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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Sandro Eduardo Abreu Sereno
IMPLANTAÇÃO DA TV DIGITAL REGIONAL SOB A ÓPTICA DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
Taubaté – SP
2008
UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Sandro Eduardo Abreu Sereno
IMPLANTAÇÃO DA TV DIGITAL REGIONAL SOB A ÓPTICA DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
Dissertação apresentada para a obtenção do Título de Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional do Departamento de Economia, Contabilidade e Administração da Universidade de Taubaté. Orientadores: Prof. Dr. José Luis Gomes da Silva e Prof. Dr Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira.
Taubaté – SP
2008
2
SANDRO EDUARDO ABREU SERENO
IMPLANTAÇÃO DA TV DIGITAL REGIONAL SOB A ÓPTICA DA INOVAÇÃO
TECNOLÓGICA
Dissertação apresentada para obtenção do Título de Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional do Departamento de Economia, Contabilidade e Administração da Universidade de Taubaté.
Data: __________________
Resultado: ______________
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. José Luis Gomes da Silva (Orientador) Universidade de Taubaté
Assinatura __________________________________
Prof. Dr. Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira (Orientador) Universidade de Taubaté
Assinatura __________________________________
Profa. Dra. Mônica Franchi Carniello Universidade de Taubaté
Assinatura __________________________________
Prof. Dr. Carlos de Moura Neto ITA
Assinatura __________________________________
À minha esposa Andréa e
nossos filhos Gabriela e Lucas,
pelo apoio nesta fase importante de minha vida.
Aos meus pais Edésio e Licéa, pelos princípios morais, espirituais e educação que
orientaram minha vida para a felicidade familiar e crescimento profissional.
4
AGRADECIMENTOS
A Deus pelo dom da vida e iluminação para alcançar meus objetivos.
Ao empresário José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, por me inspirar na
realização do trabalho e por conceder uma bolsa para custear o Mestrado.
Ao Prof. Dr. Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira e Prof. Dr. José Luís
Gomes da Silva, por serem meus orientadores no trabalho de dissertação e por toda
ajuda que deram para que o objetivo fosse alcançado.
A todos os Professores que conheci no Mestrado e que tanto contribuíram no
desenvolvimento dessa longa e feliz jornada.
À Prof. Dra. Mônica Franchi Carniello e ao Prof. Dr. Carlos de Moura Neto,
pelas importantes contribuições e incentivos para o sucesso da dissertação.
Ao Engenheiro Adilson Pontes Malta, pelas contribuições feitas ao trabalho.
A todos os meus colegas mestrandos, pela ajuda e amizade.
Aos Diretores e Engenheiros das emissoras do Cone Leste Paulista, pela
colaboração na coleta de dados para o estudo de campo.
“A força mais dramática que molda a vida
das pessoas é a tecnologia.”
Philip Kotler
6
RESUMO
A televisão, um dos principais meios de comunicação de massa do Brasil, prepara-
se para entrar na era digital, a tecnologia adotada é a maior de suas inovações. Os
profissionais de tecnologia de televisão e os pesquisadores brasileiros estudaram os
principais padrões disponíveis nos países desenvolvidos, e o governo optou pelo
padrão japonês. É preciso enfrentar o desafio de implantá-la em níveis nacional,
regional e local, de modo que continue sendo o principal veículo de comunicação da
população brasileira: um veículo moderno, democrático e gratuito a todas as classes
sociais. Com a utilização de pesquisa bibliográfica e de estudo de campo, o trabalho
analisou as alternativas e o processo de implantação da TV Digital diante de suas
possibilidades tecnológicas. A televisão, uma mídia de pouco mais de 50 anos, como
mostra a história, está estabilizada. A tecnologia atual limita novos modelos de
negócio. O trabalho de pesquisa analisou o ciclo de vida dessa mídia. Foi realizada
também a análise SWOT (strength, weakness, opportunities & threats) de modo que
forças e fraquezas, oportunidades e ameaças puderam ser evidenciadas, tanto para
a atual como para a nova televisão que está surgindo. A pesquisa explorou como foi
a implantação da TV digital no Japão, Estados Unidos e Europa. Explorou como
outras mídias digitais participam do negócio, como parceiras ou concorrentes. A
partir dos resultados encontrados após a utilização do método apontado, chegou-se
às propostas para a implantação da TV Digital, Aberta e Regional, envolvendo as
etapas do processo, as possibilidades tecnológicas e o desenvolvimento regional.
Palavras-chave: Televisão. Digital. Inovação.
ABSTRACT
INTRODUCTION OF THE DIGITAL REGIONAL TV UNDER THE
TECHNOLOGICAL INNOVATION VIEW
Television, one of the mainly mass communication media of Brazil, prepares itself to
get in the digital era, the adopted technology is the biggest of its innovations. The
professionals of television technology and the Brazilian researchers studied the
mainly available patterns in the developed countries and the government defined the
Japanese pattern. It is necessary to face the challenge to introduce it in national,
regional and local levels to continue to be the mainly communication media of the
Brazilian population: a modern, democratic and free media for all social classes. With
the utilization of the bibliographic research and field study, the work analyzed the
alternatives and the process of implantation of the Digital Television in front of its
technological possibilities. The television, a media a little bit older than 50 years old,
as the history shows, is stabilized. The actual technology limits new business models.
The work analyzed the media’s life cycle. It analyzed the SWOT (strength, weakness,
opportunities & threats) as well as strength and weakness, opportunities and threats
might be in evidence, as to the actual as to the new television which are rising. The
research had explored the implantation of digital television applicated in Japan, USA
and Europe. It had explored how another digital media participate of the business, as
partners or competitors. From the obtained results, after the use of the mentioned
method, the dissertation got to the proposals to implant the digital, opened and
regional television, involving the process stages, the technological possibilities and
the regional developing.
Key words: Television. Digital. Innovation.
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Representação do Triângulo de Sábato................................................... 29
Figura 2 - Ciclo de Vida do Produto ........................................................................ 36
Figura 3(a) - Ciclo de Vida da Demanda .................................................................. 37
Figura 3(b) - Ciclos de Vida de formas de produtos.................................................. 37
Figura 4 - Estágios do Ciclo de Vida de um Setor .................................................... 39
Figura 5 - Ciclo de Vida da TV Aberta no Brasil ....................................................... 45
Figura 6 - Número de computadores no mundo ..................................................... 49
Figura 7 - Capacidade dos canais de televisão analógica e digital no Brasil ........... 50
Figura 8- Segmento para transmissão para os dispositivos portáteis ...................... 53
Figura 9 - Relação de aspecto dos televisores de 4:3 e 16:9 ................................. 59
Figura 10 - Conversão entre formatos 16:9 e 4:3 ..................................................... 60
Figura 11 - 13 segmentos do canal de TV Digital do ISDB-T .................................. 73
Figura 12 - Cronograma de Implantação da TV Digital no Japão ............................ 74
Figura 13 - Transição analógico-digital ................................................................... 81
Figura 14 - Plano Básico de Distribuição de Canais Digitais – PBTVD ................... 81
Figura 15 - Cobertura da TV Digital no Mundo ......................................................... 82
Figura 16 - Modelo inicial da televisão ..................................................................... 91
Figura 17 - Modelo atual mais utilizado .................................................................... 92
Figura 18 - Modelo futuro para TV .......................................................................... 93
Figura 19 - Evolução do e-commerce no Brasil em milhões de reais (2001-2006) ...94
Figura 20 - Recursos Internos da organização ......................................................107
Figura 21 - Fluxograma – Método ...........................................................................108
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Estatística de celulares no Brasil .......................................................... 54
Tabela 2 - Tipos de resolução de imagem ............................................................. 62
Tabela 3 - Números da Internet, E-commerce e Celulares no Brasil ....................... 95
Tabela 4A - Dados quantitativos – Etapas do Processo de implantação da TVD ...111
Tabela 4B - Dados quantitativos – Possibilidades Tecnológicas da TVD ...............113
Tabela 4C - Dados quantitativos – Contribuição da TVD para o Desenvolvimento
Regional ............................................................................................. 115
Tabela 4D - Dados qualitativos ...............................................................................116
10
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1A - Percentual dos pontos positivos para cada uma das onze questões..112
Gráfico 2A - Total de respostas positivas de cada uma das seis emissoras ..........112
Gráfico 1B - Percentual dos pontos positivos para cada uma das oito questões ...113
Gráfico 2B - Total de respostas positivas de cada uma das seis emissoras ..........114
Gráfico 1C - Percentual dos pontos positivos para cada uma das sete questões ..115
Gráfico 2C - Total de respostas positivas de cada uma das seis emissoras ..........116
11
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Prognósticos da teoria do Ciclo de Vida do Produto .............................. 44
Quadro 2 - O que as pessoas querem da TV do Futuro .......................................... 48
Quadro 3 - Classificação e escore das questões.....................................................117
Quadro 4A – Estratégias oriundas da análise SWOT..............................................118
Quadro 4B - Estratégias oriundas da análise SWOT..............................................119
Quadro 5A - Resumo das propostas – Processo de Implantação da TV Digital
Regional .............................................................................................136
Quadro 5B - Resumo das propostas – Possibilidades Tecnológicas da TV Digital
Regional .............................................................................................137
Quadro 5C - Resumo das propostas – Contribuição da TV Digital para o
Desenvolvimento Regional .................................................................138
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................ ........17
1.1 O Problema..................................................................................... 19
1.2 Questão de Pesquisa......................................................................20
1.3 Objetivos......................................................................................... 21
1.3.1 Objetivo Geral..................................................................................................21
1.3.2 Objetivos Específicos.....................................................................................21
1.4 Delimitação do Estudo .................................................................. 22
1.5 Relevância do Estudo.................................................................... 23
1.6 Organização do Trabalho.............................................................. 24
2 REVISÃO DA LITERATURA.............................................................. 26
2.1 Conceito de Inovação.....................................................................26
2.1.1 Tipos de Inovação...........................................................................................30
2.1.2 Inovação Tecnológica.....................................................................................31
2.1.3 Gestão da Inovação Tecnológica...................................................................32
2.2 Inovação Tecnológica na Televisão..............................................33
2.3 Ciclo de Vida de Produtos..............................................................35
2.4 Ciclo de Vida da Televisão ............................................................40
3 TV DIGITAL ABERTA.........................................................................46
3.1 Possibilidades Tecnológicas da TV Digital..................................51
3.1.1 Mobilidade .......................................................................................................51
3.1.2 Portabilidade ...................................................................................................52
3.1.3 Interatividade...................................................................................................55
3.1.4 Multiprogramação...........................................................................................57
3.1.5 Alta Definição e Definição Padrão.................................................................59
3.2 Um Breve Histórico sobre a Implantação da TV Digital..............62
3.2.1 O início da TV Digital no Brasil......................................................................65
3.3 Os Primeiros Padrões de TV Digital em Uso no Mundo..............70
3.3.1 Advanced television System Comitee (ATSC)..............................................70
13
3.3.2 Digital Video Broadcasting (DVB-T)..………...………….….………...………..71
3.3.3 Integrated Services Digital Broadcasting-Terrestrial (ISDB-T)…………….72
3.3.4 Digital Multimedia Broadcast (DMB)………………………………..…....….….75
3.3.5 Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD) .......….………..….…..….76
3.3.5.1 Inovações no ISDB-TB……………………………………….......……..............77
3.3.5.2 Cronograma de Implantação do ISDB-TB...................................................79
4 TV E DESENVOLVIMENTO REGIONAL............................................84
4.1 Origem Centralizada da Mídia Televisiva.....................................84
4.2 Desenvolvimento e Espaço Territorial..........................................86
4.3 Globalização e Mídia.......................................................................88
4.4 Da Globalização à Regionalização................................................89
4.5 A Inovação na TV e suas Prováveis Contribuições para a
Regionalização......................................................................................93
4.6 Influência da TV Digital no Desenvolvimento Regional..............96
5 MÉTODO.............................................................................................99
5.1 Descrição do Método....................................................................100
5.2 Universo da Pesquisa...................................................................101
5.3 Amostra..........................................................................................101
5.4 Instrumento...................................................................................102
5.5 Plano de Coleta.............................................................................102
5.6 Plano de Análise...........................................................................103
5.7 Análise SWOT................................................................................103
5.7.1 Ambiente Externo - Oportunidades e Ameaças.........................................104
5.7.2 Ambiente Interno - Forças e Fraquezas......................................................106
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................ 110
6.1 Construção da Análise SWOT.....................................................110
6.2 Discussão dos Resultados..........................................................119
6.2.1 Estratégia para ALAVANCAGEM.................................................................121
6.2.1.1 Implantação após digitalização da geradora X Buscar tecnologias da
região.......................................................................................................................121
14
6.2.1.2 Implantação após digitalização da geradora X Perspectiva de
contratação.............................................................................................................122
6.2.1.3 Implantação após digitalização da geradora X Parcerias com as
universidades regionais........................................................................................122
6.2.1.4 Previsão de início da implantação X Buscar tecnologias da região.....123
6.2.1.5 Previsão de início da implantação X Perspectiva de contratação.........124
6.2.1.6 Previsão de início da implantação X Parcerias com as universidades
regionais..................................................................................................................124
6.2.1.7 Planejamento para processo de implantação X Buscar tecnologias da
região X Parcerias com as universidades regionais...........................................125
6.2.1.8 Planejamento para crescimento de RTVs e geradoras X Buscar
tecnologias da região X Perspectiva de contratação X Parcerias com as
universidades regionais........................................................................................126
6.2.1.9 Ano que iniciará o processo de implantação da TVD X Buscar
tecnologias da região X Perspectiva de contratação X Parcerias com as
universidades regionais........................................................................................127
6.2.2 Estratégia contra VULNERABILIDADE........................................................127
6.2.2.1 Implantação após digitalização da geradora X HDTV é o principal foco
da emissora X Previsão de início da implantação X Planejamento para
processo de implantação......................................................................................127
6.2.2.2 Implantação após digitalização da geradora X Multiprogramação é
prioridade no processo X Previsão de início da implantação X Planejamento
para processo de implantação .............................................................................128
6.2.2.3 Planejamento para crescimento de RTVs e geradoras X HDTV é o
principal foco da emissora....................................................................................129
15
6.2.2.4 Planejamento para crescimento de RTVs e geradoras X Multi-
programação é prioridade no processo...............................................................130
6.2.3 Estratégia contra as LIMITAÇÕES...............................................................130
6.2.3.1 Interatividade a ser explorada no início da implantação X Buscar
tecnologias da região X Perspectiva de contratação.........................................131
6.2.3.2 Interatividade explorada no início da implantação X Parcerias com as
universidades regionais X Planejamento para interatividade X Buscar
tecnologias da região X Perspectiva de contratação.........................................131
6.2.3.3 Conteúdo diferenciado para os portáteis X Buscar tecnologias da região
X Perspectiva de contratação X Parcerias com as universidades regionais...132
6.2.3.4 Planejamento especial para a mobilidade X Buscar tecnologias da
região X Perspectiva de contratação X Parcerias com as universidades
Regionais................................................................................................................133
6.2.4 Estratégia contra os PROBLEMAS..............................................................133
6.2.4.1 Interatividade a ser explorada no início da implantação X HDTV é o
principal foco da emissora....................................................................................133
6.2.4.2 Interatividade a ser explorada no início da implantação X Multi-
programação é prioridade no processo X Planejamento para interatividade..134
6.2.4.3 Planejamento para interatividade X HDTV é o principal foco da
emissora.................................................................................................................134
6.3 Considerações Finais ..................................................................135
7 CONCLUSÕES..................................................................................139
REFERÊNCIAS....................................................................................141
APÊNDICE A........................................................................................147
APÊNDICE B........................................................................................152
APÊNDICE C........................................................................................157
16
APÊNDICE D........................................................................................162
APÊNDICE E........................................................................................167
APÊNDICE F........................................................................................172
APÊNDICE G........................................................................................177
ANEXO A..............................................................................................178
17
1 INTRODUÇÃO
Em plena era da convergência digital, em que diversas mídias digitais e
interativas surgem para facilitar a comunicação, a televisão aberta, um dos mais
abrangentes meios de comunicação, agente de difusão da cultura e do
entretenimento para tantos brasileiros, prepara-se para ser inserida neste contexto.
Atualmente, no Brasil, a difusão de televisão ainda é realizada da mesma
maneira que na década de 50 (analógica), em sua forma de transmissão para os
telespectadores, fato limitador na utilização dos múltiplos recursos que a TV digital
proporcionará.
Esses recursos irão provocar grandes mudanças, tanto para o telespectador
quanto para os anunciantes e emissoras de televisão. Esses impactos transformarão
o modelo de negócio utilizado atualmente pelas televisões abertas.
Tudo isso dependerá de como as emissoras de televisão farão a gestão do
processo de implantação da TV Digital, “uma inovação tecnológica”, com suas
possibilidades, oportunidades e riscos.
A inovação deve ser uma estratégia constante nas empresas, sobretudo
naquelas que trabalham com tecnologia e pode ser em produtos, processos ou
mesmo na forma de se prestar um serviço, e é questão vital na sobrevivência das
empresas ou de ramos de negócios. Mas também pressupõe riscos, que se
evidenciam em como, quando e quanto investir em inovação.
Estas são questões que deverão ser analisadas no contexto da implantação
da TV Digital. E não basta inovar simplesmente pela tecnologia em si ou pela
ciência, simplesmente. Conforme Drucker (1989), uma organização inovadora mede
18
suas inovações pelas contribuições que dá ao mercado e aos clientes,
conseqüentemente gerando benefícios para o desenvolvimento sócio-econômico da
região em que atua.
A inovação é uma importante estratégia competitiva para que a indústria
proteja-se do declínio em seu ciclo de vida, conforme afirma Porter (1986). Nesse
ciclo, a televisão aberta passa por um momento decisivo para a sua sobrevivência e
mesmo para a continuidade de seu desenvolvimento, assim como para continuar
competindo fortemente entre os meios de comunicação de massa.
O momento é de ruptura, não abrupta, mas gradativa, para um recomeço que
estará baseado na inovação tecnológica. Esse recomeço dar-se-á principalmente
porque não se trata apenas de uma melhoria, significativa que seja, na qualidade da
imagem e do som, mas pela nova mídia que surge - a televisão digital - baseada na
convergência das mídias eletrônicas (INTERVOZES, 2006).
O desafio das emissoras regionais na implantação da TV Digital estará
principalmente na necessidade de se manter padrões e normas das geradoras
cabeças de rede e, por outro lado, conhecer e se adaptar à realidade regional, com
toda sua extensão e diversidade de municípios. Isso se dará, principalmente, fora
das grandes capitais, onde a capacidade econômica não é tão relevante, mas a
necessidade de investimentos é significativa.
Será importante observar e analisar as referências de implantação de TV
Digital já operando pelo mundo. Verificar seus enganos, acertos, analisando-os sob
a óptica da realidade brasileira, primeiramente no contexto nacional e,
posteriormente, regional. Entretanto, a nação não deve simplesmente adotar
modelos já implantados. As estratégias, a cultura e os hábitos dos países são
diferentes entre si.
19
O desenvolvimento do trabalho aqui apresentado baseia-se em três pilares: (i)
inovação tecnológica; (ii) evolução da TV analógica até chegar à TV Digital; (iii) e
contribuição para o desenvolvimento regional.
Buscaram-se, neste estudo, informações com os gestores de tecnologia,
sobre a implantação de TV Digital das emissoras do Cone Leste Paulista, que
contribuíram para a montagem de uma matriz de análise dos ambientes interno e
externo, com o objetivo de se chegar a uma proposta de implantação de TV Digital
regional viável para as emissoras regionais. Este é o ponto que o trabalho aborda: a
implantação da TV Digital Aberta em âmbito regional, sob a óptica da Inovação
Tecnológica.
1.1 O PROBLEMA
Os três principais padrões de TV Digital desenvolvidos no mundo são o
Americano, o Europeu e o Japonês. O Brasil adotou o padrão Japonês como base
tecnológica, criou inovações e chegou ao modelo Brasileiro, o International System
of Digital Television (ISDTV).
Sendo o sistema Japonês o único sistema a oferecer todas as possibilidades
ou recursos como mobilidade, portabilidade, multiprogramação, alta definição e
interatividade, e tendo a experiência de implantação de TV Digital, surgem algumas
perguntas : (i) A implantação da TV Digital deverá ocorrer da mesma forma em todas
as regiões brasileiras, utilizando-se todas as possibilidades tecnológicas? (ii) As
estratégias adotadas pelo Japão são adequadas para o Brasil? (iii) E para a
realidade regional do Cone Leste Paulista? (iv) Como poderá a TV Digital contribuir
para o desenvolvimento regional?
20
Diante destas questões, construiu-se o trabalho aqui apresentado, onde se
busca evidenciar, sob a óptica da inovação tecnológica, a implantação da TV Digital
Aberta Regional, e como proceder frente às várias possibilidades tecnológicas
inovadoras que ela permite.
1.2 QUESTÃO DE PESQUISA
Elaborou-se uma questão de pesquisa que serviu de base para o
desenvolvimento do trabalho e nortear a coleta de dados. Procurou-se abordar os
aspectos mais relevantes da pesquisa, tais como o processo de implantação da TV
Digital e seus impactos e contribuições para o desenvolvimento regional.
Processo de implantação da TV Digital: Dado o bom relacionamento
entre as áreas de tecnologia das emissoras, a formação de parcerias e/ou
de grupos de trabalho poderá proporcionar uma implantação mais eficaz e
segura. Tais parcerias podem estender-se, desde o compartilhamento de
conhecimento até a utilização conjunta de infra-estrutura.
Cada etapa do processo de implantação deverá ser bem
analisada, pois existem implicações no momento de decisão tecnológica
que farão diferença nos rumos estratégicos que a emissora deverá seguir.
O volume de investimentos necessários a essa implantação também será
proporcional às decisões tomadas no início.
Apesar do padrão de transmissão já ter sido definido, as
possibilidades tecnológicas possíveis nesse padrão são muitas, mas a
aplicação dessas possibilidades estará muito ligada à estratégia definida
pela emissora de televisão.
21
Contribuição da TV Digital para o desenvolvimento regional: A região
do Cone Leste Paulista vem crescendo em número de emissoras de
televisão. Esse fato poderá favorecer a implantação mais rápida da TV
Digital, uma vez que a TV aberta é uma mídia de comunicação de massa.
Por meio desse crescimento e do perfil tecnológico da região, mostra-se
possível o estabelecimento de parcerias entre a radiodifusão, a indústria
eletro-eletrônica e as universidades regionais.
Como referência em diversas áreas de tecnológica, o Cone Leste
também poderá se tornar uma referência de implantação e aplicação da
TV Digital para outras regiões.
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo Geral
O objetivo geral do trabalho é apresentar uma proposta de implantação da TV
Digital Regional analisada sob a óptica da gestão da inovação tecnológica, a partir
da análise do ciclo de vida da televisão no Brasil, das implantações em outros países
e da pesquisa de campo nas emissoras do Cone Leste Paulista.
1.3.2 Objetivos Específicos
Além do objetivo geral, a pesquisa tem a finalidade de atingir os seguintes
objetivos específicos:
22
Identificar as etapas operacionais do processo de implantação da TV
Digital sob a óptica da Gestão da Inovação;
Analisar as alternativas tecnológicas da TV Digital, objetivando a
implantação nas emissoras regionais; e
Mostrar os possíveis impactos e contribuições da TV Digital para o
desenvolvimento regional.
1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
O estudo limita-se a analisar a implantação da TV Digital Aberta voltada às
emissoras de TV do Cone Leste Paulista. Algumas das emissoras pesquisadas têm
sua atuação estritamente voltada à região, enquanto outras, apesar de possuírem
sua geradora instalada em municípios desta mesma área, têm um espectro de
cobertura que vai além dos limites regionais.
A especificidade dessas emissoras em relação às emissoras cabeças de rede
nacional refere-se à sua capacidade de investimentos, capacidade de produção de
conteúdo, e limitação de ocupação da grade de programação com conteúdo local.
O estudo foca a análise da implantação da TV Digital sob a óptica da
Inovação Tecnológica, sendo abordada na dissertação a tecnologia e não a técnica,
a gestão do processo e não a engenharia do processo, apesar de serem
mencionados aspectos técnicos relevantes e necessários à compreensão do tema.
23
1.5 RELEVÂNCIA DO ESTUDO
A televisão aberta, principal e maior meio de comunicação de massa no
Brasil, passará por uma revolução tecnológica que mudará a forma de se “assistir”
televisão e, conseqüentemente, de gerir o negócio.
É um momento oportuno para um estudo de implantação da TV Digital, visto
que o governo brasileiro, no dia 29 de julho de 2006, definiu o padrão a ser adotado
no Brasil, o International System for Digital TV (ISDTV), atualmente denominado
ISDB-TB, baseado no padrão japonês, o Integrated Services Digital Broadcasting-
Terrestrial (ISDB-T).
Esta pesquisa fornece informações importantes para que as emissoras de
televisão regionais possam implantar a TV Digital a partir dessa nova tecnologia.
Com uma implantação estrategicamente eficiente, que possibilite força às emissoras
de TV abertas, elas poderão manter-se competitivas frente ao desenvolvimento de
outras mídias eletrônicas.
A TV aberta, gratuita, que renascerá pela nova tecnologia, poderá contribuir,
entre outras coisas, com a inclusão digital de todas as classes sociais, sobretudo
das menos favorecidas, que é uma das oportunidades de contribuição para o
desenvolvimento socioeconômico da região do Cone Leste Paulista.
Pela contemporaneidade do tema e por sua multidiciplinaridade, ou seja,
envolve assuntos como telecomunicações, comunicação, administração, conteúdo,
modelo de negócio, entre outros, o trabalho abre caminhos para novos estudos.
24
1.6 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
O trabalho encontra-se dividido em sete capítulos, descritos resumidamente a
seguir.
O Capítulo 1 inicia com a Introdução, apresentando ao leitor o cenário
tecnológico em que a televisão está inserida, e os desafios futuros que esta mídia
enfrentará. Mostra ainda o problema de pesquisa, apresenta a questão de pesquisa,
objetivo geral e objetivos específicos, delimita o estudo e apresenta a relevância do
estudo.
No Capítulo 2, a revisão de literatura apresenta os tópicos que o estudo
percorreu: A Inovação e seus principais conceitos, Gestão da Inovação Tecnológica,
e Inovação Tecnológica na Televisão. Apresenta também o Ciclo de Vida de
Produtos e especificamente o Ciclo de Vida da Televisão.
No desenvolvimento da dissertação, o Capítulo 3 introduz especificamente o
tema ‘televisão digital’, de forma que são apresentados os conceitos sobre TV Digital
Aberta no Brasil e no Mundo, descrevendo como foi o início dos estudos para
escolha do padrão adotado no Brasil, os padrões desenvolvidos nos Estados
Unidos, na Europa, no Japão e na China, assim como suas diferenças e
particularidades tecnológicas e estratégicas.
O quarto Capítulo faz uma abordagem sobre TV e Desenvolvimento Regional,
desde a Origem Centralizada da Mídia Televisiva, passando pelos conceitos de
Desenvolvimento e Espaço Territorial, Globalização e Mídia, Globalização e
Regionalização, Inovação na TV e suas contribuições para o Desenvolvimento
Regional, até a influência da TV Digital no desenvolvimento regional.
25
O Capítulo 5 introduz a metodologia a ser utilizada na coleta, manipulação e
análise dos dados, para se chegar ao objetivo principal. Este Capítulo apresenta
também a teoria sobre a matriz SWOT, que foi uma ferramenta útil para visualização
e análise dos dados coletados na pesquisa de campo.
