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08/04/2015 Gasometria arterial: o que devemos saber | Sala de Enfermagem
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Sala de Enfermagem
EXAMES LABORATORIAIS E TESTES DIAGNÓSTICOS
Gasometria arterial: o que devemos saber
8 DE ABRIL DE 2015 | ITALO LEITE | 7 COMENTÁRIOSA gasometria arterial avalia a troca gasosa, através da medida das pressões parciais de oxigênio(PaO2) e dióxido de carbono (PaCO2), assim como o pH de uma amostra arterial. Comumenteutilizado, tal procedimento requer uma série de cuidados prévios que vão desde a escolha domelhor local, até a avaliação clínica do paciente e verificação de medicamentos de uso habitual dapessoa, os quais possam vir a causar sangramentos. Tais cuidados acabam sendo essenciais paraque não ocorram uma série de complicações advindas não só da técnica de punção utilizada, bemcomo das próprias condições clínicas do paciente.
Neste sentido, verifica‑se que tal procedimento apresenta‑se bastante complexo na sua realização,e desta forma, a lei que rege o exercício da profissão de enfermagem, Lei no 7.498, de 25 de junhode 1986, regulamentada pelo Decreto no 94.406 de 08 de junho de 1987, é bastante cristalina:
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[…]Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo‑lhe:I – privativamente:[…]m) cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de basecientífica e capacidade de tomar decisões imediatas;[…] (BRASIL, 1986).
O COREN‑SP emitiu parecer a respeito do assunto (confira na íntegra clicando aqui(http://portal.coren‑sp.gov.br/sites/default/files/parecer_coren_sp_2013_4.pdf)), classificando‑ocomo privativo do enfermeiro.
A PaO2 mede a pressão exercida pelo oxigênio dissolvido no sangue e avalia a habilidade dospulmões de oxigenar o sangue. A Paco2 mede a pressão exercida pelo dióxido de carbonodissolvido no sangue e reflete a pressão exercida pelo dióxido de carbono dissolvido no sangue ereflete a adequação da ventilação pulmonar. O pH mede a concentração dos íons de hidrogênio(H+) e os íons carbonato (HCO3‑) representam a medida da concentração desses ions no sangue,regulada pelos rins. A saturação de oxigênio (SaO2) é a expressão da quantidade de oxigêniosanguíneo por meio de porcentagem, refletindo a quantidade de oxigênio que o sangue podetransportar se todas as moléculas de hemoglobina (Hb) estivessem completamente saturadas.
A gasometria arterial objetiva avaliar a eficácia da troca de gases pulmonares; avaliar aintegridade do sistema de controle ventilatório; determinar os níveis ácido‑básicos do sangue emonitorizar e avaliar a terapia respiratória.
Procedimento
Preparação do paciente
1. Explicar ao paciente que a gasometria arterial avalia como os pulmões estão entregando ooxigênio ao sangue e eliminando o dióxido de carbono.
2. Avisar ao paciente que o exame requer uma amostra de sangue. 3. Explicar ao paciente quem irá proceder à punção arterial.4. Após avaliação, informar ao paciente qual será o local da punção: artéria radial,braquial ou femoral.
5. Informar ao paciente que ele pode não precisar de restrição alimentar ou de fluidos.6. Instruir o paciente a respirar normalmente durante a coleta de sangue arterial e avisá‑lo queuma dor rápida e latejante poderá ser sentida no local da punção.
Implementação
1. Lave as mãos conforme técnica adequada.
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Lave as mãos de acordo com a técnicaadequada
2. Organize o material necessário: Agulha hipodérmicaSeringa de 3ml com heparina (ou seringa específica para gasometria arterial)Cubo de borracha para proteção da agulha (em geral, presente nos kits para gasometriaarterial)Tampa plástica para a seringaBolinha de algodão com álcool 70% (ou lenço antisséptico)Bolinha de algodão seco (ou gaze)Luvas de procedimento
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(https://saladeenfermagem.files.wordpress.com/2015/04/abg‑
kit‑contents.jpg)3. Posicione o paciente com o punho em extensão.4. Localize a artéria radial com os dedos indicador e médio. Realize o Teste de Allen: comprimaas artérias radial e ulnar ao mesmo tempo. A mão ficará descorada. Interrompa a compressãosobre a artéria ulnar e a cor normal da mão deverá retornar. Esse procedimento assegura quehaverá aporte sanguíneo para a mão caso haja espasmo da artéria radial.
