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Efeitos da exposição a um ambiente enriquecido
sobre parâmetros comportamentais, bioquímicos e
moleculares em um modelo murino da doença de
Parkinson
Willyan Franco Hilario
Dissertação de Mestrado em Bioquímica e Farmacologia
Universidade Federal do Espírito Santo
Vitória, agosto de 2015
WILLYAN FRANCO HILARIO
Efeitos da exposição a um ambiente enriquecido sobre parâmetros
motores, cognitivos, bioquímicos e moleculares em um modelo
murino da doença de Parkinson
Universidade Federal do Espírito Santo
Vitória, agosto de 2015
Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em
Farmacologia e Bioquímica da Universidade Federal do
Espírito Santo como requisito parcial para obtenção do grau
de Mestre em Bioquímica e Farmacologia
Orientador: Prof.ª Dr ª. Rita Gomes Wanderley Pires
Co-orientador: Prof.ª Dr ª. Cristina Martins e Silva
Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP) (Biblioteca Setorial do Centro de Ciências da Saúde da Universidade
Federal do Espírito Santo, ES, Brasil)
Hilario, Willyan Franco, 1989 - H641e Efeitos da exposição a um ambiente enriquecido sobre
parâmetros comportamentais, bioquímicos e moleculares em um modelo murino da doença de Parkinson / Willyan Franco Hilario – 2015.
83 f. : il. Orientador: Rita Gomes Wanderley Pires.
Coorientador: Cristina Martins e Silva.
Dissertação (Mestrado em Bioquímica e Farmacologia) – Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Ciências da Saúde.
1. Doença de Parkinson. 2. Neuroprotetores. I. Pires, Rita
Gomes Wanderley. II. Martins e Silva, Cristina. III. Universidade Federal do Espírito Santo. Centro de Ciências da Saúde. IV. Título.
CDU: 61
Esse trabalho foi realizado no Laboratório de Neurobiologia Molecular e
Comportamental do Departamento de Fisiologia, do Centro de Ciências da
Saúde da Universidade Federal do Espírito Santo, com auxílio das seguintes
instituições:
- Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
- Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (FAPES)
- Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Ensino Superior (CAPES)
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por me dar saúde, força e paz nesta caminhada e pelas muitas
bênçãos e fidelidade;
Aos meus pais Ayr e Dulcineia e a minha irmã Daniela, por terem investido em
minha educação, pelo grande amor, confiança, compreensão, paciência e total apoio
que me dão;
À minha noiva Lívia, pela paciência, compreensão, apoio e amor incondicional, além
dos valiosos ensinamentos e suporte nos protocolos com o HPLC e expressão
gênica. Te amo! Você é o amor da minha vida!
À minha orientadora, professora Rita e co-orientadora Cristina, pela incansável
dedicação, paciência, ensinamentos e por devotarem confiança em meu trabalho;
À professora Ester e à professora Lívia, por gentilmente aceitarem o convite, pela
disponibilidade, além das valiosas colaborações;
Aos companheiros do Laboratório de Neurobiologia Molecular e Comportamental
(LNMC) pelos bons momentos convividos e por estarem sempre dispostos a ajudar.
Em especial à Tassiane, Tamara, Bruna, Lorena, Filipe e Alice pelos ensinamentos e
suporte no grip test, labirinto aquático de Morris e nos protocolos de expressão
gênica;
Aos colegas farmacêuticos e biomédicos do ULABCLIN Flávia, Djane, Fausto,
Cárcia, Silas e Wander pelas fundamentais trocas de plantão em finais de semana
chave para mim;
Ao Cristiano pelo respeito enquanto eu estava no “Ambiente enriquecido”;
À equipe do Laboratório de Análise Biomolecular (LABIOM) pelo suporte;
E a todos que, de qualquer forma, contribuíram e incentivaram a realização deste
trabalho.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15
1.1 A Doença de Parkinson ....................................................................................... 15
1.2 Neurotransmissão dos gânglios da base............................................................. 17
1.3 Etiologia da doença de Parkinson ....................................................................... 22
1.4 Neurociência translacional dos aspectos cognitivos da doença de Parkinson .... 24
1.5 Modelos animais da doença Parkinson ............................................................... 25
1.6 Tratamento da doença de Parkinson .................................................................. 28
1.7 Enriquecimento ambiental ................................................................................... 29
1.8 Enriquecimento ambiental e doenças neurodegenerativas ................................. 31
2 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 33
3 OBJETIVOS ........................................................................................................... 34
3.1 Objetivo geral ...................................................................................................... 33
3.2 Objetivos específicos .......................................................................................... 33
4 MATERIAIS E MÉTODOS...................................................................................... 35
4.1 Animais................................................................................................................ 34
4.2 Delineamento experimental ................................................................................. 34
4.3 A exposição ao ambiente enriquecido ................................................................. 36
4.4 O modelo de doença de Parkinson ..................................................................... 37
4.5 Teste de força de agarre (grip test) ..................................................................... 37
4.6 Atividade locomotora ........................................................................................... 38
4.7 Memória de referência no labirinto aquático de Morris ........................................ 38
4.8 Memória de trabalho no labirinto aquático de Morris ........................................... 39
4.9 Dosagem estriatal de DA, DOPAC e HVA........................................................... 40
4.10 Expressão gênica no mesencéfalo e córtex ...................................................... 41
4.11 Análises estatísticas .......................................................................................... 43
5 RESULTADOS ....................................................................................................... 44
5.1 Análise dos parâmetros motores ......................................................................... 44
5.1.1 Teste de força de agarre (grip test) .................................................................. 44
5.1.2 Atividade locomotora no campo aberto ............................................................ 44
5.1.3 Dosagem estriatal de DA, DOPAC e HVA ........................................................ 45
5.1.4 Expressão gênica do sistema dopaminérgico no mesencéfalo ....................... 47
5.1.5 Expressão gênica do sistema colinérgico no mesencéfalo ............................. 48
5.2 Análise dos parâmetros cognitivos ...................................................................... 50
5.2.1 Memória de referência...................................................................................... 50
5.2.2 Memória de trabalho......................................................................................... 52
5.2.3 Expressão gênica do sistema dopaminérgico no córtex .................................. 54
5.2.4 Expressão gênica do sistema colinérgico no córtex ......................................... 55
6 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 56
6.1 Parâmentros motores .......................................................................................... 57
6.2 Parâmetros cognitivos ......................................................................................... 65
7 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 69
8 PESPECTIVAS FUTURAS ..................................................................................... 70
9 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 71
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Esquema simplificado da via nigroestriatal normal e em pacientes com
doença de Parkinson
Figura 2: Circuitaria básica dos gânglios da base
Figura 3: Transmissão dopaminérgica e síntese e metabolismo da DA
Figura 4: Mecanismo de ação do MPTP
Figura 5: Representação esquemática da exposição a um AE e das áreas que
sofrem influência pela exposição
Figura 6: Representação esquemática do delineamento experimental
Figura 7: Representação esquemática do nosso protocolo de exposição a um AE
Figura 8: Representação do teste de força de agarre (Grip test)
Figura 9: Caixa monitora de atividades utilizada para o teste de atividade
locomotora
Figura 10: Representação esquemática do labirinto aquático de Morris
Figura 11: Representação das posições da plataforma ao longo das sessões de MT
Figura 12: Grip test
Figura 13: Atividade locomotora no campo aberto
Figura 14: Dosagens de dopamina, DOPAC e HVA
Figura 15: Metabolismo relativo (turnover) de DA, DOPAC/DA, HVA/DA e DOPAC +
HVA/DA
Figura 16 Expressão gênica da TH, DAT e dos receptores D1R e D2R na região
mesencefálica
Figura 17: Expressão gênica da ChAT, AChE, relação de expressão gênica
ChAT/AChE e dos M1R e α7NR na região mesencefálica
Figura 18: Latência e distância percorrida no labirinto aquático de Morris para
memória de referência
Figura 19: PROBE, índice de extinção, distância percorrida no PROBE e latência
entre a 4º e 5º (pós PROBE) sessão de memória de referência no aquático de Morris
Figura 20: Latência, distância percorrida no labirinto aquático de Morris para
memória de trabalho e número de sessões para critério na mesma tarefa
Figura 21: Soma das latências e distâncias percorridas das primeiras e últimas
tentativas nas sessões de memória de referência
Figura 22: Expressão gênica da TH e dos receptores D1R e D2R no córtex
Figura 23: Expressão gênica da ChAT e AChE e dos M1R e α7NR no córtex
LISTA DE ABREVIATURAS
5-HT Serotonina
6-HODA 6-hidroxidopamina
ACh Acetilcolina
AE Ambiente enriquecido
AEM ambiente enriquecido MPTP
AES ambiente enriquecido salina
ANOVA Análise de variância
APM Ambiente padrão MPTP
APS Ambiente padrão salina
ARE’s Elementos de resposta antioxidantes
ATP Adenosina trifosfato
BDNF Fator neurotrófico derivado do cérebro
cDNA Ácido desoxirribonucléico complementar
ChAT Colina acetiltransferase
ChIs Interneurônios colinérgicos
COMT Catecol-O-metiltransferase
COX-2 Cicloxigenase-2
CPF Córtex pré-frontal
D1R, D2R, D3R, D4R e D5R Receptores dopaminérgicos do tipo D1, D2, D3, D4 e
D5
DA Dopamina
DAT Transportador de dopamina
DDA Deficientes em DA
DNA Ácido desoxirribonucleico
DOPAC Ácido diidroxifenilacético
DP Doença de Parkinson
GDNF Fator neurotrófico derivado da glia
GMF Fator maturador da glia
GPe Parte externa do globo pálido
GPi Parte interna do globo pálido
GST glutationa S-transferase
H2O2 Peróxido de hidrogênio
HO-1 Heme-oxidase 1
HO- Radical hidroxila
HPLC Cromatografia líquida de alta eficiência
HVA Ácido homovanílico
i.p. Intraperitoneal
IL-1β Interleucina 1 beta
L-DOPA 3,4-dihidroxifenilalanina
LTP Potencialização de longo prazo
M1R, M2R, M3R, M4R, M5R Receptores muscarínicos M1, M2, M3, M4 e M5
MAO-A Monoamino oxidase A
MAO-B Monoamino oxidase B
MPDP+ 1-metil-4-fenil-2,3-dihidropiridinio
MPP+ 1-metil-4-fenilpiridínio
MPTP 1-metil-4-fenil-1,2,3, 6-tetraidropiridina
NGF Fator de crescimento do nervo
NQO1 NAD(P)H-quinona-oxirredutase-1
Nrf2 Fator nuclear 2 semelhante ao fator eritróide 2
O2- Ânion superóxido
PGs Prostaglandinas
PCR Reação em cadeia da polimerase
RNA Ácido ribonucleico
ROS Espécies reativas de oxigênio
SNpc Parte compacta da substância negra
SNpr Parte reticulada da substância negra
TH Tirosina hidroxilase
TNF-α Fator tumoral de necrose alfa
MT Memória de trabalho
α4β2NR Receptores nicotínicos alfa 4 beta 2
α7NR Receptores nicotínicos alfa 7
RESUMO
A Doença de Parkinson (DP) é a segunda doença neurodegenerativa mais comum no mundo e é caracterizada pela morte dos neurônios dopaminérgicos da parte compacta da substância negra (SNpc). Embora a DP seja definida como uma doença motora, atualmente uma série de evidências mostram que pacientes com DP apresentam declínio e outras alterações cognitivas. O declínio cognitivo tem sido descrito frequentemente nos estágios mais precoces da doença, antes mesmo dos sintomas motores, sendo que, com o curso da doença, a sua magnitude aumenta. O tratamento farmacológico da DP tem sido baseado na reposição dos níveis de dopamina (DA), utilizando-se o precursor dopaminérgico 3,4-dihidroxifenilalanina (L-DOPA) e/ou o uso de agonistas dopaminérgicos. Contudo, esses medicamentos não previnem o avanço da doença e agem somente sobre os sintomas motores, não sendo efetivos na melhora dos aspectos cognitivos do indivíduo. O ambiente enriquecido (AE) é um paradigma que tem se mostrado efetivo na prevenção de vários processos neurodegenerativos, principalmente em modelos experimentais. O AE consiste na manipulação das condições de moradia, exposição de animais a diversos estímulos cognitivos, motores e somatossensoriais. Vários estudos revelam que a exposição a um AE induz mudanças morfológicas, bioquímicas e moleculares, o que reflete em facilitação cognitiva, prevenção de doenças neurodegenerativas e atenuação dos efeitos do estresse, da ansiedade e da depressão. No presente estudo, investigamos se a exposição a um ambiente enriquecido é capaz de prevenir as alterações motoras, cognitivas, bioquímicas e moleculares num modelo murino de DP, induzido pela droga parkinsoniana 1-metil-4-fenil-1,2,3,6-tetrahidropiridina (MPTP). O MPTP induziu hiperlocomoção e déficit de força muscular, os quais foram completamente prevenidos pela exposição a um AE. No contexto bioquímico, o AE não preveniu a depleção dopaminérgica induzida pelo MPTP no estriado, entretanto, retardou e preveniu, respectivamente, a depleção de DOPAC e HVA nesta região. A administração de MPTP, assim como a exposição a um AE, não induziu alterações na expressão gênica do sistema dopaminérgico na região mesencefálica. Nessa mesma região, o MPTP induziu a diminuição da expressão gênica da enzima colina acetiltransferase (ChAT) e aumento da expressão da enzima acetilcolinesterase (AChE) e do receptor muscarínico (M1R). O AE foi capaz de prevenir apenas o aumento da expressão do M1R. Utilizando o labirinto aquático de Morris, nem o MPTP nem a exposição a um AE induziram, respectivamente, déficit e facilitação cognitiva nas tarefas de memória de referência e memória de trabalho (MT). Adicionalmente, nenhuma alteração na expressão gênica do sistema dopaminérgico e colinérgico foi observada no córtex pré-frontal. Nesse contexto, nossos resultados evidenciam o potencial neuroprotetor que a exposição a um AE tem frente à DP. Palavras chave: Doença de Parkinson; ambiente enriquecido; neuroproteção.
ABSTRACT
Parkinson's disease (PD) is the second most common neurodegenerative disease in
the world, characterized by dopaminergic neurodegeneration of substantia nigra pars
compacta (SNpc). Although PD has been defined primarily like a motor disorder,
currently a wide range of evidences has shown cognitive impairment in PD patients.
Frequently, the cognitive impairment has been described in early stages of PD, even
before the motor abnormalities and increases with the disease progression. The
pharmacotherapy of PD has been based on replacement of the striatal dopamine
(DA) levels with the dopaminergic precursor L-DOPA and/or dopaminergic agonists
in order to mitigate the motor abnormalities. However, this pharmacotherapy neither
prevents the disease progression nor reduces the cognitive impairments in these
patients. The enriched environment (EE) is a paradigm that has been effective in
preventing of several neurodegenerative processes, mainly in experimental models.
The EE consists on the manipulation of the housing conditions, exposes the animals
to diverse cognitive, motor and somatosensory stimuli. Several studies have
demonstrated that EE induces morphological, biochemical and molecular changes,
reflected in cognitive enhancing, neuroprotection and attenuation of stress, anxiety
and depression effects. In this study, we investigated whether EE could prevent the
motor, cognitive, biochemical and molecular abnormalities in a murine model of PD,
induced by the drug 1-metil -4-fenil-1,2,3,6-tetrahydropyridine (MPTP). The EE
prevented completely the muscle strength deficit and the hyperlocomotion induced by
MPTP. Our biochemical data show that EE did not prevent the dopaminergic striatal
depletion MPTP-induced, however, it was able to slow down and prevent,
respectively, the DOPAC and HVA depletion. Neither MPTP nor EE caused changes
in the gene expression of the midbrain dopaminergic system. As for cholinergic
system in midbrain, MPTP induced a decrease in gene expressions of the choline
acetyltransferase (ChAT) and increase of the both acetylcholinesterase (AChE) and
the M1 muscarinic receptor (M1R). Using the Morris water maze, neither MPTP nor
exposion to EE induced, respectively, cognitive deficits and enhancing in the
reference and working memory (WM) tasks. Furthermore, no changes in gene
expression of dopaminergic and cholinergic systems were reported in the prefrontal
cortex. In this context, our results showed the neuroprotective potential of EE against
the PD.
Keywords: Parkinson's disease; enriched environment; neuroprotection.
15
1. Introdução
1.1. A doença de Parkinson
A doença de Parkinson (DP) foi primeiramente descrita pelo médico britânico
James Parkinson, em sua famosa monografia An essay on the shaking palsy, de
1817, na qual a descreveu como uma "paralisia agitante" (TEIVE; MENEZES, 2003).
Jean Charcot, posteriormente, adicionou mais informações à descrição inicial do
quadro clínico, como a micrografia (caligrafia com letras pequenas que se reduzem
progressivamente), presença de alteração postural, rigidez muscular, bradicinesia
e ainda sugeriu a mudança do nome da enfermidade para doença de Parkinson, em
homenagem ao autor da primeira descrição (DUVOISIN, 1991). Além disso, ele
também discordou do britânico em relação à conservação de algumas funções
corticais e demonstrou a presença de comprometimento da memória e disfunções
cognitivas nesses pacientes (MENESES; TEIVE, 1996).
