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Os trinta anos da Liga dos Amigos do Hospital de Santo António

Junho de 2007 1

Desde a sua inauguração, nos finais do

séc. XVIII, o Hospital pertenceu à Santa Casa

da Misericórdia do Porto e, assim, à Cidade.

Durante duzentos anos foram, na prática, os

cidadãos do Porto que se “responsabilizaram”

pelo bom funcionamento e desenvolvimento

do Hospital. Mas a solidariedade caritativa

deu lugar a uma segurança ou previdência

social da responsabilidade do Estado já em

1968, quando o HGSA passou a ser Hospital

Central, com leis e financiamento vindo do

Estado.

Em 1975, com a Nova Constituição da

República, a Saúde passou a ser considerada

um direito e aquando do incêndio da ala Norte

do velho Hospital em 1976 já “ninguém” do

Porto era responsável por ele. Valeu-nos ser

Secretário de Estado um “Homem” do Porto e

do Hospital: o Dr. Paulo Mendo. Também

outro acaso fez com que aparecesse um

benfeitor anónimo que quis contribuir para a

rápida reconstrução do Hospital. Era

necessário criar algo que oficialmente pudesse

tornar legais todas as ofertas, todas as ajudas

ao Hospital. Por iniciativa de vários e do Dr.

Luiz Roseira, então Anestesista do Hospital

mas com um passado notável de Humanista e

de “ajuda desinteressada” pelos doentes, é

fundada a Liga em 1977, com escritura

publicada no DR em 1 de Julho. Muitos do

Hospital e fora dele se juntaram neste

projecto, que tornava possível que “outra vez”

a Comunidade pudesse ajudar o Hospital

naquilo que não fosse da responsabilidade do

Estado ou em que o Estado não se sentisse

responsável. A ligação entre a cidade e o seu

Hospital estava agora refeita através da LIGA.

Claramente que os primeiros tempos

não foram fáceis e depressa o primeiro

Presidente (Dr. Helder Martins Leitão-

Advogado) se demite. Mas logo o Dr. Luiz

Roseira 1 (fig. 1) o substitui e começa a

organizar um amplo conjunto de serviços de

apoio aos doentes. O núcleo inicial de 6

Voluntárias já é de 31 em 1981. Chegam

então a ter que solucionar os problemas dos

doentes crónicos e a sua transferência para

lares, pois que até 1985 não havia um

verdadeiro Serviço Social no Hospital e eram

as VOLUNTÁRIAS os “anjos da guarda “ de

muitos e muitos doentes.

Fig.1 – Dr.Luiz Roseira e Irene Gaspar (Dez.2004)

Entretanto começa a haver mais e mais

“benfeitores” – Sócios, Empresas, Câmara

Municipal, Governo Civil do Porto – que se

associam a todo este movimento de

1 Dr. Luiz Roseira, então Médico do Serviço de

Anestesia do HGSA

Os trinta anos da Liga dos Amigos do Hospital de Santo António

Junho de 2007 2

solidariedade e a LIGA inicia um Peditório

anual pela cidade, em 3 dias da Semana

dedicada à LIGA, em Maio de cada ano.

Certamente que o rápido crescimento da

Liga não correspondeu, nestes primeiros 10

anos, a um apoio administrativo adequado,

pelo que houve várias dificuldades e de 1987

a 1993 a Presidência da LAHSA passou a ser

do Dr. Rocha e Melo 2 (2), assessorado pelo

Dr. Albino Aroso e pela Dr.ª Irene Oliveira

(Economista), além de muitos outros

Membros da Direcção, do Conselho Fiscal e

da Assembleia Geral. Fez-se a consolidação

de todo o trabalho anterior e a LIGA comprou

e instalou todo o equipamento de ar

condicionado para o S.U., uma câmara de

vídeo e TV para a Neurofisiologia, vário

equipamento para a Nefrologia e Cuidados

Intensivos, colchões para hemiplégicos e

mesas de cama em plástico para a Medicina 1,

cama especial e acessórios e vídeos para TCE,

etc. tendo-se assim excedido, na altura, o que

estava estatutariamente estabelecido como

função da LAHSA. Foi em 1988 que, através

da Liga e do seu ex-Presidente do Conselho

Fiscal, Dr. Artur Santos Silva, o BPI

disponibiliza verbas para a instalação de um

bloco cirúrgico do Hospital.