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5. Calce as luvas e conecte a seringa à agulha.6. Desencape a seringa e localize novamente a artéria radial usando a sua mão não‑dominante.
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Desencape a agulha
7. Insira a agulha na pele em um ângulo de 30 graus, no local onde há pulsação máxima daartéria radial. Avance lentamente a agulha até que haja um fluxo de sangue dentro da agulha.A pressão arterial preencherá a seringa.
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Sinta o pulso e prepare para inserir a agulha.Segure a seringa como se fosse um lápis
8. Remova o conjunto agulha/seringa, protegendo a ponta da agulha no cubo de borracha.
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(https://saladeenfermagem.files.wordpress.com/2015/04/place‑the‑needle‑into‑the‑bung.jpg)9. Aplique pressão sobre o local da punção com a bolinha de algodão para estancar osangramento. Prolongue a pressão por um período de 3 a 5 minutos.
10. Retire de forma segura a agulha (com a ponta já protegida) e despreze na caixa coletora depérfuro‑cortantes.
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11. Oclua a ponta da seringa com a tampa fornecida pelo fabricante e retire qualquer bolha de arpresente.
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Tampe a seringa. Os kits de gasometriatrazem seringas com uma tampa apropriada
12. Disponha o material em uma caixa com gelo (ou gelox) e encaminhe prontamente paraanálise.
13. Retire as luvas, despreze‑as no cesto de lixo infectante.14. Lave as mãos e agradeça ao paciente.15. Realize a anotação correta sobre a realização do procedimento no prontuário do paciente. Não
esqueça de relatar possíveis intercorrências.
Intervenções de Enfermagem
1. Após aplicar pressão sobre o local da punção por um período de 3 a 5 minutos, depois deverificar que o sangramento cessou, faça um curativo com gaze firmemente fixada sobre olocal puncionado.
2. Se o local puncionado for no membro superior, não prenda fita adesiva em toda acircunferência do braço. Isso pode restringir ou interromper a perfusão sanguínea.
3. Se o paciente está em uso de anticoagulantes ou possui alguma coagulopatia, aplique pressãono local de punção por mais de 5 minutos, caso seja necessário.
4. Caso o paciente esteja em oxigenoterapia, anote o fluxo de oxigênio e o modo deoxigenoterapia/ventilação.
5. Monitore os sinais vitais e observe se existem sinais de prejuízo circulatório.
Interpretação
Resultados Normais
Os valores normais da gasometria arterial variam entre os valores abaixo.
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∙ PaO2: 80 a 100 mm Hg (SI, 10.6 to 13.3 kPa)
∙ PaCO2: 35 a 45 mm Hg (SI, 4.7 to 5.3 kPa)
∙ pH: 7.35 a 7.45 (SI, 7.35 to 7.45)
∙ SaO2: 94% a 100% (SI, 0.94 to 1)
∙ HCO3‑: 22 a 25 mEq/L (SI, 22 to 25 mmol/L)
Achados Anormais
PaO2 e PaCO2 baixos podem resultar de condições que prejudicam a função respiratória, taiscomo hipotonia ou paralisia dos músculos respiratórios, inibição do centro respiratório(decorrente de TCE, tumor cerebral ou abuso de drogas).Baixas leituras podem resultar de obstrução bronquiolar causada por asma ou enfisema, bemcomo por uma taxa de ventilação/perfusão baixa em decorrência de alvéolos parcialmenteocluídos, danificados ou preenchidos por fluidos.Quando o ar inspirado contem oxigênio insuficiente, a PaO2 diminui e a PaCO2 podepermanecer normal. Tais achados são comuns em pneumotórax e difusão gasosa prejudicadaentre os alvéolos e o sangue.
