dayse laurindo nogueira - avm.edu.br · cibernética de segunda ordem põe por terra este conceito...
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Dayse Laurindo Nogueira
Terapia de Família com ênfase nas Famílias do Programa Bolsa Família de Itaboraí
Niterói, 2012.
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Dayse Laurindo Nogueira
Os Benefícios daTerapia de Família
Trabalho de Conclusão do Curso de Pós Graduação apresentado a AVM Faculdade Integradas, como requisito parcial para obtenção do Título especialista em Terapia de Família.
A Terapia no Trabalho com Famílias
Orientadora: MS. Fabiana Muniz
Niterói, 2012.
3
Mais uma vez
Mas é claro que o sol
Vai voltar amanhã
Mais uma vez eu sei
Escuridão já vi pior
De endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem...
Tem gente que está do mesmo lado que você,
Mas deveria estar do lado de lá
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar...
Tem gente enganando a gente
Veja a nossa vida como está
Mas eu sei que um dia
A gente aprende...
Se você quiser alguém
Em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita
Sempre alcança
Nunca deixe que lhe digam:
Que não vale a pena
Acreditar no sonho que se tem,
Ou que seus planos
Nunca vão dar certo,
Ou que você nunca
Vai ser alguém...
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Mas eu sei que um dia
A gente aprende...
Quem acredita
sempre alcança.
(Renato Russo).
4
Dedico esse trabalho em especial a Jeová Deus, ao meu filho Caio e ao meu esposo Jorge dos Santos Nogueira que sempre me apoiou em toda a minha caminhada.
5
Agradecimentos
Agradeço em primeiro lugar ao nosso Deus Jeová, aquele que me concedeu
a vida através do seu amado filho Jesus e que permitiu a minha chegada até aqui.
Meu filho Caio, pela paciência de esperar a mamãe acabar de ler seu “dever
de casa” para receber a atenção desejada. Te amo Meu Filho!.
Ao meu marido Jorge grande amor da minha vida que sempre me apoiou
todos os sábados pela manhã para mais essa jornada acadêmica. Obrigada meu
amor!
Foram momentos maravilhosos os dias de trabalho com, com os grupos de
trabalhos acadêmicos. As contribuições dos colegas acrescentaram e muito o meu
conhecimento e conhecimento.
Por último, gostaria de agradecer a todos os professores cada nova
contribuição foi muito importante para a conclusão desta pós com êxito.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................08
CAPÍTULO I – BREVE HISTÓRICO DA TERAPIA DE FAMÍLIA ..............................10
1.1 Terapia de Família....................................................................................13
1.2 – Processo Terapêutico.............................................................................15
1.3 O Terapeuta .............................................................................................16
1.4 Tipos de Terapia........................................................................................18
1.4.1 – Terapia de Casal.....................................................................18
1.4.2 - Terapia de Florais ..................................................................18
1.4.3 – Terapia de Grupo....................................................................19
CAPÍTULO – II – BREVE HISTÓRICO SOBRE FAMÍLIA..........................................21
2.1 – Família na Contemporaneidade.. ...........................................................24
2.2 – Principais Tipos de Família.....................................................................27
2.2.1- Família Nuclear......................................................................................27
2.2.2 – Família Extensa ..................................................................................28
2.2.3 – Famílias Monoparentais chefiadas por Pai ou Mãe.............................29
2.2.4 – Família Recomposta............................................................................29
2.2.4 – Casais Homosexuais com ou sem crianças........................................29
2.2.5 – Várias pessoas vivendo juntas............................................................30
2.2.6 – Família Pós Moderna...........................................................................30
CAPÍTULO III – BREVE HISTÓRICO SOBRE O PROGRAMAS NO BRASIL..........31
3.1 – Programa Bolsa Família ........................................................................32
3.2 – Demandas apresentadas pelas Famílias...............................................36
3.3 – O Possível trabalho com famílias...........................................................37
CONCLUSÃO.............................................................................................................39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................41
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RESUMO:
A presente pesquisa tem como objeto de estudo a Terapia Familiar junto á famílias.
Problematizamos a questão da importância da participação familiar no
desenvolvimento social do indivíduo.
Trabalhamos também com o conceito de Terapia de Família, família e os novos
arranjos na contemporaneidade.
Realizamos uma breve pesquisa quanto à atuação do profissional especializado
junto às demandas apresentadas pelas famílias e de que forma a Terapia de Família
contribuirá neste sentido.
