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CÂMARA DOS DEPUTADOS
DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO
NÚCLEO DE REDAÇÃO FINAL EM COMISSÕES
TEXTO COM REDAÇÃO FINAL
COMISSÃO ESPECIAL - REFORMA DO JUDICIÁRIOEVENTO: Reunião Ordinária N°: 0779/03 DATA: 12/06/03INÍCIO: 14h58min TÉRMINO: 16h32min DURAÇÃO: 01h34minTEMPO DE GRAVAÇÃO: 01h34min PÁGINAS: 33 QUARTOS: 19REVISÃO: Lia, Paulo DomingosSUPERVISÃO: DanielCONCATENAÇÃO: Daniel
DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃO
SUMÁRIO: Votação de requerimentos constantes da pauta.
OBSERVAÇÕES
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão Especial - Reforma do JudiciárioComissão Especial - Reforma do JudiciárioNúmero: 0779/03 Data: 12/06/03
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O SR. PRESIDENTE (Deputado José Eduardo Cardozo) - Havendo número
regimental, declaro abertos os trabalhos da 2ª reunião da Comissão Especial
destinada a efetuar estudo em relação às matérias em tramitação na Casa, cujo
tema abranja a reforma do Judiciário.
Informo aos Srs. Deputados que ainda não temos o número legal necessário
para deliberações nesta reunião. Todavia, poderemos votar os principais pontos que
não exigem esse quorum para que possamos avançar nos trabalhos. Se não houver
quorum, não poderemos deliberar sobre os requerimentos que estão sobre a mesa.
Tendo em vista a distribuição de cópias da ata da primeira reunião a todos os
membros desta Comissão...
A SRA. DEPUTADA ZULAIÊ COBRA - Sr. Presidente, peço dispensa da
leitura da Ata.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Eduardo Cardozo) - A Deputada Zulaiê
Cobra pede dispensa da leitura da Ata. (Pausa.)
Dispensada a leitura da Ata.
Em discussão.
Não havendo quem queira discuti-la, coloco-a em votação.
Os Srs. Deputados que a aprovam permaneçam como estão. (Pausa.)
Aprovada.
Sobre a mesa Ofício nº 96, de 2003, da Consultoria Legislativa, que informa a
designação das Dras. Maria Regina Groba Bandeira e Marcia Maria Bianchi Prates
para prestarem assessoramento em Consultoria Técnica Especializada a esta
Comissão.
Sobre a mesa ofício do gabinete da Deputada Juíza Denise Frossard,
comunicando sua ausência, no período de 11 a 13 de julho do corrente, por estar
participando de missão oficial.
Sobre a mesa declaração do Departamento Médico, comunicando o
afastamento do Deputado Nélio Dias, no período de 13 de maio a 11 de junho.
Ordem do Dia.
A SRA. DEPUTADA DRA. CLAIR - Sr. Presidente, peço a palavra pela
ordem.
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O SR. PRESIDENTE (Deputado José Eduardo Cardozo) - Tem V.Exa. a
palavra.
A SRA. DEPUTADA DRA. CLAIR - Sr. Presidente, gostaria de justificar
minha ausência na última reunião, dado que estava em missão oficial junto à
Conferência da OIT, inclusive com o Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Eduardo Cardozo) - Obrigado, nobre
Deputada Dra. Clair.
Obviamente, não havendo quorum, não poderemos deliberar sobre o
segundo tópico da Ordem do Dia: apreciação dos requerimentos. Nesse caso, se
não houver quorum, informo aos Srs. Deputados que os requerimentos ficarão para
apreciação da próxima reunião, oportunamente convocada.
Item 1 da Ordem do Dia: definição do roteiro dos trabalhos.
O objetivo nesta etapa é, a partir de uma avaliação inicial, permitir ao Relator
que elabore para a próxima reunião o roteiro, inclusive no âmbito de definição de
cronograma, para que possamos planejar o nosso trabalho. O roteiro será elaborado
pelo Relator a partir da avaliação da discussão de hoje.
Estão abertas as inscrições para que os Srs. Parlamentares possam falar
sobre o roteiro.
Concedo a palavra à Sra. Deputada Dra. Clair.
A SRA. DEPUTADA DRA. CLAIR - Sr. Presidente, gostaria de propor à
Presidência e demais membros da Comissão que iniciássemos os trabalhos da
Comissão com a oitiva do Sr. Ministro da Justiça, Dr. Márcio Thomaz Bastos, porque
sabemos que já tramitou nesta Casa projeto de reforma do Poder Judiciário, que se
encontra no Senado. A Comissão precisa saber qual caminho a trilhar, as diretrizes
do Governo em relação ao projeto de reforma do Poder Judiciário. O projeto em
tramitação no Senado seguirá o trâmite ou não? Enfim, que destino será dado
àquele projeto que se encontra em tramitação? Por várias vezes, ouvi o Ministro da
Justiça falar que o Governo pretendia recomeçar o debate sobre o tema. No entanto,
outras entrevistas são no sentido de que aproveitaria algum trabalho desenvolvido
naquele projeto. Entendo que seria de fundamental importância, antes de definirmos
o roteiro dos nossos trabalhos, ouvirmos o Ministro para termos idéia de qual a
seqüência a dar ao tema. É nesse sentido que faço essa sugestão.
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Os trabalhos desta Comissão são de fundamental importância para a
sociedade. Temos de dar à sociedade, com essa reforma, uma agilização da
prestação jurisdicional, diminuindo instâncias e recursos. É um trabalho muito
importante a fazer, mas considero que a definição do rumo do trabalho depende de
uma conversa com o nosso Ministro da Justiça.
Obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Eduardo Cardozo) - Há, inclusive,
Deputada Dra. Clair, requerimento de V.Exa. nessa linha, apresentado a esta
Presidência, bem como também um outro do Deputado Aloysio Nunes Ferreira.
Apenas lembro que na reunião passada, embora não tenhamos tido nenhuma
definição acerca dessa questão, o Deputado Aloysio Nunes Ferreira ponderou que
fosse interessante, do ponto de vista até simbólico, que a primeira audiência fosse
feita com S.Exa. o Presidente do Supremo Tribunal Federal, hoje o Ministro Maurício
Corrêa. Essa é uma questão em aberto e terá que ser debatida por nós.
Seja como for, já na reunião passada, vários Deputados se manifestaram no
sentido de que melhor seria que as primeiras audiências, independentemente da
definição de sua ordem, fossem realizadas com a presença do Ministro Maurício
Corrêa e do Ministro Márcio Thomaz Bastos.
Concedo a palavra ao Deputado João Alfredo.
O SR. DEPUTADO JOÃO ALFREDO - Sr. Presidente, Sr. Relator, Sra.
Deputada, Srs. Parlamentares presentes, evidentemente que estamos neste
momento apresentando sugestões para que o nobre Relator possa estabelecer a
linha de trabalho desta Comissão. É um debate que já foi iniciado, mesmo sem a
presença do Relator, na semana passada. Temos de encontrar algumas linhas de
ação.
Quando a Comissão foi criada, previu-se que ela fizesse um estudo das
matérias que estão tramitando na Casa ligadas ao tema reforma do Judiciário.
Acredito que esse trabalho já tenha sido iniciado pela nossa assessoria, pela
Consultoria da Casa, e seria importante disponibilizar os resultados desse
levantamento a todos, para que tivéssemos uma idéia do que temos ainda
tramitando, tanto em matéria de natureza constitucional como infraconstitucional,
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para podermos analisar, independentemente da matéria que já saiu desta Casa e
que está hoje no Senado Federal.
Mesmo sabendo que a temática constitucional é mais importante, porque
prevê emendas à Constituição, uma das matérias, Sr. Relator, para a qual seria
importante nos voltarmos, é justamente o Projeto de Lei Complementar nº 144, de
1992, originário do Supremo Tribunal Federal e que dispõe sobre o Estatuto da
Magistratura Nacional. Todos sabemos que a LOMAN (Lei Orgânica da Magistratura
Nacional), que ainda está em vigência, é anterior à Constituição. Vez por outra, ela
se choca com os ditames constitucionais. Mesmo no meu Estado, o Ceará, algumas
eleições de Desembargadores foram objeto de questionamentos no próprio STF.
Sabemos que alguns aspectos ligados à questão do regime disciplinar, da
própria administração da Justiça estão presentes nessa nova lei, que seria a nova
LOMAN, que está sendo chamada de Estatuto da Magistratura Nacional. Então,
seria importante que dentre outras matérias pudéssemos ter acesso a essa.
O próprio Presidente, numa conversa que tivemos, disse que talvez
pudéssemos fazer isso na própria Comissão de Constituição e Justiça e de
Redação, até porque alguns de nós, como titulares ou suplentes, fazemos parte
daquela Comissão. Isso é o óbvio, é o que está no Ato da Presidência que criou a
Comissão. No entanto, também não podemos desconhecer que essa matéria, como
bem lembrou a Deputada Dra. Clair, é objeto de proposta de emenda à Constituição
que já está no Senado Federal, cuja Relatora na Casa foi a Deputada Zulaiê Cobra,
que esteve conosco. Evidentemente, essa matéria deverá retornar à Câmara,
modificada pelo Senado. Não seria de todo ruim — aqui não se está suscitando
nenhum conflito de competência, porque somos uma Comissão de estudos — que
pudéssemos fazer um estudo comparativo. Pedi à assessoria que fizesse um
trabalho, um quadro comparativo — se os Parlamentares quiserem, podem entrar
em contato com nosso gabinete pelo ramal 5566 — do que está na Constituição, do
havia no projeto original do ex-Deputado Hélio Bicudo, do que contém a proposta
que saiu da Câmara Federal e como está o relatório do Senador Bernardo Cabral,
com as propostas da OAB e da AMB. Apenas para estudo.
