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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

5º ano

Profª Maria Carolina Beraldo

carolberaldo@gmail.com

Programa de aulas1.Tutela de Urgência: conceito, espécies, extensão,

profundidade;2. Antecipação dos efeitos da tutela: natureza,

conceito, características e limites; 3. Tutela cautelar: natureza e conceito; distinção em

relação à antecipação de tutela; poder geral de cautela; cautelares inominadas, pressupostos, espécies, procedimento cautelar; cautelares nominadas (arresto, seqüestro, caução, busca e apreensão, exibição, produção antecipada de provas, protestos, notificações e interpelações, atentado)

Programa de aulas (cont.)4. Procedimentos especiais: visão geral, características.5. Ações Possessórias.6. Ação de Consignação em Pagamento.7. Ação Monitória.8. Juizados Especiais. Juizado Especial Federal.9. Embargos de Terceiro.10. Ação de Depósito.11. Mandado de Segurança.12. Ação de Anulação e Substituição de Títulos ao Portador.13. Ação de Prestação de Contas.14. Ação Demarcatória.15. Ação de Separação Judicial.16. Ação de Divórcio.17. Ação de Alimentos.18. Inventário e Partilha.19. Processo na Lei de Locações

Bibliografia sugerida

Procedimentos Especiais

• Procedimentos Especiais - Antônio Carlos Marcato. Editora Atlas.

• Novo Curso de Direito Processual Civil – Marcus Vinicius Rios Gonçalves. Vol. 2. Editora Saraiva.

• Curso de Direito Processual Civil – Humberto Theodoro Júnior. Vol. 3. Editora Forense.

• Curso de Processo Civil – Luiz Guilherme Marinoni. Vol. 5. Editora Revista dos Tribunais.

• Direito Processual Civil – Procedimentos Especiais –Alexandre David Malfatti. Editora Elsevier.

REVISÃO INICIAL

Jurisdição e Competência

• Jurisdição: função estatal exercida por meio do processo instaurado por iniciatva da parte interessada na solução de determinado litígio, tendo por escopo a realização, em concreto, da vontade da lei

• Competência: medida da jurisdição, prefixação de atribuição dos órgãos jurisdicionais

STF

STJ

Justiça comum Justiça especial

Justiça Federal

Justiça Estadual

TRF TJ

Juízes federais

Juízes estaduais

Tribunal do Júri

Turmas recursais

Juizados Especiais

Trabalho MilitarEleitoral

TST

TRT

Juízes do

Trabalho

TSE

TRE

Juízes Eleitorais

STM

Tribunais Militares

Conselhos de Justiça / Juízes de Direito

Modalidades de jurisdições• Contenciosa• Voluntária:

atividade jurisdicional x atividade administrativa?

administração pública de interesses privados – como determinados atos jurídicos privados têm

relevância tanto para o Estado como para as pessoas nele diretamente interessadas, para sua

validade e eficácia deve haver participação direta de um órgão judicial na sua realização

Direito de ação

• Teoria concretista (Chiovenda): o direito de ação sempre pressupõe a obtenção de um resultado favorável no processo

• Teoria abstratista (Liebman): direito subjetivo de ação é diverso daquele direito material (substancial) trazido ao processo. A ação representa, principalmente direito de iniciativa e impulso conferido ao autor, ainda que a decisão possa ser desfavorável

Direito de ação (cont.)Acepções da palavra ação:

a) Constitucional: Direito de acesso à justiça, de provocar osTribunais. É um direito público, abstrato, autônomo (independedo sucesso da demanda) e instrumental, dirigido contra oEstado;

b) Processual: É a demanda, o ato de exercício do direito de ação,o ato de provocar a atividade jurisdicional. A demanda é oexercício do direito de ir a juízo, com a afirmação de um direitomaterial em face do réu. Dessa forma, a demanda será sempreconcreta (sempre se refere a uma situação) e condicionada;

Direito de ação (cont.)

Condições da ação:

• Interesse de agir: necessidade + adequação

• Possibilidade jurídica do pedido

• Legitimidade ad causam (ordinária e extraordinária)

Direito de ação (cont.)

Elementos da ação:

• Partes• Pedido (imediato – natureza jurídica da

demanda; mediato – bem da vida pretendido)

• Causa de pedir (fatos e fundamentos jurídicos)

Direito de defesa

• Respostas do réu (art. 297, CPC)

• Espécies de defesa: processuais, mérito (direta ou indireta)

Processo

Relação instaurada entre as partes e o Estado-juiz, criando direitos e impondo ônus e obrigações processuais aos seus sujeitos

componentes

relação material: bem da vida

relação processual: provimento jurisdicional

Processo (cont.)

• Método de atuação estatal

• Instrumento para prestação da tutela jurisdicional

Processo (cont.)

Classificação

• Processo de conhecimento

• Processo de execução

• Processo cautelar

PROCEDIMENTO

Processo x Procedimento

O processo é o instrumento por meio do qual se opera a jurisdição, enquanto o procedimento representa o meio extrínseco pelo qual ele se

instaura, se desenvolve e termina

Procedimento: Atos que se sucedem temporalmente e que se interligam num encadeamento lógico

Modalidades procedimentais

Para cada tipo de processo há várias espécies de procedimentos, adequados às várias

questões de direito material

PROCESSO DE CONHECIMENTO

• Procedimentos comuns (Livro I):� Procedimento ordinário� Procedimento sumário

• Procedimentos especiais (Livro IV - arts. 890 a 1102 + legislação especial)

PROCESSO DE EXECUÇÃOCódigo Civil – Livro I,Título I: Modalidades dasobrigações

Código de Processo Civil –Livro II, título II – Diversasespécies de execução

Obrigações de dar coisa certa: arts. 233 a242, CC

Execução para entrega de coisa certa: arts.621 a 628, CPCExecução para obrigações de dar dinheiro –PAGAR: 475-J e 646 a 724

Obrigações de dar coisa incerta: arts. 243 a246, CC

Execução para entrega de coisa incerta: arts.629 a 631, CPC

Obrigações de fazer: arts. 247 a 249, CC Execução da obrigação de fazer: arts. 461 e632 a 641, CPC

Obrigações de não fazer: arts. 250 e 251, CC Execução da obrigação de não fazer: arts.461, 642 e 643

PROCEDIMENTOS ESPECIAIS

Generalidades

• Diferenciação para com os outros procedimentos (fazem parte dos processos de conhecimento)

• Por que da existência

• Como escolher o procedimento

Características:

1. Alteração dos prazos de resposta (inferiores e superiores) – problema: respostas

2. Alteração das regras relativas à legitimação e à iniciativa das partes (citação de terceiros interessados)

3. Natureza dúplice da ação

4. Fixação de regras especiais de competência territorial – exs: arts. 891 e 1142

5. Concessão de medida “inaudita altera parte”

Espécies:

• De jurisdição contenciosa (arts. 890 a 1102)

• De jurisdição voluntária (arts. 1103 a 1210)

AÇÕES POSSESSÓRIAS926 a 931, CPC

• possuidor: 1196, CC: considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício pleno ou não de um ou alguns dos poderes inerentes à propriedade

• Objetivo da possessória: assegurar ao possuidor o seu direito de posse, seja ela direta ou indireta

Possessórias (cond.)

