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Eixo temático: Extensão em geografia Física
GEOGRAFIA FÍSICA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA O ENSINO A PARTIR DA PRÁTICA DE CAMPO NA ILHA GRANDE –(RJ)
- Anne Caroline Paiva Vieira caroline_vieira86@yahoo.com.br - Jacqueline Silva Rodrigues jacquelinesilvarodrigues@gmail.com
- Letícia Teixeira Molinari Gentil letícia_mbr@hotmail.com - Sonia Vidal Gomes da Gama soniagea@yahoo.com.br Resumo:
O presente artigo faz parte do projeto de extensão “Trilhas Educativas” desenvolvido pelo Núcleo de Ensino e Pesquisa em Planejamento Territorial (NEPPT) vinculado ao Instituto de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Voltado para a comunidade acadêmica e, principalmente, para a comunidade externa à universidade, tem como objeto de estudo os impactos ambientais instalados e identificados ao longo dos acessos em unidades de conservação, também denominados “trilhas”. Entende-se que esse estudo seja um dos meios de possibilitar a educação ambiental em espaços protegidos, pois as trilhas são sempre utilizadas como viabilizadoras de exploração dos atrativos locais e, concomitantemente, podem potencializar as fragilidades naturais sem que os diferentes atores, como moradores, pesquisadores e turistas percebam. Neste sentido, as trilhas como principais mediadores do contato homem-natureza são também vetores de pressão antrópica em UCs e, por essa razão, são utilizadas como unidade espacial de análise ambiental para a identificação e estudo de impactos ambientais em espaços protegidos, consubstanciando-se no nosso viabilizador da educação ambiental. O recorte espacial é o Parque Estadual da Ilha Grande (PEIG) na Ilha Grande, localizado na Ilha Grande, distrito de Angra dos Reis, sul do estado do Rio de Janeiro.
Palavras-Chave: Educação Ambiental, Trilhas, Ilha Grande.
Abstract
This article is part of the extension project of "Education Tracks" developed by the Center for Teaching and Research in Territorial Planning (NEPPT) linked to the Institute of Geography, University of Rio de Janeiro. Toward the academic community and especially to the community outside the university, has as object of study the environmental impacts identified and installed over the access in conservation units, also called "tracks". It is understood that this study is a means of providing environmental education in protected areas, because the tracks are always used as enabling the exploitation of local attractions and, concomitantly, may enhance the natural weaknesses without the actors, as residents, researchers and tourists understand. In this sense, the tracks as the main mediators of the contact between men and nature are also vectors of human pressure on CUs and, therefore, are used as a space of environmental analysis for the identification and study of environmental impacts in protected areas, is embodied possible in our environmental education. The cut is the space of Ilha Grande State Park (PEIG) in Ilha Grande, located in Grand Island, district of Angra dos Reis, south of the state of Rio de Janeiro. Keywords: Environmental Education, Trails, Ilha Grande.
Introdução:
O Projeto “Trilhas Educativas”
O projeto “Trilhas Educativas” parte do princípio de trabalhar com a educação ambiental em
espaços protegidos a partir do contato direto do público com o objeto observado. Tendo em mente que
para o conceito de educação ambiental ainda não há um consenso, consideramos para a idealização do
projeto que o campo de ação da educação ambiental é a relação entre o homem com o meio ambiente
(RIZZO, 2007) e que ela se pretende uma via para incentivar a reflexão de um indivíduo ou
comunidade sobre o complexo funcionamento do sistema ambiental e os processos atuantes, bem
como sobre o seu próprio papel nessa dinâmica. Sendo assim, a educação ambiental proposta é de
cunho transformador, ajudando na mudança de atitude dos atores envolvidos (MARCATTO, 2002).
A unidade de análise do projeto é a trilha ou acesso, por considerarmos esta um vetor de
pressão antrópica ao ser o principal mediador do contato homem-natureza em unidades de
conservação, principalmente no que se refere à categoria de “parque”, que sugere uma preservação
mais rigorosa, mas ainda assim aceita a visitação e o lazer.
Este projeto possibilita a investigação das trilhas (caminhos, acessos, estradas, vias) em áreas
protegidas, freqüentadas por diferentes categorias de usuários, sejam eles visitante, turista, morador,
vizinho, pesquisador ou mesmo gestor, na figura do agente ambiental, dentre outros. Atinge, portanto,
o público visitante (educação ambiental) de modo direto e o poder público (subsídio para gestão) de
modo indireto.