Palavras chaves: Terapia, Família e Trabalho com Famílias.
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Introdução
Este trabalho intitulado A Terapia e o trabalho com Famílias do, tem como
principal objetivo discutir a proposta de atuação do profissional juntos às famílias
cadastradas e atendidas pelo programa. O objeto deste trabalho, apresentado em
cumprimento ao pré-requisito do curso de Pós Graduação em Terapia de Família da
Universidade Cândido Mendes – Instituto AVM.
O estudo tratou de analisar a seguinte questão: Que benefício a Terapia de
grupo familiar pode trazer para as famílias? Pretendemos compreender a relevância
da terapia para transformação social por parte de cada integrante através do
conhecimento no que se refere aos seus direitos, deveres e o lugar de cada membro
na instituição família.
Acreditamos que a terapia de grupo familiar poderá colaborar no processo de
conhecimento das diferenças e dos papéis familiares, permitindo aos membros
percepção e entendimento das situações com maior clareza. Favorece uma
mudança construtiva às Famílias, desenvolvendo uma nova perspectiva e
consequentemente novas atitudes para melhor qualidade de vida na convivência em
família.
Com vistas a maior compreensão a pesquisa dedicou-se minuciosamente de
analisar a Terapia Familiar; os conceitos da constituição família e a abordagem de
grupo familiar. O estudo a ser desenvolvido neste trabalho, justifica-se por
entendermos que as famílias contemporâneas tem apresentado uma vasta
diversidade em sua composição. Produto de mudanças sociais constantes, conflitos
como novos casamentos, separações, gravidez na adolescência e outros fatores
condicionantes dos problemas sociais.
Sabemos que esta pesquisa relacionada ao tema já citado é fundamental,
pois qualquer novo estudo sobre os problemas familiares que estão inseridos no dia
a dia e que normalmente acabam trazendo sofrimento para a composição no todo
contribui de maneira positiva para atender as demandas apresentadas pelas famílias
atendidas.
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Podemos incluir evasão escolar, violência intrafamiliar, violência contra
mulher, abandono de incapaz, baixa escolaridade, pobreza extrema, falta de
informação quanto a direitos e deveres entre outros.
Neste sentido, tal situação precisa ser identificada para ser mediada, pois em
determinado momento de dificuldades e conflitos familiares é necessário ajuda de
profissional especialista em terapia familiar, pois a mesma é um método de
tratamento das relações familiares.
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Capítulo I
1.0 – Breve histórico da Terapia de Família
A vida em família é um desafio constante, mudança de valores, horários
apertados, sobrecarga de informações, pressões econômicas e culturais, tudo torna
difícil ser uma família na contemporaneidade. Acreditamos que nenhum grupo
singular da sociedade é tão importante como a família, pois é nela que somos
modelados na pessoa que nos tornamos (Dotterweich, 1999).
De acordo com Bataglia (2002), acreditamos que este fato esteja ocorrendo
pela diversidade dos arranjos familiares nos dias de hoje. Por um lado, as famílias
não se conformam mais em seguir um padrão pré-estabelecido. Por outro, não
sabem como estabelecer um modelo próprio e integrado, que permita respeitar tanto
suas diferenças individuais quanto sua unidade enquanto grupo familiar.
Nossos traços individuais, nosso talento único, nosso vigor podem ser incrementados de inúmeras maneiras ou até ser limitados, ignorados ou reprimidos, dentro de uma estrutura familiar. É também na família que aprendemos a nos amar, amar outras pessoas e a Deus (DOTTERWEICH, 1999 apud EMILIANO, 2009).
Emiliano (2009) afirma que nos Estados Unidos desde os anos 50 a Terapia
de Família ficou conhecida. Já no Brasil há um significativo número de pessoas que
desconhecem esta modalidade. Na contemporaneidade há um aumento
considerável na socialização da informação sobre a Terapia de Família, de acordo
com questões problemáticas que as famílias têm enfrentado como drogas, violência,
separações, gravidez na adolescência e outras questões.
Percebemos a partir de Bataglia (2002) que os primeiros trabalhos em terapia
de família surgiram dominados pelos paradigmas predominantemente utilizados na
área de doenças mentais da época. Seu modelo inicial era o modelo médico
reducionista, intrapsíquico e explanatório. Em sua grande maioria os terapeutas
eram psiquiatras, do sexo masculino com formação em psicanálise. Formação esta
que conferia aos atendimentos uma visão voltada para estruturas psíquicas inferidas
como id, ego e superego.