A DP é uma enfermidade neurodegenerativa e progressiva caracterizada pelo
tremor de repouso, rigidez muscular, instabilidade postural, desequilíbrio, acinesia
e/ou hipocinesia (CICCHETTI et al, 2009; FRISINA et al, 2009; FUCHS et al, 2004;
GUIMARÃES; ALEGRIA 2004; LEE; LIU, 2008). Essas anormalidades motoras são
irreversíveis e geralmente se tornam incapacitantes com o avanço da doença
(GOMES; DEL BELl, 2003; SCHAPIRA et al, 2006).
Em 1960, republicado em 1998, Ehringer e Hornykiewicz elucidaram a
gênese neuroquímica da DP ao demonstrar que a concentração de dopamina (DA)
da parte compacta da substância negra (SNpc) e do núcleo estriado era ínfima em
encéfalos post-mortem de pacientes com DP. Juntamente com esses achados, a
observação da despigmentação da SNpc foi associada à maciça morte de neurônios
dopaminérgicos da via nigroestriatal (Fig. 1) (BARTELS; LEENDERS, 2009;
GERLACH; RIEDERER, 1996; HORNYKIEWICZ, 2006; LEE; LIU, 2008; DAUER;
PRZEDBORSKI, 2003). Uma segunda característica, porém fisiopatológica, é a
presença de inclusões eosinofílicas citoplasmáticas denominadas corpúsculos de
Lewy em diversas regiões mesencefálicas (CICCHETTI et al, 2009; LEE; LIU, 2008).
Esses corpúsculos são caracterizados e compostos por agregados proteicos de
parkina, ubiquitina e -sinucleína (BLANDINI et al, 2000; ELBAZ;TRANCHANT, 2007;
HAGAN et al, 1997; KORCZYN, 1995 ).
16
Dados epidemiológicos revelam que a DP é a segunda doença
neurodegenerativa mais frequente entre as pessoas idosas, ficando somente atrás
da doença de Alzheimer, com prevalência de até 2% (BARTELS; LEENDERS,
2009; ELBAZ; TRANCHANT, 2007; LEES et al, 2009; MANOR et al, 2009). A média
de idade para ocorrência da DP é de 55 anos, sendo que o risco de desenvolvimento
pode aumentar em cinco vezes por volta dos 70 anos de idade (HALD;
LOTHARIUS, 2005).
O comprometimento dos níveis de DA e da transmissão dopaminérgica são
os principais responsáveis pelos sintomas motores observados na doença. Esse
comprometimento influencia diretamente a atividade da via nigroestriatal e dos
componentes responsáveis pelo controle da atividade motora, os gânglios da base.
(DAUER; PRZEDBORSKI, 2003; GOODMAN; GILMAN, 2012). As orquestradas
eferências e aferências de impulsos neuromotores dos gânglios da base para o
tálamo e córtex, e, vice-versa, são vitais para o planejamento e execução do correto
movimento (WICHMANN; DELONG, 1999).
Fig. 1: Esquema simplificado da via nigroestriatal normal (A) e na DP (B) mostrando a despigmentação da SNpc e consequente degeneração da via nigroestriatal, e em (C) imunohistoquímica mostrando os chamados corpúsculos de Lewy em neurônios dopaminérgicos na SNpc. Adaptado de: DAUER; PRZEDORSKI (2003).
17
1.2. Neurotransmissão dos gânglios da base
Os gânglios da base são constituídos por um grupo de núcleos que atuam
conjuntamente, sendo eles: estriado (caudado e putâmen), globo pálido e suas
partes interna (GPi) e externa (GPe), núcleo subtalâmico (STN), parte compacta da
substância negra (SNpc) e parte reticulada da substância negra (SNpr) como
mostrado esquematicamente na figura 2 (NICHOLSON; PEREIRA; HALL, 2002).
Esses núcleos funcionam colateralmente como um sistema modulador, regulando o
fluxo das informações provenientes do córtex cerebral para os neurônios motores da
medula espinal (GOODMAN; GILMAN, 2012). A DA liberada pelos neurônios da
SNpc no estriado é vital na coordenação da atividade dos gânglios da base
(GRAYBIEL, 2005). Além disso, o estriado recebe projeções glutamatérgicas de
várias áreas do cérebro. A grande maioria dos neurônios presentes no estriado, por
volta de 95%, são gabaérgicos, os quais inervam as estruturas citadas acima. Uma
menor parte desses neurônios são interneurônios colinérgicos (ChIs) (GOODMAN;
GILMAN, 2012; LIM; KANG; McGEHEE, 2014).
Fig. 2: Circuitaria básica dos gânglios da base. Os núcleos da base regulam o fluxo das informações provenientes do córtex cerebral para os neurônios motores da medula espinal. A DA liberada pelos neurônios da SNpc no estriado exerce papel vital na coordenação da atividade dos núcleos da base, através dos receptores D1R e D2R. À esquerda, está demonstrado o funcionamento em indivíduos normais e à direita o funcionamento em indivíduos com DP. SNpc = parte compacta da substância negra; SNpr = parte reticulada da substância negra; GPe = globo pálido externo; GPi = globo pálido interno; STN = núcleo
18
subtalâmico; NPP = núcleo pedundulopontino; CM, VA e VL = núcleos talâmicos: centro-medial, ventro-anterior e ventro-lateral, respectivamente. Setas vermelhas: projeções glutamatérgicas (excitatórias); setas pretas: projeções GABAérgicas (inibitórias). Adaptado de: WICHMANN; DELONG, 1999.
A inervação eferente do estriado estende-se ao longo de dois trajetos
diferentes, conhecidos como vias direta e indireta. A via direta é formada pelos
neurônios estriatais que se projetam para o GPi e SNpr, resultando na menor
inibição do tálamo e consequente aumento da atividade tálamo-cortical, que facilita o
movimento. A via indireta é composta pelos neurônios estriatais que se projetam
para o GPe, que por sua vez se projetam para o núcleo subtalâmico, gerando
estímulos eferentes para o GPi e SNpr, levando à redução da saída dos estímulos
excitatórios do tálamo para o córtex cerebral, inibindo o movimento (LIM; KANG;
McGEHEE, 2014).
A DA é sintetizada pelos neurônios dopaminérgicos pela hidroxilação do
aminoácido L-tirosina a L-DOPA pela enzima tirosina hidroxilase (TH) como
mostrado na figura 3. O composto L-DOPA sofre descarboxilação pela ação da DA
descarboxilase formando DA, que é então alocada em vesículas sinápticas pelo
transportador vesicular de monoaminas 2. Em resposta ao potencial de ação, a DA é
liberada na fenda sináptica e liga-se a seus receptores pós e pré-sinápticos. A ação
desse neurotransmissor é terminada pela sua recaptação ativa pelo transportador de
dopamina (DAT) e a DA pode ser novamente alocada em vesículas sinápticas ou ser
degradada enzimaticamente. Os neurônios dopaminérgicos degradam a DA em
ácido 3,4-diidroxifenilacético (DOPAC) pela ação da monoamina oxidase (MAO-A).
O metabólito DOPAC difunde-se para fora das células dopaminérgicas onde pode
ser convertido a ácido homovanílico (HVA) pela enzima catecol-O-metiltransferase
(COMT). Concomitantemente, parte da DA não recaptada é degradada por outras
células, como as células da glia, que convertem o neurotransmissor em 3-
metoxitiramina (3-MT) e este metabólito é oxidado principalmente pela moniamino
oxidase B (MAO-B) para formar HVA (ZABORSZKY; VADASZ, 2001).
19
Fig 3: (A) Transmissão dopaminérgica, (B) síntese e metabolismo da DA. A DA é sintetizada pelos neurônios dopaminérgicos pela hidroxilação do aminoácido L-tirosina a L-DOPA pela enzima TH. O composto L-DOPA sofre descarboxilação pela ação da dopamina descarboxilase, formando DA. Os neurônios dopaminérgicos degradam a DA em DOPAC pela ação da monoamina oxidase (MAO-A). O metabólito DOPAC difunde-se para fora das células dopaminérgicas, podendo ser convertido a HVA pela enzima catecol metiltransferase (COMT). A DA que não foi recaptada é degradada por células da glia, que a convertem em
(A)
(B)
20
3-metoxitiramina (3-MT), que é posteriormente oxidado pela MAO-B para formar HVA.
Adaptado de GOLAN; TASHJIAN, 2009.
Como mostrado na figura 2, a DA exerce um efeito diferenciado nas vias
direta e indireta dos gânglios da base (GERFEN et al, 1990; STRAUB et al, 2014
LIM; KANG; McGEHEE, 2014). A sinalização da DA é mediada por cinco receptores
dopaminérgicos acoplados à proteína G (D1R-D5R). Estes receptores são divididos
em duas classes, baseado na proteína G à qual estão acoplados. D1R e D5R
estimulam as proteínas Gs/olf, enquanto os D2R, D3R e D4R estimulam G0 e Gi
(NEVE et al, 2004). Os neurônios estriatais da via direta expressam principalmente o
receptor excitatório D1R, enquanto os que constituem a via indireta expressam
predominantemente o receptor inibitório D2R (LIM; KANG; McGEHEE, 2014). A
liberação adequada de DA da substância negra favorece, por meio da ativação dos
D1R, a atividade da via direta, que deve ser facilitada para que o córtex motor
suplementar se torne ativo antes e durante os movimentos. Já a ativação dos D2R
da diminui a atividade da via indireta. Considerando ainda a figura 2, num paciente
com DP, a morte dos neurônios dopaminérgicos da SNpc e o consequente
comprometimento da ativação dos receptores dopaminérgicos no estriado geram
alterações na atividade das duas vias, com predomínio da atividade da via indireta
(LIM; KANG; McGEHEE, 2014). Ocorre, então, um aumento da atividade neuronal
do GPi e SNpr, culminando com uma inibição excessiva do sistema tálamo-cortical.
Além disso, essa redução da transmissão dopaminérgica desencadeiaa a diminuição
da atividade neuronal do GPe e desinibição do núcleo subtalâmico, que também
resulta em inibição tálamo-cortical. Essa excessiva inibição do sistema cortical motor
e os níveis insuficientes de DA para ativar os receptores D1R e D2R desencadeiam
um comprometimento da estimulação da via direta e da inibição da via indireta o que
leva o paciente com DP apresentar os sintomas característicos da doença (STRAUB
et al, 2014 LIM; KANG; McGEHEE, 2014). Corroborando com isso, estudos
eletrofisiológicos, que avaliaram a atividade de várias estruturas dos gânglios da
base e do mesencéfalo em pacientes com DP, revalam um STN hiperativo
demonstrando que tais sintomas são verdadeiramente oriundos da maior atividade
da via indireta em relação à via direta. (NICHOLSON; PEREIRA; HALL, 2002;
STRAUB et al, 2014; LIM; KANG; McGEHEE, 2014) (figura 2).
Os sistemas de neurotransmissores não trabalham isoladamente. Eles são
integrados anatomicamente e funcionalmente como uma rede de maneira direta e/ou
21
indireta através de junções sinápticas (TSUKADA et al, 2000). Embora muitas
doenças neuropsiquiátricas e neurodegenerativas sejam atribuídas ao
comprometimento de um único sistema de neurotransmissores, a progressão destas
pode influenciar e modular outros sistemas (TSUKADA et al, 2000).
O estriado possui altos níveis de acetilcolina (ACh), de colina acetiltransferase
(ChAT) e acetilcolinesterase (AChE), que são, respectivamente, as enzimas de
síntese e degradação deste neurotransmissor, bem como os vários tipos de
receptores muscarínicos (M1R-M5R) e os receptores nicotínicos alfa 7 (α7NR) e alfa
4 beta 2 (α4β2NR) que fazem a mediação dos efeitos pré e pós-sinápticos (LIM;
KANG; McGEHEE, 2014). Os ChIs, aproximadamente 1 a 5% da população neural,
são a principal fonte de ACh do estriado e se ramificam em centenas de milhares de
projeções que modulam fortemente a atividade das vias direta, indireta e de outras
estruturas dos gânglios da base (XIANG et al, 2012, STRAUB et al, 2014 LIM;
KANG; McGEHEE, 2014).
O controle da liberação de Ach pelos ChIs se dá principalmente pelas
aferências dopaminérgicas da SNpc (LIM; KANG; McGEHEE, 2014). Estudos
revelam que a DA estimula a liberação de Ach via D1R e D5R e inibe via D2R
(AJIMA et al, 1990; BERTORELLI; CONSOLO, 1990; DAMSMA et al, 1990;
GOMEZA et al, 1999; BEAULIEU; GAINETDINOV, 2011).
Muitos trabalhos vêm mostrando, tanto em modelos animais quanto em
pacientes com DP, que a morte dos neurônios dopaminérgicos da SNpc
desencadeia aumento do tônus colinérgico nos gânglios da base, o que gera um
aumento da atividade da via indireta e diminuição da atividade da via direta
(DEBOER et al, 1993; HRISTOVA; KOLLER, 2000). Sem dúvida, este mecanismo
concorda com o fato de que os agentes anticolinérgicos são capazes de restaurar o
balanço entre ACh e DA nessa região e apresentarem eficácia comprovada no
tratamento dos sintomas motores da DP (CHEN; SWOPE, 2007; XIANG et al, 2012).
Não obstante, uma ampla gama de estudos, básicos e clínicos, relata que o sistema
colinérgico pode estar suprimido em decorrência da depleção dopaminérgica
observada na DP tanto nos gânglios da base quanto em outras regiões menos
subcorticais do cérebro (CHUNG et al, 2010; BOHNEN; ALBIN, 2011; MÜLLER;
BOHNEN, 2013; HAGINO et al, 2015).
Baseado nisso, a integração entre os sistemas dopaminérgico e colinérgico é
crítica para a compreensão das manifestações motoras e cognitivas observadas em
22
pacientes com DP (GOMEZA et al, 1999; MÜLLER; BOHNEN, 2013; HAGINO et al,
2015)
1.3. Etiologia da DP
Os mecanismos e fatores subjacentes ao processo neurodegenerativo na
DP ainda são pouco conhecidos, embora muitas evidências sugiram que o
desenvolvimento deste processo seja multifatorial (REALE et al, 2009; SING;
DIKSHI, 2007). Estudos básicos e clínicos realizados nas últimas décadas têm
revelado muito sobre a patogênese da DP. As principais hipóteses pontuam que a
neuroinflamação, estresse oxidativo e apoptose, condição genética do indivíduo e a
exposição a certas condições ambientais contribuem para o desenvolvimento do
quadro clínico (CHEN; LE, 2006; DAUER; PRZEDBORSKI, 2003; SINGH; DIKSHI,
2007).
Os neurônios são particularmente vulneráveis a processos inflamatórios por
sua grande diferenciação celular e relativa incapacidade de se dividir. Em processos
inflamatórios precoces, o sistema imune inato é ativado e dirige uma cascata de
eventos que implicam no recrutamento do sistema imune adaptativo (GAO et al,
2003).
Na DP, a formação dos corpúsculos de Lewy por si só é capaz de ativar a
ação neurotóxica do sistema imune inato que está relacionado com linhagens de
células de mieloides. Essas linhagens são as primeiras linhas de defesa do encéfalo
a responderem a qualquer injúria cerebral (MOSLEY et al, 2006).
O aumento da atividade das células da micróglia, que é persistente em
pacientes com DP, libera inúmeros fatores neuroinflamatórios como, por exemplo, o
fator maturador da glia (GMF) o qual desencadeia o aumento de expressão do fator
de necrose tumoral alfa (TNF-α), interleucina 1 beta (IL-1β) e da cicloxigenase-2
(COX-2) e das prostaglandinas (PGs) (BARBOSA et al, 2006; HALD; LOTHARIUS,
2005; MOSLEY et al, 2006; KHAN et al, 2015). Os processos inflamatórios
associados ao aumento de expressão do TNF-α, IL-1β, COX-2 e às altas
concentrações de PGs estão envolvidos em eventos deletérios que promovem a
neurodegeneração de neurônios dopaminérgicos da SNpc (LIMA et al, 2006;
TEISMANN et al, 2003; KHAN et al, 2015).
O estresse oxidativo é definido como um desequilíbrio entre a formação e a
neutralização de espécies reativas de oxigênio (ROS), sendo esta uma das causas
23
do dano neuronal observado em várias doenças neurológicas incluindo a DP
(MOSLEY et al, 2006). Regiões encefálicas ricas em catecolaminas, como a SNpc,
podem ser mais sensíveis a geração de ROS (MOSLEY et al, 2006). A
metabolização da DA em neurônios dopaminérgicos pode favorecer o ambiente
para a produção de peróxido de hidrogênio (H2O2), ânion superóxido (O2-) e DA-
quinona. Adicionalmente, esses neurônios possuem uma menor reserva
mitocondrial em relação a outras populações neuronais, o que torna esta região do
mesencéfalo particularmente mais suscetível aos efeitos nocivos desses ROS
(DAUER; PRZEDBORSKI, 2003; PREDIGER et al, 2010). Níveis elevados de
H2O2 podem reagir com o grupo heme de certas proteínas, como a hemoglobina e
o citocromo, gerando o radical hidroxila (HO-), o qual é capaz de oxidar
carboidratos, lipídios, proteínas e o ácido desoxirribonucleico (DNA) (BARBOSA et
al, 2006; MOSLEY et al, 2006). Adicionalmente, O2- e a DA-quinona podem reagir
com resíduos proteicos de cisteína, danificando várias proteínas celulares
(DAUER; PRZEDBORSKI, 2003).