No Capítulo 6, Resultados e Discussão, são apresentados os resultados da
pesquisa utilizando-se a construção prática da matriz SWOT. Para tal, os dados
coletados na pesquisa de campo foram tabulados e tratados estatisticamente. A
discussão dos dados cruzados na matriz SWOT deu origem às propostas de
implantação da TV Digital Regional.
No Capítulo 7, são apresentadas as conclusões evidenciando-se as propostas
de implantação da TV Digital, além dos objetivos específicos definidos para a
dissertação, destacando o processo de implantação, as possibilidades tecnológicas
e a contribuição da TV Digital para o Desenvolvimento Regional.
26
2 REVISÃO DA LITERATURA
A Revisão de Literatura, por meio dos assuntos apresentados sobre Inovação
e Ciclo de Vida de Produtos, alinha-se ao método proposto, à medida que traz ao
leitor a base conceitual para introdução ao tema e para que as discussões e análises
apresentadas possam estar bem embasadas.
O direcionamento para elaboração da Revisão de Literatura partiu também
dos objetivos específicos e das questões de pesquisa levantadas no início do
trabalho para promover uma coerência com o tema central.
2.1 CONCEITOS DE INOVAÇÃO
As primeiras noções de inovação e sua importância para o desenvolvimento
econômico foram introduzidas na década de 30, pelo economista Joseph
Schumpeter. Por meio dos trabalhos de Schumpeter, a tecnologia passou a ser
estudada mais profundamente nas teorias econômicas (STAL, 2007).
O desenvolvimento econômico dos países, assim como das empresas, e que
propiciam a melhoria da qualidade de vida das pessoas, são oriundas, na maioria
das vezes, do desenvolvimento científico e de sua aplicação em inovações, (VIOTTI,
2002).
Antes de iniciar a revisão de literatura a respeito da inovação tecnológica,
buscou-se conceituar a inovação em si, definindo-se os conceitos de difusão e
adoção sob a óptica do consumidor, dos produtos ou serviços.
Na realidade, não existe uma única definição de inovação. Kotler (1996)
define inovação como sendo um bem, um serviço ou mesmo uma idéia quando
27
percebida por alguém como algo novo. Uma idéia pode ser até conhecida, mas pode
ser uma inovação para uma pessoa que a vê como uma novidade.
Um bem ou serviço podem ser conhecidos e utilizados em um país e ser uma
inovação em outro, pode até ser uma inovação para uma empresa e não para uma
outra que o utiliza.
Para Zaltman, Duncan e Holbeck (1973), a inovação pode promover
mudanças sociais e, por sua vez, gerar novas inovações, ou seja, fazem parte de
uma interação contínua. O termo ‘inovação’ para estes autores é normalmente
utilizado nos seguintes contextos:
Invenção: referindo-se a um processo criativo que produz uma nova forma
não conhecida anteriormente pela pessoa envolvida;
Adoção: processo em que uma inovação passa a fazer parte do uso, ou da
mudança comportamental do usuário; e
Idéia, bem ou serviço: referindo-se a um invento que é visto como novo,
independente de sua adoção.
A difusão das inovações pela sociedade é algo que não ocorre rapidamente.
Há um processo de disseminação do qual a nova idéia leva um período, que vai
desde a sua concepção até que seus usuários a adotem. Portanto, adoção é quando
o usuário passa a utilizar o bem ou o serviço regularmente, conforme explica Kotler
(1996). O autor classifica cinco estágios para os adotantes de novos produtos:
Conscientização: o cliente sabe da inovação, porém sem todas as
informações que precisa para adquiri-la;
28
Interesse: o cliente é influenciado a informar-se sobre o produto;
Avaliação: o cliente avalia se deve experimentar a inovação;
Experimentação: o cliente experimenta a inovação e faz sua idéia de valor
sobre ela; e
Adoção: o cliente, agora consumidor, decide usar regularmente a
inovação.
A empresa interessada em disseminar os produtos ou serviços deverá criar
um meio do consumidor passar por esses estágios. Rogers, apud Kotler (1996),
classifica os indivíduos de acordo com o tempo que adotam as inovações em um
determinado ramo de consumo e em um determinado meio social.
Um conceito, um tanto quanto polêmico, é o da imitação ou difusão. Certos
autores não a consideram como inovação, pois conforme Barbieri (1990), apenas
imitam o primeiro que inovou; outros, no entanto, as tratam como inovação,
principalmente no âmbito da empresa individualmente. Por exemplo, pode ser uma
inovação para a empresa, no que tange a um novo produto ou processo por ela
empregado, e não ser uma inovação para outras empresas no mundo (DOSI, 1988).
Pode-se fazer a mesma analogia no caso de ser uma inovação para um país
e não ser para outros no mundo. Estendendo-se um pouco mais nos conceitos, são
necessárias as definições de Sistemas Nacionais e Regionais de Inovação,
importantes no contexto desse trabalho.
Nelson, apud Stal (2007), define um Sistema Nacional de Inovação como um
conjunto de instituições públicas e privadas, como universidades, institutos de
pesquisas, agências do governo, empresas de consultoria e indústrias entre outros.
29
Este conjunto de instituições relaciona-se com o objetivo de desenvolvimento
científico e tecnológico do país.
Segundo Sbragia e Stal (2004), o primeiro a representar esquematicamente
os Sistemas nacionais de Informação foi Jorge Sábato, que criou o modelo
conhecido como “Triângulo de Sábato” (SÁBATO E BOTANA, 1968).
Em cada um dos vértices desse triângulo estão o governo, as instituições de
ensino e pesquisa e a indústria, com suas respectivas responsabilidades no
processo de inovação, conforme apresentado na Figura 1.
Figura 1 - Representação do Triângulo de Sábato Fonte: Adaptado pelo autor a partir de (SÁBATO E BOTANA, 1968)
Segundo Stal (2007), atualmente há outro modelo que surgiu como uma
evolução do de Sábato, o chamado Modelo da Hélice Tripla. Ele é caracterizado
pela interação entre governo, universidade e indústria para geração e disseminação
de conhecimento. Assim, cada um desses grupos trabalha de forma cooperativa e
interdependente.
Nessa estrutura, os papéis da universidade e da indústria muitas vezes são
cruzados, enquanto a indústria, por exemplo, treina seus funcionários e compartilha
Governo
Indústria
Ensino/Pesquisa
30
conhecimento entre elas, a universidade cria empresas, licencia patentes, ou seja,
adquire uma postura mais empresarial.
No modelo da Hélice Tripla, as empresas no centro de uma rede de
relacionamentos determinam a velocidade e a direção do processo de inovação
tecnológica e operam com fomentadores do progresso regional (STAL, 2007).
2.1.1 Tipos de Inovação
Existem vários tipos e níveis de inovação, conforme Moreira e Queiroz (2007).
As inovações dos produtos, serviços e processos estão inter-relacionadas, pois cada
uma pode influenciar na outra.
O Manual de Oslo (1997) apresenta as principais definições que envolvem os
tipos e níveis de inovação:
Inovação de produtos: a inovação de produtos refere-se aos novos
produtos para atender aos consumidores e satisfazer suas necessidades e
desejos. Exemplos: MP3 Player e Pen Drive;
Inovação de serviços: são inovações relativas aos novos serviços
oferecidos aos consumidores, também com o objetivo de satisfazer melhor
aos seus anseios. Exemplo: Serviço de Telefonia via protocolo de internet
(VoIP);
Inovação em processos: são inovações aplicadas no âmbito corporativo
para promover melhorias produtivas e operacionais ou mesmo na gestão
31
desses processos. Exemplo: O processo de venda comissionada pode
levar a uma melhor produtividade em substituição à venda com
remuneração fixa;
Inovação radical: são as que provocam mudanças bruscas ou completas
nos processos organizacionais, ou na oferta de um bem ou serviço. Uma
inovação radical faz com que a forma de uso anterior seja modificada,
causando novos hábitos de consumo ou de atuação. Exemplo: Quando a
televisão passou a utilizar os satélites para a distribuição da programação;
em detrimento da distribuição por via rodoviária ou postal, a televisão
passou a ser assistida em tempo real em todo o Brasil; e
Inovação incremental: são melhorias nos processos ou nos bens e
serviços, aplicando-se pequenas implementações sem mudanças bruscas
em sua utilização. Exemplo: A adoção do som estéreo na televisão.
2.1.2 Inovação Tecnológica
Alguns tipos de inovação, segundo Moreira e Queiroz (2007), já estão
consagrados e são focos de estudos e pesquisas. Por exemplo, a inovação
tecnológica, é vista como sendo praticamente sinônimo de inovação.
Assim como a própria inovação, as inovações tecnológicas também são
relativas aos produtos, serviços e processos. A inovação tecnológica faz uma
importante função na renovação das organizações.
Tecnologia é um termo que vem do grego techne, que significa ‘artefato’, e
logos, ‘pensamento’, ou seja, é o conhecimento transformado em ferramentas. Desta
forma, Tornatzky e Fleisher (1990) definem tecnologia como sendo “a ferramenta
32
que auxilia a transformação do nosso ambiente, originadas do conhecimento
humano para seu próprio uso”. A tecnologia pode ser também definida como a
aplicação da ciência para promover riquezas e melhorar a vida da humanidade.
Como definição de inovação tecnológica, tem-se utilizado mais recentemente,
como a introdução de bens ou serviços no mercado que sejam tecnologicamente
novos ou relativamente bem aperfeiçoados pela aplicação de um processo
tecnológico novo ou aperfeiçoado (RESENDE E TAFNER, 2005).
2.1.3 Gestão da Inovação Tecnológica
O processo de gerir as inovações, inclusive as idéias nas empresas, é
denominado gestão da inovação.
Uma idéia é o primeiro estágio do processo inovador. Estas idéias podem
partir de várias fontes, por exemplo, da necessidade de solução de problemas atuais
ou futuros, oportunidades de negócios e objetivos empresariais. Alguns estímulos
podem propiciar a geração de idéias, tais como leituras, participação em palestras,
discussão com parceiros, visitas técnicas, entre outros.
No processo de gestão da inovação tecnológica, há um componente muito
importante, caracterizado pela previsão. O homem sempre buscou antecipar o futuro
em sua imaginação, mas somente no século XX é que se tentou desenvolver
cientificamente bases para a previsão.
Foi na década de 60 que foram desenvolvidos métodos mais formais,
estimulados pelo aumento do ritmo do progresso tecnológico e também pelos
aumentos em investimentos em pesquisa e desenvolvimento no campo industrial.
Dessa forma, as decisões tecnológicas mais importantes não podiam ser tomadas
33
baseadas no acaso, evidenciando a forte necessidade de uso das previsões
(JAMES E TWISS, 1986).
A previsão tecnológica é uma ferramenta essencial no planejamento e para as
tomadas de decisões, desde que bem aplicadas. É indispensável a utilização de
técnicas para realizar previsões eficazes no planejamento e, sobretudo, para o
sucesso das implementações.
Com o avanço super acelerado das tecnologias, da informática e das
telecomunicações, e principalmente do maior grau de competitividade das empresas,
os planejadores devem pensar o futuro dos negócios, cada vez mais
antecipadamente. Então surgem algumas perguntas-chave: Quando Inovar?
Quando abandonar a velha tecnologia? Qual opção tecnológica adotar?
De acordo com James e Twiss (1986), é fundamental que os administradores
percebam a importância das previsões, sem com isso deixarem de entender que
nem sempre as previsões serão a garantia de sucesso dos futuros projetos. Para os
planejadores minimizarem as possibilidades de previsões errôneas, são importantes
três atitudes: aprofundar no conhecimento sobre o assunto; evitar sua tendência ao
conservadorismo e evitar o excessivo entusiasmo por uma nova tecnologia.
James e Twiss (1986) definem que um papel importante da previsão está no
levantamento de ameaças e oportunidades do seu projeto, sempre acompanhado de
uma avaliação.
2.2 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NA TELEVISÃO
O processo de transformação pelo qual a televisão terá que passar para
sobreviver ao avanço das novas mídias digitais passará obrigatoriamente por
inovações, sejam elas tecnológicas, de conteúdo ou do modelo de negócio.
34
Conforme visto anteriormente, Kotler (1996) conceitua inovação referindo-a a
qualquer bem, serviço ou idéia que possa ser percebida como algo novo, podendo
até ter um antecedente histórico, porem é uma inovação quando percebida como
nova.
Por exemplo, a TV digital já é comentada, estudada e já começa a existir em
alguns países, mas quando chegar ao Brasil será uma inovação para muitos.
Quando a pessoa, após conhecer o produto ou idéia, passa a utilizá-la, o processo é
chamado de ‘adoção’ (ROGERS, 1962 apud KOTLER, 1996).
O tempo de adoção das inovações poderá variar de indivíduo para indivíduo
ou organização para organização, o que, segundo Kotler (1996), poderá trazer
vantagens ou riscos.
Abordou-se esta questão quando se realizou a análise SWOT (strength,
weakness, opportunities &, threats ou forças, fraquezas, oportunidades e ameaças)
da implantação da TV aberta.
Hooley e Sounders (1996) afirmam que se atribui à informática o importante
papel de precursor da era da informação. Foi a mais importante invenção dessa era,
e que muito influenciou e ainda influencia nossa vida. Os microprocessadores
revolucionaram todo o processo de coleta, processamento e disponibilidade dos
dados, o que provocou grande transformação na tecnologia de produção, como
também na velocidade das mudanças tecnológicas.
Toda essa velocidade provocada pelos microprocessadores acelerou também
os meios de comunicação digitais, passando pelas análises do ciclo de vida dos
produtos, onde Porter (1986) descreve os vários estágios desse ciclo.
35
A análise do ciclo de vida, juntamente com a “metodologia para prever a
evolução“, descrita por Porter (1986), poderá ajudar na construção do processo de
implantação da TV Digital que seja mais eficaz, duradoura e de penetração mais fácil
e rápida, além de posicionar a TV aberta atual.
O desafio para se aproveitar bem as oportunidades de inovação não é apenas
técnico. A preocupação deve ser também sobre como ele promoverá maior interesse
dos telespectadores e viabilidade para as empresas, conforme Kotler,1996.
Por isso, evidencia-se a importância de desenvolver uma análise do processo
de implantação da TV Digital Regional que norteie, desde o início, o sucesso das
emissoras de TV pelo interesse do telespectador, pelo desenvolvimento desse
mercado e pelo desenvolvimento socioeconômico da região.
2.3 CICLO DE VIDA DE PRODUTOS
Aplicaram-se os conceitos de “Ciclo de Vida de Produtos” para analisar a
mídia televisiva em suas diversas fases, assim como situá-la no momento atual sob
a óptica da inovação.
Está em Porter (1986) o mais antigo dos conceitos utilizados para as
previsões sobre a evolução de determinadas indústrias. Supõe-se que a indústria
passa pelas fases de introdução, crescimento, maturidade e declínio. Estas fases
podem ser observadas na Figura 2.
36
Figura 2 – Ciclo de Vida do Produto Fonte: Porter, 1986
O desenvolvimento da indústria, graficamente, possui uma curva
característica em forma de S, devido ao processo de inovação e difusão de um novo
produto (PORTER, 1986).
Explica Kotler (1996) que o conceito de ‘ciclo de vida do produto’ é muito
importante em marketing porque fornece pistas sobre como um produto ou uma
indústria está, e termos de competitividade. Porém, ele ressalta que este conceito
deve ser utilizado cautelosamente, para não incorrer em falhas. Seu conceito original
é definido como ‘ciclo de vida da demanda e tecnologia’.
O marketing tem como premissa que o foco não deve começar pelo produto
ou classe de produtos, e sim com a necessidade, ou seja, o produto deverá existir
em função da necessidade (KOTLER, 1996).
Há uma curva que descreve o nível de mudança da necessidade, que é a
curva do ciclo de vida da demanda. Conforme apresentado na Figura 3, cada estágio
Ven
das
da In
dúst
ria
Tempo
Introdução
Crescimento
Maturidade
Declínio
37
é definido como Surgimento (S), Crescimento acelerado (Ca), Crescimento
desacelerado (Cd), Maturidade (M) e Declínio (D).
Cada necessidade normalmente é satisfeita por uma nova tecnologia que vem
supri-la de maneira melhor, conforme o ciclo de vida da demanda e tecnologia,
apresentado na Figura 3(a), nas curvas T1 e T2.
Figura 3(a) – Ciclo de Vida da Demanda Fonte: Ansof, apud Kotler , 1996
Há ainda que se verificar que haverá vários tipos de produtos que poderão
satisfazer a uma determinada necessidade num mesmo momento, conforme
apresentado na Figura 4, pelos ciclos de vida de formas de produtos P1, P2, P3 e
P4.
Kotler (1996) sintetiza sugerindo que uma empresa deve ter uma visão mais
abrangente, que se atente além do ciclo de sua marca, e que também analise o ciclo
do produto.
Figura 3(b) – Ciclos de Vida de formas de produtos Fonte: Ansof, apud Kotler 1996
P1
Ciclo de tecnologia
Ciclos de vida da demanda
V
enda
s
Tempo
P2
P3
P4
Ciclo de vida
do produto
S
Ca
Cd
M
D
T2
T1
Ciclos de tecnologias
Ciclos de vida
da demanda
Ven
das
Tempo
38
Para Kotler (1996), as empresas devem observar a evolução tecnológica para
decidir em qual momento deverão migrar para uma nova tecnologia. As mudanças
são muitas e as opções também, porém as empresas não podem investir em todas
elas. Estas devem criteriosamente escolher em que áreas estratégicas de negócio
seguirão.
Hooley e Saunders (1996) explicam que a redução no período de
comercialização das invenções, por exemplo, a fotografia, que entre o invento e o
produto comercial levou mais de 100 anos; o telefone, que foi de 56 anos; o rádio, de
35; a televisão, de 12 e o transistor, de três anos.
A redução entre esses períodos para a efetiva comercialização dos produtos
promoveu a redução do ciclo de vida deles, criando sua obsolescência mais
rapidamente, ou até mesmo a extinção da indústria (HOOLEY e SAUNDERS, 1996).
Analisando por outro lado, um setor em geral progride passando por alguns
estágios, durante seu ciclo de vida: Embrionário, Crescimento, Turbulência
Competitiva, Maturidade e Declínio.
Porém, esses estágios não são exatamente seguidos em todos os setores.
Alguns podem ser reerguidos após seu declínio, por diversas razões (WRIGHT,
KROLL e PARNELL, 2000).
Estes estágios são definidos da seguinte forma:
Estágio Embrionário: quando o setor está começando sua formação, com
baixa demanda por desconhecimento dos produtos ou serviços desse
setor. Neste estágio, geralmente a escolha da tecnologia ainda não foi
feita;
39
Estágio do Crescimento: este estágio é iniciado a partir da escolha da
tecnologia e quando os clientes começam a demandar o setor. A partir de
algum tempo, a velocidade de crescimento desta fase começa a diminuir
podendo chegar próximo à saturação;
Estágio da Turbulência Competitiva: quando os concorrentes menos
capacitados saem do setor pela queda de demanda;
Estágio da Maturidade: este período é descrito pela completa saturação do
setor, onde a demanda está basicamente pela reposição de produtos, e o
crescimento pode ser baixo, inexistente ou negativo; e
Estágio de Declínio: é marcado pela queda constante da demanda. Nesta
fase, os clientes normalmente estão buscando produtos ou serviços
substitutos.
A Figura 4 ilustra os estágios de um determinado setor.
Figura 4 - Estágios do Ciclo de Vida de um Setor Fonte: Wright, Kroll e Parnell 2000
Dem
anda
do
mer
cado
par
a
os r
esul
tado
s do
set
or
Tempo
Em
brio
nário
Cre
scim
ento
Mat
urid
ade
Dec
línio
Tur
bulê
ncia
com
petit
iva
40
Assim, foi conceituado o Ciclo de Vida de Produtos de maneira genérica, de
forma que no capítulo seguinte, verifica-se todo o contexto do desenvolvimento
histórico da televisão e, a seguir, posicionam-se os principais marcos históricos
dessa evolução, dentro das etapas do Ciclo de Vida específico da televisão.
2.4 Ciclo de Vida da Televisão
A primeira transmissão ao vivo da TV ocorreu na Feira Mundial de Nova
Iorque, em 1939. Havia somente 200 aparelhos receptores. Apenas quatro estações
nos Estados Unidos conseguiram permissão para transmitir a Segunda Guerra
Mundial, com quatro horas de transmissões semanais. Na época, havia dez mil
aparelhos em todo país (SOUSA, 2005).
Dois fatos importantes impulsionaram a indústria da televisão, depois do fim
da Guerra: o tubo de imagem Orthicon, que aumentava consideravelmente a
sensibilidade da câmera e eliminava a enorme quantidade de luz necessária à
produção dos programas; e a AT&T, que começou a instalar cabos coaxiais,
interligando as cidades e permitindo o sistema de redes (SOUSA, 2005).
Houve vários avanços técnicos dos sistemas de transmissão e fabricação de
aparelhos de TV, mas a televisão como instituição de comunicação, nessa fase, não
tinha identidade própria, era uma versão dos programas de sucesso do rádio na tela
da TV. Nos anos 50, a televisão tomou conta dos Estados Unidos. Muitos pedidos de
concessão de canais fizeram com que o governo norte americano suspendesse por
três anos a liberação (SOUSA, 2005).
A TV chegou ao Brasil em 18 de setembro de 1950, trazida por Assis
Chateaubriand. Foram inaugurados os estúdios e transmissões da primeira
41
emissora, a PRF - TV Tupi Difusora de São Paulo. Técnicos norte americanos
instalaram equipamentos e treinaram o pessoal, mas mesmo assim, o improviso
marcou os primeiros programas, inspirados no rádio e adotando a sua linguagem
(LEAL FILHO, 1988, apud SOUSA, 2005).
Naquele mesmo ano, a engenharia norte-americana disponibilizou o uso de
cor. Em abril de 1956, a Ampex lançou o videotape durante a feira da National
Association of Broadcasters (NAB) em Chicago, em 1961, o Editec, que permitiu
edições eletrônicas, e, em 1967, o gravador portátil VR-3000. Com relação aos tubos
de câmeras, o Orthicon foi substituído pelo Vidicom e que foi, após cinco anos,
substituído pelo Plumbicon, lançado pela Philips em 1964 (VIZEU, 2000).
Nos anos 90, esses tubos foram substituídos pelo sistema Charge Coupled
Devices (CCD). Com o desenvolvimento do CCD, o tamanho e o peso das câmeras
reduziram em muito. Esses equipamentos chegaram a pesar 400 quilos em um
metro quadrado de área ocupada, enquanto atualmente são disponíveis câmeras
profissionais pesando sete quilos, e isso com as lentes e o gravador embutidos. A
redução do gravador deu-se pelo desenvolvimento do sistema helicoidal pela
Toshiba em 1959, no Japão. A partir daí, os equipamentos tornaram-se portáteis e
teve início o Electronic News Gathering (ENG), captação eletrônica de notícias
(VIZEU, 2000).
A partir de 1984, a televisão começou a ganhar uma dimensão nacional, com
a TV Bandeirantes fazendo uso do satélite Brasilsat para suas transmissões. A TV
Globo começou poucos meses depois. Com a utilização do satélite, a programação
pode ser vista em tempo real, ou seja, o momento da exibição dá-se no mesmo
instante da recepção para todos os telespectadores, evitando com isso muitos
problemas de notícias que chegavam atrasadas, extravio de fitas com os capítulos
42
de novelas, perda de qualidade nas inúmeras cópias e desgaste excessivo dos
equipamentos que faziam essas cópias (SERENO, 2005).
Vizeu (2000) relata que, com o advento dos chips, os equipamentos de
captação e produção de televisão passaram a ser digitais e tiveram seu tamanho,
peso e consumo de energia ainda mais reduzidos, e a qualidade e a confiabilidade
aumentadas.
A produção de conteúdo com som e imagens digitais já é realidade nas
emissoras de televisão do Brasil, porém toda essa qualidade ainda não chega à
casa do telespectador, pois as transmissões ainda são analógicas e carregam todos
os problemas inerentes a essa tecnologia, como ‘fantasmas’, interferências e ruídos.
Esse é o passo que se necessita dar para continuar a evolução da televisão, e sem
dúvida será o maior deles até então.
A partir do seu surgimento no Brasil, em 1950, a televisão acompanhou,
influenciou e foi influenciada pelas várias fases do desenvolvimento sócio-
econômico, político, cultural e tecnológico do País.
Fatores externos, tais como a influência cultural e principalmente tecnológica,
vindos dos países dominantes, também foram importantes nesse processo
(MATTOS, 2000).
A mesma tecnologia, a digital, que vem neste momento impulsionar a
televisão para um outro estágio, foi quem criou seus novos concorrentes. A internet,
a TV por assinatura, os videogames, a tecnologia wireless (sem fio) e a
interatividade constituem meios que concorrem com a televisão, na audiência e na
veiculação de espaços publicitários.
Mattos (2000) descreve que, no início dos anos 60, ainda com poucas
emissoras de televisão localizadas nas principais cidades do País, essa mídia ainda
43
estava em seu estágio inicial de desenvolvimento, quando a atividade industrial
começou a promover o consumo, com isso, viabilizando economicamente as
emissoras de televisão.
Durante o período militar, a televisão teve sua expansão viabilizada pela
criação do Ministério das Comunicações e da Embratel, e da edição de leis e
decretos que ajudaram na criação da estrutura técnica e operacional para
distribuição operacional pelo país.
Foi durante o período entre 1964 e 1979 que o governo brasileiro influenciou
diretamente a televisão, tanto na promoção do desenvolvimento tecnológico quanto
no conteúdo da programação. Além disso, o Governo Militar criou 67 concessões
para a implantação de novas emissoras num período de “boom da televisão”
(MATTOS, 2000).
Durante o período de 64 a 85, houve um crescimento rápido da televisão
brasileira, resultado oriundo, entre outros motivos, de várias ações e decisões
tecnológicas adotadas, por exemplo, o sistema de televisão a cores (PAL-M) e a
implantação da TV a cabo. Ainda hoje, vê-se o governo tomando as principais
decisões que definirão o rumo da televisão brasileira, como foi o caso da recente
opção pelo padrão de transmissão digital japonês (ISDB-T).
A televisão, pelas características apresentadas no Quadro 1, pode ser
enquadrada na fase de maturidade; porém, numa maturidade de certa forma
ameaçada pelas várias mídias digitais.
Na atualidade, há não só a televisão, mas vários meios de comunicação e
entretenimento de massa sendo influenciados globalmente pela revolução digital. A
convergência entre as mídias já é uma realidade. Ao se preparar para a era digital, a
televisão certamente dará início a um novo ciclo de vida, um reinício, cujo marco foi
44
o mês de dezembro de 2007, quando as principais emissoras de televisão iniciaram
sua operação de TV Digital, na cidade de São Paulo.
Como se viu anteriormente, são as inovações que promovem o surgimento de
um novo ciclo de vida na indústria. Mas, para inovar com sucesso, é preciso atender
à satisfação do cliente. Deixam-se então algumas questões para reflexão do leitor:
Quais as necessidades do telespectador que a TV Digital vem satisfazer? E quais os
produtos ou tecnologias capazes de satisfazer a essas mesmas necessidades?
Estas questões são analisadas no Capítulo 3.
Quadro 1 - Prognósticos da Teoria do Ciclo de Vida do Produto sobre Estratégia, Concorrência e Desempenho. Fonte: Porter, 1986.