Precauções
Aguarde pelo menos 20 minutos antes de coletar uma amostra para gasometria arterialsempre que iniciar, mudar ou descontinuar a oxigenoterapia; após iniciar ou mudar osparâmetros da ventilação mecânica; ou após extubar o paciente.Antes de enviar a mostra ao laboratório, anote na requisição do exame se o paciente estava emar ambiente ou em oxigenoterapia quando a amostra foi coletada.
Fatores interferentes
A exposição da amostra ao ar ambiente pode aumentar ou diminuir a PaO2 e PaCO2.Sangue venoso como amostra possivelmente diminui a PaO2 e aumenta a PaCO2.O uso de Diamox, Macrodantin e Tetracycline pode diminuir a PaCO2.Febre pode causar uma falsa elevação na PaO2 e PaCO2.
Complicações
Sangramento no local da punção
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Hematoma localEspasmo arterial
Perguntas e Respostas (Q&A)
1 – Quais artérias devem ser preferencialmente puncionadas para coleta de sangue?
Idealmente deve‑se puncionar uma artéria que tenha trajeto superficial, pois assim a punçãoserá menos dolorosa e mais fácil, e que tenha circulação colateral adequada para a perfusãodos tecidos distais caso haja espasmo com a punção. A artéria que melhor preenche essascaracterísticas é a radial. Outras opções satisfatórias são a dorsal do pé, a tibial posterior e atemporal superficial, está última apenas em recém‑nascidos. As artérias braquiais e femoraisdevem ser evitadas, sobretudo em pacientes com problemas de hemostasia, pois, em caso desangramento, a compressão pode ser difícil.
2 – A gasometria arterial pode ser colhida com seringa de plástico?
Idealmente a gasometria arterial deveria ser colhida com seringa de vidro, isso porque podehaver difusão de gases através do plástico, determinando imprecisões nas análises. Entretanto,a praticidade das seringas de plástico, descartáveis, praticamente pôs fim às de vidro. Alémdisso, a magnitude do erro que pode haver com a utilização de seringas de plástico é muitopequena, ocorrendo apenas com valores de PaO acima de 220 mmHg e quando a análise éfeita após 15 minutos da coleta. Em função desses aspectos, as seringas de plástico podem serusadas para a coleta de sangue para gasometria arterial.
3 – Quais cuidados devem ser observados com a amostra de sangue arterial até a sua análise?
Após a coleta do sangue arterial, as seguintes providências devem ser tomadas:
remover bolhas de ar eventualmente presentes dentro da seringa;ocluir a seringa para manter a amostra em ambiente anaeróbio;movimentar a seringa entre as mãos durante 10 a 15 segundos para misturar a heparinacom o sangue;manter a seringa em gelo até a análise do material, sobretudo se essa não for feitaimediatamente após a coleta.
4 – Quais são as possíveis causas de erro na gasometria, relacionadas à coleta e ao transporteda amostra?
O resultado da gasometria arterial pode ser afetado por alguns artefatos durante a realizaçãoda coleta e o transporte do sangue.
Bolhas de ar
A presença de bolhas de ar ocupando mais de 2% do volume de sangue na seringa podeprovocar erro no resultado da gasometria. Tal artefato eleva a PaO e subestima a PaCO . Aretirada, sem agitação, das bolhas da seringa e a realização imediata da análise atenuam oproblema.
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Uso de heparina
Quantidade exagerada de heparina na seringa utilizada para a coleta do sangue pode reduzirde forma significativa a medida da PaCO . Assim, a quantidade de heparina empregada deveser a mínima possível, apenas o suficiente para lubrificar as paredes da seringa. Além disso,pelo menos 2 ml de sangue deve ser obtido, diluindo assim o pequeno volume de heparina.
Demora no transporte e no processamento do exame
A partir de dois minutos da coleta do sangue, já se observa redução da PaO e do pH eelevação da PaCO , devido ao metabolismo dos leucócitos. Esse fenômeno é mais acentuadoem pacientes com leucocitose importante. Para prevenir esse problema é necessária a colocaçãodo material em gelo até a análise, que deve ser feito o mais rápido possível.
