editorial câmara municipal de palmela · o museu visitado pelas escolas no ano lectivo 2002/2003 2...

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boletim do Museu Municipal de Palmela

O mês de Novembro, em Palmela, é marcado no seu primei-ro dia pelas comemorações da Restauração do concelho –que assinala este ano o 77º aniversário – e pela Festa deTodos-os-Santos que, no mesmo dia, tem lugar em Quintado Anjo.Este ano, o programa de comemorações da Restauraçãointegra, quer as já tradicionais acções desenvolvidas peloGrupo dos Amigos do Concelho de Palmela, quer por duasoutras acções da responsabilidade da Câmara Municipal:uma conferência dedicada ao enquadramento histórico doprocesso de extinção (1855) e restauração (1926) do conce-lho, em contexto nacional, e o lançamento do livro intituladoMemórias de Ferroviários de Pinhal Novo. Embora não ver-se, esse livro, sobre o tema Restauração, integramo-lo noprograma, não só pela importância dos depoimentos publi-cados, mas também como homenagem a todos os trabalha-dores anónimos que contribuíram, e contribuem, para redo-brar em dignidade a História do nosso Município. De facto,são muitos os homens e mulheres anónimos que, diariamen-te, constroiem a nossa História e, apesar de considerarmosjusto destacar algumas das figuras que pelo seu carismadão um contributo ímpar no processo histórico – no presentecaso, podemos destacar: Joaquim José de Carvalho, comoprimeiro Presidente da Comissão Administrativa da CâmaraMunicipal, os militares Capitão Clemente José Juncal, Gene-ral Amílcar Mota e Conta-Almirante Jaime Afreixo e o PadreMoisés da Silva - a consciência social obriga-nos a procuraros outros actores do processo histórico, normalmente semvoz. Assim, é também nessa edição apresentado um docu-mento de trabalho que orienta a criação do “Arquivo de Fon-tes Orais do concelho de Palmela”.Além do justo assinalar de efemérides, a nossa acção desalvaguarda do Património histórico-cultural é tambémmarcada, neste momento, por três outras temáticas:• o debate com todos quantos a ele se queiram associar,sobre o Ante-Projecto de Programa Museológico para o Con-celho de Palmela (que publicamos no +museu1, em suple-mento); esta acção, a realizar em todas as freguesias, nãovisa ser uma conversa técnica, mas reflectir com os cida-dãos do concelho acerca do Património Local e de meios demelhor o salvaguardar e divulgar;• o inventário de fontes, chafarizes, lavadouros e minas deágua do concelho, visando uma requalificação faseada dosmesmos e dando a conhecer neste Ano Internacional da ÁguaDoce a importância de salvaguardar essa fonte de Vida;• a apresentação de propostas/actividades do ServiçoEducativo do Museu Municipal à Comunidade Escolar, emsuplemento, este ano lectivo com particular destaque paraos Projectos “30 Anos de 25 de Abril no concelho de Palmela”e “Crescer saudável com o nosso Património”.A adesão às acções propostas e a avaliação que o publicofaz das mesmas, permite-nos programar novas actividadesque correspondam não só ao que o Museu tem para mostrarsobre o património do concelho, mas também adequar essaoferta às especificidades quer da Comunidade Educativa,quer do público em geral.Porque trabalhamos com todos Vós - crianças, jovens e adul-tos com gosto por aprender – desejamo-vos, uma vez mais,a educadores e alunos um Excelente Ano Lectivo 2003/04 eesperamos por si no Museu Municipal de Palmela !

A Presidente da Câmara

Ana Teresa Vicente

nº 2 • Novembro 2003

Editorial

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ela

Joaquim José de Carvalho

O Museu visitado pelas Escolasno ano lectivo 2002/2003

2É através do Serviço Educativo que o MuseuMunicipal interage com a comunidade. Aoaproximar-se das Escolas, das Crianças edos seus Educadores está a cumprir o seupapel de agente cultural e educativo.A Escola, como veículo de aprendizagensdiversificadas e significativas, apresenta-sehoje com currículos mais flexíveis e cada vezmais ligados à comunidade em que estáinserida, e o Museu Municipal deve ser umrecurso, um parceiro para a construção des-se mesmo currículo.Hoje, o Museu já não é um espaço estático,escuro, intocável, com um discurso excessi-vamente erudito, onde nada acontece. Pelocontrário, é um local vivo onde têm lugar asmemórias de uma comunidade, e pretendeser de fácil acesso a todos, onde estas me-mórias possam ser “contadas” de uma for-ma activa e lúdica.Em Suplemento apresentamos as activida-des previstas para o Ano Lectivo 2003/2004,com destaque Crescer saudável com o nos-so Património (gastronómico).Mas, como o Serviço Educativo do MuseuMunicipal necessita de avaliar as suas acti-vidades, para melhor as adequar às neces-sidades do público, vem, em jeito de balan-ço, dar conta da adesão das Escolas doConcelho às diversas acções que foram pro-postas, no ano lectivo de 2002/2003.O total de alunos do concelho a participarnas actividades do Museu Municipal foi dec. 4763, sendo que a actividade mais repre-sentativa foi a exposição temporária “Os Sen-tidos Dão Cor à Vida” propriedade do Mu-seu da Criança e requisitada pela CâmaraMunicipal no decurso desse ano lectivo.São apresentados três gráficos: o primeirocom as actividades do Serviço Educativo doMuseu Municipal mais requisitadas pelas es-colas do concelho; o segundo e o terceirocom a participação, por escola, nas diver-sas actividades propostas, apenas se distin-guindo pelo nível de ensino a que dizem res-peito – Pré-Escolar (segundo gráfico) e 1º,

2º, 3º ciclos do Ensino Básico e Secundário(terceiro gráfico).As tendências de participação nas diferen-tes acções são notórias. Gostaríamos, con-tudo, de perceber melhor as razões da fracaadesão de alguns estabelecimentos às mes-mas.Ajude-nos a servir melhor a ComunidadeEducativa !Conte-nos por que não aderiu ! Contacte-nos !

