estudo da produÇÃo de leite no assentamento vale … · vale verde, considera a principal fonte...
Post on 02-Dec-2018
216 Views
Preview:
TRANSCRIPT
Câmpus de Presidente Prudente
Curso de Graduação em Geografia (Licenciatura e Bacharelado) Convênio UNESP/INCRA/Pronera
ESTUDO DA PRODUÇÃO DE LEITE NO ASSENTAMENTO VALE VERDE MUNICÍPIO TEODORO SAMPAIO-SP
MANOEL MESSIAS DUDA
Orientador: Prof. Ms. Anderson Antônio da Silva Co-orientador: Prof. Dr. Bernardo Mançano Fernandes
Monitor: Leandro Nieves Ribeiro
Presidente Prudente 2011
Câmpus de Presidente Prudente
Curso de Graduação em Geografia (Licenciatura e Bacharelado) Convênio UNESP/INCRA/Pronera
ESTUDO DA PRODUÇÃO DE LEITE NO ASSENTAMENTO VALE VERDE MUNICÍPIO TEODORO SAMPAIO-SP
MANOEL MESSIAS DUDA
Trabalho de Monografia apresentada como pré-requisito para obtenção do título de Bacharel em Geografia da FCT/UNESP - Faculdade de Ciências e Tecnologia – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”.
Orientador: Prof. Ms. Anderson Antônio da Silva
Co-orientador: Prof. Dr. Bernardo Mançano Fernandes Monitor: Leandro Nieves Ribeiro
Presidente Prudente 2011
MANOEL MESSIAS DUDA
ESTUDO DA PRODUÇÃO DE LEITE NO ASSENTAMENTO VALE VERDE MUNICÍPIO TEODORO SAMPAIO-SP
Aprovado em __/__/2011
Trabalho de Monografia apresentada como pré-requisito para obtenção do título de Bacharel em Geografia da FCT/UNESP - Faculdade de Ciências e Tecnologia – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”.
MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA
Orientador: Prof. Ms. Anderson Antonio da Silva (FATEC-PP) 2º Examinador: Prof. Dr. Bernardo Mançano Fernandes (FCT/UNESP) 3º Examinador: Prof. Dr. Luis Antonio Barone (FCT/UNESP)
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha mãe Maria Carmelita e ao meu pai
Valdomiro que Deus os iluminou para minha existência e aos meus
irmãos. A Senhora Andréa Cristina dos Santos, companheira de
todas as horas, Emanoelle, Mainara, Maina, Bruno, Melina, Rafael
e Talita minhas família querida que são os pilares da minha vida.
AGRADECIMENTOS
Ao professor e orientador Anderson Antonio da Silva, do qual ao longo do processo eu recebi
inúmeros ensinamentos valiosos para minha formação. Ao meu professor, co-orientador e
amigo Bernardo Mançano Fernandes, pessoa importante para que eu realizasse esta
monografia.
As contribuições dos membros da banca de qualificação, professores (a) Anderson, Fatima
Rotta, Bernadete e Antonio Flávio Simonete, que me ajudaram a refletir sobre o meu trabalho.
A todos aqueles que de algum modo, cooperaram com o levantamento de dados e informações
que deram origem a esta monografia. A humildade das famílias assentadas, que para
responderam aos questionários desta pesquisa muitas vezes tiveram que interromper as
atividades da lida no lote para nos atender.
Agradeço a todos os meus professores (a) da FCT/UNESP. Hoje sem dúvida posso dizer que
a universidade me ofereceu valiosas contribuições para mudança da minha vida. Aos meus
amigos de trabalho e militantes do MST, a minha companheira Andréa que esteve ao meu
lado em todas as etapas da pesquisa. Ao companheiro do Pontal Sidnei Macedo e aos
monitores Leandro e Guthierre, que também deram sua valorosa contribuição para que eu
desse bom andamento em meus trabalhos.
É melhor tentar e falhar do que se preocupar e ver a vida passar. È melhor tentar, ainda em vão, que sentar-se
fazendo nada até o final. Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias tristes em casa me esconder. Prefiro ser feliz,
embora louco, que em conformidade viver. Martin Luther King
RESUMO
Esta monografia tem como tema central o estudo da produção de leite no assentamento do
Vale Verde, considera a principal fonte de renda das famílias deste assentamento. O
assentamento Vale Verde localiza-se no município de Teodoro Sampaio, região do Pontal do
Paranapanema-SP. Buscando compreender a baixa produtividade do leite, e a necessidade de
buscar novas fontes de renda a partir da diversificação produtiva, foi associado à produção de
leite o estudo de outras dimensões como: situação educacional; comercialização; assistência
técnica; conhecimento; crédito; transporte; estradas e percepção das famílias assentadas sobre
processos relevantes para o desenvolvimento do assentamento. Estas dimensões ofereceram
informações importantes para compreensão da baixa produção e das dificuldades que as
famílias enfrentam para prática da diversificação produtiva no assentamento. Também
apresentamos o processo de ocupação do pontal, a questão agrária do pontal, criação do
município de Teodoro Sampaio e luta de conquista do assentamento Vale Verde. A
importância da análise multidimensional para uma leitura mais ampla das problemáticas
relacionadas ao tema assentamentos rurais também é abordada no trabalho.
Palavras-chave: assentamento, leite, Luta pela terra, multidimensionalidade, renda.
ABSTRACT
This monograph is focused on the study of milk production in the settlement of Green Valley,
considered the main source of income for the families of this settlement. The settlement Green
Valley is located in the municipality of Teodoro Sampaio, Pontal region-SP. Seeking to
understand the low productivity of milk, and the need to seek new sources of income from the
diversification of production, was associated with milk production study of other dimensions
such as educational status, marketing, technical assistance, knowledge, credit, transport, roads
and perception of families settled on processes relevant to the development of the settlement.
These dimensions provide important information for understanding the low production and
the difficulties that families face in practice diversification of production in the settlement.
We also present the process of occupation of the headland, the agrarian question of the spit,
creating the municipality of Teodoro Sampaio and fight for the conquest of Green Valley
settlement. The importance of multidimensional analysis to a wider reading of the issues
related to rural settlements issue is also addressed in the work.
Keywords: settlement, milk, Struggle for land, multidimensionality income.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - PONTAL DO PARANAPANEMA – ASSENTAMENTOS RURAIS POR MUNICÍPIO - 1983-2005. ........................................................................................................ 37
FIGURA 2 - PLANTA DO GRILO MÃE DA FAZENDA PIRAPÓ SANTO ANASTÁCIO. .................................................................................................................................................. 40
FIGURA 3 - ORIGEM DO ENTREVISTADO, SEGUNDO LOCAL DE NASCIMENTO .. 50
FIGURA 4 - GRAU DE PARENTESCO DO RESPONDENTE EM RELAÇÃO AO TITULAR ................................................................................................................................. 51
FIGURA 5 - FAMÍLIAS QUE SOBREVIVEM DA RENDA DO LOTE ............................... 56
FIGURA 6 - CRIAÇÃO DE VACAS DE LEITE. ................................................................... 58
FIGURA 8 - PRODUTORES QUE UTILIZAM RAÇÃO ESPECIAL NA ÉPOCA DAS SECAS ...................................................................................................................................... 62
FIGURA 9 - ORIGEM DA COMPRA DE GADO DE LEITE. .............................................. 64
FIGURA 10 - TIPO DE TRANSPORTE DAS FAMÍLIAS ASSENTADAS ATÉ A CIDADE. .................................................................................................................................................. 68
FIGURA 11 - DESTINAÇÃO DO LIXO. ............................................................................... 70
FIGURA 12 - FONTE DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA. ................................................. 70
FIGURA 13 - LOCAL DE ARMAZENAMENTO DA PRODUÇÃO. ................................... 71
FIGURA 14 - OPINIÃO DO ENTREVISTADO SOBRE O TAMANHO DO LOTE. .......... 73
FIGURA 15 - OPINIÃO DO ENTREVISTADO SOBRE A LOCALIZAÇÃO DO LOTE. .. 74
FIGURA 16 - OPINIÃO DO ENTREVISTADO SOBRE OS SERVIÇOS DE ÁGUA E LUZ .................................................................................................................................................. 75
FIGURA 17 - OPINIÃO DO ENTREVISTADO SOBRE OS SERVIÇOS BÁSICOS DE SAÚDE ..................................................................................................................................... 75
FIGURA 18 - OPINIÃO DO ENTREVISTADO SOBRE OS SERVIÇOS BÁSICOS DE EMERGÊNCIA ........................................................................................................................ 76
FIGURA 19 - ENTREVISTADOS QUE ACREDITAM QUE QUANTO MENOR É O ESTUDO MAIOR É A DESTRUIÇÃO ................................................................................... 77
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - NÚMERO DE ASSENTAMENTOS E FAMÍLIAS ASSENTADAS NO MUNICÍPIO DE TEODORO SAMPAIO ................................................................................ 15
Tabela 2 - ASSENTAMENTOS QUE COMPÕEM A ANTIGA FAZENDA RIBEIRÃO BONITO ................................................................................................................................... 46
Tabela 3 - NÚMERO DE PESSOAS OCUPADAS POR ESTABELECIMENTO, SEGUNDO OS TIPOS FAMILIARES ........................................................................................................ 50
Tabela 4 - TAMANHO DA FAMÍLIA .................................................................................... 51
Tabela 5 – ESCOLARIDADE. ................................................................................................. 53
Tabela 6 - EXISTÊNCIA DE REFRIGERADOR. ................................................................... 58
Tabela 7 - VENDA DO LEITE. ............................................................................................... 59
Tabela 8 - COMERCIALIZAÇÃO DO LEITE. ....................................................................... 59
Tabela 9 - DESTINO DO LEITE RESFRIADO. ..................................................................... 60
Tabela 10 - POSSIBILIDADES DO RECUSAR PREÇO PAGO NO LEITE. ....................... 60
Tabela 11 - VISITAS TECNICAS. .......................................................................................... 62
Tabela 12 - PORQUE OS ENTREVISTADOS ENFRENTAM DIFICULDADE. ................. 63
Tabela 13 - JÁ FEZ CURSO DE INSIMINAÇÃO. ................................................................. 64
Tabela 14 - ACEITAÇÃO DO PREÇO DO LEITE. ................................................................ 65
Tabela 15 - MOTIVOS PARA NÃO REALIZAÇÃO DE BENEFICIAMENTO. .................. 65
Tabela 16 - TEM AGROINDÚSTRIA ASSENTAMENTO. ................................................... 65
Tabela 17 - QUALIDADE DAS ESTRADAS DO ASSENTAMENTO. ................................ 68
Tabela 18 - DESLOCAMENTO ATÉ A ESCOLA. ................................................................ 69
Tabela 19 - EQUIPAMENTOS E TRANSPORTE. ................................................................. 69
Tabela 20 - OPINIÃO DO ENTREVISTADO SOBRE SUA MORADIA E RESIDÊNCIA74
Tabela 21 - VOCE CONCORDA QUE A POPULAÇÃO CAMPO DEVE SABER LER ESCREVER .............................................................................................................................. 76
Tabela 22 - OPINIÃO DOS ENTREVISTADOS ACERCA DA RELAÇÃO DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO ................................................................................ 77
Tabela 23 - OPINIÃO DO ENTREVISTADO SOBRE A PERMANÊNCIA DOS JOVENS NO CAMPO ............................................................................................................................. 77
Tabela 24 - OPINIÃO SOBRE A POSSIBILIDADE DOS ALUNOS DA CIDADE APREENDEREM MAIS RAPIDAMENTE QUE OS ALUNOS DOS SSENTAMENTOS .. 78
Tabela 25 - OPINIÃO DO ENTREVISTADO ACERCA DA IMPORTÂNCIA DA INFORMÁTICA ....................................................................................................................... 78
Tabela 26 - OPINIÃO DOS ENTREVISTADOS ACERCA DA POSSIBILIDADE DOS JOVENS ASSENTADOS INGRESSAREM NA UNIVERSIDADE ...................................... 78
Tabela 27 - OPINIÃO DO ASSENTADO ACERCA DA ORGANIZAÇÃO NO ASSENTAMENTO .................................................................................................................. 79
LISTA DE SIGLAS
AGRIFAM – Feira da Agricultura Familiar e do Trabalhador Rural AMASP – Associação dos Municípios com Assentamentos da região do Pontal do Paranapanema BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CODETER - Colegiados Territoriais de Desenvolvimento Rural CPDA – Curso de Pós – Graduação em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro CPT - DATALUTA - Banco de Dados da Luta pela Terra FAO - Órgão das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IICA – Instituto Latino Americano de Cooperação Agrícola INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ITESP – Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo “José Gomes da Silva” MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra NEAD – Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural PAM – Produção Agrícola Municipal PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PPM – Pesquisa Pecuária Municipal, dos Censos Agropecuários PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar PTB - Partido Trabalhista Brasileiro SDT - Secretaria de Desenvolvimento Territorial SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural UNICAMP - Universidade de Campinas UNIPONTAL - União dos Municípios do Pontal do Paranapanema
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - ESTUDOS SOBRE ASSENTAMENTOS: ESCALA GEOGRAFICA – PONTAL DO PARANAPANEMA. ......................................................................................................... 21
Quadro 2 - ESTUDOS SOBRE ASSENTAMENTOS: ESCALA GEOGRAFICA – ESTADO DE SÃO PAULO. ..................................................................................................................... 24
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 12
>> PARTE 1 1. DELIMITAÇÃO DA ÁREA ESTUDO ......................................................................... 15
2. ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA .................................................... 18
2.1. Plano Amostral ........................................................................................................... 18
2.2. Instrumentos de pesquisa ........................................................................................... 18
2.3. Seleção das famílias entrevistas ................................................................................. 18
2.4. Respondente dos questionários .................................................................................. 19
2.5. Referenciais utilizados ............................................................................................... 19
2.6. Tabulação e sistematização dos dados ....................................................................... 19
>> PARTE 2 3. REVISÃO BIBLIOGRAFICA ....................................................................................... 21
3.1. Justificativas que motivaram a realização deste estudo ............................................. 26
3.2. Pesquisas em assentamentos ...................................................................................... 27
3.3. Da multidimensionalidade ......................................................................................... 30
4. PROCESSO DE OCUPAÇÃO DA REGIÃO DO PONTAL E CRIAÇÃO DO MUNICÍPIO DE TEODORO SAMPAIO ............................................................................ 36
4.1. Definição de Pontal do Paranapanema ....................................................................... 36
4.2. Questão Agrária no Pontal do Paranapanema ............................................................ 37
4.3. Formação do município de Teodoro Sampaio ........................................................... 44
4.4. Luta de conquista do Assentamento Vale Verde ....................................................... 45
>> PARTE 3 5. DIMENSÃO - CARACTERIZAÇÃO DO ASSENTAMENTO VALE VERDE: análise multidimensional ........................................................................................................ 49
5.1. Aspectos físicos .......................................................................................................... 49
5.2. Dados da família: origem, tamanho da família e grau de parentesco ........................ 49
6. DIMENSÃO - ESCOLARIDADE .................................................................................. 53
7. DIMENSÃO - LEITE, PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO .............................. 55
8. DIMENSÃO - ASSISTÊNCIA TÉCNICA, CONHECIMENTO E CRÉDITO ........ 62
9. DIMENSÃO - TRANSPORTE E ESTRADAS ............................................................. 68
10. DIMENSÃO - PERCEPÇÕES DAS FAMÍLIAS ASSENTADAS: perguntas afirmativas ............................................................................................................................... 73
CONSIDERAÇÕES REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS .................................................................................. 82
12
INTRODUÇÃO
Esta pesquisa tem como tema o estudo da produção de leite no assentamento Vale
Verde, localizado no município de Teodoro Sampaio – SP, região do Pontal do
Paranapanema. Considerada uma das principais fontes de renda das famílias assentadas, à
produção de leite no assentamento Vale Verde é realizada sem uso de técnicas como:
piqueteamento; reforma de pastagem e melhoramento genético, dificultando o aumento de
produtividade.
A partir deste trabalho de monografia, procuramos dar o primeiro dos passos de um
processo mais amplo de planejamento, e realizamos o diagnóstico de cinco dimensões do
assentamento Vale Verde, que se encontram relacionadas à produção de leite, e, portanto
podem refletir alguma mudança na qualidade de vida das famílias. O trabalho em questão
encontra-se dividido em três partes.
Na primeira, abrimos o trabalho com apresentação de informações sobre a delimitação
da área de estudo, seguida pela apresentação dos procedimentos metodológicos utilizados na
coleta dos dados da pesquisa, que resultou neste trabalho.
Na segunda parte, apresentamos quais foram às justificativas que motivaram a
realização do trabalho, bem como um breve histórico sobre as principais pesquisas em
assentamentos e em seguida a importância da análise multidimensional para compreensão de
processos, que o estudo isolado de uma única dimensão da realidade pode esconder. Na
seqüência, ainda na segunda parte, apresentamos a definição de Pontal do Paranapanema, o
problema agrário do Pontal, a formação do município de Teodoro Sampaio e a luta de
conquista do assentamento Vale Verde, tendo em vista, destacar os principais processos que
culminaram na criação do assentamento em estudo.
Na terceira é ultima parte, apresentamos análises sobre a situação educacional das
famílias entrevistas durante nossa pesquisa de campo, sobre a produção de leite que é o tema
central do trabalho, sobre a comercialização; assistência técnica; conhecimento e crédito;
acesso a transporte e, estado de conservação das estradas. Para finalizar, analisamos algumas
perguntas que envolvem a percepção das famílias assentadas sobre temas relevantes para o
desenvolvimento do assentamento.
Com relação aos procedimentos metodológicos adotamos como referência, tomamos
como referência os Relatórios de Impactos Socioterritoriais – RIST, projeto de pesquisa
desenvolvido pelos pesquisadores do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma
Agrária – NERA desde 2001. Embora os procedimentos metodológicos do RIST sejam mais
13
amplos, optamos por estudar apenas algumas das dimensões que são sugeridas pelo relatório.
De acordo com a proposta metodologia do RIST, faz-se necessário estudar as diferentes
dimensões da realidade de um projeto de assentamento (análise multidimensional), tendo em
vista o estudo da totalidade do território. Esta opção metodológica busca captar o conjunto
dos processos envolvidos na dinâmica de um projeto de assentamento, conforme discussão
sobre multidimensionalidade realizadas na revisão bibliográfica deste trabalho.
Nos últimos 25 anos os assentamentos rurais tornaram-se uma importante estratégia de
reprodução social do campesinato brasileiro. Dentre os muitos desafios que a luta na terra
descrita pelas famílias assentadas enfrentam atualmente destacamos a falta de informações
sobre a realidade dos assentamentos, fato que tem dificultado a criação de uma agenda para
que as famílias possam reivindicar junto das autoridades publicas melhorias para os
assentamentos.
Dada a dependência das famílias do assentamento em relação à produção de leite, será
necessária a elaboração de projetos com objetivo tanto de melhorar os índices de produção,
quanto fomento a criação de novas fontes de renda por meio da diversificação produtiva.
Esperamos com nosso trabalho de monografia, cujos resultados serão socializados
com as famílias do assentamento Vale Verde, dar o primeiro dos passos no sentido de
compreender melhor o território do assentamento.
PARTE 1 DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
15
1. DELIMITAÇÃO DA ÁREA ESTUDO
O município de Teodoro Sampaio esta localizado na região do Pontal do
Paranapanema – SP. È considerado o segundo município do Estado em número de famílias
assentadas. De acordo com os dados do Relatório DATALUTA - Banco de Dados da Luta
pela Terra do ano de 2019 existem atualmente em Teodoro Sampaio 20 assentamentos e 856
famílias assentadas distribuídos em uma área de 22.861 ha. Deste total de área, o
Assentamento Vale Verde ocupa com 4% da área total, ver Tabela 1.
