lisboa, com muito prazer
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© 2007 Textos, Nuno Xavier
© 2007 Fotografias, Carlos Pinto
Depósito legal: ....../07
ISBN: 978-989-20-0719-9
Capa e grafismo: Carlos Pinto
1ª edição: Agosto de 2007
Impressão e acabamento:
www.carlospinto.net
IV
Para a Helena.
Para os meus filhos,
Beatriz e Vicente.
Para o Alex,
pelo apoio e pela paciência.
Nuno Xavier
Para
Maria e António.
Luísa, Jéssica e Fábio.
Carlos Pinto
VII
Introdução
A descoberta de uma nova iguaria faz mais pela
felicidade da espécie humana do que a descoberta de uma estrela
Jean-Anthelme Brillat-Savarin
in “A Fisiologia do Gosto”
Decorridos quase dois séculos sobre a publicação daquele que é considerado o primeiro tratado de
gastronomia, o aforismo do político e advogado francês permanece actual e válido. Tanto que nele reside
a principal razão de ser deste livro: a de contribuir para a descoberta, por parte dos apreciadores, de novos
sabores. Mas também de novos espaços, de novos ambientes, de novas maneiras de fazer o que sempre se
fez. Em suma, de novas e diferentes sensações.
Esta obra não tem, por isso, a pretensão de ser uma espécie de best of dos restaurantes de Lisboa.
Nem de enveredar pelo muito subjectivo caminho de sentenciar que “este restaurante é melhor que aque-
le”. Antes se assume como uma selecção de restaurantes que merecem ser visitados por quem gosta de
explorar o vastíssimo e sempre renovado mundo dos sabores gastronómicos. Uma selecção que, natural-
mente, tem como primeiro critério a qualidade da cozinha, mas não descura outros pormenores que con-
correm para o prazer de uma refeição, como o próprio espaço onde ela decorre.
Assim, nas páginas seguintes o leitor encontrará, sobre cada restaurante, um texto em que se tenta
dar uma imagem fiel do espaço, do ambiente e dos sabores que ali se podem degustar. Bem como foto-
grafias produzidas com a intenção de captar e transmitir a luz própria e característica de cada local.
Este trabalho terá atingido o seu objectivo se, visitando os restaurantes que aqui sugerimos, o lei-
tor tiver experimentado novos prazeres. E, consequentemente, acrescentado algo mais ao seu conheci-
mento sobre a arte gastronómica. Que não é exercida somente pelos seus executantes, mas também pelos
que dela desfrutam. Porque, voltando a Jean-Anthelme Brillat-Savarin, “o homem come, mas apenas o
homem de espírito sabe comer”.
Os Autores
IX
Aya 14
Basta Café Jardim 18
O Bem Disposto 22
Brasuca 26
Cais da Ribeira 30
Cantinho da Paz 34
CartolAltair 38
Casa da Morna 42
A Casa do Bacalhau 46
Casanostra 50
Chafariz do Vinho 54
A Charcutaria 58
Clube de Jornalistas 62
A Commenda 66
Consenso 70
Conventual 74
Doca 6 78
Eleven 82
Espaço Açores 86
Espírito dos Tachos 90
Faz Figura 94
Frade dos Mares 98
O Galito 102
Himchuli 106
O Jacinto 110
Kaetano’s 114
Kais 118
Luca 122
Madragoa Café 126
Masstige 130
Mercado do Peixe 134
Na Ordem... com Luís Suspiro 138
Naga Bangkok 142
Nariz de Vinho Tinto 146
Nox Rio 150
Olivier Café 154
Pano de Boca 158
Pedro das Arábias 162
O Poleiro 166
Rosa da Rua 170
Solar dos Nunes 174
Solar dos Presuntos 178
Tapadinha 182
Terra 186
Terreiro do Paço 190
A Travessa 194
Varanda da União 198
Viagem de Sabores 202
VírGula 206
XL 210
XIII
Menú
Takashi Yoshitake vivia em Paris quando
veio a Lisboa passar férias e se apaixonou pela
cidade. Desta paixão, aliada a outra mais antiga
– pela gastronomia do seu Japão natal –, nasceu
na Rua das Trinas, em 1991, o Aya, expressão que
pode traduzir-se por “luz” ou “resplendor” e que
constitui a primeira parte do nome próprio da
filha do chefe Yoshitake.
Em 2004, o Aya mudou de localização,
para as então recém-inauguradas Galerias Twin
Towers, onde ocupa agora um espaço amplo,
luminoso e de linhas direitas, em que sobressai
(sem afectar o ar sóbrio do restaurante) um
pequeno jardim japonês com pedras da praia,
plantas e uma fonte em bambu, que separa a
sala principal de uma área onde existem dois
reservados.
Mudou a localização, mas não mudou o
que fez a fama do Aya: a qualidade da ementa,
que se divide em pratos frios, como o sushi e o
sashimi, e quentes, como as tempuras (que,
curiosamente, foram levadas para o Japão pelos
portugueses) e o sukyiaki, um fondue de carne
de vaca e vegetais que também é uma secular
Aya
15
herança ocidental, porque inicialmente era feito
apenas com carne de galinha.
Do Aya não pode, porém, dizer-se que é
verdadeiramente um restaurante típico. Os
ingredientes são os mesmos que se usam no
Japão, mas cada prato tem um toque pessoal do
chefe Yoshitake, que tanto pode ser uma dife-
rente mistura das matérias-primas como um
molho da sua autoria.
Também nas sobremesas o Aya se dife-
rencia do padrão japonês, já que a gulodice lusi-
tana levou Takashi Yoshitake a integrar na carta
gelados tradicionais nipónicos, com sabor a chá
ou a sésamo, por exemplo, apesar de no Japão
não haver o hábito de comer doces no fecho das
refeições.
Para acompanhar as delicadas iguarias, o
Aya propõe bebidas japonesas, como cerveja e o
tradicional saké (vinho de arroz), ou, em alter-
nativa, uma selecção de vinhos portugueses.
Galerias Twin Towers, loja 1.56 – Rua de Campolide, 351
Tel. 217 271 155 . Aberto todos os dias
17
O Basta Café Jardim é um restaurante
que convida à descontracção - criar um espaço
calmo e descontraído era, de resto, uma das
intenções de Josefina Cardeza e Milos Ivkovic
quando abriram, em finais de 2005, o espaço
situado na parte traseira do edifício que alberga
o espaço cultural Casa d’Os Dias da Água.
A concretização desta filosofia passa, por
exemplo, pela possibilidade de tomar uma refei-
ção a qualquer hora entre o meio-dia e a meia-noite.
Ou por se poder usufruir apenas, e também sem
restrições de horário, do serviço de cafetaria ou
de bar.
Quanto ao espaço, adequa-se na perfei-
ção à filosofia: divide-se por duas salas pequenas
(que, no total, albergam cerca de 40 pessoas)
quase integralmente forradas a madeira – sendo
que a das paredes e do tecto é trabalhada. Num
jardim interior, entre árvores e um chafariz, fun-
ciona uma esplanada.
A ementa, composta por pratos concebi-
dos por Josefina Cardeza, revela uma cozinha de
fusão, baseada em produtos portugueses confec-
cionados com diferentes técnicas, nomeadamen-
Bastacafé jardim
19
te italianas e argentinas. Nas entradas, as opções
integram rolinhos de salmão fumado recheados
de queijo mascarpone e salada de legumes assa-
dos com queijo chèvre quente e azeite de ervas;
nos pratos principais, algumas das propostas são
o rack de borrego acompanhado de cesto de
legumes e cuscuz, o bife argentino com gra-
ten de batatas, manteiga de ervas e espina-
fres salteados com alho, o confito de baca-
lhau com puré rústico, azeitonas e tomate
confitado, o rosbife com puré de batata
doce, frutos vermelhos, trilogia de verdes e
vermiccelli, e o caril de lentilhas e tofu,
bem como várias pastas e risotti; nas sobre-
mesas, destacam-se o bolo de chocolate
com banana e a sopa de chocolate branco
com frutos silvestres.
O Basta Café Jardim tem ainda uma
vasta escolha de chás – da Índia, Japão,
China e África – e de cafés.
Rua de Dona Estefânia, 175
Tel. 210 161 134 . Encerra à segunda-feira
21
Situado no carismático bairro de Campo
de Ourique, O Bem Disposto é um restaurante
onde o receituário português convive com sabo-
res de outras paragens, entre as quais a França,
a Alemanha, a Espanha e a Itália.
O restaurante é propriedade, desde
2005, do casal Manuel Canas e Maria Ludovina.
Os novos proprietários procederam a uma remo-
delação do espaço que lhe emprestou um ar con-
fortável e luminoso, graças às mesas espaçosas e
o bem
Disposto
23
aos tons de verde-claro e de laranja que cobrem
parte das paredes da sala. Além da sala princi-
pal, para perto de 50 pessoas, O Bem Disposto
tem um reservado que pode albergar mais 10.
A responsabilidade da ementa cabe à
própria Maria Ludovina, que prepara as receitas
dos vários países acrescentando-lhes o seu toque
pessoal. A chefe dá particular atenção à qualida-
de da matéria-prima, o que a leva, por exemplo,
a utilizar apenas carne certificada e, sempre que
possível, produtos frescos.
A ementa, que todos os dias apresenta
novidades, contém entradas como queijo brie
gratinado, cocktail de camarão, ou gambas ao
alhinho, e petiscos como pimentos de Padrón,
cabeça de xara, ou lulinhas fritas com gambas.
Nos pratos principais, as escolhas integram lom-
binhos de linguado com arroz de legumes,
vol-au-vent de gambas com espinafres, eisbein
com chucrute, rim com pinhão e Porto, ou pale-
tilla de cordeiro, além de receitas de caça, como
lebre com espumante, faisão a la crème, ou bife
de bisonte na grelha, e de especialidades sazo-
nais, como o sável e a lampreia do rio Minho.
No que toca às sobremesas, as possi-
bilidades incluem a tarte de natas com cho-
colate quente, o requeijão com doce de
abóbora ou com mel e nozes, a trufa de cap-
puccino, ou sorvetes feitos no próprio res-
taurante.
O Bem Disposto tem ainda uma inte-
ressante carta de vinhos, com cerca de 80
referências, em que se incluem néctares
estrangeiros e champanhes.
Rua Tenente Ferreira Durão, 52-A – Campo de Ourique .Tel. 213 953 203
Encerra aos feriados
25
O número 7 da Rua João Pereira da Rosa
é um edifício com ligações várias à História
recente de Portugal. Ali viveu António Ferro, o
homem forte da propaganda do regime salazaris-
ta, e ali foi a primeira redacção do jornal A
Capital, antes ainda do 25 de Abril. Em 1978, o
espaço passou a albergar o restaurante Brasuca,
mas não terminaram as conexões com a política:
por diversas vezes o Conselho da Revolução se
reuniu numa sala reservada do restaurante.
A própria existência do Brasuca se deve,
aliás, a questões políticas. Foi por causa delas
que o gaúcho Juca de Oliveira se instalou em
Lisboa, onde decidiu abrir um restaurante exclu-
sivamente dedicado à cozinha brasileira, então
desconhecida da generalidade dos portugueses.
No Brasuca se começou, por exemplo, a servir
picanha, quando ainda nenhum outro estabeleci-
mento a servia.
Embora inovador, o Brasuca assumiu
desde o início um espírito familiar, que ainda
mantém, e que se traduz tanto na ementa –
todos os pratos são confeccionados de forma
caseira – como no próprio espaço, originalmente
concebido para servir de habitação, e até na pró-
Brasuca
27
pria clientela, já que o restaurante se tornou um
ponto de encontro da comunidade brasileira resi-
dente em Lisboa.
É neste ambiente acolhedor que se
podem apreciar sabores representativos das dife-
rentes regiões do Brasil, como a moqueca de
camarão ou de peixe à baiana, o picadinho à
mineira, o bauru, o virado à paulista e a tradi-
cional feijoada; ou, nas sobremesas, o quidim de
coco e a mousse de maracujá. Para beber, além
da inevitável caipirinha, o Brasuca propõe cerve-
ja brasileira (quando Juca de Oliveira consegue
encontrá-la em Portugal) e diversos vinhos portu-
gueses.
Os sabores do Brasuca podem igualmente
ser apreciados em casa, já que o restaurante tem
serviço de take away e de entregas ao domicílio,
outro aspecto em que se revelou inovador.
Rua João Pereira da Rosa, 7 – Bairro Alto
Tel. 213 220 740 . Encerra à segunda-feira ao almoço
29
Nas traseiras da estação ferroviária do
Cais do Sodré, a escassos metros do Tejo, situa-
se o Cais da Ribeira, o mais antigo restaurante de
1ª da zona ribeirinha de Lisboa, inaugurado em
1989. Oito anos depois da abertura, o estabele-
cimento foi adquirido por José Carlos Viegas, um
empresário do sector que era já dono do restau-
rante contíguo.
Ocupando sensivelmente metade da área
de um antigo armazém de sal, o Cais da Ribeira
divide-se em dois andares, ambos com vastas
janelas que permitem desfrutar da vista do rio e
dos barcos que ligam as suas margens. A condizer
com a localização, o interior do restaurante
remete para ambientes náuticos, graças ao soa-
lho e ao tecto, em madeira escura, e sobretudo
à decoração, composta por redes, cordas e
reproduções de gravuras antigas alusivas a temas
relacionados com o Tejo e com o mar.
Também a ementa tem uma ligação espe-
cais da
Ribeira
31
cial ao mar, já que uma das especialidades da
casa é o peixe fresco grelhado, a par de receitas
mais elaboradas, como a cataplana de peixes e
mariscos ou o caril de gambas. Quanto ao resto
da carta, o Cais da Ribeira serve receitas da cha-
mada cozinha internacional, como javali com
amêijoas, paella, tornedó com passas de uvas ou
panaché de legumes. Nos almoços de terça-feira
a sábado, dispõe de uma ementa específica com
pratos fixos.
Para a sobremesa, pode optar-se
entre vários doces tradicionais da gastrono-
mia portuguesa, enquanto a carta de vinhos
é composta por uma selecção cuidada de
marcas que representam todas as zonas do
país, oferecendo um total de mais de 140
possibilidades.
