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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Tecnologia e Ciências

Instituto de Química

Carla Raiana Pereira Feitosa

Educação de Jovens e Adultos (EJA): Projetos escolares de Química

Rio de Janeiro

2017

1

Carla Raiana Pereira Feitosa

Educação de Jovens e Adultos (EJA): Projetos escolares de Química.

Monografia submetida ao corpo docente

do Instituto de Química da Universidade

do Estado do Rio de Janeiro como

requisito final para obtenção do diploma

de Licenciatura em Química.

Orientadora: Prof.a Dr.a. Maria de Fátima Teixeira Gomes

Rio de Janeiro

2017

2

Carla Raiana Pereira Feitosa

Educação de Jovens e Adultos (EJA): Projetos escolares de Química.

Monografia submetida ao corpo docente

do Instituto de Química da Universidade

do Estado do Rio de Janeiro como

requisito final para obtenção do diploma

de Licenciatura em Química.

Aprovada em: _____________________________________________

Banca Examinadora:

__________________________________________________

Prof.ª Dr.a Maria de Fátima Teixeira Gomes (Orientadora)

Departamento de Química Geral e Inorgânica - Instituto de

Química – UERJ

_____________________________________________

Professor MSc José Ilton Pinheiro Jornada. Instituto de Química

– UERJ

_____________________________________________

Professora MSc Gisele dos Santos Silva Firmino. SEEDUC – RJ

Rio de Janeiro,

2017

3

DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho aos meus familiares, amigos e professores que durante toda

minha trajetória, contribuíram de forma significativa na minha formação profissional.

4

AGRADECIMENTOS

Aos meus familiares pelo apoio durante toda a minha trajetória acadêmica. Agradeço

em especial a minha mãe, Eliane Pereira, por sempre incentivar meus estudos e por ser um

exemplo de mulher honesta e trabalhadora.

A todos os meus amigos, incluindo os que fiz na minha Graduação e bolsistas de

Iniciação à Docência do Subprojeto PIBID Química da UERJ pelo apoio e incentivo.

A minha melhor amiga, Camila Rodrigues, por sempre estar ao meu lado nos

momentos de angústia, incertezas e principalmente alegrias.

A minha orientada, professora Maria de Fátima Teixeira Gomes, por sua paciência e

principalmente pela ajuda durante todo o processo de escrita dessa Monografia.

É digna de nota a capacidade que tem a experiência pedagógica para despertar,

estimular e desenvolver em nós o gosto de querer bem e o gosto da alegria, sem a qual a

prática educativa perde o sentido.

Paulo Freire

5

RESUMO

Pereira Feitosa, Carla Raiana. Educação de Jovens e Adultos (EJA): Projetos escolares de

Química. Monografia (Graduação em Licenciatura em Química) – Instituto de Química –

Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.

Esta Monografia enfatiza a importância do ensino de Química para a Educação de

Jovens e Adultos (EJA) e relata sobre três projetos escolares que foram desenvolvidos com

estudantes dessa modalidade do Ensino Médio em um colégio da rede pública estadual do Rio

de Janeiro. A escolha dos temas dos projetos considerou a função social do ensino de Química

e a temática da Feira Cultural proposta pela escola. As práticas pedagógicas empregadas para

desenvolver os projetos buscaram tornar a Química mais atrativa para os estudantes,

apresentando situações cotidianas em que essa ciência é encontrada e, principalmente,

fazendo com que eles levassem o conhecimento adquirido para suas vidas. Os projetos foram

orientados por bolsistas de Iniciação à Docência do Subprojeto Química do Programa

Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID). As etapas de desenvolvimento dos

projetos, em especial do tema “Os alimentos e a produção de sangue”, são detalhadas e

discutidas. Os projetos possibilitaram que os estudantes participassem de leituras e debates e

que relacionassem conteúdos escolares a questões da saúde e do cotidiano.

Palavras chave: Educação de Jovens e Adultos (EJA) - Ensino de Química - Projetos

escolares.

6

ABSTRACT

Carla Raiana. Youth and Adult Education (EJA): School projects in Chemistry. Monography

(Undergraduate Degree in Chemistry) - Institute of Chemistry - University of the State of Rio

de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.

This monograph emphasizes the importance of the teaching of Chemistry for the

Education of Young and Adults (EJA, in Portuguese) and reports on three school projects that

were developed with students of this modality of High School in a public college of the

network of Rio de Janeiro state. The choice of the themes of the projects considered the social

function of the teaching of Chemistry and the theme of the Cultural Fair proposed by the

school. The pedagogical practices used to develop the projects sought to make Chemistry

more attractive to students, presenting everyday situations in which this science is found and,

mainly, causing them to take the acquired knowledge into their lives. The projects were

guided by scholarship recipients for the Teaching of the Chemical Subproject of the

Institutional Scholarship Program for Initiation to Teaching (PIBID, in Portuguese). The

development stages of the projects, in particular the theme "Food and blood production", are

detailed and discussed. The projects enabled students to participate in readings, debates and to

relate school content to health and their daily lives.

Keywords: Youth and Adult Education (EJA) - Teaching Chemistry - School Projects.

7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1-Capa do livro Ciências da Natureza I e suas Tecnologias: Biologia I – Física I e

Química I. Módulo 2 – volume 1 ............................................................................................. 22

Figura 2-Cartaz apresentado pelos estudantes da EJA sobre “Os alimentos e a Produção de

Sangue ...................................................................................................................................... 36

8

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 9

OBJETIVOS .................................................................................................................... 10

1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 11

1.1 A Educação de Jovens e Adultos: do Ensino Supletivo a uma modalidade da Educação

Básica ................................................................................................................................

11

1.2 Educação de Jovens e Adultos no Estado do Rio de Janeiro ............................................ 19

1.3 O Ensino de Química na Educação de Jovens e Adultos ................................................ 23

2 METODOLOGIA.............................................................................................................. 27

2.1 Desenvolvimento do projeto “O amargo sabor do doce” ................................................. 29

2.2 Desenvolvimento do projeto “Os alimentos e a produção de sangue” ............................ 30

2.3 Desenvolvimento do projeto “O sal nosso de cada dia” ................................................ 31

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................... 33

3.1 Os alimentos e a produção de sangue .............................................................................. 33

CONCLUSÃO ............................................................................................................... 36

REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 38

ANEXO I........................................................................................................................... 42

ANEXO II..................................................................................................................43

ANEXO III..................................................................................................................44

ANEXO IV..................................................................................................................49

ANEXO V...................................................................................................................51

9

INTRODUÇÃO

Esse trabalho foi desenvolvido ao longo da minha participação, como estudante de

Licenciatura em Química da UERJ, no Subprojeto Química do Programa Institucional de

Bolsas de Iniciação à Docência da Capes (PIBID). A vivência em sala de aula com a

supervisora, Professora Sandra Maria Fructuoso, os estudantes da Educação de Jovens e

Adultos (EJA) e também a realização de projetos para a Feira Cultural do Colégio Estadual

Herbert de Souza, me motivaram a conhecer melhor esta modalidade de ensino.

A Educação Básica tem como objetivo dar às pessoas a oportunidade de desenvolver

seu potencial coletiva e individualmente. É fundamental que o reconhecimento do direito à

educação continuada durante a vida seja acompanhado de medidas que garantam as condições

necessárias para o exercício desse direito. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma

modalidade da Educação Básica que visa dar oportunidades as pessoas que por algum motivo

não puderam concluí-la no tempo adequado. A principal finalidade da Educação de Jovens e

Adultos é garantir o acesso ao Ensino Fundamental e Médio a todos. A EJA possibilita a

inclusão e a melhora de vida da pessoa através da educação, bem como a capacita para

competir no mercado de trabalho. Esse modelo de ensino surge como uma ação de estímulo a

jovens e adultos, proporcionando seu reingresso à sala de aula, respeitando as características

individuais de cada aluno, dando oportunidades educacionais adequadas a seus interesses, a

suas condições de vida e trabalho, mediante o uso de material didático, cursos e exames

próprios. Os objetivos principais do EJA são: proporcionar a conclusão da Educação Básica

aos jovens e adultos que estão afastados e desejam retornar à escola e, em se tratando da

modalidade de ensino a distância, visa também garantir a flexibilidade de tempo e espaço - e

redução de gastos, pois se evita o deslocamento diário até o colégio; oferecer inclusão digital,

pois permite o uso de tecnologias na educação e proporcionar a democratização do ensino

para todos os cantos do país.

A Química é vista como uma disciplina abstrata e de difícil compreensão, pois envolve

cálculos, equações, símbolos e conhecimentos específicos. O ensino de Química, de uma

maneira geral, ainda segue o método tradicional, o que gera nos estudantes um grande

desinteresse, pois é muito difícil para eles relacionar o que é aprendido na sala de aula com o

cotidiano. Cabe ao docente oferecer meios que possibilitem aos alunos relacionarem a

Química que lhes é ensinada com fatos que ocorrem no dia a dia, o que na EJA se torna

imprescindível. Vale ressaltar que o educador, ao planejar as suas aulas, sempre deve levar em

10

consideração a diversidade sociocultural e a realidade de seu público, independentemente do

nível ou modalidade de ensino em que ele atue. A maioria dos discentes da EJA é composta

por uma população de baixa renda, muitos entram praticamente analfabetos e às vezes até sem

muitas perspectivas de aprendizagem. O currículo deve ser reorganizado para atender a essas

demandas, evitando-se metodologias conteudistas, que muitas vezes acabam por desestimular

o educando e passam a ideia de que a Química é de difícil entendimento.

No primeiro capítulo, apresentamos um breve histórico sobre a evolução legal da

Educação de Jovens e Adultos, desde a Lei de Diretrizes e Bases Educação Nacional de 1971

até os dias atuais, visando dar um melhor entendimento sobre suas normas e propostas e

ampliar o conhecimento sobre como a EJA se integra à Educação Básica na forma de uma

modalidade de ensino. Em seguida, abordamos como se organiza e se desenvolve a EJA no

Estado do Rio de Janeiro. Por último, discutimos a importância social do Ensino de Química e

da Ciência, em geral, e para jovens e adultos.

No capítulo Metodologia descrevemos os projetos “O amargo sabor do doce”; “O sal

nosso de cada dia” e “Os alimentos e a produção de sangue” que foram desenvolvidos em

uma turma da EJA do Colégio Estadual Herbert de Souza, por colegas bolsistas de Iniciação à

Docência e por mim. Os resultados do último projeto são apresentados e discutidos.

OBJETIVOS

Objetivo geral:

Enfatizar a importância do ensino de Química para a Educação de Jovens e Adultos

(EJA) e apresentar três projetos escolares que foram desenvolvidos com estudantes dessa

modalidade do Ensino Médio em um colégio da rede pública estadual do Rio de Janeiro.