A expressão de genes tidos, em sua maioria, como oncogenes, caracteriza a
morte por apoptose. Por exemplo, a expressão de genes como o bax e bcl-x facilita
as vias que determinam a morte celular, já a expressão de bcl-2 e bcl-xL facilitam as
vias relacionadas aos processos pró-vida da célula (LEV et al, 2003).
Estudos realizados tanto in vivo quanto in vitro demonstram que o aumento
da expressão de genes pró-apoptose de neurônios dopaminérgicos da SNpc é um
evento diretamente relacionado com o processo de neurodegeneração na DP
(BATTISTI et al, 2008; MLADENOVIC et al, 2004; NOVIKOVA et al, 2006; SINGH;
DIKSHIT, 2007).
É importante ressaltar que cerca de 10 a 20% dos pacientes com DP
apresentam um histórico familiar da doença o qual pode ser tanto autossômico
dominante como autossômico recessivo (ELBAZ; TRANCHANT, 2007; LEE; LIU,
2008). As alterações genéticas relacionadas afetam principalmente os genes de
codificação da -sinucleína, parkina e componentes do sistema proteassômico (ELBAZ;
TRANCHANT, 2007; LEE; LIU, 2008).
Além disso, um amplo número de evidências revela que a exposição a
agentes ambientais específicos e até certos hábitos podem influenciar e determinar
o desenvolvimento do processo neurodegenerativo em indivíduos geneticamente
susceptíveis (MENESES; TEIVE, 1996). A exposição a metais, toxinas, inseticidas,
24
pesticidas e herbicidas tem se destacado como um importante fator associado ao
aumento do risco de desenvolvimento da DP nessa população (GORELL et al,
1998; GORELL et al, 1999; HERNÁNDEZ-MONTIEL, 2006).
1.4. Neurociência translacional dos aspectos cognitivos da
DP
Embora a DP seja definida e caracterizada como uma doença motora,
atualmente é bem aceito que pacientes com DP manifestem declínio e outras
alterações cognitivas. O declínio cognitivo tem sido descrito frequentemente nos
estágios mais precoces da doença, antes mesmo dos sintomas motores, sendo que,
com o curso da doença a magnitude deste aumenta (MORIGUCHI; YABUKI;
FUKUNAGA, 2012).
Geralmente as alterações cognitivas precoces mais comuns são aquelas
relacionadas à memória declarativa e às habilidades operacionais complexas como
o foco atencional, memória operacional ou de trabalho (MT) e flexibilidade cognitiva,
às quais dependem da integridade funcional do hipocampo e córtex pré-frontal
(CPF). Essas alterações têm profundos efeitos nos aspectos que envolvem
iniciativa, tomada de decisão, planejamento e a efetiva realização de uma
determinada tarefa ou ação pelo indivíduo (SAYKINS et al, 2004).
Recentemente, Pfeiffer et al. (2013), em um estudo clínico realizado num
grande hospital da Dinamarca, descreveram e caracterizaram o perfil cognitivo de
pacientes com DP precoce que não possuíam comorbidades psiquiátricas. O
estudo, que contou com 86 pacientes com idades de 40 a 70 anos, revelou que 69
% dos pacientes mostravam comprometimento da memória declarativa, 54%
disfunções executivas, 46% anormalidades visuoespaciais e 35% déficits de atenção
e MT. Além disso, o prejuízo cognitivo observado foi relacionado a um maior nível de
bradicinesia, rigidez postural e simetria axial consoante à escala unificada da DP
(UPDRS - Unified Parkinson Disease Rating) (PFEIFFER et al, 2013).
O conhecimento acerca da etiologia, fisiopatologia e terapêutica da DP ainda
não é totalmente claro. Por isso, o uso de modelos animais é fundamental para
ampliar a compreensão dos mecanismos patogênicos da doença e para a busca de
novas abordagens terapêuticas para serem testadas na clínica médica
(NITHIANANTHARAJAH; HANNAN, 2006).
25
1.5. Modelos animais da DP
Modelos animais, por definição, refletem as características da doença do
homem e simulam as mudanças patológicas, histológicas e bioquímicas da doença e
seus distúrbios funcionais. Todavia, a DP é uma doença humana, e não se
manifesta espontaneamente em animais, sendo necessária sua indução por meio da
administração de agentes neurotóxicos. Naturalmente, não existe um modelo que
represente fidedignamente todos os sinais da DP (DAUER; PRZEDBORSKI, 2003).
O primeiro modelo animal de DP descrito foi o induzido pela toxina 6-
hidroxidopamina (6-HODA), no qual a perda de neurônios dopaminérgicos da SNpc
se dá pela formação de grandes quantidades de ROS após a infusão desta toxina
na região citada (DAUER; PRZEDBORSKI 2003). Outro modelo utilizado é a infusão
de lipopolissacarídeo, que é uma endotoxina encontrada na membrana externa das
bactérias gram-negativas e leva à ativação de vias sinalizadoras intracelulares,
transcrição de genes geradores de ROS e ao aumento da expressão de citocinas
pró-inflamatórias (DAUER; PRZEDBORSKI, 2003). Semelhantemente ao modelo da
6-HODA, a infusão do lipopolissacarídeo na SNpc induz neurodegeneração
dopaminérgica semelhante a observada na DP (LIMA et al, 2006). Outro modelo é o
induzido pela rotenona, um inseticida de amplo espectro, o qual se acumula no
complexo mitocondrial e inibe a transferência de elétrons, acarretando também no
aumento de ROS no meio intracelular dos neurônios dopaminérgicos (CICCHETTI
et al, 2009; DAUER; PRZEDBORSKI, 2003).
O 1-metil-4-fenil-1,2,3,6-tetrahidropiridina (MPTP) é uma neurotoxina
lipossolúvel, fato que lhe confere grande capacidade de cruzar a barreira
hematoencefálica, que é capaz de produzir mudanças bioquímicas e
neuropatológicas muito semelhantes à que ocorre na DP (DAUER; PRZEDBORSKI,
2003). Devido a essas similaridades bioquímicas e histológicas o modelo do MPTP
tem sido muito importante para a compreensão da fisiopatologia da DP (DAUER;
PRZEDBORSKI, 2003).
Uma vez no encéfalo, seja por administração parenteral ou infusão direta na
SNpc, o MPTP é oxidado a 1-metil-4-fenil-2,3-dihidropiridinio (MPDP+) pela enzima
MAO-B presente nas células da glia. Então, esse intermediário é convertido a 1-
metil-4-piridínio (MPP+) (provavelmente por oxidação espontânea). Como a molécula
do MPP+ é polar, ela depende de carreadores de membrana plasmática para entrar
26
nas células. Além disso, o MPP+ é um substrato de alta afinidade para o DAT que ao
penetrar nos neurônios dopaminérgicos promove a saída da DA (DAUER;
PRZEDBORSKI, 2003). Dentro desses neurônios, o MPP+ se concentra no interior
das mitocôndrias bloqueando o complexo I da cadeia respiratória, interrompendo a
transferência de elétrons para a ubiquinona. Essa inibição promove o aumento de
ROS e diminui a síntese de adenosina trifosfato (ATP), portanto, comprometendo o
aporte energético da célula gerando morte celular (DAUER; PRZEDBORSKI, 2003)
(figura 4). Adicionalmente, o MPTP também é capaz de induzir a liberação de fatores
neuroinflamatórios e promover o aumento da atividade microglial na SNpc como
ocorre na DP (KHAN et al, 2013; KHAN et al, 2015).
Fig 4: Mecanismo de ação do MPTP. O MPTP é uma toxina lipossolúvel, capaz de cruzar a barreira hematoencefálica. Após sua administração parenteral ou infusão direta na SNpc, o MPTP é oxidado a 1-metil-4-fenil-2,3-diidropiridina (MPDP+) pela enzima MAO-B presente nas células da glia, e esse intermediário é convertido a MPP+, provavelmente por oxidação espontânea. O MPP+ é um substrato de alta afinidade para o transportador de dopamina (DAT) dos neurônios dopaminérgicos da via nigroestriatal. Dentro dos neurônios, o MPP+ se acumula no interior da membrana mitocondrial, inibindo o complexo I da cadeia transportadora de elétrons e induzindo a morte por apoptose. VILA; PRZEDORSKI (2003).
Estudos básicos utilizando esses modelos animais de DP têm corroborado
com os achados clínicos, revelando que, atrelado ao comprometimento motor,
ocorre também comprometimento do aprendizado, da memória de reconhecimento
de objetos, memória de referência e MT (DEGUIL et al, 2010; MORIGUCHI;
YABUKI; FUKUNAGA, 2012; PREDIGER et al, 2010).
27
Moriguchi, Yabuki e Fukunaga (2012), utilizando a administração via
intraperitoneal (i.p.) de MPTP por cinco dias consecutivos, numa dose de 25 mg/Kg
em camundongos C57BL/6, mostraram que os animais tratados com MPTP tiveram
comprometimento do equilibrio e da coordenação motora nos testes de rota-rod e
beam-walking a partir da primeira semana após a última administração da droga.
Adicionalmente, a partir da terceira semana pós tratamento, esses animais
apresentaram um acentuado déficit no reconhecimento de objetos e
comprometimento da potencialização de longo prazo (LTP) induzida na área CA1
do hipocampo. O grupo também relacionou esses achados a reduções significativas
da proteina cinase 2 dependente de calcio-calmodulina e do nível de fosforilação das
subunidades R1 dos receptores glutamatérgicos do tipo NMDA no estriado, área
CA1 e CA3 do hipocampo e giro denteado (MORIGUCHI; YABUKI; FUKUNAGA,
2012).
Prediger et al (2010) validaram um modelo de DP o qual utiliza uma única
infusão intranasal de MPTP na mesma linhagem de camundongos citada acima. O
estudo revelou que os animais expostos ao MPTP tiveram comprometimento do
reconhecimento social, MT no labirinto aquático de Morris e do componente de curto
prazo relacionado à memórias aversivas utilizando o step-down, um protocolo de
esquiva ativa. Associado a esses resultados observou-se acentuada redução dos
níveis de DA e noradrenalina (NA), respectivamente, no CPF e hipocampo. Além
disso, existe a evidência de que ocorra um desequilíbrio na expressão de fatores
pró-apoptóticos e anti-apoptóticos nas regiões acima citadas e que isto também
estaria relacionado aos déficits de memória observados no labirinto aquático de
Morris (DEGUIL et al, 2010).
Esse conjunto de achados demonstra claramente que o efeito da depleção
dopaminérgica que ocorre na DP não influencia somente as funções dependentes
dos gânglios da base, como também naquelas dependentes do CPF, hipocampo e
amígdala (DEGUIL et al, 2010; MORIGUCHI; YABUKI; FUKUNAGA, 2012;
PFEIFFER et al, 2013; PREDIGER et al, 2010). Todavia, ainda não foi relatado
qualquer tipo de tratamento capaz de prevenir, frear e/ou reverter as alterações
cognitivas observadas nas fases mais precoces da DP.
28
1.6. Tratamento da DP
O tratamento farmacológico da DP tem como base a reposição dos níveis de
DA que se encontram comprometidos devido à neurodegeneração da SNpc. A
terapia que é mais efetiva nas fases precoces da doença se dá pelo uso do
precursor dopaminérgico 3,4-dihidroxifenilalanina (L-DOPA) que é a droga mais
utilizada e efetiva para tratar a bradicinesia e rigidez muscular (RAJPUT, 2001;
SCHAPIRA et al, 2006). O uso crônico da L-DOPA, em pacientes em estágios mais
avançados gera o desenvolvimento de resistência à terapia, possivelmente pelo
baixo número de neurônios viáveis capazes de metabolizar a L-DOPA a DA
(BENBIR et al, 2006). Adicionalmente, outra característica do uso crônico da L-
DOPA é a ocorrência de variações motoras do tipo “on-off ”, que são flutuações do
estado clínico no qual hipocinesia e a rigidez muscular podem se exacerbar em
questão de minutos (LUNDBLAD et al, 2004). Além da L-DOPA, são também
utilizados agonistas dopaminérgicos que atuam diretamente nos receptores de
dopamina. Contudo, como a L-DOPA, estes medicamentos não previnem o avanço
da doença e agem somente sobre os sintomas motores, não sendo efetivos na
melhora dos aspectos cognitivos (YABUKI et al, 2014).
Diante dessas complicações, tem surgido a proposta de novas estratégias
terapêuticas com o objetivo de não somente reverter o quadro motor do paciente,
mas também prevenir o desenvolvimento da DP e tratar os sintomas mais precoces
da doença como, por exemplo, o déficit cognitivo (NITHIANANTHARAJAH;
HANNAN, 2006; PANG; HANNAN, 2013; SCHAPIRA et al, 2006).
Estudos epidemiológicos pontuam a existência de uma correlação entre o uso
de anti-inflamatórios e redução da incidência de casos de doenças
neurodegenerativas tais como a DP (GAO et al, 2003; MCGEER; MCGEER, 2001).
Anti-inflamatórios esteroidais (AIEs), mostram ser capazes de inibir
parcialmente a reação de células da micróglia, acarretando numa diminuição da
produção de citocinas pró-inflamatórias, fato que resulta numa atenuação da lesão
induzida por MPTP em ratos (KURKOWSKA-JASTRZEBSKA et al, 1999).
Semelhantemente, os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) previnem de modo
eficaz a depleção dopaminérgica induzida por MPTP em camundongos (SAIRAM et
al, 2003; TEISMANN; FERGER, 2001; TEISMANN et al, 2003).
29
Adicionalmente, um grande número de terapias não farmacológicas têm
emergido nas ultimas décadas com resultados promissores para o tratamento da DP
(BOGGIO et al, 2006; DUCAN; EARHART, 2012; FREGNI et al, 2004;
NITHIANANTHARAJAH; HANNAN, 2006; PANG; HANNAN, 2013). Por exemplo, a
estimulação transcraniana magnética (TMS) e a estimulação transcraniana por
corrente contínua de baixa intensidade (tDCS), quando aplicadas repetidas vezes
sobre o córtex pré-frontal dorso lateral esquerdo, se mostraram eficazes na
recuperação motora e cognitiva de pacientes com DP e depressão associada
(BOGGIO PS et al, 2006; FREGNI et al, 2004).
Ducan e Earhart (2012), utilizando outra ferramenta não farmacológica num
estudo clínico, relataram melhora motora em pacientes idosos com DP que iniciaram
a prática de Tango. Esse achado reforça a ideia de que o exercício físico voluntário
pode proteger e até reverter alguns sintomas característicos da DP (FREDRIKSSON
et al, 2011; GERECKE et al, 2010).
Além disso, estudos envolvendo a manipulação de fatores ambientais por
meio do paradigma do ambiente enriquecido (AE), principalmente na neurociência
básica, têm reforçado a ideia de mens sana in corpore sano (mente sã, corpo são)
como alternativa para terapia não farmacológica para DP e outras doenças
neurodegenerativas. A identificação e a melhor compreensão dos principais
mecanismos e alvos relacionados à influência ambiental pode fornecer as bases
para o desenvolvimento racional de fármacos genericamente chamados de
“ambientomnemônicos” e a prática de atividades físicas, sociais e culturais como
forma de prevenção da DP e de outras doenças neurodegenerativas
(NITHIANANTHARAJAH; HANNAN, 2006; PANG; HANNAN, 2013).
1.7. Enriquecimento ambiental
Para o ser humano, o ambiente é considerado como todo o contexto à sua
volta, o qual envolve os relacionamentos familiares, amizades, lazer, condição
socioeconômica, moradia, entre outros. Esse ambiente pode ter grandes influências,
tanto positivas quanto negativas sobre o desenvolvimento cerebral e,
consequentemente, sobre diversos aspectos comportamentais relacionados ao
indivíduo (SOLINAS et al, 2010).
Nesse contexto, o AE estaria atrelado aos fatores ambientais positivos, como
condições socioeconômicas favoráveis, bons relacionamentos, educação adequada,
30
prática de atividades esportivas e culturais. Contrariamente, condições
socioeconômicas desfavoráveis, déficit educacional, estresse e relacionamentos
conturbados, pouca ou nenhuma prática de atividades esportivas e culturais estão
relacionados a um ambiente empobrecido, que pode facilitar o desenvolvimento de
diversas doenças neurodegenerativas (NITHIANANTHARAJAH; HANNAN, 2006).
No âmbito da neurociência básica, o AE é um paradigma no qual animais são
expostos a um ambiente que fornece uma variedade de estímulos sensoriais,
motores e cognitivos (NITHIANANTHARAJAH; HANNAN, 2006; PANG; HANNAN
2013) (figura 5). Esse paradigma foi descrito pela primeira vez por Donald Olding
Hebb, quando este relatou melhora comportamental dos ratos que eram criados
livremente em sua casa, em relação aos mantidos em gaiolas convencionais (HEBB,
1947).
