gabinete especial de reconciliaÇÃo das coreias · durante a guerra fria, a disputa entre união...
Post on 16-Nov-2018
216 Views
Preview:
TRANSCRIPT
GABINETE ESPECIAL DE RECONCILIAÇÃO DAS COREIAS
Bento Bruno Pereira
Júlia Beninca Guterres
Thales Jéferson Rodrigues Schimitt
1. Introdução
Durante a Guerra Fria, a disputa entre União Soviética e Estados Unidos fez com que o mundo
ficasse dividido entre países comunistas e capitalistas. Diversas guerras em busca de influência
política e econômica ocorreram, sendo que o maior marco dessa disputa perdura até hoje: a divisão
das Coreias.
Desde então, a Coreia do Norte — seguindo modelo comunista próprio — e a Coreia do Sul
— inserida no sistema capitalista — convivem com a tensão da guerra na zona desmilitarizada que
as separa. Desenvolvendo-se sob processos essencialmente distintos, as duas nações vivenciaram
diversos momentos de aproximação e de separação, ainda que a Guerra Fria tenha chegado ao fim.
Nos últimos anos, a península tem sido objeto de atenções especialmente pelo programa nuclear
desenvolvido pela Coreia do Norte — particularmente em uma lógica de desafio e negociação com
os Estados Unidos.
Recentemente, tem crescido o nível de abertura política da Coreia do Norte, abrindo espaço
para discussões sem precedentes com a comunidade internacional. Neste contexto, surge a
necessidade de se tocar em tópicos que há muito tem pairado sobre a península coreana: o programa
nuclear norte-coreano, a duvidosa situação política dentro da Coreia do Norte e uma possível
reunificação da península.
Assim, é de interesse de ambas as Coreias e da comunidade internacional que haja uma
reunião entre os líderes das duas nações da península para garantir que a decisão seja benéfica para
os dois países e, acima de tudo, para o povo que há décadas foi separado. Tamanha responsabilidade
agora repousa sobre os hábeis participantes do Gabinete Especial para Reconciliação das Coreias.
2. Contexto Histórico
2.1 O Império Japonês (1910-1945)
Desde o início do século XX, a península coreana era alvo de influência estrangeira, sobretudo
dos japoneses, que haviam anexado a região ao seu território em 1910. Isso ocorreu devido ao Acordo
de Anexação Coreia-Japão, assinado em 22 de agosto de 1910 pelos representantes do Império
Coreano e do Império do Japão e proclamado em 29 de agosto do mesmo ano, dando início à ocupação
japonesa na Coreia. Mesmo após 600 anos de independência coreana sob a dinastia Joeon, a
autonomia da península foi perdida perante ao Império do Japão. O imperador Gojong, o último
monarca da Coreia, assinou diversos tratados que davam ao imperador japonês amplos poderes sobre
a península, colocando a Coreia efetivamente sob domínio japonês.
A ocupação japonesa iniciou-se com pequenas colônias sendo enviadas para o território
coreano, dominando as zonas de terras férteis e impondo os nativos ao trabalho forçado para produzir
em ambos países, além das mulheres coreanas serem submetidas à exploração sexual.
Durante os 35 anos de dominação japonesa, foram impostas ao povo coreano medidas como
a proibição da língua nativa e dos nomes tradicionais, controle completo dos jornais e da educação.
O objetivo era destruir qualquer vestígio da cultura coreana na península para que se tornasse, de fato,
parte do Japão, sem qualquer resquício do antigo Reino. Além disso, por mais que muitos cidadãos
coreanos concordassem com as medidas impostas pelos japoneses, os nativos ainda eram
considerados inferiores aos nascidos no Japão, sendo tratados da pior maneira possível e, muitas
vezes, sendo levados para campos de trabalho forçado (no caso dos homens) ou para bordeis militares
(no caso das mulheres).
Durante todo o período de domínio japonês, diversas guerrilhas, principalmente comunistas,
foram organizadas com o objetivo de enfrentar a repressão cultural, dentre elas a guerrilha de Kim Il-
Sung, que se tornaria fundador da Coreia do Norte.
Toda a violência causada pelo Acordo de Anexação Coreia-Japão gerou um ressentimento
gigantesco entre os coreanos e os japoneses, levando o país colonizado a se aliar aos Estados Unidos
da América durante a Segunda Guerra Mundial. Porém, não era somente o país norte americano que
possuía interesses na península, mas também a União Soviética.
2.2 Guerra União Soviética-Japão
Em 1943, durante a Conferência de Teerã e depois Conferência de Ialta, em 1945, a URSS
prometeu juntar-se aos aliados na guerra do Pacífico após três meses de vitórias na Europa. Assim
sendo, declarou guerra ao Japão em 9 de agosto de 1945, três dias depois dos Estados Unidos terem
bombardeado Hiroshima. Em 10 de agosto de 1945, o exército vermelho da URSS começou a ocupar
o norte da península coreana.
Na noite em que o exército vermelho se movimentou para a Coreia, os coronéis Dean Rusk e
Charles H. Bonesteel III, ambos estadunidenses, foram designados para fazer a partilha da península
coreana em zonas de ocupação entre as duas potências presentes na região. Propuseram, assim, a
divisão pelo Paralelo 38, a qual foi incorporada após a rendição japonesa em 15 de agosto de 1945.
A escolha do paralelo 38 para dividir a península coreana garantia aos Estados Unidos total
domínio sobre a capital da Coreia, pois, segundo afirmaram, seria mais benéfico para a paz mundial
que a capital ficasse sob observação do exército estadunidense. A União Soviética, diferentemente
do que a comunidade internacional esperava, não se pronunciou contra a escolha feita pelos coronéis,
permanecendo com suas tropas imobilizadas até a chegada do exército estadunidense, mantendo o
tratado de cooperação firmado durante a guerra.
Também em 1945, Estados Unidos e URSS assinaram o Tratado de Potsdam, no qual
concordaram em dividir a península coreana em áreas de influência. Segundo esse documento, no
Norte, a União Soviética apoiou a tomada de poder vinda das guerrilhas, contribuindo com a tomada
de poder de Kim Il-Sung e ajudando o país com materiais e tecnologias. O Sul, por sua vez, ficou sob
domínio dos Estados Unidos, que colocou Syngman Rhee como governante do país e uma comissão
militar norte americana que, de fato, comandava a ordem da região sul da península.
2.3 A divisão da Coreia
Em 8 de setembro de 1945, o general John R. Hodge chegou em Incheon para aceitar a
rendição japonesa ao sul do paralelo 38. Indicado como comandante militar, Hodge controlava
diretamente a Coreia do Sul como líder do Governo das Forças Armadas dos Estados Unidos na
Coreia. Ele tentou estabelecer poder recolocando administradores coloniais japoneses de volta a seus
cargos, porém, após protestos do povo coreano, ele voltou atrás em sua decisão. Os EUA se recusaram
a reconhecer o curto governo do Povo da República da Coreia por conta de suspeitas comunistas.
