frei luis de sousa santillana (adaptado)

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Frei Luís de Sousa

(ppt adaptado)

ESTRUTURA EXTERNA

• Frei Luís de Sousa texto dramático:

Texto principal (falas das personagens)

+

Texto secundário (didascálicas)

• Texto em prosa (característica do drama romântico).

• Divisão em três atos

(mudança de ato mudança no local da ação)

Ato I — doze cenas

Ato II — quinze cenas

Ato III — doze cenas

Momentos importantes:

Ato I, Cena XII: Manuel incendeia o seu palácio.

Ato II, Cena XV: O Romeiro descreve-se como «Ninguém», apontando para o retrato de D. João.

Ato I, Cena XII: Morte de Maria.

ESTRUTURA INTERNA

Estrutura interna

organização do enredo:

divisão tripartida da ação dramática

Exposição, conflito e desenlace

Frei Luís de Sousa:

Exposição — Cenas I-IV do Ato I

Conflito — Cena V do Ato I a IX do Ato III

Desenlace — Cenas X-XII do Ato III

Exposição:

Momento em que são apresentadas as personagens centrais

e os antecedentes da ação.

Exposição, conflito e desenlace

Conflito:

Conjunto de acontecimentos que constituem a ação e que se prendem

essencialmente com aquilo que as personagens fazem e com os conflitos

que vivem.

Desenlace:

Desfecho da ação dramática. No Frei Luís de Sousa, este final coincide com

o ingresso na vida religiosa (Madalena e Manuel) e com a morte de Maria.

Frei Luís de Sousa

As personagens

D. MADALENA DE VILHENA

Personagem que vive numa grande angústia e agitação

emocional.

Consciente — desde o monólogo inicial, em que há uma

comparação com Inês de Castro — da sua condenação

à infelicidade.

Dominada pelo terror e pelo medo, teme o regresso

de D. João e vive com a ideia de pecado (a traição de ter

amado Manuel de Sousa Coutinho ainda casada com D. João).

A dimensão do terror em que vive é acentuada:

pelas palavras de Telmo;

pelo sebastianismo de Telmo e Maria;

pela crença no oculto/irracional (agouros, significado da mudança de casa, coincidência de datas).

Johann Füssli, O Pesadelo (1802).

«Oh! que o não saiba ele ao

menos, que não suspeite o estado em que eu vivo…»

Madalena (Ato I, Cena I)

Personagem que vive numa grande angústia e agitação

emocional.

Consciente — desde o monólogo inicial, em que há uma

comparação com Inês de Castro — da sua condenação

à infelicidade.

Dominada pelo terror e pelo medo, teme o regresso

de D. João e vive com a ideia de pecado (a traição de ter

amado Manuel de Sousa Coutinho ainda casada com D. João).

A dimensão do terror em que vive é acentuada:

pelas palavras de Telmo;

pelo sebastianismo de Telmo e Maria;

pela crença no oculto/irracional (agouros, significado da mudança de casa, coincidência de datas).

Johann Füssli, O Pesadelo (1802).

«Oh! que o não saiba ele ao

menos, que não suspeite o estado em que eu vivo…»

Madalena (Ato I, Cena I)

D. MANUEL DE SOUSA COUTINHO

Aristocrata culto e apreciador das letras.

Personagem com traços psicológicos complexos,

quase contraditórios:

O seu comportamento, no final do Ato I, revela

patriotismo, coragem e determinação.

Maria descreve-o como «um português dos verdadeiros»

(Ato I, Cena VII).

Lucas Cranach, A Lei e a Graça (1529).

Dominado pela racionalidade

Recusa crer nos agouros.

Age sem hesitação.

Exprime o pensamento num discurso equilibrado.

Apesar da dor, aceita,no final, o ingresso numa

ordem religiosa.

Afetado pelo sentimento

Considera a possibilidade de morrer

como o pai.

Revela desagrado quando é

mencionada a figura de

D. Sebastião.

«Há de saber-se no mundo que

ainda há um português em

Portugal.»

Manuel (Ato I, Cena VIII)

Aristocrata culto e apreciador das letras.

Personagem com traços psicológicos complexos,

quase contraditórios:

O seu comportamento, no final do Ato I, revela

patriotismo, coragem e determinação.

Maria descreve-o como «um português dos verdadeiros»

(Ato I, Cena VII).

Lucas Cranach, A Lei e a Graça (1529).

