intro - sociedade, pol_tica e poder

Post on 29-Nov-2015

19 Views

Category:

Documents

0 Downloads

Preview:

Click to see full reader

TRANSCRIPT

Fundamentos deFundamentos deCiência Política – ICiência Política – I

Programa de Curso

Bem vindos e bem vindas!!Meu nome é Leonides; mas costumam chamar-

me de Léo. Minha formação se deu, basicamente, nas Áreas Humanas: minha graduação foi em Filosofia, na UCDB, onde também fiz curso de Capacitação em Pensamento Francês Atual. Especializei-me em Psicopedagogia e, por amor à educação, fiz mestrado e doutorado em Educação (na Linha Ensino, Aprendizagem e Desenvolvimento Humano), na UNESP, onde, atualmente, faço doutoramento em Ciências Sociais.

Tenho trabalhado com pesquisas (acadêmicas e de mercado) e já coordenei/administrei instituições de ensino e de caráter social. Sou docente na Unilins, Coordenador de Pesquisas do CTGIM/CETEC e participo de Grupo de Pesquisa na Unesp.

Assumo, como lema, um pensamento pitagórico: “Educai as crianças e não será preciso punir os adultos.”

Prof. Leonides da Silva Justiniano

EMENTA Povo, Estado e Nação O Estado Moderno: origem,

desenvolvimento, estruturação jurídica (Constituição)

Política, poder e Estado Regime(s) Político(s) e Controle Social Democracia e sua atualidade Democracia constitucional

OBJETIVOS DA DISCIPLINA Proporcionar à/ao discente uma compreensão

geral das teorias políticas contemporâneas; Auxiliar na capacidade de análise dos fenômenos

da cultura de massa e sua interferência na organização social e política de grupos e instituições;

Estabelecer canais de debate e construção crítica de idéias e conceitos relativos às práticas sociais e à cidadania;

Contribuir para a formação crítica e propositiva do profissional Assistente Social.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

Unidade 1: Sociedade, Política e Poder1. Filosofia Política e Ciência Política2. Uma Teoria do Poder3. Poder, sociedade e bem comum

Unidade 2: Teoria Geral do Estado1. Conceito, fins e funções do Estado2. Origem e evolução do Estado

1. O Estado Oriental antigo: teocracia e escravagismo.2. A cidade-estado grega. O Estado romano: transformações.3. O Estado medieval. Instituições feudais. A Igreja Católica.4. O Estado nacional. O absolutismo monárquico.5. A revolução liberal.

Unidade 3: O Estado Moderno – “Estado de Direito” e constitucionalismo1. Estado e poder: origem e desenvolvimento do

Estado Moderno.2. A estruturação do Estado: a Constituição3. Estado de Direito e Direitos Civis4. Estados Liberal, Social e Democrático de Direito

1. Estado, autoritarismo e totalitarismo2. Estado e capitalismo: o imperialismo3. Estado e socialismo: comunismo soviético e chinês4. Estado e fascismo: o nazismo

5. O Estado Nacional

Unidade 4: Estado, Povo e Nação1. Povo e Território: concreções do Estado2. Conceituando o Povo3. Território: espécies e fronteiras4. Governo, soberania e autonomia5. O “Mito da Nação”

Unidade 5: Formas de Estado1. Estados simples e compostos. União e associação de

Estados.2. Estado unitário. Descentralização administrativa e

política.3. Confederação.4. Federação. Transformações do federalismo.5. Comunidade de nações.

Unidade 6: Formas de Governo1. Classificações antigas e modernas. Monarquia e

República.2. Governo direto, representativo e misto.3. Unicameralismo e bicameralismo.4. Concentração, divisão e colaboração de poderes.5. Parlamentarismo e presidencialismo.

Unidade 7: Regimes políticos e controle social1. Regime político e sistema político (de governo)2. Liberalismo x Totalitarismo x Democracia3. Controle social

1. Formas de controle social: o “monopólio legítimo da violência”

4. Regime democrático1. Democracia e sua atualidade2. Democracia, tolerância e diversidade

AvaliaçãoA Nota Bimestral (NBim) será a média da Avaliação

Bimestral (AvBim) mais a somatória dos trabalhos (Trab) divididas por dois.