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A Deputada Zulaiê Cobra, quando esteve conosco há pouco, chamou nossa
atenção para seu parecer, que procurou colher contribuições das diversas
entidades, com amplo consenso dessas instituições e da própria Comissão.
Essa é a segunda linha de ação que apresento como sugestão ao nobre
Relator, que está presente para colher e analisar dados, a fim de trazer sua
proposta.
O terceiro aspecto, que também lembrou a Deputada Dra. Clair, dependerá
da ação do Governo Federal, do Poder Executivo. Sabemos que foi criada, no
âmbito do Ministério da Justiça, uma Secretaria da Reforma do Judiciário. Essa
secretaria está fazendo estudos, inclusive a partir do que está em tramitação nesta
Casa, para apresentar um projeto do Governo Lula de reforma do Judiciário. Não
seria a que está em votação no Senado. Então, essa é a importância da vinda do
Ministro, um passo posterior, até porque — encontra-se presente o Deputado
Maurício Rands, que sabe disso — as próprias Comissões Especiais de reforma
previdenciária e de reforma tributária começaram a trabalhar antes de o Governo
mandar a proposta. Depois elas foram oficializadas.
Há esses 3 aspectos. Um debate que poderemos fazer é a análise das
entidades: juízes, advogados, Ministério Público, os próprios tribunais. Dentro dessa
discussão, há pessoas que dizem que aquela reforma não serve, que teria que
começar do zero, mas outros pensam que poderíamos pelo menos tentar encontrar,
do que chegou ao Senado Federal, aquilo que pudesse ser consensual, como
primeiro passo, não como a reforma em si que se deseja fazer mais ampla, radical,
para usar a expressão do Ministro Márcio Thomaz Bastos.
É importante fazermos a distribuição para o estudo, tanto da Lei
Complementar nº 35, de 1979, que criou a LOMAN, como esse PLP a que me referi,
porque são bons instrumentos para análise desta Comissão.
Era o que tinha a dizer.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Eduardo Cardozo) - Informo às Sras. e
aos Srs. Deputados que a assessoria desta Comissão e a Sra. Secretária
encaminharam aos gabinetes dos Srs. Parlamentares a primeira remessa de
propostas ou de propostas de emenda à Constituição que estão tramitando e que
consistem em parte do objeto regimental desta Comissão. Foram encaminhadas aos
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Srs. Parlamentares 19 PECs. Quero observar aos Srs. Parlamentares que, além
dessas 19 PECs, sou informado também de que devem existir cerca de 10 PECs
para serem encaminhadas. Portanto, do ponto de vista de proposta de emenda à
Constituição, teremos aproximadamente 30 PECs nesta Comissão.
Agora, no plano da legislação infraconstitucional, há uma quantidade imensa
de projetos. A idéia original desta Presidência era encaminhar para cada um dos
Srs. Deputados uma pasta com todos os projetos. Porém, constatamos que só na
primeira remessa seriam necessárias 12 mil, 16 mil folhas, o que obviamente seria
inviável. Então, por esta razão, estará à disposição dos Srs. Deputados junto à
Secretária a cópia integral desses textos, mas todos os Srs. Deputados receberão a
menção e a ementa destas propostas de emenda à Constituição e dos projetos de
lei respectivos. Dada essa informação, continuemos.
Tem a palavra o nobre Deputado Nelson Trad.
O SR. DEPUTADO NELSON TRAD - Sr. Presidente, na verdade,
confesso-me, talvez pelas minhas próprias limitações, perdido no meio desse
enorme enunciado de um problema que estamos chamando aqui de reforma do
Judiciário. Estamos embaralhados no aspecto regimental, no aspecto constitucional
e até no aspecto prático para que possamos implantar uma Comissão, com tantos
nomes ilustres que temos com intimidade com o problema da reforma do Judiciário,
o sentido correto de que não ficássemos presos a discussões já travadas, a
soluções já encontradas, a afirmações já recebidas, aceitas e até consentidas nesse
projeto que tramita no Senado Federal, que tem muitas emendas apresentadas
dentro desse critério.
V.Exa., Sr. Presidente, de forma oportuna, na primeira reunião que tivemos,
na quinta-feira passada, argüiu claramente um aspecto que acho importante: que
nos ativéssemos naquele enunciado que determinou a instalação desta Comissão.
Diante disso e até pela possibilidade regimental que teríamos com o retorno dessa
reforma que já está há alguns anos no Senado Federal, poderíamos aprimorar o
projeto com aquilo que levantarmos aqui.
Entendo que deveríamos fazer um trabalho, dentro desta Comissão, de
Subcomissões para separação desses projetos que se encontram já coletados, os
quais o Relator e o Vice-Presidente conhecem muito bem. Iniciar aqui um estudo
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para uma reforma de um sistema que procuramos aperfeiçoar complicaria ainda
mais. Faríamos aqui, na verdade, uma nova edição da Lei de Diretrizes e Bases. É
natural que isso aconteça.
V.Exa., Sr. Presidente, tem grande responsabilidade e está amparado na
direção dos trabalhos por 2 homens com muita intimidade com a matéria.
Deveríamos equacionar, destrinchar o enunciado desse problema, diminuí-lo, para
que pudéssemos, num prazo bem curto, cumprir com a nossa missão exata e que
deu razão à instalação desta Comissão pelos motivos apresentados no seu
requerimento. É a idéia que eu tenho, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Eduardo Cardozo) - Acho muito
oportuna a ponderação do Deputado Nelson Trad. Proponho alguma reflexão inicial
para que meditemos um pouco. A idéia de Subcomissões é excelente, Deputado
Nelson Trad, mas temos um problema apenas: o da estrutura administrativa. Temos
apenas uma única secretária. As Comissões Especiais têm esse problema. Talvez,
aproveitando a idéia do Deputado, pudéssemos criar grupos de trabalho internos
que não teriam a formalidade de uma Subcomissão, para que tivéssemos a
agilidade das reflexões que V.Exa. propõe em torno de alguns temas centrais.
Talvez pudéssemos pensar — gostaria até que o Deputado me auxiliasse a pensar
um pouco — nesse mecanismo, evitar a questão burocrática, estrutural, necessária
às Subcomissões, a fim de chegarmos ao objetivo que V.Exa. propõe muito
inteligentemente.
Peço a V.Exa. que auxilie esta Presidência, o Sr. Relator e o Sr.
Vice-Presidente a pensar como poderíamos funcionar. Ficaríamos imensamente
agradecidos a V.Exa., até pela experiência que tem nesta Casa.
Com a palavra o Sr. Deputado Maurício Rands.
O SR. DEPUTADO MAURÍCIO RANDS - Deputado José Eduardo Cardozo,
inicialmente, parabenizo V.Exa. por ter sido escolhido pelos membros desta
Comissão para dirigir os trabalhos, bem como parabenizo o ilustre Vice-Presidente,
Deputado João Alfredo, e o ilustre Relator, Deputado Ibrahim Abi-Ackel, pela
indicação que receberam. Com certeza, esse trio que está comandando a Comissão
Especial da Reforma do Judiciário dará grande contribuição ao trabalho, junto com
os demais membros.
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Endosso a observação feita pelo Deputado Nelson Trad de que não devemos
ter a falta de humildade de querer reinventar a roda, de querer de novo criar toda a
concepção da reforma do Judiciário, que, desde 1992, é discutida nesta Casa, com
projeto iniciado pelo ex-Deputado Hélio Bicudo. Acompanhei de perto o andamento
das discussões nesta Casa, sobretudo da PEC nº 29/00, e também no Senado
Federal.
Deputado Nelson Trad, eu queria também ponderar que se essa reforma a
ser feita nesta 52ª Legislatura, por um lado, não deve querer reinventar a roda e ter
a pretensão de inovar em tudo o que está PEC que tramita no Senado Federal, por
outro lado, tem a responsabilidade, Deputados Ibrahim Abi-Ackel e João Alfredo, de
corresponder a uma nova conjuntura que vive o País.
Tenho notado que muitas vezes no debate nem sempre esse componente é
levado em consideração. Estamos vivendo um novo momento na história da
República brasileira. Esta nova conjuntura, que resulta da eleição do Presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, de um novo bloco de Governo no País, implica que alguns dos
componentes, algumas das preocupações que, sem dúvida, Deputada Dra. Clair, já
estavam presentes na discussão anterior da reforma do Judiciário, ganham peso
maior.
Refiro-me, por exemplo, à questão do grande anseio de justiça daqueles que
querem ampliação do movimento de acesso à Justiça, daqueles que, talvez na
esteira de Mauro Cappelletti, querem pensar a reforma do Judiciário no sentido da
ampliação da sua acessibilidade, para permitir que todos os cidadãos brasileiros
possam bater às portas do Judiciário para fazer valer seus direitos de cidadania.
Sem dúvida, na atual conjuntura, a expectativa do povo brasileiro é que
imprimamos ritmo à reforma do Judiciário com essas preocupações. A nós preocupa
também, evidentemente, que o País tenha mais estabilidade jurídico-normativa.