TABELA 1 - NÚMERO DE ASSENTAMENTOS E FAMÍLIAS ASSENTADAS NO MUNICÍPIO DE TEODORO SAMPAIO
O assentamento Vale Verde foi criado no ano de 1998, durante a primeira gestão do
Governador Paulista Mário Covas. Tendo como via de acesso a SP-613, Rodovia Arlindo
Bettio o assentamento mantém limites, com a Reserva Florestal do Parque Estadual Morro do
Diabo e dista a 23 km da sede do município de Teodoro Sampaio e a 110 km do município de
Presidente Prudente, sede da microrregião. Internamente o assentamento é vizinho de seis
assentamentos da antiga Fazenda Ribeirão Bonito, a saber: Córrego Azul, Cachoeira do
RANKING NOME DO ASSENTAMENTO Nº LOTES ÁREA % ÁREA ANO DE 1º PA AGUA SUMIDA 121 4.214 19 05/10/1988
2º PE ÁGUA BRANCA I 29 630 3 10/04/1999
3º PE ALCÍDIA DA GATA 19 462 2 10/04/1999
4º PE CACHOEIRO DO ESTREITO* 29 490 2 09/10/1998
5º PE CORREGO AZUL* 9 226 1 04/08/1998
6º PE FUSQUINHA 43 1.081 5 12/12/2003
7º PE HAIDÉIA* 24 868 4 04/08/1998
8º PE LAUDENOR DE SOUZA 60 1.545 7 09/10/1998
9º PE PADRE JOSIMO 97 2.290 10 23/12/2003
10º PE SANTA CRUZ DA ALCÍDIA 28 712 3 11/05/2001
11º PE SANTA EDWIRGES 25 684 3 23/12/2003
12º PE SANTA RITA DA SERRA* 40 837 4 04/08/1997
13º PE SANTA TEREZINHA DA ÁGUA SUMIDA
50 1.345 6 11/05/2001
14º PE SANTA TEREZINHA DA ALCÍDIA 26 1.345 6 12/10/1999
15º PE SANTA VITÓRIA* 27 515 2 04/08/1998
16º PE SANTA ZÉLIA 104 2.730 12 12/10/1999
17º PE SANTO ANTONIO DOS COQUEIROS*
23 485 2 04/08/1998
18º PE SANTO EXPEDITO 30 662 3 15/03/2006
19º PE VALE VERDE* 50 1.010 4 04/08/1998
20º PE VÔ TONICO 22 550 2 10/04/1999
TOTAL 856 22.681 100
Fonte: DATALUTA - Bando de Dados da Luta pela Terra, 2010* A reunião dos assentamentos com asterisco formam o assentamento Vale Verde
16
Estreito, Haidéia, Santa Rita da Serra, Santa Vitória, Santo Antonio dos Coqueiros e Vale
Verde.
Deste a sua implantação o assentamento Vale Verde localiza-se a 20 km da Destilaria
de Álcool Alcídia, que atualmente pertence ao Grupo Odebrecht e passou a chamar-se ETH
Alcídia dede 2007.
17
PARTE 1 ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA
18
2. ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA
A pesquisa de campo que deu origem ao texto deste trabalho de monografia foi
realizada durante o mês de abril do ano de 2011. O questionário utilizado é composto de cinco
dimensões: caracterização do assentamento (aspectos físicos e dados da família);
escolaridade; leite, produção e comercialização; assistência técnica, conhecimento e crédito e
transporte e estradas, ver anexos.
2.1. Plano Amostral
Com relação ao plano amostral, foram aplicados 24 questionários, valor equivalente a
50% do número total de famílias do assentamento. De acordo com Gerardi (1981) quanto
maior a variabilidade da população, maior deve ser o tamanho da amostra para representar
essa variabilidade, aumentando o grau de precisão sobre os dados pesquisados. Neste sentido,
optou-se no trabalho pelo plano amostral de 50%, tendo em vista aumentar o universo da
percepção sobre a realidade do assentamento.
2.2. Instrumentos de pesquisa
O questionário com perguntas fechadas foi o principal instrumento de pesquisa
utilizado na coleta de dados. Além dos questionários foram realizados na forma de caderneta
de campo, no verso do próprio questionário, além de pesquisa bibliografia.
2.3. Seleção das famílias entrevistas
Com relação à escolha das famílias entrevistadas, tendo em vista, que se constitui em
objetivo deste trabalho de monografia a análise multidimensional do leite no assentamento
Vale Verde, foram preferencialmente selecionadas famílias que trabalham com a produção
familiar de leite. Do total das 24 entrevistas, quatro delas foram realizadas com famílias que
não produzem leite, tendo em vista a criação de parâmetros de comparação que permitissem
verificar a importância do leite na renda das famílias assentadas.
Neste sentido, a distribuição das entrevistas foi realizada de maneira aleatória e não
seguiu necessariamente uma distribuição espacial definida. Tendo em vistas que a renda de
algumas famílias do assentamento é constituída de atividades não agrícolas (aposentadorias
19
rurais e trabalho na usina), a aplicação dos questionários não fez distinção entre as diferentes
fontes de renda das famílias.
2.4. Respondente dos questionários
As entrevistas foram realizadas preferencialmente com o titular do lote e na sua
ausência com seu cônjuge ou filhos. Embora seja uma possibilidade de enriquecimento das
respostas dos questionários, não houve nenhuma situação onde o questionário foi respondido
coletivamente belo binômio titular x cônjuge ou desse com os filhos.
2.5. Referenciais utilizados
O Relatório de Impactos Socioterritoriais, bem como a pesquisa Impactos dos
Assentamentos: um estudo sobre o meio rural brasileiro, elaborado pelo CPDA – Curso de
Pós – Graduação em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro, publicado pelo NEAD – Núcleo de Estudos Agrários e
Desenvolvimento Rural do MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário, foram utilizadas
como referencias metodológicas, no sentido de pensar a estruturação do trabalho. Estes dois
trabalhos são utilizados como referencias na criação de parâmetros para relativizar os dados
do assentamento Vale Verde com outras escalas de análise.
Outros trabalhos também foram consultados, e são mencionados em nossa monografia
no item revisão bibliográfica, tendo em vista subsidiar pesquisadores interessados no estudo
do tema.
2.6. Tabulação e sistematização dos dados
A tabulação dos dados foi realizada a partir do software Microsoft Excel. Os dados
foram organizados na forma de tabelas e gráficos, com objetivo de representar a mesma
informação de duas maneiras diferentes, com valores absolutos e porcentagens.
PARTE 2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA
21
3. REVISÃO BIBLIOGRAFICA
Neste item do trabalho procuramos realizar um breve apanhado sobre as principais
pesquisas sobre o tema assentamentos rurais. Os trabalhos em questão, mesmo não sendo em
sua totalidade direcionados ao estudo da região do Pontal do Paranapanema, são
representativos para compreender o estado da arte da pesquisa sobre assentamentos rurais.
Juntamente da apresentação destes estudos, também apresentamos quadro organizado
em ordem cronológica, com o conjunto das pesquisas sobre o tema assentamentos, realizado
na região do Pontal do Paranapanema. Embora não tenha sido possível utilizar este conjunto
de referências em nosso trabalho, compilamos este quadro, tendo em vista, contribuir com
pesquisadores interessados.
QUADRO 1 - ESTUDOS SOBRE ASSENTAMENTOS: ESCALA GEOGRAFICA – PONTAL DO PARANAPANEMA.
AUTOR TITULO DA OBRA ANO
CLEPS JUNIOR, JOÃO
O PROCERSSO DE ASSENTAMENTO RURAL NO PONTAL DO PARANAPANEMA: A GLEBA RIBEIRÃO BONITO
1986
SILVA, MARILDA TELES MARACCI
A QUESTÃO AGRÁRIA NO BRASIL: ALGUNS ASPECTOS UM ESTUDO DE CASO DO PLANALTO SUL - PONTAL DO PARANAPANEMA
1987
SOUZA, JOSÉ GILBERTO DE
O PROCESSO DE PRODUÇÃO NOS PROJETOS DE REFORMA AGRÁRIA E ASSENTAMENTOS RURAIS NO PONTAL DO PARANAPANEMA: OS CASOS DA FAZENDA REBOJO E DA GLEBA XV DE NOVEMBRO
1989
ANTONIO, ARMANDO PEREIRA
MOVIMENTO SOCIAL E A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO RURAL NOS ASSENTAMENTOS POPULACIONAIS DIRIGIDO PELO ESTADO: OS EXEMPLOS DA ALTA SOROCABANA NO PERIODO 1960 - 1990.
1990
SOUZA, MARIA ANTONIA DE
A FORMAÇÃO DA IDENTIDADE COLETIVA : UM ESTUDO DAS LIDERANÇAS DE ASSENTAMENTOS RURAIS NO PONTAL DO PARANAPANEMA
1994
ARAUJO, LUCIMAR DE
O TRABALHO DA MULHER NOS ASSENTAMENTOS RURAIS O EXEMPLO DAS GLEBAS XV DE NOVEMBRO, ROSANA E AREIA BRANCA NO PONTAL DO PARANAPANEMA PAULISTA
1995
ALMEIDA, ROSEMEIRE APARECIDA DE
DIFERENTES MODOS DE ORGANIZAÇÃO DE EXPLORAÇÕES FAMILIARES NO PONTAL DO PARANAPANEMA: REASSENTAMENTO ROSANA E ASSENTAMENTO SANTA CLARA
1996
OLIVEIRA, ROBSON IVANI DE IMPACTOS DOS ASSENTAMENTOS NO 1996
22
PONTAL DO PARANAPANEMA: ENFOQUE SOBRE O MUNICÍPIO DE MIRANTE DO PARANAPANEMA - SP
SILVEIRA, FÁTIMA ROTUNDO DA CENSO DE ASSENTAMENTOS RURAIS DO PONTAL DO PARANAPANEMA 1996
SOUZA, SÉRGIO PEREIRA DE.
OS ASSENTAMENTOS RURAIS NO CONTEXTO ESPACIAL E SÓCIO -ECONÔMICO DO MUNICIPIO DE EUCLIDES DA CUNHA PAULISTA
1996
CAVALCANTE, ELIANE
TERRITORIALIDADE DA POLÍTICA DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA DO ESTADO NO ASSENTAMENTO BOM PASTOR MUNICÍPIO DE SANDOVALINA/SP
1998
CORDEIRO, L. E.
BOSQUES AGROFLORESTAIS: ALTERNATIVA ECONÔMICA E ECOLÓGICA PARA ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA NO PONTAL DO PARANAPANEMA, SÃO PAULO.
1998
ITESP
PONTAL VERDE: PLANO DE RECUPERACAO AMBIENTAL NOS ASSENTAMENTOS DO PONTAL DO PARANAPANEMA
1998
ITESP
PONTAL VERDE: PLANO DE RECUPERAÇAO AMBIENTAL NOS ASSENTAMENTOS DO PONTAL DO PARANAPANEMA
1999
REBOUÇAS, LIDIA MARCELINO
O PLANEJADO E O VIVIDO: O REASSENTAMENTO DE FAMILIAS RIBEIRINHAS NO PONTAL DO PARANAPANEMA
2000
BEDUSCHI FILHO, LUIZ CARLOS
SOCIEDADE, NATUREZA E REFORMA AGRÁRIA: ASSENTAMENTOS RURAIS E UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA REGIÃO DO PONTAL DO PARANAPANEMA.
2002
BOTASIM, RODRIGO DA SILVA
TRABALHADOR SEM TERRA ASSENTADO: UM PEQUENO FUTURO CAPITALISTA? ESTUDO DO ASSENTAMENTO ÁGUA SUMIDA NO MUNICIPIO DE TEODORO SAMPAIO - SP
2002
FERNANDES, BERNARDO MANÇANO
RELATÓRIO DE IMPACTO SOCIOTERRITORIAL DO ASSENTAMENTO SÃO BENTO MIRANTE DO PARANAPANEMA - SP
2002
RAMALHO, CRISTIANE BARBOSA
IMPACTOS SOCIOTERRITORIAIS DOS ASSENTAMENTOS RURAIS DO MUNICIPIO DE MIRANTE DO PARANAPANEMA - REGIÃO DO PONTAL DO PARANAPANEMA - SP
2002
RIBAS, ALEXANDRE DOMINGUES
GESTÃO POLÍTICO-TERRITORIAL DOS ASSENTAMENTOS, NO PONTAL DO PARANAPANEMA (SP) : UMA "LEITURA" A PARTIR DA COCAMP
2002
CERVEIRA FILHO, JOSÉ LUIZ FERNANDES
RECUPERAÇÃO AMBIENTAL EM ASSENTAMENTOS RURAIS NO PONTAL DO PARANAPANEMA: UMA ANÁLISE DA TRAJETÓRIA DO PROGRAMA PONTAL VERDE
2003
LEAL, GLEISON MOREIRA IMPACTOS SOCIOTERRITORIAIS DOS ASSENTAMENTOS RURAIS DO MUNICIPIO 2003
23
DE TEODORO SAMPAIO - SP
SILVA, RAIMUNDO PIRES ASSENTAMENTO RURAL: UM NOVO MOMENTO DE OCUPAÇÃO ECONOMICA NO PONTAL DO PARANAPANEMA
2003
GONÇALVEZ, RENATA CRISTINA
VAMOS ACAMPAR: A LUTA TERRA E A BUSCA PELO ASSENTAMENTO DE NOVAS RELAÇÕES DE GENERO NO MST DO PONTAL DO PARANAPANEMA
2005
PINTO, LEONARDO DE BARROS
A IMPORTANCIA DA DIVERSIDADE ENTRE OS IGUAIS : UM ESTUDO DE CASO DA ASSISTENCIA TECNICA E EXTENSÃO RURAL EM UM ASSENTAMENTO NO PONTAL DO PARANAPANEMA - SP
2005
RODRIGUES, ELISANGELA RONCONI
ESTRATÉGIA AGROFLORESTAL PARA A RECOMPOSIÇÃO DE ÁREAS DE RESERVA LEGAL EM ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA: UM ESTUDO DE CASO NO PONTAL DO PARANAPANEMA, SÃO PAULO
2005
SANTOS, CINTIA C. FARIAS SANTOS PODER LOCAL E ASSENTAMENTOS RURAIS: UM ESTUDO EM MARABÁ - PAULISTA - SP
2005
TAVEIRA, LUÍS RENATO SILVA A EXTENSÃO RURAL NA PERSPECTIVA DE AGRICULTORES ASSENTADOS NO PONTAL DO PARANAPANEMA - SP
2005
DOMBEK, LUIZ ANTÔNIO AUTOCONSUMO E SEGURANÇA ALIMENTAR EM ASSENTAMENTOS RURAIS DO PONTAL DO PARANAPANEMA
2006
FREITAS, FLÁVIO LUIZ MAZZARO DE
AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DA INSERÇÃO DA CULTURA CANAVIEIRA EM ÁREAS DE ASSENTAMENTOS RURAIS DA REGIÃO DO PONTAL DO PARANAPANEMA - SP
2006
MIRALHA, WAGNER
A ORGANIZAÇÃO INTERNA E AS RELAÇÕES EXTERNAS DOS ASSENTAMENTOS RURAIS NO MUNICIPIO DE PRESIDENTE BERNARDES - SP
2006
SILVA, ANDERSON ANTONIO DA; FERNANDES, BERNARDO MANÇANO; VALENCIANO, RENATA CRISTIANE
RIST - RELATÓRIO DE IMPACTOSSOCIOTERRITORIAIS: DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL E POLÍTICAS PÚBLICAS NO PONTAL DO PARANAPANEMA.
2006
SILVA, LIGIA TERESA PALUDETTO
UMA VISÃO AMBIENTAL DA GÊNESE DOS ASSENTAMENTOS RURAIS NO ESTADO DE SÃO PAULO: SUMARÉ AO PONTAL DO PARANAPANEMA.
2006
SOUZA, VANILDE FERREIRA DE
ACAMPAR, ASSENTAR E ORGANIZAR: RELAÇÕES SOCIAIS CONSTITUTIVAS DE CAPITAL SOCIAL EM ASSENTAMENTOS RURAIS DO PONTAL DO PARANAPANEMA
2006
FERREIRA JÚNIOR, ANTONIO CARLOS
AÇÕES E POLITICAS PUBLICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DOS ASSENTAMENTOS SANTA TERESINHA DE ALCIDIA E ALCIDIA DA GATA
2007
MAZZINI, ELIANE DE JESUS TEIXEIRA
ASSENTAMENTOS RURAIS NO PONTAL DO PARANAPANEMA - SP: UMA POLITICA DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL OU DE COMPENSAÇÃO SOCIAL?
2007
MELO, ELIZABETE JOSEFA DE QUESTÃO AMBIENTAL, REFORMA AGRÁRIA E LUTA PELA TERRA 2007
24
OCUPAÇÃO IRREGULAR DA RESERVA FLORESTAS LAGOINHA E OS ASSENTAMENTOS DE PRESIDENTE EPITÁCIO-SP
SOUZA, SÉRGIO PEREIRA DE
ASSENTAMENTOS RURAIS E NOVAS DINÂMICAS SOCIOECONÔMICAS: O CASO DOS MUNICIPIOS DE ROSANA, EUCLIDES DA CUNHA PAULISATA E TEODORO SAMPAIO - SP
2007
CLEMENTE, CINTIA DAMASCENO OCUPAR, RESISTIR E PRODUZIR: REFORMA AGRÁRIA E ENFRENTAMENTO À FOME NO OESTE PAULISTA.
2008
RAMIRO, PATRÍCIA ALVES
ASSENTAMENTOS RURAIS: O CAMPO DAS SOCIABILIDADES EM TRANSFORMAÇÃO. O CASO DOS ASSENTADOS DA NOVA PONTAL.
2008
SILVA, ANDERSON ANTONIO DA MULTIDIMENSIONALIDADE DAS UNIDADES TERRITORIAIS CAMPONESAS DO MUNICIPIO DE TEODORO SAMPAIO
2008
MACIEL, MARLUSE CASTRO
TUPANCIRETÃ: DEUS PASSOU POR AQUI. UM ESTUDO SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE OS MOVIMENTOS SOCIAIS E AS REGIÕES NOS ASSENTAMENTOSRURAIS PRIMAVERA E TUPANCIRETÃ NO PONTAL DO PARANAPANEMA/SP
2009
FERREIRA JUNIOR, ANTONIO CARLOS
RECUPERAÇÃO AMBIENTAL EM ASSENTAMENTOS RURAIS: O PROGRAMA PONTAL VERDE NO SANTA ROSA I, SÃO PAULO
2010
Fonte: Grupo de Pesquisa em Ruralidades, Projeto Uniara/Unesp/Fatec/INCRA - 2011
QUADRO 2 - ESTUDOS SOBRE ASSENTAMENTOS: ESCALA GEOGRAFICA – ESTADO DE SÃO PAULO.
AUTOR TITULO DA OBRA ANO
MEDEIROS, LEONILDES ASSENATAMENTOS RURAIS: UMA VISÃO MULTIDISCIPLINAR 1994
LOPES, JOSÉ ANTONIO MORENO
ASSENTADOS: O PROJETO LAGOA SÃO PAULO SUAS RELAÇÕES COM AS CIDADES VIZINHAS 1988
LEITE, SÉRGIO PEREIRA A FACE ECONÔMICA DA REFORMA AGRÁRIA ESTADO E ASSENTAMENTOS RURAIS EM SÃO PAULO NA DÉCADA DE 80
1992
LEONILDE SERVOLO MEDEIROS (ORG.)
ASSENTAMENTOS RURAIS: UMA VISÃO MULTIDISCIPLINAR 1994
BERGAMASCO, SONIA MARIA PEREIRA
CENSO DE ASSENTAMENTOS RURAIS DO ESTADO DE SÃO PAULO 1995
FERRANTE, VERALUCIA SILVEIRA BOTTA
CENSO DE ASSENTAMENTOS RURAIS DO ESTADO DE SÃO PAULO, ANALISE E AVALIAÇÃO DOS PROJETOS DE REFORMA AGRÁRIA.