Objetivos específicos:

i) Promover uma maior conscientização, visando mudanças nos hábitos alimentares dos

alunos, ao alertar para o fato que a falta ou o excesso de açúcar (glicose) no sangue pode

ocasionar danos à saúde.

ii) levar os estudantes a entenderem a importância dos alimentos para o funcionamento e

produção de sangue no organismo.

iii) conscientizar sobre a importância de se alimentar de uma forma mais saudável,

evitando o consumo excessivo de cloreto de sódio.

11

1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1. A Educação de Jovens e Adultos: do Ensino Supletivo a uma Modalidade da

Educação Básica

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 11 de agosto de 1971, Lei

5.692/71, afirmava em seu Artigo 1º que o ensino de 1º grau, que corresponde ao atual Ensino

Fundamental, e o de 2º grau, que é equivalente ao atual Ensino Médio, tinham por objetivo

geral proporcionar ao educando uma formação necessária ao desenvolvimento de suas

potencialidades, qualificação para o trabalho e preparo para que ele exerça de forma

consciente sua cidadania (BRASIL, 1971). De acordo com o Artigo 5º, o currículo pleno seria

constituído por duas partes: educação geral e formação especial. No 1º grau, a parte de

educação geral seria exclusiva nas séries iniciais e predominante nas finais e no ensino de 2º

grau, predominaria a formação especial. No ensino de 1º grau a parte de formação especial do

currículo teria como objetivo a sondagem de aptidões e a iniciação para o trabalho, no ensino

de 2º grau, esta parte visaria à habilitação profissional, em consonância com as necessidades

do mercado de trabalho local ou regional.

A LDB 5.692/71 implantou o Ensino Supletivo e este teria como objetivo promover a

escolarização de jovens e adultos que por algum motivo não fizeram ou concluíram o ensino

regular na idade própria. De acordo com o Artigo 25, o Ensino Supletivo abrangeria,

conforme as necessidades do educando, a alfabetização (ensinar a ler, escrever e a fazer

contas), a formação profissional, o estudo intensivo de disciplinas do ensino regular e a

atualização de conhecimentos. Visando atender carências específicas do alunado, os cursos

supletivos podiam ter estrutura, duração e regimes escolares próprios. Os cursos podiam ser

presenciais, ministrados em salas de aula, ou à distância, utilizando-se de recursos

audiovisuais, tais como televisão ou rádio, de maneira que pudessem alcançar um maior

número de estudantes. Para ingressar no 1º grau, a idade mínima estabelecida era ser maior de

18 (dezoito) anos e para, o 2º grau, ser maior de 21 (vinte um) anos. Os professores da

modalidade 2º grau, deveriam ter habilitação específica obtida em curso superior de

graduação correspondente a licenciatura plena. Para as séries do 1º grau, a graduação de nível

superior não era exigida. De acordo com as normas estabelecidas pelo Conselho de Educação,

em alguns casos, para atender as necessidades profissionais dos alunos, os docentes do Ensino

12

Supletivo deveriam ter formação especifica na área, geralmente obtidos em cursos de

especialização.

A Constituição Federal de 1988 é um marco importante para a Educação de Jovens e

Adultos (EJA), uma vez que, pelo seu Artigo 208, Inciso I, afirmava que o Ensino

Fundamental é obrigatório e sua oferta gratuita, “inclusive para os que a ele não tiveram

acesso na idade própria” (BRASIL, 1988). Pela primeira vez o Ensino Fundamental foi

consagrado como um direito público subjetivo. A Emenda Constitucional nº 59, de 2009, deu

nova redação ao Inciso I, de modo que a Constituição atualizada (BRASIL, 1988) prevê que o

dever do Estado se estende também ao Ensino Médio, sendo sua oferta obrigatória e gratuita

para todos, independentemente da faixa etária1.

Este princípio constitucional é reiterado no Artigo 4º, Inciso I, da Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional de 20 de dezembro de 1996, LDB 9.394/96 (BRASIL, 1996)2.

No Parágrafo 2º, do Artigo 37, a atual LDB traduz os fundamentos da EJA ao atribuir ao

poder público a responsabilidade de estimular e viabilizar o acesso e a permanência do

trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si. Desse modo, na

LDB 9394/96, a EJA surge como um sistema de ensino gratuito que estimula e viabiliza o

acesso e a continuidade de estudos de Jovens e Adultos, proporcionando-lhes oportunidades

educacionais apropriadas, considerando as características individuais dos alunos, seus

interesses, suas condições de vida e de trabalho.

A LDB 9394/96 prevê que os sistemas de ensino devem oferecer cursos e exames

supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando os alunos ao

prosseguimento de estudos em caráter regular. Com a inclusão da Lei nº 11.741, de 2008, no

Parágrafo 3º, do Artigo 37 da LDB, está também prescreve que a Educação de Jovens e

Adultos seja desenvolvida, preferencialmente, articulada à educação profissional3. São

exemplos dessa articulação:

Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica

na Modalidade de Educação Jovens e Adultos – PROEJA (que articula a Educação

Profissional com o Ensino Fundamental e o Médio da EJA) e o Programa Nacional

de Inclusão de Jovens Educação, Qualificação e Participação Cidadã -

PROJOVEM, para jovens de 18 a 29 anos (que articula Ensino Fundamental,

qualificação profissional e ações comunitárias). (BRASIL, 2013).

1 Art. 208 (...) I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade,

assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; (Inciso

com redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009). 2 Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: I - ensino

fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; 3 Art. 37 (...): § 3

o A educação de jovens e adultos deverá articular-se, preferencialmente, com a educação

profissional, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008).

13

Os exames supletivos nacionais são oferecidos pela União ou pelos Estados, Distrito

Federal e Municípios, mediante o Exame Nacional para Certificação de Competências de

Jovens e Adultos (ENCCEJA). A idade mínima para a inscrição e realização dos exames de

conclusão é de 15 (quinze) anos completos para o Ensino fundamental, e de 18 (dezoito) anos

completos para o Ensino Médio. Entretanto, “a partir da aplicação do ENEM em 2009, este

passou a substituir o ENCCEJA referente ao Ensino Médio, passando, pois, a ser aplicado

apenas o referente ao Fundamental” (BRASIL, 2013, p. 41). Em 2017, porém, o novo ENEM

deixou de certificar a conclusão do Ensino Médio. A argumentação da presidente do Instituto

Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Maria Inês Fini, para a

medida adotada foi que "o exame não foi preparado para fazer esse tipo de avaliação" e

esclareceu que, em 2016, dos 990 mil candidatos que fizeram o ENEM com essa finalidade,

somente 74 mil obtiveram a certificação de Ensino Médio (site do MEC).

De acordo com o Inep:

O Encceja será dividido em quatro provas objetivas, por nível de ensino, e uma

redação. Cada prova objetiva tem 30 questões de múltipla escolha. O Encceja

Nacional 2017 será aplicado para mais de 1,5 milhão de pessoas: 301 mil farão

provas para o Ensino Fundamental e 1,2 milhão para o Ensino Médio. O exame será

aplicado em 564 municípios de todas as unidades da Federação. (Site do MEC).

Atualmente, a Educação Básica se organiza em etapas (Educação Infantil, Ensino

Fundamental e Ensino Médio) e modalidades de ensino (BRASIL, 2013). A Educação de

Jovens e Adultos é uma modalidade da Educação Básica, assim como a Educação Especial,

Educação Profissional e Tecnológica, Educação do Campo, Educação Escolar Indígena,

Educação Escolar Quilombola, Educação a Distância e a Educação nos Estabelecimentos

Penais.

O Artigo 28 da Resolução nº 4, de 13 de julho de 2010, que define as Diretrizes

Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica expressa que a “Educação de Jovens e

Adultos (EJA) destina-se aos que se situam na faixa etária superior à considerada própria, no

nível de conclusão do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.” (BRASIL, 2013, p. 71). Em

seu Parágrafo 2º, recomenda que os “cursos de EJA, preferencialmente tendo a Educação

Profissional articulada com a Educação Básica, devem pautar-se pela flexibilidade, tanto de

currículo quanto de tempo e espaço” (idem).

14

As etapas e modalidades da Educação Básica têm Diretrizes Curriculares Nacionais

específicas.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos estão

expressas na Resolução CNE/CEB nº 1/2000, fundamentada no Parecer CNE/CEB

nº 11/2000, sendo que o Parecer CNE/CEB nº 6/2010 e a Resolução CNE/CEB nº

3/2010 instituem Diretrizes Operacionais para a Educação de Jovens e Adultos

(EJA) nos aspectos relativos à duração dos cursos e idade mínima para ingresso nos

cursos de EJA; idade mínima e certificação nos exames de EJA; e Educação de

Jovens e Adultos desenvolvida por meio da Educação a Distancia. (BRASIL, 2013,

p. 159).

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos,

estabelecidas no Parecer CNE/CEB nº 11/2000 e na Resolução CNE/CEB nº 1/2000

determinavam que a idade inicial para matrícula em cursos de EJA seria a de 14 (quatorze)

anos completos para o Ensino Fundamental e a de 17 (dezessete) anos para o Ensino Médio.

A Lei nº 8.069/90, Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), define a categoria jovem a

partir de 18 (dezoito) anos, em respeito à maioridade explicitada no Artigo 228 da

Constituição Federal, bem como afirma ser dever do Estado a oferta do ensino regular noturno

ao adolescente trabalhador. Como a necessidade de compatibilizar a idade para os cursos de

EJA com as normas e concepções do ECA poderia proporcionar o desamparo de jovens entre

15 (quinze) e 17 (dezessete) anos, a solução mais acertada foi garantir a função reparadora e a

função equalizadora da EJA e favorecer a oferta e o atendimento universalizante da Educação

Básica, com permanência e qualidade na idade própria e com fluxo regular. Assim, as

Diretrizes Operacionais para a Educação de Jovens e Adultos, instituída pela Resolução

CNE/CEB nº 3/2010, de 15 de junho de 2010, estabelecem que a idade mínima para a entrada

no EJA é de quinze anos completos para o Ensino Fundamental4 e dezoito anos para o Ensino

Médio5 (BRASIL, 2013, p. 350).

A Resolução nº 7, de 14 de dezembro de 2010, que fixa Diretrizes Curriculares

Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos (BRASIL, 2013, p. 130), estabelece

no seu Artigo 46 que a oferta de cursos de Educação de Jovens e Adultos, para a primeira fase

do Ensino Fundamental (do 1º ao 5º ano), “será presencial e a sua duração ficará a critério de

4 Art. 5º: Obedecidos o disposto no artigo 4º, incisos I e VII, da Lei nº 9.394/96 (LDB) e a regra da prioridade

para o atendimento da escolarização obrigatória, será considerada idade mínima para os cursos de EJA e para a

realização de exames de conclusão de EJA do Ensino Fundamental a de 15 (quinze) anos completos. 5 Art. 6º: Observado o disposto no artigo 4º, inciso VII, da Lei nº 9.394/96, a idade mínima para matrícula em

cursos de EJA de Ensino Médio e inscrição e realização de exames de conclusão de EJA do Ensino Médio é 18

(dezoito) anos completos.