Tenho tido acesso a estudos sobre desenvolvimento econômico e todos eles
mostram que uma das variáveis mais importantes para o desenvolvimento
econômico é a estabilidade do ambiente normativo daquela sociedade. Este é um
valor também a ser perseguido por todos nós na reforma do Judiciário. Devemos
dotar o Brasil de estabilidade jurídico-normativa para que as instituições fomentem,
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catalisem o desenvolvimento econômico que se quer com justiça social e
distribuição de riqueza.
Então, nesta minha primeira intervenção aqui na Comissão, Deputado João
Alfredo, gostaria de salientar esse aspecto. Se não devemos — e eu concordo com
o Deputado Nelson Trad — inovar em todos os aspectos das instituições que estão
em jogo, por outro lado, temos uma responsabilidade, um mandato da sociedade
brasileira para enfatizar algumas das vertentes da reforma do Judiciário.
Saliento especificamente o aspecto do acesso ao Poder Judiciário, dando-lhe
celeridade e condições ao cidadão brasileiro, seja rico, seja pobre, seja morador de
um grande Município, seja habitante de uma pequena cidade, de ter amplo e eficaz
acesso a esse Poder para fazer valer seus direitos de cidadania.
A Comissão está de parabéns por ser tão bem dirigida. Neste momento,
talvez caiba a nós também, Deputados João Alfredo e Ibrahim Abi-Ackel, procurar o
diálogo com o Senado Federal, já que a PEC que tramita lá pode ter — se não na
sua inteireza, pelo menos em parte — elementos que devem ser rejeitados pela
atual conjuntura, pelo anseio da sociedade brasileira de que haja uma reforma do
Judiciário. Quanto a alguns outros elementos o diálogo com esta Comissão e com a
Câmara dos Deputados pode acelerar o processo, para não pensarmos em querer
inovar, em inventar em tudo que pode ser feito para aperfeiçoar o Judiciário.
Parece-me que esse diálogo e talvez um fatiamento daquela PEC que está no
Senado pode ser útil aos nossos propósitos.
Obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Deputado João Alfredo) - Muito obrigado, Deputado
Maurício Rands. Certamente o brilho de V.Exa., que conhece a matéria de perto,
será muito importante nesse nosso debate. Essa questão que V.Exa. levanta é
importante. Esta Comissão deve ter um diálogo com o Senado Federal até para
sabermos como se encontram as negociações. Ao que me consta, até agora não foi
nomeado um Relator para a matéria no Senado. Então, teríamos de nos inteirar
dessa situação para saber em que pé anda a questão.
Com a palavra o Deputado João Paulo Gomes da Silva.
O SR. DEPUTADO JOÃO PAULO GOMES DA SILVA - Sr. Presidente, nobre
Relator,...
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O SR. PRESIDENTE (Deputado João Alfredo) - Deputado João Paulo, um
minuto, por favor. Só para situar os que chegaram depois, invertemos a pauta e
estamos no segundo ponto, que é o debate sobre o roteiro de trabalho. Fizemos isso
com o intuito de levantar sugestões para que o Relator possa nos apresentar algo na
próxima reunião. Terminado esse momento e já havendo quorum, passaremos para
a votação dos requerimentos.
Desculpe-me, Deputado João Paulo. Tem V.Exa. a palavra.
O SR. DEPUTADO JOÃO PAULO GOMES DA SILVA - Sr. Presidente,
companheiros e companheiras da Comissão, a necessidade de reformulação do
Poder Judiciário é algo que ouço antes de entrar na faculdade. Sou advogado e
entrei na faculdade em 1969. Desde antes desse período venho ouvindo isso,
participando de congressos, de seminários e de mobilizações, todos sinalizando
para a necessidade de reforma do Poder Judiciário. Algumas mobilizações até
descortinaram sugestões nesse sentido. Também faço parte dessa corrente e
percebo que precisa de fato haver tal reformulação no Poder Judiciário.
Caro Presidente, nessa reformulação, deveríamos assegurar de vez ao Poder
Judiciário sua efetiva independência. Vivenciamos o estrangulamento de muitos
anos nessas indicações que o Poder Executivo faz dos membros do Poder
Judiciário. A Constituição brasileira assegura a independência dos Poderes
Executivo, Judiciário e Legislativo e diz que eles são independentes e harmônicos
entre si.
Sinceramente, não é possível conceber a independência do Poder Judiciário
neste cenário de indicações de seus membros pelo Poder Executivo. E essa
hipertrofia existe não é de hoje, é histórica, mas é preciso ser enfrentada com muita
sabedoria, competência e paciência. Aliás, paciência já temos tido ao longo de
muitos anos.
Caro Presidente, caros colegas, esse discurso, por exemplo, de controle
externo do Poder Judiciário não seria de fato a solução. O Poder Judiciário tem
condições de se controlar por si próprio. Fala-se que o controle não seria da
atividade jurisdicional, mas administrativo. De qualquer maneira, qualquer controle
que se queira fazer arranhará a autonomia, que não existe, mas é desejada pelo
Poder Judiciário.
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Quero fazer aqui uma consideração bastante embrionária, para que os
companheiros da Comissão me ajudem a refletir sobre ela, a fim de que cheguemos
eventualmente à conclusão sobre se se trata ou não do melhor caminho para o
atingimento da independência do Poder Judiciário. Quem sabe a introdução da
eleição popular no Poder Judiciário, nos termos em que ocorre para provimento das
vagas no Poder Executivo e no Legislativo, não seria essa panacéia que tanto
buscamos há tanto tempo e que ainda não encontramos? Ela poderia vir de forma a
não excluir o critério atual que se estabelece para provimento, porque se trata de
espaços onde o notório saber jurídico e outros valores têm de ser comprovados. Se
associarmos a esses critérios o fator eleição, disponibilizaríamos para o povo essa
oportunidade, que seria, de resto, para o próprio Poder Judiciário conquistar a sua
independência.
Ao longo dos anos, todos temos verificado que até a imprensa não tem
afinidade maior com os labirintos do Poder Judiciário, na medida em que cobre
aquelas rotinas do Poder Judiciário, às vezes chega a dizer que o juiz vai dar um
parecer e coisas desse gênero, exatamente em função desse distanciamento que o
Poder Judiciário guarda em relação à sociedade brasileira. Então, isso precisa ser
encurtado. Um fator que seguramente promoveria aproximação incontestável entre o
Poder Judiciário e o povo seria a eleição, da qual todos participaríamos.
Numa reflexão que fiz outro dia, fiquei a pensar que de fato isso poderia ser
resolvido por nós e tem de ser resolvido por nós, porque tem de resultar de lei, da
alteração da Constituição Federal. A provocação que gostaria de fazer aos colegas
desta Comissão é que nos debrucemos sobre essa possibilidade de introduzir a
eleição popular para provimento dos cargos no Poder Judiciário e no Ministério
Público também. Poderia ser um instrumento de concepção da efetiva
independência que, de resto, está garantida na Constituição.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Eduardo Cardozo) - Tem a palavra o
nobre Deputado Coriolano Sales.
O SR. DEPUTADO CORIOLANO SALES - Sr. Presidente, Sr.
Vice-Presidente, Sr. Relator, colegas Deputados e Deputadas, esta Comissão pode
dar enormes contribuições, apesar do adiantamento que ocorreu na outra Comissão
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e da votação do projeto que esta Casa enviou ao Senado Federal. Esta Comissão
pode avançar e discutir muitos assuntos importantes.
O Poder Judiciário continua desestruturado, apesar da autonomia
administrativa e financeira que lhe foi conferida pela Constituição de 1988. O
Judiciário avançou em muitos Estados, na Justiça Estadual, mas volta e meia nos
Estados também se pede a reforma do Poder Judiciário.
Há poucos dias, a Ordem dos Advogados do meu Estado fez uma consulta
aos advogados baianos, pedindo sugestões, contribuições, subsídios para
formatação de uma proposta mais ampla no sentido de apoiar uma reforma mais
profunda do Poder Judiciário. É claro que há muitos aspectos, como o mencionado
pelo colega que falou anteriormente, no tocante à eleição popular dos juízes. É uma
questão relevante. Não há consenso, mas é muito importante. A federalização da
Justiça é outro ponto da maior relevância.
Sr. Presidente, esta Comissão deveria inicialmente ouvir o Presidente do
Supremo Tribunal Federal, que é o chefe, o topo, a representação máxima do Poder
Judiciário. Logo em seguida, poderíamos ouvir o Ministro da Justiça. Não acho
adequado que o chefe do Poder Executivo mande uma proposta de reforma do
Poder Judiciário. Isso me parece falta de bom senso. Em seguida, deveríamos ouvir
o Presidente do Superior Tribunal de Justiça, Ministro Nilson Naves, para que traga
suas contribuições.
Ouviríamos depois o chefe do Ministério Público Federal, o presidente da
Associação Nacional do Ministério Público dos Estados e o presidente da Ordem
dos Advogados do Brasil. Completaríamos inicialmente uma malha de informações
atualizadas para travar as discussões essenciais que precisariam ser feitas no
âmbito desta Comissão.
O Judiciário tem uma questão econômica. Quanto custa o Judiciário brasileiro
hoje? Ninguém sabe. Quanto ele representa do PIB nacional? Quanto custam o
Judiciário Federal e o Judiciário Estadual? Volta e meia criam-se justiças paralelas,
juizado disso, juizado daquilo. As burocracias anteriores permanecem perenes.
