direito marÍtimo contemporÂneo era prÉ-sal · 2015. 6. 24. · keywords: maritime law, pre-salt,...
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MARINHA DO BRASIL
CENTRO DE INSTRUÇÃO ALMIRANTE GRAÇA ARANHA
CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS DA MARINHA MERCANTE
PATRÍCIA COTA LIMA
DIREITO MARÍTIMO
CONTEMPORÂNEO
ERA PRÉ-SAL
RIO DE JANEIRO
2013
PATRÍCIA COTA LIMA
DIREITO MARÍTIMO CONTEMPORÂNEO: Era Pré-sal
Monografia apresentada como exigência para obtenção
do título de Bacharel em Ciências Náuticas do Curso de
Formação de Oficiais de Náutica da Marinha Mercante,
ministrado pelo Centro de Instrução Almirante Graça
Aranha.
Orientador (a): 1 Ten (RM2-T) Marcelo Neves
Rio de Janeiro
2013
PATRÍCIA COTA LIMA
DIREITO MARÍTIMO CONTEMPORÂNEO: Era Pré-sal
Monografia apresentada como exigência para obtenção
do título de Bacharel em Ciências Náuticas do Curso de
Formação de Oficiais de Náutica da Marinha Mercante,
ministrado pelo Centro de Instrução Almirante Graça
Aranha.
Orientador (a): 1 Ten (RM2-T) Marcelo Neves
Rio de Janeiro
2013
Dedico este trabalho a minha mãe, Eline, que
esteve ao meu lado em todos os momentos,
que nunca duvidou do meu potencial e
investiu tempo, recursos, atenção, carinho e
amor para me proporcionar a oportunidade de
construir meu projeto de vida profissional.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus que me guiou durante minha caminhada e me sustentou
até o término deste curso. Aos meus pais e ao Gilmar que me incentivaram e apoiaram mediante
todas as dificuldades. Ao meu namorado, Arthur, que esteve sempre presente com gestos e
palavras que tornaram minha rotina mais leve. Aos meus amigos desta Escola, que foram o meu
suporte fundamental e que com os quais passei três maravilhosos anos que marcaram para
sempre minha existência.
RESUMO
Este trabalho faz referência às leis e especificações do Direito Contemporâneo Marítimo,
dando ênfase na questão atual que se baseia na descoberta do Pré-sal brasileiro e nas estruturas e
embarcações offshore que servem de fortes pilares ao desenvolvimento da Marinha Mercante
Brasileira e por consequência da nossa economia, a qual está intrinsecamente ligada à exploração
dos recursos do nosso subsolo marinho, de onde extraímos petróleo e gás.
Dividida em seis capítulos, esta monografia trata, além do que foi citado, de assuntos
polêmicos e delicados como soberania, conceitos e definições de espaços marítimos, funções e
limitações de cada área. Discorre sobre algumas normas e regulamentos, como a CNUDM
(Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar) e a Lei 8617/93, que irão definir
disputas e reivindicações e que serão diretrizes para investigação cientifica marinha, cooperação
tecnológica entre os Estados, proteção ao meio ambiente marinho e penalidades.
Palavras-chave: Direito Marítimo, Pré-sal, Estruturas e embarcações offshore, CNUDM,
Lei 8617/93.
ABSTRACT
This work makes reference to the laws and specifications of Contemporary Maritime
Law, with an emphasis on current issue that is based on the discovery of the pre-salt deposits and
offshore vessels and structures that serve as strong pillars for the development of Brazilian
merchant marine and consequently our economy, which is inextricably linked to the exploitation
of our seabed, from which we extract oil and gas.
Divided into six chapters, this monograph treats, beyond what was quoted, delicate and
controversial issues such as sovereignty, concepts and definitions of maritime spaces, functions
and limitations of each area. Outlines some rules and regulations, such as UNCLOS (United
Nations Convention on the Law of the Sea) and the Law 8617/93, which will define disputes and
claims and will be guidelines for marine scientific research, technological cooperation between
states, marine environment protection and penalties.
Keywords: Maritime Law, Pre-salt, offshore structures and vessels, UNCLOS, Law
8617/93.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I – DIREITO MARÍTIMO CONTEMPORÂNEO 10
1.1- Aspectos conceituais 10
1.2 - Classificação do direito marítimo 11
1.2.1- Direito público marítimo 11
1.2.2- Direito internacional público marítimo 12
1.2.3- Direito internacional marítimo de exploração e produção de petróleo e gás 13
1.2.4- Direito marítimo público interno 13
1.2.5- Direito marítimo privado 13
1.2.6- Direito marítimo privado internacional 14
1.3- Direito internacional do petróleo e gás ou direito do comércio internacional do petróleo e a
lex petrolea 14
1.3.1- Direito do petróleo e gás 15
CAPÍTULO II – CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DIREITO NO MAR
(CNUDM)............................................................................................................................. .16
2.1- Espaços Marítimos..........................................................................................................16
2.2- Principais determinações da CNUDM............................................................................22
CAPÍTULO III – A LEI 8.617/93..........................................................................................25
CAPÍTULO IV – PRÉ-SAL 27
4.1- Pré-sal brasileiro 27
4.2- Geração de empregos 28
4.3- Construção e reparos e desafios do pré-sal 29
CAPÍTULO V – MARINHA MERCANTE DO BRASIL 31
5.1- Das perspectivas da Marinha Mercante Brasileira no cenário mundial 33
5.2- A política de apoio ao desenvolvimento da Marinha Mercante Brasileira 35
CAPÍTULO VI – NAVEGAÇÃO DE APOIO MARÍTIMO 36
6.1- Plataformas Petrolíferas Offshore 36
6.2- Tipos de embarcações de apoio à indústria offshore 39
CONSIDERAÇÕES FINAIS 43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 44
9
INTRODUÇÃO
Independentemente da divisão e/ou do conceito que se proponha ao direito marítimo, é
importante frisar que a atividade empresarial da navegação exige conhecimento de direito, de
todas as regras internacionais do direito internacional privado e público, principalmente as regras
atinentes ao direito do mar, bem como os usos e os costumes.
A Marinha Mercante nacional é um setor de natureza estratégica: garante o
funcionamento do comércio exterior do país, influencia a competitividade das exportações,
contribui para o equilíbrio da balança de serviços e para a circulação equilibrada da economia
doméstica e assegura a soberania do Brasil em situações de crise e emergência interna. A
Marinha Mercante Brasileira atua dessa forma eficaz, mostrando-se presente e ativa
principalmente na parte de operação das plataformas e de navios que servem de transporte para o
petróleo e para o gás, o que vem, atualmente, impulsionando a economia brasileira.
A maioria das normas no Direito da Navegação é elaborada pela IMO e no Brasil aplicadas
pela Diretoria de Portos e Costas (DPC), subordinada ao Comando da Marinha e Ministério da
Defesa, regulamentando o tráfego e visando a segurança da navegação. Por sua vez, no Direito
Marítimo, por ser mais abrangente, há normas de ordem pública e privada, aplicando-se os preceitos
do Direito da Navegação acrescidas dos institutos do direito privado, especialmente do Direito
Comercial e Direito Civil.
Assim, a soberania dos países representados nas bandeiras das embarcações que transitam
pelo mundo, e as regras que devem ser cumpridas, em virtude das convenções internacionais,
também transbordam influências para o direito marítimo interno do Brasil.
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CAPÍTULO 1
DIREITO MARÍTIMO CONTEMPORÂNEO
1.1 Aspectos conceituais
O conceito, a abrangência e a natureza jurídica do direito marítimo são rodeados de
complexidade e diversidade de entendimentos.
O direito marítimo sofreu, ao longo da história, uma série de alterações substanciais e
polêmicas relativas à determinação cientifica de seus conceitos e especificidade de objetivo e
classificação. Historicamente, o direito marítimo surgiu como um conjunto de normas de
natureza especial.
Em regime jurídico apartado, o direito do mar consolida o conceito de ramo do direito
que contempla o regime jurídico do mar e abrange o domínio marítimo da soberania e jurisdição.
Na regulação do tráfego marítimo se constata a intervenção dos Estados na codificação
da navegação, jurisdição e soberania, e segurança da navegação. Na esfera internacional, as
normas relativas ao tráfego marítimo são sistematizadas pelas normas de direito internacional
público, essencialmente na codificação do direito do mar. No âmbito interno, estão disciplinadas
pelo direito público marítimo, cujo foco regulatório se centra em paradigmas da regulação
internacional, política marítima, soberania e jurisdição, segurança e sustentabilidade,
desenvolvimento do comércio, competitividade da Marinha Mercante e impactos na economia de
mercado.
Na regulação do tráfico marítimo prepondera o fator econômico, e a codificação se opera
por normas de direito privado.
No direito internacional privado marítimo, as normas relativas ao tráfico marítimo visam
solucionar conflitos atinentes à jurisdição e à aplicação de leis de estados distintos. No âmbito do
direito privado marítimo interno, a regulação se centra sobre a indústria shipping e as regulações
jurídicas decorrentes da exploração mercantil da navegação, compreendendo armação,
propriedade naval, exploração dos navios e contratos de seguros, fretamentos, riscos e contratos,
mercado de fretes, indústria de construção naval, aspectos logísticos e de eficiência e estrutura
portuária.