1995
BERGAMASCO, SONIA MARIA O QUE SÃO ASSENTAMENTOS RURAIS 1996
BERGAMASCO, SÔNIA MARIA POR UM ATLAS DOS ASSENTAMENTOS BRASILEIROS: ESPAÇOS DE PESQUISA 1997
ITESP TÉCNICAS E RUMOS: SISTEMATICA APLICADA AO CADASTRO TÉCNICO RURAL E DEMARCAÇÃO DE ASSENTAMENTOS
1998
ITESP RETRATO DA TERRA : PERFIL SÓCIO ECONÔMICO DOS ASSENTAMENTOS DO ESTADO DE SÃO PAULO 1998
MEDEIROS, LEONILDE A FORMAÇÃO DOS ASSENTAMENTOS RURAIS NO 1999
25
SERVOLO DE. BRASIL: PROCESSOS SOCIAIS E POLITICAS PUBLICAS
RUA, MARIA DAS GRAÇAS COMPANHEIRAS DE LUTA OU "COORDENADORAS DE PANELAS"? : AS RELAÇÕES DE GÊNERO NOS ASSENTAMENTOS RURAIS
2000
MINISTÉRIO DA SAÚDE SAÚDE DOS TRABALHADORES RURAIS DE ASSENTAMENTOS E ACAMPAMENTOS DA REFORMA AGRÁRIA
2001
BARONE, LUIS ANTONIO CONFLITO E COOPERAÇÃO: O JOGO DAS RACIONALIDADES SOCIAIS E O CAMPO POLITICO NUM ASSENTAMENTO DE REFORMA AGRÁRIA
2002
BRENNEISEN, ELIANE CARDOSO
RELAÇÕES DE PODER, DOMINAÇÃO E RESISTÊNCIA: O MST E OS ASSENTAMENTOS RURAIS
2002
BEDUSCHI FILHO, LUIZ CARLOS.
ASSENTAMENTOS RURAIS E CONSERVAÇÃO DA NATUREZA: DO ESTRANHAMENTO À AÇÃO COLETIVA
2003
BERGAMASCO, SONIA MARIA DINÂMICA FAMILIAR, PRODUTIVA E CULTURAL NOS ASSENTAMENTOS RURAIS DE SÃO PAULO 2003
FABRINI, JOÃO EDIMILSON A RESISTÊNCIA CAMPONESA NOS ASSENTAMENTOS DE SEM - TERRA 2003
FERRANTE, VERALUCIA SILVEIRA BOTTA
DINAMICAS FAMILIAR,PRODUTIVA E CULTURAL NOS ASSENTAMENTOS DO ESTADO DE SÃO PAULO 2003
SANTOS, ISABEL PÉRES DA TERRA NUA AO PRATO CHEIO: PRODUÇÃO PARA CONSUMO FAMILIAR NOS ASSENTAMENTOS RURAIS DO ESTADO DE SÃO PAULO
2003
SPAROVEK, GERD A QUALIDADE DOS ASSENTAMENTOS DA REFORMA AGRÁRIA BRASILEIRA 2003
LEITE, SÉRGIO IMPACTOS DOS ASSENTAMENTOS: UM ESTUDO SOBRE O MEIO RURAL BRASILEIRO 2004
LEITE, SÉRGIO ASSENTAMENTOS RURAIS: MUDANÇA SOCIAL E DINÂMICA REGIONAL 2004
AMADEU, FERNANDA BIACCO A POLITICA DA FUNDAÇÃO ITESP NA FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE ASSENTAMENTOS RURAIS 2005
INCRA ASSENTAMENTOS RURAIS: IMPASSES E DILEMAS (UMA TRAJETÓRIA DE 20 ANOS) 2005
IOKOI, ZILDA MÁRCIA GRICOLI VOZES DA TERRA: HISTÓRIAS DE VIDA DOS ASSENTADOS RURAIS DE SÃO PAULO 2005
SILVA, RAFAELA MAGALHÃES DA.
A EDUCAÇÃO FÍSICA NAS ESCOLAS DOS ASSENTAMENTOS RURAIS 2005
SALES, CELECINA DE MARIA VERAS
CRIAÇÕES COLETIVAS DA JUVENTUDE NO CAMPO POLITICO: UM OLHAR SOBRE OS ASSENTAMENTOS RURAIS DO MST
2006
BUENO, OSMAR DE CARVALHO
MAPA DE FERTILIDADE DOS SOLOS DE ASSENTAMENTOS RURAIS DO ESTADO DE SÃO PAULO: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DE TERRITÓRIOS
2007
FERRANTE, VERA LÚCIA SILVEIRA BOTTA
REFORMA AGRÁRIA E DESENVOLVIMENTOS RURAIS: DESASFIOS E RUMOS DA POLITICA DE ASSENTAMENTOS RURAIS
2008
BERGAMASCO, SONIA MARIA PESSOA PEREIRA
REFORMA AGRARIA E CRÉDITO AGRICOLA: OS RESULTADOS DE ASSENTAMENTOS RURAIS FRENTE A INEPTA POLITICA DE CRÉDITO PARA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (PROCERA)
2009
ROCHA, ERIVELTON FERNANDES
ANÁLISE E MAPEAMENTO DA IMPLANTAÇÃO DE ASSENTAMENTOS RURAIS E DA LUTA PELA TERRA NO BRASIL 1985 - 2008
2009
Fonte: Grupo de Pesquisa em Ruralidades, Projeto Uniara/Unesp/Fatec/INCRA - 2011
26
3.1. Justificativas que motivaram a realização deste estudo
Um das principais justificativas para elaboração deste trabalho refere-se ao fato dos
assentamentos rurais ainda não se constituírem em setores censitários “específicos” do IBGE
– Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Com isso, não se sabe em qual medida dados
sobre a realidade dos assentamentos comparecem nos levantamentos da PAM – Produção
Agrícola Municipal, da PPM – Pesquisa Pecuária Municipal, dos Censos Agropecuários e da
PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. O que se sabe é que a falta de
informações sobre as famílias assentadas tem causado dificuldades a reflexão das famílias
assentadas sobre seus desafios e perspectivas bem como a elaboração de políticas.
No último senso agropecuário do IBGE realizado no ano de 2006, apesar da inclusão
do universo familiar, o que sem dúvidas foi um avanço, muitas dimensões importantes para
compreensão da dinâmica interna dos assentamentos e da sua relação com os municípios,
onde se encontram inseridos continuam sem séries estatísticas de dados que possibilitassem
algum tipo de análise mais aprofundada.
Nos últimos 25 anos, em meio ao processo de redemocratização do país os
assentamentos rurais ganharam destaque no cenário nacional. De acordo com DATALUTA –
Banco de Dados da Luta pela Terra do ano de 2009, temos hoje assentado no Brasil 1.015.918
mil famílias, das quais 15.574 mil encontram-se assentadas no Estado de São Paulo e 6.182
mil na região do Pontal. Ou seja, o assentamento Vale Verde localiza-se em uma das áreas
com maior concentração de projetos tanto do Estado quanto da região do Pontal do
Paranapanema. Embora os assentamentos tenham se tornado tema de pesquisa pelo seu
crescimento numérico e pela sua importância na alteração da dinâmica produtiva das regiões
onde encontram se inseridos.
Essa carência de informações cria diferentes perguntas, desafiando as próprias famílias
assentadas que necessitam conhecerem melhor a realidade do assentamento, a universidade e
os gestores públicos. Responder a essas perguntas é sem dúvida um dos principais desafios
para elaboração de políticas públicas pelos gestores públicos das escalas de governo
municipal, estadual e federal.
Neste sentido, a elaboração deste trabalho de monografia, tem como finalidade
contribuir com o autoconhecimento das famílias assentadas sobre a realidade da qual elas
fazem parte, para que possa cobrar dos gestores públicos o aprimoramento das políticas
públicas destinadas a atendê-los. Após o julgamento da banca examinadora do texto de nossa
27
monografia, agendaremos reunião com as famílias do assentamento Vale Verde, com objetivo
de compartilhar os resultados de nossa pesquisa.
3.2. Pesquisas em assentamentos
Atualmente são inúmeras as pesquisas sobre o tema assentamentos rurais.
Apresentamos a seguir alguns dos principais trabalhos que forneceram contribuições
importantes sobre o estudo do tema.
Desde a década de 1990, as pesquisas sobre assentamentos de reforma agrária têm se
multiplicado, contribuindo com melhores compreensões dessa nova realidade de criação e
recriação do campesinato e, ao mesmo tempo, de reflexão sobre teorias, métodos,
metodologias e técnicas de pesquisa.
Segundo Silva (2008) em duas décadas, diversas teses, dissertações, monografias,
relatórios, livros e artigos foram elaborados e publicados possibilitando diferentes e amplas
visões das distintas realidades dos assentamentos de reforma agrária. Estas obras abriram
novos espaços para debates e construção de perspectivas metodológicas e aprofundamento das
pesquisas em assentamentos. Os resultados das pesquisas destinadas ao estudo de
assentamentos rurais vão depender dos elementos que são priorizados na elaboração dos
procedimentos metodológicos e do método de análise de pesquisas destinados à compreensão
desta realidade.
A desconcentração da estrutura fundiária constitui-se numa das questões mais
importantes que diferenciam os países considerados desenvolvidos daqueles que não
alcançaram índices de desenvolvimento compatíveis com as suas potencialidades. O Professor
Manuel Correia de Andrade nos lembra que “o problema agrário sempre foi um dos mais
discutidos nos países subdesenvolvidos” Andrade (1979 p. 31).
Até a década de 80 os censos agropecuários eram os principais instrumentos para
avaliar as transformações territoriais evolutivas da estrutura fundiária brasileira. Com a
territorialização da luta pela terra e o crescimento do número de projetos de assentamentos
implantados, surgiram diversos estudos a respeito dos resultados das políticas de
assentamentos rurais.
Ainda na década de 1980 o BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social fez uma amostragem nas regiões brasileiras com assentamentos, sobre a
situação socioeconômica dos beneficiários do processo de reforma agrária, com vistas a
analisar qual seria a viabilidade da realização da reforma agrária brasileira. A Professora
28
Sônia Bergamasco da Universidade de Campinas – UNICAMP, em seu livro A Alternativa
dos Assentamentos Rurais: organização social, trabalho e renda faz a seguinte consideração
sobre os procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa do BNDES:
As principais críticas aos procedimentos metodológicos das pesquisas do
BNDES, dizem respeito à impropriedade da utilização generalizada dos
parâmetros contábeis de grandes empresas rurais capitalistas para uma
realidade distinta, onde os trabalhadores rurais em situação de enorme
precariedade social, econômica e educacional passam a trabalhar e obter
rendimentos a partir de atividades agropecuárias, tendo com objetivo
imediato o atendimento de necessidades básicas de consumo familiar
(BERGAMASCO, 2003, p. 162).
Para a autora a pesquisa do BNDES só levou em consideração em sua análise à renda
monetária produzida nos assentamentos, ou seja, deixou de considerar a renda de
autoconsumo. Para Chayanov (1974) a renda de autoconsumo gerada pelo núcleo familiar, no
contexto do (balanço-trabalho- consumo) é uma importante referência para entender os
camponeses. O autor considera o consumo da família para compreender o volume do trabalho
dos camponeses. A circulação da produção camponesa, onde reside sua subordinação ao
capital e a conseqüente expropriação do camponês é considerada “marginal” na compreensão
do autor.
Os trabalhos de pesquisa de Ramalho e Leal (2003); Silva, Fernandes e Valenciano
(2006) e Silva (2008) desenvolvidos na região do Pontal do Paranapanema, também
contrariam os resultados obtidos pela pesquisa do BNDES.
Os estudos destes pesquisadores sobre os impactos socioterritoriais, locais gerados
pela implantação de projetos de assentamentos nos município de Mirante do Paranapanema e
Teodoro Sampaio respectivamente, concluíram que nenhum outro setor da economia se
mostrou tão dinâmico em termos de geração de renda e emprego.
No ano de 1994 a FAO - Órgão das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação,
em convênio celebrado com o INCRA e o IICA – Instituto Latino Americano de Cooperação
Agrícola, realizaram pesquisa em escala nacional sobre os projetos de assentamentos rurais
implantado no Brasil entre os anos de 1985 a 1990. A interpretação que norteou este estudo
fundamentou-se sobre a idéia de que a continuidade dos assentamentos e das políticas que os
assistia, dependia de um conhecimento mais acentuado e profundo da evolução do processo
de implantação dos projetos de assentamentos rurais ocorridos entre 1985 e 1990.
29
Contraditoriamente os estudos desenvolvidos pela FAO quando comparados aos do
BNDES chegaram a conclusões bastante diferenciadas. Ao contrário do BNDES, a
metodologia da FAO faz uma avaliação da renda que não ficou limitada simplesmente ao
retorno monetário oriundo da comercialização dos produtos agropecuários dos assentamentos.
Junto com essa fonte monetária foram agregadas outras atividades: a renda
proveniente do autoconsumo, o assalariamento fora do lote e a valorização
patrimonial da área através do trabalho e dos investimentos em diversos
meios de produção. Partindo desta metodologia, chegou-se aos seguintes
resultados, entre outros: a renda média gerada por uma família de
beneficiários a nível nacional era de 3,7 salários mínimos, valor este que
ficava bastante próximo da renda mensal média de uma família brasileira e
maior que o salário mensal médio dos trabalhadores assalariados rurais
(BERGAMASCO, 2003, p. 162).
Em 1996, como parte integrante do projeto “Analise dos Projetos de Reforma Agrária
e Assentamentos do Estado de São Paulo”, foi elaborado o Censo de Assentamentos Rurais
do Pontal do Paranapanema por Silveria (et al1996). Neste trabalho foram estudados seis
assentamentos1, e entrevistadas um total de 1048 famílias.
A obra Retrato de Assentamentos de Ferrante (1996) também teve como objetivo
realizar uma análise dos assentamentos do Estado de São Paulo. Este estudo é composto por
uma coletânea de textos que abordam diversas questões relativas à criação de projetos de
assentamentos paulistas. No livro assentamentos rurais: mudança social e dinâmica regional
organizada por Medeiros e Leite (2004) são estudados os impactos socioeconômicos dos
assentamentos rurais nos Estados do Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato
Grosso, Sergipe e Acre.
Na atualidade a obra de Sparovek (2003) A Qualidade dos Assentamentos Rurais
Brasileiros e o livro, Impactos dos Assentamentos: um estudo sobre o meio rural brasileiro de
Heredia (et al, 2004), são consideradas as duas principais referências sobre o estudo do tema
assentamentos em escala nacional. A primeira é realizada na perspectiva de compreender os
impactos regionais causados pela implantação dos assentamentos, conceituação adotada pelos
autores, e a segunda com objetivo de realizar um estudo sobre a qualidade dos projetos de
assentamentos.
1 Quanto aos 1048 formulários eles foram aplicados nos seguintes assentamentos, Areia Branca, Água Sumida, Fazenda Rebojo, Gleba XV de Novembro, projetos de reassentamentos populacionais Rosana e Lagoa São Paulo.
30
Recentemente, também foram publicados os livros de Sparovek (2005). A Produção
Territorial dos Assentamentos e a coletânea coordenada por França e Sparovek (2005) com o
nome Assentamentos em Debate. No primeiro caso o autor trabalha com os dados de
produção em escala nacional dos assentamentos de sua pesquisa publicada em 2003. Sua
ênfase recai sobre a importância da produção na perspectiva do desenvolvimento rural e da
importância da agricultura familiar. No segundo livro são debatidos o conjunto da obra de
Sparovek (2003). Esse debate foi realizado no sentido de produzir uma leitura crítica sobre
esta pesquisa, considerada a avaliação mais abrangente já produzida sobre a situação em que
se encontram os beneficiários da reforma agrária no Brasil.
Tomando como referencia a abrangência da escala geográfica de análise ou o
desenvolvimento da pesquisa em regiões com alta concentração de projetos de assentamentos,
estas são algumas das principais pesquisas sobre assentamentos realizadas no Brasil até a
atualidade.
Todavia, mesmo com esse conjunto de pesquisas, embora se tenha uma riqueza
enorme de leituras sobre os assentamentos realizada a partir de diferentes enfoques, e com
consideráveis avanços metodológicos no estudo do tema, ainda não dispomos ainda de uma
metodologia de estudos dos impactos socioterritoriais a partir de uma perspectiva Geográfica,
sobretudo, que tenha o espaço e o território como categoriais fundamentais de análise.
3.3. Da multidimensionalida
A multidimensionalidade neste trabalho de monografia é compreendida pela análise da
das dimensões do assentamento Vale Verde. O estudo da multidimensionalidade do
assentamento Vale Verde deve ser entendido como uma tentativa de ampliação da
compreensão do território do assentamento. As dimensões da realidade mantêm relação entre
si. A tentativa de entender a realidade de um projeto de assentamento correlacionando as suas
dimensões é uma possibilidade de apreender processos, que o estudo de uma dimensão
isoladamente pode esconder, tendo em vista que o território é compreendido pela
multidimensionalidade.
A multidimensionalidade é formada pela reunião de um conjunto de dimensões. Cada
dimensão possui um conjunto de condicionalidades e cada condicionalidade suas concretudes.
Assim como a territorialidade significa as formas de uso do território a condicionalidade
constitui modos de concretização das condições para a realização das dimensões dos
31
territórios. A condicionalidade é uma propriedade da condição da mesma forma como a
territorialidade é uma propriedade do território.
A análise multidimensional pressupõe que à educação esta contida em todas as
dimensões da mesma forma que a política, o social o econômico também estão. Ou seja, todas
as dimensões contêm e estão contidas umas nas outras.
Na década de 1980 o BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social fez uma amostragem nas regiões brasileiras com assentamentos, sobre a situação
socioeconômica dos beneficiários do processo de reforma agrária, com vistas a analisar qual
seria a viabilidade da realização da reforma agrária brasileira. Sobre os resultados da pesquisa
do BNDES a Professora Sônia Bergamasco da Universidade de Campinas – UNICAMP, em
seu livro A Alternativa dos Assentamentos Rurais: organização social, trabalho e renda tece
as seguintes considerações, sobre os procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa do
BNDES:
As principais críticas aos procedimentos metodológicos das pesquisas do BNDES, dizem respeito à impropriedade da utilização generalizada dos parâmetros contábeis de grandes empresas rurais capitalistas para uma realidade distinta, onde os trabalhadores rurais em situação de enorme precariedade social, econômica e educacional passam a trabalhar e obter rendimentos a partir de atividades agropecuárias, tendo com objetivo imediato o atendimento de necessidades básicas de consumo familiar (BERGAMASCO, 2003, p. 162).
Pela lógica teórica do desenvolvimento desigual e combinado na ótica de León
Trotsky, a dimensão econômica sempre exercerá maior influência sobre as demais dimensões
e, portanto, ela não pode ser a única dimensão a ser levada em consideração no estudo dos
assentamentos, pois ainda que sejam levadas em consideração todas as condicionalidades da
dimensão econômica, ainda assim elas serão insuficientes para explicar o conjunto dos
processos do território de um assentamento.
As condicionalidades envolvidas na concretização das condições de realização das
dimensões no território de um assentamento são diferentes das condicionalidades envolvidas
na concretização das condições de realização das dimensões do território do agronegócio ou
do latifúndio, por exemplo.
A rigor é impossível tentar compreender a totalidade de qualquer que seja o território
a partir de uma única dimensão da realidade. Essa talvez seja a grande falácia dos ditos
projetos de desenvolvimento territorial no Brasil. Na ausência de uma política agrícola com
condições de contemplar o conjunto das dimensões que envolvam a superação dos problemas
32
da agricultura brasileira e dos assentamentos rurais, estes são tratados individualmente na
forma de programas pelas políticas públicas. Esses programas enfrentam dificuldades de
comunicação entre si.
Temos na matriz de investimentos do Ministério do Desenvolvimento Agrário –
MDA, recursos para fomento a agroindústria, alimentação escolar, assistência técnica e
crédito rural. Embora esse enfoque territorial do desenvolvimento deva ser considerado um
avanço, necessita ser aprimorado, pois as dimensões das políticas públicas do MDA ainda são
incompletas no que diz respeito às condicionalidades que contemplam.
Ampliar as condicionalidades que compõem as dimensões das políticas públicas é uma
questão de desenvolvimento territorial, pois para serem de fato territoriais as políticas
públicas necessitam ter condições de atender a multidimensionalidade do território.
