ensaios de sociologia por jacob lumier
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LEITURA DA TEORIA DECOMUNICAO SOCIAL
DESDE O PONTO DE VISTA DASOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO
/ Ensaio de Sociologia /
PorJACOB (J.) LUMIER
E-Book Monogrfico/Srie Cincia e Tecnologia/rea de Comunicao Social
Produo Leituras do Sculo XX - PLShttp://www.leiturasjlumierautor.pro.br
ISBN n.
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As tecnologias da informao, as sociedades e a perspectivao sociolgica do conhecimento.2007 Jacob (J.) Lumier
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Leitura da Teoria de Comunicao Socialdesde o ponto de vista da Sociologia do Conhecimento
2007 By Jacob (J.) Lumier3
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Leitura da Teoria de Comunicao Social Desde O Ponto de Vista da Sociologia do Conhecimento- as tecnologias da informao, as sociedades e a perspectivao sociolgica do conhecimento -
PorJACOB (J.) LUMIER
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Resumen
Para fazer frente aos novos temas e novos desafios compreenso/ explicao
colocados pela cultura do compartilhamento, e malgrado a orientao concorrenteda filosofia abstrata da mente orgnica, a nova sociologia do conhecimentooferece Teoria de Comunicao Social e aos estudos da cognio a noooperativa diferencial do sistema cognitivo que, acentuando o concreto e aassimilao das influncias do ambiente de conjunto, libera o conhecimento doseu suposto passado introspectivo e ultrapassa as metodologias introvertidas.Portanto, o sistema cognitivo do qual nos fala a nova sociologia doconhecimento revela-se um instrumento de anlise e interpretao capaz deaportar maior preciso ao uso da noo complexa do conhecimento nareflexo da sociedade de informao e, por esta via, propiciar uma recolocaomais qualitativa no mbito da morfologia social para os debates do tema e doproblema das relaes entre as tecnologias da informao e as sociedades.
Palavras Chave:Teoria Sociolgica, conhecimento, sistema cognitivo, realidade social, correlaesfuncionais, microssociologia, sociedades globais, dialtica.
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Leitura Da Teoria De Comunicao Social Desde O Ponto De Vista Da Sociologia Do Conhecimento- as tecnologias da informao, as sociedades e a perspectivao sociolgica do conhecimento -
PorJACOB (J.) LUMIER
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Indicaes paraFICHA CATALOGRFICA
Lumier, Jacob (J.) (1948 -...):
Internet:Leitura da Teoria de Comunicao Social
desde o Ponto de Vista da Sociologia do Conhecimento(as tecnologias da informao, as sociedades e
a perspectivao sociolgica do conhecimento). doc.
E-book Monogrfico, 338 pgs. Julho, 2007, bibliografia endices remissivo e analtico eletrnico. (com Anexos)
ISBN...........1. Comunicao Social
2. Teoria Sociolgica - MetodologiaI. Ttulo. II. Srie
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porJacob (J.) Lumier
DDICACE
Par cet essai de sociologie je me rallie a ceux
qui, dans la socit de l'information, dans les
universits, dans les relations internationales et
partout dans le monde, ce sont rassembls pour
saluer le centenaire de naissance de
LOPOLD SDAR SENGHOR,
limmortel professeur de Lettres qui a tablit les
fondements de la ngritude et honor la diversit
des cultures construisant la Francit.
Maro/Abril 2006
Jacob Lumier
http://www.auf.org/rubrique1.htmlhttp://www.cifdi.francophonie.org/
http://intif.francophonie.org/http://www.20mars.francophonie.org/
http://www.francophonie.org/
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SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO- as tecnologias da informao, as sociedades ea perspectivao sociolgica do conhecimento -
Ensaio de Sociologia
PorJACOB (J.) LUMIER
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Rio de Janeiro, Julho 2007.
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SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO- as tecnologias da informao, as sociedades ea perspectivao sociolgica do conhecimento -
PorJACOB (J.) LUMIER
AGRADECIMENTO
Deixo aqui meu reconhecimento para com o programa de publicao Sala de
Lectura CTS+I de la OEI, a iniciativa da Secretara General de laOrganizacin de Estados Iberoamericanos para la educacin, la ciencia y lacultura-OEI que tiene por objeto elaborar una biblioteca virtual sobre Ciencia,Tecnologa, Sociedad e Innovacin (CTS+I). Foi graas recente divulgao
junto deste programa da OEI do meu pequeno artigo sobre relaes entretecnologias da informao e sociedades que apareceu a oportunidade para
produzir e desenvolver o presente ensaio de sociologia.
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LEITURA DA TEORIA DE COMUNICAO SOCIALDESDE O PONTO DE VISTA DASOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO
- as tecnologias da informao, as sociedades ea perspectivao sociolgica do conhecimento -
PorJACOB (J.) LUMIER
APRESENTAO
A idia de redirecionar meus estudosacadmicos de sociologia(*) mediante a produo de um e-book universitrio em vistade contribuir para a reflexo da sociedade de informao, me aflorou aopensamento no mbito de minha subscrio da revista eletrnica Socits delinformation: comprendre la dynamique des rseaux, publicada em parceria com aInternet Society. ISOC a nica ONG dedicada exclusivamente ao
desenvolvimento mundial da Internet na qual se pode propor e promoverposturas para revalorizar os direitos de autor e combater a excluso digital (a).
(*)Ver os pontos curriculares do autor no final desta obra.(a)
La Sociedad Internet (Internet Society, ISOC) es una asociacin no gubernamental y sin fines de lucro,
la cual est financiada por sus miembros. ISOC es la nica organizacin dedicada exclusivamente aldesarrollo mundial de Internet, con la tarea especfica de concentrar sus esfuerzos y acciones en asuntosparticulares sobre Internet; fundada en 1991 por una gran parte de los "arquitectos" pioneros encargadosde su diseo, la ISOC tiene como objetivo principal ser un centro de cooperacin y coordinacin globalpara el desarrollo de protocolos y estndares compatibles para Internet. La ausencia natural de fronterasnacionales en Internet requiere una perspectiva global para el desarrollo de polticas pblicas. Internetconstituye un medio excepcional, debido a que toda informacin que se publica en la red,instantneamente es accesible en todo el mundo, desde cualquier parte y su impacto se percibeglobalmente. A travs de sus miembros individuales e institucionales, as como de los CaptulosRegionales filiales ubicados en 160 pases, la Sociedad Internet mantiene una posicin de liderazgo que lepermite cumplir con uno de sus principales objetivos: asesorar a gobiernos, empresas privadas,asociaciones civiles y particulares sobre los diversos impactos de Internet en la sociedad, sean stos enlos mbitos polticos, econmicos, sociales y ticos. De manera democrtica y con la aprobacin de susmiembros, la Sociedad Internet desarrolla, propone y promueve posturas y tendencias relacionadas conasuntos de especial inters para la comunidad global de Internet como son la privacidad, seguridad,
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Inspirado no direito internacional de autor (b) e no conceito de que publicao o oferecimento da obra literria ao conhecimento do pblico, com o
consentimento do autor, por qualquer forma ou processo, inclusive por Internet,aderi ao princpio de que, no tocante oferta e distribuio do e-book, umaproduo em Internet permite ao usurio realizar a seleo da obra para perceb-la em um tempo e lugar previamente determinado. Minha posio era, ento, em2005, engajar uma produo dos meus ensaios monogrficos capaz de projetarum modelo de e-book com hyperlink para facilitar a pesquisa no documento, ao qualchamei e-book universitrio, tendo em conta sua destinao ao pblico dasuniversidades e seu valor como bibliografia especfica, interessando aosprogramas e cursos de graduao e ps-graduao.
Note-se que deste ponto de vista, aInternet utilizada como circulao de idias e comunicao por e-mail. Com
efeito, segundo o dictionnaire du NEF - www.etudes-francaises.net/dico/ - lalittrature numrique est apparue avec le dveloppement de linternet, du web et destechnologies numriques. La littrature numrique regroupe divers genres: site dcriturehypermdia, roman multimdia, hyper-roman, nouvelle hypertexte, feuilleton hypermdia, et,notamment, le mail-roman, etc; Le mail-roman est cr au fur et mesure par lauteur etenvoy par courrier lectronique une liste de diffusion selon une priodicit dtermine. Lauteurpeut prendre en compte les ractions et suggestions des lecteurs pour crire la suite de lhistoire.A la fin des annes 1990, les technologies numriques nous ont donn le-book (livrenumris), qui comporte lui-mme plusieurs variantes, comme le-book audio, le-book braille oule-book hypermdia. Le-book est appel aussi, de manire plus littraire, livre numriqueou livre lectronique. Le livre tant lorigine un ensemble de feuilles imprimes, couplerlivre avec numrique et lectronique peut relever de lhrsie si on sen tient au livre entant que support. Ceci reste nanmoins tout fait acceptable si on considre le livre dans sadimension ditoriale.
Posto que meu projeto dirige-se ao pblicouniversitrio, como j disse, afirmou-se a exigncia de que a produo culturalvisada devia proporcionar no s a circulao de idias e a comunicao por e-mail, mas formao nas cincias humanas e divulgao dos escritos digitais nessarea. Todavia, a produo do e-book universitrio deve operar, por um lado,conhecimentos reconhecidos em classificao internacional (a) - sobre a gesto dearquivos individuais de computador para negcios sobre os direitos doautor/escritor/produtor; compreendendo, notadamente, os arquivos digitais deobras intelectuais e literrias para a formao na auto-aprendizagem (portanto,
internacionalizacin de nombres de dominio e IPv6, adems de reas como impuestos, gobernabilidad,marginacin digital, propiedad intelectual y derechos de autor. Ver: .