11
No século XXI, é evidenciada a tese que sustenta a configuração do modelo direito
marítimo como um todo unitário que contempla o regime jurídico do mar e o regime jurídico
marítimo. Em uma visão contemporânea, descarta-se a clássica divisão e consolida-se o direito
marítimo como um direito especial e autônomo.
Na universalidade jurídica, consolidados os paradigmas, tornou-se sólida a premissa de o
direito marítimo, em sentido amplo, abordar o complexo de regras jurídicas que regulam o
comércio marítimo e a navegação pelo mar.
Nessa ótica, descartam-se as teorias da unificação do direito de navegação e abandona-se
a clássica divisão em direito marítimo público ou privado. Consolida-se a especialidade, a
maritimidade, a autonomia e a internacionalidade do direito marítimo contemporâneo.
Nessa nova concepção do direito marítimo, como o conjunto de relações jurídicas
emanadas do mar, deverá ser pautada a revisão das fontes normativas e a regulação internacional
do direito marítimo.
1.2 - Classificação do direito marítimo
Tem-se consolidado a tendência contemporânea que abandona a tradicional classificação
do direito marítimo como direito misto e considera que o mar não se enquadra em parâmetros de
distinção de direito público e direito privado.
“Não obstante tal tendência, a tradicional teoria de classificação do direito marítimo público e privado ainda
persiste, conquanto por sua operacionalidade pragmática.” [Eliane Martins, 2013]
Considerando esse cenário, há de se analisar, posto que para fins de mera
contextualização teórica, a interdisciplinariedade do direito marítimo e a clássica categorização
em direito marítimo público, regulamentando o tráfego marítimo, e direito marítimo privado,
sistematizando o tráfico marítimo e as relações emanadas do mercado shipping.
1.2.1- Direito público marítimo
O direito público marítimo é responsável por normatizar as relações emergentes das
relações marítimas atinentes ao tráfego marítimo e à intervenção dos Estados nas regras de
12
navegação, jurisdição e soberania, e segurança da navegação, salvaguarda da vida humana, do
navio e da carga.
1.2.2- Direito internacional público marítimo
O direito internacional público marítimo é o ramo que determina as normas que os
Estados devem seguir em suas relações e as regras atinentes ao tráfego marítimo internacional.
Nesse contexto, contempla o princípio da liberdade dos mares, a segurança da navegação em
alto-mar e a proteção ao meio ambiente marinho, assim como questões conexas.
Como pela própria designação se infere, enquadram-se nesse rol a Convenção das Nações
Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM III), o Regulamento Internacional para evitar
Abalroamento no Mar (RIPEAM), a Convenção Internacional para a salvaguarda da Vida
Humana no mar (SOLAS), as convenções internacionais relativas à poluição marinha
(MARPOL, OILPOL), entre outras.
Há que suscitar, por oportuno, que o direito internacional público marítimo e o direito do
mar configuram a mesma disciplina jurídica.
O direito internacional público marítimo contempla normas relativas aos Estados em suas
relações, regras atinentes ao tráfego marítimo internacional, o princípio de liberdade dos mares, a
segurança da navegação em alto-mar e a proteção do meio ambiente marinho.
O direito do mar regulamenta, especificamente, o tráfego internacional em alto-mar e
demais áreas, além de consagrar a soberania e a jurisdição dos Estados, especialmente nos
termos dos dispositivos da CNUDM III, que fundamentalmente, deverá delimitar a natureza e a
extensão do domínio marítimo. O conceito de direito do mar abrange o conjunto das normas
legais que visam reger o uso do mar, atuando na prevenção e solução de conflitos.
Revela-se, portanto, que o direito do mar pode ser considerado um ramo do direito
internacional público marítimo.
13
1.2.3- Direito internacional marítimo de exploração e produção de petróleo e
gás
O direito internacional marítimo de exploração e produção de petróleo e gás é o ramo que
determina as normas que devem pautar a exploração e explotação de petróleo e gás no mar.
Nesse contexto, contempla, essencialmente, os direitos de soberania e jurisdição na plataforma
continental e o regime de exploração na área.
1.2.4- Direito marítimo público interno
No âmbito do direito marítimo público interno, enquadram-se as normas nas quais
prepondera especial presença do poder estatal no tráfego e tráfico marítimos dentre dos limites
da jurisdição nacional. Abrange os ramos do direito marítimo administrativo, direito marítimo
penal, direito marítimo processual, direito marítimo constitucional, direito do trabalho marítimo,
direito tributário marítimo e direito processual marítimo.
1.2.5- Direito marítimo privado
O direito marítimo privado regulamenta as normas que estabelecem as relações
particulares que nascem como decorrência do tráfico marítimo. Subdivide-se em direito privado
marítimo internacional e interno.
O direito marítimo realiza-se sob o ponto de vista operacional, no âmbito das normas
mercantis nacionais (normas internas), das regras objetivas internacionais (usos e costumes do
comércio internacional) e dos tratados internacionais atinentes ao comércio internacional.
As normas do tráfico internacional estão disciplinadas pelo direito internacional privado
marítimo e, internamente, pelo direito empresarial (comercial) marítimo.
14
1.2.6- Direito marítimo privado internacional
O direito marítimo privado internacional contém normas atinentes ao comércio marítimo
internacional e as relações jusprivatistas decorrentes dos contratos marítimos de transporte,
fretamento, seguro, rebocagem, assistência, praticagem, construção, compra e venda de navios.
Sob a égide do direito internacional privado se insere, ainda, as regras concernentes à
indústria do petróleo e gás.
1.3- Direito internacional do petróleo e gás ou direito do comércio
internacional do petróleo e a lex petrolea
O direito internacional do petróleo e gás pode ser considerado o ramo do Direito que
sistematiza normas específicas relacionadas ao comércio internacional e ao transporte de
petróleo e gás, à propriedade e exploração comercial das plataformas marítimas, à construção e
reparos, às atividades de apoio, à rebocagem e demais contratos internacionais na indústria
offshore que podem ser consideradas no contexto da indústria do petróleo e gás, designada como
lex petrolea.
Destaca-se o fato de que a lex petrolea possui um caráter transnacional, não se
vinculando a nenhum ordenamento jurídico nacional, o que facilita a sua aceitação por parte dos
Estados hospedeiros, bem como das empresas transnacionais atuantes no setor.
A lex petrolea se consubstancia em um conjunto de regras transnacionais desenvolvidas
pelos integrantes do comércio internacional do petróleo, como uma das vertentes especializadas,
uma subespécie da lex mercatoria.
A lex mercatoria é considerada, em geral, um conjunto de regras transnacionais
desenvolvidas pelos integrantes do comércio internacional, “um conjunto de procedimentos que
possibilita adequadas soluções para as expectativas do comércio internacional, sem conexões necessárias com os
sistemas nacionais e de forma juridicamente eficaz.” [Strenger, 1991]
Consolida-se em fonte do direito do comércio internacional do petróleo, que se manifesta
em um conjunto de fontes específicas consideradas na petroleum industry: os princípios gerais
do direito; as práticas e usos do comércio; os contratos-tipo; o direito consuetudinário e a
jurisprudência arbitral.
15
Na praxis contratual internacional, destacam-se os contratos-tipo da indústria do petróleo
concernentes aos contratos de concessão, o contrato de partilha, o acordo de participação e o
contrato de serviço.
A jurisprudência arbitral tem se consolidado como importante fonte da lex petrolea,
sendo considerada seu principal campo de incidência. São evidenciados diversos precedentes
reconhecendo, no mérito da controvérsia, a aplicabilidade da lex petrolea manifestada em laudos
arbitrais, tanto de forma exclusiva, como subsidiária.
Na maioria dos litígios da indústria do petróleo, evidencia-se cláusula compromissória da
Association of International Petroleum Negotiators (AIPN), com ampla tradição jurisprudencial,
apesar do seu caráter confidencial. Seguindo a tendência evidenciada nos litígios julgados no
contencioso arbitral e lex mercatoria, a lex petrolea geralmente é admitida como fonte
subsidiária de interpretação, não como direito autônomo.
A lex petrolea foi referenciada pela primeira vez no leading case da Arabian American
Oil Co. (Aramco) versus Arabia Saudita, em 1958, julgado por Tribunal Arbitral que entendeu
que a lei nacional aplicável ao caso deveria ser interpretada complementada pelos princípios
gerais do direito, pelos costumes e pelas práticas da indústria do petróleo.
1.3.1 Direito do petróleo e gás
O direito do petróleo e gás se consubstancia em ramo do direito misto que consigna
vertentes de direito público e privado. Na esfera privada, o direito do petróleo e gás sistematiza
normas específicas relacionadas ao comércio e transporte do petróleo e gás, propriedade e
exploração comercial das plataformas marítimas, construção e reparos, atividades de apoio,
rebocagem, relações trabalhistas dos marítimos e demais contratos marítimos relacionados à
indústria do petróleo.
Na esfera pública, versa, essencialmente, sobre as questões de exploração de petróleo e
gás – sendo comumente designado direito de exploração e produção -, codificando as normas
relativas ao poder marítimo, soberania e jurisdição, segurança e incidentes da navegação,
navegação de apoio à indústria offshore, proteção ao meio ambiente marinho, salvaguarda da
vida humana, entre outras questões fundamentais.