Na década de 50, o contato entre a cibernética, a biologia e as ciências
sociais deu início a um amplo e fecundo campo de discussão. O questionamento
11
quanto ao sintoma como pertencente a apenas um indivíduo e a alargar o campo de
atuação.
Neste contexto as orientações psicoterápicas da época ainda eram
basicamente individuais, surgem questões éticas e técnicas de como lidar com uma
situação tão nova onde o paciente sintomático, que anteriormente era tratado
isoladamente de seu grupo e depois devolvido a este, pudesse ser tratado em
conjunto com sua família.
Ainda nesta época, muitas construções teóricas vão emergindo. As terapias
de família, anteriores ao contato com a cibernética, com o tempo, foram também
utilizando suas contribuições, cada uma à sua maneira. Talvez o que exista de mais
novo no entendimento da família como sistema, seja o fato de que esta leitura
implique também em deslocar o foco do sintoma, anteriormente situado no indivíduo,
para as relações que o produzem ou mantém.
A terapia familiar sistêmica consiste em uma abordagem terapêutica onde
todos os indivíduos participam da sessão, a família funciona como um todo, onde as
pessoas interagem umas com as outras e influenciam essas relações em apoio
mútuo, ou seja, a Terapia Familiar não é uma terapia à família, mas com a família.
O pensamento básico sistêmico está embasado no fato de que o todo é
considerado mais que a soma de suas partes, e cada parte só pode ser entendida
no contexto de um todo, ou seja, se houver alguma mudança em alguma parte, vai
afetar e alterar todas as outras. Isso ocorre, pois a família funciona como um
sistema, um complexo de elementos colocados em interação.
A base da sistêmica é a circularidade pelo que todos têm uma quota parte de
responsabilidade no problema, o que cada elemento refere sobre a situação para a
qual é pedida ajuda é apenas uma versão, a de cada um. Bataglia (2002) explicita
que no caso da Teoria Sistêmica de Família, esta pode ser historicamente dividida
em cibernética de primeira ordem e cibernética de segunda ordem.
As teorias da cibernética de primeira ordem, se interessam essencialmente
pelos mecanismos e processos de homeostase, assim como pelas estratégias de
ação dos sistemas para manter sua estabilidade. Neles, as mudanças tem como
objetivo manter o sistema próximo ao seu padrão, através da reversibilidade e
adaptação e se relacionam à correção de desvio.
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Segundo Rapizo (1996 p.32) apud Battaglia (2002), na cibernética de
segunda ordem, os sistemas auto-organizados combinam ordem e desordem,
determinismo e probabilidade num grau crescente de complexidade. As mudanças
tanto podem ocorrer a partir do próprio funcionamento interno do sistema como
podem ser disparadas pela relação deste com o meio ambiente, com destino
imprevisível e irreversível, não sendo possível traçar o caminho do sistema de volta
a um estado anterior ou original.
Os diferentes pontos de instabilidade na história de um sistema representam
caminhos disponíveis para seu curso futuro e a seleção destes caminhos é
imprevisível para o observador, não podendo ser controlado e combinando repetição
e acaso.
Nesta visão sistemica de segunda ordem torna-se impossível e inevitável não considerar a inclusão do próprio observador nos sistemas que observa por ser ele também um sistema auto-organizador e formar com outros sistemas a mesma classe de novas unidades autônomas, isto é, novos sistemas (BATTAGLIA, 2002).
Entendemos que a importância do indivíduo enquanto protagonista de sua
própria história surge com a cibernética de segunda ordem, pois ele é incluído como
transformador em busca de sua própria autonomia para ter êxito em sua vida.
“A cibernética de segunda ordem reintroduz ao campo da terapia temas como o conhecimento, a linguagem, a construção do sentido e da subjetividade. (IBATTAGLIA, 2002).”
Percebemos que estas novidades vem trazer enormes consequências no
campo da terapia. Desta forma, enquanto a terapia de família da cibernética de
primeira ordem assume ser possível influenciar o cliente com a simples utilização de
técnicas, estando contextualizada em uma época em que acreditava-se na
possibilidade de ensinar e instruir o outro, por outro lado a terapia de família da
cibernética de segunda ordem põe por terra este conceito como sendo o único
possível. A cibernética de segunda ordem reintroduz ao campo da terapia temas
como o conhecimento, a linguagem, a construção do sentido e da subjetividade.