Em 1987 já há 150 voluntárias que

mantêm: “...um Serviço de Balcão

2 Dr. Rocha e Melo, ex. Director do Serviço de

Neurocirurgia do HGSA

/Atendimento e informação (fig. 2); um grupo

de apoio na Consulta Externa, RX e algumas

Especialidades; um Serviço de pequenos-

almoços na Consulta de Oncologia (fig. 3);

um serviço de visita diária a doentes

internados, a distribuição de jornais e revistas,

ou de roupas para os necessitados, a

comparticipação em medicamentos e próteses,

em deslocações, em pernoitas para os

familiares dos doentes, a doação de

Televisões onde os Serviços do Hospital

achassem de utilidade para os doentes, cinema

para doentes no salão nobre do Hospital, etc.”

Fig.2 – Atendimento no Balcão da LIGA (2005)

Fig.3 – Preparando pequenos-almoços

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A LIGA foi reconhecida como

INSTITUIÇÃO PRIVADA DE

SOLIDARIEDADE SOCIAL (IPSS) em 5 de

Julho de 1989, ainda sob a Direcção do Dr.

Luiz Roseira, que em todos estes anos criou

uma estrutura exemplar em defesa do

VOLUNTARIADO SOCIAL nos Hospitais.

A LAHSA é já então um modelo

nacional que leva a que muitos outros

hospitais do País sejam incentivados a

criarem a sua própria LIGA.

Em 1989 os Serviços do Hospital são

dotados de três quartos das disponibilidades

financeiras da LIGA para que possam adquirir

equipamentos para a humanização e bem estar

dos doentes! Em Dezembro do mesmo ano é

estabelecido um protocolo com o BPI para a

construção e equipamento de um bloco

operatório para o Serviço de Neurocirurgia.

De 1993 a 1998 a Direcção da LAHSA

volta a estar a cargo do Dr. Luiz Roseira, do

Dr. A Strecht Ribeiro (Vice-Presidente) e do

Enf Bento Ferreira (1º Secretário) e o

Voluntariado foi aumentando para cerca de

300, a rede de som e de televisão generalizou-

se, a presença das VOLUNTÁRIAS passou a

fazer parte do universo hospitalar.

Foi em 1994 que a Empresa Soares da

Costa, com base em projecto do Arq. Carlos

Loureiro, reconstruiu, na área do ex-CICAP e

em zona cedida pela Direcção do Hospital, as

instalações para a Direcção da LAHSA e para

os seus Serviços Administrativos. A Empresa

FAGO encarregou-se de a mobilar e assim

foram criadas condições condignas para um

adequado funcionamento da LIGA.

Em 2 de Outubro do ano de 1998, sua

Exª. o Sr. Presidente da República, Dr. Jorge

Sampaio, agraciou a Liga dos Amigos do

Hospital de Santo António com o título de

Membro Honorário da Ordem de Mérito.

Fig.4 – Dr. Paulo Mendo (2004)

Em 1999 o Dr. Paulo Mendo 3 (fig. 4)

passou a ocupar a Presidência da Direcção da

Liga dos Amigos do Hospital de Santo

António, tendo como membros da sua

Direcção individualidades extremamente

dedicadas a esta causa: Dr.ª Irene Oliveira

(Vice-Presidente), Maria Helena Magalhães

Carneiro (1º Secretário), Dr.ª Maria Teresa

Salvador Macedo Pinto (2º Secretário),

3 Dr. Paulo Mendo, ex. Director do Serviço de

Neuroradiologia, ex. Ministro da Saúde, ex. Director

do HGSA

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Maria Catarina Barbosa (Tesoureiro), com

os seus Vogais, Suplentes, Conselho Fiscal e

Mesa da Assembleia Geral, que nos abstemos

de inumerar, e em 2003, no seu 2º mandato o

Dr. Paulo Mendo afirma categoricamente que

nos 25 anos já passados “A Liga tem

contribuído decisivamente para uma

acentuada melhoria da qualidade do

atendimento do doente” (fig. 5).

