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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
Educação ambiental: instrumento para consolidar o desenvolvimento sustentável.
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Por: Carla dos Santos Garcia
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Orientador: Maria Esther de Araujo
Rio de Janeiro, Agosto de 2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
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Educação ambiental: instrumento para consolidar o desenvolvimento sustentável.
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Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Gestão Ambiental. Sob
Orientação de Maria Esther de Araujo
Por: Carla dos Santos Garcia
3
AGRADECIMENTOS
A DEUS,
Pela força espiritual para realização desse trabalho.
Aos meus pais Clemilda Santos e Tarcisio Telefora,
Meu esposo Wallace a minha grande irmã Kátia, e ao meu filho
João Gabriel.
Pelo eterno orgulho de nossa caminhada, pelo apoio, compreensão,
Ajuda e em especial pelo carinho ao longo deste percurso.
Ao meu amigo Denílson e colegas de curso,
Pela cumplicidade, ajuda e amizade.
À professora Maria Esther
Pela orientação deste trabalho.
4
DEDICATÓRIA
À MINHA FAMÍLIA
5
RESUMO
Este trabalho, tem como objetivos principais duas questões; pesquisar e
analisar a necessidade da implementação de planos de educação ambiental
focando suas implicações para a saúde e o bem estar da sociedade. Este
busca enfatizar o estudo sobre os benefícios de uma educação ambiental para
a sociedade. Cabe ressaltar que este trabalho, não pretende esgotar o tema,
mas sim ampliar a discussão, contribuindo para a compreender melhor o
assunto. Este trabalho proporá a hipótese que a educação ambiental precisa
ser instrumento de discussão em toda a sociedade e em diferentes níveis de
atuação profissional, pois em cada situação haverá uma possibilidade de
contribuir para um desenvolvimento sustentável.
O primeiro capítulo apresenta o processo de desenvolvimento da idéias
em educação Ambiental. O segundo capítulo analisa as diferentes
características da gestão educacional como prática, enfatizando suas principais
ferramentas de Gestão como os Sistemas de Gestão Ambiental, certificações,
etc. O terceiro capítulo estuda as aplicações da Educação ambiental como
ferramenta de Gestão Ambiental.
6
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo bibliográfico de natureza qualitativa A revisão
bibliográfica consiste no levantamento de bibliografia já editada, apresentada
em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. Destina-
se a situar o pesquisador diretamente, com o que foi escrito acerca de temas
estabelecidos. Há inúmeros caminhos para refletir sobre a produção de um
conhecimento de uma área. Nesse estudo, a opção será por uma revisão
bibliográfica, realizada a partir de uma abordagem qualitativa.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 07
CAPÍTULO I: Educação Ambiental e Educação no Brasil: 10
Um breve levantamento Histórico
1.1- Um breve panorama do Desenvolvimento das idéias em educação
ambiental no Brasil 11
1.2 – As Diferentes visões sobre Educação ambiental 16
1.3 - A nova Legislação Ambiental e a Educação Ambiental 18
CAPÍTULO II -A Gestão Ambiental e Educação Ambiental 22
2.1- Um breve olhar sobre a Gestão Ambiental 22
2.2 – Instrumentos e Práticas em Gestão Ambiental 25
CAPÍTULO III - Educação Ambiental Aplicada
a Gestão Ambiental 30
3.1 – Alguns aspectos específicos sobre a Educação Ambiental 30
3.2 - A articulação da Educação Ambiental com outras ferramentas de gestão ambiental 32
CONSIDERAÇÕES FINAIS 36
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38
FOLHA DE AVALIAÇÃO 41
8
INTRODUÇÃO
A educação é uma das mais poderosas ferramentas de transformação
social. É de conhecimento comum a todos que uma sociedade é resultado em
grande parte, dos indivíduos que seus processos educacionais produziram. A
educação é um processo dinâmico que não se expressa pela limitação dos
currículos escolares, tampouco pelas propostas espontâneas das tradições
culturais de uma sociedade. Como afirma Jonh Dewey: “A educação serve
para ajudar o aluno a funcionar sem certeza, num mundo de mudanças
constantes e ambiguidades que confundem.” ( Dewey, 2000). Lidar com as
transformações é uma tarefa constante no mundo de hoje. Uma dessas
mudanças diz respeito à maneira como as pessoas passaram a se relacionar
com a Natureza ou, num linguajar científico, com o Meio Ambiente. A
preocupação com uma educação ambiental não é um tema novo. Relatos
históricos apontam que já na Grécia antiga, os gregos trabalhavam com o
senso inato do que significa “natureza”. A idéia de Natureza, além do esforço
de compreende-la, extraídos de uma origem na sua constituição espiritual.
Muito antes de o espírito grego ter delineado essa idéia, eles já consideravam
as coisas do mundo numa perspectiva tal que nenhuma delas lhe aparecia
como parte isolada do resto. Mas o conceito de um todo ordenado em conexão
viva, comportando a noção de posição e sentido, levando em conta a
interpretação do conhecimento de natureza. (JAEGER, 1994, p. 11).