5 – Quais são as complicações possíveis com a coleta da gasometria arterial?
As complicações não são freqüentes quando a técnica da coleta é observada. A coleta dosangue arterial é mais dolorosa do que a punção venosa. Alguns autores recomendam ainfiltração com anestésico local antes da punção arterial, medida que comprovadamente reduza dor do procedimento. Mais raramente pode ocorrer reação vaso‑vagal durante a punçãoarterial.
Sangramento e formação de hematoma no local de punção ocorrem sobretudo quando opaciente já apresenta distúrbio de coagulação e quando não se faz a compressão adequada dolocal, a qual deve durar pelo menos cinco minutos. Artérias mais profundas, como a braquial ea femoral, impõem maior dificuldade à compressão, implicando em riscos maiores desangramento. Quando a artéria femoral é inadvertidamente puncionada acima do ligamentoinguinal, o sangramento pode se dirigir para o retroperitônio. Essa complicação podedeterminar perdas sangüíneas importantes, inclusive com repercussão hemodinâmica, às vezesde difícil diagnóstico.
Trombose, embolização e infecção são complicações descritas com a implantação de cateteresintra‑arteriais para monitoração invasiva da pressão arterial, mas não com punções arteriaispara gasometria.
6 – Quais são os parâmetros avaliados na gasometria arterial?
Os parâmetros são:
pHPaOPaCOSaOBicarbonatoExcesso de base
7 – Quais as indicações de se realizar a gasometria arterial?
Como a realização das trocas gasosas, ou seja, absorção do oxigênio e eliminação do gás
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Como a realização das trocas gasosas, ou seja, absorção do oxigênio e eliminação do gáscarbônico, é o objetivo principal do sistema respiratório, a gasometria arterial é importanteteste de avaliação funcional do sistema respiratório. Assim, ela deve ser realizada na suspeitade insuficiência respiratória, aguda ou crônica. Além da importância no diagnóstico dainsuficiência respiratória, a gasometria permite, a partir da avaliação dos níveis dos gasesarteriais, quantificar o problema e acompanhá‑lo evolutivamente.
Na prática clínica, a gasometria arterial, em geral, é solicitada quando há sinais e sintomassugestivos de hipoxemia ou hipercapnia, os quais nem sempre são de fácil reconhecimento,pois são comuns a outras situações e nem sempre estão presentes, sobretudo nas fases iniciais(tabela 1). Ela também é realizada na monitoração de condições em que o risco de distúrbio nastrocas gasosas é sabidamente alto.
Tabela 1. Principais sintomas e sinais associados a hipoxemia e hipercapnia
Hipoxemia Hipercapnia
CefaléiaAlterações de comportamentoConfusão, sonolência e comaConvulsõesTaquicardia (mais raramente bradicardia)ArritmiasHipertensãoHipotensão (fases mais avançadas),choqueDispnéia, taquipnéia
Cefaléia, vertigemConfusãoSonolência, comaHipertensão intracraniana, papiledemaAsterixisSudoreseHipotensão (nas fases mais precocespode haver hipertensão)Choque
A possibilidade de avaliar o bicarbonato e o pH faz com que a gasometria esteja indicada nainvestigação de distúrbios metabólicos. Entretanto, não havendo suspeita decomprometimento das trocas gasosas, pode‑se optar pela gasometria venosa, cuja coleta émenos invasiva e menos dolorosa.
8 – Qual o valor normal da pressão parcial de oxigênio no sangue arterial (PaO )?
Como há uma tendência natural da PaO cair com o avançar da idade, existem fórmulas paraestimar o seu valor nas diferentes faixas etárias. A seguir estão apresentadas duas das fórmulasmais utilizadas e igualmente corretas.
PaO = 108,75 – (0,39 x idade em anos)
PaO = 104,2 – (0,27 x idade em anos)
Obs: ambas pressupõem respiração em ar ambiente
9 – Como interpretar o valor da pressão parcial de oxigênio no sangue arterial (PaO )?