Em dezembro do mesmo ano, a península foi administrada por uma junta EUA-URSS, como
fora acordado na Conferência de Moscou (1943-1947), com o objetivo de garantir a independência
coreana após 5 anos de tutela dos dois países. Todavia, tal ideia não teve uma repercussão positiva
entre os coreanos, o que levou a população às ruas para protestar. Para conter uma possível rebelião,
no 8 de dezembro de 1945, as Forças Armadas estadunidenses baniram greves e, além disso,
condenaram a existência partido do Povo da República da Coreia. Porém, devido à agitação do povo
coreano, o governo estadunidense anunciou a Lei Marcial, dando poder aos militares para que
assumissem os poderes da península.
Tendo em vista a incapacidade da junta EUA-URSS em progredir, os Estados Unidos
decidiram fazer eleições sob tutela das Nações Unidas, com o objetivo de garantir a independência
coreana. As autoridades soviéticas e os comunistas coreanos não concordaram com tal decisão e
recusaram-se a cooperar, pois afirmavam que não seria uma eleição justa. Diversos políticos sul-
coreanos boicotaram as eleições. Todavia, uma votação geral foi feita no Sul em 10 de maio de 1948.
O Norte, por sua vez, teve suas eleições parlamentares em 25 de agosto do mesmo ano.
Com o resultado, a Coreia do Sul anunciou, em 17 de julho de 1948, uma nova constituição e
elegeu Syngman Rhee como presidente em 20 de julho. A República da Coreia foi estabelecida em
15 de agosto de 1948. Já na zona de ocupação soviética, foi designado um governo comunista,
colocando Kim Il-Sung no poder. Sendo assim, a União Soviética se retirou da península naquele
mesmo ano. Logo em seguida, em 1949, as tropas estadunidenses também deixaram o campo de
batalha.
2.4 A Guerra Civil Chinesa (1945-1949)
Com o final da guerra contra o Japão, iniciou-se a Guerra Civil Chinesa, a qual se resumiu em
confrontos entre nacionalistas e comunistas. O segundo grupo, por lutar pela supremacia na
Manchúria — região do nordeste da China historicamente marcada por ocupações e conflitos —,
acabou por ser apoiado pela mais setentrional das Coreias, que disponibilizou soldados e mantimentos
para a região. Conforme posteriormente informado pelo governo chinês, a Coreia do Norte forneceu
cerca de 2000 vagões de trem com suprimentos e inúmeros homens que serviram ao Exército de
Libertação Popular da China durante a guerra. O governo norte-coreano também garantiu que os
chineses comunistas não combatentes na região da Manchúria tivessem abrigos seguros e meios de
comunicação com o restante da China.
Por conta desse apoio dado pela Coreia do Norte, a China passou a apoiar, juntamente à União
Soviética, o governo de Kim Il-Sung. Sendo assim, a fronteira entre as duas regiões da península
passou a sofrer diversos ataques e revoltas, tendo que se manter militarizada. Já na Coreia do Sul, o
acesso a recursos e materiais, fazendo com que o governo dependesse do apoio estadunidense para
se manter.
2.5 A Guerra da Coreia (1950-1953)
Em busca de apoio para uma guerra que já se formava, Kim Il-Sung viajou até Moscou e
Pequim para falar com seus respectivos líderes. A União Soviética preocupou-se em garantir a
militarização da Coreia do Norte, enquanto a China enviou 50 mil soldados do Exército de Libertação
Popular junto com armamento para a península. Alguns meses antes de qualquer real ofensiva vinda
do Norte, a Agência de Inteligência Americana percebeu que o exército norte coreano se preparava
para algo, porém presumiu que fosse apenas uma medida defensiva e que qualquer ataque vindo da
região norte era improvável.
Usando de pretexto a retaliação de supostos ataques a soldados no sul da fronteira, o exército
norte-coreano atravessou o paralelo 38, invadindo o território sul-coreano. A Coreia do Norte alegou
que a Coreia do Sul havia atravessado o limite entre os dois países primeiro sob ordens do presidente
Syngman Rhee. Por esse motivo, então, o país comunista pretendia prender e executar o líder sul-
coreano.
A guerra em si iniciou-se na península de Ongjin, ao oeste da região, onde as forças armadas
da Coreia do Sul diziam ter assumido o poder da cidade de Haeju. Esse fato desencadeou diversos
conflitos pela fronteira, dando a entender que teria sido o sul da península a iniciar o conflito que
duraria 3 anos.
Tendo em vista o sucesso da investida norte-coreana (o país ao Norte da península contava
com mais de 200 mil combatentes, enquanto o país ao Sul contava com menos de 100 mil), o
presidente Rhee ordenou a evacuação da capital Seul em 27 de junho de 1948. Antes de abandonar a
cidade, porém, ordenou a execução e uma operação que posteriormente ficou conhecida como
Massacre das Ligas de Bodo.
O líder sul-coreano orientou seus soldados a torturarem e executarem sem julgamento prévio
todos os suspeitos de serem apoiadores do comunismo ou com tendências de esquerda. A maioria das
vítimas estavam presas por conta da política anticomunismo de Rhee, que proibia qualquer
manifestação de esquerda ao sul da península.
Em 28 de junho, Rhee ordenou que as forças sul-coreanas bombardeassem a ponte do Rio
Han para tentar dificultar o avanço das tropas da Coreia do Norte. Porém, isso não impediu que a
capital fosse tomada e, assim sendo, o exército norte-coreano atacou um hospital universitário,
matando mais de mil pessoas, entre elas membros do governo do Sul que estavam internados no local.
2.6 A Intervenção norte americana
Como a Guerra Fria já era uma realidade na comunidade internacional, pouco se tinha notícias
sobre os conflitos que ocorriam na península coreana. Os Estados Unidos da América preocupavam-
se mais com possíveis ataques da URSS, deixando o território da Coreia do Sul em segundo plano na
agenda da potência ocidental. Porém, com a evolução da guerra, os militares estadunidenses passaram
a temer uma futura intervenção comunista vinda tanto da União Soviética quanto da China. Esse
cenário mudou quando os ministros soviéticos enviaram uma declaração informal alegando que não
viriam a interferir na península, o que abriu espaço para que os norte-americanos pudessem
movimentar suas tropas até a região com o intuito de “garantir a paz na Coreia”.
Tendo em vista o acirramento do conflito, o Conselho de Segurança das Nações Unidas foi
acionado e, por unanimidade na Resolução 82, condenou a invasão norte-coreana sobre a capital Seul.
Todavia, o governo norte-americano autorizou que suas tropas atacassem alvos na península a fim de
apoiar o Sul, o que foi desaprovado pelo governo soviético. Sendo assim, iniciou-se de fato a guerra,
tendo como primeiro ato a batalha terrestre pelo domínio da cidade de Osan, iniciada pelo exército
estadunidense. Todavia, os soldados norte-americanos não estavam preparados e acabaram sendo
derrotados. Com esse pequeno conflito resolvido, as tropas da Coreia do Norte avançaram ainda mais
e alcançaram a cidade de Daejon. Desta forma, o exército sul-coreano juntamente com as tropas
estadunidenses, foram forçados a recuar até a cidade de Pusan.
Pusan era uma das poucas regiões que ainda estavam sob total domínio das Nações Unidas e
suas forças aliadas. O exército da ONU consistia em soldados do exército sul-coreano, dos Estados
Unidos e do Reino Unido, que não abririam mão da última área de influência na península coreana.