A cozinha é dirigida por um chefe
profissional, mas a supervisão – e parte do
trabalho de elaboração dos pratos – cabe ao
próprio José Carlos Viegas, um autodidacta
apaixonado pela gastronomia portuguesa,
por Lisboa e, em particular, pelo ambiente
característico do Cais do Sodré.
Armazém A – Cais do Sodré
Tel. 213 423 611 . Encerra à segunda-feira
33
Quando decidiu instalar-se em Lisboa,
antes ainda de completar 20 anos de idade,
Sebastião Fernandes praticamente não tinha
conhecimentos de culinária. Curiosamente, foi
na capital portuguesa, mais precisamente no res-
taurante Velha Goa, que o jovem indiano nascido
em Pangim (a Nova Goa da época colonial portu-
guesa) aprendeu a elaborar as receitas tradicio-
nais da sua terra natal.
Anos depois, Sebastião Fernandes lan-
çou-se na criação do seu próprio restaurante, o
Cantinho da Paz, que há muito é uma referência
da gastronomia goesa em Lisboa. Situado na zona
antiga de São Bento, o restaurante dispõe apenas
de uma pequena sala, de aspecto despretensio-
so, quase familiar, onde conseguem sentar-se no
máximo 30 pessoas.
Juntamente com o filho Carlos, que asse-
gura um serviço igualmente simpático e despre-
tensioso, Sebastião Fernandes propõe uma emen-
ta em que pontificam, nas entradas, os papari
(uma espécie de pão fino e estaladiço feito de
farinha de lentilhas), as chamuças e os bojes
(bolinhos de farinha de grão e cebola); e nos pra-
tos principais o xacuti de vitela ou de galinha, o
cantinho daPaz
35
balchão de vitela ou de gambas, o vindalho,
o sarapatel e diversas receitas com caril,
como a vitela, as gambas, a lagosta, o cher-
ne, o caril vegetariano ou a madrasta (um
caril de vitela que não leva coco). Quem
não apreciar os sabores condimentados da
cozinha goesa, tem a possibilidade de esco-
lher um portuguesíssimo bife ou, por vezes,
a cabo-verdiana cachupa.
Nas sobremesas, o ex-libris é a bebinca
(um doce de leite de coco, gema e açúcar quei-
mado), mas recomendam-se igualmente os gela-
dos caseiros. Já no que respeita às bebidas, as
opções repartem-se entre uma carta de vinhos
portugueses bem dotada, com cerca de 140
entradas, e a cerveja indiana. Bem dotada é
também a oferta de digestivos, entre os quais se
inclui aguardente de caju indiana.
Rua da Paz, 4 – São Bento
Tel. 213 901 963 . Encerra ao domingo
37
Os cabarets dos anos 30 são a inspiração
do CartolAltair, um restaurante onde todas as
noites se podem apreciar espectáculos de diver-
sos géneros, como a música, o teatro, o ilusio-
nismo, o transformismo e, aos fins-de-semana,
um show de variedades.
O estabelecimento é composto por dois
andares. No térreo, funciona um bar de aspecto
moderno, com grossas colunas de metal e pare-
des em tijolo. Por uma escadaria larga, em
metal, acede-se ao primeiro andar, onde se
encontra a sala de refeições, um magnífico espa-
ço com decoração art déco que, da mobília ao
tecto trabalhado, passando pelo palco e pelo
CartolAltair
39
estrado destinado aos músicos, emula em tudo os
cabarets de outrora.
Ampla e de pé direito alto, a sala tem
capacidade para 80 comensais, 30 dos quais
numa mezzanine, sem contar com os lugares dis-
poníveis no comprido balcão para quem queira
assistir aos espectáculos sem jantar.
Servida por empregados trajados à
época, a ementa integra tantos pratos tradicio-
nais portugueses como internacionais, entre os
quais o bacalhau com broa sobre cama de espi-
nafres, o caril de gambas com manga, os lombos
de salmão à francesa com arroz de ervilhas, o
arroz de pato à antiga e a perdiz com cenouras e
castanhas, todos com a assinatura do chefe chi-
leno Miguel Canete. Das opções constam ainda
diversos fondues, uma “herança” de outro res-
taurante dos mesmos proprietários, o Novo Altair,
situado na Cruz Quebrada.
Completam a ementa uma boa carta
de entradas, entre as quais o foie gras flam-
bé com maçã, framboesa e feijão verde, o
cocktail de papaia com gambas e os peiti-
nhos de codorniz guisados com mostarda em
grão, e outra de sobremesas, que vão do
tradicional arroz-doce à bavaroise de
avelã o u à s p ê r a s g r a t i n a d a s c o m
m o l h o d e b a u n i l h a .
Como qualquer cabaret digno do
nome, o CartolAltair tem ainda a vantagem
de servir jantares até horas tardias.
Rua Maria Luísa Holstein, 9 – Alcântara
Tel. 213 633 219 . Aberto todos os dias ao jantar
41
Propriedade do músico cabo-verdiano
Tito Paris e de Ademiro Almeida, a Casa da Morna
é um restaurante/bar vocacionado sobretudo,
mas não exclusivamente, para a gastronomia
africana, bem como para a promoção da cultura
lusófona.
Inaugurado em 1994, o estabelecimento
tem duas salas, uma de refeições e outra desti-
nada ao serviço de bar, ambas de aspecto desa-
fogado e confortável, e com capacidade total
para cerca de 100 pessoas. A sala de bar serve
igualmente de galeria, acolhendo exposições
temporárias de pintura, escultura e fotografia de
autores dos países de língua portuguesa. Na zona
de refeições, pode apreciar-se uma outra exposi-
ção (esta permanente) de fotos de artistas, na
maioria músicos cabo-verdianos. A ligação à
música é, aliás, uma das marcas características
da Casa da Morna: todos as noites há espectácu-
los, e em duas delas – às terças e quintas-feiras –
a cargo do próprio Tito Paris.
A cozinha, sob a supervisão de
Ademiro Almeida, é naturalmente dominada
pelos sabores dos climas quentes, como se
nota logo nas entradas, de que constam o
camarão em canoa de ananás ou com alho e
casa da
Morna
43
os cogumelos gratinados. Nos pratos princi-
pais, as escolhas incluem a cabo-verdiana
cachupa (tanto a versão mais tradicional
como a refogada com ovo estrelado e lingui-
ça), a angolana moamba, a brasileira
moqueca de camarão, a guineense cafriela,
o moçambicano caril de gambas, o são-tomense
calulu de peixe e o mais internacional bife
com molho de três pimentas.
A lista de sobremesas mantém a diversi-
dade lusófona, integrando o doce de papaia com
queijo de cabra, o gelado de manga com banana
frita, o pudim de coco e a bavaroise de três cho-
colates com frutos silvestres. Já a carta de
vinhos é exclusivamente portuguesa, mas a Casa
da Morna também serve bebidas tradicionais afri-
canas, como o ponche e o grogue provenientes
de Cabo Verde.
Rua Rodrigues Faria, 21 – Alcântara
Tel. 213 646 399 . Aberto de segunda-feira a sábado ao jantar
45
A Casa do Bacalhau está instalada na
parte oeste do palácio do Duque de Lafões, um
edifício do século XVIII construído para substituir
a antiga morada da família do nobre, que fora
parcialmente destruída pelo terramoto de 1755.
Segundo se crê, inicialmente eram as cavalariças
do palácio que ocupavam este espaço, que
depois serviu como armazém de ferro e, mais
recentemente, foi transformado em restaurante.
O local onde está inserido é uma das
mais-valias do estabelecimento, que beneficia
de particularidades como o chão em pedra e o
tecto abobadado em tijolo burro, e também do
tamanho do espaço, que alberga uma zona de
bar, logo à entrada, e uma ampla sala de refei-
ções, com capacidade para quase 90 pessoas.
a casa do
Bacalhau
47
O cardápio, como se depreende do
nome do restaurante, é composto maiorita-
riamente por pratos de bacalhau, desde os
mais comuns até outros mais “ousados”,
passando por reformulações de receitas tra-
dicionais. Assim, é possível degustar baca-
lhau com pasta de azeitona, com presunto,
com feijoca, à conde da Guarda, enforma-
do, à Margarida da Praça, assado na brasa,
com broa, verde, cozido com todos, ou à Zé
do Pipo. Outras propostas, ainda com bacalhau,
são as línguas de coentrada, a sexta-feira santa
ou os cannelloni de bacalhau. De segunda a
sexta-feira, ao almoço, há também um
prato do dia, igualmente de bacalhau. E,
como entrada, pode optar-se, entre outros, por
carpaccio de bacalhau, línguas de bacalhau
panadas, bacalhau cru desfiado, açorda de baca-
lhau ou sopa de bacalhau.
N’A Casa do Bacalhau também há,
porém, alguns pratos sem o dito, como costele-
tas de borrego, lombinhos de porco e lombo de
vaca, este confeccionado de quatro maneiras
diferentes. As sobremesas incluem sericaia de
Elvas com ameixa rainha-cláudia, encharcada e
toucinho do céu. De destacar ainda a bem
recheada carta de vinhos, com mais de 100
referências.
Rua do Grilo, 54 – Beato
Tel. 218 620 008 . Encerra ao domingo
49
Um dos mais antigos restaurantes italia-
nos de Lisboa, o Casanostra foi fundado por uma
jovem que não cozinhava até ter chegado a
Portugal. Formada em Biologia, Maria Paola
Porru tinha 26 anos quando se fixou em
Lisboa, onde começou por trabalhar na área
do cinema, até se ter apercebido de que
não existia na cidade qualquer restaurante
italiano pertencente a italianos.
Assim surgiu a ideia de fundar o
Casanostra, concretizada em 1986, com a filoso-
fia de servir comida caseira de várias regiões de
Itália. A supervisão da cozinha é desde o início da
própria Maria Paola, que recolheu as receitas e
deu formação às equipas que têm assegurado a
confecção.
Dos primeiros tempos, Maria Paola recor-
da a escassez ou mesmo inexistência em Portugal
Casanostra
51
de ingredientes essenciais, que ela própria trazia
das suas idas a Itália ou pedia a amigos para tra-
zerem, como diversos queijos, rúcula, manjeri-
cão (que é para os italianos o mesmo que os
coentros para os alentejanos), courgettes, berin-
gelas ou acelgas.
Mais de 20 anos depois, a filosofia
mantém-se, como está patente na ementa,
que inclui sorvete de laranja e endívias com
vinagrete nos antipasti (entradas); massas
de vários tipos nos primi piatti (primeiros
pratos); truta recheada com porcini, mozza-
rela e presunto, e robalinho com tomate,
alho e salsa nos peixes; lombinho com
molho de gorgonzola e fígados de pato com
marsala e polenta nas carnes; e natas cozidas
com mirtili e claras com creme de zabaione nas
sobremesas.
Da carta de vinhos, constam cerca de 90
referências, divididas em partes iguais entre néc-
tares portugueses e italianos. Não faltam ainda
os digestivos italianos, como grappa, licor e
brandy.
O restaurante dispõe de duas salas
com aspectos distintos: a da entrada, mais
luminosa, onde domina o verde-claro; e
outra, mais pequena e com uma decoração
mais moderna, em tons de terra.
Travessa do Poço da Cidade, 60 – Bairro Alto
Tel. 213 425 931 . Encerra ao sábado ao almoço e à segunda-feira todo o dia
53
O Chafariz do Vinho não é um restauran-
te no sentido estrito da expressão, mas constitui
uma boa alternativa para jantar para quem apre-
cia vinhos, petiscos e um ambiente impregnado
de História.
Criar um restaurante não era, aliás, a
intenção do grupo de enófilos que, a convite da
Câmara Municipal de Lisboa e da EPAL, abriu o
Chafariz do Vinho, em 1998: a intenção era criar
uma enoteca, tendo em conta que não existiam
então bares de vinho em Lisboa nem era usual
servir vinho de qualidade a copo.
No entanto, a enoteca rapidamente foi
eleita pelos clientes como um local para jantar,
graças à diversidade e à qualidade dos petiscos
preparados para acompanhar o vinho, que vão
desde acepipes tradicionais portugueses a sabo-
res de outras paragens. As propostas, que variam
consoante a época do ano, incluem trouxa de
alheira de caça em couve lombarda, morcela de
arroz com laranja ou com cebola e maçã, tâma-
ras com bacon gratinadas, rolo de massa fresca
com requeijão de ovelha e espinafres ou carpac-
cio de bacalhau fumado, além de diversos pratos
chafariz
doVinho
55
de queijos e de fumados. Pode ainda optar-
se pelo menu de degustação, que integra
quatro petiscos acompanhados por outros
tantos vinhos (um espumante, um branco,
um tinto e um Porto).
A garrafeira é, como seria de esperar,
excelente, com mais de 300 vinhos portugueses e
estrangeiros, todos servidos a copo. Da carta,
seleccionada pelo jornalista especializado (e
sócio do Chafariz do Vinho) João Paulo Martins,
destacam-se a notável oferta de Portos, de
vinhos que já vão rareando no mercado e de mar-
cas de pequenos produtores.
Outro dos trunfos do estabelecimen-
to é o espaço, já que a enoteca está insta-
lada no Chafariz da Mãe d’Água, um antigo
banho público que é parte do Aqueduto das
Águas Livres. O interior, a fazer lembrar
uma torre, foi dividido em três pisos,
podendo acolher um total de 60 pessoas.
Chafariz da Mãe d'Água - Rua da Mãe d'Água
Tel. 213 422 079 . Aberto de terça-feira a domingo ao jantar
57
Situada num edifício pombalino da Rua
da Alecrim, A Charcutaria é uma espécie de
“irmã mais nova” de uma outra A Charcutaria
que Manuel Martins fundou em 1990 em Campo
de Ourique, no espaço que durante décadas foi
uma mercearia propriedade de seu pai.