Introdução Crescimento Maturidade Declínio
Clientes e comportamento Comprador de alta renda. Ampliação do grupo de com- Mercado de massa.
Clientes são compradores
do cliente Inércia do comprador. pradores.
Saturação. sofisticados do produto.
Compradores devem ser Consumidor poderá aceitar
Repetição de compra.
convencidos a testar o pro- qualidade irregular.
A regra é escolher entre
duto. Marcas.
Produtos e mudança no Qualidade inferior. Produtos tem diferenciação Qualidade superior.
Pequena diferenciação do
Produto
Projeto do produto é chave técnica e de desempenho. Menor diferenciação do pro- produto.
para o desenvolvimento. Aperfeiçoamentos competi- duto. Qualidade irregular do produto.
Projetos básicos do produto. tivos no produto.
Boa qualidade.
Marketing
Publicidade/ vendas muito Muito publicidade, mas uma Segmentação do mercado. Publicidade / vendas e outro
altas. percentagem mais baixa de Esforço para ampliar o ciclo tipo de marketing baixos.
vendas que na introdução.
de vida.
Estratégia Global Melhor período para aumen- Época propícia para alterar a Torna-se básico ter custos Controle de custo é básico.
tar a parcela de Mercado. imagem de qualidade ou pre-
competitivos.
P & D, engenharia são fun- ço.
ções básicas.
Concorrência Poucas empresas. Muitos concorrentes.
Concorrência de preços Saídas.
Muitas fusões e perdas.
Aumento nas marcas priva- Número reduzido de concor-
das. rentes.
Risco Alto risco. Riscos podem ser assumi-
Ciclicidade tem início.
dos aqui porque o crescimen-
to os encobre.
Margens e Lucros
Margens e preços altos. Preços mais baixos que na Queda de preços. Preços e margens baixos.
Lucros baixos. fase introdutória.
Lucros mais baixos.
Queda de preços.
Clima propício à aquisição. Margens mais baixas.
Preços podem subir no final
do declínio.
45
Dentro do contexto dos marcos históricos da televisão que se discutiu
anteriormente e das atuais mudanças das mídias digitais, analisam-se e classificam-
se as etapas da televisão brasileira, conforme apresentado na Figura 5, de acordo
com o modelo de curva S padrão, do ciclo de vida dos produtos.
Figura 5 – Ciclo de Vida da TV Aberta no Brasil. Fonte: Adaptado pelo autor à partir de Porter, 1986.
Com a transmissão digital de televisão poder-se-á dispor não somente de
toda a qualidade das produções em nossas telas, mas uma enorme quantidade de
recursos que poderá promover a televisão aberta à convergência com outras mídias
digitais de comunicação de massa. Nesse momento, a televisão poderá recriar seu
ciclo: nascimento, crescimento e transformação.
Neste capítulo, analisou-se o estágio atual da televisão dentro do seu Ciclo de
Vida. O objetivo desta análise foi verificar o momento de transição da mídia
televisiva, no qual a inovação tecnológica vem promover uma recriação desse ciclo.
Inte
ress
e pe
la m
ídia
TV
Tempo
Introdução
Crescimento
Maturidade
Declínio
1950 a 1964
1964 a 1985
1985 à
atualidade
Dezembro 2007
Re
início da TV no Brasil
46
3 TV DIGITAL ABERTA
Inicia-se este capítulo com uma explicação do que vem a ser TV Digital
Aberta. Antes, porém, devem ser conceituadas TV Aberta e TV Analógica. A TV
Aberta é o conjunto de emissoras de televisão que distribui sua programação
abertamente, ou seja, sem a necessidade de nenhum aparato de recepção especial,
além do televisor e da antena de recepção interna ou externa. Além disso, para que
ela seja denominada TV Aberta, terá que ser distribuída gratuitamente.
A TV Analógica é definida como o atual sistema de televisão distribuído no
Brasil pelas emissoras de TV Abertas. A TV Digital é um novo sistema de televisão
aberta implantado em alguns países do mundo, e que foi recentemente definido para
início de implantação no Brasil.
O padrão de TV Digital é o padrão tecnológico desenvolvido para a
transmissão da TV Digital. Existem basicamente cinco tipos de padrões de
tecnologia: (1) Americano - Advanced Television Systems Commitee (ATSC), (2)
Europeu – Digital Video Broadcasting – Terrestrial (DVB-T), (3) Japonês – Integrated
Services Digital Broadcasting (ISDB); (4) Brasileiro – Integrated Services Digital
Broadcasting - Terrestrial_Brasil (ISDB-TB) e (5) Digital Multimedia Broadcasting
(DMB), ainda em estudos na China.
A TV Digital Aberta é uma nova tecnologia que vem transformar a forma de se
fazer e usar a televisão, revolução que está sendo impulsionada pela evolução
tecnológica nas áreas de eletrônica, telecomunicações e tecnologia da informação,
que por sua vez influenciam nas mudanças de hábito do consumidor (WAISMAN,
2002).
47
Ela poderá fornecer uma alta capacidade de transmissão de conteúdo
gratuitamente em todo o território nacional, (segundo dados do IBGE, mais de 90%
da população têm acesso à TV). A internet banda larga, além de não estar
disponível em todos os locais, ainda não é acessível financeiramente à maior parte
da população brasileira. Apesar disso, parece inevitável a convergência dessas duas
mídias (ZUFFO, 2003).
O que se observa é que realmente está ocorrendo uma convergência nas
comunicações, das quais a convergência entre as mídias é demandada pelo
consumidor. Esses inúmeros dispositivos que estão surgindo a cada dia utilizam
uma mesma plataforma, a linguagem digital, denominada por Manovich (2001) de
‘nova mídia’.
Segundo Manovich (2001), ela segue por tendências de customização, ou
seja, é mais adaptativa ao indivíduo, por permitir configurações e até interatividade,
características da tecnologia digital.
Manovich (2001) explica ainda que, na sociedade pós-industrial, cada um
pode criar seu próprio estilo de vida e selecionar suas preferências, numa grande
quantidade de opções.
O desejo do consumidor por dispositivos eletrônicos que integram as diversas
formas de comunicação é crescente. Por exemplo, citam-se o computador/internet
que integra rádio, TV, games, informação, entretenimento e relacionamentos, assim
como o celular que une comunicação, games, internet, aplicativos do computador,
música e televisão (SERENO et al, 2007).
O Quadro 2 evidencia o que o consumidor quer da TV do futuro. A pesquisa
da Forrester Research foi realizada com seis mil pessoas nos Estados Unidos, e a
TV Digital poderá agregar tudo isso, de forma interativa e com alta qualidade de som
48
e imagem, a qualquer hora e em qualquer lugar. A atual televisão analógica, com
suas limitações tecnológicas, é só televisão.
Pular comerciais 53%Características Gravar um programa enquanto assiste outro 47%
de PVR Pausar a TV 32%Guia de programação na tela 31%Gravar programas com facilidade 31%Acessar a previsão do tempo com um único botão de controle 31%Receber mais de 100 canais digitais 28%Acesso on-demand a filmes (lançamentos) 25%
Caraterísticas Acesso on-demand a séries de TV a cabo 26%de VOD Acesso on-demand a canais premiun de filmes 25%
Acesso on-demand a programas da Tv aberta 24%Acessar notícias e esporte com um único botão de controle 22%Participar de game shows 18%Votar em pesquisas na TV 15%Mudar de ângulo durante um jogo 15%Jogar 13%Receber recomendações personalizadas 13%Pedir comida 12%Receber estatísticas durante os jogos esportivos 11%Obter mais informações sobre produtos 8%Comprar ingresso de cinema 8%
O QUE AS PESSOAS QUEREM DA TV DO FUTURO
PVR: Programabble Video Recorder (Dispositivo digital de gravação de som e imagem com hard disk interno)
VOD: Vídeo On Demand (Vídeo sob demanda do usuário)
Quadro 2 - O que as pessoas querem da TV do futuro Fonte: Forrester Research. Revista TELAVIVA – Abril de 2007
A TV Digital Aberta vem trazer para o telespectador uma mídia de alta
qualidade e gratuitamente convergindo com as novas tecnologias mundiais.
Tecnologicamente, o que diferencia a TV Digital da atual TV analógica é a forma de
transmitir as informações de som e imagem das emissoras até a casa do
telespectador.
Zuffo (2003) considera que a crescente disponibilidade de computadores
facilitará a convergência entre esses dispositivos. A Figura 6 apresenta o
crescimento da internet no mundo.
49
Figura 6 – Crescimento da Internet no mundo
Fonte: Internet World Stats, 2008
Tanto na TV analógica quanto na digital, as informações são transmitidas por
meio de ondas eletromagnéticas, só que na TV digital os dados são digitalizados, ou
seja, são transformados em bits. Este processo de digitalização, compressão e
transmissão dos dados em forma de bits traz inúmeras vantagens na manipulação
do sinal:
os sinais são transmitidos sem perda de qualidade, isto é, uma imagem sem
ruídos ou fantasmas;
não haverá diferença de qualidade de sinal recebido pelos telespectadores,
ou haverá sinal perfeito ou não haverá sinal algum;
Usuários de Internet no Mundo
Crescimento entre 2000 e 2007
50
com os sinais digitais sendo comprimidos, haverá possibilidade de caber mais
informações dentro do mesmo espaço, que hoje é ocupado com um único
canal da TV analógica. Por exemplo, os canais no Brasil ocupam 6 MHz,
conforme ilustra a Figura 7;
Figura 7 - Capacidade dos canais de televisão analógica e digital no Brasil Fonte: Ilustração do autor
podem-se utilizar os chamados Gap Fillers, isso permitirá uma maior
facilidade na cobertura de áreas de sombra, ou seja, áreas em que o sinal de
televisão não chega à casa do telespectador. Assim, podem ser utilizados
pequenos transmissores com o mesmo canal do transmissor principal. Essa
utilização não é possível no atual sistema de televisão, pois criaria muitas
interferências entre os transmissores; e
podem-se criar redes de distribuição de sinal utilizando o mesmo canal,
chamadas Single Frequency Network (SFN), que possibilitarão uma redução
na quantidade de canais digitais empregados na cobertura nacional.
6 MHz
1 canal analógico + som estéreo.
1 canal digital (HDTV) + 1 canal para dispositivos
portáteis + dados + som 5.1
Ou
4 canais digitais (SDTV) + 1 canal para dispositivos portáteis + dados + som 5.1
6 MHz
Canal da TV Analógica
Canal da TV Digital
51
Todas essas “facilidades” na manipulação do sinal exigem técnicas
avançadas e muito conhecimento específico para se ter um bom desempenho em
sua utilização. Uma vez adquirido este domínio tecnológico, muitos serão também os
benefícios para os usuários da TV Digital, os quais são denominados de
possibilidades tecnológicas.
3.1 Possibilidades Tecnológicas da TV Digital
Conforme Zuffo (2003), as possibilidades tecnológicas oferecidas pela TV
Digital são inovações da mídia televisiva em nível mundial. Cada padrão de
transmissão existente possui suas capacidades e limitações diferentes para cada
possibilidade tecnológica. Isso reflete a estratégia adotada por cada país ao
desenvolver ou adotar um padrão de TV Digital. A seguir, destacam-se e descrevem-
se cada uma das possibilidades tecnológicas da TV Digital:
Mobilidade;
Portabilidade;
Interatividade;
Multiprogramação;
Alta definição; e
Definição padrão.
3.1.1 Mobilidade
A Mobilidade é o recurso que permitirá que o sinal da TV Digital seja recebido
por meio de receptores em movimento, com qualidade equivalente aos dos terminais
fixos (CPqD, 2001).
52
Será possível receber o sinal da TV Digital nos automóveis, trens, ônibus e
até nos metrôs, utilizando-se antenas de transmissão no interior dos túneis, inclusive
sinal em alta definição, cuja explicação é dada a seguir. O conteúdo da programação
nas transmissões para os receptores móveis deverá ser o mesmo dos receptores
fixos.
Conforme descreve a proposta da Sociedade Brasileira de Engenharia de
Televisão - SET (2005) para a TV Digital no Brasil, há um tempo cada vez maior em
que as pessoas passam fora de suas residências. Principalmente nas grandes
cidades, o cidadão perde muito tempo no trânsito, no deslocamento para o trabalho
e na volta para casa, tornando uma possibilidade de aproveitar melhor seu tempo
informando-se e divertindo-se com a televisão.
Esta possibilidade apresenta-se como oportunidade de aumento de audiência
para a televisão aberta, gerando uma cadeia de oportunidades também para a
indústria de novos modelos de receptores de TV e para as produtoras, que
produzirão novos comerciais formatados para esse novo perfil de telespectadores
(SET, 2005).
3.1.2 Portabilidade
A portabilidade é um recurso da TV Digital, que difere da mobilidade pelas
características do terminal ou receptor de TV, enquanto a mobilidade refere-se à
recepção do sinal digital nos aparelhos acoplados aos meios de transporte,
utilizando-se a fonte de alimentação desses meios e usando antenas externas. O
conceito de portabilidade é aplicado aos aparelhos com autonomia de alimentação
53
elétrica por baterias do dispositivo, antenas acopladas ao dispositivo e telas iguais
ou menores a 12 polegadas (CP qD, 2001).
O sinal para os dispositivos portáteis será digital, porém com baixa definição,
devido à capacidade mais limitada de processamento e autonomia desses
equipamentos. O canal de TV Digital é dividido em treze segmentos, nos quais um
dos segmentos é destinado à transmissão para os dispositivos portáteis, como
ilustrado na Figura 8.
Figura 8 - Segmento para transmissão para os dispositivos portáteis Fonte: Ilustração do autor
Como o sinal será diferenciado para esses dispositivos, tecnicamente seu
conteúdo também poderá ser diferenciado, ou seja, poderá haver uma adaptação da
programação principal para despertar maior interesse dos telespectadores, para
assistir TV em telas bem pequenas.
O novo equipamento portátil é um bom exemplo de convergência digital entre
o celular, a televisão e a internet (SET, 2005). Este dispositivo permitirá ao usuário
um contato permanente com a televisão, agregando novas oportunidades de
negócios para anunciantes, produtoras, emissoras de TV, indústria eletro-eletrônica
6 MHz
Canal da TV Digital
Segmento do canal
digital reservado para
os dispositivos
portáteis.
54
e até mesmo para as empresas operadoras de telefonia. Estas poderão receber, por
meio da TV Digital, estímulos de utilização por parte do usuário dos serviços que
dependeriam das operadoras, tais como e-mail, internet e conteúdos pagos,
atrelados à programação gratuita da TV aberta.
O celular, que já tem uma grande penetração no Brasil, ganhará ainda mais
popularidade quando agregado à TV Digital. A Tabela 1 apresenta a evolução do
número de aparelhos telefônicos celulares no Brasil.
Tabela 1 - Estatística de celulares no Brasil
Fonte: Teleco, 2007
Segundo a Anatel, o Brasil encerrou o mês de maio de 2007 com 105 milhões
de celulares e uma densidade de 55,58 cel/100 hab (celulares por cem habitantes).
As adições líqüidas de maio de 2007 foram de 2,2 milhões de celulares, maiores que
as de maio do ano anterior (1,8 milhões) (TELECO, 2007).
mai/06 dez/06
abr/07 mai/07
Celulares (unid.) 92.377.336
99.918.621 102.875.236
105.090.535
Pré-pago (%) 80,53 80,62 80,35 80,36
Cres.mês (unid.)
1.793.149
2.586.842
722.799
2.215.299
1,98% 2,66% 0,71%
2,15%
Cresc. ano (unid.) 6.167.000
13.708.285
2.955.615
5.171.914
7,15% 15,90% 2,96%
5,18%
Cresc.1ano(unid.)
18.636.952
13.708.285
12.291.049
12.713.199
25,27%
15,90% 13,57% 13,76%
Nota: Celulares ativos na operadora.
55
A portabilidade da TV Digital não estará presente apenas nos celulares, mas
em diversos dispositivos, tais como palm tops, agendas eletrônicas, notebooks, além
de dispositivos exclusivos para recepção de televisão, entre outros.
3.1.3 Interatividade
A interatividade é um dos recursos mais inovadores da TV Digital. Este
recurso, quando completamente desenvolvido, mudará o status do telespectador. Os
usuários da interatividade deixarão de ser telespectadores passivos diante do
televisor e, passarão a interagir com a programação.
Por outro lado, segundo Galindo (2002), quando a possibilidade de interação
é atribuída aos meios de comunicação e às novas tecnologias, é como se o receptor
se transformasse em um usuário ativo, pelo simples fato de ter à sua disposição um
recurso tecnológico que o fizesse participar da elaboração da mensagem, o que na
realidade não é bem assim, conforme ele explica.
A interatividade poderá ocorrer em vários níveis. Descrevem-se neste
trabalho alguns modelos ou exemplos desses níveis, do mais simples ao mais
completo, sendo os níveis mais simples sem a necessidade do canal de retorno, e
os mais complexos, com este dispositivo.
O canal de retorno é o meio pelo qual o usuário se conectará à emissora de
TV. Este meio poderá ser a linha telefônica fixa, a banda larga da internet ou redes
de conexão sem fio, como o celular ou o wimax (tecnologia de rede de comunicação
sem fio).
Como exemplo de Interatividade sem canal de retorno destaca-se o acesso à
guia de programação, enviado continuamente na programação principal – Electronic
Programming Guide (EPG); acesso a informações mais detalhadas sobre o
56
conteúdo da programação em exibição, por exemplo: dados sobre o autor e atores
do filme, sobre a trilha sonora, sobre a produção, ou ativação do replay do gol numa
partida de futebol ou da largada numa corrida de Fórmula 1, no momento desejado e
quantas vezes quiser o usuário.
Outra forma seria a ativação de informações úteis no momento desejado e de
acordo com o interesse específico do telespectador, por exemplo, previsões
meteorológicas da região serrana ou do litoral, condições de tráfego em
determinadas rodovias e aeroportos, cotações do dólar e da bolsa de valores, entre
outras.
Com a utilização do canal de retorno, as possibilidades e a sofisticação da
interatividade aumentam, passando a ser de fato uma interação dinâmica entre o
usuário e a emissora. As possibilidades serão muitas, à medida que o recurso se
desenvolver. Eis alguns exemplos para clarificar sua aplicação ao leitor.
Na participação em enquetes de programas jornalísticos e esportivos, o
telespectador poderá participar e receber o resultado da opinião pública
rapidamente.
Como aplicação comercial, a interatividade poderá ser usada no merchandising
interativo, realizando-se compras virtuais dentro da programação ou no próprio
intervalo comercial, de forma que o usuário acessa o item a ser adquirido
navegando pelas teclas de seu controle remoto.
Na educação à distância, essa aplicação será importante para levar de forma
rápida e abrangente conhecimento a toda a população, sobretudo às
comunidades sem acesso aos recursos possibilitados pelas tecnologias atuais,
como a Internet. Essa é uma forma de inclusão digital (SET, 2005).
57
3.1.4 Multiprogramação
Em se tratando de TV aberta, a multiprogramação é um recurso tecnicamente
possível somente na TV Digital. No sistema analógico, cada emissora de televisão
possui a concessão de um canal de 6 MHz, com capacidade para transmitir uma
única programação.
Na TV digital, esse mesmo canal de 6 MHz tem capacidade de transmitir um
canal de alta definição (HDTV), interatividade e programação para os dispositivos
portáteis (celulares), ou então, até quatro programas em definição padrão (SDTV),
interatividade e programação para os portáteis. Isto é possível, devido às técnicas de
digitalização e compressão do sinal de televisão.
Apesar de a multiprogramação ser tecnicamente possível e adotada como
estratégia de alguns países, no Brasil, o Decreto nº. 5820 (ANEXO A), de 29 de
junho de 2006, que estabelece diretrizes para a implantação do SBTVD-T, prevê:
Art. 6º - O SBTVD-T possibilitará:
I - Transmissão digital em alta definição (HDTV) e em definição padrão
(SDTV);
II – Transmissão digital simultânea para recepção fixa, móvel e portátil; e
III – Interatividade.
Portanto, verifica-se que o decreto não prevê a utilização da
multiprogramação no sistema de TV Digital brasileiro. Levantaram-se então algumas
questões sobre a não utilização desse recurso.
Atualmente, a regulamentação da radiodifusão prevê a utilização de um único
conteúdo de programação, sendo transmitida simultaneamente a toda a área de
cobertura de cada geradora de televisão. Caso a nova regulamentação da TV Digital
58
permitisse a multiprogramação, o relatório do CPqD (2001), prevê que haveria um
risco.
Os fabricantes poderiam abastecer o mercado de caixas de conversão de
sinal digital para as TVs analógicas (Set Top Box) de baixo custo só com capacidade
de SDTV e não HDTV, e que custariam mais caro. Isso criaria um legado de grandes
quantidades de Set Top Boxes sem condições de difundir a alta definição, o que
poderia levar a televisão brasileira a uma mídia de segundo escalão, se comparada
com outras mídias digitais de alta qualidade.
Outro aspecto que precisa ser relevado é que o custo de produção de
múltiplos programas para exibição simultânea seria mais dispendioso às geradoras
de TV, além da concorrência com os próprios canais da emissora, o que poderia
gerar fragilidade na audiência e afetar o modelo de negócio da televisão.
Por outro lado, se houvesse uma proteção regulatória do negócio de TV
Digital, versões diferenciadas de uma mesma programação poderiam gerar
benefícios ao telespectador, ao desenvolvimento regional e até a inclusão digital.
Um evento olímpico, com diferentes modalidades em cada canal
simultaneamente, poderia ser disponibilizado para escolha do telespectador,
programas de educação à distância, de forma que cada canal abordaria uma matéria
ou um curso poderia levar às escolas uma grande diversidade de conteúdos, assim
como programas religiosos com linguagem destinada a públicos distintos, como para
a criança, para o jovem e para o adulto, por exemplo.
Conforme abordado, a multiprogramação, como os demais recursos, deve
ser amplamente discutida para o planejamento da implantação da TV Digital, e não
simplesmente descartada.
59
3.1.5 Alta Definição e Definição Padrão
A alta definição – HDTV, cuja sigla é uma abreviação do termo High Definition
Television, é um recurso que caracteriza a melhor qualidade possível na TV Digital.
Conforme o relatório do CPqD (2001), esta tecnologia surgiu para levar à casa do
telespectador programação com qualidade de imagem e som superiores às da TV
atual. Estas imagens teriam qualidades similares às do cinema, assim como o
formato da tela também seria mais próxima ao formato da tela daquele veículo.
Ficou então definido que as telas das TVs de alta definição teriam relação de
aspecto, ou seja, proporção entre largura e altura, de 16:9, enquanto as das TVs
atuais possuem a relação de 4:3, conforme ilustra a Figura 9.
Figura 9 - Relação de aspecto dos televisores de 4:3 e 16:9
Fonte: Ilustração do autor
HDTV: 1080 linhas de
resolução
Formato 16:9 (wide screem)
Pal M: 525 linhas de
resolução
Formato 4:3 (-33%)
3
4
16
9
60
Na fase de transição, as emissoras e os telespectadores terão que conviver
com algumas limitações com relação às imagens captadas pelas câmeras em
determinados formatos (4:3 ou 16:9), e a forma com que essas imagens serão
exibidas nas telas (4:3 ou 16:9), conforme ilustrado na Figura 10.
Figura 10 - Conversão entre formatos 16:9 e 4:3 Fonte: CPqD, 2001
Segundo o relatório da SET (2005), a alta definição foi adotada nos Estados
Unidos, Japão e China, o que representa aproximadamente 2/3 do mercado mundial
de televisores. A grande escala de produção e utilização desta tecnologia favorecerá
a redução de preços e, conseqüentemente, uma aquisição mais rápida pelos
usuários.
Uma questão que deve ser considerada na implantação da alta definição é
que as diversas mídias domésticas estão evoluindo rapidamente em qualidade, por
exemplo: o vídeo cassete (VHS), depois o vídeo laser, o DVD e o recém-lançado
DVD-HD (DVD em alta definição). Nota-se também a evolução das TVs por
assinatura, como a TV a cabo, o DTH (Direct to Home), que é a TV por assinatura
via satélite, assim como a internet de banda larga.
ImagemOriginal 4:3
ImagemOriginal 16:9
Monitores 16:9
Monitores 4:3
Natural(pillar box )
Esticado(stretched )
Corte horizontal(zoomed )
Natural(letter box )
Comprimido(anamorphic )
Corte vertical(centre cut out )
61
Conforme descreve o relatório da SET (2005), o telespectador, ao ter acesso
a uma mídia com qualidade de som e imagem, critica ou não aceita uma qualidade
inferior.
É importante adotar estratégias para a implementação da TV Digital de forma
que a alta definição tenha uma penetração inicial significativa. Essa penetração dar-
se-á obviamente por meio das camadas sociais mais altas, que ajudará a difundir os
benefícios, popularizando seu alcance em seguida, à medida que os preços
começarem a cair. Fato similar ocorreu com a chegada dos celulares, quando os
primeiros aparelhos chegaram a custar cerca de US$3,000 (SET,2005).
A Alta Definição pode ser considerada um fator de inclusão social, de forma
que, quando difundida, oferecerá às camadas populares a possibilidade de ter uma
mídia de alta qualidade de forma gratuita, ao contrário do que ocorre hoje, em que
somente as camadas mais altas da sociedade têm acesso a uma maior qualidade e
diversidade de programação, por meio das TVs por assinatura.
A SDTV, Standard Definition, é a televisão digital numa qualidade inferior à
HDTV. Apesar da menor definição de imagem, ela é bem melhor que a atual TV
analógica, com seus ruídos e “fantasmas” – imagens duplas - entre outras
características.
Existem ainda outros conceitos quanto à definição, o EDTV – Definição
Estendida (Enhanced Television), que possui definição intermediária entre a HDTV e
a SDTV, e a LDTV – Baixa Definição (Low Resolution Television), cuja qualidade é
inferior à SDTV, comparável ao videocassete, mas ainda preservando características
de qualidade superior. A Tabela 2 resume as características de cada tipo de
resolução na TV Digital.
62
Tabela 2 - Tipos de resolução de imagem
Formato Taxa média de bits
Espacial Temporal* de (estimativa)
Tipo (linhas e pixels/linha) tela (Mbits/s)
HDTV 1080X1920 60 C/S, i 16:9 19 (12-32)
720X1280 30 q/s, p 14 (8-20)
EDTV 480X640 30 q/s, p 16:9 6 (4-8)
SDTV 480X640 60 c/s, i 16:9 4,8 (3-8)
4:3 4 (2,5-6)
LDTV 240X320 30 q/s, p 4:3 1,1 (0,5-1,2)
Resolução
* c/s = campos/s; q/s = quadros/s; i = varredura entrelaçada; p = varredura progressiva.
Fonte: CPqD, 2001
3.2 Um breve histórico sobre a implantação da TV Digital
Este capítulo aborda os principais marcos da implantação da TV digital no
mundo, incluindo os fatos fundamentais que marcaram a sua implantação no Brasil,
desde os primeiros estudos para a decisão do padrão a ser adotado, até a data
prevista para o início das operações.
Estes fatos históricos são importantes para trazer ao leitor dados sobre as
experiências das implantações realizadas e remetê-los às análises realizadas para a
implantação da TV Digital Regional.
