isabela luiza de lima araujo
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ISABELA LUIZA DE LIMA ARAUJO
HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL
Brasília 2018
HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Anhanguera de Brasília, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Enfermagem.
Orientador: Duanne Crivilim
ISABELA LUIZA DE LIMA ARAUJO
ISABELA LUIZA DE LIMA ARAUJO
HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Anhanguera de Brasília, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Enfermagem.
BANCA EXAMINADORA
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)
Brasília, 12 de dezembro de 2018
Dedico este trabalho aos meus avós
paternos, Creuza e Ferní, e ao meu Tio
Paulinho, que enquanto em vida (e
mesmo além dela), me transmitem o amor
mais puro e sincero que já senti.
Obrigada!
A morte nunca será capaz de matar o
amor...
AGRADECIMENTOS
Gratidão, primeiramente à Deus, por me conceder o dom da vida, a força, a
coragem e a persistência para chegar até aqui e prosseguir com esse sonho.
Aos meus pais, Dulcineide e Francisco, por todo amor, cuidado e apoio à
mim, por sempre acreditar e me incentivar a não desistir. Minha eterna admiração e
amor à vocês!
À toda minha família, que sempre estiveram ao lado, à minha vó Socorro, que
sempre em suas orações pede a Deus que me ilumine e me dê sabedoria, minhas
tias e tios, primas e primos, em especial à Raiane, a Nayara e a Eloísa, que
acompanharam bem de perto todos esses anos acadêmicos.
Aos meus amigos e parceiros Tii, Lud, Laísa, Clares, Milena, Dnnys, Gabriel e
Nany (entre muitos outros!), que sempre me deram incentivo e acreditaram no meu
potencial.
Aos amigos que a faculdade me deu de presente, Thy, Fê, Jeff, Bina, Gabi, Sil
e Clau, que fizeram com que esse período fosse mais leve e divertido.
À todos aqueles que de alguma forma me impulsionaram com palavras,
sentimentos e até mesmo com abraços, a superar as dificuldades e a seguir em
frente enfrentando os obstáculos.
E por último, porém com total importância, à toda equipe da Unidade de
Terapia Intensiva Neonatal do Hospital São Francisco da Ceilândia, por toda ajuda e
incentivo à mim, por todo conhecimento compartilhado e por todo cuidado e amor
transmitido à cada ser pequenino que passa pela UTIN, essa foi sem dúvidas a
minha inspiração para este trabalho.
ARAUJO, Isabela Luiza de Lima. Humanização da Assistência na Unidade de Terapia Intensiva. 2018. 35 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso Enfermagem – Faculdade Anhanguera de Brasília, Brasília, 2018.
RESUMO
O ato de Humanizar a assistência prestada na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) promove melhorias e diminuição do sofrimento enfrentado, tanto do neonato, quanto da família nessa fase tão difícil e delicada que é a hospitalização. As ações do enfermeiro e de uma equipe capacitada são capazes de mudar esse cenário. Este trabalho apresenta uma análise da importância manutenção da qualidade de vida do prematuro e a busca de um atendimento individualizado e direcionado ao desenvolvimento integral do bebê e de sua família, tratando-os de forma humanizada, ajustando-se às técnicas e inovações tecnológicas. A partir da observação dos obstáculos na humanização do cuidado enfrentados pelos profissionais e pacientes inseridos no processo de hospitalização em uma UTIN, verificou-se a necessidade da produção e publicação deste trabalho. Para tanto, elencou-se revisão de artigos relacionados ao tema, Humanização na Assistência na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, e os padrões de formatação estabelecidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de caráter retrospectivo, abordando publicações entre 2002 e 2018, com busca em livros e revistas, publicações na língua portuguesa. Foram pesquisados artigos disponíveis na Internet encontrados por meio das bases de dados: SCIELO e LILACS. Os dados foram analisados, comparados e apresentados em forma de texto. Com esta publicação, espera-se que profissionais e acadêmicos da área de saúde sejam capazes de examinar e compreender suas ações humanizadas frente aos recém-nascidos e seus familiares no processo de hospitalização. Também que tenham conhecimento a respeito dos métodos utilizados para a inovação da assistência humanizada dos cuidados prestados na UTIN.
Palavras-chave: Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN); Humanização;
Recém-Nascido (RN); Prematuro; Assistência Humanizada na UTIN.
ARAUJO, Isabela Luiza de Lima. Humanization of Assistance in the Intensive Care Unit. 2018. 35 pages. Nursing course completion work – Faculdade
Anhanguera de Brasília, Brasília, 2018.
