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WP 46 (2004) Working papers “Mercados e Negócios” Agosto 2004
I&D e empresas: USA versus Portugal
Eduardo J. C. Beira
Escola de Engenharia Universidade do Minho Departamento de Sistemas de Informação »«MERCADOS E NEGÓCIOS: DINÂMICAS E ESTRATÉGIAS
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I&D e empresas: USA versus Portugal
Eduardo Beira Escola de Engenharia, Universidade do Minho
O investimento anual dos USA em I&D, superior a 300 biliões USD, cerca de 2.6% do PIB, é
a referencia habitual do benchmarking das politicas nacionais de investigação e
desenvolvimento e a ambição generalizada dos políticos, comentadores e académicos, que
habitualmente esgrimem com estes números para clamar contra a falta de investimento
nacional em I&D, subtilmente associada a uma causa directa do menor desempenho da
economia e nossa menor qualificação como “inovadores”.
Este tipo de discurso é recorrente em Portugal, inclusive nos documentos fundamentais de
política governamental, O chamado “Plano tecnológico” do XVI Governo define uma meta
associada considerada fundamental: “aumentar nos próximos ... o peso no PIB do I&D
empresarial de 0.3% para 0.8% (contra 1.3% de referencia na UE e 2.6% nos USA)”.
Neste trabalho procura-se aprofundar o que é que está por detrás dos (fabulosos) números
de I&D dos USA, em especial de I&D empresarial, e explorar até que ponto é que podem (ou
não) ser usados como referência de análise por países terceiros, em especial com Portugal.
Mais do que a dinâmica e as trajectórias, estaremos especialmente interessados nas
componentes e nas origens desses investimentos – muito em particular a I&D empresarial,
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em relação com a estrutura do tecido económico (dimensão das empresas e especialização
por sectores de actividade) e potenciais impactos sobre os níveis de intensidade de I&D.
Fontes
A informação sobre o sistema americano de I&D e o investimento associada é muito
completa e encontra-se disponível em séries coerentes desde meados do século XX (pelo
menos). Quer o US Census como a NSF publicam anualmente actualizações estatísticas,
que habitualmente envolvem também revisões dos dados anteriormente anunciados para
últimos anos.
Para este trabalho utilizaram-se basicamente os dados publicados pela National Science
Founation em “Science and engineering indicators 2006” (que inclui dados até 2004),
complementados com outras fontes.
Sobre Portugal, usaram-se os dados do Observatório da Ciência e da Tecnologia e sumários
publicados pelo Barómetro do Ministério da Economia.
Despesa ou investimento ?
Na terminologia portuguesa deve falar-se em investimento em I&D, de acordo com os
conceitos e as normas de contabilidade empresarial. Mas nos USA fala-se em despesa, na
medida em que muito desses encargos não são capitalizados, e na lógica contabilística
americana são despesa e não investimento, indo portanto para contas de resultados e não
de balanço. Esta diferença é importante sob o ponto de vista estatístico e fiscal, mas
habitualmente ignorad.
Porventura por analogia com a literatura americana, é habitual ver-se escrito e ouvir-se
falar em despesa em I&D, quando na realidade devíamos (em Portugal) falar em
investimento em I&D, pelo menos no que respeita a empresas. É a única linguagem
correcta em termos contabilísticos, e essa é a terminologia empresarial e mesmo a única
com enquadramento jurídico definido. É por isso equivoco que os próprios organismos do
Estado usem os termos “despesa em I&D” quando aplicado a empresas portuguesas. Uma
despesa é um custo de exploração, não de investimento (não é capitalizada e posteriormente
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amortizada). Um custo abate directamente e pela totalidade aos resultados do exercício e
daí à carga fiscal associada (IRC). Um investimento não abate directamente a impostos
sobre rendimento (resultados), mas indirectamente e ao longo dos anos seguintes através
dos custos de amortizações. Sob o ponto de vista de tesouraria, são situações muito
diferentes, que motivam comportamentos diferentes pelos actores empresariais.
A única rubrica que o Plano Oficial de Contabilidade prevê para a explicitação por natureza
de encargos com I&D é nas contas do imobilizado incorpóreo.
Investigação versus desenvolvimento
Começamos por analisar os números da despesa em I&D pelos USA. A figura 1 mostra a
evolução da despesa americana em I&D desde 1953, a preços correntes. Em 2004 a despesa
total em actividades de I&D atingiu 368 biliões USD. A taxa composta de crescimento anual
(cagr) entre 1953 e 2004 foi de 8,5% por ano, logo em média superior ao crescimento da
economia. A figura 2 mostra o crescimento anual por década, em valor absoluto. A figura 3
mostra as taxas médias de crescimentos (cagr) em cada década, salientando-se os fortes
crescimentos na década de 50 (apenas entre 1953 e 1959) e na década de 70. É claro que
estes valores pecisam de ser confrontados com as taxas de inflação desses períodos, e a
década de 70 foi especialmente famosa por ser um período de alta inflação na economia
americana.
A despesa anual em I&D tem duas parcelas: I (investigação, o R de R&D, “research”) e D
(desenvolvimento, também o D de R&D). Por sua vez a componente I, de investigação,
decompõe-se em investigação básica e investigação aplicada.
Investigação (“research”) é definido como o estudo sistemático dirigido para um
conhecimento cientifico mais completo do assunto estudado. O que é diferente do trabalho
de desenvolvimento (“development”), que se define como sendo o uso sistemático de
conhecimento dirigido para a produção de materiais úteis, dispositivos, sistemas, ou
métodos, incluindo o projecto e desenvolvimento de protótipos e processos. Desenvolvimento
refere-se portanto ao trabalho de montagem, experimentação de protótipos e maquinismos
ou aperfeiçoamento progressivo (eventualmente por simples tentativas) de processos.
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Por sua vez a investigação pode ser básica ou aplicada. Investigação básica refere-se ao
estudo sistemático dirigido para um conhecimento ou compreensão mais completa dos
aspectos fundamentais dos fenómenos e dos factos observados, sem ter em consideração as
aplicações especificas em processos ou produtos. A investigação aplicada refere-se ao estudo
sistemático para obter conhecimentos necessários para determinar os meios pelos quais
uma dada necessidade especifica se pode resolver. Mas note-se que investigação aplicada e
desenvolvimento são coisas diferentes.