O objeto de estudo do projeto, porém, não são simplesmente as trilhas, mas os impactos
ambientais que podem ser observados nelas, muitos deles decorrentes de sua utilização. Nessa
perspectiva, o pisoteio nas trilhas, a concentração de visitantes num mesmo período do ano aliada ao
perfil desses visitantes e aos usos indevidos podem provocar a instalação de impactos ambientais que
por vezes são irreparáveis e têm como conseqüência a degradação do ambiente. Vale destacar também
que para fundamentar esse projeto é necessário o desenvolvimento de pesquisa integrada, com ênfase
nos estudos do meio físico (solos, relevo, declividade, topografia, vegetação, substrato rochoso, etc.)
voltado para a análise da vulnerabilidade ambiental e a união de questões mais humanas, como o perfil
dos visitantes.
O projeto iniciou-se no Parque Municipal do Mendanha, localizado na zona oeste do município
do Rio de Janeiro e foi levado para o Parque Estadual da Ilha Grande em razão da concentração da
pesquisa geográfica pelo NEPPT na Ilha, onde a UERJ mantém o Centro de Estudos Ambientais e
Desenvolvimento Sustentável.
O Recorte Espacial
A Ilha Grande situa-se na Região Sudeste do Estado do Rio de Janeiro, Região da Costa Verde,
é um distrito do Município de Angra dos Reis e possui as seguintes coordenadas geográficas
LatitudeS: Entre23º04',5 e 23º13',8 - Longitude W: Entre 44º05',5 e 44º22',6 (Figura 1).
Figura 1: Localização da área de estudo Fonte: www.ilhagrande.com.br /2009
Conceito de Trilha
“(...) trilhas são caminhos existentes ou estabelecidos, com diferentes formas, comprimentos e
larguras, que possuam o objetivo aproximar o visitante ao ambiente natural, ou conduzi-lo a um
atrativo específico, possibilitando seu entretenimento ou educação através de sinalizações ou de
recursos interpretativos.” (SALVATI, 2008).
A partir dessa idéia, entende-se que a “trilha” mantém uma íntima relação com atividades de
lazer, recreação e turismo.
As “trilhas” podem ter outros significados como acessos, caminhos, vias... , pois possibilitam a
locomoção, a mobilidade e a praticidade, considerando as diferentes categorias de usuários com suas
finalidades distintas.
Porém, entendemos que na Ilha Grande esses dois significados se interligam e as vias terrestres
presentes lá se prestam para ambos os usos. Utilizamos a terminologia “trilhas” por ser de uso corrente
inclusive entre a população local.
As trilhas na Ilha Grande (Figura2)
Figura 2: Trilhas da Ilha Grande, em destaque a trilha T14, localização da área de estudo.Fonte: www.ilhagrande.org
(modificado) /2009.
As trilhas (acessos) sempre foram utilizadas na ilha e garantem, além da mobilidade
populacional, a visitação de pontos de atrativo turístico. Essas trilhas são utilizadas por moradores e
por milhares de pessoas anualmente sem que sofram qualquer tipo de manutenção ou a manutenção
adequada. Algumas das mais visitadas estão em áreas protegidas do Parque Estadual da Ilha Grande
(PEIG) sob a responsabilidade do Instituto Estadual de Floresta (IEF) e há grande propaganda na mídia
sobre a visitação das trilhas, que entendemos ser incentivada pelos próprios órgãos responsáveis pela
conservação da Ilha Grande.
As trilhas na Ilha Grande são, em sua maioria, caminhos abertos nos séculos passados em que
prevaleciam outras atividades econômicas, como o cultivo e a pecuária, garantindo a circulação de
mercadorias e a mobilidade entre os núcleos populacionais situados nas enseadas. Durante o
funcionamento do Complexo Presidiário, garantiam a locomoção dos presos, seguranças, familiares,
residentes dentre outros. Recentemente, as trilhas são utilizadas também por pesquisadores, visitantes e
turistas.