Inúmeros trabalhos vêm sendo publicados relatando os benefícios desse
paradigma sobre o comportamento de animais (NITHIANANTHARAJAH; HANNAN,
2006; PANG; HANNAN 2013). Apesar dos protocolos variarem muito entre si, o AE é
geralmente composto de gaiolas maiores, com vários objetos como escadas, túneis,
gangorras, esconderijos, e uma roda de correr (NITHIANANTHARAJAH; HANNAN,
2006). Esse ambiente oferece diferentes oportunidades de estímulos visuais,
somatossensoriais, olfativos, motores e cognitivos com maior probabilidade de
interação social, exploração do ambiente, e os benefícios da atividade física
voluntária (PANG; HANNAN, 2013). Além disso, a localização e os tipos de objetos
são atualizados constantemente, o que facilita a aprendizagem espacial dos animais
por meio da criação de novos mapas espaciais (NITHIANANTHARAJAH; HANNAN,
2006; PANG; HANNAN, 2013; VAN PRAAG et al, 2000).
Uma série de estudos relata que a exposição a um AE promove benefícios
fisiológicos, morfológicos e moleculares que incluem aumento da arborização
dendrítica, gliogênese, neurogênese e modificações na expressão de genes ligados
à plasticidade neuronal (BIRCH. MACGARRY; KELLY, 2013; LEGER et al, 2014;
LLORENS-MARTÍN et al, 2010; NITHIANANTHARAJAH; HANNAN, 2006; ROSSI et
al, 2006; PANG; HANNAN, 2013; YANG et al, 2015;). Por isso, a exposição a um AE
facilita processos de aprendizagem e memória, atenua os efeitos do estresse, da
ansiedade e da depressão e previne o desenvolvimento de doenças
neurodegenerativas (BENAROYA-MILSHTEIN et al, 2004; BRENES;
FONARGUERA, 2008; FOX et al, 2006; HUTCHINSON et al, 2012;
31
NITHIANANTHARAJAH; HANNAN, 2006; VAN PRAAG et al, 2000; YANG et al,
2015; WILL et al, 2004).
Fig 5: Representação esquemática da exposição a um AE e das áreas que sofrem influência
pela exposição. NITHIANANTHARAJAH; HANNAN, 2006.
1.8. Enriquecimento ambiental e doenças
neurodegenerativas
A doença de Huntington (DH) é uma doença devastadora caracterizada pela
neurodegeneração do córtex cerebral e do núcleo estriado, que desencadeia
disfunções motoras, cognitivas e psiquiátricas debilitantes para o indivíduo
(NITHIANANTHARAJAH; HANNAN, 2006). Van Dellen et al (2000) e
Nithianantharajah et al (2008) mostraram que a exposição a um AE é capaz de
retardar o início do comprometimento motor, diminuir a magnitude deste e reverter o
déficit cognitivo em um modelo animal de DH. Adicionalmente a esses efeitos, tem
sido relatado aumento da expressão do fator neurotrófico derivado do cérebro
(BDNF), diminuição da perda de volume cortical e estriatal, aumento da expressão
de receptores CB1 do sistema endocanabinóide (CB1R) e neurogênese
(NITHIANANTHARAJAH et al, 2006).
A doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que compromete
principalmente o neocórtex e hipocampo e evolve o desenvolvimento de demência.
A doença é caracterizada pela presença de placas senis e pelos emaranhados
neurofibrilares (NFTs) (NITHIANANTHARAJAH; HANNAN, 2006). Cracchiolo et al.
(2007), utilizando camundongos transgênicos APPsw/PS1, mostraram que os
déficits de aprendizagem no labirinto radial aquático e no reconhecimento de objetos
32
foram revertidos como consequência da exposição a um AE. Além disso, esses
efeitos cognitivos foram relacionados com acentuada redução da deposição dos
agregados da proteína β-amilóide no hipocampo (CRACCHIOLO et al, 2007).
No que tange a DP, apesar do número limitado de trabalhos, têm se
demonstrado o grande potencial neuroprotetor da exposição a um AE sobre os
aspectos motores e/ou morfológicos (BEZARD el al, 2003; DUNNETT et al, 2004;
FAHERTY et al, 2005). Bezard et al. (2003), utilizando um modelo de administração
aguda de MPTP, demonstraram que a exposição a um AE é capaz de prevenir a
perda de neurônios dopaminérgicos na SNpc e que este efeito está relacionado à
diminuição do nível e da expressão do transportador do DAT no estriado.
Todavia, nenhum trabalho teve seu foco centrado nos efeitos neuroprotetores
promovidos pela exposição a um AE relacionado às alterações cognitivas presentes
na DP.
33
2. Justificativa
Diante da contextualização exposta, considerou-se:
I. A comprovada relação entre o declínio e as alterações cognitivas no curso do
desenvolvimento da DP;
II. A limitação do tratamento farmacológico e a busca por novas estratégias
terapêuticas com o objetivo de prevenir e tratar os sintomas cognitivos e
motores da DP;
III. O potencial que a exposição a um AE tem mostrado sobre diversos aspectos
motores e cognitivos;
IV. O potencial neuroprotetor que a exposição a um AE tem exibido frente a
inúmeras doenças neurodegenerativas;
V. A carência de dados que relacionam a influência da exposição a um AE frente
aos sintomas cognitivos da DP.
Por conseguinte, a investigação dos efeitos da exposição a um AE sobre os
aspectos motores, cognitivos, bioquímicos e moleculares da DP é vital para a
identificação e a melhor compreensão dos principais mecanismos e correlatos
subjacentes à neuroproteção induzida pelo AE. Adicionalmente, o estudo objetiva
contribuir com as bases para desenvolvimento racional de fármacos genericamente
chamados de “ambientomnemônicos” e sustentar evidências sólidas que justifiquem
a prática de atividades físicas, sociais e culturais como forma de prevenção da DP.
34
3. Objetivos
3.1. Objetivo geral
Investigar e avaliar se a exposição a um ambiente enriquecido é capaz de
prevenir as alterações motoras, cognitivas, bioquímicas e moleculares induzidas
pela neurotoxina parkinsoniana MPTP em camundongos C57Bl/6.
3.2. Objetivos específicos
Em animais tratados ou não com MPTP e expostos ou não ao ambiente
enriquecido, avaliou-se:
A força de agarre por meio do grip test e a atividade locomotora em campo
aberto;
A aprendizagem, a memória de referência e memória de trabalho ou
operacional espacial por meio do labirinto aquático de Morris;
O nível do neurotransmissor DA e seus metabólitos no estriado;
O perfil de expressão gênica dos sistemas dopaminérgico e colinérgico na
região mesencefálica e córtex.
35
4. Materiais e métodos
4.1. Animais
Foram utilizados 28 camundongos machos da linhagem C57Bl/6, com 8 a 9
semanas de idade, provenientes do Biotério do Laboratório de Neurobiologia
Molecular e Comportamental (LNMC) da Universidade Federal do Espírito Santo
(UFES). Os animais foram mantidos em gaiolas de polipropileno, com assoalho
coberto por serragem em ambiente climatizado (22° C ± 2), num ciclo claro-escuro
artificial de 12 h, com água e ração comercial ad libitum.
Neste estudo foram respeitados os princípios éticos do Colégio Brasileiro de
Experimentação Animal (COBEA, www.cobea.org.br), que está em conformidade
com normas internacionais de pesquisa envolvendo animais. Os procedimentos
experimentais foram aprovados pelo Comitê de Ética em Uso de Animais (CEUA) da
Universidade Federal do Espírito Santo (protocolo número 001/2011)
4.2. Delineamento Experimental
O delineamento desse estudo foi de amostras independentes para o tipo de
ambiente e para o tratamento com MPTP. Os 28 animais foram aleatoriamente
distribuídos em quatro grupos, a saber:
Ambiente padrão – Salina (APS) (n=7): Os animais, após o desmame,
foram mantidos em gaiolas padrão por 60 dias. No 41º dia foi iniciado o
regime de uma administração diária via i.p. de salina durante cinco dias
consecutivos e, então, seguido para o repouso e demais testes.
Ambiente enriquecido – Salina (AES) (n=7): Os animais, após os
desmame, foram mantidos em gaiolas com enriquecimento de ambiente por
60 dias. No 41º dia foi iniciado o regime de uma administração diária via i.p.
de salina durante cinco dias consecutivos e, então, seguido para o repouso e
demais testes.
Ambiente padrão – MPTP (APM) (n=7): Os animais, após o desmame,
foram mantidos em gaiolas padrão por 60 dias. No 41º dia foi iniciado o
36
regime de uma administração diária via i.p. de MPTP (25 mg/Kg) durante
cinco dias consecutivos e, então, seguido para o repouso e demais testes.
Ambiente enriquecido – MPTP (AEM) (n=7): Os animais, após os
desmame, foram mantidos em gaiolas com enriquecimento de ambiente por
60 dias. No 41º dia foi iniciado o regime de uma administração diária via i.p.
de MPTP (25 mg/Kg) durante cinco dias consecutivos e, então, seguido para
o repouso e demais testes.
A Figura 6 representa o delineamento experimental e os grupos do estudo.
Fig 6: Representação esquemática do delineamento experimental (AP para ambiente padrão, AE para ambiente enriquecido, grip: para o teste de força de agarre, atividade para atividade locomotora, ref para as sessões de memória de referência, PROBE para teste comprobatório de aprendizagem e MT para sessões de memória de trabalho). Juntamente, a representação dos grupos APS (ambiente padrão salina), AES (ambiente enriquecido salina), APM (ambiente padrão MPTP) e AEM (ambiente enriquecido MPTP).
4.3. A exposição a um AE
A exposição a um AE foi realizada com a manutenção dos animais em gaiolas
com dimensões de 60x50x22 cm nas quais foram adicionados de quatro a cinco
brinquedos diferentes entre si, uma roda giratória e uma casa em miniatura. Os
brinquedos foram trocados semanalmente por outros com cores, formas e material
diferente, porém, a roda giratória e a casa em miniatura foram mantidas
constantemente.
37
Fig 7: Representação esquemática do protocolo de exposição a um AE utilizado neste trabalho.
4.4. O modelo de DP
A partir do 41º dia, os animais foram submetidos à administração de MPTP
(Sigma-Aldrich, cat M0896), dissolvido em solução salina (NaCl 0,9%) na dose de 25
mg/kg uma vez ao dia por cinco dias consecutivos e aos animais controle foi
administrado salina. Esse tratamento causa perda seletiva de neurônios
dopaminérgicos na SNpc e redução da inervação dopaminérgica estriatal, e, por
isso, vem sendo utilizado como modelo experimental de neurodegeneração
dopaminérgica similar à que acomete pacientes parkinsonianos (MORIGUCHI;
YABUKI; FUKUNAGA, 2012).
4.5. Teste de força de agarre (Grip test)
Após 48 horas da última administração de MPTP, os animais foram
submetidos ao teste de força de agarre. Primeiramente eles foram habituados à sala
de experimentação 30 min antes do início do experimento. Para mensurar a força de
agarre, foi utilizado um suporte metálico acoplado a um transdutor de força o qual
era conectado a um computador que possuía o software WinDaQ DATAQ
Instruments ®, Inc. para os registros.
Durante o teste, o experimentador manteve o animal seguro pela cauda e o
permitiu agarrar o suporte com as patas dianteiras, mantendo o corpo sempre
paralelo em relação à superfície. Após manter o animal por dois segundos nessa
posição, o experimentador aumentou a força continuamente até que o animal
soltasse o suporte. O pico de força máxima foi registrado automaticamente no
momento em que o animal soltava o suporte e foi expresso em gramas força (gf).
38
Cinco testes foram realizados por animal num período máximo de 50 segundos e a
média destes foram utilizadas nas análises.
Fig 8: Representação do teste de força de agarre (Grip test). http://depts.washington.edu/compmed/ivs/images/GripStrength_large.jpg.
4.6. Atividade locomotora em campo aberto
Decorrido o intervalo de três horas da realização do teste de força de agarre,
foi realizada a avaliação da atividade locomotora dos animais na caixa monitora de
atividades EP 149 Insight ®. Os camundongos foram habituados à sala de
experimentação por 30 min e, então, introduzidos na caixa e permitidos explorar o
ambiente livremente por cinco minutos. Toda a atividade locomotora foi monitorada e
os resultados obtidos foram expressos em distância total percorrida em centímetros
por intervalo de minuto, e como distância total percorrida em metros por intervalo de
hora.
Fig 9: Caixa monitora de atividades utilizada para o teste de atividade locomotora. http://insightltda.com.br/insight-equipamento-cientifico-261-Monitor-de-Atividades---IR
4.7. Memória de referência no labirinto aquático de Morris
O labirinto aquático de Morris consiste em uma piscina circular de 66 cm de
diâmetro por 50 cm de altura de cor azul, dividida em quatro quadrantes imaginários
preenchida com água e leite (para tornar a água turva e assim impedir a visualização
da plataforma pelo animal). Pistas espaciais foram localizadas na parede da sala
39
para auxiliar na orientação espacial do animal. Em um dos quadrantes, foi alocada
uma plataforma fixa submersa a 0,75 cm da superfície da água. A piscina foi
marcada com os quatro pontos cardinais equidistantes e a plataforma posicionada
no quadrante norte.
O treinamento consistiu de quatro sessões diárias, com quatro tentativas por
sessão (saindo dos quatro pontos cardinais). Em cada tentativa o animal foi
colocado na água com focinho voltado para a parede da piscina, e este foi permitido
nadar livremente por 60 segundos ou até que o mesmo encontrasse a plataforma de
escape. Se a plataforma não fosse encontrada em 60 segundos, o animal era
conduzido gentilmente até a plataforma e ali permanecia por 15 segundos. A
avaliação do desempenho dos animais foi pela latência (intervalo de tempo desde a
liberação do animal até o momento em que o mesmo encontra a plataforma) e pela
distância percorrida até encontrar a plataforma.
No quinto dia de experimento foi realizado o teste comprobatório (PROBE).
Nesse teste, a plataforma foi retirada e o tempo despendido e a distância percorrida
pelo animal em cada quadrante foi mensurado.
Após 24 horas do PROBE, os animais realizaram uma nova sessão de
memória de referência para manutenção da linha de base da tarefa (não extinção da
tarefa). A linha de base foi mantida os animais foram conduzidos aos testes de MT.
Fig 10: Representação esquemática do labirinto aquático de Morris. https://ffiproject.files.wordpress.com/2012/04/watermasetest.jpg.
4.8. Memória de trabalho no labirinto aquático de Morris
A memória operacional ou MT se refere à capacidade de um indivíduo manter
uma informação ativa ou online, e enquanto houver relevância dessa informação, ser
capaz de evocá-la e utilizá-la para programar respostas comportamentais
adequadas num contexto operacional. No âmbito da neurociência básica, a MT é
40
definida como a memória que capacita o animal a se localizar no espaço através da
evocação da informação acerca de um local onde este esteve anteriormente. É o
que chamamos de memória operacional espacial (D’EPOSITO, 2007; FUNAHASHI,
2006; GOLDMAN-RAKIC, 1995).
O protocolo de avaliação de MT foi semelhante ao citado acima. Contudo, a
cada sessão a plataforma foi, semi-randomicamente em ordem alfabética, como
mostrado na figura 8, alocada em um novo ponto do labirinto e os animais tiveram
cinco tentativas por sessão. Entre cada uma dessas cinco tentativas, ocorreu um
intervalo de um minuto para se avaliar a MT propriamente dita. A avaliação do
desempenho dos animais foi realizada pela latência (intervalo de tempo desde a
liberação do animal até o momento em que o mesmo encontra a plataforma) e
distância percorrida até achar a plataforma.
O critério de aprendizagem consistiu no encontro da plataforma num tempo
inferior a 30 segundos em no mínimo cinco sessões. Findada essa fase os animais
foram encaminhados para dissecação.
Todos os protocolos no labirinto aquático de Morris foram gravados e os
parâmetros citados acima foram analisados pelo software ANY-mazeTM 4.70 Stoelting
Co. ®.
Fig 11: Representação das posições da plataforma ao longo das sessões de MT. O retângulo com a letra “P” representa a posição da plataforma usada nas sessões de memória de referência, a qual não foi utilizada nas sessões de MT. A exclusão dessa posição objetivou eliminar os componentes da tarefa de memória de referência.
4.9. Dosagem de dopamina, DOPAC e HVA no estriado
Os animais foram eutanasiados por decapitação um dia após todos os testes
comportamentais, o cérebro removido e o estriado dissecado.
41
Os tecidos foram rapidamente pesados e mantidos a -80°C até serem
processados. Os estriados foram homogeneizados em solução gelada de ácido
perclórico 0,1 M; 0,1 mM EDTA e centrifugados a 10.000 xg por 10 min a 4°C. Os
sobrenadantes foram filtrados com filtro de poro 0.22 μm. Aproximadamente 20
microlitros foram quantificados por meio de cromatografia líquida de alta eficiência
(HPLC) equipado com uma coluna de fase reversa (Eclipse XDB – C18 Agilent, 4,6 x
250 mm, 5 μm) e detector eletroquímico (VT-03, Decode II Antec®) para quantificar
os níveis estriatais de DA, DOPAC e HVA.