Os resultados de toda monografia, relatório científico, dissertação ou tese, querendo ou
não estão contidos dentro de alguma dimensão. Não existe pesquisa adimensional. Até mesmo
o espaço sideral possui as suas dimensões. O que existe são pesquisas unidimensionais, ou
seja, que se limitam ao estudo de uma única dimensão. Todavia, ainda que o estudo privilegie
um único assunto, mesmo assim encontra-se contido dentro de alguma dimensão.
As condicionalidades e as dimensões fazem parta da realidade. Todavia, uma
condicionalidade dependendo da sua escala de análise pode se transformar em dimensão. As
dimensões possuem escalas. Estas escalas podem ser macro, meso ou micro. São as
condicionalidades que vão nos indicar de qual nível escalar estamos falando. Além dos níveis
escalares também é importante compreender como as mudanças que ocorrem nestes vários
níveis se inter-relacionam.
A relação entre condicionalidades-dimensão, entre dimensão-dimensão e entre
condicionalidade-condicionalidade são importantíssimos para compreensão do movimento da
realidade. O que é dimensão em uma escala pode vir a ser condicionalidade em outra escala.
Mesmo que a pesquisa privilegie todas as dimensões, são as condicionalidades envolvidas na
concretização das condições da dimensão que vão garantir a profundidade na análise da
realidade.
As dimensões são recortes da realidade que se pretende estudar. São fotografias do
objeto de análise. Estas fotografias podem ser tiradas de um único ângulo (estudo de uma
única dimensão) ou de diferentes ângulos (estudo de várias dimensões). A maneira como essa
fotografia é tirada é uma questão de metodologia. Quanto maior a riqueza de detalhes desta
foto/realidade, maior será o número de condicionalidades que contribuirão para a
concretização das condições da dimensão.
33
Pela amplitude da realidade, nem sempre em um projeto de pesquisa é possível estudar
a totalidade das dimensões que fazem parte do território, da mesma forma que nas políticas
públicas igualmente também não tem sido possível levar em consideração as múltiplas
dimensões que compõem a realidade. As políticas públicas direcionadas a fortalecer a
agricultura familiar no Brasil ainda necessitam de aprimoramento.
Ao passo que o agronegócio assume cada vez mais centralidade na agenda política do
Agro Brasileiro, tornando-se um dos eixos estruturantes do desenvolvimento do país, segundo
campanhas realizadas por entidades de classe do setor, por outro lado, a agricultura familiar
conta com parcos investimentos destinados a realizar o seu fortalecimento, mostrando a
imensa desigualdade de modelos entre agronegócio e agricultura familiar.
È justamente por esse motivo que é possível exercer o controle político sobre os
modelos de desenvolvimento por meio das políticas públicas. Governos na elaboração das
políticas públicas, por exemplo, podem selecionar apenas as condicionalidades que garantam
a condições de realização das dimensões sobre as quais tem interesse político. Para Silva,
Fernandes e Valenciano (2006) quando isso acontece a multidimensionalidade do espaço é
restringida ao ser delimitada pela determinação da intencionalidade:
Em outras palavras: a parte é transformada em todo e o todo é transformado em parte. Isso significa que o espaço agora passa a ser compreendido segundo a intencionalidade da relação social que o criou. É, então, reduzido a uma representação unidimensional e a visão que o criou, embora parcial, é expandida como representação da multidimensionalidade. A relação social em sua intencionalidade cria uma determinada leitura do espaço, que conforme o campo de forças em disputa pode ser dominante ou não. E assim, criam-se diferentes leituras socioespaciais.
São as opções política, ideológica e paradigmática que vão definir quais são as
condicionalidades que serão selecionadas para garantir as condições de realização das
dimensões no território. Este é o limite entre o ideal e o possível. Tanto as condicionalidades,
quanto as dimensões levadas em consideração pela academia, pelos movimentos sociais,
quanto pelo governo não possuem o mesmo conteúdo.
Ainda que o governo, a academia e os movimentos sociais escolham as mesmas
condicionalidades na determinação do conteúdo de uma dimensão, ainda assim, não esta
garantida a leitura da totalidade da realidade aconteça a partir de uma mesma perspectiva
política, social, econômica. Ainda que as condicionalidades sejam as mesmas, cada uma
destas entidades atribuirá suas perspectivas políticas e ideológicas as condicionalidades
selecionadas.
34
Do ponto de vista governamental, por exemplo, podemos inclusive afirmar que existe
uma disputa perene entre o Estado como ente formulador de políticas públicas e os
movimentos sociais. Estado e movimentos sociais disputam permanentemente, tanto as
condicionalidades, quanto a perspectiva política destas, na formulação das dimensões que
serão atendidas pelas políticas públicas.
Uma maneira de alcançar uma leitura consensual entre estes entes seria a discussão
conjunto das condicionalidades, das dimensões, das suas diferentes escalas de aplicação e do
significado das suas inter-relações. Desta maneira existiria a possibilidade de construir uma
dimensão, cujo conteúdo contemplasse os diferentes grupos de interesse. Este tipo de prática
vem sendo adotada nos Territórios da Cidadania, por intermédio da Secretaria de
Desenvolvimento Territorial - SDT do Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA.
Neste sentido, o diálogo que vem sendo desenvolvido a partir dos Colegiados
Territoriais de Desenvolvimento Rural – CODETER pode ser considerado como um
importante espaço para construção de consensos, e aprimoramento das políticas públicas. A
partir dos Colegiados Territoriais é possível discutir quais condicionalidades serão apoiadas
com recursos do MDA. Uma questão preocupante, é que nesta perspectiva de discussão do
desenvolvimento, baseada na participação dos diferentes grupos sociais e políticos que fazem
parte do território, há de considerar-se que o grupo majoritário também exercerá controle
social sobre o desenvolvimento.
Uma questão preocupante, é que de acordo com os documentos de referencia
publicados pela SDT/MDA o território é uma dimensão do desenvolvimento, ou seja, não é a
totalidade. Este fato que por si, coloca o MDA em disputa da sua leitura de território com boa
parte do conhecimento sobre desenvolvimento territorial que vem sendo produzido por
estudiosos do tema nas principais universidades brasileiras.
Essa leitura do território dimensão pode comprometer a leitura de desenvolvimento e a
elaboração das políticas públicas formuladas pelo MDA que a rigor não passa de uma
pequena política, para citarmos Gramsci, tendo em vista que as discussões realizadas no
âmbito dos colegiados territoriais, não perpassam pelos rumos da política nacional, ou da
criação de um projeto de desenvolvimento para o campo brasileiro, com objetivo de resolver
problemas estruturais históricos como a desconcentração da estrutura fundiária, por exemplo.
A partir do ano de 2010 a SDT começou a trabalhar com o conceito de território identidade.
Esse conceito visa discutir o empoderamento dos atores territoriais e fortalecer a alto-gestão
dos CODETERES.
PARTE 2 PROCESSO DE OCUPAÇÃO DA REGIÃO DO PONTAL E CRIAÇÃO DO MUNICÍPIO DE TEODORO SAMPAIO
36
4. PROCESSO DE OCUPAÇÃO DA REGIÃO DO PONTAL E CRIAÇÃO DO MUNICÍPIO DE TEODORO SAMPAIO
4.1. Definição de Pontal do Paranapanema
A região do Pontal do Paranapanema localiza-se no extremo oeste do Estado de São
Paulo, na fronteira com os Estados do Paraná e do Mato Grosso do Sul, Figura 1. Considerada
uma das regiões brasileiras com maior número de conflitos por terra o Pontal do
Paranapanema ficou conhecimento nacionalmente. Contudo, as diferentes definições de
Pontal não são tão conhecidas e ao fazer referência à região são comuns os equívocos, pois
em algumas situações não se sabe ao certo quais das delimitações geográficas de Pontal esta
sendo usada como referência. Cada uma das definições de Pontal possui sua própria
delimitação geográfica, bem como conteúdo político.
Neste trabalho de monografia adotamos a definição de Pontal da União dos
Municípios do Pontal do Paranapanema - UNIPONTAL. Esta definição abrange todas as 32
prefeituras da região é pode ser considerada uma das classificações mais amplas. Com relação
à UNIPONTAL, ainda que suas ações não representem algum tipo de repercussão
significativa para o processo de desenvolvimento da região, a associação tem como objetivo a
discussão do desenvolvimento mediante a participação de todas as prefeituras.
Para fins de consulta, o Atlas interativo1: uma contribuição à educação ambiental do
Pontal do Paranapanema, desenvolvido no ano de 2003, com tese e livre docência, pela Profª.
Drª. Arlete Aparecida Correia Meneguette do Campus da Unesp de Presidente Prudente, é
possível tomar conhecimento sobre as diferentes denominações de Pontal.
De acordo com Silva (2008) para a UNIPONTAL a totalidade do território é dada pela
inclusão de todos os 32 municípios da região, ao passo que para a AMASP a totalidade do
território é dada pelos municípios com projetos de assentamentos rurais. Ainda de acordo com
o autor, a classificação da AMASP trabalha a noção de desenvolvimento a partir de uma
leitura territorial onde o critério para constituição deste território sejam as famílias assentadas.
A criação da AMASP destaca-se por priorizar o fortalecimento da agricultura
camponesa representada pelas famílias que vivem em 114 assentamentos implantados em 16
dos 32 municípios da região, Figura 1.
1 O ATLAS INTERATIVO do Pontal do Paranapanema pode ser acessado em: http://www.multimidia.prudente.unesp.br/mapoteca.htm
37
Figura 1 - Pontal do Paranapanema – assentamentos rurais por município - 1983-2005.
4.2. Questão Agrária no Pontal do Paranapanema
Em um momento onde a pertinência do tema reforma agrária é amplamente debatido
no país, tendo em vista que alguns setores mais conservadores da sociedade defendem a idéia
que a reforma agrária é coisa do passado, apresentamos informações sobre a questão agrária
do Pontal.
Para entendermos quais são os elementos que contribuíram para a formação da
realidade atual dos projetos de assentamentos rurais do município de Teodoro Sampaio, temos
que retroceder na história, tendo em vista entender o problema agrário da região como um
resultado do seu processo de ocupação.
No ano de 1981 o Geógrafo e Professor da FCT/UNESP José Ferrari Leite, publicou
sua tese de livre docência “A ocupação do Pontal do Paranapanema”. Ferrari Leite é
considerado um dos pioneiros no estudo e análise da ocupação do oeste paulista. Sua obra
sucede a tríade composta pelas obras de Pierre Monbeig em Pioneiros e Fazenderios do
Estado de São Paulo e Cláudio Branco Vasques, a Evolução da Ocupação no Município de
38
Teodoro Sampaio. A obra de Leite (1981) faz parte da coleção das grandes obras que são
referencias para compreensão da ocupação do espaço geográfico do Estado de São Paulo,
juntamente com os trabalhos de Pasquale Petrone - A Baixada do Ribeira; Antônio Candido –
Os Parceiros do Rio Bonito e o José de Souza Martins com a obra O cativeiro da Terra.
Outras referências importantes para o estudo da região e do município de Teodoro
Sampaio podem ser encontradas nas obras de Antônio Pereira Antônio em Movimentos
Sociais e Organização do Espaço Rural nos Assentamentos Populacionais Dirigidos pelo
Estado: os exemplos da Alta Sorocabana no período de 1960 a 1990; em João Cleps em o
Pontal do Paranapanema: a incorporação regional da periferia do café; em Rosemeire
Aparecida de Almeida A Conquista da Terra pelo MST: as ocupações da fazenda São Bento e
Santa Clara e em Bernardo Mançano Fernandes com o livro MST: formação e
territorialização no Estado de São Paulo. É a partir da obra desses autores que
contextualizaremos a questão agrária do Pontal do Paranapanema e o histórico da criação do
município de Teodoro Sampaio.
Em meados do século XIX, o território do oeste paulista, correspondente a atual região
do Pontal do Paranapanema era desconhecido e despovoado. Sua área era habitada por
agrupamentos indígenas na sua maior parte de origem tupi-guarani. As notas de caráter
científico, mais antigas que se possui sobre o Vale do Paranapanema, são do Engenheiro
Theodoro Sampaio, que como membro da Comissão Geográfica e Geológica do Estado de
São Paulo, explorou, em 1886, o rio Paranapanema desde a sua nascente até a foz do rio
Paraná. A leitura da obra de Leite (1981) deixa evidências irrefutáveis de a ocupação da
região do Pontal do Paranapanema aconteceu a partir de um intenso processo de grilagem do
seu inicio ao fim.
Entenda-se por grilagem de terra o processo de falsificação de documentos das
propriedades fundiárias. O termo nasceu do dito popular e foi utilizado por pesquisadores e
escritores da época. Segundo a explicação do escritor Monteiro Lobato, grilagem é a técnica
de se envelhecer papéis usando grilos: os papéis são colocados em gavetas com centenas de
grilos, estas são trancadas e assim que os insetos morrem, apodrecem liberando resinas que
mancham os papéis, dando-lhes assim o aspecto de velho, Fernandes (1996).
Segundo Leite (1981) a história de grilagem de terras do Pontal do Paranapanema tem
seu início em maio de 1856, quando Antônio José Gouvêa, chega à região e extrai uma
imensa gleba de terras, denominada de Fazenda Pirapó Santo Anastácio, junto à Paróquia de
São João Batista do Rio Verde, como pode ser visualizado na Figura 2.
39
A descrição do grilo realizado por Antônio José Gouvêa é a seguinte: os limites da
fazenda vão desde a barranca do Rio Paranapanema, seguindo por 10 léguas o rio Paraná
acima e voltando-se para leste pelas vertentes do rio Pirapó, até encontrar-se de novo com o
rio Paranapanema.
Na mesma época, outro grileiro, José Teodoro de Souza, obtém semelhante registro
paroquial de posse da Fazenda Rio do Peixe ou Fazenda Boa Esperança do Aguapehy. De
acordo com as divisas constantes do termo de posse, esta gleba era ainda mais extensa que a
Pirapó Santo Anastácio, pois tinha origem nas barrancas do rio Turvo, cujas nascentes estão
nos municípios de Agudos e Bauru.
Essas falsificações ocorreram, visto que os “proprietários” deveriam legitimar as suas
posses com base na lei nº. 601, de 1850, conhecida como lei de terras. A lei de terras
determinava o fim das declarações de posse por meio dos registros paroquiais e permitia
apenas a legitimação de terras ocupadas até 1856, proibindo assim a ocupação de terras
devolutas. Igualmente determinava que a aquisição de terras feitas por meio da compra e que
não fossem devidamente regulamentadas, também seriam consideradas devolutas.
Figura 2 - Planta do grilo mãe da fazenda Pirapó Santo AnastácioFonte: LEITE, José Ferrari, 1981.
No ano de 1861, Antônio José Gouveia vendeu sua posse a Joaquim Alves de Lima.
Com o falecimento deste último, quem assume a
Evangelista de Lima. Evangelista, na tentativa de legitimar a posse de suas terras, comete no
processo de medição das mesmas uma série de erros de caráter tanto técnicos quanto
jurídicos. Isso fez com que o Governado
imprestável e nula a medição apresentada. Mesmo antes de sair à sentença sobre a fazenda
Pirapó-Santo Anastácio, Evangelista e Manuel Pereira Goulart (que também solicitou registro
paroquial da Fazenda rio do Pei
Manuel Goulart necessitava do reconhecimento oficial de “suas” terras. Para tanto,
encaminhou petição ao Ministério da Agricultura da época, solicitando permissão para
receber colonos estrangeiros na Pi
autorizando a contratação de imigrantes para sua fazenda, a partir de então, Goulart vendeu,
trocou e doou terras.
Em 1917, aproveitando
Paranapanema, chegaram muitos imigrantes na busca de terras para plantação de café. Os
Planta do grilo mãe da fazenda Pirapó Santo Anastácio. Fonte: LEITE, José Ferrari, 1981.
No ano de 1861, Antônio José Gouveia vendeu sua posse a Joaquim Alves de Lima.
Com o falecimento deste último, quem assume a Pirapó-Santo Anastácio é seu filho João
Evangelista de Lima. Evangelista, na tentativa de legitimar a posse de suas terras, comete no
processo de medição das mesmas uma série de erros de caráter tanto técnicos quanto
jurídicos. Isso fez com que o Governador da época Prudente de Morais, considerasse
imprestável e nula a medição apresentada. Mesmo antes de sair à sentença sobre a fazenda
Santo Anastácio, Evangelista e Manuel Pereira Goulart (que também solicitou registro
paroquial da Fazenda rio do Peixe) realizaram uma permuta entre as glebas griladas.
Manuel Goulart necessitava do reconhecimento oficial de “suas” terras. Para tanto,
encaminhou petição ao Ministério da Agricultura da época, solicitando permissão para
receber colonos estrangeiros na Pirapó-Santo Anastácio. Obtendo resposta favorável,
autorizando a contratação de imigrantes para sua fazenda, a partir de então, Goulart vendeu,
Em 1917, aproveitando-se da construção da ferrovia em direção ao Vale do
garam muitos imigrantes na busca de terras para plantação de café. Os
40
No ano de 1861, Antônio José Gouveia vendeu sua posse a Joaquim Alves de Lima.
Santo Anastácio é seu filho João
Evangelista de Lima. Evangelista, na tentativa de legitimar a posse de suas terras, comete no
processo de medição das mesmas uma série de erros de caráter tanto técnicos quanto
r da época Prudente de Morais, considerasse
imprestável e nula a medição apresentada. Mesmo antes de sair à sentença sobre a fazenda
Santo Anastácio, Evangelista e Manuel Pereira Goulart (que também solicitou registro
xe) realizaram uma permuta entre as glebas griladas.
Manuel Goulart necessitava do reconhecimento oficial de “suas” terras. Para tanto,
encaminhou petição ao Ministério da Agricultura da época, solicitando permissão para
Santo Anastácio. Obtendo resposta favorável,
autorizando a contratação de imigrantes para sua fazenda, a partir de então, Goulart vendeu,
se da construção da ferrovia em direção ao Vale do
garam muitos imigrantes na busca de terras para plantação de café. Os
41
pequenos povoados que ali existiam, acolhiam pessoas de toda espécie: comerciantes e
especuladores de terras, aventureiros, foragidos da justiça ou ocupantes de terras.
Como algumas propriedades eram adquiridas, porém, não ocupadas, estas acabaram
sendo invadidas por intrusos que até apresentavam o “título de propriedade” falso. Houve
conflitos entre os grileiros que queriam as mesmas terras e esses ocupantes. A área da
Fazenda Pirapó-Santo Anastácio, apesar de extensa com área calculada em cerca de 60 mil
hectares, tornou-se pequena em vista do número de transcrições que se passaram. Eram
necessárias a medição e a divisão dessa imensa gleba, dando início a um dos mais volumosos
processos de litígio de terras do Estado de São Paulo.
Em 1930, o governo do Estado de São Paulo negou a partilha da Pirapó-Santo
Anastácio, alegando ser nulo o processo divisório, já que os títulos originais da posse e
domínio dos particulares sobre as terras da aludida fazenda foram falsificados
criminosamente, lesando o patrimônio do Estado. Assim, todos os títulos referentes ao
imóvel, desde o registro paroquial de 14 de maio de 1856 até a permuta feita em janeiro de
1890, entre João Evangelista de Lima e Manuel Pereira Goulart, eram falsos ou nulos e sem
valor jurídico. Nestas condições, essas terras eram de domínio do Estado, por serem
devolutas.
Em 1932 a Secretaria da Agricultura do Estado divulga uma nota oficial comunicando
ser perigosa à compra de terras no Pontal do Paranapanema por serem devolutas. Mesmo
assim os negócios continuaram. Os compradores que se deslocavam para o Oeste Paulista
queriam comprar terras e os grileiros queriam vender. Para assegurar o procedimento dessas
atividades eles apelavam incansavelmente contra as decisões judiciais do Estado. No decorrer
da história, as terras devolutas do Pontal do Paranapanema estiveram em poder de nomes
conhecidos da política e do meio financeiro, como as famílias Melão Nogueira, Cesarino dos
Santos, Gonçalves Foz, Antônio Silva, Ênio Pipino e Justino de Andrade, todos do partido do
então governador Adhemar de Barros.
