nossas observações que são construções em que a frente da casa (porta e janelas) se encontra diretamente na calçada.
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Ao refletirmos sobre ‘quais implicações das construções que são feitas sobre o alinhamento de rua’, percebemos que...
“as implicações são que pedestres não podem passar pela calçada, não há lugar para as caçambas de lixo e nem para as árvores. O alinhamento dificulta a
passagem.” (Felipe Ioschpe,)
“as implicações são que as portas e as janelas estão viradas diretamente para a rua dando menos privacidade e proteção para os moradores.” (Clara Cortez, 7B)
“tem pouca segurança, pode ocorrer alagamentos...” (Stéfani,)
Foto: Gabriel Piccirillo Foto: Felipe Ioschpe
Foto: Clara Cortez
Foto: Isadora B. Noronha
E a simetria? Muitas fachadas das construções são feitas de forma simétrica. Em Cananéia e em nosso bairro pudemos perceber que há fachadas que são
simétricas e outras não. Não conseguimos descobrir o porquê dessa diferença, mas temos uma hipótese: trata-se de um padrão estético.
Foto: Lorenzo Fasano Foto: Clara Cortez
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Foto: Stéfani
Efetuamos muitas medições. Tivemos que medir a fachada de uma residência em Cananéia e a nossa residência, para verificar as relações entre braças, lanço e
lancinho.
Foto: Stéfani Foto: Isadora B. Noronha
Muitas construções de Cananéia são tombadas pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico,
Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado) e percebemos que em nossa cidade há várias edificações que também são
‘tombadas’. Ao estudarmos os porquês desses tombamentos, vimos que o que mais se destaca é o fato da importância
histórica e arquitetônica para a nossa cidade. Com os ‘tombamentos’ podemos resgatar um pouco a memória e a história de
nossa cidade e de nossas famílias. É como viajar no tempo.
“a fachada da minha casa tem 40 m. Esse número não representa um múltiplo de 2,2 m. Minha residência tem aproximadamente 18,18 braças. Equivale a
aproximadamente 1 lanço, pois o resultado da medida é mais próximo de 1 lanço”. (Bruna Monteiro)
“a fachada da minha casa tem 10 metros e equivale a 4,54 braças. Não equivale nem a um lanço e nem a um lancinho”. (Lorenzo Fasano)
Por fim, entre simetrias e telhados de duas águas...
Foto: Clara Cortez
Casas em Cananéia com estrutura simétrica
Foto: Manuela Ambrósio
Fotos: Felipe Ioschpe
... o que aprendemos muito foi olhar e perceber uma
série de conceitos que estudamos na sala de aula
presentes em Cananéia e em nosso bairro. Observar
as construções que estão presentes em nosso bairro,
nos fez ver como, muitas vezes, não percebemos
detalhes que estão presentes nos livros e sequer
fazíamos relação com a nossa realidade.
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“O Pagamento era o Fandango”
Autores: Felipe Coser, Gabriel Barreto, Gabriel Piccirillo, Isadora Noronha , João Paulo Coelho, José Garrido,
Mabel Cordani, Manoela Ambrósio e Marcello Nahas
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Apresentação da Temática
O Fandango é um estilo musical tradicional de Cananéia que antigamente era
comum na Ilha do Cardoso. Eles tocavam na Ilha sempre depois do mutirão
(trabalho realizado em grupo), mas hoje, com a transformação em parque
estadual a tradição foi quase esquecida.
Hoje em dia eles não ganham dinheiro só por apresentação, eles ganham
dinheiro vendendo seus próprios instrumentos que produzem. Seus
instrumentos são feitos de madeira, e são de boa qualidade.
No grupo Esperança (todos os integrantes) são da cultura caiçara. Eles contam
história da cultura caiçara e de suas apresentações mais marcantes.
Porque preservar o Fandango?.
Como e onde surgiu o grupo ‘Esperança’?
O grupo de fandango nosso surgiu através de um homem chamado
limonada, que veio de São Paulo pra Cananéia, pedindo que formasse um
jovem fandango. Então nós fomos tocar lá no Cardoso, e fizemos lá os
instrumentos.
Quais fatores contribuíram para a criação desse grupo? Quem levou
vocês a se juntarem?
Quem levou praticamente foi ele, ele esse tal de Limonada. Ele arrumou um
barco pra nós, e fomos lá para a Ilha do Cardoso.
[Musica no violino (Hino Nacional)]
Desde quando o senhor toca esse instrumento?
Ah! Esse aqui quando eu tinha já dezoito anos eu comecei a aprende, e
tocava o (nome de alguma musica). Lá na escola primeiro que a gente
aprende é o hino nacional.
E o senhor aprendeu sozinho ou alguém ensinou o senhor?
Sim, sozinho e de ouvido daí a música ficou gravada na minha cabeça.
E tem mais alguma coisa que o senhor aprendeu assim sozinho?
Ah! Tem, ave Maria, Maria do divino, vou tocar um pouquinho.
[João Firmino toca a Ave Maria na rabeca com desenvoltura]
Muito bom seu João, tem mais alguma coisa que o senhor queira
contar pra nós, mais alguma coisa que o senhor acha que é bacana
O estilo musical Fandango, precisa ser preservado, pois essa cultura está se perdendo.
Entrevistamos um dos integrantes do grupo Esperança, João Firmino, que toca rabeca no grupo ‘Esperança’. E esse grupo está tentando preservar essa tradição.
contar pra gente antes da gente ir pra apresentação?
Ah! O fandango, depois que nós tudo crescemos, meu pai sempre fazia
mutirão, e cavação de roça e plantação de milho, de arroz. De noite tinha o
fandango, mais era muito bom, muito divertido de mais.
Você se importa de falar a idade do senhor?
Não, a minha idade é 69 anos.
E o senhor ia com seu pai pra roça também?
Ia, eu pescava de noite e de dia ia pra roça, plantar milho...
E o senhor participou de muita festa de fandango?
Sim, quando tinha mutirão nós voávamos no mutirão também, junto com a
rapaziada.
Eu gostaria de saber do que é feito isso (aponta para a corda da
rabeca)?
Isso aqui é uma linha, isso aqui é linha 0,25, é de plástico, antigamente
fazia com a crina de cavalo, vinha uns fiozinhos, empacotava um aqui, um
aqui, amarrava, e hoje nós fizemos já de plástico que dura e o rabo de
cavalo não, num tantinho estoura, é muito prático.
Então essa é uma nova técnica?
É. Esse fomos nós que criamos.
Muito bom, então obrigada!
De nada.
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“O Pagamento era o Fandango”
Dois integrantes do grupo fandango contam para a gente um pouco da cultura caiçara.
Os músicos Beto Pereira e Joaquim Pires são dois integrantes do grupo de fandango “Esperança”, que resgatou esta tradição da cultura caiçara da Ilha do
Cardoso. A entrevista foi feita no hotel Coqueiros, Cananéia, hotel de hospedagem do 7º ano da escola Lourenço Castanho. Joaquim nasceu na Ilha do Cardoso,
viveu a cultura caiçara e a conta um pouco para nós.
1.Depois de tanto tempo, como vocês preservam o Fandango?
O Fandango é uma cultura de Cananéia e caiçara, aqui do vale do ribeira, e
nós preservamos com diversas apresentações. Antes era com o mutirão, o
trabalho e depois teve o proibi mento do trabalho, da roça. Todo mundo
junto, o mutirão, né, o mutirão, e o pagamento era o fandango, a gente
dançava, fazia fandango, dançava a noite, à noite toda, tinha comida,
bebida, tudo, por conta do trabalho, e o pagamento era o Fandango. E
agora nós preservamos essa cultura fazendo apresentações pra vocês.
2.Como você explica essa tradição e para você qual era a importância
do Fandango?
Pra mim a importância do fandango é que eu nasci no meio do fandango,
no meio da cultura do fandango. Os meus pais trabalhavam na lavoura, na
roça, plantavam horta, e eles não podiam fazer o trabalho sozinho, então
eles reuniam vinte, trinta, quarenta pessoa pra faze o trabalho do dia, faze
uma roça por exemplo. Uma roça é uma plantação. Então eles reuniam
essas pessoa, trinta, quarenta pessoa pra faze a roça, pra planta a roça, e
o trabalho que era pra trinta pessoa, pra uma pessoa faze em trinta dias,
trinta pessoas fazia num dia só. Então é isso que...Eu gosto disso por que
eu lembro que meu pais faziam e hoje eu preservo a cultura do fandango,
que era o pagamento do trabalho. E nós cultivamos essa cultura tocando,
fazendo apresentação, né.
3.O que compõe o Fandango em relação aos instrumentos,
vestimentas e, integrantes?
O Fandango é composto por seis instrumentos que é
2 violas,1 rabeca,1 cavaquinho, 1 caixa de folia e 1 pandeiro
.E é composto por 6 integrantes. Ah, durante as apresentações eles usam
uma roupa bem bonita, né para que as daminhas e os cavalheiro fiquem
bem arrumados.
4.Que tipo de local são realizadas as apresentações?