Inaugurado em 1998, o restaurante da
Rua do Alecrim tem em relação à casa-mãe a
vantagem de ser maior: no total, alberga 60 pes-
soas em três salas diferentes entre si. Todas
decoradas com alguns motivos regionais, mas de
aspecto geral sóbrio e sofisticado, as salas bene-
ficiam das características arquitectónicas do pró-
prio edifício para criar um ambiente acolhedor
que consegue, em simultâneo, ser espaçoso.
Já que no respeita à cozinha, mantém-se
a filosofia de servir receitas portuguesas basea-
das sobretudo na gastronomia tradicional alente-
a
Charcutaria
59
jana. Assim, nas entradas encontram-se propos-
tas como as empadas de galinha, as migas de
batata e ovo ou os figos com queijo; nos pratos
principais, a escolha abrange sopas de cação ou
de tomate com peixe e ovo escalfado, várias
receitas de bacalhau, cherne frito, pezinhos de
coentrada, feijoada, lombinhos de porco preto,
ensopado de borrego ou lebre com feijão; e nas
sobremesas o destaque vai para os doces con-
ventuais, como a encharcada, a sericaia, o fidal-
go ou o queijinho do céu.
Da supervisão da cozinha encarrega-se o
próprio Manuel Martins, um autodidacta que
tem uma particular preocupação com a
escolha dos ingredientes. O proprietário
viveu cerca de 30 anos no Alentejo,
onde chegou a produzir enchidos, o que
explica a sua predi lecção pelos pratos
desta zona.
Outra das preocupações de Manuel
Martins é com o serviço, que se caracteriza
pela eficiência e pelo profissionalismo. Uma
última referência para a carta de vinhos,
bastante completa, com cerca de 100 mar-
cas das diversas regiões portuguesas, e em
constante actualização.
Rua do Alecrim, 47-A – Bairro Alto
Tel. 213 423 845 . Encerra ao sábado ao almoço e ao domingo todo o dia
61
O movimento slow food, que tem vindo
crescentemente a conquistar adeptos, é uma das
principais inspirações do restaurante do Clube de
Jornalistas, desde que, em Junho de 2005,
entrou em funções a actual gerência.
O responsável pela nova filosofia é o pró-
prio gerente, André Magalhães, dirigente do
grupo Slow Food Lisboa Tejo, que levou para o
restaurante princípios como o de, sempre que
possível, comprar os ingredientes a pequenos
produtores locais e que pratiquem agricultura
biológica.
As alterações fizeram-se também sentir
na decoração da sala principal, que ganhou um ar
tranquilo e luminoso, graças às paredes em azul-claro
com pormenores em tons de bege, e foi equipa-
da de cadeiras confortáveis e de mesas largas
que convidam a uma permanência prolongada. A
esplanada, situada no jardim traseiro do edifício
setecentista, foi igualmente renovada, enquanto
o reservado, decorado com azulejos da fábrica
Viúva Lamego, se mantém inalterado.
A cozinha aposta em receitas internacio-
nais com um toque pessoal do chefe, o liberiano
clube de
Jornalistas
63
Christopher Freeman, que propõe entradas como
o chèvre chaud com mel e maçã, o carpaccio de
salmão com lagosta, ou a sopa de lavagante. De
seguida, as opções incluem supremos de frango
recheados de farinheira, salmão em crôute de
sésamos, risotto do mar com champanhe, posta
mirandesa e borrego ao alecrim com ratatouille
e cuscuz. As sobremesas abrangem o cheese-
cake de maracujá, o ananás em raviolli com
recheio de manga e o sorvete de tangerina.
Além da ementa fixa, que é alterada sazo-
nalmente, há ainda uma sugestão do chefe
todos os dias.
A filosofia slow food está ainda pre-
sente na bem nutrida carta de vinhos, que
integra marcas de agricultura biológica e
outras de pequenos produtores, algumas das
quais são servidas a copo. O espaço, que
recebe regularmente exposições e outros
eventos, funciona igualmente como bar.
Rua das Trinas, 129 – Madragoa
Tel. 213 977 138 . Encerra ao domingo
65
A Commenda está instalada no Centro
Cultural de Belém, o que lhe confere a vantagem
de beneficiar das características arquitectónicas
do edifício, nomeadamente da elegância das suas
linhas direitas. Por se situar no primeiro andar e no
lado sul do CCB, o restaurante, e sobretudo a esplana-
da, oferece ainda uma excelente vista sobre o Tejo.
Além de um espaço de bar, à entrada, A
Commenda dispõe de uma sala ampla, com capacidade
para 66 pessoas, em que coabitam dois ambientes: um
mais luminoso, graças às portas de vidro que dão acesso
à esplanada, e outro mais recatado, em particular junto
de uma das paredes, onde a iluminação (diferente da
existente no resto da sala) cria uma atmosfera intimista.
a
Commenda
67
No que à ementa diz respeito, o restau-
rante enveredou por uma nova filosofia em 2002,
ano em que a actual gestão assumiu funções.
Desde então, a cozinha, sob o comando do chefe
Carlos Duque, aposta nos sabores portugueses e
mediterrânicos. A lista, que é mudada sazonal-
mente, inclui entradas como os boletos salteados
com morcela de arroz da Guarda, o carpaccio de
atum rosa e polvo com citrinete de lima, ou a
vieira em folha de brick com ovas de salmão e
molho de citrinos e maracujá. Nos pratos princi-
pais, encontram-se receitas como cação no forno
com emulsão de salsa; robalo corado com vege-
tais assados e crocante de lagosta; lombinho de
tamboril com risotto de laranja e espinafres; ou
carré de borrego assado com massa de arroz,
molho de basílico, mel e jeropiga.
Frequentemente, realizam-se jantares temáticos
dedicados, por exemplo, ao cinema.
Um dos pontos fortes d’A Commenda é a
atenção dada aos vinhos, patente no serviço de
copos ou no controlo da temperatura. A ligação
dos vinhos – mais de 100 – com a comida é garan-
tida tanto pelo chefe de sala, Ângelo Santos,
como pelo próprio director técnico, António
Mesquita, ambos escanções.
Centro Cultural de Belém – Praça do Império
Tell. 213 648 561 . Encerra ao domingo ao jantar
69
No piso térreo do palácio onde nasceu e
viveu o Marquês de Pombal, abriu em 1994 o
Consenso, uma restaurante inicialmente dedica-
do à nouvelle cuisine que, face ao desinteresse
do público por este género de gastronomia, pas-
sou dois anos depois a apostar na cozinha de raiz
mediterrânica.
O restaurante é composto por quatro
espaços, todos com marcas da antiguidade do
edifício – como as paredes em pedra ocre e os
tectos em tijolo e em forma de abóbada –, mas
diferentes entre si devido à decoração, basea-
da nos quatro elementos. O bar à entrada,
com bancos de jardim e caixas de luz no chão
de vidro, inspira-se no ar; a primeira sala, em
tons de verde e azul, representa a terra; a
segunda, pintada com cores quentes, evoca o
fogo; e a última, com altos-relevos em gesso
branco, remete para a água. Também a cor do
mobiliário, desenhado por encomenda para o
Consenso, difere consoante as salas para con-
dizer com a decoração. E a loiça, fabricada
pela Vista Alegre, é igualmente exclusiva.
Consenso
71
A ementa, que é alterada sazonalmente,
uma vez que o restaurante apenas trabalha com
produtos frescos (e importa mesmo alguns deles,
por razões de qualidade), integra pratos inspira-
dos tanto no receituário português como na gas-
tronomia internacional.
Nas entradas, encontram-se propostas
como vol-au-vent de cherne com crustáceos ou
carpaccio de lombo de novilho com parmesão e
óleo de amêndoa, além de sopas de peixe ou de
camarão com espinafres. Os pratos principais
incluem sugestões como o lombo de bacalhau
assado com molho virgem e batata Bombaim, o
filete de dourada com legumes marinados e
molho de soja, o supremo de faisão com gnocchi
glaceados nos seus sucos e legumes, ou o torne-
dó grelhado com ervas e batata bahji. Nas sobre-
mesas, as opções são, entre outras, tarte de
maçã com gelado de natas e estragão, e parfais
de broa de mel e coulis de laranja.
Rua da Academia das Ciências, 1
Tel. 213 431 313 . Aberto de segunda-feira a sábado ao jantar
73
Instalado numa zona antiga de Lisboa, o
Conventual é um restaurante com história: por
um lado, porque é, há quase três décadas, uma
referência da oferta gastronómica da capital; por
outro, porque alberga um número considerável
de peças de arte sacra, ou de alguma forma liga-
das à Igreja, dos séculos XVII e XVIII.
Às obras religiosas, de que se desta-
ca um retábulo de madeira em que estão
representados, em alto relevo, o Céu e o Inferno,
juntam-se duas cerâmicas de Rafael Bordalo
Pinheiro (um peru e uma jarra) e duas telas de
Noronha da Costa – estas, pelo traço moderno, a
contrastarem, sem criarem desarmonia, com as
restantes peças.
Apesar do acervo, o Conventual está
longe de ter o ar pesado muitas vezes associado
às peças de arte sacra; o ambiente geral é,
antes, o de uma casa de família decorada com
gosto, aspecto para que contribui a configuração
da própria sala. Ampla e desafogada, com o chão
em tijoleira e o tecto em ogiva forrado a madei-
ra, a sala tem capacidade para cerca de 70 pes-
Conventual
75
soas, sem contar com o espaço de bar, igualmen-
te amplo, situado logo à entrada.
A arte que faz o prestígio do Conventual
é, porém, a gastronómica, baseada no receituá-
rio português, sob orientação da proprietária,
Dina Marques. O ex-libris do restaurante é o cozi-
do à portuguesa (servido em pão rústico embru-
lhado numa trouxa de pano), mas, entre entra-
das e pratos principais, podem também apreciar-
se iguarias como a salada de camarão com molho
de queijo, as coxas de rã, as amêijoas à capelão
de Sines, o pato com champanhe e pimenta rosa,
o ensopado de borrego, a empada de faisão e
perdiz, o coelho frito ou a tarte de bacalhau.
Nas sobremesas destacam-se as receitas
conventuais, como a encharcada de Beja, as
migas doces, a delícia de chocolate, ou o
leite-creme queimado. Quanto à carta de vinhos,
é bem abonada, tanto em quantidade como em
qualidade.
Praça das Flores, 45
Tel. 213 909 246 . Encerra ao sábado e à segunda-feira ao almoço e ao domingo todo o dia
77
O Doca 6 está instalado num dos antigos
armazéns existentes na Doca de Santo Amaro,
uma das zonas de lazer mais procuradas de
Lisboa, com o Tejo e a Ponte 25 de Abril por vizi-
nhos. Mas a paisagem é apenas um dos trunfos do
restaurante, que faz parte da lista de estabele-
cimentos recomendados na edição de 2007 do
prestigiado Guia Michelin.
Inaugurado em 1997, o restaurante
mudou em 2000 de mãos e de filosofia, passando
a apostar numa ementa que conjuga receitas
tipicamente portugueses e sabores característi-
cos do Mediterrâneo, com destaque para o peixe
fresco. Uma das especialidades do Doca 6 é, de
resto, o peixe ao sal, havendo diariamente cerca
de uma dezena de espécies à escolha, entre as
quais linguado, garoupa, robalo, dourada, prega-
do e salmão.
Outras propostas são os crepes de tam-
boril, os polvinhos à lagareiro, o bacalhau com
espinafres, o T-bone na grelha, o lombinho de
porco com maçã e o peito de frango recheado,
além de pastas como os fettuccini de lagosta e o
doca
6
79
tagliatelle de gambas. Nas entradas, as opções
incluem carpaccio de salmão com abacate e
cogumelos recheados com frutos do mar.
O Doca 6 dá ainda particular atenção ao
serviço, eficiente e com cuidados hoje pouco
comuns, como a de fazer chegar o peixe à mesa
já sem espinhas. A carta de vinhos, bem forneci-
da, prima pelo equilíbrio.
Quanto ao espaço, consiste numa espla-
nada mesmo ao lado das águas do Tejo e em duas
salas, uma no piso térreo, que inclui uma zona de
bar e algumas mesas para refeições, e outra no
primeiro andar. O ambiente geral remete para o
estilo colonial – devido a elementos como as
cadeiras em verga, as ventoinhas ou as duas pal-
meiras plantadas na base da escadaria que dá
acesso ao andar superior –, que coabitam com
detalhes de cariz industrial, como o metal que
cobre o tecto ou as paredes em tijolo do tempo
em que o local era um armazém de cereais.
Doca de Santo Amaro, Armazém 6 – Alcântara
Tel. 213 957 905 . Aberto todos os dias
81
No jardim situado no topo do Parque
Eduardo VII, com vista sobre a Baixa, o Tejo e a
Margem Sul, situa-se o Eleven, o único restau-
rante em Lisboa com uma estrela no Guia
Michelin, onde o conceituado chefe alemão
Joachim Koerper dá a provar as suas criações
baseadas nos sabores mediterrânicos.
Inaugurado em 2004, o restaurante está
instalado num espaço concebido pelo arquitecto
João Correia, que desenhou um edifício de linhas
direitas e aspecto minimalista. No interior, espa-
çoso e sofisticado, destacam-se os tons de terra
e as enormes janelas viradas para o rio, além das
obras de artes, entre as quais uma escultura de
Joana Vasconcelos e várias fotos, em grande for-
mato, de Jorge Cruz.
O cardápio proposto por Joachim Koerper
– um dos onze sócios que deram o nome ao res-
taurante – é alterado quatro vezes por ano.
Carpaccio de vieiras com trufa preta e cabelo de
anjo; salada de lavagante com ervilhas tortas e
vinagreta de maracujá; e risotto verde com cro-
cante de camarão são algumas das entradas pro-
postas, enquanto nos pratos principais as opções
abrangem bacalhau fumado no momento com
Eleven
83
ostras e creme de caviar avruga; robalo assado
na pele, batata ratte esmagada com manteiga
noisette, trufa e sucos de carne; pato cruzado de
Challans com couve e presunto bolota confitados
em banha e spätzle de laranja; e tornedó de
novilho, compota de chalotas com macarrões e
legumes glaceados.