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CAPÍTULO 2
CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE DIREITO NO
MAR (CNUDM)
Devido ao grande potencial de riquezas presentes no mar e seu subsolo, tornou-se
necessária a regulamentação jurídica sobre o mar e seus espaços e para isso a ONU se viu na
obrigação de elaborar um tratado que abordasse e definisse tais áreas. Em 1982, na Jamaica,
elaborou-se um documento que engloba tais temas: a Convenção das Nações Unidas sobre
Direito no Mar (CNUDM). Entrou em vigor em 1994 e é o principal instrumento internacional
de regulamentação do domínio das águas internas, mar territorial, zona contígua, zona
econômica exclusiva e plataforma continental.
Com o advento da CNUDM, nosso país intensificou e diversificou as iniciativas no que
concerne às atividades marítimas, todas sob a coordenação e supervisão da CIRM (Comissão
Interministerial para Recursos do Mar), destacando-se os seguintes projetos: ocupação
permanente do arquipélago de São Pedro e São Paulo (PROARQUIPELAGO), inclusive com a
instalação de farol de navegação e de estação científica guarnecida por especialistas brasileiros; o
projeto de Recursos Vivos da ZEE (REVIZEE), que permitiu harmonizar e equacionar as
atividades pesqueiras no mar brasileiro em proveito de toda sociedade, com o apoio científico
das universidades brasileiras e o apoio logístico da DHN; e o projeto de Recursos Minerais da
Plataforma Continental (REMPLAC), pois além do petróleo de origem marinha, também
identifica na margem continental brasileira (além das 200 milhas marítimas) sítios com
possibilidade de existência de outros recursos minerais marinhos, tais como os chamados
nódulos polimetálicos (compostos basicamente de níquel, cobalto, manganês e cobre) e as
crostas manganesíferas.
2.1- Espaços marítimos
A Convenção demarcou e conceituou os espaços marítimos, que foram adotados por
todos os países. São eles:
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- Mar Territorial: deve ser medido a partir das linhas de base, que podem ser normais
ou retas, e não deve ultrapassar o limite das 12 milhas náuticas. Linhas de base normais são
linhas de baixa-mar ao longo da costa e linhas de base retas são linhas aplicadas em locais em
que a costa apresente recortes profundos e reentrâncias, ou em que exista uma franja de ilhas na
sua proximidade imediata. A soberania da um Estado costeiro estende-se além do seu território e
das águas interiores (e, no caso de Estado arquipélago, das águas arquipelágicas) a esta zona de
mar adjacente, designada Mar Territorial. Essa soberania estende-se ao espaço aéreo
sobrejacente ao mar territorial, e também ao solo e ao subsolo desta zona. Esta soberania está
diretamente relacionada à defesa do território.
Os navios de qualquer Estado, costeiro ou sem litoral, gozarão do direito de passagem
inocente pelo mar territorial. A passagem é inocente desde que não seja prejudicial à paz, à boa
ordem ou à segurança do Estado costeiro. A passagem de um navio estrangeiro será considerada
prejudicial à paz, à boa ordem ou à segurança do Estado costeiro se o navio realizar, no mar
territorial, as atividades listadas no artigo 19 da Convenção, entre as quais podemos citar:
ameaça ou uso da força contra a soberania e a integridade territorial do Estado costeiro; e
exercícios ou manobras com armas de qualquer tipo.
A CNUDM estabele ainda que:
- No mar territorial, os submarinos e quaisquer outros veículos submersíveis devem
navegar à superfície e arvorar sua bandeira.
- Ao exercer o direito de passagem inocente pelo mar territorial, os navios estrangeiros
de propulsão nuclear e os navios que transportem substâncias radioativas devem ter a bordo os
documentos e observar as medidas especiais de precaução estabelecidas para estes navios nos
acordos internacionais.
- A jurisdição penal do Estado costeiro não será exercida a bordo de navio estrangeiro
que passe pelo mar territorial, com fim de deter qualquer pessoa ou de realizar qualquer
investigação, salvo se a infração criminal tiver conseqüências para o Estado costeiro ou for de tal
natureza que possa perturbar a paz do País ou a ordem no mar territorial.
- O Estado costeiro não deve parar nem desviar do seu rumo um navio estrangeiro que
passe pelo mar territorial, a fim de exercer sua jurisdição civil em relação a uma pessoa que se
encontre a bordo.
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- Se um navio de guerra não cumprir as leis e os regulamentos do Estado costeiro
relativos à passagem pelo mar territorial e não acatar o pedido que lhe for feito para seu
cumprimento, o Estado costeiro pode exigir-lhe que saia imediatamente do mar territorial. Não
obstante, nenhum dispositivo da Convenção afetará as imunidades dos navios de guerra e de
outros navios de Estado utilizados para fins não comerciais.
- A partir do limite exterior do mar territorial, o Estado costeiro não mais exerce
soberania, mas apenas jurisdição sobre os diversos espaços marítimos.
- O Estado costeiro poderá exercer o direito de perseguição a um navio estrangeiro,
quando as autoridades tiverem motivos fundados para acreditar que o navio infringiu suas leis e
regulamentos no mar territorial, na zona contígua, na zona econômica exclusiva ou na plataforma
continental. O direito de perseguição cessa no momento em que o navio perseguido entra no mar
territorial do seu próprio Estado ou no mar territorial de um terceiro Estado. O direito de
perseguição só pode ser exercido por navios de guerra ou aeronaves militares, ou por navios ou
aeronaves que tenham sinais claros que os identifiquem como navios e aeronaves ao serviço de
um governo e estejam para tanto autorizados.
- Zona Contígua: faixa de mar cujo limite máximo é de 24 milhas marítimas, medida a
partir das linhas de base do mar territorial. É a área de aproximação ao mar territorial, sobre a
qual o Estado, embora não tenha soberania plena, tem jurisdição legal para os fins de
fiscalização. Portanto, trata-se de uma área, adjacente ao mar territorial e de igual largura, onde o
Estado costeiro pode tomar medidas de fiscalização em defesa de seu território e de suas águas,
no que concerne à alfândega, à imigração, à saúde e ainda à disciplina regulamentar dos portos e
do trânsito pelas águas territoriais.
É importante ressaltar que a zona contígua não é zona de segurança, que também é
contemplada na Convenção. A zona de segurança consiste em uma área de até 500 metros,
circundando instalações de investigação científica que também é um assunto tratado pela
Convenção.
O Brasil, em 1966, dispunha de 6 milhas marítimas de mar territorial e mais 6 de zona
contígua. Em 1969, o mar territorial brasileiro passou a ter 12 milhas náuticas, silenciando sobre
a zona contígua. Em 1970, foi adotado um mar territorial de 200 milhas marítimas com duas
zonas de pesca, cada uma com 100 milhas náuticas, sem zona contígua, mantendo a visão de
1969.
19
A partir de 1993, com a Lei nº 8617, a zona contígua retornou a 12 milhas marítimas,
onde o Brasil toma medidas de fiscalização para evitar infrações a leis e aos regulamentos
aduaneiros e fiscais, de imigração e sanitários, no seu território ou no seu mar territorial, bem
como para reprimir essas infrações.
A atual lei brasileira segue os passos da Convenção de Montego Bay, na qual a zona
contígua não pode se estender além de 24 milhas marítimas, a partir da linha de base que mede a
largura do mar territorial, ou seja, uma extensão de 12 milhas náuticas.
- Zona Econômica Exclusiva (ZEE): faixa de área medida a partir da linha exterior do
mar territorial e que não deve exceder a distância de 188 milhas náuticas. Os Estados costeiros
têm o direito de exercer sua soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e
gestão de recursos naturais, biológicos ou não, das águas sobrejacentes ao leito do mar e seu
subsolo, devendo a pesca ser praticada dentro dos limites de captura exigidos para a preservação
das espécies, cuja reprodução esteja gravemente ameaçada, cabendo-lhe a autorização, mediante
licença, para que outros países completem o nível de captura recomendada pelos organismos
internacionais.
Além disso, o Estado costeiro tem plena soberania no que se refere às outras atividades
que visam à exploração e aproveitamento da zona para fins econômicos, como produção da
energia a partir da água, das correntes e ventos. É reconhecida ainda ao Estado costeiro, a
jurisdição no que concerne à colocação e utilização de ilhas artificiais, instalações e estruturas,
investigação científica marinha e proteção, e preservação, do meio ambiente.
A CNUDM garante a liberdade de navegação na ZEE, bem como a de sobrevôo e a
colocação de cabos e dutos submarinos, as quais integram as liberdades do alto-mar.
Assim, as atividades econômicas e científicas nas águas da ZEE ficam sujeitas à
jurisdição do Estado costeiro, detentor natural dos direitos de exploração dos recursos da área. A
ZEE, portanto, tem relevância estratégica, sobretudo porque é nela que são encontrados os
principais recursos pesqueiros.
Sobre o direito de liberdade de navegação na ZEE, a convenção deixou uma lacuna
interpretativa, pois não esclarece se essa liberdade, definida no art. 58, permite ou não a
realização de manobras e exercícios militares por outros Estados que não o Costeiro. Mesmo no
caso em que o Estado costeiro não explore os recursos de sua plataforma, ninguém poderá fazê-
lo sem o seu consentimento.
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- Plataforma Continental: faixa que compreende o solo e o subsolo das áreas
submarinas. Pode estender-se além das 200 milhas marítimas (12 do Mar Territorial mais 188 da
ZEE), até o bordo externo da margem continental. Tal bordo deve ser determinado com base na
aplicação dos critérios estabelecidos no artigo 76 da Convenção. A distância máxima da
plataforma continental está limitada a 350 milhas, a contar da linha de base a partir da qual se
mede a largura do mar territorial, ou a uma distância que não exceda 100 milhas marítimas da
isóbata de 2500 metros, que corresponde à linha que une os pontos com essa profundidade.