Resolução nº 3, de 15 de junho de 2010. Institui Diretrizes Operacionais para a Educação de Jovens e Adultos

nos aspectos relativos à duração dos cursos e idade mínima para ingresso nos cursos de EJA; idade mínima e

certificação nos exames de EJA; e Educação de Jovens e Adultos desenvolvida por meio da Educação a

Distância. (BRASIL, 2013, p. 349).

15

cada sistema de ensino, nos termos do Parecer CNE/CEB nº 29/2006, tal como remete o

Parecer CNE/CEB nº 6/2010 e a Resolução CNE/CEB nº 3/2010.” Para a segunda fase (do 6º

ao 9º ano), “os cursos poderão ser presenciais ou à distância, devidamente credenciados, e

terão 1.600 (mil e seiscentas) horas de duração.” (BRASIL, 2013, p. 141).

De acordo com os Incisos II e IV do Artigo 14 da Resolução nº 2, de 30 de janeiro de

2012, que Define Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM), o Ensino

Médio regular tem duração mínima de 3 (três) anos e carga horária mínima total de 2.400

horas, “tendo como referência uma carga horária anual de 800 horas, distribuídas em pelo

menos 200 dias de efetivo trabalho escolar”. O Ensino Médio regular noturno deve ser

adequado às condições dos trabalhadores, com um projeto pedagógico que especifique uma

organização curricular e metodológica diferenciada, “e pode, para garantir a permanência e o

sucesso destes estudantes”, ter menor carga horária diária e anual e duração maior que 3 (três)

anos, desde que seja garantido o mínimo total de 2.400 horas. Também é permitido “incluir

atividades não presenciais, até 20% da carga horária diária e de cada tempo de organização

escolar, desde que haja suporte tecnológico e seja garantido o atendimento por professores e

monitores.” (BRASIL, 2013, p. 198).

Mais recentemente, o Artigo 1º da Lei 13.415, de 16 de fevereiro de 2017, alterou o

Artigo 24º da LDB atual (Lei no 9.394/96) e reafirmou em seu inciso I que “a carga horária

mínima anual será de oitocentas horas para o ensino fundamental e para o ensino médio...”

entretanto, estabeleceu que:

§ 1º A carga horária mínima anual de que trata inciso I o do caput deverá ser

ampliada de forma progressiva, no ensino médio, para mil e quatrocentas horas,

devendo os sistemas de ensino oferecer, no prazo máximo de cinco anos, pelo

menos mil horas anuais de carga horária, a partir de 2 de março de 2017.

O Inciso V das DCNEM supracitadas recomenda que a Educação de Jovens e Adultos

tenha uma organização curricular e metodológica que possa “incluir ampliação da duração do

curso, com redução da carga horária diária e da anual, garantindo o mínimo total de 1.200

horas” (idem, idem). Considerando que, em geral, os estudantes da EJA são trabalhadores e

que, esta modalidade de Ensino Médio é oferecida frequentemente no turno noturno é

possível também incluir atividades não presenciais, até 20% da carga horária diária ou de cada

tempo de organização escolar, desde que haja suporte tecnológico e seja garantido o

atendimento por professores e monitores.

No que tange ainda as formas de oferta e organização, o Inciso VI do Artigo 14 da

DCNEM, afirma que atendida a formação geral, que inclui a preparação básica para o

trabalho, “o Ensino Médio pode preparar para o exercício de profissões técnicas, por

integração com a Educação Profissional e Tecnológica, observadas as Diretrizes específicas,

com as cargas horárias mínimas de:

16

a) 3.200 (três mil e duzentas) horas, no Ensino Médio regular integrado com a

Educação Profissional Técnica de Nível Médio;

b) 2.400 (duas mil e quatrocentas) horas, na Educação de Jovens e Adultos integrada

com a Educação Profissional Técnica de Nível Médio, respeitado o mínimo de 1.200

(mil e duzentas) horas de educação geral;

c) 1.400 (mil e quatrocentas) horas, na Educação de Jovens e Adultos integrada com

a formação inicial e continuada ou qualificação profissional, respeitado o mínimo de

1.200 (mil e duzentas) horas de educação geral; (BRASIL, 2013, p. 198).”

Nos termos da Lei nº 9.394/96, LDB, a Educação Profissional Técnica de Nível Médio

abrange tanto a habilitação profissional específica, quanto às qualificações profissionais6

iniciais ou intermediárias, organizadas de forma independente ou, preferencialmente, como

etapas ou módulos de um determinado itinerário formativo. “A habilitação profissional

técnica de nível médio é sempre habilitação plena independentemente de sua forma de oferta”

(BRASIL, 2013, p. 239).

A Educação Profissional Técnica de Nível Médio pode ser desenvolvida como

articulada ou subsequente ao Ensino Médio. Para a oferta articulada, são definidas duas

formas alternativas: a integrada - na mesma instituição de ensino, com matrícula única para

cada aluno - e a concomitante - com matrículas distintas para cada curso, na mesma ou em

outra instituição de ensino, mas com projetos pedagógicos unificados.

O Quadro 1 indica, de forma esquemática, a duração das diferentes formas de oferta

das habilitações plenas de Educação Profissional Técnica de Nível Médio para o Ensino

Médio regular e para a modalidade Educação de jovens e adultos (conforme quadro análogo

apresentado em BRASIL, 2013, p. 240).

Quadro 1: A Educação Profissional Técnica de Nível Médio

6 A formação inicial e continuada ou qualificação profissional, com esta dupla denominação, é apresentada no

Capítulo III do Título V da LDB, a qual objetiva atender às necessidades de efetiva qualificação para o

trabalho, sem as exigências de escolaridade predeterminada para a modalidade, como é o caso da Educação

Profissional Técnica de Nível Médio e da Tecnológica de graduação e pós-graduação. Esses cursos

profissionalizantes são considerados como cursos especiais, de livre oferta, abertos à comunidade. A matrícula

nesses cursos é condicionada à capacidade de aproveitamento e não, necessariamente, a determinado nível de

escolaridade, conforme estabelece o art. 42 da LDB, embora se deva ter em mira, sempre, a elevação desta,

mediante sua articulação com o ensino regular na idade própria ou na modalidade de EJA. (BRASIL, 2013, p.

241).

17

Um tema recente nos meios educacionais é a relação entre as modalidades de ensino

Educação de Jovens e Adultos e Educação a Distância (EJA e EAD) (BRASIL, 2013, p. 340).

A relação entre as modalidades de ensino Educação de Jovens e Adultos e Educação a

Distância (EJA e EAD) é de grande importância, especialmente para aqueles que não podem

frequentar diariamente uma sala de aula, por dificuldades de locomoção ou falta de tempo. O

18

Artigo 39 da Resolução nº 4, de 13 de julho de 2010, que define as Diretrizes Curriculares

Gerais para a Educação Básica, expressa que:

A modalidade Educação a Distância caracteriza-se pela mediação didático-

pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem que ocorre com a utilização de

meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores

desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. (BRASIL,

2013, p. 74).

O Artigo 9º da Resolução nº 3, de 15 de junho de 2010, que institui Diretrizes

Operacionais para a Educação de Jovens e Adultos7, nos Incisos I e II, afirma que os cursos de

EJA desenvolvidos por meio da EAD devem ter a mesma duração mínima – “de 1.600 (mil e

seiscentas) horas, nos anos finais do Ensino Fundamental, e de 1.200 (mil e duzentas) horas,

no Ensino Médio” – e a mesma idade mínima – “15 (quinze) anos completos para o segundo

segmento do Ensino Fundamental e 18 (dezoito) anos completos para o Ensino Médio” – que

a estabelecida para a EJA presencial. (BRASIL, 2013, p. 349).

O Inciso VI das Diretrizes Operacionais destaca que a EJA ofertada por meio da EAD,

tanto para o Ensino Fundamental como para o Ensino Médio, deve ser desenvolvida em

7 Art. 9º Os cursos de EJA desenvolvidos por meio da EAD, como reconhecimento do ambiente virtual como

espaço de aprendizagem, serão restritos ao segundo segmento do Ensino Fundamental e ao Ensino Médio, com

as seguintes características:

I – a duração mínima dos cursos de EJA, desenvolvidos por meio da EAD, será de 1.600 (mil e seiscentas)

horas, nos anos finais do Ensino Fundamental, e de 1.200 (mil e duzentas) horas, no Ensino Médio;

II – a idade mínima para o desenvolvimento da EJA com mediação da EAD será a mesma estabelecida para a

EJA presencial: 15 (quinze) anos completos para o segundo segmento do Ensino Fundamental e 18 (dezoito)

anos completos para o Ensino Médio;

III – cabe à União, em regime de cooperação com os sistemas de ensino, o estabelecimento padronizado de

normas e procedimentos para os processos de autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento dos

cursos a distância e de credenciamento das instituições garantindo-se sempre padrão de qualidade;

IV – os atos de credenciamento de instituições para a oferta de cursos a distância da Educação Básica no

âmbito da unidade federada deve ficar ao encargo dos sistemas de ensino;

V – para a oferta de cursos de EJA a distância fora da unidade da federação em que estiver sediada, a

instituição deverá obter credenciamento nos Conselhos de Educação das unidades da federação onde irá atuar;

VI – tanto no Ensino Fundamental quanto no Ensino Médio, a EAD deve ser desenvolvida em comunidade de

aprendizagem em rede, com aplicação, dentre outras, das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) na

“busca inteligente” e na interatividade virtual, com garantia de ambiente presencial escolar devidamente

organizado para as práticas relativas à formação profissional, de avaliação e gestão coletiva do trabalho,

conjugando as diversas políticas setoriais de governo;

VII – a interatividade pedagógica será desenvolvida por professores licenciados na disciplina ou atividade,

garantindo relação adequada de professores por número de estudantes;

VIII – aos estudantes serão fornecidos livros didáticos e de literatura, além de oportunidades de consulta nas

bibliotecas dos polos de apoio pedagógico organizados para tal fim;

IX – infraestrutura tecnológica como polo de apoio pedagógico às atividades escolares que garanta acesso dos

estudantes à biblioteca, rádio, televisão e internet aberta às possibilidades da chamada convergência digital;

X – haja reconhecimento e aceitação de transferências entre os cursos de EJA presencial e os desenvolvidos

com mediação da EAD;

Resolução nº 3, de 15/06/2010. Institui Diretrizes Operacionais para a Educação de Jovens e Adultos nos

aspectos relativos à duração dos cursos e idade mínima para ingresso nos cursos de EJA; idade mínima e

certificação nos exames de EJA; e Educação de Jovens e Adultos desenvolvida por meio da Educação a

Distância. (BRASIL, 2013, p. 349).