Realizamos o Fandango eh, nas pousadas, graças a Deus e aos
turistas.
5.Houve transformações no Fandango através do tempo?
Sim, sim, houve bastante, bastante transformações, porque o Fandango
era muitíssimo importante. Com o tempo foram modernizando né, e com o
surgimento do teclado e das sanfonas e as coisas modernas o Fandango
desapareceu do mapa. Mas em 2000 e 2001, os professores e monitores
começaram a fazer oficinas de Fandango, o que fez com que ele
ressurgisse e hoje até discos foram gravados.
6-Como é organizado o grupo em geral?
O grupo em geral são 6 pessoas que tem que conhecer do instrumento.
Quem toca viola, quem toca cavaquinho, quem toca rabeca, quem toca
pandeiro, quem toca o instrumento, os 6 instrumentos, mas tem pessoas
dentro do grupo que tocam quase todos os instrumentos.
7-Qual a importância do fandango para a cultura caiçara?
Praticamente a identidade do fandango é a cultura caiçara. Mas ele no
decorrer do tempo, sumiu. Hoje ele está renascendo outra vez.
8-Os integrantes tem outras profissões? Se sim, quais por exemplo?
Todos nós não vivemos do fandango, nós tocamos o fandango porque
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gostamos, porque ele está no nosso sangue. Mas todos nós temos outras
profissões.
9- O que deu a iniciativa do fandango para o grupo?
A iniciativa, se deu de formas assim, vamo dizer assim, uma forma
simples... essa forma simples foi a que deu a origem de a gente volta a
toca.
10-Para que serve a caxeta?
A caxeta quer falar sobre a caxeta?
A caxeta serve para fazer instrumento. Tem muito utilidade, a madeira da
caxeta é uma madeira muito útil para qualquer tipo de coisa... como já falo,
para fazer látex, para fazer um estojinho, para guardar lápis, para
diversos... Até o fosforo antigamente não sei se hoje ainda é. Antigamente o
fósforo ficava numa caixinha tudo era... era feito com caxeta, é o fósforo
que ficava numa caixinha era feita com caxeta. (tamanco) Acho que até
hoje ainda é feito. Era feito, usado no tamanco, o que o povo caiçara um
povo simples, pobre da roça eles não tinham sapato, eles num usavam
sapato, calçado. Então o que eles usavam, usavam tamanco, eles pegavam
a caxeta, fabricavam ela faziam que nem uma sola de sapato bem feitinho e
pegavam a pele de animal, couro de animal… pele de animal, e cobria e
fazia um tamanco, chamava tamanco, não era sapato não era tamanco.
Então ele usava aquilo diariamente, em casa, nas festas eles iam nas
festas, nos sítios onde eles moravam, ia ninguém de sapato ia todo mundo
de tamanco. Tamanco era muito usado naquela época, a noite também pa
anda dentro de casa todo mundo andava de tamanco. Então essa madeira,
caxeta era muito própria pra essas coisas, era usada em toda essa coisas.
E ela é a primeira madeira pra pra pra que o instrumento seje fabricado por
ela, (caxeta), caxeta. A viola feita de caxeta são as melhores viola
(instrumento feito de caxeta assim em geral) , menos esses moderno
assim, feito na fabrica de fora. Isso aqui não é caxeta isso aqui é outro tipo
de madeira, mais essa dai é feita de caxeta, só que é envernizado, muda a
cor, é envernizado mais a madeira é caxeta.
Curiosidades:
E para que servem os tamancos pro grupo assim, pras músicas?
Então, vários tamancos aqui, a gente agora não pode fazer essa
apresentação mais lá na onde a gente vai depois, que eles levam a gente
lá até pode apresentar vocêis um pouquinho que é a moda batida, moda
rufada, porque o fandango antigamente eu falei pra vocês que pagava o
trabalho do dia o fandango era com moda bailado que diziam e depois o
rufado, rufado sabe o que é, é bater, (bate o pé, fazer ritmo) moda batida,
então eles batiam na mão e o assoalho também era dessa mesma madeira,
era táboa, então eles fazia um som muito bonito, som muito grande, por
isso que é fandango, fandango é a uma dança barulhenta, (fandango
chama) dança barulhenta, por que? Porque era dançada com tamanco
também, e as dama acompanhavam, o pessoal que batiam e as dama
dançavam em volta (no exterior e em volta?) então era usado também no
fandango nesse sentido, inclusive trouxe isso aqui pra apresenta pra vocês.
(Muito obrigado por tudo ai) A gente, a gente agradece também (muito
obrigada) Porque é muito gratificante a gente pode depois ta em casa,
lembra que fomos entrevistados por um jovem que é rico em sabedoria,
uma jovenzinha também muito rica em sabedoria, isso é muito bom (vocês
também ricos em cultura ne?) E essa… só que você imagina, eu com meus
58 anos, que tenho já, ah… se não fosse vocês não tava aqui não. Pode ter
certeza que pela minha cidade, negativo, então a gente tem que agradecer
logicamente primeiro a deus, mas vocês são a peça mais importante, os
professores, os monitores, esses são os mais importantes, senão eu não
taria aqui. Não tem como, porque a cultura nossa aqui, é muito bonito falar
em cultura, muito bonito fara em falar em fandango e é gostos e é
gratificante, faz bem pra alma, muito bem, porque… foi coisas que veio do
princípio, do princípio (começaram lá né), do princípio veio, você veja que a
origem dele, a origem do fandango não é nem brasileiro segundo quem
estudou, eu não tive tempo de estudar, ele atravessa sobre a Espanha e
vem do sul da Espanha, ele vem do sul da Espanha, com a certeza ele
deve ter vindo no navio negreiro (a cultura lá dos africanos…trouxeram pra
cá) e depois ele foi se modernizando e aí entrou (cultura caiçara) na cultura
caiçara, pode ter certeza que essas coisas, com…isso dai também e
também poderia ser até para amenizar o sofrimento dos negro, né? Que
sofriam feito uns condenado lá, que tinham a casa deles lá separado, quem
sabe naquela época de sofrimento o fandango já num era alguma coisa pra
melhora aquela dor terrível onde amarravam os negro noo tronco e
surravam, batiam até matá…podia ser que e a inveja do branco, daquela
época, podia ser que o preto podia tocá o fandango, mais o branco talvez
não soubesse, (é não sabia direito ), talvez não soubesse, essas coisas
pode ter acontecido, pode ter acontecido mais isso (ninguém sabe)
ninguém sabe, porque ele veio dentro do navio, isso é certeza, inclusive
existe a demanda que o…o…os paranaense acha que o fandango desceu
no porto de Paranaguá e nós achamo que o fandango desceu no porto de
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Paranaí (e começou a se espalhar aqui no seu litoral) exatamente ele
começou a se espalhar, mas há muitos e muitos anos atrás, porque ele veio
co primeiro povo, co primeiro povo, seje o preto, seje o branco, de qualquer
jeito ele veio, mas provavelmente ele tem alguma coisa a ver com a cultura
africana, pode ter certeza (você pode me dizer…).
Vocês sabem direito se só aqui tem o fandango ou em outro lugar
também tem?
Tem, tem lugar que tem, tem Paranaguá, ah, tem Iguape, né, depois disso
acaba, num tem. Paranaguá é o máximo.
Há oitenta anos, tinha um navio de guerra que apareceu em Cananéia, um
dos primero navio de guerra que apareceu em Cananéia, encostado aqui
no... Aqui na beira mar trouxe tanto constrangimento que dois compades que
vieram ali, naquela data pra faze alguma coisa no cartório, um dos
compades quase teve um desmaio, quando viu o navio, teve um desmaio.
“Meu Deus compade, vamo embora por que já chego a força do mar”. E
agora quando vi a força terrestre se encontra com Cananéia, eles
imaginavam que por ser tão pequeno, Cananéia ficaria em cinza se as duas
forças se encontrassem, vê só. E como o povo era né, o povo era tão, tão
simples que fico, fico com tanto medo que quase desmaio de medo. E aí o
modista fez a música.
Então os entrevistados Beto e Joaquim começam a tocar uma música
de fandango relacionada com a história de Cananéia.
E essa música esta contando desde o começo?
Lógico. Então os navio chegaram e muitos insistiam no telegrafo, telegrafo
era como se comunicavam, então segundo, dizem que esses navio vieram
pra cá por que eles tinham, eles tinham que ir prum outro rumo, Em vez de ir
prá Cananéia era pra ir pro Canadá, assim o cara que fez essa história diz,
em vez de ir pro Canadá veio pra Cananéia. E num tinha nada a vê
Cananéia e Canadá, nada a vê. Então mando um telegrama que desviou-se
e veio pra Cananéia, mas chego na mão das forças armada, aí que houve o
desengano, certo? Então divulgue o grupo Esperança pros seus amiguinhos,
família, por que é muito importante pra gente.
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Algumas considerações A cultura do Fandango é muito importante para o desenvolvimento cultural de Cananéia. As histórias contadas por esses fandangueiros nos mostram o quão
importante é a preservação de uma cultura até então perdida. Esse grupo, Esperança, resgatou a tradição dos caiçaras e nos contou sua relação com o fandango
e o nativo da Ilha do Cardoso.