Quando a gasometria arterial é colhida com o paciente respirando ar ambiente (FIO =21%),considera‑se hipoxemia quando a PaO está abaixo do valor esperado para a idade, conformeas fórmulas descritas anteriormente. A hipoxemia assume níveis importantes quando a
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PaO está abaixo de 60 mmHg, pois, conforme será discutido mais a frente, a partir daí passa‑se a comprometer a oxigenação tecidual. Em função desse fato, a maior parte dos autoresconsidera 60 mmHg o limite a partir do qual caracteriza‑se insuficiência respiratória.
Quando o paciente está recebendo alguma suplementação de oxigênio, seja em ventilaçãomecânica ou por cateter ou máscara de oxigênio, a análise isolada da PaO não é suficiente,sendo necessário o cálculo da relação PaO /FIO .
10 – Como obter e interpretar a relação PaO /FIO ?
A relação PaO /FIO é a divisão da PaO obtida na gasometria arterial pela FIO , em valoresabsolutos (ex: 21%=0,21), em que o paciente estava respirando quando foi colhida a amostra dosangue arterial. Quando o indivíduo está em ventilação mecânica, o valor da FIO é fornecidopelo aparelho; quando está recebendo oxigênio por máscara de Venturi, esse valor é estimadoconforme o tipo de máscara e o fluxo utilizado e vem impresso na mesma. Quando asuplementação de oxigênio é feita com cateter nasal ou máscaras comuns, a estimativa daFIO é muito pouco precisa. Nesses casos, em indivíduos adultos, assume‑se que para cadalitro de oxigênio a FIO é elevada em 0,03 a 0,04 (ex: a oferta de oxigênio a 3 l/min com cateternasal determina FIO de 30% a 33%, que representa 21% do ar ambiente acrescido de 9% a 12%da oferta suplementar).
A relação PaO /F O permite a avaliação da oxigenação em diferentes condições de oferta deoxigênio. Os valores normais e as gradações de anormalidade estão relacionados abaixo.
PaO /F O >400 mmHg – normal;PaO /F O >300‑400 mmHg – déficit de oxigenação, mas ainda não em níveisconvencionalmente estabelecidos de insuficiência respiratória;PaO /F O <300 mmHg – insuficiência respiratória;PaO /F O <200 mmHg – insuficiência respiratória grave.
Por ser de fácil obtenção e poder ser utilizada em diferentes condições de oferta de oxigênio, aPaO /F O é considerada hoje o melhor parâmetro de monitoração de oxigenação.
11 – Como se calcula a diferença alvéolo‑arterial de oxigênio e qual a sua importância?
A diferença alvéolo‑arterial de oxigênio (P(A‑a)O ) é calculada com a seguinte fórmula:
sendo que,
onde:
PAO – pressão alveolar de oxigênio;PaO – pressão arterial de oxigênio;
PaCO – pressão arterial de gás carbônico;
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Pbar – pressão barométrica (740 mmHg no nível do mar);FIO – fração inspirada de oxigênio;
R – coeficiente respiratório, assumido, na prática, como 0,8.
A diferença alvéolo‑arterial de oxigênio permite avaliar se há algum bloqueio à passagem de arentre o alvéolo e o sangue arterial, situação em que ela está aumentada. Nesses casos, ahipoxemia está ocorrendo por alteração na relação ventilação‑perfusão ou por defeitos nadifusão. Por outro lado, quando há hipoxemia e a diferença alvéolo‑arterial de oxigênio estánormal, significa que a causa da hipoxemia é hipoventilação.
Na prática a análise da P(A‑a)O tem duas aplicações principais:
paciente com suspeita de insuficiência respiratória aguda e hiperventilando, portanto comPaCO baixa, com PaO normal. Nesse caso, a P(A‑a)O , se alargada, mostra que já hácomprometimento da troca gasosa no pulmão, mas a hipoxemia ainda não surgiu por estarsendo compensada pela hiperventilação. A P(A‑a)O altera‑se mais precocemente do que aPaO .paciente com hipoxemia e hipercapnia, quando há dúvida se, além de hipoventilação,existe componente pulmonar na insuficiência respiratória. Se a hipoxemia for decorrenteexclusivamente da hipoventilação, a P(A‑a)O estará normal. Caso ela esteja alargada, háum componente pulmonar associado.