19

comunidade de aprendizagem em rede, com aplicação, dentre outras, das tecnologias da

informação e da comunicação (TIC), na “busca inteligente” e na interatividade virtual. Um

ambiente escolar presencial, onde a interatividade pedagógica será desenvolvida por

professores licenciados na disciplina ou atividade, com uma relação adequada de professores

por número de estudantes, é garantido no seu Inciso VII.

Aos estudantes deverão ser fornecidos livros (e não módulos), além de oportunidades

de consulta nas bibliotecas dos polos de apoio pedagógico, que deverão ter infraestrutura

tecnológica que garanta o acesso de alunos e professores aos meios de comunicação e internet

aberta, como preveem os Incisos VIII e IX.

A avaliação da EJA desenvolvida por meio da EAD, estabelecida pelos sistemas de

ensino, público ou privado, deve se pautar no Inciso XI, que recomenda que:

a) a avaliação da aprendizagem dos estudantes seja contínua, processual e

abrangente, com autoavaliação e avaliação em grupo, sempre presenciais;

b) haja avaliação periódica das instituições escolares como exercício da gestão

democrática e garantia do efetivo controle social de seus desempenhos;

c) seja desenvolvida avaliação rigorosa para a oferta de cursos, descredenciando

práticas mercantilistas e instituições que não zelem pela qualidade de ensino;

(BRASIL, 2013, p. 349).

Finalizamos essa breve revisão apontando a preocupação com a formação inicial e

continuada de professores que atuam na EJA e também no ensino regular cujos adolescentes

extrapolam a relação idade-série, expressa no Artigo 10 das Diretrizes Operacionais para a

Educação de Jovens e Adultos, que recomenda que o Sistema Nacional Público de Formação

de Professores estabeleça “políticas e ações específicas” que sejam desenvolvidas em “estreita

relação com o Programa Universidade Aberta do Brasil (UAB), com as Universidades

Públicas e com os sistemas de ensino”.

1.2 Educação de Jovens e Adultos no Estado do Rio de Janeiro

A proposta de Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Governo do Estado do Rio de

Janeiro para o Ensino Médio, implementada no primeiro semestre de 2013, foi elaborada pela

Secretaria de Estado de Educação em parceria com a Fundação Centro de Ciências e

Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro – Consórcio CEDERJ - com o

objetivo de fornecer capacitação profissional para jovens e adultos e estimular o

desenvolvimento de suas habilidades, proporcionando no espaço escolar as condições

20

necessárias para a conquista de sua autonomia e inserção nos diferentes e diversos espaços da

vida social, como no exercício da cidadania plena, no trabalho, na participação comunitária e

na atuação no cenário político (SEEDUC-RJ, Nova EJA).

De acordo com a SEEDUC-RJ, a Nova Política de Educação de Jovens e Adultos para

o Ensino Médio do Estado do Rio de Janeiro – Programa Nova EJA, na perspectiva de

consolidar uma escola de qualidade, em sua proposta metodológica busca valorizar as

experiências dos estudantes e seus saberes adquiridos na educação extraescolar e construir

uma sociedade mais justa, desenvolvida, igualitária e humana. Suas principais metas são:

aumentar as taxas de conclusão; melhorar a aprendizagem, desenvolver nas estudantes

habilidades cognitivas, desenvolver habilidades para o mundo do trabalho e social, aumentar

o engajamento dos estudantes com a escola e favorecer a conquista de autonomia.

O Ensino Médio da EJA no Estado do Rio de Janeiro tem duração de dois anos e está

dividido em quatro módulos, cada um com duração de um semestre letivo. Dos quatro

módulos, dois são constituídos por disciplinas com ênfase na área de Ciências Humanas e

dois, por disciplinas da área de Ciências da Natureza. Em todos os módulos são obrigatórias

aulas de Português e Matemática. Cada módulo tem, no mínimo, cinco disciplinas e, no

máximo, sete. A carga horária diária de aulas, compreendida em turnos de quatro horas e dez

minutos, é de quatro tempos de 50 minutos de aulas das disciplinas da matriz obrigatória e de

um tempo de 50 minutos de disciplinas optativas e/ou de dependência. As aulas são

presenciais de segunda a sexta (SEEDUC-RJ, Manual Nova EJA).

A avaliação é processual, ou seja, acontece em todas as atividades desenvolvidas no

cotidiano da sala de aula e/ou também fora dela, nas atividades externas, em consonância com

a portaria SEEDUC/SUGEN nº 419, de 27 de setembro de 2013, que estabelece normas de

avaliação do desempenho escolar (RIO DE JANEIRO, 2013). A recomendação do Manual

Nova EJA é que o professor estabeleça a cada unidade, no mínimo, três instrumentos de

avaliação, a fim de obter a verificação do processo ensino-aprendizagem. Desse modo, a

composição da nota pode envolver avaliações referentes a diferentes atividades desenvolvidas

em sala, como exercícios, testes, provas, trabalhos em grupo, etc. além da avaliação da

participação pessoal do aluno na aula.

Para lecionar na EJA, o professor deve participar do Programa de Formação

Continuada da Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do

Rio de Janeiro -Fundação CECIERJ, para se aperfeiçoar e receber orientações sobre o uso do

material didático e de multimídias. O Manual Nova EJA da SEEDUC-RJ esclarece que:

21

A Formação Continuada para os professores das turmas da EJA Ensino Médio será

correlacionada com o cotidiano da sala de aula, percorrendo o conteúdo expresso no

material didático do estudante, fomentando a criação de novas práticas pedagógicas

pelos professores, bem como a experimentação opcional das mesmas, definidas no

material impresso e multimeios do professor e na questão da avaliação do aluno.

A formação é pautada na ação mediadora dos professores, e, assim, instrumentalizar

o fazer cotidiano, de modo que eles vivenciem na formação as estratégias e os

fazeres a serem vivenciados pelos estudantes “em sala de aula”, na produção

individual e coletiva do conhecimento.

O Programa de Formação Continuada de Professores é um curso de aperfeiçoamento,

com uma parte presencial e outra a distância, com carga horária de 180 h. O curso de

aperfeiçoamento pode se converter em especialização, se além dessa carga horária, forem

cumpridas mais 200 h em disciplinas oferecidas por universidades públicas participantes do

Consórcio CEDERJ. Durante a realização do curso de especialização, o professor deve

dedicar cerca de quatro horas semanais para as atividades à distância, além dos encontros

presenciais de três horas cada. Cabe as universidades toda a elaboração do curso, a definição

da ementa das disciplinas, a escolha dos docentes e tutores participantes e a determinação da

carga horária necessária, incluindo infraestrutura física e de informática para a realização dos

trabalhos no período previsto para sua realização, que deve durar cerca de 11 meses, de modo

a complementar 200 h aula (site Projeto SEEDUC-RJ).

A matriz curricular da Educação de Jovens e Adultos da Secretaria de Educação do

Estado do Rio de Janeiro está organizada em quatro Módulos que totalizam 1720 h. Os

Módulos 1 e 3 contemplam disciplinas das áreas de Ciências Humanas, Linguagens e Códigos

e Matemática; os Módulos 2 e 4 contemplam disciplinas as áreas de Ciências da Natureza,

Linguagens e Códigos e Matemática (Anexos I e II).

O material didático, elaborado pela Fundação CECIERJ e distribuído para alunos e

professores, está voltado para o cotidiano do público alvo de maneira a tornar os conteúdos

das disciplinas mais atrativos e facilitar o seu entendimento. A figura 1 reproduz a capa do

livro de Ciências da Natureza I e suas Tecnologias que aborda os conteúdos programáticos de

Biologia I, Física I e Química I.

22

Figura 1-Capa do livro Ciências da Natureza I e suas Tecnologias: Biologia I – Física I e Química I. Módulo 2 – volume 1.

Disponível em: http://projetoseeduc.cecierj.edu.br/eja/material-aluno/modulo-

02/Ciencias_Natureza_Nova_Eja_Aluno_Mod02_Vol01.pdf

No Módulo 2, a carga horária total na área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias

é de 240 h, sendo 80 h para cada uma das três disciplinas. Já no Módulo 4, o total de carga

horária em disciplinas dessa área é menor, 180 h, sendo 60 h para cada uma delas (Anexo II).

Os conteúdos de Química abordados no volume 1, do Módulo 2, estão distribuídos em

cinco unidades: “Do quê somos feitos?”; “Planeta Terra ou Planeta Água?”; “Caminhando

pela estrada que investiga do quê somos feitos;” “Use protetor solar!” e “Elementos

Químicos”. O volume 2, do Módulo 2, também contém cinco unidades: “Como os compostos

químicos são formados?”; “Transformando a matéria - as reações químicas”, “Funções

Químicas Inorgânicas”; “Quantidades nas transformações Químicas” e “A Química tem

solução”. Cada unidade é dividida em seções cujos títulos estão listados no Anexo III.

O Módulo 4, Ciências da Natureza II e suas Tecnologias, aborda os conteúdos

programáticos de Biologia II, Física II e Química II. Os conteúdos de Química abordados no

volume 1 estão distribuídos em cinco unidades: “Combustíveis e energia”; “Termoquímica”;

“Estudo das velocidades das reações - Cinética química;” “Equilíbrio químico” e “Vamos

colocar uma ‘pilha’ na nossa conversa”. O volume 2, do Módulo 4, também contém cinco

23

unidades: “Introdução à Química Orgânica”; “Hidrocarbonetos”; “Funções oxigenadas”;

“Você se alimenta corretamente?” e “Polímeros”. Os títulos das seções de cada unidade estão

listados no Anexo III.

O material didático apresenta figuras ilustrativas, textos descritivos curtos e descrições

de experimentos; fornece links de sites da internet para os alunos aprofundarem seus

conhecimentos; listas de exercícios e questões das últimas edições do ENEM (Exame

Nacional do Ensino Médio).

A qualidade do material é indiscutível, mas exige professores preparados para ensinar

os conteúdos em uma perspectiva bem diferente daquela do Ensino Médio regular, além de

promover ações em sala de aula que privilegiem a participação do aluno. Parece-nos que o

conteúdo programático do Módulo 4 e a carga horária de 60 h são incompatíveis, o que pode

restringir o ensino a uma mera apresentação de fórmulas e regras a serem memorizadas pelos

estudantes.

1.3-O Ensino de Química na Educação de Jovens e Adultos

Nos dias de hoje, muitas pessoas ainda pensam que a modalidade de ensino EJA está

voltada especificamente para alfabetização. Isso se deve pelo fato das escolas e dos

movimentos de alfabetização divulgarem a EJA como uma forma de aquisição de códigos de

leituras e da escrita. As pessoas que procuram a EJA em sua maioria são aquelas que tiveram

descontinuidade escolar, seja por desistência ou expulsão do ensino regular.