A televisão de alta definição teve seu início antes mesmo da TV Digital. O
precursor das operações em alta definição comercialmente foi o Japão com o
sistema MUSE (Multiple Sub-Nyquist Sampling Encoding). A televisão estatal
japonesa NHK adotou o nome comercial Hi Vision para o seu produto, que começou
a operar comercialmente em 1989 (CPqD, 2002).
63
A Europa, com o projeto Eureka, iniciou com um sistema similar denominado
MAC (Multiplexed Analog Components), que utilizava algumas técnicas analógicas
para composição final do sinal. A disputa de mercado daquela época ocorria entre o
consórcio europeu e os japoneses, apoiados pela IBM.
A concorrência dos Estados Unidos teve início em 1987, propondo o
desenvolvimento de novos serviços de televisão, chamados de ATV (Advanced
Television Service), cuja proposta era desenvolver um sistema totalmente digital,
diferentemente dos da Europa e do Japão. Foi chamado de DTV (Digital Television),
avançando tecnologicamente naquele momento em relação à Europa e Japão
(BOLAÑO E VIEIRA, 2004). O Federal Communications Commission (FCC) definiu
os primeiros requisitos para implementação da tecnologia digital em 1991.
Muitas empresas apresentaram propostas diferentes para o sistema, mas os
quatro melhores chegaram a um consenso depois de vários testes, formando assim
a Grande Aliança, em 1993. Um sistema comum, que aproveitava características
individuais de cada proposta, foi recomendado pelo comitê consultor no final de
1995, sendo adotado o padrão ATSC (Advanced Television Systems Committee)
para TV digital em 1996 pelo FCC. As primeiras transmissões digitais iniciaram-se
nos EUA no final de 1998 (MELO et al, 2000).
Na Europa, ao final de 1991, as emissoras, as produtoras de equipamentos
eletrônicos e os órgãos reguladores iniciaram a discussão para formação de um
grupo para estudar a viabilidade do desenvolvimento da televisão digital, o European
Launching Group – ELG.
O ELG expandiu-se e incorporou outros grupos, públicos e privados,
interessados no assunto. Foi elaborado um MoU (Memorandum of Understanding),
que definiu regras a serem seguidas pelos participantes do ELG. Após a assinatura
64
do MoU por todos os participantes, em setembro de 1993, o ELG passou a se
chamar Digital Video Broadcasting – DVB.
O objetivo do DVB era desenvolver um sistema digital completo baseado num
só padrão para vários países, mantendo as características específicas de cada um,
como, por exemplo, sua geografia. As primeiras transmissões digitais na Europa
ocorreram no final de 1995 (MELO et al, 2000). A versão de transmissão terrestre
iniciou suas operações no Reino Unido em 1998 (CPqD, 2002).
A Austrália foi um dos países não europeus a adotar o sistema DVB. O órgão
responsável pela área de transmissão, Australian Broadcasting Authority (ABA),
nomeou um grupo de especialistas em televisão digital terrestre, que recomendou o
sistema após os estudos.
No Japão, foram criadas, em 1995, apoiadas pelo governo japonês, redes de
TV e principais indústrias do setor, o Advanced Digital Television Broadcasting
Laboratory (ADTV-LAB), com o objetivo de digitalizar as transmissões de TV no país.
Havia um orçamento de 30 milhões de dólares para ser usado no desenvolvimento
da TV Digital por quatro anos.
Formou-se, então, em 1997, o Digital Broadcasting Experts Group (DIBEG),
com a participação das mesmas entidades anteriores, além de grandes empresas
não japonesas. Entre os principais objetivos do DIBEG estão a promoção de
intercâmbio de informações técnicas e a cooperação internacional. O padrão
japonês de TV digital, o ISDB – Integrated Services of Digital Broadcasting foi criado
somente em 1999 (MELO et al, 2000).
As principais estratégias que os países desenvolvedores dos sistemas
adotaram na criação de seus padrões são verificadas no subcapítulo sobre os
principais padrões de TV digital no mundo. Essas diferenças estratégicas foram
65
observadas na ocasião da escolha do padrão brasileiro, e deverão ser também
analisadas no momento da adoção das estratégias de implantação da TV digital
regional.
3.2.1 O início da TV Digital no Brasil
Em junho de 1991, tiveram início os primeiros passos para a implantação da
TV Digital no Brasil, que partiu de uma ação governamental por meio da proposição
de políticas para esse fim. Ocorreu com a instituição da Comissão Assessora de
Assuntos de Televisão (COM-TV), por parte do Ministério das Comunicações.
Sua atribuição inicial era propor políticas para a Televisão de Alta Definição e,
futuramente, para o suporte tecnológico da TV Digital. Após três anos, a sociedade
civil fez sua primeira participação no tema, quando foi criado um grupo técnico
formado pela Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão (SET) e pela
Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), para estudar a
implantação da TV Digital no País, como também para ajudar a capacitar as
empresas rádiodifusoras, com relação às grandes inovações tecnológicas que viriam
pela frente (BOLAÑO E VIEIRA, 2004).
Conforme descrevem Bolaño e Vieira (2004), tal comissão estatal para o
assunto encerrou suas atividades em março de 1998, quando suas atribuições,
dentre elas a coordenação do processo de introdução da Transmissão Terrestre
Digital de Televisão no Brasil, passou a ser realizada pela então recém-criada
Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
A Anatel iniciou em julho do mesmo ano o processo de escolha do sistema de
TV Digital no Brasil, publicando uma proposta sobre as condições e procedimentos
66
para emitir autorizações para realização de testes com sistemas de diferentes
padrões. Após quatro meses, depois de uma consulta pública, a proposta foi
aprovada pelo conselho diretor da Anatel.
Foram então credenciadas 17 emissoras de televisão para participar dos
testes a serem feitos sobre os padrões de TV Digital existentes. Foi estabelecido, na
mesma época, um acordo de Cooperação Técnica entre o Grupo Abert/SET com a
Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo, para a realização dos testes
(BOLAÑO E VIEIRA, 2004).
Os testes realizados na Universidade Mackenzie foram fundamentais no
processo decisório para se chegar ao padrão que melhor atenderia às necessidades
brasileiras e tiveram origem numa reunião entre três engenheiros, sendo um da
empresa NEC e dois da área de radiodifusão: engenheiros José Ito, Eduardo Bicudo
e Sandro Sereno (autor desta dissertação).
A NEC do Brasil firmou um Convênio de Cooperação Tecnológica com a
Universidade Mackenzie, que dispôs de recursos financeiros, aproximadamente
R$ 2,5 milhões, utilizando-se de benefícios fiscais pelo apoio a projetos científicos.
Tal convênio resultou na montagem de um laboratório de testes e de uma unidade
móvel especialmente equipada para a realização dos testes de campo (BOLAÑO E
VIEIRA, 2004).
A Anatel autorizou os testes que envolveram, além da Abert, da SET e da
Universidade Mackenzie, a Fundação CPqD. De acordo com o resultado dos testes,
o padrão japonês foi apontado como o mais adequado tecnicamente para uso em
nosso País. Este parecer provocou a mobilização de representantes dos outros
setores interessados no assunto, como a indústria de televisores e as operadoras de
telefonia, que passaram a pressionar o Governo Brasileiro.
67
O assunto passou a ser tratado na esfera política, deixando de ser discutido
somente como uma decisão técnica. Foi então que a Anatel contratou a Fundação
CPqD para validar o resultado dos testes. O CPqD também estendeu os estudos no
âmbito mercadológico e sócio-econômico (TAVARES, 2006).
O Relatório Final do Grupo Abert/SET foi encaminhado à Anatel em junho de
2000, com as conclusões sobre os padrões analisados, sendo colocado em seguida
para consulta pública por meio da CP n° 237.
Foi em março de 2001, quando houve a conclusão dos estudos realizados
pelo CPqD para a Anatel, que ocorreu o momento mais importante do processo
brasileiro de discussão do sistema de TV Digital, ainda no governo Fernando
Henrique Cardoso. O resultado desses estudos compôs o Relatório Integrador dos
Aspectos Técnicos e Mercadológicos da Televisão Digital. O documento aponta que
os fatores mais importantes para o País, em relação ao modelo de negócio e o
sistema a ser escolhido, são:
a contribuição para a superação do problema da exclusão social na
sociedade da informação;
a contribuição para elevação do nível cultural e educacional da sociedade;
a contribuição para a melhoria do nível de emprego no País;
os benefícios para o telespectador;
a contribuição para uma mais rápida transição para um ambiente
totalmente digital; e
a abertura para novas aplicações no futuro (CPqD, 2001).
O relatório propõe também metas sociais, políticas e econômicas,
consideradas no processo de escolha do sistema a ser adotado e o modelo de
68
negócio a ser nele implementado. O relatório não prevê detalhar os possíveis
caminhos que poderiam ser percorridos para alcançar tais metas (BOLAÑO E
VIEIRA, 2004).
A eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva gerou uma mudança de
orientação política do governo, afetando o processo de definição. Passou-se a
valorizar a utilização da estrutura de televisão digital terrestre para desenvolvimento
da inclusão social e redução das desigualdades de informação, educação e renda.
O então Ministro Miro Teixeira anunciou a decisão do governo em
desenvolver um padrão de televisão digital nacional. Divulgou que o Brasil teria
interesse em promover maior aproximação com a China, pois aquele país tinha a
intenção de realizar também um estudo de um sistema próprio.
Assim, foi editado o Decreto n° 4.901, de 2003, que instituiu o então chamado
Sistema Brasileiro de Televisão Digital – SBTVD, hoje International System of Digital
Television - ISDTV.
De acordo com o art. 1° desse decreto, com a implantação da televisão digital
tem-se por objetivo promover a inclusão social, a diversidade cultural, a
democratização do acesso à informação e a formação de redes de educação a
distância (incisos I e II).
A esses primeiros objetivos somam-se, é claro, o estabelecimento das
condições para a transição da plataforma de televisão analógica para a digital
(incisos IV, V, VII e VIII), sem descuidar da necessidade de ampliar a capacitação do
País, relacionada às tecnologias de informação e comunicação (incisos III e XI),
tanto das instituições de pesquisa e desenvolvimento, como da indústria nacional.
Por último, o referido decreto incluiu na sua redação outras questões que
apontam que o sistema brasileiro de televisão digital deve seguir com um novo
69
conceito de comunicação eletrônica de massa. São eles os incisos VI, IX e XI, que
estabelecem que o SBTVD deverá contribuir para a convergência dos serviços de
comunicações e favorecer o aparecimento de outros serviços que a tecnologia digital
proverá.
Com a expansão da abrangência do tema, envolvendo aspectos tecnológicos,
sociais, econômicos, regulatórios e de política industrial, passou-se a exigir uma
participação mais efetiva de diversos órgãos governamentais e setores não-
governamentais.
Houve uma nova mudança de foco no processo decisório, quando as
discussões se voltaram novamente para a questão técnica, na fase em que a
expectativa geral já era de receber a decisão final por parte do Governo.
Tal mudança no processo decisório resultou na publicação do Decreto n°
5.820 (ANEXO A), em 29 de junho de 2006, marco decisório em que o Governo
Brasileiro optou pelo padrão japonês.
O decreto aborda questões sobre a implantação do SBTVD, sobre o plano de
transição da tecnologia analógica para a digital do serviço de radiodifusão de sons e
imagens, e do serviço de retransmissão de televisão.
O decreto define primeiramente que o SBTVD adotará o padrão ISDB-T
(japonês) como base, prevendo a incorporação de inovações tecnológicas
brasileiras. Entre outras definições importantes estão:
Definição do modelo de serviços do SBTVD que deverá possibilitar:
transmissão digital em alta definição e em definição padrão;
Transmissão simultânea para recepção fixa, móvel e portátil; e
Interatividade (TAVARES, 2006).
70
3.3 Os Principais Padrões de TV Digital em uso no Mundo
Apesar da definição pelo padrão japonês como base do padrão brasileiro,
busca-se elaborar, nesta parte do trabalho, um breve resumo sobre os principais
padrões de TV Digital no mundo, assim como suas características de aplicação que
foram úteis na análise das estratégias adotadas por cada país e, conseqüentemente,
na elaboração da proposta de implantação abordada no trabalho.
3.3.1 Advanced Television System Committee (ATSC)
Em 1995, o padrão ATSC foi aprovado por seus membros formalmente,
sendo recomendado à FCC pelo Comitê Consultivo, para adoção como o novo
padrão dos EUA para radiodifusão terrestre de televisão avançada.
Em 1996, pós um longo processo de consulta pública, o Padrão de Televisão
Digital ATSC foi definido pela FCC, para radiodifusão de televisão digital terrestre
nos EUA.
O ATSC, que havia sido uma organização estritamente americana, modificou-
se em 1º de janeiro de 1996, tornando-se uma organização internacional, com a
finalidade de garantir que as partes interessadas de qualquer país pudessem
participar do Desenvolvimento (ANATEL, 2001).
O sistema norte-americano vem sendo desenvolvido por empresas
constituintes do ATSC Fórum, que possui mais de 200 membros de vários países,
coordenados pelos Estados Unidos.
71
A principal limitação do padrão americano, segundo especialistas, ainda não
foi solucionada: a deficiência para recepção de televisão em equipamentos móveis.
Seu foco de desenvolvimento estava em um padrão que possibilitasse
principalmente disponibilizar uma imagem de alta qualidade ao telespectador, a alta
definição (HDTV). Há também críticas quanto à eficácia do ATSC na recepção de
sinais por meio das antenas internas (BOLAÑO E VIEIRA, 2004).
Conforme ANATEL (2001), em seu relatório sobre a utilização da tecnologia
digital na transmissão terrestre de televisão, é importante observar que países
fortemente desenvolvidos, com grande penetração de serviços de televisão por
assinatura por cabo e por satélite, podem ter maiores dificuldades em proporcionar
mais atratividade por aplicações de TV digital do que em países menos
desenvolvidos e com serviços de televisão limitados.
Até o momento, o ATSC foi adotado pelos Estados Unidos, Canadá, México,
Coréia do Sul e Honduras, que optou pelo padrão americano em janeiro de 2007
(ATSC, 2008).
3.3.2 Digital Vídeo Broadcasting (DVB-T)
A criação do sistema DVB – Digital Video Broadcasting, em 1993, por um
consórcio de países europeus, teve como objetivo principal o aumento de canais na
TV aberta, visto que a nova tecnologia possibilita a transmissão de até 4 canais em
SDTV, na mesma banda ocupada por um canal analógico (MELO et al, 2000).
O padrão de TV Digital terrestre DVB-T é conhecido como o padrão europeu
de televisão digital. O padrão DVB-T é adotado nos países da União Européia e em
outros países como Austrália, Nova Zelândia, Malásia, Hong Kong, Singapura, Índia
72
e África do Sul. A Inglaterra é o país onde a adoção do padrão DVB está mais
consolidada, pois já possui mais de um milhão de receptores digitais instalados
(FERNANDES et al, 2004).
Conforme Bolaño e Vieira (2004), há uma grande vantagem do DVB-T em
relação ao ATSC, a transmissão hierárquica, que permite priorizar determinada parte
da informação transmitida, tornando-a menos suscetível a ruídos. Desta forma, dois
programas de televisão podem ser transmitidos em dois níveis de resolução
distintos.
Segundo Fernandes et al (2004), o DVB-T tem capacidade para seis modos
de transmissão com resoluções que variam de 1080 a 240 linhas, podendo ser
usado para sistemas de alta definição (HDTV) e sistemas móveis de baixa definição
(LDTV).
Entretanto, o funcionamento não é adequado utilizando-se transmissões de
alta definição e sistemas móveis simultaneamente, conforme estudos realizados
(FERNANDES et al 2004).
Na Europa, a prioridade é a utilização com a definição-padrão (SDTV -
Standard Definition Television). A transmissão SDTV permite a difusão de até seis
programas simultaneamente. O modelo de negócios dos países europeus priorizou a
diversificação de programas e serviços na transmissão terrestre como estratégia
para enfrentar as TVs pos assinatura. Na Austrália, a opção foi combinar programas
em alta definição (HDTV) e programas em definição-padrão (SDTV).
3.3.3 Integrated Services Digital Broadcasting - Terrestrial (ISDB-T)
O ISDB-T foi desenvolvido no Japão pelo consórcio Digital Broadcasting
Experts Group (DiBEG). Não foi criado somente com o objetivo de transmissão de
73
sinais digitais de televisão, mas como uma ampla plataforma tecnológica,
contemplando vários serviços. A NHK, maior empresa pública de radiodifusão do
Japão, e que deu amplo suporte ao desenvolvimento do sistema, é uma das
detentoras do padrão. A Matsushita Electrics Industrial, fabricante de
eletroeletrônicos, é outra empresa que também detém esses direitos (BOLAÑO E
VIEIRA, 2004).
Tecnologicamente, o padrão ISDB-T é o mais desenvolvido e eficaz. Ele
permite flexibilidade e convergência tecnológica, viabilizando todos os recursos
possíveis da TV Digital como alta definição, mobilidade, portabilidade,
multiprogramação e interatividade.
Além desses recursos citados, possibilita ainda a segmentação do canal em
13 subcanais, permitindo a transmissão de vários serviços simultaneamente
(ZUFFO, 2003). A Figura 11 ilustra a subdivisão dos canais em treze segmentos.
Figura 11 - 13 segmentos do canal de TV Digital do ISDB-T Fonte: NHK, 2007
74
O ISDB-T é baseado no sistema de transmissão europeu, porém com
características superiores ao DVB-T, sendo mais imune a interferências e permitindo
a transmissão da televisão de alta definição com a mobilidade (FERNANDES et al,
2004).
A TV Digital terrestre iniciou suas operações no Japão a partir de Tóquio,
Osaka e Nagoya em Dezembro de 2003. No final de 2006, já havia sido introduzida
nas principais capitais japonesas. O ano de 2006 também marcou o início da
operação one-seg, operação em um segmento do canal para os dispositivos móveis.
O planejamento prevê que a TV Digital japonesa alcance todos os lares daquele
país até 2011, data em que as transmissões analógicas estarão finalizadas (NHK,
2007). A Figura 12 ilustra o cronograma de implantação da TV Digital no Japão.
Figura 12 - Cronograma de Implantação da TV Digital no Japão Fonte: NHK, 2007
75
O fato do padrão japonês permitir a aplicação de todas as possibilidades
tecnológicas da TV digital, desenvolvidas até o momento, representa uma vantagem
significativa frente aos demais padrões. Entretanto, no momento do planejamento
estratégico para a implantação da TV digital em cada região, é preciso analisar se
todos os recursos oferecidos pela tecnologia terão resultados positivos para a
emissora, anunciantes e telespectadores.
3.3.4 Digital Multimedia Broadcast (DMB)
O padrão chinês utiliza vários conceitos existentes nos padrões ATSC,
DVB e ISDB, sendo o foco principal a convergência com os celulares (ZUFFO,
2003).
Segundo Bolaño e Vieira (2004), a China iniciou estudos de implantação de
TVD em 1996. Os três padrões de TV Digital existentes na época: ATSC, DVB e
ISDB foram amplamente analisados pelos chineses, que chegaram à conclusão
de que poderiam desenvolver um sistema próprio, melhor do que os padrões
existentes. O modelo de negócio do sistema chinês tem como objetivo oferecer
televisão, telefone e internet, por meio da mesma plataforma, possibilitando
transmissões em HDTV e SDTV.
Estima-se que a implantação da TV Digital na China demandará uma
produção de aproximadamente 350 milhões de receptores de TV, já que 92,5%
de sua população tem acesso à televisão. Prevê-se que em 2010 as principais
cidades terão apenas transmissões digitais e, em 2015, deverá ocorrer o fim das
transmissões analógicas em todo o país.
76
3.3.5 Sistema Brasileiro de Televisão Digital - SBTVD
A decisão final tomada pelo Governo Brasileiro definiu em 29 de Junho de
2006 pelo então denominado SBTVD – Sistema Brasileiro de Televisão Digital, para
ser a plataforma nacional de transmissão e retransmissão de sinais de radiodifusão
de sons e imagens.
Foram mais de 15 anos de discussões, análises políticas, mercadológicas,
socioeconômicas e, principalmente, exaustivas avaliações técnicas em laboratório e
em campo que culminaram na adoção do padrão japonês, ISDB-T, como base do
padrão brasileiro, então denominado ISDTV - International System of Digital
Television (SET, 2006).
Com o objetivo de aproximar o nome do padrão brasileiro de suas origens e
para facilitar o reconhecimento internacional, o padrão de transmissão digital
nacional é atualmente denominado ISDB-TB - Integrated Services Digital
Broadcasting – Terrestrial (Brasil) (FORUM SBTVD, 2007).
Os três padrões mais desenvolvidos na época foram testados e comparados:
o ATSC (norte americano), o DVB-T (europeu) e o ISDB-T (japonês). Este último foi
o padrão que melhor atendeu aos requisitos técnicos e de modelo de negócio
especificados pelo Brasil.
O principal interesse dessa definição era garantir à sociedade brasileira uma
televisão de qualidade superior, livre e gratuita, e que permitisse também a inclusão
digital das classes menos favorecidas.
Tais exigências envolviam a transmissão de sinais em alta definição (HDTV),
definição padrão (SDTV), transmissão portátil, móvel e interatividade (que envolve a
77
transmissão de dados), fazendo dessa plataforma de transmissão, uma plataforma
de multiserviços dentro do canal de televisão.
O padrão brasileiro, ISDB-TB, não é simplesmente uma cópia do padrão
japonês ISDB-T. O sistema brasileiro incorpora inovações tecnológicas que o torna o
mais avançado sistema de TV Digital no mundo atualmente.
3.3.5.1 Inovações do ISDB-TB
As principais inovações do ISDB-TB sobre o padrão japonês são descritas a
seguir (TELAVIVA, 2007). A primeira diz respeito à tecnologia empregada na
codificação, ou seja, na digitalização e compressão do áudio e do vídeo. Não há
outro padrão de TV Digital que empregue a codificação usada no padrão brasileiro,
chamada de padrão H264 (MPEG-4). Foi pensado um padrão que pudesse atender
ao mercado internacional, suportando taxas de quadros de 25, 30, 50 e 60 Hz. No
Brasil utilizam-se as de 30 e 60 Hz.
A segunda inovação está no Middleware, que é o software ou aplicativo que
opera nos receptores de TV Digital. O Middleware brasileiro, que faz a interface
entre os aplicativos e o usuário, recebeu o nome de GINGA. Ele foi desenvolvido
com tecnologia e equipes brasileiras, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro (PUC-RJ) e pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
O GINGA, além de poder ser usado internacionalmente, leva vantagens sobre
os outros Middlewares Internacionais, pois faz um uso mais racional de memória e
processamento. Os Middlewares dos outros sistemas são mais pesados, pois
incorporam diferentes linguagens de programação.
78
Finalmente, o uso social da TV Digital. Para que ela possa ter um caráter
social, foi necessária a criação de uma norma de segurança para a utilização de
recursos adicionais.
Segundo o acadêmico Marcelo Zuffo, do LSI/USP, coordenador das normas
de segurança, será possível utilizar um cartão de segurança eletrônico, como um e-
CPF, que permitirá sua utilização, por exemplo, em um e-Banking e Receita Federal,
entre outros.
Outra norma ligada à segurança e o uso social refere-se à permissão de
conteúdo ao vivo com qualidade máxima e gravação com qualidade reduzida,
medida para viabilizar a proteção de conteúdo audiovisual.
Com as importantes inovações incorporadas ao padrão brasileiro, o País
ganha um reforço para influenciar outros países na adoção do ISDB-TB. Na direção
destas vantagens, o Itamaraty iniciou a divulgação do padrão no final de 2006, com
a visita aos países da América do Sul. Participaram dessas visitas representantes
dos Ministérios ligados ao tema, das Universidades e da Indústria, em parceria com
o Japão.
Foram realizados contatos importantes na Argentina, Uruguai e Chile, onde a
decisão pelo ATSC já estava praticamente tomada, e decidiu incluir o ISDB-TB como
possibilidade a ser avaliada. No Peru, resolveram avaliar os três padrões. Na
Colômbia, onde a preferência era pelo padrão norte-americano ou europeu, passou-
se a ter interesse pelo sistema brasileiro. No Equador, foi grande o interesse pelo
padrão nipo-brasileiro (SET, 2007).
Outro mérito do processo de implantação brasileiro foi o período para a
conclusão das normas de TV Digital do ISDB-TB, que foi de oito meses, e no Japão,
oito anos, apesar da capacitação e tecnologias disponíveis.
79
Para que houvesse mais eficácia e transparência no processo de
implantação, foi criado um Fórum com características de entidade civil e sem fins
lucrativos, aberto à participação de empresas ligadas à TV Digital.
Os objetivos do Fórum são harmonização das especificações e proposição de
normas, padrões e regulamentos técnicos, que visem propiciar ao mercado inovação
e desenvolvimento para o lançamento de produtos e serviços.
Segundo Roberto Franco, presidente do Fórum de TV Digital, ele também tem
como missão estimular a criação e a melhoria do sistema de transmissão e recepção
de imagens de TV Digital no Brasil. O Fórum foi fundado em 22 de novembro de
2006 e possui mais de cem entidades associadas (SET, 2007).
Para que o sistema brasileiro continue evoluindo, o Ministério da Ciência e
Tecnologia visa ações específicas, por exemplo, buscar junto ao governo japonês
investimentos de 80 milhões de reais para pesquisa no Brasil, valor equivalente ao
que o País pretende investir em novas pesquisas, e incentivar as Universidades que
estiveram no processo de desenvolvimento do padrão brasileiro (TELA VIVA, 2007).
3.3.5.2 Cronograma de Implantação do ISDB-TB
O inicio das transmissões digitais no Brasil, em caráter oficial, deu-se no dia 2
de dezembro de 2007, na cidade de São Paulo. A maioria das geradoras da capital
paulista já foi autorizada a iniciar suas transmissões naquela data.
As geradoras de televisão de outras cidades já puderam requerer a
consignação do canal digital ao Ministério das Comunicações, a partir de 29 de
junho de 2007, seguindo o seguinte cronograma:
80
Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Rio de Janeiro e Salvador: até 30 de
novembro de 2007;
Belém, Curitiba, Goiânia, Manaus, Porto Alegre e Recife: até 31 de março
de 2008;
Campo Grande, Cuiabá, João Pessoa, Maceió, Natal, São Luiz e Terezina:
até 31 de Julho de 2008; e
Aracaju, Boa Vista, Florianópolis, Macapá, Palmas, Porto Velho, Rio
Branco e Vitória: até 30 de novembro de 2008.
Em outros municípios, suas respectivas geradoras deverão requerer o canal
entre 1º de outubro de 2007 e 31 de março de 2009. As retransmissoras localizadas
nas capitais dos estados e Distrito Federal, até 30 de abril de 2009; e as
retransmissoras dos demais municípios, até 30 de abril de 2011 (TELA VIVA, 2007).
Portanto, as geradoras do Cone Leste Paulista poderão solicitar seus canais
digitais a partir de 01 de outubro de 2007 até 31 de março de 2009 e suas
retransmissoras, até 30 de abril de 2011.
Conforme o Decreto nº. 5820/2006, as retransmissoras só poderão transmitir
digitalmente após a digitalização de suas geradoras. A partir de junho de 2013, não
serão mais outorgados canais analógicos e, em 2016, está definido pelo Governo
que as transmissões analógicas serão finalizadas. A Figura 13 ilustra a fase de
transição entre as transmissões analógicas e digitais.