Para quantificar a DA, foi utilizada fase móvel contendo 0,15 M de NaH2PO4,
1 mM de EDTA dissódico diidratado, 2,28 mM de ácido octanossulfônico de sódio e
13% (v/v) de metanol em água grau HPLC, com pH 5,25, com um fluxo de 0,7
mL/min (ZAPATA et al, 2009). Para quantificar DOPAC e HVA, a fase móvel
consistiu de 0,02 M de acetato de sódio, 0,0125 M ácido cítrico, 16% v/v de metanol,
0,033% p/v de ácido octanossulfônico e 0,1 mM EDTA, com pH 3,92. Todas as
soluções utilizadas no HPLC foram filtradas com membrana de 0,22 μm de
porosidade. As injeções das amostras foram feitas em triplicata, e as concentrações
do neurotransmissor e seus metabólitos foram expressos em % do controle (APS).
4.10. Expressão gênica no mesencéfalo e córtex pré-frontal
O mesencéfalo e córtex foram dissecados e armazenados como citado acima.
Os genes das proteínas da TH, DAT, D1R e D2R do sistema dopaminérgico e da
ChAT, AChE, α7NR do sistema colinérgico foram avaliados.
Os tecidos foram triturados em nitrogênio líquido e o ácido ribonucléico (RNA)
total extraído utilizando “TRI Reagent RNA Isolation Reagent” (Sigma-aldrich, St.
Louis, MO, USA) de acordo com as instruções do fabricante. Brevemente, os tecidos
foram solubilizados em trizol (1mL/100 mg de tecido) com o uso de um
homogeneizador elétrico por 30 segundos e o homogenato centrifugado a 12.000 xg
por 15 min a 4°C. Ao sobrenadante, foi adicionado clorofórmio (200 μL/100 mg
tecido), misturado por inversão por 15 segundos e incubado à temperatura ambiente
por cinco minutos. A mistura foi então centrifugada a 12.000xg por 20 min a 4°C e à
fase aquosa foi adicionado isopropanol (500 μL/100 mg tecido) para a precipitação
do RNA. Então esta seguiu para centrifugação 12.000 xg por 15 min e o precipitado
foi lavado com etanol 75% (1 mL/100 mg tecido) e centrifugado a 7500 xg por cinco
42
minutos. O RNA foi ressuspendido em 40 μL de água deionizada, previamente
tratada com dietilpirocarbonato.
A concentração e a qualidade do RNA extraído foram verificadas utilizando o
equipamento NanoDrop™ (ThermoScientific, Wilmington, USA) e por meio de
eletroforese em gel de poliacrilamida, respectivamente.
A síntese do ácido desoxirribonucléico complementar (cDNA) foi realizada
com o kit iScript cDNA Synthesis Kit (Biorad, CA, USA) usando o equipamento
S1000 Thermal Cycler (Biorad, CA, USA). As condições da reação foram as
seguintes: 25°C por 5 min, 42°C por 30 min, 85°C por 5 min.
As amostras de cDNA obtidas foram então submetidas à reação em cadeia da
polimerase (PCR) em tempo real utilizando o equipamento CFX96 Real Time PCR
(Biorad, CA, USA) e o kit iQ SYBR Green Supermix (Biorad, CA, USA).
Resumidamente, as reações foram preparadas em um volume total de 10 µL
contendo 5 µL de SYBR Green Supermix 2x, 3,5 µL de água purificada, 0,5 µL de
cada iniciador a 10µM e 0,5 µL de cDNA. 45 ciclos foram realizados após a
desnaturação inicial (95°C, dois minutos) de acordo com os seguintes parâmetros:
95°C (desnaturação) por 15s; 60°C (anelamento) por 30 s e 72°C (amplificação) por
30 s. A tabela 1 mostra as sequências iniciadoras utilizadas para avaliar o nível de
expressão gênica dos sistema dopaminérgico e colinérgico neste estudo.
Para garantir a qualidade da reação, as amostras foram preparadas em
triplicata, e para cada experimento incluiu-se uma reação sem molde como controle
negativo. Além disso, a ausência de contaminantes de DNA foi avaliada utilizando-
se amostras RT-negativas e pela análise da curva de melting dos produtos
amplificados, em que resfriou-se as amostras a 60ºC e, em seguida, aumentando-se
a temperatura para 95ºC a 0,1ºC/s. A especificidade das reações de PCR também
foi confirmada pela verificação dos amplicons em gel de acrilamida, além da curva
de melting. A quantificação relativa da expressão gênica foi realizada pelo método 2-
Ct utilizando o gene da β-actina para normalização dos dados.
43
Tabela 1: Iniciadores utilizados nas reações de qPCR
Gene Sequência 5’-3’
TH F: AAG ATC AAA CCT ACC AGC CG
R: TAC GGG TCA AAC TTC ACA GAG
DAT F: TGG CAC ATC TAT CCT CTT TGG
R: GAC CAC GAC CAC ATA CAG AAG D1R F: CCA AGA ACG TGA GGG CTA AG
R: TGA GGA TGC GAA AGG AGA AG
D2R F: GAG CCA ACC TGA AGA CAC C
R: TGA CAG CAT CTC CAT TTC CAG
ChAT F: CAA ATA AGT CAT AAA GGC AGA GGC
R: CTC AAG GAA GAC TGT GCT ATG G AChE F: GCG CCA CCG ATA CTC TGG ACG
R: GGG TCC CCC AAG GGG TCA CA M1R F: GGT TTC CTT CGT TCT CTG G
R: GAG GAA CTG GAT GTA GCA CTG α7NR F: AAA GAG CCA TAC CCA GAT GTC
R: ATG AGC AGA TTG AGG CCA TAG
Actina F: TGG AAT CCT GTG GCA TCC ATG A
R: AAT GCC TGG GTA CAT GGT GGT A
4.11. Análises estatísticas
Para o teste de força de agarre, atividade locomotora, concentração de DA e
seus metabólitos, metabolismo da DA, expressão gênica, índice de extinção,
distância no PROBE, sessões para critério e soma das primeiras e ultimas tentativas
nas sessões de memória de referência empregou-se a análise de variância
(ANOVA) de uma via seguida do teste de Newnan-Keuls para comparações
múltiplas.
Para os testes de memória de referência, memória de trabalho, PROBE e 4º e
5º(pós PROBE) sessão de memória de referência foi empregada ANOVA de duas
vias para medidas repetidas seguida do teste de Bonferroni para comparações
múltiplas e teste t de Student quando aplicável. Para todas as análises foi
empregado um nível de significância para p < 0.05.
Foi utilizado o software GraphPad Prism versão 5.0 para as análises
estatísticas e confecção dos gráficos
44
5. Resultados
5.1. Parâmetros motores
5.1.1. Teste de força de agarre (Grip test)
A ANOVA de uma via, como mostrado na figura 12, revelou diferenças
significativas entre os grupos APS, AES, APM e AEM [F(3,23) = 11,61; p<0,0001]. O
teste de Newman-Keuls mostrou que a exposição a um AE por si só gerou aumento
na força de agarre significativo do grupo AES em relação ao grupo APS (**p<0,01),
e, além disso, o tratamento com MPTP acarretou déficit de força significativo no
grupo APM em relação ao grupo APS (*p<0,05). Como evidencia a diferença
significativa entre os grupos APM e AEM (*p<0,05) e a ausência de diferença entre
os grupos APS e AEM, sugere-se que o déficit de força gerado pelo MPTP tenha
sido prevenido pela exposição a um AE. Também observamos diferenças
significativas entre os grupos AES e APM (***p<0,001) e AES e AEM (*p<0,05).
APS(n
=7)
AES(n
=7)
APM
(n=7
)
AEM
(n=6
)
0
50
100
150**
*
Teste de força de agarre
****
*
Fo
rça m
áxim
a (
gF
)
Fig 12: Grip test. Média ± erro padrão. Ambiente padrão salina (APS) (n=7), ambiente
enriquecido salina (AES) (n=7), ambiente padrão MPTP (APM) (n=7) e ambiente enriquecido
MPTP (AEM) (n=6). *p<0,05, **p<0,01 e *** p<0,0001. [F(3,23) = 11,61; p<0,0001].
5.1.2. Atividade locomotora no campo aberto
A ANOVA de uma via, como mostrado na figura 13 revelou diferenças
significativas entre os grupos APS, AES, APM e AEM [F(3,23) = 7,375; p=0,0012]. O
teste de Newman-Keuls mostrou que a exposição a um AE por si só não teve
qualquer influência na atividade locomotora entre os animais dos grupos APS e
45
AES. Intrigantemente, o tratamento com MPTP promoveu hiperlocomoção
significativa no grupo APM em relação ao grupo APS (**p<0,01) e AES (**p<0,01).
Como evidencia a diferença significativa entre os grupos APM e AEM (**p<0,01) e a
ausência de diferença entre os grupos APS e AEM, sugere-se que a
hiperlocomoçãoinduzida pelo MPTP tenha sido prevenida pela exposição a um AE.
APS(n
=7)
AES(n
=7)
APM
(n=7)
AEM
(n=6)
0
10
20
30
**
Atividade locomotora
****
Dis
tân
cia
(m
)
Fig 13: Atividade locomotora no campo aberto. Média ± erro padrão. Ambiente padrão salina
(APS) (n=7), ambiente enriquecido salina (AES) (n=7), ambiente padrão MPTP (APM) (n=7)
e ambiente enriquecido MPTP (AEM) (n=6). **p<0,01. [F(3,23) = 7,375; p=0,0012].
5.1.3. Dosagem de dopamina, DOPAC e HVA no estriado
A ANOVA de uma via, como mostrado na figura 14, revelou diferenças
significativas entre os grupos APS, AES, APM e AEM para os níveis estriatais de DA
[F(3,22) = 27,85; p<0,0001], DOPAC [F(3,22) = 11,04; p<0,0001] e HVA [F(3,22) =
4,681; p=0,0112]. O teste de Newman-Keuls mostrou que a exposição a um AE por
si só não teve qualquer influência sobre os níveis de DA, DOPAC e HVA entre os
animais dos grupos APS e AES. Como esperado, o tratamento com MPTP
promoveu depleção significativa dos níveis de DA, DOPAC e HVA nos animais do
grupo APM em relação ao grupo APS (***p<0,001), (***p<0,001) e (*p<0,05),
respectivamente, e também em relação ao grupo AES (***p<0,001), (***p<0,001) e
(**p<0,01). Como evidencia a figura 14 e a diferença significativa entre os grupos
APS e AEM (***p<0,001), a exposição a um AE não preveniu a depleção de DA
induzida pelo MPTP. O fato de ter sido revelado diferenças significativas para o
DOPAC entre os animais dos grupos AEM em relação ao grupo APS (*p<0,05) e
entre os animais dos grupos APM e AEM (*p<0.05) sugere que a exposição a um AE
seja capaz de retardar a depleção deste metabólito induzida pela toxina.
46
Interessantemente para os níveis de HVA, como demonstra a diferença entre os
animais dos grupos APM e AEM (*p<0.05) e a ausência de diferença entre os
animais do grupo APS e AEM, sugere-se que a exposição a um AE seja capaz
prevenir a depleção deste metabólito induzida pelo MPTP.
APS
(n=6
)
AES
(n=7
)
APM
(n=7
)
AEM
(n=6
)
0
50
100
150
200
% d
e A
PS
(ng
DA
/mg
Ptn
)
Concentração relativa de DA
******
******
APS(n
=6)
AES(n
=7)
APM
(n=7
)
AEM
(n=6
)
0
50
100
150
200
% d
e A
PS
(ng
DO
PA
C/m
gP
tn)
*
Concentração relativa de DOPAC
***
*
***
*
APS
(n=6
)
AES
(n=7
)
APM
(n=7
)
AEM
(n=6
)
0
50
100
150
200
% d
e A
PS
(ng
HV
A/m
gP
tn)
*
Concentração relativa de HVA
***
Fig 14: Dosagens de dopamina, DOPAC e HVA no estriado. Média ± erro padrão. Ambiente
padrão salina (APS) (n=7), ambiente enriquecido salina (AES) (n=7), ambiente padrão
MPTP (APM) (n=7) e ambiente enriquecido MPTP (AEM) (n=6). *p<0,05, ** p<0,01 e
***p<0,001 DA: [F(3,22) = 27,85; p<0,0001], DOPAC: [F(3,22) = 11,04; p<0,0001] e HVA:
[F(3,22) = 4,681; p=0,0112].
Adicionalmente, como mostra a figura 15, a ANOVA de uma via revelou
diferenças significativas entre os grupos APS, AES, APM e AEM para o metabolismo
relativo ou turnover de DA, DOPAC/DA [F(3,22) = 3,242; p=0,0415] e DOPAC +
HVA/DA [F(3,22) = 3,183; p=0,0439] e tendência para HVA/DA [F(3,22) = 2,712;
p=0,0696], contudo, o teste de Newman-Keuls não foi capaz de pontuar entre quais
grupos estão tais diferenças.
47
APS
(n=6
)
AES
(n=7
)
APM
(n=7
)
AEM
(n=6
)
0
100
200
300%
de A
PS
(ng
DO
PA
C/D
A/m
gP
tn)
Metabolismo - DOPAC/DA
APS
(n=6
)
AES
(n=7
)
APM
(n=7
)
AEM
(n=6
)
0
100
200
300
% d
e A
PS
(ng
HV
A/D
A/m
gP
tn)
Metabolismo - HVA/DA
APS(n
=6)
AES(n
=7)
APM
(n=7)
AEM
(n=6)
0
100
200
300
% d
e A
PS
(ng
DO
PA
C+
HV
A/D
A/m
gP
tn)
Metabolismo - DOPAC+HVA/DA
Fig 15: Metabolismo relativo (turnover) de DA, DOPAC/DA, HVA/DA e DOPAC + HVA/DA no
estriado. Média ± erro padrão. Ambiente padrão salina (APS) (n=7), ambiente enriquecido
salina (AES) (n=7), ambiente padrão MPTP (APM) (n=7) e ambiente enriquecido MPTP
(AEM) (n=6). DOPAC/DA: [F(3,22) = 3,242; p=0,0415] HVA/DA: [F(3,22) = 2,712; p=0,0696]
e DOPAC + HVA/DA [F(3,22) = 3,183; p=0,0439].
5.1.4. Expressão gênica do sistema dopaminérgico no
mesencéfalo
A ANOVA de uma via, como mostrado na figura 16, não revelou diferenças
significativas entre os grupos APS, AES, APM e AEM para a expressão gênica da
TH, DAT e para os receptores D1R e D2R na região mesencefálica.
APS(n
=5)
AES(n
=5)
APM
(n=7)
AEM
(n=4)
0
50
100
150
200
250
Expressão mesencefálica de TH
Exp
ress
ão d
e m
RN
A
(% d
e A
PS
)
APS(n
=5)
AES(n
=5)
APM
(n=7)
AEM
(n=4)
0
50
100
150
200
250
Expressão mesencefálica de DAT
Exp
ressão
de m
RN
A
(% d
e A
PS
)
48
APS(n
=5)
AES(n
=5)
APM
(n=7)
AEM
(n=4)
0
50
100
150
200
250
Expressão mesencefálica de D1R
Exp
ress
ão d
e m
RN
A
(% d
e A
PS
)
APS
(n=5
)
AES
(n=5
)
APM
(n=7
)
AEM
(n=4
)
0
50
100
150
200
250
Expressão mesencefálica de D2R
Exp
ressão
de m
RN
A
(% d
e A
PS
)
Fig 16: Expressão gênica da TH, DAT e dos receptores D1R e D2R na região
mesencefálica. Média ± erro padrão. Ambiente padrão salina (APS) (n=5), ambiente
enriquecido salina (AES) (n=5), ambiente padrão MPTP (APM) (n=7) e ambiente enriquecido
MPTP (AEM) (n=4). Nenhuma diferença foi revelada entre os grupos.
5.1.5. Expressão gênica do sistema colinérgico no
mesencéfalo
A ANOVA de uma via, como mostrado na figura 17, revelou diferenças
significativas entre os grupos APS, AES, APM e AEM para a expressão gênica da
ChAT [F(3,17) = 4,275; p=0,0202], AChE [F(3,17) = 3,600; p=0,0353], relação de
expressão gênica ChAT/AChE [F(3,17) = 5,336; p<0,01] e M1R [F(3,17) = 5,991;
p=0,0056] na região mesencefálica. O teste de Newman-Keuls mostrou que a
exposição a um AE por si só não teve qualquer influência sobre a expressão gênica
colinérgica da região mesencefálica. O tratamento com MPTP, por sua vez,
promoveu diminuição significativa da expressão gênica da ChAT no grupo APM em
relação ao grupo APS (*p<0,05). Embora exista uma tendência de diminuição da
expressão gênica da ChAT no grupo AEM em relação ao grupo APS, a ausência de
diferença significativa entre estes grupos sugere que o AE atenuou a diminuição da
expressão gênica da ChAT. O teste de Newman-Keuls ainda revelou aumento
significativo da expressão gênica da AChE nos animais dos grupos APM e AEM em
relação ao grupo APS (*p<0,05) e (*p<0,05), respectivamente. Considerando esses
resultados e como demonstra a relação de expressão gênica ChAT/AChE, o MPTP
induziu o aumento da expressão de AChE em relação a ChAT, que não foi
prevenido pela exposição a um AE, como evidencia as diferenças entre os animais
dos grupos APS e APM (*p<0.05) e APS e AEM (**p<0,01).