Mesmo com constantes ataques às linhas aliadas, a força norte-coreana não conseguiu romper com a
defesa estabelecida pela ONU e demais países. Os ataques se estenderam de agosto até setembro de
1950 e após a resistência das Nações Unidas nas margens do Rio Naktong, a Coreia do Norte percebeu
que não conseguiria avançar com suas tropas sobre a região.
Após seis semanas de conflitos, o exército norte-coreano passou a sofrer com a falta de
suprimentos e com o grande número de baixas em suas tropas. Além disso, o país tinha que defender-
se dos ataques das tropas das Nações Unidas, que recebiam suprimentos constantemente pelo porto
de Pusan, fortalecendo ainda mais o exército aliado.
Considerando as perdas que sofreram somadas à falta de suprimentos, as tropas da Coreia do
Norte bateram em retirada após dois meses de conflito, tendo que recuar para a região norte da
península. O exército da Coreia do Norte estava enfraquecido, tendo em vista a enorme quantidade
de feridos e mortos após as seis semanas de batalha em Pusan. Aproveitando-se disso, as tropas das
Nações Unidas, sob ordens do general MacArthur, iniciaram um ataque anfíbio na cidade de Incheon
em 15 de setembro de 1950.
Após um bombardeio, as tropas aliadas puderam dominar a cidade e puseram fim na sequência
de vitórias do Exército Popular da Coreia do Norte, além de cortar a rota de suprimentos das tropas
norte-coreanas ao bloquearem a estrada para Seul. O exército comunista da região foi destruído e os
sobreviventes recuaram sem ordem alguma.
A capital sul-coreana foi retomada pelas forças aliadas em 25 de setembro de 1950, mas
mesmo assim os bombardeios contra os comunistas não cessaram. Sendo assim, Kim Il-Sung foi
obrigado a ordenar a retirada do Exército Popular da região sul, sendo preciso que defender sua
própria capital, Pyongyang.
Após o recuo norte-coreano, o general MacArthur reestabeleceu Syngman Rhee no poder,
além de ter recebido autorização do presidente dos Estados Unidos para lançar represálias contra os
comunistas, fazendo com que 600 pessoas fossem torturadas e executadas por conta de sua orientação
política.
2.7 A intervenção Chinesa
A China, observando a situação da península coreana, ameaçou intervir no conflito caso as
tropas norte-americanas ultrapassassem o paralelo 38 e aconselhou os combatentes norte-coreanos a
iniciarem ataques por guerrilha, o que não foi considerado pelo Exército da Coreia do Norte. Em
outubro de 1950, as tropas comunistas foram obrigadas a se retirar da fronteira do paralelo, sendo
perseguidos por soldados sul-coreanos em direção ao norte. A capital norte coreana foi ocupada pelas
tropas da ONU em 19 de outubro, mas mesmo assim o governo da Coreia do Norte não se rendeu às
forças norte-americanas.
Porém, em 18 de outubro de 1950, Mao Tse Tung, com o apoio de Josef Stalin, havia ordenado
que 300 mil soldados chineses marchassem em direção da península coreana, entrando em conflito
com as tropas da ONU nas fronteiras do país. Os soviéticos, por sua vez, enviaram suprimentos para
a população norte-coreana, além de reforço aéreo para realizar ataques na península em ofensiva às
tropas aliadas. O exército chinês derrotou as forças sul-coreanas em algumas regiões, reestabelecendo
o poder da Coreia do Norte nestas cidades. As demais investidas dos Aliados foram contidas pelo
exército chinês, que mesmo tendo um grande número de baixas acabou por vencer as batalhas
travadas contra o exército da ONU e dos Estados Unidos. Em dezembro, os aliados já haviam recuado
para o sul do paralelo 38, despertando a preocupação do presidente Truman, que declarou prioridade
máxima para o conflito da península.
Juntando as tropas e realizando ataques noturnos, a China e a Coreia do Norte asseguraram
que os aliados recuassem ainda mais, garantindo uma segunda ocupação norte-coreana sobre a capital
Seul em 4 de janeiro de 1951. Em fevereiro, o exército chinês intensificou ainda mais sua ofensiva
até conseguir dominar o condado de Hoensong, mas não conseguiu avançar mais ao sul por conta da
falta de suprimentos. Com essa brecha, o general Ridgeway, dos aliados, aproveitou para lançar um
contra-ataque para expulsar os comunistas da região do rio Han, obtendo êxito e garantindo o controle
dos aliados naquela região.
Fazendo uso dessa vitória e da expulsão dos comunistas do rio Han, o 8º exército
estadunidense deu início à Operação Killer nas últimas semanas de fevereiro. Tal operação garantiu
a reconquista de Honseong e da capital Seul. Porém, a população da capital, que antes era de 1,5
milhões de pessoas, havia caído para 200 mil habitantes, tendo em vista a grande quantidade de
conflitos estabelecidos na região.
Tendo perdido duas cidades em tão pouco tempo, o líder chinês Mao Tse Tung pediu auxílio
de Stalin, que enviou para a península apoio aéreo e terrestre, além de suprimentos para o exército se
manter. Todavia, isso de nada adiantou, pois os chineses não conseguiam administrar novas ofensivas
contra os aliados.
MacArthur foi deposto de seu cargo após inúmeras atitudes sem consultar o presidente
Truman, sendo, entre elas, ameaçar destruir a China caso ultrapassasse o paralelo 38 e, por sua vez,
ultrapassar o paralelo e comprometer a vida de inúmeros soldados estadunidenses sem a autorização.
Sendo assim, quem assumiu seu posto foi o general Ridgway, que lançou um contra-ataque vitorioso
na zona de defesa chinesa e norte-coreana.
Até março de 1951, a nova administração dos aliados conseguiu infringir pesadas baixas no
exército comunista, fazendo com que as forças recuassem e diminuíssem as ofensivas
temporariamente.
A partir de julho de 1951, o exército chinês e as tropas da ONU iniciaram diversos ataques
em trincheiras, sem nenhum ataque realmente decisivo para encerrar o conflito. Além disso, o número
de bombardeios sobre a Coreia do Norte aumentou drasticamente, diminuindo ainda mais as forças
militares do país, o que levou a região norte em dar os primeiros passos para uma possível negociação,
o que não impediu que os ataques cessassem.
O ano de 1952 foi cruel para ambos os lados da guerra. Não conseguindo impedir as baixas,
os aliados não cessaram seus ataques, massacrando o exército norte-coreano e chinês, que já sofriam
com a falta de homens e de suprimentos para sobreviverem no conflito. Esse impasse perdurou até o
ano seguinte, 1953, quando cerca de 4.500 soldados chineses morreram ao tentar atacar o posto
americano de Harry. Mais 1.500 chineses morreram em Kaesong.
Entre março e julho de 1953, soldados aliados e comunistas se enfrentaram em uma batalha
sangrenta perto de Cheorwon, resultando na perda de 2 mil soldados. Todos esses conflitos apenas
pioravam a situação dos comunistas, que careciam de suprimentos e de soldados. Nenhum dos lados
conseguia pôr fim de fato no conflito, mesmo com as negociações já acontecendo há quase dois anos.
O maior problema das negociações era como a situação de prisioneiros de guerras seria resolvida e
como eles seriam trocados quando a guerra chegasse ao fim.