Fig.5 – Voluntárias em preparação para o DIA DO

DOENTE

Em 1999 os objectivos eram o da

melhoria das condições de trabalho do corpo

do Voluntariado e o de melhorar o apoio da

Liga aos Serviços instalados no novo pavilhão

(Edíficio Dr Luís de Carvalho). Assim, o

Hospital reaproveitou as instalações da antiga

consulta de Cardiologia, no sub-solo da ala

Norte, tendo-a recuperado totalmente. O BPA

– hoje Millenium/BCP – mobilou toda esta

área. Infelizmente a breve prazo se notou que

era impossível a recuperação dessa área em

condições de perfeita habitabilidade. O

segundo objectivo foi alcançado com

distribuição de pequenos-almoços nas salas de

espera da Consulta de Ortopedia e nas novas

instalações do ambulatório de Oncologia,

longe dos bares do Hospital e com doentes

com difícil mobilidade. Iniciou-se também o

apoio regular ao Serviço de Fisiatria, então

sediado no Hospital Conde Ferreira. Foi neste

ano que a Liga passou a ter um endereço na

Internet: lahsa@mail.telepac.pt, que ainda

hoje também se mantém.

Os anos seguintes foram principalmente

dedicados à consolidação de todo o trabalho

da Liga – incluindo o da angariação de fundos

– e à FORMAÇÃO (2 cursos por ano) (fig.6),

a reuniões para avaliação do trabalho de cada

grupo e para a programação mensal. Em 2000

o corpo de voluntariado era constituído por

210 VOLUNTÁRIAS/OS e 40

ESTAGIÁRIOS.

Fig.6 – Curso de FORMAÇÃO de novos

VOLUNTÁRIOS

Em 2001 a LIGA passou a ter 300

VOLUNTÁRIOS/AS. Coincidindo com as

comemorações do Ano Internacional do

Voluntariado foi desenvolvida uma intensa

actividade de expansão, desenvolvimento,

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troca de experiências e conhecimentos entre

instituições de voluntários (figs. 7, 8 e 9).

Fig.7 – Número de Voluntários(as) de 1977 a 2007

0

5

10

15

20

25

30

<50 anos 51-60 61-70 >70anos

Masc.Fem.

Fig.8 – Voluntário(as), por sexo e idade, em 2007.

LIGA DOS AMIGOS DO HOSPITAL DE SANTO ANTÓNIOORGANIGRAMA

DIRECÇÃO

SERVIÇOSADMINISTRATIVOS

E AUXILIARES

PELOURO DOVOLUNTARIADO

Assembleia geralConselho Fiscal

URGÊNCIAPEDIATRIA

ONCOLOGIA

PE DIABETICO

ENFERMARIAS

OFTALMOLOGIA

COORDENAÇÃO

BALCAO CENTRAL

TRANSPLANTADOS(NAIDT)

ORTOPEDIA

CARDIOLOGIA

FISIATRIA

MASTECTOMIZADASECONOMATO

CARRINHO VENDAS

Fig.9 – Organigrama da Liga dos Amingos do HSA.

Em 2005, após eleições, a Direcção

mantém-se e somente o Presidente Dr Paulo

Mendo (que passa a Presidente da

Assembleia Geral) é substituído pelo Dr

Benvindo Justiça 4(4). Todas as rotinas são

continuadas (figs. 10 e 11), procuram-se

receitas através de algumas iniciativas, faz-

se um “site” da LAHSA (www.lahsa.pt) que

a breve prazo se torna útil para inscrição de

sócios e de candidatos a voluntárias.