As sobremesas incluem crocante de cara-
melo com pêra belle Hélene e gelado de espe-
ciarias, e soufflé de maçã com gelado de canela.
Pode ainda optar-se por vários menus, entre os
quais o Express, servido de segunda-feira a sába-
do ao almoço.
A carta de vinhos, da responsabilidade do
próprio chefe e do escanção Jorge Nunes, é
impressionante, com cerca de 500 marcas de
praticamente todos os países vinícolas e uma
atenção especial às colheitas de excepção.
Rua Marquês de Fronteira – Jardim Amália Rodrigues
Tel. 213 862 211 . Encerra ao domingo e feriados
85
O Espaço Açores é, como se depreende
pelo nome, um restaurante exclusivamente dedi-
cado à gastronomia açoriana. Mas, mais do que
isso, é um local onde a marca do arquipélago
está presente em inúmeros pormenores.
Situado numa ala do edifício do Mercado
da Ajuda, com uma magnífica vista do Tejo e da
Ponte 25 de Abril, o restaurante é decorado
quase exclusivamente com materiais provenien-
tes dos Açores: o chão e a parte inferior das
paredes são em basalto, a parte superior das
paredes e o tecto são em madeira de criptomé-
ria. Além disso, a sala de refeições, em que às
cores do basalto e da madeira se juntam o azul e
espaço
Açores
87
o vermelho, foi concebida de modo a recriar o
interior de um barco de pesca de atum.
Inaugurado em 2006, o Espaço Açores
é propriedade de Alfredo Alves, que passou
parte da sua vida na Região Autónoma. A
chefia da cozinha está a cargo da mulher,
Maria do Carmo, que confecciona pratos
típicos das nove ilhas com ingredientes
“importados” semanalmente dos Açores,
entre os quais carne, enchidos, inhame e
batata-doce. A ementa é composta por
receitas fixas, como polvo à regional, sopa
de peixe, atum na grelha ou alcatra à ter-
ceirense, e outras que variam, como molho
de veja estufado com batata-doce, linguiça
com inhames ou alcatra de peixe. Aos
domingos ao almoço, pode ainda saborear-
se o cozido das Furnas, feito numa máquina
que cozinha os ingredientes à mesma tem-
peratura que as caldeiras vulcânicas.
Das entradas, destacam-se as lapas na
grelha, as favas d’unha e a morcela, e das sobre-
mesas, cuja lista também é constantemente
alterada, a tigelada de São Miguel, o pudim
de mel e a mousse de maracujá, além de
diversos queijos.
O Espaço Açores dispõe ainda de todos os
vinhos produzidos no arquipélago (a par de
outros do continente), bem como de aguardentes
de bagaço e do Pico, licores, cerveja, água, refri-
gerantes e chás açorianos.
Largo da Boa-Hora – Ajuda
Tel. 213 640 881 . Encerra à terça-feira
89
Num espaço relativamente pequeno, mas
apesar disso desafogado, graças a um pé direito
que tem sensivelmente o dobro da altura normal,
está instalado o Espírito dos Tachos, um restau-
rante cuja cozinha se inspira nos receituários
português, belga e francês.
O responsável pelas influências gastronó-
micas é o proprietário, João Mendonça, que,
depois de ter vivido na Bélgica, adquiriu em 2006
o Espírito dos Tachos. Com a mudança de dono,
foi alterada a ementa e também a decoração: o
restaurante tem agora um aspecto moderno, gra-
ças às linhas direitas do espaço, à mobília, à cor
bordeaux que cobre parte das paredes e a
uma iluminação que cria um ambiente inti-
mista. Não faltam, no entanto, alguns ele-
mentos mais típicos, como uma cristaleira
antiga e vários tachos de cobre pendurados
numa das paredes.
Para assumir o comando da cozinha,
foi convidado Ahmed Tauheed, um chefe
natural do Bangladesh que trabalhou duran-
te seis anos n’A Travessa, outro restaurante
com gastronomia belga.
espíritodosTachos
91
Das propostas do chefe faz parte uma
diversificada lista de entradas, que inclui, por
exemplo, queijo de cabra frito com compota de
morango, carpaccio de novilho ou de salmão e
salada de agrião com bacalhau fumado. Outra
possibilidade é o misto de entradas, composto
por um pouco de cada uma delas.
Nos pratos principais, encontram-se
receitas como a raia au beurre noir com
alcaparras, os linguadinhos da costa em fri-
tura de azeite e alho, o risotto de bacalhau
com compota de cebola, o pombo real cara-
melizado, o confit de pato com molho man-
darim e bife do lombo confeccionado de
várias formas diferentes.
Quanto às sobremesas, as escolhas
integram a bavaroise de cassis ou de fram-
boesas, o soufflé de chocolate com gelado,
o semi-frio de natas e leite condensado com
molho de framboesa e sorvetes italianos. A
carta de vinhos, ainda que pouco extensa, é
criteriosa.
Calçada da Estrela, 37 – São Bento
Tel. 213 970 003 . Encerra ao sábado e à segunda-feira ao almoço e ao domingo todo o dia
93
Sobranceiro à estação ferroviária de
Santa Apolónia, num local de que se desfruta de
uma magnífica perspectiva do Tejo e da sua mar-
gem sul, o Faz Figura foi fundado em 1974 pelo
comandante Gomes Mota, que o tornou um nome
de referência da restauração lisboeta.
O restaurante perdeu, porém, parte do
seu fulgor depois de ter passado para a posse dos
herdeiros do fundador, até que em Janeiro de
2006, já com novos proprietários, reabriu depois
de uma profunda remodelação que lhe conferiu
um aspecto moderno e sofisticado, e simultanea-
mente confortável.
A área de refeições divide-se por duas
salas e um reservado, todos com vista para o rio,
já que a parede do lado sul é inteiramente em
faz
Figura
95
vidro. Também do lado sul, o Faz Figura dispõe
de uma esplanada que no Verão funciona como
bar e onde se podem tomar refeições ligeiras até
horas mais tardias.
Quanto à cozinha, é baseada nos
sabores portugueses, aos quais se junta
alguma criatividade, tanto na conjugação
dos ingredientes como na própria apresen-
tação.
Nas entradas, pode apreciar-se, por
exemplo, a canja de perdiz, a morcela da Beira,
ou o folhado de queijo da Serra; nos peixes, a asa
de raia corada com pimenta verde, o polvo com
crosta de milho, ou o atum com crosta de pista-
cho; nas carnes, a perdiz com puré de castanhas
e vinho tinto, o carré de borrego, a empada de
capão, ou o magret de pato; e nas sobremesas
o arroz-doce com crocante de toranja, ou o
pão-de-ló tépido de chocolate. Por encomenda,
podem ainda degustar-se diversos pratos mais
tradicionais da gastronomia portuguesa. A carta
de vinhos é muito bem fornecida, com cerca de
200 possibilidades das diferentes regiões.
Com os novos proprietários, foi ainda
criado um clube que, além de descontos, dá
aos sócios acesso preferencial, e por vezes
exclusivo, a eventos temáticos que se reali-
zam regularmente no restaurante.
Rua do Paraíso, 15-B – Santa Apolónia
Tel. 218 868 981 . Encerra ao domingo ao jantar e à segunda-feira todo o dia
97
Depois de ter sido durante anos proprie-
tário de um bar na zona de Santos, Joaquim
Chaves decidiu, em 2004, dedicar-se a um negó-
cio menos noctívago. Desta decisão e da sua pai-
xão pelo mar - Joaquim foi criado na Ericeira e
pratica surf e caça submarina – nasceu o Frade
dos Mares, um restaurante onde o peixe fresco é
presença constante.
A decoração do próprio restaurante
remete para o ambiente marinho, tanto pela cor
verde-clara de algumas das paredes como pelas
diversas peças espalhadas pelo espaço, entre as
quais uma escultura em forma de peixe feita a
partir de uma pedra encontrada na Praia dos
Coxos e que tem incrustado um arpão que atin-
giu o proprietário durante uma caçada submari-
na. Esta decoração não leva, porém, a que o
Frade dos Mares tenha o ar de um restaurante
tradicional português – pelo contrário, o ambien-
te geral da sala, que alberga 40 pessoas, é sofis-
ticado e acolhedor, beneficiando de uma parede
em pedra que testemunha a idade do edifício
(cerca de três séculos) e das grandes janelas que
lhe proporcionam uma excelente luminosidade
durante o dia.
frade dos
Mares
99
Na ementa, como já se disse,
impera o peixe fresco. Robalo, dourada
e sargo são algumas das espécies dispo-
níveis d iar iamente, para apreciar na
grelha ou ao sal. A cataplana de polvo
com batata-doce, o bacalhau com broa,
a raia com alcaparras e o polvo à laga-
reiro são outras opções do mar, enquan-
to nas carnes se encontram propostas
como o tornedó à abade ou com cogu-
melos, o magret de pato com molho
moscatel ou os secretos de porco preto.
Nas entradas, destacam-se as gambas à
frade, os tomates recheados com salada fria de
bacalhau e o folhado de queijo com doce de fru-
tos silvestres; e nas sobremesas a tarte de limão,
o bolo de chocolate, o dueto de chocolate e a
torta de laranja. A carta de vinhos, de exten-
são razoável, é representativa das princi-
pais regiões portuguesas.
Avenida D. Carlos I, 55-A - Santos-o-Velho
Tel. 213 909 418 . Encerra ao sábado ao almoço e ao domingo todo o dia
101
Há já algumas décadas que o nome Galito
é sinónimo de boa mesa alentejana. Uma repu-
tação que começou na Serra d’Ossa, onde Miguel
Galito Júnior e a sua mulher, Gertrudes
Fortes, geriam um restaurante que, nos
anos 70, figurava entre as razões que leva-
vam muitos forasteiros a demandar o paca-
to concelho do Redondo.
Em 1982, o casal passou o estabele-
cimento e mudou-se para Lisboa, onde 10
anos depois abriria um novo O Galito, em
Carnide, pela mão do filho Henrique.
Inicialmente, era apenas uma
pastelaria/snack-bar, mas depressa se
começaram a servir uns petiscos, uns
mini-pratos, e, em pouco tempo, o pequeno
espaço da Rua da Fonte assumia-se em defi-
nitivo como restaurante.
Novamente com D. Gertrudes no
comando das operações culinárias, O Galito
rapidamente voltou a ser uma referência
para muitos apreciadores dos apurados
sabores alentejanos. Demasiados apreciado-
res, aliás, para um restaurante onde, no
o
Galito
103
limite, se conseguiam sentar 20 comensais.
A solução foi transferir O Galito para um
local maior, na mesma Rua da Fonte, a
escassas dezenas de metros do primeiro.
É aqui, num espaço de decoração discre-
ta mas acolhedora, que desde 2002 se podem
degustar os mais diversos pratos representativos
da gastronomia alentejana, como as sopas de
cação ou da panela, diversas açordas, o entre-
costo com arroz de feijão, os pezinhos de coen-
trada, as migas, o borrego ou a burra, e ainda
receitas de caça, como a perdiz, o pombo bravo
ou a lebre.
Um dos pontos fortes da casa é a lista de
entrada, em que pontificam petiscos como a fari-
nheira frita, a cabeça de xara e os queijos regio-
nais. Das sugestões de sobremesas, destaca-se a
doçaria conventual alentejana, com receitas
como a sericaia ou o bolo rançoso. E, no que aos
líquidos diz respeito, há a realçar uma muito
bem fornecida garrafeira, onde a predominância
é, naturalmente, dos vinhos do Alentejo.
Rua da Fonte, 18-D – Carnide
Tel. 217 111 088 . Encerra ao domingo e feriados
105
Um dos poucos locais em Portugal onde
se pode apreciar a gastronomia tradicional nepa-
lesa, o Himchuli foi inaugurado em 2003 por Hem
Lal Sapkota.
O restaurante resume-se a uma pequena
sala – com capacidade para 30 pessoas – de
ambiente acolhedor, com vários elementos da
cultura do Nepal, como quadros retratando pai-
sagens, estatuetas de Buda e de diversas divin-
dades budistas e peças de artesanato, e ainda,
pendendo no meio da sala, um conjunto de mun-
tra, lenços tradicionais com inscrições religiosas.
A cozinha está a cargo de Nil Kantha
Sapkota, que para começar a refeição propõe
sopa de espinafres secos e bambu, chamuças de
frango ou de legumes, ou pão com alho ou com
queijo (nepalês, de leite de vaca). No Nepal não
se come carne de vaca nem de porco, pelo
que a ementa, neste capítulo, contém ape-
nas receitas de frango e de borrego, mas as
opções são muitas. O frango pode ser apre-
ciado, por exemplo, com manga, com
pimentos e cebola, com caju e natas, com
coco e natas, ou assado na brasa, e o borre-
Himchuli
107
go com espinafres e caril, com natas e espe-
ciarias, com caju e natas, ou igualmente na
brasa. Outras possibilidades são o camarão
com caril, com espinafres, com coco e
natas, ou com caju e natas.
O Himchuli tem ainda uma vasta
oferta de pratos com caril, alguns dos quais
vegetarianos, como o caril de legumes com
frutos secos, caju e queijo, o caril de quei-
jo e natas, e o caril com espinafres. E as
propostas vegetarianas incluem ainda lenti-
lhas com natas e beringela no carvão.
Nas sobremesas, encontram-se receitas
como o doce de manga, o pudim de natas com
caju e frutos silvestres, e o doce de arroz, feito
com arroz basmati. Quanto às bebidas, além de
uma selecção de vinhos portugueses, o Himchuli
serve produtos típicos nepaleses, como batido de
manga, licor e infusão de ervas. O serviço, des-
pretensioso, distingue-se pela simpatia.
Rua do Sacramento a Alcântara, 11
Tel. 213 901 722 . Encerra ao domingo
109
Instalado numa vivenda em Telheiras, O
Jacinto foi fundado em 1971 por Jacinto
Marques, antigo gerente da Churrasqueira do
Campo Grande. Trinta anos depois, Francisco
Guedes e Luís Cardoso adquiriram o restaurante,
então algo degradado, e empreenderam profun-
das obras que o transformaram num espaço
simultaneamente desafogado e acolhedor, em
que sobressaem os suaves tons laranjas das pare-
des e das toalhas.