Criam-se novas burocracias. Será que são realmente necessárias? Quanto custa o
Judiciário no Brasil? Quanto custa o Judiciário dos Estados Unidos, embora seja um
país muito mais rico, de uma dimensão econômica muito maior, incomparável? De
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qualquer forma, poderia ser um parâmetro o Judiciário da França ou da Alemanha.
Precisamos ter parâmetros para saber se está certo o que estamos fazendo no
Brasil. A Comissão poderia encomendar um trabalho dessa ordem, uma pesquisa,
um levantamento, para se ter uma idéia de quanto isso custa ao País e saber se
esse modelo de Justiça está custando muito ao País e sacrificando a Nação.
Sr. Presidente, estou de acordo com os propósitos desta Comissão. Estou
ingressando com esses requerimentos a que me reportei, formalizando-os. Quero
parabenizar V.Exa. pela escolha do nosso eminente Relator, de conhecida
proficiência nesta Casa, e parabenizar a Mesa, na certeza de que esta Comissão
produzirá um grande trabalho em favor da Nação.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Eduardo Cardozo) - Agradeço ao
Deputado Coriolano Sales por suas sugestões, que serão apreciadas
oportunamente.
Com a palavra a nobre Deputada Mariângela Duarte.
A SRA. DEPUTADA MARIÂNGELA DUARTE - Obrigada, Sr. Presidente.
Vou tomar por diretriz um outro foco de visão, até porque devo ser a única não
causídica. Embora eu seja membro suplente da Comissão, parece que o suplente
está sempre atuando nesta Comissão. Talvez seja até interessante, porque eu
posso trazer a visão do Parlamentar. É impossível ser Parlamentar há 15 anos sem
ter uma compreensão vasta do sistema jurisdicional, do sistema legal do País.
Quero falar um pouco sobre do que, na minha opinião, prescindem às vezes
os textos de reforma indicados enviados a este Congresso. Como estamos num
ponto inicial, são necessárias algumas reflexões que me parecem pré-requisitos
para o nível de exigência que, na condição de Parlamentares, faremos neste
processo de reforma do Judiciário. Esse pré-requisito demanda que olhemos para
nós próprios, porque será difícil cobrarmos aquilo em que nós mesmos estamos
falhando.
Em primeiro lugar, o esboço de uma reforma do Judiciário para atender à
demanda e aos reclamos da nossa sociedade tem de partir de uma concepção de
Estado. As reformas que estão chegando devem ter esse enfoque. Precisamos
definir qual é a concepção de Estado, para, a partir dela, informarmos qual a
concepção de Judiciário e de Justiça que queremos. Isso é um pré-requisito que nos
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compete como legisladores. Qual a concepção de Estado que queremos? Qual o
ângulo que adotaremos para uma visão holística, humana, de inclusão solidária e
social, tudo aquilo que uma Justiça baseada no Direito romano jamais foi, nem a
advocacia, nem a Justiça.
Em segundo lugar, refiro-me àquilo que responderemos antes de questionar
quem quer que seja. Quer dizer, a quantas anda a nossa disposição de reformar o
Código Penal, que não digo nem que esteja anacrônico, mas obsoleto. Isso é
responsabilidade nossa. Isso será pré-requisito ou entra como decorrência e
corolário da reforma do Judiciário? Esta é uma resposta do Poder Legislativo. Como
conviver com um Código Penal obsoleto, haja vista o que aconteceu com o Código
de Civil? Não está nem anacrônico, mas obsoleto, uma colcha de retalhos. A
competência é nossa. Esses pré-requisitos vão-nos incomodar, na medida em que
quisermos avançar nesse processo de reforma.
Outro ponto que acho muito problemático no Brasil e que não se discutiu
ainda a fundo diz respeito às instâncias recursais no Brasil. Sei que os professores,
aqueles que são especialistas, discutem o tema, mas o assunto virá para o âmbito
da Comissão e então teremos de definir se é um pré-requisito, uma diretriz, um eixo
ou uma vertente. Como será? Como ficam o sistema protelatório, as instâncias
recursais, as falhas, por exemplo, na justiça criminal, as falhas do processo
investigatório?
Agora estão com firulas jurídicas. Artigo publicado no Estadão ontem — eu
acho que todos os membros de Comissão de Reforma do Judiciário devem
considerar e ler — diz que ficamos com firulas jurídicas para saber se, por exemplo,
uma carta rogatória do Ministério Público da Suíça tem validade ou não, porque lá o
Ministério Público tem este poder. Estou muito preocupada com isso.
Encerro, para não me alongar, com uma questão muito séria. O juízes
reclamam do processo recursal e da ausência de juízes, pelo volume de trabalho.
Pergunto: qual tem sido a responsabilidade do Estado brasileiro na formação de
operadores do Direito e da Justiça? Deixou-se proliferar em cada esquina das
médias e grandes cidades faculdades que são meros balcões de conferência de
diplomas. Nessa ânsia pelo lucro, escolas tradicionais do País perderam
completamente a qualidade. O Estado terá ou não responsabilidade na formação de
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recursos humanos para operador o Direito e a Justiça? Essas são questões que
competirão a nós. Não nos esqueçamos das respostas que o próprio Poder
Legislativo, o Governo e o Estado terão de dar, para que cobremos eficácia de uma
reforma do Judiciário.
Obrigada, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Eduardo Cardozo) - Agradeço a V.Exa.
a contribuição, nobre Deputada Mariângela Duarte.
Aos Deputados que chegaram após o início da reunião, lembro que estamos
ainda no primeiro ponto da Ordem do Dia, segundo o qual o objetivo é definirmos o
roteiro de trabalho. Ou seja, a idéia é que os Srs. Deputados possam passar os
subsídios necessários para que S.Exa. o Relator, Deputado Ibrahim Abi-Ackel,
possa oportunamente fazer a proposta de roteiro de trabalho aos membros da
Comissão.
Tem a palavra o Deputado Pompeo de Mattos.
O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Sr. Presidente, na verdade, não
sou titular, mas suplente nesta Comissão. Já me inscrevo porque sei que esta
Comissão começará devagar, como, aliás, todas as Comissões importantes desta
Casa, mas ganhará ritmo. O Deputado Ibrahim Abi-Ackel muito bem sabe, até pela
experiência como Ministro da Justiça do nosso País, da importância que tem essa
matéria nesse contexto. Sou advogado e tenho interesse especial, até porque sei
das dificuldades que hoje vive o Judiciário no jogo de empurra. Quer dizer, o
Executivo cobra do Judiciário e diz que lá existe uma caixa preta; o Judiciário alega
que não tem estrutura; o Legislativo fica assistindo ao trem passar, não dá as
respostas satisfatórias no tempo adequado. Com isso, absolutamente, não
queremos isentar ninguém de responsabilidade.
Somam-se a isso muitas curiosidades que vemos no Brasil, onde o Executivo
propõe e diz o que o Judiciário tem de fazer. O Judiciário às vezes reclama de nós.
Sabemos que dos três — eu não tenho dúvida — o mais abrangente é o Legislativo,
mas é o mais frágil, porque somos muito dispersos. No Executivo, fala um e
responde por todos; no Judiciário, fala um e por muitos; e no Legislativo fala um por
si só. É uma coisa muito curiosa, mas compreensível. Esta é a realidade.
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Esta Comissão tem a tarefa de promover uma espécie de jogo da verdade no
que diz respeito ao Poder Judiciário. Temos uma missão muito árdua. Do obstáculo
devemos fazer um desafio e nos superar na busca de mecanismos, meios e
caminhos. Com certeza, teremos a companhia, a parceria do próprio Poder
Judiciário, como instituição, e de seus membros, na condição de profissionais do
Direito, homens alentadores e mulheres capacitadas, preparadas, determinadas,
que querem Justiça melhor para a população e para o próprio Judiciário, que está
precisando de justiça também neste momento, no sentido amplo. É preciso fazer
justiça com ele para que ele faça justiça também para com a sociedade.
Não quero tecer nenhuma diretriz, mas fazer essas afirmações conceituais
para ter a compreensão para mim mesmo da missão que nos cabe e da tarefa árdua
a desempenhar.
Eu vi o requerimento do Deputado Aloysio Nunes Ferreira, um dos
experientes Parlamentares desta Casa. S.Exa. dá os primeiros passos no caminho
por onde andar. Temos de buscar na esfera do Judiciário os dilemas, as angústias,
as preocupações, as visões sobre si e o que quer para si.
Sabemos de tudo um pouco. Duvido que quem seja Parlamentar nesta Casa
não saiba um pouco dos assuntos tratados em qualquer esfera. Agora, de um pouco
não sabemos tudo. Desse tema eu sei um pouco, até porque advogado sou, mas
quem sabe se não sei tudo, mas bastante, ou se sei tudo quanto é possível saber
sobre este momento são exatamente os membros do Judiciário. Temos de seguir
esse caminho de lá para cá. Temos de convidá-los, trazê-los até aqui, com
equilíbrio, com respeito e com carinho, mas de forma afirmativa, para ouvi-los e
buscar as contribuições necessárias para nortear o nosso trabalho. Nesse contexto,
será de lá para cá: vamos buscar as autoridades maiores do Poder Judiciário nas
diferentes esferas.