ABSTRACT
The Act of humanizing the assistance provided in the Neonatal Intensive Care Unit (NICU) promotes improvements and reduction of suffering faced, both of the neonate, how the family at that stage so difficult and delicate it's hospitalization. The actions of the nurse and a qualified team is able to change this scenario. This paper presents an analysis of the importance of maintaining the quality of life of the premature and the search for an individualized and directed to the full development of the baby and your family, treating them in a way that is humane, by adjusting the techniques and technological innovations. From observation of the humanization of care hurdles faced by professionals and patients inserted into process of hospitalization in a NICU, there was the need of the production and publication of this work. To this end, presented-if review of articles related to the topic, humanization in assistance in the Neonatal Intensive Care Unit, and formatting standards established by the Brazilian Association of technical standards. This is a literature search of retrospective character, covering publications between 2002 and 2018, with search in books and magazines, publications in Portuguese language. Been researched articles available on the Internet found through data bases: SCIELO and LILACS. The data were analyzed, compared and presented in text form. With this publication, it is expected that professionals and academics of the health area are able to examine and understand their actions in front of the humanized newborns and their families in case of hospitalization. Also they have knowledge about the methods used for the innovation of the humanized assistance of care in the NICU. Key-words: Neonatal Intensive Care Unit (NICU); Humanization; Newborn (NB); Premature; Humanized assistance in NICU.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
UTIN Unidade de Terapia Intensiva
UTI Unidade de Terapia Intensiva
RN Recém-nascido
RNPT Recém-nascido Pré- termo
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10
1. A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA ASSISTÊNCIA HUMANIZADA ................ 12
1.1 A ATUAÇÃO FRENTE Á EQUIPE ....................................................................................................................12
1.2 ATUAÇÃO FRENTE AO PACIENTE E A FAMÍLIA ..............................................................................................14
2. OBSTÁCULOS PRESENTES NO PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA NA UTI NEONATAL......................................................................... 16
2.1 AUSÊNCIA FAMILIAR ..................................................................................................................................16
2.2 AMBIENTE DA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL (UTIN) .............................................................17
3. AS INOVAÇÕES DE MÉTODOS E TÉCNICAS PARA A HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA EM UTI NEONATAIS (UTIN) ........................................................... 20
3.1 ATENÇÃO HUMANIZADA AO RECÉM-NASCIDO DE BAIXO PESO – MÉTODO CANGURU .................................21
3.2 MASSAGEM SHANTALA E O BANHO DE OFURÔ ...........................................................................................22
3.3 PROJETO OCTO – POLVO DE CROCHÊ E REDE NA INCUBADORA....................................................................22
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 24
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 26
ANEXOS ................................................................................................................... 28
10
INTRODUÇÃO
A gravidez e o parto são momentos aguardados ansiosamente pela mulher e
seus familiares, porém, nem sempre as coisas saem como o planejado e há
complicações com o RN (recém-nascido), submetendo o mesmo à internação em
uma UTIN (Unidade de Terapia Intensiva Neonatal). Tal processo desencadeia uma
série de sentimentos e emoções, que envolvem não somente o próprio RN e os pais,
como também, o restante da família e a equipe que prestará assistência à eles. O
manejo que a enfermagem terá com o neonato será o diferencial para seu conforto,
recuperação e desenvolvimento. Portanto, é necessário que a equipe esteja
capacitada para fazer a leitura das mensagens verbais e não-verbais para melhor se
comunicar com o neonato.
Com o passar dos anos, o tema sobre a Humanização na assistência
conquistou seu espaço e passou a ser tema de muitos debates para a melhoria do
cuidado prestado aos pacientes. A Humanização se tornou uma política nacional no
Brasil, criada pelo Ministério da Saúde, seu termo pode ser definido como escutar,
preservar e ter boa relação com o ser humano, com isso, ela se torna ferramenta
essencial no cuidado e na assistência prestada ao recém-nascido em sua
recuperação.
A razão pelo qual foi escolhido este esse tema, se dá pela importância
manutenção da qualidade de vida do prematuro e a busca de um atendimento
individualizado e direcionado ao desenvolvimento integral do bebê e de sua família,
tratando-os de forma humanizada ajustando se as técnicas e inovações
tecnológicas.
A equipe responsável pelo cuidado com os recém-nascidos deve possuir não
só conhecimento e treinamento do setor, como também, a percepção de que o
momento enfrentado pelo paciente e pela é delicado e aflitivo, sendo imprescindível
a humanização na assistência. Qual o papel do enfermeiro frente a equipe no
processo de humanização na assistência?
Expor o papel do Enfermeiro na humanização da assistência prestada em
uma UTIN, evidenciando suas ações e inovações no processo de organização,
planejamento e execução do cuidado juntamente com sua equipe.
Analisar as ações de humanização propostas pelo Enfermeiro frente à equipe
de enfermagem, ao paciente e a família que o acompanha. Identificar as dificuldades
11
e contrariedades presentes no processo de humanização na assistência prestada.
Propor novos métodos, recursos e técnicas para a melhoria da humanização, da
recuperação e do bem-estar dos recém-nascidos e da família.
O presente estudo tratou-se de uma revisão de literatura narrativa, sobre a
Humanização na UTIN nas Bases de Dados: Scielo, Lilacs, Revista Brasileira de
Enfermagem e buscas diretas on-line, onde foram incluídos na revisão, artigos
científicos originais, teses, dissertações e observação do campo da Unidade de
Terapia Intensiva Neonatal do Hospital São Francisco localizado na Ceilândia- DF.
Foram selecionados para a leitura, artigos publicados nos últimos 12 anos e que
nomeavam uma, duas ou todas as palavras-chave - Unidade de Terapia Intensiva
Neonatal (UTIN); Humanização; Recém-Nascido (RN); Prematuro; Assistência
Humanizada na UTIN, e após a leitura de seus resumos aqueles mais relevantes
foram selecionados para leitura completa. Os textos foram selecionados a partir do
conteúdo dos resumos e lidos diversas vezes a fim de construir uma síntese sobre o
tema abordado. O estudo seguiu normas da ABNT.
