indicador de sustentabilidade para os municÍpios...
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II Simpósio Brasileiro de Geomática Presidente Prudente - SP, 24-27 de julho de 2007V Colóquio Brasileiro de Ciências Geodésicas ISSN 1981-6251, p. 338-343
A..L. Rodrigues; J. C.M. Strauch; C.A.N. Cosenza.
INDICADOR DE SUSTENTABILIDADE PARA OS MUNICÍPIOS
FLUMINENSES PERTENCENTES À BACIA DO RIO PARAÍBA DO SUL, RJ.
ANA LÚCIA LEITE RODRIGUES1 JULIA CÉLIA MERCEDES STRAUCH2
CARLOS ALBERTO NUNES COSENZA1
1 COPPE/UFRJ – Programa de Engenharia de Produção, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Caixa Postal 68511, CEP: 21945-970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. e-mail: al.rodrigues@terra.com; email: cosenza@pep.ufrj.br
2 ENCE /IBGE – Escola Nacional de Ciências Estatísticas R. André Cavalcanti, 106, s. 401, CEP: 20231-050, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
e-mail: juliast@ibge.gov.br
RESUMO - Este trabalho propõe a construção de um indicador de sustentabilidade para os municípios fluminenses pertencentes à bacia do rio Paraíba do Sul, de forma a subsidiar uma análise espaço-temporal, no período de 1991 e 2000, com objetivo de compreender sua evolução socioeconômica e ambiental. A escolha desta área se deve ao fato desta região abranger uma área com grande heterogeneidade econômica que reflete nos dias atuais, um processo de ocupação caracterizado pela descontinuidade dos ciclos econômicos, pelo desnível socioeconômico regional e pela degradação ambiental. A metodologia empregada utiliza o conceito de indicador de sustentabilidade e realiza as seguintes etapas de: a) coleta e identificação dos dados, segundo as dimensões: ambiental, econômica, institucional e social; b) análise exploratória dos dados; c) análise da correlação entre as variáveis; d) padronização das variáveis; e) análise multivariada através dos componentes principais; f) padronização dos indicadores; e g) cálculo do índice de sustentabilidade. Em seguida os índices de sustentabilidade são apresentados na forma de tabelas e mapas temáticos e analisados. Os resultados obtidos concluem que 62,75% dos municípios apresentaram redução no valor do índice de 1991 para 2000 e 37,25% alcançaram um aumento deste valor demonstrando um equilíbrio entre o desenvolvimento e a qualidade ambiental. ABSTRACT - This paper proposes the construction of sustainable index for fluminenses municipal districts belong to Basin of Paraiba do Sul River so subsidize a spatial and temporal analysis of these areas, in the period of 1991 and 2000, with the aim of understanding socioeconomical and environmental evolution. The choice of this area is due to the fact of this region includes an area with great economical heterogeneity that reflects nowadays an occupation process characterized by discontinuity of economical cycles, by regional socioeconomic unevenness and by environmental degradation. The methodology proposed uses the sustainable index concept and consists in the following stages: a) collecting and identifying the data, according to the environmental, economical, institutional and social dimensions; b) data exploratory analysis; c) correlation analysis among the variables; d) variables standardization; e) multivariate analysis through the main components; f) indicators standardization; and g) calculation of the sustainability index. Afterwards the sustainability indexes are presented in tables and thematic maps and analyzed. The obtained results conclude that 62,75% of municipal districts reduced the index value of 1991 for 2000 and 37,25% increased the index value, demonstrating a balance among development and environmental quality.
1 INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas tem-se observado uma crescente e não controlada pressão sobre os recursos naturais nas mais diferentes áreas do território brasileiro, reflexo direto do aumento populacional. Esta ocupação, como ocorre em outros países em desenvolvimento, se dá
de uma forma desordenada e é acompanhada de grande impacto nos mais diversos ambientes.