Espécies:

1. Reintegração de posse (esbulho)

2. Manutenção de posse (turbação)

3. Interdito proibitório (simples ameaça)

Esbulho x turbação

REINTEGRAÇÃO e MANUTENÇÃO DE POSSE

• Fungibilidade entre as possessórias (920, CPC)• Competência: art. 95 (foro do local do imóvel) ou

94 (foro do domicílio do réu)• Posse nova (até ano e dia do fato, processa-se de

acordo com os procedimentos especiais) x posse velha

• Inicial: 282 + 298, CPC• Contestação (pedido contraposto)• Valor da causa: calor venal do imóvel

INTERDITO PROIBITÓRIO

Para impedir que se CONCRETIZE a turbação ou esbulho

• Mandamental: expedição de mandado proibitório, sob pena de sanção pecuniária

Procedimento das ações possessórias

Petição inicial

Deferimento da liminar

Expedição do mandado

Reintegração ou manutenção do autor na posse

CITAÇÃO do réu

justificação prévia

citação Audiência de justificação

Acolhida: expedição de mandado

Rejeitada: intimação do réu

CITADO, o réu

Não contesta Julgamento antecipado do pedido (330, II)

Contesta Saneameto Audiência

SENTENÇA

AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

(arts. 890 a 900)

1. Noções gerais

• Relação obrigacional

• Desfecho natural de toda obrigação:

Pagamento

3. O Código Civil disciplina, nos arts. 304 a 333:

Quem deve pagar

A quem se deve pagar

O que se deve pagar

Onde se deve pagar

Quando se deve pagar

?

a) Quem deve pagar?Devedor ou qualquer interessado na extinção da

dívida

Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se

opuser, dos meios conducentes àexoneração do devedor.

Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e àconta do devedor, salvo oposição deste.

b) A quem se deve pagar? Ao credor ou a quem de direito o represente

(procuração ad negotia)

Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o

represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto

reverter em seu proveito.

c) O que se deve pagar?

O objeto do pagamento é a prestação devida

Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é

devida, ainda que mais valiosa.

d) Onde se deve pagar?Em regra, no domicílio do devedor.

Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da

obrigação ou das circunstâncias.

Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre

eles.

e) Quando se deve pagar?

Na época ajustada pelas partes.

Art. 331. Salvo disposição legal em contrário,

não tendo sido ajustada época para o

pagamento, pode o credor exigi-lo

imediatamente.

Art. 332. As obrigações condicionais cumprem-

se na data do implemento da condição,

cabendo ao credor a prova de que deste teve

ciência o devedor.

MORA

retardamento no cumprimento da obrigação

Espécies de mora:

• debendi/solvendi

• credendi/accipiendi

Pagamento por consignação: modalidade especial de pagamento em que se possibilita

a satisfação do direito do devedor de se liberar do vínculo obrigacional

2. Hipóteses autorizadoras da consignação:

Art. 335. A consignação tem lugar:

I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;

Mora accipiendi (mora em receber) – dívida portável

É a situação mais comum de consignação em pagamento

II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;

Mora accipiendi (mora em receber) – dívida quesível

Hipóteses autorizadoras da consignação (cont.)

III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;

Devedor não pode receber a quitação válida

Credor incapaz – representante?

Credor desconhecido – ex: falecimento

Credor judicialmente declarado ausente – curador?

Credor residente em lugar incerto, ou de acesso perigoso ou difícil – dívidas portáveis

Hipóteses autorizadoras da consignação (cont.)

IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o

objeto do pagamento;

Pagamento eficaz é feito ao titular do crédito

V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

Art. 890. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer,

com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida.

Dinheiro ou outro gênero de coisa

3. Objeto da consignação em pagamento:

4. Modalidades de consignação

• Extrajudicial (quantia em dinheiro)

• Judicial

Consignação extrajudicial

Pressupostos:

1. Credor certo, ou certeza quanto à titularidade do crédito;

2. Capacidade civil do credor

3. Credor solvente

4. Certeza do objeto da obrigação

Consignação extrajudicial (cont.)

Procedimento:1. Depósito em estabelecimento bancário,

oficial onde houver;2. Cientificação do credor, por carta, para

levantar o depósito em 10 dias3. Inércia = aceitação do depósito4. Recusa = devedor tem 30 dias para ajuizar

ação consignatória

Art. 890. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceirorequerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia

ou da coisa devida.

§ 1o Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o devedor outerceiro optar pelo depósito da quantia devida, emestabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugardo pagamento, em conta com correção monetária, cientificando-se o credor por carta com aviso de recepção, assinado o prazode 10 (dez) dias para a manifestação de recusa.

§ 2o Decorrido o prazo referido no parágrafo anterior, sem amanifestação de recusa, reputar-se-á o devedor liberado daobrigação, ficando à disposição do credor a quantiadepositada.

§ 3o Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito aoestabelecimento bancário, o devedor ou terceiro poderápropor, dentro de 30 (trinta) dias, a ação de consignação,instruindo a inicial com a prova do depósito e da recusa.

§ 4o Não proposta a ação no prazo do parágrafo anterior, ficarásem efeito o depósito, podendo levantá-lo o depositante.

Consignação Judicial

1. Foro competente:

Art. 891. Requerer-se-á a consignação no

lugar do pagamento, cessando para o devedor, tanto que se efetue o

depósito, os juros e os riscos, salvo se for julgada improcedente.

2. Procedimento

2.1 Petição Inicial:

Art. 893. O autor, na petição inicial, requererá:

I - o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser

efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados dodeferimento, ressalvada a hipótese do § 3o do art.

890;

II - a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer

resposta.

Natureza jurídica do depósito

Pressuposto processual específico do procedimento consignatório

Consignação de prestações periódicas

Art. 892. Tratando-se de prestações periódicas, uma vez consignada a

primeira, pode o devedor continuar a consignar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as que se forem vencendo, desde que os depósitos sejam efetuados até 5 (cinco) dias, contados da data do vencimento.

Valor da Causa

O valor da prestação devida

E se for o caso de consignação de prestações periódicas?

R.: soma do valor das prestações a consignar, não ultrapassando o valor de uma anuidade

(449, STF)

Citação

O réu é citado para:• Levantar o depósito• Oferecer resposta

• Exercer o direito de escolha:Art. 894. Se o objeto da prestação for coisa

indeterminada e a escolha couber ao credor, seráeste citado para exercer o direito dentro de 5 (cinco)

dias, se outro prazo não constar de lei ou do contrato, ou para aceitar que o devedor o faça,

devendo o juiz, ao despachar a petição inicial, fixar lugar, dia e hora em que se fará a entrega, sob pena

de depósito.

Atitudes do réu

1. Aceitar o depósito e levantá-lo:

procedência do pedido consignatório;

sentença declaratória da extinção da obrigação;

condenação no pagamento de custas

Atitudes do réu (cont.)

2. Ofertar contestação;

3. Permanecer inerte

Inércia

Art. 897. Não oferecida a contestação, e

ocorrentes os efeitos da revelia, o juiz julgará procedente o pedido, declararáextinta a obrigação e condenará o réu nas custas e honorários advocatícios.

Contestação

Art. 896. Na contestação, o réu poderá alegar que:

I - não houve recusa ou mora em receber a quantia ou

coisa devida;

II - foi justa a recusa;

III - o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do

pagamento;

IV - o depósito não é integral.

Parágrafo único. No caso do inciso IV, a alegação seráadmissível se o réu indicar o montante que entende

devido.

Limites da contestação

Pedido na consignatória: liberação da dívida

Pode o juiz decidir questões relativas ao débito e sua constituição? Incidentalmente, sim, mas não com força de coisa julgada.

O art. 896 limitou a cognição horizontal

Complementação do depósito

Depósito

Contestação: insuficiência do valor, com indicação do montante devido

Autor tem 10 dias para complementar (899) e réu levanta a parte incontroversa

Fase Instrutória

Produção de provas para a comprovação dos fatos alegados

Sentença

• Procedimento é de natureza declaratória• Depósito integral: declaratória da extinção da

obrigação• Depósito insuficiente: § 2o A sentença que concluir pela insuficiência

do depósito determinará, sempre que possível, o montante devido, e, neste caso, valerá como título executivo, facultado ao

credor promover-lhe a execução nos mesmos autos.