9
Nos últimos tempos a preocupação ambiental ganhou muito destaque e
importância no mundo todo. No Brasil especificamente , a importância das
preocupações com a preservação do Meio e com a disseminação de uma
Educação Ambiental ganha força, tendo um caráter mais formal e institucional.
A definição do conceito do que viria a ser constituída por lei. O documento
apresenta as características que devem servir de referência. Diz o Art. 1o da
Lei no 9.795 de abril de 1999:
"Entendem-se por educação ambiental os processos por meio
dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas
para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do
povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade."
No contexto brasileiro, e ressaltar e conhecer as principais
características que marcam a trajetória da educação ambiental. A diversidade
de opiniões e visões são a marca principal deste processo. Tal realidade
decorre, na opinião da maioria dos especialistas em educação, de visões de
mundo fragmentadas, construídas ao longo da história, as quais reproduzem
de forma inconsequente a relação que o ser humano vem mantendo no modo
capitalista de desenvolvimento de exploração da natureza e de outros seres
humanos, o que configura uma concepção antropocêntrica e utilitarista do
10
mundo e do ambiente em que vivemos. O que tem como por produto final,
prejuízos na relação de nossa sociedade com a natureza. Ao invés de uma
relação harmoniosa e cooperativa, temos um legado de exploração e
devastação de recursos naturais.
11
CAPÍTULO I: Educação Ambiental e Educação no
Brasil: Um breve levantamento Histórico
Neste capítulo analisaremos um pouco do histórico do
desenvolvimento das idéias e práticas em educação ambiental. Buscando
articular este desenvolvimento com o contexto histórico específico do período,
enfatizando a importância social que os conceitos como Ecologia e
sustentabilidade adquirem neste tempo. Num ambiente de verdadeira
transformação, mudanças significativas vão renovar tanto a educação
Brasileira, com o advento de novas legislações educacionais, quanto as noções
específicas sobre Meio Ambiente, culminando no surgimento da Gestão
Ambiental. O objetivo deste capítulo e apontar a importância de um processo
que é influenciado por diversos fatores, culminando na formatação da
Educação Ambiental nos dias de hoje.
1. 1 – Um breve panorama do Desenvolvimento das
idéias em educação ambiental no Brasil
A idéia de Educação Ambiental como podemos conceber nos dias de
hoje é fruto de um processo histórico. Os avanços significativos que as
disciplinas conquistaram influenciaram as noções da relação do homem com a
natureza. Essa mudança pode ser observada nos documentos produzidos
12
desde os anos 1970 sobre o assunto. Um trabalho de resgate histórico
realizado nos textos do Programa Nacional de Educação Ambiental - ProNEA,
(BRASIL, 2005), representa uma importante referência para área de educação.
O ProNEA foi um Programa iniciado em 1996 pelo governo federal e que tem
por objetivo promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para garantir o meio ambiente ecologicamente
equilibrado. Este programa publicou textos que estudaram o desenvolvimento
das políticas de Educação ambiental no país.
No início da década de 1970, o mundo vivia ainda os ecos da
efervescência cultural provocada pelo movimento hippie, que trouxe, no bojo de
suas inúmeras reinvidicações de transformação da sociedade, a novidade da
preocupação com a natureza entre suas diversas bandeiras. Nesta época,
importantes organismos especializados das Nações Unidas tinham iniciado
programas sobre vários países desenvolvidos tinham estabelecido instituições
nacionais para manejar os assuntos ambientais (ministérios do meio ambiente,
organismo especializados, etc.).
A partir da década de 1980, há no mundo a consolidação das preocupações
com meio ambiente, carreada pela massificação nos meios de comunicação
dos conhecimentos e jargões de uma disciplina que ganha importância social; a
Ecologia. Neste período se cria no Brasil a Política Nacional do Meio Ambiente,
definida por meio da Lei nº 6.983/81, este documento situa a Educação
Ambiental como um dos princípios que garantem “a preservação, melhoria e
recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar no país
condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança
13
nacional e à proteção da dignidade da vida humana”. Estabelece, ainda, que a
Educação Ambiental deve ser oferecida em todos os níveis de ensino e em
programas específicos direcionados para a comunidade. Visa, assim, à
preparação de todo cidadão para uma participação na defesa do meio
ambiente. Importante destacar nessa década ainda o decreto n. º 88.351/83,
que regulamenta a Lei n. º 226/87, do conselheiro Arnaldo Niskier, que
determina a necessidade da inclusão da Educação Ambiental nos currículos
escolares de 1º e 2º graus.
Datam também desta década o início do desenvolvimento de uma série
de pesquisas sobre Educação Ambiental. Considerando que as primeiras
dissertações de Mestrado, especificamente sobre Educação Ambiental, foram
defendidas em meados da década de 80 e que os primeiros cursos de pós-
graduação na área datam dos anos 90 – o Programa de Mestrado em
Educação Ambiental da FURG de Rio Grande, pioneiro no país, foi instituído
em 1996 –, tem-se um indicador que demonstra que realmente a EA começa a
se estabelecer como um campo de estudo e conhecimento específico (Guerra
& Guimarães, 2007, p.156).