A sociedade moderna se caracteriza pelas transformações econômicas e sociais e pela

incorporação de inovações tecnológicas, que resultam de pesquisas e conhecimentos

produzidos pela ciência. A geração de lucro com a criação de novos processos e produtos tem

promovido a expansão do interesse pela ciência por diversos países. A Química tem

contribuído para criação de empregos e para o desenvolvimento econômico, pois os produtos

químicos sintetizados em laboratório são utilizados por toda a população e estes são

desenvolvidos por cientistas que utilizam de seus conhecimentos para criação e

melhoramentos desses manipulados. O ensino de ciência para formar cidadãos se torna

indispensável, para que os indivíduos possam compreender os progressos da ciência, o

impacto das novas tecnologias sobre a vida. A partir de um letramento cientifico, o cidadão

24

poderá avaliar, de forma crítica, as mudanças decorrentes das transformações químicas no seu

cotidiano. Paulo Freire considera que:

A compreensão crítica da tecnologia, da qual a educação de que precisamos deve

estar infundida, é a que vê nela uma intervenção crescentemente sofisticada no

mundo a ser necessariamente submetida crivo político e ético. [...]

O exercício de pensar o tempo, de pensar a técnica, de pensar o conhecimento

enquanto se conhece, de pensar o quê das coisas, o para quê, o como, o em favor de

quê, de quem, o contra quê, o contra quem, são exigências fundamentais de uma

educação democrática à altura dos desafios do nosso tempo (2000, p. 46).

O ensino de Química deve ser encarado como um instrumento transformador e de

conscientização, não se limitando somente a apresentar conceitos químicos, mas também

trabalhar os aspectos éticos, morais, sociais, econômicos e ambientais. O ensino de Química

deve desenvolver a capacidade do educando em tomar decisões, o que requer relacionar o

conteúdo lecionado com o contexto social em que o aluno está inserido. O professor deve

problematizar situações vividas pelos alunos e fornecer meios para a construção do

conhecimento (SANTOS, SCHNETZLER, 2003).

Chassot (2004) acredita que as dificuldades em ensinar Química na Educação Básica

estão relacionadas, de uma maneira geral, com o fato de a própria Ciência ser encarada como

abstrata, complexa e dogmática. O autor destaca, ainda, outras razões: a formação deficiente

dos professores, o uso de metodologias ultrapassadas em sala de aula, o reduzido número de

aulas experimentais, a falta de interesse dos alunos, etc.

Segundo Chassot (2004), os conteúdos sistemáticos apresentados, apenas, como

formas matemáticas e regras contribuem para a abnegação; tornam a matéria muito presa, sem

a possibilidade de contextualização. O autor afirma ainda que o programa de Química é muito

extenso e que apresenta termos inapropriados, voltados para um público restrito; não raro os

professores se obrigam a acelerarem o conteúdo, impedindo que o estudante consolide os

novos conhecimentos. Para tentar solucionar a falta de tempo, são feitos cortes,

principalmente nos textos didáticos, ou os assuntos não são aprofundados. Isso torna a

disciplina fragmentada e difícil de ser compreendida pelos alunos, induzindo, apenas, a

memorização de conteúdos simples, impedindo o uso do raciocínio.

O Ensino de Ciências deve prepara o cidadão para que ele possa dialogar e pensar

responsavelmente sobre questões sociais relativas à ciência. Uma dificuldade encontrada

pelos professores para fazer isso é o fato dos alunos não questionarem, não estudarem e se

mostrarem passivos e sem interesse em relação à matéria. Isso talvez se deva, pelo menos em

parte, ao fato das aulas serem “amarradas”, sem contextualização e não abordam corretamente

25

o letramento cientifico. Para que isso não ocorra o professor precisa mostrar que a Química é

algo útil para a vida do aluno, e que ele irá usar aquele aprendizado para identificar situações

cotidianas que tenham explicações químicas (CHASSOT, 2004). Ou seja, a Química ensinada

deve de algum modo estar inserida na realidade da comunidade local, para assim tornar-se

mais aplicável ao dia a dia do aluno.

Para reverter essa situação da Química e da Ciência em geral no Ensino Médio, os

professores precisam fazer um planejamento cuidadoso da seleção dos conteúdos e usar

metodologias adequadas, visando um aumento da compreensão da matéria e do interesse dos

alunos tanto do Ensino Médio Regular como da Educação de Jovens e Adultos.

Para a Educação de Jovens e Adultos é muito importante que além dos ensinamentos

científicos, que o professor leve em conta para elaborar sua prática educativa a bagagem

cultural e a experiência de vida dos discentes. Ao contrário do Ensino Médio Regular, em que

as aulas de Química estão muito voltadas para a preparação do aluno para os exames

vestibulares e para o ENEM, na EJA, o ensino de Química torna-se muito mais significativo

se fornecer meios para que os jovens e adultos se posicionem, julguem e tomem decisões para

atuarem de forma significativa na sociedade.

Com o letramento científico adequado em Química o estudante poderá reconhecer

fenômenos químicos e físicos ligados ao seu cotidiano, “manipular as substâncias” tomando

as devidas precauções, compreender e avaliar as mudanças tecnológicas e “interpretar as

informações químicas transmitidas pelos meios de comunicação” (SANTOS, SCHNETZLER,

2003, p.94). Para que exista relação entre Ensino de Química e a formação dos cidadãos é

preciso que o estudante entenda não só a Química, mas o contexto social em que está inserido.

Temas como: química ambiental; química dos metais; recursos energéticos; alimentos

e aditivos químicos; energia nuclear; química dos polímeros, dentre outros, são adequados

para abordar conteúdos químicos relacionados com aspectos sociais. Esses temas quando

apresentados de forma adequada podem auxiliar na formação de cidadãos e no

desenvolvimento de atitudes e valores éticos, de solidariedade e de compromisso social

(SANTOS, SCHNETZLER, 2003).

Os jovens e adultos da EJA devem desenvolver atitudes de renúncia a materiais e

tecnologias que podem prejudicar a preservação do meio ambiente; devem ser orientados a

usarem corretamente cosméticos, remédios, combustíveis, inseticidas, etc.; devem ser

ensinados a interpretar bulas, compreender informações técnicas, dentre outros. Em síntese,

eles precisam se conscientizar sobre o uso de produtos químicos de modo que prejudiquem o

menos possível a população e a natureza (RIBEIRO, 2009, p. 79).

26

As abordagens dessas temáticas na EJA devem ser feitas a partir de orientações

metodológicas adequadas. As Orientações Curriculares Nacionais para a Área de Ciências da

Natureza, Matemática e suas Tecnologias (BRASIL, 2006) propõem que objeto de estudo da

Química, seja o contexto real, afirmando que:

O diálogo entre as disciplinas é favorecido quando os professores dos diferentes

componentes curriculares focam, como objeto de estudo, o contexto real – as

situações de vivência dos alunos, os fenômenos naturais e artificiais, e as aplicações

tecnológicas. (p.102).

Vale ressaltar que pessoas que retornam aos estudos depois de adultos tem uma visão

de mundo bastante peculiar. Protagonistas de histórias e vasta experiência de vida, os alunos

jovens e adultos chegam à escola com crenças e valores já constituídos.

Ribeiro (2009) propõe o emprego de temas geradores na Educação de Jovens e

Adultos como alternativa metodológica para relacionar conteúdos específicos de Química

com a experiência de vida dos estudantes. Por meio da seleção de temas e palavras é possível

emergir o que será trabalhado em sala que tenha interação com elementos da disciplina e do

cotidiano do estudante. Segundo o autor, os temas geradores permitem que o aluno saia da

condição de mero observador, pois passam a trabalhar com conceitos que lhes trazem

interesse e envolvem situações da sua vivência. O autor afirma que “por meio do tema

gerador geral é possível avançar para além do limite de conhecimento que os educandos têm

de sua própria realidade, podendo assim melhor compreendê-la a fim de poder nela intervir

criticamente” (p. 80).

Para que o ensino de química possa ser cumprido com êxito na EJA, é necessário

entender as particularidades, as dificuldades e, principalmente, os diferenciais positivos dos

alunos, que possuem conhecimentos que precisam ser contextualizados e relacionados com

seu cotidiano e suas ambições futuras. De acordo com Ribeiro (2009), “é preciso que a

Química seja percebida [pelo aluno] como algo útil e significativo e, isso ocorrerá à medida

que o educador mantiver uma relação recíproca [entre os] conhecimentos científicos e o

mundo atual e vivido pelos alunos” (p. 76).

Os professores devem superar as dificuldades da sala de aula, tais como pouco tempo

para ensinar, falta de recursos (de informática, laboratório, material didático adequado, etc.).

É preciso que os professores dominem os conteúdos científicos da Química e também sua

aplicação nas atividades humanas e nos processos naturais e sociais. Com isso, há mais

chances de que os alunos identifiquem e se identifiquem nas questões propostas, o que

27

possibilita que os conteúdos sejam compreendidos e o estudo de Química seja motivador, o

que contribui para uma aprendizagem significativa. Concluímos afirmando que o ensino de

Química deve ter uma função social, fornecendo aos alunos a possibilidade de não só saber ler

o vocabulário científico, como também problematizar, ler e discutir sobre situações

vivenciadas no seu cotidiano.

2- METODOLOGIA

Esse trabalho foi desenvolvido ao longo da minha participação como bolsista PIBID -

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - no projeto “Saber escolar e

formação docente na Educação Básica”. O PIBID é um programa da Diretoria de Ensino

Básico da CAPES que concede bolsas de iniciação à docência para alunos de cursos de

licenciatura e para coordenadores e supervisores responsáveis institucionalmente pelo

Programa, além de apoio financeiro para as demais despesas a ele vinculadas.

Durante minha permanência no Subprojeto Química do PIBID/UERJ tive a

oportunidade de estagiar em duas escolas de Ensino Médio da Secretaria de Estado de

Educação do Rio de Janeiro (SEEDUC-RJ). Uma delas foi o Colégio Estadual Herbert de

Souza, situado no bairro do Rio Comprido, no Rio de Janeiro, que também oferece o Ensino

Médio na modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA), também denominado NEJA

(Nova EJA) pela SEEDUC-RJ.

Em 2015, o Colégio Estadual Herbert de Souza desenvolveu o projeto escolar

“Carioca Sangue Bom” em parceria com o HEMORIO, como parte das celebrações dos 80

anos do sociólogo Herbert José de Souza, conhecido como Betinho. Herbert José de Souza

nasceu em Bocaiuva, Minas Gerais, no dia 3 de novembro de 1935. Betinho era portador de

hemofilia, uma doença transmitida geneticamente, que se caracteriza por uma deficiência na

coagulação do sangue, o que pode levar a graves hemorragias. Problemas decorrentes das

constantes transfusões de sangue levaram-no a adquirir o vírus HIV (Human

Immunodeficiency Vírus), vírus da imunodeficiência humana, causador da AIDS. Dois de

seus irmãos também contraíram o vírus HIV, o cartunista Henfil e o músico Chico Mário.