(b)Ver Conveno Universal sobre Direito de Autor revista em Paris a 24 de Julho de 1971.
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com interesse para a educao a distncia, EAD), e (b) - sobre os negcios de
anncios centrados na oferta do livro eletrnico. Por outro lado, preciso disporde conhecimentos referentes concepo e montagem/automatizao de umwebsite configurando: (a). um esquema operativo na Internet para a valorizaoeconmica, a promoo e o recebimento diretamente pelo autor, dos seus direitosautorais sobre os arquivos de folhas editadas de texto das suas obras intelectuais,atravs de e-mail exclusivo do autor; (b). compreendendo registro, transcrio,composio, compilao ou a sistematizao de comunicaes escritas e deregistros. Por ltimo, a integrao da produo do e-book universitrio comporta umnvel de produto cultural propriamente dito, devendo atender a certas qualidadesapreendidas na leitura do livro sem volume, isto , na leitura do texto digital,qualidades essas que se combinam ao trabalho cientfico, imprimindo umaconfigurao peculiar, personalizada e interativa comunicao intelectual comovirtualidade real (Castells). Vale dizer, a produo do e-book universitrio como umarquivo digital interligado na Internet, igualmente a esta ltima, deve dar lugar aum campo interativo para o leitor pesquisar. A construo da imagem do e-bookuniversitrio em um modelo se faz, finalmente, como projeo dessa caractersticade campo hyperlink, de tal sorte que no somente a verificao da integridade dotexto original do autor se torna vivel com as obras sendo formatadas em ttulosnumerados, mas o contedo bem manuseado e melhor aproveitado com autilizao de hyperlink, sendo o sumrio, as notas complementares, os ndicesremissivo e analtico, todos, eletronicamente operados.
Note-se que, para concluir, como autor de ensaios,escrevo minhas obras orientado pela compreenso de que um ensaio se diferencia
de um tratado nos seguintes termos: - "Escribe ensaysticamente el que componeexperimentando, el que vuelve y revuelve, interroga, palpa, examina, atraviesa suobjeto con la reflexin, el que parte hacia l desde diversas vertientes y rene ensu mirada espiritual todo lo que ve y da palabra todo lo que el objeto permite verbajo las condiciones aceptadas y puestas al escribir." (...) "El ensayo es la forma dela categora crtica de nuestro espritu. Pues el que critica tiene necesariamente queexperimentar, tiene que establecer condiciones bajo las cuales se hace de nuevovisible un objeto en forma diversa que en un autor dado; y, ante todo, hay queponer a prueba, ensayar la ilusoriedad y caducidad del objeto; ste es precisamenteel sentido de la ligera variacin a que el critico somete el objeto criticado" (c ). Emduas palavras, o autor de ensaios dedica-se a cultivar sobretudo uma atitude
experimental.
(c )(Cf. Max Bense: "Uber den Essay und seine Prosa", apud Theodor W. Adorno: "No t a s d e L i t e r a t u r a ", trad. ManuelSacristn, Barcelona, Ed. Ariel, 1962, pp. 28 e 30).
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- as tecnologias da informao, as sociedades ea perspectivao sociolgica do conhecimento -
Por
JACOB (J.) LUMIER
SOB A INFLUNCIA DOIMPRESSIONANTEDESENVOLVIMENTO DAS
TCNICAS DE COMUN ICAOPASSAMOS, NUM ABRIR E
FECHAR DE OLHOS, PELOSDIFERENTES TEMPOS E ESCALAS
DE TEMPOS INERENTES SCIVILIZAES, NAES, TIPOS
DE SOCIEDADES E GRUPOSVARIADOS.
GEORGES GURVITCH SOCILOGO(o incentivador da nova sociologia do conhecimento)
Sobre a Multiplicidade dos TemposEm 1957
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LEITURA DA TEORIA DE COMUNICAO SOCIALDESDE O PONTO DE VISTA DA
SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO ()
- as tecnologias da informao, as sociedades ea perspectivao sociolgica do conhecimento -
Por
JACOB (J.) LUMIER
ABSTRACT:A teoria de comunicao social, ao examinar a cultura do compartilhamentonas redes P2P fluindo no ciberespao, sugere uma noo tecnolgica doconhecimento. Entretanto, a nova sociologia do conhecimento no sculo XX,como disciplina das cincias humanas que examina os sistemas cognitivos,nos faz relembrar a indispensabilidade do espao da sociabilidade nacompreenso mesma do termo conhecimento.
() Sob o ttulo de Tpicos Para Uma Reflexo Sobre A Teoria De Comunicao Social(relaes entre tecnologias da informao e sociedades), uma primeira verso em quinze
pginas -pdf- da pesquisa em curso que me levou ao presente ensaio inteiramente original eindito, est publicada em daOrganizacin de Estados Iberoamericanos para la Educacin, la Ciencia y la Cultura-OEI,datada em 09 de Janeiro 2006 http://www.campus-oei.org/salactsi/.
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- as tecnologias da informao, as sociedades ea perspectivao sociolgica do conhecimento -
Por
JACOB (J.) LUMIER
CONVENO
Quando no feitas ao modo tradicional, com o ttulo daobra tambm indicado entre parntesis, as referncias bibliogrficas estofeitas pelo nome do autor e o ano da edio correspondente ao ttulorelacionado na lista da bibliografia no fim deste e-book, seguido dos nmerosdas pginas inicial e final da citao, como no seguinte exemplo:(cf. Nome de Autor, 1974, pp.62/63).
As poucas Notas Complementares esto com as entradasnumeradas de notas de rodap entre parntesis no texto, como neste exemplo(*), e so inscritas ao fim da respectiva pgina.
O mesmo procedimento utilizado,inclusive, para as referncias bibliogrficas nos ANEXOS SOBREMETODOLOGIA CIENTFICA, que completam este e-book.
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DESDE O PONTO DE VISTA DASOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO(as tecnologias da informao, as sociedades ea perspectivao sociolgica do conhecimento)
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SUMRIO
APRESENTAO... pg.: 9
PREFCIO... pg.: 21
INTRODUO... pg.: 26
PRIMEIRA PARTE:ATUALIDADE DA TEORIA DE COMUNICAO SOCIAL
(na trilha da cultura do compartilhamento)... pg.: 29
SEGUNDA PARTE:O PONTO DE VISTA DA
SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO(o problema do Coeficiente Existencial do Conhecimento)... pg.: 55
TERCEIRA PARTE:VISTA SUCINTA DA
SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO TCNICO,
DO CONHECIMENTO CIENTFICO E DO CONHECIMENTOFILOSFICO (decompondo os sistemas cognitivos)... pg.: 93
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QUARTA PARTE:LINHAS DE APROFUNDAMENTO NA
SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO - I:Os Quadros Sociais do Conhecimento... pg.: 119
QUINTA PARTE
LINHAS DE APROFUNDAMENTO NASOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO II:
A Multiplicidade dos Tempos Sociais... pg.: 180
SEXTA PARTELINHAS DE APROFUNDAMENTO NASOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO III:
A Dialtica Sociolgica... pg.: 220
BIBLIOGRAFIA... pg.: 243
ANEXOS SOBRE METODOLOGIA CIENTFICA:
ANEXO 01:A manifestao do problema da multiplicidade dos tempos
ou:O caso do experimento de Popper e
O fracasso da sua tentativa em refutar a Heisenberg... pg.: 255
ANEXO 02:Notas sobre a sociologia do conhecimento
E a anlise etnolgica das sociedades arcaicas ou:A relatividade da oposio metodolgica do arcaico e do histrico... pg.: 269
ANEXO 03:A multiplicidade dos tempos sociais
como critrio na apreciao da
Sociologia do realismo literrio do sculo XIX... pg.: 288
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ndice Remissivo... pg.: 304
Sobre o autor. .. pg.: 313
ndice Analtico ... pg.324
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PREFCIO
Neste ensaio discutimos, por um lado, a TeoriaSociolgica (incluindo a microssociologia) no mbito de sua vertenteprobabilitria e no causalista. Acentuamos: (a) - o estudo das coincidncias(sobretudo aquelas da interveno da liberdade humana e dos determinismos nostempos sociais) e (b) - o estudo da variabilidade na realidade social. Evitamosqualquer confuso com o culturalismo abstrato que prejudicou o alcance
probabilitrio da sociologia de Max WEBER. Esta orientao errtica despreza ascensuras sociais como elemento de regulamentao presente em realidade nasobras de civilizao e nas estruturas. Desta sorte, o culturalismo abstrato atribuiao conhecimento (e a todas as obras de civilizao em geral) uma independncia euma ineficcia muito maior do que elas tm efetivamente na engrenagemcomplexa e constringente da realidade social. Por outro lado, abordando acomunicao social com profundidade, passamos pela crtica a suposio deuma apreenso do ciberespao, haja vista a carncia de extenso concreta. Todavia, em face da crescente influncia concorrente da filosofia abstrata doconhecimento alimentada pela neuropsicologia da cognio (as chamadascincias da cognio), fomos motivados a desenvolver com profundidade asorientaes bsicas da novasociologia do conhecimento. Da a longa extenso
deste ensaio, originalmente limitado ao campo da anlise crtica da teoria decomunicao social, mas, posto que nenhuma comunicao pode ter lugarsem o psiquismo coletivo, nosso ensaio veio a ser ampliado at o estudo damultiplicidade dos tempos e da metodologia (incluindo nesta ltima adesdogmatizao pelo estudo da dialtica em ligao com a novasociologia doconhecimento e os problemas da colaborao desta disciplina com aepistemologia) ().