A famosa e reconhecida Conferência Rio-92 estabelece um documento,
que se apresenta como proposta de ação para os próximos anos, denominada
Agenda 21. Esse documento procura, entre as diversas propostas, assegurar o
acesso o acesso universal ao ensino básico, conforme recomendações da
Conferência de Educação Ambiental (Tbilisi, 1977) e da Conferência Mundial
sobre Ensino para Todos: Satisfação das Necessidades Básicas de
Aprendizagem (Jomtien, Tailândia, 1990). É um documento que estabeleceu a
14
importância de cada país a se comprometer a refletir, global e localmente,
sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações não-
governamentais e todos os setores da sociedade poderiam cooperar no estudo
de soluções para os problemas sócio-ambientais. O Ministério da Educação
(MEC), o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) desenvolvem diversas
ações para consolidar a Educação Ambiental no Brasil. No Ministério da
Educação , são aprovados os novos “Parâmetros Curriculares” que incluem a
Educação Ambiental como tema transversal em todas as disciplinas. Os
objetivos da Agenda 21 no que diz respeito à educação estão descritas abaixo:
a) Endossar as recomendações da Conferência Mundial sobre Ensino para
todos: Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem (Jomtien,
Tailândia, 5 a 9 de março de 1990), procurar assegurar o acesso universal ao
ensino básico, conseguir, por meio de ensino formal e informal, que pelo
menos 80 por cento das meninas e 80 por cento dos meninos em idade escolar
terminem a escola primária, e reduzir a taxa de analfabetismo entre os adultos
ao menos pela metade de seu valor de 1990. Os esforços devem centralizar-se
n a redução dos altos de analfabetismo e na compensação da falta de
oportunidades que têm as mulheres de receber ensino básico, para que seus
índices de alfabetização venham a ser compatíveis com os dos homens;
b) Desenvolver consciência do meio ambiente e desenvolvimento em todos os
setores da sociedade em escala mundial e com a maior brevidade possível;
15
c) Lutar para facilitar o acesso à educação sobre meio ambiente e
desenvolvimento, vinculada à educação social, desde a idade escolar primária
até a idade adulta em todos os grupos da população;
d) Promover a integração de conceitos de ambiente e desenvolvimento,
inclusive demografia, em todos os programas de ensino, em particular a análise
das causas dos principais problemas ambientais e de desenvolvimento em um
contexto local, recorrendo para isso às melhores provas científicas disponíveis
e a outras fontes apropriadas de conhecimentos, e dando especial atenção ao
aperfeiçoamento do treinamento dos responsáveis por decisões em todos os
níveis ( Capítulo 36, Agenda 21)
Os anos 2000 são um tempo em que a Educação Ambiental ganha cada
vez mais destaque integrando, pela segunda vez, o Plano Plurianual (2000-
2003), agora na dimensão de um Programa, identificado como 0052 –
Educação Ambiental, e institucionalmente vinculada ao Ministério do Meio
Ambiente. Nas universidades, Ongs e até nas escolas, a disciplina ganha um
destaque cada vez maior, se consolidando. Guerra e Guimarães enfatizam que
as universidades e os programas de pós-graduação ligados ao assunto são o
loci do desenvolvimento dos estudos, pesquisas e debates sobre a educação
ambiental, sendo, portanto, ponto de ressonância das idéias e conceitos.
Espaços de debate e divulgação das pesquisas sobre a educação ambiental se
proliferaram na década de 2000. Como exemplos, temos a constituição de
fóruns como o próprio EPEA, os GTs de EA da ANPPAS (Associação Nacional
de Pesquisa e Pós-Graduação Ambiente e Sociedade) e ANPEd (Associação
16
Nacional de Pós-Graduação em Educação), ou a organização de coletivos
como a RUPEA (Rede Universitária de Programas de Pós-Graduação em
Educação Ambiental), além dos debates desenvolvidos nos Grupos de
Trabalhos (GTs) sobre Formação em Educação Ambiental e sobre Educação
Ambiental na formação de professores/as, ocorridos durante o V Fórum
Brasileiro de Educação Ambiental (3 a 6-11-2004) e o V Congresso Ibero-
Americano de Educação Ambiental (5 a 8-04-2006). Tais espaços e instiuições
têm na educação ambiental sua razão de ser e existir tendo nesta disciplina
sua destinação única. O acúmulo de informações, conhecimento e expertise de
profissionais de di dão à educação ambiental um status de uma disciplina
complexa respeitada.
1.2 – Algumas diferentes visões sobre a educação
ambiental
Existem duas principais concepções que têm como característica
serem bastante dicotômicas no tratamento das discussões sobre Educação
Ambiental. A primeira é uma visão mais conservadora, que homogeneíza o
discurso de educação ambiental. Nota-se, portanto que esse discurso envolve,
mas questões de conhecimento acrítico, alimentada pela idéia de uma
sociedade, não questione, que aceite a educação hegemônica, dominante, em
estado de inércia, que efetive a “opressão” do homem e da natureza,
politizando as relações de poder das ações humanas. A outra vertente
apresentada por Guimarães é a da educação ambiental crítica que procura
17
desarticular tais interpretações sobre as relações de poder presentes na
sociedade que refletem a hegemonia e a controle do homem contra o próprio
homem e deste com a natureza, e conduz o homem a compreender que a crise
ambiental não é apenas biofísica, mas civilizatória, cultural. ( Guimarães, 200).