Para facilitar o monitoramento e a avaliação das alterações ambientais, algumas propostas metodológicas para a quantificação e qualificação do desenvolvimento sustentável surgem como alternativas interessantes (CSD, 2001; JANNUZZI, 2001; ESI, 2002; AJARA, 2003, BRAGA et al. , 2004). Destarte, o desenvolvimento e a
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aplicação de indicadores nos níveis nacional, regional e local, têm se tornado comum nos últimos anos, em resposta à necessidade crucial de ferramentas de avaliação da sustentabilidade (BOCKSTALLER & GIRARDIN, 2003).
Na literatura não há um consenso no conceito de desenvolvimento sustentável. Entretanto, neste trabalho é adotado o conceito proposto pelo Relatório Brundtland (AJARA; 2003) e recomendado pela Agenda 21 (NATIONS, 2001), que diz que: “desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações satisfazerem as suas próprias necessidades”.
A bacia do rio Paraíba do Sul foi escolhida como objeto deste trabalho uma vez que, tem por finalidade precípua contribuir para o esforço que está sendo tratado por vários setores da sociedade brasileira no sentido de fomentar o gerenciamento integrado, participativo e sustentável dos recursos hídricos em uma das regiões mais importantes do país (LABHID, 2001). Cabe ressaltar que esse trabalho se detém nos municípios fluminenses devido ao fato deste trecho apresentar a maior área geográfica em quilômetros quadrados e um alto grau de desenvolvimento, com a presença de grandes concentrações industriais e agrícolas, onde a população utiliza em quase sua totalidade as águas do rio Paraíba do Sul para diversos fins: abastecimento público, diluição de efluentes domésticos e industriais, geração de energia, irrigação, pesca, entre outros.
Com intuito de comparar a evolução neste sentido, optou-se por um recorte histórico entre 1991 e 2000, para fins de análise espaço-temporal. Este recorte temporal visa retratar as condições dos municípios pertencentes à bacia do rio Paraíba do Sul, com as matrizes discursivas de sustentabilidade urbana identificadas por ACSCERAD (1999).
Assim, este trabalho apresenta uma metodologia para medir, respeitando os princípios da sustentabilidade, os fenômenos associados ao problema de desenvolvimento da região, na bacia do rio Paraíba do Sul no período de 1991-2000 através da análise de indicadores de sustentabilidade ambiental, econômico, institucional e social calculado por técnicas estatísticas.
Para facilitar a compreensão deste trabalho, o mesmo foi estruturado da seguinte forma: na seção 2 é apresentada a caracterização da área, na seção 3 é descrita a metodologia utilizada; na seção 4 são apresentados a análise dos resultados obtidos nas dimensões ambiental, econômica, institucional e social; e finalmente, na seção 5 são descritas as conclusões sobre os resultados obtidos neste trabalho.
2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA
A bacia do rio Paraíba do Sul possui uma área de
drenagem que corresponde aproximadamente a 55.500
Km² e se localiza entre os paralelos 20°26’ e 23°00’ e os meridianos 41°00’ e 46°30’ oeste de Greenwich. A bacia do rio Paraíba do Sul estende-se na Região Sudeste entre os Estados de São Paulo (13.900km²), Minas Gerais (20.700km²) e Rio de Janeiro (20.900km²).
A bacia do rio Paraíba do Sul localiza-se no bioma Mata Atlântica com predominância de formações florestais e ecossistemas de manguezais, restingas, várzeas e campos de altitudes. A cobertura vegetal e uso do solo apresentam florestas naturais, que ocupavam a maior parte da bacia, hoje reduzida a 11% do território, em remanescentes isolados e que são mais expressivos apenas onde o relevo se torna montanhoso, como nos topos da Serra do Mar e da Serra Mantiqueira, principalmente na região de Itatiaia (LABHID, 2001).