A plataforma só começa, juridicamente, depois do mar territorial, pois, o leito e o
subsolo do mar já se encontram sujeitos à soberania do Estado costeiro. A finalidade da norma é
a de conceder ao Estado Costeiro direitos soberanos sobre a plataforma, para fins de exploração e
aproveitamento de seus recursos naturais. O artigo 77 relata que o Estado costeiro exerce direitos
soberanos de exploração dos recursos naturais. Tais direitos são exclusivos, ou seja, nenhum
outro Estado pode pretender compartilhá-los se aquele não os aproveita. Deve-se ressaltar que os
referidos direitos independem da ocupação da plataforma, ou de qualquer pronunciamento, e diz
ainda, que os recursos naturais a que se referem as disposições da presente Parte, são os recursos
minerais e outros recursos não vivos do leito do mar e subsolo, bem como os organismos vivos
pertencentes a espécies sedentárias, isto é, aquelas que no período de captura estão imóveis no
leito do mar ou em seu subsolo ou só podem mover-se em constante contato físico com esse leito
e subsolo.
Em 2004, o Governo Brasileiro apresentou à ONU uma proposta de extensão da
plataforma continental, em consonância com a CNUDM III, art. 76, pleiteando o reconhecimento
de seus direitos sobre mais de 900 mil km², o que elevaria as dimensões do espaço marítimo
brasileiro para 4,4 milhões de km².
Em abril de 2007, a ONU emitiu um Relatório de Recomendações, sugerindo que o
Brasil apresentasse nova proposta com novos limites. O Relatório recomendou certo “recuo” na
propositura brasileira em cerca de 20 a 35% da área originalmente pleiteada e o Governo
Brasileiro ainda está analisando se aceita a recomendação da Comissão de Limites da Plataforma
Continental (CLPC) ou apresenta nova proposta. Com isso o Brasil poderá ser o primeiro país no
mundo a ter sua proposta de ampliação de limites da plataforma continental aceita pela ONU,
sob a égide da CNUDM III.
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- Águas Interiores: são as águas situadas no interior das linhas de base do mar territorial
de um Estado. Assim, no caso particular brasileiro, temos como exemplos, as águas do rio
Amazonas, do rio São Francisco e da lagoa dos Patos.
- Águas Arquipelágicas: são águas delimitadas pelas linhas de base arquipelágicas, a
partir das quais deve ser medido o mar territorial de um Estado arquipélago.
- Alto-Mar: compreende todas as partes do mar não incluídas na zona econômica
exclusiva, no mar territorial ou nas águas interiores de um Estado, nem nas águas arquipelágicas
de um Estado arquipélago. O alto-mar deve ser utilizado para fins pacíficos e no exercício de
suas liberdades, cada Estado deve considerar o interesse dos demais.
Segundo a Convenção da ONU, as grandes liberdades do alto-mar são seis: liberdade de
navegação; de sobrevôo; de colocação de cabos e dutos submarinos; de construção de ilhas
artificiais; de pesca; e de investigação científica.
- Ilha: formação natural de terra, rodeada de água, que fica a descoberto na preamar. As
ilhas possuem mar territorial, zona contígua, zona econômica exclusiva e plataforma continental
de acordo com as disposições da Convenção, aplicáveis em outras formações terrestres. Tal
detalhe dilata o território dos Estados, como no caso do Brasil, cuja costa marítima apresenta
arquipélagos e ilhas, que têm conseqüências jurídicas, políticas e estratégicas sobre o traçado do
limite exterior do mar territorial e, portanto, da zona contígua, da zona econômica exclusiva e da
plataforma continental. Contudo, os rochedos, que, por si próprios, não se prestam à habitação
humana ou à vida econômica, não têm ZEE, nem plataforma.
A soberania do Estado Arquipélago estende-se das águas encerradas por tais linhas de
base, denominadas águas arquipelágicas, independente da sua profundidade ou da sua distância
da costa, ao espaço aéreo sobre essas águas, ao leito e subsolo, bem como aos recursos nele
existentes.
As ilhas artificiais, instalações e estruturas na zona econômica exclusiva (art.60) e na
plataforma continental (art.61) não têm o estatuto jurídico de ilhas, motivo por que não possuem
mar territorial, e por que, conseqüentemente, sua presença não afeta a delimitação do mar
territorial, da ZEE ou da plataforma.
22
2.2 - Principais determinações da CNUDM
- Direito de passagem inocente: é a navegação de qualquer embarcação de bandeira
estrangeira por um mar territorial, desde que não penetre em suas águas interiores, de maneira
rápida e contínua. Caso a passagem de qualquer embarcação seja considerada prejudicial, o
Estado costeiro pode adotar as medidas que achar necessárias para impedir qualquer violação
sendo a utilização do seu poderio bélico regulamentada quando a proteção da sua segurança for
indispensável, desde que esta intenção seja pública e previamente avisada.
- Proteção e Preservação do Meio Marinho: todo Estado tem a obrigação de proteger
e preservar o meio marinho, e de adotar uma política de exploração dos recursos marinhos que
esteja em conformidade com as medidas necessárias para a boa manutenção do habitat marinho.
Todos os Estados devem, individualmente ou em conjunto, adotar medidas para prevenir, reduzir
e controlar a poluição dos mares, independentemente da sua origem, e não causar prejuízos
oriundos de poluição para outros Estados. Cabe aos membros a interação e cooperação para a
prevenção dos seguintes tipos de poluição:
I) Poluição de origem terrestre;
II) Poluição proveniente de atividades relativas aos fundos marinhos sob jurisdição
nacional;
III) Poluição proveniente de atividades na Área;
IV) Poluição por alijamento;
V) Poluição proveniente de embarcações;
VI) Poluição proveniente da atmosfera ou através dela.
Em situações de poluição comprovada, o Estado envolvido sofrerá uma penalidade de
efeito corretivo, e de caráter exemplar no intuito de que outras nações contemplem o exemplo e
evitem posteriores desrespeitos às regras estabelecidas.
- Investigação Científica Marinha: qualquer Estado, situado em qualquer região do
globo terrestre, e organizações internacionais competentes possuem o direito de realizar
investigação científica marinha sem que haja prejuízo dos direitos e deveres de outros Estados de
acordo com a CNUDM cabendo a estes o dever de promover e facilitar o desenvolvimento e
realização de tais atividades. Estas pesquisas e estudos, entretanto, devem ser obrigatoriamente
para fins pacíficos, ter a utilização comprovada de métodos e meios científicos compatíveis com
23
o prescrito, não devem interferir em outras utilizações legítimas e serem regulamentadas em
todos os termos pertinentes à lei do mar incluindo os relativos à proteção e preservação do
ambiente marinho com o compromisso da publicação de seus projetos de pesquisa e os
conhecimentos resultantes dos trabalhos. Os Estados também possuem esse direito na área sob
sua jurisdição, incluindo plataforma continental e ZEE. Porém nessas áreas possuem o dever de
autorizar possíveis pesquisas científicas de outras nações desde que comprovada o seu caráter
pacifico, beneficência à humanidade e observação nos procedimentos de sua realização. Em caso
de qualquer dano causado ao meio marinho ou o não cumprimento de algum artigo, os Estados
competentes estarão passíveis de pagamento de indenizações.
- Solução de Controvérsias: são três os órgãos que foram criados para vigiar o
cumprimento da Convenção;
a) A Autoridade Internacional para os Fundos Marinhos, sediada em Kingston, Jamaica;
b) Tribunal Internacional sobre Direito do Mar, sediado em Hamburgo, Alemanha;
c) Comissão dos Limites da Plataforma Continental, que está instalada na Sede das
Nações Unidas em Nova Iorque.
As atividades na “Área” (Zona dos Fundos Oceânicos) são organizadas, conduzidas e
controladas pela Autoridade. Neste órgão podem litigar os Estados-Partes, a Autoridade,
empresas estatais e pessoas físicas e jurídicas capacitadas para exercer atividades na Área.
Porém, quando a controvérsia relativa à Área ocorre entre Estados-Partes, a competência da
Autoridade não é exclusiva, podendo ser confiada a uma Câmara Especial do Tribunal
Internacional sobre Direito do Mar, constituída ex officio, ou, a pedido das partes, a uma Câmara
para a solução de controvérsias relativas aos Fundos Marinhos do Tribunal.
- Conservação e gestão dos recursos vivos do alto-mar: a Convenção aborda o tema
nos artigos 116 a 120, e relata que todos os Estados têm o direito de pesca em alto-mar e tem o
dever de tomar medidas para a conservação dos recursos vivos do alto-mar. Devem, igualmente,
cooperar entre si na conservação e gestão dos recursos vivos do alto-mar estabelecendo,
inclusive, organizações sub-regionais ou regionais de pesca para tal fim, a exemplo da NAFO
(Organização de Pesca do Noroeste Atlântico).
Os Estados, ao estabelecerem medidas de conservação para recursos vivos do alto-mar
(por exemplo, fixação de captura permissível), devem tomar medidas para preservar ou
restabelecer as populações de pesca capturadas, tendo em conta métodos de pesca e zelando
24
pelos interesses dos Estados em desenvolvimento. Devem ainda trocar informações científicas e
estatísticas de captura para a conservação das populações de peixes com outros Estados e
organizações e assegurar que as medidas de conservação não tenham caráter discriminatório.