Os embates que vão surgir a partir de duas concepções educacionais
diferentes vão resultar num panorama que interpõe a pedagogia do consenso e
a pedagogia do conflito. Sander (1984 apud GUMARÃES, 2000), a pedagogia
do consenso ganhou força a partir do ideário do positivismo consolidado
durante o período liberal da educação. Essa pedagogia enfatiza ordem e
progresso social, harmonia e equilíbrio estrutural, coesão e integração
funcional, tudo isso sendo reflexo da preservação do modelo liberal (capitalista)
de economia. A Pedagogia do conflito, critica o modelo positivista,
incorporando aspectos marxistas, num determinado período e as novidades do
discurso ecológico e depois da sustentabilidade no seu conteúdo.
1.3 A nova Legislação Ambiental e a Educação
Ambiental
A Educação Ambiental se desenvolveu no Brasil num ambiente onde os
estudos e debates sobre meio-ambiente ganhavam cada vez mais espaço. Mas
a educação também se transformava no país neste período. Surge um ponto
18
de contato entre os processos de renovação destes campos de conhecimento.
A educação se transforma nos anos 1990. A Escola passa a ser pensada não
apenas como ambiente de produção institucional padronizada. As
especificidades também são importantes (Paro, 1997). Nestas perspectivas,
tanto as especificidades de cada tempo, nas Diretrizes Curriculares Nacionais,
guardadas as qualidades específicas, devem respeitar as características de
seus campos de ação e as exigências impostas pela natureza de sua ação
pedagógica
A Educação brasileira se transforma a partir da criação de uma nova
legislação, mais moderna e buscando um dialogo com as novas demandas
sociais, entre as quais estão os debates sobre Meio Ambiente. No Brasil, a
obrigatoriedade de promover a Educação Ambiental (EA) “em todos os níveis
de ensino” inicia-se com a Constituição Federal de 1988 (Cap. VI, art. 225,
parágrafo 1, inciso VI), documento moderno e articulado com as novas
tendências das questões ambientais no país, onde muitos dos brasileiros vão
lembrar de lideranças de destaque no período como o Deputado Juruna,
indígena e membro da Assembléia Constituinte. Lembremos também dos
líderes ligados ao então incipiente Partido Verde, onde se destacava o
deputado pelo Rio de Janeiro, Fernando Gabeira.
O próximo ponto neste processo trata inclusão do tema meio ambiente nos
Parâmetros Curriculares Nacionais do MEC - PCN (BRASIL, PCN, 1997),
consolidando-se como política pública com a Lei nº 9.795, de 27 de abril de
1999, regulamentada em 2002. Caracterizando um novo paradigma ou a busca
19
de um novo paradigma, este Os PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais –
tema transversal Meio Ambiente e Saúde (BRASIL, MEC, 1997) caracterizam a
educação ambiental como uma questão que exige cuidado e atenção, e alerta
para os cuidados que são indispensáveis para a manutenção e continuidade da
vida no planeta.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais apresentam o meio ambiente como
um dos diversos temas transversais tratados pelo seu texto, trazendo à
discussão a respeito da relação entre os problemas ambientais e os fatores
econômicos, políticos, sociais e históricos, que causam conflitos ambientais.
Estes problemas, segundo o direcionamento proposto pelos PCN’s, nos
conduzem a reflexão e discussão sobre as responsabilidades humanas
(individuais e coletivas) voltadas ao bem-estar social, à qualidade de vida, à
sustentabilidade, na perspectiva de minimizar ou reverter a crise
socioambiental planetária. Visão em acordo com as definições de documentos
como a agenda 21, produzida após discussões durante a Eco-92, Conferência
também conhecida como Rio 92. Essa discussão demanda a fundamentação
teórica em diferentes campos do conhecimento, tanto das ciências naturais
quanto das ciências humanas e sociais para a compreensão da complexidade
das interações entre diversos agentes; ser humano - sociedade - natureza,
contribuindo para a construção de seus conceitos, articulando e
compreendendo esta relação. O aluno deve ter entender essa relação e esse
deve ser um dos principais objetivos a serem alcançado pelo educador e pelo
aluno( GUERRA E GUIMARÂES, 2007.)
20
No contexto mais específico da Gestão Ambiental, os programas de
Educação ambiental são implementados não só no ambiente escolar, mas
também em um ambiente empresarial, para preparar funcionários e
colaboradores para uma operação mais ambientalmente limpa, bem como uma
atividade interna mais sustentável. Nesse aspecto característico, a Educação
Ambiental, supera as limitações geralmente impostas por princípios
pedagógicos que são relacionados á prática escolar, que tem pontos limitantes
como o Currículo, a divisão em anos de estudo e mesmo as separações entre
as disciplinas. Numa empresa, o foco é a educação ambiental de forma mais
direta e específica. Os objetivos obviamente vão variar de acordo com a área
de atuação própria de cada empresa. O jeito de educar vai refletir as
necessidades de cada um dos locais onde será implementado
21
CAPÍTULO II: GESTÃO AMBIENTAL E EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
Neste capítulo, o objetivo é estudar um pouco as características
específicas da gestão Ambiental. Buscando inicialmente apresentar algumas
conceituações difundidas entre os estudiosos no assunto. Enfatizando a
importâcia de novos paradigmas e concepções que vão influenciar diretamente
o desenvolvimento deste ramo de conhecimento e de atuação. A segunda
parte do capítulo tratará de ferramentas específicas da Gestão Ambiental,
como as auditorias, os Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) e as certificações
ISO.