Nbim = (AvBim + (∑ Trab)) / 2

A somatória dos trabalhos será, sempre, 10,0; o valor dos trabalhos variará de acordo com a quantidade de trabalhos e seu grau de dificuldade – critérios que serão apresentados e esclarecidos previamente aos alunos.

Bibliografia

Básica: BOBBIO, Norberto. Teoria Geral da

Política: a filosofia política e as lições dos clássicos. Rio de Janeiro: Campus, 2000.

CARDOSO, Fernando Henrique. Política e Sociedade. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1983.

Complementar: BAUDRILLARD, Jean. À sombra das Maiorias Silenciosas: o

fim do social e o surgimento das massas. São Paulo: Brasiliense, 2004.

BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. Rio de Janeiro: FGV, 1974.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Graal, 2002.

__________. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

LARRANGA, Feliz Alfredo. Introdução às Ciências Internacionais. São Paulo: Aduaneiras, 2004.

NÓBREGA JÚNIOR, José Maria Pereira. As Instituições Coercitivas e a Semidemocracia Brasileira. Dissertação (mestrado em Ciência Política). Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2005, 150 p.

SANTOS, Boaventura de Souza. Pela Mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. 9ª ed. São Paulo: Cortez, 2003.

SOCIEDADE,SOCIEDADE,POLÍTICAPOLÍTICA

EEPODERPODER

““Todo poder emana do povo, que o Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de exerce por meio de

representantes eleitos ou representantes eleitos ou diretamente...”diretamente...”

(Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988, Art. 1º, § único).

FILOSOFIA POLÍTICA & CIÊNCIA POLÍTICA

Unidade I

Susanita: A política não me interessa? Se a política não me interessasse, hoje não me teria posto a escutar o que dizia meu pai.Mafalda: E o que ele dizia?Susanita: Que “apesar de tudo o que se tem feito até o momento, ainda não estão dadas as condições...” Isso!Mafalda: As condições para quê?Susanita: Ah! Aí já deixei de prestar atenção porque, no fim das contas, se não estão dadas as condições, que importa o “para quê”?

Definição Ciência Política é o estudo da política — dos sistemas

políticos, das organizações políticas e dos processos políticos. Envolve o estudo da estrutura (e das mudanças de estrutura) e dos processos de governo — ou qualquer sistema equivalente de organização humana que tente assegurar segurança, justiça e direitos civis.

Os cientistas políticos podem estudar instituições como corporações (ou empresas, no Brasil), uniões (ou sindicatos, no Brasil), igrejas, ou outras organizações cujas estruturas e processos de ação se aproximem de um governo, em complexidade e interconexão.

Existe no interior da Ciência Política uma discussão acerca do objeto de estudo desta ciência, que, para alguns, é o Estado e, para outros, o poder. A primeira posição restringe o objeto de estudo da ciência política; a segunda amplia.

Dedicando-se ao estudo do poder, a Ciência Política pretende investigar os fenômenos relacionados com o poder, desde os mais simples até os mais complexos, estabelecendo, igualmente, conceitos e teorias, das mais simples às mais complexas, que abranjam desde as relações políticas, por exemplo, em uma dada empresa, até as relações políticas, por exemplo também, em um dado Estado.

Conforme Norberto Bobbio, Ciência Política é “qualquer estudo dos fenômenos e das estruturas políticas, conduzido sistematicamente e com rigor, apoiado num amplo e cuidadoso exame dos fatos expostos com argumentos racionais. Nesta acepção, o termo ‘ciência política’ é utilizado dentro do significado tradicional como oposto à ‘opinião’”.

Gaetano Mosca definiu a Ciência Política como o estudo da formação e organização do poder. Em conseqüência, o método da ciência política era o de recolher o maior número possível de fatos históricos, a partir do estudo das várias civilizações. O cientista político, para Mosca, deveria conhecer muito bem a história de toda a humanidade. Sobre o objetivo da ciência política, Mosca afirmou que era estudar as tendências que determinam o ordenamento dos poderes políticos, examinar as leis reguladoras da organização social, descobrir e conhecer as leis reguladoras da natureza social do homem e do ordenamento político das diversas sociedades humanas. Quanto ao problema central a ser investigado pela ciência política, Mosca colocava o problema do poder.