25
CAPÍTULO 3
A LEI 8.617 / 93
Em quatro de janeiro de 1993, o Governo brasileiro sancionou a Lei nº 8.617, que
tornou os limites marítimos brasileiros coerentes com os limites preconizados pela CNUDM.
Desta forma, ficaram definidos:
-Mar Territorial: nos termos da CNUDM (arts. 2 e 3), a soberania do Estado costeiro
sobre o seu território e suas águas interiores estende-se a uma faixa de mar adjacente - mar
territorial - com dimensão de até 12 milhas marítimas a partir das linhas de base.
- Zona Econômica Exclusiva (ZEE): nos termos da CNUDM (arts. 55, 56 e 57) a zona
econômica exclusiva é uma zona situada além do mar territorial e a este adjacente e não se
estenderá além de 200 milhas marítimas das linhas de base a partir das quais se mede a largura
do mar territorial. A Convenção garante ao Estado costeiro direitos de soberania para fins de
exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais, vivos ou não vivos das
águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e seu subsolo.
A ZEE brasileira tem uma extensão de cerca de 3,5 milhões de quilômetros quadrados
(tendo como limites: ao norte a foz do rio Oiapoque e ao sul, o Chuí). Projeta-se, ainda, para
leste para incluir as áreas em torno do Atol das Rocas, Arquipélagos de Fernando de Noronha e
São Pedro e São Paulo, e as Ilhas de Trindade e Martin Vaz.
- Plataforma Continental: A Lei 8.617/93, nos artigos 11 a 14, dispõe o seguinte:
- A plataforma continental do Brasil compreende o leito e o subsolo das áreas
submarinas, além do seu mar territorial, até 200 milhas marítimas da linha de base ou além das
200 milhas marítimas, nos termos da Convenção da ONU sobre a matéria;
- O Brasil exerce direito de soberania sobre a plataforma, para efeito da exploração e
aproveitamento dos seus recursos naturais;
- O Brasil, na plataforma, tem o direito exclusivo da regulamentar a investigação
científica marinha, a proteção do meio marinho e a construção, operação e uso de ilhas artificiais,
instalações e estruturas. Tem também o direito exclusivo de autorizar e regulamentar perfurações
na plataforma, para qualquer fim. Outros Estados poderão, contudo, conduzir a investigação
científica marinha na plataforma, com o consentimento prévio do governo brasileiro. É
26
reconhecido a todos os Estados o direito de colocar cabos e dutos na plataforma continental
brasileira, dependendo do consentimento do governo brasileiro, que estabelece condições para a
competente colocação.
27
CAPÍTULO 4
PRÉ SAL
O termo “camada pré-sal” faz referência às reservas de hidrocarbonetos em rochas
calcárias, um tipo de rocha sob a crosta terrestre formada exclusivamente de sal petrificado,
depositado sob outras lâminas menos densas no fundo dos oceanos e que formam a crosta
oceânica. Esse tipo de rocha mantém aprisionado o petróleo. Entre a costa ocidental da África e a
oriental da América do Sul encontra-se um riquíssimo depósito de matéria orgânica que se
acumulou ao longo de milhões de anos sob o sal petrificado e posteriormente prensado por
pesadas lâminas, transformando-se em petróleo.
Estima-se que a formação dessa área ocorreu há mais de 140 milhões de anos, quando os
continentes Americano e Africano separaram-se, em decorrência da movimentação das placas
tectônicas e do acúmulo de algas com outras matérias orgânicas martinhas no fundo do oceano, e
que acabaram originando o petróleo e o gás natural.
4.1 - Pré-sal brasileiro
Acredita-se que os maiores reservatórios petrolíferos do pré-sal encontram-se no Brasil
(entre as regiões Nordeste e Sul), no Golfo do México e na costa ocidental africana.
As reservas de petróleo encontradas na camada pré-sal do litoral brasileiro estão dentro
da área marítima considerada zona econômica exclusiva do Brasil.
A discussão sobre a existência de uma reserva petrolífera na camada pré-sal ocorre desde
a década de 1970, quando geólogos da Petrobras acreditavam nesse fato, porém, não possuíam
tecnologia suficiente para a realização de pesquisas mais avançadas.
A descoberta de indícios de petróleo no pré-sal foi anunciada pela Petrobras em 2006. A
existência de petróleo na camada pré-sal em todo o campo que viria a ser conhecido como pré-
sal foi anunciada pelo ex-diretor da ANP e posteriormente confirmada pela Petrobras em 2007.
Em 2008 a Petrobras confirmou a descoberta de óleo leve na camada sub-sal e extraiu pela
primeira vez petróleo do pré-sal.
28
Atualmente, sabemos que no Brasil, o conjunto de campos petrolíferos do pré-sal situa-se
a profundidades que variam de 1000 a 2000 m de lâmina d'água e entre 4000 e 6000 m de
profundidade no subsolo.
O pré-sal ocupa uma faixa de cerca de 800 km de extensão ao longo do litoral brasileiro e
tem 200 milhas náuticas de largura contemplando três bacias sedimentares, estende-se do norte
da Bacia de Campos ao sul da Bacia de Santos e desde o Alto Vitória (Espírito Santo) até o Alto
de Florianópolis (Santa Catarina). Estima-se que lá estejam guardados cerca de 100 bilhões de
barris de petróleo e gás, o que deixaria o Brasil na privilegiada posição de sexto maior detentor
de reservas no mundo - atrás de Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait e Emirados Árabes.
4.2- Geração de empregos
Os especialistas preveem que até 2020, sejam criados 500.000 empregos diretos e
indiretos com a exploração do petróleo no Pré-Sal. Estes empregos vão vir de diversas áreas
diferentes, sendo necessários profissionais de diversas especialidades:
Pesquisa Tecnológica: Para a pesquisa tecnológica, seja nas áreas de Engenharia
do Petróleo, de Engenharia Naval, de Engenharia Química ou então de tecnologia da exploração
vão ser necessários milhares de cientistas e engenheiros.
Construção de Plataformas e Refinarias: Vão ser necessários dezenas de
milhares de operários, técnicos e engenheiros para construir a grande quantidade de plataformas
que vão ser necessárias para explorar o Pré-Sal. A Petrobras espera produzir todas as suas novas
plataformas no Brasil, trazendo um grande estímulo à indústria naval brasileira.
Construção de Estaleiros: Pelo menos cinco estaleiros estão prestes a nascer por
causa das bilionárias encomendas do setor de petróleo e gás, principalmente das áreas do pré-sal.
Os novos empreendimentos e alguns estaleiros já existentes apresentaram onze projetos à
Marinha Mercante, com o objetivo de obter financiamento que pode chegar a cerca de R$ 8
bilhões ao longo dos próximos anos.
Operação das Plataformas, Embarcações de Apoio Offshore e Refinarias:
Depois de prontas, as plataformas e refinarias de petróleo do pré-sal vão gerar muitos empregos,
29
necessários para a operação e manutenção das mesmas. Além disso, a demanda das embarcações
de apoio à industria offshore aumenta na mesma proporção em que as instalações são criadas.
Fornecimento de Materiais: Para poder construir as novas estruturas, vão ser
necessários milhares de fornecedores de materiais e equipamentos. A Petrobras também pretende
comprar tudo o que for possível de fornecedores nacionais: desde fogões para a cozinha das
plataformas até tubulações de aço para o petróleo. O fornecimento de materiais vai garantir o
crescimento de centenas de empresas de todos os tamanhos.
4.3- Indústria de construção e reparo naval no Brasil e desafios do pré-sal
A indústria de construção e reparo naval no Brasil se encontra em franca expansão. Não
obstante o cenário e perspectivas positivas, tem se considerado que o setor não apresenta níveis
de competividade compatível com os padrões internacionais.
No Brasil, tem sido evidenciadas distintas realidades nos segmentos offshore e de longo
curso. O transporte marítimo de longo curso ainda permanece praticamente voltado para
afretamentos de navios estrangeiros e encomendas de reparos, bem como para novos navios em
estaleiros no exterior. Realidade diversa se constata na navegação de cabotagem e no setor
offshore, que vem movimentando e comprometendo as linhas de produção dos estaleiros
nacionais.
Os estaleiros brasileiros operam, atualmente, na capacidade máxima, voltados
fundamentalmente, para a navegação offshore. Há falta de disponibilidade de espaços nos
estaleiros nacionais para novas encomendas, o que tem comprometido a competitividade do
setor, em comparação à concorrência.
Fundamentalmente, tem-se considerado que o setor ainda não detém tecnologia avançada
e vem praticando preços e prazos significativamente superiores em comparação ao praticado no
mercado internacional, sendo destacados, ademais, outros componentes que colocam a operação
nesse segmento em desvantagem no Brasil, como a taxa cambial desfavorável, a carga tributária
maior, o custo de combustível mais alto, a escassez de mão de obra.
O mercado de construção naval e o mercado de compra e venda de navios têm sido
beneficiados com investimentos e incentivos governamentais para a construção de navios e
plataformas, mas tem-se defendido a intensificação de medidas de incentivo e desenvolvimento.
30
Na estratégia de desenvolvimento dos setores da Marinha Mercante brasileira, o setor de
reparo naval também deve ser priorizado. O mercado é bastante disputado e os estaleiros
asiáticos e países vizinhos ao Brasil propiciam maiores facilidades que os estaleiros nacionais.