Em 1935, Alfredo Marcondes transfere 2/3 da gleba grilada a Xavier Pereira e Homero
de Barros Veiga. No ano seguinte, Marcondes funda, na capital da República da época Rio de
Janeiro, a Companhia Imobiliária e Agrícola Sul-Americana e três meses depois, readquire
daqueles mesmos compradores a totalidade das terras que havia transferido um ano antes. O
Coronel, servindo-se da recém criada Companhia, lançou-se a vender lotes no Pontal.
Na década de 40, o governador Fernando Costa criou as reservas florestais: Morro do
Diabo, Lagoa São Paulo e a Grande Reserva do Pontal, somando 297.400 hectares. Por outro
lado, como as levas de migrantes atraídas pelos grileiros não paravam de crescer, acabaram
42
tornando sem efeito o decreto do governador para a preservação destas áreas. Em 10 anos a
população da região cresceu de 275.000 para 416.000 pessoas.
Em 1950, com a morte de Alfredo Marcondes, em Presidente Epitácio, parte de seu
patrimônio foi tomado por grileiros com significativo poder político e econômico, enquanto
uma outra parte considerável fica com seus herdeiros. Novos grileiros ocuparam a região. Um
deles é Sebastião Camargo, dono da empreiteira Camargo Correia, em sociedade com a
família de Adhemar de Barros. Esse laço político leva o Estado a incumbir à empresa à
construção do ramal ferroviário de Dourados, o qual passaria por dentro da reserva florestal
do Pontal. De posse dessa informação e do percurso da ferrovia, os donos da empresa
começam a comprar grandes extensões de terras (cerca de 15.000 hectares), todas
pertencentes ao grilo Pirapó-Santo Anastácio. No final da linha dos trilhos, os donos da
empresa decidiram fundar a cidade de Rosana, nome da filha de Sebastião Camargo e assim
foram surgindo outros povoados que, posteriormente, se consolidaram como municípios.
Em 1954, a Imobiliária e Colonizadora Camargo Correia, lançou um edital de
loteamento da recém fundada cidade de Rosana. O Estado embargou o loteamento na justiça,
por se tratar de terras públicas. O dono da empresa não esperou a sentença e começou a
vender os lotes.
Neste mesmo ano, na Assembléia Legislativa, começou a batalha parlamentar a
respeito da peleja do Pontal: de um lado existiam os deputados simpáticos aos grileiros que
queriam revogar os decretos das reservas florestais e, de outro, os deputados que defendiam a
manutenção daquelas áreas, em nome do interesse público. Começa então a batalha em torno
do projeto do deputado Cunha Lima, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), que propôs a
extinção das reservas sobre o argumento de que o Estado falhou em sua missão de conservar
as matas. Este projeto foi aprovado pelo plenário em primeira votação e rejeitado pela
comissão de Agricultura da Assembléia Legislativas, que o considerou lesivo ao interesse
público. Surgiram outros projetos que previam a liberação de apenas parte da reserva. Estes
também não foram aprovados Leite (1981).
Na metade dos anos 50 Jânio Quadros assumiu o governo do Estado e mandou
demitir, suspender e transferir funcionários públicos acusados de envolvimento em
ilegalidades com terras. São publicados três decretos declarando de utilidade pública as Terras
das reservas florestais estabelecidas por Fernando Costa em 1941, proibindo a retirada de
madeira da região e encaminhando ações de discriminação de terras a justiça.
Em 1963, Adhemar de Barros voltou ao governo, impulsionando a construção do
ramal ferroviário que se encontrava em um ritmo lento de desenvolvimento no governo de
43
Jânio Quadros e Carvalho Pinto. As ações judiciais são esquecidas e conclui-se a venda de
lotes da cidade de Rosana.
Esses acontecimentos históricos são exemplos reais da instalação de um complexo
grilento no Pontal do Paranapanema, Ramalho (2001). Com exceção de alguns acordos
políticos realizados entre grileiros e o Estado, as terras do Pontal encontram-se até hoje sem
solução jurídica. Ainda no final dos anos sessenta e começo dos anos setenta, como nos
mostra (Antonio, 1990), aconteceram os conflitos por terras nas glebas Santa Rita e Ribeirão
Bonito.
(...) a origem do conflito está relacionado ao processo de apropriação dessas terras e deu-se do seguinte modo: os supostos proprietários das fazendas Santa Rita e Ribeirão Bonito para legitimarem e justificarem sua posse arrendaram “suas terras” a médios e grandes arrendatários. Estes, por sua vez, fazendo o papel de testas de ferro desses latifúndios, subarrendavam a, camponeses que derrubavam a mata, reserva florestal do pontal e cultivavam-na, pagando aos subarrendatários uma determinada renda. Se com esse mecanismo os latifundiários não conseguiram legitimar suas posses, pelo menos arrolaram a questão judicial até os dias atuais. Atualmente, 1983-1990, os governos do Estado de São Paulo, através do Departamento Regularização Fundiária, vêm realizando acordos com os latifundiários supostos proprietários e com os camponeses para resolver definitivamente esse conflito. A proposta principal que permeia o acordo é resgatar 25% das terras de cada fazenda e assentar, nessas, os camponeses e abandonar as ações discriminatórias contra os fazendeiros, permitindo a eles legitimidade dos 75% das terras de cada fazenda envolvida no acordo (ANTONIO, 1990, p. 41-3).
Em 1991, a CPT impetrou uma Ação Popular processo nº. 1.083/91, impossibilitando
assim, a realização desse tipo de acordo. Além das lutas de resistências dos posseiros, no
início da década de oitenta, emerge, também no Pontal do Paranapanema, um novo
personagem na luta pela terra: o trabalhador expropriado, excluído, marginalizado, que faz
parte da reserva de mão de obra à disposição do capital, que no movimento da luta foi se
denominando de trabalhador sem-terra Fernandes (1996).
Enfim, é em meio a esse processo de grilagem com exploração predatória dos recursos
naturais da região (substituição de florestas pelas monoculturas do café e do algodão),
transportados a partir do ramal ferroviário de Dourados, que nascem os municípios que
compõem atualmente a região do Pontal do Paranapanema. É em meio a este contexto, que
surge a município de Teodoro Sampaio. Sendo assim, vejamos então como se deu o processo
de formação do município de Teodoro Sampaio.
44
4.3. Formação do município de Teodoro Sampaio
Com a instalação dos trilhos da Estrada de Ferro Sorocabana, intensificou-se a procura
por terras para o plantio do café, dando seqüência à formação dos municípios. Assim, do
território que constituía o município de Presidente Venceslau, formaram-se os municípios de
Presidente Epitácio (1944), Marabá Paulista (1958) e Teodoro Sampaio (1964).
Na formação dos municípios do Pontal do Paranapanema, o poder público associado
ao poder privado, caracterizou o coronelismo, em que há uma relação de compromisso entre
as duas partes. Em Presidente Prudente, por exemplo, esse sistema foi explícito,
principalmente com as disputas pelo poder municipal entre os coronéis Francisco de Paula
Goulart (dono de terras) e José Soares Marcondes (empresário no setor de imóveis).
No coronelismo, os elementos centrais estão caracterizados na subordinação, no
favorecimento e na compaternidade das decisões a serem tomadas e, por isso, dependem das
vontades do coronel mandonismo local e das trocas de favores. Um dos exemplos do
coronelismo são as atitudes tomadas por alguns políticos no Pontal do Paranapanema, como a
utilização de equipamentos públicos municipais de acordo com seus interesses. Esses
elementos permanecem à formação dos municípios do Pontal do Paranapanema, contribuindo
com a disputa de poder na sociedade civil.
A origem do nome Teodoro Sampaio foi uma homenagem ao engenheiro cartógrafo e
geógrafo Theodoro Fernandes Sampaio. O município localiza-se nos extremos do oeste do
Estado de São Paulo, na microrregião de Presidente Prudente.
A área do município de Teodoro Sampaio foi parte da antiga fazenda Cuiabá de
origem litigiosa por meio de grilagem de terras. Esse grilo constituiu parte da fazenda Pirapó
Santo Anastácio, ou seja, a primeira grande propriedade grilada no Pontal do Paranapanema.
A sede da fazenda Cuiabá localiza-se no atual distrito de Cuiabá Paulista, pertencente
ao município de Mirante do Paranapanema. A fazenda foi negociada entre grileiros, surgindo
varias propriedades menores e, após sucessivas vendas, a fazenda foi dividida em três partes,
idealizando em 7 de janeiro de 1952 a formação do povoado que mais tarde daria origem ao
município de Teodoro Sampaio.
A formação de Teodoro Sampaio permitiu a aglutinação de pessoas vindas de varias
localidades do país. Nos seus primeiros anos de existência a população rural de Teodoro teve
predominância sobre a urbana, visto que, a maior parte das famílias residia em grandes
fazendas. Como a maior parte dos assentamentos da região foi criada após 1995, ou seja, um
45
ano depois da realização do Censo, as populações dos assentamentos não foram
contabilizadas pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Neste sentido, as populações rurais dos municípios do Pontal, sobretudo do município
de Teodoro Sampaio, são maiores que as estatísticas publicadas pelo IBGE. A dinâmica
demográfica do Pontal do Paranapanema apresenta diferentes períodos conforme ressalta
Alegre (1982), a primeira delas se dá com construção das ferrovias da Alta Sorocabana,
depois pelos latifúndios cafeeiros, da pecuária extensiva, da construção civil usinas
hidrelétricas e dos assentamentos de trabalhadores rurais, após 1990.
O aumento da população rural faz crescer em termos absolutos a importância da
agricultura do município como elemento propulsor dos desequilíbrios necessários para
dinamização do desenvolvimento territorial do município.
De acordo com a apresentação do processo de ocupação da região do Pontal do
Paranapanema, verifica-se que ainda estão presentes no município de Teodoro Sampaio,
marcas deixadas por esse predatório processo de colonização derrubadas das florestas pelas
madeireiras, monocultura do café realizando o empobrecimento dos já enfraquecidos solos da
região, criando assim, graves problemas para o setor agrícola na atualidade.
4.4. Luta de conquista do Assentamento Vale Verde
Conhecida pela maioria da população do município de Teodoro Sampaio, como
Assentamento Ribeirão Bonito, também popularmente conhecido como Gleba Ribeirão
Bonito, o assentamento foi criado após 21 anos de esperas e lutas. O uso do termo popular
Gleba Ribeirão Bonito em substituição ao termo assentamento, deu-se em virtude da
origem das famílias da antiga Fazenda Ribeirão Bonito, que em sua maioria eram
posseiros.
Diferentemente de outros assentamentos do município e região, pela condição de
posseiros, e que, portanto, já residiam na área que se transformou em assentamento há quase
duas décadas e meia, nota-se no assentamento Ribeirão Bonito, formado da reunião de sete
assentamentos relações de parentesco entre as famílias, Tabela 2. Esse assentamento é
resultado do processo de luta de conquista mais antigo do município de Teodoro Sampaio.
Estiveram envolvidos no processo de luta trabalhadores rurais, sem-terras, posseiros,
fazendeiros e o Estado.
46
TABELA 2 - ASSENTAMENTOS QUE COMPÕEM A ANTIGA FAZENDA RIBEIRÃO BONITO
Nome do assentamento Número de Área (ha) Área média dos lotes (ha)(a)
PE CACHOEIRO DO ESTREITO 29 490 16,9 PE CORREGO AZUL 9 226 25,1 PE HAIDÉIA 24 868 36,2 PE SANTA RITA DA SERRA 40 837 20,9 PE SANTA VITÓRIA 27 515 19,1 PE SANTO ANTONIO DOS COQUEIROS 23 485 21,1 PE VALE VERDE 50 1.010 20,2 TOTAL 193 4.206,71 16,81 Fonte: DATALUTA, 2010.
Segundo Borges (1996), o conflito entre posseiros e grileiros da Fazenda Ribeirão
Bonito, teve inicio em 1976. Contudo, foi somente após a morte do Fazendeiro Antonio
Cândido de Paula, quando o seu filho Álvaro Candido de Paula assumi o controle da fazenda
no ano de 1980. Após intensas disputas judiciais, o governo federal, declara a propriedade
para fins de implantação de projetos agrários.
Cabe ressaltar, que o conjunto dos sete assentamentos que compõem a Gleba de
Terras que deu origem ao Assentamento Ribeirão Bonito, Tabela 2, instalado na antiga
Fazenda Ribeirão Bonito, apesar das suas especificidades, no que diz respeito à criação de
cada um dos assentamentos do conjunto, fazem parte de um mesmo processo de conquista.
Foram inúmeras as ordens de desapropriação e liminares de reintegração de posse da
área. Segundo Borges (1996), o ganho da liminar de reintegração de posse pelo fazendeiro,
dada a improcedência da área duravam pouco, sendo que no ano de 1986, o então Presidente
da República José Sarney decretou novamente a desapropriação da fazenda para fins de
reforma agrária. Ainda de acordo com Borges (1996), Álvaro Candido recorre novamente da
ação, conseguindo a suspensão da mesma, porém o Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária – INCRA recorreu da decisão a fim de concretizar sua desapropriação.
No ano de 1990, a justiça deu ganho de causa ao INCRA, favorecendo os posseiros,
mas o órgão não tomou as devidas providências e, mesmo após a desapropriação da área, a
condição do decreto não prevaleceu, resultando em uma nova situação de conflito. As lutas
entre fazendeiro e posseiros se acirraram no início dos anos 80, período em que algumas
famílias trabalhavam para o fazendeiro “grileiro” na derrubada da mata, processo anterior a
formação das pastagens.
47
Ambos realizavam o chamado “contrato de gaveta”, que estabelecia que os
arrendatários trabalhassem por um período de dois a três anos na área, onde teriam como
garantia de sobrevivência uma parcela de terra para plantar.
Ao final desse período, deveriam deixar a área com pastagens formadas e se
deslocarem para outra área da propriedade, dando início a um novo processo de
desmatamento caso não quisessem sair para outra fazenda. Transcorridos alguns anos desta
prática e com a chegada do MST a região por temer a resistência dos posseiros/arrendatários,
o fazendeiro decidiu pela quebra do contrato de gaveta, dando início a uma nova série de
conflitos.
Visando pressionar as famílias, o deu início a uma série de perseguições. Em relatos
das famílias dos assentamentos foi informado que na época o fazendeiro soltou seus rebanhos
para que as roças dos posseiros fossem pisoteadas, proíbe o uso da água, cercou a estrada que
dava acesso ao interior da Gleba e propôs novas ações de despejo. Apesar de fracassada, neste
período o fazendeiro procurou a mediação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Teodoro
Sampaio para realizar a mediação dos seus interesses com as famílias.
Segundo entrevista feita com Zé Prego apud Junior, (1986) posseiro e líder da gleba,
o fazendeiro havia firmado um contrato verbal em 1971, para que se derrubasse a mata e num
prazo de três anos a terra fosse entregue plantada com capim colonião. Visando auxiliar no
processo de desmate, os posseiros tiveram permissão para trazer outras famílias para fazenda
Ribeirão Bonito, Junior (1986).
As versões, de ambas as partes, divergiam, ora o fazendeiro dizendo que a relação
com os posseiros era pacífica ora os posseiros revelando artimanhas e ameaças de despejo
realizado pelo fazendeiro.
Segundo Borges (1996), essas posses oscilava de 1 a 12 ha, sendo que existiam casos
de pessoas com mais de uma posse. No ano de 1996 com a organização destas famílias pelo
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, foi possível unificar a luta dos
posseiros e com a mediação do Instituto de Terras do Estado de São Paulo “Fundação José
Gomes da Silva” – ITESP no ano de 1997 é feito o pagamento das benfeitorias aos
proprietários do conjunto de fazendas que deram origem ao Assentamento Ribeirão Bonito,
Tabela 2.
PARTE 3 DIMENSÃO - CARACTERIZAÇÃO DO ASSENTAMENTO
VALE VERDE: análise multidimensional
49
5. CARACTERIZAÇÃO DO ASSENTAMENTO VALE VERDE: ANÁLISE MULTIDIMENSIONAL
Nesta parte do trabalho apresentamos a análise de sete dimensões: aspectos físicos,
dados da família; educação; mercado cooperativismo; tecnologia, trabalho, produção e
produtividade; infra-estrutura e reorganização social. A compreensão da
multidimensionalidade do assentamento Vale Verde é dada pela leitura destas dimensões.
5.1. Aspectos físicos
A área do assentamento Vale Verde do ponto de vista físico possui relevo com
longas planícies e leves ondulações que inclinam-se em direção ao rio Paranapanema. De
acordo com Carta de Solos da SENAGRO (1998), geologicamente esta área é constituída pela
formação Serra Geral sobre a qual se depositam as formações Bauru e Caiuá, aparecendo esta
ultima de maneira predominante em Teodoro Sampaio.
Ainda de acordo com SENAGRO (1998), o solo da área é derivado do arenito Caiuá
(Grupo LEA), de cor vermelho escuro, apresenta baixa fertilidade e é muito suscetível à
erosão. Do ponto de vista climático, de acordo com a classificação de Koppen o assentamento
insere-se transitoriamente numa faixa entre o tropical e subtropical, recebendo parte do ano
influencia da massa polar atlântica e das massas temperadas originadas no sul do continente e
também de parte das frentes tropicais, que provocam temperaturas elevadas no verão de até
40°c.
Os últimos fragmentos existentes das matas tropicais latifoliadas, que predominavam
no território do assentamento, foram desmatados durante o processo de ocupação no final dos
anos de 1930. Como testemunho das matas originais da região, atualmente existe a reserva
florestal do Parque Estadual Morro do Diabo, funcionando como último reduto da fauna e a
flora regional, e com a qual o assentamento Vale Verde faz limite.
5.2. Dados da família: origem, tamanho da família e grau de parentesco
Origem
Verificamos a partir dos questionários aplicados junto as famílias dos vinte e quatro
lotes visitados no assentamento Vale Verde, Figura 3, que 92% das pessoas declaram que
nasceram no campo e 8% na cidade. Esta alta porcentagem de pessoas nascidas no campo
pode ser explicada pelo fato do assentamento ser uma conquista conjunta de lutas organizadas
pelo MST, junto dos posseiros da antiga Fazenda Ribeirão Bonito.
Figura 3 - Origem do Fonte: Duda, 2011.
Tamanho da família
Com relação ao tamanho
referência o Relatório do Projeto de
Cardim (2000 p. 63) a média entre o tamanho das famílias nas cinco grandes regiões
brasileiras oscila de 4,3 a 2,9. Na região sudeste esta oscilação esta entre 4,1 e 2,8, ou seja,
encontra-se bem próxima da média nacional
Analisando as famílias do assentamento, segundo estes parâmetros, verificamos que
46% das famílias tem entre 2 a 3 pessoas e 51% entre 4 a 6 pessoas, Tabela
TABELA 3 - NÚMERO DE PESSOAS OC
PESSOAL OCUPADO TIPOS
Número de Pessoas Ocupadas por Estabelecimento
A
B
C
D Fonte: Censo Agropecuário 1995/96 Elaboração: Projeto de Cooperação Técnica INCRA/FAO
pelo MST, junto dos posseiros da antiga Fazenda Ribeirão Bonito.
do entrevistado, segundo local de nascimento .
Com relação ao tamanho das famílias no assentamento Vale Verde,
Relatório do Projeto de Cooperação Técnica INCRA/FAO de
(2000 p. 63) a média entre o tamanho das famílias nas cinco grandes regiões
brasileiras oscila de 4,3 a 2,9. Na região sudeste esta oscilação esta entre 4,1 e 2,8, ou seja,
se bem próxima da média nacional, Tabela 3.
Analisando as famílias do assentamento, segundo estes parâmetros, verificamos que
46% das famílias tem entre 2 a 3 pessoas e 51% entre 4 a 6 pessoas, Tabela
NÚMERO DE PESSOAS OCUPADAS POR ESTABELECIMENTO, SEGUNDO
OS TIPOS FAMILIARES
TIPOS REGIÕES / BRASIL
Nordeste Centro-Oeste Norte Sudeste
4,9 4,2 5,1 4,1
4,0 3,6 4,3 3,4
3,5 3,3 3,8 3,2
2,9 3,0 3,5 2,8
Censo Agropecuário 1995/96 – IBGE. Projeto de Cooperação Técnica INCRA/FAO.