Quero propor, no momento oportuno, convidar autoridades judiciárias do meu
Estado. Nós temos um Judiciário nacional muito bom, mas eu tenho, quem sabe, o
orgulho e o exagero gaúcho. Muitos dizem que nós nos achamos melhores; não nos
achamos melhores, mas um pouco diferentes. Temos um Judiciário qualificado no
Rio Grande do Sul. Então, vamos aproveitar suas experiências.
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No momento oportuno, quero propor requerimentos para convidar também
autoridades do escalão maior do Judiciário do meu Estado, para trazer de lá as
experiências que possam servir como encaminhamento e, quem sabe, até uma
proposta para que o Judiciário nacional, esta Casa e esta Comissão possam
implementar ações positivas em favor da melhoria da Justiça no nosso País.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Eduardo Cardozo) - Com a palavra o
Deputado Paes Landim.
O SR. DEPUTADO PAES LANDIM - Eu queria ouvir um pouco os debates,
mas falarei sobre uma figura humana insuspeita, que muito fez nesta Casa e foi a
primeira pessoa que falou em reforma do Judiciário. Trata-se do Prof. Hélio Bicudo,
que acaba de publicar no Jornal do Brasil, na segunda-feira retrasada, belo artigo
sobre a reforma do Judiciário.
Acho muito importante o convite para que Hélio Bicudo venha aqui falar. Ele
foi o primeiro a tratar da reforma na Câmara dos Deputados. Agora está fora do
Poder Legislativo, está no Poder Executivo paulista e sempre foi um estudioso do
Direito Constitucional. O artigo do Jornal do Brasil mostra sua preocupação e a
modernidade de suas reflexões sobre o tema.
Poderia ser criado o precedente de convidar representantes dos tribunais
estaduais. A experiência de tribunais como os de São Paulo e de Minas Gerais,
Estado do nosso Ministro Ibrahim Abi-Ackel — a velha prudência mineira
jurisprudencial — não poderia deixar de ser considerada. Aqui ninguém melhor do
que o Ministro para sugerir nomes.
Eu me lembrei rapidamente do Prof. Hélio Bicudo, mas poderíamos lembrar
de outros. Achei que ia demorar um pouco minha oportunidade de falar e pretendia
refletir sobre outros nomes, o que farei em outra oportunidade.
Uma figura interessante que poderia ser ouvida, Ministro Ibrahim Abi-Ackel,
Relator, é o ilustre conterrâneo de V.Exa., um grande Desembargador de Minas
Gerais, o Dr. Paulo Medina, hoje no Superior Tribunal de Justiça, ex-Presidente da
Associação dos Magistrados Brasileiros — AMB. Como foi Presidente da AMB,
imagino que hoje, na condição de Ministro de tribunal superior, S.Exa. deve ter
amadurecido muitas de suas reflexões. Parece-me um nome interessante de ser
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ouvido por esta Comissão. É evidente que existe sempre o ciúme. O Presidente do
Tribunal, Ministro Nilson Naves, pode não se sentir bem em achar que outro Ministro
esteja sendo convidado. A nossa alegação é a de que o Dr. Medina é ex-Presidente
da Associação dos Magistrados Brasileiros e militou muito aqui na Comissão
anterior. Aliás, seu trabalho foi responsável pela aprovação pela Comissão dos 75
anos como idade máxima para permanência de Magistrados na ativa. Quero ver se
S.Exa. agora, Ministro de tribunal superior em Brasília, mantém os mesmos pontos
de vista. Talvez fosse interessante ouvi-lo na Comissão.
Eram essas as ponderações, Sr. Presidente. Eu me reservarei a outras em
momento oportuno.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Eduardo Cardozo) - Agradeço ao nobre
Deputado a contribuição.
Com a palavra o Deputado Darci Coelho.
O SR. DEPUTADO DARCI COELHO - Sr. Presidente, essa questão da
reforma do Judiciário traz muitas reflexões e é tão ampla que teríamos de encontrar
caminhos.
Em primeiro lugar, vejamos as causas externas que estão na legislação. Há
uma legislação nacional para aplicação pelos juízes estaduais. No Brasil, no nosso
sistema federativo, o Direito é federal, mas os juízes são estaduais; a Justiça
Federal é uma exceção muito pequena.
No campo da segurança, por exemplo, o Governo Federal falou muita coisa,
mas não faz absolutamente nada. Ele só fez a cominação, o código. Ele não tem
uma penitenciária federal, e quem aplica o Direito são os juízes dos Estados.
Há esse problema de legislação e do nível de formação dos bacharéis. Uma
companheira acabou de lembrar aqui que chegamos realmente ao pior dos níveis
que se formam. O meu Estado, que é novo, já tem três ou quatro faculdades; em
Goiás, 15; em Brasília, você tropeça em faculdades de Direito. Isso é um
desrespeito. Estamos assistindo a isso passivamente. Não há uma voz que se
levante contra isso. A OAB está carimbando todas as faculdades de Direito. Quer
dizer, essa questão de formação do bacharel é seriíssima.
No aspecto macro, há a questão da organização dos tribunais. Como falamos,
os tribunais são estaduais e aplicam o Direito federal. A solução para isso foi a
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uniformização da jurisprudência, que era feita pelo Supremo em matéria
constitucional e depois em matéria infraconstitucional. Depois se criou um tribunal
nacional para essa função, só que ele é formado de 33 juízes. É inconcebível que
eles estejam fazendo essa uniformização de jurisprudência. Realmente, não dá para
imaginar que o STJ esteja fazendo isso. Acredito que não esteja. Isso é
humanamente impossível, pois os juízes estão sobrecarregados. Um dia
enfrentaremos essa questão da Suprema Corte. Já poderíamos começar agora. Na
proposta de reforma anterior, ninguém chegou a esse ponto, mas temos de chegar e
ampliar.
Comecei a fazer um levantamento das Cortes de cassação, dos modelos
francês e italiano, as Cortes de 400 ou 300 membros, que são um sistema diferente.
Lá se manda julgar. Aqui o juiz de segundo grau julga, dá outra decisão, não anula
para mandar julgar. É um sistema de revisão. Julga-se por cima.
Eu não posso acreditar que o STJ esteja fazendo isso. Eles não têm a
preocupação de fazer justiça, de aplicar o Direito federal. Não sei se estão fazendo
isso. Eu até sugeriria trazer o Presidente do STJ para discutir o assunto. Em outra
oportunidade, eles argumentaram que, se há uniformização de jurisprudência, não
podem aumentar, dobrar de uma hora para outra, porque muda todo o sistema. A
interpretação deve ser feita por etapas.
Existe ainda a questão das especializações por ramos. Os Tribunais
Superiores gastam mais da metade do tempo julgando conflitos, brigas. Há poucos
dias soltaram uns 15 bandidos porque estavam discutindo se o crime era da Justiça
Federal ou da Justiça Estadual. A especialização é importante e poderia ser feita
dentro dos ramos. Já se pensou em extinguir a Justiça do Trabalho, que já tirou os
classistas. Não sei se se justifica haver um ramo da Justiça só para estudar
legislação. Poder-se-ia pensar numa câmara especializada. Na Justiça Eleitoral
haveria uma seção especializada dentro de um só tribunal. Acabaria essa autonomia
dos tribunais, os mais de 100 tribunais autônomos que não se entendem e causam
problemas de Orçamento. Isso aumenta muito, dilui. Daí aqueles escândalos
recentes. Essas especializações poderiam ser feitas dentro de um ramo só, um
Judiciário só, com câmaras especializadas ou outro nome.
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Finalmente, existe a questão dos cartórios. Li o seu livro e vi seu trabalho,
eminente Vice-Presidente, e sei que há essa preocupação. Sabemos que os juízes
brasileiros são corretos, honestos, homens de boa formação, mas sentimos que o
Poder Judiciário está rodeado de tentações.
Esses cartórios são incompatíveis com o mundo moderno; o cidadão
ganhando 1 milhão de reais. Está se falando em teto, subteto; estão brigando por
uma porcaria de 1.300, 2.400 reais, e o pessoal ganhando 1 milhão, isso dentro do
Poder Judiciário, corrompendo este Poder. Então, está na hora de encararmos isso.
Hoje vi o projeto de um Deputado abordando isso.
O SR. DEPUTADO IBRAHIM ABI-ACKEL - V.Exa. me permite?
O SR. DEPUTADO DARCI COELHO - Pois não.
O SR. DEPUTADO IBRAHIM ABI-ACKEL - Aproveito para comunicar à
Comissão que V.Exa. foi um eminente juiz e fala, portanto, com o saber da
experiência, constatada pela precisão de suas observações.
O SR. DEPUTADO DARCI COELHO - Obrigado.
O SR. DEPUTADO IBRAHIM ABI-ACKEL - Quanto aos cartórios, o Ministro
do Supremo Tribunal Federal concedeu liminar considerando os titulares de cartórios
prestadores de serviço, não funcionários públicos, o que significa que eles sequer
são obrigados à aposentadoria compulsória aos 70 anos.
O SR. DEPUTADO DARCI COELHO - Durante algum tempo, o Supremo
entendeu que eles estavam sujeitos às regras, e foi isso que piorou. O Constituinte
de 1988 chegou ao absurdo de transformar um serviço público em serviço privado;
disse textualmente que é privado — está escrito na Constituição. Mas uma lei não
muda a natureza das coisas. Se a lei tivesse essa capacidade, tudo bem, mas na
realidade se trata de um serviço público.