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“As teorias situadas na cibernética de segunda ordem, transferem para o grupo familiar também este novo conceito de autonomia e auto-referência (BATTAGLIA, 2002)”.
As intervenções diretivas passam a ser questionadas e os modelos clínicos
baseados na linguagem, narrativa e conversação tem seu destaque. A clínica
começa a acontecer como um processo de co-construção de realidades alternativas
e de descoberta de novos significados. Técnicas largamente utilizadas nas terapias
estratégicas como: tarefas, rituais e prescrições estão cada vez menos presentes
nos atendimentos.
Neste sentido muda-se o paradigma onde as técnicas repetitivas era
considerada mais importante. A participação do indivíduo na possível mudança de
sua história, torna-se o objetivo principal e a partir de então, deixam de ser vistos
como objeto que pode ser programado externamente e passam a ser visto como
sujeitos independentes ao invés de meros observadores.
Portanto não há dúvida, este novo posicionamento liberta a terapia de família
como um instrumento de manipulação de comportamentos expandindo este campo
a outros profissionais que trabalham de acordo da cibernética de segunda ordem de
acordo com a formação.
1.1 – Terapia de Família
A terapia de família propicia uma orientação simples, porém sólida, para
permitir que a vida em família seja tudo que ela possa ser. Entendemos que ao
mostrar as responsabilidades de cada um na família, estaremos passando o
conhecimento de que é possível acreditar nas maravilhas, alegrias, bênçãos e do
privilégio de ser uma família.
Entendemos que a socialização do problema, apresenta um efeito a todos os
integrantes, pois, através da terapia se faz uma compreensão da opinião de cada
um a respeito do assunto, onde o problema é trabalhado para que o sujeito não seja
mais o sintoma.
A questão relacionada a quem são e o que fazem os terapeutas de família tem sido insistentemente debatida e publicada em periódicos internacionais. Quanto ao Brasil, esta discussão tem sido feita
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principalmente nos congressos nacionais. O VI Congresso Brasileiro de Terapia de Família ocorreu em Florianópolis, durante o mês de julho de 2004, e foi organizado pela Associação Brasileira de Terapia de Família (ABRATEF, PONCIANO, CARNEIRO 2005).
A Terapia Familiar é um diálogo que se constrói e desenvolve no tempo,
envolvendo um terapeuta disponível e uma família normalmente em grande
sofrimento.
Segundo Emiliano (2009), a Terapia de Família é uma forma de compreender
e tratar dos problemas humanos. Podemos observar que é um método de
tratamento, do indivíduo das relações familiares, do grupo familiar como um todo e
do vínculo entre seus membros. Interessante descrever que é uma procura de novas
oportunidades onde a competência é posta em evidência tornando responsável à
própria família para as transformações necessárias.
Segundo (Barbosa, 2000), apesar da grande divulgação, nos últimos anos,
acerca das várias correntes psicoterápicas e do aumento do número de pessoas em
busca do auto-conhecimento, a terapia de família e casal ainda é desconhecida. A
terapia de família é um método de tratamento das relações familiares.
A intervenção do terapeuta não se faz no indivíduo A e no indivíduo B, mas sim na relação que ocorre entre A e B. Por vezes, quando um indivíduo apresenta um problema este pode ter tido origem num conjunto de relações familiares deficitárias e afetar todos os outros membros. Se tratarmos apenas a pessoa que manifestou o problema deixaremos de tratar todos os outros afetados pela mesma dificuldade. Isto faz da terapia familiar um excelente aliado do tratamento psicoterápico individual (BARBOSA,2000).
Isto significa que não se vai tratar o indivíduo na família e sim o grupo familiar
como um todo e o vínculo entre seus membros. Pois torna-se importante para
esclarecimento dos fatos e efetivação do resultado da busca pelo conhecimento
entre o membros da família e o lugar de cada um nesta instituição.
1.2 – Processo Terapêutico
O processo terapêutico ocorre num trabalho conjunto entre cliente e
terapeuta. O foco principal é o processo de autonomia, incluindo o pertencer/
15
separar-se, o desenvolvimento da consciência do padrão de funcionamento, de suas
dificuldades, das escolhas e responsabilidade; a mudança das pautas disfuncionais,
favorecendo uma variedade maior de estratégias de funcionamento.
Neste sentido o processo terapêutico é diferente porque todas as famílias são
diferentes, mas no que respeita ao funcionamento, no modelo clássico reúne-se toda
a família nuclear, ou os elementos que vivem em conjunto, com o objetivo de retratar
e situar toda a dinâmica daquela família, existindo espaço para que todos abordem
as suas sensações e em simultâneo conhecer a experiência que os outros possuem
na relação familiar entre si.