Os estudos realizados pelo grupo até o momento, voltados para análise ambiental, apontam que
essas trilhas hoje funcionam também como “vetores de pressão antrópica”. Apesar de sinalizadas e
chamar a atenção do visitante, são eixos que cortam as áreas de floresta, cursos d'água, mangues,
praias, sem monitoramento ou manutenção, e propiciam efeitos negativos que potencializam a
degradação ambiental. A idéia principal do projeto é a de manter a essência do significado de “trilha”.
A trilha em estudo Trilha do Atalho ou dos Bambus
A principal vila de todo o território da ilha é a chamada Vila do Abraão, que fica na porção da
ilha voltada para o continente. Nela está localizado o principal atracadouro da ilha, onde desembarcam
a maior parte dos visitantes e é nessa vila que se encontra a maior parte da população e dos serviços do
distrito e também a sua sede. A Vila do Abraão se encontra protegida pela categoria de Área de
Proteção Ambiental, a APA Tamoios, que abrange todo o território da Ilha.
Do lado oposto da ilha, na costa oceânica, fica a Vila de Dois Rios (juntamente com a trilha
utilizada para a realização do projeto), que se encontra sob a categoria de Parque, o Parque Estadual da
Ilha Grande. Este, como categoria mais restritiva que a APA, se sobrepõe a ela no que se refere aos
limites para possíveis interferências. A Vila se encontra voltada para uma função de preservação
ambiental (uso institucional), estando localizado nela o Centro de Estudos Ambientais e
Desenvolvimento Sustentável (CEADS) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É nessa vila
também onde ficam as ruínas da antiga Colônia Penal Cândido Mendes, o famoso presídio que abrigou
desde presos políticos da ditadura militar quanto fugas espetaculares, implodido em 1994.
Em razão da representatividade da Colônia Penal para a história do Brasil e não só para a
história da ilha e também devido a aspectos naturais, como a própria praia de águas azuis e cristalinas,
a Vila de Dois Rios, apesar de oficialmente protegida e com visitação limitada até certo horário, é
intensamente visitada e ainda abriga antigos moradores, anteriores à criação do PEIG.
Entre as duas vilas citadas a única via de ligação direta por terra é a estrada T14, antiga estrada
da Colônia Penal que era usada pelos funcionários do presídio, também chamada de “trilha” inclusive
pelas próprias placas instaladas pela prefeitura para a sinalização. Essa estrada tem uma longa
extensão, aproximadamente 13 quilômetros, e seu terreno é bastante desnivelado, dificultando a
passagem de uma vila para outra quando consideramos que a estrada é bastante utilizada por pedestres,
uma vez que os únicos carros permitidos na ilha são aqueles de uso institucional. Sendo assim, a
caminhada entre uma vila e outra é, em geral, bastante cansativa e demorada.
Ao longo da Trilha T14 há um outro acesso, denominado de Trilha do Atalho ou dos Bambus.
(Figura 3). Ele se encontra de forma adjacente à trilha T14 e tem realmente a função de atalho,
encurtando o percurso dessa trilha em cerca de 3 quilômetros. A Trilha do Atalho tem uma extensão de
960 metros. Ela foi escolhida para ser a unidade de análise do projeto em seu momento inicial, não por
acaso, mas por poder ser considerada um dos acessos mais utilizados da Ilha Grande, ao servir como
facilitador de um percurso que liga uma vila onde se encontra a maior infra-estrutura turística do
distrito (Abraão) à vila que é um dos principais destinos de visitação dos turistas lá hospedados (Dois
Rios).
Além disso, a escolha dessa trilha foi feita não só pela quantidade de usuários. Os indivíduos
que utilizam a trilha são também muito variados, abrangendo atores diversos, como os próprios
moradores da Vila de Dois Rios, considerando que essa trilha T14 e seu atalho são os únicos elos de
ligação desta com a Vila do Abraão – que é onde esses moradores procuram bens e serviços que não
existem na localidade protegida, como correios, farmácias, mercados etc. Enfim os atores que utilizam
a trilha são os mais diversos, logo o público do projeto também o é.
Figura 3: Entrada da Trilha do Atalho, com a placa indicativa T14 depredada. Fonte: Acervo NEPPT/2008
Conceito de Impactos Ambientais
Impactos ambientais, segundo a Resolução CONAMA nº 001 de 23 de janeiro de 1986, em seu Artigo
1º:
“(...) considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas,
químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou
energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I - a
saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e
econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V
- a qualidade dos recursos ambientais.”(CONAMA,1986)
Tendo essa concepção de impactos como balizadora de todo o projeto, podemos, de modo
geral, destacar os principais problemas decorrentes da visitação em trilhas: a compactação do solo, a
perturbação dos canais de drenagens, a ocorrência de ravinamentos ou outras formas de erosão, o
efeito de borda na vegetação, a diminuição da biodiversidade, entre outros.
