dppe paranÁ - operação de migração para o novo data ... · com que a língua seja usada como...
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PARANÁ
GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED
SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPE
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
Produção Didático-Pedagógico
1. Dados de identificação: Professor PDE: Solange Nunes NRE: Curitiba Área do Projeto: Língua Portuguesa Área de Estudo: 2. Linguística aplicada e ensino de Língua Portuguesa IES vinculada: UFPR Professor orientador IES: Claudia Mendes Campos Escola de implementação: Colégio Estadual Angelo Volpato. Público objeto da intervenção: Alunos da EJA – Educação de Jovens e Adultos. Tipo de produção didático-pedagógico: Unidade temática Título da produção didático-pedagógico: Língua, linguagem e argumentação
2. Apresentação:
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível que lhe deres:
Trouxeste a chave?
Carlos Drummond de Andrade.
A língua é sem dúvida, o mais importante dos traços da cultura, nada ganha,
porém em isolar-se dos demais. Pelo contrário o seu verdadeiro realce só se nota no
confronto com os outros elementos que constituem a complexa teia da vida.
Segundo BAKHTIN,(1999), a Língua é um importante meio de interação
social, implica dizer que o indivíduo não recebe a língua pronta para ser usada
dentro de normas e regras. As palavras estão carregadas de conteúdos ideológicos
que servem de trama a todas as relações sociais. Assim, pensar o ensino e
aprendizagem da Língua Portuguesa, considerando a afirmação de Bakhtin,
podemos considerar que a concepção de linguagem implica em saber avaliar as
relações entre as atividades de fala, da leitura e da escrita no meio em que diversas
vozes sociais se defrontam e manifestam opiniões. Assim é necessário que a escola
seja um espaço que promova o letramento do aluno, capacitando-o nos diversos
níveis da língua materna, envolvendo-o na prática do uso da linguagem verbal com
outras linguagens que possam levar à compreensão dos confrontos entre conceitos
e valores de uma sociedade.
Está em Bakhtin (2003) o respaldo para tal constatação, quando afirma que
todas as atividades humanas estão permeadas de linguagens construídas pelo
homem nos diferentes campos de atividade humana, sendo estes concretos e
únicos. A linguagem é interação verbal e social, pois a língua é história. Assim, os
enunciados lingüísticos são entendidos como fenômenos sociais (orais ou escritos)
que refletem a comunicação de cada ação social, observando sempre sua
especificidade, sua intencionalidade e sua finalidade, por isso, realizam-se de
diferentes modos.
É no processo de comunicação, quando se fala em linguagem correta, fala-se
em linguagem adequada ao nível de interlocução. A linguagem sofre variação de
acordo com a época, o lugar, o grupo social e a situação em que em que a pessoa
se encontra.
Segundo Faraco (2008). “Se toda norma tem uma organização
estrutural, então deixa sem fundamento empírico enunciados de senso
comum de que os analfabetos falam “sem gramática”, pois é impossível
falar sem gramática. Isso coloca dúvida sobre a noção de “erro”. Pois uma
determinada frase pode estar prevista dentro de uma norma, e poderá ser
condenada com base na organização estrutural de outra norma”.
Apesar das muitas diferenças entre os falantes quanto ao domínio das várias
normas sociais, todo falante fala baseando-se em alguma norma. O estudo
sociolinguístico no princípio seguiu categorias tradicionais como idade, etnia,
gênero, nível de renda e escolaridade. Hoje, estas são insuficientes, é preciso
analisar as múltiplas redes de relações sociointeracionais dos falantes. Cada grupo
tem características peculiares na sua língua. Portanto haverá inúmeras normas
linguísticas em comunidades rurais tradicionais, as comunidades de ascendência
étnica, periferias urbanas, grupos juvenis urbanos. Assim norma não pode ser
considerada apenas como sendo um conjunto de formas linguísticas, mas todos os
valores socioculturais em conjunto com as formas lingüísticas.
(Segundo Scherre, 2008). “Em nome da boa língua pratica-se a
injustiça social, muitas vezes humilhando o ser humano por meio da não
aceitação de um de seus bens culturais mais divinos: o domínio
inconsciente e pleno de um sistema de comunicação próprio da comunidade
ao seu redor. E mais do que isto: a escola e a sociedade – da qual a escola
é reflexo ativo – fazem associações perversas.”
A autora comenta que a escola e a comunidade, muitas vezes não dispõe de
respaldo linguístico estrutural, ficam entre o belo e o feio, entre o domínio linguístico
daquilo que é elegante e deselegante, entre competência e incompetência
linguística, entre o domínio de determinadas formas linguísticas e inteligência ou
burrice. Há uma reação negativa da nossa parte quando ouvimos alguém falar em
público com marcas dos dialetos não-padrão. Ela afirma também que ser um exímio
orador ou ser eficiente e honesto nas empreitadas da vida nada tem a ver com o
domínio das formas de prestígio. Porém, aprender a norma padrão é um direito de
todos e é dever do Estado proporcionar ao educando condições para um
aprendizado eficiente. Pois a discriminação pela linguagem é certamente um dos
maiores fatores de exclusão social. A fala de pessoas de classes sociais menos
prestigiadas são normalmente estigmatizadas e desvalorizadas. Atingindo os
indivíduos da zona rural-urbano, do interior e da capital, independente da classe
social, da escolarização, etnia, poder aquisitivo, local de moradia e faixa etária.
Os falantes que sofrem o preconceito linguístico, sentem a necessidade de
mudar suas falas para tornarem-se aceitos pelo grupo. Isso ocorre consciente ou
inconscientemente. Mas é fato também, que muitos traços linguísticos que são
estigmatizados, quando fora do seu habitat, tendem a ser silenciados, enquanto os
traços prestigiados passam a ser enfatizados.
(Scherre, 2008), diz que a língua é instrumento do poder, dominação e de
opressão. Esta nas mãos dos educadores, enquanto profissionais responsáveis pela
formação intelectual e social do educando, procurar reverter esse quadro e fazer
com que a língua seja usada como um instrumento de libertação.
O fato de o professor ou a sociedade ainda ver como erro determinadas
construções morfossintáticas ou inadequações no uso da linguagem precisa ser
revisto, analisado e estudado de forma a redefinir novos padrões de conduta no
âmbito socioeducacional. Essa visão muitas vezes pode estar mascarada sob a
forma de preconceito lingüístico e é uma evidência de que questões como: O que é
erro? Corrigir ou não? O que corrigir? Como corrigir?
As próprias Diretrizes Curriculares para a Educação Pública do Estado do
Paraná apontam para a necessidade de que o professor ofereça um tratamento
especial à variação linguística em sala de aula ao destacar que tanto a norma
padrão quanto as outras variedades são igualmente lógicas e bem estruturadas e as
variações linguísticas, sob o enfoque sociolinguístico, não são boas ou ruins,
melhores ou piores, primitivas ou elaboradas, pois constituem sistemas lingüísticos
eficazes, falares que atendem diferentes propósitos comunicativos. Os „erros de
português‟, „erros de concordância‟ ou mesmo inadequações lingüísticas à ocasião
social.