O processo terapêutico tem como modalidade os atendimentos casal e família
dentre os quais podemos descrever entre os principais benefícios resgatados nos
atendimentos a importância de se entender o comportamento das pessoas no
contexto; possibilidade de maior clareza das relações intrafamiliares com o intuito de
favorecer o auto conhecimento e respeito ao próximo, além de possibilitar que o
indivíduo perceba que a maioria das situações segue um determinado padrão.
Segundo (Barbosa, 2000) a procura por um terapeuta se dá, geralmente,
quando a família apresenta um grave problema. Pode ser um dos membros
apresentando transtorno psíquico, a presença de álcool ou drogas, ou a iminência
de uma separação. Vale ressaltar que a Terapia de Família, permite dedicação
tempo e atenção a família, conferindo-lhe importância, reconhecimento e
consideração.
A Terapia de Família é uma procura de novas alternativas que não passa por
resolver problemas e corrigir erros, mas principalmente por colocar em evidência a
competência da própria família, ativando a sua participação na resolução dos seus
problemas.
1.3 – O Terapeuta
Segundo Battaglia (2002), o percurso teórico-técnico da terapia de família
sistêmica também acompanha as transformações paradigmáticas num esforço de
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atualização. Estas mudanças têm ocorrido tanto no que diz respeito às técnicas
utilizadas e ao entendimento do funcionamento do grupo familiar, quanto ao lugar e
papel do terapeuta na prática clínica.
A autora pontua que inicialmente os terapeutas da teoria sistêmica da
primeira e segunda cibernética, se utilizaram do aspecto mais mecanicista da
cibernética realizando uma terapia baseada na teoria comportamental. Neste
momento, objetivavam a funcionalidade, o controle e a eficiência.
O terapeuta possui um papel de extrema importância, onde vai promover a
saúde mental, o equilíbrio através de suas intervenções, ocasionando assim uma
mudança individual em cada membro da família. Lembramos que o terapeuta não
transforma, porém suscita ocasiões favoráveis à mudança.
O profissional terapeuta familiar pode oferecer uma melhora das interações
no interior da instituição familiar e fazer um processo de recodificação de
mensagens, onde possibilita a maior compreensão nas suas comunicações.
Podemos reconhecê-lo como facilitador em busca da descoberta de novos caminhos
de relação sistêmica, com a incitação de que todos podem e devem atuar e
descobrirem onde convém introduzir mudanças para favorecer uma evolução e um
amadurecimento ao indivíduo identificado e em todo sistema.
Através das técnicas o terapeuta mostra para a família o que não vai bem,
criando junto estratégias para amenizar os problemas. Muitas vezes o problema está
mascarado, oculto e acarreta uma série de dificuldades; através do diálogo ela vai
desatando os nós comunicacionais fazendo que os membros consigam se entender
e mudar.
Em uma primeira entrevista familiar o terapeuta precisa unir-se à família,
criando um sentimento de amparo, de confiança, podendo assim clarear
informações, negociar o contrato terapêutico e traçar junto da família os seus
objetivos e as mudanças futuras na vida familiar.
Primeiramente realiza-se o acolhimento das pessoas, deixando-as a vontade.
O terapeuta se apresenta e faz com que todos os integrantes se apresentem,
estabelece o “rapport”, ou seja, a capacidade de entrar no mundo de alguém, fazê-lo
sentir que você o entende e que vocês têm um forte laço em comum. É a
capacidade de ir totalmente do seu mapa do mundo para o mapa do mundo dele. É
a essência da comunicação bem-sucedida, e depois o motivo da queixa. A primeira
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entrevista é feita com todos os integrantes de maneira a ir conhecendo-os melhor.
Inicia-se assim uma fase de socialização onde o intuito é de construir um ambiente
não ameaçador à família e ajudá-los a ficarem mais à vontade.
Partindo do princípio de que não há a perfeição, de que todos somos
indivíduos com limitações e potenciais, temos então, grandes chances de errar, mas
igualmente de acertar. Neste sentido, o primeiro passo para o nosso trabalho, é
identificar as queixas e quais crenças estão por trás delas, que acabam contribuindo
para fortalecê-las e fazendo com que tomem dimensões desproporcionais.