O clima na região é predominantemente quente e úmido, com variações determinadas pelas diferenças de altitude e entradas de ares marinhos. Os maiores índices pluviométricos ocorrem nas regiões do maciço do Itatiaia, no trecho paulista da Serra do Mar e na Serra dos Órgãos, onde a precipitação anual ultrapassa 2.000mm. Estas regiões com elevadas altitudes apresentam as mais baixas temperaturas, com médias mínimas em torno de 10°C. As mais altas temperaturas ocorrem na região noroeste (RJ), especialmente em Itaocara, na confluência dos rios Pomba e Paraíba do Sul, com média máxima entre 32°C e 34°C.
O rio Paraíba do Sul além da população residente na bacia atende a Região Metropolitana do Rio de Janeiro, abastecendo uma população de aproximadamente 8 milhões de habitantes. O rio Paraíba do Sul chega ao estado do Rio de Janeiro, com a qualidade de suas águas prejudicadas pelos lançamentos de esgotos domésticos, efluentes industriais e uma enorme quantidade de sólidos em suspensão. Este trecho fluminense da bacia, por sua vez também contribui através de esgotos in natura aos corpos hídricos e as cargas industriais colaborando com o aumento da poluição, piorando ainda mais a qualidade das águas.
3 METODOLOGIA UTILIZADA
Os indicadores de sustentabilidade municipal dos municípios fluminenses pertencentes à bacia do rio Paraíba do Sul foram construídos a partir de dados públicos de várias agências governamentais, tais como: IBGE, DATASUS, IPEAdata, MMA e SNIU.
Foram selecionadas 26 variáveis para a composição dos indicadores que foram agrupados conforme as dimensões do desenvolvimento sustentável, favorecendo a utilização dos mesmos para implementação de Agendas 21 locais. A Tabela 1 demonstra a forma como estes indicadores foram estruturados.
Para a construção dos indicadores propostos para a região em questão foram criadas folhas metodológicas que fornecem informações sobre os indicadores quanto a
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o seu propósito, a sua descrição metodológica e a sua disponibilidade dos dados (RODRIGUES, 2006).
Tabela 1 – Estruturação dos Indicadores Dimensões Subdimensão Composição dos dados
Percentual de Habitações subnormais Índice de Longevidade (IDH)
Qualidade Habitacional e condições de vida
Índice de educação (IDH) Índice de serviço de coleta de lixo Índice de abastecimento de água
Saneamento
Índice de instalação sanitária Área plantada lavoura permanente
Uso do solo
Efetivo de rebanho Índice de mortos em acidente de trânsito
Ambiental
Saúde e segurança ambiental Índice de mortos por
homicídio Receita orçamentária Produto Interno Bruto (PIB) Investimento municipal
Econômica Situação econômica
Despesas de capital Despesas municipais por habitação e urbanismo Taxa alfabetização Domicílios com telefone Domicílios com rádio
Institucional Capacidade Institucional
Domicílios com televisão Nº total de domicílios Área geográfica (Km2) Capital humano
População
População total Índice de renda (IDH) Índice de Gini
Social
Renda
Índice L de Theil Na metodologia proposta para a construção dos
indicadores de sustentabilidade são realizadas as seguintes etapas apresentadas na Figura 1 e descritas nas seções a seguir:
Figura 1 – Metodologia proposta
3.1 Análise exploratória de dados
A análise exploratória dos dados teve por objetivo resumir e organizar os dados, através tabelas e gráficos e, a partir dos dados resumidos, procurar alguma regularidade ou padrão nos dados. Essa análise consistiu em gerar histogramas e mapas temáticos para as variáveis nos períodos de 1991-2000.
Nesta etapa do trabalho foram observadas as presenças de valores extremos e à ausência de estacionaridade.