Eles estão fazendo nesta Casa o lobby dos 75 anos, e muitos estão de
acordo. Esse lobby da aposentadoria aos 75 anos é dos cartórios. Já tentaram, por
diversas vezes, na reforma do Judiciário, aumentar para 75 anos, porque o Supremo
disse que eles estavam sujeitos às regras. Não sei se agora estão mudando essa
opinião, mas é muito bom que se deixe esse pessoal de fora, pelo menos...
O SR. DEPUTADO IBRAHIM ABI-ACKEL - A liminar considerou-os como
delegados do poder público...
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O SR. DEPUTADO DARCI COELHO - É, delegação. É o que está escrito na
Constituição, não é?
O SR. DEPUTADO IBRAHIM ABI-ACKEL - ... o que os exclui da
aposentadoria compulsória aos 70 anos.
O SR. DEPUTADO DARCI COELHO - É, mas os coloca sob a fiscalização do
Poder Judiciário. Os concursos são feitos pelo Poder Judiciário.
Agora, vi um projeto tirando-os do Poder Judiciário e jogando-os no Poder
Executivo. Pelo menos assim não contamina o Judiciário, porque, há pouco tempo, a
imprensa noticiou muitos casos no Rio de Janeiro de envolvimento de cartórios, que,
no Brasil, são uma sucessão hereditária. Os tribunais fazem concurso de
encomenda, inventam aquele negócio de dez anos como interinos, aproveitando
esses interinos. Conheço casos que foram forçados, em que se forçou. Isso termina
atacando a credibilidade do Poder Judiciário. É hereditário, e o Poder Judiciário fica
forçado, pelos poderes econômico e político, a resolver, a acomodar situações,
colocando em dúvida a credibilidade do Poder Judiciário quando faz outros
concursos. Se ele faz concurso de encomenda para os cartórios, como é que faz
para os tribunais?
Outra questão é essa autonomia que o Supremo Tribunal Federal interpretou.
Acho que não foi intenção do Constituinte de 1988 a participação de outros Poderes
na escolha de integrantes do Poder Judiciário. O Judiciário é o único Poder em que
seus integrantes não são eleitos. Então, temos que mitigar isso com a participação
dos outros Poderes.
O Presidente — o Poder Executivo — indica, e o Senado Federal aprova. No
sistema atual, os tribunais nomeiam os juízes de primeiro grau, e o Governador os
de segundo grau. Na esfera federal, o Presidente da República é quem faz essa
nomeação. Por um descuido do legislador, na Justiça dos Estados, ficou essa falha,
que quebra todo o sistema. Juízes do TRT, do TRF, dos próprios Tribunais
Regionais Eleitorais, quem nomeia é o Presidente da República, aqueles de fora,
que não são da carreira. Então, os desembargadores, por uma interpretação —
porque faltou dizer-se ali, e não deve ter sido de propósito —, estão sendo
nomeados pelos tribunais. São cargos vitalícios e eles mesmos se escolhem. É um
negócio terrível e perigoso. Não sentimos ainda os efeitos da existência dessa casta
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fechada porque não houve tempo. No caso dos problemas da vitaliciedade e da
compulsoriedade da aposentadoria aos 70 anos ainda não sentimos o malefício
disso.
Uma das idéias que vou propor é que, de alguma forma, essa nomeação volte
para os Governadores ou para o Poder Executivo, que entre um outro poder —
político, fiscalizador, renovador. Com os tribunais escolhendo os próprios
desembargadores, que se nomeiam entre si, vai chegar um momento em que será
formada uma casta fechadíssima. Os concursos para primeiro grau são eles que
fazem e, depois, eles mesmo promovem. Vai chegar um momento em que estará
tudo fechado.
São estas as questões que trazemos à reflexão e, num primeiro momento, se
tivermos que indicar alguém para ser convidado, sugiro o Presidente do Superior
Tribunal de Justiça.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Eduardo Cardozo) - Agradeço ao
Deputado Darci Coelho a contribuição.
Peço aos Srs. Deputados que ainda queiram fazer uso da palavra que se
inscrevam durante a fala do Deputado Roberto Magalhães, para que, uma vez
concluídas as intervenções, possamos passar ao segundo ponto da Ordem do Dia.
Com a palavra o Deputado Roberto Magalhães.
O SR. DEPUTADO ROBERTO MAGALHÃES - Sr. Presidente, nobres
Deputadas e Deputados, inscrevi-me para falar exatamente quando o Deputado
Paes Landim citou o ilustre ex-Deputado paulista Hélio Bicudo. Por uma coincidência
muito grande, exatamente hoje fui à TV Câmara e com ele fiz o programa intitulado
Brasil em Debate, cujo tema era a reforma do Poder Judiciário. Então, aproveito esta
oportunidade para trazer informações que ele deu naquele programa, o qual,
infelizmente, é muito pouco visto.
Descobri que a TV Câmara não faz nenhum tipo de publicidade, e nunca se
fez pesquisas para se saber qual o universo alcançado. Como há 8 milhões de
antenas parabólicas no País, fui ao Presidente da Casa, e já se está preparando um
grande programa de divulgação. A TV Câmara tem muitos programas, mas ninguém
assiste a eles. Em Pernambuco, praticamente ninguém assiste a esses programas.
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Pois o ex-Deputado Hélio Bicudo disse coisas que me impressionaram. Ele,
que foi o autor da primeira proposta de emenda à Constituição de reforma do Poder
Judiciário, em 1991, quando éramos colegas na Comissão de Constituição e Justiça,
onde já estava o nosso eminente ex-Ministro e Deputado Ibrahim Abi-Ackel, disse
que o que saiu daqui, da Câmara, e foi para o Senado não tem mais nada a ver com
a sua proposta. Na proposta que foi para o Senado, consta a criação do Conselho
Nacional de Justiça para controlar o Judiciário, e ele é contrário ao controle externo,
acha que é inconstitucional.
A segunda informação que me deixou surpreso foi que, em São Paulo, temos
casos em que há uma espera de 2 anos para a distribuição de um processo. Aí eu
disse, inclusive sem pensar, como alguém que levou uma paulada: então, é
denegação de justiça, não há justiça em São Paulo nesse caso.
A terceira informação é que ele considera que o fundamental para o Judiciário
brasileiro hoje é a descentralização. Ele acha que, primeiro, há uma grande distância
entre o Judiciário e o povo, e, segundo, há uma concentração que leva a essa
inviabilidade da prestação jurisdicional.
Hélio Bicudo é um homem vivido, autor da primeira proposta de reforma do
Judiciário, e sua vinda a esta Comissão seria interessante, até porque ele alia o
conhecimento jurídico à experiência, que, num caso destes, é fundamental.
Acho que, se ficarmos aqui discutindo para, depois, o Relator formar um
roteiro, vamos dispersar esforços. O ex-Ministro Ibrahim Abi-Ackel é um homem que
tem tal conhecimento da problemática do Poder Judiciário, tal experiência, que
poderia até propor uma metodologia de trabalho.
S.Exa. não estava aqui na primeira reunião, quando se discutiu,
principalmente, a estreiteza da nossa área de atuação. Temos uma proposta de
emenda à Constituição aprovada aqui e tramitando no Senado, já na Comissão de
Constituição e Justiça, com muitas emendas aprovadas, em vias de aprovação.
Como vamos ficar? Vamos fazer uma nova proposta de emenda à Constituição?
Segundo, temos um novo Governo, que criou uma secretaria temporária
especificamente para tratar da reforma do Poder Judiciário. Então, temos que saber
o que o Governo está pensando. Vai apresentar uma nova proposta? Se vai, já se
entendeu com o Senado, para tentar paralisar a tramitação da proposta em curso?
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Por tudo isso, tenho a impressão de que talvez a melhor metodologia seja o
Relator trazer para este Plenário uma proposta de roteiro, um esquema de trabalho
a partir daquilo que já foi aprovado, Sr. Presidente, como o convite para pelo menos
dois...
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Eduardo Cardozo) - Ainda não foi
aprovado, nós devemos votar hoje.
O SR. DEPUTADO ROBERTO MAGALHÃES - Ainda não foi? Pensei que
tinha sido.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Eduardo Cardozo) - Não, ainda não.
O SR. DEPUTADO ROBERTO MAGALHÃES - Primeiro, temos a proposta
do Presidente de se convidar o Ministro da Justiça, o que acho indispensável, até
porque precisamos saber o que o Governo está pensando, já que criou uma
secretaria temporária para essa finalidade: reforma do Judiciário. Em segundo lugar,
temos a proposta — uma lembrança do Deputado que está ausente agora, Aloysio
Nunes Ferreira — de se convidar o Presidente do Supremo Tribunal Federal, porque
é a maior autoridade na hierarquia do Poder Judiciário.
Então, a minha proposta seria que o Relator, se assim concordar, trouxesse
uma proposta e discutiríamos baseados nela.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Eduardo Cardozo) - Agradeço a V.Exa.,
Deputado Roberto Magalhães, a contribuição. Esta Presidência concorda com o
encaminhamento e, após a palavra de S.Exa. o Relator, submeteremos ao Plenário
a sua sugestão.
Com a palavra o Deputado Ibrahim Abi-Ackel.
O SR. DEPUTADO IBRAHIM ABI-ACKEL - Sr. Presidente, Sr.