Outras Actividade frequentadas:

• Atelier de Jogos - 88 participantes• Atelier de S. Tiago - 30 participantes• Atelier Grafia Antiga - 55 participantes• Visita “À Descoberta de Pinhal Novo” - 115 participantes• Visita à Herdade de Rio Frio - 55 participantes• Visita ao Centro Histórico de Palmela - 72 participantes• Visita Sepulcros Neolíticos de Quinta do Anjo - 72 participantes• Visita temática ao Castelo - 72 participantes

ACTIVIDADES MAIS FREQUENTADAS

POR INSTITUIÇÕES DE ENSINO DO CONCELHO

PARTICIPAÇÃO NAS ACTIVIDADESDAS INSTITUIÇÕES DE ENSINODO CONCELHOdo PRÉ-ESCOLAR

PARTICIPAÇÃO NAS ACTIVIDADESDAS INSTITUIÇÕES DE ENSINODO CONCELHO1.º, 2.º 3.º CICLOS DE ENSINO BÁSICOE ENSINO SECUNDÁRIO

• Escolas com presençaem 1 actividade

Escolas Básicas 1 de:

Arraiados; Olhos de Água n.º 2; Palmela n.º1; Lagameças; Palhota; Brejos do Assa n.º 1;Quinta do Anjo n.º 1; Poceirão n.º 1; Vale daVila; Aires n.º 1; Bairro Alentejano; Forninho;Lagoa do Calvo; Águas de Moura n.º 2; Fon-te Bearreira; Aldeia Nova da Aroeira; Olhosde Água n.º 1; Aires n.º 2; Cabanas;eEscola Secundária de Pinhal Novo.

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4em destaque…NÚCLEO MUSEOLÓGICODO VINHO E DA VINHANA ADEGA DE ALGERUZ

A criação do Núcleo Museológico do Vinhoe da Vinha, enquanto suporte da memóriacolectiva e como instrumento de ‘informa-ção’ e ‘lazer’, satisfaz uma antiga aspira-ção da comunidade e procura interpretar edar a conhecer uma visão dos quotidianose de práticas que estão encerradas (e po-dem ser exprimidas) no património vitiviní-cola legado pelo mundo rural de Palmela.

Este novo espaço museal, de fruição públi-ca, pretende reconstruir memórias perdidasde um passado histórico, a valorização doscostumes e tradições e a promoção do es-tudo do património rural e industrial. Paraque tal seja conseguido, o projecto foi pen-sado no contexto das funções museoló-gicas que lhe são atribuídas e tendo a pre-ocupação de estabelecer desde o iníciouma ligação mínima e estimulante entre aHistória e as várias disciplinas e saberesdas ciências humanas e sociais, como aEtnologia Rural, a Antropologia, a Etnografiae afins, que em conjunto facilitam e permi-tem o desenvolvimento de estudos nas áre-as especifi-cadas.Para o efeito, e como se referiu anteriormen-te, desde há algum tempo que se desen-volvem pesquisas e estudos de naturezatransdisciplinar que, de forma sucinta, con-templam:

a) O levantamento, registo e estudo do pa-trimónio vitivinícola do concelho;b) O inventário dos proprietários rurais quepermita elaborar a cartografia vitivinícola doconcelho;

c) O registo e estudo das memórias, dashistórias de vida e, nalguns casos, dos es-pólios existentes, tendo em vista o estudodos quotidianos e dos vários aspectos re-lacionados com a organização social, aeconomia, as relações e os quadros dasociabilidade;d) A pesquisa das fontes documentais re-lativas à temática, que por razões tempo-rais não está completa (o volume documen-tal a que nos referimos distingue-se pelasua extensão e dispersão);e) A pesquisa das fontes de registo e su-porte audio-visual que permitam a organi-zação de um centro de documentação, quedeverá incluir também, e naturalmente, abibliografia de referência/específica datemática em estudo;f) A inventariação, classificação e registo doespólio pertencente à Adega de Algeruz,constituído por vários suportes, da maqui-naria industrial ao pequenos uten-sílios par-ticulares e artesanais - ‘artefactos’ do mun-do artesanal e empírico no qual a ‘indústriavivinícola’, superiormente ilustrada neste es-paço, encontrou um ponto de apoio e lança-mento;g) O estudo do espólio ou colecção quepelo seu valor histórico e ‘conteúdo’ permi-te a descrição e a elaboração de instrumen-tos de pesquisa e a produção de documen-tos de divulgação e de eventos direccio-nados aos diferentes segmentos de públi-co; referimo-nos à concepção de exposi-ções, inventários, guias e textos de consul-ta e estudo, que beneficiarão os futurosutilizadores deste equipamento.

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A musealização1DE ADEGA A MUSEU

1.1 O sistema de ânfora argelino

O Núcleo Museológico do Vinho e da Vinhaestá a ser instalado na antiga adega da her-dade de Algeruz. Com uma área aproxima-da de 1800 m2 e um valioso espólio, consti-tuído por maquinaria e utensílios ligados àprodução vinícola, que lhe valeu a esta ade-ga ser distinguida em 1937, pela FederaçãoNacional dos Vinhos, como “a mais moder-na adega do país”, exemplo brilhante do quepoderia ser a articulação dos sectores tradi-cionais da economia nacional com o progres-so científico e tecnológico, num país que noprimeiro terço do século continuava atrasa-do e incapaz de seguir o desenvolvimentodas nações europeias. Ali, à adega deAlgeruz, se foi ‘colher’ as bases para a cria-ção das futuras adegas cooperativas.Primeira do país na tecnologia da produçãodo vinho, a adega utilizava já em 1934 a

vinificação por ‘lessivage automatique’,implementada por D. Gregório Gonzalez Brizque, na juventude, tinha feitos estudos emenologia em Bordéus. Este sistema devinificação conduziu, mais tarde, ao sistemade ânfora argelino. Sumariamente, a eficá-cia deste sistema decorria da introdução,numa cuba vulgar de cimento armado, deum autovinificador ‘Ducellier-Isman’ associ-ado a um lixiviador, constituído por uma vál-vula termoestática que, em conjunto com umsistema de refrigeração eficiente, processa-va um trabalho fermentativo das massasvinárias mais regular e mais rápido, com umaoxi-genação perfeita das leveduras. Estavaassim encontrado o ‘moderno’ sistematecnológico da vinificação que, no âmbito daindústria, estava já contemplado no PlanoVitivinícola de 1924.

