execuÇÃo – fraudes do devedor didaticamente é possível identificar 03 espécies de fraude,...

Post on 17-Apr-2015

110 Views

Category:

Documents

0 Downloads

Preview:

Click to see full reader

TRANSCRIPT

EXECUÇÃO – FRAUDES DO DEVEDOR

• Didaticamente é possível identificar 03 espécies de fraude, embora a lei mencione expressamente apenas 02. Mas, na essência, todas têm um ato de disposição patrimonial do devedor, capaz de frustrar a execução.

• Fraudes Contra Credores • Fraude Em Execução

• Fraude de alienação de bem constrito

FRAUDE A CREDORES• Momento• • Só existe em obrigação pendente, ainda não tem

processo.• Requisitos• • Obrigação pendente.• Eventus daminni (insolvência).• Conciliun fraudis (ciência).• • Efeitos• • Pela lei o negócio é anulável. Para a doutrina processual

seria ineficaz.

FRAUDE CONTRA CREDORES• Forma De Arguição E Conhecimento• • Ação de conhecimento: Ação Pauliana ou Ação Revogatória que vai

gerar sentença constitutiva, que cria a penhorabilidade do bem.• • Eventus Daminni• • Eventus daminni é o elemento objetivo da fraude, é

a insolvência gerada ou agravada pelo negócio fraudulento. Excepcionalmente, o evento danoso não é a insolvência: quando a obrigação é de entrega de coisa certa, a mera disposição da coisa já gera prejuízo ao credor, sendo irrelevante a situação patrimonial do devedor.

FRAUDE CONTRA CREDORES• Concilium Fraudes• • Concilium fraudes é o elemento subjetivo. Não é

conluio fraudulento, basta a ciência efetiva ou potencial do devedor e do terceiro adquirente de que negócio gera ou agrava a insolvência.

• • Esse requisito é presumido quando a insolvência é

notória ou havia motivos para ser conhecida pelo terceiro. • • A lei dispensa esse requisito quando o negócio

fraudulento foi a título gratuito: foi uma opção política do legislador que preferiu socorrer o credor que ficaria desfalcado em detrimento de um beneficiário que teria aumento patrimonial sem nenhuma contraprestação.

FRAUDE CONTRA CREDORES• O negócio fraudulento existe e é válido, mas anulável,

por isso produz efeitos, transferindo a propriedade ao adquirente e, só através de Ação Pauliana ele pode ser anulado; com isso, a coisa volta a ser do devedor e pode ser penhorada. Antes da decisão, não é possível penhora.

• A maioria dos civilistas (N. Nery, Leonardo

Greco e Vicente Greco), com base na letra do Código Civil, entende que o negócio praticado em fraude contra credores é anulável.

FRAUDES CONTRA CREDORES• Da Fraude Contra Credores• Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de

bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.

• § 1o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.

• § 2o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles.

FRAUDE CONTRA CREDORES• Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos

onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante.

• Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o preço e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em juízo, com a citação de todos os interessados.

• Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o preço que lhes corresponda ao valor real.

Fraude contra credores• Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser

intentada contra o devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé.

• Art. 162. O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento da dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu.

• Art. 163. Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor.

FRAUDE CONTRA CREDORES

• Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis à manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e de sua família.

• Art. 165. Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores.

• Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos preferenciais, mediante hipoteca, penhor ou anticrese, sua invalidade importará somente na anulação da preferência ajustada.

FRAUDE À EXECUÇÃO• Art. 593. Considera-se em fraude de execução a alienação ou

oneração de bens:• I - quando sobre eles pender ação fundada em direito real;• II - quando, ao tempo da alienação ou oneração, corria contra o

devedor demanda capaz de reduzi-lo à insolvência;• III - nos demais casos expressos em lei.

De forma leiga, é uma espécie de fraude contra credores qualificada pela existência de processo.

• Momento Quando já há processo pendente. • Requisitos• Processo pendente.• Eventus damini.

FRAUDE À EXECUÇÃO• Efeitos Ineficácia do negócio fraudulento. • Formas De Arguição • Basta requerimento simples no processo de execução, o

juiz decide incidentalmente, determinando a penhora do bem.

• • Pela lei são apenas 02 requisitos, dispensa-se o concilium

fraudes em razão da publicidade do processo, que impediria a alegação de ignorância do devedor e do terceiro, mas na prática a jurisprudência inverteu a regra legal e é extremamente benevolente com o “3º adquirente de boa-fé”, e acaba obrigando ao credor a provar que o devedor e 3º adquirente sabiam do processo (súmula 375 STJ).

FRAUDE POR ALIENAÇÃO DE BEM JUDICIALMENTE CONSTRITO•

• É uma fraude a execução qualificada pela existência de penhora, arresto ou seqüestro.

• • Momento Posterior a constrição.• • Requisito Constrição judicial (penhora, seqüestro,

arresto, arrolamento, etc.).• • Efeitos O negócio é desde o início ineficaz para a execução.•

FRAUDE POR ALIENAÇÃO DE BEM JUDICIALMENTE CONSTRITO

• Forma De Arguição• • Essa fraude nem precisa ser

argüida, o juiz sequer manifestará sobre ela na execução. O bem será expropriado normalmente. O juiz só irá pronunciá-la se houver embargos de 3º oposto pelo adquirente.