12
1. A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA ASSISTÊNCIA HUMANIZADA
1.1 A ATUAÇÃO FRENTE Á EQUIPE
A concepção de um filho traz inúmeras modificações na vida de uma família,
desde o momento da descoberta da gravidez até a chegada do bebê, ocorre um
turbilhão de emoções e sentimentos. Porém, eventualmente ocorrem complicações
na gestação, fazendo com que o desenvolvimento e crescimento do bebê sejam
prejudicados, levando-o ao seu nascimento prematuro, que na maioria das vezes
acarreta sua internação em uma UTIN (LINS, 2013).
A UTIN é a área onde há o suporte material e profissional adequado para a
prestada assistência ao RN subdesenvolvido e com enfermidade crítica, que há
necessidade de cuidados de enfermagem específicos e/ou contínuos, “que exige do
profissional enfermeiro grande conhecimento científico, uma equipe treinada,
habilidade técnica, e capacidade de realizar avaliações particularmente criteriosas
desses pacientes” (REICHERT et al. 2013, p.226).
Por se tratar de um ambiente estruturado e organizado, onde há
equipamentos ricos em tecnologia e de grande importância nos tratamentos
propostos, a equipe responsável por prestar a assistência em uma UTIN deve ser
capacitada e treinada para se obter resultados satisfatórios. Além da percepção e de
intervenções técnicas, é necessário iniciativas de humanização na assistência
prestada. De acordo com Oliveira et al. (2006, p.106):
Portanto, esta deve estar comprometida com um projeto terapêutico que contemple a humanização das relações de trabalho, da assistência e do ambiente de trabalho. Nesse contexto, é fundamental o incentivo à equipe, valorizando os profissionais enquanto seres bio-psico-sociais, pois, quando se sentem mais respeitados, valorizados e motivados como pessoas e profissionais, podem estabelecer relações interpessoais mais saudáveis com os pacientes, familiares e equipe multiprofissional.
A implantação de um projeto terapêutico que vise a humanização e que vá
para além da realização de técnicas, não só entre os próprios profissionais, como
também da equipe com o RNPT (recém nascido pré-termo) e a família, é essencial
para o desenvolvimento de uma assistência bem-sucedida e para a formação de
uma relação de confiança e bem-estar diante do processo de hospitalização, e está
diretamente direcionada a reduzir a carga de dor e cansaço de todos que estão
inclusos no cuidado (SILVA, VIEIRA, 2008, p.113).
13
Para Rolim e Cardoso, 2006 p.122, “é de suma importância conhecer e estar
atento à comunicação verbal e não-verbal emitida pelo bebê e pelos próprios
profissionais durante o desenvolvimento do cuidado, ciente de que a criança recebe
influência do meio ambiente ao qual está inserido.
É necessário salientar que muitas vezes, a equipe de enfermagem para
seguir a rotina de trabalho e protocolos da instituição, tende a realizar procedimentos
voltados às exigências dos modernos equipamentos para diagnóstico e tratamento.
Sabe-se que o aparato tecnológico é essencial na grande maioria dos casos para a
recuperação do paciente que se encontra nesse ambiente, porém é fundamental que
os profissionais de enfermagem estejam preparados e qualificados para manusear
esses equipamentos, sem perder o foco de suas ações que envolvendo paciente
como centro do cuidado (ROLIM, CARDOSO 2006).
O papel do enfermeiro frente à sua equipe é de suma importância no que se
diz respeito à organização, planejamento e execução de uma assistência
humanizada satisfatória. Especialmente na UTIN, a humanização na assistência de
enfermagem procura pautar-se no cuidado singular ao RN e sua família, na
integridade e no respeito à vida. Um dos fatores que contribui para a realização da
humanização é a inserção da família no trabalho da unidade. O encontro evolvendo
o cuidador e ser cuidado deve ter como base a escuta sensível para a construção de
uma prática de cuidar que concilie a melhor promoção de acolhimento, vínculo e
responsabilização (REICHERT, LINS, COLLET, 2007, p.106).
Nesse momento, é de extrema importância a atuação do enfermeiro com a
função de orientação, além do papel que assumem como intermediador entre a
equipe, o RN e sua família, num ambiente e condições estressantes para ambos.
Para Oliveira et al. (2006, p.104):
Humanizar caracteriza-se em colocar a cabeça e o coração na tarefa a ser desenvolvida, entregar-se de maneira sincera e leal ao outro e saber ouvir com ciência e paciência as palavras e os silêncios. O relacionamento e o contato direto fazem crescer, e é neste momento de troca, que humanizo, porque assim posso me reconhecer e me identificar como gente, como ser humano.
A humanização é uma forma de assistência, cujo cuidado está relacionado a
um tipo de atendimento que envolve um processo assistencial resultante do
conhecimento e da prática das várias categorias profissionais atuantes na produção
de cuidados em saúde (ROLIM, CARDOSO, 2006).
14
1.2 ATUAÇÃO FRENTE AO PACIENTE E A FAMÍLIA
O processo de internação em uma UTIN não afeta somente o RN que é
submetido à prosseguir seu desenvolvimento e evolução fora do ambiente uterino
que está acostumado, como também atinge completamente o cotidiano e a vida de
seus familiares, trazendo a insegurança, o medo e a angustia de não está passando
por um momento tão importante como foi planejado. Simsen e Crossett (2004,
p.233) relatam que a necessidade de ser submetido à uma internação hospitalar,
não acarretam o tranquilidade mental e o conforto físico para o bebê, para amenizar
esse processo de adaptação é essencial a presença da mãe e também da família
para a diminuição do estresse enfrentado na unidade.