61.2 A colecção

É no processo inovador de vinificação, men-cionado anteriormente, que reside a singu-laridade desta adega, também ela já em sivalorizada pelo valioso espólio constituídopor documentos, na sua maioria, agrupa-dos pelo seu conteúdo e pela sua função,e que se traduzem em objectos bi ou tridi-mensionais (maquinaria, alfaias agrícolas,ferramentas de trabalho, e afins) evocativosdos saberes artesanal e industrial.A colecção existente neste lugar de memó-ria patrimonializada é enriquecida pelo mun-do do trabalho que em torno destes ‘objec-tos’ e ‘artefactos’ se constituiu. Importa lem-brar também a memória do principal cons-trutor e mentor do projecto agrário edificadona Sociedade Agrícola de Algeruz, mastambém a memória, inseparável da primei-ra, do dedicado grupo de trabalhadoresbraçais que ali inscreveram os seus quoti-dianos, vivências e saberes-repositórios damemória colectiva desta comunidade, eque agora pode e deve ser divulgada nes-te processo de musealização, consolidan-do a identidade do próprio concelho.

2PROGRAMAMUSEOLÓGICO-EXPOSITIVO

A musealização deste espaço, concebidode raiz para fins vinícolas, conduziu-nos àelaboração de um percurso museológico-expositivo centrado no próprio processo devinificação que a Adega de Algeruz inte-gra, sublinhando assim o conjunto repre-sentativo da cultura material que a adegaapresenta e exprime, a colecção do Mu-seu!Deste modo, o público-utilizador/visitante donúcleo museológico passa do espaço deacolhimento à ala da vinificação pelo sis-

tema de ânfora argelino, amiudemente re-ferido neste documento, onde tomará co-nhecimento do processo em pormenormediante a visualização e a interpretaçãoorientada de um conjunto de suportesexpográficos contendo informação escritae visual.Na posse do conhecimento sobre os pro-cessos de vinificação do vinho branco e tin-to, e ‘apropriando-se’ pela vista, pela com-preensão e pelo toque corporal dos váriosartefactos presentes no espaço, e que cons-tituem parte da colecção exposta. O públi-co registará o fabrico de água--pé materia-lizado no sistema de bateria ali instalado.Como ajuda à compreensão dos proces-sos de fabrico, o percurso passará pelo la-boratório onde lhe será explicado todo umconjunto de procedimentos de naturezalaboratorial, relacionados com a química ea física, que possibilitam o fabrico de um‘bom vinho’.De seguida, e já na segunda ala, chega-mos à área de armazenamento e acondi-cionamento dos vinhos, que inclui tambémo seu escoamento, por venda a granel nomercado exterior. Terminada esta fase dopercurso, passamos ao auditório que fun-ciona também como espaço dedicado àhistória da adega e da própria herdade deAlgeruz, à evocação de todos aqueles quelevantaram e exposições de temática diver-sa com carácter temporário.Mais adiante, aproximando-nos do termo dopercurso, o visitante tomará contacto coma sala de envelhecimento dos vinhos, a re-serva, onde eram depositados os me-lhoresvinhos fabricados e também os moscatéis,produto que orgulha particularmente todaesta região que vai de Palmela a Azeitão.De seguida, o percurso segue pela desti-laria, também conhecida por ser o ‘fechoda adega’, já que aí termina o ciclo da pro-dução. No termo do circuito, recolhemos àsala de recepção, por onde passámos ini-cialmente, e onde estão disponíveis mate-

riais de produção e se fornecem informa-ções úteis aos públicos utilizadores desteequipamento.

3CONCLUSÃO

No sentido de sensibilizar as pessoas e acomunidade para este projecto, que é uminstrumento de identidade e memória, estáem preparação uma exposição de carác-ter temporário que será inaugurada no nú-cleo da adega, quando estiverem concluí-das as obras de beneficiação do edifício,cremos que no próximo ano.São seus objectivos desenvolver um traba-lho continuado e profícuo com as escolasde todos os graus de ensino e promover oprojecto em curso, através do diálogo e emcolaboração com os proprietários rurais,empresas produtoras e restantes agentessociais, económicos e culturais. Destemodo, a Câmara Municipal, o concelhode Palmela e a região disporão de maisum equipamento de natureza cultural aacrescentar a outros já existentes, quedesempenham uma função importante noroteiro patrimonial e turístico deste conce-lho.