Consignação fundada na dúvida quanto à titularidade do crédito:

Art. 895. Se ocorrer dúvida sobre quem

deva legitimamente receber o pagamento, o autor requererá o depósito e a citação dos que o

disputam para provarem o seu direito.

a) Nenhum dos réus comparece em juízo

b) Apenas um dos litisconsortes comparece em juízo

c) Ambos litisconstortes comparecem em juízo

Dispositivo final

Art. 900. Aplica-se o procedimento estabelecido neste Capítulo, no que couber, ao resgate do aforamento.

Fonte: http://www.wasser.adv.br/processo

AÇÃO DE NUNCIAÇÃO DE

OBRA NOVA(arts. 934 a 940)

1. Introdução

Direitos de vizinhança, Código Civil:

Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem odireito de fazer cessar as interferências prejudiciais àsegurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam,provocadas pela utilização de propriedade vizinha.

Parágrafo único. Proíbem-se as interferências considerando-se a natureza da utilização, a localização do prédio,atendidas as normas que distribuem as edificações emzonas, e os limites ordinários de tolerância dos moradoresda vizinhança.

• Segurança

• Sossego

• Saúde

Seção VIIDo Direito de Construir

Art. 1.299. O proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe aprouver, salvo o

direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos.

Art. 1.300. O proprietário construirá de maneira que o seu prédio não despeje águas, diretamente, sobre

o prédio vizinho.

Art. 1.301. É defeso abrir janelas, ou fazer eirado, terraço ou varanda, a menos de metro e meio do

terreno vizinho.

1.1 Origens

• Primeiras formas de nunciação de obra nova: direito romano, factu lapilli

(lançamento de pedras na edificação)

2. Cabimento da ação nunciatória

• impedir que a edificação de obra nova em imóvel vizinho prejudique o prédio, suas

servidões ou fins a que é destinado;

• impedir que o co-proprietário execute alguma obra com prejuízo ou alteração da

coisa comum;

• impedir que o particular construa em contravenção da lei, do regulamento ou de

postura.

Art. 934. Compete esta ação:

I - ao proprietário ou possuidor, a fim de impedir que a edificação de obra nova em imóvel vizinho Ihe prejudique o prédio, suas servidões ou fins a que é destinado;

II - ao condômino, para impedir que o co-proprietário execute alguma obra com prejuízo ou alteração da coisa comum;

III - ao Município, a fim de impedir que o particular construa em contravenção da lei, do regulamento ou de postura.

Tutela inibitória

O demandante tem pretensão de impedir a prática de ato ilícito, a tutela é contra o ilícito

(contra a construção ilícita). Não entra na causa de pedir e no campo probatória dessa demanda qualquer alegação referente a dolo

ou culpa do demandado

(Marinoni in CPC comentado)

Ação demolitória

Mesmo objetivo da ação de nunciação de obra nova, mas com uma diferença fundamental: a ação demolitória presta tutela repressiva, ao

passo que esta presta tutela preventiva

prevenção do ilícito nunciação de obra nova

(tutela inibitória, preventiva)

remoção do ilícito demolitória

(tutela repressiva, pressupõe que a construção ilícita já se encontra realizada)

3. Legitimidade

ATIVA:

• Proprietário ou possuidor

• Condômino

• Município

PASSIVA:

• Dono da obra

Art. 934. Compete esta ação:

I - ao proprietário ou possuidor, a fim de impedir que a edificação de obra nova em imóvel vizinho Ihe prejudique o prédio, suas servidões ou fins a que é destinado;

II - ao condômino, para impedir que o co-proprietário execute alguma obra com prejuízo ou alteração da coisa comum;

III - ao Município, a fim de impedir que o particular construa em contravenção da lei, do regulamento ou de postura.

Imóvel vizinho

Entende-se por imóvel vizinho não só o imóvel contíguo, limítrofe, mas todo e

qualquer imóvel próximo à construção ilícita suscetível de ser alcançado pelos efeitos da

conduta indevida do demandado

4. Conceito de obra nova

• Edificação: não só construção, mas remodelação, reforma, escavações, terraplanagem, extração de minérios, colheita, corte de madeiras – qualquer atividade que coloque em risco o direito de propriedade sobre os imóveis vizinhos ou contíguos, ou, ainda, que viole lei, regulamento ou postura

Obra nova x obra concluída

• Obra construída: aquela a que faltarem apenas trabalhos secundários (ex: pintura)

5. Embargo extrajudicial

Art. 935. Ao prejudicado também é lícito, se o caso for urgente, fazer o embargo extrajudicial, notificando verbalmente, perante duas testemunhas, o proprietário ou, em sua falta, o construtor, para não continuar a obra.

Parágrafo único. Dentro de 3 (três) dias requererá o nunciante a ratificação em juízo, sob pena de cessar o efeito do embargo.

5.1 Embargos extrajudicial administrativo

É possível embargo extrajudicial administrativo, com base no poder de polícia

da Administração Pública

6. Petição Inicial

Art. 936. Na petição inicial, elaborada com observância dos requisitos do art. 282, requererá o nunciante:

I - o embargo para que fique suspensa a obra e se mande afinal reconstituir, modificar ou demolir o que estiver feito em seu detrimento;

II - a cominação de pena para o caso de inobservância do preceito;

III - a condenação em perdas e danos.

Parágrafo único. Tratando-se de demolição, colheita, corte de madeiras, extração de

minérios e obras semelhantes, pode incluir-se o pedido de apreensão e depósito dos

materiais e produtos já retirados.

6.1 Competência: foro do lugar da coisa:

Art. 95. Nas ações fundadas em direito realsobre imóveis é competente o foro da situaçãoda coisa. Pode o autor, entretanto, optar peloforo do domicílio ou de eleição, não recaindoo litígio sobre direito de propriedade,vizinhança, servidão, posse, divisão edemarcação de terras e nunciação de obranova.

6.2 Causa de pedir: a construção ilícita +danos (caso haja cumulação de pedido decondenação em perdas e danos)

6.3 Pedido: mandamental – pede-se que o juiz ordene que cesse a construção da obra e, se o caso, seja desfeito tudo quanto já construído + pedido condenatório de indenização

6.4 Valor da causa: para efeitos fiscais ouvalor postulado a título de indenização

Art. 258. A toda causa será atribuído um valor certo, ainda que não tenha conteúdo

econômico imediato.

7. Embargo liminar

Art. 937. É lícito ao juiz conceder o embargoliminarmente ou após justificação prévia.

Art. 938. Deferido o embargo, o oficial de justiça,encarregado de seu cumprimento, lavrará autocircunstanciado, descrevendo o estado em que seencontra a obra; e, ato contínuo, intimará oconstrutor e os operários a que não continuem aobra sob pena de desobediência e citará oproprietário a contestar em 5 (cinco) dias a ação.

7.1 Natureza jurídica da determinação de embargo liminar

tutela antecipada

7.2 Justificação prévia

• Documental ou testemunhal, com ou sem designação de audiência de justificação

• Caso haja audiência: é conveniente a comunicação do denunciado (p. do contraditório)

7.3 multaArt. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento

§ 4o O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito.

7.4 Crime de desobediênciaDesobediência

Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:

Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.

Atenção: já se decidiu em jurisprudência que se o juiz comina pena pecuniária para o descumprimento, a parte que desafia tal

ameaça não comete o crime de desobediência

8. Rito:

Art. 939. Aplica-se a esta ação o disposto no art. 803.

Art. 803. Não sendo contestado o pedido, presumir-se-ão aceitos pelo requerido, como verdadeiros, os fatos

alegados pelo requerente (arts. 285 e 319); caso em que o juiz decidirá dentro em 5 (cinco) dias.

Parágrafo único. Se o requerido contestar no prazo legal, o juiz designará audiência de instrução e julgamento,

havendo prova a ser nela produzida.