Abrangência e Metodologia A ciência política abrange diversos campos, como a teoria

e a filosofia políticas, os sistemas políticos, ideologia, teoria dos jogos, economia política, geopolítica, geografia política, análise de políticas públicas, política comparada, relações internacionais, análise de relações exteriores, política e direito internacionais, estudos de administração pública e governo, processo legislativo, direito público (como o direito constitucional) e outros.

A ciência política usa métodos e técnicas que podem envolver tanto fontes primárias (documentos históricos, registros oficiais, pesquisas) quanto secundárias (artigos acadêmicos, relatórios de pesquisas, análise estatística, estudos de caso e construção de modelos).

Atuação do Cientista Político Cientistas políticos estudam a distribuição e transferência

de poder em processos sociais. Por causa da mistura de interesses contraditórios, a política é um exemplo aplicado da Teoria dos Jogos. Os cientistas políticos olham os ganhos (como o lucro privado de pessoas ou das empresas ou da sociedade), e as perdas (como o empobrecimento de pessoas ou da sociedade) como resultados de um jogo em que existem regras não explícitas que a pesquisa deve explicitar.

Cientistas políticos medem o sucesso de um governo e de políticas específicas examinando muitos fatores como estabilidade, justiça, riqueza material, e paz. Desenvolvem tanto teses positivas, analisando as políticas, quanto teses normativas, fazendo recomendações específicas.

Suas teorias frequentemente servem de base para ação, opção e prática de outros profissionais, como jornalistas, grupos de interesse especiais, políticos, e o eleitorado.

O ANALFABETO POLÍTICOO ANALFABETO POLÍTICO

 

O pior analfabeto é o analfabeto político.

Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.

Ele não sabe que o custo de vida,

o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel,

do sapato e do remédio

dependem de decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha

e estufa o peito dizendo que odeia a política.

Não sabe, o imbecil, que da sua ignorância

nasce a prostituta, o menor abandonado, o assaltante

e o pior dos bandidos

que é o político vigarista, pilantra, o corrupto

e o lacaio dos exploradores do povo.

 

(Bertold Brecht)

Analfabesta política...Luiz Carlos Prates fala sobre a “farra das passagens aéreas” no Congresso

Tiririca, eleito Deputado Federal por São Paulo com ≈ 1.340.000 votos

Juliana Góes, quando eliminada no 8º BBB, recebeu 64 milhões de votos!!

UMA TEORIA DO PODERESTADO, SOCIEDADE E PODER

“ Todo ato social é um exercício do

poder, toda relação social é uma equação de poder e todo grupo

ou sistema social é uma organização de

poder.” (Amos Hawley).

De acordo com Gerard Lebrun, uma definição bem adequada de política é aquela oferecida por Julien Freund, a qual afirma:

“[Política é a] atividade social que se propõe a garantir pela força, fundada geralmente no direito, a segurança externa e a concórdia interna de uma unidade política particular”...

Ainda segundo Lebrun: “Se, numa democracia, um partido tem peso político, é porque tem força para mobilizar um certo número de eleitores. Se um sindicato tem peso político, é porque tem força para deflagrar uma greve. Assim, força não significa necessariamente a posse de meios violentos de coerção, mas de meios que me permitam influir no comportamento de outra pessoa.”

Para Bobbio, ainda que “a possibilidade de recorrer à força seja o elemento que distinga o poder político das outras formas de poder [isso] não significa que o poder político se resuma ao uso da força; o uso da força é uma condição necessária, mas não suficiente para a existência do poder político.”

Nem todo grupo social com condições de usar, até mesmo com certa frequência, a força (uma associação de delinquentes, um bando de piratas, um grupo subversivo etc.) exerce um poder político.