Vice-Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em primeiro lugar, temos que ter uma
noção exata da delicadeza da nossa função e considerar, em sentido estrito, a
incumbência que nos foi determinada: aqui estamos reunidos para examinar todas
as matérias concernentes à reforma do Poder Judiciário em tramitação na Câmara
dos Deputados.
Pensávamos, em princípio, que houvesse alguns projetos esparsos, mas
estamos sendo informados de que esse volume é muito maior. Já passam de mil os
projetos sobre a matéria. É claro que há muita matéria repetida, muita matéria
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inviável, mas, de qualquer forma, o número de projetos dá bem a extensão do
trabalho que vamos ter.
Há uma proposta de emenda à Constituição em tramitação no Senado
Federal. Ao mesmo tempo, há uma declaração do Sr. Ministro da Justiça, várias
vezes repetida, de que pretende começar a reforma do Judiciário de um marco zero.
Isso significa que a nossa Comissão enfrentará a probabilidade de desafios
sucessivos que não podemos vislumbrar neste momento.
Portanto, temos que iniciar nosso trabalho dentro das atribuições que nos
foram dadas, mas sempre com o espírito aberto aos desafios que virão. É até
possível que caiba a esta Comissão redigir um novo projeto de reforma do Poder
Judiciário, como também é possível que tenhamos apenas que fornecer subsídios
para que o Senado possa terminar o seu trabalho. Estamos em uma situação
intermediária, sem saber exatamente qual o rumo que vamos tomar. Por isso
mesmo, quero estabelecer que os limites que nos foram traçados são os de
examinar as propostas em andamento na Câmara dos Deputados. Na medida em
que os desafios forem aparecendo, nós os enfrentaremos; quer dizer, quando
chegarmos à ponte, nós a atravessaremos.
Quanto à questão suscitada pelo eminente Governador Roberto Magalhães
relativa à elaboração de um roteiro de trabalhos para a Comissão, peço licença para
sugerir o seguinte: acho que devemos ouvir desde logo o Presidente do Supremo
Tribunal Federal, em data já determinada pelo Sr. Presidente da Comissão, e, em
seguida, o Sr. Ministro da Justiça, também já com data determinada. Teríamos,
então, duas visões importantes: a do Executivo, que poderia até esclarecer essa
nova reforma a partir do ponto zero, e a visão necessária e indispensável do Poder
Judiciário — não se pode atingir os objetivos desejáveis sem conhecer o diagnóstico
do próprio Poder Judiciário.
Quanto às demais audiências, peço ao Sr. Presidente que me conceda o
tempo necessário para elaborar uma sugestão. Temos aqui um Deputado ilustre
indicando 4 pessoas para serem ouvidas. É preciso estabelecer um limite, porque,
senão, podemos passar um longo tempo ouvindo o depoimento de pessoas que
podem estar concentradas apenas numa porção do território, quando devemos
alargar ao máximo nossa visão sobre o problema do Poder Judiciário.
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Elaborarei uma sugestão de roteiro e ei de trazê-la na data terminada pelo
Sr. Presidente, e a Comissão, pela sua maioria, decidirá a propósito com soberania.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Eduardo Cardozo) - Agradeço ao
Sr. Relator a contribuição.
Antes de passar ao segundo item da Ordem do Dia, acolho os
encaminhamentos do nobre Deputado Roberto Magalhães e de S.Exa. o Relator.
Realmente, creio que seria de bom tom, se assim este Plenário entender, que
pudéssemos ter as próximas reuniões marcadas, primeiro, pela presença de S.Exa.
o Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Maurício Corrêa. Inclusive
simbolicamente acho que isso seria muito interessante, uma vez que esta Comissão
terá a oportunidade de buscar o diálogo entre os Poderes Judiciário e Legislativo.
Portanto, creio que começarmos ouvindo o Sr. Ministro Maurício Corrêa seria
muito interessante como início efetivo dos nossos trabalhos. Na segunda audiência,
poderíamos, como bem sugeriu o Deputado Roberto Magalhães, ouvir S.Exa. o
Ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e talvez, na mesma oportunidade,
poderíamos solicitar a presença do Secretário de Reforma do Judiciário, Dr. Sérgio
Rabello Tamm Renault. Assim, teríamos esses dois primeiros momentos
preenchidos para que, na reunião subseqüente, S.Exa. o Relator pudesse fazer uma
proposta do encaminhamento dos trabalhos, um roteiro e seu cronograma.
O SR. DEPUTADO JOÃO ALFREDO - Sr. Presidente, peço a palavra pela
ordem.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Eduardo Cardozo) - Com a palavra o
Sr. Deputado João Alfredo.
O SR. DEPUTADO JOÃO ALFREDO - Sr. Presidente, já que estamos
debatendo o roteiro dos trabalhos, por conta da quantidade de nomes apresentados
e pela importância do tema, queria sugerir que esta Comissão realizasse ainda este
ano um seminário tratando da reforma do Judiciário, para que não nos perdêssemos
em audiências semanais e pudéssemos visualizar as temáticas que serão tratadas,
como acesso à Justiça, prestação, democratização, e procurássemos até adequar
os nomes sugeridos a esses temas.
É bom lembrar que, neste ano, a Casa está realizando vários seminários a
propósito dos seus 180 anos. Já houve um primeiro de abertura sobre o Legislativo
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e um segundo sobre a reforma política. Poderíamos acertar, Sr. Presidente, Sr.
Relator, com o Presidente da Casa, o Deputado João Paulo Cunha, esse
compromisso de realizá-lo por volta de setembro, outubro, quando já devem ter sido
encerradas as duas reformas que estão mais em voga, que são a tributária e a
previdenciária, o que também nos daria um prazo para organizar esse nosso
seminário.
Queria desde já fazer essa proposta porque um evento como esse demanda
tempo, contatos, trabalho, e cada um de nós poderia trazer e adequar, dentre esses
nomes, os temas que lhes são afetos para a realização desse seminário.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Eduardo Cardozo) - A proposta do
Deputado João Alfredo é muito interessante. Que fique, então, para apreciação do
Sr. Relator no momento em que S.Exa. apresentar sua proposta de trabalho.
Passamos, então, ao segundo ponto da Ordem do Dia, que é a apreciação
dos requerimentos. A sugestão desta Presidência é que votemos em primeiro lugar
os requerimentos que tratam das presenças nesta Comissão do Presidente do
Supremo Tribunal Federal, do Ministro da Justiça e do Secretário de Reforma do
Judiciário.
Após haver consultado a Secretária da Comissão, para que tenhamos tempo,
sem nos precipitar na designação de datas e também considerando as dificuldades
que temos hoje de salas disponíveis, poderíamos agir da seguinte maneira:
ouviríamos o Sr. Ministro do Supremo Tribunal Federal no dia 26 de junho, o que
seria numa quinta-feira. O ideal seria uma quarta-feira, mas os Ministros do Supremo
Tribunal Federal têm sessão nesse dia da semana e, além disso, não teríamos salas
disponíveis. Teríamos, então, que ouvir o Sr. Ministro do Supremo Tribunal Federal
Maurício Correia numa quinta-feira. É claro que se trata de uma data indicativa, quer
dizer, temos que verificar a agenda do Ministro. Vamos sugerir essa data. E não
poderia ser pela manhã, porque não temos salas disponíveis na quinta-feira nesse
período do dia. Então, deixo a sugestão de nos reunirmos na quinta-feira à tarde,
caso o Sr. Ministro possa estar presente.
Uma vez que teremos convocação extraordinária na Câmara dos Deputados
durante todo o mês de julho, no dia 1º à tarde, uma terça-feira, poderemos ouvir
S.Exa. o Ministro da Justiça, juntamente com o Secretário de Reforma do Judiciário,
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Dr. Sérgio Renault, e no dia 2 teríamos a apresentação do roteiro dos trabalhos pelo
nobre Deputado Ibrahim Abi-Ackel.
Solicito ainda que, enquanto aguardamos a oportunidade de ouvir S.Exa. o
Presidente do Supremo Tribunal Federal, aqueles Deputados que quiserem
apresentar requerimentos para que pessoas sejam ouvidas o façam. Faço esta
solicitação porque, primeiramente, só poderemos votar os requerimentos que estão
pautados para a reunião. Ou seja, não teremos condições de votar aqueles que não
forem previamente pautados. Na medida em que os requerimentos forem chegando,
o próprio Relator já poderia se inteirar desses nomes na perspectiva de apresentar,
no dia 2 de julho, nosso roteiro de trabalho. Portanto, faço esse apelo a fim de que a
maior parte dos requerimentos sejam apresentados nesses dias, pois isso facilitaria
imensamente o trabalho do Sr. Relator.
Passamos, de imediato, à votação dos requerimentos.
Há sobre a mesa o Requerimento nº 1, do Deputado Aloysio Nunes Ferreira,
que solicita sejam convidados para participar de audiência pública as seguintes
pessoas: Ministro Maurício Corrêa, Presidente do Supremo Tribunal Federal;
Dr. Márcio Thomaz Bastos, Ministro da Justiça; Profa. Maria Teresa Sadek, do
IDESP; Prof. Rogério Bastos Arantes, do IDESP; e Luiz Werneck Viana, do IUPERJ.
Submeto o requerimento à votação dos Srs. Deputados, uma vez que está
ausente o Deputado Aloysio Nunes Ferreira.
Os Srs. Deputados que concordam com a aprovação do requerimento
permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovado o requerimento.