Com a transformação da Ilha do Cardoso em parque estadual (PEIC) o povo caiçara teve muitas limitações para viver no litoral, como não caçar nem plantar. Com
essa redução algumas tradições foram perdidas, como o Fandango, tipo de música tocada pelos caiçaras após um dia de trabalho, por exemplo, na agricultura,
roça.
Na cidade de Cananéia havia uma festa muito grande que eles tocavam e dançavam. As letras de suas músicas contam por meio da tradição oral a cultura do
Fandango. maioria dos integrantes do grupo aprenderam a tocar seus instrumentos só de ouvido, sozinhos.
Um integrante nos disse que eles mesmos que montam seus instrumentos e que eles são feitos da madeira cacheta, e nós tivemos o prazer de poder ouvir os
fandangueiros tocarem.
Hoje o grupo Esperança toca em pousadas, principalmente para turistas, sendo assim dependente do turismo.
Conseguimos perceber o valor inestimável da cultura caiçara, seu modo de vida, como um patrimônio do Lagamar.
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The man is playing the guitar and
singing too. He lives in Cananeia and
he plays fandango. He is making a
presentation for the students of
Lourenço Castanho. He has a group
that does a lot of presentations for
people to know more about the culture
of caiçaras.
Fandango
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These are musicians. They play a music genre
called Fandango. It’s a different kind of music, but
it was really famous in the past. Although the
musicians are not so young, they have CDs, and
still sing and play in places in Cananéia.
Felipe Ioschpe - 2011
Patrimônio da Ilha do Cardoso
Os caiçaras
Ilha do Cardoso
A ilha do Cardoso é um dos poucos lugares onde ainda existe vegetação e biodiversidade litorânea preservada. É uma área plana e alagada onde há uma
variedade enorme de ecossistemas como: manguezal, costão rochoso, mata de encosta, restinga e praia.
A ilha do Cardoso que era antes um lugar “livre” que se transformou em PEIC, ou seja, Parque Estadual da Ilha do Cardoso, porque tinham em mente preservar a
biodiversidade, vegetação e tudo relacionado a natureza.
Os Moradores da ilha são denominados caiçaras, e hoje eles são uma das peças mais importantes na preservação da ilha, apesar de serem poucos os que ainda
vivem nessa área.
Os caiçaras vivem sem mordomia, com o mínimo necessário para sua sobrevivência e suas atividades econômicas atuais são: pesca e turismo. Os turistas (a
maioria pesquisadores) vão para conhecer a ilha e pesquisar sobre a biodiversidade do local, e claro, para conhecer a cultura caiçara, que por sinal está acabando.
A preservação do parque é importante, porém, fez com que “acabasse” com a cultura caiçara existente na ilha.
Os que ainda vivem na ilha, após sua transformação em parque, vivem em função de épocas em que a ilha é mais visitada, e do pouco que o governo oferece a
eles, se oferece alguma coisa. Ao longo do ano os moradores “se viram” como podem, poucos com base no turismo criando na ilha um único restaurante, que é a
base econômica de muitos moradores, outros pescam para comer e para vender na cidade próxima, Cananéia, e alguns vão trabalhar cedo na cidade, voltam
tarde, com pequenos barcos
Caiçara
A Ilha do Cardoso é habitada pelos nativos os caiçaras. Após a transformação da ilha em parque estadual, a vida do caiçara mudou completamente, pois tiveram que abandonar
suas casas.
Antes de a ilha ser transformada em parque os caiçaras pescavam, faziam roças, mutirão, fandango e caçavam, tinham técnicas de armadilhas e grandes redes para a pesca.
Também viviam em simples habitações feitas de madeira.
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Depoimento do Sr. Romeu antigo morador da Ilha Os moradores ribeirinhos da região Lagamar, costumam ser denominados caiçaras. Os caiçaras são aqueles que se vivem e se alimentam da pesca. Ser caiçara é
ser: humilde, ouvir as pessoas, respeitar, ser “dianio”, e ter uma educação de berço. Esse povo, vivia de acordo com o que a ilha oferecia á eles, pode-se considerar
uma troca, eles protegiam a área, e a área oferecia o necessário para a sobrevivência daqueles povos. Quando a ilha se tornou parque os caiçaras tiveram que
abandonar seu habitat natural, com a promessa feita pelo governo de “começar” a vida deles em outro local, como se hoje no Brasil alguma promessa do governo
fosse cumprida. Então eles foram morar na cidade, porém, eles não sabiam nem ler, nem escrever, o que fariam da vida? A minoria resistiu e lutou por seus direitos
na ilha, a maioria foi jogada na cidade. Sem dinheiro para comprar comida ou construir seu cantinho .Foram morar nas margens do rio, como sem teto. Muitos
morreram.
Em uma de nossas visitas a ilha, conhecemos e conversamos com um desses caiçaras que fora “jogado” na cidade próxima, quando ainda era criança, olha o que
eles nos conta:
Romeu: “Não era necessário tirar todo pessoal local daqui. Simplesmente, se eles ditassem as regras: vocês vão ter que fazer isso, assim, assim ... assim né? E
todo mundo seguiria. Tanto é que as pessoas que moram hoje aqui, que existem as comunidades, essa comunidade que tem aqui, por exemplo, a comunidade do
Itacuruçá, o pessoal não saiu daqui. Então eles permaneceram aqui, e algumas outras comunidades que existem também aqui na ilha, que são sete comunidades
em torno da ilha toda; e tem comunidades que tem 150 indivíduos, é assim um número até expressivo para isso, eles conseguiram ficar na ilha”
Atividades econômicas
Os moradores da ilha tem como principal atividade econômica a pesca, alguns vão trabalhar na cidade, outros vivem com a pesca na própria ilha.
Para a pesca os caiçaras utilizam técnicas deixadas por seus antepassados, que o ajudam na hora de pescar. Uma delas é o famoso cerco, uma armadilha, feita
por eles próprios que o ajudam, tanto na hora de conseguir peixes, como na hora de tirar os peixes da água.
Alguns moradores, vivem em função do turismo, eles tem um único restaurante que recebe turistas (pesquisadores) que vem e ficam hospedado por dias na ilha
conhecendo um pouco desse “pedacinho” de Brasil que nos restou.
Papel do Turismo
O turismo é essencial para vida na Ilha. É ele que sustenta grande parte da Ilha. Existem os dois lados do turismo, o lado bom, é que eles ajudam na economia de
muitos moradores, e também descobrem cada vez mais diversas biodiversidades e coisas diferentes na mata que lá temos. O lado ruim é que para que todos os
turistas serem recebidos é necessário um grande esforço dos moradores, pois eles tendem levar o lixo da ilha até a cidade, com seus próprios barcos. E muitos
turistas acabam poluindo a ilha, jogando latas, arrancando plantas entre outras coisas que não devem, e nem podem ser tiradas de devidos locais.
Muitos moradores dependem do turismo para sobreviver, alguns por serem guias turísticos, outros por terem um restaurante que é aonde todos comem quando
visitam a ilha. Por tanto, se todos os turistas que conhecem a ilha tiverem uma consciência do poder que exercem, a ilha seria um lugar aberto e com somente
lados positivos
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A Ilha do Cardoso é um parque de preservação ambiental do litoral sul paulista, quase na divisa com o estado do Paraná. Nessa região, existe uma variedade
linguística que só é falada lá, e que, infelizmente, muitos desconhecem, porque está se extinguindo.
Ao visitar a região do Lagamar, estamos visitando um patrimônio histórico e cultural. Segundo o dicionário Houaiss, patrimônio é um bem ou conjunto de bens
naturais ou culturais de importância reconhecida num determinado lugar, região, país ou mesmo para a humanidade, que passa(m) por um processo de
tombamento para que seja(m) protegido(s) e preservado(s). Mas, hoje, a cultura caiçara está desaparecendo. Com a criação do PEIC, Parque Estadual da Ilha
do Cardoso, os caiçaras foram obrigados a sair da ilha e tiveram que abandonar muitos de seus hábitos, crenças e principalmente suas atividades econômicas.
Os termos caiçaras são, obviamente, usados pelo povo caiçara, que são fruto de uma miscigenação entre índios e europeus. Eles viviam na Ilha do Cardoso,
onde caçavam, pescavam, praticavam a agricultura de subsistência e viviam “de bem” com a natureza.
Depois que a ilha virou parque estadual, muitos caiçaras perderam sua cultura, fazendo com que o caiçarês, variedade linguística típica desse povo, entrasse
em extinção.
As línguas estão em constante movimento, elas estão sempre mudando. Quando uma língua desaparece, às vezes, ela dá origem a novas línguas, como
aconteceu com o latim. Todavia, os termos caiçaras, se desaparecerem não irão dar origem a outra língua: se essa variedade linguística desaparecer, nada
restará do caiçarês. Por isso, devemos fazer registros, para que alguém, no futuro, possa retomar a variedade caiçara com sua riqueza cultural e linguística.