12 – Quais são as limitações na interpretação do gradiente alvéolo‑arterial de oxigênio?
A P(A‑a)O parte de uma estimativa do quociente respiratório em 0,8, já trazendo algum graude imprecisão no seu cálculo. Mas a maior limitação para o uso clínico da P(A‑a)O é que seuvalor normal varia conforme a F O em que é calculada e essa variação não tem umcomportamento linear. Assim, para sua interpretação, é necessário o conhecimento do seuvalor normal na F O em que foi calculada, ou alternativamente, sempre calculá‑la na mesmaF O . Os valores normais da P(A‑a)O nas F O de 21% e 100% são, respectivamente, de 5‑15mmHg e 150 mmHg.
13 – Qual a relação existente entre a pressão parcial de oxigênio no sangue arterial (PaO ) e asaturação da hemoglobina pelo oxigênio no sangue arterial (SaO )?
A relação entre a PaO e a SaO é representada pela curva de dissociação do oxigênio. Ooxigênio dissolvido no plasma liga‑se facilmente à hemoglobina, originando a oxi‑hemoglobina. A quantidade de oxigênio que se liga à hemoglobina aumenta rapidamente àmedida que a PaO aumenta até valores em torno de 60 mmHg. A partir daí, já estando ahemoglobina saturada em mais de 90%, a curva passa a apresentar um platô, com pequenosaumentos da SaO , mesmo com grandes elevações da PaO (figura 1).
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14 – O que afeta a curva de dissociação do oxigênio?
Diversos fatores podem afetar a afinidade do oxigênio pelo hemoglobina, determinando,graficamente, desvios da curva de dissociação do oxigênio para a direita (diminuição daafinidade pela hemoglobina) ou para a esquerda (aumento da afinidade pela hemoglobina).
A curva é desviada para a direita pela elevação da temperatura corpórea, elevação da PCO ,queda do pH sangüíneo e elevação do 2,3‑DPG (produto final do metabolismo das hemácias).Nessas situações a afinidade do oxigênio pela hemoglobina está diminuída e, portanto, ooxigênio é mais facilmente liberado para os tecidos periféricos. O monóxido de carbono desviaa curva para a esquerda, resultando em uma maior afinidade do oxigênio pela hemoglobina,com dificuldade de sua liberação para a periferia.
15 – No sangue arterial, qual a proporção do oxigênio dissolvida no plasma e qual a ligada àhemoglobina?
O oxigênio é transportado no sangue sob duas formas: dissolvido no plasma, representadopela PaO , e combinado com a hemoglobina, representado pela SaO . A solubilidade dooxigênio no plasma é baixa – apenas 0,003 ml de oxigênio são dissolvidos em cada 100 ml desangue. Assim, a maior parte do oxigênio do sangue arterial está ligado à hemoglobina – cadagrama de hemoglobina é capaz de combinar‑se com 1,36 ml de oxigênio.
A soma do oxigênio dissolvido no plasma com o ligado à hemoglobina constitui o conteúdoarterial de oxigênio, que pode ser calculado pela seguinte fórmula:
CaO = PaO , x 0,003 + SaO x Hb x 1,36
Para se ter idéia da importância do oxigênio ligado à hemoglobina e a irrelevância dodissolvido no plasma em relação ao conteúdo arterial de oxigênio, tomemos o seguinteexemplo prático:
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Hb=15 mg/dlPaO =100 mmHgSaO =97,5%
Nessa situação normal temos:
CaO =20,19 g/dl, dos quais 0,3 estão dissolvidos no plasma e 19,89 ligados à hemoglobina
16 – A avaliação da PaO pode ser substituída pela da SaO ?
Não, apesar da relação entre as duas variáveis, na prática elas permitem avaliar pontosdiferentes em relação à oxigenação do paciente. Como a maior parte do oxigênio transportadono sangue para os tecidos encontra‑se ligado à hemoglobina, uma SaO acima de 90% ésatisfatória do ponto de vista da perfusão dos tecidos com oxigênio, não se justificandoaumentar os níveis de oxigênio no sangue arterial, pois a variação na SaO será mínima.