Apesar da radical mudança de aspecto, O
Jacinto não perdeu as suas características essen-
ciais, já que se manteve a equipa do restauran-
te. O serviço continua, assim, a conjugar um ele-
vado profissionalismo com uma simpatia que faz
jus à filosofia da casa de fazer de cada cliente
um amigo; e a ementa, da responsabilidade do
chefe Carlos Lucena, mantém como base o recei-
tuário tradicional português sem descurar as
novas tendências.
Das propostas gastronómicas, desta-
ca-se desde logo o vasto leque de entradas,
que inclui saladas de polvo, de orelha, de
ovas e de grão com atum, cogumelos com
o
Jacinto
111
presunto, alheira de caça e ovos mexidos com
farinheira. A variedade mantém-se na lista de
pratos principais, com mais de uma dezena
de pratos fixos, como os peixes para grelhar
ou assar no forno, e outros tantos que são
renovados todos os dias. Entre outras iguarias,
destaca-se a açorda de marisco (o ex-libris d’O
Jacinto), o cabrito à padeiro ou no churrasco, a
açorda de bacalhau ou o arroz de cabidela
malandrinho. Nas sobremesas, o ponto forte são
os gelados feitos na casa, mas as possibilidades
estendem-se à encharcada e ao pão de rala de
Estremoz, à tarte de limão merengada ou de
maçã, ou ao chiffon de chocolate. Quanto aos
vinhos, é proposta uma carta excelente, com
cerca de 250 entradas e constantemente actuali-
zada.
Além da sala principal, O Jacinto dispõe,
no primeiro andar, de uma outra vocacionada
para grupos, com capacidade para 50 pessoas.
Avenida Ventura Terra, 2 – Telheiras
Tel. 217 591 728 . Encerra ao domingo ao jantar
113
No piso térreo de um edifício do
século XVIII, situado numa das mais típicas
zonas de Lisboa, abriu em meados de 2006 o
Kaetano's, um restaurante que serve pratos
do receituário português actualizados por
um toque de criatividade.
Propriedade de Paulo Caetano, que tinha
já vários anos de experiência neste sector, o
Kaetano's tem entre o seus trunfos o espaço
que ocupa, composto por quatro comparti-
mentos de aspecto distinto onde se conju-
gam exemplarmente as formas e os mate-
riais antigos com elementos decorativos e
mobiliário de design moderno.
À entrada, além de um bar amplo, há
uma sala em tons claros, que contrastam com o
Kaetano’s
115
chão em xisto; na parte traseira, fica uma segun-
da sala, mais pequena, com o tecto em tijolo
burro, em forma de abóbada, e uma pequena
lareira; desta última sala desce-se, por uma
escada de caracol, à cave, uma divisão onde
impera a pedra, que é usada como garrafeira e
está vocacionada para acolher grupos.
A cozinha está a cargo do chefe João
Reis, que se encarrega de actualizar receitas
tipicamente portuguesas. Sopa de garoupa ou de
cebola gratinada, morcela da Beira grelhada com
laranja, e mil-folhas de gambas com cogumelos
frescos são algumas das sugestões para começar;
dos pratos principais, constam a canoa de peixes,
o bacalhau fresco escalfado em azeite com migas
à pescador, o bife de novilho recheado com pre-
sunto e queijo brie, a paella rica à valenciana, as
plumas de porco preto com puré de castanhas, e
a posta mirandesa; entre as sobremesas, pode
apreciar-se a sericaia com ameixas de Elvas, os
formigos à beirã, ou a tarte gelada com frutos
silvestres. Além dos pratos fixos, o cardápio inte-
gra ainda duas sugestões do chefe que mudam
diariamente.
Uma carta de vinhos bem concebida
completa a oferta do Kaetano's, que tem a parti-
cularidade de dispor de um parque de estaciona-
mento privativo para clientes.
117
Rua da Bela Vista à Graça, 126
Tel. 218 143 810 . Encerra ao domingo
O Kais está instalado no maior dos vários
antigos armazéns existentes na zona ribeirinha
de Santos, um edifício que outrora abrigou os
geradores que produziam energia para os eléctri-
cos da Carris.
A estrutura original da imponente cons-
trução, com um pé direito de nove metros, man-
tém-se à vista, sobressaindo o ferro e o tijolo,
aos quais se juntaram os pormenores introduzi-
dos por Maria José Salavisa para compor uma
decoração inspirada nos quatro elementos. A
água jorra num lago à entrada, o fogo está pre-
sente nas centenas de velas espalhadas pelo res-
taurante, a terra é representada por várias oli-
veiras plantadas junto às janelas e o ar é agitado
por grandes ventoinhas que pendem do tecto.
119
Kais
No meio da vasta sala, que alberga um
total de 420 comensais, ficam dois bares e numa
das paredes existe uma enorme chaminé, sob a
qual se situa, à vista dos clientes, a zona de con-
fecção de pastelaria. O ambiente industrial chic
completa-se com o mobiliário de linhas direitas,
inspirado na obra de Frank Lloyd Wright.
A ementa é composta por receitas
internacionais, como, nas entradas, os
cogumelos do campo salteados com bacon, o
recheio de sapateira com tostinhas de alho,
molho de nata fresca e ervas do campo, ou
as gambas flamejadas em aguardente velha
com aroma de ervas mediterrânicas e limão;
e, nos pratos principais, as costeletinhas de
borrego com emulsão de Bulhão Pato e puré
de batata, o frango do campo cordon bleu
com queijo da serra e fiambre da pá, o naco
de novilho assado em cama de sal grosso
com manteiga Café Paris, o lombo de baca-
lhau lascado e salteado com grelos e crosta
de broa de milho, ou as tranches de cherne
com creme safronado e coentros.
O Kais dá ainda particular atenção
aos vinhos, dispondo de um escanção para
dar indicações sobre as cerca de 250 refe-
rências que constam da carta, e tem um ser-
viço altamente profissional.
121
Rua da Cintura do Porto de Lisboa – Cais da Viscondessa
Tel. 213 932 930 . Aberto de segunda-feira a sábado ao jantar
Fundado em 2004, o Luca deve o nome
ao seu proprietário, Luca Manissero, um italiano
que tomou de amores por Lisboa. Com Luca, veio
também para Portugal o chefe Masahiro Kawai,
de nacionalidade japonesa, responsável por uma
ementa em que se conjugam técnicas gastronó-
micas de diversos pontos do mundo.
As especialidades italianas são, obvia-
mente, um dos fortes da casa, como se nota nos
diversos pratos de pasta, como gnocchi de bata-
ta com lagostins, ou fettuccine com ragu de
javali, e nos vários risotti, entre os quais de
mariscos ou de porco marinado em cinco espe-
ciarias. Mas também se pode degustar carré de
vitela de leite de Corrèze, paleta de borrego
confitada no seu próprio molho, ou presa de
porco preto de bolota.
A variedade de sabores caracteriza tam-
bém a lista de entradas, que inclui tarte tatin de
vieiras na chapa, salada de foie gras de pato
fresco, ou filetes de cavala assados, bem como a
de sobremesas, da qual constam coulant de cho-
colate ou de avelã, savarin embebido em rum, ou
tiramisu marroquino. Quanto aos vinhos, o Luca
123
Luca
propõe uma carta que, não sendo extensa,
prima pelo equilíbrio e pela diversidade,
além de integrar vários vinhos do Porto,
moscatéis e colheitas tardias que são reco-
mendados com cada uma das sobremesas.
O restaurante ocupa o espaço de
uma antiga fábrica de radiadores, tirando
partido do pé direito altíssimo para criar um
ambiente cosmopolita, em que convivem
harmoniosamente grandes tubos metálicos
junto ao tecto, colunas e vigas de ferro,
candeeiros de design moderno e enormes
fotografias a preto e branco espalhadas
pelas paredes. Além da espaçosa sala princi-
pal, com capacidade para 62 pessoas, exis-
te uma outra mais pequena e reservada,
numa mezzanine.
A cozinha, ao lado da sala principal, tem
a particularidade de estar à vista do cliente e o
serviço é profissional, simpático e rápido.
125
Rua de Santa Marta, 35
Tel. 213 150 212 . Encerra ao sábado ao almoço e ao domingo todo o dia
Quem entre pela primeira vez no
Madragoa Café pensará provavelmente que se
encontra num restaurante de cozinha tradicional
portuguesa. O balcão logo à entrada, encima-
do por um pequeno telheiro, os candeeiros
em ferro, os azulejos que cobrem a parte
inferior das paredes, as mesas e cadeiras
em madeira escura – tudo se conjuga para
induzir nesse sentido.
À primeira vista, até a ementa contribui
para a impressão inicial, uma vez que consiste
numa grande lousa onde estão escritos, a giz, os
nomes dos pratos disponíveis. Mas um único
relance pela lista é o suficiente para desfa-
zer a ideia pré-concebida, ao revelar ingre-
dientes pouco ou nada comuns na gastrono-
mia nacional, como cuscuz, damasco, goia-
ba, tâmara ou leite de palma.
Madragoacafé
127
O responsável por esta diversidade é o
chefe Fábio Amaral, praticante de uma cozinha
de autor que combina sabores de diferentes pon-
tos do mundo. Natural do Brasil, onde se formou,
Fábio Amaral expandiu os seus conhecimentos
em Portugal, nomeadamente no Ritz e no Vila
Galé, onde trabalhou com Francisco Ferreira. Até
que, em 2005, juntamente com César Carvalho,
se tornou proprietário do pequeno espaço (com
capacidade para 30 pessoas) do Madragoa Café.
Das suas propostas, que variam todos os
dias, constam pratos como o churrasco de gam-
bas com morango ou com ananás, o embrulho de
bacalhau com puré de grão, a posta de raia mari-
nada em leite de coco, o folhado de camarão
com alho francês, ou o carré de borrego ao
molho de tomilho.
A mistura de sabores e texturas
acontece igualmente nas entradas, em que
se encontram criações como o creme de
milho seco carolo com bacon e chouriço, a
vieira recheada com cobertura de salmão, o
magret de pato corado ao molho de maracu-
já, ou o filete de frango ao molho de gengi-
bre. A ementa inclui sempre um prato vege-
tariano, que também varia diariamente.
Rua da Esperança, 136 – Santos-o-Velho
Tel. 213 978 567 . Aberto de terça-feira a domingo ao jantar
129
O Masstige nasceu da vontade de dois
jovens amigos, Francisco Gonçalves e
Gonçalo Trêpa, de aplicarem a um restau-
rante o conceito lounge, normalmente asso-
ciado a bares com um ambiente e uma músi-
ca propícios ao relaxamento.
Formados em Gestão e Marketing, os dois ami-
gos tinham já experiência na área da hotelaria:
Gonçalo geriu diversos bares e Francisco (mais conhe-
cido por Kiko), depois de ter feito um curso de cozinha
em Paris, trabalhou em vários restaurantes prestigiados
na capital francesa e integrou, em Lisboa, a equipa de
Joachim Koerper no Eleven. Em Maio de 2006, fun-
daram o Masstige, um espaço de aspecto moder-
no e desafogado, de linhas direitas e com uma
decoração marcada por cores quentes, como o
vermelho e o amarelo, que contrastam com o
tom escuro do mobiliário.
Masstige
131
Em consonância com o conceito loun-
ge, patente na divisa inscrita por detrás do
balcão - “treat your soul” - o restaurante
tem ainda uma cabina onde é seleccionada,
pelos proprietários ou por disc jockeys con-
vidados, a música que acompanha as refei-
ções.
A cozinha de Kiko baseia-se nos ingre-
dientes característicos da gastronomia portugue-
sa, que o chefe confecciona de formas diferentes
das tradicionais. Alterada a cada seis meses, a
ementa integra, por exemplo, gaspacho com
requeijão, lombo de bacalhau com crosta de
chouriço, pimentos recheados com alheira de
caça, peito de frango recheado com ricotta e
espinafres, folhado de pato com arroz de chouri-
ço, salada de fusilli com molho de iogurte e
fiambre, e lasanha de camarão com brócolos. Aos
pratos fixos são acrescentados diariamente dois
pratos do dia, ao almoço, e uma sugestão do
chefe, ao jantar.
A criatividade é extensiva à lista de
sobremesas, que inclui creme de abóbora com
amêndoas torradas, raviolli de ananás recheados
com mousse de ricotta e framboesa, e bolo de
chocolate forrado com chocolate belga.
Avenida Barbosa du Bocage, 157-A – Avenidas Novas
Tel. 217 941 148 . Encerra ao sábado ao almoço e ao domingo todo o dia
133
O Mercado do Peixe é um daqueles casos
em que o nome diz tudo sobre o conceito: na
lista de pratos principais apenas se encontram
peixes e na de entradas mariscos, com a particu-
laridade de uns e outros serem sempre frescos,
de mar (e não de viveiro) e de só se servirem gre-
lhados, à excepção das amêijoas, que são con-
feccionadas à Bulhão Pato.
Também visualmente o restaurante
remete para um mercado, graças à bancada de
mármore no centro da sala, onde o cliente esco-
lhe o peixe que pretende, de entre mais de uma
Mercadodo peixe
135
dezena e meia de espécies disponíveis todos os
dias. Atrás da bancada, igualmente à vista do
cliente, fica o grelhador de carvão vegetal para
onde transita o exemplar escolhido.
O mesmo se passa com os mariscos,
de que estão presentes normalmente meia
dúzia de espécies, entre as quais figuram
sempre a lagosta, o camarão tigre e o cara-
bineiro. Da lista de entradas consta ainda
uma sopa (de peixe, naturalmente).
A lista de sobremesas é ainda mais redu-
zida: a única possibilidade são os pastéis de nata
confeccionados no próprio restaurante, numa
pequena fábrica onde também se faz pão e pão
com chouriço (a única carne que é servida n’O
Mercado do Peixe). Já no que toca aos vinhos a
oferta é vasta, com cerca de 200 referências de
todas as regiões do país, a par de alguns cham-
panhes e espumantes.