Betinho faleceu no Rio de Janeiro, no dia 9 de agosto de 1997, em consequência de hepatite

C, contraída em uma transfusão de sangue (https://www.ebiografia.com/betinho/).

28

A proposta da escola era que todas as disciplinas devolvessem com os estudantes

projetos ou atividades interdisciplinares que de alguma forma se relacionassem com a

temática “Carioca Sangue Bom”.

Em uma primeira ocasião, a Coordenadora do Subprojeto Química do PIBIB/UERJ

reuniu seus sete bolsistas de Iniciação à Docência e a Supervisora, professora Sandra

Fructuoso, para ouvir e discutir sugestões de possíveis temas que pudessem contextualizar

conceitos químicos e atender a temática proposta pela escola.

Após outros encontros, a equipe do Subprojeto Pibid-Química UERJ propôs oito

projetos interdisciplinares para serem desenvolvidos nas aulas de Química, em turmas de 1º e

2º anos do Ensino Médio regular e na turma EJA. As aulas de Química eram ministradas pela

Supervisora Sandra Maria Fructuoso, no primeiro turno, sendo dois tempos semanais nas

turmas de 1º e 2º anos e quatro tempos semanais na turma EJA. Os bolsistas de Iniciação à

Docência assistiam regularmente às aulas da Professora e também coparticipam das atividades

propostas por ela aos estudantes. Os temas propostos para os projetos interdisciplinares foram

os seguintes:

1- Efeitos do álcool no sangue

2- Solução tampão e o controle do pH do sangue

3- CO: uma afinidade perigosa com o sangue

4- Níveis de oxigênio no sangue e atividade física

5- Solubilidade do oxigênio no sangue: perigos e cuidados no mergulho

6- O amargo sabor do doce

7- O sal nosso de cada dia

8- Os alimentos e a produção de sangue

A escolha dos temas considerou a função social do ensino de Química, ou seja, o

conhecimento adquirido nas aulas deve possibilitar que os estudantes tenham condições de ler

e discutir sobre situações vivenciadas no seu cotidiano que requerem para o seu entendimento

a compreensão de conceitos básicos da área das Ciências da Natureza. Os cinco primeiros

temas foram aplicados em turmas do Ensino Médio regular e os três últimos na turma de EJA.

A faixa etária dos estudantes variava entre 15 e 18 anos no Ensino Médio regular e entre 20 e

55 anos na turma de EJA.

As turmas foram divididas em grupos de cinco a sete componentes. Na turma de EJA,

cada grupo foi orientado por um ou dois bolsistas de Iniciação à Docência. A professora

Supervisora do Colégio ministrava as aulas de Química nos dias de segunda e sexta. Nestes

dias, cada estagiário se reunia com seu grupo e debatia a proposta didática do seu tema. Os

29

temas, previamente elaborados em reuniões com a Supervisora e a Coordenadora, e as

práticas pedagógicas que seriam empregadas para desenvolvê-los com os estudantes

buscavam tornar a Química mais atrativa para eles, apresentando situações cotidianas em que

essa ciência é encontrada e, principalmente, fazendo com que os estudantes levassem aquele

aprendizado para suas vidas. Descreveremos, a seguir, as etapas de desenvolvimento dos

projetos na turma de NEJA. Descrições sobre os projetos realizados nas turmas de Ensino

Médio estão disponíveis em https://pibidquiuerj.wordpress.com/2015/06/18/carioca-sangue-

bom/.

2.1- Desenvolvimento do projeto “O amargo sabor do doce”

O projeto “O amargo sabor do doce” foi desenvolvido pelos bolsistas de Iniciação à

Docência Luciano Marques de Castro e Jonatan Pinto Cavalcante. Os objetivos do projeto

foram promover, a partir da realização das atividades sugeridas, uma maior conscientização

sobre a importância de se alimentar de uma forma mais saudável, visando mudanças nos

hábitos alimentares dos alunos e também alertar para o fato que a falta ou o excesso de açúcar

(glicose) no sangue pode ocasionar danos à saúde. O projeto foi dividido em cinco momentos,

que são descritos a seguir.

1º Momento: Levantamento dos conhecimentos prévios dos estudantes, a partir de

questionamentos orais, seguido da realização de um debate.

Para levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos e conduzir, posteriormente,

o debate foram elaboradas as seguintes questões:

- Qual a função dos alimentos?

- Quais são os principais grupos de substâncias presentes nos alimentos?

- O organismo humano obtém energia, principalmente, a partir de que grupo de substâncias

presentes nos alimentos? Como?

- Como o organismo humano gasta a energia acumulada?

A partir das respostas dos alunos, foi discutida a função da glicose como fonte de

energia e a importância de uma alimentação saudável.

Os estudantes receberam como tarefa pesquisar nos livros ou na Internet (na escola ou

em casa) o que o excesso ou a falta de glicose pode ocasionar ao nosso organismo,

relacionando-os a problemas de saúde, como por exemplo, obesidade e diabetes. Também foi

30

solicitado que examinassem rótulos de alimentos (em supermercados ou em casa) e

anotassem: (a) as quantidades (teores) de açúcar por grama de alimento e por embalagem que

o contém; (b) o valor energético do alimento (kcal/g de alimento ou kJ/g de alimento).

2º Momento: Montagem, em sala de aula, de uma tabela com as massas de açúcar presentes

nos produtos alimentícios pesquisados e também o valor energético do alimento.

3º Momento: Confecção, pelos alunos, de um mural que permita avaliar as quantidades de

açúcar correspondentes às contidas nas embalagens dos produtos alimentícios investigados e

que foram apresentadas na tabela produzida por eles.

4º Momento: Elaboração de cartazes. A partir das informações coletadas pelos estudantes ao

realizar a atividade proposta no 1º momento, foram selecionados conteúdos relevantes para

alertar o público sobre as doenças que são causadas pelo excesso de glicose no sangue. Os

cartazes informativos foram afixados no pátio da escola com o objetivo de promover uma

conscientização dos passantes sobre o tema estudado.

5º Momento: Apresentação do trabalho realizado para os outros estudantes, os bolsistas e a

Supervisora.

2.2- Desenvolvimento do projeto “Os alimentos e a produção de Sangue”

O projeto “Os alimentos e a produção de sangue” foi desenvolvido pela autora e teve

por objetivo levar os estudantes a entenderem a importância dos alimentos que eles ingerem

no dia a dia para o funcionamento e produção de sangue no organismo. O projeto foi

desenvolvimento em cinco momentos, descritos a seguir.

1º Momento: Levantamento de concepções prévias dos estudantes sobre que relação existe

entre alimentos e produção de sangue. Foram apresentadas as seguintes questões aos alunos:

- É possível estimular o aumento da produção de sangue no organismo? Como isso poderia

ser estimulado?

- Que alimentos você acredita serem importantes para o funcionamento do corpo humano?

- Você já ouviu falar em ácido fólico? Sabe para que serve e onde pode ser encontrado?

2º Momento: Leitura e discussão de textos sobre o tema.

Um dos textos selecionados para leitura foi a matéria publicada no site “Discas sobre

Saúde” que aborda a importância da hemoglobina, como aumentá-la e quais alimentos ajudam

31

na sua produção8. Propôs-se também a leitura do folder da ANVISA sobre “A importância das

farinhas fortificadas com ferro e ácido fólico”9 (ANEXO IV).

3º Momento: Investigação de rótulos de alimentos industrializados.

Foi solicitado aos estudantes que investigassem em rótulos de alimentos a presença de

substâncias importantes para a produção de sangue e o teor em que estão presentes. Os

estudantes também deveriam estabelecer comparações entre os valores declarados nos rótulos

e as recomendações da ANVISA (ANEXO IV).

4º Momento: Realização do experimento “Extraindo o ferro de cereais matinais”, visando

comprovar a presença de ferro nos alimentos (SILVA & SILVEIRA, 2010). O roteiro está

disponível no ANEXO V.

5º Momento: Exposição da produção dos estudantes. Elaboração de cartazes explicativos que

foram apresentados no dia do evento juntamente com o experimento proposto.

2.3- Desenvolvimento do projeto “O sal nosso de cada dia”

O projeto “O sal nosso de cada dia” foi desenvolvido pelo bolsista de Iniciação à

Docência André Luiz Aurélio e pela professora Sandra Fructuoso e teve por objetivo

conscientizar sobre a importância de se alimentar de uma forma mais saudável, evitando o

consumo excessivo de cloreto de sódio (sal de cozinha). O projeto foi dividido em cinco

momentos, que são descritos a seguir.

1º Momento: Levantamento dos conhecimentos prévios dos estudantes, a partir de

questionamentos orais, seguido da realização de um debate.

- Por que é adicionado sal (cloreto de sódio) aos alimentos?

- Por que o consumo excessivo de sal é prejudicial à saúde?

-Por que é adicionado iodo ao sal de cozinha?

Os alunos tiveram como tarefa pesquisar na Internet (na escola ou em casa) que males

são causados pelo consumo excessivo de sódio, relacionando-os a problemas de saúde, como

hipertensão e obesidade, e qual é a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS)

sobre o consumo diário, em gramas, de sódio. Também foi solicitado que examinassem

8 Disponível em https://saude.umcomo.com.br/artigo/alimentos-para-aumentar-as-plaquetas-319.html.

9 Disponível em http://portal.anvisa.gov.br/

32

rótulos de alimentos (em supermercados ou em casa) e anotassem as quantidades (teores) de

cloreto de sódio por grama de alimento e por embalagem que o contém.

2º Momento: Montagem, em sala de aula, de uma tabela com as massas de cloreto de sódio

presentes nos produtos alimentícios pesquisados.

3º Momento: Confecção, pelos alunos, de um mural que permitiria visualizar as quantidades

de cloreto de sódio correspondentes às contidas nas embalagens dos produtos alimentícios

investigados e apresentadas na tabela produzida por eles.

4º Momento: Elaboração de cartazes. A partir das informações coletadas pelos estudantes ao

realizar a atividade proposta no 1º momento, foram selecionados conteúdos relevantes para

alertar o público sobre as doenças que são causadas pelo consumo excessivo de sódio. Os

cartazes informativos foram afixados no pátio da escola com o objetivo de promover uma

conscientização dos passantes sobre o tema estudado.

5º Momento: Apresentação do trabalho realizado para os outros estudantes, os bolsistas e a

Supervisora.

33

3- RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1-Os Alimentos e a Produção de Sangue

Neste capítulo abordaremos, apenas, os resultados referentes à aplicação do projeto

“Os alimentos e a produção de Sangue”, em que a autora da Monografia atuou como

orientadora.

1º Momento: Levantamento de concepções prévias dos estudantes sobre que relação existe

entre alimentos e produção de sangue.