A figura 4 decompõe a evolução do montante total nas suas duas componentes (I e D). A
tabela 1 mostra a evolução da estrutura da despesa em I&D, decomposta em investigação
básica, investigação aplicada e desenvolvimento, desde 1970 (e por décadas).
Historicamente mais de metade do I&D total são despesas de desenvolvimento (cerca de
2/3). A investigação básica representa menos de 20% do total e a investigação aplicada
aproxima-se de 25.
A figura 5 mostra a evolução das taxas anuais de crescimento de cada uma das três
parcelas, onde se nota uma taxa sistematicamente superior da investigação básica, e a
figura 6 mostra a evolução da estrutura do total no ultimo meio século.
Financiamento
Quem paga os mais de 300 biliões anuais da I&D americana? As estatísticas consideram
cinco grandes grupos de financiadores, ou origem dos fundos:
• o governo federal,
• a industria (as empresas),
• as instituições de ensino superior (universidade e outros),
• as organizações sem fins lucrativos, e ainda
• o governo não federal (governos estatais, locais, ...).
Perto de 2/3 do total são financiados pelas empresas (“industry”, embora aqui o termo tenha
um significado diferente e mais amplo do que o termo português “industria”, e corresponda
antes ao conceito de financiamento empresarial), perto de 30% é financiado pelo governo
federal e os restantes 6 a 7% são financiados pelas restantes fontes de fundos.
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As empresas americanas financiam portanto quase 2/3 da despesa total de I&D, ou seja
mais de 200 biliões de USD por ano. A esta forte suporte empresarial ao esforço americano
de I&D é habitual associar-se “uma visão estratégica correcta” dos empresários e das
empresas americanas (ao contrário das portuguesas ...) e da sua capacidade de risco
inovador (uma vez mais por oposição aos portugueses). No entanto, como veremos, este
esforço empresarial não é na sua maior parte aplicado em actividades de investigação em
centros de investigação e universidades, mas para financiar actividades de desenvolvimento
de processos e de produtos dentro das próprias empresas.
A tabela 2 mostra a evolução das várias fontes de financiamento do I&D americano desde
1960, e a figura 7 mostra a evolução do financiamento empresarial e não empresarial das
actividades de I&D (em valores absolutos a preços correntes). A figura 8 mostra a
contribuição percentual do financiamento empresarial e sugere que desde a “bolha” de
finais dos anos 90 estará a diminuir a contribuição empresarial (mantendo-se no entanto
acima dos 60%). No entanto entre 1960 e 2000 o contributo das empresas para o total de
I&D americano passou da casa dos 30% para mais de 60%.
Execução
Que tipo de trabalho é que os fundos empresariais financiam? As figuras 9 e 10 mostram a
aplicação desses fundos de origem empresarial nas três componentes fundamentais das
actividades de I&D. A maior parte desse dinheiro é aplicado em D (desenvolvimento), como
aliás já se viu anteriormente, e menos de é aplicado em investigação – na sua grande
maioria em investigação aplicada, como também seria de esperar. Ou seja mais de 95% dos
fundos empresariais para I&D vão para desenvolvimento e investigação aplicada.
Visto por outro ângulo, a figura 11 mostra a contribuição dos fundos empresariais para cada
uma das três parcelas ou tipos de I&D:
- mais de 80% do desenvolvimento é financiado pelas empresas, o que representa por sua
vez quase 80% dos fundos empresariais
- mais de metade (55%) da investigação aplicada é financiada pelas empresas (embora isso
represente menos de 20% dos fundos empresariais)
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- apenas 17% da investigação básica é financiada com apoio das empresas (que apenas
dedicam cerca de 5% dos seus fundos a esse tipo de I&D).
Mas a figura 11 mostra ainda que
- a importância das empresas nos trabalhos de desenvolvimento passou da casa dos 35% em
meados do século para os actuais mais de 80%, sendo o crescimento especialmente
acentuado na década 90 (e sugere a “saída” de fundos federais do processo de
desenvolvimento empresarial)
- o forte aumento dos fundos empresariais no financiamento da investigação aplicada nos
anos da “bolha” (finais dos anos 90, inicio desta década) parece ter passado com a “bolha” e
ter voltado ao patamar anterior. Tendo chegado aos 75%, anda agora pelos 55%. A
exploração deste processo poderá lançar alguma luz sobre os mecanismos de I&D americano
e sua contabilização, embora isso não seja tentado neste trabalho. Admite-se como hipótese
de trabalho que muito do capital de risco que entrou nessa altura a financiar novas
empresas serviu para financiar encargos posteriormente contabilizados como investigação
aplicada em tecnologias da informação e comunicação.
- se os fundos federais mostram uma “saída” do financiamento dos trabalhos de
desenvolvimento, simetricamente os fundos empresariais mostram uma “saída” da
investigação básica. Cerca de 35% da investigação básica era financiada por empresas em
meados do século XX, mas a partir do inicio dos anos 70 o patamar actual parece ter
estabilizado abaixo dos 20%, apesar de alguma turbulência nas décadas de 80 e 90.
Os actores da I&D
Quem faz os vários tipos de trabalhos de I&D com os fundos dos vários financiadores do
sistema? As estatísticas americanas distinguem sete actores de execução de I&D:
- o governo federal,
- as empresas,
- os centros de I&D geridos por empresas (mas financiados pelo governo federal, os
denominados FFRDC, “federally funded research and development centres”),
- as instituições de ensino superior (Universidades, Politécnicos (“colleges”), ...),
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- os centros de I&D (FFRDCs) geridos por instituições de ensino superior,
- as instituições sem fins lucrativos e
- os centros de I&D (FFRDCs) geridos por instituições do ensino superior.
A tabela 3 mostra a evolução da estrutura por executantes de I&D. Cerca de 70% da
execução total é feito pelas empresas. As instituições de ensino superior executam cerca de
15% do total (já incluindo os centros FFRDC associados). O governo federal (que, recorde-se,
financia 30% do total) executa apenas cerca de 8%.
E Portugal?