2.1- Um breve olhar sobre a Gestão Ambiental
Uma das maneiras de definir um conceito de Gestão Ambiental é dizer
igmas que ele consiste na administração do uso dos recursos ambientais, por
meio de ações ou medidas econômicas, investimentos e potenciais
institucionais e jurídicos, com a finalidade de manter ou recuperar a qualidade
de recursos e desenvolvimento social (CAMPOS, 2002). A utilização da
Gestão Ambiental, a partir deste conceito, em empresas e instituições diversas
está sendo cada vez mais comum e difundida.
22
Gestão Ambiental é um conceito relativamente novo. Surge no bojo do
desenvolvimento que as ciências, experiências empíricas, como os
movimentos sociais, ligadas ao desenrolar de discursos, ações, pesquisas,
análises, movimentos sociais relacionados à questão do meio ambiente no
mundo nas últimas décadas, que têm seu crescimento situado no período dos
últimos 50 anos. De forma mais precisa podemos situar no período pós 2ª
Guerra Mundial o início mais marcante da difusão mais maciça de tais idéias.
Com destaque para o surgimento do conceito de SUSTENCENTRISMO,
que substitui o paradigma vigente de antropocentrismo. O homem, até então
centro e referência das ações humanas em geral daria lugar ao contexto de
sustentabilidade. (GLADWIN et al, 1995). A idéia disseminada do domínio
humano indiscriminado sobre os recursos da natureza, que vigorou por séculos
hegemonicamente na humanidade, seria substituído por um modo novo de
gerir estes recursos. O sustencentrismo aparece como uma evolução do
paradigma do ecocentrismo. Tal idéia é defendida por muitos pesquisadores do
assunto conforme podemos encontrar em trabalho produzido por Hourneaux
Junior, Barbosa & Katz:
Em contraposição ao antropocentrismo, o ecocentrismo surgiu
empunhando a bandeira do ativismo ecológico radical,
aproximando-se por vezes de um ambientalismo utópico. O
sustencentrismo surge então com a visão de um
desenvolvimento sustentado, referindo-se a um
desenvolvimento humano que permitiria que a satisfação das
23
necessidades atuais não comprometesse o suprimento das
necessidades futuras. Um desenvolvimento de forma inclusiva,
conectada, equilibrada, prudente e segura, considerando a
interação das organizações com o meio ambiente e priorizando
o desenvolvimento qualitativo em detrimento do quantitativo.
Diretamente ligada à Gestão Ambiental estará a preocupação das
empresas e instituições governamentais com as questões ambientais. Muitas
delas obrigatórias por força de uma legislação preocupada o impacto ambiental
que estas empresas e instituições vinham produzindo. Uma nova maneira de
administrar estas demandas novas apresentadas pela ascensão do
sustencentrismo e das novas legislações, cria a necessidade de que novos
profissionais apareçam para responder estas novas questões. É nesse
momento que a gestão ambiental e seus profissionais aparecem
Normas de gestão e qualidade ambiental também passam a ser
editadas, com vistas à criação de padrões de segurança e proteção ambiental
e à implantação de controles para a gestão de resíduos, para a integridade dos
produtos na produção e na utilização, para a garantia de saúde de funcionários,
para a minimização de riscos e perdas com acidentes, para a gestão de
passivos ambientais e para a prevenção e gestão de crises. Da mesma forma,
sistemas de auditoria ambiental passam a ser concebidos e implantados nas
empresas como forma de assegurar e demonstrar o cumprimento das políticas
e objetivos ambientais destas (JUCHEM, 1995).
24
O desenvolvimento das noções de responsabilidade social, oriundo das
práticas e técnicas da Administração de Empresas, introduzem as
preocupações com as conseqüências ambientais das atividades das empresas
entre os seus princípios. Tachizawa conceitua esta aproximação da
responsabilidade social e gestão ambiental:
A responsabilidade social e ambiental pode ser resumida no
conceito de efetividade, como alcance de objetivos do
desenvolvimento econômico-social. Portanto, uma organização
é efetiva quando mantém uma postura socialmente
responsável. A efetividade está relacionada à satisfação da
sociedade, ao atendimento de seus requisitos sociais,
econômicos e culturais. ( Tachizawa, 2002, p.73)
Esta relação proposta por Tachizawa, ajuda a compreender a adesão
cada vez maior de empresas de diversos setores de atividade produtiva e em
diversas partes do país, da implementação da Gestão Ambiental em um
número cada vez mais expressivo de empresas.