2.9 O Armistício
O paralelo 38 era a zona que fora designada para ser desmilitarizada na península. As
negociações do possível acordo estavam ocorrendo na capital da antiga Coreia, Keasong, e, em 27 de
julho de 1953, o acordo que dava fim ao conflito armado na península coreana foi assinado. Um dos
termos do armistício era a designação de dois países para observar a zona desmilitarizada, nomeando-
os como Comissão de Supervisão da Neutralidade das Nações. Os países nomeados foram Suécia e
Suíça.
Mesmo com o acordo, a primeira década pós-conflito não foi fácil para nenhum dos dois
países. A Coreia do Sul sofria com a estagnação econômica, o que levou o país a assinar um Tratado
Mútuo de Defesa com os Estados Unidos. Em 1960, com a Revolução de Abril, o presidente
designado pelos estadunidenses, Syngman Rhee, foi deposto após inúmeros protestos, tendo que se
exilar na América do Norte para não sofrer represália. Quem assumiu o poder foi Park Chung-hee,
que, após o golpe de estado de 16 de maio de 1961, conseguiu levar o país sul-coreano à estabilidade
política. Todavia, a situação econômica da Coreia do Sul não foi reestabelecida tão rápido. Na década
de 60, 25% do PIB do país provinha de prostituição e serviços relacionados a essa prática. Park,
porém, investiu na melhoria das indústrias sul-coreanas, o que mudou esse cenário econômico a partir
de 1970.
Por sua vez, a situação da Coreia do Norte não mudou muito nos anos pós-guerra. Cerca de
100 mil cidadãos foram mortos no expurgo pós-conflito. Apesar de ter boa parte da infraestrutura
destruída, o bloco comunista (constituído por URSS, leste europeu e China) se movimentou para
enviar recursos ao norte da península coreana. Com esse apoio, a economia norte-coreana teve um
significativo desenvolvimento em 1960. Todavia, devido à má gestão do país, a situação inverteu, o
que acarretou em problemas por conta de corrupção no governo e infraestrutura precária. O país,
seguindo influências soviéticas, se fechou para as negociações com o ocidente, o que deteriorou ainda
mais a situação econômica do país.
3. Questão Nuclear
O programa nuclear norte coreano é resultado de anos de desenvolvimento e
compartilhamento de informações. Ambas as potências nucleares comunistas do século XX se
recusaram a dar o apoio necessário para o desenvolvimento de um programa ofensivo na península.
Ainda assim, foi dado início, em 1963, da construção do primeiro reator norte coreano, com apoio de
cientistas soviéticos, mas mantendo o caráter científico e pacífico. Porém, isso foi suficiente para que
o país começasse a fazer estudos militares da tecnologia por conta própria, com um programa
armamentista datando dos anos 80.
Ocorreram tentativas de desarmar a nação por parte de atores internacionais, contudo, estas se
mostraram infrutíferas. Assim, ao longo da linha de sucessão de poder norte-coreano, a intensidade
dos testes nucleares aumentou progressivamente. O primeiro bem-sucedido desses foi realizado em
2006, tendo governo confirmado sua capacidade de produção de armas nucleares logo em seguida. A
comunidade internacional continuou a pressionar o governo para encerrar o programa nuclear, porém
nenhum resultado concreto foi obtido.
A condição atual da questão nuclear na península tem sido uma simples progressão do que já
vinha ocorrendo. O novo líder, Kim Jong-un, aumentou consideravelmente a quantidade de testes
realizados pelo país, o que pode ser explicado tanto como um movimento político para conseguir
poder de barganha com a comunidade internacional quanto como um mero resultado do aumento das
capacidades tecnológicas do país. Independente do motivo, hoje o poderio nuclear da Coreia do Norte
é uma ameaça para os países da região, e potencialmente para grande parte do mundo.
Atualmente, é estimado que o país tenha a capacidade de produzir armamento nuclear passível
de ser utilizado em um míssil balístico intercontinental, o que aumenta significativamente o alcance
de uma ogiva, sendo teoricamente apto a atingir inclusive regiões dos Estados Unidos da América.
Também é estimado que esta Coreia seja capaz de produzir bombas de hidrogênio, como foi declarado
pelo próprio país e inferido a partir do teste nuclear realizado em setembro de 2017. O mais recente
teste teve um poder estimado comparável à 6 bombas lançadas em Hiroshima.
No palco de discussões internacionais, contudo, a Coreia do Norte se mostrou favorável ao
fim do seu programa nuclear. Diversos acordos, ou tentativas de tais, foram realizados ao longo dos
anos, porém sem que houvesse real empenho por parte do governo. Destacamos aqui o Diálogo à
Seis, quando o país se comprometeu a desligar o seu reator nuclear principal, o que não ocorreu. Por
essa razão, todos os desenvolvimentos recentes atingidos em discussões com a nação norte coreana
devem ser considerados com ceticismo, pois o histórico de discussões mostra uma falta de
comprometimento com os acordos a serem realizados. A comunidade internacional, contudo, não
ficou ociosa perante o comportamento supracitado.
Além de tentativas de conversas com Pyongyang, diversas medidas foram tomadas por
agentes internacionais contra o programa nuclear do país. Mais notavelmente, tivemos diversas
sanções impostas inclusive pelo Conselho de Segurança da ONU, sendo elas respostas para testes
nucleares realizados. Essas sanções começaram com o objetivo de simplesmente reduzir o poderio
armamentista da Coreia do Norte, com a primeira delas determinada na resolução 1718 do CSNU,
relacionada à exportação de armas para o país. Esta resolução também contou com a criação de um
comitê, incluído em todas as futuras resoluções do tópico, que se responsabiliza por estas sanções.
Contudo, a constituição desse órgão não foi suficiente. Assim, foram desenvolvidas diversas outras
sanções ao país, mas, seja conjunta ou individualmente, não parecem terem sido capazes de causar o
impacto desejado.
Atualmente, as sanções abrangem até os produtos de petróleo, uma das principais
commodities essencial para o desenvolvimento. É interessante notar que esse foi o alvo das mais
recentes ações do Conselho de Segurança, o que pode explicar a atual abertura que está sendo
demonstrada pela Coreia do Norte. Também é importante citar que existem diversas sanções impostas
por países e blocos de países contra a Coreia do Norte, mais notavelmente EUA, União Europeia e
Japão. Os agentes internacionais também tentaram métodos mais diretos de ter um controle sob o
programa nuclear norte-coreano, pretendendo fazer visitas às instalações do país e regulamentar o
programa. Nenhum sucesso foi encontrado neste campo, por parte de falta de cooperação do governo
local. A instauração de medidas é difícil e precisa ser bem analisada, pois o país não toma parte em
nenhum dos grandes acordos contra a proliferação de armas nucleares, tendo se retirado do Tratado
de Não Proliferação e não demonstra indícios de retorno.
3.1 Poderio não Nuclear
Uma das questões centrais que perpassa a península coreana é a sua alta militarização.
Apesar da zona desmilitarizada na fronteira das Coreias ter cumprido bem seu objetivo, não
foi capaz de conter o crescimento do poderio militar de ambas as nações. Isto posto, é importante
manter em mente a escala na qual poderia se desenvolver um conflito, caso o cessar fogo fosse
levantado.