Na Ilha Grande, para o desenvolvimento do projeto, foram realizados trabalhos de campo para
a identificação dos impactos que podem ser encontrados na Trilha do Atalho ou dos Bambus. A trilha,
que possui 960m de extensão, foi dividida em cerca de 9 “pontos” eqüidistantes em 100m. A escolha
de apenas 9 pontos foi feita por ser uma atividade que se pretende educativa e lúdica e, portanto, o
destaque de muitos pontos poderia torná-la desgastante para público.
Material e Método (metodologia)
A metodologia utilizada para a promoção da educação ambiental no PEIG está baseada na
modalidade de “interpretação ambiental”, segundo Bedim (2002). Trata-se de uma leitura através dos
próprios sentidos e experiências sobre os aspectos observáveis do meio ambiente, que permite maior
contato entre o intérprete e o interpretado, que na nossa concepção, facilita o entendimento sobre a
dinâmica ambiental.
Utilizamos, para tanto, o auxílio de placas informativas, que configuram uma trilha auto-
guiada, onde os visitantes têm a informação a sua disposição a qualquer momento, sem a necessidade
de um guia em pessoa. (SIQUEIRA, 2004)
Assim sendo, definimos marcos, que chamamos de “pontos”, na trilha onde alguns impactos
podem ser identificados e então esses locais são destacados a partir de estratégias que visam chamar a
atenção do indivíduo que utiliza a trilha. Isso pode ser feito através de placas provisórias fincadas ao
longo da trilha (Figura 4), com as informações necessárias sobre o devido ponto, onde podemos então
promover a reflexão de pessoas de origens e escolaridades diversas para um problema (o impacto
ambiental e a degradação) e, a partir disso, é possível difundir posturas e práticas que visam minimizar
os impactos ocasionados em ambientes que são oficialmente voltados para a conservação. Através
dessas informações, acreditamos que levaremos os visitantes a uma reflexão sobre o seu próprio papel
na dinâmica do meio será incentivada.
Figura 4: Exemplos de placas fixadas sinalizadoras de impactos. Fonte: Acervo NEPPT/2008.
Ao final de cada Trilha, os indivíduos (ou grupos) foram indagados se poderiam responder um
pequeno questionário. Foram aplicados questionários em 58 pessoas, durante campanhas de campo
em 13/3, 15/6, 16/6 e 05/7 de 2008, onde a partir da análise de dados, como: nacionalidade, faixa
etária, grau de escolaridade, tamanho dos grupos (quando em grupo), quanto tempo permanecerão etc,
com isso, podemos traçar um perfil dos usuários.
Figura 5: Entrevistas aplicadas aos turistas que passavam na trilha. Fonte: Acervo NEPPT/2008.
Questionário Aplicado
Pesquisa sobre os Visitantes das trilhas no Parque Estadual da Ilha Grande
Esta pesquisa é parte do projeto de pesquisa na Ilha Grande – professores e alunos do Departamento de geografia da UERJ.
Sua ajuda no preenchimento desse é questionário é muito importante!
Data:_____________ Nome do Pesquisador:______________________ Trilha: _____________________
1.OndeMora? Cidade:_________________________Estado/País:____________________________________
2. Você já conhece a Ilha? ( ) Sim ( ) Não 3. E essa trilha? ( ) Sim ( ) Não
4. Qual o tamanho do seu grupo?
( ) Está sozinho ( ) 2 – 4 pessoas ( ) 5 – 10 pessoas ( ) Mais de 10 pessoas
5. Quanto tempo passará na Ilha?
Visitante de 1 dia: _______ horas
Visitante que pernoita: ( ) 1 noite ( ) 2 noites ( ) 3 noites ( ) Mais de 3 noites
6.Que tipo de hospedagem está utilizando? ( ) Acampamento ( ) Pousada ( ) Albergue ( ) Outros