A execução de I&D em Portugal aparece também na tabela 3. Com um financiamento total
inferior a um bilião USD (contra mais de 300 biliões nos USA), a estrutura de execução é
muito diferente da americana:
- as instituições de ensino superior (basicamente as Universidades) representam 35% da
execução, contra 15% nos USA
- as agencias governamentais executam quase 1/3 do total, contra apenas 8% nos USA
- as empresas executam apenas 21%, contra 70% nos USA
A diferença dos perfis português e americano de execução de I&D é radical: muito mais
execução pelo Estado (na realidade as instituições do Estado representam quase 70% do
total, dado que também financiam a maior parte do I&D das instituições de ensino
superior) e muito menos execução pelas empresas. Uma vez mais estes dados parecem
sugerir que as empresas portuguesas (ao contrário das americanas) não investem em I&D.
Mas isso pode ser enganador.
A tabela 4 compara alguns indicadores macroeconómicos de Portugal e dos USA (para alem
da China e da Índia). A economia americana, medida pelo PIB, é cerca de 74 vezes maior do
que a portuguesa, embora a população seja apenas 30 vezes maior (o rendimento per capita
dos USA é mais do dobro do português). Ora o total de I&D americano é mais de 300 vezes
superior ao de Portugal. Portugal fará por isso pouca I&D, e daí até à conclusão de que o
diferencial no rendimento per capita (como medida de desenvolvimento da economia) está
associado ao crónico deficit de I&D vai outro passo ligeiro. Mas também perigoso.
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A figura 12 mostra o I&D como percentagem do PIB nos USA e evidencia uma estabilidade
de décadas à volta dos 2.5%. Como seria de esperar pelos dados anteriormente
apresentados, a componente empresarial (financiada pelas empresas) do total de I&D tem
vindo a crescer, andando agora pelos 1.7% do PIB (era apenas de 0.6% no inicio da década
de 50).
A matriz f inanciamento / execução
Os dados publicados permitem reconstruir a matriz financiamento / execução, quer pelo
total de I&D como pelas suas três componentes fundamentais (tipos de I&D). A tabela 5
mostra essa matriz para o ano de 2004, para a despesa total americana em actividades de
I&D. A tabela 6 evidencia a estrutura da matriz por entidades financiadoras e entidades
executantes.
Começando pelos grandes números:
- a principal célula é de longe (quase 200 biliões USD) a I&D feita por empresas e
financiada pelas empresas: as empresas são assim (de longe!) o principal actor do sistema
nos USA (medido em volume de dinheiro).
- seguem-se três células de dimensão próxima, todas financiadas por fundos federais:
- I&D executada por agencias governamentais, apenas financiada por fundos
governamentais federais (quase 25 biliões USD)
- I&D executada por empresas e financiada por fundos federais (24 biliões de USD)
(note-se apenas 24 dos 219 biliões USD de actividades I&D executados pelas empresas são
financiados por fundos federais – ou seja o apoio federal é apenas de 11% para as
actividades de I&D empresariais)
- I&D executada por instituições de ensino superior e financiada por fundos federais
(mais de 26 biliões USD) (note-se que o contributo empresarial para as actividades de I&D
nas universidades e outras instituições do ensino superior é apenas de 2 em 42 biliões –
menos de 5%!).
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- as restantes células representam contribuições marginais (embora seja de referir que mais
de 8 biliões de USD, 2.6% do total, seja executado por instituições de ensino superior com
fundos próprios, que por sua vez representam 19% da execução total por esses actores).
O papel da defesa e do espaço
Os números publicados tratam também da especialização temática da I&D e permitem
concluir que hoje em dia estas duas vocações de I&D representam menos de 20% do total,
enquanto que significavam 43% em 1970. A tabela 7 sumaria os números.
Mas recorde-se que os mais de 50 biliões USD canalizados anualmente pelos USA para I&D
apenas relacionada com defesa e espaço são muito superior ao total de I&D em Portugal – o
que evidencia a importância e dimensão que apesar de tudo este tipo de I&D continua a ter
nos USA, e que naturalmente é basicamente financiada por fundos federais – não
empresariais.
Que empresas f inanciam a I&D?
A tabela 8 mostra a contribuição para a execução e para o financiamento por diferentes
classes de dimensão (tamanho) das empresas e evidencia o enorme peso das grandes
empresas no financiamento e na execução da I&D nos USA. E mostra também que as
grandes empresas são as que conseguem captar maior contribuição de fundos federais para
a I&D que executam (menor autofinanciamento das suas próprias actividades I&D)
As empresas com mais de 5 pessoas executam 65% do I&D total nos USA e financiam 64%
do I&D total (dados de 2004). Essas empresas contribuem com a quase totalidade do
financiamento empresarial (92%).
As empresas com mais do que 25 mil pessoas executam 27 % do total de I&D e contribuem
com 36% do total de fundos empresariais totais. 85% do I&D executado nessas empresas é
financiada por elas próprias. As actividades de I&D executadas por essas empresas
representam por sua vez mais de 40% da execução empresarial de I&D.
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As empresas entre 10 e 25 mil pessoas executam 8.8% do total de I&D e contribuem com
13% do total de fundos empresariais totais. O autofinanciamento do I&D executado por
essas empresas é de 93%.
Ou seja, as empresas com mais de 10 mil pessoas executam quase 36% (mais do que 1/3!) do
I&D total e contribuem com praticamente metade do financiamento por empresas para o
total de I&D. Por sua vez estas empresas executam mais de metade (55%) das actividades
empresariais de I&D .
Dito ainda de outra maneira (tabela 8):
- as empresas com mais de 5 mil pessoas representam 41% da execução total I&D e 56% dos
fundos empresariais e executam 62% do I&D empresarial
- as empresas com mais de mil pessoas representam mais de metade da execução total I&D
e mais de 70% do financiamento empresarial total para I&D., executando mais de do I&D
empresarial
Chegados a este ponto, vale a pena um exercício simples:
- se retirássemos as componentes de I&D relacionadas com a defesa e o espaço, que é
financiado pelo Estado, o total de execução I&D nos USA seria não de 312 biliões USD (em
2004) mas apenas de cerca de 253 biliões USD.
- se retirássemos também a I&D executada pelas muito grandes empresas (empresas com
mais do que 25 mil pessoas), então o total de execução de I&D nos USA seria não de 253
biliões, mas de apenas 253-84=169 biliões de USD (ou seja, quase metade dos 312 biliões
totais de 2004)
- ou seja, apenas 1.4 % do PIB, e não 2.6%.
O que é que isto quer dizer?