3.2 Análise de correlação entre as variáveis
O objetivo da análise de correlação foi testar a adequação das variáveis e procurar aquelas que se mostraram redundantes ou pouco expressivas. Para isso foi gerada a matriz de correlação. Trata-se de uma matriz quadrada, simétrica, cuja diagonal é formada pela unidade, pois trata-se da correlação da variável com ela mesma, e em cada interseção linha (i) coluna (j) a correlação das variáveis Xi e Xj, que podem assumir valores entre –1 e 1. Quanto mais próximas de 1 mais fortes serão as correlações, o zero representa ausência de correlação e valores negativos próximos de 1 indicam forte correlação negativa.
3.3 Padronização dos dados
O estudo utilizou 26 variáveis, o que consistem
uma quantidade significativa, que requer uma padronização. Assim, com o objetivo de obter uma eqüidade das variáveis, foi realizada uma primeira padronização obtida através da fórmula:
σχ
=Z (1)
Onde: χ – variável σ – desvio padrão
3.4 Análise multivariada através de componentes
principais
A análise de componentes principais é uma técnica estatística que pode ser utilizada para reduzir o número de variáveis e para fornecer uma visão estatisticamente privilegiada do conjunto de dados. Esta técnica fornece as ferramentas adequadas para identificar as variáveis mais importantes no espaço das componentes principais.
Análise exploratória dos dados
Análise de correlação
Padronização dos dados
Análise multivariada A análise de componentes principais consiste em reescrever as variáveis originais em novas variáveis denominadas componentes principais, através de uma transformação matemática especial realizada sobre as variáveis originais, sendo assim, cada componente principal é uma combinação linear de todas as variáveis originais. Os componentes principais tornam-se mais
Padronização dos indicadores
Cálculo do índice de sustentabilidade
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efetivos que as variáveis originais, uma vez que podem ser analisados separadamente devido a sua ortogonalidade, servindo para interpretar o peso das variáveis originais na combinação das componentes principais. Isto permite visualizar o conjunto da amostra apenas pelas primeiras componentes principais, que detém maior parte da informação estatística.
Análise de componentes principais foi então inserida na metodologia proposta com o objetivo de: i) avaliar a adequação da reunião das variáveis em indicadores específicos; b) identificar a existência de indicadores inexpressivos; e c) substituir o conjunto de dados originais pelas componentes principais, criando um indicador sintético. 3.5 Padronização dos indicadores
Esta etapa é realizada convertendo os indicadores em valores compreendidos entre zero e um, tentando obter resultados mais expressivos em termos comparativos.
Assim, foram identificados os valores de limites máximos e mínimos que podem ser assumidos por cada indicador componente do índice. Estes valores têm por função definir o melhor e o pior valor que cada indicador pode assumir. Desta forma a padronização é obtida através da seguinte fórmula:
ovalorMínimvadovalorObserovalorMínimvadovalorObseríndice
−−
= (2)
3.6 Cálculo do índice de sustentabilidade
O índice de sustentabilidade final representativo
nesta metodologia foi calculado efetuando-se a média aritmética dos valores obtidos após a padronização realizada na etapa anterior para cada município.
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Para realização da análise do índice de sustentabilidade foi proposta uma classificação no sentido de facilitar a compreensão dos resultados. O critério adotado para a classificação do índice de sustentabilidade é apresentado na Tabela 2. Nesta proposta, à medida que o valor se aproxima de 0.7, maior será o nível de sustentabilidade.
Tabela 2 – Classificação do índice de sustentabilidade Intervalos Sustentabilidade 0,30 e 0,40 Ruim 0,40 e 0,50 Regular 0,50 e 0,60 Boa 0,60 e 0,70 Ótima
A..L. Rodrigues; J. C.M. Strauch; C.A.N. Cosenza.
A seguir são apresentadas as Figuras 2 e 3 que apresentam os municípios com a classificação dos índices de sustentabilidade proposta, sendo possível visualizar os
melhores e os piores resultados nos municípios para os períodos de 1991 e 2000, respectivamente.