50
das famílias no assentamento Vale Verde, tomando como
Cooperação Técnica INCRA/FAO de Guanziroli e
(2000 p. 63) a média entre o tamanho das famílias nas cinco grandes regiões
brasileiras oscila de 4,3 a 2,9. Na região sudeste esta oscilação esta entre 4,1 e 2,8, ou seja,
Analisando as famílias do assentamento, segundo estes parâmetros, verificamos que
46% das famílias tem entre 2 a 3 pessoas e 51% entre 4 a 6 pessoas, Tabela 4.
IMENTO, SEGUNDO
Sudeste Sul BRASIL
3,9 4,3
3,3 3,7
2,9 3,4
2,6 2,9
TAMANHO DA FAMÍLIAAté 2 pessoas Até 3 pessoas Até 4 pessoas Até 5 pessoas Até 6 pessoas Até 8 pessoas
Fonte: DUDA, 2011
Grau de parentesco
Tendo em vista informar o leitor deste trabalho sobre o
membros da família nas respostas dos questionários, informamos na Figura
de titulares, cônjuges, filhos e filhas que contribuiram com a qualificação da pesquisa.
Figura 4 - Grau de Fonte: DUDA, 2011
TABELA 4 - TAMANHO DA FAMÍLIA
TAMANHO DA FAMÍLIA V. ABS. 4 7 5 4 3 1
TOTAL 24 DUDA, 2011.
Tendo em vista informar o leitor deste trabalho sobre o a participação dos diferentes
membros da família nas respostas dos questionários, informamos na Figura
filhos e filhas que contribuiram com a qualificação da pesquisa.
Grau de parentesco do respondente em relação ao titularDUDA, 2011
51
% 17 29 21 17 13 4 100
a participação dos diferentes
membros da família nas respostas dos questionários, informamos na Figura 4, a porcentagem
filhos e filhas que contribuiram com a qualificação da pesquisa.
parentesco do respondente em relação ao titular
PARTE 3 DIMENSÃO - ESCOLARIDADE
53
6. ESCOLARIDADE
Seguindo a tendência nacional a escola do Assentamento Vale Verde foi construída
depois do processo de implantação do assentamento. De acordo pesquisa realizada por
Heredia et al (2003) em seis áreas com concentração de projetos de assentamento no Brasil, a
média nacional de escolas construídas ou criadas depois da implantação dos assentamentos é
de 80%. Este dado situa o Assentamento Vale Verde dentro do contexto nacional, deixando
evidente que a educação do campo ainda é bastante incipiente, recobrando atenção especial
das políticas públicas.
Com relação à escolaridade das famílias entrevistadas, verificamos que 8% são
analfabetas, 29% freqüentaram igualmente o ensino fundamental de 1ª a 4ª e 5ª a 8ª série, 8%
ensino médio e apenas 2% o ensino Técnico. A média nacional referente ao grau de
escolaridade de 5ª a 8ª série é de 13%, ou seja, a média de escolaridade do assentamento para
ensino fundamental esta acima da média nacional.
TABELA 5 – ESCOLARIDADE.
ESCOLARIDADE V. ABS % Nunca frequentou escola, não lê e não escreve 2 8 Nunca frequentou escola, mas lê e não escreve 3 13 Pré-escola 1 4 Frequentou classe de alfabetização 1 4 Ensino fundamental de 1ª a 4ª séries 7 29 Ensino fundamental de 5ª a 8ª séries 7 29 Ensino médio 2 8 Ensino profissional técnico 1 4
TOTAL 24 100 Fonte: DUDA, 2011.
PARTE 3 DIMENSÃO - LEITE, PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO
55
7. LEITE, PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO
Verificamos na pesquisa que o conjunto das atividades produtivas nos lotes dos
assentamentos Vale Verde é praticada em pequenas extensões de área. Esta mesma tendência
foi anteriormente verifica no Relatório de Impactos Socioterritoriais – RIST dos
assentamentos do município de Teodoro Sampaio publicado no ano de 2006. No referido
relatório essa pratica é associada à falta de aplicabilidade das políticas públicas destinadas a
fomentar a produção nos assentamentos.
A produção em pequenas áreas surte repercussão na renda das famílias, conforme
pode ser verificado na Figura 5, tendo em vista que 88% das pessoas entrevistadas, afirmaram
que a renda do lote é insuficiente para sobreviver. Ainda que essa seja uma percepção das
famílias e, portanto devem ser consideradas, ao responderem esta pergunta, as famílias não
estão levando em consideração a horta, o pomar de frutas do quintal localizadas no entorno da
casa, e o próprio leite, que são computados como renda de autoconsumo, e também
necessitam ser considerados na análise da composição da renda.
Segundo Silva (2008) a renda média gerada por família assentada com a produção de
leite gira em torno de 1 salário mínimo/mês. Em seu trabalho, Silva verificou que as famílias
assentadas que, por exemplo, conjugam a produção de mandioca com a produção de leite,
consegue gerar uma renda monetária média de 18 salários míninos/ano, valor equivalente a
1,5 salários mínimos/mês ou R$ 622,00 reais.
Neste sentido, a renda das famílias assentadas do assentamento Vale Verde foi
analisada isoladamente, até porque se constitui neste assentamento, como única fonte de renda
das famílias assentadas.
Com base na composição dos rendimentos médios brutos anuais da produção agrícola
e animal, vendida entre os anos de 1999/2000 a média nacional da renda por lote é de R$
2.100.00, valor equivalente a 5,1 salários mínimos/ano.
Considerando-se que a produção média de leite oscila entre 4,5 e 6 litros por animal e
que cada família assentada tem em média 10 vacas em produção, multiplicando pelo número
total de famílias, 856 dos 19 assentamentos do município, temos uma produção média de
42.800,00 litros de leite dia. Usando este mesmo sistema de referência, e considerando que
existem atualmente assentadas na região do Pontal do Paranapanema, de acordo com dados do
Relatório DATALUTA do ano de 2009 cerca de 6.248, podemos aferir que a bacia leiteira
constituídas pelos assentamentos do Pontal é de 312.400,00 litros de leite dia, evidenciando a
enorme importância desta atividade produtiva para composição da renda das famílias
assentadas, ainda que num contexto de subordinação aos laticínios da região.
Analisada por regiões, verificamos qu
salários mínimos/ano, na região do Sertão do CE é 1,2 salários mínimos, no Entorno do DF de
8 salários, no Sudeste PA de 7 salários, no Oeste de SC de 9 salários e na Zona da Cana NE
de 4 salários mínimos. Es
famílias assentadas do município de Teodoro Sampaio, esta acima da média nacional e das
médias regionais.
Figura 5 - Famílias que sobrevivem da renda do lote Fonte: DUDA, 2011
Uma possibilidade de contribuição com o aprimoramento e aplicabilidade das políticas
públicas, destinadas a fomentar a produção nos assentamentos, seria o atrelamento da
assistência técnica a tomada de crédito via o Programa Nacional de Forta
Agricultura Familiar – PRONAF. Essa possibilidade foi recentemente aventada
Brasil Sem Miséria publicado
Outra alternativa, seria ampliar a leitura de desenvolvimento dos projetos destinados a
apoiar os assentamentos rurais
multidimensional da agricultura de base familiar.
Guanziroli (2006) a maioria dos projetos
destinada a atender famílias assentadas.
o PRONAF foi utilizado durante o ano de 2006,
vendida pelas famílias assentadas ao Grupo Odebrecht
A articulação de ações en
Pacto Federativo no Estado de São Paulo, também deve ser entendida como uma
enorme importância desta atividade produtiva para composição da renda das famílias
assentadas, ainda que num contexto de subordinação aos laticínios da região.
Analisada por regiões, verificamos que a renda média da região do Sul da BA é de 3,6
salários mínimos/ano, na região do Sertão do CE é 1,2 salários mínimos, no Entorno do DF de
8 salários, no Sudeste PA de 7 salários, no Oeste de SC de 9 salários e na Zona da Cana NE
de 4 salários mínimos. Esses valores indicam que comparativamente a renda obtida pelas
famílias assentadas do município de Teodoro Sampaio, esta acima da média nacional e das
Famílias que sobrevivem da renda do lote DUDA, 2011
Uma possibilidade de contribuição com o aprimoramento e aplicabilidade das políticas
públicas, destinadas a fomentar a produção nos assentamentos, seria o atrelamento da
assistência técnica a tomada de crédito via o Programa Nacional de Forta
PRONAF. Essa possibilidade foi recentemente aventada
Brasil Sem Miséria publicado pelo Governo Federal.
Outra alternativa, seria ampliar a leitura de desenvolvimento dos projetos destinados a
assentamentos rurais, para além da dimensão produtiva, contemplando
multidimensional da agricultura de base familiar. De acordo com Mattei (2005 p. 136) e
a maioria dos projetos que são apoiados com recursos do
inada a atender famílias assentadas. Na região do Pontal do Paranapanema, por exemplo,
durante o ano de 2006, para financiar o plantio de cana,
vendida pelas famílias assentadas ao Grupo Odebrecht.
A articulação de ações entre as esferas de governo federal e estadual via assinatura do
Pacto Federativo no Estado de São Paulo, também deve ser entendida como uma
56
enorme importância desta atividade produtiva para composição da renda das famílias
assentadas, ainda que num contexto de subordinação aos laticínios da região.
e a renda média da região do Sul da BA é de 3,6
salários mínimos/ano, na região do Sertão do CE é 1,2 salários mínimos, no Entorno do DF de
8 salários, no Sudeste PA de 7 salários, no Oeste de SC de 9 salários e na Zona da Cana NE
ses valores indicam que comparativamente a renda obtida pelas
famílias assentadas do município de Teodoro Sampaio, esta acima da média nacional e das
Uma possibilidade de contribuição com o aprimoramento e aplicabilidade das políticas
públicas, destinadas a fomentar a produção nos assentamentos, seria o atrelamento da
assistência técnica a tomada de crédito via o Programa Nacional de Fortalecimento da
PRONAF. Essa possibilidade foi recentemente aventada no documento
Outra alternativa, seria ampliar a leitura de desenvolvimento dos projetos destinados a
contemplando o caráter
Mattei (2005 p. 136) e
com recursos do PRONAF não é
Na região do Pontal do Paranapanema, por exemplo,
para financiar o plantio de cana, que era
tre as esferas de governo federal e estadual via assinatura do
Pacto Federativo no Estado de São Paulo, também deve ser entendida como uma
57
possibilidade importante de fortalecimento das ações dos órgãos públicos oficiais de pesquisa
e extensão, sobretudo no que diz respeito à articulação de ações que atualmente são
sobrepostas num contexto de intensa disputa política.
Investimentos em projetos de educação do campo direcionados a criação de capital
social, foco produtivo e mercados ecologicamente corretos, socialmente justos e
economicamente viáveis, seriam importantes para construção de uma agenda de
desenvolvimento camponesa, sobretudo no que diz respeito à criação de possibilidades de
emprego para os jovens do assentamento.
Esta agenda seria importante, no sentido de oferecer uma proposta de
encaminhamento, para uma tendência nacional da população assentada, bem como do
assentamento Vale Verde, que criado a cerca de uma década e meia, esta envelhecendo e em
breve enfrentará problemas de sucessão e mão de obra.
Atualmente, no assentamento mais da metade do trabalho, 68% são desenvolvidos
com até duas pessoas, Tabela 11, o que evidência a predominância da mão de obra de base
familiar.
TABELA 11 – TRABALHO NO LOTE, SEGUNDO NÚMERO DE PESSOAS
NÚMERO DE PESSOAS V. ABS. % Uma pessoa 7 30 Duas pessoas 9 38 Três pessoas 6 24 Quatro pessoas 0 0 Cinco pessoas 2 8 TOTAL 24 100 Fonte: DUDA, 2011.
O leite constitui-se no principal produto agropecuário comercializado pelas famílias
assentadas. Contudo, em virtude da pequena quantidade produzida, média de 4,5 litros de leite
por animal, e considerando-se as distâncias envolvidas entre lotes e do assentamento com a
cidade, fator que dificulta a comercialização do produto que é coletado pelo atravessador que
revende para a agroindústria de leite ou diretamente pelos caminhões da agroindústria. Estas
duas opções são os únicos canais de distribuição das quais as famílias dispõem para
comercializar seu leite.
Os dados da Tabela 6 corroboram a idéia de que a agroindústria é o único canal de
distribuição com relação à comercialização do leite. No caso do assentamento Vale Verde que
não possui associações ativas, e, portanto sem capacidade de tomar crédito, os três tanques de
resfriamento do assentamento, em atendimento a normativa 51 (
rígidos de contagem de células somáticas, contagem bacteriana e detecção de resíduos de
antimicrobianos no leite) são de propriedade dos laticínios Nova Mix, antigo laticínio Quatá,
que possui dois tanques no assentamento e um tanque do laticínio Jussara,
TABELA
TEM RESFRIADOR DE LEITE NOSim Não Não produz Não comercializa TOTAL Fonte: DUDA, 2011.
Figura 6 - Criação de vacas de leiteFonte: DUDA, 2011
Ambos os laticínios cobram uma taxa de R$ 0,02, centavos de reais, que é descontado
sobre o valor pago pelo preço do leite, com objetivo de custear o custo operacional dos
tanques de resfriamento.
Ou seja, além do assentamento não realizar a venda do seu
associação, também não possui organização capaz de aliviar as pressões
laticínios ao longo do ano no período, sobretudo no período
Em linhas gerais, as famílias assentadas da Vale Verde, na re
com os laticínios, são tomadoras de preço e, portanto encontram
amento, em atendimento a normativa 51 (que versa
rígidos de contagem de células somáticas, contagem bacteriana e detecção de resíduos de
) são de propriedade dos laticínios Nova Mix, antigo laticínio Quatá,
ssui dois tanques no assentamento e um tanque do laticínio Jussara,
TABELA 6 - EXISTÊNCIA DE REFRIGERADOR.
TEM RESFRIADOR DE LEITE NO ASSENTAMENTO V. ABS.
Criação de vacas de leite. DUDA, 2011.
Ambos os laticínios cobram uma taxa de R$ 0,02, centavos de reais, que é descontado
sobre o valor pago pelo preço do leite, com objetivo de custear o custo operacional dos
Ou seja, além do assentamento não realizar a venda do seu
associação, também não possui organização capaz de aliviar as pressões
no período, sobretudo no período das secas e das águas.
Em linhas gerais, as famílias assentadas da Vale Verde, na relação de comercialização
com os laticínios, são tomadoras de preço e, portanto encontram
58
que versa sobre índices mais
rígidos de contagem de células somáticas, contagem bacteriana e detecção de resíduos de
) são de propriedade dos laticínios Nova Mix, antigo laticínio Quatá,
ssui dois tanques no assentamento e um tanque do laticínio Jussara, Tabela 8.
.
V. ABS. % 2 8 20 84 2 8 0 0 24 100
Ambos os laticínios cobram uma taxa de R$ 0,02, centavos de reais, que é descontado
sobre o valor pago pelo preço do leite, com objetivo de custear o custo operacional dos
Ou seja, além do assentamento não realizar a venda do seu principal produto via
associação, também não possui organização capaz de aliviar as pressões realizadas pelos
das secas e das águas.
lação de comercialização
com os laticínios, são tomadoras de preço e, portanto encontram-se subordinadas a
59
agroindústria do leite. Essa relação de subordinação é uma característica marcante do sistema
agroindustrial do leite.
No Brasil ainda que o sistema agroindustrial do leite tenha passado por varias reformulações desde os anos 1990, ainda se verifica uma incerteza nas expectativas dos produtores em relação ao s laticínios, assim como o inverso. É por este motivo que ocorrem fases de excesso e falta de matéria-prima no mercado nacional. Quando há excesso de leite no mercado ocorre queda na remuneração do produtor e na escassez verifica-se recuperação dos preços pagos ao produtor (Santos, 2004, pág. 76).
Em Stevanato, (2002).
No sistema agroindustrial do leite está sendo incentivada a aquisição de tanques resfriadores para poder garantir a coleta a granel, medida que vem sendo adotada tanto nas grandes como nas pequenas propriedades (ás vários pequenos produtores se reúnem para comprar um tanque), esta medida deve reduzir custos de captação, de transporte e aumentar a qualidade do leite que chega à plataforma dos laticínios (Stevanato 2002 pág. 79).
Ou seja, os resfriadores são uma medida que contribuiu com a melhoria da
coordenação produtiva do leite apenas no momento pós-porteira, e não repercutiu pelo menos
no caso das famílias assentadas estudas, em aumento de renda, ou do valor pago pelo preço do
litro de leite, e em alguns casos contribuiu com a intensificação do processo de exploração e
dominação da agroindústria do leite sobre as famílias.
TABELA 7 - VENDA DO LEITE.
COMO É FEITA A VENDA DO LEITE V. ABS. % Entrega para o laticínio 20 84 Venda direta ao consumidor 0 0 Não produz 4 16 Não comercializa 0 0 Outros 0 0 TOTAL 24 100 Fonte: DUDA, 2011.
TABELA 8 - COMERCIALIZAÇÃO DO LEITE.
COMERCIALIZA O LEITE V. ABS. % Nova Mix – Antigo laticínio Quatá 11 46 Lider 1 4 Novo Tempo 1 4
60
Jussara 7 30 Não produz 3 12 Não comercializa 1 4 Outros 0 0 TOTAL 24 100 Fonte: DUDA, 2011.
TABELA 9 - DESTINO DO LEITE RESFRIADO.
O LEITE VENDIDO É RESFRIADO V. ABS. % Sim 18 76 Não 3 12 Não produz 3 12 TOTAL 24 100 Fonte: DUDA, 2011.
TABELA 10 - POSSIBILIDADES DO RECUSAR PREÇO PAGO NO LEITE.
POSSIBILIDADE DE RECUSAR PREÇO PAGO NO LEITE V. ABS. % Nenhuma condição 10 40 Guardo produção até encontrar preço 2 8 Vou arás de outros que pague melhor 11 44 Outros 1 4 TOTAL 24 100 Fonte: DUDA, 2011.
PARTE 3 DIMENSÃO - ASSISTÊNCIA TÉCNICA, CONHECIMENTO E
CRÉDITO
8. ASSISTÊNCIA TÉCNICA,
Verificando os dados sobre assistência técnica,
possível qualificar melhor o debate sobre as dificuldades enfrentadas pelas famílias do
assentamento Vale Verde,
exemplo, principal produto do assentamento, na época das secas quando as áreas de pastagens
são reduzidas, apenas 16% das famílias utilizam ração especial para alimentação o gado de
leite.
Figura época das secasFonte: DUDA, 2011
O manejo de pastagem é
do assentamento. Outro importante problema
o baixo valor nutritivo da forragem consumida pelos animais
FOI VISITADO PELOS TÉCNICOSUma vez Duas vezes Sempre recebo visitas dos técnicos ITNunca recebi TOTAL Fonte: DUDA, 2011
ASSISTÊNCIA TÉCNICA, CONHECIMENTO E CRÉDITO
Verificando os dados sobre assistência técnica, conhecimento e crédito, torna
possível qualificar melhor o debate sobre as dificuldades enfrentadas pelas famílias do
com relação à produção. Com relação à produção de leite, por
exemplo, principal produto do assentamento, na época das secas quando as áreas de pastagens
são reduzidas, apenas 16% das famílias utilizam ração especial para alimentação o gado de
gura 7 - Produtores que utilizam ração especial na época das secas
DUDA, 2011.
O manejo de pastagem é um dos principais problemas do sistema de produção leiteira
Outro importante problema relacionado à pastagem e a assistência técnica
o baixo valor nutritivo da forragem consumida pelos animais, Tabela 11.
TABELA 11 - VISITAS TECNICAS.
FOI VISITADO PELOS TÉCNICOS V. ABS.0 14
Sempre recebo visitas dos técnicos ITESP 7 3 24
DUDA, 2011.
