google e facebook “comem” 86% da publicidade...

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Os algoritmos e os dadosanalíticos, são a galinha dosovos de ouro dos gigantestecnológicos Google e Face-book. Os números não enga-nam: sem contar com aChina, 86% do mercado depublicidade digital global éinvestido nas duas multi-nacionais. Globalmente,40,9% do mercado de publi-cidade é canalizado paraestas plataformas.As estimativas são feitas

pelo jornal Dinheiro Vivo,com a ajuda dos relatórios econtas das duas empresas –a consultora Magna Globalfazia previsão semelhante(84%) no início de 2018. Ea galinha continua a engordarà conta da publicidade. Noano passado cresceram 22%e 33%, respectivamente, eapresentaram lucros recorde.

A influência dos gigantestecnológicos vai muito alémda disponibilização de ser-viços como redes sociais,mensagens, email, pesquisaou conteúdos vídeo. O seuganha pão é a publicidadede milhões de marcas a nívelmundial, feita nas duas pla-taformas. No meio das polé-micas em 2017 e 2018, emtorno do discurso de ódio(que fez a Google apertar asregras e eliminar mais con-teúdos “impróprios” do quenunca) e da privacidade(com os escândalos de dadospessoais comprometidos noFacebook), ambas as pla-taformas continuaram acrescer como nunca.O que distingue estas pla-

taformas amplas e repletasde serviços? Fornecem váriosdados em tempo real sobreos utilizadores, dão infor-mação analítica sobre osresultados que estão a serobtidos e permitem ter deze-nas de categorias, por loca-l ização, perfis e gostospessoais, entre outros, paraacertar no público alvo. Háainda uma grande versati-lidade no tipo de anúnciose nos serviços onde se podepublicitar. A Google é quetem mais volume, daí quetenha recebido 116,3 milmilhões de dólares em recei-tas publicitárias (contra 55mil milhões do Facebook,com Instagram e WhatsApp).A Europa significa cerca

de 31% das receitas da Googlee 24% das receitas do Face-book, valores ainda assimsignificativos para empresasnorte-americanas, que têmnos EUA o seu maior mercado.

4 DESTAQUE Sexta-feira19 de Abril de 2019

Margrethe Vestageré a temida(pelos gigantes tecnológicos)comissária da anti-concorrênciade Bruxelas e já passou multasà Google de 8,24 mil milhõesde euros. A última, de 1,49 milmilhões de euros, foi pela formacomo o AdSense, a ferramentada Google para os anunciantes,foi usado para prejudicar ser-viços de anúncios concorrentes.

No entanto, o gabinete deVestager, contactado peloDinheiro Vivo, indicou que aComissão Europeia não tratadirectamente do tema dapublicidade online ou da aglo-meração dos anunciantes emduas plataformas.

“As multas aplicadas refe-rem-se mais a práticas nas pes-quisas online de serviçosdiferentes da Google que pre-judicam rivais”, indica.

“Os reguladores têm de irpor outro lado, pelas conse-

quências negativas que estesmonopólios podem trazer”.Quem o diz é Howard Yu, galar-doado professor de executivose de inovação da escola IMD,na Suíça, e colunista da Forbes,que tem um livro recente,Salto. Yu explica que Googlee Facebook beneficiam de tercomeçado fora do espectroda publicidade:

“Tudo lhes foi permitido,porque as leis e regras não sãoactuais. A Europa pode ter umpapel activo para salvar a huma-nidade, mesmo que não con-siga separar estas empresas,tem aplicado regras que con-trariam e limitam os exageros”.

Yu refere-se ao regulamentode privacidade (RGPD), às mul-tas aplicadas e à mais recentelei dos direitos de autor. Dividiras empresas é que não acreditaser possível graças aos EUA.

Cláudia Martins, advogada

sénior da Macedo Vitorino &Associados, acredita que embreve o tema vai ganhar visi-bilidade na Comissão Euro-peia, até porque o domíniodos dois gigantes tem tudopara crescer.

“Empresas que têm acessoa tantos dados pessoais vãoter uma vantagem concorren-cial sobre os outros”. Dessaforma, “podem vir a levan-tar-se questões de concor-rência, já que os outros playerstambém precisariam dessesdados e não têm o poder eco-nómico para os deter”. É aíque podem entrar os regula-dores de concorrência, explicaCláudia Martins.