9. Caução

Art. 940. O nunciado poderá, a qualquer tempo e emqualquer grau de jurisdição, requerer oprosseguimento da obra, desde que preste caução edemonstre prejuízo resultante da suspensão dela.

§ 1o A caução será prestada no juízo de origem,embora a causa se encontre no tribunal.

§ 2o Em nenhuma hipótese terá lugar oprosseguimento, tratando-se de obra novalevantada contra determinação de regulamentosadministrativos.

• Caução idônea

• Demonstração dos prejuízos resultantes da PARALISAÇÃO DA OBRA

Petição inicial

Concessão do embargo liminar ou justificação prévia

Expedição do mandado e formalização do auto de embargo

Intimação do construtor e citação do nunciado

Contestação

Prova pericial

Audiência de instrução e julgamento

Sentença

AÇÃO MONITÓRIA

Arts. 1.102-a, b e c do CPC

1. Introdução

• L. 9079/95

• Fusão de atos típicos de cognição e execução, com inversão do contraditório

2. Condições da ação monitória

• Legitimidade ad causam: credor e devedor

• Interesse de agir: inadimplemento + prova documental exigida por lei

Art. 1.102.a - A ação monitória compete a quem pretender, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa fungível ou de determinado bem móvel.

prova escrita sem eficácia de título executivo

• Prova documental escrita que não tipifique título executivo extrajudicial e que autorize uma “cognição mais rápida dos fatos pertinentes à causa e permita ao juiz, desde logo, a formação de um convencimento acerca da existência do crédito”

(Antonio Carlos Marcato, p. 297)

Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais:

I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores;(Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

III - os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como os de seguro de vida; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

IV - o crédito decorrente de foro e laudêmio; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

V - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VI - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

3. Petição Inicial

• Competência:

Foro do local do pagamento ou da entrega da coisa – CPC, art. 100, IV, d

ou

Foro do domicílio do réu – art. 94

Salvo se houver foro de eleição (art. 111)

• Petição inicial: - requisitos gerais

- requisitos especiais

4. O mandado monitório

• Emitido inaudita altera parte

• Eficácia similar à da sentença condenatória obtida no processo de cognição plena se o réu se omitir

• Provimento jurisdicional de natureza declarativa, idêntico, por natureza, àquele contido em uma sentença condenatória, cujos efeitos ficam acobertados pela autoridade da coisa julgada material

4.1 Requisitos do mandado monitório

Art. 1.102.b - Estando a petição inicial devidamente instruída, o Juiz deferirá de

plano a expedição do mandado de pagamento ou de entrega da coisa no prazo de quinze dias

4.2 Posições assumidas pelo réu, no prazo de 15 dias:

a) Cumprir voluntariamente o mandado

ficará isento das custas e verbas honorárias

Art. 1.102-C

§ 1o Cumprindo o réu o mandado, ficará isento de custas e honorários advocatícios.

b) Oferecer embargos

Art. 1.102-C. No prazo previsto no art. 1.102-B, poderá o réu oferecer embargos, que suspenderão a eficácia do mandado inicial.

§ 2o Os embargos independem de prévia segurança do juízo e serão processados nos próprios autos, pelo procedimento ordinário.

§ 3o Rejeitados os embargos, constituir-se-á, de pleno direito, o título executivo judicial, intimando-se o devedor e prosseguindo-se na forma prevista no Livro I, Título VIII, Capítulo X, desta Lei.

Embargos monitórios

• Natureza jurídica: ação x contestação

• Processamento: rito ordinário, sem necessidade de prévia segurança do juízo (penhora)

• Petição inicial

• Embargado apresentará impugnação

E se ficar inerte?

Julgamento dos embargos

• Rejeição liminar ou improcedência:

Art. 1.102-C, § 3o Rejeitados os embargos, constituir-se-á, de pleno direito, o título executivo judicial, intimando-se o devedor e prosseguindo-se na forma prevista no Livro I, Título VIII, Capítulo X, desta Lei.

• Acolhimento: - parcial

- total

CORREÇÃO DA PROVA

3º bimestre de 2010

1. (OAB-135) Constitui requisito exigido para a propositura da ação monitória

A) prova documental que seja título executivo extrajudicial.

B) prova testemunhal que ateste a veracidade do fato.

C) prova escrita pré-constituída sem eficácia de título executivo.

D) prova documental que demonstre a existência de crédito de natureza infungível.

Alternativa correta: C

Art. 1.102.A - A ação monitória compete a quem pretender, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, pagamento

de soma em dinheiro, entrega de coisa fungível ou de determinado bem móvel.

2. (OAB-129) Acerca do processo monitório, é correto afirmar:A) acolhida a inicial, o juiz ordenará a citação do réu para pagar ou entregar a coisa no prazo de 15 dias.B) acolhida a inicial, o juiz ordenará a intimação do réu para pagar ou entregar a coisa no prazo de 15 dias.C) desnecessária a intimação ou citação do réu para pagar ou entregar a coisa no prazo de 15 dias, pois basta a expedição do mandado monitório.D) o mandado monitório é idêntico ao relativo à ação executiva, de modo que o prazo para cumprimento da obrigação deve ser de 24 horas.

Alternativa correta: A

3. (OAB-129) Considere as afirmações a seguir, concernentes à ação de consignação em pagamento.

I. Se o devedor tiver dúvidas sobre quem deve receber o crédito, deverá propor a ação contra, necessariamente, todos os credores que disputam o crédito.

Correta: Art. 895, CPC: Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o pagamento, o autor requererá o depósito e a

citação dos que o disputam para provarem o seu direito.

II. Se o juiz concluir pela insuficiência do depósito, deverá determinar na sentença, sempre que possível, o montante devido, condenando o consignante ao respectivo pagamentoou depósito da coisa, valendo tal decisão como título executivo judicial que favorece o réu consignado. Isso se dá em razão da natureza dúplice da ação.

Correta: 897, § 2º, CPC: A sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que

possível, o montante devido, e, neste caso, valerá como título executivo, facultado ao credor promover-lhe a

execução nos mesmos autos.

III. Não cabe consignatória de prestação de coisa indeterminada. Se o devedor pretende ver a situação resolvida, deve valer-se da ação para tutela específica (art. 461, CPC), única forma de provocar o credor para que venha escolher a coisa.

Errada: Art. 894, CPC: Se o objeto da prestação for coisa indeterminada e a escolha couber ao credor, será

este citado para exercer o direito dentro de 5 (cinco) dias, se outro prazo não constar de lei ou do contrato, ou para

aceitar que o devedor o faça, devendo o juiz, ao despachar a petição inicial, fixar lugar, dia e hora em que se fará a

entrega, sob pena de depósito

IV. Admite-se a consignatória nas obrigações de trato sucessivo, podendo o devedor consignar o pagamento das prestações vencidas e das prestações vincendas . Quanto a estas, o devedor poderá depositar as prestações que forem vencendo no mesmo processo, desde que os depósitos sejam realizados no prazo de 5 dias contados da data dos respectivos vencimentos.

Correta: Art. 892, CPC: Tratando-se de prestações periódicas, uma vez consignada a primeira, pode o

devedor continuar a consignar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as que se forem vencendo, desde que os depósitos sejam efetuados até 5 (cinco) dias, contados

da data do vencimento

Pode-se dizer que(A) todas as afirmações estão corretas.(B) somente as afirmações I, II e III estão corretas.(C) somente as afirmações I, II e IV estão corretas.(D) todas as afirmações estão erradas.

Alternativa correta: C

4. (OAB-125) A ação de nunciação de obra nova não compete

(A) ao condômino, para impedir que o co-proprietário execute alguma obra necessária na coisa comum.(B) ao Município, a fim de impedir que o particular construa em contravenção da lei, do regulamento ou de postura.(C) ao condômino, para impedir que o co-proprietário execute alguma obra com prejuízo ou alteração da coisa comum.(D) ao proprietário ou possuidor, a fim de impedir que a edificação de obra nova em imóvel vizinho lhe prejudique o prédio, suas servidões ou fins a que é destinado.