Afastado bruscamente da mãe, o RN é jogado em um ambiente hostil, com excesso de luminosidade, manipulação constante, barulho, além de ser submetido a procedimentos invasivos que provocam dor, desconforto físico e mental. [...] Para a família do neonato não é diferente, a separação é motivo de diversos conflitos, pois, durante a gravidez, sonham com um bebê imaginário, saudável, lindo e perfeito.
O enfermeiro em suas atribuições deve ter a sensibilidade e habilidade de
ter um olha holístico não só com o RN, como também, com os familiares envolvidos
no processo do cuidado. “O enfermeiro deve dirigir o seu cuidar ao bebê, vendo-o
em sua totalidade, buscando maneiras de valorizar o seu potencial, considerando
suas limitações e imaturidade psicobiológica” (REICHERT, LINS, COLLET, 2013,
p.228).
Assim, a essência do cuidar não deve limitar-se, apenas, ao ato técnico de
coordenar sua equipe, medicar, consultar e examinar em situações de saúde-
doença, contrariamente, deve ser um processo interativo, dinâmico e de
envolvimento entre a enfermagem, bebê e família, levando em consideração
conhecimentos, hábitos, sentimentos, valores, enfim, a singularidade das
necessidades de cada pessoa, de cada momento, proporcionando uma relação
genuína (LINS et al. 2013).
A atuação do enfermeiro para com o RN deve suprir não somente a
assistência com técnicas, procedimentos de rotina e o manuseio de equipamentos
presentes em uma UTIN, como deve haver o cuidado com amor, delicadeza e
sensibilidade. Estes sentimentos devem também serem transmitidos à família do
bebê, com o intuito de trazer alívio do sofrimento e da angústia que a hospitalização
15
de um filho traz. Lins et al. (2013, p.229) destaca a essencialidade do papel do
enfermeiro como responsável pela adequação do RN no meio extra-uterino, pois o
mesmo sofre várias alterações, não somente no ambiente físico como a manutenção
do equilíbrio térmico adequado, quantidade de umidade, luz e som, como também
na sua rotina, com estímulo cutâneo, monitorização de sinais vitais e realização de
procedimentos de assistência. E também a adaptação da família ao novo ambiente
hospitalar, “educar os pais, estimular visitas familiares, elaborar e manter um plano
educacional, organizar, administrar e coordenar a assistência de enfermagem ao RN
e à mãe”.
Nessa perspectiva, cuidar da família tornou-se parte de um processo que
visa preparar os pais a darem continuidade do cuidado quando o bebê estiver em
casa. Todo movimento do profissional visa garantir que a família esteja capacitada a
desenvolver cuidados com o bebê e disposta a dar continuidade ao atendimento que
essa criança necessita (REICHERT, LINS, COLLET, 2007, p.206).
É de suma importância que o enfermeiro tenha a sensibilidade de exercer a
empatia em seu cuidado, o ato de se colocar no lugar do outro, faz com que o
mesmo possa focar nas particularidades que cada paciente apresenta. Inserir a
família no cuidado do RNPT torna-se também uma atitude de humanização,
incentiva o cuidado dos pais com o bebê e fortalece o vínculo entre eles (LINS et al.,
2013, p.231).
16
2. OBSTÁCULOS PRESENTES NO PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO DA
ASSISTÊNCIA NA UTI NEONATAL
2.1 AUSÊNCIA FAMILIAR
O processo de humanizar a assistência de uma UTI (Unidade de Terapia
Intensiva) é complexo e demorado, porém, tem sido realizadas alterações em seu
modelo para as adequações de melhorias, como a permissão da presença dos pais
e a inserção da família no cuidado. A interação dos pais nos cuidados prestados ao
filho hospitalizado é de suma importância, além do desenvolvimento de um vínculo
de afeto mãe-filho, a participação dos mesmos traz alívio para o estresse provocado
pelo período de internação e preparação para o cuidado em casa após a alta
(GAÍVA, SCOCHI, 2005).
No entanto, apesar desta implantação, há dificuldades em sua execução.
Muitas vezes a fator emocional negativo inibe o contato dos pais com o filho, o misto
de sentimentos interfere na atuação espontânea do cuidado, trazendo apreensão e
angústia para o meio familiar, o que dificulta não só a aproximação física com o
recém-nascido (RN), como também, a comunicação com o enfermeiro e sua equipe.
Para Gaíva e Scochi (2005, p.445) “A equipe de saúde tem um papel fundamental
nesse momento, pois é ela que deverá reduzir a ansiedade e medo dos pais”,
levando explicações de forma simples à respeito do caso e tratamento do RN.
Há uma grande importância também em saber ouvir a família no processo de
hospitalização, é necessário que a equipe estabeleça uma comunicação de forma
clara e sensível com a mãe e a família, Oliveira (2006, p.107) ressalta que quando a
família é incluída no processo de trabalho da unidade, há uma satisfação geral de
todos envolvidos. Para os profissionais que adquirem mais um meio de criar um
vínculo de confiança com a família, para os familiares que se tornam agentes no
cuidado à criança hospitalizada e ao próprio RN que em meio a uma fase tão difícil,
pode sentir-se próximo à sua família. É importante que a equipe acolha e dê suporte
às famílias com a sensibilidade de ouvi-las, pois ao adentrarem em um hospital, elas
trazem consigo o medo e a insegurança do que pode acontecer.