Adicionalmente, o teste de Newman-Keuls mostrou que o tratamento com
MPTP promoveu aumento significativo da expressão gênica do M1R no grupo APM
em relação ao grupo APS (*p<0,05) e em relação ao grupo AES (*p<0,05) na região
49
mesencefálica. Como mostra a diferença significativa entre os grupos APM e AEM
(**p<0.01) e a ausência de diferença significativa entre os grupos APS e AEM,
sugere-se que o aumento da expressão do M1R induzido pelo MPTP tenha sido
prevenido pela exposição a um AE. Interessantemente, nenhuma diferença
significativa entre os grupos foi verificada para a expressão gênica de α7NR nessa
região.
APS(n
=5)
AES(n
=5)
APM
(n=7
)
AEM
(n=4
)
0
50
100
150
200
250
*
Expressão mesencefálica de ChAT
Exp
ressão
de m
RN
A
(% d
e A
PS
)
APS(n
=5)
AES(n
=5)
APM
(n=7
)
AEM
(n=4
)
0
50
100
150
200
250
Expressão mesencefálica de AchE
*
*
Exp
ressão
de m
RN
A
(% d
e A
PS
)
APS
(n=5
)
AES
(n=5
)
APM
(n=7
)
AEM
(n=4
)
0.0
0.5
1.0
1.5
***
Expressão relativa ChAT/AChE
Exp
ressão
de m
RN
A
(% d
e A
PS
)
APS(n
=5)
AES(n
=5)
APM
(n=7
)
AEM
(n=4
)
0
50
100
150
200
250
*
Expressão mesencefálica de M1R
***
Exp
ressão
de m
RN
A
(% d
e A
PS
)
APS(n
=5)
AES(n
=5)
APM
(n=7
)
AEM
(n=4
)
0
50
100
150
200
250
Expressão mesencefálica de 7NR
Exp
ressão
de m
RN
A
(% d
e A
PS
)
Fig 17: Expressão gênica da ChAT, AChE, relação de expressão gênica ChAT/AChE e dos
M1R e α7NR na região mesencefálica. Média ± erro padrão. Ambiente padrão salina (APS)
50
(n=5), ambiente enriquecido salina (AES) (n=5), ambiente padrão MPTP (APM) (n=7) e
ambiente enriquecido MPTP (AEM) (n=4). *p<0,05 e **p<0,01. ChAT [F(3,17) = 4,275;
p=0,0202], AChE [F(3,17) = 3,600; p=0,0353], ChAT/AChE [F(3,17) = 5,336; p<0,01] e M1R
[F(3,17) = 5,991; p=0,0056].
5.2. Parâmetros cognitivos
5.2.1. Memória de referência
A ANOVA de duas vias, como mostrado na figura 18, revelou diminuição significativa
tanto para latência [F(3,69) = 29,89; ###p<0,0001] quanto para a distância
percorrida [F(3,69) = 33,85; ###p<0,0001] no decorrer das sessões nos grupos APS,
AES, APM e AEM para o fator tempo. Para o fator tratamento, nenhuma diferença
significativa foi observada entre os animais dos grupos APS, AES, APM e AEM tanto
para latência quanto para distância percorrida.
SESSÃO 1
SESSÃO 2
SESSÃO 3
SESSÃO 4
0
10
20
30
40
50APS(n=7)
AES(n=7)
APM(n=7)
AEM(n=6)
# # #
Memória de referência - Latência
Latê
ncia
(s)
SESSÃO 1
SESSÃO 2
SESSÃO 3
SESSÃO 4
0
2
4
6APS(n=7)
AES(n=7)
APM(n=7)
AEM(n=6)
# # #
Memória de referência - Distância
Dis
tân
cia
(m
)
Fig 18: Latência e distância percorrida no labirinto aquático de Morris para memória de referência. Média ± erro padrão. Ambiente padrão salina (APS) (n=7), ambiente enriquecido salina (AES) (n=7), ambiente padrão MPTP (APM) (n=7) e ambiente enriquecido MPTP (AEM) (n=6). Fator tempo para latência [F(3,69) = 29,89; ###p<0,0001] e fator tempo para distância percorrida [F(3,69) = 33,85; ###p<0,0001].
O teste t de Student, como mostrado na figura 19, revelou diferenças
significativas entre o tempo de permanência no quadrante alvo e oposto no PROBE
para os grupos APS [t(6) = 16,68; ***p<0,001], AES [t(6) = 10,62; ***p<0,001], APM
[t(6) = 12,37; ***p<0,001] e AEM [t(5) = 4,84; ***p<0,001] demonstrando que os
51
animais dos grupos citados aprenderam satisfatoriamente a tarefa no labirinto
aquático de Morris.
A ANOVA de duas vias, como mostrado na mesma figura, revelou diferenças
significativas apenas entre o tempo de permanência no quadrante alvo nos grupos
APS, AES, APM e AEM [F(1,23) = 229,3; p<0,0001]. O teste de Bonferroni mostrou
existir diferença significativa no tempo de permanência no quadrante alvo entre os
grupos AES e APM (#p<0,05), o que poderia sugerir, pelo menos em parte, um
comportamento do tipo perseverante do grupo APM induzido pelo MPTP.
Adicionalmente, foi detectada diferença significativa desse mesmo parâmetro entre
os grupos APM e AEM (###p<0,001) sugerindo que a exposição a um AE é seria
capaz de prevenir esse tipo de comportamento.
Como demonstrado por Pires et al. (2005), o índice de extinção (d²min/d¹min),
que consiste na razão entre as distâncias percorridas no segundo (d²min) e primeiro
(d¹min) minuto no PROBE, se mostrou válido para detectar o comportamento do tipo
perseverante em um modelo animal de síndrome de Wernicke-Korsakof. Para
confirmar nossa hipótese esse parâmetro foi mensurado, contudo, nenhuma
diferença significativa foi observada entre os grupos APS, AES, APM e AEM.
Igualmente, a distância percorrida total no PROBE não diferiu entre os animais dos
grupos citados. É importante ressaltar que nenhuma diferença significativa entre a
latência e a distância (dado não representado) da 4º e 5º (pós PROBE) sessão de
memória de referência foi encontrada, mostrando que os animais não extinguiram a
tarefa e que a linha de base foi mantida, sendo estes conduzidos aos testes de
memória de trabalho.
Alvo
Opo
sto
Alvo
Opo
sto
Alvo
Opo
sto
Alvo
Opo
sto
0
20
40
60
80APS(n=7)
AES(n=7)
APM(n=7)
AEM(n=6)
*** *** ******
#
# # #PROBE
ns
Tem
po
de p
erm
an
ên
cia
(s)
APS(n
=7)
AES(n
=7)
APM(n
=7)
AEM(n
=6)
0.0
0.5
1.0
1.5
Índice de extinção - Distância
Dis
tân
cia
(m
)
52
APS(n
=7)
AES(n
=7)
APM
(n=7)
AEM
(n=6)
0
10
20
30
40
Distância percorrida no PROBE
Dis
tân
cia
(m
)
5ª 6ª 5ª 6ª 5ª 6ª 5ª 6ª
0
10
20
30
40
50APS(n=7)
AES(n=7)
APM(n=7)
AEM(n=6)
Sessão 4 vs Sessão 5 (pós PROBE)
Latê
ncia
(s)
Fig 19: PROBE, índice de extinção, distância percorrida no PROBE e latência entre a 4º e 5º
(pós PROBE) sessão de memória de referência no aquático de Morris. Média ± erro padrão.
Ambiente padrão salina (APS) (n=7), ambiente enriquecido salina (AES) (n=7), ambiente
padrão MPTP (APM) (n=7) e ambiente enriquecido MPTP (AEM) (n=6). Tempo de
permanecia no quadrante alvo e oposto para os grupos APS [t(6) = 16,68; ***p<0,001], AES
[t(6) = 10,62; ***p<0,001], APM [t(6) = 12,37; ***p<0,001] e AEM [t(5) = 4,84; ***p<0,001].
Tempo de permanecia no quadrante alvo entre os grupos AES e APM (#p<0,05) e APM e
AEM (###p<0,001). [F(1,23) = 229,3; p<0,0001].
5.2.2. Memória de trabalho
A ANOVA de duas vias, como mostrado na figura 20, revelou diminuição
significativa tanto para latência [F(4,92) = 3,771; ##p<0,01] quanto para a distância
percorrida [F(4,92) = 4,410; ##p<0,01] no decorrer das sessões nos grupos APS,
AES, APM e AEM para o fator tempo. Para o fator tratamento, nenhuma diferença
significativa foi observada entre os animais dos grupos APS, AES, APM e AEM tanto
para latência quanto para distância percorrida. Além disso, nenhuma diferença foi
observada entre os grupos APS, AES, APM e AEM no número de sessões para
critério.
SESSÃO 1
SESSÃO 2
SESSÃO 3
SESSÃO 4
SESSÃO 5
0
10
20
30
40
50APS(n=7)
AES(n=7)
APM(n=7)
AEM(n=6)
# #
Memória de trabalho - Latência
Latê
ncia
(s)
SESSÃO 1
SESSÃO 2
SESSÃO 3
SESSÃO 4
SESSÃO 5
0
2
4
6APS(n=7)
AES(n=7)
APM(n=7)
AEM(n=6)
# #
Memória de trabalho - Distância
Dis
tân
cia
(m
)
53
APS(n
=7)
AES(n
=7)
APM
(n=7)
AEM
(n=6)
0
2
4
6
8
10
Sessões para critério
nº
de s
essõ
es
Fig 20: Latência, distância percorrida no labirinto aquático de Morris para memória de trabalho e número de sessões para critério na mesma tarefa. Média ± erro padrão. Ambiente padrão salina (APS) (n=7), ambiente enriquecido salina (AES) (n=7), ambiente padrão MPTP (APM) (n=7) e ambiente enriquecido MPTP (AEM) (n=6). Fator tempo para latência [F(4,92) = 3,771; ##p<0,01] e fator tempo para distância percorrida [F(4,92) = 4,410; ##p<0,01].
Segundo Robinson et al. (2010), o aumento da latência e da distância
percorrida de todas as primeiras tentativas nas sessões de memória de referência
refletem um comprometimento mais discreto deste tipo de memória. Já o aumento
da latência e da distância percorrida de todas as últimas tentativas, nessas mesmas
sessões, refletem um comprometimento mais discreto da MT.
Nesse contexto, os parâmetros citados acima foram avaliados, mas nenhuma
diferença significativa para a latência e/ou distância percorrida foram observadas
entre os grupos APS, AES, APM e AEM como mostra a figura 21.
APS(n
=7)
AES(n
=7)
APM(n
=7)
AEM(n
=6)
0
10
20
30
40
50
Primeira tentativa - Latência
Latê
ncia
(s)
APS(n
=7)
AES(n
=7)
APM(n
=7)
AEM(n
=6)
0
2
4
6
Primeira tentativa - Distância
Dis
tân
cia
(m
)
54
APS
(n=7
)
AES
(n=7
)
APM
(n=7
)
AEM
(n=6
)
0
10
20
30
40
50
Última tentativa - Latência
Latê
ncia
(s)
APS(n
=7)
AES(n
=7)
APM
(n=7
)
AEM
(n=6
)
0
2
4
6
Última tentativa - Distância
Dis
tân
cia
(m
)
Fig 21: Soma das latências e distâncias percorridas das primeiras e últimas tentativas nas
sessões de memória de referência. Média ± erro padrão. Ambiente padrão salina (APS)
(n=7), ambiente enriquecido salina (AES) (n=7), ambiente padrão MPTP (APM) (n=7) e
ambiente enriquecido MPTP (AEM) (n=6).
5.2.3. Expressão gênica do sistema dopaminérgico no córtex
A ANOVA de uma via, como mostrado na figura 22, não revelou diferenças
significativas entre os grupos APS, AES, APM e AEM para a expressão gênica da
TH e para de D1R e D2R no córtex.
APS
(n=6
)
AES
(n=5
)
APM
(n=5)
AEM
(n=5)
0
50
100
150
200
250
Exp
ressão
de m
RN
A
(% d
e A
PS
)
Expressão cortical de TH
APS (n
=6)
AES (n
=5)
APM
(n=5
)
AEM
(n=5
)
0
50
100
150
200
250
Exp
ressão
de m
RN
A
(% d
e A
PS
)
Expressão cortical de D1R
APS (n
=6)
AES (n
=5)
APM
(n=5
)
AEM
(n=5
)
0
50
100
150
200
250
Exp
ressão
de m
RN
A
(% d
e A
PS
)
Expressão cortical de D2R
Fig 22: Expressão gênica da TH e dos receptores D1R e D2R no córtex. Média ± erro padrão. Ambiente padrão salina (APS) (n=6), ambiente enriquecido salina (AES) (n=5),
55
ambiente padrão MPTP (APM) (n=5) e ambiente enriquecido MPTP (AEM) (n=5). Nenhuma diferença foi revelada entre os grupos.
Em nossas análises com PCR quantitativo em tempo real, não houve
detecção da expressão gênica do DAT nesta região. As diferentes isoformas desse
transportador e, consequentemente, as diferentes sequências iniciadoras do gene
provavelmente comprometeram o adequado anelamento do nosso iniciador e a
quantificação da expressão desse gene.
5.2.4. Expressão gênica do sistema colinérgico no córtex
A ANOVA de uma via, como mostrado na figura 23, não revelou diferenças
significativas entre os grupos APS, AES, APM e AEM para a expressão de ChAt,
AChE, M1R e α7NR no córtex.
APS (n
=5)
AES (n
=5)
APM
(n=5
)
AEM
(n=5
)
0
50
100
150
200
250
Exp
ressão
de m
RN
A
(% d
e A
PS
)
Expressão cortical de ChAT
APS (n
=5)
AES (n
=5)
APM
(n=5
)
AEM
(n=5
)
0
50
100
150
200
250
Exp
ressão
de m
RN
A
(% d
e A
PS
)Expressão cortical de AChE
APS (n
=5)
AES (n
=5)
APM
(n=5
)
AEM
(n=5
)
0
50
100
150
200
250
Exp
ressão
de m
RN
A
(% d
e A
PS
)
Expressão cortical de M1R
APS (n
=5)
AES (n
=5)
APM
(n=5
)
AEM
(n=5
)
0
50
100
150
200
250
Exp
ressão
de m
RN
A
(% d
e A
PS
)
Expressão cortical de 7NR
Fig 23: Expressão gênica da ChAT e AChE e dos M1R e α7NR no córtex. Média ± erro
padrão. Ambiente padrão salina (APS) (n=5), ambiente enriquecido salina (AES) (n=5),
ambiente padrão MPTP (APM) (n=5) e ambiente enriquecido MPTP (AEM) (n=5). Nenhuma
diferença foi revelada entre os grupos.
56
6. Discussão
A DP é uma doença neurodegenerativa caracterizada pelo tremor de repouso,
rigidez muscular, instabilidade postural, hipocinesia e déficits cognitivos como
consequência da maciça perda dos neurônios dopaminérgicos da SNpc
(MORIGUCHI; YABUKI; FUKUNAGA, 2012; MÜLLER; BOHNEN, 2013; PREDIGER
et al, 2010; YABUKI et al, 2014; XIANG et al, 2012). Os mecanismos que dirigem o
desenvolvimento da DP, como já mencionado, parecem ser multifatoriais e ainda
pouco esclarecidos (REALE et al, 2009; SING; DIKSHI, 2007; CROCKER et al, 2003).
Portanto, não é surpreendente que pacientes com DP manifestem uma ampla e
variada gama de sintomas motores e não motores (NEELY et al, 2013; PFEIFFER et
al, 2013).
Modelos de DP baseados na administração de MPTP via i.p, como o
empregado neste trabalho, têm sido amplamente utilizados no meio científico. Isso
ocorre devido à capacidade dessa toxina de mimetizar diversos fatores que
contribuem para o desenvolvimento da DP, como os distúrbios mitocondriais, o
estresse oxidativo e o sustentado processo de neuroinflamação observado na
doença. (CROCKER et al, 2003; KHAN et al, 2015; YABUKI et al, 2014). Assim,
esse modelo é considerado uma ferramenta vital para a avaliação de novas terapias
e melhor compreensão da DP (ROUSSELET et al, 2003).
Em nosso estudo, foi avaliada se a exposição a um AE é capaz de prevenir as
alterações motoras, cognitivas, bioquímicas e moleculares induzidas pelo MPTP.
No que se refere à análise dos parâmetros motores, os animais tratados com
MPTP apresentaram déficit de força e, intrigantemente, aumento da atividade
locomotora voluntária no campo aberto. Como esperado, o MPTP induziu uma
depleção de aproximadamente 70% dos níveis de DA, DOPAC e HVA estriatais. Os
animais tratados com MPTP não apresentaram nenhuma alteração na expressão
gênica do sistema dopaminérgico no mesencéfalo, entretanto, foi observado
diminuição da expressão gênica da ChaT e aumento da expressão da AChE e dos
receptores M1R. A exposição a um AE preveniu o déficit de força e a
hiperlocomoção induzidos pelo MPTP e dirigiu, por si só, um aumento da força de
agarre. Interessantemente, essa exposição não preveniu a depleção da DA estriatal,
entretanto, retardou e preveniu, respectivamente, a depleção de DOPAC e HVA
nesta mesma região. Adicionalmente, a exposição a um AE foi capaz de atenuar a
57
diminuição da expressão da ChAT e prevenir o aumento da expressão dos M1R na
região mesencefálica.