7. Que atividades você pratica na ilha?
( ) Cachoeiras ( ) Praias ( ) Acampamento ( ) Trilhas ( ) Passeios de barco ( ) Caiaque
Outros:______________________________________________________________
8. Faria essas atividades mesmo em dias de chuva?
( ) não ( )sim, em caso de chuva fraca ( )sim, em qualquer situação
9. Você acha que a Ilha está bem cuidada? ( )Sim ( ) Não
10. Você se sente seguro na Ilha? Considerando violência ou animais.
( ) Sim ( ) Não Por quê?_______________________________________________________________
11. Encontrou muitos visitantes na Ilha? ( ) Sim ( ) Não 12. Acha isso positivo? ( )Sim ( ) Não
Sobre a Trilha:
13. Qual o seu objetivo ao fazer essa trilha?
14.Encontrou dificuldade(s) na trilha? Qual(is)?
15. Entrou lixo? ( )Sim ( ) Não 16. Percebeu a presença de animais? ( ) Sim ( ) Não
17. E na vegetação? Algo chamou sua atenção? ( ) Sim ( ) Não
O quê? ______________________________________________________________________
Esta é uma área protegida: o Parque Estadual da Ilha Grande
18. Você acredita que a visitação causa impacto? ( ) Sim ( ) Não
De que forma isso poderia acontecer? ________________________________________________________
19. O que faz com seu lixo?
20. Você leva souvenir das trilhas ou praias? ( ) Sim ( ) Não Qual? ___________________________
21. Qual o seu grau de escolaridade?______________________ 22. Qual a sua idade? ____
Brigada Mirim:
O projeto conta com o apoio da Ong Brigada Mirim, visando à manutenção e divulgação do
programa aos mais diversos atores. De forma com que todos os que interagiram e interagem no
processo sintam-se responsáveis e colaboradores pela sua evolução.
A Brigada Mirim é uma ong constituída por cerca de 50 jovens de 14 a 17 anos que promovem
a conservação da natureza por meio da conscientização ambiental de turistas e moradores desde 1989
na Ilha Grande, buscando reverter o quadro de degradação provocado pelo turismo predatório na área
citada.
Figura 7: Exposição da pesquisa para a ONG mirim ambiental Brigada Mirim. Fonte: Acervo NEPPT/2008.
Figura 8: Percorrendo a trilha com a Brigada Mirim para demonstrar na prática a pesquisa. Fonte: Acervo NEPPT/2008.
Resultados e Discussões
As figuras (9,10, 11,12,13 e 14)) a seguir são exemplos de impactos que destacamos na Trilha
do Atalho:
Figura 9: Início da Trilha já apresentando impactos, compactação do solo pelo pisoteio. Fonte: Acervo NEPPT/2008
Figura 10: Compactação do solo e exposição de raízes. O papel do pisoteio é fundamental nesse impacto que provoca o empobrecimento do solo, o aumento do escoamento superficial e a degradação da vegetação marginal. Fonte: Acervo
NEPPT/2008
Figura 9 Figura 10
Figura 11: Erosão causada pelo fluxo hídrico pluvial que é desviado pela trilha T14 e afeta a trilha do Atalho. Fonte: Acervo NEPPT/2008.
Figura 12: Demonstração de uma placa fixada e seu impacto, erosão da trilha. Fonte: Acervo NEPPT/2008.
Figura 13: Parte da trilha degradada pela erosão pluvial e pelo uso sem o manejo adequado. Fonte: Acervo NEPPT/2008.
Figura 14: Alta erosão da trilha, tendendo a desaparecer neste ponto. Fonte: Acervo NEPPT/2008.
A experiência de campo e a análise dos questionários aplicados até julho de 2008 apontam que: os
indivíduos (diferentes categorias de usuários) fazem a Trilha dos Bambus com a finalidade de encurtar
o percurso até o seu objetivo; a maioria está em busca de lazer, diversão (cachoeira, praia, surf,
mergulho) em Dois Rios; uma pequena parcela de visitantes e turistas dirige-se à Parnaioca e outra
restringe-se à categoria de moradores e trabalhadores que apenas cortam caminho; a maioria não
observa a natureza e tem como objetivo apenas chegar no ponto desejado; a maioria diz não ter
encontrado lixo ao longo da trilha e carregam seu próprio lixo nas mochilas; a maioria declarou que a
visitação causa impactos ao ambiente e cita como exemplo a compactação dos solos (de modo geral,
bem visível). Todos entrevistados declararam que se sentem seguros na Ilha e nas Trilhas.