81
Figura 13 - Transição analógico-digital Fonte: Anatel - Congresso SET 2006 – São Paulo/SP, 24 de agosto de 2006
Segundo Ara Apkar Minassian, Superintendente de Serviços de Comunicação
de Massa da Anatel, o Plano Básico de Distribuição de Canais de TV Digital
(PBTVD) contempla 1893 canais em 290 municípios e 306 localidades, atendendo a
uma população de 110 milhões de habitantes, conforme ilustra a Figura 14
(ANATEL, 2006).
Figura 14 - Plano Básico de Distribuição de canais Digitais - PBTVD Fonte: Anatel - Congresso SET 2006 – São Paulo/SP, 24 de agosto de 2006
TRANSMISSÃO ANALÓGICA
TRANSMISSÃO DIGITAL
FASE “SIMULCAST”
FASE DIGITAL SOMENTE
FASE ANALÓGICA SOMENTE
Junho/2016
TRANSMISSÃO ANALÓGICATRANSMISSÃO ANALÓGICA
TRANSMISSÃO DIGITALTRANSMISSÃO DIGITAL
FASE “SIMULCAST”
FASE DIGITAL SOMENTE
FASE ANALÓGICA SOMENTE
Junho/2016
Municípios 290
Municípios 290
Municípios 290
Localidades 306
Localidades 306
Localidades 306
População 110 milhõesPopulação
110 milhõesPopulação
110 milhões
Canais 1893
Canais 1893
Canais 1893
82
Em vários países do mundo o processo de escolha do padrão de transmissão
digital está se iniciando e o Governo Brasileiro pretende influenciar esses países,
principalmente os da América Latina, a adotar o padrão nipo-brasileiro.
Em resumo, neste trabalho é apresentado o mapa de cobertura de TV Digital
e seus padrões implantados ou em teste em todo mundo (Figura 15).
Figura 15 - Cobertura da TV Digital no Mundo
Fonte: Adaptação de DIBEG – Digital Broadcasting Experts Group, 2007
Definido o padrão e estabelecido o cronograma de implantação para todo o
Brasil, inicia-se um importante passo para tornar realidade a TV Digital no País: cada
geradora de televisão deverá se preparar com sua infra-estrutura para instalação de
83
seu sistema de transmissão, assim como para a digitalização de sua emissora com
equipamentos de captação, produção e exibição da programação.
O padrão é um só para toda a nação, mas é imprescindível que se observem
as particularidades regionais, com o intuito de viabilizar com sucesso a nova
televisão que surge, para continuar sendo o mais importante meio de comunicação
de massa em nosso País. É o que o trabalho aborda nos próximos capítulos.
84
4 TV e DESENVOLVIMENTO REGIONAL
A televisão aberta nasceu no centro do capitalismo e começou a se consolidar
somente após a Segunda Guerra Mundial. Transmitia sua mensagem massificada
unilateralmente aos seus telespectadores, a todas as classes sociais e culturas que
atingia, um modelo que não levava em conta as diferenças regionais.
Atualmente, inserida em uma sociedade globalizada, a televisão busca a cada
dia aprimorar sua forma de “comunicar”, e a forte tendência nesse aprimoramento é
encontrada na regionalização, na proximidade do veículo com seu telespectador
(SERENO et al, 2007).
A TV digital tem como característica marcante suas possibilidades
tecnológicas, como uma oportunidade inovadora da comunicação mais direta e
segmentada, e até interativa. As diversas culturas que compõem a massa que forma
um país precisam ser atingidas de maneira particularizada, regionalizada. Será por
meio da inovação tecnológica desse veículo que esse caminho poderá ser trilhado.
A TV digital pode promover maior proximidade com seus telespectadores,
utilizando-se de seus recursos como a alta definição, a mobilidade, a portabilidade, a
multiprogramação e a interatividade.
4.1 Origem centralizada da Mídia Televisiva
O centro do poder econômico mundial foi o cenário de origem da televisão.
Cientistas europeus experimentaram e desenvolveram as primeiras engenhocas
com o intuito de captar, transmitir e receber imagens em movimento.
85
Do selênio, elemento químico sensível à luz, descoberto pelo sueco Jacob
Berzelius, em 1817, até a primeira transmissão pública de televisão realizada pela
Telephone and Telegraph Company (AT&T), nos Estados Unidos da América, em
abril de 1927, foram 110 anos de desenvolvimentos básicos para a futura
consolidação da televisão que se daria somente após a Segunda Guerra Mundial
(VIZEU, 2000).
Nesse contexto, pode-se considerar que a televisão, após sua consolidação,
teve sua ação mais globalizada comunicando às grandes massas por meio de uma
linguagem “única”, centralizada. Por ser uma mídia com alto grau de tecnologia,
necessidade de grande infra-estrutura e multi-especializações – ambientes
profissionais envolvendo engenheiros, técnicos, jornalistas, programadores,
administradores, artistas, escritores, entre outros profissionais -, a televisão iniciou
suas operações nos grandes centros econômicos, cidades capazes de absorver a
necessidade dos altos investimentos e remunerar o capital investido por acionistas.
Os meios de comunicação eletrônica ou impressa, em sua porção mais
massiva, tiveram e ainda têm papel importante no desenvolvimento social. Melo et al
(2006) comentam que a comunicação de massa nos países afetados drasticamente
pela guerra teve um papel fundamental e indispensável no incentivo às suas
populações na retomada do desenvolvimento econômico. Foi usando seu poder de
comunicação, realizando campanhas sociais, fomentando a educação e unindo a
população que tais objetivos foram atingidos.
Essas experiências foram bem sucedidas e bases para as lideranças da
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO)
fomentarem o desenvolvimento sócio-econômico nos países que enfrentaram os
prejuízos sociais do Colonialismo.
86
4.2 Desenvolvimento e Espaço Territorial
Para continuar a discussão sobre a televisão e o desenvolvimento
sócioeconômico, é necessário conceituar o desenvolvimento, em sua essência. Não
simplesmente o desenvolvimento econômico no sentido capitalista, mas um
desenvolvimento social.
Assim, procura-se definir um desenvolvimento que promova mudanças sociais
positivas, sem fugir do entendimento do que a sociedade busca, em termos de
valores culturais, históricos e geográficos, como indica Souza (2004). Esse
desenvolvimento está relacionado, em síntese, à melhoria da qualidade de vida da
sociedade. Refere-se a uma melhoria qualitativa e não somente a um aumento em
escala.
Segundo Souza (2004), o conceito de desenvolvimento precisa contemplar,
além dos problemas sociais, a questão do espaço territorial que esta sociedade
ocupa. Dessa forma, encontram-se algumas definições relativas ao espaço territorial
descritas por Melo, (2006) para dar suporte à discussão sobre a regionalização.
Em relação ao espaço territorial, Melo (2006) subdivide-o em duas grandes
categorias, em que se formam redes midiáticas:
Regiões Supranacionais: (conjunto de nações que possuem identidades
afins) que são divididas em três subcategorias, de acordo com o
agrupamento:
Mega-região: definido por variáveis políticas, em função da
localidade geográfica, por exemplo, região Sul-Americana;
87
Multi-região: determinado por variáveis culturais,
independentemente da proximidade geográfica, por exemplo, região
Latino-Americana; e
Meso-região: referente à contigüidade geográfica, constituindo um
espaço fragmentado composto pelas parcelas dos territórios
nacionais que possuem identidade comum, por exemplo, região
Amazônica.
Regiões Infranacionais: (divisão do território nacional de acordo com
critérios político-administrativos) divididas em cinco subcategorias conforme
o agrupamento:
Macro-região: resultante da divisão territorial estabelecida pelo
Estado, concentrando para fins administrativos, unidades da
federação brasileira, como a região Sudeste;
Maxi-região: derivada dos recortes determinados por fatores de
natureza político-cultural, como a região Paulista (balizada pelo
legado dos bandeirantes);
Midi-região: formado por município ou trechos contíguos, dentro de
uma mesma unidade federativa, ou adjacentes, cuja integração foi
determinada por fatores aleatórios ou conjunturais, como a região
do Vale do Paraíba;
Mini-região: correspondente a menor unidade político-administrativa
do território nacional, como a região Paulistana (capital do estado
de São Paulo); e
88
Micro-região: fragmento do território municipal, constituído em
função de demandas administrativas ou habitacionais, como a
região da Liberdade (bairro central da região de São Paulo).
No contexto desta dissertação, os conceitos supra definidos são importantes
para se verificar que há várias subdivisões do espaço territorial e que a essas cabem
particularidades culturais, sociais, políticas e tecnológicas.
Ao conhecer tais questões, as estratégias de comunicação poderão ser
construídas mais eficazmente, e a tecnologia digital poderá viabilizar a implantação
de uma comunicação que poderá atender às tendências de customização do
conteúdo para o telespectador. Esta discussão tem seqüência no subcapítulo 6.6,
que apresenta a influência da TV Digital no desenvolvimento regional.
4.3 Globalização e Mídia
Como se trata de um termo muito amplo, devido às vertentes da globalização,
fica difícil mesmo quando se tenta exprimi-lo em um contexto político-econômico.
Como relata Simões (2006), não há limites precisos para se explanar acerca da
globalização.
A expressão “globalização” teve sua origem nas escolas de administração
americanas nos anos de 1980 e se espalhou pelo mundo. E não poderia ser
diferente, tanto em relação ao termo quanto ao seu próprio sentido tendo origem no
centro do capitalismo se espalhando, ou melhor, englobando o resto do mundo. É o
poder lançando suas teias, que se pode denominar de sua cultura, seus modelos,
89
suas normas, sua tecnologia entre outros, sobre as economias subdesenvolvidas ou
em desenvolvimento.
Portanto, se atém à discussão para o âmbito da mídia televisiva, de forma a
fazer uma relação entre o termo amplamente difundido e o fenômeno do
desenvolvimento da televisão.
Em nível nacional, Myrdal (1965) enfatiza que as diferenças regionais de cada
país se assemelham muito aos problemas das desigualdades entre países. Pelas
mesmas razões de poder econômico e político, há uma supremacia cultural de uma
região sobre outras - uma nacionalização.
Nos países mais ricos, consoante Myrdal (1965), a equalização econômica
das regiões é promovida por políticas igualitárias. Já o baixo nível de
desenvolvimento econômico dos países mais pobres dificulta a mobilidade social, a
educação e as comunicações.
4.4 Da Globalização à Regionalização
Definidas as várias dimensões do espaço regional, mediante a teoria de Melo
(2006), procura-se trazer maiores reflexões sobre o que é regionalização, o que ela
pode trazer de benefícios à sociedade, principalmente, sob o aspecto da
comunicação.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2006),
o Brasil com seus 8.511.965 km2 de superfície e seus 169.799.170 habitantes, é um
território de múltiplas culturas. Isso, devido principalmente à colonização portuguesa,
pela mão-de-obra escrava importada da África e pelas tantas imigrações das
colônias italianas, alemãs, japonesas e libanesas, entre outras.
90
Bosi (1987) salienta que já houve interessados em julgar a cultura brasileira
como uma cultura única, buscando extrair uma identidade nacional. Porém, pelos
motivos já expostos, entende-se que não existe uma cultura única e homogênea.
Então, trazendo a discussão para a televisão aberta, analisou-se sua
vocação, um meio de comunicação de massa, “livre” e “gratuito”, que uniu um país
de Norte a Sul, Leste a Oeste, num único idioma, mas resguardando seus sotaques
regionais.
Nesse sentido, depara-se com um paradigma: a televisão, tendo que se
“comunicar” com uma massa generalizada, unificada, globalizada e ser eficaz,
conquistando o interesse dos telespectadores com toda sua diversidade cultural,
social, política, religiosa e regional. Até agora a televisão vem conseguindo com
sucesso quebrar esse paradigma, de “entregar” a todos ao mesmo tempo a mesma
programação (SERENO et al, 2007).
Observa-se que, propositalmente, utilizou-se o termo televisão tendo que
“comunicar” e, a posteriori “entregar”. O que se percebe é que sempre se usa o
termo “comunicar” para a televisão, porém, no sentido mais real, “comunicar”
subentende-se uma via de mão-dupla, uma interação maior entre transmissor e
receptor da mensagem, situação praticamente inexistente na televisão atual, que
trabalha com a reatividade, ou seja, com escolhas pré-determinadas (SERENO et al,
2007).
Barbosa (s.d.) faz uma crítica que a mídia eletrônica, especificamente a
televisão, seria utilizada não como forma de educação, mas sim como instrumento
de massificação, de separação das classes sociais e sucateamento cultural da
sociedade.
91
A televisão consolidou-se num modelo econômico que se viabilizou pela
comunicação massificada, e atualmente percebe a necessidade de se aproximar das
comunidades às quais está inserida. O desafio de continuar com um modelo
economicamente viável, a fim de conquistar o interesse mais específico da
sociedade local, é grande. E se torna maior a cada dia.
Uma decorrência da sociedade que se revela mais exigente no que tange à
qualidade da informação, a evolução da concorrência direta e, principalmente, as
novas gerações convivendo com as atuais e diversas mídias digitais, estão
acentuando essa tendência à regionalização. Os modelos de distribuição da
televisão aberta são ilustrados nas Figuras 16, 17 e 18.
A Figura 16 elucida o modelo inicial da televisão, centralizado, uma produção
para todas as regiões. A partir da Geradora Cabeça de Rede (G), a programação é
distribuída igualmente para todos os seus telespectadores (T).
G
T
T
T
T
T
T
T
T
Figura 16 - Modelo inicial da televisão
Fonte: Ilustração do autor
92
A Figura 17 revela o modelo atual utilizado pela maioria das grandes redes de
televisão do Brasil e do mundo: uma produção principal sendo distribuída a partir da
Geradora Cabeça de Rede (G) para as diversas regiões do país, e cada região ou
cada emissora regional (R) inserindo sua produção na programação principal para
distribuir aos seus Telespectadores (T). O que se denomina por produção, entende-
se como todo conteúdo gerado e distribuído regionalmente: programas, telejornais e
comerciais.
A Figura 18 apresenta um suposto modelo futuro que poderia ser adotado a
partir das novas tecnologias que estão surgindo para a implementação da TV Digital
no Brasil. Esse modelo supõe a ampliação da concepção de regionalização da
televisão, propondo na realidade uma segmentação ainda maior do conteúdo da
programação para atender aos anseios mais específicos da localidade.
A partir da produção e distribuição da programação-base da Geradora (G),
cada emissora Regional (R) insere a base de sua programação e comercialização
regional, mas poderá, por exemplo, por meio de suas possibilidades tecnológicas,
G
R
R
R
R
T T
T
T
T T T T
T
T
T T
Figura 17- Modelo atual mais utilizado
Fonte: Ilustração do autor
93
inserir também conteúdos mais específicos, de acordo com os interesses dos
telespectadores (T) de cada localidade.
Assim, por exemplo, sobre um telejornal regional, a emissora poderá enviar
informações (i) mais específicas de trânsito ou clima que poderão ser acessados de
acordo com a localidade em que o telespectador se interessar. Neste exemplo, cada
seta representa uma programação interativa, bidirecional entre o telespectador e a
emissora de TV. Essa será uma das formas de aplicação da interatividade na TV
Digital.
4.5 A Inovação na TV e suas Prováveis Contribuições para a
Regionalização
Como já observado, a televisão poderá promover uma maior contribuição às
comunidades regionais e locais. É por meio da inovação tecnológica que esse
T T
T
G
R
R
R
R
T
T
T
T
T T T
T
i1
i2
i3
Figura 18 - Modelo futuro para TV Digital
Fonte: Ilustração do autor
T
94
caminho poderá ser trilhado neste veículo de comunicação, que se mantém com as
mesmas características de transmissão desde a década de 1950.
A migração para a nova tecnologia é uma questão de sobrevivência da
televisão aberta. No entanto, Llorens (2001) aponta que a inovação não deve ser
simplesmente uma questão de introduzir novas técnicas, mas depende do contexto
social e cultural do território que ela influencia.
Contudo, a tecnologia não deve ser adotada pela tecnologia em si, mas que
os caminhos tecnológicos sejam definidos de maneira que se aproximem o mais
perto possível dos anseios e das necessidades da região.
O verdadeiro desejo de se comunicar eletrônica e digitalmente mostra-se
presente nos vários dispositivos eletrônicos encontrados no meio em que se vive na
atualidade, em consonância com o Encontro Bloguista da Ilha Terceira (EBIT, 2006),
a internet com seus quase 16 milhões de usuários e o e-commerce, crescendo em
receita bruta de R$ 549 milhões, em 2001, para uma previsão de R$ 4 bilhões, em
2006, como indica a Figura 19.
549850
1.200
1.750
2.800
4.000
2001 2002 2003 2004 2005 2006
Figura 19 - Evolução do e-commerce no Brasil em milhões de reais (2001-2006)
Fonte: EBIT, 2006
(Previsão)
95
A Tabela 3 sintetiza os dados referentes ao número de telefones celulares
com aproximadamente 97 milhões de aparelhos ativos nas operadoras e outros
dispositivos menos interativos, mas não desprovidos dessa tendência, como os
Ipods, MP3-players, games, entre outros. Os dados são fornecidos pelo Instituto de
Mídia Digital (IMD), Encontro Bloguista da Ilha Terceira (EBIT) e portal Teleco,
(2006).
Tabela 3 - Números da Internet, E-commerce e Celulares no Brasil Fonte: IMD/EBIT/Teleco, 2006
Diante desses dados, a TV Digital, com suas possibilidades tecnológicas,
poderá promover maior proximidade com seus telespectadores. Talvez até esse
nome, “telespectadores”, perca o sentido e mude para quem sabe, “teleinterativos”.
Essa proximidade poderá acontecer por meio da alta definição, da mobilidade, da
portabilidade, da multi-programação e da interatividade.
A High Definition Television (HDTV), que é a máxima qualidade de som e
imagem, capaz de ser reproduzida na tela do telespectador – que na atual TV
analógica tem resolução de 480 linhas e na TV Digital terá 1080 – trará para o
telespectador maior realismo e, conseqüentemente, maior emoção. Detalhes da
NÚMEROS DA INTERNET / CELULARES NO BRASIL
Descrição Nº Registro
Usuários de Internet 15.495.102 Outubro/2006
Usuários de E-commerce 4.800.000 Fevereiro/2006
Celulares Ativos 96.691.799 Outubro/2006
96
produção, do cenário, da natureza, atualmente perdidos no processo de captação,
produção e transmissão pela limitada tecnologia analógica, serão reproduzidos sem
perdas na TV Digital.
A mobilidade e a portabilidade dos receptores de TV Digital poderão
representar um novo mercado para os negócios de televisão. É a TV a qualquer
hora, em qualquer lugar. Nos trens, nos ônibus, nos táxis, nos metrôs, nos celulares,
nos notebooks e em outros dispositivos, todos poderão assistir à futura televisão
com plena qualidade.
A multiprogramação depende da estratégia de cada emissora e das
permissões legais, podendo trazer maior quantidade de conteúdo mais segmentado
para uma mesma área de cobertura. Cada concessão de TV aberta, que na
atualidade permite a transmissão de uma programação, poderá trafegar até quatro
programações diferentes simultaneamente. E a interatividade, essa sim,
representará a plena expressão da comunicação por meio da mídia televisiva.
Em sua plena utilização, a TV Digital permitirá uma grande convergência das
principais tendências digitais para a televisão. Futuramente, será possível o acesso
a conteúdos mais específicos e mais regionais de acordo com o interesse de cada
usuário.
4.6 Influência da TV Digital no Desenvolvimento Regional
A TV Digital desenvolvida diante da globalização, com as necessidades e as
tendências tecnológicas, sociais e comportamentais, mostra uma oportunidade
fantástica para a regionalização.
97
A implantação da TV Digital no Brasil é globalizada no que se refere à escolha
do padrão. A interdependência das nações no âmbito comercial, produtivo e
econômico promove uma escolha capaz de gerar estabilidade, de acordo com
Simões (2006), ou sucesso baseado na experiência já desenvolvida em outros
países, na escala de produção e na capacidade de desenvolvimento de tecnologia.
Por sua capacidade bidirecional, interativa, “multi-conteudista”, abre suas
janelas para o regional e para o local. Permite a segmentação de seu conteúdo sem
perder sua característica de ser um veículo de massa, popular e gratuito.
Os conceitos de divisão do espaço, definidos por Souza (2004), podem,
nesse contexto, serem utilizados no planejamento da TV Digital, em que a formação
de “identidades sócio-espaciais” deve ser atendida simultaneamente.
A comunicação poderá ocorrer mais objetivamente atingindo o interesse do
bairro (escala micro-local), do município (escala meso-local), um conjunto de
municípios próximos (escala macro-local) ou um lugar, uma região, formada por
características políticas, econômicas, territoriais ou culturais (escala regional), como
mencionado por Souza (2004).
Assim, pode-se denominar a TV Regional Digital de TV Multiespacial, que ora
se comunica com o micro, ora com o macro-espaço ou com ambos,
simultaneamente.
Entretanto, não basta segmentar a comunicação. Será preciso ampliar o
sentido de desenvolvimento regional, expandindo-o econômica, social e
culturalmente.
Neste ponto, encerra-se a revisão de literatura que partiu das definições de
inovação e ciclo de vida de produtos, estudou o ciclo de vida da televisão,
apresentou a TV Digital aberta e seus aspectos tecnológicos. Após a análise do
98
contexto histórico e tecnológico, introduziu-se ao estudo a análise do
desenvolvimento regional, base primordial para as discussões e análises realizadas
para a construção da pesquisa de campo, conforme descrito a partir do Capítulo
seguinte: método.
99
5 MÉTODO
O trabalho faz uso da pesquisa exploratória quanto ao seu nível e quanto aos
objetivos propostos. Conforme Charoux (2006), a pesquisa exploratória tem por
finalidade levantar diagnósticos sobre algum fenômeno ou processo, como é o caso
desta dissertação, que analisa o processo de implantação da TV Digital Regional.
Objetiva-se por esta pesquisa estabelecer precisamente o problema e suas
questões, procurando explorar o maior número de variáveis possíveis do problema,
considerada a primeira etapa para outros tipos de investigação (CHAROUX, 2006).
A pesquisa exploratória, conforme descrita por Oliveira (2004), é utilizada
quando se deseja dar ênfase aos processos, práticas ou diretrizes que precisam
modificar-se para se encontrar alternativas.
Como é o caso deste trabalho, a pesquisa exploratória sobre o processo de
Implantação da TV Digital em outros países e da evolução de outras mídias digitais
proporciona a análise das alternativas para se chegar a uma proposta de
Implantação da TV Digital no Cone Leste Paulista, e como ela pode influenciar o
desenvolvimento regional.
Com base nos procedimentos técnicos utilizados, pode-se classificá-la como
uma pesquisa bibliográfica (fonte secundária) e como um estudo de campo
(LAKATOS, 2001).
A utilização da pesquisa bibliográfica é necessária para trazer para o trabalho
as diferentes contribuições científicas de fontes pertinentes ao tema (OLIVEIRA,
2004). No estudo de campo, a aplicação de um questionário aos responsáveis de
tecnologia e diretores das empresas pesquisadas possibilitou uma coleta de dados
100
valiosos. Os dados coletados em campo forneceram tanto subsídios qualitativos
quanto quantitativos.
Na abordagem qualitativa não há pretensão de numerar ou medir os dados
coletados, porem é possível transformá-la em dados quantitativos empregando o uso
de critérios, escalas ou a intensidade com que uma opinião aparece (OLIVEIRA,
2004). No trabalho, os dados qualitativos têm a finalidade de analisar a interação
das variáveis e apresentar contribuições para o processo de implantação.
Na abordagem quantitativa, como o próprio nome descreve, busca-se
quantificar as respostas e os dados de como utilizar ferramentas estatísticas para
classificação e tratamento dos dados (OLIVEIRA, 2004).
No trabalho, os dados quantitativos vêm das respostas às questões
elaboradas. Em função desses números, são dadas ponderações sobre os itens
analisados numa matriz SWOT, ou seja, são estabelecidos pontos percentuais para
cada resposta positiva.
5.1 Descrição do Método
O método foi desenvolvido a partir do levantamento do problema e da
elaboração das questões de pesquisa. A pesquisa bibliográfica foi direcionada a
encontrar a resposta ao problema e confirmar as questões levantadas, atendendo
assim aos objetivos desta dissertação.
O estudo de campo foi definido para completar o levantamento de dados
qualitativa e quantitativamente. Buscou-se no estudo de campo o levantamento de
dados junto aos responsáveis técnicos das emissoras regionais. Isso foi possível
devido ao estreito relacionamento entre as áreas de tecnologia dessas emissoras.
101
5.2 Universo da Pesquisa
Na região do Cone Leste Paulista, área delimitada desse trabalho, existem
atualmente em operação sete emissoras de televisão:
Rede Vanguarda: geradora afiliada da Rede Globo, composta por duas
emissoras:
o TV Vanguarda São José dos Campos e
o TV Vanguarda Taubaté;
Band Vale: geradora afiliada da Rede Bandeirantes, com uma emissora
em Taubaté;
Canção Nova: geradora cabeça-de-rede, situada em Cachoeira Paulista;
TV Aparecida: geradora cabeça-de-rede, situada em Aparecida;
TV Novo Tempo: geradora cabeça-de-rede, localizada em
Pindamonhangaba; e
Rede Mundial: geradora localizada em São José dos Campos.
Os nomes relacionados referem-se ao nome “fantasia” das respectivas
emissoras.
5.3 Amostra
Escolheram-se as seis emissoras mais representativas da região para se
aplicar o estudo de campo, num total de sete, correspondendo a 86% do universo
em questão. A amostra também foi determinada, de forma a equilibrar o tipo de
emissoras, sendo três comerciais e três educativas, com conteúdo religioso.
102
5.4 Instrumento
Definiu-se como instrumento do estudo de campo a aplicação de um
questionário aos profissionais da área de tecnologia e/ou diretores-executivos das
emissoras de televisão.
Os resultados dessa pesquisa foram os dados extraídos em primeira mão, ou
seja, dados primários coletados pelo pesquisador, conforme define Charoux, (2006).
Os itens abordados para análises posteriores foram configurados conforme o
questionário aplicado às emissoras pesquisadas, que estão listados nos Apêndices
de A a F.
O questionário foi elaborado com foco na questão de pesquisa levantada,
para que houvesse uma melhor eficácia no direcionamento da coleta de dados.
5.5 Plano de Coleta
Foi realizado um contato telefônico com os responsáveis da área de
tecnologia de cada emissora selecionada, informando sobre o objetivo da pesquisa.
Após consentimento, foi enviado o roteiro de questões para apreciação desses
profissionais. Depois da aprovação do conteúdo a ser pesquisado, agendou-se uma
visita para resposta aos questionários. As emissoras foram selecionadas
aleatoriamente como emissoras A, B, C, D e E, e os nomes dos profissionais foram
omitidos.
103
5.6 Plano de Análise
Os dados foram separados de forma a atender às análises qualitativa e
quantitativa em tabelas. Os dados quantitativos foram tratados estatisticamente.
Com base nos dados extraídos do estudo de campo e da pesquisa bibliográfica,
montou-se uma matriz SWOT, de tal forma que a ponderação das ameaças,
oportunidades, forças e fraquezas foi realizada em função do número de ocorrências
favoráveis à questão estudada nos questionários aplicados.
A partir da análise SWOT, aparecem os resultados apresentados e discutidos
nos capítulos seguintes. Os resultados vindos da pesquisa bibliográfica e da
pesquisa de campo organizados na matriz SWOT foram classificados e analisados,
realizando-se então a apresentação final desses resultados, expostos por meio de
quadros e gráficos.