Maria Leonor Dono Claro Campos

Técnica Superior do Museu Municipal de Palmelaresponsável pelo

Projecto de Musealizaçãodo Núcleo do Vinho e da Vinha

Bibliografia

Monografias

• Amerine Berg and Cruess -

The Tecnology of Wine Making,

second edition/AVI, 1967

• PATO, Octávio -

O Vinho - Sua Preparação

e Conservação,

s/l: Clássica Editora, 9ª edição, 1992

• PEYNAUD, Emile - Conhecer

e Trabalhar o Vinho,

Biblioteca Agrícola Litexa,

Lisboa/Porto: Litexa Editora, 1993

Publicações periódicas

• A Voz de Palmela, Semanário Regionalista

e Cultural, Palmela, 1954, 1963

• Informação Vinícola, Semanário,

Lisboa, 1937, 1941, 1942, 1944 e 1947

• O Setubalense, Diário Republicano

da Noite, Setúbal, 1937

• O Vinho, Semanário Vitivinícola,

Lisboa, 1935

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8Património Local

ÁGUA E PATRIMÓNIO

Água é vida, ou seja, é condição essencialpara a existência de qualquer ser vivo naTerra. À água cabem diversas e importan-tes funções, entre as quais: alimentar, ferti-lizar, proteger, contribuir para a saúde, trans-portar. O acesso à água é fundamental e éhoje reconhecido o direito de todo o SerHumano a dispôr de água potável e de sa-neamento.Acerca do concelho de Palmela escreve-se nas Memórias Paroquiais de 1758 o se-guinte: “Esta serra em que se acha funda-da a vila de Palmela é abundante de águasvárias que nascem por toda a circunferên-cia da mesma. Todas são salutíferas e nassaídas desta vila em todas as estradas têmsuas fontes e de todas elas dizem seremas mais especiais nas virtudes das águasdas fontes de Ares, Samouco e Façalvapara os achacados de pedra e areias.Como também a do chafariz principal des-ta vila para os que padecem toda a castade febres e intem-peranças, por ser estaágua fresca de sua natureza, conforme asexperiências e opiniões dos médicos.”1

Durante centenas de anos, competiu às fon-tes e aos chafarizes a tarefa de satisfazer o

abastecimento de água às populações queainda não dispunham de distribuiçãodomiciliária. São essas as Fontes e Chafa-rizes que encontramos, muitas vezes, nasestradas e caminhos do nosso concelho,indiferentes ao facto de serem um testemu-nho do passar do tempo e das gerações.Mas, para evitar que se perpetue o esque-cimento de tão importante património, sãotambém essas Fontes e Chafarizes actualobjecto de estudo pelo Museu Municipal,que desenvolve um trabalho com vista à re-cuperação futura destes elementos arqui-tectónicos.A investigação, actualmente em curso, pre-tende, não só, a localização geográfica e adescrição deste património de tipo “arqui-tectura pública civil”, no que diz respeitoàs suas características de estilo, matéria-prima e técnicas de construção, mas tam-bém a sua contextualização através de fon-tes escritas e orais. E aqui, destacamos arecolha de memórias como meio privilegia-do para a reconstrução das vivências e aapreensão da importância do acto de “ir àfonte”, tão significativo para a sociabilida-de local. Este estudo, logo que se encontre

Não me invejo de quem temCarros, parelhas e montesSó me invejo de quem bebeÁgua em todas as fontes

Cante tradicional alentejano

MEMÓRIAS D’ÁGUA

1 FORTUNA, António de Matos (prólogo, selecção e anotações) – Memórias Paroquiais de 1758, Monografia de Palmela, 1,Palmela: Grupo dos Amigos do Concelho de Palmela, 1982, pp.34

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MEMÓRIAS D’ÁGUAconcluído, converter-se-á num instrumentoe salvaguarda destes bens, bem como derequalificação das zonas envolventes.E por fonte e chafariz entendemos:Fonte: lugar onde brota água continuamen-te; nascente; água que nasce do solo; bicapor onde corre água; construção providade uma ou mais bicas ou torneiras por ondecorre água potável; chafariz.2

Chafariz: fontanário com várias bicas e deconstrução mais ou menos artística.3

Mas por ora, deixemos a linguagem técni-ca e adoptemos um discurso simples, maisadequado à humildade das fontes, na es-perança de melhor nos entendermos todosquanto à salvaguarda deste Património.

Fontes e Chafarizes

As fontes, tal como as conhecemos, surgi-ram da necessidade dos povos facilitaremo acesso à água, quer junto dos lugaresonde se congregaram, quer ao longo doscaminhos, que os conduziam para as fei-ras, mercados e romarias.Quem percorre o território do actual Con-celho de Palmela descobre diversos imó-veis desta natureza, de distintas formas,dimensões, ornamentações, materiais e téc-nicas de construção, mas todas cumpriramigual função: dar de beber às gentes e aosanimais: neste sentido, todas apresentam,em maior ou menor número, as respectivasbicas e as bacias receptoras de água.Fontes e chafarizes pautavam os ritmos docaminho, outrora mais longo e mais peno-so, por se caminhar a pé, ou ao dorso dosanimais. As longas horas consumidas rumoa um destino exigiam pausas ditadas pelanecessidade de saciar a sede, assim comoas rotinas da vida doméstica obrigavam avisitas regulares ao chafariz mais próximo.Cacilda Martins recorda: “...a gente ia comos burros, com uma infusa, uma de cadalado, uma golpelha (...) chamava-mos-lhe

quartas (...) e em cima daquelas, duaspequeninas (...) uma de cada lado para tra-var a grande (...). A gente levava logo aquelaconta de bilhas para ter água para dois diasou três.”4

Outros elementos presentes, na maior par-te dos chafarizes em estudo, são os ban-cos destinados, não só ao descanso doscaminhantes, mas também à espera daque-les que, pacientemente, aguardavam a suavez de encher as infusas. Como tambémrecorda Cacilda Martins “... havia fila paraencher, depois estavamos por ali sentados(...), falava-se com este, falava-se comaquele e às vezes havia namoricos que searranjavam ali, no chafariz.”5

Tanques e Lavadouros

Quando a fonte de água se situava próxi-mo de um povoado dispunha, algumas ve-zes, de um tanque utilizado como lavadou-ro público. Como exemplos lembremos oTanque da Fonte de Beber e o da FonteNova em Palmela; o Lavadouro do Chafarizde Aires, o Lavadouro de Águas de Moura,os tanquinhos de Quinta do Anjo e o Lava-douro do Bairro Franco, em Pinhal Novo.Nestes locais, ainda hoje, pode ser adivi-nhado o riso das mulheres, o chapinhar daágua ou o cheiro e a brancura da roupa la-vada.A memória dos lugares é feita de tudo isto.Dos caminhos, portas, janelas, fachadas,mas também de fontes e chafarizes. Con-vidamo-lo a si, a quem coube o benefíciode ter água em casa, a olhar as fontes que,silenciosamente, vigiam os seus caminhose tentar ouvir o muito que elas contam, paraenfim perceber a importância da salvaguar-da das nossas memórias d’água.