FRAUDE POR ALIENAÇÃO DE BEM CONSTRITO

• OBS: mas a súmula 375 STJ exige registro da penhora ou a demonstração da ciência do 3º adquirente. A própria lei diz que a averbação da penhora não é ato constitutivo nem requisito para penhora é só meio de publicidade.

• Na fraude contra credores haverá lesão contra credor. Na fraude a execução haverá ofensa ao credor e ao processo. Na alienação de bem judicialmente constrito, além de prejuízo ao credor e ao processo, haverá afronta ao Judiciário, que já tem o bem ao seu poder, e é surrupiado.

Direito Processual CivilExecução – Liquidação da Sentença

DA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA

• • • • •

Liquidação de sentença• Art. 475-A. Quando a sentença não determinar o valor

devido, procede-se à sua liquidação. • § 1o Do requerimento de liquidação de sentença será a

parte intimada, na pessoa de seu advogado. • § 2o A liquidação poderá ser requerida na pendência de

recurso, processando-se em autos apartados, no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das peças processuais pertinentes.

• § 3o Nos processos sob procedimento comum sumário, referidos no art. 275, inciso II, alíneas ‘d’ e ‘e’ desta Lei, é defesa a sentença ilíquida, cumprindo ao juiz, se for o caso, fixar de plano, a seu prudente critério, o valor devido.

Liquidação de sentença

• Art. 475-B. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo aritmético, o credor requererá o cumprimento da sentença, na forma do art. 475-J desta Lei, instruindo o pedido com a memória discriminada e atualizada do cálculo.

• § 1o Quando a elaboração da memória do cálculo depender de dados existentes em poder do devedor ou de terceiro, o juiz, a requerimento do credor, poderá requisitá-los, fixando prazo de até trinta dias para o cumprimento da diligência.

• § 2o Se os dados não forem, injustificadamente, apresentados pelo devedor, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo credor, e, se não o forem pelo terceiro, configurar-se-á a situação prevista no art. 362.

• § 3o Poderá o juiz valer-se do contador do juízo, quando a memória apresentada pelo credor aparentemente exceder os limites da decisão exeqüenda e, ainda, nos casos de assistência judiciária.

• § 4o Se o credor não concordar com os cálculos feitos nos termos do § 3o deste artigo, far-se-á a execução pelo valor originariamente pretendido, mas a penhora terá por base o valor encontrado pelo contador.

• Art. 475-C. Far-se-á a liquidação por arbitramento quando:

• I – determinado pela sentença ou convencionado pelas partes;

• II – o exigir a natureza do objeto da liquidação. • Art. 475-D. Requerida a liquidação por arbitramento, o

juiz nomeará o perito e fixará o prazo para a entrega do laudo.

• Parágrafo único. Apresentado o laudo, sobre o qual poderão as partes manifestar-se no prazo de dez dias, o juiz proferirá decisão ou designará, se necessário, audiência.

• Art. 475-E. Far-se-á a liquidação por artigos, quando, para determinar o valor da condenação, houver necessidade de alegar e provar fato novo.

• Art. 475-F. Na liquidação por artigos, observar-se-á, no que couber, o procedimento comum (art. 272).

• Art. 475-G. É defeso, na liquidação, discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou.

• Art. 475-H. Da decisão de liquidação caberá agravo de instrumento. • CAPÍTULO X

DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇAArt. 475-I. O cumprimento da sentença far-se-á conforme os arts. 461 e 461-A desta Lei ou, tratando-se de obrigação por quantia certa, por execução, nos termos dos demais artigos deste Capítulo.

• § 1o É definitiva a execução da sentença transitada em julgado e provisória quando se tratar de sentença impugnada mediante recurso ao qual não foi atribuído efeito suspensivo.

• § 2o Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamente a execução daquela e, em autos apartados, a liquidação desta.

Liquidação de sentençaÉ o procedimento cognitivo que visa atribuir liquidez ao título judicial. Atualmente a liquidação é sempre um incidente.

• • No processo sincrético é uma fase posterior à sentença e

anterior ao cumprimento de sentença. Quando o cumprimento de sentença é feito por processo autônomo será na fase anterior ao próprio cumprimento: O credor ajuíza a petição inicial pedindo a citação do devedor para liquidar e cumprir a sentença.

• • Como é sempre um incidente, a liquidação é decidida através

de uma interlocutória de mérito agravável (art.475-H CPC)

• Espécies De Liquidação• • Para fins didáticos fala-se em 03

espécies:• • Cálculo (pseudo-liquidação)• Por arbitramento (perícia)• Por artigos (fato novo)

Liquidação por cálculo

• CÁLCULO (pseudo-liquidação): A rigor não é liquidação porque não chega a ser um procedimento, é apenas um ato extraprocessual do credor utilizado no processo. A rigor é liquidação por cálculo do credor, que elabora uma planilha descritiva do cálculo e junta no processo.