O ambiente do restaurante é, mais uma
vez, condizente com o nome, devido a um grau
de ruído superior ao habitual, potenciado pelo
tamanho da sala, que em condições normais aco-
lhe 192 comensais mas chega a ter o dobro em
caso de grupos. O que não impede que o serviço
se caracterize, sobretudo, pela rapidez, aliada à
necessária simpatia.
Inaugurado em 1991, no local onde antes
existia uma taberna, O Mercado do Peixe benefi-
cia da sua localização, junto à entrada do Parque
Florestal de Monsanto, e dispõe de estaciona-
mento para os clientes.
Estrada Pedro Teixeira – Caramão da Ajuda
Tel. 213 616 070 . Encerra ao domingo ao jantar
137
O prestígio granjeado por Luís Suspiro
como chefe de cozinha e proprietário do
Condestável, nos arredores do Cartaxo, levou a
Ordem dos Médicos a convidá-lo para se
encarregar do espaço de restaurante exis-
tente na sede da instituição. Aceite o convi-
te, foi inaugurado em 2006 o Na Ordem…
com Luís Suspiro, cuja ementa se baseia
exclusivamente no receituário português.
Assumindo-se como um estabeleci-
mento de luxo, o restaurante tira partido da
beleza arquitectónica do palacete da
Avenida Gago Coutinho para oferecer um
espaço sóbrio e requintado onde se valori-
zam os pormenores, como a louça exclusiva
ou a cuidada apresentação dos pratos.
Embora de luxo, o restaurante não é,
nem pretende ser, “da moda”. E também
na Ordem...com luís suspiro
139
não deve ser confundido com um restau-
rante de cozinha de autor, já que Luís
Suspiro não aprecia a experimentação.
Os trunfos deste “conservador moder-
no”, como o própr io se def ine, são
outros: em primeiro lugar, a qual idade
das matérias-primas, parte das quais,
como a carne e os legumes, importa
directamente de Espanha e de França;
em segundo lugar, a técnica e o r igor na
confecção; por últ imo, uma pitada de
amor, poesia e ousadia, porque o acto
de cozinhar pertence, no entender do
chefe, à ordem da arte e da cultura.
O resultado desta fórmula é uma “cozi-
nha portuguesa contemporânea” que se materia-
liza em pratos como o gaspacho alentejano com
gambas e crocante de pão de trigo, os pezinhos
de coentrada com arroz de espargos silvestres e
presunto de Monchique ou os lombos de bacalhau
com molho de queijo de Serpa e frutos secos. Nas
sobremesas, entre variados doces típicos portu-
gueses, destacam-se as receitas conventuais, as
compotas e os queijos. A única cedência aos
sabores estrangeiros encontra-se nos vinhos, uma
vez que a vastíssima carta – com cerca de 500
escolhas – integra uma centena de néctares
dos mais diversos países.
Ordem dos Médicos – Avenida Gago Coutinho, 151
Tel. 218 406 117 . Encerra ao domingo
141
Instalado junto ao miradouro de São
Pedro de Alcântara, o Naga Bangkok é um
restaurante dedicado à gastronomia da
Tailândia e gerido por Rui Fernandes, um
português que há muito se apaixonou pela
cultura daquele país asiático.
O restaurante dispõe de uma ampla
sala, com vários arcos no tecto, decorada
de uma forma que tanto remete para a sole-
nidade de um templo como para um descon-
traído ambiente colonial: com as velas colo-
cadas em recantos e as grandes cabeças de
Buda que das paredes observam as mesas,
coabitam as cadeiras em palhinha e as plan-
tas colocadas em diversos pontos. Tudo
enquadrado pelas paredes de tom rosa e pelos
candeeiros vermelhos que criam, em determina-
das zonas, um ambiente intimista.
Além da sala principal, existe ainda,
numa mezzanine junto à entrada, um pequeno
reservado e, na cave, um bar.
O responsável pela cozinha é o chefe Leo
Channa, um tailandês que trabalhou na sua terra
natal e nos Estados Unidos antes de se fixar em
naga
Bangkok
143
Lisboa. Da extensa ementa fazem parte entradas
como a sopa de gambas ao milho de lima e leite
de coco, os rolinhos de vegetais, o langueirão
com lima e coentros, e as amêijoas ao funcho e
kaffir, bem como diversos pratos de caril, entre
os quais o caril vermelho de gambas, o caril
verde de porco e o caril amarelo de galinha.
Outras sugestões são o robalo ao vapor
com lima e ervas aromáticas; as ovas salteadas
ao molho vermelho; o porco salteado ao alhinho
e coentros; o pato com gengibre e cogumelos sel-
vagens; e o lombo com cebola roxa ao molho de
ostra; e ainda pratos vegetarianos como o caril
de tofu e os brócolos salteados com alhinho e
cogumelos. A lista de sobremesas inclui manga
com arroz-doce e sésamo, e pudim de abóbora
com leite de coco.
As bebidas integram, a par de uma selec-
ção de vinhos portugueses e champanhes, cerve-
ja da marca Singha e sete cocktails tailandeses.
Rua de São Pedro de Alcântara, 65 – Bairro Alto
Tel. 213 430 039 . Aberto de segunda-feira a sábado ao jantar
145
Numa antiga casa de habitação da paca-
ta zona da Lapa, foi inaugurado em 1996 o Nariz
de Vinho Tinto, um restaurante dedicado ao
receituário português. Fundado pelo jornalista
especializado em gastronomia e vinhos José
Matos Cristóvão, o estabelecimento passou em
2004 a ser propriedade de António Inácio, um
homem ligado ao ramo da restauração há mais de
duas décadas que manteve as características
essenciais do restaurante.
O espaço interior revela as suas interio-
res funções, já que consta de um pequeno vestí-
bulo e de duas salas também de tamanho reduzi-
do que, no total, podem albergar cerca de 35
comensais. As salas, com o chão em tijoleira e
uma fila de azulejos antigos a meio das paredes
brancas, têm um ambiente acolhedor mas distin-
to, para o que contribuem pormenores como uma
colecção de magníficas fotografias a preto e
branco de paisagens ou o serviço de loiça Real
Companhia Velha da Vista Alegre.
O cardápio, bastante extenso, é compos-
to exclusivamente por sabores portugueses: nas
entradas, algumas das sugestões são a cataplana
de cogumelos com camarão e os espargos verdes
com cogumelos selvagens ou com ovos mexidos;
Narizde vinho tinto
147
nos pratos principais, o cabrito assado no
forno, as enguias fritas com arroz de toma-
te, o arroz de lebre, a perdiz de escabeche,
o arroz de bacalhau com poejo, a açorda de
camarão de Moçambique, o pato real com
mel, e várias receitas de bacalhau, entre as
quais cozido e à lagareiro.
Das sobremesas faz parte uma das mais
apreciadas especialidades do Nariz de Vinho
Tinto, uma mousse de chocolate feita sem
açúcar ou adoçante, além de doces tradicio-
nais como a sericaia, o toucinho do céu, o
leite-creme, o puré de maçã e o pudim
abade de Priscos.
Extensa é, igualmente, a garrafeira,
parte da qual exposta no vestíbulo do restauran-
te, e que conta com mais de 150 referências. O
serviço é eficiente e atencioso.
Rua do Conde, 75 – Lapa
Tel. 213 953 035 . Encerra ao sábado e ao domingo ao almoço e à segunda-feira todo o dia
149
Instalado numa antiga fábrica de marga-
rina que foi integrada no empreendimento
Alcântara-Rio, o Nox Rio começou por ser um res-
taurante dedicado às carnes exóticas, servidas
grelhadas ou em fondue. Até que, em 2006, um
ano depois da inauguração, o estabelecimento
foi adquirido pelo casal Jorge e Luz Mendes, que
lhe imprimiu uma nova filosofia.
O ponto forte do restaurante são agora
os petiscos do Alentejo e da Andaluzia, a par de
outros criados por Luz Mendes, a responsável
pela cozinha. Entre as muitas propostas encon-
tram-se, por exemplo, os alfacinhas (rolinhos de
queijo e doce), o escabeche de perdiz, as pata-
niscas filigrana (assim chamadas devido à sua
reduzida espessura), as cabeças de espargos
nox
Rio
151
recheadas com queijo de cabra, a fritura de
legumes e a cabeça de xara. Outras especialida-
des são as manteigas feitas no restaurante, como
a de porco preto, e o pão, cozido ao momento.
Caseiros são igualmente todos os doces, como o
cheesecake e as várias mousses.
Na elaboração dos petiscos, Luz
Mendes utiliza apenas produtos frescos,
alguns dos quais trazidos de Espanha, como
os alcaparrões e o alho doce.
O Nox Rio mantém, no entanto, os fon-
dues e o grill de carnes exóticas, como o cangu-
ru, o crocodilo, o bisonte, o veado e a avestruz,
e ainda o bife do lombo com diversos molhos.
Além disso, de segunda a sexta-feira ao almoço
há uma ementa do dia, composta por sopa, dois
pratos de peixe, dois de carne e quatro acompa-
nhamentos, e ao domingo há várias sopas alente-
janas. Quanto aos vinhos, apesar da carta pouco
extensa, têm a vantagem de serem, na maioria,
servidos a copo.
O espaço é amplo e acolhedor, con-
jugando a traça antiga – patente no tecto
em abóbada – com uma decoração moderna
em que predominam as cores quentes. O
restaurante dispõe ainda de uma tranquila
esplanada, virada para a praça central do
empreendimento imobiliário.
Rua Fradesso da Silveira, 8, Loja A – Alcântara
Tel. 213 622 270 . Encerra ao sábado ao almoço e ao domingo, segunda e terça-feira ao jantar
153
Depois de ter dado provas do seu talento
com o restaurante Olivier, no Bairro Alto, que
tem a particularidade de servir apenas menu de
degustação, o chefe Olivier Costa decidiu expan-
dir a actividade abrindo, em finais de 2005, um
novo espaço com serviço a la carte, situado na
vizinha Rua do Alecrim.
Denominado Olivier Café, o restaurante
está instalado no local da antiga Cervejaria
Alemã e, além de um pequeno bar à entrada, dis-
põe de duas salas de aspecto algo sumptuoso, a
fazer lembrar o ambiente de alguns hotéis de
luxo. O material predominante é a madeira, em
tom escuro, a que se juntam os tecidos acetina-
Oliviercafé
155
dos de sofás e almofadas e os cristais dos can-
deeiros. Tudo sob uma iluminação que realça as
cores quentes, criando uma atmosfera intimista.
A ementa confirma a preferência de
Olivier Costa pela cozinha criativa e pelos sabo-
res mediterrânicos, patente em ingredientes
como o mel, a manga ou as trufas. Com estes e
outros ingredientes, parte dos quais são importados,
confeccionam-se pratos de carne como a manta de
porco preto com chutney de manga e vinagre de fram-
boesa, a vitela branca maturada com manteiga de
ervas e alho confitado, ou o foie gras fresco com
maçã caramelizada e puré crémé com trufa
preta; e receitas de peixe como os medalhões de
tamboril a la crème, o folhado de peixe com
camarão e espinafre, ou as vieiras com molho de
açafrão e cheiro de caril.
Como entrada são servidos diversos amu-
ses bouches, enquanto as sobremesas incluem
coulant de chocolate, sorbet de maçã verde com
vodka e manga com espuma de coco. A carta de
vinhos, embora relativamente curta, integra
alguns dos mais conceituados néctares portugue-
ses, nomeadamente do Alentejo e do Douro,
além de diversos champanhes.
Entre as quintas-feiras e os sábados, o Olivier
Café dispõe dos serviços de um disc jockey que selec-
ciona música para acompanhar o jantar.
Rua do Alecrim, 23
Tel. 213 422 916 . Aberto de segunda-feira a sábado ao jantar
157
No edifício do Teatro Aberto, à Praça de
Espanha, está instalado desde 2005 o Pano de
Boca, um estabelecimento dedicado à gastrono-
mia alemã de que são proprietários Detlef
Fischer, gestor do muito bem sucedido restauran-
te alemão que existiu na Expo'98, e o chefe
Walter Kilguss.
O restaurante, que tem a entrada princi-
pal nas traseiras do edifício, está instalado por
cima do foyer – que, aliás, se pode observar atra-
vés da grande abertura existente no meio da
sala. Ocupa um espaço amplo, confortável e
luminoso, graças às grandes janelas e portas em
vidro e a uma clarabóia. A decoração, a cargo do
designer Henrique Cayatte, consiste no essencial
em grandes fotografias, a preto e branco, de per-
sonagens teatrais interpretadas por actores por-
tugueses e numa enorme cortina vermelha (o
“pano de boca”) que cobre uma das paredes.
Quanto à ementa, o chefe Walter Kilguss
propõe, para começar, receitas como o creme de
galinha com fios de alho porro, natas e amên-
doas; o salmão fumado com creme de rábano,
caviar de salmão e crème fraîche; e os crepes
pano de
Boca
159
recheados com salmão fumado e espinafres
em molho de açafrão.
Os pratos principais incluem peito de
pato assado com molho Calvados e bolas de bre-
zel (uma espécie de pão estaladiço e salgado);
carne de vaca assada em molho de vinagre com
bolas de batata, bagas de murta e couve roxa;
medalhões de javali com molho de rosmaninho e
natas, cogumelos, bolas de brezel e couve de
Bruxelas; lombo de espadarte com arroz basma-
ti; lombo de cherne grelhado com brócolos,
amêndoas, batata cozida e molho de limão; e
ainda as inevitáveis salsichas e vários pratos
vegetarianos. Das sobremesas, destacam-se o
strudel de maçã com gelado de baunilha e
chantilly, e o bolo de semolina frita com
ameixas quentes.
A carta de bebidas, além de vinhos por-
tugueses, inclui quatro vinhos e três cervejas
alemães, bem como espumantes.
Rua Ramalho Ortigão – Teatro Aberto
Tel. 213 840 030 . Encerra ao sábado ao almoço, ao domingo ao jantar e à segunda-feira todo o dia
161
Pedro Calisto fez parte, em 1991, da
equipa inicial do restaurante Ali-a-Papa, onde se
apaixonou pela gastronomia e pela cultura de
Marrocos. Cinco anos depois, abria o Pedro das
Arábias, um estabelecimento cuja filosofia é ser-
vir pratos semelhantes aos que qualquer marro-
quino come em sua casa.