Portugal não tem I&D significativa relacionada com defesa e com espaço, nem terá
perspectivas de o vir a ser. E não tem empresas com mais de 25 mil pessoas. Logo se um
país como Portugal se quiser comparar com os USA, deverá é comparar-se mais com 1.4%
do PIB e não com 2.6%. O diferencial real não é dos 0.9% actuais para 2.6% - mas no
máximo para 1.4%: Uma diferença abissal! A figura 13 pretende evidenciar a situação: o
diferencial a verde é uma aproximação mais realista da diferença entre os dois paises; o
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diferencial a vermelho sera uma diferença irrealista de recuperar, dado ser devida a I&D
military, de exploração especial e i&D empresarial por empresas com mais de 25 mil
pessoas.
Os fundos empresariais para I&D passavam neste cenário de 199 biliões USD para 127
biliões, e o chamado I&D empresarial passaria dos 219 biliões para os 138 biliões – ou seja,
de1.8% do PIB para 1.1%.
Tecido empresarial: Portugal versus USA
Na realidade a estrutura do tecido empresarial em Portugal e nos USA é muito diferente, o
que não deixa de ter consequências sobre a tendência e capacidade do tecido empresarial
em executar ou financiar actividades de I&D.
Comecemos pela dimensão das empresas. A tabela 9 mostra a distribuição das empresas
americanas Em 2004 havia mais de 23 milhões de firmas registadas nos USA, mas apenas
5.7 milhões (um quarto!) tinham pessoal ao serviço. Destas, metade do emprego total
concentrava-se nas empresas com mais de 500 pessoas, assim como mais de metade do
volume de negócios (na realidade quase 60%).
Com mais de 10 mil trabalhadores há menos de mil empresas (913 na realidade), que
ocupam mais de do emprego e mais de 1/3 do volume de negócios. Recorde-se que as
empresas com mais de 10 mil pessoas executavam mais de metade do I&D empresarial nos
USA.
A tabela 10 sumaria a distribuição das empresas portuguesas por dimensão (numero de
pessoas): apenas 146 empresas com mais de mil pessoas. Mas essas empresas representam
- 13% do emprego total, contra 45% do emprego nos USA
- 20% do volume de negócios empresariais, contra 55% nos USA
- uma dimensão média de 2500 pessoas por empresa, contra ... nos USA
- um volume de negócios de 473 milhões USD por empresa, contra ... nos USA
Ou seja, as diferenças entre as grandes empresas portuguesas e americanas falam por si e
dispensam grandes comentários.
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Consultando listas de empresas regularmente publicadas pelas imprensa (1000 + Expresso,
500+ Publico) conclui-se que entre as empresas não financeiras em Portugal,
- não há qualquer empresa com mais de 25 mil pessoas, as quais (como se viu) por si só
contribuíam com 27% da execução total de I&D e 36% dos fundos empresariais
- há apenas 4 empresas com mais de 10 mil pessoas (PT Comunicações, CTT, Modelo
Continente e ainda o Grupo Select Vedior (trabalho temporário)), a maior das quais não
chega aos 17 mil trabalhadores; recorda-se que há quase mil empresas com mais de 10 mil
pessoas nos USA, que representam 27% do emprego (contra uma estimativa de 11 % em
Portugal) e 36% do volume de negócios (contra 8 % em Portugal), e essas empresas
contribuem com 36% da execução total de I&D nos USA e quase metade do financiamento
empresarial.
- apenas cerca de 70 empresas com mais de 1000 pessoas (das 146 assinaladas pelas
estatísticas empresariais do INE) aparecem nas listas das principais empresas portuguesas.
Considerando o enorme peso das grandes empresas no financiamento e execução do I&D
americano, e ainda o peso da componente D (desenvolvimento) no I&D, e as brutais
diferenças na dimensão dos tecidos empresariais dos USA e de P, comparar as duas coisas é
objectivamente comparar alhos com bugalhos.
Diferenças sectoriais
Mas a diferença não está apenas nas dimensões das empresas. Está também nos diferentes
perfis sectoriais das duas economias e nas diferentes importâncias que o I&D tem para
diferentes sectores de actividade económica.
A tabela 11 mostra que 60% do I&D empresarial dos USA é executado pela indústria
transformadora (manufacturing), contra menos de metade em Portugal (48%).
Aparentemente a importância das empresas de serviços para o I&D em Portugal é muito
mais relevante do que nos USA, apesar do sector terciário representar apenas 66% do PIB
em Portugal (e 60% do emprego), contra 78% do PIB americano (e 76% do emprego).
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Mas quase do I&D executado pela indústria transformadora deve-se apenas a três
grandes sectores de actividade: industria dos produtos químicos, industria dos
computadores e electrónica, e indústrias de transporte (onde se inclui a industria
automóvel, aeronáutica e aeroespacial). Estes três sectores representam 25% do emprego da
indústria transformadora, 38% do seu valor acrescentado e 37% do seu volume de negócios
(tabela 12) – mas, como se viu, 78% do I&D executado por essas empresas (e 63% do total de
I&D empresarial). Em Portugal estes sectores representam apenas 22% do I&D
empresarial.
Mas a tabela 12 inclui também dados sobre a contribuição para o I&D empresarial nos USA
por empresas dos sectores relevantes da estrutura industrial: têxtil e calçado, produtos
metálicos, mobiliário e alimentar. Estes quatro sectores representam 31% do emprego na
industria transformadora (mais do que os 3 sectores de maior intensidade no I&D
empresarial atrás referidos), mas apenas 23% do seu valor acrescentado e também do seu
volume de negócios – e apenas 3% do I&D executado por essas empresas (e menos de 2% do
I&D empresarial total). Em Portugal estes sectores representam 5% do I&D empresarial. O
contraste entre a actividade I&D destes sectores, que são os dominantes na estrutura
industrial portuguesa, e a actividades dos três sectores anteriores, é bem clara e falará
também por si.
A propensão para a execução de I&D pelas empresas é habitualmente medida pela
percentagem do seu volume de negócios que o respectivo I&D executado representa. A
média é 3.2% para as empresas americanas, sendo praticamente igual nas empresas da
indústria transformadora e nas outras empresas. Mas as diferenças sectoriais são muito
grandes: 9.3% nos computadores e electrónica, 5.6% na industria química, mas apenas 1%
nos têxteis e calçado, 1.5% nos produtos metálicos e menos de 1% nos sectores do mobiliário
e alimentar. Estes últimos mostram intensidades cerca de 1/3 inferiores à média
empresarial e 6 a 8 vezes inferiores aos sectores de maior relevância para o I&D
empresarial. Se os sectores do têxtil e calçado, produtos metálicos, mobiliário e alimentar
fossem muito relevantes na estrutura industrial dos USA, e se os sectores química ,
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computadores e electrónica fossem pouco relevantes (tal como em Portugal) facilmente o
I&D empresarial seria apenas metade do actual.