Com efeito, partindo do fato elementar deque o contedo do saber varia em funo dos quadros sociais, o pensamento relativistasociolgico argumenta contra o pr-conceito de que os juzos cognitivos devemter validade universal: a validade de um juzo no nunca universal, j que se
() Elaboramos um ndice remissivo de termos e autores que deve ser consultado comoinstrumento para esclarecer eventuais imperfeies e dificuldades nessa matria complexa danossa disciplina.
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refere a um quadro de referncia preciso - cuja multiplicidade freqentementecorresponde aos quadros sociais, sejam estes da Massa, da Comunidade, da
Comunho, ou dos agrupamentos particulares, das classes sociais, das sociedadesglobais. Se a verdade e os juzos fossem sempre universais no poderiaestabelecer-se uma distino nem entre as cincias particulares, nem entre osgneros do conhecimento (no se poderia falar, neste ltimo caso, de classes doconhecimento), notando-se que at mesmo os filsofos mais dogmticosdistinguem dois ou trs gneros do conhecimento: o conhecimento filosfico, oconhecimento cientfico e o conhecimento tcnico, os quais - como classes doconhecimento - se impem cada um como um quadro de referncia, eliminandoassim o dogma da validade universal dos juzos (Gurvitch).
Neste ensaio, ultrapassando as limitaes daantiga sociologia do conhecimento promovida por Karl MANNHEIM, partimos
da constatao sociolgica de que cada eu participa inevitavelmente dosconjuntos sociais mais diversos que lhe do aos seus membros os critrios parachegar a uma integrao relativa e variada das tendncias contrrias oucomplementares prprias de toda pessoa humana. Por esta via, destacamos dentreas orientaes bsicas da nova sociologia do conhecimento que a diferenciam dequalquer filosofia abstrata da identidade, no somente a intermediao e asdistines entre o psiquismo e o saber, mas, sobretudo a imanncia recproca doindividual e do coletivo. Vale dizer, a nova sociologia do conhecimento, j notadana obra de C.WRIGHT MILLS, mas fundamentada, desenvolvida e promovidapor Georges GURVITCH, integra a compreenso (atribuda a Max SCHELER)de que, a cada tipo de sociedade, a cada grupo, a cada ligao social, a cada era decivilizao, se oferece um setor diferente do mundo infinito dos valores e dologos, assim como uma ordem das realidades com particular relevo,conduzindo necessidade da colaborao de todos os quadros sociais e de todosos indivduos para chegar a uma viso de conjuntos. Por essa via, verificam-seduas descobertas fundamentais para toda a sociologia do conhecimento: (a) - amultiplicidade dos gneros de conhecimento e, (b) - a diferente intensidade deligao entre esses gneros de conhecimento e os quadros sociais. Oconhecimento, tomado desde sua tendncia a ser coletivo, pode definir-se comoparticipao de uma realidade a uma outra sem que nesta outra se produzaqualquer modificao ( o sujeito cognoscente que sofre alteraes em virtude doconhecimento).
Da, contrariando ao mencionado Karl
MANNHEIM, se chega formulao propriamente sociolgica de que: (a) - arelao entre quadro social e conhecimento no geralmente uma ligao causal;(b) - no se pode afirmar nem que a sociologia do conhecimento institui arealidade social como causa e o conhecimento como efeito, nem que o
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conhecimento, como tal, age como causa sobre os quadros sociais. Por isso a
perspectivao sociolgica do conhecimento nada tem a ver em si prpria com aafirmao de que um conhecimento uma projeo ou um epifenmeno de umquadro social, ou ainda que uma superestrutura ideolgica. Trata-se, afinal, de verificar a coerncia de um conhecimento; trata-se da procura de correlaesfuncionais entre os quadros sociais e o conhecimento; trata-se de um estudoexplicativo que no levanta a questo do condicionamento de uns em relao aooutro, mas limita-se a verificar seu paralelismo. Sob esse paralelismo posto emdestaque pelas correlaes funcionais podem surgir, segundo GURVITCH,ademais da dependncia ao mesmo fenmeno social total, as relaes entre osimbolizado e o simbolizante. Quer dizer, dessa dependncia configurando umarealidade particularmente qualitativa e contingente em mudana decorre que aafirmao do significado em sua autonomia relativa a respeito do significante -oudo simbolizado a respeito do simbolizante- seja tambm a antecipao nopresente de um tempo futuro, seja tambm um futuro atual. Portanto, nanova sociologia do conhecimento a subjetividade coletiva reconhecida do pontode vista da metodologia como eficaz e levada em conta em nvel operativo.
Se o conhecimento no separado damitologia, podemos notar finalmente, em conseqncia, que, para a compreensodos sistemas cognitivos, se impe o estudo do coeficiente existencial doconhecimento. Por sua vez, nesse estudo do coeficiente existencial doconhecimento incluindo os coeficientes humanos (aspectos pragmticos,polticos e ideolgicos) e os coeficientes sociais (variaes nas relaes entrequadros sociais e conhecimento) -- deve-se ter em conta no somente o
reconhecimento da autonomia do significado, mas deve-se acentuar igualmente aequivalncia dos momentos antitticos (anulao da oposio espiritualismo-materialismo): a realidade que a sociologia estuda a condio humanaconsiderada debaixo de uma luz particular e tornando-se objeto de um mtodoespecfico.
Contrariando os que buscam odeterminismo nico em sociologia, na maioria das vezes atribudo s infra-estruturas, neste ensaio seguimos a orientao de G.GURVITCH (1894 1965) -o continuador/renovador dos trabalhos do grupo de mile DURKHEIM eMarcel MAUSS - ao chamar a ateno para a evidncia de que, sem falsear e semdesacreditar um conhecimento em sua coerncia relativa no se pode afirmar que
seja uma simples projeo ou um epifenmeno da realidade social. Quer dizer,antes de buscar a aplicao da causalidade, deve-se ter em conta que na sociologiado conhecimento (nova), a explicao, a formulao de enunciadosdeterminsticos, no deve nunca na primeira instancia ir mais alm do
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estabelecimento: (a) - de correlaes funcionais, (b) - de regularidades tendenciaise (c) - de integrao direta nos quadros sociais,pelo que se verifica a coerncia relativa de
um conhecimento. S ento, uma vez empreendida a verificao da coerncia, sepoder passar fase de refutao ou desacreditar tal conhecimento para, enfim,nessa suposio, mostr-lo como epifenmeno determinado pelas infra-estruturas. Alm disso, preciso ter em conta que a sociologia do conhecimento(nova), ao no atribuir valor ao saber, no pode ela servir para invalidar o falsosaber, isto , invalidar a manifestao que, desde o ponto de vista de sua realidadesocial, parece e funciona como se fosse um fato de conhecimento sem que o seja.Cabe antes sociologia do conhecimento renovada estudar as variaes dosaber e para isso estabelece o coeficiente social adequado ao conhecimentomediante as correlaes funcionais que lhe so prprias. Pode ento nossadisciplina fazer sobressair a ineficcia do saber adequado mediante a colocao
do conhecimento em perspectiva sociolgica possibilitando a constatao deperspectivas utpicas, ideolgicas, mitolgicas, como as expresses de umaconscincia mais aberta s influncias da ambincia social (Gestalt) expressesdiferenciadas entre aquele saber adequado (mero reflexo das posies dospapis sociais) e o seu quadro social. Para GURVITCH, se as relaes decausalidade podem ser consideradas somente nos casos de ruptura entre osquadros sociais e o saber, a sociologia do conhecimento, por sua vez, impotentepara servir desmistificao e desalienao do saber no sentido anti-relativistapretendido por Marx, como liberao de toda relao entre conhecimento equadro social, j que esta pretenso representa nada mais do que uma utopiaintelectualista do saber desencarnado.