Dominado pela racionalidade

Recusa crer nos agouros;

Age sem hesitação;

Exprime o pensamento num discurso equilibrado;

Apesar da dor, aceita,no final, o ingresso numa

ordem religiosa.

Afetado pelo sentimento

Considera a possibilidade de morrer

como o pai;

Revela desagrado quando é

mencionada a figura de

D. Sebastião.

«Há de saber-se no mundo que

ainda há um português em

Portugal.»

Manuel (Ato I, Cena VIII)

MARIA DE NORONHA

Representação da mulher-anjo romântica.

Culta e com um espírito curioso e indagador.

Aceitando a sabedoria do povo, crê na

verdade do sebastianismo (como Telmo).

Detentora de um conhecimento especial,

quase místico, muito pouco comum para

a sua idade.

A sua condição física de tuberculosa estimula

a sua curiosidade e torna-a ainda mais apta

para um conhecimento especial das coisas. No final, apesar de morrer

de vergonha, o seu discurso

é mais do que uma voz

individual: é uma crítica

contundente às convenções

sociais e religiosas.

Anne-Louis Girodet, O Enterro de Atala (1808).

«Minha mãe, meu pai, cobri-me bem estas faces, que morro

de vergonha…»

Maria (Ato III, Cena XII)

Representação da mulher-anjo romântica.

Culta e com um espírito curioso e indagador.

Aceitando a sabedoria do povo, crê na

verdade do sebastianismo (como Telmo).

Detentora de um conhecimento especial,

quase místico, muito pouco comum para

a sua idade.

A sua condição física de tuberculosa estimula

a sua curiosidade e torna-a ainda mais apta

para um conhecimento especial das coisas. No final, apesar de morrer

de vergonha, o seu discurso

é mais do que uma voz

individual: é uma crítica

contundente às convenções

sociais e religiosas.

Anne-Louis Girodet, O Enterro de Atala (1808).

«Minha mãe, meu pai, cobri-me bem estas faces, que morro

de vergonha…»

Maria (Ato III, Cena XII)

TELMO PAIS

É o escudeiro que acompanha a família

há décadas (também criou D. João);

representa o conselheiro fiel.

Protetor de Maria, sobre quem tem

grande influência.

Desempenha, junto de D. Madalena,

o papel de voz da consciência (no que

se aproxima do coro da tragédia grega),

revelando-se severo e inflexível.

Com o regresso de D. João (Ato II),

revela o profundo conflito que

o atormenta: a sua fidelidade morreu.

Desejava que D. João

tivesse continuado morto.

«Mas os ciúmes que meu amo não teve nunca — bem sabeis

que têmpera de alma era aquela — tenho-os eu…»

Telmo (Ato I, Cena II)

«Virou-se-me a alma toda com isto: não sou já o mesmo

homem…»

Telmo (Ato III, Cena IV)

«Senhor, senhor, não tenteis a fidelidade do vosso servo!»

Telmo (Ato III, Cena V)

É o escudeiro que acompanha a família

há décadas (também criou D. João);

representa o conselheiro fiel.

Protetor de Maria, sobre quem tem

grande influência.

Desempenha, junto de D. Madalena,

o papel de voz da consciência (no que

se aproxima do coro da tragédia grega),

revelando-se severo e inflexível.

Com o regresso de D. João (Ato II),

revela o profundo conflito que

o atormenta: a sua fidelidade morreu.

Desejava que D. João

tivesse continuado morto.

«Mas os ciúmes que meu amo não teve nunca — bem sabeis

que têmpera de alma era aquela — tenho-os eu…»

Telmo (Ato I, Cena II)

«Virou-se-me a alma toda com isto: não sou já o mesmo

homem…»

Telmo (Ato III, Cena IV)

«Senhor, senhor, não tenteis a fidelidade do vosso servo!»

Telmo (Ato III, Cena V)

FREI JORGE

«A todos parece que o coração lhes adivinha

desgraça… E eu quase que também já se me pega

o mal. Deus seja connosco!»

Frei Jorge (Ato II, Cena IX)

Irmão de Manuel de Sousa Coutinho,

é um amigo e confidente (ouve

a confissão de Madalena sobre o seu

pecado), desempenhando um papel

apaziguador.

Está presente no momento em

que o Romeiro se revela. Os seus

comentários são pressentimentos/

/indícios trágicos. O seu papel

aproxima-o da função do coro

na tragédia grega.