Cristina dos Reis PrataTécnica Superior de História/Museu Municipal

2 in Dicionário da Língua Portuguesa 2003, Porto Editora, pp. 7733 in Ibidem, pp. 3414 Entrevista a Cacilda Martins, 87 anos, Cabanas, a Cristina Prata/Museu Municipal, Setembro 20035 Idem

10CHAFARIZ MONUMENTALPalmelaConstrução Pública Civil1792

O actual chafariz terá resultado de uma re-modelação ao inicial imóvel, de meados doséculo XVI, mandado edificar pelo últimoMestre da Ordem de Santiago, D. Jorge,filho natural de D. João II.Encontrando-se em muito mau estado noséculo XVIII, o chafariz foi então alvo de umacampanha de obras de acordo com a es-tética cenográfica barroca, e passa a os-tentar as armas régias - aplicadas no cor-po central do imóvel – e as antigas armasda vila de Palmela, nos corpos laterais.No frontão triangular encontra-se a seguin-te inscrição:PUBLICAEUTILLITATI C.D.S.P.Q.R SUBAUSPICCI MARIA I MDCCXCII. (Transcri-ção: Para utilidade pública foi feita por re-solução do povo senado e administraçãodo concelho sob a protecção de D. Maria I1792.)Também nesta época terão sido colocadosos fogaréus. Os tanques laterais eram usa-dos como bebedouros para o gado.

CHAFARIZ DE CABANASCabanasConstrução Pública Civil1882

Construída em pedra e alvenaria e consti-tuída por um frontão simples, uma bica, umabacia receptora, dois tanques laterais, be-bedouros para os animais, e dois bancos,também laterais, destinados à espera ou aodescanso.Apresenta uma tabela em mármore com aseguinte inscrição: «Mandado construirpela Repartição de Obras Públicas do dis-trito de Lisboa em 1882».

LAVADOURO DE QUINTA DO ANJOQuinta do AnjoConstrução Pública Civil1940

Constituído por 14 tanques em alvenaria epedra. Ainda conserva o depósito que

MEMÓRIAS D’ÁGUA

abastecia os tanques e apresenta a seguin-te inscrição:

“C. M. PalmelaObra comparticipada pelo Estado NovoMelhoramentos RuraesNo ano dos Centenários7.7.1940”

CHAFARIZ DE AIRESAiresConstrução Pública Civil1939

É constituida por um frontão em alvenaria,uma bica e dois tanques em pedra, o me-nor destinado à recepção da água e o mai-or à reserva.Salienta-se a altura equilibrada do muro emrelação a esta peça arquitectónica, a exis-tência de bancos laterais e uma condutaque canaliza a água até um lavadouro.Apresenta uma tabela com a seguinte ins-crição:

«C.M.P.Obra concluída em 30.XII.1939»

CHAFARIZ OU «FONTE»DE ÁGUAS DE MOURA

Águas de MouraConstrução Pública Civil1878;1953

Fonte situada numa mina de água, de cons-trução singela e constituída por uma bica euma bacia receptora.Apresenta, ao centro do frontão, uma tabe-la com a seguinte inscrição: «CMP 1878» esobre a bica em pedra a inscrição «1953».

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MEMÓRIAS D’ÁGUA

12CASTRODE CHIBANES

Quando em 1998 o Museu deArqueologia e Etnografia doDistrito de Setúbal iniciou,com a colaboração da Câma-ra Municipal de Palmela, Par-que Natural da Arrábida e Ins-tituto Português de Arqueolo-gia, o projecto de investigaçãoarqueológica plurianual, cen-trado no Povoamento e Ar-queologia da Paisagem naPré-história Recente e naProto-história do Sector Ori-ental da Arrábida, as verten-tes patrimonial e sócio-cultu-ral estavam subjacentes às in-tervenções a desenvolver nocastro pré e proto-histórico deChibanes. Porém, não se vis-lumbravam então as reaispotencialidades patrimoniaisdesta jazida arqueológica quese revelou, no decurso das es-cavações, uma das mais im-portantes da Pré-Arrábida. Asua evidente correlação coma necrópole de hipogeus daQuinta do Anjo cria condiçõespara implantar no terreno umpercurso arqueológico pedes-tre de carácter educativo,desportivo e lúdico, que po-derá ser igualmente um pro-duto turístico de índole cultu-ral e ambiental de grande qua-lidade.

um notável sítio arqueológico

Localizado no Parque Natural da Arrábida,num troço culminante da Serra de Louro, deonde se avistam o Sado e o Tejo, o castro deChibanes alia, ao seu enorme interesse cul-tural, um enquadramento paisagístico de rarabeleza, que importa valorizar. Os trabalhosde campo efectuados neste arqueossítiopermitem-nos ter, neste momento, um qua-dro bastante completo da diacronia e da ex-tensão do mesmo, e uma aproximação àcomplexidade arquitectural da fortificação daIdade do Cobre e ao castro da Idade do Fer-ro, cujas plantas deverão ser recuperadas emextensão, através da escavação do sectorcentral da jazida. Assim, importa prosseguira investigação em curso, conservar, restau-rar e musealizar os sectores já escavadosde forma a disponibilizar esse patrimóniopara usufruto das populações locais eintegração em circuitos de turismo cultural eambiental. Com efeito, o castro de Chibanescomporta-se como um significativo recursopatrimonial que pode ser mobilizado ao ser-viço do desenvolvimento regional.A mais antiga ocupação humana de Chi-banes iniciou-se há cerca de 4 800 anos,durante a Idade do Cobre. As boas condi-ções naturais de defesa foram reforçadaspela construção de uma verdadeira fortifica-ção, com espessas e altas muralhas,guarnecidas por bastiões semicirculares.Chibanes é, por agora, o único exemplo co-nhecido e visitável de uma fortificaçãocalcolítica em toda a Península de Setúbal.A vida deste povoado desenvolveu-se atéao final do Horizonte Campaniforme (há cer-ca de 3700 anos) e assentou sobre uma eco-nomia agro-pecuária florescente, muito em-bora a prática da caça e da recolecção demoluscos marino-estuarinos esteja igual-