Abril 2006Jacob Lumier
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LEITURA DATEORIA DE COMUNICAO SOCIAL
DESDE O PONTO DE VISTA DASOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO(as tecnologias da informao, as sociedades ea perspectivao sociolgica do conhecimento)
PorJACOB (J.) LUMIER
INTRODUO
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Leitura da teoria de comunicao social desde o ponto de vista da
Sociologia do conhecimento (as tecnologias da informao, as sociedades ea perspectivao sociolgica do conhecimento)Por
Jacob (J.) Lumier
INTRODUOO estudioso de filosofia conhece bem a frmula
muito citada para lembrar Spinoza de que no se deve rir nem chorar diantedas situaes na realidade. Diz-se que o filsofo pretendeu com isto pr emrelevo a liberdade intelectual, embora tenha igualmente revelado certo afetopelos valores da racionalidade na sua escala formalista dos nveis doconhecimento, to bem analisada e mais ainda interpretada pelo insupervel
Len BRUNSCHVICG (cf.: 1971). Seja como for, a lembrana de que oavano do conhecimento positivo liga-se a uma atitude livre de conceitosgerais ou sem pr-concepes uma considerao oportuna quando se tecealgum comentrio sobre a reflexo da sociedade de informao. Isso porqueno ser difcil ao leitor atento sugestionar, de si para consigo, uma coloraovistosa, como se contemplasse uma corrente de um pensamento satisfeito emespelhar-se no esplendor dos recursos inovadores -- na pegada do qual umapessoa pode sentir-se estimulada a exercer-se no prolongamento dosinstrumentos das tecnologias da informao e da comunicao. Todavia, umespanto admirado talvez pudesse afetar o nosso leitor de mirada curiosa casose perguntasse pela corrente contrria, a do pensamento insatisfeito. Veria quepara alcan-la, ou somente busc-la, j se encontraria em meio aos temas dareflexo da sociedade de informao, e, dentre estes, no somente aqueles voltados para configurar a inovao, como os que tratam da descrio econceituao do ciberespao, mas, de uma maneira geral, em meio s relaesentre tecnologias da informao e sociedades. que, em fato h, via de regra,algo assim como uma predisposio para internalizar o sentimento do avano eda inovao que, a primeira vista, parece empolgar o pensamento iluminando asociedade de informao. Nota-se sobretudo a preocupao em enfatizar obenefcio das tecnologias da informao para o maior nmero. No que hajaalgo de errado com esse tipo de postura pblica, mas que, se lembrarmos amxima do referido Spinoza, iremos constatar que o filsofo no est sendoouvido. claro! - diria um interlocutor satisfeito: nem houvera porqu
ouv-lo se o assunto instrumental e no um fim em si mesmo. Mas a, nessecaso, no h reflexo, no h meios de chegar a um pensamento decompreenso e explicao, e a sociedade de informao no teria outrarealidade que a dos grupos de interesse e das estratgias de investimento
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secundando as instncias planejadoras, restando equvoca, deslocada, sua
pretenso cultural como imagem do utilitrio. Mas nem tudo um mar derosas e a voz do filsofo que fez da substncia metafsica uma via para ocaminhar do homem moderno como subjetividade, se faria ressoar naquelasoutras miradas mais distanciadas, a enfocarem a sociedade de informaodesde suas fronteiras, sem rir nem chorar, no caso, sem reduo das relaesentre as tecnologias da informao e as sociedades, mas, ao contrrio dequalquer simplificao, reencontrando-as numa morfologia social aberta ssignificaes humanas. Por nossa parte, se fato que sem a comunicao socialno h cultura, como sabido, ser, pois de bom alvitre comear nossaaproximao acolhendo as indagaes a este respeito, atentos Metodologiado pensar teortico neste domnio e s brechas suscitantes para a sociologia doconhecimento.
Jacob Lumier
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LEITURA DA TEORIA DE COMUNICAO SOCIALDESDE O PONTO DE VISTA DA
SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO
(as tecnologias da informao, as sociedades ea perspectivao sociolgica do conhecimento)
PorJACOB (J.) LUMIER
PRIMEIRA PARTE:
ATUALIDADE DA TEORIA DE COMUNICAO SOCIAL(NA TRILHA DA CULTURA DO COMPARTILHAMENTO)
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Leitura da teoria de comunicao social desde o ponto de vista da Sociologia do conhecimento(astecnologias da informao, as sociedades e
A perspectivao sociolgica do conhecimento)Por
Jacob (J.) LumierPrimeira Parte:
Atualidade da Teoria de Comunicao Social(Na Trilha da Cultura do Compartilhamento)
A teoria de comunicao social se afirma dentro da sociedade de informao eno v o pluralismo cultural e lingstico
A Teoria de Comunicao Social se insere
no contexto da cultura da tecnologia como fenmeno social global (cultura namedida em que se trata de apreenso do ciberespao como redes de redes)levando ao surgimento da sociedade de informao, como consagrao doprincpio da virtualidade real, de que nos falou Manuel Castells (Castells, 2003)(1). Ela d expresso ou reflete esse processo de formao, e o faz voltada paraa indstria cultural (esta mais antiga, vem dos anos vinte) que um dossetores dessa cultura da tecnologia (em inelutvel expanso inelutvel desde osanos cinqenta). A sociedade de informao uma unidade coletiva surgida
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Em 2001, j encontramos a boa formulao da virtualidade real, seguinte: La especificidadde Internet es que constituye la base material y tecnolgica de la sociedad red, es lainfraestructura tecnolgica y el medio organizativo que permite el desarrollo de una serie denuevas formas de relacin social que no tienen su origen en Internet, que son fruto de unaserie de cambios histricos pero que no podran desarrollarse sin Internet. Esa sociedad red esla sociedad que yo analizo como una sociedad cuya estructura social est construida en tornoa redes de informacin a partir de la tecnologa de informacin microelectrnica estructuradaen Internet. Pero Internet en ese sentido no es simplemente una tecnologa; es el medio decomunicacin que constituye la forma organizativa de nuestras sociedades, es el equivalente alo que fue la factora. Internet es el corazn de un nuevo paradigma sociotcnico queconstituye en realidad la base material de nuestras vidas y de nuestras formas de relacin, detrabajo y de comunicacin. Lo que hace Internet es procesar la virtualidad y transformarla ennuestra realidad, constituyendo la sociedad red, que es la sociedad en que vivimos. Ver:Castells,M.:Internet y la Sociedad Red, in: la factora revista cuadrimestral, Febrero-Septiembre 2001, n14-15 http://www.lafactoriaweb.com (verificado em 19.04.2006).
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com o desenvolvimento tecnolgico, cuja obra a realizar o desenvolvimentodas tecnologias da informao, para o que, conforme assinalou Vicente Ortega
em artigo de TELOS em 2004, articula os trs mbitos mencionados por Arnold Pacey no livro The culture of technology, publicado en 1983. As relaesentre as tecnologias e as sociedades do lugar a um sistema combinando tresmbitos o aspectos: el cientfico-tcnico, el organizacional y el cultural. Elprimero incluye el conocimiento cientfico-tcnico experimental, losprocedimientos y habilidades tcnicas, las fuentes de energa, los recursosnaturales, las mquinas, aparatos y herramientas, etc. El segundo mbitoengloba los conocimientos y las actividades econmicas y empresariales,sindicales y profesionales, las administraciones pblicas y organizaciones deconsumidores y otros aspectos parecidos propios del mundo de la economa,los servicios y la gestin. Por ltimo, el mbito cultural comprende aspectos
ms generales e indefinidos como los fines, los valores, las creencias, lascostumbres, las ideas de creatividad, riesgo, progreso, etc., que constituyen elcaldo de cultivo predominante en una determinada sociedad. Do ponto devista assim localizado, a sociedade de informao aparece como instncia dodesarrollo tecnolgico sostenible de las tecnologas de la Informacin, sendorepresentada em seus fins ideais (1)-como foco de nuevos tipos deinformacin y nuevos servicios que contribuyen a un cambio de hbitosculturales que tienden a modificar los comportamientos sociales; (2)-como unestadio del desarrollo de la sociedad caracterizado por la capacidad de susmiembros individuos, organizaciones e instituciones para crear, procesar,comunicar, obtener y compartir libremente cualquier tipo de informacin, encualquier lugar y en cualquier momento; (3)- a que se conjugam, comonecessrias, las infraestructuras, sistemas y servicios de telecomunicaciones einformtica, es decir las tecnologas propriamente ditas(2 ). Portanto, asociedade de informao, em seu caldo de cultivo, afirma uma ideologia ou umdiscurso como expresso de seu vnculo estrutural e recproco aodesenvolvimento das tecnologias da informao. desse caldo de cultivoque, como veremos adiante, participa a TEORIA DE COMUNICAOSOCIAL na medida em que, por sua vez, se afirma dentro da sociedade deinformao e no v as sociedades alm desta, como o pluralismo cultural e
2A noo de uma cultura da tecnologia foi posta em relevo, dentre as publicaes eletrnicas emlngua espanhola, por Vicente Ortega, numa reflexo proposta a partir do mencionado livro de
Arnold Pacey. Segundo V. Ortega, trata-se ali de promover o conceito moderno de tecnologia, comovisin multidisciplinar da qual so aspectos conjugados a comunicao (sem a qual no h cultura),a tecnologia e a sociedade. As relaes entre tecnologias e sociedades do lugar a um sistemacombinando tres mbitos o aspectos: el cientfico-tcnico, el organizacional y el cultural (Ortega,2004).
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lingstico, por exemplo, que escapa ao domnio da TEORIA DE
COMUNICAO SOCIAL.A sociedade de informao, em seu caldo de cultivo, afirma uma ideologia ou
um discurso como expresso de seu vnculo estrutural e recproco aodesenvolvimento das tecnologias da informao.