• A lei prevê um procedimento para o credor obter dados necessários para o cálculo que estejam em poder do devedor ou de 3º: o credor faz um requerimento, e o juiz intima o devedor ou cita o 3º para apresentá-los e 30 dias.

• • Se houver recusa injustificada do devedor, o credor

elaborará o cálculo estimando os dados, que serão tidos como corretos; se a recusa é de 3º haverá busca e apreensão dos documentos, e ele responde por crime de desobediência, e a doutrina sugere o uso da multa diária.

• Marinoni entende que o tratamento do devedor deve ser igual ao de 3º, com busca e apreensão e multa diária, para se obter uma execução justa.

• Dinamarco defende e explica a diferença do tratamento porque o devedor só tem o ônus de apresentar o documento, mas não tem obrigação nem dever de fazer prova contra si, por isso arca com a situação processual de desvantagem. O 3º tem o dever, a obrigação de cooperar com a justiça.

Liquidação por cálculoEm regra, não existe cálculo do contador, salvo em

02 exceções:• Quando o credor for beneficiário da justiça

gratuita (se o cálculo for complexo e não for apresentado pela parte);

• Quando o juiz constatar aparente erro no cálculo do credor, e determinar a conferência pelo contador do juízo.

• Nas 02 hipóteses, em princípio o juiz não se manifestará sobre cálculo do contador. A lei não quer que tenha recurso nessa fase.

• Na 2º hipótese se o contador apura valor maior que o do credor, o credor pode aditar o requerimento ou a inicial pelo valor maior; se o contador apurar valor menor, o credor poderá corrigir o seu cálculo ou insistir no seu cálculo. Se insistir, a execução prossegue pelo valor do credor, mas a penhora fica limitada ao valor do contador. Se houver impugnação alegando excesso de execução, o juiz decidirá qual cálculo deve prevalecer.

• E se não houver impugnação? • R: para Alexandre Câmara o juiz determinará o reforço da

penhora, pois o devedor aceita o cálculo do credor. Para Dinamarco, o juiz deve de ofício decidir qual o valor correto, em uma espécie de tutela antecipada de ofício em favor do devedor, pois a execução deve ser justa.

Liquidação por arbitramento• POR ARBITRAMENTO (perícia) – arts. 475-C e D

CPC: é a liquidação feita através de perito nomeado para avaliar um bem, um serviço ou um prejuízo. Será utilizada a liquidação por arbitramento quando:

• • A natureza do objeto da obrigação exigir; • Houver convenção da partes; • A sentença determinar;

• A realização da liquidação de modo diferente do fixado na sentença não ofende a coisa julgada (súmula 344 STJ). Da mesma forma a convenção das partes não obriga o juiz.

• Essa liquidação tem cognição limitada porque todos os elementos que devem ser considerados pelo perito já estarão fixados na sentença. O juiz apenas homologará o laudo.

• PROCEDIMENTO: pela lei o juiz nomeia perito e fixa prazo prévio para entrega do laudo. Apresentado o laudo as partes se manifestam em 10 dias, e o juiz decide o uso do procedimento da perícia na fase de instrução, com a possibilidade de quesitos, assistente técnico, etc.

Liquidação por artigos• LIQUIDAÇÃO POR ARTIGOS (fato novo)• • Será usado para se apurar o valor ou quantidade

devida.• • Na verdade ela instaura um verdadeiro

procedimento exauriente e amplo. O único limite é a coisa julgada anterior.

• • Fatos novos são todos os fatos relevantes para a

quantificação da obrigação que não tenham sido decididos na sentença - inclui fatos não alegados e fatos alegados, mas não apreciados na sentença (art. 475-E F CPC).

• O requerimento de liquidação será semelhante a uma petição inicial, descrevendo os fatos importantes para a quantificação e indicando as provas que se pretende. Haverá defesa, instrução e ao final decisão. O rito será o mesmo da fase de conhecimento anterior. Se na 1º fase o procedimento foi especial a liquidação poderá seguir o sumário ou o ordinário, dependendo do valor (na dúvida utiliza-se o ordinário).

• Nessa liquidação só não é possível

rediscutir ou alterar o que já foi decidido.

• Regras Gerais Do Procedimento Da Liquidação • A liquidação é iniciada por requerimento de uma

das partes. Quando exigir apenas cálculo, o próprio devedor pode realizá-lo e apresentá-lo.

• A liquidação pode ser requerida e processada

mesmo na pendência de recurso contra sentença, ainda que ele tenha efeito suspensivo.

• A parte contrária será intimada através do advogado, depois de produzida a perícia, se for arbitramento, ou outras provas, o juiz profere uma decisão interlocutória que admite agravo de instrumento. A liquidação provisória é feita em autos apartados.

• LIQUIDAÇÃO ZERO: Em regra, a liquidação viabiliza atribuindo liquidez ao título. Excepcionalmente ela pode frustrar a execução quando conclui que o valor ou a quantia da obrigação reconhecida na sentença é igual a zero.

top related