62
E CRÉDITO
conhecimento e crédito, torna-se
possível qualificar melhor o debate sobre as dificuldades enfrentadas pelas famílias do
com relação à produção. Com relação à produção de leite, por
exemplo, principal produto do assentamento, na época das secas quando as áreas de pastagens
são reduzidas, apenas 16% das famílias utilizam ração especial para alimentação o gado de
Produtores que utilizam ração especial na
um dos principais problemas do sistema de produção leiteira
relacionado à pastagem e a assistência técnica é
.
V. ABS. % 0 59 28 13 100
63
A assistência técnica é um quesito que afeta as famílias em diferentes aspectos. O
cumprimento de normas sanitárias, por exemplo, dependem de conhecimentos que somente
uma assistência técnica de qualidade pode oferecer. Fatores como baixa qualidade genética
dos animais, falta de renovação dos pastos e ausência de irrigação, são na opinião da
população assentada os três principais motivos da baixa produção de leite, Tabela 12.
TABELA 12 - PORQUE OS ENTREVISTADOS ENFRENTAM DIFICULDADE.
PORQUE ENFRENTAM DIFICULDADE V. ABS. % Falta de assistência técnica 3 13 Baixa qualidade genética dos animais 1 4 Falta de renovação dos pastos 3 13 Ausência de irrigação 0 0 Todas as anteriores 16 66 Outros 1 4 Total 24 100 Fonte: DUDA, 2011.
Para melhorar a produção de leite seria necessário investir em técnicas simples,
acessíveis a totalidade da população do assentamento como o manejo de pastagem associado
ao uso de piqueteamento, de gramíneas, leguminosas e arbóreas plantadas nas divisas e curvas
de níveis do lote. Estas espécies além de sombra, também serviriam de quebra vento,
estabelecendo deste modo uma agenda de transição para um modelo de produção mais
sustentável. Este tipo de manejo seria um passo importante para produção de leite
agroecologica, inserido num contexto de transição mais amplo.
O uso do piquete, por exemplo, ou são pouco utilizados pelas famílias que o possuem
em seu lote, ou são utilizados de maneira inadequada. Essa informação demonstra que as
famílias assentadas têm dificuldade de acesso até mesmo a informações básicas sobre
piqueteamento.
A formação de técnicos, numa perspectiva de utilização de tecnologias sociais, é outro
desafio a ser superado e uma experiência a ser construída no âmbito da assistência técnica
direcionada as famílias assentadas.
Algumas práticas relacionadas à inseminação artificial manual, imprescindíveis para
famílias que tem na bovinocultura de leite sua principal fonte de renda, não são
acessadas/praticadas pelas famílias do assentamento. A prática de inseminação seria uma
importante iniciativa no sentido de contribuir com a renovação do rebanho, uma vez que boa
parte das famílias assentadas acaba adquirindo animais de baixa qualidade genética oriundos
de descartes de grandes fazendas das regiões do Pontal e norte do Paraná.
TABELA
JÁ FEZ CURSO DE INSIMINAÇÃO Sim Não TOTAL Fonte: DUDA, 2011
Figura 8 - Origem da compra de gado de leiteFonte: DUDA, 2011
Pensando a produção agropecuária como um todo, a assistência técnica cumpre um
importante papel de acompanhar o manejo dos diferentes cultivos agrícolas que
pelas famílias assentadas que geralmente possuem baixa escolaridade, e dificuldades de
acesso a informações relaciona
produtiva, que é considerada
monetária quanto a renda de autoconsumo.
Como sua produção é baixa,
produtos artesanais como queijo, iogurte e doces, ao passo que também não estão
como o preço pago pelos laticínios. Todos os 24 entrevistados declararam que não existe
nenhum tipo de agroindústria no assentamento. Esta questão necessita ser discutida junto às
famílias do assentamento Vale Verde.
Para produzir um contexto
importante realizar o fortalecimento dos órgãos oficiais de assistência técnica,
grandes fazendas das regiões do Pontal e norte do Paraná.
TABELA 13 - JÁ FEZ CURSO DE INSIMINAÇÃO
JÁ FEZ CURSO DE INSIMINAÇÃO V. ABS.0 24 24
DUDA, 2011.
Origem da compra de gado de leite. DUDA, 2011.
Pensando a produção agropecuária como um todo, a assistência técnica cumpre um
importante papel de acompanhar o manejo dos diferentes cultivos agrícolas que
pelas famílias assentadas que geralmente possuem baixa escolaridade, e dificuldades de
acesso a informações relacionadas a tecnologias de produção, num contexto de diversificação
que é considerada uma importante alternativa para melhorar tanto a renda
monetária quanto a renda de autoconsumo.
Como sua produção é baixa, Tabela 15, não se sentem estimulados a investir em
produtos artesanais como queijo, iogurte e doces, ao passo que também não estão
como o preço pago pelos laticínios. Todos os 24 entrevistados declararam que não existe
nenhum tipo de agroindústria no assentamento. Esta questão necessita ser discutida junto às
famílias do assentamento Vale Verde.
Para produzir um contexto adverso do revelado pelos dados analisados, seria
importante realizar o fortalecimento dos órgãos oficiais de assistência técnica,
64
grandes fazendas das regiões do Pontal e norte do Paraná.
MINAÇÃO.
V. ABS. % 0
100 100
Pensando a produção agropecuária como um todo, a assistência técnica cumpre um
importante papel de acompanhar o manejo dos diferentes cultivos agrícolas que são praticados
pelas famílias assentadas que geralmente possuem baixa escolaridade, e dificuldades de
das a tecnologias de produção, num contexto de diversificação
uma importante alternativa para melhorar tanto a renda
se sentem estimulados a investir em
produtos artesanais como queijo, iogurte e doces, ao passo que também não estão satisfeitos
como o preço pago pelos laticínios. Todos os 24 entrevistados declararam que não existe
nenhum tipo de agroindústria no assentamento. Esta questão necessita ser discutida junto às
adverso do revelado pelos dados analisados, seria
importante realizar o fortalecimento dos órgãos oficiais de assistência técnica, melhorando a
65
qualidade e abrangência dos serviços prestados. Este tipo de medida contribuiria com a queda
de produtividade do leite no período das secas, ao passo que também poderia gerar
contribuições com relação à melhoria genética do rebanho, valendo-se de técnicas como da
inseminação artificial.
A ampliação dos serviços de assistência técnica e extensão rural, acompanhados de
políticas públicas e de crédito que valorizem a multifuncionalidade da agricultura familiar,
assumem papel relevante no fortalecimento de práticas coletivas, imprensidíveis para
construção de relações mais juntas com mercado.
Infelizmente, no Estado de São Paulo, a falta de dialogo entre as esferas de governo
federal e estadual, tem prejudicado o oferecimento de serviços que pudessem contribuir para
que houvesse superação deste quadro. O desmonte do ITESP pelo Governo do Estado nos
últimos anos, com relação às reposições salariais, plano de carreira, falta de agenda e
oferecimento de infra-estrutura, tem cada vez mais dificultado o trabalho dos seus servidores,
e com isso intensificado o conflito e descontentamento entre as famílias assentadas, e técnicos
da instituição.
TABELA 14 - ACEITAÇÃO DO PREÇO DO LEITE.
FELIZ COM PREÇO PAGO AO LEITE V. ABS. % Sim 1 4 Não 23 96 TOTAL 24 100 Fonte: DUDA, 2011.
TABELA 15 - MOTIVOS PARA NÃO REALIZAÇÃO DE BENEFICIAMENTO.
PORQUE NÃO FAZ QUEIJOS E DOCES V. ABS. % Porque o leite é pouco 10 40 Em grupo pode ser 2 8 Não produz leite 3 12 Não compensa 1 4 Da mais trabalho 1 4 Vender para o laticínio por não ter opções 1 4 Não por causa da fiscalização 1 4 Envolve mão-de-obra 1 4 Não opinou 3 12 Entregar ao laticínio é melhor 1 4 TOTAL 24 100 Fonte: DUDA, 2011.
66
TABELA 16 - TEM AGROINDÚSTRIA ASSENTAMENTO.
TEM AGROINDÚSTRIA ASSENTAMENTO V. ABS. % Sim 0 0 Não 24 100 TOTAL 24 100 Fonte: DUDA, 2011.
PARTE 3 DIMENSÃO - TRANSPORTE E ESTRADAS
9. TRANSPORTE E ESTRADAS
A porcentagem referente ao tipo de transporte utilizado pelas famílias do
Vale Verde para se deslocarem até a cidade com carro próprio e transpo
próximas, 50% carro próprio e 46% coletivo, demonstrando a importância do transporte
coletivo e ao mesmo tempo, pela baixa oferta desta opção no que d
dificuldade que as famílias do assentamento enfrentam para se deslocar
Teodoro Sampaio.
Figura 9 - Tipo de transporte das famílias assentadas até a cidadeFonte: DUDA, 2011
A qualidade das estradas do assentamento de acordo com mais da metade dos
entrevistados 56% é boa. Por outro lado, 40% dos respondentes afirmaram que as estradas são
ruins, o que significa quem em diferentes trechos do assentamento, dependendo da
localização do lote, as famílias enfrentam dificuldade com deslocamento.
TABELA 17
OPINIÃO DOS ENTREVISTADOSÉ boa É ruim TOTAL Fonte: DUDA, 2011
E ESTRADAS
A porcentagem referente ao tipo de transporte utilizado pelas famílias do
Vale Verde para se deslocarem até a cidade com carro próprio e transpo
50% carro próprio e 46% coletivo, demonstrando a importância do transporte
coletivo e ao mesmo tempo, pela baixa oferta desta opção no que diz respeito a horários a
dificuldade que as famílias do assentamento enfrentam para se deslocarem
Tipo de transporte das famílias assentadas até a cidadeDUDA, 2011.
qualidade das estradas do assentamento de acordo com mais da metade dos
entrevistados 56% é boa. Por outro lado, 40% dos respondentes afirmaram que as estradas são
ruins, o que significa quem em diferentes trechos do assentamento, dependendo da
do lote, as famílias enfrentam dificuldade com deslocamento.
17 - QUALIDADE DAS ESTRADAS DO ASSENTAMENTO
OPINIÃO DOS ENTREVISTADOS V. ABS.14 10 24
DUDA, 2011.
68
A porcentagem referente ao tipo de transporte utilizado pelas famílias do assentamento
Vale Verde para se deslocarem até a cidade com carro próprio e transporte coletivo são muito
50% carro próprio e 46% coletivo, demonstrando a importância do transporte
iz respeito a horários a
em até o município de
Tipo de transporte das famílias assentadas até a cidade.
qualidade das estradas do assentamento de acordo com mais da metade dos
entrevistados 56% é boa. Por outro lado, 40% dos respondentes afirmaram que as estradas são
ruins, o que significa quem em diferentes trechos do assentamento, dependendo da
do lote, as famílias enfrentam dificuldade com deslocamento.
AS DO ASSENTAMENTO.
V. ABS. % 56 40 100
69
TABELA 18 - DESLOCAMENTO ATÉ A ESCOLA.
DESLOCAMENTO ATÉ A ESCOLA V. ABS. % A pé 0 0 De bicicleta 0 0 De cavalo 0 0 De moto 0 0 Com transporte oferecido pela Prefeitura 24 100 Transporte particular pago pelos assentados 0 0 Outros 0 0 TOTAL 24 100 Fonte: DUDA, 2011.
Na analise da Tabela 18, referente ao deslocamento dos alunos até a escola, 100% dos
entrevistados declararam que a prefeitura oferece o transporte escolar. Comparativamente, de
acordo com os resultados da pesquisa de Silva (2008), que comparou os do transporte escolar
do município de Teodoro Sampaio, com os de assentamentos de outras seis regiões do país,
pode-se afirmar que as estatísticas deste tipo de serviço público esta entre os melhores do
país. Como estamos discutindo um dado que esta sendo relativizada a outros contextos, essa
informação deve ser interpreta com cautela, pois não significa dizer que a rede de transporte
escolar do município de Teodoro Sampaio, não precise passar por aprimoramentos.
TABELA 19 - EQUIPAMENTOS E TRANSPORTE.
ITENS QUE POSSUI NO LOTE V. ABS. % Tratores 1 4 Caminhões 0 0 Caminhonetas 1 4 Automóveis 4 16 Máquinas agrícolas 1 4 Motocicletas 14 58 Outros 0 0 Nenhum desses 3 12 TOTAL 24 100 Fonte: DUDA, 2011.
Com relação aos equipamentos e transporte, verificamos que 58% das pessoas
entrevistadas têm motocicleta, 16% automóveis, 12% não tem nenhum desses itens e que 4%
possuem maquinas agrícolas, até um trator e caminhoneta, Tabela 19.
Figura 10 Fonte: DUDA, 2011
Na Figura 11, é possível verificar que 83% dos entrevistados informaram que fazem a
queima o lixo, revelando que
presente até mesmo nos pequenos municípios da região. Este tipo de informação evidência o
hiato, o distanciamento existente
campo e a cidade. A mesma situação pode ser verifica com relação às fontes de abastecimento
de água, Figura 12.
Figura 11 - Fonte de abastecimento de águaFonte: DUDA, 2011
A quase que totalidade dos entrevistados
realizar o armazenamento da sua produção
realizar o armazenamento da produção, deixa as famílias assentadas numa situação de
- Destinação do lixo. DUDA, 2011.
Na Figura 11, é possível verificar que 83% dos entrevistados informaram que fazem a
queima o lixo, revelando que as famílias não dispõem de coleta de lixo, infra
presente até mesmo nos pequenos municípios da região. Este tipo de informação evidência o
existente entre as políticas públicas e investimentos destinados ao
A mesma situação pode ser verifica com relação às fontes de abastecimento
onte de abastecimento de água. DUDA, 2011
A quase que totalidade dos entrevistados 86%, informou que não possuem lugar para
realizar o armazenamento da sua produção, Figura 13. A ausência de local apropriado para
realizar o armazenamento da produção, deixa as famílias assentadas numa situação de
70
Na Figura 11, é possível verificar que 83% dos entrevistados informaram que fazem a
as famílias não dispõem de coleta de lixo, infra-estrutura
presente até mesmo nos pequenos municípios da região. Este tipo de informação evidência o
as políticas públicas e investimentos destinados ao
A mesma situação pode ser verifica com relação às fontes de abastecimento
informou que não possuem lugar para
, Figura 13. A ausência de local apropriado para
realizar o armazenamento da produção, deixa as famílias assentadas numa situação de
extrema fragilidade com relação às oscilações
atravessador, que é fruto deste contexto de ausência de infra
Figura 12 - Fonte: DUDA, 2011
extrema fragilidade com relação às oscilações do mercado, além de fomentar a presença do
ruto deste contexto de ausência de infra-estrutura.
Local de armazenamento da produção. DUDA, 2011.
71
do mercado, além de fomentar a presença do
PARTE 3 DIMENSÃO - PERCEPÇÃO DAS FAMÍLIAS ASSENTADAS:
perguntas afirmativas
10. PERCEPÇÕES DAS FAMÍLIAS ASSENTADAS
Com relação à percepção das famílias assentadas, 33% informaram que não estão
satisfeitas com o tamanho do lote.
baixa produtividade e tamanho do lote, dado as dificuldades que as famílias assentadas
enfrentam para produzir. Sua dificuldade de acesso as tecnologias de produção é sem dúvidas
um fator, que associada de maneira equivocada
para serem mais produtivas necessitariam de uma gleba de terras maior.
Como a diversidade produtiva é pouco praticada, e a maior parte das famílias tem sua
renda atrelada a produção do leite, não é incomum encontrar na fala das família
esse tipo opinião.
De acordo com Silva (
área dos lotes e as formas de organização das atividades produtivas nos
município de Teodoro Sampaio, são desenvolvidos em pequenas extensões de área e podem
ser entendidas como um reflexo da falta de aplicabilidade das políticas publica destinad
incentivar a produção nos assentamentos.
Figura 13 - Opinião do entrevistado sobre o tamanho do loteFonte: DUDA, 2011
Com relação à localização do lote
localização. Do ponto de vista das famílias assentadas
vista como um local de moradia
do acesso a mercados, a distribuição espacial dos lotes do assentamento Vale Verde, a
exemplo dos lotes dos demais assentamentos d
PERCEPÇÕES DAS FAMÍLIAS ASSENTADAS: perguntas afirmativas
Com relação à percepção das famílias assentadas, 33% informaram que não estão
satisfeitas com o tamanho do lote. É muito comum no discurso das famílias a associação entre
baixa produtividade e tamanho do lote, dado as dificuldades que as famílias assentadas
enfrentam para produzir. Sua dificuldade de acesso as tecnologias de produção é sem dúvidas
ciada de maneira equivocada a produtividade, levam as famílias a crer que
para serem mais produtivas necessitariam de uma gleba de terras maior.
Como a diversidade produtiva é pouco praticada, e a maior parte das famílias tem sua
produção do leite, não é incomum encontrar na fala das família
De acordo com Silva (2008), ainda que apresente tendência à diversificação, o uso da
área dos lotes e as formas de organização das atividades produtivas nos
município de Teodoro Sampaio, são desenvolvidos em pequenas extensões de área e podem
ser entendidas como um reflexo da falta de aplicabilidade das políticas publica destinad
incentivar a produção nos assentamentos.
Opinião do entrevistado sobre o tamanho do lote. DUDA, 2011.
Com relação à localização do lote, a totalidade das famílias 92%, está satisfeita com a
localização. Do ponto de vista das famílias assentadas, a localização do lote é muito mais
vista como um local de moradia, do que como um espaço de produção, pois do ponto de vista
do acesso a mercados, a distribuição espacial dos lotes do assentamento Vale Verde, a
exemplo dos lotes dos demais assentamentos do município, apresentam uma logística
73
erguntas afirmativas
Com relação à percepção das famílias assentadas, 33% informaram que não estão
É muito comum no discurso das famílias a associação entre
baixa produtividade e tamanho do lote, dado as dificuldades que as famílias assentadas
enfrentam para produzir. Sua dificuldade de acesso as tecnologias de produção é sem dúvidas
, levam as famílias a crer que
Como a diversidade produtiva é pouco praticada, e a maior parte das famílias tem sua
produção do leite, não é incomum encontrar na fala das famílias assentadas
ainda que apresente tendência à diversificação, o uso da
área dos lotes e as formas de organização das atividades produtivas nos assentamentos do
município de Teodoro Sampaio, são desenvolvidos em pequenas extensões de área e podem
ser entendidas como um reflexo da falta de aplicabilidade das políticas publica destinadas a
a totalidade das famílias 92%, está satisfeita com a
a localização do lote é muito mais
do que como um espaço de produção, pois do ponto de vista
do acesso a mercados, a distribuição espacial dos lotes do assentamento Vale Verde, a
apresentam uma logística
complexa. No intuito de ligar sem a intermediação de atravessadores e da agroindústria a
produção das famílias assentamentas aos consumidores da cidade, a arquitetura logística
complexa dos assentamentos é uma questão
Figura 14 - Opinião do entrevistado sobre a localização do loteFonte: DUDA, 2011
No que diz respeito à opinião das famílias sobre condições de
metade, 64% classificaram a infra
apresentaram uma opinião dividida, com relação aos serviços de água e luz, demonstrando
que ainda são necessários investimentos, visando à consolidaç
assentamento.
TABELA 20 - OPINIÃO DO ENTREVIST
MORADIA E RESIDÊNCIABom Regular Ruim TOTAL
Fonte: DUDA, 2011
complexa. No intuito de ligar sem a intermediação de atravessadores e da agroindústria a
produção das famílias assentamentas aos consumidores da cidade, a arquitetura logística
complexa dos assentamentos é uma questão que necessita ser superada.
Opinião do entrevistado sobre a localização do lote. DUDA, 2011.
No que diz respeito à opinião das famílias sobre condições de
metade, 64% classificaram a infra-estrutura de suas residências como boas, Tabela
apresentaram uma opinião dividida, com relação aos serviços de água e luz, demonstrando
que ainda são necessários investimentos, visando à consolidação da infra
OPINIÃO DO ENTREVISTADO SOBRE SUA MORADIA E
MORADIA E RESIDÊNCIA V. ABS.16 8 0 24
DUDA, 2011.