Ou seja, combinando por estimativa algo grosseira, as diferenças de dimensão das empresas
(já antes discutidas) e de perfis sectoriais (que se reconhece não serem totalmente
independentes), conclui-se que o I&D empresarial americano seria algo como 0.7% do PIB –
valor contra o qual se compara o 0.3% português. O I&D total passaria para 1.1%.
O diferencial de Portugal versus USA assim estimado é completamente diferente: existe
sem dúvida uma distancia, mas a diferença não será tão grande como a anunciada, quando
se compara o que poderá realmente ser comparável.
O caso dos serviços financeiros e imobiliários merece uma referência. Nos USA contribuem
com menos de 1% do I&D empresarial total – mas em Portugal com 36% (!) e representam a
maior parte do contributo das empresas de serviços.
Nada de estrutural pode explicar esta diferença. Mas a prática contabilística pode-o
explicar facilmente. Em Portugal as despesas notariais relativas a alterações societárias
devem ser contabilizadas como despesas de I&D, de acordo com as directivas do Plano
Oficial de Contabilidade. Por sua vez essas despesas são em geral indexadas aos capital
social das sociedades envolvidas, que por sua vez é naturalmente mais elevado nas
sociedades financeiras, o que torna o sector como um grande executante de I&D
empresarial. O caso das imobiliárias é semelhante, associado a despesas notariais das
operações contratuais. Logo o I&D empresarial em Portugal estará inflacionado nas
contribuições das empresas financeiras e imobiliárias.
Mas estará também (muito) subavaliado no D do I&D, também por razões contabilísticas e
fiscais (já referidas), e também culturais: muitos dos encargos que as empresas americanas
– em especial as grandes empresas – consideram como sendo de desenvolvimento, são
considerados pela maioria das empresas portuguesas como sendo custos de exploração
corrente, sem merecerem relevação especial. Estimar a subavaliação das despesas de
desenvolvimento no I&D empresarial português não será fácil e não é aqui tentada. Mas
uma estimativa pessoal sugere que poderá representar mais de duas décimas do PIB. Uma
campanha de informação sobre a contabilização das despesas de desenvolvimento pelas
Escola de Engenharia Universidade do Minho Departamento de Sistemas de Informação »«MERCADOS E NEGÓCIOS: DINÂMICAS E ESTRATÉGIAS
»«wp 46 (2004)
16
empresas poderá fazer mais para o crescimento do indicador de I&D empresarial em
Portugal do que qualquer esforço voluntarista de incentivos de outro tipo.
A diferença na estrutura sectorial dos tecidos empresariais dos USA e de Portugal (ver
tabela 13) explicará muita da diferença encontrada no I&D total e empresarial, o que
reforça a ideia de que comparar os dois é comparar alhos com bugalhos. Será certamente
possível aprofundar os impactos simultâneos das diferenças devidas à dimensão das
empresas e á natureza dos sectores empresariais, assim como a sua importância relativa no
tecido económico sobre as diferenças estruturais em intensidade de I&D total e I&D
empresarial entre Portugal e os USA.
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17
Nota:
Este texto baseia-se em material apresentado pelo autor num dos seminários semanais no
Departamento de Sistemas de Informação da U. do Minho (“Inovação e tecnologia: mitos e
realidades”, 29 de Junho de 2006) .
As ideias desenvolvidas neste trabalho começaram a ser organizadas pelo autor durante o
trabalho que conduziu à publicação do texto “Mapear conhecimento e inovação em
Portugal”, por Manuel Bóia, Pedro Conceição, Manuel Heitor e Eduardo Beira (UMIC,
2004), apesar de não terem aí sido incluídas.
v1, 8 Julho 2006; revisto Dezembro 2009
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18
Referencias:
Bóia, M., P. Conceição, M. Heitor e E. Beira, ““Mapear conhecimento e inovação em
Portugal. Uma proposta para um sistema de indicadores e um programa de observação”,
UMIC, 2004 (http://www.osic.umic.pt/gerais/publicacoes.aspx )
GEE http://www.gee.min-economia.pt/site/gepe_home_pt00.asp
Gabinete do coordenador nacional da estratégia de Lisboa, “Plano tecnológico. Uma
estratégia de crescimento com base no conhecimento, tecnologia e inovação. Documento de
apresentação”, http://www.planotecnologico.pt
INE, “Estatísticas empresariais”, www.ine.pt
National Science Board, “Science and engineering indicators 2006”,
http://www.nsf.gov/statistics/seind06
OCES, “50 maiores empresas com I&D em Portugal”, Observatório da Ciência e do Ensino
Superior, Janeiro 2006, ((http://www.oces.mctes.pt )
OCES, “Financiamento das despesas de I&D, 1995 – 2001”, Observatório da Ciência e do
Ensino Superior, Março 2005, ((http://www.oces.mctes.pt )
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Ensino Superior, sd, ((http://www.oces.mctes.pt )
OCT, “I&D empresarial – IPCTN 99”, Observatório das Ciências e das Tecnologias, 2002
(http://www.oces.mctes.pt )
Escola de Engenharia Universidade do Minho Departamento de Sistemas de Informação »«MERCADOS E NEGÓCIOS: DINÂMICAS E ESTRATÉGIAS
»«wp 46 (2004)
19
OCT, “IPCTN – documento metodológico de síntese”, Observatório das Ciências e das
Tecnologias, 2002 (http://www.oces.mctes.pt )
OCT, “I&D empresarial – IPCTN 99”, Observatório das Ciências e das Tecnologias, 2002
(http://www.oces.mctes.pt )
OCT, “IPCTN – documento metodológico de síntese”, Observatório das Ciências e das
Tecnologias, 2002 (http://www.oces.mctes.pt )