A Coreia do Norte é uma nação ímpar na questão militar pois investe aproximadamente um
quarto do seu produto interno bruto em gastos militares. As razões para isso vêm da sua posição
historicamente isolada na região, em que o governo vivia constantemente temeroso de ameaças
externas. Assim, garantir um exército forte foi, e ainda é, prioridade. Porém, as dificuldades de
conseguir apoio para seu desenvolvimento colocaram a situação do país em desvantagem em relação
à sua vizinha. Então, muito do equipamento atual é desatualizado e proveniente dos seus parceiros,
como China e Rússia. Desta forma, o país dependeu bastante de desenvolvimento próprio para
alcançar seus objetivos.
O exército do país é o segundo maior em quantidade absoluta de pessoal. O armamento é
produzindo em grande parte localmente, enquanto outros equipamentos têm, em geral, origem
estrangeira. Existe um grande foco em combate de solo, visto que esse seria o eventual
desenvolvimento que ocorreria em um embate com o sul. Não há muito a se destacar na sua força
aérea e naval, geralmente consideradas fracas, porém eficientes. O que é fator comum das forças
armadas da Coreia do Norte é o enfoque extremamente defensivo que, como já dito anteriormente,
tem relação direta com a posição desfavorável do país na região.
A Coreia do Norte, por estar extremamente atrás de outras potências militares, se utiliza de
ferramentas malvistas pela comunidade internacional para garantir sua segurança. Assim, diversas
armas proibidas em acordos internacionais são possuídas pelas forças locais. Mais notavelmente,
armas a laser. Porém, o que é a maior preocupação da comunidade internacional são as armas de
destruição em massa a que o país tem acesso, que serão abordadas a seguir.
A última peça do quebra cabeça armamentista norte coreano são seus mísseis. Ao longo dos
anos, o país tem aprimorado suas tecnologias neste campo. Com o recente desenvolvimento de um
míssil balístico intercontinental, por mais que sua real capacidade seja desconhecida, aumenta em
proporções globais o nível de ameaça do país. Juntamente com esta nova tecnologia, já existe uma
quantidade muito bem estabelecida de mísseis de curto e médio alcance no país, e infraestrutura de
lançamento adequada para todos. Neste contexto, vale ressaltar o alegado lançamento de um satélite
pelo país, pois este se relaciona diretamente com a sua capacidade ofensiva de lançamento. Não se
deve menosprezar as capacidades ofensivas e defensivas do jogo de guerra aéreo da Coreia do Norte.
Finalmente, temos uma série de possíveis armas extremamente perigosas e ilegais
desenvolvidas por Pyongyang. É acreditado que a nação tenha um arsenal de armas químicas, todas
elas banidas em convenções internacionais. Dada a capacidade dos mísseis norte coreanos, essas
armas representam uma ameaça considerável para a comunidade internacional. A razão pela qual é
provável a existência dessas armas é o estilo de guerra ao qual a Coreia é fadada a utilizar. Com pouca
capacidade militar real ao seu dispor, o país foi obrigado a desenvolver táticas as quais possíveis
agressores não teriam acesso para tentar se manter em pé de igualdade em uma disputa. Assim,
juntamente com o armamento nuclear, é extremamente difícil tomar ações efetivas contra esse tipo
de armamento, visto que o governo apresentará alta relutância em se enfraquecer voluntariamente.
Enquanto armas químicas são quase uma certeza por parte da comunidade internacional, também há
a possibilidade da existência de armas biológicas no país, igualmente ilegais e devastadoras.
4. Panorama Atual
O atual presidente da Coreia do Norte, Kim Jong-un, assumiu o poder com promessas de
crescimento econômico e aumento do poderio militar do seu país. Contudo, por mais que no quesito
militar o seu governo tenha excedido seus predecessores, o resto da vida do povo norte coreano viu
pouca mudança. Apesar de terem sido criadas zonas de desenvolvimento econômico, elas pouco
conseguiram atingir os seus objetivos. É relatado por diversas fontes que a vida no país “não parecia
muito diferente” até 3 anos após a mudança de chefe de estado, sinal da estagnação que vivia o país.
Porém, com o avançar do tempo, houve inclusive piora da qualidade de vida.
Como já foi visto, o país foi alvo de diversas sanções econômicas. Estas diminuíram sua
capacidade de providenciar bens básicos para a sua população, perpetuando a já longa falta de
alimentos que o assola. Enquanto isso, contudo, houve um aumento considerável no número de testes
nucleares e investimento militar. Ajuda internacional foi disponibilizada para tentar amenizar a
situação interna do país, mas com o caveat de diminuição do investimento militar do país. Nenhum
desenvolvimento foi feito nessa área. Assim, continuaram ambos os testes nucleares quanto as
retaliações externas.
Assim, com uma nação extremamente desestabilizada internamente, Kim Jong-un não se viu
com outra opção a não ser iniciar um novo ciclo de conversas com o resto do mundo. Ele deixou claro
na sua mensagem de ano novo que este seria o começo de uma fase de abertura da nação norte
coreana. Portanto, ao longo do ano diversos passos importantes para uma mudança da situação atual
foram tomados. Muitos deles, contudo, se encaixam no modo de operação do líder norte coreano:
movimentos excêntricos, mas com pouco efeito real de mudança. Temos como exemplo a delegação
conjunta das Coreias nas Olimpíadas que, apesar de ter sido um marco histórico, pouco fez para
diminuir o isolamento político do Norte. Outro exemplo foi o encontro de Kim Jong-un e Moon Jae-
in na fronteira das duas nações, que por mais que tenha gerado um furor na imprensa, somente serviu
para reiterar pontos de discussão há muito estabelecidos. Assim, serve apenas analisar as ações
concretas tomadas pela Coreia do Norte e outras partes atualmente, começando pela reunião com o
presidente sul coreano em abril.
A Declaração de Panmunjom foi o resultado do encontro dos líderes coreanos em abril.
Conquanto não seja um acordo de cunho obrigatório por nenhuma das partes, serve exclusivamente
para oficializar as intenções das duas nações em futuras discussões. Importante notar que a
desnuclearização da península foi tópico importante e foi acordado entre as partes durante a reunião,
mas, dado o histórico da Coreia do Norte de não complacência com sua palavra no que tange a questão
nuclear, esta declaração deve ser tomada com prudência. Mais importante, contudo, está o
comprometimento de ambas as partes por um novo período de paz, incluindo o fim do armistício e
sua substituição por um acordo de paz. Houve outra reunião dos líderes em maio, em preparação para
as conversas de Kim Jong-un com o presidente americano, Donald Trump.