No primeiro encontro com a turma de EJA foram apresentados os objetivos do projeto

e levantadas as concepções prévias dos estudantes sobre a relação entre o consumo dos

alimentos e a produção de sangue. Para facilitar a comunicação com os estudantes e auxiliá-

los extraclasse em relação à temática do trabalho, caso surgissem dúvidas após os encontros

em sala, foi solicitado que eles criassem um grupo no aplicativo “WhatsApp”.

Para levantamento dos conhecimentos prévios sobre o tema abordado, os estudantes

foram indagados sobre como se poderia intensificar a produção de sangue no organismo.

Sobre que alimentos eles acreditavam serem importantes para o funcionamento do corpo e se

já tinham ouvido falar em ácido fólico.

As respostas foram dadas oralmente, à medida que foram questionados. Os estudantes

ao serem indagados sobre como poderiam intensificar a produção de sangue no organismo,

apresentaram algumas respostas aleatórias citando comidas como feijão, arroz, carnes,

verduras, peixe, dentre outros, prática de exercícios físicos e vitaminas. Ao serem

questionados sobre os alimentos importantes para o funcionamento do corpo, os alunos

repetiram o que já haviam citado na pergunta anterior e acrescentaram produtos como leite,

frango, biscoitos, bolos, salgadinhos e frutas. No questionamento sobre ácido fólico,

observou-se que alguns integrantes do grupo já apresentavam algum conhecimento sobre o

assunto. Sabiam, por exemplo, que o ácido fólico é importante para mulheres grávidas, mas

mostraram dificuldade em formular as respostas. A partir das respostas do grupo, decidiu-se

por solicitar aos estudantes que pesquisassem sobre os alimentos responsáveis pela produção

de sangue.

2º Momento: Leitura e discussão de textos sobre o tema.

34

A leitura do texto “Dicas sobre Saúde” teve como objetivo trazer informações

relevantes sobre o tema, aprofundar o conhecimento dos estudantes sobre o papel da

hemoglobina no funcionamento do organismo e sobre os alimentos que contém ferro,

vitamina C e ácido fólico, substâncias importantes para o aumento de fluxo sanguíneo no

corpo.

A leitura do folder da ANVISA sobre “A importância das farinhas fortificadas com

ferro e ácido fólico” (ANEXO IV) trouxe conhecimento aos estudantes em relação aos

seguintes aspectos: porque os nutrientes ferro e ácido fólico devem ser adicionados aos

alimentos que contém farinhas de trigo e de milho; doenças decorrentes da carência de ferro e

ácido fólico - as anemias ferropriva e megaloblástica, respectivamente; os grupos de pessoas

que devem ter uma atenção maior em relação ao consumo desses nutrientes (bebês, crianças e

mulheres em idade fértil) e as expressões, enriquecido com ferro e ácido fólico / fortificado

com ferro e ácido fólico / rico com ferro e ácido fólico, que os rótulos de embalagens dos

produtos alimentícios devem indicar.

Após a leitura desses textos, foi possível perceber o interesse do grupo pelos tópicos

abordados. Os estudantes da EJA participaram do debate, fazendo perguntas e se mostraram

motivados para dar continuidade ao trabalho.

3º Momento: Investigação de rótulos de alimentos industrializados.

Os alunos trouxeram para o encontro embalagens de biscoito, macarrão, pão e de suco

de fruta. Com o exame do rótulo foi possível observar que alimentos apresentavam farinha de

trigo enriquecida com ferro e ácido fólico, a quantidade presente e a expressão contida na

embalagem.

4º Momento: Realização do experimento “Extraindo o ferro de cereais matinais”.

Antes de realizar o experimento com os estudantes, foi feito um estudo sobre o

elemento ferro, mostrando sua localização na tabela periódica, número atômico, massa

atômica. Também foram destacadas as propriedades apresentadas pelo ferro metálico, tal

como condutibilidade térmica e elétrica, ductibilidade, maleabilidade, brilho metálico e,

especialmente, a propriedade de ser atraído por um campo magnético (propriedade

ferromagnética).

Foi reforçada também a importância do ferro na alimentação, por meio de

questionamento sobre o que foi lido e discutido nos encontros anteriores. Foi observada certa

35

dificuldade inicial para responder a questões sobre a presença de ferro nos alimentos, o que já

havia sido debatido nas aulas anteriores.

O experimento “Extraindo Ferro dos Cereais Matinais” foi realizado em sala, no

intervalo entre aulas, e tinha como objetivo principal comprovar a existência desse mineral

nos cereais. Primeiramente, os alunos observaram que os flocos de cereais colocados sobre a

mesa não foram atraídos pelo imã. Porém ao serem triturados, foi possível observar o

deslocamento de algumas partículas em direção ao imã. Quando questionados porque aquilo

ocorria, os estudantes argumentaram de forma correta, porém com respostas pouco

estruturadas. Em seguida, foi explicado que isso se deve ao fato do material estar mais

fragmentado e uma maior quantidade de partículas terem entrado em contato com o imã. Por

meio dessa atração foi possível comprovar a existência do ferro nesse alimento. Ao longo da

atividade experimental, os alunos apresentaram entusiasmo e foram feitos questionamentos.

5º Momento: Exposição da produção dos estudantes

A elaboração do cartaz foi feito extraclasse pelos estudantes, porém orientados através

do grupo do aplicativo “WhatsApp”, por meio de diálogos e envio de fotos à medida que o

material ficava pronto. Constatou-se que os estudantes prepararam o material às pressas, mas

o trabalho teve um resultado satisfatório. O cartaz elaborado pelo grupo da turma da EJA para

exibição no evento cultural continha imagens ilustrativas sobre alimentos ricos em ferro e em

vitamina C. Apresentava também tabelas nutricionais e informações sobre os alimentos mais

importantes para produção de sangue no organismo. No dia do evento cultural, os estudantes

se esforçaram para expor para professores e colegas, de forma segura e sem recorrer a um

material de apoio, os conhecimentos adquiridos. A figura 2 apresenta uma fotografia do cartaz

apresentado pelos estudantes no dia do evento cultural “Carioca sangue bom”.

36

Figura 2-Cartaz apresentado pelos estudantes da EJA sobre “Os alimentos e a Produção de Sangue

CONCLUSÃO

A modalidade Educação de Jovens e Adultos visa reaproximar os sujeitos da

aprendizagem do convívio escolar. As práticas pedagógicas devem levar em conta a cultura,

as histórias de vida e o tempo de aprendizado diferenciado de cada indivíduo da EJA. Pode-se

observar que os estudantes têm ritmos de aprendizagem distintos, e isto se deve, em parte, ao

fato de alguns estarem, há anos, fora da escola.

Constatamos que as sequências didáticas dos projetos “O amargo sabor do doce”, “O

sal nosso de cada dia” e “Os alimentos e a produção de sangue”, que foram desenvolvidos na

turma de EJA, contribuíram significativamente para processo de aprendizagem desses

estudantes porque as aulas de Química se tornaram mais atrativas ao tratarem de situações

cotidianas em que essa ciência é encontrada e, principalmente, porque os estudantes puderam

incorporar estes saberes a seu capital cultural.

Em relação ao projeto “Os alimentos e a produção de sangue”, consideramos que sua

realização possibilitou que os estudantes fizessem leituras e participassem de debates em um

campo interdisciplinar entre a Biologia e a Química e que relacionassem conteúdos escolares

a questões da saúde e do cotidiano, ao discutirem hábitos alimentares, recomendações

37

nutricionais e a comercialização dos alimentos. Os estudantes se envolveram com o tema e

mostraram interesse em saber mais sobre o assunto e em apresentar o que aprenderam para o

restante da turma.

Destacamos a importância do evento cultural realizado e da temática proposta para

divulgação da ciência no âmbito escolar e para a motivação dos alunos para a aprendizagem

de temas científicos relacionados à saúde. Vale ressaltar que os estudantes da EJA possuem

um diferencial, a vivência. A partir disso, o professor deve perceber quais são os obstáculos à

aprendizagem e tentar minimizá-los, orientando-os no processo individual de construção do

conhecimento.

38

REFERÊNCIAS

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original. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/consti/1988/constituicao-1988-

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______. ______. Constituição da República Federativa do Brasil. Publicação atualizada

até 2016. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/atividade

legislativa/legislacao/Constituicoes_Brasileiras/constituicao1988.html/ConstituicaoTextoAtua

lizado_EC95.pdf Acessado em: 17/03/2017.

BRASIL. Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa diretrizes e bases para o ensino de 1°

e 2º graus, e dá outras providências. Disponível em:

http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1970-1979/lei-5692-11-agosto-1971-357752-norma-

pl.html. Acessado em: 17/03/2017

BRASIL. Lei 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da

educação nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm.

Acessado em 21/11/ 2017.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros Curriculares

Nacionais: Ensino Médio. Parte III. Ciências da natureza, matemática e suas tecnologias.

Brasília: Ministério da Educação, 2000. Disponível em

http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ciencian.pdf. Acessado em 23/03/2017.

BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Orientações curriculares

para o ensino médio. Ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. Brasília,

Ministério da Educação, 2006. Disponível em:

http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/book_volume_02_internet.pdf. Acessado em

23/03/2017.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Secretaria de Educação

Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Conselho Nacional da Educação.

Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica/ Ministério da Educação.

Secretária de Educação Básica. Diretoria de Currículos e Educação Integral. Brasília: MEC,

SEB, DICEI, 2013. 542p. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/julho-2013-

pdf/13677-diretrizes-educacao-basica-2013-pdf/file. Acessado em 23/03/2017.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Continuada, Alfabetização e

Diversidade. Trabalhando com a educação de jovens e adultos. O processo de

aprendizagem dos alunos e professores. EJA, Caderno n. 5, 2006

39

Disponível em : http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/eja_caderno5.pdf. Acessado em:

13/08/2017.

BRASIL. Lei 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Altera as Leis nos

9.394, de 20 de

dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e 11.494, de

20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da

Educação Básica ... Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-

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Encceja deste ano. http://www.brasil.gov.br/educacao/2017/11/enem-2018-sera-gratuito-

para-classificados-no-encceja-deste-ano .Acessado em: 13/11/2017.

GOVERNO DO BRASIL. EDUCAÇÃO. Novo Enem Não Deve Certificar Conclusão do

Ensino Médio. http://www.brasil.gov.br/educacao/2016/11/novo-enem-nao-deve-certificar-

conclusao-do-ensino-medio. Acessado em: 13/11/2017.

PIBID QUÍMICA UERJ. Carioca Sangue Bom. Disponível

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17/08/2017.

40

PIBID QUÍMICA UERJ. Extraindo ferro de cereais matinais. Disponível em :

<http://quipibid.blogspot.com.br/2011/09/extraindo-ferro-de-cereais-matinais.html>

Acessado em: 17/08/2017.

PLUGBR. A Formação e reposição do sangue. Disponível em: <https://www.plugbr.net/a-

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PORTAL ANVISA. A importância das farinhas fortificadas com ferro e ácido fólico.

Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/> Acessado em: 02/11/2017.