Os questionários foram aplicados na Brigada Mirim, em Turistas, Visitantes, Moradores e
Funcionários UERJ.
Destaca-se que a experiência com grupos de indivíduos apontam resultados um pouco
diferentes, pois, alguns entendiam que sua presença podia ser impactante outros não se viam como
agentes maximizadores de impactos saberem que vão percorrer a Trilha com o intuito de observar o
ambiente como um todo.
Após a exposição do trabalho para a ONG ambiental mirim Birgada Mirim, foi proposto que se
estendesse a participação deles no trabalho e a extensão do projeto para outras trilhas da Ilha Grande.
Iniciou-se a extensão do projeto “Trilhas Educativas” para uma outra trilha de grande importância e
visitação, a Trilha do Papagaio (Figuras 15 e 16), foi feito o reconhecimento da trilha, medidas a
extensão e largura(média) , a identificação de processos naturais, identificação de impactos ambientais.
Assim deu-se inicio a continuação do projeto.
Figura 15: Início da Trilha do Pico do Papagaio. Fonte: Acervo NEPPT/2008.
Figura 16: Trilha do Pico do Papagaio, também apresentando impactos, raízes expostas, danos a vegetação. Fonte: Acervo NEPPT/2008.
Conclusões
Acredita-se, que com esse tipo de trabalho é possível difundir posturas e práticas que visam
minimizar os impactos ocasionados em ambientes que são voltados para a conservação e, ao mesmo
tempo, levar o visitante a uma reflexão sobre o seu próprio papel na dinâmica do meio. E também
conhecer e analisar o perfil dos visitantes utilizadores da trilha estudada.
Com as referidas informações e meios de interpretação, acreditamos que poderemos suscitar
uma reflexão, o conhecimento e a tomada de atitudes e práticas que visem a uma utilização menos
impactante desses espaços protegidos.
Referências CIFUENTES, M. Determinación da Capacidad de Carga Turística em Áreas Protegidas. Publicação patrocinada pelo
Fundo Mundial para a Natureza – WWF, Turrialba, Costa Rica, 1992.
BEDIM, Bruno Pereira. Trilhas Interpretativas como instrumento pedagógico para a educação biológica e ambiental:
reflexões. Universidade Federal de Ouro Preto– UFOP. 2004. BioEd no Rio de Janeiro.
(http://www.ldes.unige.ch/bioEd/2004/pdf/bedim.pdf)
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CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA. 1986. Resolução Conama nº 001.
COLE, D. N. Trampling Effects On Mountain Vegetation in Washington, Colorado, New Hampshire, and North Carolina.
USDA Forest Service Research Paper INT-464, Intermountain Research Station, Ogden, Utah 56 pp. 1994.
COSTA, S. M. Avaliação Geoambiental das Trilhas do Maciço Gericinó-Mendanha: Uma proposta de Manejo / Cidade do
Rio de Janeiro. Monografia em Geografia – UFRJ. Depto. De Geografia/IGEO. 2002.
FUNDAÇÃO CIDE. Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2005.
MARCATTO, Celso. Educação Ambiental: Conceitos e Princípios. Belo Horizonte: FEAM, set/2002, 1ª ed, 64p.
PASSETTI, Gabriel. Ilha Grande: ilha-cárcere. Klepsidra: Revista Virtual de História, jun/jul 2003 17ed.
RIZZO, Juan Ferrari. Educação Ambiental ou Educação Ambiental. Minas Gerais: Revista Acadêmica Secan Online,
set/out/nov 2007, 3ed.
SALVATI, S.S., Trilhas: Conceitos, Técnicas de Implantação e Impactos. Disponível em:
http://ecosfera.sites.uol.com.br/trilhas.htm acesso em: 06 de Junho de 2008.
SIQUEIRA, Lauren Fernandes. Trilhas interpretativas : uma vertente responsável do (eco)turismo. Caderno Virtual de
Turismo, v. 4, n. 4, 2004. (http://www.ivt.coppe.ufrj.br/caderno/ojs/include/getdoc.php?id=219&article=74&mode=pdf).
http://www.ilhagrande.org/sys/s.ig?a=127 acesso em : 10 de março de 2009.
http:// www.ilhagrande.com.br acesso em: 10 de março de 2009.
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