Consideram-se, nesse panorama, a necessidade de medidas de reestruturação do setor e a
consolidação da competitividade da indústria naval brasileira para que, assim, se possa resgatar
posição de destaque no cenário internacional, já que, atualmente, é clara a oportunidade aberta
para a construção naval brasileira, ativada principalmente pelo crescimento da produção de
petróleo offshore na plataforma continental brasileira, que demanda embarcações de apoio e
equipamentos diversos.
31
CAPÍTULO 5
MARINHA MERCANTE BRASILEIRA
Na economia moderna globalizada, o desenvolvimento do comércio exterior tem se
consolidado pela Marinha Mercante como instrumento fundamental no atendimento das
necessidades primárias, geográficas, sociais e econômicas das nações.
A expressão “Marinha Mercante” apresenta diversidade de acepções. No sentido
coloquial, a concepção mais comum de Marinha Mercante é utilizada no sentido de frota de
navios mercantes, em contraposição aos navios de guerra.
No contexto dinâmico e usualmente consolidado, referencia-se à Marinha Mercante como
o conjunto heterogêneo das atividades no comércio marítimo internacional, da indústria
shipping, integrada a mercados concernentes ao transporte marítimo de mercadorias, à armação
de navios (freight market), à construção naval (newbuilding), ao reparo (ship repair services), à
compra e venda de navios (sale and purchase), à demolição e reciclagem (demolition and
recycle ship market) da petroleum industry e às atividades de exploração, explotação e transporte
de petróleo e gás e ainda da tourism industry.
A Marinha Mercante mundial atualmente é integrada por mais de 50 mil navios
mercantes. A frota mundial está registrada em mais de 150 estados e é tripulada por mais de 1
milhão de marítimos de praticamente todas as nacionalidades.
No âmbito mundial, 90% do comércio de mercadorias é operacionalizado pela maritime
industry, considerada o modal de transporte de maior importância na economia globalizada. A
contribuição do modal marítimo no transporte de cargas é majoritária, seja em volume ou valor.
Em termos de tonelagem de carga transportada, O International Commercial Shipping
tem assumido a vanguarda no transporte internacional de mercadorias e tem se consagrado em
alternativa extremamente competitiva. Em 2009, estudos apontam, precisamente, que 89,79% da
tonelagem mundial comercializada foi operacionalizada pelo transporte marítimo ou por vias
navegáveis, 9,96% pelo modal terrestre/outros e 0,25% pelo modal aéreo. Em termos de valor
das cargas transportadas, o transporte marítimo ou por vias navegáveis movimentou 72,71% das
negociações, o aéreo 12,97%, e o transporte terrestre/outros foi de 14,32%. Em 2009, sabe-se
que o comércio marítimo total movimentou 7840 milhões de toneladas.
32
No contexto dos sistemas de transporte internacional de mercadorias, a intensificação do
modal marítimo ou por vias navegáveis no transporte de mercadorias tem se consolidado mais
competitiva e estratégica.
Inúmeras são as vantagens econômicas, logísticas e sustentáveis do transporte de
mercadorias por navios em comparação aos demais modais, entre as quais se destacam the low
cost, maior eficiência, segurança e sustentabilidade.
Na esfera da logística, o modal marítimo e por vias navegáveis apresenta os menores
índices atinentes ao custo operacional, de infraestrutura e congestionamento de tráfego, e
possibilita maior controle sobre a distribuição da carga.
Em análise comparativa com os modais aéreo, ferroviário e rodoviário, e considerado o
paradigma da eficiência, o transporte marítimo e por vias navegáveis (modal aquaviário)
contempla capacidade superior de transporte de todos os tipos de cargas e possibilita
movimentação de grandes quantidades de cargas.
Considerando os padrões de safety e security, evidências empíricas e estudos
especializados sinalizam que o transporte de cargas por navios apresenta menores índices de
acidentes e avarias de carga transportada por navios, sendo evidenciadas reiteradas iniciativas e
programas de prevenção de acidentes, avarias e atrasos e salvaguarda da vida humana e proteção
ao meio ambiente.
No contexto da sustentabilidade, os navios apresentam menor consumo de combustível e
energia, o que resulta em menor emissão de poluentes e do impacto ambiental e maior eficiência
energética.
As especificidades ora referenciadas remetem ao the low cost do transporte por vias
marítimas e navegáveis consolidando o menor preço de frete em comparação aos demais modais.
No Brasil, o custo médio da navegação por navios é de 25 mil dólares por quilômetro, enquanto
o da ferrovia é de 1 milhão de dólares, e o da rodovia varia entre 300 mil e 1 milhão de dólares.
Segundo parâmetros mundiais, o modal marítimo e por vias navegáveis apresenta o
menor custo de frete, e, consequentemente, o transporte de mercadorias por navios contribui,
significativamente, para a redução dos preços finais das mercadorias comercializadas
internamente por um país ou direcionadas à exportação.
Em que pese a posição de vanguarda, evidencias empíricas e estatísticas vem apontando
que a navegação marítima e em vias navegáveis tem sido subutilizada.
33
Nos mercados internos, a situação é especialmente evidenciada na navegação por
hidrovias. No transporte fluvial, em específico, estudos apontam o cenário de subutilização das
hidrovias em virtude de diversos obstáculos em termos da implementação de política de
transporte por vias navegáveis e segurança da navegação, situação particularmente constatada no
Brasil.
Tem se considerado, ainda, que a recorrência ao modal marítimo e por vias navegáveis
esbarra em diversos entraves e desvantagens. Destacam-se, em específico, aspectos logísticos e
operacionais, essencialmente no que tange à necessidade de transbordo nos portos, ao
distanciamento dos centros de produção, à exigência de embalagens apropriadas, à infraestrutura
próxima da saturação, às restrições de acesso marítimo (profundidade), às restrições de acesso
terrestre (rodoviário e ferroviário) e às deficiências do sistema e infraestrutura portuários.
5.1- Das perspectivas da Marinha Mercante Brasileira no cenário mundial
A Marinha Mercante é um setor de natureza estratégica e altamente competitivo. Sua
competitividade reflete diretamente no desenvolvimento do comércio exterior do Brasil,
contribui para o equilíbrio da balança de serviços e para a circulação equilibrada da economia
doméstica, e assegura a soberania brasileira em situações de crise e emergência interna.
Em que pesem a vulnerabilidade e dificuldades enunciadas e o panorama do mercado
mundial, tem se apontado um panorama favorável para efetivo desenvolvimento do comércio
internacional e da Marinha Mercante brasileira.
Evidências empíricas apontam que o comércio exterior brasileiro continuará crescendo,
impulsionando a demanda pelo transporte marítimo.
Considera-se, ainda, que o afretamento de embarcações estrangeiras de forma geral
também deverá crescer de moda marcante, a despeito da revitalização da indústria naval
brasileira, que atenderá, nos próximos anos, de forma parcial à demanda da indústria petrolífera.
No mesmo contexto, o aumento do fluxo de cargas e de escalas de navios nos portos acarretará o
aumento de demandas, reclamações e disputas judiciais, evidenciando a necessidade da expansão
dos quadros de profissionais especializados na área de direito marítimo portuário.
34
No cenário da competitividade internacional, evidencia-se a necessidade de intensificação
de políticas e estratégias de apoio que priorizem a economia nacional, o desenvolvimento
econômico e a competitividade internacional da indústria shipping e da atividade portuária.
Na “Era Pré-sal”, propugna-se rever a efetividade da regulamentação marítima e
portuária visando à adoção de políticas marítimas que abandonem ou minimizem as
vulnerabilidades destacadas no mercado e consolidem potencialidades no desenvolvimento e
fortalecimento da Marinha Mercante brasileira. Tem se considerado também a sistematização de
matriz de transporte marítimo ambientalmente sustentável que envolve duas premissas de
referência aos paradigmas de segurança da navegação, em decorrência da intensificação do
tráfego de petroleiros no Brasil face a exploração e transporte de petróleo do pré-sal e
respectivos impactos ambientais e de segurança da navegação e efetividade do quadro
normativo brasileiro.
Entre as medidas de revitalização do setor, tem sido evidenciada a revisão da regulação
do setor portuário e de transportes, em especial das medidas de apoio e desenvolvimento à
Marinha Mercante brasileira, preconizadas pela Lei n. 9.432/97. Tem-se defendido ademais, o
projeto PRO REB – com vistas a tornar mais competitiva a bandeira brasileira -, e a criação de
um fundo para cobrir o risco de navios não entregues pelos estaleiros; desoneração do
combustível naval e de insumos importados utilizados na produção de navios; flexibilização das
regras de afretamento de navios estrangeiros, modernização e aumento da capacidade do sistema
portuário.
Ainda no contexto do paradigma de sustentabilidade, tem-se considerado que o
investimento em hidrovias é uma ação a favor do meio ambiente. A alteração da matriz de
transportes do Brasil, predominantemente rodoviária, no mercado interno para uma maior
participação do transporte hidroviário é umas das premissas das Antaq, que tem propugnado por
um uso mais intenso das vias navegáveis, com mais prevenção de acidentes ambientais e portos
mais limpos, com menos degradação ambiental.
Fundamentalmente, há que se maximizar as vantagens comparativas de cada modal e
priorizar o modal marítimo e por vias navegáveis (transporte aquaviário), possibilitando o
desenvolvimento da indústria de construção naval, a efetiva exploração da zona pré-sal, o
exercício do poder marítimo e a fiscalização das zonas marítimas em paradigmas internacionais
de excelência.