Alternativa correta: A

Art. 934. Compete esta ação:

I - ao proprietário ou possuidor, a fim de impedir que a edificação de obra nova em imóvel vizinho Ihe prejudique o prédio, suas servidões ou fins a que é destinado;

II - ao condômino, para impedir que o co-proprietário execute alguma obra com prejuízo ou alteração da coisa comum;

III - ao Município, a fim de impedir que o particular construa em contravenção da lei, do regulamento ou de postura.

5. (OAB-122) Papiniano aciona consignação em pagamento em face de Suetônio e Semprônio, alegando dever a importância de R$ 12.000,00 (doze mil reais), mas duvidando quem seja o verdadeiro credor. A demanda deve ser

(A) admitida, cabendo ao juiz não somente analisar a procedência da consignatória, mas identificar quem é o credor.(B) liminarmente indeferida, na medida em que a ação de consignação em pagamento somente é admitida quando o credor se recusa a receber.(C) liminarmente indeferida, pois que o devedor neste caso deve propor demanda com o objetivo de identificar o verdadeiro credor e, posteriormente, se for o caso, ingressar com a consignação em pagamento.(D) admitida, mas nesse caso, julgada procedente, o valor depositado deverá ser arrecadado com bens de ausente.

Alternativa: A

Art. 898. Quando a consignação se fundar em dúvida sobre quem deva legitimamente receber, não comparecendo nenhum pretendente, converter-se-á o

depósito em arrecadação de bens de ausentes; comparecendo apenas um, o juiz decidirá de plano;

comparecendo mais de um, o juiz declarará efetuado o depósito e extinta a obrigação,

continuando o processo a correr unicamente entre os credores; caso em que se observará o

procedimento ordinário.

Romálio contratou, para auxiliá-lo no gerenciamento de seu patrimônio pessoal, os serviços da Canarinho Contabilidade Ltda. O contrato previra a possibilidade de sua denúncia unilateral, por qualquer das partes, "mediante a concessão de um pré-aviso de 30 (trinta) dias". Frustrados seus planos profissionais para o futuro próximo, Romálio resolveu, por conveniência própria, denunciar o contrato, convocando os representantes legais da Canarinho Contabilidade Ltda. e entregando-lhes carta, mediante recibo, notificando-os de sua intenção. Passados trinta dias, Romálio procurou a Canarinho Contabilidade Ltda. em sua sede (local do pagamento, segundo o contrato), para viabilizar o pagamento da última parcela e, para sua surpresa, a sociedade negou-se ao recebimento porque pretendia indenização maior, por lucros cessantes.

QUESTÃO: Na qualidade de advogado de Romálio, diligencie no afã de seus interesses. Atente que Romálio é domiciliado no Rio de Janeiro, ao passo que a Canarinho Contabilidade Ltda. tem sede em São Paulo, no bairro da Liberdade. O valor pretendido pela Canarinho é de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Fundamentaçãopontos indispensáveis

• Consignação em pagamento

• Recusa injustificada em receberArt. 335. A consignação tem lugar:

I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na

devida forma;

• Finalidade: para ver extinta a obrigação, para se ver exonerado da dívida (pagamento!)

PRESTAÇÃO DE CONTAS

Arts. 914 a 919, CPC

1. GeneralidadesObrigação de prestar contas:• Tutor em face do tutelado (arts. 1755 a 1762, CC)

• Curador em face do curatelado (arts. 1774 e 1783, CC)

• Sucessor provisório em relação aos bens do ausente (art. 33)

• Mandatário em face do mandante (art. 668)

• Testamenteiro em face dos herdeiros (arts. 991, VII, e 995, V do CPC)

• Curador em relação aos bens que integram a herança jacente (art. 1144, V, CPC)

• Advogado em relação ao constituinte (Art. 34, XXI, EOAB)

2. Legitimidade

• Quem tem direito de exigir as contas (ação de exigir contas, provocada)

• Quem esteja obrigado a prestar contas (ação de dar contas, espontânea)

Art. 914. A ação de prestação de contas competirá a quem tiver:

I - o direito de exigi-las;

II - a obrigação de prestá-las.

2.1 Natureza dúplice da ação

“Proposta a ação por um ou outro, o réu, tendo direito a deduzir em face do autor, não precisará

valer-se da via reconvencional (na verdade, carecerá da ação reconvencional por ausência de interesse de

agir), pois constatada, no curso do processo, a existência de saldo em favor de qualquer das partes,

a outra será condenada a pagá-lo. Forma-se título executivo judicial em favor do titular do crédito, mesmo não tendo sido ele o promovente da ação”

(Marcato in Procedimentos Especiais, p. 137)

3. Ação de exigir contas

• Autor: a pessoa que afirma o direito de tomá-las

• Réu: aquele alegadamente obrigado a prestá-las

• Procedimento: duas fases: na primeira, verifica-se a obrigação da prestação; na segunda, as contas serão prestadas

• Competência: foro do local onde se deu a gestão ou administração (art. 100, V, b, CPC)

Art. 100. É competente o foro:

V - do lugar do ato ou fato:

b) para a ação em que for réu o administrador ou gestor de negócios alheios.

3.1 Procedimento da ação de exigir contas (provocada)

PRIMEIRA FASE:

• Petição inicial: requisitos do 282, CPC

• Citação do réu para apresentar contas ou deduzir contestação em 5 (cinco) diasArt. 915. Aquele que pretender exigir a prestação

de contas requererá a citação do réu para, no prazo de 5 (cinco) dias, as apresentar ou contestar a ação.

posturas do réu

a) Apresenta as contas e não contesta: autor tem 5 dias para se manifestar – audiência de instrução e julgamento – sentença

915, § 1o Prestadas as contas, terá o autor 5

(cinco) dias para dizer sobre elas; havendo

necessidade de produzir provas, o juiz designará

audiência de instrução e julgamento; em caso

contrário, proferirá desde logo a sentença.

posturas do réu

b) Apresenta as contas e contesta o conteúdo das contas: autor tem 5 dias para se manifestar – audiência de instrução e julgamento – sentença

915, § 1o Prestadas as contas, terá o autor 5

(cinco) dias para dizer sobre elas; havendo

necessidade de produzir provas, o juiz designará

audiência de instrução e julgamento; em caso

contrário, proferirá desde logo a sentença.

posturas do réu

c) mantém-se inerte, deixando de prestar as contas ou contestar: juiz julga antecipadamente o pedido (330, II, CPC); a sentença de acolhimento impõe ao réu a obrigação de prestar as contas em 48 horas sob pena de não poder impugnar aquelas apresentadas pelo próprio autor

§ 2o Se o réu não contestar a ação ou não negar a obrigação de prestar contas, observar-se-á o disposto no art. 330; a sentença, que julgar procedente a ação, condenará o réu a

prestar as contas no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sob pena de não Ihe ser lícito impugnar as que o autor apresentar.

posturas do réu

d) Contesta e nega a obrigação de prestar as contas: audiência de instrução / sentença decidindo se o réu tem, ou não, a obrigação de prestar as contas, e, em caso positivo, condenando-o a prestá-las

não há previsão na lei

SEGUNDA FASE

• Transitada em julgado a sentença, réu deve apresentar as contas em 48 horas

- Se apresentá-las: 5 dias para que o autor se manifeste sobre elas (podendo o prazo ser prorrogado, a pedido)

- Se não as apresentar: autor apresenta as contas em 10 dias, vedada impugnação do réu

• Sentença: juiz decidirá, julgadas as contas, a respeito do saldo e condenará o devedor a pagá-lo, podendo ser exigido em execução forçada

914, § 3o Se o réu apresentar as contas dentro do prazo estabelecido no parágrafo anterior, seguir-se-á o

procedimento do § 1o deste artigo; em caso contrário, apresentá-las-á o autor dentro em 10 (dez) dias, sendo as contas julgadas segundo o prudente arbítrio do juiz, que poderá determinar, se necessário, a realização do exame

pericial contábil.