2.2 – INSTRUMENTOS E PRÁTICAS EM GESTÃO
AMBIENTAL
Para implementar qualquer modelo de gestão ambiental, se faz
necessária a utilização de instrumentos, podemos entender estes como meios
25
ou ferramentas para alcançar objetivos em uma matéria ambiental (BARBIERI,
2007). Como exemplos, podemos citar a avaliação do ciclo de vida, relatórios
de impacto ambiental, sistemas de gestão ambiental (SGA), rotulagem
ambiental, relatórios ambientais, educação ambiental, auditoria ambiental,
dentre outros. Todos estes auxiliam a empresa a alcançar seus objetivos
ambientais, e muitos são também considerados instrumentos de política
pública, como em certos casos, o estudo de impacto ambiental e a auditoria
ambiental.
Muitas empresas vêm utilizando o SGA como maneira mais usual de
implementar uma Gestão Ambiental, que é importante frisar ainda seja de
aplicação voluntária, este modelo de gestão visando, além da economia
financeira (redução de desperdício, por exemplo), evitar empregar soluções
para corrigir problemas ambientais (acidentes, perda de mercado, de clientela,
incapacidade de obter crédito bancário, são exemplos). Sistemas de Gestão
Ambiental podem ser aplicados a qualquer atividade econômica, em
organizações públicas ou privadas, especialmente naqueles empreendimentos
que apresentam riscos de provocar impactos negativos ao meio ambiente. Um
bom SGA permite que a empresa controle e minimize seus riscos ambientais,
além de representar uma vantagem competitiva, já que o mercado distingue
empresas ambientalmente corretas ( Barbieri, 2007).
Aprofundando na compreensão de como funciona um SGA. Podemos
definir Sistema de Gestão Ambiental é um processo que tem como objetivo
resolver, mitigar e/ou prevenir os problemas de aspecto ambiental, com o
objetivo de desenvolvimento sustentável. A caracterização de um Sistema de
26
gestão Ambienta (SGA), segundo a NBR ISO 14001, como a parte do sistema
de gestão que compreende a estrutura organizacional, as responsabilidades,
as práticas, os procedimentos, os processos e recurso para aplicar, elaborar,
revisar e manter a política ambiental da empresa.
O processo de implementação de um Sistema de Gestão consta de 4
fases.
1 - Definição e comunicação do projeto (gera-se um documento de trabalho
que irá detalhar as bases do projeto para implementação do SGA);
2 - Planejamento do SGA (realiza-se a revisão ambiental inicial, planejando-se
o sistema);
3 - Instalação do SGA (realiza-se a implementação do SGA);
4 - Auditoria e certificação.
Uma vez implementado o SGA, pode-se tramitar sua certificação.
Qualquer empresa pode implementar o SGA. Os Sistemas de Gestão
Ambiental permitem as empresas, de forma imediata:
a) Segurança, envolvendo preocupações na forma de redução de riscos de
acidentes, de sanções legais, etc;
b) Qualidade dos produtos, serviços e processos envolvidos desde a
concepção até o produto final;
c) Economia e/ou redução no consumo de matérias-primas envolvidas na
produção, água e energia;
27
d) Mercado, com a finalidade de captar novos clientes;
e) Melhoria na imagem da empresa;
f) Melhora no processo;
g) Possibilidade de futuro e a permanência da empresa;
h) Possibilidade de aquisição financiamentos, devido ao bom histórico
ambiental.
Além dos Sistemas de gestão ambiental( SGA), há outros instrumentos para
administrar uma gestão Ambiental. Um deles é a Auditoria Ambiental, que tem
se tornado cada vez mais importante para responder as demandas da
legislação brasileira.
Outra ferramenta importante na produção de padrões de qualidade e
objetivando estabelecer normas de confiança para o consumidor está na
criação das certificações ambientais, como a série ISO. Estas certificações,
que funcionam como se fossem uma declaração de que determinado produto
está em conformidade ambiental, desde o início, na sua criação, na elaboração
de seu projeto, na fabricação, no ato de vender, pós-venda até seu
sucateamento, ou seja toda uma vida. Com o objetivo de termos um melhor
entendimento do tema certificação cabe conhecer um pouco do processo
histórico e das metodologias presentes neste sistema.
No ano de 2002 surge a ISO 19011 - Diretrizes para auditorias de sistemas
de gestão da qualidade e/ ou ambiental, que veio substituir a 10011, 14010,
28
14011, 14012, ,que tratam de temas diversos. Abaixo segue uma tabela que
contempla as principais e mais utilizadas Certificações com o conteúdo
específico de cada certificação:
TABELA 1
CERTIFICAÇÃO ISO
CONTEÚDO DA CERTIFICAÇÃO
ISO 10011 os procedimentos para o planejamento e execução de
auditorias num sistema de gestão ambiental;
ISO 14010 PRINCÍPIOS GERAIS PARA EXECUÇÃO DE AUDITORIAS
ISO 14011 os procedimentos para o planejamento e execução de
auditorias num sistema de gestão ambiental;
ISO 14012 os critérios para qualificação de
auditores (quem executa as auditorias).
ISO 19011 guias sobre auditorias da qualidade e
do meio ambiente.
