editorial_revista ecoaventura_22
Post on 28-Mar-2016
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Junho principiou com a entrada do projeto de reforma do Código Florestal
no Senado. Na Câmara dos Deputados, a maioria votou nas mudanças que condenam a
conservação das florestas no País. Agora, o documento será encaminhado às Comissões de
Constituição, Justiça e Cidadania, de Agricultura e Reforma Agrária e de Meio Ambiente.
As mudanças previstas são polêmicas. Se aprovado, fica permitido que se desmate
mais à beira de rios e lagos ao se reduzir de 30 para 15 metros a obrigatoriedade de pre-
servação das matas ciliares, que dão forma às margens dos cursos d’água e os protegem.
Como se não bastasse essa complacência com a degradação ambiental, o texto-base
estabelece que os proprietários de pequenos módulos rurais (de 20 a 400 hectares) pode-
rão manter o percentual de vegetação nativa que suas terras possuíam até 2008. Ou seja,
quem desmatou a sua pequena propriedade até a data estipulada será perdoado de pagar
multas e estará desobrigado a recuperar as áreas de Reserva Legal já destruídas. Resul-
tado? A iniciativa penaliza aqueles que cumpriram a legislação ambiental no passado, já
que o reflorestamento de áreas degradadas nesses módulos fiscais não seria obrigatório.
O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulga um estudo sobre o impacto
do novo código em áreas de Reserva Legal: se analisadas somente a não recomposição
florestal para imóveis de até quatro módulos fiscais, quase 30 milhões de hectares deixa-
riam de ser reflorestados — o equivalente a quase o tamanho do Estado do Rio Grande
do Sul. As perdas ambientais recorrentes são inefáveis. Isto porque, como bem descreve
o relatório do Ipea, a proteção contra processos erosivos do solo (matas ciliares) contribui
para a redução do assoreamento de cursos d’águas, o que, por sua vez, melhora a dispo-
nibilidade de peixes, bem como a navegabilidade dos rios.
A aprovação do código pelo Senado, além disso, seria incoerente com a Política Na-
cional de Mudanças Climáticas e deixa de lado o compromisso internacional no que diz
respeito à redução de emissões de gases de efeito estufa pelo Brasil. Isso porque a perda
de florestas resultará na liberação de mais CO² na atmosfera, quando há uma meta nacio-
nal de reduzir a emissão desses gases em até 38%.
A presidente, Dilma Rousseff, promete, desde a campanha eleitoral, não negociar des-
matamentos e já reafirmou que vai vetar o código no Sena-
do. O uso sustentável dos recursos oferecidos na natureza
agradece. Não queremos ver, na prática, que o sinônimo de
perdoar, definido pelo projeto de novo Código Florestal, seja
o de reduzir a vida no planeta.
editorial
DiretoriaFarid Curi, Roberto Véras e Wilson Feitosa
Diretor de redação Wilson Feitosa
wfeitosa@grupoea.com.br
EditoraJanaína Quitério
(MTb nº 45041/SP)jquiterio@grupoea.com.br
DEPARTAMENTO DE JORNALISMOredacao@grupoea.com.br
RepórterDani Costa
(MTb nº 01518/ES)dcosta@grupoea.com.br
Estagiários da redaçãoBárbara Blas e Gabriela Ferigato
TradutorDavid John
ArteGabriel Dezorzi e Tiago Stracci
FotografiaAlexandre Tokitaka, Henrique Feitosa
e Inácio Teixeira
Correspondentes internacionaisFábio Barbosa
e Voitek Kordecki
Colaboraram nesta ediçãoDenis Garbo, Líbia Marquez, Márcio Ramos, Mateus Abreu e Andrade, Roberto Véras e
Wilson Feitosa
ConsultoresAlexandre Andradee Eribert Marquez
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O novo conceito de anistia: a ambiental
Edição 22 — julho de 2011
Editorial 22.indd 4 25/07/2011 12:04:01
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