Outro fator que em alguns casos interfere na integração da família ao cuidado
da criança, é o sócioeconômico. Muitas famílias não possuem condições e recursos
para manter as constantes visitas ao RN e conciliar isto com as despesas, transporte
17
e o cuidado de outros filhos pequenos. Através de uma boa comunicação verbal com
a família, o enfermeiro e a equipe são capazes de identificar esses fatores no início
da internação. De acordo com Gaíva e Scochi (2005, p.447) a baixa condição
financeira das famílias dificulta o acesso ao hospital e a locomoção, visto que é
necessário a utilização de um ou mais transportes públicos.
A visão singular de cada caso, observação suas particularidades, condições e
necessidades, se dão por meio da importância da presença dos pais na manutenção
da qualidade de vida e do tratamento do prematuro. Souza e Ferreira (2008, p.474),
“reconhecem a importância da integração entre a equipe e família aponta que o
aprendizado dos familiares na ocasião da internação, servirá como base para a
continuidade do cuidado quando o bebê estiver em casa”.
2.2 AMBIENTE DA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL (UTIN)
A Humanização é representada pela forma que a assistência que será
prestada ao paciente, abrangendo-o como um ser biopsicossocioespiritual ao
processo saúde-doença. Se tratando de um ambiente crítico como é a UTI Neonatal,
é preciso adequar o cuidado aos obstáculos decorrentes dos próprios equipamentos
e tratamentos utilizados na recuperação do RN (MENON et al., 2007).
Compreende-se que o melhor meio para o desenvolvimento de um bebê é o
útero de sua mãe, entretanto, quando há complicações acarretam seu nascimento
prematuro, faz-se necessária sua permanência em um local que se equipare em
relação à temperatura, luminosidade e sons. Porém, há uma grande dificuldade de
atender à estes quesitos, partindo do princípio de que se trata de um novo ambiente,
com uma movimentação maior de pessoas, presença de ruídos mais intensos e
freqüência de manuseios com o RN. De acordo com Menon et al., 2007 p.832, “por
mais que os enfermeiros se esforcem para que seja realizado um cuidado
humanizado, nem sempre é possível, devido à grande demanda de atividades desse
setor”.
Quando um recém-nascido (RN) é submetido à uma hospitalização, é se
depara com um ambiente totalmente diferente do que estava acostumado, para
Menon et al. 2007 p.832 “o ambiente propicia certo desconforto para o RN, pois é
um lugar com constante barulho e luzes fortes, várias interrupções ao sono do bebê
18
e diversos procedimentos, além do fato de que há uma manipulação excessiva ao
neonato”.
A adequação do recém-nato em relação ao excesso dos ruídos é complicada,
pois na sua vivência intra-uterina, os sons são filtrados e diminuídos. Tal processo
não é possível de ser realizado em uma UTIN, pois sempre há um grande fluxo de
pessoas conversando, sejam elas na visita, quanto pelos próprios profissionais na
passagem de plantões ou até mesmo em discussões terapêuticas e, além disto,
ainda há as sinalizações sonoras emitidas pelos equipamentos de suporte à vida,
incubadora, entre outros (MENON et al. 2007).
A grande freqüência e o alto volume desses ruídos podem ocasionar uma
série de modificações no bebê, além das comportamentais como a interrupção do
sono e repouso, que acarretará em fadiga, agitação, irritabilidade e choro, ainda
pode haver alterações fisiológicas como aumento da pressão intra-craniana,
elevação do ritmo cardíaco e da pressão sanguínea, dilatação da pupila e hipóxia (
MARTINS et al. 2011).
Com isto, salienta-se a importância da ação de consciência do Enfermeiro
juntamente com sua equipe e a família da criança, para a redução ao mínimo
possível de conversas e alto tom na UTIN e de preferência a escolha de um local
mais afastado dos leitos para que sejam realizadas as passagens de plantão e
discussões sobre tratamentos de forma mais salente e tranquila. A configuração dos
equipamentos de forma correta e também a participação do Enfermeiro nos projetos
de compras e trocas de equipamentos de suporte à vida, para escolha daqueles que
façam menos ruídos, visando o descanso e melhora do bebê (MARTINS et al.,
2011).
Outra característica que gera complicações para o bem-estar do prematuro, é
a iluminação intensa. A presença de luzes fortes, muitas vezes fluorescentes,
atrapalha o sono e o descanso, acarretando incomodo, estresse e euforia ao RN.
Pode haver também um comprometimento no desenvolvimento do padrão cicardiano
da criança, prejudicando até mesmo a produção periódica de hormônios importantes
como a melatonina, o cortisol e a ganodotrofina (MARTINS et al., 2011).
Esse padrão de iluminação pode afetar o desenvolvimento normal da retina causando, possivelmente, cegueira. Por esse fato, argumenta-se que a melhor solução para que o paciente tenha um repouso ideal, é reduzir a intensidade das luzes da UTIN (MENON et al., 2007 p.835).
19
As inserções de algumas estratégias do Enfermeiro e suas equipes podem
minimizar os danos decorrentes da exposição alta luminosidade. Reduzir as luzes
quando não houver execução de procedimentos, sempre usar protetor ocular em
bebês que estiverem fazendo o uso de fototerapia (método terapêutico baseado em
banhos de luz e cobrir a incubadora com um pano ou manta para a redução da
intensidade da luz, são não só técnicas de cuidados, como também, formas de
humanizar a assistência prestada visando o conforto e recuperação do neonato
(MENON et al. 2007; MARTINS et al. 2011).