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U.S. Census Bureau”, www.census.gov/epcd/www/smallbus.html (em Junho 2006)
U. S. Census Bureau, “Statistical abstract of the United States 2006”,
http://www.census.gov/compendia/statab
U.S. Census Bureau, “Statistics for industry groups and industries: 2004. Annual survey of
manufacturers”, http://www.census.gov/mcd/asmhome.html
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20
Figura 1 Evolução da despesa total I&D, USA, 1953 – 2004, a preços correntes
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
350000
1953
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21
Figura 2 Crescimento em valor absoluto, a preços correntes, da despesa em I&D, USA, por décadas Unidades: milhares de milhões USD
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22
Figura 3 Taxa composta de crescimento annual (cagr %) da despesa total em I&D, por décadas, USA Na década de 50 foram apenas incluidos os anos de 1953 a 1959. Na década de 00 estão apenas incluidos os anos de 2000 a 2004
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23
Figura 4 Componentes investigação (I) e desenvolvimento (D) da despesa total em I&D USA, 1953 a 2004, milhões USD
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
350000
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Figure 5 Taxas compostas de crescimento annual (cagr%) por tipo de actividade I&D e por década, USA Bas R = investigação básica Apl R = investigação aplicada D = desenvolvimento Na década de 50 foram apenas incluidos os anos de 1953 a 1959. Na década de 00 estão apenas incluidos os anos de 2000 a 2004
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25
Figure 6 Estrutura da despesa total em I&D: investigação apliada (verde), investigação básica (azul) e desenvolvimento. USA, 1953 a 2004
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
1954
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1960
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1970
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1982
1984
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1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
0.3
50000.3
100000.3
150000.3
200000.3
250000.3
300000.3
350000.3
1953
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Figura 7 Origem dos fundos da despesa total em I&D, USA,1953 a 2004: financiamento pela industria e financiamento por outros fundos (não industria) USA, 1953 a 2004, milhões USD
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
350000
1953
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Figura 8 Origem dos fundos da despesa total em I&D, USA,1953 a 2004: financiamento pela industria (% do total) USA, 1953 a 2004
30%
35%
40%
45%
50%
55%
60%
65%
70%
75%
80%
1953
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1959
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Figura 9 Aplicação de fundos empresariais: fundos de origem “industrial” aplicados em cada uma das tres components da despesa total em I&D ( investigação básica, investigação aplicada e desenvolvimento) USA, 1953 a 2004, milhões USD
0
50000
100000
150000
200000
250000
1953
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Figura 10 Aplicação dos fundos empresariais: estrutura (%) da aplicação dos fundos de origem na “industria” nas tres components da despesa total em I&D investigação básica, investigação aplicada e desenvolvimento) USA, 1953 a 2004
0%
20%
40%
60%
80%
100%
1953
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30
Figura 11 Contribuição (%) dos fundos empresariais (da “industria”) para cada uma das components da despesa total em I&D( investigação básica, investigação aplicada e desenvolvimento) USA, 1953 a 2004
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
1953
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Figura 12 Despesa em I&D cono fracção do PIB (%): despesa total (azul) e fundos de origem empresarial (“industria”) USA, 1953 a 2004
0.00%
0.50%
1.00%
1.50%
2.00%
2.50%
3.00%
3.50%
1953
1955
1957
1959
1961
1963
1965
1967
1969
1971
1973
1975
1977
1979
1981
1983
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32
Figura 13 Diferencial entre intensidade de I&D (como % do PIB) em Portugal e USA (2004), aproximação. O “gap1” (a verde) é uma aproximação mais realista da diferença entre os dois paises O “gap2” (a vermelho) é uma diferença irrealista de recuperar, dado ser devida a I&D military, de exploração especial e i&D empresarial por empresas com mais de 25 mil pessoas.
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33
Tabela 1 Despesa total em I&D e suas componentes (%): investigação ( R) e desenvolvimento (D), e ainda investigação básica (basic R) e investigação aplicada (applied R) USA, 1970 a 2003
million USD
R&D R D basic R applied R
1970 26271 35.6% 64.4% 13.7% 21.9%
1975 35671 36.3% 63.7% 13.7% 22.7%
1980 63213 35.6% 64.4% 13.9% 21.7%
1985 114685 35.1% 64.9% 13.0% 22.2%
1990 151990 38.1% 61.9% 15.2% 23.0%
1995 183611 38.4% 61.6% 16.1% 22.3%
2000 264634 37.3% 62.7% 16.0% 21.3%
2003 283795 42.9% 57.1% 19.1% 23.9%
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34
Tabela 2 Origens do financiamento da despesa total em I&D USA, 1960 a 2004 Total em milhões USD Fed G = governo federal Ind = industria (origem empresarial) U&C = universidades e outras instituições do ensino superior Nonprofit = instituições sem fins lucrativos Nonfed = governo não federal