Fonte: CAMARA, 2010
A série ISO nasceu da necessidade de se padronizar os processos
produtivos e a qualidade dos produtos. Após o término da Segunda Guerra
Mundial, em 1946, delegados de 25 países se reuniram em Londres a fim de
formarem uma organização internacional de normalização, com objetivo de
facilitar a coordenação internacional e unificação dos padrões industriais.
Fundaram então a ISO - International Organization for Standardization -, que
iniciou suas atividades no dia 23 de fevereiro de 1947(FELDMANN, apud
DUTRA 2008,p.25).
29
CAPÍTULO III - Educação Ambiental Aplicada a Gestão
Ambiental
Neste capítulo, o objetivo é estudara educação ambiental em seu
aspecto específico de propor novos padrões de comportamento e de
compreensão da realidade ambiental. A segunda parte do capítulo estudará a
relação da Educação ambiental com outras ferramentas de gestão ambiental.
3.1 – Alguns aspectos específicos sobre a Educação
Ambiental
A educação de uma maneira geral, se volta para a formação do
indivíduo. A transferência dos valores de uma sociedade, de um grupo social é
transferida também pela educação. Para muitos pensadores, o ato de educar é
também ajudar reproduzir princípios, valores morais, replicar a cultura, com o
objetivo de dar continuidade a padrões sociais e culturais. A maneira como
essa linha de continuidade se mantém estável é através, em grande parte, mas
não só, da educação formal ou não. Para Durkheim, por exemplo, a educação
deve suscitar um certo “número de estados físicos e mentais que a sociedade à
qual pertence considera não deverem estar ausentes de nenhum dos seus
membros; 2º) certos estados físicos e mentais que o grupo social particular
30
(casta, classe, família, profissão) considera igualmente que se devem encontrar
em todos aqueles que o formam.”( Durkheim, 1996)
No caso específico da educação ambiental o caminho é inverso. Os
educadores preocupados com questões ambientais vão buscar desconstruir,
através de seu trabalho de educar, os paradigmas antropocentristas que
privilegiam o homem sobre a natureza. Princípios esses tão disseminados em
toda a sociedade através do senso comum de que a natureza existe para nos
servir. O paradigma do antropocentrismo de vê ser substituído na Educação
ambiental, pelo paradigma do sustencentrismo, baseado na idéia de que a
sustentabilidade e não o homem deve ser o centro do discurso de educação
ambiental. Sustentabilidade entendida como conceito que busca a harmonia
nas relações entre a natureza e a relação do ser humano com a natureza.
A educação ambiental no âmbito da gestão ambiental tem implicações
diversas; financeiras, contábeis , culturais, sociais. Para implementar a
Educação ambiental na Gestão Ambiental deve ser entendida não como
instrumento de replicação, mas sim como instrumento de persuasão. Educar no
caso da Educação ambiental é persuadir, convencer. O processo é o de
substituir um paradigma por outro. Para isso é preciso convencimento.
Importante frisar que o problema muitas vezes não é o desconhecimento. Os
agentes sociais agridem a natureza com consciência dos danos que produzem.
Para Nogueira (1992), as pessoas não degradam o meio ambiente apenas por
ignorância, mas sim porque tiram vantagens ou são prejudicadas por forças
econômicas, sociais, políticas e institucionais em decorrência dos direitos de
propriedade privada sobre os recursos ambientais.
31
Um conceito interessante que nos ajuda a compreender a maneira como
a educação ambiental deve ser utilizada como instrumento de Gestão
ambiental está presente no trabalho de Sewell. O autor aponta a traz a
seguinte definição sobre o conceito de “controle ambiental”. Para ele este
controle é o “ato de influenciar as atividades humanas que afetam a qualidade
do meio físico do homem, especialmente, o ar, a água e as características
terrestres”( Sewell, 1978). O verbo que nos chama atenção é influenciar. Não é
impor, tampouco definir. Influenciar ações humanas para melhorar a qualidade
da relação homem X meio ambiente.
3.2 - A articulação da Educação Ambiental com outras ferramentas de gestão ambiental
A educação ambiental, para aumentar sua eficiência, pode ser
combinada com outras ferramentas de gestão Ambiental. Para isso ela deve
incorporar dimensões sociais, econômicas, culturais e históricas( Nogueira,
1992). A Educação ambiental como é um instrumento que ao ser
implementado antecederá ou interferirá em diversos outros elementos como as
políticas de comando( EIA/RIMA, zoneamentos), instrumentos de caráter
econômicos como os subsídios, as taxas, depósitos reembolsáveis, licenças
negociáveis, tem impacto fundamental para a consolidar as práticas de gestão
ambiental.
32
Analisando os mecanismos de controle em gestão ambiental chamados
por Jacobs de ferramentas de Regulamentação (Jacobs, 1991) . Estes seriam
medidas administrativas, leis e regulamentos, que estabeleceriam os limites e o
que seria proibido, além de especificações de processos para atividades
poluidoras. Nesta parte do capítulo analisaremos a articulação dessas
ferramentas de regulamentação com a Educação Ambiental.
As leis de responsabilidade partem do pressuposto que um agente
econômico que utiliza bens ou serviços prestados pelo meio ambiente precisa
realizar suas atividades com o devido cuidado para não comprometer nem a
qualidade nem a quantidade destes recursos ambientais. A educação
ambiental atuaria como um esclarecedor do conteúdo e aplicação dessas leis.