Por fim, apesar de proporcionarem novas intervenções nos tratamentos e
facilitar na progressão da melhora do RN, a tecnologia pode ser identificada com um
obstáculo no âmbito de humanização da assistência, pois muitas vezes, os
profissionais direcionam mais sua atenção aos equipamentos, do que ao próprio
paciente. De acordo com Silva et al. 2008, a UTIN se caracteriza como um ambiente
tecnológico que muitas vezes a intervenção dos profissionais se voltam mais para a
maquinaria, do que para a recuperação do neonato. Com isto, há o desafio para os
profissionais de conciliarem as vantagens obtidas com as tecnologias com a
dedicação do cuidado, utilizando-as como suporte e auxilio para o bem-estar da
criança.
A partir do momento em que os profissionais focam mais na manutenção
maquinaria, nos procedimentos e técnicas, o cuidado e o ambiente deixam de ter um
aspecto acolhedor e esperançoso, há uma perda da comunicação não-verbal
emitida entre o profissional e o bebê, que é um ponto forte e essencial para a
recuperação até a alta hospitalar (SILVA et al. 2008).
20
3. AS INOVAÇÕES DE MÉTODOS E TÉCNICAS PARA A HUMANIZAÇÃO DA
ASSISTÊNCIA EM UTI NEONATAIS (UTIN)
Na última década as discussões a respeito de Humanização têm gerado
grande repercussão no âmbito da saúde, a importância articulação entre o cuidado
prestado e as tecnologias de suporte ao paciente, tem motivado os profissionais de
saúde à elaboração de projetos que facilitem o processo de amenizar, suavizar e
harmonizar a dor e angústia dos tratamentos realizados na hospitalização em uma
UTIN, não somente do neonato como também de sua família (SOUZA, FERREIRA
2010).
Desde 2003 dispomos da Política Nacional de Humanização (PNH), que
preconiza as ações solidárias entre as pessoas envolvidas no processo do cuidado,
tanto os profissionais de saúde, quanto os pacientes e a família que é integrada na
assistência. De acordo com o Ministério da Saúde – Brasil 2004, a humanização é a
valorização de todos envolvidos no processo de hospitalização, sejam eles,
usuários, equipe e gestores, com o intuito de possibilitar maior autonomia e
capacidade de inovações, “através da responsabilidade compartilhada, da criação
de vínculos solidários, da participação coletiva nos processos de gestão e de
produção de saúde”.
A Política Nacional de Humanização (PNH) tem como objetivo o acolhimento
e sustentar a relação entre equipes/serviços e usuários/populações.
Produzir mudanças nos modos de gerir e cuidar, a PNH estimula a comunicação entre gestores, trabalhadores e usuários para construir processos coletivos de enfrentamento de relações de poder, trabalho e afeto que muitas vezes produzem atitudes e práticas desumanizadoras que inibem a autonomia e a corresponsabilidade dos profissionais de saúde em seu trabalho e dos usuários no cuidado de si (BRASIL, 2004).
Neste sentindo, é indispensável a ampliação e a inovação de métodos e
técnicas para serem utilizados na assistência, com o intuito de torná-la cada vez
mais humanizada, com maiores possibilidades alívio do sofrimento e da solidão, e de
integração dos pais nos cuidados. Lamy (2003, p.142) afirma que é essencial
ressaltar que todo e qualquer método nunca deverá substituir o a atenção
humanizada dos profissionais, a junção das inovações com a premissa dos cuidados
proporcionará segurança e zelo ao bebê.
21
3.1 ATENÇÃO HUMANIZADA AO RECÉM-NASCIDO DE BAIXO PESO –
MÉTODO CANGURU
O Método Canguru é uma estratégia de assistência humanizada que prioriza
fortificar a aproximação e o vínculo do prematuro hospitalizado com a genitora. O
mesmo consiste em colocar o bebê em contato pele a pele com a mãe por período
prolongado. Para Gomes et al. (2005 p.660), a presença contínua da mãe na
assistência traz vantagens de suma importância ao RN, o calor corporal e o leite
materno, fortalecem o vínculo mãe-bebê e colaboram de forma significativa na
melhora do RN.
Desta forma o Método Canguru abrange questões como os cuidados técnicos com o bebê (manuseio, atenção às necessidades individuais, cuidados com luz, som, dor); o acolhimento à família; a promoção do vínculo mãe/ bebê e do aleitamento materno; e o acompanhamento ambulatorial após a alta.
A Norma da Atenção ao recém-nascido de Baixo Peso – Método Canguru foi
elaborada e apresentada em dezembro do ano de 1999 e publicada pela Portaria
Ministral nº 693 de 05/07/2000 e incluso na Política Governamental de Saúde
Pública do Brasil, se tornando parte dos procedimentos da rotina hospitalar e da
tabela de procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2002). Gomes
(2005) ainda ressalta a importância de ter a visão de o Método ser praticado nas
Unidades de Terapia Intensiva, de ser visto como método de humanização do
cuidado.