A sociedade da informao umaprofundamento na cultura da tecnologia (consagra como foi dito o princpioda virtualidade real). Todavia preciso levar em conta que a apreenso dociberespao, base dessa cultura da tecnologia, no se d indiferentemente aoscontedos sociais comunicados, aos temas percebidos (como as prpriasrelaes entre tecnologias e sociedades), s lnguas ou s significaes nelas epor elas apreendidas (as criaes e os produtos segregados no ciberespao,como virtualidades reais, desdobram-se desses contedos, desses temaspercebidos, ainda que se possa observar o surgimento da atividade deconteudista de software, invertendo aparentemente a ordem das funes,mas consagrando a prioridade e a anterioridade dos contedos comunicativos). A Teoria de Comunicao Social, como discurso da cultura da tecnologiavoltado para apreciar as situaes surgidas nas redes de redes, trata seu objeto(a mensagem, o mediu, a mdia) sem considerar as lnguas em que asinformaes so comunicadas em texto, nem a determinao que aparticularidade das lnguas impe aos contedos ou constitui os contedos. Dpor suposto que a lngua dos contedos informativos to formal ou
indiferente quanto os algoritmos da linguagem tecnolgica ou digital queconstitui o medium (software, por ex.). Supe um monismo da lngua nasinformaes. Neste sentido, a recolocao do tema e do problema das relaesentre tecnologias e sociedades, acentuando o aspecto da variedade nessasrelaes, passa pela discusso sobre a Teoria de Comunicao Social em facedo pluralismo cultural e lingstico. Note-se que do ponto de vista dopluralismo h uma relativa autonomia dos contedos, sendo legtimo tratar ouclassificar as informaes desde o aspecto temtico e distinguir assim, pordiferena da sociedade da informao qual esto ligadas como as suas regiesdiferenciais, as sociedades do saber, nas quais os contedos informativos sorealados nas classificaes variadas, em face dos critrios exclusivamente
tecnolgicos ou das situaes econmicas tpicas resultantes das dinmicas dasredes de redes na Internet.
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O pluralismo cultural e lingstico uma realidade sociolgica independente eindividualizada, no um produto da cultura da tecnologia embora lhe seja
transversal ou interveniente.
O pluralismo cultural e lingstico tornapossvel perceber ou dar expresso s relaes entre tecnologias e sociedadescom anterioridade ao sistema da cultura da tecnologia (os trs mbitosmencionados), isto , como sendo um conjunto de relaes que no se reduzao nvel do que produzido nesse sistema, mas introduz um princpio de variabilidade no mesmo. Tal o quadro de referncia que permite umaapreciao crtica das premissas na Teoria de Comunicao Social. Seja comofor, podemos constatar que o estudo das relaes entre tecnologias esociedades sendo feito com ateno ao pluralismo, leva a assinalar no s
vrias ambigidades no sistema da cultura tecnolgica, mas, por esta via,permite realar certas alteraes na linha do desenvolvimento das tecnologiasda informao. Lembre-se a este respeito que: la posicin de fuerza de losmedios de comunicacin en el comercio externo est relacionada, por un lado,con la buena comercializacin de sus productos (cine, radiotelevisin, vdeo) y,por otro, con la capacidad que tienen stos para generar audiencias sobre labase de una relacin calidad/precio competitiva. Pero en ambos casosdependen en su mayor parte de las caractersticas del mercado interno. Elao 2001 estuvo marcado por un neto decrecimiento del mercado mediticotras diez aos de continua expansin. La causa principal fue la reduccin de un6,2 por ciento de la inversin publicitaria La crisis alcanz al uso instrumentalde los productos de la industria del copyright pero no a su mercado deconsumo, que en su mayor parte continu creciendo. A pesar de la fuerte cadade las inversiones publicitarias que no se haba registrado de forma tanpronunciada desde la II Guerra Mundial- el gasto de los consumidores enmedios de comunicacin continu creciendo, registrando un aumento del 6,5por ciento con respecto al ao precedente (cf. Richeri, 2004). La importanciaestratgica de las industrias del copyright no solo se debe a que se trata de unode los segmentos ms dinmicos de la economa estadounidense, o al hecho deque hoy parece desempear, en el desarrollo econmico general, el mismo rolque la industria pesada en pocas pasadas. Su importancia se debe sobre todoal hecho de que esta indstria ha alcanzado un nivel de expansin internacionalmuy elevado, y al hecho de que sus productos mucho ms que cualquier otra
clase de producto se caracterizan por su doble valor econmico y socio-cultural(ib.ibidem). E este autor mencionado nos lembra ainda que arelevncia dessa ltima caracterstica es evidente si se tienen en cuenta lasiniciativas que la Unin Europea est tomando para reforzar la competitividad
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de sus productos y para elevar las barreras de entrada a los productos
norteamericanos(ib.ibidem). Constata-se a vulnerabilidade da indstria docopyright: como consecuencia del uso de Internet para intercambiar ydistribuir gratuitamente entre pares (peer to peer) nas redes P2P, atingindo nos aos CD musicais, mas, con el desarrollo de las redes de banda ancha, aotros sectores como el de la industria cinematogrfica (ib.ibidem). Destaforma, chega-se concluso de que estas nuevas formas de liberacinespontnea de los flujos internacionales de informacin, como consecuenciadel desarrollo de las redes y servicios de telecomunicaciones, plantea nuevosproblemas al menos sobre dos frentes: el de las empresas que poseen ygestionan el copyright y ven amenazados sus ingresos; y el no menos importanterelacionado con el incremento de los desequilibrios en los intercambiosinternacionales, los cuales se profundizarn a travs de las nuevas redes y serndifciles de evaluar y regular, como lo viene intentando la Unin Europeadesde hace tiempo(ib.ibidem).
A indstria do copyright tornou-se vulnervel em conseqncia das redes P2P.
Defato, neste ponto que a Teoria de Comunicao Social encontra o tema quelhe d projeo como teoria conjectural. O estudo das redes de redes introduzna sociedade de informao um quadro diferencial que exige uma apreciaomais ou menos profunda para ser compreendido. Aos olhos da Teoria de
Comunicao Social os programas peer-to-peer (P2P), como eMule, Gnutella,eDonkey, BitTorrent e outros tantos permitiram que, de contedoscompartilhados nos servidores, a rede se estendesse desde a base dos 340milhes de computadores ligados rede (junho de 2005) para oscomputadores pessoais dos usurios da rede, ou seja, estendendo ointercmbio de contedo para outras 910 a 940 milhes de mquinas em uso(eTForecast, 2005). Trata-se de uma quantidade gigantesca de informao queflui de forma descentralizada e frentica pela rede (apud Machado, 2005).
No estudo dessa situao da indstriacultural na sociedade de informao e por efeito desta, a Teoria deComunicao Social no s nos oferece (a) - uma descrio da mentalidade no
crculo social dos administradores e usurios das redes de redes, qual chamacultura do compartilhamento, mas, por esta via, sem esclarecer sobre ascompetncias prprias s tecnologias, nos deixa ver (b) - uma noo do
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conhecimento, como contedo impresso/gravado comunicado nos produtosda indstria cultural (o que nos anos sessenta e setenta chamava-se
mensagem - o meio a mensagem), bastante submetida ao ponto de vista datecnologia da informao e ao aspecto quantitativo; (c) - pe em relevo asmudanas verificadas no complexo sistema de produo, distribuio, logstica,planejamento que envolvia as relaes entre o produtor/autor e o consumidorna indstria cultural. Quer dizer: tomadas em conjunto, as tecnologias dainformao e comunicao e a dinmica da Internet, tanto pela introduo dosuporte virtual quanto pela expanso das redes P2P, tiveram vriasconseqncias levando a quebrar o elo em torno da funo de fazer oconhecimento/informao/mensagem chegar ao cidado/consumidor, que,muitas vezes, era uma funo assumida pelas editoras e gravadoras comsuporte convencional. Uma dessas conseqncias foi de colocar em xeque a
propriedade do conhecimento, pois qualquer obra humana que possa serconvertida em bits pode ser reproduzida indeterminadas vezes e facilmentedistribuda; em face dessa qualidade, inverteu-se o procedimento dacomercializao passando-se a falar mais em vender o suporte do que ainformao, tendendo-se a pagar apenas pelos tomos;alm disso,observou-se o surgimento, nesse mbito digital, de uma comunho de bensculturais, tcnicos e cientficos considerados pblicos (...) em que o nicoconstrangimento para a reproduo, distribuio deve ser o controle do autorsobre a integridade de seu trabalho e o direito de sua propriedade intelectual edevida citao (ibidem Machado, 2005).
Deste modo, afirma-se a exigncia de reveros papis econmicos, para o que a Teoria de Comunicao Social sugere queo contexto configurado pelos programas peer-to-peer (P2P) seja tomado comomodelo. Estaramos diante de um contexto em que a informao e,principalmente, o conhecimento so tanto insumos como produtos cada vezmais importantes para a produo cultural, econmica, artstica, intelectual e,assim, para o desenvolvimento econmico e social, estabelecendo-se aconfigurao de um novo paradigma da difuso e construo doconhecimento, o qual seria observado no compartilhamento atravs dasredes de criao e inovao. Nos termos da Teoria de Comunicao Socialesse modelo principal de anlise e interpretao, o seguinte: Ocompartilhamento do conhecimento tem sido a base da inovao e daproduo de novos conhecimentos. As modernas tecnologias de informao e
comunicao proporcionam ferramentas inovadoras para o intercmbio deconhecimento em nvel global e em tempo real; consolida-se cada vez maisuma cultura do compartilhamento, baseada principalmente nas comunidades
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de interesses e, cada vez mais, na troca entre particulares nas redes do tipo
P2P (ibidem Machado, 2005). Na realidade, o que a Teoria deComunicao Social quer dizer quando nos fala de um novo paradigma deconstruo do conhecimento no tanto o fato de que as tecnologias dainformao possibilitam que o conhecimento tcnico seja construdo em seuscontedos lgico-numricos pelas prprias ferramentas tecnolgicas, ou que astecnologias sejam construdas pelas prprias tecnologias (os computadoresconstroem computadores, robs constroem robs), mas, simplesmente, que,ao quebrar-se o elo convencional em torno da funo de fazer oconhecimento/informao/mensagem chegar ao consumidor, a difuso desseconhecimento, tal como disponibilizado na indstria cultural, passa a sofrer osefeitos das redes de redes, de tal sorte que o compartilhamento desseconhecimento tem sido a base da inovao e da produo de novosconhecimentos.