Art. 918. O saldo credor declarado na sentença poderá ser cobrado em execução forçada.

forma de apresentação das contas

Art. 917. As contas, assim do autor como do réu, serão apresentadas em forma mercantil, especificando-se as receitas e a aplicação das

despesas, bem como o respectivo saldo; e serão instruídas com os documentos

justificativos.

3.2 Procedimento da ação de dar contas (espontânea)

FASE ÚNICA

• Petição inicial: requisitos do 282, CPC + apresentação das contas, em forma mercantil e com a documentação devida

• Citação do réu para aceitar as contas ou contestar a ação, em 5 (cinco) diasArt. 916. Aquele que estiver obrigado a prestar

contas requererá a citação do réu para, no prazo de 5 (cinco) dias, aceitá-las ou contestar a ação.

posturas do réua) Aceita expressamente as contas: as contasserão julgadas em 10 dias, e a sentençaeventualmente poderá condenar empagamento de saldo devedor, valendo comotítulo executivo

Art. 916, § 1o Se o réu não contestar a ação ou se declarar que aceita as contas oferecidas, serão estas julgadas dentro de

10 (dez) dias.

+

Art. 918. O saldo credor declarado na sentença poderá ser cobrado em execução forçada.

posturas do réub) Se mantém inerte: configurada a revelia, o juiz julga antecipadamente o pedido, e a sentença eventualmente poderá condenar em pagamento de saldo devedor, valendo como título executivo

Art. 916, § 1o Se o réu não contestar a ação ou se declarar que aceita as contas oferecidas, serão estas julgadas dentro de

10 (dez) dias.

+

Art. 918. O saldo credor declarado na sentença poderá ser cobrado em execução forçada.

posturas do réuc) Oferecimento de contestação: o réu poderá impugnar as contas, apresentando as suas próprias; audiência de instrução e sentença, rejeitando ou acolhendo o pedido do autor

Art. 916, § 2o Se o réu contestar a ação ou impugnar as contas e houver necessidade de produzir provas, o juiz

designará audiência de instrução e julgamento

+

Art. 918. O saldo credor declarado na sentença poderá ser cobrado em execução forçada.

4. Prestação de contas por dependência

Art. 919. As contas do inventariante, do tutor, do curador, do depositário e de outro qualquer administrador serão prestadas em apenso aos autos do processo em que tiver sido nomeado

Caso o processo já esteja arquivado: as contas deverão ser prestadas por meio de ação autônoma, mas dirigidas ao juízo do processo principal

Fluxograma: ação de exigir contas

Petição inicial e citação do réu, que:

Apresenta as contas e não

contesta

Apresenta as contas e contesta

Autor se manifesta

sobre as contas Perícia contábil, se necessárioAutor se manifesta

sobre as contas e contestação

Sentença: contas são julgadas

Sentença: pedido

rejeitado ou réu

condenado a prestar

contas em 48 horas

Mantém-se inerte: é

decretada a revelia

Contesta e nega a obrigação de prestar as contas

Julgamento antecipado ou

audiência

Primeira Fase

Fluxograma: ação de exigir contas

Encerrada a PRIMEIRA FASE, com a condenação do réu à prestação de contas, ele

Presta-as em 48 horas. O autor

manifesta-se sobre elas

Omite-se. O autor

prestará as contas que entender

corretas, em 10 dias

Segunda Fase

Perícia contábil e

audiência, se necessárias

Sentença Final: As

contas são julgadas e, havendo saldo, o

devedor é condenado a pagá-lo.

Fonte: Marcato in Procedimentos Especiais, p. 146 e 147

Fluxograma: ação de dar contas

Fase única

Petição inicial

Citação do réu, que:

Aceita as contas prestadas pelo autor

Não contesta

Contesta e impugna as

contas

Perícia /Audiência, se necessárias

Sentença: as contas serão julgadas e

havendo saldo o devedor é obrigado a

pagá-lo

OAB EM PÍLULAS

revisão

José alienou a Antônio um veículo anteriormente

adquirido de Francisco. Logo depois, Antônio foi citado

em ação proposta por Petrônio, na qual este reivindicava

a propriedade do veículo adquirido de José.

Na situação hipotética apresentada, para a defesa de seus

direitos,

além de contestar, Antônio poderia

A) propor ação judicial contra José, pedindo que fosse

declarada a nulidade da compra e venda do veículo

reivindicado.

B) propor ação judicial contra Petrônio, pedindo que

fosse declarada a inexistência da compra e venda do

veículo reivindicado.

C) denunciar a lide contra José.

D) oferecer reconvenção contra Francisco.

RESPOSTA: Cevicção!

Art. 70. A denunciação da lide é obrigatória:

I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi transferido à parte, a fim de que esta possa exercer o direito que da evicção Ihe resulta;

De acordo com o Código de Processo Civil(CPC), na hipótese de afinidade de questões porum ponto de fato ou de direito, duas ou maispessoas podem litigar em conjunto no mesmoprocesso, tanto no pólo ativo como no passivo.Nessa situação, verifica-se o fenômenodenominado

A) litisconsórcio necessário.B) assistência simples.C) litisconsórcio unitário.D) litisconsórcio facultativo.

RESPOSTA: D

Art. 46. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando:

I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;

II - os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direito;

III - entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir;

IV - ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito.

Litisconsórcio necessário e unitário

Art. 47. Há litisconsórcio necessário,quando, por disposição de lei ou pelanatureza da relação jurídica, o juiz tiver

de decidir a lide de modo uniforme paratodas as partes; caso em que a eficáciada sentença dependerá da citação de

todos os litisconsortes no processo.

O dever de imparcialidade do magistrado é inerente ao exercício da jurisdição. A legislação processual civil prevê dois institutos por meio dos quais é possível afastar o juiz da demanda: o impedimento e a suspeição. Não se enquadra nas hipóteses de suspeição previstas no CPC o fato de

A) o juiz conhecer o processo contencioso ou voluntário em primeiro grau de jurisdição e ter-lhe proferido sentença ou decisão.

B) o juiz ser herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes.

C) alguma das partes ser credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes deste, em linha reta ou na colateral até terceiro grau.

D) o juiz ser interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes.

RESPOSTA: A

É hipótese de impedimento, e não de suspeição

Seção IIDos Impedimentos e da Suspeição

Art. 134. É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou voluntário:

I - de que for parte;II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou

como órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento como testemunha;III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido

sentença ou decisão;IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou

qualquer parente seu, consangüíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau;

V - quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau;

VI - quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte na causa.

Art. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando:

I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu

cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau;

III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes;

IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio;

V - interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes.

Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo íntimo.

A interrupção da prescrição operada em razão da citação válida é o efeito material dessa espécie de comunicação dos atos processuais, o qual

A) não retroage.

B)retroage à data do despacho que ordena a citação.

C) retroage à data da propositura da ação.

D) retroage à data da propositura da ação somente se o réu contestar.

RESPOSTA: C

Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

§ 1o A interrupção da prescrição retroagirá à data da propositura da ação.(Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

Não se inclui entre as hipóteses de cabimento do procedimento sumário previsto no CPC

A) a cobrança de honorários profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislação especial.

B) o arrendamento rural e de parceria agrícola.

C) a interdição de pessoa idosa.

D) o ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico.