É importante destacarmos sobre esta prática, que além da mãe o pai também
pode ser incluso no processo. Além de estimular o crescimento do vínculo pai-filho,
essa proximidade dará à mãe um tempo para exercer outras atividades e até mesmo
para descansar. Para Lamy (2003, p.152/153), a presença do pai torna a
hospitalização da criança mais leve para a mãe e ajudará na união da família para
superarem esse momento difícil. O auxílio do pai fornece descanso e apoio à mãe,
que fica mais sensível na internação de seu filho, na realização de exames, de
higiene pessoal e no cuidado de possíveis outros filhos, o pai torna-se peça-chave
na assistência. “Nesses períodos, o pai pode assumir a posição canguru,
possibilitando que o filho permaneça o maior tempo possível recebendo esse novo
modelo de atenção”.
22
3.2 MASSAGEM SHANTALA E O BANHO DE OFURÔ
A Massagem Shantala teve seu surgimento na Índia e foi ingressada ao
Ocidente pelo Médico Frédérick Leboyer, que resolveu documentar a sequência e
expandir a técnica pelo mundo, após observar uma mulher chamada Shantala,
massagear sob suas pernas seu filho. A massagem é composta por 21 movimentos
seqüenciados, é realizada no neonato desnudo e dura em torno de 30 minutos
(MAZON, 2002).
Se trata de uma massagem infantil, utilizada para o relaxamento do bebê e
que tem sido utilizada como um recurso extra no tratamento e na estimulação do
neonato interno na UTIN, os cuidados essenciais para que esta prática seja efetiva
devem ser observados minuciosamente, para assim de fato, consistir em benefícios
para o RN, refletindo também nos pais, que podem ser orientados e treinados para a
prática, nos familiares e na própria equipe da UTIN (LEITE, 2013).
Além de promover um momento de descanso e paz ao RN, a massagem ajuda
a melhorar o padrão do sono, alivia a dor, e contribui para no desenvolvimento
motor, efeitos cardiorrespiratórios positivos, diminuição de tensão muscular e
melhoria na oxigenação sanguínea (LEITE, 2013).
Ainda no contexto de utilizar novos métodos para humanizar o cuidado, vale
ressaltarmos a eficiência do Banho de ôfuro realizado nos bebês hospitalizados em
UTIN. O Banho além de promover relaxamento do estresse enfrentado no dia-a-dia,
proporciona ganho de peso, faz com que o RN não se senta inseguro e relembrará o
útero materno (PALHARES, 2016).
Este procedimento visa o ganho de apetite e, consequentemente, ganho de peso, pois o relaxamento do recém-nascido facilita a amamentação. Há também um ganho nas questões afetivas. Por isso, é importante que a mãe acompanhe o banho, que ela fale com o recém-nascido e mantenha contato visual. Tudo isso proporciona maior proximidade entre mãe e recém-nascido (FIALHO, 2015).
3.3 PROJETO OCTO – POLVO DE CROCHÊ E REDE NA INCUBADORA
Projeto Octo, surgido na Dinamarca em 2013 e recentemente no Brasil, no
início de 2017 no Rio de Janeiro, confecciona e doa polvos de crochê para bebês
prematuros em Unidades de Tratamento Intensivo Neonatais. Profissionais de
Unidades de Terapia Intensivas que receberam doações do projeto relatam que a
experiência mostra que o bebê se sente acolhido ao abraçar o polvo e ocorre a
23
redução da frequência cardíaca e da respiratória melhorando assim seus sinais
vitais, ajudando no ganho de peso e reduzindo o tempo de internação. Os polvos
necessitam ser 100% algodão, para facilitar sua lavagem e seus tentáculos não
podem ultrapassar 22 centímetros (PROJETO OCTO, 2017).
Os tentáculos do polvo se assemelham ao cordão umbilical, assemelhando a
incubadora ao aconchego do útero materno, ao abraçá-los o recém-nascido sente
conforto e relaxamento. Com essa lembrança especial proporcionada pelos polvos,
eles sentem-se mais calmos e seguros para continuar na maternidade até se
recuperarem completamente (BRITO, 2017 p.21).
A implantação de Redes de descanso dentro das Incubadoras tem sido uma
atitude tomada nas Unidades de Terapia Intensiva de Hospitais por todo o Brasil,
visando a melhor acomodação dos recém-nascidos nos leitos. Publicado pela
Revista Crescer, o artigo “Redes de balanço em incubadoras nos hospitais trazem
bem-estar aos prematuros”, expõe os benefícios causados pela utilização do
método. “Na rede, o bebê poupa suas energias, o que favorece o ganho de peso, e
tem menos risco de desenvolver escara, tipo de lesão que surge após o contato
constante da pele com o colchão” (REVISTA CRESCER, 2013).
Algumas instituições já utilizam o método, o Hospital Regional de Maringá
(PR) utiliza a rede desde 2010. A técnica de enfermagem da UTIN do hospital, Maria
Eunice Quirino Oliveira, a idéia inicial era de improvisar uma faixa de algodão em
uma rede de balanço surgiu de uma necessidade. “Nós tínhamos uma bebê
prematura que estava há quatro meses na incubadora. Ela estava estressada,
cansada e não via a mãe com frequência. Improvisamos uma rede e a colocamos
nela”. O efeito foi tão imediato que, a partir deste dia, o hospital pediu para as redes
serem confeccionadas. (REVISTA CRESCER, 2013).
A associação de um atendimento humanizado e do posicionamento do
prematuro, realizado de forma correta nas redes de descanso, promove um
ambiente aconchegante para eles, pois imita a posição do útero, por isso ficam mais
tranquilos. Para Fialho (2015), há uma grande importância em conhecer e manusear
estes novos métodos, “conhecer essas tecnologias, ainda que não sejam de vasta
utilização nas UTIN, promove o despertar para o novo e inspira a buscar da
excelência no cuidado neonatal”. Além do mais, novas tecnologias representam o
grande progresso existente e reforçam a perspectiva que sempre haverá a invenção,
a reorganização, a inovação que movem o indivíduo para a busca do novo.