Fig.10 – Reunião do Voluntariado em distribuição de

Diplomas e Insígnias (2005)

Fig.11 – Presidente e Vice-Presidente em distribuição

de Diplomas e insígnias (2005)

4 Dr. Benvindo Justiça, ex. Director do Serviço

de Hematologia Clínica do HGSA

0

50

100

150

200

250

300

350

1977 1987 1997 2007

Os trinta anos da Liga dos Amigos do Hospital de Santo António

Junho de 2007 6

O Hospital disponibiliza novas

instalações para o VOLUNTARIADO (3º

andar do Edifício clássico) (Janeiro de

2006) (fig. 12) e finalmente a LIGA é

auditada para o processo de

REACREDITAÇÃO DO HOSPITAL

recebendo os maiores elogios por tudo

quanto o nosso VOLUNTARIADO tem

feito em relação à HUMANIZAÇÃO dos

doentes do nosso Hospital (Janeiro 2007).

Fig.12 – O Voluntariado nas suas novas instalações

(2006)

Em 2006 o Voluntariado continuou as

acções que vinha desenvolvendo nos anos

anteriores e que se resumem a:

• Dar lembranças a todos os doentes no dia

do Doente, na Páscoa, no Dia Mundial da

Criança e no Natal.

• Distribuir ramos de flores aos doentes que

fizeram anos e estavam internados ou às

parturientes (1.276)

• Distribuir diariamente jornais e revistas

(10.778).

• Fornecer equipamento de Humanização

(Televisões, rádios, etc.).

• Dar aos mais necessitados pijamas,

roupões, camisas de noite, chinelos,

brinquedos, ajuda em medicamentos,

pernoitas a familiares de doentes, etc.

• Servir pequenos-almoços aos doentes das

Consultas de Oftalmologia, Oncologia,

Ortopedia e Pé Diabético (63.589)

Em 2006 ainda fizemos obras nas

instalações da LIGA (Voluntariado, Direcção

e Balcão de Atendimento no átrio do

Hospital).

Em 2006 os VOLUNTÁRIOS/AS

deram ao Hospital 34.740 horas, não

contabilizáveis mas extremamente

importantes para a ajuda a muitos e muitos

doentes. (figs. 12, 13, 14 e 15)

Fig.13 – Venda de NATAL da Liga

É claro que toda esta ajuda, além dos

gastos com a estrutura administrativa e

auxiliar da LIGA leva a grandes despesas,

com financiamento em 2006 através de:

Os trinta anos da Liga dos Amigos do Hospital de Santo António

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� SÓCIOS (59.532,97 Euros)

� MECENATO ( 24.179,32 Euros)

� PEDITÓRIO NA CIDADE

(16.027,39 Euros)

� VENDA DE NATAL (10.686,40

Euros)

Fig.14- Voluntárias a CONFECCIONAR para a Venda

de NATAL

Fig.15 - Peditório da LIGA na Cidade (2005)

Toda esta actividade fora do Hospital

mas para a HUMANIZAÇÃO no Hospital

origina um apelo constante aos conhecidos,

aos amigos, aos eventuais mecenas, aos

familiares dos doentes e a todos em geral, o

que levou a que se tivesse criado ao longo dos

anos uma organização muito complexa e

difícil. Em 2006 o défice foi de cerca de

10.000 euros (figs. 13, 14, 15 e 16).

Fig.16 – Convívio do Voluntariado (Museu Soares dos

Reis (2005)

Em conclusão:

A LIGA PRECISA DE SI.

AJUDAR ESTAR APOIAR É O LEMA

DA LIGA.

VISITE: www.lahsa.pt

Texto de Dr. Benvindo Justiça, actualpresidente da Liga dos Amigos do HSA.

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