N
EW
S
Campos dos Goytacazes
Valença
Resende
Itaperuna
Piraí
São Fidélis
Rio Claro
Petrópolis
Cantagalo
Teresópolis Nova Friburgo
Cambuci
Sapucaia
Italva
Itaocara
Carmo
VassourasQuatis
Barra Mansa
Barra do Piraí
Paraíba do SulSumidouro
Natividade
Santa Maria Madalena
Itatiaia
Três RiosRio das Flores Trajano de Morais
Bom Jardim
Cardoso Moreira
Miracema
Duas Barras
Porciúncula
Santo Antônio de Pádua
Areal
Paty do Alferes
Varre-Sai
Miguel Pereira
Macuco
Laje do Muriaé
São Sebastião do Alto
São José de Ubá
Cordeiro
Volta Redonda
Aperibé
MendesPinheiral
São José do Vale do Rio Preto
Engenheiro Paulo de Frontin
Porto Real
Comendador Levy Gasparian
MINAS GERAIS
SÃO PAULO
ESPÍRITO SANTO
RIO DE JANEIRO
500000
500000
550000
550000
600000
600000
650000
650000
700000
700000
750000
750000
800000
800000
850000
850000
900000
900000
950000
950000
7450000 7450000
7500000 7500000
7550000 7550000
7600000 7600000
7650000 7650000
7700000 7700000
Intervalos de classificação0.3 - 0.40.4 - 0.50.5 - 0.60.6 - 0.7
40 0 40 Km
N
EW
S
Legenda:
Classificação do índice de sustentabilidade para 1991
Figura 2 – Mapa de classificação do índice de
sustentabilidade para o ano de 1991.
N
EW
S
Campos dos Goytacazes
Valença
Itaperuna
Piraí
São Fidélis
Rio Claro
Petrópolis
Cantagalo
Teresópolis
Cambuci
Sapucaia
Italva
Itaocara
Carmo
VassourasQuatis
Barra Mansa
Barra do Piraí
Sumidouro
Natividade
Santa Maria Madalena
Itatiaia
Três Rios Trajano de Morais
Bom Jardim
Cardoso Moreira
Miracema
Duas Barras
Porciúncula
Santo Antônio de Pádua
Areal
Paty do Alferes
Varre-Sai
Miguel Pereira
Macuco
Laje do Muriaé
São Sebastião do Alto
São José de Ubá
Cordeiro
Volta Redonda
Aperibé
MendesPinheiral
São José do Vale do Rio Preto
Engenheiro Paulo de Frontin
Porto Real
Comendador Levy Gasparian
Resende
MINAS GERAIS
SÃO PAULO
ESPÍRITO SANTO
RIO DE JANEIRO
550000
550000
600000
600000
650000
650000
700000
700000
750000
750000
800000
800000
850000
850000
900000
900000
7500000 7500000
7550000 7550000
7600000 7600000
7650000 7650000
7700000 7700000
0.3- 0.40.4 - 0.50.5 - 0.60.6 - 0.7
Intervalos de classificação
Legenda:
40 0 40 Km
Classificação do índice de sustentabilidade para 2000
Figura 3 – Mapa de classificação do índice de
sustentabilidade para o ano de 2000. 4.1 Análise espaço-temporal do índice de
sustentabilidade
Analisando a classificação do índice de sustentabilidade para o período de 1991, observa-se que os municípios de Campos de Goytacazes e Varre-sai apresentaram os menores índices, sendo enquadrados na classificação de ruim-sustentabilidade com os valores respectivamente de 0.35 e 0.39.
Ainda analisando o período de 1991, verifica-se que o maior índice de sustentabilidade pertence ao município de Itatiaia, classificado na categoria ótima-sustentabilidade com valor de referência de 0.60. Os demais municípios variam 0.40 a 0.57 sendo enquadrados na classificação boa-sustentabilidade e regular-sustentabilidade.
O período de 2000 é caracterizado por um agravamento do cenário no que se refere ao desenvolvimento sustentável. Neste período é observada a exclusão da classe ótima-sustentabilidade.