Por outro lado, quando queremos monitorar a função pulmonar de oxigenação, a análise daPaO é melhor do que a da SaO . Isso porque, nos pacientes com SaO acima de 90%, podemocorrer grandes comprometimentos da função pulmonar, com reduções acentuadas da PaO ,mas com apenas discretas reduções na SaO , em função da conformação da curva dedissociação da oxi‑hemoglobina. Por exemplo, uma redução da PaO de 160 mmHg para 80mmHg pode resultar em uma redução da SaO de 99% para 95%.
Podemos concluir que a SaO não é adequada para avaliar a capacidade de oxigenação dosangue arterial pelos pulmões, o que deve ser feito pela análise da PaO e, principalmente pelarelação PaO /FIO . A SaO é capaz de avaliar se o nível de oxigênio no sangue arterial éadequado para as necessidades dos tecidos.
17 – Quais os valores normais da pressão parcial de gás carbônico no sangue arterial(PaCO )?
O valor normal da PaCO varia entre 35 e 45 mmHg. Ao contrário da PaO , o valor daPaCO não varia com a fração inspirada de oxigênio.
18 – Como interpretar os valores da pressão parcial de gás carbônico no sangue arterial(PaCO )?
A PaCO reflete diretamente a ventilação alveolar. Assim, valores inferiores a 35 mmHgindicam hiperventilação e valores acima de 45 mmHg, hipoventilação.
19 – Quais são os distúrbios ácido‑básicos principais?
São os seguintes os distúrbios ácido‑básicos:
acidose metabólica: distúrbio caracterizado pela baixa concentração de bicarbonato,determinando redução do pH;alcalose metabólica: distúrbio caracterizado pela elevação da concentração de bicarbonato,com conseqüente aumento do pH;acidose respiratória: distúrbio caracterizado pela elevação da PaCO , determinandoredução do pH;alcalose respiratória: distúrbio caracterizado pela redução da PaCO , com conseqüente
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08/04/2015 Gasometria arterial: o que devemos saber | Sala de Enfermagem
http://saladeenfermagem.com/2015/04/08/gasometriaarterialoquedevemossaber/ 16/17
aumento do pH.
Fontes: OSCE Skills (http://www.osceskills.com), NursingCrib (http://nursingcrib.com), PneumoAtual (http://www.pneumoatual.com.br) e COREN‑SP (http://portal.coren‑sp.gov.br)
7 opiniões sobre “Gasometria arterial: o que devemossaber”
1. Ligia Bezerra Bezerra disse:8 DE ABRIL DE 2015 ÀS 20:32ACHEI O MÁXIMO!
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1. Italo Leite disse:8 DE ABRIL DE 2015 ÀS 21:20Fico feliz que tenha gostado! Aproveite para conferir os outros posts do blog!
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2. Carla Adriana disse:8 DE ABRIL DE 2015 ÀS 21:10Gostei muito dessa postagem!!
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1. Italo Leite disse:8 DE ABRIL DE 2015 ÀS 21:20Fico feliz que tenha gostado! Aproveite para conferir os outros posts do blog!
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3. mari disse:8 DE ABRIL DE 2015 ÀS 21:54Parabéns, excelente Matéria
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ASSISTÊNCIA COREN ENFERMAGEM ENFERMEIROS GASOMETRIAARTERIAL LEGISLAÇÃO PUNÇÃO ARTERIAL
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08/04/2015 Gasometria arterial: o que devemos saber | Sala de Enfermagem
http://saladeenfermagem.com/2015/04/08/gasometriaarterialoquedevemossaber/ 17/17
1. Italo Leite disse:8 DE ABRIL DE 2015 ÀS 22:07Fico feliz que tenha gostado! Aproveite para conferir os outros posts do blog!
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4. Leda disse:8 DE ABRIL DE 2015 ÀS 22:38Nossa, muito bom mesmo!
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