Segundo o senhor Romeu Mário Rodrigues, caiçara e antigo morador da Ilha do Cardoso, fazer um dicionário ajudaria muito. Por isso, ele próprio criou um, que
mostra palavras como “fuzilo”, “gasimbre” dentre muitos outros termos ligados à cultura caiçara e seus respectivos significados, relâmpago e camarão.
A língua não é um bem tombado. Ela apresenta dinamismo, vive em constante mudança. Portanto, não é possível preservar uma língua, a não ser que
preservemos o seu uso. Mas é possível deixarmos registros, como dicionários e gravações. Dessa forma, poderemos deixar para a posteridade toda a riqueza
linguística de um povo ou de uma época, preservando sua memória. É o que esperamos que aconteça com a variedade linguística dos caiçaras.
Tradição oral
Preservação linguística?
É possível preservar uma variedade linguística? É necessário preservar?
Será que o caiçarês ainda existirá daqui a alguns anos?
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Patrimônio cultural e linguístico do Lagamar
A região da Ilha do Cardoso e a rica cultura caiçara
O Lagamar abrange, dentre outras, as regiões de Iguape, Ilha do Cardoso, Cananeia e Ilha Comprida, onde uma rica cultura se destaca por seus costumes,
crenças e variedade linguística: a cultura caiçara.
Antigamente, os caiçaras viviam na Ilha do Cardoso, junto à natureza e sua principal atividade econômica era a pesca. Mas como o governo queria transformar
a Ilha do Cardoso em área de proteção ambiental, foi criado o PEIC, Parque Estadual da Ilha do Cardoso, e os caiçaras foram mandados para Cananeia. Dessa
forma, os caiçaras tiveram que se adaptar a uma nova vida e arrumar empregos para atender suas necessidades básicas, deixando para trás suas atividades de
pesca, caça, etc.
Isso ocorreu com o senhor Romeu Mário Rodrigues, um caiçara, que conhecia muito a Ilha do Cardoso. O mesmo também aconteceu com Robson José da
Cunha, que pescava na ilha e teve que seguir outra profissão, que acabou se tornando uma das principais da região, o turismo. “Se não fosse o turismo, a
região estava estagnada economicamente”, explica Robson. Com todas essas transformações, o patrimônio cultural dos caiçaras foi quase perdido.
Segundo o dicionário Houaiss, patrimônio é um bem ou conjunto de bens naturais ou culturais de importância reconhecida num determinado lugar, região, país
ou mesmo para a humanidade, que passa(m) por um processo de tombamento para que seja(m) protegido(s) e preservado(s). Que a cultura caiçara é de
importância reconhecida, não há dúvida, mas com tudo o que aconteceu na região, ela ficou seriamente ameaçada.
Outro importante patrimônio caiçara é a sua variedade linguística, com termos muito peculiares tais como: Gala-gala (mistura de piche com breu), cuí (fome),
malheiro (pequeno pedaço de pau com o qual se mede o tamanho da malha da rede), dentre outros que foram parar num dicionário caiçara. Quem o escreveu
foi o senhor Romeu Mário Rodrigues (já citado acima), numa tentativa de preservar a “língua caiçara”.
“O caiçarês está sendo cada vez menos utilizado, mas ex-moradores da ilha tentam preservá-lo com apresentações turísticas como o grupo Fandango e a Festa
do Bom Jesus”, explica o senhor Romeu.
Alguns caiçaras disseram que algumas pessoas acham estranha e engraçada a maneira deles falarem, mas afirmaram que nunca chegaram a ser tratados com
deboche, embora tenham percebido um pouco de preconceito linguístico.
O que pudemos constatar é que o modo de falar dos caiçaras é diferente, mas não quer dizer que é errado, pois não há certo e errado em termos de
comunicação linguística.
Como as línguas estão em constante mudança, é impossível preservá-las. Mesmo que se tente preservar uma variedade linguística por meio de registros como
o dicionário do senhor Romeu, isso não garante que o modo de falar vai continuar existindo.
Infelizmente, o modo de vida caiçara e sua cultura, hoje, viraram apenas mais uma atração turística
63
A Biodiversidade da Ilha do Cardoso
64
Uma das etapas do trabalho realizado no Estudo do Meio foi a visita a uma Unidade de Conservação, o Parque Estadual da Ilha do Cardoso, onde realizamos
observações e pesquisas sobre a biodiversidade encontrada nos diversos ecossistemas que visitamos.
Para compreender com maior profundidade as características da biodiversidade na região, fizemos trabalhos de observação e pesquisa dirigida, buscando
aprofundar os conhecimentos relacionados ao patrimônio Biológico da região para que pudéssemos refletir, organizar, interpretar os dados coletados e chegar a
conclusões sobre a importância da preservação da Biodiversidade.
O trabalho foi focado nos ecossistemas que visitamos nos dois dias em que fomos ao PEIC. – PRAIA, COSTÃO ROCHOSO, MANGUEZAL, RESTINGA e
MATA DE ENCOSTA.
Para cada ecossistema foram elaborados diversos tipos de procedimentos de pesquisa. Inicialmente, fizemos observações para caracterizar os ecossistemas,
seus fatores abióticos e seres vivos. Em seguida, partimos para a pesquisa dirigida, que necessita de observações mais detalhadas, procedimentos de
identificação de espécies, contagem do nº de indivíduos de cada espécie e medições. Com os resultados das pesquisas em pudemos perceber que cada
ecossistema apresenta características próprias e as espécies ali presentes estão perfeitamente adaptadas às condições do ambiente através de características
que apresentam.
Neste capítulo, explicaremos o que são Unidades de Conservação, a história da criação do PEIC e apresentaremos os procedimentos, resultados e
conclusões das atividades de pesquisa que realizamos nos ecossistemas.
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O que são Unidades de Conservação
As Unidades de Conservação são espaços ambientais com boa qualidade natural, instituídos pelo poder público, que tem como objetivo, preservar e conservar a
biodiversidade. Podem ser reservas biológicas, parques ou as estações ecológicas que conhecemos ou já ouvimos falar. As unidades de conservação também têm
a proposta de diminuir as intervenções humanas nos ecossistemas.
As UCs também servem para manter a diversidade biológica e os recursos genéticos no país. Protegem as espécies ameaçadas de extinção, preservam e
restauram a diversidade natural dos ecossistemas.
O Parque Estadual da Ilha do Cardoso
A região do Lagamar, onde se localiza a Ilha do Cardoso, contém a maior área de Mata Atlântica contínua ainda existente no mundo. Com o objetivo de proteger o
restante, o governo de São Paulo criou o P.E.I.C. - Parque Estadual da Ilha do Cardoso. É uma área que abrange 22.500 hectares, onde pode se achar variados
tipos de ecossistemas - Restinga, Manguezal, Praia, Mata de Encosta, Costão Rochoso e uma grande biodiversidade de fauna e flora.
O P.E.I.C. está localizado no litoral sul do Estado de São Paulo, no município de Cananéia, a 252 km da capital O parque é integrante do complexo Estuarino-
Lagunar de Iguape- Cananéia- Paranaguá, também conhecido como Lagamar
O parque foi criado com a intenção de preservar, o que restou da Mata Atlântica no Brasil, que é equivalente a 7% da área natural e está localizado principalmente
no Vale do Ribeira. Por esse motivo, a região recebeu o titulo da UNESCO de “Patrimônio Natural da Humanidade”.
Quando a Ilha do Cardoso é visitada uma cultura é destacada: a caiçara. Antigamente esse povo desfrutava do que a Ilha do Cardoso oferecia: praticavam pesca
artesanal, faziam casas e outros artefatos de madeira, caçavam e coletavam plantas medicinais. Porém eles também a conservavam, por seu próprio interesse
Pensando em preservar o PEIC, o estado expulsou povos da ilha, que tiveram que migrar para cidades próximas, principalmente Cananéia. Tempos depois, o
governo percebeu que a ilha havia ficado desprotegida. Os caiçaras puderam voltar, mas não podiam praticar agricultura ou caça, que era o que faziam
antigamente como costume. Agora só trabalham com o ecoturismo, como monitores ambientais.
66
Ecossistema - Costão Rochoso
Características do ecossistema
O Costão situa-se na transição entre o meio terrestre e o aquático. Em locais onde a
Mata de Encosta eleva-se próximo ao oceano ocorre um predomínio de costões
rochosos.
No Costão Rochoso o solo é rochoso e úmido, a luminosidade é alta e a água é
salgada. Não há decomposição devido ao fato de a água estar constantemente
“lavando” o costão rochoso
A luminosidade é um dos fatores importantes para a presença de algas. As marés
determinam a distribuição dos seres vivos do Costão em função de ficarem ou não
expostos ao sol. O impacto das ondas pode retirar seres vivos incrustados na rocha.
Para que isso não ocorra, os seres vivos possuem adaptações que as permitem
fixar-se firmemente e não serem levados pela maré.
Costão Rochoso com a maré baixa
Biodiversidade
Um animal que habita esse ecossistema é o ermitão (Bernardo eremita). Eles vivem em conchas de caramujos, pois tem o abdômen mole e precisam protegê-lo.