24
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma análise sobre a
necessidade e os benefícios de humanizar a assistência prestada, não somente ao
neonato hospitalizado, quanto também à família que o acompanha neste período.
Este método sistematizado de humanização do profissional de enfermagem contribui
sobremaneira para minimizar os efeitos nocivos que a Unidade de Terapia Intensiva
Neonatal (UTIN) provoca aos envolvidos neste processo.
Nesse sentido, a atuação do enfermeiro torna-se papel fundamental na
coordenação de sua equipe e na elaboração e implementação de um projeto
terapêutico que vise o bem-estar de todos envolvidos no processo de hospitalização,
isto é, o neonato, a família e a sua equipe. Esta visão holística traz melhor
compreensão e discernimento para a implantação de técnicas e métodos na
assistência.
Fortifica-se a importância dos profissionais de enfermagem, ao assistirem e
prestarem a assistência ao bebê recém-nascido ou prematuro, terem um olhar mais
sensível, uma visão ampla e empática sobre o quadro, para assim considerar todas
as particularidades da situação vivenciada pelo paciente e sua família. Orientando-
os em relação aos benefícios que sua presença trará filho internado, pois esse
contato dos pais junto à criança pode influenciar positivamente em sua melhoria. O
fornecimento de todas as orientações sobre todos os procedimentos realizados,
estado clínico e prognóstico, facilita a comunicação entre a equipe e os pais, criando
assim uma formação de vínculo de confiança e uma fonte de apoio, a fim de tornar a
presença dos mesmos continua durante a hospitalização.
Em relação aos obstáculos enfrentados pelo Enfermeiro e sua equipe, o
estudo revelou que são decorrentes ao mecanismo e estresse causados na própria
UTIN. Fatores como o ambiente físico, estado emocional e até mesmo à assistência
de enfermagem, pois na maioria delas, se desenvolve uma prática orientada por
normas e rotinas previamente estabelecidas, que são executadas de maneira
mecanizada, repetida e sem reflexão.
É de suma importância as ações que minimizem o máximo possível do
sofrimento e estresse causados pela internação em uma UTIN, para a família,
através da conversa, esclarecimento de informações e amparo. E para o próprio
recém-nascido, desde a configuração correta dos equipamentos de suporte à vida
25
utilizados e a redução de conversas para diminuição dos ruídos, até mesmo a
redução das luzes nos períodos que não forem realizados procedimentos.
Outros meios identificados neste estudo como uma maneira de aliviar os
efeitos lesivos da hospitalização, são os recursos de humanização utilizados como
inovações da assistência nas Unidades de Terapia Intensiva. O Método Canguru é
uma técnica voltada para o atendimento do recém-nascido prematuro, que implica
colocar o bebê em contato pele a pele com sua mãe e até mesmo com seu pai, este
contato além de fortificar o vínculo com a família, possibilita mais contato no período
de internação. A utilização de Polvos de Crochês dentro da incubadora proporciona
relaxamento e estabilização dos sinais vitais do neonato, pois ao abraçarem seus
tentáculos que se assemelham com o cordão umbilical, os bebês sentem-se
confortáveis e tranquilos.
Contudo, é necessário que os profissionais de enfermagem preocupem-se
também com os cuidados que os pais terão em domicílio com o bebê após a alta
hospitalar, passar as orientações de forma correta e realizar o esclarecimento de
todas as dúvidas existentes são atributos do Enfermeiro e sua equipe, e serão
essências no dia-a-dia do bebê e da família em casa. Neste sentido, espera-se que
este estudo venha a contribuir para a área da saúde, bem como discutir as
estratégias para manter ou melhorar a assistência e a humanização de enfermagem
neonatal.
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REFERÊNCIAS
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27
PALHARES, Ylana Laíne Medeiros Lourenço; DANTAS, Janmilli da Costa; SOUZA, Francisca Marta de Lima Costa; SILVA, Bárbara Coeli Oliveira da RODRIGUES, Iellen Dantas Campos Verdes; SILVA, Richardson Augusto Rosendo. Conhecimento dos profissionais de enfermagem quanto à realização do banho no recém-nascido. Revista Enfermagem Atual in Derme. 2016; 78.
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ANEXOS
TODAS AS FOTOS FORAM REGISTRADAS NA UNIDADE DE TERAPIA
INTENSIVA NEONATAL DO HOSPITAL SÃO FRANCISCO – CEILÂNDIA, MEDIANTE
TERMOS DE AUTORIZAÇÃO ASSINADOS PELAS GENITORAS E PELA GESTORA DO
SETOR PARA A DIVULGAÇÃO E ANEXADO A ESTE TRABALHO.
ANEXO A – O MÉTODO CANGURU
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O MÉTODO CANGURU
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ANEXO B – O BANHO DE OFURÔ
ANEXO C –O POLVO DE CROCHÊ
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32
ANEXO D – TERMOS DE AUTORIZAÇÃO DE DIVULGAÇÃO DE IMAGENS
33
34
35
Gratidão é receber um sorriso como
agradecimento ao cuidado recebido!
Obrigada Equipe da UTIN Hospital São Francisco.
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