Entretanto, na Alemanha,os reguladores querem agoraproibir o Facebook de obrigaros utilizadores a cederem osseus dados pessoais para pude-rem ter acesso à rede social.

DR

DR

A influência dosgigantes tecnológicosvai muito além dadisponibilização deserviços como redessociais, mensagens,email, pesquisa ouconteúdos vídeo. O seu ganha pão é a publicidade demilhões de marcas a nível mundial, feita nas duasplataformas

Dois gigantes tecnológicos lideram receitas publicitárias no mundo. Que impacto têm no mercado? E que soluções existem? O artigo é do jornal “Diário de Notícias”

Google e Facebook “comem”86% da publicidade mundial

MEDIA TRADICIONAL CONTENTA-SE COM 14 POR CENTO

União Europeia impõe regras

Tv perde pela concorrênciaFoi em 2017 que a publicidadeonline ultrapassou a televisão

marcas mundiais, excluindo a China,apostam menos em rádios, televisão e jornais

75%

Forçar o consentimento de seus usuários com ameaças e o de coletar e usar mais dados do que são realmente

necessários, são objectos de multas.

Lei de privacidade do RegulamentoGeral de Proteção de Dados

MercadoPublicitário

ONLINE

Outros medias

68,5% 31,5%251

mil milhões$

valor do mercadomundial em 2018

Gigantes são multadas no Primeiro dia da lei

EM 2018vs

RECEITAS

MIL MILHÕES $

RECEITAS PUBLICITÁRIAS

LUCROS

FUNCIONÁRIOS

UTILIZADORES

136 5500 80

116 5500 00

30 2270 10

98 35

6 230 50

MIL MILHÕES $

MIL MILHÕES $

MIL TRABALHADORES

MILHÕES DE USUÁRIOS

para os medias tradicionais14%

Áustria Alemanha Bélgica França

3,7

1,31,3

£

£1,3$ £

marcas marcas

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Outros medias

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UTILIZADORES

apostam menos em rádios, televisão e jornaismarcas mundiais, excluindo a China,

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Geral de Proteção de Dados Lei de privacidade do Regulamento

necessários, são objectos de multas.e o de coletar e usar mais dados do que são realmenteForçar o consentimento de seus usuários com ameaças

FrançaBélgicaAlemanhaÁustria

marcas

Comissária da anti-concorrência, Margrethe Vestager

Consequências? Algumas multas e pouco mais

Permitem a difusão emdirecto de suicídios, de vio-lações e de homicídios, con-tinuam a alojar e a publicaro vídeo do ataque à mesquita,permitem aos publicitáriosdirigir anúncios para “anti-judeus” e outros segmentosdo mercado do ódio e serecusam a aceitar qualquerresponsabilidade por con-teúdos que difundam ou malque causem. (...). “Não sepode confiar no Facebook.São mentirosos patológicose sem moralidade.”

Foi assim que John Edwards,presidente do equivalenteneozelandês da ComissãoNacional de Protecção deDados, reagiu, em dois twitspublicados há poucos dias,à entrevista do CEO do FB,Mark Zuckenberg, ao canalamericano ABC. Edwardstinha proposto que a redesocial criasse uma décalageentre a emissão e a difusãode vídeos, para permitirmoderação (ou seja, o blo-que io da emi s são ) , s enecessário. Mas Zuckerbergrecusou essa possibilidade,dizendo que isso iria pôrem causa um serviço queserve para comunicar acon-tecimentos e aniversáriose que o problema não é atecnologia ser “má”, masas pessoas - uma justificaçãoque faz lembrar a da lobbydas armas, que usa o mesmotipo de argumento: não sãoas armas que matam, masas pessoas.

Ora!, na sequência domassacre de Março, a NovaZelândia decidiu de imediatolegislar sobre as armas, proi-bindo a venda de armas deassalto e semi-automáticas.Porém, impedir que voltea suceder alguém usar oFacebook Live para trans-mitir, durante 17 minutos,em tempo real, a morte dedezenas de pessoas (50foram assassinadas emChristchurch) e que tal sejavisto e descarregado (foramretirados posteriormentemais de 1,5 milhões de cópiase impedidos outros tantosdownloads) por milhares deinternautas, antes de serretirado, é algo que aparen-temente não será tão simplesde conseguir.