mente documentada. A metalurgia do cobrefez parte das actividades artesanais. A po-pulação de Chibanes terá enterrado os seusmortos na vizinha necrópole de hipogeus daQuinta do Anjo.Abandonado no final do Horizonte Campa-niforme, o sítio de Chibanes viria de novo aser utilizado como local de residência, gra-ças às suas boas condições geoestratégicas,em períodos de grande instabilidade socio-política, como foram a II Idade do Ferro (sécs.III-II a.C.) e o período proto-romano, tambémdesignado por romano-republicano (sécs. II-I a.C.). A estas ocupações humanascorrespondem, respectivamente, a constru-ção de uma fortificação associada à urbani-zação do espaço intra-muros, e a suareformulação, sob influência itálica, nomea-damente através do acréscimo de estrutu-ras “abaluartadas”, no extremo ocidental dopovoado. Registaram-se, ainda, vestígios deocupação da Época romana imperial, em-bora escassos e espacialmente confinados.

Chibanes comporta-se, pois, como um no-tável lugar da História. Neste sítio foram er-guidos os dois castros que antecederam ocastelo do período islâmico e medieval cris-tão do morro de Palmela. Tal como este últi-mo, aquele oferece condições para vir a serum ponto de visita obrigatória.

Joaquina SoaresArqueóloga

Directora do Museu de Arqueologiae Etnografia do Distrito de Setúbal (MAEDS)

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14Património concelhioem Documentos

Acção administrativa da Camaraapós a restauração do ConcelhoNuma rapida visita a todo o concelho, só encontramos ruinas enecessidades; chovem as reclamações e os pedidos. A Camaraconstata embora sem surpreza, que tem sobre si a dificil e espi-nhosa missão de administrar um concelho onde tudo está porfazer e urge que tudo se faça.Instalamo-nos numa sala, a única disponivel – a grande e me-lhor parte do edificio, estava ocupada pela G.N.R.Compraram-se móveis e material de escriptório.Estava montada a maquina municipal, era preciso agir, osempregados e vereadores trabalham afincadamente e comexito, o povo paga os impostos com satisfação, o dinheiroentra consecutivamente e bastante, os rendimentos exce-dem todas as espectativas, todas as previsões e em trinta etal dias cobrámos quarenta e tal contos, pagámos todas ascontas e transitámos para o ano seguinte com um saldo posi-tivo de dois mil escudos. Estamos em Maio, as receitas de Ja-neiro a Abril vem confirmar positiva e iniludivelmente os grandesrendimentos do municipio; isto alegra-nos e afoita-nos a prosse-guir activamente nas obras já encetadas e iniciar outras de abso-luta necessidade.No dia 22 de Maio de 1927, recebe-se festivamente e com gran-de pompa, a visita de Suas Ex.ªs, o Ministro da Marinha eQuartel Mestre General do exército. Na gare do Cami-nho de Ferro Suas Ex.ªs eram guardados,pelo elemento oficial, muito povo e filar-mónicas. Ao desembarcar, Suas Ex.ªssão ovacionadissimos e num luzido cor-tejo de automoveis seguiram para a vila,onde á entrada são recebidas por muitosmilhares de pessoas que irrompem emdelirantes manifestações. Os nomesAmilcar Mota e Jaime Afreixo sãoaclamadissimos; num cortejo a pé segue-se para os Paços do Concelho; o povo hu-milde e reconhecido descobre-se á suapassagem, as ruas cobertas de areia ver-melha e juncadas de flôres e rosmaninhosestão vistosamente ornamentadas comcolgaduras de finas e variadas côres; so-bre os ilustres visitantes, as senhorasdeixam cair suavemente muitas elindissimas flores. As fardas dos ilus-tres militares e marinheiros ostentamcondecorações e veneras, o trajo ci-vil de cerimonia, o trajo modesto mas

decente dos camponezes, os vestidos dassenhoras são sêdas de côres garridas, asbandeiras, os estandartes flutuando ao ven-to imprimem á festa uma nota colorida e bi-zarra. Na Sala Nobre o Presidente da Camarafaz os cumprimentos de bôas vindas e emseguida á sessão solene são descerradas asfotografias de Suas Ex.ªs, uma estrondosa eprolongada salva de palmas ecôa pelas sa-las, as ovações são calorosas e a Socieda-de Humanitaria estreia o hino oficial do con-celho, executando-o sob a regencia do seuauctor o insigne maestro Serra e Moura.Á tarde na varanda mourisca do castelo, ojantar corre animadissimo; falaram varios ora-dores e as Sociedades Filarmonicas Execu-tam com brilhantismo lindos trechos de ope-ra que a selecta assistencia aplaude.Aproxima-se a noite e Suas Ex.ªs retiram-semaravilhados com as belezas da terra e como povo e satisfeito por a ambos terem servi-do. (...)Durante o ano civil de 1927 e de Janeiro aMaio de 1928, fizemos importantes melhora-mentos a saber:Edificios – Transformámos radicalmente osPaços do Concelho, cujas lojas, ocupadaspor abegoarias, constituiam umas especu-luncas sem luz e sem ar e parte em ruínas,adaptamo-las a repartiçoes públicas do es-tado e aferições.Mobiliario – Adquirimos o necessario, nãode um luxo espaventoso mas bastante de-cente e condigno.Iluminação – Melhorámos consideravelmen-te a da Quinta do Anjo e Pinhal Novo.Limpeza – Comprou-se mais uma muar, umcarro, admitiu-se mais pessoal e modificou-se o seu sistema.Fontes e Poços – Limparam-se os poços,as canalisações das fontes, reparou-se, con-venientemente, alguns estragos e acautelou-se o abastecimento público.Estradas – Repararam-se as de Biscaia,Cantadores, Cascalheira e Barris.Cemiterios – Concluiram-se os de Quintado Anjo e Poceirão.Muralhas – Repararam-se varias e concluiu-se a grande muralha de S. João e da Cerca.Engenharia – Levantou-se a planta topo-gráfica da vila.Assistencia medica – Nomeámos trêsmedicos, dois para Palmela, e um para Pi-nhal novo com visitas semanais ás Águas deMourão [sic], Poceirão e Quinta do Anjo.Assistencia Publica – Subsidiamos o hos-pital da vila, demos subsidios de lactação,indigencia, e invalidez, cedemos muitissimas