Uma alga que habita esse ecossistema é a “alface do mar (Ulva lactuta). Elas realizam o processo da fotossíntese( produzem o próprio alimento) e possuem
estruturas que as permitem se manter presas nas rochas, o que é uma adaptação que pode ajudá-las a não serem levadas pelo mar.
Ermitão sem a concha,
sobre a rocha
Algas verdes fixas na
região inferior da rocha
67
Teia alimentar
68
69
Alunos fazendo a
pesquisa de fazer um
quadrado com barbante
e contar os seres vivos
Foto por: Fernando
Rochas do costão, mostrando as cracas e
ostras que contamos na pesquisa. Foto por:
Renata Torelli
Pesquisas dirigidas
1- Densidade populacional e biodiversidade
Objetivos, procedimentos, resultados e conclusões
A pesquisa que realizamos tinha por objetivo a análise da densidade populacional de certas espécies e da
biodiversidade no costão rochoso.
Escolhemos uma rocha dentre as várias do Costão. Fizemos um quadrado de 50 cm x 50 cm, e em seguida
observamos os seres vivos que se encontravam dentro do quadrado feito de barbante; contamos os seres
vivos e registramos.
Fizemos uma estimativa e chegamos a um número aproximado de 300 ostras e 2000 cracas na área
estudada. Encontramos também cerca de 5 caramujos.
A partir dos resultados obtidos, podemos concluir que a densidade populacional de ostras e cracas no
costão é enorme, pois encontramos muitos indivíduos em um pequeno espaço. A biodiversidade animal na
região onde há variação da maré é pequena, pois poucos animais possuem adaptações que os permitem
sobreviver às condições ali encontradas
70
2- Relações entre os seres vivos
Objetivos, procedimentos e resultados
Líquen que se fixou no
topo da rocha, onde não
chegam as ondas da
água, somente
respingos
Foto Por: Fernando
As Cracas se alimentam
através da filtração da água
nas marés cheias.
Foto por: Fernando
Nossa pesquisa tinha o objetivo de observar e analisar algumas relações entre seres
vivos.
Primeiramente tivemos que identificar as espécies envolvidas nas relações, em seguida
classificar, fotografar e elaborar hipóteses para explicar a importância das relações para
cada espécie envolvida.
Observamos: ostras, cracas, algas, caranguejos, entre outros.
As cracas e as ostras vivem em COLÔNIAS, e estabelecem uma relação de
COMPETIÇÃO por espaço e alimento.
Na parte superior das rochas, encontramos os liquens, que são formados pela união de
algas e fungos, que vivem uma relação de dependência, denominada MUTUALISMO.
Intervenção humana
Rocha com as
“camadas” de seres
vivos fixados nelas
Esse ecossistema apesar de ter sido “criado “ naturalmente, o homem toma posse de
certos seres vivos lá presentes. Por exemplo: o ser humano joga redes no ecossistema
para poder pescar lagostas, vendem para os mercados e as consomem. Outro exemplo
são as algas, coletadas para fazer comida japonesa. Igualmente para os peixes que são
utilizados dessa mesma forma.
71
Consequências da intervenção humana
Siri na mão do Sr. Romeu( caiçara)
Os índios, as comunidades caiçaras e os primeiro imigrantes, se utilizavam de organismos do costão
rochoso (peixes, principalmente, ostras, mariscos, etc.) como fonte de alimento. Até hoje alguns pescadores
retiram esses organismos para venda, alimento, etc.
Problemas no equilíbrio do ecossistema: culturalmente, a humanidade estabeleceu uma relação com o mar,
ou seja, o mar sempre vai e volta e assim, tudo o que é despejado nele, também. O que isto representa:
podemos perceber quando analisamos a quantidade de lixo que chega às praias desertas, a maioria situada
em unidades de conservação. O lixo sólido ou líquido, que foi jogado ou despejado no mar e, que, por ação
das correntes, acabou sendo depositado na praia, é composto por latas, pedaços de calçados, roupas,
embalagens plásticas, óleo e até objetos maiores.
Porque preservar o costão rochoso?
Quando nós fomos ao Lagamar conhecemos um novo tipo de vida, a caiçara. Na ilha do Cardoso os caiçaras e monitores nos mostraram muitos ecossistemas
importantes. Um deles o Costão Rochoso. Percebemos que há muitas espécies de seres vivos que tem relações entre si e cada um tem várias características
importantes para sua sobrevivência nesse ambiente.
Precisamos preservar para que as próximas pessoas que visitarem o Costão Rochoso vejam a mesma beleza que nós vimos, sem nenhuma mudança física. Para
nós, seres humanos o Costão é um ambiente marinho localizado na praia e é um local de diversão e pesquisas. Para os seres marinhos que lá habitam
sobreviverem, será uma tarefa difícil se não houver preservação. Para continuarmos a usufruir da enorme fonte de biodiversidade e recursos naturais que o mar
apresenta precisamos repensar nossas atitudes. Devemos recuperar áreas degradadas e adotar medidas de proteção que evitem contaminações e danos ao
ecossistema marinho.
Autoria:
Stéfani Morcillo
Gabriel Barreto
Lucas Gonzalez
Pedro Diniz
Renata Torelli
Sandy Loane
Lorenzo Fasano
José Pedro Mello
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A maré na beira da praia
Por Marcelo Bechara
Praia - Características do ecossistema
O solo da praia é, obviamente, arenoso. O sol ilumina o ecossistema constantemente, já que
não há árvores para fazer sombra. A água do mar é salgada, e molha a areia do solo o dia
inteiro, por isso o índice de decomposição da praia é baixo. O solo é seco, já que o solo
arenoso é muito permeável. . Este ecossistema depende muito da maré. Se ela estiver alta,
grande parte da praia estará submersa. Se estiver baixa, grande parte da praia estará seca.
Todos os seres vivos dependem da maré, por causa de seus alimentos e suas tocas .Muitos
seres vivos da praia possuem adaptações que os permitem viverem em lugares mais
quentes, com incidência constante da luz solar.
Biodiversidade:
A Planta Rasteira, (nome científico: Ipomea pescapri) fica nas dunas da praia. Ela se fixa no solo arenoso através de seus caules longos e suas raízes, o que
permite que não sejam arrastadas pela água. A Ipomea também tem glândulas de sal que separam o sal da água do mar, que depois é utilizada pela planta para a
realização da fotossíntese.
Planta rasteira na duna – Ipomea pescapri
Por Marcelo Bechara Flor de Ipomea pescapri
Por José Fernando Nogueira
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Por Fernando Nogueira
O Caranguejo conhecido como “maria farinha” (nome científico: Ocypode quadrata) vive na parte
supralitorânea, onde a maré só chega quando está alta. Uma das adaptações é a pinça, que o
permite segurar e cortar o alimento, além de ser utilizada como defesa. Sua casca dura, evita a
desidratação e também serve de proteção contra predadores de predadores. As patas rígidas e
pontudas permitem que o animal cave fundo e faça tocas na areia
Pesquisa dirigida
Na praia, fizemos uma pesquisa em que analisamos a Densidade Populacional e a Biodiversidade
do ecossistema.
- o objetivo era contar o nº de espécies e o nº de indivíduos em um quadrilátero de 1m² com
barbante.
Contamos quantas espécies haviam dentro do quadrilátero e quantos indivíduos de cada espécie.
Identificamos as espécies encontradas (nome popular e científico).
Registramos o resultado (as espécies) e fotografamos o quadrilátero pronto.
Resultados – Encontramos 2 plantas com folha (Ipomea pescapri), 22 plantas rasteiras (capim da
praia) e uma 3ª espécie não identificada.
Conclusão – A partir dos resultados obtidos, concluímos que há pouca diversidade vegetal na
praia, já que as plantas apresentam dificuldades para sobreviver em um local com solo seco e
pouco fértil. As plantas que possuem adaptações, estão presentes principalmente na zona de dunas.
Área estudada
Por José Fernando Nogueira
Quadrilátero feito na praia
Por Marcelo Bechara
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Interferência Humana
Por que preservar?
A praia é um ecossistema muito comum em todo o mundo. Mesmo assim, é importante preservar ao máximo. É um ponto turístico muito visitado e que importa aos
seres humanos. Além de tudo, sempre devemos preservar a natureza, não importa qual.
A praia é o limite entre o continente e o mar, onde existe uma grande biodiversidade de espécies, como algas, peixes de todos os tipos, além das dunas, que
também contém espécies como caranguejos, siris, plantas rasteiras. A preservação desses seres vivos é muito importante para o equilíbrio da biodiversidade
desses ecossistemas.
A interferência humana na praia se deve a diversos fatores. Existe a pesca predatória, muitas vezes em locais proibidos ou época de reprodução de algumas
espécies. Essa prática contribui muito para a redução da biodiversidade marinha.
Outro problema é o lixo. Habitantes com casas na praia ou perto delas muitas vezes acabam poluindo o mar e a areia, desde objetos higiênicos a embalagens. Com
a poluição no mar, animais podem morrer devido à contaminação da água.