Muitos ficam inseguros, sem saber se devem ou não corrigi-los, ou se podem
falar em erros, os quais, sob a perspectiva sociolinguística, são simplesmente
diferenças entre variedades da língua.
Nesse sentido, é preciso que a escola seja um espaço que promova, por meio
de uma gama de textos com diferentes funções sociais, o letramento do aluno, para
que ele se envolva nas práticas de uso da língua (leitura, oralidade e escrita). O
professor de Língua Portuguesa precisa proporcionar ao educando a prática, a
discussão, a leitura de textos das diferentes esferas sociais (Jornalística, literária,
publicitária, digital, etc). Além dos textos escritos e falados, a integração da
linguagem verbal com outras linguagens (multiletramentos).
Este trabalho pretende, através de uma pesquisa diagnóstica na comunidade
escolar do Colégio Angelo Volpato, refletir e discutir com os alunos da EJA
(Educação de Jovens e Adultos), sobre a utilização da língua, a variação das
linguagens e a argumentação em diversos momentos de interação comunicativa.
Considerando que o público alvo da pesquisa sejam alunos com faixa etária
entre 19 e 55 anos de idade, espera-se que estes utilizem tanto uma linguagem
oriunda do núcleo familiar como também termos adquiridos do meio social no qual
se encontram, aumentando seu poder de argumentação. Desse modo propõe-se a
elaboração de material didático a ser trabalhado com os alunos visando uma melhor
compreensão da variação lingüística, sua utilização e importância na prática social.
Considerando que a preocupação da maioria dos alunos da EJA tem sido
demonstrar interesse em expressar-se corretamente, tanto em seu ambiente de
trabalho como escolar, em atividades que exijam sua eloquência comunicativa. Esta
pesquisa pretende enfocar o problema e apontar possíveis soluções.
Este projeto de intervenção traz como foco a língua e suas variantes,
envolvendo diretamente os falantes e os grupos sociais nos quais estão inseridos.
Abordaremos teoricamente alguns autores de renomado conceito no que se refere à
variação linguística e o poder da argumentação na oralidade.
O grupo que participará diretamente deste trabalho são alunos da EJA,
conforme já mencionado, portanto a pesquisa das variantes linguísticas ocorrerá
com estes indivíduos e os grupos sociais dos quais façam parte. Será de relevante
importância o conhecimento das variantes linguísticas e possíveis escolhas para o
melhor uso da palavra, em conformidade com o contexto social da cada usuário.
BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003
FARACO, C. A. Norma Culta Brasileira - desatando alguns nós. São Paulo:
Parábola Editorial, 2008.
SCHERRE, M. M. P. Doa-se lindos filhotes de poodle – Variação Linguística,
Mídia e Preconceito. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.
3. Procedimentos
Atividade 1
Elaborar questionamentos entre os alunos para que possam refletir sobre:
Suas origens (local de nascimento);
Descendência étnica da família;
Atividades diárias da família (trabalho);
Rotinas nos finais do dia e/ou semana;
Grau de escolaridade dos pais.
Perguntar aos alunos há quanto tempo residem na cidade (comunidade).
Questionar se houve alguma dificuldade de entrosamento com a nova
comunidade da qual passou a fazer parte.
Discutir sobre as diferenças percebidas nesse novo grupo em relação ao grupo
de origem.
Questionar sobre as possíveis diferenças percebidas no modo de falar das
pessoas.
Listar expressões e palavras (com seus respectivos significados), que eram
utilizadas pelo seu grupo familiar/social.
Discutir em sala as variações lingüísticas que surgirem.
Os alunos devem apresentar situações contexto, através de frases referentes às
palavras que receberem em um sorteio.
RECURSOS UTILIZADOS:
-Conversar com os alunos sobre a temática que será trabalhada em sala de aula
(variação linguística);
- Distribuir questionário abordando a temática da atividade 1;
- Sorteio de palavras (típicas regionalistas, gírias, inusitadas e pitorescas) entre
os alunos.
DURAÇÃO DA ATIVIDADE: 1 aula
Atividade 2
Evocação do Recife (trecho)
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada. (Manuel Bandeira)
Oswald de Andrade, poeta modernista brasileiro, no poema abaixo e em
muitos de seus poemas traz as marcas da fala cotidiana, como forma de valorizá-la,
buscando ressaltar como seria o português falado no Brasil. Muitos poetas,
prosadores e letristas de músicas brasileiras estilizaram o falar do povo, isto é,
procuraram de uma forma artística valorizar o uso popular da língua portuguesa.
Vício�na�fala
�
Para�dizerem�milho�dizem�mio�
Para�melhor�dizem�mió�
Para�pior�pió�
Para�telha�dizem�teia�
Para�telhado�dizem�teiado
E�vão�fazendo�telhados.� (Oswald de Andrade)
Após a apresentação das poesias de Manuel Bandeira e Oswald de Andrade
conduzir os alunos a explorarem a temática de cada poesia, concluindo assim
que cada um dos poetas valoriza a língua materna.
Solicitar aos alunos que transcrevam a poesia que apresenta a variação
lingüística rural para outra variedade padrão que conheçam.
Apresentar breve biografia dos autores das poesias acima citadas.
Pedir aos alunos que pesquisem outras poesias que apresentem a linguagem em
uma variação lingüística regionalista ou de outra época.
RECURSOS UTILIZADOS:
- Exposição de slides com as poesias e imagens dos autores;
- Leitura e exploração da linguagem;
- Pesquisa em livros e/ou internet.
DURAÇÃO DA ATIVIDADE: 2 aulas
Atividade 3
Existem variações lingüísticas que possuem prestígio social no Brasil, no
entanto existem outras variações, usadas por pessoas de determinadas classes
sociais ou regiões, que sofrem preconceitos.
Leia o texto de Patativa do Assaré, um grande poeta popular nordestino, que fala do
assunto:
O Poeta da Roça
Patativa do Assaré
Sou fio das mata, canto da mão grossa,
Trabáio na roça, de inverno e de estio.
A minha chupana é tapada de barro,
Só fumo cigarro de paia de mío.
Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argun menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.
Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.
Meu verso rastero, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo e na roça
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.
(...)
Obs:
Patativa do Assaré nascido em Serra de Santana, no
Ceará. Era analfabeto (sua filha é quem escrevia o que ele ditava), mas sua obra
atravessou o oceano e se tornou conhecida mesmo na Europa.
Disponível em:
< http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me000533.pdf>
Acesso em 07 de agosto de 2011
Qual a variação linguística predominante nesta poesia?
Quanto ao entendimento da linguagem, você encontrou alguma dificuldade?
Que tipo de emoção o poeta consegue transmitir através da sua linguagem
poética?
Transcreva a poesia para a variação da linguagem social urbana, mantendo o
enredo.