RIBEIRO, Marcel Thiago Damasceno Ribeiro. Jovens na Educação de Jovens e Adultos e

sua interação com o Ensino de Química. Dissertação (Mestrado em Educação), Faculdade

de Educação, Universidade Federal de Mato Grosso, 2009.

RIO DE JANEIRO (Estado). SEEDUC. Avaliação interna da aprendizagem:

Manual de orientações para operacionalização da Portaria SEEDUC/SUGEN Nº 419/2013.

Secretaria de Estado de Educação, Rio de Janeiro, 2013. Disponível em:

http://download.rj.gov.br/documentos/10112/157759/DLFE-

63748.pdf/MANUALORIENTACOESOPERACIONALIZACAOPORTARIASEEDUCSUG

ENN419docversaorevisadaefinalizada_certo.pdf. Acessado em 21 de março de 2017.

RIO DE JANEIRO (Estado). SEEDUC. Manual de Orientações Nova EJA: Educação para

jovens e adultos. Disponível em: http://projetoseeduc.cecierj.edu.br/eja/manual-eja.pdf.

Acessado em : 21 de março de 2017.

RIO DE JANEIRO (Estado). Portaria E/SAPP Nº 48/2004: aspectos centrais. Disponível

em: http://download.rj.gov.br/documentos/10112/452097/DLFE-

31649.pdf/PORTARIAESAPPN482004.pdf. Acessado em: 13/08/2017.

RIO DE JANEIRO (Estado). Projeto SEEDUC – Fundação CECIERJ – Consórcio

CEDERJ. http://projetoseeduc.cecierj.edu.br/index.php. Acessado em: 21/03/2017.

RIO DE JANEIRO (Estado). Resolução CNE/CEB Nº 1, DE 5 DE JULHO DE 2000.

Disponível em: http://download.rj.gov.br/documentos/10112/452097/DLFE-

31655.pdf/RESOLUCAOCNECEBN1DE5DEJULHODE2000.pdf Acessado em: 13/08/2017

SANTOS, Wildson Luiz Pereira dos; SCHNETZLER, Roseli Pacheco. Educação em

Química: compromisso com a cidadania. 3.ed. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 2003.

41

UMCOMO. VIEGA, Sara. Alimentos para aumentar as plaquetas. Disponível em:

https://saude.umcomo.com.br/artigo/alimentos-para-aumentar-as-plaquetas-319.html.

Acessado em: 17/08/2017.

WIKIHOW. Elevar o Nível de Plaquetas no Sangue Naturalmente. Disponível em

http://pt.wikihow.com/Elevar-o-N%C3%ADvel-de-Plaquetas-no-Sangue-Naturalmente.

Acessado em: 17/08/2017

42

ANEXO I

Módulos da matriz curricular para Educação de Jovens e Adultos da Secretaria de

Educação do Estado do Rio de Janeiro

Módulo 1

Ciências Humanas – Volume 1

Ciências Humanas – Volume 2

Língua Portuguesa e Literatura

Matemática

Módulo 2

Ciências da Natureza – Volume 1

Ciências da Natureza – Volume 2

Língua Portuguesa e Literatura

Matemática

Módulo 3

Educação Física

Ciências Humanas – Volume 1

Ciências Humanas – Volume 2

Língua Portuguesa e Literatura

Matemática

Módulo 4

Artes

Ciências da Natureza – Volume 1

Ciências da Natureza – Volume 2

Língua Estrangeira

Língua Portuguesa e Literatura

Matemática

Disponível em: http://projetoseeduc.cecierj.edu.br/eja-material-aluno.php Acessado em

10/08/2017.

43

ANEXO II

Grade de disciplinas dos módulos da matriz curricular para Educação de Jovens e

Adultos da Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro

Disponível em: http://projetoseeduc.cecierj.edu.br/eja/material-aluno/modulo-

02/Ciencias_Natureza_Nova_Eja_Aluno_Mod02_Vol01.pdf. Acessado em 10/08/2017.

44

ANEXO III

Ciências da Natureza e sua Tecnologias I - Química I

Módulo 2 - Volume 1

Unidade 1: Do quê somos feitos?

Será apenas uma fogueira?

“Dust in the Wind”

Os alquimistas estão chegando

Enfim a Química

Unidade 2: Planeta Terra ou Planeta Água?

Água mole em pedra dura...

As propriedades físicas das substâncias

As misturas

Água potável e a busca por novas fontes

Unidade 3: Caminhando pela estrada que investiga do quê somos feitos

O resgate das ideias de Demócrito

Surge a eletricidade. O modelo de Dalton é adequado a esse novo fenômeno?

A ciência em constante evolução: a descoberta das radiações e o experimento de Rutherford

Unidade 4: Use protetor solar!

Neon (evolução dos modelos atômicos)

Grandezas atômicas. Criando uma identidade.

Alguns átomos podem parecer iguais, mas são diferentes.

A organização dos elétrons (K, L, M, N, O, P, Q)

Unidade 5: Elementos Químicos

Organizando os elementos químicos (Mendeleiev)

A tabela periódica atual

Localizando um elemento químico (períodos e grupos)

A distribuição eletrônica e a tabela periódica

45

Módulo 2 - Volume 2

Unidade 1: Como os compostos químicos são formados?

Reatividade dos elementos

Ligação iônica

Ligação covalente

Eletronegatividade e a polaridade das ligações químicas

Ligação metálica

Unidade 2: Transformando a matéria - as reações químicas

Afinal, o que é uma transformação química?

Representando as reações químicas: as equações químicas

Os diferentes tipos de reações químicas

Unidade 3: Funções Químicas Inorgânicas

Ácidos e Bases, o que são exatamente?

Uma verdura como o repolho tem alguma aplicação na Química?

Uma nova função: os sais

Como classificar uma substância água e gás carbônico?

O ar que respiramos encontra-se puro?

Unidade 4: Quantidades nas transformações Químicas

Massa atômica (Z) e Número massa (A)

O coletivo de átomo: moléculas

Amadeo Avogadro - contando os grãos de areia

Continuamos a medir pequenas quantidades - aprimorando o mol

Antonie Laurent Lavoisier - o pai da Química

Joseph Louis Proust – Lei das proporções constantes

Volume Molar

Lei volumétrica de Gay Lussac

Unidade 5: A Química tem solução

O que são soluções?

Por que as substâncias se misturam?

46

Temperatura e solubilidade

Unidade de Concentração

Diluindo para resolver

Misturando tudo

Ciências da Natureza e sua Tecnologias II - Química II

Módulo 4 - Volume 1

Unidade 1: Combustíveis e energia

Calor x temperatura

Reações químicas com liberação ou absorção de calor – A variação de energia calorífica e

suas consequências no meio

Aspectos Gráficos – Analisando uma reação química e sua variação de entalpia

Você sabe o que é um catalisador?

Os motores de explosão: um exemplo de como se aplicam as reações exotérmicas

Unidade 2 Termoquímica

A entalpia de combustão

Cálculo do calor liberado por um combustível

A variação de entalpia nos fenômenos físicos

A entalpia das reações químicas. Aplicação prática da lei de Hess

Unidade 3: Estudo da velocidade das reações: Cinética Química

A rapidez das reações químicas

Fatores que influenciam na velocidade de uma reação

Unidade 4: Equilíbrio químico

O ciclo da água na natureza é um processo reversível ou irreversível?

Reações reversíveis

O que é o equilíbrio químico?

Será que o equilíbrio químico resiste às alterações externas?

Como o pH determina se um sistema é ácido ou básico?

47

Uma solução salina apresenta caráter neutro, ácido ou básico?

Unidade 5: Colocando “uma pilha” na nossa conversa

Alguns perdem, outros ganham... as reações de oxirredução

Ligando a pilha!

Potenciais de redução

Aplicação da eletroquímica no cotidiano

Módulo 4 - Volume 2

Unidade 1: Introdução à Química Orgânica

A Química orgânica como Ciência

O átomo de carbono e suas características

Tipos de cadeias orgânicas

Fórmulas Químicas

Unidade 2: Hidrocarbonetos

Hidrocarbonetos: a base da química orgânica

Os hidrocarbonetos e as suas fórmulas gerais

Os hidrocarbonetos e as suas combustões

Nomenclatura oficial dos hidrocarbonetos normais (IUPAC)

Radicais monovalentes derivados dos alcanos

Principais hidrocarbonetos cíclicos (alicíclicos): estruturas e nomes oficiais

Unidade 3: Funções oxigenadas

Funções oxigenadas

Unidade 4: Você se alimenta corretamente?

Começando pelos carboidratos

Agora é a vez dos lipídeos!

Enfim, as proteínas!

Unidade 5: Polímeros

Polímeros e Plásticos? É tudo farinha do mesmo “saco”?

48

Polímeros e suas estruturas químicas!

Os polímeros e suas reações poliméricas

Plásticos, uma solução que virou um problema? Como podemos minimizar esses impactos

ambientais?

Disponível em: http://projetoseeduc.cecierj.edu.br/eja-material-aluno.php Acessado em

10/08/2017.

49

ANEXO IV

PORTAL ANVISA. A importância das Farias Fortificadas com Ferro e Ácido Fólico.

Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/> Acessado em : 2/11/2017

50

PORTAL ANVISA. A importância das Farias Fortificadas com Ferro e Ácido Fólico.

Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/> Acessado em : 2/11/2017

51

ANEXO V

Colégio Estadual Herbert de Souza

EXTRAINDO FERRO DOS CEREAIS MATINAIS

Objetivo: Comprovar a presença do mineral Ferro nos cereais matinais.

Materiais utilizados:

Almofariz e pistilo (pode ser usado um pilão como os de macerar alho)

Béquer de 1 mL (ou copo descartável)

Imã/barra magnética/magneto recobertos por plástico, de preferência com teflon branco

(melhores imãs: de neodímio, encontrados em sucatas de computadores ou fones de ouvidos

modernos)

Pinça longa

50 g de cereal matinal (de preferência com teor aproximado de 14 a 20% de ferro prescrito na

embalagem).

Procedimento:

Primeiro testar qual a melhor maneira de perceber a presença do ferro no cereal.

1. Coloque 5 a 15 flocos de cereal sobre uma mesa limpa. Aproxime o imã dos flocos e veja

se eles se movimentam ou mesmo se aderem a ele.

2. Retire os cereais da mesa e os coloque em um béquer ou copo com água. Aproxime então

o imã e veja se há aproximação ou movimentação dos flocos.

3. Agora, reduza o tamanho dos flocos triturando-os no almofariz com o pistilo ou com o

pilão. Espalhe o pó sobre um papel limpo. Coloque o imã por baixo do papel e movimento o

papel. Observe se houve movimentação do pó dos flocos. Cuidando para não colocar a barra

magnética diretamente em contato com o pó.

Disponível em:

http://quipibid.blogspot.com.br/2011/09/extraindo-ferro-decereais-matinais.html

Acessado em: 18/08/2017

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