O que caracteriza o poder político é:– a EXCLUSIVIDADE no uso da força em relação a

TODOS OS GRUPOS que agem em um determinado contexto social ;

– a MONOPOLIZAÇÃO da posse e do uso dos MEIOS com os quais é possível exercer a COAÇÃO FÍSICA;

– a CRIMINALIZAÇÃO e a PENALIZAÇÃO de todos os atos de violência que não forem cumpridos por PESSOAS AUTORIZADAS pelos detentores e beneficiários desse monopólio.

Diferenciando

“Potência (Macht) significa toda oportunidade de impor a sua própria vontade, no interior de uma relação social, até mesmo contra resistências, pouco importando em que repouse tal oportunidade”.

A força é a canalização da potência, é a sua determinação. E é graças a ela que se pode definir a potência na ordem das relações sociais ou, mais especificamente, políticas.

Segundo Michel Foucault: “o poder não se dá, não se troca nem se retoma, mas se exerce, só existe em ação”; “o poder não é principalmente manutenção e reprodução das relações econômicas, mas acima de tudo uma relação de força.”

“O poder é essencialmente repressivo. O poder é o que reprime a natureza, os indivíduos, os instintos, uma classe.”

Os poderes não estão localizados em nenhum ponto específico da estrutura social.

O PODER não é algo que se detém como uma coisa... O poder não existe: existem, sim, práticas ou relações de poder.

Hannah Arendt considera que o poder não se confunde com a autoridade, nem com a violência, que são pontos extremos de ascendência sobre o outro.

Poder seria a capacidade de impor-se (mesmo à força), coagindo – inclusive fisicamente.

A autoridade derivaria do reconhecimento e assentimento dos demais.

Desse modo, segundo Arendt, o poder estaria assentado sobre as pessoas da sociedade (o povo) e a autoridade seria a capacidade de aprovação das decisões tomadas por essa sociedade, o reconhecimento da validade dessas decisões dentro do espírito da tradição e como sendo o melhor para a perpetuação da sociedade.

“O poder nunca é propriedade de um indivíduo, pertence a um grupo e existe somente enquanto o grupo se conserva unido. Quando dizemos que alguém está ‘no poder’, queremos dizer que está autorizado por um certo número de pessoas a atuar em nome delas.”

(Arendt, 1973, p. 123).

• O poder não é uma substância! Não é tangível, pois não é coisa. Portanto, não é algo que se tem OU não.

• Poder é exercício. É ato. É realização.

• Daí dizermos que o poder não é um jogo de soma-zero, mas uma relação assimétrica entre dois atores políticos.

PODER É FAZER VALER A SUA VONTADE!

• COERÇÃO: obrigar a outros, pela força ou imposição, que façam aquilo que desejamos• INFLUÊNCIA: fazer com que os outros ajam como se fosse por vontade própria, por persuasão

Os elementos do poder:

Coerção + Influência = Poder

Recurso de poder é tudo o que nos dá esta condição ou capacidade de dominar. Podemos afirmar, então, que têm mais poder aqueles que têm mais recursos.

Quanto maiores são os recursos de alguém, maior é a sua capacidade de fazer valer a sua vontade!

• Econômicos - valores econômicos

• Simbólicos - imagem pessoal, cargos à disposição de um político para distribuição entre partidos que o apóiem, informação, conhecimento, posição ocupada na organização social, capital social etc.

• Subjetivos - qualidades pessoais, competência, carisma

• Coercitivos - poder militar, poder de polícia, censura

Não basta possuir recursos de poder... É necessária a estratégia!

O RECURSO DEPENDE

•DE ESTAR DISPONÍVEL•DE NOSSA VONTADE DE USÁ-LO•DE NOSSA CAPACIDADE DE USÁ-LO

ANÁLISE DO PODER RECURSO + ESTRATÉGIA

PODER

FORÇA AUTORIDADE

ELITESINFLUÊNCIA

FORÇA: uso ou ameaça da coerção física AUTORIDADE: direito estabelecido para tomar

decisões e ordenar ações de outrem– BUROCRÁTICA (racional): baseada no cargo ou posição

formalmente instituída.– TRADICIONAL: baseada na crença, normas e tradições

sagradas.– CARISMÁTICA: baseada nas qualidades pessoais

excepcionais do indivíduo. INFLUÊNCIA: habilidade para afetar as decisões e

ações de outros (sem os quesitos acima) ELITES: minoria que é detentora de autoridade ou

poder.