RECURSOS UTILIZADOS:
- Texto impresso da poesia.
DURAÇÃO DA ATIVIDADE: 1 aula
Atividade 4
As cartas são instrumentos de comunicação desde os mais remotos tempos.
Na Grécia, os primeiros comandos escritos foram feitos na forma de cartas. Estas
forneciam a identificação do autor e audiência, eram entregues por mensageiro
pessoal da autoridade que a representava e realizava a leitura em voz alta, para
garantir o sentido da mensagem escrita, sem correr o risco de que fosse interpretada
de outra forma.
Esse gênero tem na sua especificidade a comunicação direta entre dois
indivíduos, que por sua vez mantém relações específicas, em circunstâncias
também específicas. Apesar de ser um gênero bastante antigo e que sofreu
inúmeras adaptações, em virtude do avanço tecnológico, ainda é bastante utilizado e
merece atenções.
As línguas não são estáticas, fixas, imutáveis. Elas se alteram com o passar
do tempo e com o uso. Muda a forma de falar, mudam as palavras, a grafia e o
sentido delas. Essas alterações recebem o nome de variações lingüísticas.
Há seiscentos anos, o território onde hoje está o Brasil era habitado pelos
povos indígenas. Nenhum deles falava o português. O português de hoje em dia é
um pouco diferente do português falado em Portugal no século XVI.
Alteraram-se os sons ou os significados de algumas palavras, outras caíram em
desuso, novos termos apareceram. É o caso de “achamento”, usado no século XVI,
e substituído por “descobrimento” nos dias de hoje.
Mas a simples transcrição de um trecho do original de Caminha pode deixar mais
clara a ação do tempo sobre a língua e revelar o abismo histórico que se abriu entre
o português do escrivão Pero Vaz de Caminha e o nosso. Como o português
empregado por Caminha é muito diferente do atual, podemos ter certeza do
significado de algumas palavras empregadas pelo autor. No caso de outras, sua
significação simplesmente se perdeu no tempo. Há passagens da carta cuja
compreensão depende das interpretações que os estudiosos propõe para preencher
esta lacuna.
Felizmente, esses problemas não chegam a prejudicar a compreensão do texto
como um todo. Nem impedem que se possa “traduzi-lo” para o português de hoje.
Coma a intenção de informar ao rei o descobrimento e apresentar-lhe o que aqui
se encontrou, o estilo do autor é claro e marcado pela objetividade, como convém a
quem escreve um relatório.
Mas o texto acaba sendo mais do que isso, pois o escrivão não se comportou
como um simples burocrata. Sua linguagem nunca é seca ou mesquinha. Pelo
contrário, Caminha se dá o direito de ser bem-humorado, fazendo até trocadilhos e
brincadeiras ao comparar o corpo das índias com o das mulheres portuguesas.
Além disso, a grande riqueza de detalhes e as impressões do autor sobre aquilo
que via dão ao relato vida e uma grande dimensão humana. Caminha acompanha
não somente as ações dos índios e europeus, mas também as reações e atitudes
que cada grupo tem em relação ao outro, chegando a perceber as emoções que o
contato desperta em ambos.
Leia o trecho da carta abaixo, identifique palavras que não usadas em nosso
cotidiano. Pesquise seus significados.
Reescreva o trecho da carta, trazendo para uma linguagem atual,mantendo o seu
contexto.
Assista às cenas de filmes que relatem a descoberta do Brasil.
Trecho da Carta Carta ao rei D. Manuel, comunicando o achamento da ilha de
Vera Cruz:
"Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos
corpos como pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam
entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal.
Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda
tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os
joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas
tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso
desvergonha nenhuma. Todos andam rapados até por cima das orelhas; assim
mesmo de sobrancelhas e pestanas. Trazem todos as testas, de fonte a fonte, tintas
de tintura preta, que parece uma fita preta da largura de dois dedos. Mostraram-lhes
um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e
acenaram para a terra, como se os houvesse ali. Mostraram-lhes um carneiro; não
fizeram caso dele. Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e não lhe
queriam pôr a mão. Depois lhe pegaram, mas como espantados. Deram-lhes ali de
comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel, figos passados. Não quiseram
comer daquilo quase nada; e se provavam alguma coisa, logo a lançavam
fora. Trouxeram-lhes vinho em uma taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram
dele nada, nem quiseram mais. Trouxeram-lhes água em uma albarrada, provaram
cada um o seu bochecho, mas não beberam; apenas lavaram as bocas e lançaram-
na fora. Viu um deles umas contas de rosário, brancas; fez sinal que lhas dessem, e
folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço; e depois tirou-as e meteu-as em
volta do braço, e acenava para a terra e novamente para as contas e para o colar do
Capitão, como se dariam ouro por aquilo."
Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Carta_a_El-Rei_D._Manuel#Conte.C3.BAdo_da_Carta>
Acesso em: 02 de agosto de 2011
RECURSOS UTILIZADOS:
- Texto impresso sobre a história da origem das cartas;
- Texto do Trecho da Carta Carta ao rei D. Manuel;
- Utilização de dicionário;
- Recursos áudio visuais (filmes da videoteca da escola).
DURAÇÃO DA ATIVIDADE: 3 aulas
Atividade 5
Publicidade
A publicidade se empenha em convencer as pessoas de que não é possível
viver sem determinados produtos, criando nelas a necessidade de comprar
desenfreadamente. Essa atitude é chamada consumismo. A publicidade continua
sendo o instrumento mais poderoso que o mundo dos negócios tem para criar e
manter marcas. A publicidade forja um vínculo emocional entre a marca e o
consumidor.
O texto publicitário para conseguir alcançar seus objetivos se utiliza de
determinados recursos visuais, estilísticos e argumentativos tanto na linguagem
artística quanto na cotidiana voltada para informar e manipular.
O mesmo se pode dizer dos discursos políticos, da linguagem dos tribunais,
do sermão da igreja e até do discurso amoroso. Em todos esses casos, há uma
base informativa que manipulada, serve aos objetivos do emissor. A diferença está
no grau de consciência quanto aos recursos utilizados para o convencimento e,
nesse sentido, a linguagem publicitária se caracteriza pela utilização racional de tais
recursos como instrumento para mudar ou conservar a opinião do público alvo.
Para interpretar e compreender um texto publicitário é necessário desenvolver
habilidades que nos permitam desvendar suas estratégias persuasivas. Uma leitura
mais ingênua pode nos levar a consumir produtos que não queremos e dos quais
não precisamos. É necessário que tenhamos uma visão global dos fatos e,
principalmente, o conhecimento das origens das idéias veiculadas pelos textos
publicitários, para descobrirmos a quem realmente eles servem.
Nos textos publicitários encontramos a linguagem verbal, a não-verbal e a
mista. Nesse contexto percebemos que as interações sociais são marcadas pelo
entrelaçamento entre o desenho, a fotografia, a ilustração, a figura, os sons, o
movimento e os textos verbais.