Total Fed G Ind U&C Nonprofit Non fed
1960 13711 65.0% 32.9% 0.5% 0.9% 0.7%
1970 26271 57.0% 39.8% 1.0% 1.3% 0.9%
1980 63213 47.4% 48.9% 1.5% 1.4% 0.8%
1990 151990 40.5% 54.7% 2.1% 1.7% 0.9%
2000 267207 24.8% 69.7% 2.3% 2.3% 0.8%
2004 312068 29.9% 63.8% 2.6% 2.7% 0.9%
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35
Tabela 3 Execução da despesa total em I&D USA, 1960 a 2004; Portugal, 2001 Despesa total em milhões USD Fed = governo federal Industria = empresas Ind FFR = centros empresariais de I&D, mas financiados pelo governo federal U&C = U&C = universidades e outras instituições do ensino superior U&C FFR = centros académicos de i&D, financiados pelo governo federal Non Prof = instituições sem fins lucrativos Nonp FFR = centros de I&D, de instituições sem fins lucrativos, mas financiados pelo governo federal
Total Fed Industry Ind FFR U&C U&C FFR Non prof Nonp FFR
1960 13711 13.1% 73.2% 3.5% 5.1% 2.8% 1.9% 0.4%
1970 26271 15.8% 67.0% 1.8% 9.2% 2.8% 2.6% 0.9%
1980 63213 12.4% 68.4% 2.0% 3.6% 2.6% 1.6% 0.8%
1990 151990 10.3% 70.7% 1.5% 11.1% 3.2% 2.7% 0.4%
2000 267207 6.7% 74.9% 0.7% 11.5% 2.1% 3.5% 0.5%
2004 312068 7.9% 70.2% 0.8% 13.6% 2.4% 4.1% 0.9%
P 2001 838 32.0% 21.0% 35.0% 11.0%
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36
Tabela 5 Portugal versus USA, China e India: indicadores diversos
India China USA Portugal
Area ´000 km2 3288 9600 9631 92
area aravel % 49% 15% 18% 17% 2005
População milhões 1095 1314 298 10.6 2006 est
crescimento população % 1.38% 0.59% 0.91% 0.36% 2006 est
sexo masculino/feminino 1.06 1.06 0.95 0.95 2006 est
mortalidade infantil por 1000 54.63 23.12 6.34 4.98 2006 est
esperança de vida anos 64.71 72.58 77.85 77.7 2006 est
literacia total % 59.5% 90.9% 99.0% 93.3% 2003
literacia feminina % 48.3% 86.5% 99.0% 91.3% 2003
PIB (ppp) b.USD 3699 8182 12410 196 2005 est
PIB b.USD 720 1790 12470 169 2005 est
crescimento PIB % 7.6% 9.3% 3.5% 0.8% 2005 est
PIB per capita (ppp) USD 3400 6300 42000 18600 2005 est
Estrutura do PIB
agricultura % 20.6% 14.4% 1.0% 5.2% 2005 est
industria % 28.1% 53.1% 20.7% 28.9% 2005 est
serviços % 51.4% 32.5% 78.3% 65.9% 2005 est
Ocupação da mão de obra
agricultura % 60.0% 49.0% 0.7% 10.0% 1999
industria % 17.0% 22.0% 23.0% 30.0% 1999
serviços % 23.0% 29.0% 76.3% 60.0% 1999
Mão de obra milhões 496.4 791.4 149.3 5.5 2005 est
Desemprego % 9.9% 5.1% 7.3%
População abaixo de pobreza % 25.0% 10.0% 12.0% 2002
Index Gini 32.5 44.0 45.0 38.5 2000
Inflacção % 4.6% 1.9% 3.2% 2.4% 2005 est
Investimento % PIB 24.8% 43.6% 16.8% 21.7% 2005 est
Divida publica % PIB 82.0% 28.8% 64.7% 69.4% 2005 est
Produção industrial (crescimento) % 8.2% 27.7% 3.2% -0.1% 2005 est
Despesas militares % PIB 2.5% 4.3% 4.1% 2.3% 2005 est
Fonte: CIA World Factbook - India http://www.cia.gov/cia/publications/factbook/geos/in.html
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37
Tabela 6 Matriz origem dos fundos versus execução da despesa total em I&D USA, 2004 Unidade: milhares de milhões USD Ver legendas nas tabelas 2 e 3.
Funded by Total Fed Ind U&C Non prof Non fed
Total 312 93 199 8 9 3
Performed by
Federal Gov 25 25 0 0 0 0
Industry 219 24 196 0 0 0
Ind FFRDC 3 3 0 0 0 0
U&C 42 26 2 8 3 3
U&C FFRDC 8 8 0 0 0 0
Non profit 13 6 1 0 5 0
Non prof FFDRC 3 3 0 0 0 0
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38
Tabela 7 Estrutura da matriz origem dos fundos versus execução da despesa total em I&D USA, 2004 % de cada célula relativamente ao valor total. Ver legendas nas tabelas 2 e 3.
Funded by Total Fed Ind U&C Non prof Non fed
Total 100% 30% 64% 3% 3% 1%
Performed by
Federal Gov 8% 8% 0% 0% 0% 0%
Industry 70% 8% 63% 0% 0% 0%
Ind FFRDC 1% 1% 0% 0% 0% 0%
U&C 14% 8% 1% 3% 1% 1%
U&C FFRDC 2% 2% 0% 0% 0% 0%
Non profit 4% 2% 0% 0% 2% 0%
Non prof FFDRC 1% 1% 0% 0% 0% 0%
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Tabela 8 Componentes da despesa total em I&D: defesa, espaço e outras aplicações USA, 1970 a 2003 Despesa total em milhões USD
million USD
R&D defense space others
1970 26271 33% 10% 56%
1975 35671 28% 8% 65%
1980 63213 24% 5% 70%
1985 114685 30% 3% 67%
1990 151990 25% 4% 71%
1995 183611 19% 4% 77%
2000 264634 13% 2% 84%
2003 283795 16% 3% 81%
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Tabela 9 Execução e financiamento da despesa total em I&D empresarial USA, 2004 Dimensão = numero de trabalhadores (de/até) das empresas da classe R&D total = execução da despesa total I&D por empresas dessa classe Ind fund = financiamento de origem empresarial para a execução da despesa total I&D das empresas dessa classe % = fracção da execução empresarial de I&D que é financiada pelo sector empresarial % R&D total = fracção que a execução das empresas dessa classe representa da despesa total I&D feita pelas empresas R&D / Vendas = percentagem que a execução I&D dessa classe empresarial representa relativamente ao correspondente volume de negócio A ultima linha da primeira parte da tabela inclui os totais de I&D empresarial A segunda parte da tabela inclui os valores totais da execução de I&D e respectivo financiamento empresarial (“industria”), assim como a percentagem que a execução empresarial de I&D representa da execução total (65%) e a percentagem que o financiamento empresarial aplicado na execução empresarial representa do total de financiamento empresarial para I&D A tercira parte da tabela consolida os dados das empresas com mais de 10000, 5000 e 1000 trabalhadores