A estrutura social é composta de uma rede de posições sociais, cada qual vinculada a um certo grau de poder, pois as posições são RECURSOS DE PODER

Ao poder que emana da posição num grupo ou na sociedade, chamamos de AUTORIDADE

Algumas distinções úteis:

• PODER COERÇÃO: é o processo pelo qual a conduta de um ator B é alterada mediante severas sanções aplicadas contra a vontade de B.

•PODER INFLUÊNCIA: é o processo pelo a conduta ou a disposição de agir de um ator B é alterada segundo as preferências, desejos, expectativas ou intenções de um outro ator.

influência manifesta X influência implícita

influência positiva X influência negativa

Definiremos influência como a capacidade de um ator A alterar o comportamento de um ator B na direção desejada por A

Diferenças nas influências

1. Variação na distribuição de recursos políticos

2. Variação na eficácia no uso dos recursos

3. Variação na amplitude do uso de recursos políticos

Tais variações criam uma rede de causalidade...

I. diferenças em

a) dotes

b) experiência

II. diferenças em

a) recursos políticos

b) motivação

III. diferenças em

a) habilidade política

b) medida em que recursos são utilizados para assegurar influência política

IV. diferenças em influência política

levam a

que levam a

que por sua vez levam a

que levam a

Mas a dominação política não se exerce somente por meio da influência e do recurso à força... Existe a dominação legítima, isto é, aquela que é fundada no consenso do próprio dominado.

O poder pode fundamentar-se sobre: medo, promessas, afeto ou ganância. Mas nada é tão permanente e estável quanto a autoridade legítima

Dominação Legítima significa, em essência, que alguém tem o direito de comandar outros, e esses outros têm a obrigação de obedecer

Existem três tipos de dominação legítima tradicional, legal e carismática

  Dominação tradicional Dominação legal-racional Dominação carismática

Conceito Dominação em virtude da crença na santidade das ordenações e dos poderes senhoriais de há muito existentes.

Dominação em virtude de estatuto, de tal modo que qualquer direito pode ser criado e modificado mediante um estatuto sancionado corretamente quanto à forma.

Dominação em virtude de devoção afetiva à pessoa do senhor e a seus dotes sobrenaturais (carisma) e, particularmente, a faculdades mágicas, revelações ou heroísmo, poder intelectual ou de oratória.

Ocorre Sempre que a relação de domínio esteja fundada na dependência pessoal ou na honra estamental, por vínculos de fidelidade e em princípios materiais, com ausência de direito formal.

Sempre que a competência de mando esteja fundada sobre regras estatuídas e que o exercício do direito de domínio seja congruente com o tipo de administração legal.

Sempre que a dominação se dê em função do reconhecimento pessoal e se constitua em dever da comunidade em relação ao líder.

Quem manda o senhor a regra estatuída o líder ou o herói

Qualidade de quem domina

dignidade tradicional autoridade da posição estatuída

qualidades excepcionais

Quem obedece os súditos os membros ou “cidadãos” os discípulos ou apóstolos

Quadro administrativo

servidores (servos) funcionários (burocracia) seguidor (séquito)

Fundamento da relação

dependência ou privilégio

competência profissional vocação

Natureza da relação relação tradicional relação formal relação pessoal

Modelo da relação senhor - servo superior - funcionário líder - discípulos

Natureza da norma santidade (o sagrado)

formalidade abstrata revelação

Conteúdo da obediência fidelidade disciplina do serviço crença ou fé

Tipo da ordem tradição lei ou estatuto sentença

Tipo mais puro dominação patriarcal burocracia apostolado ou missão

Exemplos históricos / concretos

sultanato, monarquia, senhor de engenho, família, Estado feudal, brâmanes hindus, mandarins chineses, Igreja, clérigos budistas, aristocracias e oligarquias etc.

Estado moderno, corporações colegiadas, empresa capitalista, partido político, sindicato, universidade contemporânea, administrações por parlamento, comitês ou colegiados etc.

movimentos missionários, movimentos messiânicos movimentos revolucionários, populismo (figura do demagogo), caudilhismo, o profeta, Napoleão, Jesus, Péricles, Dalai Lama, direito hereditário de primogenitura etc.