Assim, podemos tomar uma posição em favor da valorização das duas
modalidades da linguagem verbal, oral e escrita, no processo de interação entre os
sujeitos.
Observe o cartaz abaixo. Ele nos oferece um produto, vende uma idéia ou
procura nos convencer sobre algo? Qual é o objetivo deste texto?
Disponível em:
<http://mundoeducacao.uol.com.br/redacao/anuncio-publicitario.htm>
Acesso em 02 de agosto de 2011
O que mais predomina no folheto, a linguagem verbal, não verbal ou mista.
Justifique.
No enunciado do texto, percebemos variações com relação ao tamanho, cor e
forma das letras e imagem. Em sua opinião, por que isso aconteceu e qual foi a
intenção?
Qual é a mensagem que o autor quer passar? E qual é a argumentação
utilizada?
Em sua opinião, se fossem tiradas as imagens, haveria prejuízo para a
compreensão do texto? Justifique.
Cite os verbos utilizados no imperativo. Por que o autor utilizou este tempo
verbal?
Quais os verbos que aparecem no subjuntivo? Por que o autor utilizou esse
tempo verbal?
Em grupo, criem um anúncio publicitário sobre um produto que será lançado ao
mercado.
Criem a marca, o logotipo e o slogan para o produto selecionado.
Elaborem o texto publicitário. Ele deve apresentar as informações e as
vantagens do produto, procurando convencer o público a consumi-lo.
Revisem o texto, melhorando o que for necessário.
Ilustrem o anúncio (com desenhos, colagens, etc.), distribuindo o texto,
o logotipo e o slogan de maneira criativa.
Apresentem o trabalho à classe. Exposição dos cartazes em mural.
Cada grupo deverá analisar os demais trabalhos quanto a
apresentação do texto, das imagens, slogans e logotipos se são
convincentes e criativos. Esta análise poderá ser feita oralmente.
RECURSOS UTILIZADOS:
- Mídia televisiva (observando comerciais);
- Revistas e jornais;
- Laboratório de informática;
- Papéis e figuras para confecção de textos publicitários.
DURAÇÃO DA ATIVIDADE: 3 aulas
Atividade 6
Observe a linguagem utilizada nas placas abaixo, reescreva-as na linguagem
padrão adequada.
Faça uma pesquisa nos lugares por onde você passa: observe a linguagem
utilizada em placas, letreiros de lojas e pontos comerciais, faixas colocadas nas
ruas e painéis de propaganda. Levante questões e traga-as para a sala de aula.
Pesquise placas e imagens que não utilizam a linguagem verbal, porém
transmitem informações, idéias e que atraem o leitor através do visual.
(exposição e análise em sala de aula).
Solicitar aos alunos que se organizem em pequenos grupos e elaborem uma
carta, bilhete ou poema através de mensagens enigmáticas. O resultado este
trabalho será exposto em mural.
Disponível em: <www.portuguesfacil.net> Acesso em: 02 de agosto de 2011.
Disponível em: <www.cocomeloloko.blogspot.com>Acesso em: 02 de agosto de 2011.
Disponível em: <www.diariodebabado.blogspot.com> Acesso em: 02 de agosto de 2011.
RECURSOS UTILIZADOS: - Slides com placas constando “erros”;
- Laboratório de informática;
- Pesquisa de campo (ruas do bairro)
- Dicionário;
- Material para confecção de cartazes.
DURAÇÃO DA ATIVIDADE: 3 aulas
Atividade 7
“variações lingüísticas”.
Segundo o professor de linguística Marcos Bagno, erros de português não
existem o que há são variações lingüísticas, que são as formas de falar que vão se
constituindo de acordo com o uso das palavras, ao longo do tempo.
No caso do Brasil, ainda segundo o lingüista, as variedades que existem no
país se explicam pela história de cada região, pela história das pessoas que falam
essas variedades. Há vários fatores históricos, sociais e culturais que explicam essa
diversidade.
Quando estudamos as variações lingüísticas, aprendemos que, apesar de
falarmos a mesma língua, não falamos todos do mesmo jeito. As pessoas falam ou
escrevem de diferentes maneiras, dependendo do seu lugar de origem (variação
regional), de sua classe ou grupo social (variação social) e também da época em
que vivem (variação histórica). Além disso, uma única pessoa pode falar de
diferentes formas, dependendo da situação em que se encontre. O importante é que
saibamos nos expressar de modo adequado à situação.
Vamos assistir a um filme que nos mostrará um pouco desse modo diferente
de se expressar. Consideremos a região em que se passa o filmes, as personagens
e seu cotidiano.
Comédia, Brasil, 1985, 77min.; COR.
Direção: André Klotzel
Elenco: Adilson Barros, Fernanda Torres, Dionísio Azevedo, Geny Prado, Regina
Casé
Quim, um matuto do interior, tem dois sonhos na vida: encontrar uma noiva e
comer carne de vaca. Numa pequena aldeia, ele conhece a jovem Carula, uma
fervorosa devota de Santo Antonio. Para fisgar Quim, ela o engana dizendo que seu
pai, Nhô Totó, possui um boi que será carneado no dia do casamento. Porém, para
casar com a moça e realizar seus desejos, ele deverá submeter-se a muitas provas.
Disponível
em:<http://www.filmes.seed.pr.gov.br/modules/mylinks/viewcat.php?cid=3&letter=M&
min=10&orderby=titleA&show=10>
Acesso em: 03 de agosto de 2011.
Após assistir ao filme “A marvada carne” Observar a variação lingüística que
aparece.
Quais as personagens que utilizam a variação lingüística rural?
Por se tratar de uma comédia, o que causa o humor do filme?
Se as personagens do filme utilizassem somente a variação da linguagem padrão
“culto”, haveria coerência em relação ao enredo e gênero do filme?
Listar alguns vocábulos que apresenta variação lingüística do uso rural.
Observar se algum personagem sofre preconceito devido ao modo de falar.
Tecer outros comentários que julgar pertinente à análise do filme e discutir com
os demais colegas.
Selecionar outros filmes brasileiros que retratem: o falar regionalista, e também o
falar de grupos urbanos. Em seguida, analisar a variação lingüística, bem como
os momentos em que personagens procuram utilizar outras formas de falar,
considerando o grupo ou pessoa com quem está ocorrendo a comunicação.
Elaborar um glossário com vocábulos desconhecidos (utilizados por
determinados grupos), gírias e palavras que apresentem variação linguística.
RECURSOS UTILIZADOS:
- Filme e busca de vídeos na internet.
- Visita a videoteca da escola.
- Dicionário.
DURAÇÃO DA ATIVIDADE: 4 aulas
Atividade 8
Um pouco de história e a origem do “Jeca Tatu”
A chegada dos bandeirantes ao Brasil a partir do século XVI marcaria não só
um novo ciclo de dominação e “descobertas”, mas também a formação de uma nova
cultura, a caipira. Na medida em que os bandeirantes avançavam rumo ao interior
do Brasil, criava-se uma fronteira entre dois mundos distintos, o “civilizado”,
representado pelos descendentes brancos, e o “atrasado”, representado pelo nativo.