Requerimento nº 2, do Deputado João Alfredo, que solicita sejam convidados
para participar de audiência pública membros e representantes das entidades
participativas do Observatório do Judiciário do Ceará.
Quer fazer uso da palavra, Deputado?
O SR. DEPUTADO JOÃO ALFREDO - Sr. Presidente, alguns Deputados
solicitaram informações. Até distribuí aos companheiros e companheiras a separata
de um pronunciamento que traz também essas informações.
O Observatório do Judiciário é uma rede de entidades da sociedade civil —
associação de juízes, OAB, Ministério Público, vítimas de violência, Fórum
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Permanente de Acesso à Justiça, Associação dos Juristas pela Democracia — que
tem em nosso Estado, a um só tempo, debatido a questão do Judiciário e exercido
uma espécie de controle externo informal. Acho que seria interessante para a
Comissão, porque a entidade tem aspecto não só de natureza teórica, mas também
de natureza prática.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Eduardo Cardozo) - Em votação o
requerimento do Deputado João Alfredo.
Aqueles que concordarem com sua aprovação permaneçam como se
encontram. (Pausa.)
Aprovado o requerimento.
Sobre a mesa Requerimento nº 3, apresentado pela nobre Deputada
Dra. Clair, que solicita seja convidado para participar de audiência pública o Ministro
da Justiça, Dr. Márcio Thomaz Bastos.
O requerimento está prejudicado por força da já aprovação de requerimento
apresentado pelo Deputado Aloysio Nunes Ferreira.
Sobre a mesa Requerimento nº 4, do Deputado Vicente Arruda, que requer
seja convidado para participar de audiência pública representante da Associação
Nacional dos Membros do Ministério Público — CONAMP.
Não estando presente o autor do requerimento, Deputado Vicente Arruda,
passemos à sua votação.
Os Srs. Deputados que concordarem com sua aprovação permaneçam como
se encontram. (Pausa.)
Aprovado.
Sobre a mesa Requerimento nº 5, de autoria da Deputada Perpétua Almeida,
que solicita sejam convidados para participar de audiência pública o Sr. José
Roberto Figueiredo Santoro, Subprocurador-Geral da República; a Sra. Salete Maria
Polita Maccalóz, Juíza Federal e professora da Faculdade de Direito da UERJ; o Sr.
Luiz Francisco Fernandes de Souza, Procurador da República no Distrito Federal; e
o Dr. Arquilau de Castro Melo, Desembargador de Justiça do Estado do Acre.
Não estando presente a nobre Deputada, passemos à votação do
requerimento.
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O SR. DEPUTADO DARCI COELHO - Sr. Presidente, parece-me que a
questão fica muito setorizada. Foi o eminente Relator quem lembrou isso. Eu acho
que até num segundo ou terceiro momento esse requerimento poderia ser
apreciado. Acredito que, neste primeiro momento, de elaboração geral, não cabe
essa apreciação, porque são juízes e membros do Ministério Público de um
determinado Estado que virão falar sobre uma reforma em termos gerais.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Eduardo Cardozo) - Concordo com
V.Exa. Talvez possamos aprovar o requerimento e depois a sua priorização seria
determinada por S.Exa. o Relator.
Passemos à votação do requerimento.
Os Srs. Deputados que concordam com a sua aprovação permaneçam como
se encontram. (Pausa.)
Aprovado.
Há sobre a mesa o Requerimento nº 6, de autoria da nobre Deputada Juíza
Denise Frossard, que solicita seja convidado para participar de audiência pública o
Presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros — AMB, Desembargador
Cláudio Baldino Maciel.
Não está presente a Deputada Juíza Denise Frossard, que, inclusive,
justificou por escrito sua ausência, conforme informado no início.
Passemos de imediato à votação do requerimento.
Os Srs. Deputados que concordarem com a sua aprovação permaneçam
como se encontram. (Pausa.)
Aprovado.
Como o próximo requerimento é de autoria deste Presidente, passo a
condução dos trabalhos ao 1º Vice-Presidente para que, na forma regimental,
submeta-o à votação do Plenário.
O SR. PRESIDENTE (Deputado João Alfredo) - Sobre a mesa Requerimento
nº 7/03, de autoria do eminente Presidente, Deputado José Eduardo Cardozo, que
solicita seja convidado o Sr. Secretário de Reforma do Judiciário do Ministério da
Justiça, advogado Sérgio Rabello Tamm Renault, a comparecer a esta Comissão
para prestar esclarecimentos sobre a reforma do Judiciário.
Em discussão. (Pausa.)
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Não havendo quem queria discutir, em votação.
Os Srs. Deputados que estiverem de acordo permaneçam como se
encontram. (Pausa.)
Aprovado.
Devolvo a Presidência ao Deputado José Eduardo Cardozo.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Eduardo Cardozo) - Srs. Deputados, os
requerimentos apresentados até antes desta reunião foram incluídos em pauta e
submetidos a votação. Os demais serão submetidos na próxima sessão.
O SR. DEPUTADO BOSCO COSTA - Sr. Presidente, peço a palavra pela
ordem.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Eduardo Cardozo) - Tem V.Exa. a
palavra.
O SR. DEPUTADO BOSCO COSTA - Sr. Presidente, cheguei agora em
virtude de estar participando de reunião da Comissão de Segurança Pública e
entendo que, como se trata da reforma do Judiciário, nada mais justo do que
convidarmos a OAB para participar dessa discussão. Gostaria de saber de V.Exa. se
existe a intenção de se convidar também a OAB, óbvio que com a concordância do
Plenário.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Eduardo Cardozo) - Já me informou o
Deputado João Alfredo que apresentará requerimento sobre essa proposição de
V.Exa...
O SR. DEPUTADO JOÃO ALFREDO - Já apresentei, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Eduardo Cardozo) - ...inclusive
solicitando a presença de um representante do Movimento Nacional em Defesa das
Funções Essenciais à Justiça. Haverá também a solicitação da presença de
representante da Associação Juízes para a Democracia, segundo me informou o
Deputado João Alfredo. Informamos ao Plenário que esses requerimentos serão
submetidos ao Plenário na próxima reunião.
O SR. DEPUTADO BOSCO COSTA - Consulto o Deputado João Alfredo
sobre se posso participar como co-autor.
O SR. DEPUTADO JOÃO ALFREDO - Com o maior prazer, Deputado.
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O SR. PRESIDENTE (Deputado José Eduardo Cardozo) - Então, haverá
co-autoria dos Srs. Deputados, e o requerimento será submetido na próxima
reunião.
Srs. Deputados, está estabelecido o seguinte: fica convocada a próxima
reunião desta Comissão Especial para o dia 26 de junho, às 14h30min, desde que
exista compatibilidade com a agenda do convidado, para ouvirmos o Ministro
Maurício Corrêa, Presidente do Supremo Tribunal Federal. Obviamente, será
confirmado pela Secretaria desta Comissão aos Srs. Deputados se poderemos,
nessa data, ouvir S.Exa. o Ministro Maurício Corrêa.
Fica também convocada, ad referendum dos termos da convocação a ser
feita pelo Presidente João Paulo Cunha dos trabalhos da Câmara dos Deputados no
mês de julho... Solicitarei ao Presidente João Paulo Cunha que inclua na
convocação os trabalhos desta Comissão. Se isso não acontecer, obviamente, não
poderemos trabalhar no mês de julho; teremos de retomar em agosto. Mas fica,
então, convocada, ad referendum daquilo que for decidido pelo Sr. Presidente sobre
a convocação extraordinária da Câmara dos Deputados, reunião no dia 1º de julho,
às 14h30min, para que sejam ouvidos o Sr. Ministro da Justiça, Dr. Márcio Thomaz
Bastos, e o Sr. Secretário de Reforma do Judiciário, Dr. Sérgio Renault. Também ad
referendum da pauta da convocação extraordinária a ser feita pelo Presidente da
Câmara dos Deputados, fica convocada reunião desta Comissão para o dia 2 de
julho, às 14h30min, para que S.Exa. o Relator, Deputado Ibrahim Abi-Ackel,
apresente a programação dos trabalhos.
O SR. DEPUTADO JOÃO ALFREDO - Sr. Presidente, é preciso que
tenhamos uma reunião deliberativa ordinária para debater os demais requerimentos.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Eduardo Cardozo) - Sim.
Achei extremamente importante a sugestão do Deputado Coriolano Sales,
relativa ao levantamento do custo do Poder Judiciário, e sugiro que aproveitemos as
presenças dos Ministros Maurício Corrêa e Márcio Thomaz Bastos para indagar se
já existe algum estudo ou levantamento a esse respeito. Não havendo, aí
poderemos pensar como fazer esse estudo, que, creio, é de grande importância
para os trabalhos desta Comissão.
Com a palavra o Deputado Ibrahim Abi-Ackel.
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O SR. DEPUTADO IBRAHIM ABI-ACKEL - Sr. Presidente, acho que o
levantamento desses custos poderia iniciar-se através do levantamento das verbas
orçamentárias destinadas ao Poder Judiciário no Orçamento da União e nos
orçamentos dos 27 Estados.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Eduardo Cardozo) - Sem dúvida. É
possível até que já exista a consolidação disso na Secretaria de Reforma do
Judiciário. Não havendo, creio que poderíamos, através dessa via indicada pelo
Relator, obter esses dados.
Portanto, Srs. Deputados, feitas as convocações e nada mais havendo a
tratar, esta Presidência declara encerrada a reunião.
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