O cruzamento dos dados fornecidos pela aplicação da análise SWOT deu
origem às estratégias. Cada estratégia foi discutida e as discussões deram origem
ao conjunto de propostas de implantação da TV Digital Regional no Cone Leste
Paulista.
5.7 Análise SWOT
Conforme Wright et al (2000), a composição da matriz SWOT compreende a
análise do ambiente externo que se revela pelas oportunidades e ameaças, e do
ambiente interno, pelos pontos fortes e fracos da organização.
O objetivo desta análise é visualizar como as empresas poderão se beneficiar
das oportunidades e reduzir o risco das ameaças do ambiente. Poderá também
104
reforçar seus pontos fortes, corrigir seus pontos fracos, assim como mostrar forças e
fraquezas ainda não aparentes. O cruzamento desses pontos positivos e negativos
revelados propicia a composição de estratégias para alcançar o objetivo.
5.7.1 Ambiente Externo – Oportunidades e Ameaças
Wright et al (2000) descrevem que existem quatro forças do macroambiente
que influenciam nas empresas: político-legais, econômicas, tecnológicas e sociais.
Analisando no caso deste trabalho, são forças que afetam ou afetarão o
processo de implantação da TV Digital regional pelas empresas radiodifusoras de
som e imagem do Cone Leste Paulista. Essas forças raramente estão sob o controle
direto das empresas. Portanto, um dos objetivos desta análise estratégica é fornecer
subsídios que facilitem às emissoras uma implantação eficaz da TV Digital.
Descrevem-se a seguir as quatro forças do macro-ambiente, relativas ao
contexto desta dissertação:
Forças Político-legais: as forças político-legais que mais influenciam a
implantação da TV Digital neste contexto estão relacionadas às regras
estabelecidas pelo Decreto nº. 5.820 de 29 de junho de 2006, do Plano
Básico de Distribuição de Canais Digitais – PBTVD e da legislação vigente
da radiodifusão que regulamenta o setor;
Forças econômicas: a economia do País naturalmente interferirá no
processo de implantação da TV Digital. O Governo Brasileiro, buscando
meios para incentivar uma implantação de TV Digital dentro do
cronograma estabelecido, lançou um plano de redução de impostos sobre
importação de determinados equipamentos diretamente ligados à
transmissão de sinais digitais. Também disponibilizou financiamento de
105
equipamentos para produção e transmissão com crédito pelo BNDES. O
atual câmbio do dólar também é fator positivo para o momento da
implantação;
Forças Tecnológicas: as forças tecnológicas representam para o
segmento uma forte influência, por se tratar de uma tecnologia inovadora
para o País e para a região. O País já passou pela importante fase de
escolha do padrão; o momento demanda no presente esforços para
refinamento da regulamentação e normatização do padrão brasileiro por
parte do governo e do Fórum de TV Digital, pesquisas por parte das
instituições de ensino e pesquisa, produção e disponibilidade de bons
produtos por parte da indústria, e pelo lado dos broadcasters (emissoras
de televisão) uma implantação que vise o melhor para os telespectadores
e anunciantes e, conseqüentemente, para seu próprio negócio;
Forças sociais: são as que podem afetar a implantação da TV Digital
regional. Estão relacionadas à forma com que o telespectador irá se
sensibilizar com a nova tecnologia que será oferecida. Naturalmente, ela
trará necessidades de investimentos por parte desses telespectadores,
além de mudanças de hábitos para absorver os vários benefícios que a TV
Digital promete.
Outras forças mais diretamente relacionadas ao setor influenciam
significativamente as empresas do setor. São as forças setoriais (WRIGHT, 2000).
Como a análise SWOT em questão está relacionada ao processo de implantação da
TV Digital, e não especificamente à análise das emissoras de televisão, tais forças
não são abordadas em detalhes, assim como os aspectos da organização.
106
5.7.2 Ambiente Interno – Forças e Fraquezas
Na etapa anterior, verificou-se que a análise das oportunidades e ameaças,
ou seja, a análise do ambiente externo é importante para o estabelecimento de
estratégias. Nesta etapa, apresentam-se os conceitos para análise interna do
processo, de forma que forças e fraquezas poderão determinar a orientação da
empresa frente às ameaças e oportunidades.
A análise SWOT propicia a visualização dos ambientes externo e interno, mas
as estratégias oriundas da análise deverão estar concatenadas à missão, objetivos
gerais e específicos da empresa.
As forças e fraquezas de uma empresa estão relacionadas aos recursos que
ela possui: recursos humanos, organizacionais e físicos (WRIGHT et al, 2000).
Conforme Wright et al (2000), a análise tem como objetivo permitir que a
empresa tenha condições de aproveitar as oportunidades do ambiente externo e
reduzir ou evitar as ameaças que ela apresentará. Dessa forma, a empresa buscará
reforçar seus pontos fortes e reduzir seus pontos fracos.
A contraposição dessas forças e fraquezas, ameaças e oportunidades do
ambiente externo e interno é que permitirão a formulação de estratégias factíveis
para que os objetivos da empresa sejam atingidos.
No trabalho, a análise das forças e fraquezas para a composição da matriz
SWOT compreende os recursos internos que as emissoras pesquisadas possuem
para proporcionar a implantação da TV Digital na região do Cone Leste Paulista.
Tais recursos internos são os recursos humanos, compreendidos pela
experiência, conhecimento e capacidade dos funcionários; os organizacionais,
constituídos pelos processos da empresa, suas estratégias, cultura e estrutura
107
funcional; e, finalmente, os recursos físicos, que são as instalações, equipamentos,
tecnologia, localização e logística.
Os recursos humanos são considerados os de maior relevância; sem eles os
organizacionais e físicos se anulam. Conforme Wright et al (2000), eles podem ser
examinados em três níveis: conselho de administração; alta administração; e
administração média, supervisores e funcionários.
A análise dos recursos organizacionais consiste na verificação do seu
alinhamento às estratégias da empresa, bem como se eles são suficientes à
implementação dessas estratégias.
Os recursos físicos variam muito de acordo com o negócio e porte das
empresas, mas devem de modo geral estar alinhados à sua estratégia e compatíveis
com os mercados que concorrem. A Figura 20 ilustra os recursos internos.
Figura 20 - Recursos internos da organização
Fonte: Adaptado de Wright et al. Administração Estratégica, 2000
Recursos
Humanos
Recursos
Organizacionais
Recursos
Físicos
Implantação da
TV Digital
108
A Figura 21 resume o método.
Figura 21 – Fluxograma metodológico
Nível ou Objetivos
Pesquisa Exploratória
Procedimentos UtilizadosClassificam-se:
Pesquisa BibliográficaEstudo de Campo
(quali/quanti)
Revisão de
Literatura
Inovação
TV Digital Aberta
Desenvolvimento da
Dissertação
Possib. Tecnolog.da TV Digital
Implantação da TV Digital
Padrões de TV Digital
TV e Desenvolvimento Regional
Análise SWOT
Resultados e Discussão
Conclusão
Coleta de Dados
-Definição da Amostra-Definição do Instrumento-Plano da Coleta
Tratamento Estatístico
Análise dos Dados
Objetivos
Problema
Questão de Pesquisa
Ciclo de Vidada TV
Ciclo de Vidado Produto
109
O fluxograma apresentado resume o método utilizado para se alcançar o
objetivo proposto. Com ele, o trabalho apresenta uma visão geral da estrutura desta
dissertação, desde a classificação da pesquisa, seguindo pelos tópicos abordados
na revisão de literatura, e na outra vertente, as etapas definidas para o estudo de
campo.
Feito o estudo bibliográfico e tendo os dados coletados, utilizou-se a matriz
SWOT para visualização e análise dos dados. O Capítulo seguinte detalha os
critérios utilizados para a construção da matriz SWOT, analisa e discute os
resultados alcançados.
110
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados estão apresentados neste capítulo, partindo da construção da
análise SWOT. Para tal, os dados coletados na pesquisa de campo foram tabulados
e tratados estatisticamente, e com eles foi elaborada a matriz segundo os critérios
estabelecidos.
6.1 Construção da Análise SWOT
O trabalho faz uso da análise SWOT por ser uma ferramenta útil para
classificação e visualização dos dados levantados no estudo de campo. Estes
resultaram de um roteiro elaborado a partir do levantamento das questões de
pesquisa desenvolvidas nesta dissertação, acerca da implantação da TV Digital.
Assim como nas questões de pesquisa levantadas e no roteiro da pesquisa de
campo, a matriz SWOT foi construída dividindo-a em três partes:
Etapas do Processo de Implantação da TV Digital;
Possibilidades Tecnológicas da TV Digital; e
Contribuição da TV Digital para o Desenvolvimento Regional.
Cada questão pesquisada em campo foi classificada segundo essa divisão,
produzindo três Tabelas e seis Gráficos, com dados quantitativos, e uma Tabela com
dados qualitativos. As Tabelas 4A, 4B e 4C apresentam as questões pesquisadas,
de forma que cada ponto positivo indica um percentual de 16,67%, e cada ponto
negativo 0%, num total de seis emissoras pesquisadas (100%), indicadas como
emissoras A,B,C,D,E e F.
111
Os Gráficos 1A, 1B e 1C evidenciam as diferenças percentuais entre as
questões pesquisadas. Os Gráficos 2A, 2B e 2C apresentam os percentuais de
dados positivos para cada uma das seis emissoras que participaram da pesquisa.
Para a atribuição dos escores em cada questão analisada foi adotada uma
pontuação de um a cinco, de forma que a maior pontuação indica a maior
importância.
As questões relativas aos pontos fortes e oportunidades com os percentuais
mais altos foram classificadas como de maior importância. Já para as questões
relativas aos pontos fracos e ameaças, a maior pontuação foi atribuída aos
percentuais mais baixos, pois indicam os pontos que merecem maior atenção na
implementação das estratégias para uma boa implantação da TV Digital.
Tabela 4A - Dados quantitativos – Etapas do Processo de implantação da TVD
Ítem Pesquisa de CampoA B C D E F TOTAL %
1 Plano de parcerias / grupos de trabalho 0 16,67 16,67 0 16,67 16,67 66,72 Implantação após digitalização da geradora 16,67 0 16,67 16,67 16,67 16,67 83,43 Infraestrutura de transmissão da geradora 16,67 0 0 0 16,67 16,67 50,04 Planos para assumir retransmissão das prefeituras 16,67 16,67 16,67 16,67 16,67 16,67 100,05 Planejamento e discussão com outras áreas da TV 16,67 16,67 16,67 16,67 0 0 66,76 Capacitar e aumentar equipe técnica própria 16,67 0 16,67 0 16,67 16,67 66,77 Terceirização parcial, só p/ trabalho téc.menos especializ. 16,67 16,67 0 0 16,67 16,67 66,78 Previsão de início da implantação 16,67 16,67 16,67 0 16,67 16,67 83,49 Planejamento para processo de implantação 16,67 16,67 16,67 0 16,67 16,67 83,4
10 Previsão de implantação da TVD p/ toda área de cobertura 16,67 16,67 16,67 0 16,67 16,67 83,411 As decisões para implantação da TVD são locais 16,67 0 16,67 0 16,67 16,67 66,7
Total de respostas positivas por emissora (%) 90,9 63,6 81,8 27,3 90,9 90,9
Emissoras
Tabela Quantitativa - Tabulação dos dados - Etapas do Processo de Implantação da TV Digital
A Tabela 4A apresenta as questões relativas às etapas do processo de
implantação da TV digital nas seis emissoras pesquisadas. Cabe destacar que a
emissora D apresenta um baixo percentual de respostas favoráveis, indicando que
estava menos preparada nesse processo até o momento da pesquisa. Isso explica a
grande quantidade de percentual zero nas respostas da emissora D.
112
Gráfico 1A - Percentual dos pontos positivos para cada uma das 11 questões
Gráfico 1A - Percentual dos pontos positivos para cada uma das 11 questões
O Gráfico 1A evidencia os percentuais de respostas positivas para as 11
questões. Destaca-se a questão quatro, planos para assumir a retransmissão das
prefeituras, com 100% das emissoras respondendo favoravelmente.
A questão três - infra-estrutura de transmissão na geradora - é a de menor
índice favorável, 50%. Indica que apenas 50% das emissoras pesquisadas
declararam estar preparadas com a infra-estrutura para iniciar as transmissões
digitais em suas geradoras.
Gráfico 2A - Total de pontos positivos de cada uma das seis emissoras
%
66,7
83,4
50,0
100,0
66,7 66,7 66,7
83,4 83,4 83,4
66,7
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Etapas do Processo de Implantação da TVD
Questões
90,9
63,6
81,8
27,3
90,9 90,9
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
1 2 3 4 5 6
A B C D E F Emissoras
%
113
O Gráfico 2A destaca os percentuais de respostas positivas para as seis
emissoras pesquisadas.
Tabela 4B: Dados quantitativos – Possibilidades Tecnológicas da TVD
Ítem Pesquisa de CampoA B C D E F TOTAL %
1 HDTV é o principal foco da emissora. 16,67 0 0 0 16,67 16,67 50,02 Planeja Investir em HDTV para produção local. 16,67 16,67 0 0 16,67 16,67 66,73 A multiprogramação é prioridade no processo. 0 16,67 16,67 16,67 0 0 50,04 A interatividade será explorada no início da implantação. 0 0 0 16,67 0 0 16,75 Há planejamento para interatividade a médio ou longo praz. 0 16,67 0 16,67 0 0 33,36 Haverá conteúdo diferenciado para os portáteis. 0 16,67 16,67 0 0 0 33,37 Há aplicação comercial planejada para os portáteis. 0 16,67 0 0 0 0 16,78 Há planejamento especial para a mobilidade. 0 0 0 0 0 0 0,0
Total de respostas positivas por emissora (%) 25,0 62,5 25,0 37,5 25,0 25,0
Tabela Quantitativa - Tabulação dos dados - Possibilidades Tecnológicas da TV Digital
Emissoras
A Tabela 4B apresenta as questões sobre as possibilidades tecnológicas da
TV digital, ou seja, o quanto as emissoras pesquisadas estão se planejando para o
uso estratégico das possibilidades tecnológicas da TV digital.
Gráfico 1B: Percentual dos pontos positivos para cada uma das oito questões
Possibilidades Tecnológicas da TV Digital
50,0
66,7
50,0
16,7
33,3 33,3
16,7
0,0
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
1 2 3 4 5 6 7 8 Questões
%
114
Fica evidenciado no Gráfico 1B que a questão oito (com 0%) indica que
nenhuma das emissoras tem algum tipo de estratégia para a TV digital móvel,
representando um ponto fraco a ser analisado.
As questões quatro e sete, sobre interatividade e aplicações comerciais para
os dispositivos portáteis, também representam baixa prioridade na fase de
implantação.
25,0
62,5
25,0
37,5
25,0 25,0
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
1 2 3 4 5 6
A B C D E F
Gráfico 2B: Total de pontos positivos de cada uma das seis emissoras
O Gráfico 2B evidencia que a emissora B tem mais foco nas possibilidades
tecnológicas que as demais. Há quatro emissoras que apresentam apenas 25% de
respostas favoráveis às questões sobre as possibilidades tecnológicas da TV digital.
%
Emissoras
115
Tabela 4C - Dados quantitativos – Contribuição da TVD para o Desenvolvimento Regional
Ítem Pesquisa de CampoA B C D E F TOTAL %
1 Há planejamento para crescimento de RTV e geradoras. 16,67 16,67 0 16,67 16,67 16,67 83,42 Pretende buscar tecnologias da região. 16,67 16,67 16,67 16,67 16,67 16,67 100,03 Há perspectiva de contratação a médio ou longo prazo. 16,67 16,67 16,67 16,67 16,67 16,67 100,04 Há planejamento para uma implantação de ponta. 0 0 16,67 16,67 16,67 16,67 66,75 Há intenção de parcerias com as universidades regionais. 16,67 16,67 16,67 16,67 16,67 16,67 100,06 Há planejamento p/ desenv. sócio-econôm./cultural regional. 16,67 0 16,67 16,67 0 0 50,07 Há ações iniciadas p/ despertar interesse do telespectador. 0 16,67 0 0 16,67 16,67 50,0
Total de respostas positivas por emissora (%) 71,4 71,4 71,4 85,7 85,7 85,7
Tabela Quantitativa - Tabulação dos dados - Contribuição da TVD para o Desenvolvimento Regional
Emissoras
Na Tabela 4C estão evidenciados os percentuais positivos sobre a
contribuição da TV digital para o desenvolvimento regional.
Gráfico 1C - Percentual dos pontos positivos para cada uma das sete questões
O Gráfico 1C apresenta um percentual alto para a maioria das questões
pesquisadas, o que demonstra uma preocupação positiva das emissoras, com o
desenvolvimento regional.
% Contribuição da TVD para o Desenvolvimento Regional
83,4100,0 100,0
66,7
100,0
50,0 50,0
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
1 2 3 4 5 6 7 Questões
116
71,4 71,4 71,4
85,7 85,7 85,7
60,0
65,0
70,0
75,0
80,0
85,0
90,0
1 2 3 4 5 6
A B C D E F
Gráfico 2C - Total de pontos positivos de cada uma das seis emissoras
No Gráfico 2C, fica evidenciado que as emissoras estão equilibradas quanto
ao planejamento e estratégias para ações que poderão beneficiar o desenvolvimento
regional, por meio da implantação da TV digital.
Tabela 4D - Dados qualitativos
Ítem Pesquisa de CampoA B C D E F
1 Ano que iniciará o processo de implantação da TVD. 2009 2009 2008 Sem prev. 2009 20092 Como será o processo de implantação da TVD. Maiores Maiores Maiores Sem prev. Maiores Maiores3 Em quanto tempo planeja cobrir todas as RTVs com TVD. 5 anos 7 anos 5 anos Sem prev. 10 anos 10 anos4 Quantas geradoras e/ou retransmissoras pretende crescer. Possível Sem prev. Reduzir Possível 4/ano 4/ano
Tabela Qualitativa - Tabulação dos dados
Emissoras
No levantamento dos dados qualitativos, a maioria das emissoras demonstra
haver um bom planejamento para as questões abordadas, conforme apresenta a
Tabela 4D.
Emissoras
%
117
Para a classificação das questões dentro do ambiente interno, ou seja, pontos
fortes ou pontos fracos, e do ambiente externo, ou seja, ameaças ou oportunidades,
adotou-se o seguinte critério:
As questões com percentual acima de 50% foram classificadas como pontos
fortes; conseqüentemente, as demais como pontos fracos. Já para a análise do
ambiente externo, adotou-se que as questões que põem em risco o processo de
implantação foram classificadas como ameaças e as demais, como oportunidades.
Esta etapa da construção da análise SWOT pode ser verificada no Quadro 3.
Quadro 3: Classificação e escore das questões
Pontos Fortes Escore Pontos Fracos Escore
a) Implantação após digitalização da geradora. 4 a) Infraestrutura de transmissão da geradora. 4b) Planejamento e discussão com outras áreas da TV. 3 b) A interatividade será explorada no início da implantação. 5c) Capacitar e aumentar equipe técnica própria. 3 c) Há planejamento para interatividade a médio ou longo praz. 5d) Terceirização parcial, só p/ trabalho téc.menos especializ. 3 d) Haverá conteúdo diferenciado para os portáteis. 5e) Previsão de início da implantação. 4 e) Há aplicação comercial planejada para os portáteis. 5f) Planejamento para processo de implantação. 4 f) Há planejamento especial para a mobilidade. 5g) As decisões para implantação da TVD são locais. 3 g) Há planej. p/ desenv. sócio-econôm./cultural regional. 4h) Planeja Investir em HDTV para produção local. 3 h) Há ações iniciadas p/ despertar interesse do telespect. 4i) Há planejamento para crescimento de RTVs e geradoras. 4j) Há planejamento para uma implantação de ponta. 3k) Ano que iniciará o processo de implantação da TVD. 4
Oportunidades Escore Ameaças Escore
a) Plano de parcerias / grupos de trabalho. 3 a) Planos para assumir retransmissão das prefeituras. 1b) Pretende buscar tecnologias da região. 5 b) Previsão de implant. da TVD p/ toda área de cobertura . 2c) Há perspectiva de contratação a médio ou longo prazo. 5 c) HDTV é o principal foco da emissora. 4d) Há intenção de parcerias com as universidades regionais. 5 d) A multiprogramação é prioridade no processo. 4e) Como será o processo de implantação da TVD. 4 e) Tempo para cobrir todas as RTVs com TVD. 2
f) Nº de geradoras e/ou retransmissoras q/ pretende crescer. 2
ANÁLISE SWOT - IMPLANTAÇÃO DA TVD REGIONAL
118
Após o cruzamento dos pontos atribuídos, conforme o critério descrito,
separaram-se os maiores valores desses produtos. O cruzamento numérico é
analisado no Apêndice G.
As estratégias saíram da combinação entre oportunidades X pontos fortes
(Alavancagem), ameaças X pontos fortes (Vulnerabilidade), oportunidades X pontos
fracos (Limitações) e ameaças X pontos fracos (Problemas), conforme apresentam
os Quadros 4A e 4B.
Quadro 4A - Estratégias oriundas da análise SWOT
Pontos Fortes Oportunidades
a) Implantação após digitalização da geradora. b) Pretende buscar tecnologias da região.
a) Implantação após digitalização da geradora. c) Perspectiva de contrat. a médio ou longo prazo.
a) Implantação após digitalização da geradora. d) Há intenção de parcerias c/ as universid.regionais.
e) Previsão de início da implantação. b) Pretende buscar tecnologias da região.
e) Previsão de início da implantação. c) Perspectiva de contratação a médio ou longo prazo.
ALAVANCAGEM e) Previsão de início da implantação. d) Há intenção de parcerias com as universid. region.
Ponto Forte f) Planejamento para processo de implantação. b) Pretende buscar tecnologias da região.
X f) Planejamento para processo de implantação. d) Há intenção de parcerias c/ as universid.regionais.
Oportunidade i) Há planej. p/ crescimento de RTV e geradoras. b) Pretende buscar tecnologias da região.
i) Há planej.p/ crescimento de RTV e geradoras. c) Perspectiva de contrat.a médio ou longo prazo.
i) Há planej. p/ crescimento de RTV e geradoras. d) Há intenção de parcerias c/ as universid. region.
k) Ano que iniciará o processo de implant. da TVD. b) Pretende buscar tecnologias da região.
k) Ano que iniciará o processo de implant. da TVD. c) Perspectiva de contrat. a médio ou longo prazo.
k) Ano que iniciará o processo de implant. da TVD. d) Há intenção de parcerias c/ as universid.region.
Pontos Fortes Ameaças
a) Implantação após digitalização da geradora. c) HDTV é o principal foco da emissora.
a) Implantação após digitalização da geradora. d) A multi programação é prioridade no processo.
e) Previsão de início da implantação. c) HDTV é o principal foco da emissora.
VULNERABILIDADE e) Previsão de início da implantação. d) A multi programação é prioridade no processo.
Ponto Forte f) Planejamento para processo de implantação. c) HDTV é o principal foco da emissora.
X f) Planejamento para processo de implantação. d) A multi programação é prioridade no processo.
Ameaça i) Há planej. para crescimento de RTV e geradoras. c) HDTV é o principal foco da emissora.
i) Há planej. p/ crescimento de RTV e geradoras. d) A multi programação é prioridade no processo.
k) Ano que iniciará o processo de implant. da TVD. c) HDTV é o principal foco da emissora.
k) Ano que iniciará o processo de implant. da TVD. d) A multi programação é prioridade no processo.
ESTRATÉGIAS
119
Quadro 4B - Estratégias oriundas da análise SWOT
Pontos Fracos Oportunidades
b) A interatividade será explorada no início da implant . b) Pretende buscar tecnologias da região.
b) A interatividade será explorada no início da implant . c) Perspectiva de contrat.a médio / longo prazo.
b) A interatividade explorada no início da implant . d) Intenção de parcerias com as universid. region.
c) Há planej. p/ interatividade a médio ou longo praz . b) Pretende buscar tecnologias da região.
c) Há planej. p/ interatividade a médio ou longo praz . c) Perspectiva de contrat.a médio / longo prazo.
LIMITAÇÕES c) Há planej. p/ interatividade a médio ou longo praz . d) Intenção de parcerias c/ as universid. region .
Ponto Fraco d) Haverá conteúdo diferenciado para os portáteis. b) Pretende buscar tecnologias da região .
X d) Haverá conteúdo diferenciado para os portáteis. c) Há perspectiva de contrat.a médio ou longo prazo.
Oportunidade d) Haverá conteúdo diferenciado para os portáteis. d) Há intenção de parcerias c/ as universid. region.
e) Há aplicação comercial planejada p/ os portáteis. b) Pretende buscar tecnologias da região.
e) Há aplicação comercial planejada p/ os portáteis. c) Perspectiva de contrat.a médio / longo prazo.
e) Há aplicação comercial planejada p/ os portáteis. d) Intenção de parcerias c/ as universid. region .
f) Há planejamento especial para a mobilidade. b) Pretende buscar tecnologias da região.
f) Há planejamento especial para a mobilidade. c) Há perspectiva de contrat.a médio ou longo prazo.
f) Há planejamento especial para a mobilidade. d) Há intenção de parcerias com as universid. region .
Pontos Fracos Ameaças
b) A interatividade será explorada no início da implant . c) HDTV é o principal foco da emissora .
b) A interatividade será explorada no início da implant . d) Multiprogramação é prioridade no processo.
c) Há planej. para interativ. a médio ou longo praz . c) HDTV é o principal foco da emissora .
PROBLEMAS c) Há planej. p/ interatividade a médio ou longo praz . d) Multiprogramação é prioridade no processo.
Ponto Fraco d) Haverá conteúdo diferenciado para os portáteis. c) HDTV é o principal foco da emissora .
X d) Haverá conteúdo diferenciado para os portáteis. d) A multiprogramação é prioridade no processo.
Ameaça e) Há aplicação comercial planejada p/ os portáteis. c) HDTV é o principal foco da emissora .
e) Há aplicação comercial planejada p/ os portáteis. d) Multiprogramação é prioridade no processo.
f) Há planejamento especial para a mobilidade. c) HDTV é o principal foco da emissora .
f) Há planejamento especial para a mobilidade. d) A multiprogramação é prioridade no processo.
ESTRATÉGIAS
Todos os cruzamentos apresentados nos Quadros 4A e 4B representam as
questões mais significativas percentualmente, que merecem uma discussão. Por
meio dela, chega-se às propostas, conforme visto a seguir.
6.2 Discussão dos Resultados
Discutem-se os resultados evidenciados e analisados utilizando-se a matriz
SWOT, e, posteriormente, faz-se o cruzamento de dados de cada grupo de
120
estratégias da matriz, ou seja, os grupos Alavancagem, Vulnerabilidade, Limitações
e Problemas. Cada discussão deu origem a uma ou mais propostas para a
implantação da TV Digital Regional Aberta, foco central desta dissertação.
Apesar dos Gráficos destacarem positivamente ou negativamente algumas
das emissoras pesquisadas, o objetivo da discussão apresentada não é comparar os
resultados entre elas, e sim uma análise conjunta para se chegar ao objetivo
principal, que é apresentar um conjunto de propostas para implantação da TV Digital
no Cone Leste Paulista.
As propostas aqui levantadas são dirigidas às emissoras de TV abertas do
Cone Leste Paulista, mas podem também ser uma referência para emissoras de
outras regiões, assim como auxiliar e influenciar positivamente outros seguimentos
regionais no contexto da implantação da TV Digital e do Desenvolvimento Regional.