Da mistura entre esses dois mundos surgia o caipira, mescla de branco e índio com
um pouco de sangue negro (SOUZA, 2001, p. 106).
A partir dessa ocupação, outras áreas foram surgindo, como as vilas, as
fazendas e arraiais. O universo desse homem simples, o caipira, cercado pela
miséria, ao longo do período colonial (e hoje, no século XXI), sempre foi marcado
por significados negativos: homem atrasado e despido de uma cultura clássica. Seu
primeiro espaço social, o sertão, também era visto como espaço vazio, atrasado,
terra de variados tipos como os criminosos, os degredados e, às vezes, espaço de
moradia de próprio demônio (SOUZA,1986, p. 59). A cultura caipira foi então, ao
longo dos séculos, considerada como uma cultura rústica, sem valor social.
Monteiro Lobato, escritor brasileiro, construiu uma figura negativa do homem
rural, presente na personagem de Jeca Tatu.
Jeca Tatu tornou-se um símbolo negativo de um tipo humano presente no
Brasil pós “nascimento” da República: era um homem incapaz de realizar tarefas
simples num mundo baseado no cientificismo.
No artigo “Urupês”,Lobato descreve o Jeca como um indivíduo ignorante, sem
conhecimentos de leitura e escrita, como se vê no trecho a seguir: “o sentimento de
pátria lhe é desconhecido. Não tem sequer a noção do país em que vive. Sabe que o
mundo é grande, que há sempre terras para ,que muito longe está a diante, que
muito longe está a Corte com os graúdos e mais distante ainda a Bahia, donde vêm
baianos pernósticos e cocos. Vota,não sabe em quem, mas vota. Esfrega a pena no
livro eleitoral, arabescando o aranhol de gatafunhos a que chama “sua graça”. O fato
mais importante de sua vida é sem dúvida votar no governo
Tira nesse dia da arca a roupa preta do casamento, sarjão furadinho de traça
e todo vincado de dobras; entala os pés num alentado sapatão de bezerro, vai pegar
o diploma de eleitor às mãos do chefe Coisada, que lhe retém garantia da fidelidade
partidária.(LOBATO,2005, p. 172).
Monteiro Lobato, considerou Jeca Tatu como “raça inferior” para os padrões da
sociedade urbanizada em ascensão no início do século XX. A típica figura do
caboclo, já que essa “raça” era desprovida de inteligência em todos os sentidos e
que só vivia naquelas condições devido à sua própria culpa. Ao longo dos anos, a
personagem de Jeca Tatu passaria de réu a vítima do sistema governamental. O
Estado brasileiro, para Lobato, é o verdadeiro culpado pela má condição em que
vivia o homem do campo, sobretudo no que se refere à higiene.
De certa forma, o autor inicia sua redenção, passando a tratar a figura do Jeca
Tatu como um ser doente e necessitado de tratamento. Pode-se dizer que o Jeca
“não é assim, ele está assim”.
Jeca Tatu entra num processo de ressurreição. Com a chegada de frades
franceses ao Brasil, esses começaram um trabalho de busca de braços para a
lavoura. Segundo o autor, esses frades procederam a uma busca de converter o
caipira com fama de preguiçoso em um homem apto para o trabalho: com
alimentação abundante; depois o abrigaram em casas higiênicas construídas em
lugares secos e os curavam nos limites do possível. Resultado: “Uma ressurreição”
Ler com os alunos o texto sobre Jeca Tatu.
Propor aos alunos a busca de informações sobre Jeca Tatu.
Levantar questões pertinentes ao texto para melhor compreensão.
Reflexão sobre o preconceito existente no texto em relação ao homem do campo
(Jeca Tatu) e o trabalhador do campo nos dias atuais.
Solicitar aos alunos que pesquisem sobre o artigo “Os Urupês”, de Monteiro
Lobato.
RECURSOS UTILIZADOS:
- Pesquisas no Laboratório de informática;
- Disponibilizar trechos de filmes.
DURAÇÃO DA ATIVIDADE: 3 aulas
Atividade 9
VARIAÇÃO GEOGRÁFICA OU REGIONAL
A variação geográfica é, no Brasil, bastante grande e pode ser facilmente
notada, se caracteriza pelo conjunto de características, como o som (altura, timbre,
intensidade), por isso é uma variante cujas marcas se notam principalmente na
pronúncia. Ao conjunto das características da pronúncia de uma determinada região
dá-se o nome de sotaque: sotaque mineiro, sotaque nordestino, sotaque gaúcho e
outros. A variação geográfica, além de ocorrer na pronúncia, pode também ser
percebida no vocabulário, em certas estruturas de frases e nos sentidos diferentes
que algumas palavras podem assumir em diferentes regiões do país.
A música também expressa uma relação entre as formas sociais de uma
cultura. Interferindo na harmonia dos laços sociais, na sua ruptura ou no caos.
Por isso, há a necessidade de desenvolver níveis de capacidades no falante
da língua materna, para interagir efetivamente na sociedade, compreendendo as
variações linguísticas, os falares e interpretar as letras musicais com uma visão
crítica.
MÚSICA CAIPIRA E MÚSICA SERTANEJA
A partir da década de 20 que surgiram as primeiras canções caipiras gravadas
em disco como a célebre “Tristezas do Jeca”, composta por Angelino de Oliveira em
1918 e gravada em 1923. Mas será com Cornélio Pires e sua
Turma que esse gênero musical entrará na indústria cultural, Em 1931 apresentou
um show no Teatro Municipal de São Paulo alcançando o que desejava, ou seja, o
reconhecimento do público. Esse é um momento relevante para a história da música
caipira, pois foi a partir daí que as canções caipiras passaram a ser industrializadas,
entraram para o universo da canção de massa. Esse momento marca a transição da
música caipira (cantada pelo homem do campo) e a sertaneja, feita na cidade para o
migrante caipira urbanizado.
Grandes mudanças passam a ocorrer na composição das letras; as temáticas
que antes tratavam de ritos religiosos, canções de trabalho, ciclos da lavoura,
passam agora a tratar do amor, da nostalgia, como afirma José de Souza Martins “...
é o esforço que o agente faz para reconstituir seu universo simbólico no próprio
contexto urbano, apropriando-se positivamente de determinadas mensagens
culturais que, embora produzidas na cidade, recorrem a modos rústicos de
estruturação da experiência” (MARTINS, 1974, p. 34), como relata a narrativa da
canção a seguir:
“Sodade do tempo véio”
“É só eu pega na viola, me vem a recordação:
o tempo do meu sitinho,
que tudo era bom, ai...
que tudo era bom.
(...)
“Eu tinha vaca de leite
e porco no chiqueirão.
Tinha dois burro no pasto
E lindo potro lazão, ai...