1. Relação de domínio fundada na dependência pessoal:

·       Estrutura puramente patriarcal: servidores recrutados em completa dependência pessoal do senhor, sob a forma patrimonial (escravos, servos, eunucos) ou extrapatrimonial (favoritos, plebeus, parentes) – tipo mais puro: sultanato;

2. Ou na honra estamental:

·       Estrutura puramente estamental: os servidores não o são pessoalmente do senhor, e sim pessoas independentes, de posição própria que lhes angaria proeminência social – tipo mais puro: monarquia;

·       Nesse caso, estão investidos em seus cargos por privilégio ou concessão do senhor, ou possuem, em virtude de um negócio (compra, penhora, arrebatamento), direito sobre o cargo.

2. Relação administrativa por vínculos de fidelidade e em princípios materiais (como justiça), com ausência de direito formal.

3. De fato, o exercício da dominação se orienta por aquilo que, de acordo com o costume, está permitido ao senhor perante a obediência dos súditos, de modo que não provoque sua resistência;

4. Toda resistência é dirigida contra a pessoa do senhor, que desrespeitou os limites tradicionais do poder.

5. Não há criação de novos princípios jurídicos, mas “precedentes” e “jurisprudência”.

Quadro administrativo

1. pode ser recrutado de modo

• tradicional, por laços de “piedade”, entre os vinculados ao senhor – “recrutamento patrimonial”: pertencentes à linhagem; escravos; funcionários domésticos, em particular “ministeriais”; clientes; colonos; libertos.

• recrutamento extrapatrimonial: por relações pessoais de confiança (“favoritos” livres, de qualquer tipo); por pacto de fidelidade ao senhor, legitimado como tal (vassalos); funcionários que entram livremente na relação de piedade.

2. falta ao quadro administrativo, em seu tipo puro

• a “competência” fixa segundo regras objetivas; a hierarquia racional fixa; a nomeação regulada por livre contrato e ascensão regulada; a formação profissional; o salário fixo e pago em dinheiro.

1. Um exercício continuado, sujeito à lei, de funções dentro de uma

2. competência, que significa:

um âmbito de deveres e serviços objetivamente limitado, em virtude de uma distribuição de funções,

com a atribuição de poderes necessários para sua realização e

com estrita fixação dos meios coatores eventualmente admissíveis e o pressuposto prévio de sua aplicação.

3. Hierarquia administrativa, ou seja, a ordenação de autoridades fixas e com direito de queixa e apelação – burocracia;

4. Princípio da separação plena entre o quadro administrativo e os meios administrativos e de produção – separação entre patrimônio público, do cargo ou da exploração (capital), e o patrimônio privado e, entre o “escritório” ou “fábrica” e o “lar”.

1. Quadro administrativo baseado em funcionários individuais, os quais: (1) pessoalmente livres, são obrigados somente em relação aos deveres objetivos de seu cargo, (2) em hierarquia administrativa rigorosa, (3) com competências (e deveres) rigorosamente fixadas, (4) em virtude de um contrato – revogável sempre pelo funcionário superior ou por “quem manda”, quando há ruptura do contrato –, ou seja (em princípio), sobre a base de livre seleção, segundo (5) qualificação profissional que fundamenta sua nomeação – no caso mais racional: por meio de provas, ou do diploma que certifica sua qualificação, isto é, (6) há o sentido de competência profissional; (7) são retribuídos em espécie ou em dinheiro, com salários fixos, com direito a pensão, na maioria das vezes; (8) sua retribuição é graduada em relação à posição hierárquica, à responsabilidade do cargo ou conforme à qualificação; (9) exercem o cargo como sua única, ou principal, profissão; (10) têm ante si uma “carreira” ou “perspectiva” de ascensão e promoções, por anos de exercício, por serviços, ou por ambas as coisas, segundo o juízo de seus superiores; (11) por fim, estão submetidos à rigorosa disciplina e vigilância administrativa – a base do funcionamento técnico é a disciplina do serviço.

