É a luta mais vã. lutar com palavras redação – 2007 prof. waltinho

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é a luta mais vã.é a luta mais vã.

Lutar com palavrasLutar com palavrasR

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ão –

200

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wal

tinho

“Inteligência é a capacidade de se relacionar informações”

•A comunicação, um conjunto complicadíssimo de símbolos decodificados por outros da mesma espécie, é o que nos diferencia de outros seres.

•Sem inteligência, não haveria comunicação, mas sem comunicação não haveria evolução.

Não é preciso que uma maçã caia sobre minha cabeça para que eu descubra a “Lei da Gravidade”.

Alguém já fez isso...

...e eu só sei por causa da comunicação

...enxerga pouco...

...escreve pouco....escreve pouco.

Quem...Quem...

...ouve pouco...

...sorve pouco...

...degusta pouco...

...pensa pouco...

escreve pouco.escreve pouco.

Quem lê pouco... Quem lê pouco...

Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...Quem lê pouco, escreve pouco...

Quem lê pouco, escreve pouco...

Quem lê pouco, escreve pouco...

Escrever é...Escrever é...

...ousar...ousar

Eu fico loucoeu fico fora de sieu fica assimeu fica fora de mim

Eu fico um poucodepois eu saio daquieu vai emboraeu fico fora de si

Eu fico ocoeu fica bem assimeu fico sem ninguém em mim

Eu

fico

louc

oA

rnal

do

An

tun

es

Mais que dois...A boca continuava seca. Fechada. O restante do rosto fachada ainda não me vira e muito menos me veria. Minha insistência em lamentar meu olho sobre ela não surtiu algum resultado. Era ou linda demais, ou uma farsa, daquelas que só se descobre quando já se perdeu todo o tempo do mundo, mas tempo era o que eu mais tinha. A ponta dos seus dedos, de tempo em tempo, lambia o rodapé das páginas e as deixava para trás, como ela certamente fazia com tudo na vida. Aquele livro lhe era agradável.

Escrever é...

A minha leitura dela lendo era me irritante. Com a outra mão, buscava a xícara que soltava um calor claro sobre sua boca. A boca molha. Ela retorna a xícara à mesa, lambe a página com os dedos mais uma vez e continua a ler. Seria necessário para mim mais do que um simples ruído para chamar a atenção. Desejava o seu olhar, sua boca, quem sabe a voz. Qual o desgraçado motivo de eu não ter ao menos o poder da mente para fazer com que ela me note. Ela puxa uma caneta e anota algo no papel. Fico curioso.

Por que não tenho o poder de ler pensamentos. Não vi nem ao menos a capa do livro, para saber o assunto. Quem sabe eu poderia chegar até ela e dizer algo interessante, quem sabe eu poderia esbarrar o garçom e derrubar um suco qualquer nela e depois insistir que o culpado fora eu, que eu pagaria para ela um novo vestido e se ela quisesse, poderia até lhe dar um carro, uma casa, uma família, filhos, netos...Por que eu não tenho poder?   

  Ali continua ela, alguns minutos, quem sabe horas e ainda não desviou o olhar para mim. Cheguei até a ter a certeza de que estaria morto. Um fantasma insignificante que se sente preso ao desprezo de alguém.

Vira mais uma página. Dá mais um gole. Repete-se e não inova, não me olha. Olha...olha....- continuo insistindo com a mente - e ela não responde. Quem sabe eu pudesse chegar até ela e dizer – olha, eu estava te olhando e queria o seu olhar olhando o meu olhar também- patético. A música pára, o mundo pára e ela não...Não me canso. A luta por atenção vira obsessão, vira descrédito que vira luta, que vira força, que se perde nas dúvidas e nos medos. Mais uma vez busca um papel e anota.

O garçom lhe traz a nota. Ela não me olha e levanta-se. Passa pelo caixa, olha-o, sorri e lhe entrega um papel anotado. Fala algo e vai embora. Mergulho meu olho no meu café já frio. O garçom vem até mim e me dá um papel com a letra feminina: “demorou”. Foi aí que descobri que as mulheres têm mais que dois olhos...

Lutar com palavrasé a luta mais vã.Entanto lutamosmal rompe a manhã.São muitas, eu pouco.Algumas, tão fortescomo o javali.Não me julgo louco.Se o fosse, teriapoder de encantá-las. Mas lúcido e frio,

apareço e tentoapanhar algumas

para meu sustentonum dia de vida.

Deixam-se enlaçar,tontas à caríciae súbito fogem

e não há ameaçae nem há sevícia

que as traga de novoao centro da praça.

drummond

Escrever é isso...Escrever é isso...

Professor Waltinho

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