A tarefa não é, contudo, tão fácil quanto
possa parecer. Pedro viu-se, por exemplo,
forçado a deixar de servir batatas fritas
como acompanhamento de alguns pratos,
porque os clientes não acreditavam que em
Marrocos as comessem, embora elas sejam
presença constante nas mesas marroquinas.
À parte isso, a ementa do Pedro das
Arábias respeita o receituário marroquino,
integrando mesmo matérias-primas – como
algumas especiarias – que não se encontram
normalmente em Portugal, e que o próprio
Pedro Calisto traz das viagens que faz regu-
larmente a Marrocos.
Além de reiffes (uma espécie de pão
achatado), a lista inclui entradas como bakoula,
bouzroug e zeloug, todas baseadas em legumes.
pedrodasArábias
163
Nos pratos principais, servidos nas tradi-
cionais tijelas de barro colorido com tampa,
encontram-se diversas tagines de vitela, borrego
e galinha, cozinhados com ingredientes como o
lombardo, o queijo parmesão, o grão, a cebola,
ou as sultanas. Pode ainda optar-se por cuscuz
royal, com borrego, galinha, vegetais e mergaze
(um enchido tradicional), por cuscuz tifaya, com
galinha, sultanas, cebola e canela, ou pelo vege-
tariano cuscuz com legumes. Para sobremesa, a
ementa integra cornos de gazela (bolos rechea-
dos com amêndoa, assim chamados devido à sua
forma) e chebaquia (bolachas de mel), entre
outras, que podem ser acompanhadas pelo típico
chá de menta.
Quanto ao espaço, consiste numa sala
relativamente pequena e agradável, em que pon-
tificam as cores fortes, e decorada com peças
artesanais marroquinas, como pratos, espelhos,
instrumentos musicais e estatuetas.
Rua da Atalaia, 70 – Bairro Alto
Tel. 213 468 494 . Aberto de segunda-feira a sábado ao jantar
165
“Uma boa refeição, um bom copo e sem-
pre um amigo” é o lema d’O Poleiro, um estabe-
lecimento que há mais de duas décadas se dedi-
ca aos sabores tradicionais das várias regiões
portuguesas.
Fundado por Manuel Martins, um minho-
to apaixonado pelo Alentejo, o restaurante
ocupa três salas pequenas e acolhedoras, que
fazem lembrar uma casa de habitação devido aos
azulejos que cobrem a parte inferior das pare-
des, à tijoleira do chão, aos quadros pendurados
aqui e ali e à predominância das madeiras.
A supervisão da cozinha compete ao pró-
prio Manuel Martins, que há mais de 40 anos está
ligado ao ramo da restauração, ficando a parte
executiva a cargo da sua mulher, Conceição
o
Poleiro
167
Martins, que conta com o contributo da cozinhei-
ra Filomena Roque. Uma equipa que às receitas
tradicionais portuguesas junta um toque de cria-
tividade, do que resulta, por exemplo, a mistura
de sabores de diferentes regiões.
A ementa tem mais de 30 pratos fixos –
alguns dos quais, como o bacalhau frito com
arroz de feijão, constam dela desde o dia da
inauguração – e outros quatro ou cinco que são
alterados diariamente. As barriguinhas de porco
com massa de feijão, as pataniscas de camarão
com açorda de ovas, o cabrito frito com açorda
de coentros, o arroz de bacalhau, a vitela à bar-
rosã com tosta de centeio e o pernil avinhado
(em vinho verde) com arroz de feijão são algu-
mas das sugestões, todas confeccionadas ao
momento.
As entradas incluem, entre outros,
peixinhos da horta, gambas com cogumelos
e açorda de coentros, ovos mexidos com
espargos e linguiça, e saladas de ovas,
polvo, grão ou pimentos; e nas sobremesas
destacam-se os doces conventuais, como os
papos de anjo, as barrigas de freira, o pão
de rala e o pudim abade de Priscos.
A carta de vinhos é excelente, com cerca
de 300 referências, e o serviço, fazendo jus ao
lema d’O Poleiro, prima pela simpatia.
Rua de Entrecampos, 30-A
Tel. 217 976 265 . Encerra ao domingo
169
Num espaço em que outrora o seu trisa-
vô fabricava sapatos à mão, e que esteve fecha-
do ao longo de 40 anos, abriu Teresa Almeida em
finais de 2005 o Rosa da Rua, um restaurante em
que a antiga professora primária quis concretizar
a sua ideia de servir boa comida num ambiente
agradável e a preços equilibrados.
Quanto ao ambiente, o Rosa da Rua sur-
preende desde logo pelo invulgar aspecto inte-
rior. Da autoria do arquitecto Francisco Sequeira,
o projecto de decoração passou por tirar das
paredes o estuque, deixando à vista a estrutura
de madeira da chamada ‘gaiola pombalina’ e a
pedra que a preenche. Um ar rústico que con-
trasta com os painéis de madeira cor-de-rosa que
tapam o tecto e com as mesas e cadeiras funcio-
nais e de linhas modernas.
À hora do almoço, o Rosa da Rua funcio-
na em regime de buffet. Na ementa do jantar,
renovada sazonalmente, coabitam pratos portu-
gueses, tanto tradicionais como mais criativos,
com outros indianos e com um cabo-verdiano, a
moqueca de camarão. Da parte portuguesa
encarrega-se a própria Teresa Almeida, que pro-
Rosada rua
171
põe receitas como sopa de tamboril ou de toma-
te com ovo escalfado, bacalhau à lagareiro, raia
com molho de pimento, cabrito no forno ou
bochechas de porco preto em massa folhada.
Já os pratos indianos, entre os quais
o ambitoque de lulas, o caril de gambas de
Goa e o caril de porco do Punjab, resultam
do facto de Teresa ter contratado como
empregado um indiano que trabalhou como
servente nas obras do restaurante e a
mulher deste, que assim se pôde juntar ao
marido em Portugal. Por fim, a moqueca –
tal como outros pratos de Cabo Verde, con-
feccionados só por encomenda – está a
cargo de uma ajudante de cozinha natural
deste país africano.
Nas entradas, destaca-se uma vasta
oferta de queijos e patés caseiros, enquan-
to as sobremesas incluem crepes, pudim de
laranja e marquise de chocolate.
Rua da Rosa, 265 – Bairro Alto
Tel. 213 432 195 . Encerra à segunda-feira
173
Gerido pelos irmãos José António e
Susana Nunes, o Solar dos Nunes é um restauran-
te inteiramente dedicado à gastronomia portu-
guesa, com realce para as receitas típicas do
Alentejo.
Inaugurado em 1988, o estabelecimento
tem três salas confortáveis e acolhedoras, com
uma decoração condizente com a oferta gastro-
nómica. Logo à entrada, sobre um balcão pen-
dem presuntos, farinheiras, alhos e cebolas, a
que se juntam pratos decorativos, uma balança
antiga e panelas em cobre dispersos por todo o
restaurante. O chão em calçada portuguesa, o
azulejo na parte de baixo das paredes, as vigas
de madeira visíveis no tecto, um pequeno telhei-
ro a separar a primeira sala da segunda e as
dezenas de fotos de celebridades, diplomas de
prémios gastronómicos e cópias de artigos da
imprensa completam o quadro.
O cardápio é composto por cerca de 60
pratos fixos e alguns sazonais, além de duas
sugestões diárias ao almoço. Entre os fixos está a
sopa de peixe, feita e servida em panela de
pedra – que integra a lista há 19 anos e já con-
solardosNunes
175
quistou o primeiro lugar em dez concursos de
gastronomia –, e o caldo de robalo com poejos, a
açorda de alho com bacalhau, o peixe-galo frito
em azeite com açorda das suas ovas, a cataplana
de porco com marisco, a lebre guisada no pote
de ferro com feijão branco e o cabritinho do
monte no carvão. Nas respectivas épocas, podem
apreciar-se receitas de pombo bravo, tordos,
entrecôte de gamo, sável e lampreia.
Completam a ementa entradas típicas como a
salada de fígado de porco preto, os cogumelos ao
alhinho, os queijos de Azeitão e da serra e a fari-
nheira de Serpa, e sobremesas como a sericaia com
ameixas de Elvas, a tarte de requeijão, a enchar-
cada de Mourão e a macedónia tropical (um prato
composto por várias frutas).
Uma boa carta de vinhos e um serviço eficiente e
atencioso são outros dos trunfos do Solar dos Nunes.
Rua dos Lusíadas, 70 - Alcântara
Tel. 213 647 359 . Encerra ao domingo
177
Situado ao lado da Calçada do Lavra, o
Solar dos Presuntos foi fundado em 1974 por
Evaristo Cardoso, um minhoto que desde então
se dedica à gastronomia portuguesa, e em parti-
cular à da região de onde é proveniente.
Antes ainda de se entrar no restau-
rante, podem apreciar-se, na montra, os
presuntos que lhe dão o nome, ao lado de
enchidos, peixes frescos e mariscos – outros
dos produtos em que o estabelecimento se
especializou. Passada a porta, além de um
aquário com mais mariscos, encontra-se
uma sala ampla, de aspecto moderno, em
cujas paredes se podem observar dezenas
de caricaturas de personalidades, sobretudo
ligadas ao futebol e às artes, além de foto-
grafias, pinturas e desenhos. Nos dois anda-
res acima, ficam outras tantas salas, com
uma decoração semelhante à primeira, mas
mais recatadas.
A ementa, bastante diversificada, vai
sofrendo alterações consoante os produtos fres-
cos disponíveis, mas também integra pratos
fixos, como o cabrito no forno, a perdiz estufada
solar dos
Presuntos
179
com cogumelos, os medalhões de porco com
bacon, a maionese de cherne com gambas ou de
lagosta e várias receitas de bacalhau, entre as
quais à Narcisa e recheado com presunto. O
peixe fresco é servido grelhado ou ao sal e os
mariscos podem ser degustados em entradas –
entre as quais salada de frutos do mar e sapatei-
ra recheada – e em pratos principais, como a fei-
joada de marisco, a paella de marisco, ou a açor-
da de gambas. Todos os dias há, ainda, uma espe-
cialidade, de que se destacam o arroz de cabide-
la, à terça-feira, e o cozido à minhota com
enchidos de Monção, à quarta-feira; além disso,
na época própria, o Solar dos Presuntos também
serve sável e lampreia.
A lista de sobremesas inclui o pão-de-ló
de Monção com doce de ovos, o toucinilho, o
cheesecake e o doce da avó. A oferta completa-
se com uma excelente carta de vinhos, compos-
ta por cerca de 450 marcas.
Rua das Portas de Santo Antão, 150
Tel. 213 424 253 . Encerra ao domingo e feriados
181
Por influência da irmã, que viveu na
Rússia, e de um grupo de amigos, Isabel Nolasco
abriu em 1994 o Tapadinha, um restaurante de
gastronomia russa e de outras repúblicas da anti-
ga União Soviética.
Situado em Alcântara, o restaurante dis-
põe de duas salas – uma no rés-do-chão e outra,
de maiores dimensões, no piso de baixo – devida-
mente decoradas de acordo com a estética russa,
e em particular com o construtivismo, como está
patente nos cartazes suspensos nas paredes, no
mobiliário e nas próprias cores dominantes, o
preto, o vermelho e o cinzento.
A cozinha está sob a responsabilidade do
ucraniano Viktor Kusmak, um chefe com expe-
riência em hotéis de luxo que propõe um menu
semelhante ao existente nos restaurantes de
qualidade da Rússia.
A ementa por ele concebida, e que é
alterada pontualmente, integra, para iniciar a
refeição, sopa do mar ou de beterraba com natas
russas, salada do amor com beterrabas e nozes,
peixe picante marinado com vodka limão, ou
panquecas russas com caviar de esturjão. De
Tapadinha
183
seguida, as opções incluem peito de frango
Kiev recheado com vegetais, ravioli russos
de carne com quatro molhos, garoupa crua
preparada à maneira russa, tártaro de sal-
mão com cebolinho fresco, e vegetais
recheados com carne em molho de tomate.
E, como sobremesas, podem apreciar-se
natas ácidas com doce de frutos silvestres,
morangos macerados em licor de laranja e
tarte de requeijão com doce de frutos sil-
vestres. À ementa fixa juntam-se, em cada
dia, uma entrada, dois pratos principais e duas
sobremesas diferentes.
Para beber, além de uma selecção de
vinhos portugueses, o Tapadinha tem alguns
vinhos georgianos e moldavos, bem como sete
variedades de cerveja da marca Baltika. A espe-
cialidade do restaurante é, no entanto, a vodka,
servido em shots – com 16 aromas diferentes – ou
como parte integrante de aperitivos e digestivos.
Calçada da Tapada, 41-A – Alcântara
Tel. 213 640 482 . Encerra ao domingo
185
Situado junto ao Jardim do Príncipe
Real, no piso térreo de um prédio oitocen-
tista, o Terra é um espaço dedicado à gas-
tronomia vegetariana fundado em 2004 pelo
casal Luciano Cruz e Maria Teresa Anselmo,
que abandonaram as suas carreiras noutras
áreas para criar “um restaurante deliciosa-
mente saudável, socialmente solidário e
ecologicamente responsável”.
Estas preocupações levam a que no
Terra só se usem produtos frescos e, sempre
que possível, de agricultura biológica na
elaboração da ementa, que muda diaria-
mente. Para permitir aos clientes descobri-
Terra
187
rem os diferentes sabores, o restaurante fun-
ciona sempre em regime de buffet.
A cozinha, comandada pelo chefe Carlos
Medeiros sob a supervisão de Luciano Cruz, adap-
ta pratos das cozinhas tradicionais portuguesa,
indiana, angolana e chinesa para confeccionar,
por exemplo, pataniscas de grão, seitan à Brás
ou à Gomes de Sá, feijoada com batata-doce,
caldeirada, croquetes de vegetais e filetes com
arroz de tomate, além de caril, pastas e pizzas,
de uma forma que leva muitos clientes a ques-
tionar se não foram, de facto, utilizados os ingre-
dientes das receitas originais.