2. Sua administração é profissional, em virtude de deveres objetivos do cargo estabelecidos em estatuto;

3. Seu ideal é proceder sem influência de motivos pessoais ou influências sentimentais, sem “a consideração com a pessoa” ou o livre arbítrio;

4. Há completa separação dos meios administrativos e sem apropriação do cargo.

1. O carisma é a qualidade que passa por extraordinária e é sempre o reconhecimento de uma personalidade possuidora de poderes sobrenaturais ou, ao menos, extraquotidianos e não-acessíveis a qualquer pessoa;

2. A validade do carisma é (a) o reconhecimento – nascido da entrega à revelação, da reverência pelo herói, da confiança no chefe – por parte dos dominados; (b) reconhecimento que se mantém por “corroboração” das supostas qualidades; (c) e de tal modo que o reconhecimento não é o fundamento da legitimidade, mas sim um dever dos chamados, graças à vocação e à corroboração, a reconhecer a qualidade do líder carismático; (d) a legitimidade está na crença da existência de qualidades extraordinárias e em sua validade como base de dominação; (e) por fim, esse reconhecimento é uma entrega plenamente pessoal e cheia de fé, surgida do entusiasmo ou da indigência e da esperança.

3. Se faltar, de modo permanente, se o dotado carismático parecer abandonado por seu deus ou por sua força mágica ou heróica; se não alcançar o êxito de modo permanente e, sobretudo, se sua chefia não agregar nenhum bem-estar aos dominados, então, existe a probabilidade de que sua autoridade carismática se dissipe – como era o caso dos imperados da antiga china, entre outros, que ao menor sinal de inundações, seca ou outras calamidades naturais via ameaçado seu domínio;

4. O carisma, em seu tipo puro, rejeita o aproveitamento econômico dos dons gratuitos como fonte de renda – o que certamente ocorre mais como pretensão do que como fato;

5. O carisma é a grande força revolucionária da história, em especial nas épocas vinculadas à tradição.

Seu quadro administrativo (a) não é constituído por uma burocracia, muito menos por uma burocracia profissional; (b) sua seleção não ocorre segundo critérios estamentais, nem por dependência pessoal; (c) com efeito, a pessoa é eleita por qualidades carismáticas: ao profeta correspondem os discípulos, ao príncipe da guerra o séquito, ao chefe, os “homens de confiança”.

Não há nomeação, nem seleção, nem destituição, nem carreira, nem ascensão, nem hierarquia, nem delimitação estatutária de cargo, mas tão somente um “chamado” feito pelo senhor, segundo sua própria inspiração.

Não existe “jurisdição” ou “competência”, nem tampouco apropriação dos poderes por privilégios ou retribuição (soldo ou de outra espécie), pois os sequazes ou discípulos vivem com o senhor, em comunidade.

A limitação da função ou abrangência de ação é dada pela “missão”.

Não há “magistratura” firmemente estabelecida, mas somente missionários a quem é carismaticamente confiada uma missão, dentro do âmbito da missão outorgada pelo senhor e de seu próprio carisma.

Não existem regulamentos, preceitos jurídicos abstratos, nem aplicação racional do direito, nem ordens orientadas por precedentes tradicionais – o que se apresenta formalmente decisivo são as criações de direito de caso, originalmente apenas juízos de Deus e revelações.

Ética de convicção

A ética privada, do interior da consciência

Ética de responsabilidade

A ética pública, do estadista, mas também do corrupto, do ator político, enfim.

Toda relação de poder é sempre parcialmente controlada, não só por aqueles que a exercem, mas também por aqueles sobre quem ela se exerce. Daí falarmos numa escala de poder.

Nenhuma influência........... Alguma influência........... Controle

A escala do poder

Ator A

Ator B

Mais recursos: influenciando o ator B

Menos recursos: influenciado pelo ator A

Área de influência

(hachurada)

“O homem é um ser que precisa de um chefe. Até os homens que acreditam dominar também precisam de tal chefe; e eles são pouco capazes de se valerem desta sua chefia, se finalmente é um homem quem deve ser o último chefe”. (Kant).

O “poleiro” do PODER. Digo, a escala ou

hierarquia do poder.

top related