Além de tudo, há o turismo, que muitas vezes interfere de forma negativa nesse ecossistema. No verão, muitos turistas vão à praia para se divertir, mas acabam
sujando o lugar e prejudicando o habitat de animais como caranguejos ou peixes.
Autores:
Felipe Ioshpe
Maria Antonia Khasnadar
Marina Bechara
Roberto Scaff
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Ecossistema - Manguezal
Características do ecossistema:
O solo do manguezal é lodoso porque há junção da água do mar com a
água do rio e a argila das florestas. O índice de decomposição é alto,
porque a água do rio traz corpos de animais mortos, folhas, galhos, e
excrementos de animais.
O local é muito úmido, pois como o solo é impermeável, e quando as águas
do rio e do mar passam pelo local, acumulam-se na superfície.
O manguezal se forma pelo encontro da água do rio com a maré, ambos
contém em sua composição muita matéria prima, fazendo do solo muito
fértil. O rio traz folhas, partes de animais e alguns excrementos. Pelo
encontro da água salgada (mar) e doce (rio) água vira salobra.
O índice de luminosidade do manguezal é médio, pois as arvores de médio
porte e os mangues não permitem a passagem de muita luz. Por esse
motivo e pela variação da maré, existem poucas plantas no manguezal.
poucas arvores de grande porte, mas algo que tem bastante, são
bromélias, que uma de suas adaptações é o formato de suas folhas que
são largas e arredondadas (em forma de copo), para que consigam captar
a maior quantidade de água possível, para que possam fazer fotossíntese,
com a pouca luminosidade que recebem.
Os mangues possuem adaptações permitem a fixação no solo, eles
possuem caules em forma de arco bem resistentes. Com a ação da maré
se não houvesse essa adaptação, ela se soltaria facilmente.
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Bromélia pequena instalada na arvore. Árvores de médio porte, impedindo a passagem da luz.
O manguezal na maré baixa Nos caules que ficam próximos ao solo, vivem várias espécies - Cracas,
ostras, algas, caranguejos e outor,
77
Biodiversidade
No manguezal a biodiversidade da flora não é grande pois só existem quatro plantas adaptadas para viver no solo do manguezal, que não contem oxigênio. Essas
adaptações são as estruturas nas raízes que as permite retirar oxigênio do ar e os galhos para fora do solo. As espécies de plantas que vivem tem o nome de
Mangue Vermelho (Rhizophora mangle),Mangue Branco (Laguncularia racemosa) e o Mangue Preto (Avicennia schaueriana) e Mangue de Botão (Conocarpus
erectus).
Dentre os animais, existem varias espécies como, Caranguejo-uçá (Ucides-cordatus), Caranguejo guaiamum(Cardisoma-guanhumi), Caranguejo aratu (Goniopsis-
cruentata).na maré baixa, explora o solo e na maré alta fica andando pelas árvores. Eles tem oito patas e duas garras, uma maior que a outra. A maior serve para
agarrar objetos e a menor para cortar.
As cracas do manguezal se situam nas arvores. Os mosquitos aparecem mais durante a tarde, junto com moscas e mariposas. As moscas põem ovos no solo que
contem muita matéria-orgânica, os mosquitos se alimentam de sangue de animais viventes no manguezal.
Há muitas espécies de aves, como o Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus), Carcará (Caracara plancus), Colhereiro (Platalea ajaja), Garça (Casmerodius albus).Eles se
alimentam de caranguejos e insetos. As aves ficam nos galhos e também fazem ninhos nos galhos, procuram a refeição e depois voltam para o ninho para alimentar
os filhotes.
Um dos animais que habita o manguezal é o caranguejo vermelho (Aratu),
ele é vermelho e possui umas pintas brancas.Possui um total de 10 patas,
8 de apoio (andar), um casco, e a adaptação desse ser vivo é que ele
possui uma garra maior do que a outra, para se defender de um predador e
também para poder se locomover nos mangues, escalando-os, como é
possível ver na foto prática a baixo.
O mangue vermelho (Rizhophora mangle) possui a parte inferior dos caulas
em forma de arco bem resistentes, pois mesmo com a ação da maré ela não
vai se soltar do solo.
Caules do mangue vermelho em forma de arco
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Teia alimentar
Mangue vermelho Mangue branco
Aratu Homem
Martim- Pescador
Robalo Zoolâncton
Camarão
Aranha
Mosquito
Fitolâncton
79
Relações com outros ecossistemas
Mata de Encosta - O ecossistema do manguezal possui relação com a Mata de
Encosta, pois o rio que banha o Manguezal nasce na Mata, e quando suas águas
chegam ao Manguezal, trazem argila e matéria orgânica, que compõem o solo.
Outra relação é que muitos animais que vivem na mata, principalmente as aves, vão
ao manguezal em busca de alimento.
O rio traz matéria orgânica da mata
Pesquisas
1- Análise da biodiversidade vegetal
A pesquisa que realizamos no Manguezal tem o objetivo de analisar a biodiversidade e conhecer as
características e adaptações de uma espécie vegetal dos manguezais brasileiros, a Rhizophora mangle,
conhecida como “mangue vermelho”.
Escolhemos uma área para estudo, montamos quadriláteros delimitando-os com barbantes, e identificando
quantas espécies habitavam aquela área. Registramos os valores obtidos e observemos as características da
planta.
No quadrado que analisamos, encontramos apena uma espécie associada ao solo, a Rhizophora mangle, o
que indica qua a biodiversidade de vegetais no manguezal é muito baixa, já que se trata de um local de difícil
adaptação, devido ao solo lodoso e pouco oxigenado. Rhizophora Mangle adulta
80
2- Seres vivos associados aos troncos dos mangues
Escolhemos uma arvore para estudar e identificamos com a ajuda dos professores , as
espécies ou grupos de vegetais encontrados no tronco da arvore selecionada .
Realizamos a contagem de espécies e numero de indivíduos encontrados em cada espécie que
habitava o tronco da arvore.
Registramos os valores obtidos fotografamos a arvore pesquisada e as espécies encontradas
no tronco.
Aratus – 3
Liquens -20
Cracas -13 indivíduos;
Algas - 2
Ostras - 3
Concluímos que, apesar de apenas um tipo de árvore estar presente na área que
estudamos, há diversos organismos que ficam associados a ela, o que faz com que aumente
consideravelmente a diversidade de espécies no manguezal.
Liquens em um tronco
“Caules escora” de Rhizophora Mangle, onde realizamos parte da
pesquisa
Intervenção humana e preservação
Muitos caiçaras costumavam caçar, pescar os animais para própria subsistência, não só do
manguezal, mas também de muitos outros ecossistemas. Eles faziam agricultura, caçavam,
pescavam para próprio sustento.
Esses tipos de atividades não causam sérios danos no ambiente e servem como exemplo de
como podemos utilizar a natureza de forma sustentável.
Os ecossistemas possuem seu próprio equilíbrio natural, e quando o ser humano interfere de
forma irresponsável, o equilíbrio é perdido.
Nós concluímos que temos que preservar o ecossistema por vários motivos um deles é,
importante preservar porque a nossa biodiversidade é um patrimônio natural único, que não
existe em todos os lugares do mundo.
Autores: Henrique Ferraz, José Garrido, Maria Luiza Gouveia, Maria Luiza Flório, Manoela Ambrósio, Manuella Martins, Bruna Monteiro e Matheus Leite
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Ecossistema – Mata de Encosta
Autoria
Gabriela Hawat, Isadora Noronha, João Paulo Coelho, Lineu Pires, Lucca Leme, Gabriel Piccirillo , Ary Mattos, Raphael Perez
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Grande diversidade na mata de encosta
Autor: Lineu Pires
Características do ecossistema:
A composição do solo da mata de encosta é argilosa, e seu índice de decomposição é muito alto, pois como
ela é rica na fauna e na flora os galhos, folhas , fezes, animais mortos, e carcaças permanecem no solo e vão
sendo decompostos
Na mata de encosta há pouca luminosidade, pois os galhos das arvores são muito grandes e suas folhas
tapam o espaço por onde passam os raios solares.
É um lugar úmido pois há muitas arvores no local que a deixam sombreada e além disso, o solo, por ser
argiloso retém grande quantidade água. Por estar nas encostas dos morros, esse ecossistema não é
influenciado pela maré.
Biodiversidade
A Bromélia, Alcantarea imperialis, na mata de encosta nasce sobre as árvores, o que a permite conseguir
captar a luz solar para realizar a fotossíntese. Consegue acumular a água da chuva para sobreviver nos
galhos das árvores, graças à estrutura de suas folhas.
Bromélia em uma árvore na mata de encosta
Autora: Isadora Borelli Noronha
Bromélia sobre uma árvore
A Jaguatirica ou Leopardus pardalis, utiliza suas garras para subir em
arvores para se alimentar. Seus dentes afiados ajudam a matar a presa
e cortar a carne mais facilmente. Outra adaptação que ajuda a
jaguatirica a se alimentar são as “almofadinhas” que ficam em baixo da
pata para ajudar na caça, não alarmando a presa.