A carta de vinhos é exclusivamente com-
posta por néctares de agricultura biológica, dos
quais três portugueses e oito franceses. De agri-
cultura biológica são ainda um espumante, um
Porto, uma cerveja, um whisky e diversos refri-
gerantes, bem como a maioria dos 50 chás e tisa-
nas disponíveis.
As instalações do restaurante – onde as
refeições são sempre acompanhadas por música
clássica – compreendem duas salas acolhedoras,
decoradas com mobiliário antigo e peças de arte-
sanato das mais diversas proveniências. Nas tra-
seiras, integrada num agradável jardim, há uma
esplanada.
O Terra tem ainda uma pequena loja
onde vende produtos biológicos, de comércio
justo e artesanato, como chás, incenso ou pro-
dutos de higiene pessoal naturais.
Rua da Palmeira, 15 – Príncipe Real
Tel. 707 108 108 . Aberto todos os dias
189
De uma parceria da Quinta das Lágrimas
com Vítor Sobral nasceu em 2004 o Terreiro do
Paço, um estabelecimento onde o conceituado
chefe dá a provar as suas interpretações do
receituário português.
O restaurante ocupa um amplo e lumino-
so espaço onde os elementos e materiais carac-
terísticos dos edifícios pombalinos, como os tec-
tos abobadados em tijolo burro e os arcos em
pedra, convivem com a decoração concebida
pelo arquitecto Silva Dias, em que predominam
as madeiras e o mármore branco, resultando o
conjunto num ambiente sóbrio, sofisticado e
confortável.
A entrada inclui uma zona de espera, um
bar, uma loja gourmet e quatro mesas de refei-
ções, além da escadaria que dá acesso ao pri-
meiro piso, onde se encontra a sala principal.
Nas traseiras existem duas outras salas, destina-
das a grupos, e, sob as arcadas da Praça do
Comércio, funciona uma esplanada durante o Verão.
Quanto à ementa, as propostas incluem,
nas entradas, pintada confitada em salada, goia-
ba no forno, tomate seco e pinhões; e tártaro de
Terreirodo paço
191
bacalhau fresco e caviar de salmão, gaspacho de
pêra rocha e cebolinha. Nos pratos principais,
algumas opções são o bacalhau fresco panado
com maçã, mousse de camarão e legumes sal-
teados com coentros; o cherne no forno com
compota de caldeirada, espargos e farofa de
malagueta; as bochechas de porco preto grelha-
das com manga grelhada e emulsão de coentros;
e as costeletas de borrego braseadas com grati-
nado de batata, queijo de cabra e uvas. Ao almo-
ço, há um prato do dia com receitas mais tradi-
cionais, como a favada com porco preto ou o
arroz de cabidela.
Da lista de sobremesas, destacam-se
o crocante de maçã reineta e fava de tonka
com gelado de mação verde e gengibre con-
fitado; o pudim de leite de cabra com geleia
de tomate, mel e alecrim; e vários gelados
de legumes. A carta de vinhos tem 150
opções, algumas das quais estrangeiras.
Praça do Comércio – Lisboa Welcome Center
Tel. 210 312 850 . Encerra ao sábado ao almoço e ao domingo todo o dia
193
Numa ala do antigo Convento das
Bernardas, um edifico do século XVII situado na
zona da Madragoa, está instalada A Travessa, um
restaurante de cozinha internacional com ten-
dências belgas e portuguesas. O estabelecimento
foi fundado em 1978, no Bairro Alto, por Viviane
Durieu, que começou por apostar na cozinha da
sua Bélgica natal, mas a entrada na sociedade de
António Moita veio diversificar a oferta.
Em 2001, A Travessa mudou-se para a
localização actual, onde dispõe de duas salas. Na
primeira, pequena, com o chão em pedra, existe
um bar e algumas mesas de refeições, uma das
quais sob uma enorme chaminé, tudo iluminado
apenas pela luz do dia e por velas, uma vez que
nesta zona não há luz eléctrica. A sala principal
é ampla, de chão em tijoleira e tecto alto
em abóbada forrado a tijolo, e decorada
com móveis antigos, entre os quais várias
cristaleiras arte nova e as mesas e cadeiras,
que têm a particularidade de serem de dife-
rentes estilos e configurações. Várias jane-
las e portas, numa das paredes, permitem
ver o claustro, onde existe uma esplanada.
a
Travessa
195
Sob o comando do chefe Miguel
Medeiros, a cozinha prepara diariamente uma
ementa diferente, de acordo com os produtos
disponíveis no mercado. A lista de entradas inclui
petiscos como ovos mexidos com cogumelos sel-
vagens, queijo de cabra com doce de morango e
pimentos de Padrón. Nos pratos principais,
algumas das especialidades são raia com
manteiga queimada e alcaparras, tamboril
flamejado com conhaque, linguado em man-
teiga, lombo de veado com cogumelos sel-
vagens, onglot com chalotas e tornedó de
touro bravo. E, ao sábado, podem apreciar-
se mexilhões confeccionados à maneira
belga (os célebres “moulles”).
Completa a oferta uma boa carta de
vinhos, em que coexistem marcas de refe-
rência com néctares de pequenos produto-
res. O serviço é eficiente e atencioso, sem
cair em formalismos excessivos.
Travessa do Convento das Bernardas, 12 – Madragoa
Tel. 213 902 034 . Encerra ao sábado ao almoço e ao domingo todo o dia
197
Inaugurado em 1999 por Antero
Jacinto e Maria Vieira, o Varanda da União é
um restaurante dedicado à gastronomia por-
tuguesa, a que se juntam alguns pratos de
cozinha internacional, e que tem a particu-
laridade de estar instalado num sétimo
andar sobranceiro à Avenida da Liberdade
de onde se desfruta de uma vista magnífica
que abrange o Tejo e a Margem Sul, o
Castelo de São Jorge e a Baixa Pombalina.
O interior do restaurante é composto por uma
sala ampla em que predominam as madeiras do chão e
das mobílias e os tons claros das paredes e das toalhas
que, juntamente com os quadros retratando paisagens
de Lisboa, criam um ambiente familiar e confortável.
Além desta sala principal, existe ainda um reser-
vado com capacidade para 20 pessoas e a varan-
da que dá o nome ao local, com mesas onde se
pode tomar uma bebida, uma vez que o estabe-
lecimento também funciona como bar.
Varandada união
199
A ementa inclui, para começar a refei-
ção, salada de gambas com frutos tropicais, viei-
ra gratinada au fine champagne, fumado misto
de peixes e sopa de cebola gratinada à francesa
ou de peixes; nos pratos principais, encontram-se pro-
postas como o camarão tigre à africana, os file-
tes de linguado, o bacalhau recheado, as tran-
ches de cherne na canoa à marinheiro, a sela
de cordeiro em crosta, o naco de vitela com
lagosta, os lombinhos de porco com molho de
mostarda e o cabrito montanhês no churrasco à
africana; para terminar, a lista de sobreme-
sas integra doces tradicionais como os cre-
pes Suzete, o toucinho do céu e o pudim
abade de Priscos, além da tábua de queijos
e de diversos gelados.
A carta de vinhos é bem composta, com
cerca de 150 referências das várias regiões por-
tuguesas e alguns champanhes. O serviço é efi-
ciente e simpático, e inclui estacionamento para
os clientes, a cargo do porteiro. Ao jantar, pode-
se ainda apreciar o som do piano tocado ao vivo.
Rua Castilho, 14-C, 7º andar
Tel. 213 141 045 . Encerra ao sábado e feriados ao almoço e ao domingo todo o dia
201
Servir cozinha de fusão e dos mais
variados países é a filosofia do Viagem de
Sabores, um restaurante instalado desde
2001 num edifício oitocentista junto à Sé de
Lisboa.
O espaço revela a sua idade em por-
menores como o chão em pedra e o arco no
tecto que divide a sala em suas partes, com
os quais condizem a mobília de madeira
escura e design clássico e as velas sobre as
mesmas. No entanto, a restante decoração,
grandemente baseada em jogos de luz, dá ao
Viagem de Sabores um aspecto geral moderno e
sofisticado, e simultaneamente algo intimista:
viagemde Sabores
203
sobre o balcão do bar, pende um grande can-
deeiro laranja em forma de zeppelin, na pare-
de ao fundo da sala, estão pendurados dois
painéis de cera em tons de vermelho com
iluminação por detrás; e até as pequenas
portas de vidro que dão acesso ao bar e à
cozinha são iluminadas por velas colocadas
no seu interior – elementos a que se
juntam uma enorme ventoinha suspensa
do tecto e as cores fortes que cobrem
parte das paredes.
Sob a responsabilidade do chefe italiano
Peterson Risaffi, que às receitas originais acres-
centa o seu toque pessoal, a cozinha elabora
uma ementa que é renovada a cada seis meses,
mas mantém um prato desde a inauguração, os
escalopes de foie gras. Além desta especialida-
de, podem encontrar-se entradas como sopa de
camarão e coco, rema fumada assada e folhado
de espargos; pratos principais como borrego à
iraquiana, filete de perca à turca, vieiras com
tagliatelle, caril indiano de peixe-gato, e peito
de pato com laranja; propostas vegetarianas
como lasanha de espinafres e rolo de rúcula
recheado; e sobremesas como tarte de limão,
delícia de castanhas e sopa de papaia.
O menu integra ainda, semanalmente,
uma sugestão do chefe composto por uma sopa,
uma entrada, um prato principal e uma sobre-
mesa. A carta de vinhos, de média dimensão,
abrange as principais regiões portuguesas.
Rua de São João da Praça, 103 – Sé
Tel. 218 870 189 . Aberto de segunda-feira a sábado ao jantar
205
O VírGula é um projecto de seis amigos
que, num antigo armazém de sal abandonado,
situado a escassos metros do Tejo, abriram no
final de 2004 um restaurante onde se pratica
cozinha de pesquisa e de autor com base no
receituário português.
Graças aos projectos de recuperação, da
autoria do arquitecto Luís Casal Ribeiro, e de
decoração, concebido por Maria do Carmo Pais, o
antigo armazém – um edifício amplo, com um pé
direito altíssimo – é agora um espaço onde o ar
industrial presente nas estruturas de metal con-
vive com as cores quentes, com o design do
mobiliário e com as obras de arte para criar um
aspecto geral desafogado mas acolhedor, sóbrio
mas requintado.
À entrada, o VírGula tem um comprido
balcão com bancos altos, ao lado dos quais existe uma
zona de bar com sofás e mesas baixas. Ao fundo, fica a
sala de refeições, com o lado sul completamente envi-
draçado, de modo a permitir o desfrute da vista do
Tejo, da Margem Sul e da Ponte 25 de Abril.
VírGula
207
Da sala pode ainda observar-se a cozi-
nha, onde a equipa comandada pelo chefe
Bertílio Gomes prepara criações como, nas entra-
das, terrina de foie gras com queijo de figo em
carpaccio e azeite de chocolate; e dome inverti-
do de bacalhau, espuma de batata e azeite de
chouriço; e, nos pratos principais, rodova-
lho com escamas de limão confit; abrótea
arrepiada com xerém de amêijoa da ria e
vegetais do mar; sela de coelho com paio de
porco alentejano e nabiças, nabinhos cara-
melizados e nozes; pato com figos assados,
batata de baunilha e molho de foie gras;
lombo de novilho na frigideira com lasanha
de boletus e creme de pata negra. Ao almo-
ço, há uma ementa específica, com pratos
menos elaborados.
As sobremesas, a cargo do chefe
Paulo Torres, integram fofo de chocolate
amargo, parfait de maracujá e uma degus-
tação de conventuais, e a carta de vinhos,
excelente, tem cerca de 200 referências.
Rua da Cintura do Porto de Lisboa, 16, Armazém B – Cais de Santos
Tel. 213 432 002 . Encerra ao domingo
209
O XL abriu em 1994 na Rua de São Bento,
quando Vasco Gallego decidiu fundar um restau-
rante que servisse os pratos que ele próprio apre-
cia, mudando-se dois anos depois para a actual
localização, ao lado da Assembleia da República.
O restaurante está instalado num local
que, há algumas décadas, era ocupado por seis
pequenas lojas de artesãos, particularidade de
que herdou vários arcos espalhados pela sala. A
zona de refeições distribui-se em torno do balcão
existente ao centro, junto do qual há também
uma zona de bar.
Quanto à decoração, imperam o
branco das paredes e o castanho das madei-
ras, a par de alguns pormenores em tons
quentes. Elementos que, juntamente com os
arcos, os tectos trabalhados, os grandes candela-
bros colocados em diversos pontos – o maior dos
quais, com cerca de dois metros de altura, logo
à entrada – e o design clássico das cadeiras (de
nove tipos diferentes), criam um ambiente retro
chic confortável e intimista.
A ementa, muito extensa e baseada
sobretudo na gastronomia portuguesa, apresenta
XL
211
sugestões como, nas entradas, os ovos de codor-
niz fritos, o polvo à galega e as gambas panadas;
e, nos pratos principais, o bacalhau no forno ou
à Brás, a raia au beurre noir, cataplana de porco,
o folhado de frango com mostarda de Dijon, o
rosbife e o magret de pato. São especialidades
do XL os soufflés – entre os quais de camarão, de
peixe, de carne, de feijão verde e de bacalhau –
e os bifes, confeccionados de mais de dez manei-
ras diferentes. Nas sobremesas, as escolhas
incluem, por exemplo, crème brûlée, crocante
de chocolate com praliné de amêndoa, trouxas
de ovos e sorbet de limão com vodka.
Também a carta de vinhos é muito exten-
sa, contando mais de 300 referências, incluindo
vinhos de mesa estrangeiros, champanhes e
colheitas tardias. O serviço, competente e aten-
cioso, inclui o estacionamento de automóveis.
Calçada da Estrela, 57
Tel. 213 956 118 . Aberto de segunda-feira a sábado ao jantar
213
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