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Os municípios inseridos na classificação ruim-sustentabilidade são: Varre-sai, Italva, Cardoso Moreira, Porto Real, Paty de Alferes, Engenheiro Paulo de Frontin, Sumidouro, Laje de Muriaé, São Fidélis e Duas Barras. Os demais municípios estão enquadrados na categoria regular-sustentabilidade, tendo seus índices variando de 0.40 a 0.58.
Observando os mapas de classificação do índice de sustentabilidade para os períodos de 1991 e 2000 concluir-se que:
• 62,75% dos municípios apresentaram uma redução no valor do índice de sustentabilidade; e
• 37,25 % do total dos municípios demonstram estar obtendo sucesso em promover uma relação mais equilibrada entre o desenvolvimento e a qualidade ambiental.
Diante deste panorama conclui-se que os municípios estudados, não possuem padrão de desenvolvimento verdadeiramente sustentável, uma vez que a maioria dos municípios demonstraram uma redução no índice de sustentabilidade de 1991 para 2000.
4.2 Interpretação do índice a partir das variáveis
utilizadas
Analisando as variáveis dos municípios que apresentaram os maiores índices de sustentabilidade, observa-se que o índice de longevidade - IDH; educação - IDH, índice de serviço de coleta de lixo, índice de abastecimento de água, índice de instalação sanitária e índice de renda – IDH, se revelaram variáveis de peso na mensuração do índice de sustentabilidade, evidenciando a importância das dimensões ambiental e social no âmbito do desenvolvimento sustentável considerados para os períodos de 1991 e 2000.
Em oposição à análise efetuada no parágrafo anterior podemos citar as variáveis que influenciaram para a redução do índice de sustentabilidade na pesquisa foram elas: percentual de habitações subnormais, efetivo de rebanho e lavoura permanente, que são atividades econômicas históricas na região. 4.3 Análise da relevância, aderência local e qualidade
dos dados.
Com o objetivo de subsidiar futuras discussões metodológicas sobre a construção do índice de sustentabilidade e tomando por base o trabalho de BRAGA (2004), foi efetuada a análise de relevância, aderência local e qualidade dos dados. A relevância é a capacidade da variável em traduzir o fenômeno. A aderência local é a capacidade da variável em captar o fenômeno produzido.
Desta forma os indicadores que refletem perfeitamente o fenômeno em determinado município, atingem alta relevância e aderência local. Contudo, as
variáveis que apresentarem relevância e aderência local média, talvez, futuramente, possam ser substituídas em outros estudos por variáveis de alta relevância e aderência local. Aquelas variáveis que forem consideradas de baixa relevância e aderência local devem ser substituídas por variáveis mais expressivas
No que tange a análise da qualidade dos dados, estes podem ser classificados segundo sua disponibilidade, cobertura e atualidade dos dados. Os dados são considerados adequados, quando são de fácil obtenção e periodicidade contínua e ampla. Os dados considerados suficientes não apresentam periodicidade contínua, mas podem ser obtidos com base em outros dados de periodicidade mais adequada. Os dados considerados pobres são de difícil obtenção e muitas vezes necessitando de pesquisa de campo. 5 CONCLUSÃO
O presente trabalho apresentou a construção do índice de sustentabilidade para os municípios do Rio de Janeiro inseridos na bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul para os períodos de 1991 e 2000.
A elaboração do índice de sustentabilidade proporcionou uma forma de entender melhor os municípios estudados na esfera do desenvolvimento sustentável. Os resultados forneceram importantes elementos para a reflexão do processo de desenvolvimento para a região. As informações levantadas contribuirão às equipes de profissionais envolvidos no planejamento de municípios e microrregiões, subsidiando tomadas de decisão.