RESPOSTA: C

Art. 275. Observar-se-á o procedimento sumário: (Redação dada pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995)I - nas causas cujo valor não exceda a 60 (sessenta) vezes o valor do salário mínimo; (Redação

dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)II - nas causas, qualquer que seja o valor (Redação dada pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995)a) de arrendamento rural e de parceria agrícola; (Redação dada pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995)b) de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio; (Redação dada pela

Lei nº 9.245, de 26.12.1995)c) de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico; (Redação dada pela Lei nº 9.245, de

26.12.1995)d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre; (Redação dada pela

Lei nº 9.245, de 26.12.1995)e) de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo, ressalvados os

casos de processo de execução; (Redação dada pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995)f) de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislação

especial; (Redação dada pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995)g) que versem sobre revogação de doação; (Redação dada pela Lei nº 12.122, de 2009).h) nos demais casos previstos em lei. (Incluído pela Lei nº 12.122, de 2009).

Parágrafo único. Este procedimento não será observado nas ações relativas ao estado e à capacidade das pessoas. (Redação dada pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995)

Da decisão recorrida que julgar válida, em única ou última instância, lei local contestada em face de lei federal, é cabível recurso

A) extraordinário.

B) ordinário ao STF.

C) ordinário ao STJ.

D) especial.

RESPOSTA: A

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:

a) contrariar dispositivo desta Constituição;b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em

face desta Constituição.d) julgar válida lei local contestada em face de lei

federal. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

O executado José, logo depois de intimado daformalização da penhora e da avaliação de bens,requereu ao juiz a expedição de guia para consignar aimportância atualizada da dívida, mais juros, custas ehonorários advocatícios. Nessa situação hipotética,segundo entendimento doutrinário, o ato processualrequerido denomina-se

A) impugnação da execução.B) remição da execução.C) usufruto de bens.D)remissão de bens.

RESPOSTA: B

Art. 651. Antes de adjudicados ou alienados os bens,

pode o executado, a todo tempo, remir a execução,

pagando ou consignando a importância atualizada da dívida, mais juros, custas e honorários

advocatícios. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de

2006).

• Remissão x remição

• Impugnação

• usufruto

A alienação de bem imóvel penhorado requerida pelo exeqüente constitui

A) fraude de execução.

B) fraude contra credores.

C) adjudicação de bem.

D) alienação de bem por iniciativa particular.

RESPOSTA: B

Art. 593. Considera-se em fraude de execução a alienação ou oneração de bens:

I - quando sobre eles pender ação fundada em direito real;

II - quando, ao tempo da alienação ou oneração, corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo à insolvência;

III - nos demais casos expressos em lei.

Fraude contra credores: 158 a 165, CC

Da Fraude Contra Credores

Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de

dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido àinsolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.

§ 1o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.

§ 2o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear

a anulação deles....

USUCAPIÃO

• CPC, arts. 941 a 945: usucapião ordinária e extraordinária

• Lei nº 6969/81 + CF, art. 191: usucapião especial rural

• Lei nº 10.257/01 + CF, art. 153: usucapião especial urbana (individual e coletiva)

1. Aspectos gerais da usucapião

• Modo de aquisição da propriedade e outros direitos reais pela posse prolongada da coisa

• Prestigia a posse mansa e pacífica em detrimento da propriedade ociosa e descuidada, em nome da função social da propriedade

• Fundamentos: inércia do proprietário + função social da propriedade

• Modo de aquisição: originário ou derivado? Repercussão: não se verifica o fato gerador par aa incidência do ITBI(justamente por não haver transmissão da propriedade)

• A coisa é adquirida livre de qualquer ônus real que porventura lhe recaísse, mas não está a salvo dos tributos incidentes sobre ela própria (obrigações propter rem)

2. Coisas e direitos sujeitos ou não à usucapião

• Propriedade, móvel ou imóvel

• Outros direitos reais, tais como servidões, usufruto e uso

• Direitos pessoais não são suscetíveis de exercício de posse, logo, não são usucapíveis

• Bens públicos: não podem ser usucapidos, por expressa previsão constitucional (art. 183, § 3º)

• Exceção quanto aos bens públicos: terras devolutas que, a teor do disposto no art. 2º, L. 6969/81, sujeitam-se à usucapião rural –apenas entre 1981 e 1988!

• Bens públicos: bens pertencentes às pessoaspolíticas (União, Estados, Municípios eDF), os de propriedade das pessoas jurídicasda Administração Pública indireta(autarquias e fundações públicas), excluídosos bens das empresas públicas esociedades de economia mista (que sãopessoas jurídicas de direito privado, excetoaquelas exploradoras de atividadeeconômica)

• Bem em condomínio: pode ser usucapido por um dos condôminos?

Tratando-se de condomínio indivisível, se aposse exercida por um condômino éexclusiva, tem ela o condão de afastar a dosdemais e, portanto, elidir o condomínio.

Se, por outro lado, o condomínio é divisível ea coisa já se encontra delimitada no planofático, não há que se falar em usucapião.

* Áreas comuns de condomínios edilícios: não há possibilidade de se operar a usucapião, já que eventual ocupação é vista como mero

ato de tolerância. Havendo decurso prolongado de tempo, pode haver supressio

(que não se confunde com a usucapião, por não ser forma de aquisição da propriedade)

• Bens insuscetíveis de usucapião em virtude de especial qualidade do proprietário e do usucapiente:

- imóvel pertencente a absolutamente incapaz

- não há usucapião em favor de um dos cônjuges de bem pertencente ao outro, na constância do casamento

• Bem de família: havendo mudança ou abandono, é suscetível de usucapião (STJ, Resp 174.108/SP)

2. Requisitos essenciais: posse e decurso do tempo

• Posse: exercício de fato, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade

• Posse ad usucapionem: posse qualificada pelo animus domini, ou intenção de dono (teoria subjetiva de Savigny)

• Mansa, pacífica e contínua – não pode haver resistência ou oposição à posse do usucapiente

• Continuidade: destaca-se que há possibilidade de que o usucapiente agregue à sua posse aquela exercida em época anterior, por meio da:

- sucessio possessionis

- accessio possessionis

3. Requisitos exclusivos da usucapião ordinária: justo título e

boa-fé

• Justo título: instrumento que, aos olhos de qualquer pessoa minimamente cuidadosa, se reputa idôneo a produzir a transferência da propriedade ou do direito real almejado mas que, na verdade, contém vício que impede o alcance do seu desiderato

- ex: compra e venda levada a efeito por aquele que não é dono da coisa

• Boa-fé: estado de ilusão em que se encontra o possuidor, que crê ser o dono da coisa ou titular do direito por ignorar o vício que impede a efetiva aquisição. O usucapiente acredita ter adquirido a coisa mediante título hábil e nem imagina que este se encontra contaminado de irregularidade capaz de impedir a aquisição da coisa

4. Requisitos exclusivos à usucapião especial

• Possuir a coisa com animus domini

• Usucapiente faz da coisa sua moradia ou local de trabalho (usucapião como instrumento de justiça social)

• População de baixa renda no caso de usucapião especial coletiva

• Requisito de índole espacial (até 250m2 ou 50 hectares, no caso de especial rural)

5. Espécies de Usucapião

5.1 Usucapião Extraordinária:

- Modalidade mais tradicional de aquisição da propriedade por usucapião

- Posse mansa, pacífica, ininterrupta e com animus domini pelo prazo de 15 anos (Art. 1238, CC) – independentemente de justo título e boa-fé

Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu

um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé;

podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.

5.2 Usucapião Ordinária

- assenta-se em negócio jurídico celebrado pelo possuidor que, acreditando ser o proprietário da coisa, exerce posse de boa-fé baseada em título que não é hábil a operar a transmissão da propriedade

- Posse mansa, pacífica e ininterrupta, com animus domini, por mais de 10 anos (art. 1242, CC)

Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e

incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.

Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel

houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo

cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem

estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e

econômico.