dimensão R&D total Ind funds %
%R&D
total
R&D/Vendas
%
´5-25 5.6 4.8 86% 3% 2.2%
´25-49 6.5 5.5 86% 3% 2.9%
´50-99 4.8 4.3 88% 2% 3.9%
´100-249 9.6 8.9 93% 5% 1.7%
´250-499 9.5 8.9 93% 5% 6.6%
´500-999 10.4 9.6 93% 5% 5.8%
´1000-4999 30.5 29.4 96% 15% 4.1%
´5000-9999 15.4 14.3 93% 8% 2.6%
´10000-24999 27.6 25.6 93% 14% 2.8%
>25000 84.2 72.0 85% 41% 3.2%
204.0 183.3 90% 100% 3.2%
Total R&D 312.1 199.0 64%
% 65% 92%
>10000 111.8 97.5 87% 55%
>5000 127.2 111.9 88% 62%
>1000 157.7 141.3 90% 77%
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Tabela 10 Dimensão das empresas USA, 2004 # firms = numero de firmas (empresas) % firms = fracção que as firmas (empresas) dessa classe representam do numero total de firmas (empresas) % empl = fracção que as firmas (empresas) dessa classe representam do numero total de firmas (empresas) % receipts = fracção que as vendas das firmas dessa classe representam das vendas totais das firmas (empresas)
# firms % firms % empl % receipts
All firms 23,343,821 100.0%
Nonemployer firms 17,646,062 75.6% 3.4%
Employer firms 5,697,759 24.4% 100.0% 96.6%
Firms with no employees as of March 12, but with payroll
at some time during the year 770,041 3.3% 0.0% 0.9%
Firms with 1 to 4 employees 2,695,606 11.5% 5.1% 4.1%
Firms with 5 to 9 employees 1,010,804 4.3% 5.9% 3.9%
Firms with 10 to 19 employees 613,880 2.6% 7.3% 4.8%
Firms with 20 to 99 employees 508,249 2.2% 17.7% 12.6%
Firms with 100 to 499 employees 82,334 0.4% 14.2% 11.2%
Firms with 500 employees or more 16,845 0.1% 49.9% 59.1%
Firms with 500 to 749 employees 5,639 0.0% 3.0% 2.6%
Firms with 750 to 999 employees 2,687 0.0% 2.1% 1.7%
Firms with 1,000 to 1,499 employees 2,717 0.0% 2.9% 2.7%
Firms with 1,500 to 2,499 employees 2,278 0.0% 3.9% 3.7%
Firms with 2,500 employees or more 3,524 0.0% 37.9% 48.4%
Firms with 2,500 to 4,999 employees 1,727 0.0% 5.3% 6.2%
Firms with 5,000 to 9,999 employees 884 0.0% 5.5% 6.4%Firms with 10,000 employees or more 913 0.0% 27.2% 35.8%
>10000 913 0% 27% 36%
>5000 1797 0% 33% 42%
>1000 8,519 0% 45% 55%
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Tabela 11 Dimensão das empresas Portugal, 2001 (Fonte: INE) Firmas = numero de firmas e percentagem que representam do numero total de firmas (empresas) Emprego = numero de trabalhadores empregados e percentagem que representam do emprego total Pes/emp = numero medio de empregados por firma (empresa), dimensão media das firmas Vol neg = volume de negócios e percentagem que representa do volume total de negócios de todas as firmas (empresas) Vn/emp = volume médio de negócios por empresa Vn/pess = volume médio de negócio por trabalhador
firmas emprego pes/emp vol neg vn/emp vn/pess
Total 347 683 100,0% 2 775 044 100,0% 8,0 282 497 100,0% 813 102
0 73 205 21,1% 0 0,0% 0,0 860 0,3% 12
1 a 4 171 254 49,3% 369 319 13,3% 2,2 28 764 10,2% 168 78
5 a 9 54 961 15,8% 356 640 12,9% 6,5 24 478 8,7% 445 69
10 a 19 26 892 7,7% 357 763 12,9% 13,3 26 848 9,5% 998 75
20 a 49 14 468 4,2% 433 696 15,6% 30,0 36 869 13,1% 2548 85
50 a 99 4 046 1,2% 277 678 10,0% 68,6 29 523 10,5% 7297 106
100 a 249 1 990 0,6% 298 900 10,8% 150,2 37 898 13,4% 19044 127
250 a 499 513 0,1% 174 696 6,3% 340,5 22 734 8,0% 44315 130
500 a 999 208 0,1% 138 060 5,0% 663,8 16 931 6,0% 81398 123
1 000 e ma 146 0,04% 368 292 13,3% 2522,5 57 592 20,4% 394468 156
100-499 2 503 0,7% 473 596 17,1% 189,2 60 632 21,5% 24224 128
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Tabela 12 Execução de I&D por sectores empresariais USA, 2004; Portugal, 2001 (parte sombreada) Manuf = industria transformadora (“manufacturing”) R&D total = execução de I&D (de todos os tipos) % = percentagem relativamente á despesa total em I&D (USA) RD % sales= percentagem que a execução de I&D representa das vendas do sector
R&D total % %GDP RD % sales R&D total %
all 204.0 100% 3.2% 0.3
manuf 123.4 60% 3.1% 48%
non manuf 80.6 40% 3.3% 52%
manuf
chemicals 23.0 11% 5.6% 10%
computers & electronics 39.0 19% 9.3% 12%
transportation 34.3 17% 2.7%
others 27.1 13%
non manuf
wholesal trade 25.1 12% 3.6% 3%
Prof, sc & tec serv 28.7 14% 10.2% 23%
others 26.8 13%
textiles & leather 0.3 0.1% 1.00% 2%
Fab metal products 1.4 0.7% 1.50% 0.4%
Furniture 0.3 0.1% 0.80% 0.9%
Food 1.8 0.9% 0.60% 1.6%
financial serv / real estate 1.5 0.7% 0.30% 36%
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Tabela 13 Importancia de diversos sectores de actividade no emprego, valor acrescentado, vendas e PIB, USA, 2004 Employ = emprego, numero de pessoas (em milhares) V.add = valor acrescentado em biliões USD Shipments = volume ne geócios em biliões USD
employ v.add shipments employ v.add shipments % gdp
% % %
all
manuf 13404 2031 4266 100.0% 100.0% 100.0% 17.3%
non manuf
manuf
chemicals 768 295 528 5.7% 14.5% 12.4% 2.5%
computers & electronics 1060 215 362 7.9% 10.6% 8.5% 1.8%
transportation 1585 256 667 11.8% 12.6% 15.6% 2.2%
others 9991 1265 2709 74.5% 62.3% 63.5% 10.8%
non manuf
wholesal trade
Prof, sc & tec serv
others
textiles & leather 676 52 99 5.0% 2.6% 2.3% 0.4%
Fab metal products 1470 144 260 11.0% 7.1% 6.1% 1.2%
Furniture 560 45 81 4.2% 2.2% 1.9% 0.4%
Food 1448 223 511 10.8% 11.0% 12.0% 1.9%
Textile mills 216 18 40 1.6% 0.9% 0.9% 0.2%
Textile product mills 166 15 18 1.2% 0.7% 0.4% 0.1%
Apparel manuf 255 16 35 1.9% 0.8% 0.8% 0.1%
Leather 39 3 6 0.3% 0.1% 0.1% 0.0%
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