Outros segmentos devem ser partícipes da discussão, como instituições de ensino,
de pesquisa, empresas de serviços de tecnologia, indústria, agências de publicidade
e profissionais do ramo de tecnologia, produção de TV, marketing, entre outros.
É importante ressaltar também que, apesar da concorrência natural entre as
emissoras comerciais, normalmente essa concorrência não se estende às áreas de
tecnologia, tanto é que todos os profissionais das emissoras pesquisadas
colaboraram com o estudo de campo, fornecendo os dados técnicos para embasar
com confiabilidade as análises realizadas.
Sendo assim, uma implantação de TV Digital bem sucedida dependerá das
parcerias realizadas durante o processo e que poderá beneficiar todas as emissoras
e a sociedade conforme mostram as propostas apresentadas a seguir.
121
6.2.1 Estratégias para ALAVANCAGEM
As estratégias levantadas por meio da análise SWOT, a partir do cruzamento
dos pontos Fortes X Oportunidades, deram origem às propostas que visam
promover a Alavancagem da implantação da TV Digital Regional. Os subitens a
seguir apresentam a discussão sobre cada estratégia de Alavancagem.
6.2.1.1 Implantação após digitalização da geradora X Buscar tecnologias da
região
A implantação das transmissões digitais, a partir da digitalização da geradora,
é um fator que promoverá mais qualidade de som e imagem para os
telespectadores. A qualidade dos sinais digitais disponíveis desde a captação pelas
câmeras, passando pela produção nas ilhas de edição não-lineares até a
distribuição e corte nas switchers digitais, será preservada na transmissão até a
casa do telespectador.
É também um momento oportuno para adequar a infra-estrutura da geradora,
para que se torne versátil às necessidades de adaptações que as novas tecnologias
imporão cada vez mais rapidamente.
A pretensão de buscar tecnologias disponíveis na região, que é pólo
tecnológico em vários segmentos que promovem inovação, pode impulsionar a TV
Digital e o desenvolvimento da região.
122
Propostas:
1) Desenvolver um projeto de infra-estrutura da geradora capaz de suportar o
crescimento da demanda por conteúdos digitais, previsto para os próximos
anos; e
2) Pesquisar e reunir todos os fabricantes e fornecedores de tecnologia e
serviços da região, relacionados à radiodifusão, para participarem do projeto
de digitalização da geradora e das transmissões, desde o treinamento das
equipes até o fornecimento de recursos para a implantação.
6.2.1.2 Implantação após digitalização da geradora X Perspectiva de
contratação.
A TV Digital está gerando nas emissoras regionais pesquisadas uma
perspectiva de contratações a médio ou logo prazo, para atender às novas
necessidades, tanto pela necessidade de especialização em novos formatos de
conteúdos quanto pela diversidade de serviços aos telespectadores, e pela
necessidade de crescimento de suporte técnico às novas instalações da geradora e
do parque de transmissão.
Proposta:
1) Selecionar estudantes de escolas técnicas e universidades regionais para
estagiar, desde já, de forma a participarem dos projetos e da transição da era
analógica para a digital.
6.2.1.3 Implantação após digitalização da geradora X Parcerias com as
universidades regionais
123
Todas as emissoras pesquisadas demonstraram intenção clara em realizar
parcerias com as universidades regionais. Várias universidades no País, algumas
citadas neste trabalho, participaram do processo de testes entre os padrões da TV
Digital e do desenvolvimento de aplicativos que serão úteis para o padrão
brasileiro.
Propostas:
1) Incentivar, com a concessão de bolsas de estudo, que seus profissionais
de tecnologia e produção de TV realizem cursos em todos os níveis, do
técnico ao doutorado, desenvolvendo trabalhos relacionados ao tema;
2) Promover o intercâmbio educacional entre os professores das instituições
de ensino e profissionais das emissoras, que estejam atualizados com as
tecnologias de televisão, para realização de mini-cursos e palestras, tanto
para o meio acadêmico quanto para o profissional; e
3) Levar projetos para ser desenvolvidos pelas universidades, em conjunto
com as emissoras, principalmente no que se refere a aplicativos de
usabilidade da TV Digital, softwares, testes de laboratório e de campo e
desenvolvimento de novos formatos de conteúdo de programação.
6.2.1.4 Previsão de início da implantação X Buscar tecnologias da região
Das emissoras pesquisadas, 83,4% têm em seu planejamento a previsão de
início para implantação da TV Digital para os próximos dois anos. Este é
considerado um bom prazo, pois está dentro do limite mínimo, de acordo com o
cronograma definido pelo governo e disponibilizado neste trabalho.
124
Proposta:
1) Iniciar imediatamente as ações de treinamento, parcerias com
fornecedores de tecnologia, detalhamento dos projetos e busca de recursos
para os novos investimentos.
6.2.1.5 Previsão de início da implantação X Perspectiva de contratação
Há uma previsão de contratação para o médio e longo prazos, e o
planejamento de implantação para 2008/2009.
Proposta:
1) Sincronizar as contratações com o início das novas implantações,
priorizando os profissionais da região, desde que haja competência e
potencial para as novas atribuições.
6.2.1.6 Previsão de início da implantação X Parcerias com as universidades
regionais
Proposta:
1) Formar um grupo de trabalho e abrir o diálogo junto às universidades, com
o intuito de estabelecer parcerias e até incentivar a abertura de cursos formais
e profissionalizantes nas diversas áreas que a televisão engloba.
Tome-se, por exemplo, o que ocorreu na indústria aeronáutica nacional, cujo
centro é São José dos Campos, onde o desenvolvimento se deu em virtude da união
125
entre indústria (Embraer), a base acadêmica (ITA) e os institutos de pesquisa (CTA e
INPE).
6.2.1.7 Planejamento para processo de implantação X Buscar tecnologias da
região X Parcerias com as universidades regionais
O estudo de campo mostrou que 83,4% das emissoras possuem certo
planejamento para o processo de implantação da TV Digital, que concatenado com a
busca de tecnologias e parcerias acadêmicas na região poderá trazer bons
resultados para o desenvolvimento de um pólo de tecnologias inovadoras em TV
Digital.
Proposta:
1) Incluir no plano de trabalho ações efetivas para viabilizar as parcerias
acadêmicas e profissionais visando o sucesso da implantação para o
desenvolvimento do negócio e da região;
2) Trazer os parceiros regionais para dentro do ambiente de televisão, tanto
na região quanto nas cabeças-de-rede, onde há maior desenvolvimento
tecnológico;
3) Identificar os stakeholders entre os potenciais parceiros regionais e
incentivá-los a participar dos seminários e feiras de tecnologia de televisão
nacionais e internacionais;
4) Promover o intercâmbio desses stakeholders com as universidades que já
atuam no desenvolvimento da TV Digital, visto que alguns profissionais de TV
já têm contato com essas universidades; e
5) Negociar acordos com fabricantes para implantação de equipamentos a
126
custos reduzidos ou sem custos, a título de testes e validação desses
equipamentos.
6.2.1.8 Planejamento para crescimento de RTVs e geradoras X Buscar
tecnologias da região X Perspectiva de contratação X Parcerias com as
universidades regionais
O planejamento para crescimento de novas retransmissoras (RTVs) e
geradoras na região, em conjunto com a busca de tecnologias regionais, intenção de
parcerias com universidades e perspectivas de contratações, poderão (se
concretizadas) alavancar o desenvolvimento da região sob vários aspectos:
culturais, sociais, econômicos e tecnológicos.
A implantação de novas retransmissoras e geradoras depende do Plano
Básico de Distribuição de Canais Digitais (PBTVD) e das concessões do Ministério
das Comunicações.
Proposta:
1) Criar um grupo de trabalho regional das emissoras de televisão do Cone
Leste Paulista com o objetivo de estabelecer parcerias entre elas, que
permitam compartilhamento de infra-estrutura de retransmissão,
principalmente nas estações sob responsabilidade das prefeituras.
Esse compartilhamento, além de reduzir o investimento das emissoras,
tecnicamente facilita a viabilização de novos canais, pela diminuição de
possibilidade de interferências entre eles.
127
6.2.1.9 Ano que iniciará o processo de implantação da TVD X Buscar
tecnologias da região X Perspectiva de contratação X Parcerias com as
universidades regionais
A maioria das emissoras tem como previsão o ano de 2009 para início das
transmissões digitais na região. Com a intenção de buscar as parcerias já
mencionadas, abre-se uma boa oportunidade de alavancagem do setor.
Propostas:
1) Iniciar a divulgação da TV Digital pelo meio acadêmico, despertando nessa
comunidade o interesse pela nova tecnologia com a óptica profissional e
como usuário; e
2) Partir para os principais formadores de opinião da sociedade, que, além de
ajudar na divulgação, poderá ser útil para conhecimento dos reais interesses
específicos da nova mídia.
6.2.2 Estratégias contra a VULNERABILIDADE
O cruzamento dos Pontos Fortes X Ameaças no processo de implantação da
TV Digital evidencia as vulnerabilidades para se atingir o sucesso nesse objetivo. As
propostas feitas nessa etapa têm a finalidade de contornar as ameaças aproveitando
os pontos fortes das emissoras.
6.2.2.1 Implantação após digitalização da geradora X HDTV é o principal foco
da emissora X Previsão de início da implantação X Planejamento para
processo de implantação
128
A questão do recurso da alta definição (HDTV) foi colocada como ameaça,
pois apenas 50% das emissoras pesquisadas o tem como foco principal. Com a
digitalização da emissora, sem o foco na alta definição, a infra-estrutura e os
equipamentos de produção podem não estar contemplados nos projetos.
O risco de não se investir nessa direção é ter que investir duas vezes num
pequeno espaço de tempo, caso o HDTV se torne uma prioridade. Outro risco é
relegar sua emissora a uma mídia de 2ª categoria, se comparada às outras mídias
digitais de alta qualidade, conforme abordado nesta dissertação.
Outro fator a ser analisado é que, se muitas emissoras não investirem na alta
definição, o legado de conversores digitais (set top boxes) de baixo custo e sem
capacidade de fornecer HDTV, poderá ocupar a maior parte do mercado local, e
dificultar a difusão de um dos mais importantes recursos da Televisão que se instala
no Brasil.
Proposta:
1) Inaugurar as transmissões digitais com o recurso de HDTV, mesmo que
parte, ou até a maior parte do conteúdo seja up-convertido, ou seja, que o
sinal produzido ou gerado pela emissora passe de SDTV para HDTV
internamente, antes das transmissões para o telespectador.
6.2.2.2 Implantação após digitalização da geradora X Multiprogramação é
prioridade no processo X Previsão de início da implantação X Planejamento
para processo de implantação
A multiprogramação, sendo considerada como prioridade por 50% das
emissoras, foi encarada como ameaça, pois toda a infra-estrutura da geradora,
129
desde a captação até a exibição, deverá estar preparada para tal, o que demandará
uma quantia significativa de investimentos tanto em pessoal quanto em
equipamentos para a produção de múltiplos conteúdos. Se a emissora tiver esse
perfil e essa capacidade de investimentos, a vulnerabilidade será minimizada.
O risco maior na adoção dessa estratégia é que o Decreto nº. 5820 não prevê
a autorização para transmissão de múltiplos conteúdos dentro de um mesmo canal
digital. Entretanto, ainda há o que se discutir e especificar sobre o que vem a ser um
conteúdo diferenciado, ou múltiplo conteúdo.
Outro ponto é que a emissora, priorizando o múltiplo conteúdo durante toda a
programação, não terá oportunidade de explorar a alta definição. Como já foi
explicado, o canal digital não terá capacidade de transmitir HDTV e multi-
programação simultaneamente.
Proposta:
1) Para as emissoras com essa estratégia, propõe-se que busquem junto ao
Fórum de TV Digital e ao Minicom a definição clara sobre a possibilidade de
utilizar múltiplos conteúdos e disponibilizar pelo menos parte de sua
programação em HDTV.
6.2.2.3 Planejamento para crescimento de RTVs e geradoras X HDTV é o
principal foco da emissora
Analisando-se as emissoras com foco no HDTV e o planejamento para
crescimento em retransmissoras e geradoras na região, é importante salientar que
os recursos de distribuição de sinal para esses retransmissores deverão ter
capacidade para alta definição exigindo maiores investimentos.
130
Proposta:
1) Comparar os meios de distribuição disponíveis, tais como transmissão
terrestre ou por satélite, para se chegar ao melhor custo/benefício de acordo
com as características operacionais de cada emissora.
6.2.2.4 Planejamento para crescimento de RTVs e geradoras X Multi-
programação é prioridade no processo
Para a distribuição de multiprogramação para as retransmissoras, os
cuidados são outros. Na geradora haverá necessidade de equipamentos com maior
capacidade de codificar e multiplexar os vários sinais, ou seja, comprimi-los e
misturá-los para que sejam distribuídos.
Proposta:
1) Dimensionar bem os investimentos necessários para a adoção da multi-
programação.
6.2.3 Estratégias contra as LIMITAÇÕES
As limitações que as emissoras poderão enfrentar, no contexto deste estudo,
são referentes aos seus pontos fracos frente ao aproveitamento das oportunidades
levantadas nas hipóteses e que fizeram parte desta pesquisa. As propostas
apresentadas visam auxiliar as emissoras a compensar tais limitações.
131
6.2.3.1 Interatividade será explorada no início da implantação X Buscar
tecnologias da região X Perspectiva de contratação
Somente uma emissora pesquisada, ou seja, 16,67% do total, prevê que a
interatividade será um recurso explorado no início da implantação. Ao confrontar
esse ponto fraco com a pretensão de buscar tecnologias e mão-de-obra da região,
depara-se com uma limitação a ser discutida.
Estima-se que a interatividade, mesmo em âmbito nacional, estará pouco
desenvolvida e não haverá tecnologias e aplicativos suficientes no início da
implantação, capazes de satisfazer aos anseios dos telespectadores.
Mesmo nos países mais desenvolvidos e que já têm sua TV Digital em
funcionamento, ainda não há sofisticados recursos de interatividade, conforme os
estudos revelaram.
Proposta:
1) Realizar experiências de interatividade sem criar expectativas exageradas
aos telespectadores.
6.2.3.2 Interatividade explorada no início da implantação X Parcerias com as
universidades regionais X Planejamento para interatividade X Buscar
tecnologias da região X Perspectiva de contratação
O apoio das universidades no desenvolvimento de tecnologias e aplicativos
interativos poderá ser de grande utilidade no desenvolvimento do processo. Há
espaço para isso. Há um baixo percentual de emissoras (33% do total), com
planejamento para explorar a interatividade a médio ou longo prazo.
132
Proposta:
1) Mesmo que não haja interesse em explorar a interatividade no curto prazo,
deverá haver um planejamento para desenvolver esse recurso, por ser um
dos mais complexos, porém com possibilidades de trazer uma nova
modalidade de negócio para a televisão aberta.
6.2.3.3 Conteúdo diferenciado para os portáteis X Buscar tecnologias da região
X Perspectiva de contratação X Parcerias com as universidades regionais.
O conteúdo diferenciado para os dispositivos portáteis faz parte do
planejamento de 33% das emissoras pesquisadas. É importante observar que nem
tudo o que é produzido para as telas convencionais será agradável de ver em telas
de duas polegadas, por exemplo, como as dos celulares.
É provável que haja uma necessidade de pelo menos uma adaptação do
conteúdo principal para esses dispositivos. Conseqüentemente, as aplicações
comerciais para esse recurso também não foram exploradas no planejamento das
emissoras até o momento.
Proposta:
1) Desenvolver um estudo de marketing aprofundado, envolvendo além da
própria empresa, as agências de publicidade regionais e as faculdades, para
o desenvolvimento de aplicações comerciais, uma vez que a veiculação da
programação estará disponível a todo o momento para o telespectador,
podendo representar um novo mercado.
133
6.2.3.4 Planejamento especial para a mobilidade X Buscar tecnologias da
região X Perspectiva de contratação X Parcerias com as universidades
Regionais.
Para a mobilidade, todas as emissoras consideram que será uma
conseqüência natural de utilização à medida que os dispositivos móveis sejam
entregues e adquiridos pelos telespectadores. Não há planejamento especial.
Proposta:
1) Utilizar o recurso como estratégia de benefício agregado da TV Digital; e
2) Pesquisar formato de comunicação para esse novo perfil de telespectador,
visto que poderá assistir, ou pelo menos ouvir, a televisão enquanto se
desloca no ônibus, no trem, no metrô ou em seu próprio automóvel.
6.2.4 Estratégias contra os PROBLEMAS
Os prováveis problemas que as emissoras terão que enfrentar, de acordo
com a pesquisa realizada, aparecem na análise SWOT pelo cruzamento das
fraquezas X ameaças do ambiente externo. De acordo com os critérios
estabelecidos, as pontuações mais significativas tiveram peso sobre as questões
abordadas a respeito das possibilidades tecnológicas da TV Digital.
6.2.4.1 Interatividade será explorada no início da implantação X HDTV é o
principal foco da emissora
134
Observa-se pela matriz SWOT que o cruzamento dessas duas variáveis não
ocorre com a mesma emissora, não sendo, portanto, um problema a ser analisado.
6.2.4.2 Interatividade será explorada no início da implantação X Multi-
programação é prioridade no processo X Planejamento para interatividade
O cruzamento dos dados destas questões ocorre em uma emissora, conforme
evidencia a análise da matriz, e podendo representar para ela um problema de
estratégia, pelos motivos já discutidos.
Proposta:
Rever o planejamento com relação às prioridades de implantação das
possibilidades técnicas da TV Digital.
6.2.4.3 Planejamento para interatividade X HDTV é o principal foco da emissora
O baixo percentual de emissoras com planejamento para interatividade e
baixo percentual dessas com foco na alta definição representam problema de médio
e longo prazo no desenvolvimento da TV Digital.
É possível que, à medida que a aceitação da nova tecnologia seja efetivada,
os planejamentos nas tecnologias mais inovadoras também se desenvolvam. Mas,
no caso da implantação sem foco no HDTV, isso poderá trazer o legado da mídia em
definição padrão, conforme explanado anteriormente.
135
Propostas:
1) Rever o planejamento com relação às prioridades de implantação das
possibilidades técnicas da TV Digital. O que se nota nos índices percentuais
revelados na pesquisa de campo, evidenciados pela matriz SWOT, é que o
maior problema do processo de implantação está relacionado ao
planejamento claro das possibilidades tecnológicas. Trata-se de um ponto que
merece mais atenção e estudo por parte das emissoras. É natural, pois a
inovação tecnológica trazida por esses recursos não é unanimidade nem nos
países que já implantaram a TV Digital;
2) Detalhar o planejamento desde o momento da implantação até o longo
prazo, para todas as possibilidades que o padrão brasileiro proverá; e
3) Envolver os maiores esforços para consolidar as parcerias regionais para o
desenvolvimento dessas aplicações e discutir a questão com as outras áreas
internas da emissora buscando visões além da visão de tecnologia,
envolvendo a produção de conteúdo, questões comerciais e financeiras.
6.3 Considerações Finais
A discussão dos resultados apresentada foi viabilizada pela visualização das
estratégias oriundas da matriz SWOT e sustentada pela revisão de literatura. Após a
discussão detalhada dos resultados, com a apresentação das propostas na
seqüência, apresenta-se um quadro resumindo tais propostas para a implantação da
TV Digital no Cone Leste Paulista.
136
Este quadro representa o produto final, a contribuição principal deste trabalho
de pesquisa disponibilizado às emissoras de televisão regionais do Cone Leste
Paulista e também de fora dessa região; às instituições acadêmicas e de pesquisa e
à sociedade como um todo. Os Quadros 5A, 5B e 5C apresentam o resumo das
propostas divididos em: Processo de Implantação da TV Digital Regional;
Possibilidades Tecnológicas da TV Digital e Contribuição da TV Digital para o
Desenvolvimento Regional.
Processo de Implantação da TV Digital Regional
Quadro 5A – Resumo das propostas – Processo de Implantação da TV Digital Regional
o Desenvolver um projeto de infra-estrutura da geradora capaz de
suportar o crescimento da demanda por conteúdos digitais previsto
para os próximos anos.
o Pesquisar e reunir fornecedores de tecnologia e serviços da região,
relacionados à radiodifusão, para participarem do projeto de
digitalização da geradora e das transmissões.
o Conceder bolsas de estudo aos profissionais de tecnologia e
produção de TV, para cursos relacionados ao tema.
o Iniciar imediatamente as ações de treinamento, parcerias com
fornecedores de tecnologia, detalhamento dos projetos e busca de
recursos para os novos investimentos.
o Criar um grupo de trabalho regional das emissoras de televisão do
Cone Leste Paulista, com o objetivo de estabelecer parcerias entre
elas, que permitam compartilhamento de infra-estrutura de
retransmissão.
o Discutir a questão com as outras áreas internas da emissora,
buscando visões além da visão de tecnologia.
137
Possibilidades Tecnológicas da TV Digital Regional
Quadro 5B - Resumo das propostas - Possibilidades Tecnológicas da TV Digital Regional
o Inaugurar as transmissões digitais com o recurso de HDTV, mesmo
que parte do sinal produzido ou gerado pela emissora passe de
SDTV para HDTV.
o Para as emissoras com estratégia de multiprogramação, buscar
junto ao Fórum de TV Digital e ao Minicom a definição clara sobre a
possibilidade de utilizar múltiplos conteúdos.
o Dimensionar bem os investimentos necessários caso a opção seja a
adoção da multiprogramação.
o Realizar experiências de interatividade sem criar expectativas
exageradas aos telespectadores.
o Planejar o desenvolvimento da interatividade, por ser um dos mais
complexos, porém com possibilidades de trazer uma nova
modalidade de negócio para a televisão aberta.
o Utilizar o recurso de mobilidade como estratégia de benefício
agregado da TV Digital.
o Pesquisar formato de comunicação para esse novo perfil de
telespectador que usará a mobilidade.
o Detalhar o planejamento desde o momento da implantação até o
longo prazo, para todas as possibilidades que o padrão brasileiro
proverá.
o Rever o planejamento com relação às prioridades de implantação
das possibilidades técnicas da TV Digital.
o Comparar os meios de distribuição disponíveis, tais como, por
microonda terrestre ou por satélite, para se chegar ao melhor
custo/benefício de acordo com as características operacionais de
cada emissora.
o Desenvolver um estudo de marketing aprofundado, envolvendo,
além da própria empresa, as agências de publicidade regionais e as
faculdades, para o desenvolvimento de aplicações comerciais para
as novas possibilidades tecnológicas.
138
Contribuição da TV Digital para o Desenvolvimento Regional
Quadro 5C - Resumo das propostas - Contribuição da TV Digital para o Desenvolvimento Regional
o Sincronizar as contratações com o início das novas implantações,
priorizando os profissionais da região.
o Formar um grupo de trabalho e abrir o diálogo junto ao meio
acadêmico e incentivar a abertura de cursos formais e
profissionalizantes nas diversas áreas que a televisão engloba.
o Incluir no plano de trabalho ações efetivas para viabilizar parcerias
acadêmicas e profissionais, visando o sucesso da implantação para
o desenvolvimento do negócio e da região.
o Iniciar a divulgação da TV Digital pelo meio acadêmico/técnico-
científico, despertando nessa comunidade o interesse pela nova
tecnologia com a óptica profissional e como usuário.
o Em seguida, partir para os principais formadores de opinião da
sociedade (clubes de serviço, associações de classes, entre outros).
o Selecionar estudantes de escolas técnicas e universidades regionais
para estagiar, desde já, de forma a participarem dos projetos e da
transição da era analógica para a digital.
o Promover o intercâmbio entre os professores das instituições de
ensino e de pesquisa e profissionais das emissoras, para realização
de mini cursos e palestras.
o Levar projetos que possam ser desenvolvidos pelas universidades
em conjunto com as emissoras.
o Envolver os maiores esforços para consolidar as parcerias regionais
para o desenvolvimento dessas aplicações.
139
7 CONCLUSÃO
A pesquisa sobre a implantação da TV Digital Regional abordou sobre o ciclo
de vida da mídia televisão, ciclo pelo qual tende a passar todos os produtos e
serviços, compreendido pelo nascimento, crescimento e morte, recebe um elemento
novo. Este elemento é a transformação, que vislumbra um novo recomeço da
televisão para que não entre na fase de declínio.
O trabalho já começou, como foi abordado, desde os testes entre os padrões
de TV Digital até a regulamentação já elaborada, mas o marco inicial dessa
transformação teve seu início prático no dia 02 de dezembro, com a inauguração na
cidade de São Paulo.
A partir de 2008, já com possibilidade de chegar à região do Cone-Leste
Paulista, trata-se de uma grande oportunidade de desenvolvimento regional que vai
além da responsabilidade das emissoras de televisão, mas começa com elas e deve
abranger toda sociedade.
A indústria, os institutos de pesquisa e as instituições acadêmicas têm forte
papel neste momento. A transformação da nova mídia será gradativa e seguirá por
caminhos que o próprio mercado definirá, mas em sua implantação é que serão
definidos seus rumos.
Verificou-se que a implantação da TV Digital regional terá suas
particularidades, no que se refere às oportunidades oferecidas pela região e às
possibilidades tecnológicas da TV Digital.
As questões de pesquisa levantadas no início do trabalho foram fundamentais
para o balizamento do estudo de campo, cujas confirmações e contradições são
evidenciadas por meio dos gráficos apresentados.
140
O objetivo geral de apresentar uma proposta de implantação da TV Digital
regional foi atendido, utilizando-se como ferramenta principal a análise SWOT, que
facilitou a visualização das oportunidades, ameaças, forças e fraquezas.
Esta análise deu origem às discussões que balizaram todas as propostas
apresentadas. O conjunto dessas propostas de implantação identifica as etapas
operacionais do processo sob a óptica da Gestão da Inovação; sugere alternativas
para a melhor adoção de cada uma das possibilidades tecnológicas oferecidas pela
TV Digital, e propõe caminhos para o desenvolvimento regional por meio da TV
Digital, requisitos atendidos pelos objetivos específicos desta dissertação.
Este trabalho sugere que o caminho acadêmico para aprofundamento em
outras questões de implantação e operação da TV Digital está aberto para novos
estudos, que contribuirão para o desenvolvimento regional nas áreas de gestão,
tecnologia e marketing, numa área que representa a maior inovação em mídia com
desenvolvimento nacional dos últimos 50 anos.
141
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147
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO – Emissora A
O questionário foi elaborado dividindo-o em três partes conforme a
necessidade da pesquisa:
Etapas do processo de implantação da TV Digital:
o Verificar se a emissora tem planos de formar parcerias e/ou grupos
de trabalho para proporcionar uma implantação mais eficaz e
segura.
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
o Verificar se a implantação da TV Digital deverá ser iniciada após a
preparação da infra-estrutura de digitalização da geradora.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Está pronta para SDTV
o Verificar se a infra-estrutura de transmissão da geradora está
pronta.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Já estava bem dimensionada antes de pensar em TVD.
o Verificar se a emissora tem planejamento para assumir a
retransmissão das prefeituras detentoras de retransmissoras
regulares e até irregulares pela exigência de maior rigor tecnológico
da TV Digital.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Cruzeiro e Piquete
148
o Verificar se há discussão e planejamento conjunto com outras áreas
internas da televisão para o processo de implantação da TV Digital.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Discussão de aplicabilidades
o Verificar se, com a necessidade de crescimento do parque
tecnológico e mais rigor nas instalações, há planejamento da
emissora para capacitar e aumentar a equipe técnica própria ou
terceirizar e correr o risco de perder o domínio tecnológico.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Contratar pessoal próprio para cuidar das novas
retransmissoras.
o No caso da verificação for confirmada a opção de terceirização,
verificar se poderá ser parcial no que tange ao trabalho técnico
menos especializado.