Em relação aos parâmetros cognitivos, os animais tratados com MPTP e
expostos a um AE não apresentaram, respectivamente, déficits e facilitação
cognitiva nas tarefas de memória de referência e de MT no labirinto aquático de
Morris. Semelhantemente aos resultados comportamentais, nem o MPTP nem a
exposição ao AE induziram quaisquer alterações na expressão gênica dos sistemas
dopaminérgico e colinérgico do córtex.
6.1. Parâmetros motores
O teste de força de agarre (grip test) e o campo aberto mensuram,
respectivamente, a força dos membros dianteiros e a locomoção voluntária de
animais (HUTTER-SAUNDERS; GENDELMAN; MOSLE, 2012; NEELY et al, 2013;
MORIGUCHI; YABUKI; FUKUNAGA, 2012). Em estudos básicos e clínicos de
neuroimagem, esses testes têm se mostrado como valiosas ferramentas para a
compreensão dos prejuízos motores, da conectividade e da atividade dos gânglios
da base e de inúmeras outras regiões relacionadas com o movimento como, por
exemplo, o tálamo, lóbulo da ínsula, cerebelo e córtices pré e sensório-motor na DP
(CHIA et al, 1996; KHAN et al, 2015; NEELY et al, 2013; NEELY et al, 2014;
PLANETTA et al, 2015; PRADHAN et al, 2014; SPRAKER et al, 2010).
Em nosso estudo, a exposição a um AE foi capaz de prevenir o déficit de
força e a hiperlocomoção induzidos pelo MPTP e dirigir, por si só, o aumento da
força de agarre. O MPTP, por sua vez, promoveu uma depleção de
aproximadamente 70% dos níveis estriatais de DA, DOPAC e HVA.
Em relação ao grip test, nossos resultados concordam com uma ampla gama
de trabalhos que atribuem o déficit de força e a incoordenação motora à depleção
estriatal de DA e seus metabólitos (NEELY et al, 2013; HAGINO et al, 2015; KHAN
et al, 2015; YABUKI et al, 2014). Além disso, a facilitação motora observada no
grupo AES corrobora com o comprovado benefício da exposição a um AE e do
exercício físico voluntário sobre diversos aspectos motores (JADAVJI; KOLB; METZ,
2006; PANG; HANNAN, 2013). Já em relação ao campo aberto, muitos estudos
mostram resultados aparentemente discrepantes, que vão desde hipolocomoção à
hiperlocomoção, permeando, muitas vezes, pela ausência de alterações na atividade
locomotora (CHIA et al, 1996; CROCKER et al, 2003; HUTTER-SAUNDERS;
58
GENDELMAN; MOSLE, 2012; MORIGUCHI; YABUKI; FUKUNAGA, 2012;
ROUSSELET et al, 2003). Variações nas doses de MPTP administradas, tempo e
período de avaliação no campo aberto, podem estar relacionados a essa
heterogeneidade de resultados (CHIA et al, 1996; MORIGUCHI; YABUKI;
FUKUNAGA, 2012; ROUSSELET et al, 2003).
Interessantemente, a exposição a um AE não preveniu a depleção da DA,
entretanto, retardou e preveniu, respectivamente, a depleção de DOPAC e HVA.
Considerando nossos achados comportamentais motores, bioquímicos e o papel das
células da glia no metabolismo da DA e do MPTP, nós hipotetizamos uma possível
neuroproteção induzida pelo AE por mecanismos indiretos, ou seja, dependentes
destas células.
A MAO é uma enzima que se localiza na membrana externa das mitocôndrias
de neurônios e em outras células de vários tecidos periféricos (NAOI; MARUYAMA;
INABA-HASEGAWA, 2012). Primariamente, ela catalisa a desaminação oxidativa de
inúmeros neurotransmissores, como a DA, serotonina (5-HT), NA e de monoaminas
bioativas exógenas como a tiramina (NAOI; MARUYAMA; INABA-HASEGAWA,
2012; ROBAKIS; FAHN, 2015). De acordo com a sensibilidade e especificidade da
MAO frente a certos inibidores e substratos, esta pode ser classificada em duas
isoformas, a MAO-A e a MAO-B (NAOI; MARUYAMA; INABA-HASEGAWA, 2012;
YOUDIM; EDMONDSON; TIPTON, 2006). Tipicamente, a MAO-A é inibida por
baixas concentrações de clorgilina e oxida preferencialmente a 5-HT e NA, já a
MAO-B é inibida por baixas concentrações de l-deprenil (selegilina) e oxida
preferencialmente a feniletilamina e a benzilamina (ROBAKIS; FAHN., 2015).
Todavia, as duas isoformas são igualmente ativas para DA, triptamina e a tiramina
(ROBAKIS; FAHN, 2015; YOUDIM; EDMONDSON; TIPTON, 2006).
Uma ampla gama de estudos têm revelado diferenças na distribuição das
duas isoformas da MAO em encéfalos de humanos e de roedores (YOUDIM;
EDMONDSON; TIPTON, 2006). A isoforma MAO-A é predominantemente
encontrada em regiões com alta densidade de neurônios catecolaminérgicos como a
substância negra, lócus ceruleus, e hipotálamo. Já em relação à MAO-B, estudos
imunohistoquímicos demonstram que neurônios serotoninérgicos do núcleo dorsal
da rafe e principalmente astrócitos e células da glia possuem esta isoforma (NAOI;
MARUYAMA; INABA-HASEGAWA, 2012; YOUDIM; EDMONDSON; TIPTON,
2006).
59
A neurodegeneração da SNpc observada na DP tem sido correlacionada com
o envelhecimento e o aumento da expressão e da atividade da MAO-A e da MAO-B
em pacientes com DP (ZHOU et al, 2001). Tem sido demonstrado que o aumento da
atividade da MAO-A dirige a ativação das vias pró-apoptóticas relacionadas à
proteína quinase ativada por mitógenos (MAPK), o aumento da formação de ROS e
ao comprometimento estrutural e funcional da mitocôndria (NAOI; MARUYAMA;
INABA-HASEGAWA, 2012). Já a maior atividade da MAO-B, com um mecanismo
muito semelhante ao do MPTP, provoca o aumento da metabolização da DA pelas
células da glia e pelos astrócitos desencadeando a formação de DA-quinona, a qual
migra para neurônios dopaminérgicos e se liga às subunidades proteicas
do complexo I da cadeia respiratória, interrompendo a transferência de elétrons para
a ubiquinona (DAUER; PRZEDBORSKI, 2003; NAOI; MARUYAMA; INABA-
HASEGAWA, 2012). Além disso, tem sido demonstrado em pacientes com DP que a
concentração da MAO-B nas células da glia e astrócitos, mas não nos neurônios
dopaminérgicos, é o dobro em relação ao grupo controle, o que leva à facilitação da
neurodegeneração pela maior da produção de ROS (NAOI; MARUYAMA; INABA-
HASEGAWA, 2012) Estudos clínicos e básicos têm evidenciado a grande eficácia
dos inibidores da MAO-A e da MAO-B relacionado à neuroproteção e ao tratamento
da DP (NAOI; MARUYAMA; INABA-HASEGAWA, 2012). Dentre os efeitos relatados
estão à diminuição da produção de radicais livres, aumento da expressão e atividade
de enzimas antioxidantes e de fatores neurotróficos, potencialização da resposta à
DA dos neurônios estriatais e diminuição do metabolismo deste neurotransmissor e
do MPTP (NAOI; MARUYAMA; INABA-HASEGAWA, 2012; ROBAKIS; FAHN.,
2015).
Nesse contexto, uma das possíveis hipóteses para a neuroproteção indireta
induzida pelo AE estaria baseada na diminuição da atividade e/ou da expressão da
MAO-A e da MAO-B. A menor atividade das enzimas induzida pelo AE poderia levar
a uma diminuição compensatória do metabolismo da DA pelos neurônios
dopaminérgicos remanescentes e pelas células da glia e astrócitos, afim de
reestabelecer os níveis adequados de DA estriatais. Como consequência dessa
menor metabolização, a DA permaneceria maior tempo nas sinapses estriatais,
desencadeando um aumento temporal de sua concentração. Esse aumento
temporal de DA poderia ser suficiente para manter a transmissão dopaminérgica
ideal na modulação dos processos motores mediados pelas vias direta e indireta.
60
Adicionalmente, e modo mais específico para a MAO-B, sua menor atividade
reduziria a metabolização do MPTP em MPP+. O MPP+ é o metabólito tóxico do
MPTP que adentra, por meio do DAT, nos neurônios dopaminérgicos e desencadeia
a morte destes pela inibição do complexo I da cadeia respiratória (DAUER;
PRZEDBORSKI, 2003). A diminuição do metabolismo do MPTP levaria a uma menor
oferta e captação de MPP+ pelos neurônios dopaminérgicos. Desse modo, a
concentração de MPP+ nesses neurônios estaria diminuída e a morte celular
induzida pelo MPTP seria atenuada por um menor bloqueio do complexo I da cadeia
respiratória, menor produção de ROS e menor liberação de fatores
neuroinflamatórios (DAUER; PRZEDBORSKI, 2003; KHAN et al, 2013; KHAN et al,
2015). Assim, a população neuronal remanescente também seria capaz contribuir
para a manutenção dos níveis adequados de DA nos gânglios da base. Embora
nenhuma alteração tenha sido relatada no metabolismo relativo (turnover) da DA, o
retardo e a prevenção, respectivamente, da depleção de DOPAC e HVA poderia
sugerir que o AE seja capaz de reestabelecer o tônus dopaminérgico por meio dos
efeitos compensatórios citados e da diminuição da morte neuronal.
A incapacidade do AE de prevenir a depleção de DA poderia parecer
contraditória, todavia, Crocker et al 2003 demonstraram, no mesmo modelo
utilizado neste estudo, neuroproteção da SNpc e recuperação motora sem
necessariamente haver prevenção da depleção de DA no estriado. Além de
concordar com nossos resultados, esses achados sustentam, de certo modo,
nossa hipótese ao sugerir que a integridade parcial da SNpc, per se, é capaz de
modular a atividade dos gânglios da base e coordenar o correto movimento
(CROCKER et al, 2003). Portanto esses mecanismos poderiam explicar, pelo menos
em parte, a prevenção mediada pelo AE do déficit de força e do aumento da
atividade locomotora voluntária induzida pelo MPTP.
Nos últimos anos, o estudo dos diversos fatores, tanto pró e anti-inflamatórios
quanto pró e antioxidantes, expressos pelas células da glia e astróscitos têm
chamado atenção como promissores alvos para intervenção terapêutica na DP
(BÉRAUD et al, 2013; CHEN et al, 2009; GAN et al, 2012; KHAN et al, 2015).
Estudos revelam que o aumento da expressão e dos níveis de certos fatores pró-
inflamatórios, em modelos da doença induzidos pelo MPTP, estão diretamente
relacionados à neurodegeneração dos neurônios dopaminérgicos da SNpc e,
consequentemente, ao comprometimento motor em testes, como por exemplo, grip
61
test, rotarod e beam walking. (LIM; MILLER; ZAHEER,1989; LIM; ZAHEER; LANE,
1990; ZAHEER et al, 2007; ZAHEER et al, 2011). Recentemente, tem sido
demonstrado que a ausência completa ou parcial desses fatores, por silenciamento
gênico ou knockout, é capaz de prevenir os déficits motores e atenuar
significativamente a neurodegeneração da SNpc (KHAN et al, 2013; KHAN et al,
2014; KHAN et al, 2015). Além disso, o processo neurodegenerativo induzido pelo
MPTP induz processos compensatórios de neuroproteção intrínseca (CALKINS et al,
2009; CHEN et al, 2009; PETRI; KÖRNER; KIAEI, 2012). Esses processos envolvem
o combate ao estresse oxidativo e a neuroinflamação por meio do aumento da
transcrição dos genes contendo elementos de resposta antioxidantes (ARE’s)
(CALKINS et al, 2009; PETRI; KÖRNER; KIAEI, 2012). A maior transcrição desses
elementos leva o aumento de expressão de genes de detoxificação de fase dois,
como por exemplo, o gene da heme-oxidase 1 (HO-1), NAD(P)H-quinona-
oxirredutase-1 (NQO1) e o da glutationa S-transferase (GST) e suas subunidades,
que neutralizam os produtos gerados pelos processos oxidativos e
neuroinflamatórios (BARONE; SYKIOTIS; BOHMANN, 2011; CALKINS et al, 2009;
CHEN et al, 2009; KOBAYASHI et al, 2004). No contexto da DP, tem sido
demonstrado que em encéfalos post-mortem a principal via que desencadeia o
aumento de expressão desses genes está preferencialmente aumentada nos
astrócitos (CHEN et al., 2009; JOHNSON et al, 2002; SCHIPPER; LIBERMAN;
STOPA, 1998). Estudos demonstram que o knockin para o fator nuclear 2
semelhante ao fator eritróide 2 (Nrf2), que é o principal ativador da transcrição dos
ARE’s, exclusivamente nos astrócitos é capaz de prevenir a SNpc da lesão
induzidas pelo MPTP e a depleção estriatal de DA, DOPAC e HVA (CHEN et al,
2009). Esse padrão sustenta a ideia da neuroproteção indireta dependente das
células da glia e dos astrócitos (CHEN et al, 2009; GAN et al, 2012).
Nesse contexto e, de modo mais especulativo, a modulação pelo AE por meio
da depleção das vias que facilitam a neurodegeneração e pelo aumento dos
mecanismos de neuroproteção intrínsecos poderiam também explicar, pelo menos
em parte, a recuperação motora e a prevenção parcial e total dos níveis de DOPAC
e HVA, respectivamente, relatada em nosso estudo.
Em nosso estudo o MPTP induziu a diminuição da expressão da ChAT e o
aumento da expressão da AChE e dos M1R na região mesencefálica. A exposição a
62
um AE foi capaz de atenuar a diminuição da expressão da ChAT e prevenir o
aumento da expressão dos M1R nessa mesma região.
Os efeitos primários da ACh na regulação dos gânglios da bases e,
consequentemente, da função motora se dá pela liberação tônica deste
neurotransmissor pelos ChIs. OS ChIs se ramificam em centenas de milhares de
projeções que modulam fortemente a atividade das vias direta, indireta e de outras
estruturas dos gânglios da base como o STN, a SNpc, SNpr e GPi (XIANG et al,
2012, STRAUB et al, 2014 LIM; KANG; McGEHEE, 2014). Estudos têm
demonstrado que a neurodegeneração dos neurônios dopaminérgicos da SNpc
desencadeia um aumento do tônus colinérgico no estriado e nos gânglios da base
capaz de gerar um aumento da atividade da via indireta e diminuição da atividade da
via direta (DEBOER et al, 1993; HRISTOVA; KOLLER, 2000; LIM; KANG;
McGEHEE, 2014). Esse fato, juntamente com a eficácia comprovada dos agentes
anticolinérgicos no tratamento da DP, sustenta a ideia de que a ACh age de maneira
oposta à DA ao inibir a via direta e estimular a via indireta (CHEN; SWOPE, 2007;
LIM; KANG; McGEHEE, 2014; XIANG et al, 2012). Por outro lado, tem sido relatado
que o sistema colinérgico pode estar suprimido em decorrência da depleção
dopaminérgica observada na DP tanto nos gânglios da base quanto em outras
regiões menos subcorticais do cérebro (CHUNG et al, 2010; BOHNEN; ALBIN, 2011;
MÜLLER; BOHNEN, 2013; HAGINO et al, 2015). Evidencias sugerem que a
elevação dos níveis de ACh, com o uso de anticolinesterásicos em pacientes com
PD, aumentaria a transmissão dopaminérgica por meio dos receptores nicotínicos
nos terminais dos neurônios dopaminérgicos recuperando a função motora destes
pacientes (LIM; KANG; McGEHEE, 2014; CHUNG et al, 2010).
Primariamente, a diminuição da expressão de ChAT e o aumento da AChE e
dos M1R nos leva a sugerir que a depleção do sistema colinérgico induzida pelo
MPTP é o principal correlato subjacente às anormalidades motoras observados em
nosso estudo. Concordando com nossos achados comportamentais e moleculares e
sustentando a ideia apresentada acima, Hagino et al (2015) demonstraram que
camundongos deficientes em dopamina (DDA) exibem hiperlocomoção no campo
aberto atrelada a baixos níveis de ACh e de expressão gênica da ChAT nos gânglios
da base (HAGINO et al, 2015). Interessante ressaltar ainda, que oxotreonina, um
agonista muscarínico, e o donepezil, um anti-colinesterásico, foram capazes de
reverter completamente a hiperlocomoção dos camundongos DDA (HAGINO et al,
63
2015). A atenuação da diminuição da expressão de ChAT pela exposição a um AE
juntamente com a prevenção do aumento de expressão dos M1R pode sugerir que o
AE seja capaz de reestabelecer os níveis adequados de ACh e, consequentemente,
prevenir o comprometimento motor induzido pelo MPTP.