A segunda reunião dos líderes coreanos este ano serviu como meio do presidente sul coreano
passar os resultados das suas conversas com o presidente dos estados unidos e reforçar os interesses
comuns das coreias na discussão entre a o Norte e os EUA que seria realizada. Assim, vale notar que
novamente foi afirmada a desnuclearização da península por ambas as partes e um fim para as
hostilidades na península, ambas ideias reforçadas pelo presidente Donald Trump e Moon. Para
atingir esse fim, ficou decidido que líderes militares norte e sul coreanos se encontrariam futuramente
para discussões sobre como minimizar a tensão militar que assola a região. O mais importante a ser
tirado dessa reunião é, no fim, a real efetivação de um dos pontos da Declaração de Panmunjom que
é o compromisso em aumentar as conversas entre os líderes da península coreana. Esta reunião foi
decidida apenas um dia antes da sua realização, a pedido do líder norte coreano. Assim, é perceptível
que o nível de abertura ao diálogo da Coreia do Norte está realmente maior. É importante notar
também que, neste período, o governo norte coreano fez uma destruição pública de um de seus locais
de testes nucleares, o que indica que talvez esteja realmente sendo iniciado um processo de
desnuclearização do país.
Por fim, temos a reunião de Kim Jong-un com Donald Trump, atual presidente dos Estados
Unidos da América. Essa reunião é um marco na história mundial, pois foi a primeira vez que os
líderes da Coreia do Norte e dos Estados Unidos da América se reuniram. Os resultados da reunião,
contudo, seguiram a linha já estabelecida pelos encontros passados de Kim com outras nações. Foi
reafirmada a desnuclearização da península e a necessidade de paz na região, incluindo o fim de
hostilidades. Os líderes, contudo, foram muito mais fortes em seus discursos. Trump clamou por uma
total desestruturação do programa nuclear de da nação norte coreana, enquanto Kim prometeu
“grandes mudanças”. Por mais que tenha sido assinado ainda outro documento, que marca uma nova
fase de diálogo entre as cúpulas de ambas as nações como foi estabelecido pelos dois líderes, o fato
de que ainda se tratarem de promessas sem datas ou medidas específicas faz com que esta tenha sido
mais uma jogada de exibição de ambas as partes do que um real acordo.
5. Posicionamentos Externos à Península
Encravada entre potências, a política na península coreana sempre teve grande influência dos
países vizinhos, ainda que seja apresentada uma hábil diplomacia de autonomia, particularmente pela
Coreia do Norte. Os esforços de reconciliação das Coreias, portanto, não se constituem somente como
questão interna, mas mostram-se especialmente relevantes para Estados Unidos, China, Japão e
Rússia, na medida em que buscam alteração do status quo da região. Por conseguinte, a pressão
externa deve ser cuidadosamente considerada pelos líderes coreanos no desenvolvimento de suas
negociações.
5.1 China
As relações chinesas com a Coreia são milenares e podem ser facilmente consideradas como
basilares para a formação cultural e política da península, especialmente na notável influência do
confucionismo. Entretanto, Vizentini e Pereira (2014), argumentam que a China não teria capacidade
de determinar plenamente as mudanças na região, pois 1) as relações com os Estados Unidos
constituem-se no maior foco da política externa norte-coreana com o dilema nuclear, buscando
resolver questões de tratado de paz e fim de sanções econômicas e financeiras; e 2) a dependência
norte-coreana da China seria superestimada e a influência chinesa só seria exercida concretamente
quando houvesse interesses estratégicos de Pequim.
De fato, a China encontra-se em um dilema: por um lado, compromete-se com a
desnuclearização da península, já que ter uma nação vizinha com capacidades nucleares seria, a longo
prazo, uma ameaça à estabilidade regional e à segurança chinesa, além de um promotor da
securitização norte-americana da região em parceria com o Japão; e, por outro lado, permanece
sustentando a República Democrática Popular da Coreia, sem poder pressionar demasiadamente o
país com qualquer política ou sanção (MELCHIONNA, 2014). Isso significa que as relações entre
China e Coreia do Norte se dão na manutenção do status quo, buscando reduzir a presença dos Estados
Unidos na região. Ainda que nos últimos anos tenha sido estabelecido um estreitamento maior nas
relações chinesas com Seul, isso não modifica a questão com Pyongyang, e a unificação da Coreia
sob a estrutura política do Sul seria um desfecho negativo para os interesses de Pequim.
5.2 Estados Unidos
Apesar de não ser um país vizinho da península coreana, a influência dos Estados Unidos
sobre a região é impossível de ser ignorada desde o fim da Segunda Guerra Mundial, tendo atuado na
Guerra da Coreia e desde então estabelecido fortes relações com Seul. Além dos estreitos vínculos
econômicos e políticos, há uma relevante colaboração militar, com a presença de forças americanas
em solo coreano e a realização de exercícios militares conjuntos frequentemente.
Segundo o Plano de Operações norte-americano em caso de Reunificação de 2001, haveria
imediatamente a retirada das forças militares extra-coreanas da península, com a implementação de
um novo mecanismo de segurança. Isso implicaria em um novo equilíbrio de poder no Leste Asiático,
em que os únicos aliados estratégicos dos Estados Unidos seriam Japão e Taiwan, que teriam sua
importância majorada (BRITES, 2011). Ainda assim, a tendência em um contexto de reunificação
seria de ascensão de elites políticas do Sul ao poder, de forma que poderia ser buscada uma nova
aliança com os Estados Unidos. Nesse cenário, uma Coreia autônoma, porém aliada aos interesses
norte-americanos, fazendo fronteira com China e Rússia, seria desejável.
Ainda assim, os custos do enfraquecimento da presença estadunidense na região seriam altos,
de forma que a aproximação dos Estados Unidos com a Coreia do Norte busca antes reduzir as tensões
na península e integrar aos poucos o regime norte-coreano na dinâmica das relações comerciais norte-
americanas com a abertura política. Nesse sentido, e considerando a busca — e autoproclamada
realização — da RDPC de obter o status e o prestígio de uma potência nuclear, os Estados Unidos
enfoca por vias diplomáticas a desnuclearização da península, de forma que o regime norte-coreano
mudasse seu comportamento e, se possível, seu caráter, já que a demonização sustentada pelos norte-
americanos impossibilita o diálogo (VIZENTINI et PEREIRA, 2014).
5.3 Japão
Nos últimos anos, o Japão tem se concentrado em diminuir seu isolamento diplomático
regional, principalmente com China e Coreia do Sul, enquanto ainda permanece com a forte aliança
securitária com os Estados Unidos. Também há enfoque na política econômica, visando restabelecer
o crescimento da economia após a crise de 2008. Nesse contexto, a recente aproximação japonesa
com a Coreia do Norte significou a abertura da possibilidade de barganha com Seul, reatando
particularmente os laços econômicos, enquanto para Pyongyang constituiu-se em uma tentativa de
enfraquecer a ação coletiva de Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos. Ainda assim, o governo japonês
não se encontra capaz de lidar com as tensões da península, especialmente relacionada com o
armamentismo nuclear norte-coreano, e, portanto, a presença estadunidense no Leste Asiático ainda
é fundamental (SOGARI, 2012). Na busca de fortalecer a posição japonesa na região, a questão
coreana revela-se um grande desafio à diplomacia da nação, na medida em que ocorre em contexto
de estreitamento de laços com a China e manutenção da importante aliança com os Estados Unidos.