A noo de construo do conhecimento , portanto empregada no sentidopreciso de que o conhecimento/informao/mensagem no mais impostodesde cima pela indstria cultural, mas o usufruto do mesmo, como contedoimpresso/gravado socialmente comunicado, resulta do crculo dosadministradores e usurios das novas tecnologias da informao, sobretudo docompartilhamento e das trocas entre os particulares decorrente das novas redesde redes P2P. Admite-se, ento, que esseconhecimento/informao/mensagem assim difundido e desfrutado, em redes
de redes, introduz novas referncias para a compreenso dos papis naindstria cultural, j que, por sua vinculao direta aos meios tecnolgicos dedifuso da informao, ou como extenso desses meios, sobretudo pelamagnitude do seu volume e rapidez, adquire um valor econmico prprio queanteriormente no se verificava. Da falar-se em conhecimento-insumo e emconhecimento-produto para chegar a uma anlise dessa situao em que, comofoi dito, uma quantidade gigantesca de informao flui de formadescentralizada e frentica pela rede. Quer dizer, trata-se de uma configuraoparticular do conhecimento tcnico, como atividade de selecionar e classificaras informaes recebidas das redes com o fim de fabricar, confeccionar ouelaborar produtos que retornem as informaes para as redes, num
encadeamento sucessivo e ininterrupto, no qual toda a informao j umconhecimento tcnico, j uma atividade de selecionar e classificarinformaes em redes, conhecimento este tornado informao por seuestatuto duplamente instrumental nessa corrente circular (a informao como
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conhecimento-insumo e conhecimento-produto e vice-versa) e todo oconsumidor/usurio vem a ser de alguma maneira autor/produtor cultural e
vice-versa, com todos esses papis revertendo em benefcio dodesenvolvimento sustentado das prprias tecnologias da informao. Tal o seuvalor econmico.
A representao do conhecimento como insumo ou produto promove osvalores do utilitarismo
Portanto, a novidade no tanto oincremento do conhecimento tcnico, que j predominante nos temposmodernos, mas, sim, a mudana dos papis econmicos na indstria culturalem decorrncia desse incremento, os quais, como dissemos, passam a reverter
em benefcio do desenvolvimento das tecnologias da informao/comunicao, pressionando no s a indstria cultural, mas toda a indstriado copyright. A Teoria de Comunicao Social sofre, pois, os efeitos dessapegada das tecnologias da informao/comunicao e nos deixa ver seucomponente discursivo na sua prpria maneira de formular tal configuraoparticular de um conhecimento tcnico com acrscimo de valor no sistemacognitivo. Ela o representa em termos de conhecimento-insumo e deconhecimento produto, e promove desse modo, nessa representao, os valores do utilitarismo (no tanto o conhecimento que importa, mas autilidade da atividade classificadora como insumo-- para o desenvolvimentodas tecnologias da comunicao, considerado como um progresso benfico).Ou seja, em face da potenciao do conhecimento tcnico como atividadeclassificadora em redes, diretamente exercida no prolongamento das prpriastecnologias da informao e em benefcio do desenvolvimento destas - e que,portanto, pode ser definida como uma atividade tecnolgica - cabe indagar se aTeoria de Comunicao Social, ao conceitualizar tal atividade classificadora emredes como conhecimento-insumo - um valor econmico ou scio-econmico- no estaria incorrendo numa projeo pelo utilitarismo para o domnio dossmbolos sociais daquela potenciao do conhecimento tcnico? No estariarevalorizando uma noo tecnolgica do conhecimento (atividadetecnolgica impulsionando o desenvolvimento das prprias tecnologias dainformao), ao invs de sua compreenso sociolgica? (Neste sentido, acultura do compartilhamento seria o modo pelo qual o desenvolvimento das
tecnologias da informao se beneficia da mudana dos papis na indstriacultural e vice-versa).
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A cultura do compartilhamento seria o modo pelo qual o desenvolvimento
das tecnologias da informao se beneficia da mudana dos papis na indstriacultural e vice-versa.
No que a projeo pelo utilitarismo careade procedncia ou deva ser repelida como estranha ao objeto da Teoria deComunicao Social. Pelo contrrio: antes de prejudicar a mirada sobre a mdiae as tecnologias da informao, o utilitarismo moderno a favorece, na medidaem que constitui uma filosofia pblica preconizando que as aes publicas spossam ser julgadas pelas conseqncias benficas que elas possam ter para a vida em comum. Como se sabe, a defesa de um utilitarismo liberal como filosofiapblica notada por alguns estudiosos como uma idia que j pode ser encontrada em JohnStuart Mill. Admite-se (a)-que o fato do utilitarismo no incentivar o cumprimentoindiscriminado de promessas e a expresso da verdade, embora seja fatal no nvel social,seria pelo menos aceitvel no nvel poltico-pblico; (b)-que a noo vaga de felicidade aliadotada seria um modo de criar um espao de negociao entre interesses diferentes econflitantes, respeitando as tendncias pluralistas das sociedades contemporneas, tanto maisque a variedade das escolhas aumenta a possibilidade da felicidade, principalmente numasociedade pluralista; (c) que o utilitarismo das aes ao nvel moral ineficaz e temresultados contra-intuitivos [o imperativo de que cada ao deva ser ponderada de forma quemaximize a felicidade do maior nmero no garante contra os abusos]. (d) - que outilitarismo liberal um utilitarismo poltico que pode (deve) ser eficaz e cujos resultadoscontra-intuitivos so bloqueados pela sua vertente liberal. Por fim, admite-se que as idias dedemocracia, progresso e de direito escolha so trs idias enraizadas na cultura pblica que
podem ser explicadas em termos utilitaristas [a democracia pode ser vista como uma espciede Utilitarismo aplicado, na medida em que, sendo o governo da maioria, defender osinteresses do maior nmero]. Assim sendo, o utilitarismo liberal est longe de ser umaproposta inconsistente e a idia de que uma das funes da poltica promover o bem-estarhumano encontra nele uma justificao terica adequada(3) (Cf. Bizarro, Sara: 2001).
3Aproveito aqui os comentrios de Sara Bizarro que se apia, dentre outros, em Goodin,Robert E., Uti l i t ar ian i sm as a Publ i c Ph i lo s ophy , Cambridge University Press, 1995, esustenta as seguintes concluses: nas discusses acerca do utilitarismo muitas vezes ataca-seexclusivamente a sua verso clssica ignorando o utilitarismo liberal de John Stuart Mill. Outilitarismo liberal das aesescapa aos paradoxos propostos pelos crticos do utilitarismo [noconseguiria evitar a venerao das regras e deixaria de ser utilitarismo]. O utilitarismo dasregras reduz-se de fato ao utilitarismo das aces, mas o utilitarismo liberal um utilitarismodas aces capaz de bloquear os efeitos contra-intuitivos graas a sua vertente liberal.
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A atividade que se desenrola em prolongamento da ferramenta tecnolgica
incorpora um incremento estranho aos juzos cognitivos
Do ponto de vista da sociologia, o termoconhecimento no utilizado para representar atividade de outra ordem (comoa inteligncia artificial, no sentido amplo deste termo) nem encobre afirmaode valores morais ou filosficos. Do que foi dito acima, a atividade deselecionar e classificar as informaes recebidas das redes com o fim defabricar, confeccionar ou elaborar produtos que retornem as informaes paraas redes, , com certeza, conhecimento tcnico, mas se essa atividade,assimilando um incremento de ordem tecnolgica, pode ter o efeito debeneficiar o desenvolvimento sustentado das prprias tecnologias da
informao e vice-versa um valor scio-econmico que j extrapola e exterior ao nvel do conhecimento propriamente dito, ainda que ao mesmoaparea acoplado. A atividade que se desenrola em prolongamento daferramenta tecnolgica incorpora um incremento (accroissement) estranho aosjuzos cognitivos. Ainda que, na sua simbolizao como compartilhamento, se possa falar deuma apreenso indireta relativamente ao ciberespao, est claro que, sendoeste ltimo uma extenso dos contedos nica e exclusivamente lgico-numricos, no se trata das amplitudes concretas apreendidas na experinciahumana, base dos objetos do conhecimento, haja vista a parte que cabe smquinas inteligentes em tal apreenso, ou melhor, interao ciberntica. Asociologia do conhecimento, como disciplina das Cincias Humanas, jmostrou que a capacidade cognitiva de encontrar correlaes e tirar infernciasgera-se no espao da sociabilidade - verificado e confirmado pelo coeficienteexistencial do conhecimento de que nos falar GURVITCH na SegundaParte deste ensaio (ver adiante pp.34 sq) - no qual est mergulhado o mundoexterior da percepo, espao que j apreendido nos Ns, forma esta que,por sua vez, constitui segundo o ensinamento de G.Gurvitch, o primeiro focoda experincia humana(ver: Gurvitch, 1962; Lumier, 2005, e-book, pp.315 a 346).
A sociologia do conhecimento, como disciplina das Cincias Humanas, jmostrou que a capacidade cognitiva de encontrar correlaes e tirar inferncias
gera-se no espao da sociabilidade, nas amplitudes concretas, no qual est
mergulhado o mundo exterior da percepo, espao que j apreendido nosNs, como o primeiro foco da experincia humana, mas que no se verifica na
apreenso do ciberespao, a no ser como simbolizao (e no cognio).