Por outro lado, nós não descartamos a possibilidade de que a depleção
dopaminérgica e a neurodegeneração da SNpc induzidas pelo MPTP conduzam um
aumento do tônus colinérgico no estriado e nos gânglios da base, como comumente
é relatado pela literatura. A diminuição da expressão de ChAT e o aumento da AChE
poderiam refletir uma tentativa compensatória de reestabelecimento do tônus
colinérgico por meio da diminuição da síntese e aumento da degradação da ACh. Já
o aumento de expressão dos M1R poderia ser reflexo de um processo de
dessensibilização devido aos altos níveis de ACh. Assim, o comprometimento motor
estaria relacionado com o aumento da atividade da via indireta (LIM; KANG;
McGEHEE, 2014; XIANG et al, 2012). Concordando com essa ideia, Xiang et al
(2012) demonstraram que o aumento do tônus colinérgico nos gânglios da base
aumenta e diminui, respectivamente, os potenciais pós sinápticos excitatórios e
inibitórios no STN e na SNpr. Além disso, o grupo mostrou que tais manifestações
eletrofisiológicas, assim como a catalepsia e a acinesia induzidas por haloperidol e
reserpina nos modelos de DP propostos, podem ser revertidas com o uso de
antagonistas muscarínicos (XIANG et al, 2012). Portanto, a prevenção do aumento
de expressão dos M1R observada no grupo AEM poderia significar uma prevenção
do aumento do tônus colinérgico induzida pelo AE.
De fato, nossos resultados sugerem que as alterações do sistema colinérgico
induzidas pelo MPTP, bem como a modulação deste sistema pela exposição a um
AE são os principais componentes relacionados ao comprometimento e à prevenção
dos aspectos motores avaliados neste estudo. Contudo, a investigação futura dos
níveis de ACh é fundamental para averiguar se nossos achados estão associados à
depleção ou ao aumento do tônus do sistema colinérgico na região mesencefálica.
Adicionalmente, tal investigação contribuiria para melhor compreensão dos efeitos
modulatórios induzidos pelo AE sobre esse sistema no contexto da DP.
Num estudo anterior, nosso laboratório demonstrou hiperlocomoção
exarcerbada induzida por metanfetamina num modelo de DP com a dose de 30
mg/Kg de MPTP via i.p. por cinco dias consecutivos (MORAES et al, dados ainda
não publicados). Esse estudo sugeriu que o aumento relativo da inervação
64
serotoninérgica da via reticulo-estriatal, na tentativa de compensar a deficiência de
DA causado pela desenervação da via nigroestriatal, estaria por trás desse
comportamento (FOX; BROTCHIE, 2000; CHIA at al, 1996; HAGINO et al, 2015;
MORAES et al, dados ainda não publicados). De fato, uma ampla gama de estudos
relatam hiperlocomoção induzida pelo MPTP e em camundongos deficientes em DA
(DDA) (CHIA et al, 1996; CHIA et al, 1999; COLOTLA et al, 1990; HAGINO et al.,
2015; LUCHTMAN et al, 2009; ROUSSELET et al, 2003). Esse comportamento tem
sido associado a altas concentrações de 5-HT no estriado e pode ser revertido com
a desenervação e antagonistas serotoninérgicos (CHIA et al, 1996; CHIA et al, 1999;
AGINO et al., 2015).
Portanto, esse aumento compensatório do tônus serotoninérgico estriatal e
sua possível normalização induzida pelo AE poderia ser outra hipótese plausível
para explicar, respectivamente, a hiperlocomoção induzida pelo MPTP e a
prevenção deste comportamento observada em nosso estudo. A necessidade de
investigações futuras relacionadas ao tema é evidente e de fundamental importância
para a confirmação dessa hipótese e melhor compreensão dos mecanismos que
levam a hiperlocomoção induzida pelo MPTP.
Surpreendentemente, na região mensencefálica, nenhuma alteração na
expressão gênica do sistema dopaminérgico foi observada. Estudos têm revelado,
em vários modelos de DP que utilizam o MPTP, uma recuperação espontânea
(recovery) dos neurônios dopaminérgicos da SNpc e do estriado (ANDERSON;
BRADBURY; SCHNEIDER, 2008; ANSAH et al, 2011). Os prováveis mecanismos
que dirigem o processo de recovery incluem o aumento compensatório da
expressão, da atividade e do nível de TH nos neurônios remanescentes dessas
regiões (ANDERSON; BRADBURY; SCHNEIDER, 2008; SERRA et al, 2002). Tem
sido demonstrado que camundongos jovens (dois a três meses) têm uma alta
capacidade de recovery, ou seja, é um processo estritamente relacionado com a
idade. (ANSAH et al, 2011; SERRA et al, 2002). Em nosso estudo, as
administrações de MPTP foram iniciadas quando os camundongos apresentavam
cerca de dois meses (62 dias), o que corrobora com o possível processo de
recovery. Portanto, esse processo seria uma hipótese explicativa para a ausência de
alterações na expressão gênica do sistema dopaminérgico no mesencéfalo.
65
6.2. Parâmetros cognitivos
Classicamente, o AE tem sido definido como uma complexa combinação de
estímulos inanimados e sociais (ROSENZWEIG et al, 1978). A manipulação das
condições de moradia de ratos e camundongos, por meio da oferta de túneis,
abrigos, gangorras, rodas de correr e o maior número de animais em gaiolas mais
amplas, governa os estímulos definidos por Rosenzweig et al (1978)
(NITHIANANTHARAJAH; HANNAN, 2006; PANG; HANNAN, 2013; SALE;
BERARDI; MAFFEI, 2010). Um componente essencial e típico do AE é a
oportunidade dos animais de alcançarem altos níveis de atividade física voluntária,
cognitiva e exploratória, além de experiências visuais, sociais, e somatossensoriais
(NITHIANANTHARAJAH; HANNAN, 2006; SALE; BERARDI; MAFFEI, 2010). Os
profundos efeitos da exposição a um AE associados à facilitação cognitiva, tanto em
animais saudáveis quanto em modelos animais de diversas desordens, têm sido
extensivamente demonstrados e correlacionados às mudanças morfológicas,
bioquímicas, moleculares e epigenéticas (NITHIANANTHARAJAH; HANNAN, 2006;
PANG; HANNAN, 2013; SALE; BERARDI; MAFFEI, 2010; SOLINAS et al, 2010).
No nível comportamental, utilizando vários paradigmas como o labirinto
aquático de Morris, o labirinto radial de oito braços, o labirinto de Barnes e testes de
reconhecimento, tem sido relatado melhor desempenho dos animais expostos a um
AE em tarefas de aprendizado, memória de referência, MT e reconhecimento social
e de objetos (COSTA et al, 2007, VALERO et al, 2011; PANG; HANNAN, 2013). Nas
estruturas relacionadas com essas tarefas, observa-se aumento do peso relativo, do
comprimento e arborização das espinhas dendríticas e do número e complexidade
sináptica (VAN PRAAG et al, 2000, SALE; BERARDI; MAFFEI, 2010; SALE;
BERARDI; MAFFEI, 2014). A modulação neuroquímica e gênica de muitos sistemas
de neurotransmissores como, por exemplo, o dopaminérgico, o colinérgico, o
serotoninérgico e o glutamatérgico acompanham as alterações comportamentais e
morfológicas induzidas pelo AE (DEL ARCO et al, 2007a; DEL ARCO et al, 2007b;
LERGER et al, 2014; NAKA et al, 2002; PANG et al, 2009; SEGOVIA et al, 2006). As
neurotrofinas, representadas principalmente pelo BDNF, pelo fator neurotrófico
derivado da glia (GDNF) e pelo fator de crescimento do nervo (NGF), são outro
grupo de moléculas particularmente sensíveis a um AE (SOLINAS et al, 2010). O
aumento da expressão dessas moléculas tem se mostrado essencial nos processos
66
de proliferação neuronal, plasticidade sináptica e neuroproteção induzidos pelo AE
(NITHIANANTHARAJAH; HANNAN, 2006; NOVKOVIC; MITTMANN. MANAHAN-
VAUGHAN, 2015; SALE; BERARDI; MAFFEI, 2014; SOLINAS et al, 2010).
Adicionalmente, as alterações do perfil de metilação do DNA, a remodelagem da
cromatina por acetilação e outros mecanismos epigenéticos facilitam a ativação e/ou
o silenciamento de muitos genes relacionados a esses fatores neurotróficos
(TURNER, 2009; KUZUMAKI et al, 2010).
Em nosso estudo foi utilizado o labirinto aquático de Morris para avaliar a
memória de referência e a MT. Atrelado a essas análises comportamentais, o perfil
de expressão gênica dos sistemas dopaminérgico e colinérgico cortical foi analisado.
Intrigantemente, a facilitação e o déficit cognitivo induzido, respectivamente, pelo AE
e pelo MPTP, bem como as alterações moleculares, não foram observados como
geralmente é relatado pela literatura (BEZARD el al, 2003; DEGUIL et al, 2010;
FAHERTY et al, 2005; LEGER et al, 2014; MORIGUCHI; YABUKI; FUKUNAGA,
2012; PANG; HANNAN, 2013; PREDIGER et al, 2010; YABUKI et al, 2014).
A utilização de múltiplos protocolos envolvendo a exposição a um AE tem
levado a uma grande heterogeneidade de resultados aparentemente controversos
(HATTORI et al, 2007; SILVA et al, 2011). Muitas variáveis parecem ter influência
sobre os efeitos facilitatórios induzidos pelo AE como, por exemplo, o tempo de
exposição a um AE, a idade do início desta exposição e gênero dos animais
(ARENDASH et al, 2004; CRACCHIOLO et al, 2007; JANKOWSKY et al, 2005;
LAZAROV et al, 2005; REDOLAT; MESA-GRESA, 2012).
No que se refere às doenças neurodegenerativas, essa grande
heterogeneidade de resultados frente a aspectos cognitivos, bioquímicos e
moleculares é notória e amplamente descrita na literatura (NITHIANANTHARAJAH;
HANNAN, 2006; PANG; HANNAN, 2013).
Evidências têm mostrado que os processos de facilitação cognitiva induzidos
pelo AE dependem majoritariamente do tempo de exposição do animal a este
ambiente (BENNETT et al, 2006; LEGER et al, 2014). Utilizando o labirinto aquático
de Morris e o labirinto radial aquático para avaliar, respectivamente, a memória de
referência e a MT, Bennett el al (2006) demonstraram que camundongos expostos
por três horas diárias a um AE durante um mês não exibem melhor desempenho do
que seu grupo controle (BENNETT et al, 2006). Indo de encontro a esse resultado,
foi demonstrado nesse mesmo estudo, que camundongos submetidos à exposição
67
contínua tiveram melhor desempenho tanto na tarefa de memória de referência
quanto na tarefa de MT (BENNETT et al, 2006). Interessantemente, a facilitação
cognitiva observada foi correlacionada à diminuição da sinaptofisina no estriado,
hipocampo e córtex (BENNETT et al, 2006). Recentemente, Leger et al (2014)
analisaram detalhadamente como o tempo de exposição a um AE pode influenciar e
alterar inúmeros aspectos relacionados à cognição e à ansiedade. Além disso, foram
pesquisadas quais mudanças neuroquímicas e morfológicas estariam por trás das
alterações comportamentais observadas no estudo (LEGER et al, 2014). Os
camundongos foram submetidos à exposição a um AE por 24 horas, uma, três, cinco
e seis semanas. Utilizando o teste de reconhecimento de objetos, o grupo
demonstrou um efeito de facilitação cognitiva “máxima” nos camundongos expostos
por uma e três semanas (LEGER et al, 2014). Embora essa facilitação tenha
perdurado até a sexta semana, observou-se um declínio desse efeito “máximo” a
partir da quinta semana (LEGER et al, 2014). No labirinto em cruz elevado e no teste
de esquiva passiva, parâmetros utilizados para avaliar o comportamento do tipo
ansioso, nenhum efeito ansiolítico foi observado com 24 horas e uma semana de
exposição. Todavia, na exposição por três semanas foi relatado um efeito ansiolítico,
o qual foi completamente perdido a partir da quinta semana (LEGER et al, 2014).
Interessantemente, nenhuma alteração dos níveis de DA e seus metabólitos foi
relatada na amígdala, hipocampo e no CPF, entretanto, nesta última região
observou-se aumento dos níveis de 5-HT apenas nos camundongos expostos por
três semanas a um AE (LEGER et al, 2014). Os resultados apresentados
evidenciam o papel do tempo e sugerem uma relação de “dose dependência” com
padrão em “U invertido” para os processos de facilitação cognitiva induzida pelo AE
(BENNETT et al, 2006; LAZAROV et al, 2005; PANG; HANNAN, 2013 LEGER et al,
2014). Sustentando essa ideia, outro estudo neuroquímico que triou os níveis de DA,
5-HT e NA em inúmeras partes do encéfalo de roedores, revelou que após cinco
semanas e meia de exposição (40º dia) os níveis destes neurotransmissores
retornam ou tendem a retornar para os níveis basais (NAKA et al, 2002).
Adicionalmente, um estudo anterior de nosso laboratório, em que os camundongos
foram expostos por quatro semanas a um AE, sugeriu facilitação da aprendizagem
na mesma tarefa de memória de referência, porém, nem a MT e nenhum parâmetro
molecular foram avaliados. (AREAL et al, dados ainda não publicados). Além disso,
muitos achados sugerem que essa relação de “dose dependência” se estenda para
68
os níveis bioquímicos e moleculares (LAZAROV et al, 2005; LEGER et al, 2014;
NAKA et al, 2002).
Em nosso estudo os camundongos foram expostos a um AE por sete
semanas (49 dias) antes do início dos testes de memória de referência e MT e,
consequentemente, por oito semanas e meia (60 dias) antes das análises de
expressão gênica. Portanto, a relação de “dose-dependência” relatada e o declínio
dos efeitos facilitatórios induzidos pelo AE relacionado ao tempo poderiam explicar a
ausência de efeito do nosso protocolo de enriquecimento ambiental sobre os
parâmetros cognitivos avaliados no labirinto aquático de Morris e na expressão
gênica dos sistemas dopaminérgico e colinérgico do córtex. Além disso, o processo
de recovery, como já mencionado na sessão anterior, poderia explicar a ausência do
déficit cognitivo e das alterações na expressão gênica dos sistemas dopaminérgico e
colinérgico induzidos pelo MPTP no grupo APM.
O fato dos animais do grupo APM permanecerem mais tempo no quadrante
alvo em relação aos animais do grupo AES e AEM nos levou a hipotetizar uma
possível inflexibilidade cognitiva induzida pelo MPTP, a qual se refletiria num
comportamento do tipo perseverante. Embora a confirmação da nossa hipótese
tenha falhado pelo método empregado nós não descartamos essa possibilidade.
Assim, investigações futuras utilizando métodos mais sensíveis e específicos para
detecção desse tipo de comportamento são requeridas para confirmação de nossa
hipótese e melhor compreensão dos resultados aqui apresentados.
No que se referem às manifestações motoras, bioquímicas e moleculares, os
resultados aqui apresentados sustentam de fato o possível efeito neuroprotetor que
a exposição a um AE tem em relação à DP. Já em relação aos parâmetros
cognitivos, nossos achados levantam a questão da influencia do tempo de
exposição, que precisa ser melhor compreendida por meio de estudos futuros, na
indução dos processos de facilitação cognitiva e das modificações moleculares
induzidas por este ambiente.
69
7. Conclusões
De acordo com os resultados apresentados neste estudo, pode-se concluir que:
O MPTP gerou déficit de força e induziu hiperlocomoção os quais foram
prevenidos pela exposição a um AE;
A administração de MPTP, na dose de 25 mg/Kg via i.p. por cinco dias
consecutivos, resultou na depleção de aproximadamente 70% dos níveis
estriatais de DA, DOPAC e HVA. O AE não alterou a depleção dopaminérgica
induzida pelo MPTP no estriado, entretanto, reduziu a depleção de DOPAC e
HVA nesta região;
A administração de MPTP assim como a exposição a um AE não induziram
alterações na expressão gênica do sistema dopaminérgico na região
mesencefálica;
O MPTP induziu a diminuição da expressão gênica da ChAT e aumento da
AChE e do M1R. O AE preveniu a diminuição da expressão da ChAT e o
aumento do M1R;
O MPTP e a exposição a um AE não induziram déficit e facilitação cognitiva
respectivamente nas tarefas de memória de referência e MT no labirinto
aquático de Morris;
A administração de MPTP assim como a exposição a um AE não induziram
alterações na expressão gênica do sistema dopaminérgico e colinérgico no
córtex.
70
8. Perspectivas e metas futuras
Com o intuito de confirmar e consolidar as hipóteses apresentadas e
galgando a publicação de nossos dados, nosso grupo almeja avaliar dentro do
delineamento experimental proposto:
A reatividade à enzima tirosina hidroxilase da SNpc por meio de
imunohistoquímica para verificar o nível de lesão cerebral desses animais e a
possível neuroproteção induzida pelo AE;
A atividade da enzima AChE na região mesencefálica, estriado, hipocampo e
córtex;
Os níveis dos neurotransmissores DA e ACh na região mesencefálica,
estriado, hipocampo e córtex;
A análise do perfil de expressão gênica dos sistemas dopaminérgico e
colinérgico do estriado e hipocampo;
A atividade de HO-1, NQO1 e GST na região mesencefálica;
A análise da expressão gênica de Nrf2, HO-1, NQO1 e GST na região
mesencefálica.
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