E lindo potro lazão.
(...)
“Depois tudo se acabô.
Tive um grande prejuizão.
Viero os gafanhoto,
me dexaro eu na mão, ai...
me dexaro eu na mão.
“Hoje eu me vejo em São Paulo,
nessa rica povoação,
trabaiando de operário
sendo que já fui patrão, ai...
sendo que já fui patrão.”
(de Sorocabinha, com Mandy e Sorocabinha)
Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp049597.pdf>
Acesso em: 03 de agosto de 2011.
O texto faz uso da norma coloquial da língua, justamente para caracterizar o eu
lírico, que é uma pessoa simples e sem conhecimento da norma culta.
Qual o motivo que levou o eu lírico mudar-se para São Paulo?
Transcreva do texto elementos que caracterizam o prejuízo sofrido pelo narrador.
Você vê alguma semelhança entre o narrador e os trabalhadores de hoje?
Além do prejuízo material, houve outro prejuízo ao eu lírico? Qual?
O texto foi escrito na variante lingüística “caipira” Reescreva-a usando a norma
culta da língua.
Leia a letra da música a seguir e responda as questões.
Caboclo na cidade
Seu moço eu já fui roceiro no triângulo mineiro
onde eu tinha meu ranchinho
Eu tinha uma vida boa
com a Izabel minha patroa e quatro barrigudinhos
(...)
então aconteceu isso
resolvi vender o sitio
e vim morar na cidade
Já faz mais de doze anos
que eu aqui estou morando
como estou arrependido
aqui tudo é diferente
não me dou com essa gente
vivo muito aborrecido
não ganho nem pra comer
já não sei o que fazer
estou ficando quase louco
é só luxo e vaidade
penso até que a cidade
não é lugar de caboclo.
(...)
até mesmo a minha "véia"
já esta mudando de idéia
tem de ver como passeia
vai tomar banho de praia
esta usando mini-saia
e arrancando a “sobranceia”.
(...)
Voltar pra Minas Gerais
sei que agora não dá mais
acabou o meu dinheiro
que saudades da palhoça
eu sonho com minha roça
no triângulo mineiro
Nem sei como se deu isso
quando eu vendi o sitio
pra vim morar na cidade
Seu moço naquele dia
eu vendi minha família
e a minha felicidade
FRANCO, Dino. e CHICO, Nhô. Caboclo na cidade. In: Dino Franco &Mourai.
Rancho da boa paz. vol. 2 (CD), São Paulo: Globo Gravações e Ed. Musicais, faixa
1. 1980.
Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp049597.pdf>
Acesso em 03 de agosto de 2011.
Que relação pode ser feita entre as duas músicas?
Quanto à linguagem, qual a variação predominante na letra da música: “Caboclo
na cidade”? E por que o eu lírico faz uso das duas variantes lingüísticas?
Que fato teria ocorrido para que o eu lírico vendesse o sítio?
Qual seria o motivo pelo qual ele alega “não se dar com essa gente”?
Após doze anos morando na cidade que aculturamento sofre a família do eu
lírico? Justifique com trechos retirados do texto.
Ilustrar as poesias com recortes ou desenhos.
Trazer para a sala de aula letras de músicas sertanejas de sua preferência e
fazer uma relação dos vocábulos ou expressões características do meio rural-
urbano. (Lembre-se que música sertaneja é escrita pelo morador da cidade, que
recorda ou faz referências a vida e costumes do campo).
RECURSOS UTILIZADOS:
- Slides dos textos da introdução da atividade;
- Texto das poesias distribuído aos alunos.
- Revistas e material para desenhar e colorir.
- CDs com músicas sertanejas da preferência dos alunos.
DURAÇÃO DA ATIVIDADE: 2 aulas
Atividade 10
As histórias em quadrinhos começaram no Brasil no século XIX, adotando um
estilo satírico conhecido como cartuns, charges ou caricaturas, que mais tarde se
estabeleceria como as populares tiras. A publicação de revistas de histórias em
quadrinhos no Brasil começou no início do século XX. Os quadrinhos no Brasil
possuem uma longa história, que remonta ao século XIX. Como charge, que circulou
com seu primeiro desenho em 1837, vendida em separado como uma litografia, de
autoria de Manuel de Araújo Porto-alegre.
Angelo Agostini continuou a tradição de introduzir desenhos com temas
de sátira política e social nas publicações jornalísticas e populares brasileiras. Entre
seus personagens populares desenhados como protagonistas de histórias em
quadrinhos propriamente ditas estavam o "Zé Caipora" e “Nhô-Quin" (1869). Em
1905 surgiu a revista O Tico Tico, considerada a primeira revista de quadrinhos do
Brasil, com trabalhos de artistas nacionais como J. Carlos, primeiro brasileiro a
desenhar um personagem Disney (Mickey Mouse). Em 1939 foi lançada a revista O
Gibi, nome que se tornaria sinônimo de revista em quadrinhos no Brasil. Hoje temos
grandes nomes no gênero, como o cartunista Henfil, Ziraldo e Maurício de Souza
entre outros.
O gibi, além de divertir traz contido em seu contexto críticas ao sistema
político e ao comportamento humano em muitas situações. Portanto convém fazer
uma leitura detalhada das histórias em quadrinhos, observando as gravuras, o
comportamento das personagens e a linguagem utilizada, para que possamos
realizar uma leitura mais complexa e crítica.
Disponível em:
<http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=18937>
Acesso em 06 de agosto de 2011.
Que variação lingüística é utilizada pelos personagens?
Você conhece algum personagem de gibi que fala essa mesma variação
lingüística?
Que influências receberam os personagens para que falassem essa linguagem?
Considerando a linguagem da tira acima, você teve alguma dificuldade em
compreender o enredo?
A personagem da tira acima (deitada na grama) pode ser relacionada com outro
personagem que você conhece? Por quê?
RECURSOS UTILIZADOS: - Gravura em slide; - Gibis DURAÇÃO DA ATIVIDADE: 1 aula Atividade 11
CRIAÇÃO DA HISTÓRIA EM QUADRINHOS
Solicitar aos alunos que tragam para a sala de aula gibis, dos quais será
selecionado um ou mais personagens. Em seguida cada aluno vai recortar e
colar a personagem em um pequeno cartaz e relacionar as características físicas,
psicológicas e citar o contexto social no qual está inserida a personagem
escolhida.
Os cartazes irão para um mural, onde todos terão acesso à leitura, para que haja
discussão sobre os trabalhos.
Serão selecionados alguns personagens para formarem o elenco de uma história
em quadrinhos. Aqui é importante pedir aos alunos que selecionem personagens
que utilizem variações lingüísticas diferentes para escreverem a história em
quadrinhos. Eles poderão recortar ou desenhar as personagens. Este trabalho
será realizado em grupo.