No caso das ferramentas de correção econômica como as multas,
subsídios e taxas um dos exemplos mais apropriados é o que verificou-se na
implantação da cobrança feita pelo uso da água no Estado de São Paulo,
Brasiletalli (2000, p.144) ressalta a existência de um programa de
Comunicação Social, enfatizando necessidade econômica social e ambiental
da utilização racional da água, estabelecido como condição para
implementação da cobrança pelo uso da água, conforme estabelecido na lei
76631/91 e 90341/94. Quando explica o que seria este programa, Brasiletalli
(2000, 156) descreve que o desenvolvimento do programa de comunicação
social deve abranger a divulgação de aspectos conceituais relativos à
cobrança, às necessidades de investimentos e resultados esperados em cada
bacia, voltando a ressaltar: “é a condição obrigatória para se obter sucesso na
Implantação desse novo instrumento de gestão”. Eis um caso onde a
33
Educação, nesse caso feita por estratégia de comunicação social, age como
elemento que complementa a correção econômica. As explicações e
esclarecimentos que o programa de cobrança de água em São Paulo,
estudados por Brasiletalli, apresentam são constatação de que a educação
Ambiental não só complementa a política de gestão Ambiental, como
demonstra que espaços alternativos, no caso a campanha publicitária, são
canais potentes para educar.
Ao analisar as ações de educação ambiental, como a que descrevemos
acima, no que diz respeito à orientação das pessoas, percebe-se que as ações
voltadas para efeito e resultado, como cartilhas, campanhas educativas e
programa de educação ambiental nas áreas de reflorestamento, têm o objetivo
de ratificar instrumentos de comando e controle visando criar uma consciência
crítica sendo portanto, um canal educativo.
Os instrumentos de persuasão, utilizados na Gestão Ambiental, no qual
incluímos a Educação Ambiental, podem ser mais efetivos quando a
disseminação da informação sobre os efeitos da poluição ou degradação, como
os níveis de emissão e sua evolução, é feita de forma rápida e ampla, como
Poe exemplo acontece em desastres ambientais. Em contextos como esse, a
internalização dos conceitos de proteção ambiental, em sintonia com a
disponibilidade de informações sobre os acontecimentos, poderá tornar mais
eficaz o instrumento de educação ambiental( Field, 1997).
Outro aspecto a se destacar sobre educação ambiental como
instrumento de gestão ambiental é a maneira como esta ferramenta pode se
tornar eficaz e eficiente, na medida em que conseguir focar um objetivo, medir
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e mensurar o resultado e avaliar o benefício marginal conquistado. Também
deve, se quer mudar conceitos e comportamentos, estar focada na origem, na
raiz dos processos; mesmo que isso signifique investir a médio e longo prazo.
Aprofundar o levantamento e compreensão das questões é muito importante.
Abordar superficialmente os problemas não contribui para a que se resolvam
as questões e para que se esclareça ao público comum. Desta forma, a
educação ambiental, aliada a outros instrumentos de controle e econômicos,
vai contribuir para a construção de uma sociedade auto-sustentável. Uma
sociedade educada e consciente.
35
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A gestão ambiental é um ramo do conhecimento humano cada vez mais
fundamental nas relações modernas entre sociedade, natureza, instituições e
empresas. A Educação ambiental é uma de suas ferramentas mais poderosas.
A partir de uma visão crítica da Educação, que incorpora elementos
constituintes das principais correntes de pensamento sobre o meio ambiente e
da relação do seu humano com o meio ambiente, a implementação de
programas de Educação ambiental formará cidadãos ativos e conscientes.
Estes agentes sociais educados ambientalmente se tornarão capazes de
compreender as questões ambientais e atuar positivamente na melhoria das
condições de meio ambiente.
Vimos ainda neste trabalho que houve uma preocupação dos
legisladores brasileiros no sentido de produzir leis como a Lei de Diretrizes e
Base em educação( LDB) e documentos como os Parâmetros Curriculares
Nacionais(PCN), que são influenciados pelas inovações de concepção sobre o
Meio Ambiente, como o sustencentrismo, paradigma que substitui o
antropocentrismo, padrão de focar no ser humano as preocupações e
interesses, hegemônico durante séculos. Essas leis sofrem influência das
mudanças de visão sobre o meio ambiente. Apontando para a importância no
ensino escolar do tema meio ambiente, esse novo enfoque educacional fornece
as bases para as mudanças que permitem incluir temas como sustentabilidade,
36
responsabilidade ambiental, consumo responsável e outras bandeiras dos
temas ligados ao meio ambiente.
È fundamental que as empresas e instituições se conscientizem que o
ser humano é um agente fundamental na relação sociedade-natureza. Uma
pessoa educada e consciente dos impactos de sua atuação social sobre a
natureza é um agente capaz de mudar a realidade. Os professores e
educadores ambientais têm essa responsabilidade, de tocar as sensibilidades
de seus alunos para a premência de todos adquirirem uma nova postura diante
da sua relação com a natureza e seus recursos.
37
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