5.4 Rússia
A Rússia, apesar de não apresentar os mesmos laços políticos e econômicos da União
Soviética com a Coreia do Norte, tem relevantes interesses geopolíticos na península, e por isso deseja
a amenização das tensões entre os dois Estados coreanos. É notável o apoio à aproximação coreana,
marcado pela visita do presidente Putin à Seul em 2013, que resultou em acordos de intenções de
participação de empresas sul-coreanas em atividades econômicas russo/norte-coreanas em Rajin,
distrito banhado pelo Mar do Japão na fronteira norte da península, com o objetivo de dinamizar as
trocas comerciais portuárias. Além disso, a Rússia tem desenvolvido projetos trilaterais de
infraestrutura na região, como a construção de ferrovias e gasodutos. É claro para o Estado russo que
"o desenvolvimento do extremo oriente do seu território depende grandemente de sua integração ao
Nordeste da Ásia" (VIZENTINI et PEREIRA, 2014, p. 192).
Tal aproximação russa representa uma oportunidade especialmente para a Coreia do Norte —
que recebeu perdão de 10 dos 11 bilhões da sua dívida com a Rússia — para diminuir sua dependência
frente à China, enquanto a Coreia do Sul mostra-se mais receosa, pois não deseja abrir mão de seus
interesses de médio e longo prazo pelos interesses russos na região. Ainda assim, é improvável que a
Rússia apoie a unificação da península, particularmente sob influência sul-coreana, pois deseja
reduzir a força norte-americana no nordeste asiático.
6. Cargos Políticos e Posicionamentos
6.1 Coreia do Norte
6.1.1 Kim Jong-un, líder da República Popular Democrática da Coreia, presidente da
Comissão de Assuntos do Estado, presidente do Partido dos Trabalhadores da Coreia e
Comandante Supremo do Exército Popular Coreano
O governo norte-coreano apresenta forte centralidade na figura pessoal de Kim Jong-un,
herança do confucionismo na península, de forma que todas as decisões centrais passam por ele.
Buscando representar uma figura mais carismática e pública que seu pai, Kim realiza essa
aproximação diplomática com a Coreia do Sul para fugir do isolamento completo de seu país, tendo
como principal recurso para as negociações o desenvolvimento completo de armamento nuclear, com
capacidade de atingir até os Estados Unidos. Ainda assim, a sobrevivência do regime socialista juche
é seu principal objetivo, bem como manter-se no poder. Tendo construído uma forte base política
interna na transição de mandato, suas decisões dificilmente são questionadas no Partido e no Exército.
6.1.2 Kim Yo-jong, membro do Politburo
Irmã mais nova de Kim Jong-un, Kim Yo-jong participa do principal órgão do poder executivo
da Coreia do Norte, o Politburo, que tem poder de decisão de facto. Sua principal preocupação é com
a manutenção do regime socialista juche, e, portanto, vê na unificação abrupta (à qual se opõe)
somente o suicídio da elite política norte-coreana, considerando a influência e o poder sul-coreanos.
Preza pelo status do Partido internamente e coopera com a execução das decisões de seu irmão e da
alta elite política. Além disso, lidera o Departamento de Propaganda da Coreia do Norte, dedicando
atenção à ação da agência estatal de notícias, KCNA, e, em caso de morte de Kim Jong-un,
provavelmente assumiria o comando da nação.
6.1.3 Kim Yong-nam, presidente da Assembleia Suprema do Povo
Já tendo servido como ministro das Relações Exteriores, atualmente Kim Yong-nam atua
como o presidente da Coreia do Norte de jure, chefe de Estado nominal da nação. Sua influência é
extensa na administração interna do país e na base política do Partido, que cresceu em poder graças
à sua colaboração. Com considerável trabalho por trás das cortinas, Kim lida diretamente com
questões políticas internas. Sua principal preocupação é com a estrutura política do regime norte-
coreano e a manutenção da força do Partido através das negociações.
6.1.4 Ri Myong-su, chefe da equipe geral das Forças Armadas do Povo Coreano
Como membro de alto escalão do Exército, Ri Myong-su partilha das mesmas preocupações
que Pak Yong-sik, ministro das Forças Armadas do Povo Coreano. Entretanto, é seu encargo
comandar as ações militares se necessário, sob comando direto apenas do Comandante Supremo do
Exército Popular Coreano, Kim Jong-un.
6.1.5 Pak Yong-sik, ministro das Forças Armadas do Povo Coreano
A preocupação central de Pak Yong-sik reside na segurança nacional norte-coreana e no
dilema em que seu país se apresenta com tratados de desnuclearização. Nas recentes negociações
internacionais, foi demandado da Coreia do Norte (especialmente por parte dos Estados Unidos) a
desnuclearização da península; porém, o governo só está disposto a cooperar nesse sentido se for
garantido um arranjo securitário completo, verificável e irreversível. A preocupação é que o caso
coreano se torne semelhante ao da Líbia, por isso busca-se preservar ao limite a capacidade militar
do regime. Internamente, o ministro busca manter o status político e a influência do Exército, que
poderiam ser minados com a abertura política.
6.1.6 Ri Yong-ho, ministro das Relações Exteriores
Com uma grande carreira como diplomata, Ri Yong-ho tem particular experiência em
negociações com os Estados Unidos sobre o programa nuclear. Sua principal preocupação reside em
assegurar os interesses norte-coreanos no sistema internacional com essa recente aproximação
política. Assim, Ri é especialmente sensível a temas na negociação que interessem a China (maior
aliado do regime norte-coreano) e a Rússia. Com a dinâmica política dos últimos anos no Nordeste
Asiático, em que os tradicionais aliados norte-coreanos têm buscado aproximação com a Coreia do
Sul e outras nações da região, Ri busca fortalecer a posição de negociação de seu país frente às
potências regionais, inclusive no diálogo com os Estados Unidos e na abertura diplomática.
6.1.7 Ri Son-gwon, presidente do Comitê de Reunificação Pacífica da Pátria
Uma das chaves das negociações norte-coreanas, Ri Son-gwon foi central para o
estabelecimento do diálogo na península. Seu cargo envolve lidar com questões intercoreanas, como
a abertura da linha quente de comunicação Pyongyang-Seul e do canal de Panmunjom, sendo um dos
líderes coreanos que mais se envolveu com a organização desta reunião de cúpula. Entretanto, apesar
de ser o porta-voz da reconciliação, Ri preza pelos interesses políticos do regime norte-coreano, de
forma que a aproximação diplomática não pode servir somente à política de Seul, mas antes ao Partido
do Trabalho da Coreia.
6.1.8 Kim Yong-chol, vice-presidente do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores da
Coreia
Atualmente envolvido diretamente com os assuntos sul-coreanos, o general e político Kim
Yong-chol foi, até 2016, diretor do Gabinete Geral de Reconhecimento, o centro de operações
clandestinas da Coreia do Norte, especialmente voltado para a Coreia do Sul e o Japão. Portanto, Kim
mantém uma forte rede de contatos no setor de inteligência, buscando garantir que a segurança
nacional não seja comprometida com a exposição de informações confidenciais. Nas negociações,
isso se reflete especialmente na questão nuclear, sendo defendido que toda e qualquer ação em plantas
nucleares (ainda que a desativação), seja feita por oficiais norte-coreanos e em total sigilo; também
se busca preservar a informação sobre as reais capacidades bélicas do regime.