guias para os hospitaes de Lisboa, demosbodos aos pobres.Transportes – Para comodidade do con-tribuinte e do povo em geral subsidiámos umaconfortável camionete de carreira.Calçadas – Fizeram-se novas e reparaçõestendentes a conservar as bôas.Impostos – Para beneficiar o comércio dosVinhos reduzindo o ad-valorem de 3 para 1%.Crises de Trabalho – Enfrentámos duasgrandes crises de trabalhadores rurais e umade operários, nos lares dos quaes a misériaameaçava entrar.Visita Ministerial – Em 22 de Maio de1927; recepção oficial de Ss.Ex.ªs o Ministroda Marinha e Quartel General Mestre do exér-cito e Governador Civil.Creação de Freguezias – Crearam-se asde Quinta do Anjo, Pinhal Novo e Maratecapara o que a Camara imensamente contribuiu.Aferições – Com material todo novo e bom,instalou-se convenientemente essa reparti-ção.Higiene – Removeram-se para fóra da po-voação todas as malhadas de gado, lavam-se e desinfectam-se amiudamente assargetas e urinóis, e fazem-se inspecções sa-nitárias.Arborisação – Meteram-se centenas de ar-vores na Quinta do Anjo, estação de Palmela,largo de S. João e arborisou-se toda a partenorte da imensa esplanada do Castelo, ondea Camara mandou contruir um lindo parquee onde daqui por 10 anos devemos possuiruma maravilhosa mata, que nada ficará adever a Sintra e ao Bussaco.Instrução – A camara altamente preocu-pada com a instrução publica, que é quasinula, faz consecutivas demarches junto doministro da instrução mas não consegue ob-ter auxilio. Mais de duzentas creanças nãorecebem instrução há 2 anos; não existe es-cola do sexo feminino e a do masculino é umapequena casa sem condições higiénicas epedagógicas, e camara esforça-se por cons-truir o edificio escolar, para o qual o beneme-rito lavrador Samuel Lupi dos Santos Jorgecontribuiu com toda a madeira, a Camaradesde Janeiro de 1927 a esta data já lá gas-tou cento e vinte mil escudos, e o governo aquem cumpre pôr termo esta grave situaçãoainda não dispendeu um centavo.”

Excerto de texto da autoriade Joaquim José de Carvalho,

in A Vila de Palmela, 1ª edição,Câmara Municipal de Palmela, 1930

A não esquecer…

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Cerca de um ano após a implantação da República em Portu-gal – 5 de Outubro de 1910 -, e como acontece quando ocor-rem grandes transformações na vida das comunidades, fo-ram feitas alterações na toponímia da vila de Palmela. Assim,o jornal A Mocidade publica em 15 de Novembro de 1911 umedital com o seguinte teor:

“Novas denominações de ruas de Palmela

Largo do Infante D. Afonso – Praça 5 de Outubro

Largo de S. Sebastião – Praça Marquês de Pombal

Largo do Terreiro – Largo Machado dos Santos

Rua do Anjo – Rua Francisco Ferrer

Rua da Cruz – Rua 31 de Janeiro

Rua da Misericordia – Rua Miguel Bombarda

Rua Nova de S. João – Rua da República

Rua de Santo Antonio – Rua Heliodoro Salgado

Rua de S. Pedro – Rua 28 de Janeiro

Rua de S. Sebastião – Rua Almirante Reis

a rua que se segue ao chafariz do Terreiro – Rua Manuel Buiça

Travessa da Praça – Rua Alfredo Costa

Travessa de S. Pedro – Rua Elias Garcia”

Uma sugestão:Passeie no Centro Histórico e procure-as !Será que ainda se conserva toponímia de determinação re-publicana ?Noutros pontos do concelho, que alterações se recorda te-rem ocorrido ?

DEBATESSOBRE ANTE-PROJECTODE PROGRAMAMUSEOLÓGICOPARA O CONCELHODE PALMELA

O calendário é o seguinte:

24 de Novembro, 21h30POCEIRÃO(Centro Cultural do Poceirão)

26 de Novembro 21h00ÁGUAS DE MOURACentro Multiusos (a confirmar)

28 de Novembro 21h00PALMELA(Casa Mãe Rota dos Vinhos)

9 de Dezembro 21h00QUINTA DO ANJO(Junta de Freguesia)

11 de Dezembro 21h30PINHAL NOVO(Biblioteca Municipal)

TOPONÍMIA MARCA FASES HISTÓRICAS

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Memórias de Ferroviários de PinhalNovo - Para a História da Vilae da Comunidade FerroviáriaEdição: Câmara Municipal de Palmela

Ediçõesem destaque

Festas das Vindimas– 40 Anos de HistóriaEdição: Câmara Municipal de Palmela

150 anos da Sociedade FilarmónicaPalmelense “Os Loureiros”Edição:Sociedade Filarmónica Palmelense “Os Loureiros”com o Patrocínio da Câmara Municipal

Estas edições podem ser consultados na Rede de Bibliotecas Públicas do Concelho.