O aluno, em grupo ou individualmente, deverá criar uma tirinha em quadrinhos
retratando uma cena do cotidiano. Será necessário criar dois ou mais
personagens, para interagirem entre si. Destaque as características físicas e
psicológicas e invente um ambiente para o enredo, considerando o universo das
personagens, sua origem, linguagem e demais aspectos. Utilize algumas
legendas, para situar o leitor no enredo. Use o formato de balões adequados e
com frases curtas, pois o visual das gravuras é parte importante para a
compreensão da história.
As HQs dos alunos circularão pela turma para que seja feita a leitura de todos os
trabalhos.
RECURSOS UTILIZADOS:
- Gibis;
- Material para artes;
- Mural para exposição dos trabalhos.
DURAÇÃO DA ATIVIDADE: 2 aulas
Atividade 12
A LINGUAGEM
No processo de comunicação, quando se fala em linguagem correta, fala-se
em linguagem adequada ao nível de interlocução. Isso significa que a linguagem
deve estar adequada ao assunto tratado, ao interlocutor, ao objetivo do falante e ao
veículo de comunicação. A linguagem sofre variação de acordo com a época, o
lugar, o grupo social e a situação em que em que a pessoa se encontra. As
condições sociais influem no modo de falar dos indivíduos, gerando, assim, certas
variações na maneira de usar uma mesma língua. A elas damos o nome de
variações sócio-culturais.
Quando não temos conhecimento sobre as variações lingüísticas,
normalmente costumamos considerá-las como formas “erradas” de comunicar-se.
No entanto, é preciso que conheçamos a variante formal, ou seja, o padrão culto que
a escola irá ensinar. O contexto em que os falantes de uma língua se encontram
determinará se a variante a ser utilizada será a formal ou a informal.
Quando estamos em convívio familiar ou entre amigos, ou seja, com pessoas
com quem temos mais intimidade, a conversa acontecerá de maneira mais relaxada,
despreocupada. Nesse contexto, podem ser observadas as gírias e expressões
regionais. Assim, os interlocutores empregam a linguagem informal durante o
processo de comunicação.
Entretanto, quando nos encontramos em um contexto diferente do acima
descrito, o qual exija um comportamento de formalidade, devemos empregar a
linguagem formal no processo de comunicação.
A linguagem formal deve obedecer à norma culta ou padrão da língua e é
empregada quando a situação exige mais formalidade entre os falantes.
Propor aos alunos assistirem a uma sessão plenária ou a um júri público, para
que possam observar a linguagem utilizada, bem como os elementos
argumentativos presentes na fala.
RECURSOS UTILIZADOS:
- Atividade extraclasse (visita ao fórum).
DURAÇÃO DA ATIVIDADE: 2 aulas
Atividade 13
Elaborar um currículo, com base no modelo distribuído aos alunos;
Trazer um palestrante da área de recursos humanos para esclarecer dúvidas dos
alunos, em relação às formas de comportamento e expressão da linguagem
utilizada em entrevistas de emprego.
RECURSOS UTILIZADOS:
- Disponibilizar modelo oficial de currículo.
- Visita de um palestrante;
DURAÇÃO DA ATIVIDADE: 2 aulas
Atividade 14
Foi no Oriente que há milhares de anos nasceu o Teatro de Fantoches, sendo
quase certo que a sua existência é anterior à do teatro de representação humana.
Os mais antigos textos remontam ao Séc. XXIII A.C. e revelam-nos a
existência no Egito de pequenos bonecos articulados, com pequenas cabeças de
marfim que simbolizam Deuses.
É na Grécia que pela primeira vez na história os fantoches perdem o seu
caráter sagrado. E, deste modo, vamos encontrá-lo nos mais diversos lugares como
o testemunham, entre outros Sócrates, Aristóteles e Plutarco.
Após terem passado do Egito para a Grécia os fantoches surgem em Roma,
onde não tiveram um caráter sagrado. Aí serviam de distração e crítica. Por isso
foram sujeitos a perseguições e originaram mesmo prisões e o desterro de muitos
fantocheiros.
Em Portugal, a chegada do teatro de bonecos calcula-se que tenha acontecido
ainda antes do século XVI, pois no século XVI e XVII eram divertimento popular
frequente.
Disponível em: <http://www.mundodosfantoches.pt.vu/#historia>
Acesso em: 05 de agosto de 2011.
Atividade em grupo: solicitar aos alunos que organizem pequenas cenas teatrais
com cenário previamente construído e bonecos de fantoches.
O texto a ser utilizado que deverá abordar uma entrevista com pretensão a um
emprego.
A situação dará enfoque a dois candidatos. Estes estarão conversando
descontraidamente na sala de espera, cada um mantendo suas características
na linguagem.
Ao serem chamados (individualmente) para a entrevista, os candidatos
demonstram uma preocupação em relação a linguagem, utilizando-a de modo
formal, elaborando as respostas adequadas ao padrão da linguagem do
entrevistador.
Os alunos deverão organizar os diálogos entre os candidatos e os diálogos do
momento da entrevista.
Apresentar os trabalhos em sala.
RECURSOS UTILIZADOS:
- Material de artes para confecção dos fantoches;
- Pesquisa de palavras apresentando diversas variações lingüísticas (gírias,
expressões populares e linguagem culta).
DURAÇÃO DA ATIVIDADE: 4 aulas
4. Conteúdo de estudo
Pensar o ensino da língua materna nos conduz a reflexões sobre as
contradições, as diferenças e os paradoxos que o mundo nos apresenta. As
mudanças no meio social e as relações de poder presente nas teias discursivas
estão intrinsecamente no meio social, constituindo-o e, ao mesmo tempo, sendo por
ele constituídas, requerendo do professor uma percepção crítica e pedagógica.
Segundo as Diretrizes Curriculares, para haver reflexão com e sobre a língua
é necessário considerar, como ponto de partida, a dimensão dialógica da linguagem,
presente em atividades que possibilitem, aos alunos e professores, experiências
reais de uso da língua materna. Os conceitos de texto e de leitura não se restringem,
aqui, à linguagem escrita: abrangem, além dos textos escritos e falados, a interação
da linguagem verbal com
as outras linguagens (as artes visuais, a música, o cinema, a
fotografia, a semiologia gráfica, o vídeo, a televisão, o rádio, a publicidade,
os quadrinhos, as charges, a multimídia e todas as formas infográficas ou
qualquer outro meio linguageiro criado pelo homem), percebendo seu chão
comum (são todas práticas sociais, discursivas) e suas especificidades
(seus diferentes suportes tecnológicos, seus diferentes modos de
composição e de geração de significados) (FARACO, 2002, P.101).
Diante do exposto, pode-se entender que as práticas da linguagem, como
fenômeno de interlocução viva, perpassam todas as áreas do agir humano,
potencializando, na escola a perspectiva da aprendizagem.
Não devemos tomar as variedades linguagens lingüísticas como pretexto
para discriminação social, mas promover o diálogo entre os diferentes falares,
considerando a necessidade de sua escolha. Isso não significa valorizar em
excesso as variedades lingüísticas em prejuízo da norma padrão; ao contrário, a
sala de aula é o espaço de apropriação de conhecimento, porque é o único lugar
que possibilita, à grande maioria dos alunos, contato com a norma culta da língua.