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De fato, em acordo com esta orientao, na
elaborao da explicao em sociologia, o socilogo descreve e aplica osdiversos procedimentos relativista-dialticos de intermediao que ele encontrana prpria realidade social descoberta, para fazer ressaltar o acordo oudesacordo do conhecimento em correlaes funcionais com os quadrossociais. Essa atitude de descrever correlaes exclui qualquer invencionismoe no induz a deformao alguma, mas pode certamente favorecer adiminuio da importncia do coeficiente existencial do conhecimento pelatomada de conscincia. A liberdade humana, seja a de escolha, a de deciso oua de criao, antes de se limitar ao indivduo, em particular ao socilogo, seafirma tambm nas manifestaes coletivas as quais, elas mesmas, estruturam arealidade social a qual, por isso, no pode ser mais do que descoberta pelosocilogo (e no inventada).
Antes de prosseguir descrevendo essa via de compreenso do conhecimentoem correlaes funcionais, podemos fazer um retrospecto sobre as correntesintelectuais do sculo XX a fim de corroborar a assertiva de que a atividadeque se desenrola em prolongamento da ferramenta tecnolgica cibernticaincorpora um incremento (accroissement) estranho aos juzos cognitivos.
Basta lembrarmos da anlise crtico-filosfica pioneira desenvolvida por Henri LEFBVRE a respeito doautomatismo em seu livro dos anos de 1960, intitulado Metafilosofia (cf.LEFBVRE, 1967, captulo 5: Mimesis e Praxis, pp.246 a 264), na qual esse
autor, pressentindo a trilha de uma sociologia do conhecimento filosfico,examina a aproximao da filosofia existencial e fenomenolgica deHEIDEGGER com a teoria social. Quer dizer, no curso de uma reflexo combase sociolgica em torno ao problema da relao entre a lgica e a dialtica,por um lado, tomada essa relao como se resolvendo na praxis e levando superao da filosofia, entendida esta, por sua vez, no marco da teoria doconhecimento legada do sculo XVIII como projetando a concepo de umEU genrico, idntico em todos, e, por outro lado, desenvolvendo o quechamou teoria geral das estabilidades (ib.pp.254sq), esse autor aprecia aproposio heideggeriana sobre a cincia, incluindo a Ciberntica, entendidacomo teoria do real e teoria da praxis operativa (praxeologia), que ele
toma como uma proposio de constatao do desenvolvimento. Em outraspalavras, LEFBVRE, ele prprio, toma a cincia moderna e seus gigantescosdispositivos tcnicos planetrios como realizao terica.
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No seu proceder, esse autor deixa ver asduas orientaes seguintes: (a) - relaciona a praxeologia tomada como
constatao do desenvolvimento com a situao de que, nas sociedades dividasem classes, as representaes ou manifestaes da vida mental --conceituaes, simbolizaes, projees -- sofrem os efeitos de umacausalidade singular designada lei tendencial da polarizao, que as aproximaou as afasta do contedo (real) (ib.p.259); (b) - busca com essa aplicaosociolgica explicar a ocorrncia da constatada realizao terica, na qual (b1) -pelo imperativo de coerncia do processo de realizao, se inscreve, portanto,a supresso da ciso entre a representao e o real, supresso esta que, noplano da filosofia, atinge a prpria (antiga) Teoria do Conhecimento(notadamente, as correntes intelectuais do neokantismo), j que (b2)-aquelaciso agora suprimida, mas afirmada nesse suprimir-se como aspecto da
separao entre ser e conhecer, era posta no pensamento filosfico peloentendimento analtico, no sendo do mbito da razo dialtica. Dessemodo, verifica-se, ento, no momento lgico-filosfico subseqente, comoefeito da observada lei tendencial da polarizao" de tal modo aplicada, umaconfigurao particular em que as representaes e a praxis reduzem ocontedo, reduzem a vida humana (real) a uma vida abstrata (cf.ib.pp.259/260).Para LEFBVRE, citando o jovem Marx e Hegel, tal configuraoparticular redutiva deve ser referida a especializao, compreendendo nela epor meio dela a abstrao e a ciso da atividade, que o homem toma porrealidade e por coisa em que absorver sua conscincia, em uma aparenterealizao de si mesmo.
Neste ponto, com base na dicotomiasociolgica do nvel organizado de realidade social e do fluxo espontneo davida coletiva, desdobra-se o argumento do autmato, seguinte: (a)-ao se limitar naciso da atividade, o homem se situa ele prprio no reino animal do esprito,ao qual igualmente se restringe -- noo esta tirada de A Fenomenologia doEsprito (edio francesa, vol. I p.324; apud LEFBVRE,H: op.cit. p.260); (b)-surge, ento, a figura do animal abstrato, designando o homem como animalsem vida espontnea, privado dos impulsos vitais caractersticos; (c)-figura estacujo surgimento corresponde a um paralelo, na leitura da obra de MARX, coma teoria do objeto abstrato, compreendendo a mercadoria e o dinheiro, quealienam e reificam a atividade cindida, (d)-sendo que LEFBVRE entrevnessa teoria, por sua vez, a frmula privilegiada da prpria teoria da realizao
terica, tida esta inicialmente como originalidade da proposio heideggeriana,mas que, por via do paralelo assinalado, vem a ter sua verdadeira fonterevelada.
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Entretanto, ao contrrio do que poderia
parecer, com o autmato assim surgido e figurado na realizao terica, oconhecimento no fica, todavia sem fundamento. que o objeto tcnico lheassegura a objetividade. Quer dizer: o conhecimento realiza-se no mbito da prticacomo a praxis tcnica.
Ento, o problema de restabelecer o lao entre o sujeito e o objetodesaparece, porque se resolve na prtica cientfica, onde, por sua vez, crescede importncia a noo metodolgica de simulao.
Da, o autmato assume o conhecer (a cincia) como realizao terica.Suprime ao seu modo a ciso entre objeto e sujeito, entre o conhecer e o ser,entre o real e a representao.
Tornado ato prtico e realidade, o conhecimento no exige mais uma teoria
distinta (filosfica ou neo-kantiana). O autmato (robot como complexo designificaes) tende a captar e a incorporar a si mesmo a totalidade doconhecer e das representaes, liberando assim o ser humano de sua parteobjetiva, permitindo-lhe, no entanto, apoiar-se nessa consolidao.
Pardia fascinante do homem realizado, no dizer de LEFBVRE, o grandeautmato, a cincia moderna e seus gigantescos dispositivos tcnicosplanetrios, o animal abstrato em sua compreenso total e sua plena extenso, o simulacro quase perfeito da totalidade apreendida, vivida, reconstruda: realidade e aparncia unificadas (ib.p.263).E LEFBVRE formula, ento, aindagao crtica final em face da Ciberntica como o grande autmato: no ao mesmotempo, em plena simultaneidade sincronizada, a realizao e a alienao? Admitindo,em seguida, que essa indagao o que permite, a alguns, dizer que o autmatoas concilia, logo, as suprime, uma e outra, como oposio e problema; e aosoutros, afirmar que o autmato leva o conflito ao paroxismo, e anuncia agrande superao.
Figurada nesse tema do impacto da cincia e da tecnologia na sociedade, anova sociologia do conhecimento no sculo XX que est desenvolvida
notadamente ao longo da monumental e elucidativa obra de GeorgesGURVITCH (cf. em especial: Gurvitch, 1962; 1968; 1969), nos oferece acompreenso dos sistemas cognitivos e empreende a anlise das classes e
formas do conhecimento, que indispensvel para estudar as variaes do
saber intensificadas hoje em dia com o crescimento da sociedade deinformao.
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Quer dizer, paralelamente s anlises doautomatismo relacionando ciberntica, alienao e realizao do pensamento
terico, como acabamos de ver, sabemos que a contribuio da sociologia doconhecimento para a reflexo da sociedade de informao deve ser buscada,sobretudo na descrio dos sistemas cognitivos.
Com efeito, os sistemas cognitivos compreendem diferentes hierarquiasde classes do conhecimento entrecruzadas com as diferentes acentuaesdas formas dessas classes observadas no mbito mesmo dessas classes deconhecimento, como veremos adiante. No centro da sociologia doconhecimento esto, pois, os estudos das estruturas sociais, como quadrossociais, j que nas estruturas sociais o saber est em correlaes funcionais e,assim, como sistema cognitivo, desempenha um papel de argamassa,juntamente com as demais obras de civilizao sendo a este papel
cimentador que se refere a noo de controles ou regulamentaes sociais,papel de argamassa das estruturas que no deve ser confundido com as obrasde civilizao elas prprias, as quais ultrapassam este seu papel constringenteidentificado erroneamente por muitos a uma funo de adaptao do espritos situaes existentes, como o caso dos seguidores do neo-hegeliano efundador notvel desta disciplina nos anos vinte Karl MANNHEIM (cf.Mannheim, 1972). A anlise diferencial desenvolvida pela sociologia doconhecimento em sua dmarche, vai das classes de conhecimento maisespontaneamente implicadas na realidade social para aquelas mais implicadasna engrenagem das estruturas sociais e permite assinalar as diferenas nas fasespor que passam os sujeitos sociais para se constiturem como tais, isto , parase afirmarem como intermedirios e se objetivarem nos quadros sociais. Emrealidade, o sequenciamento praticado nesta anlise gurvitcheana uma viade mo dupla, e a configurao dos quadros sociais marcada pelaambigidade e pela ambivalncia dialticas, de tal sorte que os prpriosintermedirios ora so pendentes mais para a funo simblica, ora mais para afuno social real, dependendo das situaes de fato, isto , conforme aperspectivao sociolgica do conhecimento. Portanto, o salto qualitativopor trs da configurao dos quadros sociais no totalmente irreversvel equando se verifica a objetivao da funcionalidade o estgio menoscomplexo da tomada de conscincia permanece em tenso, sem sntesesuperadora como se pode ver, por exemplo, no caso da distino sutilobservada por Ralf DAHRENDORF (cf. Dahrendorf 1974, pgs.114 a 117),
em que o conhecimento de senso comum permanece atualizado no mbito dopblico da cincia, como quadro social.