A Phantera onca, conhecida como Onça Pintada anda pelas regiões da
mata de encosta, a procura de alimentos (gambás, quatis e capivaras.)
A onça é um animal noturno. Uma adaptação para sua caça é que com
seus dentes penetram mais facilmente em sua presa, e suas garras
permitem a habilidade de subir em arvores.
Onça Pintada em cima de uma
árvore descansando.
Jaguatirica Autor:
Thomas Figueiredo
83
Capivara
Frutos e plantas
Anta Formigas
Tamanduá
Onça Pintada
Palmito Juçara
Cobra
Esquilo
Homem
Tucano
Teia alimentar
84
Relações com outros ecossistemas
Pelo rio a matéria orgânica e o solo da mata de encosta são
levados para o manguezal e ali se acumulam, tornando o
solo do manguezal muito rico em nutrientes.
Muitos animais de outros ecossistemas visitam a mata de
encosta para se alimentar por causa da grande abundancia
de alimento. As aves quando se alimentam de frutos,
espalham suas sementes. Por esse motivo, na mata e na
restinga há diversas espécies em comum.
Esquema que mostra a
localização dos ecossistemas
da Ilha do Cardoso,
Autor: Gabriela Hawat
85
Pesquisas
Análise da Biodiversidade
O objetivo era analisar a biodiversidade na mata de encosta e conhecer algumas espécies
do ecossistema. Após a escolha do local para estudo, montamos um quadrado com
barbantes e varetas. Os alunos e monitores identificaram as espécies encontradas no
quadrado, e houve como maioria o palmito juçara, 5 adultos e 11 jovens.
Concluímos que na mata, o palmito se desenvolve e, por ter mais sombra e um solo mais
fértil, são maiores do que na restinga. Além disso, nesse pequeno espaço, encontramos
mais oito espécies de plantas o que nos leva a compreender que na mata de encosta há
uma rica biodiversidade vegetal.
Alunos e monitores estudando no quadrado.
Autor: Lineu Pires
Alunos e monitores estudando no quadrado.
Autor: Lineu Pires
Vivem no Bioma da Mata Atlântica bioma mais de 60% da população brasileira e isso
causa problemas de poluição e de extinção das espécies, como o Palmito Juçara e o
Papagaio de Cara Roxa. Também alguns desastres como deslizamento de terra devido a
erosões causadas pelo excesso de chuvas. A população já desmatou a maioria da mata
atlântica do Brasil, hoje resta apenas 7%, o que precisa e deve ser preservado.
O Lagamar é considerado uma das maiores reservas de Mata Atlântica do mundo. Abriga
um rico patrimônio biológico, com muitos animais e vegetais que ajudam a preservação
da fauna e flora do planeta, hoje tão ameaçada pelo homem.
Intervenção humana e preservação
86
Imagem da restinga com uma alta diversidade de bromélias e diversas outras árvores e plantas. Foto fotografada por Fernando.
Ecossistema – Restinga
Características do ecossistema
Restinga Alta Restinga Baixa Composição arenosa do solo da restinga
A biodiversidade na restinga é composta por diversos vegetais,
dentre eles a bromélia Vriesia incurvata, que possui uma adaptação
que permite que ela cresça entre as árvores altas e capte luz solar
para poder fazer a fotossíntese. Além da diversidade vegetal, existe
uma grande diversidade animal, como por exemplo o lagarto,
Tupinambis teguixin, que possui uma adaptação que permite que ele
consiga enganar sua presa. Para isso ele se desfaz do seu rabo, que
continua se mexendo, fazendo com que a presa pense que é o
próprio lagarto, o que facilita sua fuga.
Biodiversidade
Bromélias com flores.
José Fernando Nogueira
A restinga se situa nas regiões litorâneas do bioma da Mata Atlântica e é um ecossistema muito importante devido sua grande biodiversidade. Existem dois tipos
de restinga: A restinga baixa que é caracterizada pela vegetação rasteira e arbustiva e está mais sujeita a ação das marés, e a restinga alta que é caracterizada
por arbustos e árvores de médio porte e não está sujeita a ação das marés, já que está mais distante da praia.
Na restinga, encontramos grande diversidade de árvores frutíferas, bromélias, orquídeas e trepadeiras. Muitas dessas plantas são usados para fins medicinais
por comunidades caiçaras.
O solo é seco e pouco fértil devido à sua composição arenosa. Por esse motivo, uma mesma espécie de árvore desenvolve-se mais na mata de encosta do que
na restinga.
88
Outro vegetal típico da restinga é o Palmito Juçara - Euterpe edulis. Ele é
muito importante, pois é alimento para vários animais da restinga sendo
base de muitas cadeias alimentares nesse ecossistema. Infelizmente essa
é uma espécie que esta ameaçada de extinção devido ao seu alto valor na
culinária. A extração de palmito nativo é proibida por lei, mas há pessoas
que o cortam ilegalmente. Para obter a parte superior do caule, onde fica o
palmito, é necessário se cortar a árvore inteira, matando-a. A extinção
dessa palmeira certamente causará graves desequilíbrios ambientais.
O Papagaio de Cara Roxa - Amazona
brasiliensis, é um animal endêmico da
Mata Atlântica, que se alimenta de frutos,
sementes, e flores. Uma de suas
adaptações são suas garras que firmam
fortemente nos galhos das arvores e seu
bico que favorece comer frutos duros.
Infelizmente esse papagaio é outra
espécie da Mata Atlãntica em risco de
extinção.
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Local do tronco da palmeira onde se encontra o palmito
Palmito juçara Papagaio de cara roxa
Cobra jararacuçu
Bromélias Tucano
Insetos
Lagartos
Sapo
Teia Alimentar
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Goiabeira
Lagartixa
Humano
Aranha
Camundongo
Pitangueira
Pernilongo
Sabia e ovos
Gavião – de - coleira
Jararacuçu
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Relações com outros ecossistemas
Assim como o ecossistema da mata de encosta, com a qual mantém contato nas áreas de transição, a
restinga caracteriza-se como um ecossistema de água doce. Desta forma, com exceção das algas,
apresenta em sua vegetação quase todas as espécies da flora local, sendo rica em bromélias, musgos,
liquens e samambaias. Também apresenta árvores de grande e médio porte e plantas com frutos.
Entre a restinga e rio está situada o manguezal, que é composto pela mistura da água doce com a água
salgada, formando a água salobra. O solo arenoso, permeável e seco que caracteriza a restinga, é muito
diferente do solo composto por argila e areia fina do manguezal, que nas marés altas se encharca, devido á
sua baixa permeabilidade. Porém, nas áreas de transição, esses ecossistemas se misturam, criando
condições para a sobrevivência de espécies que não ocorrem em nenhum desses ecossistemas, como por
exemplo o “mangue de bolotas”. Frutos do Mangue de bolotas -
http://sistemas.vitoria.es.gov.br
Pesquisas dirigidas - Objetivos, procedimentos e resultados
Na Restinga, realizamos uma pesquisa onde fizemos um quadrado com 5m², para saber a
biodiversidade vegetal do local e a densidade populacional, que se refere à quantidade de indivíduos em
uma determinada área.
Para realizar esta pesquisa, utilizamos barbante e delimitamos a área a ser estudada. Fizemos marcas ,
e seguramos em cada ponto extremo para formar o quadrado e realizamos a contagem de palmeiras.
Concluímos que a densidade populacional da espécie de palmito Eurtepe edulis, popularmente conhecido
como palmeira Juçara é muito grande em certas áreas, pois em 20 m² continha 13 palmitos, sendo 6
adultos e 7 jovens. Além disso, encontramos no quadrado muitas outras espécies de plantas, o que
indicou uma grande diversidade vegetal Local do tronco da palmeira onde se encontra o
palmito
Área da restinga onde foi realizada a pesquisa
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A intervenção humana e a preservação da restinga
Com esse trabalho sobre a restinga chegamos a conclusão que se trata de um ecossistema e que precisa ser muito protegida devido ao grande numero de
espécies endêmicas e a sua alta biodiversidade.
O ser humano vem devastando o Bioma da Mata Atlântica desde o período colonial. Atualmente, há apenas 7% da mata original e isso é um serio problema pois
muitos animais e vegetais endêmicos que vivem nas restingas, como o Papagaio da Cara roxa já citado, estão ameaçados.
Muitos dos vegetais que são encontrados na restinga são utilizados para fins medicinais pelos habitantes da região, cujo conhecimento vem sendo acumulado por
diversas gerações.
O desmatamento das restingas traz sérios desequilíbrios: o solo sofre intensa erosão pelo vento, o que ocasiona a formação de dunas moveis, causando riscos
para o ambiente costeiro para as populações locais.
Devemos preservar os ecossistemas do Lagamar pois nessa região se encontra a maior área contínua de Mata Atlântica que restou. Além disso é uma região
muito presente na história e na cultura brasileira. Os costumes dos antepassados que viveram por lá, permanecem até hoje e são bons exemplos de como se vive
em harmonia com a natureza.