5.3 Usucapião especial urbana – análise do Estatuto da Cidade

- Posse mansa, pacífica, com animus domini

por 5 anos, residência no imóvel e área de no máximo 250 m2

- Instrumento de política urbana e de justiça social, na medida em que prestigia o possuidor que utiliza o imóvel como sua moradia e de sua família, ao mesmo tempo que promove a urbanização racional

• Observações:

- No que tange à área a ser usucapida, não se admite que o possuidor de imóvel de maior dimensão exerça a pretensão somente quanto ao teto constitucional de 250m2, usucapindo somente parte do prédio

- Poderá ser obtida somente uma única vez

- Caráter pessoal da posse – só se fala em sucessio possessionis, e não em acessio

• Usucapião coletiva: áreas urbanas com mais de 250m2, ocupadas por população de baixa renda para sua moradia, por 5 anos ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, são suscetíveis de serem usucapidas coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural

Art. 10. As áreas urbanas com mais de duzentos e cinqüenta metros quadrados, ocupadas por população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural.

§ 1o O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo, acrescentar sua posse à de seu antecessor, contanto que ambas sejam contínuas.

§ 2o A usucapião especial coletiva de imóvel urbano será declarada pelo juiz, mediante sentença, a qual servirá de título para registro no cartório de registro de imóveis.

§ 3o Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal de terreno a cada possuidor, independentemente da dimensão do terreno que cada um ocupe, salvo hipótese de acordo escrito entre os condôminos, estabelecendo frações ideais diferenciadas.

§ 4o O condomínio especial constituído é indivisível, não sendo passível de extinção, salvo deliberação favorável tomada por, no mínimo, dois terços dos condôminos, no caso de execução de urbanização posterior à constituição do condomínio.

§ 5o As deliberações relativas à administração do condomínio especial serão tomadas por maioria de votos dos condôminos presentes, obrigando também os demais, discordantes ou ausentes.

5.4 Usucapião especial rural

- CF, 191; CC, 1239; L. 6969/81

- Posse de área localizada em zona rural não superior a 50 hectares, por cinco anos ininterruptos, desde que seja tornada produtiva pelo trabalho do possuidor ou de sua família, que lá fixarem sua moradia, vedada a propriedade de outro imóvel

- Critério da localização, e não da destinação do imóvel

6. Procedimento da ação de usucapião

• O procedimento previsto no CPC é restrito às modalidades de usucapião de terras particulares

• Usucapião constitucional urbana (individual e coletiva) ou rural serão processadas pelo rito sumário

6.1 Legitimação

• Legitimado ativo: possuidor que, com animus domini, alegue ter completado o tempo necessário à usucapião, bem como preenchido os requisitos específicos. Isoladamente ou em litisconsórcio (art. 12, I, L. 10.257). Lembrar do inc. III, que permite a atuação da associação de moradores como substituta processual

Art. 12. São partes legítimas para a propositura da ação de usucapião especial urbana:

I – o possuidor, isoladamente ou em litisconsórcio originário ou superveniente;

II – os possuidores, em estado de composse;

III – como substituto processual, a associação de moradores da comunidade, regularmente constituída, com personalidade jurídica, desde que explicitamente autorizada pelos representados.

• Legitimado passivo: réus certos, réus incertos e eventuais interessados. A pessoa em nome de quem estiver registrado o imóvel também deve ser citada. Litisconsórcio passivo necessário.

Art. 942. O autor, expondo na petição inicial o fundamento do pedido e juntando planta do imóvel, requererá a citação daquele em cujo nome estiver registrado o imóvel usucapiendo, bem como dos confinantes e, por edital, dos réus em lugar incerto e dos eventuais interessados, observado quanto ao prazo o disposto no inciso IV do art. 232.

Citação, em resumo:

1. Daquele em cujo nome estiver registrado o imóvel

2. Confinantes

3. Réus em lugar incerto (por edital)

4. Eventuais interessados (por edital)

6.2 Competência

• Justiça competente: Estadual, via de regra. Caso a União manifeste interesse na causa, Justiça Federal

Quem define se há ou não interesse do ente público no litígio?

Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a

presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas. (150, STJ)

• Foro competente: da situação do imóvel (competência absoluta)

Art. 95. Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro da situação da coisa.

Pode o autor, entretanto, optar pelo foro do domicílio ou de eleição, não recaindo o litígio sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e

demarcação de terras e nunciação de obra nova.

* atenção: usucapião especial rural: J.Estadual, mesmo em demanda versandousucapião de terras devolutas cujo períodoaquisitivo tenha sido cumprido antes da CF/88(art. 4º, L. 6969/91)

Art. 4º - A ação de usucapião especial será processada e julgada na comarca da situação do

imóvel.

§ 1º - Observado o disposto no art. 126 da Constituição Federal, no caso de usucapião especial em terras devolutas federais, a ação será promovida na comarca da situação do imóvel, perante a Justiça do Estado, com recurso para o Tribunal Federal de Recursos, cabendo ao Ministério Público local, na

primeira instância, a representação judicial da União.

6.3 Petição Inicial

• Requisitos do 282 e 283, CPC (genéricos)

• Requisitos específicos do 942 e 943

Art. 282. A petição inicial indicará:

I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida;

II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu;

III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;

IV - o pedido, com as suas especificações;

V - o valor da causa;

VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;

VII - o requerimento para a citação do réu.

Art. 283. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação.

Art. 942. O autor, expondo na petição inicial o fundamento do pedido e juntando planta do imóvel, requererá a citação daquele em cujo nome estiver registrado o imóvel usucapiendo, bem como dos confinantes e, por edital, dos réus em lugar incerto e dos eventuais interessados, observado quanto ao prazo o disposto no inciso IV do art. 232. (Redação dada pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994)

Art. 943. Serão intimados por via postal, para que manifestem interesse na causa, os representantes da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios.

* atenção: usucapião especial urbano e rural –processo observará o rito sumário (Art. 14. Na ação judicial de usucapião especial de imóvel urbano, o rito processual a ser observado é o sumário). Logo, o autor deverá indicar de plano o rol de testemunhas e, se requerer perícia, deverá indicar assistente técnico e formular quesitos

6.4 Participação do Ministério Público

Art. 944. Intervirá obrigatoriamente em todos os atos do processo o Ministério Público.

Art. 83. Intervindo como fiscal da lei, o Ministério Público:

I - terá vista dos autos depois das partes, sendo intimado de todos os atos do processo;

II - poderá juntar documentos e certidões, produzir prova em audiência e requerer medidas ou

diligências necessárias ao descobrimento da verdade.

6.5 Respostas dos réus

• Citados todos os réus, o prazo para resposta começará a fluir a partir da juntada do último mandado cumprido ou último AR (art. 241, III)

• Os réus poderão apresentar contestação e exceções de incompetência relativa, suspeição ou impedimento

• Quanto à reconvenção, a doutrina majoritária entende não ser cabível, haja visto que a ação de usucapião está sujeita a procedimento especial e encerra questões muito particulares

• Litisconsórcio simples: a contestação apresentada por um dos réus não afasta os efeitos da revelia quanto aos demais

6.6 Instrução

• O espectro de meios probatórios nas ações de usucapião é amplo, abrangendo prova documental, testemunhal e pericial (quando a controvérsia se assenta sobre a dimensão do imóvel ou sua natureza)

6.7 Sentença

• Declaratória ou constitutiva?

Art. 945. A sentença, que julgar procedente a ação, será transcrita, mediante mandado, no registro de imóveis, satisfeitas as obrigações

fiscais.

6.8 Usucapião como matéria de defesa

237, STF: O usucapião pode ser argüido em defesa.

Exceção? L. 6969/81 e 10.257/01: a sentença que acolher a alegação de usucapião formulada na defesa pode ser levada a registro imobiliário

Art. 13. A usucapião especial de imóvel urbano poderá ser invocada como matéria de defesa, valendo a sentença que a reconhecer

como título para registro no cartório de registro de imóveis.

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