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O conhecimento perceptivo, o conhecimento de outro e o conhecimento de
senso comum, os mais profundamente implicados na realidade social, soestudados no mbito da hierarquia em classes do conhecimento, havendo,todavia uma lgica bem marcada na seqncia com que figuram nesta anlise.
O conhecimento perceptivo do mundoexterior privilegiado e, como j o notamos, d conta das perspectivasrecprocas, sem as quais no h funes estritamente sociais, enquanto osdemais conhecimentos j so classes de conhecimento particular, j sofunes correlacionadas dos quadros sociais e pressupem aqueleconhecimento perceptivo do mundo exterior -- sem que por isso haja qualqueratribuio de valor, mas apenas a constatao de que a simples manifestaodos temas coletivos, como conjuntos complexos e abertos, diferenciada, defato, atravs da perspectivao sociolgica do conhecimento perceptivo domundo exterior, do conhecimento de outro e do conhecimento de sensocomum. Em resumo: onde se verifique essas classes do conhecimentoprofundamente implicadas na realidade social descobre-se a simplesmanifestao dos temas coletivos os Ns, os grupos, as classes sociais, associedades de tal sorte que o conhecimento aparece como obstculo,constringente como aquilo que suscita os esforos e faz participar no real,levando configurao da funcionalidade dos quadros sociais, comoreciprocidade de perspectivas, aos quais so essas classes de conhecimento asmais espontaneamente ligadas.
Se adotarmos neste ponto uma abordagem histrica da sociologia e noslembrarmos das correntes intelectuais do sculo XX e seus temas crticos,como o tema da reificao, encontraremos os socilogos que valorizam apsicologia social em detrimento da microssociologia e da sociologia do
conhecimento.
Ralf DAHRENDORF, por exemplo,conhecido como um dos mais notveis estudiosos da teoria dos papis sociais ecrtico conseqente do funcionalismo de Talcott PARSONS, buscando uma
viso estritamente sociolgica do mundo dos valores, constri seu conceito de grupo de refernciano marco da psicologia social e, por isso, encontrou muitosembaraos para sustentar seus enunciados sociolgicos. Liga-se ele corrente
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de outro socilogo influente no sculo XX, como o foi Robert K. MERTON,quem faz uso direto da psicologia social na definio do conceito operativo de
grupo de referncia. A diferena que, do ponto de vista psicolgico, taisgrupos de referncia so tidos como grupos de fora funcionando comopadres de valores, enquanto que DAHRENDORF nega essa situao degrupo de fora arbitrariamente escolhido, chegando a defini-lo como umgrupo com o qual a pessoa tem uma relao necessriaem virtude de uma de suasposies sociais, orientao esta, baseada numa compreenso formal daestratificao, que (a) - o leva ao enunciado de que todo o segmento de posioestabelece uma relao (necessria) entre o ocupante da posio e um ou maisgrupos de referncia. continuidade, ento, fica estabelecido (b) - umconjunto de grupos de referncia, cada um dos quais impe ordens e capazde sancionar o comportamento da pessoa, seja positivamente, seja
negativamente. Desse modo, esse autor passa a entender que a questo danatureza da sociedade se transforma na questo de saber como os grupos dereferncia formulam e sancionam as expectativas das posies que definem .(cf. Dahrendorf, 1974, pp.62/63). Ento, por contra, se nos colocarmos desdeo ponto de vista da sociologia do conhecimento, podemos ver que a indicadarelao necessria, sendo tomada separadamente dos Ns e de toda amanifestao microssocial, de todas as relaes com outrem atuantes nessesNs grupais, surge como atributo impositivo do segmento de posio, exteriorizada. Ser em razo dessa formulao conceitualista que, como sesabe, Ralf DAHRENDORF se ver na circunstncia embaraosa de esclarecersobre a medida em que os enunciados da sua teoria de papis sociais seriam demolde a favorecer a reificao, haja vista que, nessa teoria, a pessoa ficaconstrangida a enquadrar-se nessa relao necessria que lhe imposta como umvalor por fora da objetivao conceitual do grupo vinculado ao segmento de posio(cf.ib.pp.106/126).
Nitidamente influenciado pelaepistemologia nomolgico-dedutiva de Karl POPPER, apesar de suaorientao mitigada sobre o princpio de refutabilidade das teorias cientficas,DAHRENDORF, nessa obra mencionada, no percebe o alcance dasociologia do conhecimento para acentuar a relativizao das objetivaes dosconceitos sociolgicos, sobretudo o alcance das correlaes funcionais entre,por um lado, os quadros sociais - incluindo as formas de sociabilidade, osgrupos, as classes sociais e as sociedades globais e suas estruturas-, e por outro
lado os diferentes gneros do conhecimento, tendo em conta que no se trataaqui apenas do conhecimento cientfico, mas de todo o juzo que pretendaafirmar a verdade sobre alguma coisa, ou, no dizer de GURVITCH, tendo emconta que, por conhecimento deve entender-se os atos mentais em que se
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combinam a experincia imediata e mediata em diferentes graus com o juzo.
Desse modo, o enunciado de que os grupos de referncia formulam esancionam as expectativas das posies que definem, s valer de maneirarelativizada e no por fora direta da objetivao desses grupos.
Note-se, de passagem, que essa atribuio de umanecessidade lgica na base da vida social igualmente afirmada na reflexo deClaude LEVY-STRAUSS, o autor da influente Antropologia Estrutural,servindo-nos para realar que, todavia se trata de uma orientao sem lastro naepistemologia de um admirador da antiga Teoria do Conhecimento como o Karl POPPER. Com efeito, o postulado da refutabilidade necessria de todoo conhecimento cientfico, sustentado por Karl POPPER, como tomada deposio filosfica a priori, ineficaz do ponto de vista metodolgico - como j vimos em escrito anexo a respeito de sua frustrada refutao deHEISENBERG - no pode ser confundida, em absoluto, com a aceitao dopr-conceito filosfico do sculo XVIII que se questiona em C.LEVY-STRAUSS. A crtica de GURVITCH a este ltimo de que a afirmao daexistncia de um estruturalismo lgico universal na base de toda a sociedadereleva dos preconceitos do sculo XVIII e da idia de uma conscinciatranscendental e universal. Segundo a orientao crtica de GURVITCH,LEVY-STRAUSS parece crer que o fato de subscrever-se ao juzo de PaulRICOEUR, que qualifica seu pensamento de kantismo sem sujeitotranscendental, v fortalecer sua posio, esquecendo que, para Kant, nopodia haver oposio entre sujeito transcendental e conscinciatranscendental reconhecida como idntica para todos (ver Los Marcos Sociales
del Conocimiento, pp.145/6, op.cit.). Em Karl POPPER, por sua vez, podemosassinalar, a respeito do kantismo, orientao crtica semelhante, com acompreenso de que, no dizer desse mesmo autor, a idia de KANT de umtipo padro de intuio pura compartilhada por todos ns (...) dificilmentepode ser aceita (ver Conhecimento Objetivo, p.34, op.cit.).
Em realidade, todos os agrupamentos particulares,como qualidades apreendidas, entram em correlaes funcionais com oconhecimento, com o saber, o qual praticado de modo variado pelosparticipantes, de tal sorte que a suposta determinao de que tais grupos,chamados grupos de referncia, formulam e sancionam as expectativas ou ocomportamento das pessoas revela-se um enunciado restritivo, portanto mais
do que condicional ou probabilitrio, haja vista (a) - excluir a mediao peladependncia do saber que as pessoas tm, no caso, a dependncia dapercepo do mundo exterior, incluindo a percepo da extenso e dostempos, de que nos falou GURVITCH; alm disso, (b)- exclui igualmente a
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dependncia que os participantes tm do conhecimento de outro, dos Ns,dos grupos, das classes, das sociedades e, at mesmo, (c)- exclui a dependncia
do conhecimento poltico. As expectativas de papis so realidades complexase variadas que a esto em dinmicas coletivas de avaliao, implicando oconhecimento, a moral, o direito, a educao, etc., como controles ouregulamentaes sociais, cujas sedes focam-se em tipos diferentes econflitantes de agrupamentos, classes e sociedades globais.
Sem dvida, o peso do conhecimento na vida social e sua importncia para aspessoas sendo maiores nas sociedades modernas e nas nossas sociedades
atuais, constituem um aspecto no negligencivel da experincia e da criaocoletiva na teoria dos papis sociais.
A acentuao da dependncia do fenmenosocial de conjunto, a eficcia das correlaes funcionais entre os quadrossociais e o conhecimento como qualidades que se expressam umas pelasoutras, tem prioridade no estudo das expectativas de papis sociais, j que asalteraes em tais correlaes funcionais podem, inclusive, levar s profundastransformaes estruturais que vemos em nossos dias, trazidas com o inte
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