Autoria
Felipe Coser
Marcello Nahas
Pedro Lopes
Victor Lopes
Clara Cortês Cohn
Gabriel Freire
Mabel Cordani
Rodrigo Nazarian
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Romeo is simulating a way of fishing with a net. Romeo is a caiçara
who works in the park of the Island of Cardoso. Now he works as a
tourist guide and fisherman to make a living because the park
prohibited them to hunt and farm.
Gabriel B
2011
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This is the rocky shore on Ilha do Cardoso. The
people are learning about the preserved area and its
sea animals.
Pedro Diniz - 2011
Conclusão
A Ilha do Cardoso, Iguape e Cananéia são cidades (e ilha) que se situam no litoral de São Paulo. Elas armazenam uma cultura que foi esquecida ao longo dos
tempos. A Ilha do Cardoso hoje é um Parque de Preservação. Mas quem disse que ele preserva tudo? Tudo bem, ele preserva toda a exuberante natureza, os
ecossistemas, e o que resta da Mata Atlântica no mundo. Mas e o povo, que vivia lá? E o Patrimônio Cultural? Para onde foram?'
Anos atrás, o governo expulsou a todos os moradores da Ilha do Cardoso (porém alguns resistiram), pensando que estes estavam "machucando" a Ilha
(desmatando). Mesmo não estando fazendo mal a ilha, os povos como os caiçaras foram embora da Ilha, e, sem alternativa, procuraram abrigo em Cananéia, mas
não tiveram tanta sorte.
Hoje em dia, caiçaras puderam voltar a Ilha, mas não para caçar ou praticar agricultura, para "praticar" o turismo.
Nenhum caiçara foi a escola, aprenderam tudo com os pais. Aprenderam a pescar, que, aliás, ainda é permitido, aprenderam a caçar, a usar plantas medicinais
como remédios, muitos aprenderam por sua vontade, pois a ilha recebe todo o tipo de cientistas e pesquisadores, alguns de outros países. Por exemplo, o Sr.
Romeu, por sua vontade e determinação de conhecer um pouco mais desse mundo e por querer adquirir conhecimento, já aprendeu a falar espanhol e inglês, sem
mesmo ter ido à escola, ele aprendeu ouvindo. Ele não tem nem um pouco da "mordomia" que nós temos em nossas vidas. Eles vivem no litoral, em cidades do
tamanho de dois ou três bairros de São Paulo.
A fim de tentar preservar seus termos linguísticos, o Senhor Romeu (atual caiçara e monitor ambiental de turismo) escreveu um dicionário do caiçares. Não é
possível preservar uma língua. Mas hoje é possível deixar recursos para retomá-la. E foi isso que Senhor Romeu fez. Ele nos conta, que não se sabe se ainda
existirão caiçaras em um futuro próximo, mais que se isso acontecer, com certeza não será com os mesmos valores e com as mesmas características de um
caiçara do passado.
É possível preservar um ecossistema, uma mata, uma natureza, mas é difícil. A mata atlântica ocupa hoje menos de 10% da região que ocupava, e ela só existe no
litoral brasileiro. Como podemos preservar a natureza como a mata atlântica? Podemos tentar diminuir nosso lixo, fazer menos poluição, se aprofundar (novamente)
no assunto e "avisar", contar e conscientizar a população sobre o que está acontecendo. Se todos fizeram o mínimo, poderemos preservar.
Na Ilha, em Cananéia, e em Iguape, conhecemos histórias lindas, de luta, superação, trabalho, proteção, estudo e conhecimento. A emocionante história dos
caiçaras que viviam na Ilha conseguiu nos comover e nos deixar uma marca de luta e superação que jamais esqueceremos. Lugares Históricos como a Igreja dos
Milagres, Morro do Espia e Vaio Grande, visitados em Iguape nos ajudaram a conhecer melhor, a história de nosso país, e nos ajudaram nas disciplinas História, e
Geografia. As casas históricas de Cananéia nos permitiram conhecer uma realidade, que até então não conhecíamos, afinal é muito difícil reconhecermos casas
tombadas em grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro.
Já falamos aqui que, em alguns aspectos, é possível preservar. E por que devemos preservar algo, como por exemplo, uma cultura? Entrando um pouco mais no
assunto, no tópico cultura.
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Uma cultura é um modo de viver diferente de outros (como já citamos em alguns trechos), um modo de pensar, uma inspiração, um jeito de viver. Cada povo, cada
um, tem a sua. O povo caiçara tem a deles, que é denominada como: "A cultura caiçara". Preservar esta cultura significa mantê-la viva, mesmo se for por pouco
tempo. Este povo caiçara um dia poderá acabar, mas até lá, a cultura deveria ser mantida. Mas, por que devemos manter uma cultura? Porque ela importa a
alguém, ela pode ser a vida de alguém, e ninguém quer perder uma vida. Porque, quanto mais cultura nesse mundo, melhor! Quanto mais povos diferentes, melhor!
Se não preservarmos culturas como essas, algum dia o mundo só terá uma cultura e que não será nada diversificada.
Assim como o latim, uma língua ou uma cultura podem originar outras línguas e outras culturas. Logo, esta língua ou cultura não estará totalmente "em extinção".
Deixar recursos como o Senhor Romeu fez (escreveu o dicionário) ajudará as pessoas a conhecerem ou relembrarem dessa cultura.
Em Iguape e Cananéia, encontramos antigos caiçaras que haviam largado suas crenças e costumes, já que não podiam mais praticá-los na Ilha do Cardoso (caça e
mutirão). Isso é um exemplo de o que aconteceria com um povo se ele esquecesse ou não preservasse sua cultura. Ela some, e o povo tem que se vê e imaginar
com outro tipo de cultura. Estes caiçaras de Cananéia, antigamente, viviam em pequenas casas, faziam seus próprios alimentos, tocavam suas próprias músicas.
Hoje em dia, vivem em casas de porte maior e compram alimentos no mercado (exceto peixes, por causa da pesca). Ou seja, tiveram que se adaptar a outra
cultura, mas isso nem sempre é fácil. Isso nos leva a crer que os conceitos foram renovados e consequentemente sua cultura "atualizada".
Agora finalmente: Por que preservar? Foi essa pergunta que persistiu em nossas cabeças durante e após a viagem de estudo do meio, e como vocês podem ver
com esse livro que estamos montando. Todos os nossos trabalhos, lições, provas, nos serviram para que, pudéssemos chegar aqui e responder aquela mesma
pergunta: “Por que preservar”? Todo esse livro mostra a importância do Lagamar de formas diferentes, números, palavras, exemplos, olhares. Pretendíamos causar
o mesmo choque sobre a importância do Lagamar quanto nos causou, fazer algumas pessoas terem uma ideia disso e se mobilizarem, se não pelo menos ver de
forma diferente e pensar duas vezes antes de reclamar de suas vidas.
Agora de forma mais direta tentaremos resolver de forma simples a grande questão: "PORQUE PRESERVAR"? Vocês já leram esses textos e agora de forma mais
simples tentamos resumir um pouco de tudo. Já pararam para pensar que nós, somos fruto de um enorme ciclo de preservação cultural? Cada um de nós tem uma
descendência, que por sua vez, foi um fruto de uma preservação de hábitos, que por algum motivo nós ainda usufruímos. Isso pode ser considerado um Patrimônio.
Quando uma mãe passa para o filho, uma "coisa" que sua mãe a passo, ela não está preservando o que sua origem a "ensinou"? Pois é gente, com a língua,
natureza, história e cultura é quase a mesma coisa, só que logicamente com características diferentes. Não é possível preservar uma língua, porque sempre ela
estará em constante transformação, mais podemos registrá-la para que ela não seja completamente esquecida, e para provar que um dia ela existiu. Com a
Natureza é mais complexo que isso, para conseguir preservá-la é necessário uma mudança na consciência de cada pessoa. Uma educação de consciência não
aparece de repente, ela precisa ser trabalhada, para que seja por fim exercida, a natureza não é como a língua, ela pode e deve ser preservada, porque muitas das
coisas que temos são fruto de uma natureza, que existe, existiu, ou está acabando. Por isso, nós pedimos, preserve o meio ambiente, preserve sua cultura,
preserve sua história, porque nós e você um dia vamos ter a certeza, de que ela o fará uma enorme falta.
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Diretor Geral
Alexandre Abbatepaulo
Diretor da Unidade
Antonio Sérgio Pfleger de Almeida
Coordenador da Série
Marcelo Luiz Caleiro e Wild Veiga
Coordenador dos Estudos do Meio
Augusto Monteiro Ozório
Equipe de Professores
Alessandra Garcia Vieira
Chrislaine dos Santos Souza
Débie dos Santos Bastos
Gisela de Azevedo Noronha
João da Silva Damásio
José Fernando de Barros Nogueira
Kadine Teixeira Lucas
Kathia Myrna Cristofani de Moura Coutinho
Leila Gonçalves Achur
Luiza Regina Branco Fernandes
Maria Aurora de Jesus Ferreira Primuk
Patrícia Pereira Figueiró
Rosely Salvitti
Tiago Mendes de Almeida
Créditos
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