O mais que a Nova Zelân-dia poderá fazer, sem a cola-boração do FB, será copiara Austrália. Este país, deonde é originário o terroristade Christchurch, já passou

uma lei que exige a retiradade conteúdos de ódio noprazo máximo de uma hora,reservando-se o direito depunir penalmente os res-ponsáveis locais das redessociais. A propósito, o minis-

tro australiano da Justiçadeclarou:

“É totalmente irracionalque tais conteúdos possamestar disponíveis mais deuma hora, sem que os res-ponsáveis das redes ajam.

(...) Esta lei deve prevenir quetal suceda e criminalizá-loe permitir ao Governo umapossibilidade de resposta,quando uma organizaçãocomo o Facebook deixa essetipo de difusão em directo,disponível muito tempo nasua plataforma.”

Edwards, nos twits quepublicou e depois apagou,dizendo que tinham susci-tado reacções tóxicas, acu-sou ainda o FB de “permitirgenocídios” (referindo aBirmânia e a perseguiçãodos Rohingyas, que foi inci-tada em posts no Facebook)e de “facilitar a ingerênciaestrangeira nas instituiçõesdemocráticas” (aqui refe-rindo a ingerência russa naseleições americanas).

E terminou com a hashtag“They DontGiveAZuck”, umtrocadilho a partir da expres-são “don't give a fuck”, quesignifica “não querer saber”,e do diminutivo de Zucker-berg. Edwards esteve tam-bém na rádio a contestar osargumentos usados por Zuc-kerberg na entrevista à ABC:“Ele não nos pode dizer, ounão nos quer dizer, quantossuic íd ios , homicídios ,agressões sexuais foramdifundidas em directo nasua plataforma.”

Há poucos dias, o jornalNew Zeland Herald noticiouque ainda há vídeos do mas-sacre no FB. Apesar de Zuc-kerberg, na entrevista, terdito que o FB está a trabalharcom a polícia neozelandesa,a reacção de um porta-vozà revelação do Herald foi deque a plataforma está a tra-balhar “24 horas por dia,para retirar novos carrega-mentos do vídeo, usandouma combinação de tecno-logia e de funcionários.”

Edwards, que diz ser óbvioque o Facebook deveria tercriado salvaguardas antesde lançar o Facebook Liveem 2015, por se tratar deum serviço de “alto risco”,perguntou à plataforma, noinício da passada semana,se tinha feito alguma coisaem relação ao serviço dedirectos desde 15 de Março- o dia do massacre - que seestivesse em vigor antes teriapodido impedir o directo damatança ou assegurar queseria logo apagado ou blo-queado, ou objecto de análisehumana. A resposta foi“não”, assinalou Edwardsno Twitter.

5Sexta-feira19 de Abril de 2019DESTAQUE

“Mas Zuckerbergrecusou essapossibilidade,

dizendo que isso iriapôr em causa umserviço que servepara comunicaracontecimentos

e aniversários e queo problema não é atecnologia ser “má”,mas as pessoas -

uma justificação quefaz lembrar a dalobby das armas”

“Este país,de onde

é originário o terrorista deChristchurch, já

passou uma lei queexige a retirada deconteúdos de ódio no prazo máximo

de uma hora,reservando-se

o direito de punirpenalmente os

responsáveis locaisdas redes sociais”

“O Facebook é dirigido

por mentirosospatológicos

e sem moral”

JOHN EDWARDS, NEOZELANDÊS DA PROTECÇÃO DE DADOS

O presidente do equivalenteneozelandês da Comissão de Protecção

de Dados atacou violentamente oFacebook, por se recusar a mudar as

regras que permitem a difusão ao vivode filmagens, que foi usada peloterrorista de Christchurch, paratransmitir o massacre em duas

mesquitas. “Não se pode confiar no Facebook”, concluiu.

O artigo é do “Diário de Notícias”

PAP / EPA / MICK TSIKAS

HAGEN HOPKINS

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