Sim ( x ) Não ( )
Obs:
o Verificar quando se iniciará o processo de implantação da TV
Digital.
Ano (2009)
Obs:
o Verificar como será o processo de implantação de TV Digital.
Obs: Começará pelas cidades mais importantes que já
possuem retransmissão. Sede da geradora, São José dos
Campos, Cruzeiro e Piquete.
149
o Verificar em quanto tempo está planejada a cobertura completa da
área de retransmissão com a TV Digital.
Quando (5) Anos
Obs: Uma por ano a partir da geradora.
o Verificar se as decisões de implantação da TV Digital são locais ou
centralizadas.
Locais ( X ) Centralizadas ( )
Possibilidades tecnológicas da TV Digital:
o Verificar se a alta definição (HDTV), que é o recurso que proverá a
máxima qualidade da TV Digital, deverá ser o principal foco da
emissora.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
o Verificar se há planejamento para investimento em produção de
conteúdo local em HDTV.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Já adquiriram 5 câmeras em HDV (alta definição de
baixo custo).
o Verificar se a multiprogramação é prioridade de utilização no
processo de implantação da TV Digital.
Sim ( ) Não ( X )
Obs: Não acreditam neste recurso.
150
o Verificar se a interatividade será plenamente explorada no início da
implantação, e se há algum planejamento e aplicação para
interatividade a curto e médio prazos.
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
Sim ( ) Não ( X )
Obs: Pensam em criar aplicações para o futuro
o Verificar se haverá conteúdos diferenciados da programação para
os receptores portáteis e se há aplicações comerciais planejadas.
Sim ( ) Não ( X )
Obs: Usar o mesmo conteúdo.
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
o Verificar se a mobilidade será uma conseqüência natural da
transmissão digital a partir do fornecimento de receptores portáteis
pelo mercado, ou se há algum planejamento especial.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Planejam linguagem específica para o público do móvel
e do portátil.
Contribuição da TV Digital para o desenvolvimento regional:
o Verificar se há planejamento de crescimento de retransmissoras e
geradoras na região.
Sim ( X ) Não ( )
Quantas/ano: Tantas quanto possível Obs: Retransmissoras
151
o A região tem perfil tecnológico: verificar se a emissora pretende
buscar tecnologias da região ou fora.
Sim ( X ) Não ( ) Obs:
o Verificar se há uma perspectiva de contratações a médio e longo
prazos, para suprir a demanda de implantação da TV Digital na
região.
Sim ( X ) Não ( ) Obs:
o Verificar se há planejamento e ou ações iniciadas para uma
implantação de ponta ou mais conservadora.
Ponta ( ) Conservadora ( X ) Obs:
o Verificar se há intenção de parcerias entre a emissora e as
universidades regionais para promover o desenvolvimento de
aplicações para TV Digital, a exemplo do que tem feito a indústria
no desenvolvimento de tecnologias e equipamentos.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Já há iniciativas de aproximação.
o Verificar se há algum planejamento de desenvolvimento sócio-
econômico ou cultural da região em função da TV Digital?
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Usando interatividade.
o Verificar se há ações iniciadas para despertar o interesse dos
telespectadores e anunciantes pela TV Digital.
Sim ( ) Não ( X ) Obs:
152
APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO – Emissora B
O questionário foi elaborado dividindo-o em três partes conforme a
necessidade da pesquisa:
Etapas do processo de implantação da TV Digital:
o Verificar se a emissora tem planos de formar parcerias e/ou de
grupos de trabalho para proporcionar uma implantação mais eficaz
e segura.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
o Verificar se a implantação da TV Digital deverá ser iniciada após a
preparação da infra-estrutura de digitalização da geradora.
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
o Verificar se a infra-estrutura de transmissão da geradora está
pronta.
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
o Verificar se a emissora tem planejamento para assumir a
retransmissão das prefeituras detentoras de retransmissoras
regulares e até irregulares pela exigência de maior rigor tecnológico
da TV Digital.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
153
o Verificar se há discussão e planejamento conjunto com outras áreas
internas da televisão para o processo de implantação da TV Digital.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
o Verificar se com a necessidade de crescimento do parque
tecnológico e mais rigor nas instalações há planejamento para
capacitar e aumentar a equipe técnica própria ou terceirizar e correr
o risco de perder o domínio tecnológico.
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
o No caso da verificação for confirmada a opção de terceirização,
verificar se poderá ser parcial no que tange ao trabalho técnico
menos especializado.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
o Verificar quando se iniciará o processo de implantação da TV
Digital.
Ano (2009)
Obs:
o Verificar como será o processo de implantação de TV Digital.
Obs: Começar pela geradora em termos de estúdio e
transmissão, depois para São José dos Campos.
o Verificar em quanto tempo está planejada a cobertura completa da
área de retransmissão com a TV Digital.
Quando ( 7 ) Anos Obs:
154
o Verificar se as decisões de implantação da TV Digital são locais ou
centralizadas.
Locais ( ) Centralizadas ( x )
Possibilidades tecnológicas da TV Digital:
o Verificar se a alta definição (HDTV), que é o recurso que proverá a
máxima qualidade da TV Digital, deverá ser o principal foco da
emissora.
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
o Verificar se há planejamento para investimento em produção de
conteúdo local em HDTV.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
o Verificar se a multiprogramação é prioridade de utilização no
processo de implantação da TV Digital.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
o Verificar se a interatividade será plenamente explorada no início da
implantação, e se há algum planejamento e aplicação para
interatividade a curto e médio prazos.
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
155
o Verificar se haverá conteúdos diferenciados da programação para
os receptores portáteis e se há aplicações comerciais planejadas.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
o Verificar se a mobilidade será uma conseqüência natural da
transmissão digital a partir do fornecimento de receptores portáteis
pelo mercado, ou se há algum planejamento especial.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Natural.
Contribuição da TV Digital para o desenvolvimento regional:
o Verificar se há planejamento de crescimento de retransmissoras e
geradoras na região.
Sim ( X ) Não ( )
Quantas/ano
Obs:
o A região tem perfil tecnológico: verificar se a emissora pretende
buscar tecnologias da região ou fora.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
o Verificar se há uma perspectiva de contratações a médio e longo
prazo para suprir a demanda de implantação da TV Digital na
região.
156
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
o Verificar se há planejamento e ou ações iniciadas para uma
implantação de ponta ou mais conservadora.
Ponta ( ) Conservadora ( X )
Obs:
o Verificar se há intenção de parcerias entre a emissora e as
universidades regionais para promover o desenvolvimento de
aplicações para TV Digital a exemplo do que tem feito a indústria no
desenvolvimento de tecnologias e equipamentos.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
o Verificar se há algum planejamento de desenvolvimento sócio-
econômico ou cultural da região em função da TV Digital?
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
o Verificar se há ações iniciadas para despertar o interesse dos
telespectadores e anunciantes pela TV Digital.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
157
APÊNDICE C- QUESTIONÁRIO – Emissora C
O questionário foi elaborado, dividindo-o em três partes conforme a
necessidade da pesquisa:
Etapas do processo de implantação da TV Digital:
o Verificar se a emissora tem planos de formar parcerias e/ou grupos
de trabalho para proporcionar uma implantação mais eficaz e
segura.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Já há com fornecedores e Universidade Mackenzie. Há
intenção com outras emissoras.
o Verificar se a implantação da TV Digital deverá ser iniciada após a
preparação da infra-estrutura de digitalização da geradora.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: A infra da geradora já está sendo preparada.
o Verificar se a infra-estrutura de transmissão da geradora está
pronta.
Sim ( ) Não ( X )
Obs: Planejam estar no final de 2007
o Verificar se a emissora tem planejamento para assumir a
retransmissão das prefeituras detentoras de retransmissoras
regulares e até irregulares pela exigência de maior rigor tecnológico
da TV Digital.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Parcial.
158
o Verificar se há discussão e planejamento conjunto com outras áreas
internas da televisão para o processo de implantação da TV Digital.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Na área de internet e de produção de conteúdo.
o Verificar se com a necessidade de crescimento do parque
tecnológico e mais rigor nas instalações há planejamento para
capacitar e aumentar a equipe técnica própria ou terceirizar e correr
o risco de perder o domínio tecnológico.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Aumentar sem terceirizar.
o No caso da verificação for confirmada a opção de terceirização,
verificar se poderá ser parcial no que tange ao trabalho técnico
menos especializado.
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
o Verificar quando se iniciará o processo de implantação da TV
Digital.
Ano (2008)
Obs: Com a geradora.
o Verificar como será o processo de implantação de TV Digital.
Obs: Priorizar postos mais importantes; após a geradora
estar preparada e com distribuição via satélite.
o Verificar em quanto tempo está planejada a cobertura completa da
área de retransmissão com a TV Digital.
Quando ( 5 ) Anos Obs: No Cone Leste
159
o Verificar se as decisões de implantação da TV Digital são locais ou
centralizadas.
Locais ( X ) Centralizadas ( )
Possibilidades tecnológicas da TV Digital:
o Verificar se a alta definição (HDTV), que é o recurso que proverá a
máxima qualidade da TV Digital, deverá ser o principal foco da
emissora.
Sim ( ) Não ( X )
Obs: Em aproximadamente 8 anos.
o Verificar se há planejamento para investimento em produção de
conteúdo local em HDTV.
Sim ( ) Não ( X )
Obs: Em aproximadamente 8 anos.
o Verificar se a multiprogramação é prioridade de utilização no
processo de implantação da TV Digital.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
o Verificar se a interatividade será plenamente explorada no início da
implantação, e se há algum planejamento e aplicação para
interatividade a curto e médio prazos.
Sim ( ) Não ( X )
Obs: Aproximadamente 1 ano após a implantação.
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
160
o Verificar se haverá conteúdos diferenciados da programação para
os receptores portáteis e se há aplicações comerciais planejadas.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
Sim ( ) Não ( X )
Obs: Comercialmente não.
o Verificar se a mobilidade será uma conseqüência natural da
transmissão digital a partir do fornecimento de receptores portáteis
pelo mercado, ou se há algum planejamento especial.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Sem conteúdo especial.
Contribuição da TV Digital para o desenvolvimento regional:
o Verificar se há planejamento de crescimento de retransmissoras e
geradoras na região.
Sim ( ) Não ( X )
Quantas/ano
Obs: Planeja reduzir nº. de RTVs pelo aproveitamento de
características técnicas da TVD.
o A região tem perfil tecnológico: verificar se a emissora pretende
buscar tecnologias da região ou fora.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Da região.
161
o Verificar se há uma perspectiva de contratações a médio e longo
prazos para suprir a demanda de implantação da TV Digital na
região.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
o Verificar se há planejamento e ou ações iniciadas para uma
implantação de ponta ou mais conservadora.
Ponta ( X ) Conservadora ( )
Obs:
o Verificar se há intenção de parcerias entre a emissora e as
universidades regionais para promover o desenvolvimento de
aplicações para TV Digital, a exemplo do que tem feito a indústria
no desenvolvimento de tecnologias e equipamentos.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Há intenção, falta aproximação de ambos os lados.
o Verificar se há algum planejamento de desenvolvimento sócio-
econômico ou cultural da região em função da TV Digital?
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
o Verificar se há ações iniciadas para despertar o interesse dos
telespectadores e anunciantes pela TV Digital.
Sim ( ) Não ( X )
Obs: Iniciada não, mas há planejamento.
162
APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO – Emissora D
O questionário foi elaborado dividindo-o em três partes conforme a
necessidade da pesquisa:
Etapas do processo de implantação da TV Digital:
o Verificar se a emissora tem planos de formar parcerias e/ou grupos
de trabalho para proporcionar uma implantação mais eficaz e
segura.
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
o Verificar se a implantação da TV Digital deverá ser iniciada após a
preparação da infra-estrutura de digitalização da geradora.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
o Verificar se a infra-estrutura de transmissão da geradora está
pronta.
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
o Verificar se a emissora tem planejamento para assumir a
retransmissão das prefeituras detentoras de retransmissoras
regulares e até irregulares pela exigência de maior rigor tecnológico
da TV Digital.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: No Vale, a estrutura existente é própria.
163
o Verificar se há discussão e planejamento conjunto com outras áreas
internas da televisão para o processo de implantação da TV Digital.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
o Verificar se com a necessidade de crescimento do parque
tecnológico e mais rigor nas instalações há planejamento para
capacitar e aumentar a equipe técnica própria ou terceirizar e correr
o risco de perder o domínio tecnológico.
Sim ( ) Não ( X )
Obs: Já é tudo terceirizado.
o No caso da verificação for confirmada a opção de terceirização,
verificar se poderá ser parcial no que tange ao trabalho técnico
menos especializado.
Sim ( ) Não ( X )
Obs: Já é tudo terceirizado.
o Verificar quando se iniciará o processo de implantação da TV
Digital.
Ano ( ) Não há previsão.
Obs: Pretende deixar para o prazo limite.
o Verificar como será o processo de implantação de TV Digital.
Obs: Não há planejamento.
o Verificar em quanto tempo está planejada a cobertura completa da
área de retransmissão com a TV Digital.
Quando ( ---- ) Anos
Obs: Não há planejamento.
164
o Verificar se as decisões de implantação da TV Digital são locais ou
centralizadas.
Locais ( ) Centralizadas ( X )
Possibilidades tecnológicas da TV Digital:
o Verificar se a alta definição (HDTV), que é o recurso que proverá a
máxima qualidade da TV Digital, deverá ser o principal foco da
emissora.
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
o Verificar se há planejamento para investimento em produção de
conteúdo local em HDTV.
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
o Verificar se a multiprogramação é prioridade de utilização no
processo de implantação da TV Digital.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Já produzem três programações.
o Verificar se a interatividade será plenamente explorada no início da
implantação, e se há algum planejamento e aplicação para
interatividade a curto e médio prazos.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Para conteúdos voltados para educação à distância.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
165
o Verificar se haverá conteúdos diferenciados da programação para
os receptores portáteis e se há aplicações comerciais planejadas.
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
o Verificar se a mobilidade será uma conseqüência natural da
transmissão digital a partir do fornecimento de receptores portáteis
pelo mercado, ou se há algum planejamento especial.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Natural, não há planejamento especial para esta
aplicação.
Contribuição da TV Digital para o desenvolvimento regional:
o Verificar se há planejamento de crescimento de retransmissoras e
geradoras na região.
Sim ( X ) Não ( )
Quantas/ano. Há pedido para duas na região.
Obs:
o A região tem perfil tecnológico, verificar se a emissora pretende
buscar tecnologias da região ou fora.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
166
o Verificar se há uma perspectiva de contratações a médio e longo
prazos para suprir a demanda de implantação da TV Digital na
região.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Longo prazo.
o Verificar se há planejamento e ou ações iniciadas para uma
implantação de ponta ou mais conservadora.
Ponta ( ) Conservadora ( X )
Obs:
o Verificar se há intenção de parcerias entre a emissora e as
universidades regionais para promover o desenvolvimento de
aplicações para TV Digital, a exemplo do que tem feito a indústria
no desenvolvimento de tecnologias e equipamentos.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Já há iniciativas nesta direção.
o Verificar se há algum planejamento de desenvolvimento sócio-
econômico ou cultural da região em função da TV Digital?
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Na área educacional.
o Verificar se há ações iniciadas para despertar o interesse dos
telespectadores e anunciantes pela TV Digital.
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
167
APÊNDICE E – QUESTIONÁRIO – Emissora E
O questionário foi elaborado dividindo-o em três partes conforme a
necessidade da pesquisa:
Etapas do processo de implantação da TV Digital:
o Verificar se a emissora tem planos de formar parcerias e/ou grupos
de trabalho para proporcionar uma implantação mais eficaz e
segura.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Já há iniciativas em curso.
o Verificar se a implantação da TV Digital deverá ser iniciada após a
preparação da infra-estrutura de digitalização da geradora.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
o Verificar se a infra-estrutura de transmissão da geradora está
pronta.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
o Verificar se a emissora tem planejamento para assumir a
retransmissão das prefeituras detentoras de retransmissoras
regulares e até irregulares pela exigência de maior rigor tecnológico
da TV Digital.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
168
o Verificar se há discussão e planejamento conjunto com outras áreas
internas da televisão para o processo de implantação da TV Digital.
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
o Verificar se, com a necessidade de crescimento do parque
tecnológico e mais rigor nas instalações, há planejamento para
capacitar e aumentar a equipe técnica própria ou terceirizar e correr
o risco de perder o domínio tecnológico.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Capacitação e ampliação.
o No caso da verificação for confirmada a opção de terceirização,
verificar se poderá ser parcial no que tange ao trabalho técnico
menos especializado.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
o Verificar quando se iniciará o processo de implantação da TV
Digital.
Ano (2009)
Obs:
o Verificar como será o processo de implantação de TV Digital.
Obs: Iniciar após digitalização da geradora, partindo para os
maiores mercados.
o Verificar em quanto tempo está planejada a cobertura completa da
área de retransmissão com a TV Digital.
Quando ( 10 ) Anos Obs:
169
o Verificar se as decisões de implantação da TV Digital são locais ou
centralizadas.
Locais ( X ) Centralizadas ( )
Possibilidades tecnológicas da TV Digital:
o Verificar se a alta definição (HDTV), que é o recurso que proverá a
máxima qualidade da TV Digital, deverá ser o principal foco da
emissora.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
o Verificar se há planejamento para investimento em produção de
conteúdo local em HDTV.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
o Verificar se a multiprogramação é prioridade de utilização no
processo de implantação da TV Digital.
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
o Verificar se a interatividade será plenamente explorada no início da
implantação, e se há algum planejamento e aplicação para
interatividade a curto e médio prazos.
Sim ( ) Não ( X ) Obs:
Sim ( ) Não ( X ) Obs:
o Verificar se haverá conteúdos diferenciados da programação para
os receptores portáteis e se há aplicações comerciais planejadas.
170
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
o Verificar se a mobilidade será uma conseqüência natural da
transmissão digital a partir do fornecimento de receptores portáteis
pelo mercado, ou se há algum planejamento especial.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Natural.
Contribuição da TV Digital para o desenvolvimento regional:
o Verificar se há planejamento de crescimento de retransmissoras e
geradoras na região.
Sim ( X ) Não ( )
Quantas/ano. Quantas possíveis.
Obs:
o A região tem perfil tecnológico: verificar se a emissora pretende
buscar tecnologias da região ou fora.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Região e fora.
o Verificar se há uma perspectiva de contratações a médio e longo
prazo para suprir a demanda de implantação da TV Digital na
região.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
171
o Verificar se há planejamento e ou ações iniciadas para uma
implantação de ponta ou mais conservadora.
Ponta ( X ) Conservadora ( )
Obs:
o Verificar se há intenção de parcerias entre a emissora e as
universidades regionais para promover o desenvolvimento de
aplicações para TV Digital a exemplo do que tem feito a indústria no
desenvolvimento de tecnologias e equipamentos.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
o Verificar se há algum planejamento de desenvolvimento sócio-
econômico ou cultural da região em função da TV Digital?
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
o Verificar se há ações iniciadas para despertar o interesse dos
telespectadores e anunciantes pela TV Digital.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Demonstrações de TV Digital e palestras.
172
APÊNDICE F – QUESTIONÁRIO – Emissora F
O questionário foi elaborado dividindo-o em três partes conforme a
necessidade da pesquisa:
Etapas do processo de implantação da TV Digital:
o Verificar se a emissora tem planos de formar parcerias e/ou grupos
de trabalho para proporcionar uma implantação mais eficaz e
segura.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Já há ações iniciadas.
o Verificar se a implantação da TV Digital deverá ser iniciada após a
preparação da infra-estrutura de digitalização da geradora.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
o Verificar se a infra-estrutura de transmissão da geradora está
pronta.
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
o Verificar se a emissora tem planejamento para assumir a
retransmissão das prefeituras detentoras de retransmissoras
regulares e até irregulares pela exigência de maior rigor tecnológico
da TV Digital.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
173
o Verificar se há discussão e planejamento conjunto com outras áreas
internas da televisão para o processo de implantação da TV Digital.
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
o Verificar se com a necessidade de crescimento do parque
tecnológico e mais rigor nas instalações há planejamento para
capacitar e aumentar a equipe técnica própria ou terceirizar e correr
o risco de perder o domínio tecnológico.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Capacitar.
o No caso da verificação for confirmada a opção de terceirização,
verificar se poderá ser parcial no que tange ao trabalho técnico
menos especializado.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Terceirizar trabalho técnico menos especializado.
o Verificar quando se iniciará o processo de implantação da TV
Digital.
Ano (2009)
Obs:
o Verificar como será o processo de implantação de TV Digital.
Obs: Iniciar pela geradora depois partir para as
retransmissoras mais importantes.
o Verificar em quanto tempo está planejada a cobertura completa da
área de retransmissão com a TV Digital.
Quando ( 10 ) Anos Obs:
174
o Verificar se as decisões de implantação da TV Digital são locais ou
centralizadas.
Locais ( X ) Centralizadas ( )
Possibilidades tecnológicas da TV Digital:
o Verificar se a alta definição (HDTV), que é o recurso que proverá a
máxima qualidade da TV Digital, deverá ser o principal foco da
emissora.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
o Verificar se há planejamento para investimento em produção de
conteúdo local em HDTV.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
o Verificar se a multiprogramação é prioridade de utilização no
processo de implantação da TV Digital.
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
o Verificar se a interatividade será plenamente explorada no início da
implantação, e se há algum planejamento e aplicação para
interatividade a curto e médio prazos.
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
175
o Verificar se haverá conteúdos diferenciados da programação para
os receptores portáteis e se há aplicações comerciais planejadas.
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
o Verificar se a mobilidade será uma conseqüência natural da
transmissão digital a partir do fornecimento de receptores portáteis
pelo mercado, ou se há algum planejamento especial.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Natural.
Contribuição da TV Digital para o desenvolvimento regional:
o Verificar se há planejamento de crescimento de retransmissoras e
geradoras na região.
Sim ( X ) Não ( )
Quantas/ano O que a legislação permitir.
Obs:
o A região tem perfil tecnológico: verificar se a emissora pretende
buscar tecnologias da região ou fora.
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Regional desde que existente.
o Verificar se há uma perspectiva de contratações a médio e longo
prazo para suprir a demanda de implantação da TV Digital na
região.
176
Sim ( X ) Não ( )
Obs: Médio prazo.
o Verificar se há planejamento e ou ações iniciadas para uma
implantação de ponta ou mais conservadora.
Ponta ( X ) Conservadora ( )
Obs:
o Verificar se há intenção de parcerias entre a emissora e as
universidades regionais para promover o desenvolvimento de
aplicações para TV Digital, a exemplo do que tem feito a indústria
no desenvolvimento de tecnologias e equipamentos.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
o Verificar se há algum planejamento de desenvolvimento sócio-
econômico ou cultural da região em função da TV Digital?
Sim ( ) Não ( X )
Obs:
o Verificar se há ações iniciadas para despertar o interesse dos
telespectadores e anunciantes pela TV Digital.
Sim ( X ) Não ( )
Obs:
177
APÊNDICE G – Cruzamento das questões e separação das maiores
pontuações da matriz SWOT.
4 3 12 4 5 20 4 5 20 4 5 20 4 4 16
3 3 9 3 5 15 3 5 15 3 5 15 3 4 12
3 3 9 3 5 15 3 5 15 3 5 15 3 4 12
3 3 9 3 5 15 3 5 15 3 5 15 3 4 12
4 3 12 4 5 20 4 5 20 4 5 20 4 4 16
4 3 12 4 5 20 4 5 20 4 5 20 4 4 16
3 3 9 3 5 15 3 5 15 3 5 15 3 4 12
3 3 9 3 5 15 3 5 15 3 5 15 3 4 12
4 3 12 4 5 20 4 5 20 4 5 20 4 4 16
3 3 9 3 5 15 3 5 15 3 5 15 3 4 12
4 3 12 4 5 20 4 5 20 4 5 20 4 4 16
4 1 4 4 2 8 4 4 16 4 4 16 4 2 8 4 2 8
3 1 3 3 2 6 3 4 12 3 4 12 3 2 6 3 2 6
3 1 3 3 2 6 3 4 12 3 4 12 3 2 6 3 2 6
3 1 3 3 2 6 3 4 12 3 4 12 3 2 6 3 2 6
4 1 4 4 2 8 4 4 16 4 4 16 4 2 8 4 2 8
4 1 4 4 2 8 4 4 16 4 4 16 4 2 8 4 2 8
3 1 3 3 2 6 3 4 12 3 4 12 3 2 6 3 2 6
3 1 3 3 2 6 3 4 12 3 4 12 3 2 6 3 2 6
4 1 4 4 2 8 4 4 16 4 4 16 4 2 8 4 2 8
3 1 3 3 2 6 3 4 12 3 4 12 3 2 6 3 2 6
4 1 4 4 2 8 4 4 16 4 4 16 4 2 8 4 2 8
4 3 12 4 5 20 4 5 20 4 5 20 4 4 16
5 3 15 5 5 25 5 5 25 5 5 25 5 4 20
5 3 15 5 5 25 5 5 25 5 5 25 5 4 20
5 3 15 5 5 25 5 5 25 5 5 25 5 4 20
5 3 15 5 5 25 5 5 25 5 5 25 5 4 20
5 3 15 5 5 25 5 5 25 5 5 25 5 4 20
4 3 12 4 5 20 4 5 20 4 5 20 4 4 16
4 3 12 4 5 20 4 5 20 4 5 20 4 4 16
4 1 4 4 2 8 4 4 16 4 4 16 4 2 8 4 2 8
5 1 5 5 2 10 5 4 20 5 4 20 5 2 10 5 2 10
5 1 5 5 2 10 5 4 20 5 4 20 5 2 10 5 2 10
5 1 5 5 2 10 5 4 20 5 4 20 5 2 10 5 2 10
5 1 5 5 2 10 5 4 20 5 4 20 5 2 10 5 2 10
5 1 5 5 2 10 5 4 20 5 4 20 5 2 10 5 2 10
4 1 4 4 2 8 4 4 16 4 4 16 4 2 8 4 2 8
4 1 4 4 2 8 4 4 16 4 4 16 4 2 8 4 2 8
a b c d
a b c d
d
a b c d
a b c
e
fAMEAÇAS
OPORTUNIDADES
OPORTUNIDADES
AMEAÇASf
e
e
e
178
ANEXO A – Decreto 5.820
DD iiáá rr iioo OOff iicciiaa ll ddaa UUnn iiãã oo Nº. 124 sexta-feira, 30 de Junho 2006. Seção 1 Pág. 51
Atos do Poder Executivo
179
180
181
182
183
Ficha catalográfica elaborada pelo
SIBi – Sistema Integrado de Bibliotecas / UNITAU
S483i Sereno, Sandro Eduardo Abreu Implantação da TV digital regional sob a óptica da inovação
tecnológica / Sandro Eduardo Abreu Sereno. - 2008. 182f. : il.
Dissertação (mestrado) - Universidade de Taubaté, Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação, 2008.
Orientação: Prof. Dr. José Luis Gomes da Silva; Co-orientação: Prof. Dr. Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira, Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação.
1. TV digital. 2. Inovação tecnológica. 3. Mídias digitais. I. Título.
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