*letras taquarenses nº 55 * antonio cabral filho - rj

Post on 07-Aug-2015

19 Views

Category:

Education

0 Downloads

Preview:

Click to see full reader

TRANSCRIPT

HAICAIS

Madrugada clara

Pétalas desabrochadas,

Caixas enfolhadas.

Manoel F. Menendez – SP

Incessante chuva.

Em dia de escuridão

Luzes acesas como?

Eliana Ruiz Jimenez – SC

Pio da coruja

Rompe o silêncio da noite –

Viro o travesseiro.

Neide Rocha Portugal – PR

Sonhos de menino

Entre bolhas de sabão...

- Mistério de um sopro!

Humberto Del Maestro – ES

Criança curiosa

Põe a mão na taturana,

Choro convulsivo.

Renata Paccola – SP

Olho ao meu redor

E sinto pena do tédio:

Escravo dos fúteis.

Queixada na trilha,

Roncando e rangendo os dentes:

Ataque certeiro.

Chove de mansinho

Na manhã de primavera:

Frio tropical.

No baile das flores,

Beija-flores fazem festa:

Eis a primavera.

Caminho do mar:

A navalha no meu rosto,

Corta que nem gelo.

Trilha do mosteiro:

O andarilho vai convicto,

Buscar paz de espírito.

Begônias e pedras

Castigam-se mutuamente:

Musgo gera flor.

Vai de galho em galho,

Pára, olha, me vigia:

Esquilo mineiro...

Cai um temporal

Sobre o calor de domingo:

São águas de março.

Chove em Parati:

Mil peixinhos vêm à tona,

Provar outras águas.

Antonio Cabral Filho - RJ

TROVAS

Os teus olhos cor de jade,

De uma ternura sem lei,

Foram feitos da saudade

De um mundo que eu inventei.

Humberto Del Maestro – ES

Neste Brasil de bonança,

De riquezas tão reais,

Quisera ter a esperança

De ver rico e pobre iguais.

Jessé Nascimento – RJ

Vem chegando a primavera,

Os jardins ficam floridos...

Almas cheias de quimera

E corações coloridos.

Henny Kropf – RJ

Suscitando a inquietude

De uma longa odisséia,

A trova, mais que virtude,

É gênese de uma idéia.

Silvério da Costa – SC

Urubu sobre o telhado

E voando abertamente

Ficou muito bem olhado

Pelo suspiro da gente.

Franc AssisNascimento - Go

Quando vi a nossa foto

Desgastada na gaveta,

Vi nascer um terremoto

Neste inóspito poeta.

Olivaldo Júnior - SP

Poluição é o nosso ocaso...

No ar, os danos afligem:

Chaminés lançam descaso

Tampando o sol com fuligem.

Eliana Ruiz Jimenez - SC

Saudade, ponte estendida

Entre o passado e o presente.

E o tempo – rio da vida,

A correr eternamente.

Franklin Coutinho - Rj.

Quando, manhã, bem cedinho,

Abrindo os olhos desperto,

Através do teu carinho

Vejo logo um céu aberto.

Walter Siqueira - Rj

Em 25 de Abril

Portugal respira fundo,

Manda à puta que pariu

Salazar e todo o mundo.

&

Amizade não tem preço

Nem é presente que enjeito,

É sempre mais que mereço

E guardo aqui bem no peito.

&

Lua de sangue ou vermelha

Não traz-me revelação,

Pois em nada se assemelha

Com a minha revolução.

&

Nenhum eclipse de sangue

Ofusca meu horizonte,

Em nada me faz exangue

Até que meu sol desponte.

Antonio Cabral Filho – RJ

Ano VIII nº55 Maio 2014 Distribuição Gratuita Editor: Antonio Cabral Filho

Rua São Marcelo, 50/202 Rio de Janeiro – RJ Cep 22.780-300 Email: letrastaquarenses@yahoo.com.br

http://blogdopoetacabral.blogspot.com.br / http://letrastaquarenses.blogspot.com.br Filiado à FEBAC

AVISO AOS MARGINAUTAS

Deus não está. Saiu para jantar

Curtindo uma de poeta

Marginal – sem métrica, sem

Rima , sem rumo, devidamente

Liberto de compromissos

Com toda a humanidade

E com a comunidade estelar.

Deus duvidou: ser ou não ser

Um poeta marginal?

E saiu abraçado com

Um soldado, não se sabe

Se do bem ou do mal,

Cambaleando,

Embriagado de verdade.

ILMA FONTES – SE

QUEM?

Tudo é cru e tudo universo

Mais se renova do que parece?

Não o real o que enxergamos?

O mais está sempre mais longe?

Sinal mais longe,

mais que o som,

então: quem disse

de cada coisa

o verdadeiro nome?

ARICY CURVELLO – ES

ESTABILIDADE

Vivemos como casal:

Você trabalha demais,

Me sustenta,

Proíbe isso e aquilo,

Exige a casa arrumada,

Quer almoço à uma hora,

O jantar às sete e meia,

Sobremesas variadas...

Com teus caprichos concordo,

E por vingança, te engordo...

LEILA MÍCCOLIS – RJ

SANGUE NAS RETINAS

Não era vampiro

Nem assassino contumaz,

Mas emanava sangue

De seus olhos...

ANTONIO CABRAL FILHO

SOBRE AS HORAS

Enquanto barcos singram

Os mares – baleias na

Esperança de peixes – calmo,

Contrói o Tempo teias

E ruínas – febre, traição,

Morte e vilania – na boca

Insone da noite

Mastigando o dia

TANUSSI CARDOSO – Rj

MÃE

A claridade da manhã

Desenhava o horizonte

Como um sorriso de mãe

ANTONIO LUIZ LOPES – SP

DAS CARÍCIAS

Minha mão

Percorre teu corpo

Como água seguindo o rio,

Encontrando emoções,

Encontrando sentimentos.

WALMOR DS COLMENERO

MEMORABILIA 6

Donanja faz café

Numa tarde de maio

Benze portais ergue

Os santos do fim do mundo

: chamas para as quais

Serão levados a pé

Sobre milênios de milhos

Todos os tontos

Sem fé

IACYR ANDERSON FREITAS

CONTINUA NA PRÓXIMA

O seriado que eu vivi

Não teve fim,

Acabou,

Continua na próxima semana

Com a dor que

Ficou

MOACY CIRNE – RN

CAMINHADA

Quando me sentarei contigo

Na ternura das coisas justas

E tu me envolverás

Em teu perfume selvagem

E violento?

Quando te darei de presente

Minha alma inquieta?

JOSÉ JACKSON SAMPAIO– Ce

CAMINHOS

O teu sonho criou asas

E voou...voou...voou...

Para um lugar de magia.

E tão contente tu estavas

Que tua vida brilhou

No esplendor

De um novo dia.

E quando tu retornaste

Tudo ficou diferente

A vida mudou de cor.

Em tudo, pois, triunfaste

Ao seguires para sempre

Os caminhos do amor.

AURI ANTONIO SUDATI – RS

POÉTICA

Não sei dizer palavras

Dúbias. Meu sermão

Chama ao lobo verdugo

E ao cordeiro irmão.

JOSÉ PAULO PAES –Sp

top related