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FUNDOSDOCUMENTAISESPECIALIZADOSPARA CONSULTAPÚBLICA, EM PALMELA

Últimas aquisições do Gabinetede Estudos sobre Ordem de Santiago (GEsOS)

• Monumenta Henricina, edição da Comissão Executiva das Come-morações do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique, 14 vols.,Coimbra: Atlântida, 1960-1973

• Ordenações Afonsinas, 5 vols., Lisboa: Fundação CalousteGulbenkian, 1984

• AYALA MARTÍNEZ, Carlos – Las Órdenes Militares Hispánicasen la Edad media: siglos XII-XV. Madrid, 2003

• LEVILLAIN, Philippe – Dictionnaire Historique de la Papauté,Paris: Ed. Fayard, 1994

Últimas aquisições do Fundo Documentaldo Museu Municipal

• CARVALHO, José Maçãs de (org.) – Topografias da Vinhae do Vinho. Lisboa: Assírio & Alvim, 2002

• BALLARD HERNÁNDEZ, Josep – Gestión del Patrimonio Cultural,Barcelona: Editorial Ariel, 2001

• Revista: Historia Antropología y Fuentes Orales, n.º 29, 2003

• HAMMERSLEY, Martyn; ATKINSON, Paul - Etnografía: Métodosde Investigación, Barcelona: Paidós, 1994

O enriquecimento dos Fundos Documentais especializados –GEsOS e Museu Municipal – faz-se através de permuta com outrasentidades (por ex.: Câmaras Municipais, Universidades, Museus,Institutos, Centros de Documentação especializados), por aquisi-ção ou integração por oferta dos autores ou editoras.

Podem ser consultados no Gabinete de Estudos e no Museu Muni-cipal, de 2ª a 6ª feira, nos horários de abertura ao público dos res-pectivos serviços.

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SITES A CONSULTARDada a importância de que se reveste a metodologia em História Oralsugerimos alguns sites relacionados com esta temática:

http://brancroft.berkeley.edu/ROHO/(Regional Oral History Office, Universidade da Califórnia)

www.ehess.fr/seminaires/archives/pages/sem.pdf

www.hayfo.com/revista.php3(revista Historia, Antropologia y Fuentes Orales)

www.museudapessoa.net(um dos projectos em curso dedica-se a Memórias do Trabalhode profissões em extinção)

www.oralhistory.org.uk(Oral History Society)

CADA NÚMERO, UM JOGO

Notícia HistóricaO alguergue de nove é um jogo de estratégia, praticado com pedrinhas sobre um tabu-leiro riscado a modo de rosa-dos–ventos. É conhecido desde a Antiguidade Pré-Clássi-ca e Clássica. Os Egípcios, os Fenícios, os Gregos e os Romanos divertiam-se, anima-damente, com este jogo. Foi o exército romano o responsável pela sua divulgação naEuropa, como consequência da sua expansão pelo Mundo Mediterrâneo. Parva tabellalapillis, designação romana de alguergue de nove, era um dos passatempos preferidosdas suas legiões.Achados arqueológicos confirmam a existência deste jogo no território nacional em con-texto romano, muçulmano e cristão.Durante a campanha de escavações arqueológicas do Castelo de Palmela, no Verão2003, foi encontrado um al-qerq, designação muçulmana de alguergue.Chegou aos nossos dias, com algumas modificações, sendo designado por “jogo domoinho”, “jogo do galo” ou “três em linha”.

Material necessário:Cartão/Cartolina; Marcadores; Pedras de duascores

Descrição:O alguergue de nove é um jogo de estratégia,praticado com pedrinhas sobre um tabuleiro ris-cado a modo de rosa-dos–ventos.É um jogo de cálculo cuja face apresenta trêsrectângulos concêntricos, cortados e interliga-dos através de duas linhas perpendiculares, for-mando 16 linhas e comportando 24 pontos.

Alguergue de Nove (Parva Tabella Lapillis)

ÍndiceEditorial

O Museu visitado pelas escolas no ano lectivo 2002/2003

Em destaque…Núcleo Museológico da Vinha e do Vinhona Adega de Algeruz

Património Local – Memórias d’água

Castro de Chibanes – um notável sítio arqueológico

Património concelhio em Documentos – A acção municipalapós a Restauração do Concelho

A não esquecer…– Toponímia marca fases históricas– Debates sobre programa museológico municipal

Edições em destaque

Fundos documentais especializadospara consulta pública, em Palmela

Sites a consultar• Cada número, um jogo – Alguergue de nove

Contactos:Divisão de Património Cultural - Museu MunicipalDepartamento de Cultura e Desportoda Câmara Municipal de PalmelaLargo do Município2951-505 PALMELA

Tel.: 212 338180Fax: 212 338189E-mail: pat.cultural@cm-palmela.pt

Ficha TécnicaEdição: Câmara Municipal de PalmelaCoordenação Editorial: Chefia da Divisão de Património Cultural/Museu MunicipalColaboram neste número: Cristina Vinagre Alves, Cristina Prata, Joaquina Soares (MAEDS),Lúcio Rabão, Maria Leonor Campos, Maria Teresa Rosendo, Sandra Abreu Silva,Teresa Sampaio, Zélia de SousaDesign: atelier Paulo CurtoFotografia: Adelino ChapaImpressão: Armazém de Papéis do SadoCódigo de Edição: 519/03 - 3 000 exemplaresISBN: 927-8497-27-XDepósito Legal:196394/03

Faz parte integrante deste número uma separata com dois documentos:•• Museu Municipal de Palmela/Educação Patrimonial – Programação 2003-04e •• Projecto Educar para uma Alimentação Saudável

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