35
A interdependência global e as expectativas de desenvolvimento do Brasil em
decorrência da exploração da zona pré-sal criam oportunidades fundamentais para projetar os
valores e os interesses da Marinha Mercante do Brasil na economia global.
5.2- A política de apoio ao desenvolvimento da Marinha Mercante Brasileira
A política marítima dos Estados tradicionalmente implementa medidas para preservar e
fomentar a indústria marítima nacional. O critério de reserva de mercado de navegação
exclusivamente a favor dos navios de bandeira nacional tem se consolidado na política marítima
dos Estados como estratégia de proteção aos segmentos nacionais.
O Brasil segue essa tendência e destina a navegação de cabotagem, a navegação interior
de percurso nacional, a navegação de apoio portuário e a navegação de apoio marítimo aos
navios de bandeira brasileira ou navios de bandeira estrangeira inscrito no Registro Especial
Brasileiro (REB), mediante suspensão de primeiro registro e nos termos exigidos pela Lei n.
9.432/97.
Sob a égide da Lei n. 9.432/97, as embarcações estrangeiras somente poderão participar
do transporte de mercadoria na navegação de cabotagem e da navegação interior de percurso
nacional, bem como da navegação de apoio portuário e da navegação de apoio marítimo, quando
afretadas por EBN (Empresas Brasileiras de Navegação), observada a legislação pertinente e as
normas da Antaq.
A Resolução Antaq 194, que determina ser vedado o transporte, por embarcação
estrangeira participante de acordo, de cargas com origem e destino em portos do território
nacional ou em instalações localizadas nas águas jurisdicionais brasileiras, salvo se tiverem sido
regularmente afretadas por EBN para operar na navegação de cabotagem.
Faculta-se ao governo brasileiro celebrar acordos internacionais que permitam a
participação de embarcações estrangeiras, mesmo quando não afretadas por empresas brasileiras
de navegação, desde que idêntico privilégio seja conferido à bandeira brasileira nos outros
Estados contratantes.
36
CAPÍTULO 6
NAVEGAÇÃO DE APOIO MARÍTIMO
A navegação de apoio marítimo engendra a navegação realizada para apoio logístico a
embarcações e instalações em águas territoriais nacionais e na ZEE, que atuem nas atividades de
pesquisa e lavra de minerais e hidrocarbonetos.
O mercado brasileiro de apoio marítimo encontra-se em franca expansão. Com as
descobertas da zona pré-sal, houve significativo aumento da demanda por embarcações de apoio
offshore. A maioria dos navios está sendo construída no Brasil com vistas a aumentar a
participação da bandeira brasileira na frota mundial e a economia de divisas.
De acordo com o panorama aquaviário editado pela Antaq, a frota de bandeira brasileira
da navegação marítima e de apoio, relativa à navegação de longo curso, cabotagem, apoio
marítimo e apoio portuário era composta por 1197 embarcações em 2010.
A navegação de apoio marítimo vem contribuindo sistematicamente para o
desenvolvimento do Brasil e gerando significativos investimentos, empregos e tecnologia.
6.1- Plataformas petrolíferas offshore
Considerando a inexistência de regulamentação internacional, tem se evidenciado
diversidade e complexidade no conceito e na exata determinação da natureza jurídica das
plataformas. Tradicionalmente, a doutrina tem considerado plataforma as estruturas marítimas
ou aquáticas usadas para operações de exploração, explotação, produção e armazenamento de
petróleo e gás.
Na esfera classificatória das plataformas, têm se destacado os critérios da finalidade, da
mobilidade e da estrutura.
Na classificação com base na finalidade, as plataformas se classificam em de prospecção
e perfuração e de produção.
Com base no critério da mobilidade, as plataformas podem ser fixas (bottom supported
platforms), móveis (offshore mobile craft ou mobile platforms) ou flutuantes (floating
platforms).
37
A classificação das plataformas, principalmente no que concerne à estrutura, tem sido
considerada parâmetro na determinação do conceito e da sua natureza jurídica.
Uma plataforma petrolífera pode ser de duas maneiras: em terra firme recebe o nome de
plataforma "on-shore" e no mar recebe o nome de plataforma "off-shore" e é uma grande
estrutura usada na perfuração em alto mar para abrigar trabalhadores e as máquinas necessárias
para a perfuração de poços no leito do oceano para a extração de petróleo e/ou gás natural;
processando os fluidos extraídos e levando os produtos, de navio, até a costa. Dependendo das
circunstâncias, a plataforma pode ser fixada ao solo marinho, pode consistir de uma ilha
artificial ou pode flutuar.
De acordo com a finalidade que se destinam e a profundidade da lâmina d'água em que
irão atuar, as plataformas podem ser:
- Plataformas fixas: usadas em lâminas d'água de até 200 m. Geralmente as plataformas
fixas são constituídas de estruturas modulares de aço, instaladas no local de operação sobre
estruturas chamadas jaquetas, presas com estacas cravadas no fundo do mar. As plataformas
fixas são projetadas para receber todos os equipamentos de perfuração, estocagem de materiais,
alojamento de pessoal, bem como todas as instalações necessárias para a produção dos poços.
Não tem capacidade de estocagem de petróleo ou gás, tendo o mesmo que ser enviado para a
terra através de oleodutos e gasodutos.
- Plataformas Autoelevatórias ou Autoeleváveis (Jack-up rig): destinam-se à
perfuração de poços exploratórios na plataforma continental, em lâminas d`água que variam de 5
a 130 metros. São constituídas basicamente de uma balsa equipada com estrutura de apoio, ou
pernas, que, acionadas mecânica ou hidraulicamente, movimentam-se para baixo até atingirem o
fundo do mar. Em seguida, inicia-se a elevação da plataforma acima do nível da água, a uma
altura segura e fora da ação das ondas. Essas plataformas são móveis, sendo transportadas por
rebocadores ou por propulsão própria.
- Plataformas Semissubmersíveis (“Semi-Sub” Plataform): são compostas de uma
estrutura de um ou mais conveses, apoiada em flutuadores submersos. Uma unidade flutuante
sofre movimentações devido à ação das ondas, correntes e ventos, com possibilidade de danificar
os equipamentos a serem descidos no poço. Por isso, torna-se necessário que ela fique
posicionada na superfície do mar, dentro de um círculo com raio de tolerância ditado pelos
38
equipamentos de subsuperfície. Dois tipos de sistema são responsáveis pelo posicionamento da
unidade flutuante: o sistema de ancoragem e o sistema de posicionamento dinâmico.
O sistema de ancoragem é constituído de 8 a 12 âncoras e cabos e/ou correntes, atuando
como molas que produzem esforços capazes de restaurar a posição do flutuante quando é
modificada pela ação das ondas, ventos e correntes.
No sistema de posicionamento dinâmico, não existe ligação física da plataforma com o
fundo do mar, exceto a dos equipamentos de perfuração. Sensores acústicos determinam a
deriva, e propulsores no casco acionados por computador restauram a posição da plataforma.
As plataformas semissubmersíveis podem ou não ter propulsão própria. De qualquer
forma, apresentam grande mobilidade, sendo as preferidas para a perfuração de poços
exploratórios.
- Plataforma de pernas atirantadas ou TLP (Tension-Leg Plataform): são unidades
flutuantes utilizadas para a produção de petróleo. Sua estrutura é bastante semelhante à da
plataforma semissubmersível. Porém, sua ancoragem ao fundo mar é diferente: as TLPs são
ancoradas por estruturas tubulares, com os tendões fixos ao fundo do mar por estacas e mantidos
esticados pelo excesso de flutuação da plataforma, o que reduz severamente os movimentos da
mesma. Desta forma, as operações de perfuração, completação e produção das TLPs são
semelhantes às executadas em plataformas fixas.
- Sistemas flutuantes de produção ou FPS (Floating Production Systems): são navios,
em geral de grande porte, com capacidade para produzir, processar e/ou armazenar petróleo e gás
natural, estando ancorados em um local definido. Em seus conveses, são instaladas plantas de
processo para separar e tratar os fluidos produzidos pelos poços. Depois de separado da água e
do gás, o petróleo produzido pode ser armazenado nos tanques do próprio navio e/ou transferido
para terra através de navios aliviadores ou oleodutos. O gás comprimido é enviado para terra
através de gasodutos e/ou reinjetado no reservatório. São exmplos de FPSs:
a) FPDSO (Floating Production Drilling Storage and Offloading – Unidade
Flutuante de Produção, Perfuração, Armazenamento e Transferência): Trata-se de um navio
tanque convertido numa instalação com a capacidade de perfuração para obtenção de petróleo e
gás, capaz de processar e armazenar o que foi obtido, ou pode ser uma embarcação
especialmente desenvolvida para esse fim. A transferência ocorre por intermédio de navios
aliviadores ou monobóias.
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b) FPSO (Floating Production Storage and Offloading – Unidade Flutuante de
Produção, Armazenamento e Transferência): Trata-se de um navio tanque convertido numa
instalação capaz de processar e armazenar petróleo ou pode ser um navio construído
especialmente para isso. O navio utilizado pela indústria petrolífera para a explotação
(produção), armazenamento de petróleo e/ou gás natural e escoamento da produção por navios
aliviadores. São utilizados em locais de produção distantes da costa com inviabilidade de ligação
por oleodutos ou gasodutos.
c) FSO (Floating Storage and Offloading – Unidade Flutuante de
Armazenamento e Transferência): Semelhante ao FPSO, porém não possui a capacidade de
explotação (produção) do petróleo ou gás.