A ação pedagógica referente à linguagem, portanto, precisa pautar-se na
interlocução, em atividades planejadas que possibilitem ao aluno não apenas a
leitura e a expressão oral e escrita, mas também, reflexão e uso da variedade
lingüística padrão e entender a necessidade desse uso em determinados contextos
sociais.
O trabalho em sala de aula deve partir de textos em diversas modalidades de
linguagem, abordando seu contexto em uso, tendo em vista que o objetivo do
trabalho é a construção do significado e o reconhecimento da variante linguística por
meio do texto. Dessa forma os alunos deverão agir interativamente discutindo as
variantes e o preconceito social, proporcionando condições para assumir uma
atitude crítica e transformadora com relação a problemática apresentada.
O conteúdo proposto neste trabalho tem como objetivo os seguintes
fundamentos:
- empregar a língua oral em diferentes situações de uso, saber adequá-la a
cada contexto e interlocutor, reconhecer as intenções implícitas nos discursos do
cotidiano, propiciando a possibilidade de um posicionamento diante deles;
- reconhecer a importância da norma culta da língua, bem como as outras
variedades lingüísticas, de maneira a propiciar acesso às ferramentas de expressão
e compreensão de processos discursivos, como condição para tornar o aluno capaz
de enfrentar as contradições sociais em que está inserido e para a afirmação da sua
cidadania, como sujeito singular e, ao mesmo tempo, coletivo.
5. Orientações / recomendações
Indicação de leituras interessantes para aprofundamento referente ao assunto
abordado neste material didático, bem como visitas aos sítios relacionados nas
referências bibliográficas.
Livros
- FARACO, C. A. Norma culta brasileira – desatando alguns nós. São Paulo.
Parábola Editorial, 2008.
- POSSENTI, S. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas, São
Paulo. Mercado das Letras, 2005.
- SCHERRE, M. M. Pereira. Doa-se lindos filhotes de poodle – variação
lingüística, mídia e preconceito. São Paulo. Parábola Editorial, 2008.
6. Proposta de avaliação
A avaliação deve ser um processo de aprendizagem contínuo e que possa dar
prioridade à qualidade e desempenho do aluno, pois esses possuem ritmos e
processos de aprendizagem diferentes. Portanto, a avaliação deve ser contínua e
diagnóstica, apontando dificuldades e possibilitando a intervenção pedagógica
constante. A avaliação deve fornecer ao processo de ensino e aprendizagem, traços
norteadores ao trabalho do professor e mostrar ao aluno em que ponto do percurso
pedagógico ele se encontra. Ela deve ter o caráter de orientar as interações
pedagógicas do professor e contribuir para que o aluno supere suas dificuldades.
Por isso é importante subsidiar as ações em relação às dificuldades dos alunos a
partir de suas produções. Desse modo, o educador promoverá ações pedagógicas
de qualidade a todos os alunos, tanto para derrubar mitos que sustentam um
pensamento único como correto, como para construir relações que permitam a
inclusão social a todos.
Em relação à avaliação das atividades realizadas durante a aplicação do
projeto de intervenção pedagógica na escola, os alunos terão oportunidades
variadas de trabalho. As atividades serão desenvolvidas individualmente, em grupo e
com a supervisão constante do professor, que dará orientações em relação às
dificuldades que surgirem. O aluno terá a sua disposição o laboratório de informática
para eventuais pesquisas, bem como suporte técnico para a utilização do mesmo.
Os alunos terão tempo hábil para a realização das atividades e poderão refazê-las
superando suas dificuldades. Muitos dos trabalhos serão expostos em mural para a
visualização de todos, o que incentivará aos alunos a se posicionarem como
avaliador crítico, tanto dos seus trabalhos quanto dos colegas. Será orientado aos
alunos para que organizem em uma pasta, todas as atividades realizadas durante o
percurso do projeto, assim eles poderão avaliar suas dificuldades, seus progressos e
sua superação que os conduzirão ao sucesso.
7. Indicações bibliográficas
BAKHTIN, M. (Volochinov). Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes,
1992.
CHAVES, E. A. A música caipira em aulas de história: questões e
possibilidades. 155p. Tese (Mestrado em Educação no Programa de Pós-
graduação em Educação) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2006.
FARACO, C. A. Norma culta brasileira - desatando alguns nós. São Paulo:
Parábola Editorial, 2008.
GERALDI, J. W. Concepções de linguagem e ensino de Português. In: O texto
na sala de aula. 5.ed. Cascavel: Assoeste, 1990.
GNERRE, M. Linguagem, Escrita e Poder. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
GUIMARÃES, M. I. de O. A retórica do movimento dos colonos do sudoeste do
Paraná - Recursos expressivos de um discurso da bravata.Tese (Doutorado em
Língua Portuguesa) - São Paulo, 1990.
NETO, J. B. Ensaios de Filosofia da Linguística. São Paulo: Parábola Editorial,
2004.
ORLANDI, E. P. A Linguagem e seu Funcionamento. São Paulo: Pontes Editores,
1987.
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da
Educação Básica de Língua Portuguesa. Curitiba, 2008.
POSSENTI, S. Discurso, estilo e subjetividade. São Paulo: Pontes Editores,
1993.
__ Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas SP: Mercado das
Letras, 2005.
SCHERRE, M. M. Pereira, Doa-se lindos filhotes de poodle – Variação
Linguística, Mídia e Preconceito. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.
TARALLO, F. A Pesquisa Sociolinguística. São Paulo: Ática, 1990.
http://www.youtube.com/watch?v=8XppRMTgIjQ Acesso em:02 de agosto de 2011 http://pt.wikipedia.org/wiki/Carta_a_El-Rei_D._Manuel#Conte.C3.BAdo_da_Carta Acesso em: 02 de agosto de 2011 http://mundoeducacao.uol.com.br/redacao/anuncio-publicitario.htm Acesso em 02 de agosto de 2011 www.portuguesfacil.net Acesso em: 02 de agosto de 2011. www.cocomeloloko.blogspot.com Acesso em: 02 de agosto de 2011. www.diariodebabado.blogspot.com Acesso em: 02 de agosto de 2011. http://www.filmes.seed.pr.gov.br/modules/mylinks/viewcat.php?cid=3&letter=M&min=10&orderby=titleA&show=10 Acesso em: 03 de agosto de 2011 http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp049597.pdf> Acesso em: 03 de agosto de 2011 http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp049597.pdf Acesso em 03 de agosto de 2011.
http://www.mundodosfantoches.pt.vu/#historia Acesso em: 05 de agosto de 2011
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp049597.pdf Acesso em 05 de agosto de 2011
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=18937 Acesso em 06 de agosto de 2011.
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me000533.pdf Acesso em 07 de agosto de 2011
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