Os resultados confirmaram que a ferramenta não funciona somente para uma avaliação comparativa da qualidade de vida entre regiões estudadas e sim para indicar as áreas de melhor ou pior performance relativa, apontar tendências e chamar a atenção para os pontos fracos.
Pelo estudo realizado observou-se que as variáveis das dimensões ambiental e social apresentaram maior peso na obtenção do resultado. Um número considerável de habitações subnormais desarmoniza a condição de sustentabilidade de uma determinada região, assim como os municípios que apresentaram valores relativamente altos de variáveis como: coleta de lixo, abastecimento de água e instalação sanitária, teve seus índices maiores em comparação com municípios onde esta variável foi inexpressiva.
A construção do índice de sustentabilidade para a região em estudo nos permite concluir que os municípios abordados não apresentaram um desenvolvimento verdadeiramente sustentável, mesmo que alguns municípios tenham se mostrado melhores de um período para outro, a maioria dos municípios apresentaram redução do índice de sustentabilidade do período de 1991 para 2000.
II Simpósio Brasileiro de Geomática Presidente Prudente - SP, 24-27 de julho de 2007V Colóquio Brasileiro de Ciências Geodésicas
A..L. Rodrigues; J. C.M. Strauch; C.A.N. Cosenza.
Apesar das conclusões nos apontarem o caminho a seguir, muito se tem a fazer para que se atinja uma situação adequada na direção da sustentabilidade. Os governantes e grupos tomadores de decisão nas mais diversa esferas precisam ser capazes de fazer escolhas mais efetivas para o aprimoramento das condições de sustentabilidade da sociedade.
AGRADECIMENTOS
Os autores expressam seus agradecimentos ao
CNPq pelo apoio financeiro.
REFERÊNCIAS ACSCERAD, H. Discursos da sustentabilidade urbana. Revista Brasileira AJARA, C. As difícies vias para o desenvolvimento sustentável: gestão descentralizada do território e zoneamento ecológico-econômico. Textos para discussão ENCE, 8, 2003 RODRIGUES, Ana Lúcia. Proposta de um indicador de sustentabilidade para os municípios fluminenses pertencentes a Bacia do Paraíba do Sul , RJ. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 2006. BOCKSTALLER, C. e GIRARDIN, P. How to validate environmental indicators. Agricultural Systems v.76, p.639-53, 2003. BRAGA et al. Índice de sustentabilidade municipal: o desafio de mensurar. Nova Economia - Belo Horizonte 14(3), 11-33, setembro-dezembro de 2004. CSD. Indicators of sustainable development: Framework and methodologies. Technical Report DESA/DSD/2001/3, United Nations - Department of Economic and Social Affairs, New York. 2001 ESI. Environmental Sustainability Index – an initiative of global leaders of tomorrow environmental task force. 2002. (In collaboration with: Yale Center for Environmental Law and Policy Yale University and Center for International Earth Science Information Network Columbia University). |Disponível em: www.ciesin.columbia.edu. Acesso em: 10 ago. 2005. IBGE. Indicadores de Desenvolvimento Sustentável. IBGE. 2004. Disponível em: www.ibge.gov.br Acessado em: 05 fev. 2005 JANNUZZI, Paulo de Martino. Indicadores Sociais no Brasil. Campinas, SP. Editora Alínea, 2001. 141pp
LABHID (Laboratório de Hidrologia e Estudos do Meio Ambiente da COPPE/UFRJ). SIRH – BPS (sistema de informações de recursos hídricos da bacia do rio Paraíba do Sul), versão 1.0, 2003. NATIONS, U. Agenda 21. 2001. Disponível em: www.un.org Capturado em:18 jul. 2005. UWF - URBAN WORLD FÓRUM, Reports on Dialogues II – Sustainable Urbanization, 2002. Disponível em: <http://www.unchs.org/uf/aii.html>. Acesso: 13/010/05. VAN BELLEN. Indicadores de Sustentabilidade: Uma análise comparativa. Santa Catarina, 2002.
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