74
complexa. No intuito de ligar sem a intermediação de atravessadores e da agroindústria a
produção das famílias assentamentas aos consumidores da cidade, a arquitetura logística
No que diz respeito à opinião das famílias sobre condições de moradia, mais da
estrutura de suas residências como boas, Tabela 20, mas
apresentaram uma opinião dividida, com relação aos serviços de água e luz, demonstrando
ão da infra-estrutura social do
MORADIA E RESIDÊNCIA
V. ABS. % 64
32 0
100
Figura 15 - Opinião do entrevistado sobre os serviços deFonte: DUDA, 2011
Com relação aos serviços básicos de saúde
17. Esse grau de satisfação pode ser atribuído aos postos
PSFs, que funcionam no assentamento e nos assentamentos vizinhos. Neste sentido, apesar
deste tipo de infra-estrutura fazer
sobretudo as que pertencem a uma faixa
de acesso. Também há de se considerar que os PSFs constituem
atendimento básico e são focados na prevenção, o que de certa forma explica a diversidade de
respostas da Figura 18, com relação ao
Figura 16 - Opinião do entrevistado sobre os serviços básicos de saúdeFonte: DUDA, 2011
Opinião do entrevistado sobre os serviços de água e luzDUDA, 2011.
Com relação aos serviços básicos de saúde, mais da metade estão satisfeitos
. Esse grau de satisfação pode ser atribuído aos postos do Programa Saúde da Família
que funcionam no assentamento e nos assentamentos vizinhos. Neste sentido, apesar
estrutura fazer-se presente, por falta de transporte
as que pertencem a uma faixa-etária de idade mais elevada enfrentam
de acesso. Também há de se considerar que os PSFs constituem
atendimento básico e são focados na prevenção, o que de certa forma explica a diversidade de
com relação aos serviços de emergência.
pinião do entrevistado sobre os serviços básicos de saúdeDUDA, 2011.
75
água e luz
mais da metade estão satisfeitos, Figura
Programa Saúde da Família –
que funcionam no assentamento e nos assentamentos vizinhos. Neste sentido, apesar
se presente, por falta de transporte, algumas famílias,
enfrentam dificuldades
de acesso. Também há de se considerar que os PSFs constituem-se em unidades de
atendimento básico e são focados na prevenção, o que de certa forma explica a diversidade de
pinião do entrevistado sobre os serviços básicos de saúde
Figura 17 - Opinião do entrevistado sobre os serviços básicos de emergência Fonte: DUDA, 2011
Neste item analisamos
interpretação de perguntas afirmativas, tentando captar
relacionados a processos de desenvolvimento do assentamen
Existe por parte da população um sentimento de que a população do campo deve saber
ler e escrever, Tabela 21. Tendo em vista que muitas das famílias encontram
escolar, faz-se necessário pensar meios de ampliar o leque de opções
escolaridade que são oferecidas nas escolas do assentamento.
TABELA 21 - VOCE CONCORDA QUE A
VOCE CONCORDA QUE A CAMPO DEVE SABER Concorda com a idéiaDiscorda da idéiaTOTAL Fonte: DUDA, 2011
Outro dado interessante, é que 60% das famílias, Tabela
educação possui relação com o desenvolvimento do assentamento.
Opinião do entrevistado sobre os serviços básicos de
DUDA, 2011.
Neste item analisamos o posicionamento das famílias assentadas, a partir da
de perguntas afirmativas, tentando captar sua opinião sobre aspectos importantes
de desenvolvimento do assentamento, Tabela 22
Existe por parte da população um sentimento de que a população do campo deve saber
. Tendo em vista que muitas das famílias encontram
se necessário pensar meios de ampliar o leque de opções, referent
escolaridade que são oferecidas nas escolas do assentamento.
VOCE CONCORDA QUE A POPULAÇÃO CAMPO DEVEESCREVER
VOCE CONCORDA QUE A POPULAÇÃO DEVE SABER LER ESCREVER V. ABS.com a idéia 24
Discorda da idéia 0 24
DUDA, 2011.
Outro dado interessante, é que 60% das famílias, Tabela 22
educação possui relação com o desenvolvimento do assentamento.
76
Opinião do entrevistado sobre os serviços básicos de
o posicionamento das famílias assentadas, a partir da
opinião sobre aspectos importantes
22.
Existe por parte da população um sentimento de que a população do campo deve saber
. Tendo em vista que muitas das famílias encontram-se fora de idade
referente aos níveis de
POPULAÇÃO CAMPO DEVE SABER LER
V. ABS. % 100 0 100
22, concordam que a
TABELA 22 - OPINIÃO DOS ENTREVIS
CONCORDA QUE EXISTEENTRE DESENVOLVIMENTO EEDUCAÇÃO EDUCAÇÃOConcorda com a idéiaDiscorda da idéiaTOTAL Fonte: DUDA, 2011
As totalidades das famílias acreditam que os jovens devem permanecer no campo,
Tabela 23, entretanto, admitem que a falta de oportunidades no assentamento, dada as
dificuldades encontradas pelas famílias para produzir, somada a falta de infra
de lazer, entre outros, tem contribuído para evasão dos jovens.
TABELA 23 - OPINIÃO DO ENTREVIST
OPINIÃO SOBRE PERMANENCIA DOS JOVENS NO CAMPOConcorda que devem permanecerDiscorda, acha que devem morar na cidadeTOTAL Fonte: DUDA, 2011
Em relação à associação de esc
que quanto menor é o estudo maior é a destruição, ou seja, associam a falta de estudo a
destruição,
Figura 18 - Entrevistados que acreditam que quanto menor é o estudo maior é a destruiçãoFonte: DUDA, 2011
OPINIÃO DOS ENTREVISTADOS ACERCA DA RELADESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO
CONCORDA QUE EXISTE RELAÇÃO ENTRE DESENVOLVIMENTO E
EDUCAÇÃO V. ABS.Concorda com a idéia 15 Discorda da idéia 9
24 DUDA, 2011.
As totalidades das famílias acreditam que os jovens devem permanecer no campo,
, entretanto, admitem que a falta de oportunidades no assentamento, dada as
dificuldades encontradas pelas famílias para produzir, somada a falta de infra
de lazer, entre outros, tem contribuído para evasão dos jovens.
OPINIÃO DO ENTREVISTADO SOBRE A PERMANÊNNO CAMPO
OPINIÃO SOBRE PERMANENCIA DOS JOVENS NO CAMPO V. ABS.
que devem permanecer no campo 24 , acha que devem morar na cidade 0
24 DUDA, 2011.
Em relação à associação de escolaridade e preservação, 33%, Figura 19
o estudo maior é a destruição, ou seja, associam a falta de estudo a
Entrevistados que acreditam que quanto menor é o estudo maior é a destruição
DUDA, 2011.
77
TADOS ACERCA DA RELAÇÃO
V. ABS. % 60 36 100
As totalidades das famílias acreditam que os jovens devem permanecer no campo,
, entretanto, admitem que a falta de oportunidades no assentamento, dada as
dificuldades encontradas pelas famílias para produzir, somada a falta de infra-estrutura social
ADO SOBRE A PERMANÊNCIA DOS JOVENS
V. ABS. % 100 0 100
olaridade e preservação, 33%, Figura 19, acreditam
o estudo maior é a destruição, ou seja, associam a falta de estudo a
Entrevistados que acreditam que quanto menor é o estudo
78
A maioria das famílias discorda que os alunos do assentamento da cidade apreendem
mais rápido que os alunos dos assentamentos, Tabela 24.
TABELA 24 - OPINIÃO SOBRE A POSSIBILIDADE DOS ALUNOS DA CIDADE
APREENDEREM MAIS RAPIDAMENTE QUE OS ALUNOS DOS SSENTAMENTOS
ALUNOS CIDADE APRENDEM MAIS QUE OS DO ASSENTAMENTO V. ABS. %
Concorda com a idéia 9 36 Discorda da idéia 15 60 TOTAL 24 100 Fonte: DUDA, 2011.
É consenso que a informática é importante no contexto da educação, Tabela 25, e que
os jovens devem ingressar na universidade, Tabela 26. Quando questionados sobre os tipos de
organização que existem no assentamento, 68%, Tabela 27, afirmaram que no assentamento
não possui organização social ou desconhecem sua existência. Apenas 24% afirmaram ter
conhecimento sobre existência de associações de produtores rurais, e não souberam informar
se as mesmas estão funcionando.
Pensando a definição de estratégias coletivas para o desenvolvimento do
assentamento, urge investir em ações com objetivo de sensibilizar as famílias a trabalharem
numa perspectiva de recuperação, da importância das associações e cooperativas no contexto
da luta na terra.
TABELA 25 - OPINIÃO DO ENTREVISTADO ACERCA DA IMPORTÂNCIA DA INFORMÁTICA
COMPUTAÇÃO. NÃO É IMPOR. ALUNOS CAMPO V. ABS. % Concorda com a idéia 0 0 Discorda da idéia 24 100
TOTAL 24 100 Fonte: DUDA, 2011.
TABELA 26 - OPINIÃO DOS ENTREVISTADOS ACERCA DA POSSIBILIDADE DOS JOVENS ASSENTADOS INGRESSAREM NA UNIVERSIDADE
INGRESSO DO JOVEN NA UNIVERSIDADE V. ABS. % Concorda com a idéia 5 20 Discorda da idéia 19 76 TOTAL 24 100
Fonte: DUDA, 2011.
79
TABELA 27 - OPINIÃO DO ASSENTADO ACERCA DA ORGANIZAÇÃO NO ASSENTAMENTO
ORGANIZAÇÃO SOCIAL V. ABS. % Não temos organização social no assentamento 11 44 Desconheço tipo de organização assentamento 6 24 Associação de produtores rurais 6 24 Sindicato de trabalhadores rurais 0 0 Grupos informais de mulheres e jovens 1 4 Núcleo de partido político 0 0 Movimento social organizado 0 0
TOTAL 24 100 Fonte: DUDA, 2011.
CONSIDERAÇÕES
Com base na análise dos dados quantitativos do assentamento Vale Verde verificamos
que o leite é um dos produtos mais importantes na composição da renda das famílias
assentadas. Todavia, verificamos que a produtividade é baixa e encontra-se relacionada a
questões como, assistência técnica; crédito, e conhecimento, que quando associadas ajudam a
entender a baixa produtividade deste tipo de atividade no assentamento.
A produção de leite é realizada sem uso de técnicas como piqueteamento, reforma de
pastagem e melhoramento genético dificultando o aumento de produtividade. Dada a
dependência das famílias do assentamento em relação à produção de leite, será necessária a
elaboração de projetos com objetivo tanto de melhorar os índices de produção do produto,
quanto fomento a criação de novas fontes de renda por meio da diversificação produtiva.
Ações no sentido de sensibilizar as famílias a trabalharem coletivamente, definindo estratégias
conjuntas também são de extrema importância para o futuro do assentamento.
O envolvimento da comunidade na discussão dos seus desafios e perspectivas é uma
possibilidade de aprimoramento das políticas públicas. Para isso, outros trabalhos sobre o
assentamento Vale Verde, dando seqüência a este trabalho de monografia necessitam ser
desenvolvidos. Trabalhos desta natureza assumem papel decisivo na ampliação da leitura de
desenvolvimento da população do assentamento sobre as suas possibilidades de
desenvolvimento e necessidade de investimento via políticas públicas para concretização
destas possibilidades.
Investimentos em infra-estrutura das estradas, local para armazenamento da produção
e outras infra-estruturas sociais relacionadas às opções de lazer, saúde e educação também
80
serão necessários, para que a família do assentamento Vale Verde, possam melhorar sua
qualidade de vida no campo.
Desde que haja organização de grupos de famílias, órgão como Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural – SENAR podem fazer o atendimento das famílias com a mediação de
algum sindicato rural, e com isso, contribuir para a superação de dificuldades com a produção
do leite e de outros produtos que a comunidade julgue interessante produzir.
Outra, alternativa seria investir na criação de pequenas agroindústrias, podendo estas
ser ou não artesanais, dentro dos próprios assentamentos, no intuito de pensar a reorganização
do uso do espaço produtivo do lote. Essa alternativa libertaria as famílias da relação de
subordinação e controle exercida pelos laticínios. A participação das famílias assentadas de
feira com enfoque familiar, como a Feira do Agricultor Familiar e Trabalhador Rural –
Agrifam, por exemplo, são importantes para colocar as famílias assentadas em contato com
tecnologias de produção pensadas para agricultura de pequena escala.
Anualmente na Agrifam empresas especializadas em fabricar plantas para
beneficiamento do leite em pequena escala, bem como empresas voltadas a agroindústrias
familiares de outros produtores participam da feira expondo seus produtos. Atualmente é
possível desenhar uma planta de laticínio relacionada à capacidade de produção de uma
associação de produtores, contemplando a escala de produção das famílias assentadas.
Por outro lado, na matriz de investimento do Plano Safra 2011-2012 publicado pelo
MDA, é previsto investimentos para implantação de agroindústrias, desde que os mesmos
encontrem-se organizados e comprovem via projeto capacidade de gestão do
empreendimento. Diante deste contexto, o estimulo a práticas coletivas talvez seja uma das
principais portas de acesso a projetos de investimentos para as famílias do Assentamento Vale
Verde. A busca de apoio em intuições de ensino superior como a Faculdade de Tecnologia de
Presidente Prudente – FATEC e a Universidade Estadual Paulista – UNESP do mesmo
município, são alternativas que devem ser consideradas pelas famílias assentadas.
Com bons projetos em mãos, que podem ser construídos com auxilio das
universidades e institutos técnicos, conforme acabamos de mencionar, as famílias do
assentamento também podem pleitear recursos via ementa parlamentar, junto a deputados e
senadores identificados com o tema.
A recuperação de experiências bem sucedidas em assentamentos de outras regiões do
país também necessita ser resgatada. A troca de experiência das famílias do assentamento Vale
Verde, com famílias de assentamentos com experiências produtivas consolidas, também deve
ser uma prática recorrente, dada a sua função pedagógica para construção de diálogos em prol
81
do desenvolvimento do assentamento Vale Verde.
O resultado produzido por este trabalho de monografia constitui-se em uma das
inúmeras iniciativas que precisam ser deflagradas no assentamento, com objetivo de
diagnosticar e propor projetos, visando à superação de problemáticas, tanto de ordem
conjuntural quanto estrutural do assentamento Vale Verde. Conhecer melhor o território do
assentamento Vale Verde é uma questão de desenvolvimento territorial.
82
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS BARBOSA, Lucimar C. O território e os processos da construção camponesa: bacia leiteira de Aquidauana/MS. (Dissertação de Mestrado) Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de Aquidauana, 2008.
BORGES, M. C. Movimentos Sociais no Campo do Pontal do Paranapanema: um estudo de caso da Gleba Ribeirão Bonito (1970-1980), (Dissertação de Mestrado) Faculdade de Ciências e Letras FCL/UNESP, Assis, 1996.
FERNANDES, Bernardo Mançano;SILVA, Anderson Antonio da; VALENCIANO, Renata Cristina(coords). RIST – Relatório de Impactos Socioterritoriais/(...), Presidente Prudente: Incra/Nera, 2006.
GRAMSCI, ANTONIO. O Partido Comunista. Teoria e Política. Ed. Brasil Debates, n. 8, 1987, p. 119-29. [Artigo de Gramsci publicado em L'Ordine Nuovo, set.-out. 1920] GUANZIROLI, C.E. PRONAF Dez Anos Depois: resultados e perspectivas para o desenvolvimento rural. XLIV Congresso da Sociedade Brasileira de Economia,Administração e Sociologia Rural, Fortaleza/CE, 22-25 de julho de 2006, CD-Room. HAESBAERT, Rogério. O mito da desterritorialização: do “fim dos territórios” à multiterritorialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.
HEREDIA, Beatriz Maria de; MEDEIROS, Leonilde Servolo de; PALMEIRA, Moacir Gracindo Soares; LEITE, Sérgio Pereira; CINTRÃO, Rosângela. Os Impactos Regionais da Reforma Agrária: um estudo sobre áreas selecionadas. Rio de Janeiro: CPDA/UFRJ-NUAP/PPGAS/UFRJ, 2003.
ITESP. Projetos de assentamento em que o ITESP implementa projetos de desenvolvimento. ITESP, São Paulo. 2003. Disponível em:<Error! Hyperlink reference not valid.>acesso em 29 de agosto de 2003.
JUNIOR, João Cleps. O processo de assentamento rural no Pontal do Paranapanema: A Gleba Ribeirão Bonito, Presidente Prudente, UNESP-FCT, 1986.
KAGEYAMA, Ângela; BERGAMASCO, Sonia M. P. Pereira e OLIVEIRA, Julieta T. Aier de. Assentados e familiares no Censo Agropecuário de 2006. In. Retratos de Assentamentos, 2011. LEAL, Gleison Moreira. Os Impactos Socioterritoriais dos Assentamentos no Municipiode Teodoro Sampaio-SP. Dissertação de Mestrado defendida junto ao programa de Pós-Graduação em Geografia da FCT/UNESP – Campus de Presidente Prudente, 2003.
LEITE, José Ferrari. A Ocupação do Pontal do Paranapanema, São Paulo: Hucitec, 1998.
LEITE, Sergio; HEREDIA, Beatriz; MEDEIROS, Leonilde (Coord). Impactos dos Assentamentos: um estudo sobre o meio rural brasileiro. Brasília: instituto Interamericano de cooperação para a Agricultura, Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural, São Paulo : Editora UNESP, 2004.
83
MATTEI, L. Impactos do PRONAF: análise de indicadores. Brasília: MDA/NEAD, 2005, 136 p MATTEI, L. Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar: balanço e perspectivas. UFSC-Departamento de Economia. Texto para Discussão, n.5, 2001. MAZZINI, Eliane de J. Teixeira. Assentamento Rurais no Pontal do Paranapanema-SP: Uma Política de Desenvolvimento Regional ou de Compensação Social. (Dissertação de Mestrado) Pós – Graduação em Geografia, Faculdade de Ciências e Tecnologia, UNESP, Presidente Prudente 2007.
MENDONÇA, Antonio A. Diagnóstico socioeconômico da atividade leiteira no assentamento Santa Vitoria no municipio de Teodoro Sampaio-SP. (Monografia) Faculdades Integradas “Antônio Eufrásio de Toledo”, Presidente Prudente, 2003.
NERA – Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária – UNESP – Campus de Presidente Prudente. Disponível em www.prudente.unesp.br/dgeo/nera
SENSORIAMENTO REMOTO E AGRONOMIA S.A. LTDA. (SENAGRO). Pontal do Paranapanema: zoneamento ecológico-econômico. Curitiba: SENAGRO, 1998. CD-ROM
PLOEG, Jan Douwe Van Der. Camponeses e Imperios Alimentares Lutas por Autonomia e Sustentabilidade na Era da Globalização. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2008.
RAMALHO, Cristiane Barbosa. Os Impactos Socioterritoriais dos Assentamentos no Município no Município de Mirante do Paranapanema – SP. Dissertação de Mestrado defendida junto ao programa de Pós-Graduação em Geografia da FCT/UNESP – Campus de Presidente Prudente, 2001
SANTOS, Joelma Cristina dos. O sistema agroindustrial do leite na região de Presidente Prudente-SP. (Presidente Prudente, UNESP), 2004.
SANTOS, Milton. A natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção-4 ed. 2. reimpr.-São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006
SILVA, Anderson Antonio da. Multidimensionalidade dos assentamentos rurais do município de Teodoro Sampaio.UNESPPresidente Prudente-S, 2008.
SPAROVEK, Gerd; BARRETO, Alberto; PEREIRA, G. O.; MAULE, R. Fernando; MARTINS, S. Paganini (Coord.). Analise Territorial da Produção nos Assentamentos.Brasília: Ministério do Desenvolvimento Agrário. NEAD, 2005.
STEVANATO, Adriana Salas. A Produção de Leite na Região de Presidente Prudente-SP: o Caso da Cooperativa de Laticínios Vale do Paranapanema (COOLVAP). Presisdente Prudente-SP, UNESP/ FCT, 2002.
top related