6.1.9 Editor da Agência de Notícias Korean Central (KCNA)
A KCNA (Korean Central News Agency) é a empresa estatal de mídia, e, portanto, está
fortemente vinculada ao regime socialista e ao Partido. Como é característico do socialismo juche, a
agência de notícias preza pela imagem do líder supremo Kim Jong-un, geralmente fazendo
transmissões de eventos com sua presença somente após a sua realização. Sua principal preocupação
é retratar a importância histórica da figura de Kim nas negociações, bem como os rumos das decisões
tomadas pelos líderes norte-coreanos.
6.2 Coreia do Sul
6.2.1 Moon Jae-in, presidente da República da Coreia
Graduado em direito, ativista dos Direitos Humanos e líder estudantil que se opôs à ditadura
militar, Moon Jae-in apresenta um governo liberal, que desde a campanha eleitoral defendeu o diálogo
com o vizinho norte-coreano. Ainda assim, o histórico armamentista da Coreia do Norte é uma grande
preocupação de Seul, de modo que permanece a proposta de revisão de implantação de um sistema
antimísseis. A aproximação coreana permite a Moon fortalecer a Coreia do Sul, especialmente na
criação de laços de interdependência econômica e, posteriormente, política. Nas negociações, espera-
se a assinatura do presidente para concluir qualquer tratado, porém as demais instituições de Direito,
isto é, o Legislativo e o Judiciário, podem vir a interferir posteriormente nas decisões do chefe do
Executivo.
6.2.2 Jeong Kyeong-doo, presidente do Estado-Maior Conjunto
Como membro do alto escalão das Forças Armadas, Jeong Kyeong-doo partilha das
preocupações de Song Young-moo, ministro da Defesa Nacional. Entretanto, é seu encargo comandar
as ações militares se necessário. Trabalha diversas vezes em parceria com forças militares norte-
americanas, com treinamentos e exercícios conjuntos.
6.2.3 Song Young-moo, ministro da Defesa Nacional
Almirante da reserva da Marinha, Song Young-moo é o conselheiro em assuntos de defesa do
presidente Moon. Sua preocupação reside principalmente no armamento nuclear norte-coreano,
constante ameaça à segurança nacional e à estabilidade regional, portanto, busca incisivamente a
desnuclearização efetiva da península.
6.2.4 Kang Kyung-wha, ministra das Relações Exteriores
Com grande experiência diplomática, especialmente junto a ONU, Kang Kyung-wha é
responsável pelas relações exteriores da Coreia do Sul. Sua preocupação principal é com o histórico
aliado do país, os Estados Unidos, que inclusive mantém tropas em solo coreano e realiza exercícios
militares conjuntos, de forma a receber apoio para sua ascensão política. Ainda assim, as relações
com Rússia e China, que vêm melhorando significativamente nos últimos anos, revelam-se
importantes para o Estado sul-coreano para seu desenvolvimento regional. A recente aproximação
coreana apresenta-se como uma possibilidade de fortalecimento da Coreia como potência média no
Nordeste Asiático, fazendo frente ao Japão.
6.2.5 Cho Myoung-gyon, ministro da Unificação
Como secretário do ex-presidente Roh, Cho Myoung-gyon já teve relevante influência na
organização da reunião de cúpula intercoreana de 2007, bem como vistoriou a abertura do complexo
industrial de Kaesong. Novamente, como ministro de Moon Jae-in, Cho participa ativamente dos
esforços de diálogo entre as Coreias. Sua preocupação é promover medidas políticas e econômicas
de abertura do regime norte-coreano, dinamizando a interdependência na península sob a égide da
estrutura sul-coreana.
6.2.6 Im Jong-seok, chefe da Secretaria Presidencial
Como mais importante assessor do presidente, Im Jong-seok apresenta considerável influência
sobre os processos de administração interna da república. Sua posição é fortemente a favor da
aproximação com a Coreia do Norte e da dinamização das relações na península.
6.2.7 Suh Hoon, diretor do Serviço de Inteligência Nacional
Com experiência na questão nuclear, Suh Hoon serve seu país prezando pela
confidencialidade de informações relevantes de Estado e buscando compreender a política dos países
vizinhos. Já visitou Pyongyang para discutir as medidas necessárias para a desnuclearização da
península, bem como reuniu-se com o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe para o mesmo fim. Sua
maior preocupação é com a segurança nacional e a séria ameaça que representa o desenvolvimento
do armamento nuclear norte-coreano, especialmente no que se refere ao seu sigilo.
6.2.8 Chung Eui-yong, diretor do Escritório de Segurança Nacional
Como diplomata de carreira, Chung Eui-yong já foi enviado especial à Pyongyang para
discutir a questão nuclear com Kim Jong-un, bem como o responsável por negociar com os Estados
Unidos e anunciar o encontro Trump-Kim. Sua preocupação principal é com a desnuclearização da
península, na medida em que o poderio bélico norte-coreano é a maior ameaça à Coreia do Sul.
Também apoia a abertura do vizinho regime socialista, especialmente sob a pauta do livre comércio
com aliados e da interdependência.
6.2.9 Editor da agência de notícias Yonhap
Desde 1980, a Yonhap tem ativamente produzido material midiático de informação e
caracteriza-se como a maior agência de notícias da Coreia do Sul. Financiada por fundos públicos, a
rede é a única que trabalha com agências de notícias estrangeiras, inclusive com a estatal norte-
coreana KCNA. Sua preocupação é publicar informação sobre a reunião de cúpula, mas antes
retratando as medidas de reconciliação. Nunca buscando desonrar a imagem norte-coreana
considerando a extrema sensibilidade do assunto.
Referências Bibliográficas
ALJAZEERA. North Korea: All you need to know explained in graphics. 2017.
https://www.aljazeera.com/indepth/interactive/2017/08/north-korea-explained-graphics-
170810121538674.html (acesso em 27 de julho de 2018)
BRITES, Pedro Vinícius Pereira. A situação na península coreana: estrutura, panorama e cenários.
2011. 69 folhas. Trabalho de conclusão, Relações Internacionais - UFRGS, Porto Alegre,
2011.
MELCHIONNA, Helena Hoppen. A política externa da República Democrática Popular da Coreia
e o papel estratégico da China (1945-2011). 2014. 186 folhas. Dissertação, Estudos
Estratégicos Internacionais - UFRGS, Porto Alegre, 2014.
SOGARI, Mário Augusto Brudna. A política externa do Japão no século XXI: rumo a uma nova
doutrina diplomática?. 2012. 44 folhas. Dissertação, Estudos Estratégicos Internacionais -
UFRGS, Porto Alegre, 2012.
VIZENTINI, P. F.; PEREIRA, A. D. A discreta transição da Coreia do Norte: diplomacia de risco e
modernização sem reforma. Revista Brasileira de Política Internacional. V. 57, 2, p. 176-195,
2014.
THE GUARDIAN. The Guardian view on the US-North Korea summit: realism should trump hope.
2018. https://www.theguardian.com/commentisfree/2018/jun/11/the-guardian-view-on-the-
us-north-korea-summit-realism-should-trump-hope (acesso em 27 de julho de 2018).
THE STRAITS TIMES. Full address by South Korean President Moon Jae In on May 26 inter-Korea
summit. https://www.straitstimes.com/asia/east-asia/full-address-by-south-korean-president-
moon-jae-in-on-may-26-inter-korea-summit (acesso em 27 de julho de 2018)
top related