Inflexível nos princípios, procura,

no final, ajudar a família a manter

o equilíbrio e a serenidade possíveis.

«[O coro] funciona sempre como um espectador ideal que se

responsabiliza pelo equilíbrio das emoções e pela moderação

dos discursos.»

E-Dicionário de Termos Literários (http://www.edtl.com.pt)

«A todos parece que o coração lhes adivinha

desgraça… E eu quase que também já se me pega

o mal. Deus seja connosco!»

Frei Jorge (Ato II, Cena IX)

Irmão de Manuel de Sousa Coutinho,

é um amigo e confidente (ouve

a confissão de Madalena sobre o seu

pecado), desempenhando um papel

apaziguador.

Está presente no momento em

que o Romeiro se revela. Os seus

comentários são pressentimentos/

/indícios trágicos. O seu papel

aproxima-o da função do coro

na tragédia grega.

Inflexível nos princípios, procura,

no final, ajudar a família a manter

o equilíbrio e a serenidade possíveis.

«[O coro] funciona sempre como um espectador ideal que se

responsabiliza pelo equilíbrio das emoções e pela moderação

dos discursos.»

E-Dicionário de Termos Literários (http://www.edtl.com.pt)

O ROMEIRO / D. JOÃO DE PORTUGAL

Nobre muito respeitado, foi o amo de Telmo

e marido de D. Madalena (Telmo descreve-o

como «espelho de cavalaria e gentileza»).

Regressa do cativeiro que se seguiu à Batalha

de Alcácer-Quibir como um romeiro.

Inicialmente severo e vingativo (por se sentir

esquecido e inexistente — «Ninguém»),

revela-se, depois, humano e compassivo.

Henry Fuseli, Horácio, Hamlet e o Fantasma (1789).

Pede a Telmo que negue a sua

existência de modo a impedir a «morte

para a vida» de D. Madalena e Manuel

de Sousa Coutinho.

«[De qualquer modo, e num eco mais que hamletiano, D. João de Portugal não é mais que a projeção da culpabilidade

metafísica de todos os outros personagens sem presente.»

Eduardo Lourenço, «Romantismo e Tempo e o Tempo do Nosso Romantismo: a propósito

do Frei Luís de Sousa»

Nobre muito respeitado, foi o amo de Telmo

e marido de D. Madalena (Telmo descreve-o

como «espelho de cavalaria e gentileza»).

Regressa do cativeiro que se seguiu à Batalha

de Alcácer-Quibir como um romeiro.

Inicialmente severo e vingativo (por se sentir

esquecido e inexistente — «Ninguém»),

revela-se, depois, humano e compassivo.

Henry Fuseli, Horácio, Hamlet e o Fantasma (1789).

Pede a Telmo que negue a sua

existência de modo a impedir a «morte

para a vida» de D. Madalena e Manuel

de Sousa Coutinho.

«[De qualquer modo, e num eco mais que hamletiano, D. João de Portugal não é mais que a projeção da culpabilidade

metafísica de todos os outros personagens sem presente.»

Eduardo Lourenço, «Romantismo e Tempo e o Tempo do Nosso Romantismo: a propósito

do Frei Luís de Sousa»

Fotogramas do filme Quem És Tu? (2001), de João Botelho.

Frei Luís de Sousa uma tragédia

«Esta é uma verdadeira tragédia […]»Almeida Garrett, Memória ao Conservatório Real

• Ver caraterísticas da Tragédia nas páginas 149 a 151 do manual.

Eugène Delacroix, A Liberdade Guiando o Povo (1830).

Frei Luís de Sousa

um drama romântico (p. 152 do manual)

Marcas do drama romântico

• Texto em prosa;

• Não cumprimento da lei da unidade de tempo, espaço e ação (lei das três

unidades), respeitada na tragédia clássica.

Unidades Tragédia clássica Frei Luís de Sousa

1. Tempo Um dia. Uma semana.

2. Espaço Todos os acontecimentos decorrem no mesmo local.

Palácio de D. Manuel Palácio de D. João de Portugal.

3. Ação Todas as ações convergem para o desenlace trágico (o aparecimento de D. João e a catástrofe que se abate sobre a família — 21 anos depois da Batalha de Alcácer-Quibir).

• Tratamento de temas românticos:

Mitificação da figura de Camões;

Valorização do sentimento;

Importância do oculto e da dimensão mística;

Conceção cristã da existência;

Patriotismo;

Conflito entre a liberdade individual e as imposições exteriores.

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