6.2- Tipos de embarcações de apoio marítimo offshore
O segmento oil & gas industry envolve um conjunto complexo de atividades.
Designadamente, além das plataformas anteriormente analisadas, destacam-se navios e
embarcações que operam na navegação de apoio marítimo às plataformas de petróleo
(navegação offshore ou platform support), nas atividades de suprimento (supply) e apoio, além
de embarcações que auxiliam as atividades de exploração e produção.
Os navios de reboque e manuseio são embarcações projetadas para dar apoio à área
offshore. Tais embarcações são caracterizadas pela grande potência dos motores, e tem como
principal objetivo o reboque e posicionamento das plataformas oceânicas de petróleo, operações
de manobras dos ferros (âncoras) e transporte de suprimentos e cargas múltiplas (alimentos, água
potável, óleo, combustível, contêineres, equipamentos para perfuração, tubulações...). Algumas
dessas unidades são dotadas de equipamentos para combate a incêndio, socorro e salvamento.
- AHTS (Anchor Handling Tug Supply Vessel - Navio de Reboque e Manuseio de
Âncoras): normalmente identificados pelo tamanho de seu motor, em termos de potência efetiva
(brake horsepower), ou sua força de tração estática, ou capacidade de reboque (bollard pull). Os
navios AHTSs caracterizam-se por terem convés de ré curtos em relação aos PSVs, possuindo
equipamentos especializados no manuseio de âncoras, tais como guinchos de reboque, e
acessórios especiais. Têm a popa aberta para permitir a amarração de âncoras e elevada força de
tração de energia. Suas principais tarefas são: reboque, ancoragem e instalação de sondas e
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outras instalações móveis de alto-mar, colocação e assistência na amarração, assistência na
construção e instalação em alto-mar, equipado para outros serviços como operações de resgate,
combate a incêndios e recuperação de petróleo. E podem realizar funções de apoio, mas com
espaço mais limitado que em PSVs normais. É também usado para o transporte de suprimentos
(tubos, água potável, óleo, lama, salmoura, cimento, peças, etc.).
- Aliviadores: são embarcações usadas para escoar a produção de petróleo ou gás de
unidades de produtoras offshore quando não se tem a opção de escoamento por oleoduto ou
gasoduto. O processo de escoamento de produção offshore utilizando esse tipo de embarcação é
conhecido como offloading. Nele, a unidade de armazenagem na área de produção descarrega no
navio aliviador e esse leva a carga até um terminal na costa.
- Crew Boat ou Fast Boat: embarcação de alta velocidade utilizada no transporte rápido
para trocas de tripulação e de outras equipes que atuam nas plataformas. Estas embarcações
também podem transportar óleo combustível, água potável, produtos químicos, água industrial,
tubulações e ferramentas especiais.
- CSVs (Construction Support Vessels - Navios de Apoio à Construção): são em geral
significantemente maiores e mais especializados que outros navios de apoio em alto mar, sendo
principalmente utilizados no suporte a operações complexas de construção, instalação,
manutenção, retirada de serviço para reparos, e outras operações sofisticadas realizadas em águas
profundas em alto mar. Os CSVs também dão suporte a ROVs, atividades de mergulho,
intervenções em poços, retirada de operação de plataformas, e outras operações complexas de
construção. Tem como suas principais tarefas: apoio na colocação de tubos e instalação de
tubulação de escoamento, colocação e escavação para cabo umbilical, instalação de tubulação de
distribuição e execução de ligações submarinas, monitoramento do toque em solo marinho (TDP
– Touch Down Point), preparação submarina.
- LH (Line Handler): Embarcação com cerca de 35 metros de comprimento utilizada no
manuseio de espias (cabos de amarração). É uma embarcação especializada no manuseio de
espias, usado nas operações de transporte ou ancoragem das plataformas, transporte de cabos
entre a plataforma e o rebocador ou até a bóia para conexão com cabos de ancoragem.
- MPSV (Multipurpose Supply Vessel - Navio Multitarefa, Suprimento e Manuseio
de Âncoras): Embarcação projetada para prestar serviços de manutenção da produção e
descarregamento de carga e também ao manuseio de âncoras.
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- Oil Recovery ou OSRV (Oil Spill Recovery Vessel): Utilizado no combate ao
derramamento de óleo dotado de especificações que permitem trabalhar na mancha de óleo, em
atmosfera onde a evaporação do petróleo produz gás natural, por isso é dotado de sistemas
elétricos blindados para evitar a produção de faíscas. Possui equipamentos para aspirar o óleo
derramado e armazenar num tanque a bordo. A capacidade de combater o derramamento pode
ser criada em um PSV ou AHTS.
- PLSV (Pipe Laying Support Vessel – Lançamento de Linha): São usados no
lançamento ou recolhimento de linhas no mar, usadas para conectar as plataformas a sistemas de
produção de petróleo.
- PSV (Platform Supply Vessel – Navio de Suprimento a Plataformas): Caracteriza-se
por seus amplos espaços de convés e grande capacidade de manuseio de carga. Estes navios são
utilizados no transporte de materiais, suprimentos e funcionários para sondas e plataformas de
perfuração em alto mar. Mede de 60 a 100 metros de comprimento. Suas principais tarefas são:
transporte de suprimentos e equipamentos em geral. Sobre o convés: carregamento de
contêineres, equipamentos e tubos, abaixo do convés: transporte de líquidos como lama, cimento,
água, combustível e produtos químicos, em tanques apropriados e separados, atendimento a
instalações de perfuração e produção, com unidades flutuantes de exploração, armazenamento e
escoamento (FPSOs) e suporte à construção, manutenção e trabalho submarino em alto-mar. São
navios destinados ao apoio para grandes locais de produção devido à ampla área de convés e à
capacidade de carga abaixo do convés.
- RSV (Research Supply Vessel – Navio de Apoio à Pesquisa): Barco de apoio à
pesquisa e coleta de dados sísmicos. Desempenha serviços como instalações submarinas,
acomodação e abastecimento para plataforma de perfuração.
- RSV (ROV Support Vessel): Embarcação de apoio especializada em operação de ROV
- Remote Operate Vehicle, pequeno veículo operado do navio e que atua no fundo do mar através
de braços mecânicos, luzes e lentes no manuseio e montagem de equipamentos submarinos
offshore.
- SV (Supply Vessel): Embarcação de apoio às plataformas de petróleo menor que um
PSV.
- TS (Tug Supply – Rebocador de apoio): Embarcação utilizada no suprimento e como
rebocador junto às plataformas.
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- UT (Utility): Navio utilitário para tarefas diversas e transporte de cargas menores.
- Well Stimulation Vessel ( Navio de Estimulação de Poços): são embarcações dotadas
de “plantas” para aplicação de injeção de agentes químicos, visando monitorar e melhorar a
produtividade dos poços e linhas em operação. A estimulação de poços é uma intervenção feita
para aumentar a produção, melhorando o fluxo de hidrocarbonetos a partir da área de drenagem
no poço.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho analisou um fato essencial no que tange à exploração pacífica de todo o
potencial de riquezas do mar: a elaboração da CNUDM. A partir dela, os países signatários
criaram suas próprias leis que definem suas posições de defesa, soberania, exploração e proteção
do meio marítimo - sempre de acordo ao que ficou definido pela CNUDM.
Sabemos que o Brasil vem agindo para expandir e demarcar seu território marítimo,
tendo em vista que importantes projetos como LEPLAC, REVIZEE e PROARQUIPELAGO,
demonstram a vastidão das riquezas do mar. A extensão de nossa plataforma continental nos
permitiu acesso ao Pré-sal e consequentemente à expansão da economia nacional.
Após a conclusão dessa monografia, fica evidente que a descoberta de petróleo e gás na
zona pré-sal situada na plataforma continental brasileira é um marco na indústria petrolífera
mundial. E com isso o Brasil vive um momento único em sua história: é a maior economia da
América Latina, a sexta maior economia mundial e a quarta maior reserva de petróleo do mundo.
Nos últimos anos, tem-se constatado efetiva intensificação do comércio internacional
com o Brasil, que gera impactos significativos na Marinha Mercante nacional e na atividade
portuária. O mercado brasileiro de apoio marítimo encontra-se em franca expansão. Com as
descobertas da zona pré-sal, houve significativo aumento da demanda por embarcações de apoio
offshore.
Como global trader, o Brasil apresenta uma significativa relação de dependência com o
mar, evidenciada, principalmente, no tráfego e no tráfico marítimos e nas reservas de petróleo e
demais potencialidades econômicas, como a pesca – que permanece praticamente artesanal -, a
exploração de gás e demais recursos.
A constatada dependência do Brasil com o mar acaba revelando vulnerabilidades que
poderão se intensificar face às recentes descobertas do pré-sal, em especial as reservas
localizadas em zonas marítimas brasileiras. Por isso, o que precisamos para assegurar nossos
direitos, é de uma posição mais firme na hora de demonstrar nossas pretensões e de uma
fiscalização mais efetiva, afinal, o Direito Marítimo Internacional vem para estabelecer normas e
diretrizes que países precisam respeitar e fazer com que sejam respeitadas.
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