Sabemos que as crenças que desenvolvemos desde criancinhas são, em
grande parte, responsáveis por nossa percepção de mundo e, consequentemente,
por nossos pensamentos distorcidos que têm uma influência determinante nas
nossas ações.
Segundo Ferreira (2005), a complexidade do fenômeno terapêutico se deve a
muitos fatores, os quais estão relacionados à história singular de cada paciente
(vivências passadas,atuais, expectativas para o futuro, relações, recursos psíquicos,
familiares e sociais), sua demanda pelo atendimento, a relação única estabelecida
com o terapeuta (que também é uma pessoa que possui uma historicidade e uma
singularidade), e a consideração que o tratamento é um processo que ocorre no
tempo, com duas pessoas em desenvolvimento envolvidas também em sistemas de
relação que não permanecem estáticos.
Acreditamos que em toda família coexistem tendências para saúde e para
doença, o diferencial se fará a depender de como a família enfrente situações de
crise, de como está a afetividade e a comunicação entre seus componentes. Estes
serão indicadores de relações saudáveis ou adoecidas a depender de cada
situação.
Sabemos que é permitido aos membros familiares e/ou indivíduos
perceberem e entenderem as situações com maior transparência, também
aperfeiçoarem a comunicação e as relações interpessoais, aumentando assim a
capacidade de tomada de decisões e a responsabilidade pessoal.
Com o andamento das sessões, o terapeuta vai fazendo a identificação do
problema, explorando a visão que cada membro da família tem do problema, em
termos de comportamento específico, bem como as soluções que já foram tentadas.
È nesse andamento da sessão que o terapeuta pode observar a configuração
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familiar, tentando sempre trazer o problema para a sala, podendo assim ir clareando
esse problema à todos.
Neste contexto favorece-se uma mudança constitutiva e o desenvolvimento
de uma nova perspectiva e, consequentemente novas atitudes e melhor qualidade
de vida tendo em vista que a saúde engloba também os aspectos sociais, dentre os
quais as relações familiares é o foco principal.
1.3 – TIPOS DE TERAPIA
1.3.1 Terapia de Casal
A terapia de casal não une nem separa, funciona como acompanhamento do
processo e não impõe decisões. Facilita que o casal identifique os problemas,
averigüe o que os motivou, verifique a forma como vem reagindo as dificuldades.
Propicia que os componentes do casal vejam a si mesmos, ao outro e a relação de
forma mais aprofundada e aponta "ferramentas" que poderão auxiliar numa tomada
de decisão.
1.3.2 - Terapia Floral é uma abordagem terapêutica que utiliza Essências
Florais
Denomina-se Essências Florais um preparado natural e artesanal, que agem como
princípio catalisador que ativa processos de expansão e transformação da
consciência, despertando talentos, virtudes e potenciais latentes, favorecendo e
possibilitando a restauração da paz, harmonia e equilíbrio do ser.
Por sua natureza não física, as Essências Florais não têm impactos diretos
sobre a bioquímica do corpo. Elas não são medicamentos homeopáticos ou
alopáticos e, portanto, não substituem a necessidade de utilização destes e /ou
cuidados médicos ou psicológicos. Elas podem atuar simultaneamente com estes
meios, sem interferir na ação dos mesmos.
1.3.3 – Terapia de Grupo
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A terapia em grupo é um método de psicoterapia. Usando como base a teoria
da ação racional, a sessão da terapia em grupo visa investigar a congruência entre
as atitudes das pessoas participantes da reunião. A coleta de dados e a
monitorização é realizada por um profissional da área de saúde mental. As pessoas
reunidas ouvem depoimentos uns dos outros e se manifestam contando como e por
que iniciaram e convivem com problemas como por exemplo: a dependência
química. Esse é considerado um passo muito importante para um dependente
químico pois é o momento em que ele assume o problema e adquire a convicção de
que necessita de ajuda para retornar à sociedade.
Na terapia em grupo as interações entre os membros do grupo e os
terapeutas tornam-se o material com o qual a terapia é conduzida, juntamente com
experiências passadas e as experiências fora do grupo terapêutico. Essas
interações não são necessariamente tão positivas como no relato acima, uma vez
que os problemas que o paciente possui em experiências na vida cotidiana também
vão mostrar-se na sua interação no grupo, permitindo-lhes ser trabalhado através de
uma configuração terapêutica, que podem gerar experiências. O que seria traduzido
como "vida real". A terapia em grupo não se baseia em uma singular teoria
psicoterapêutica, mas o que leva a muitas outras obras.
Lembramos que em relação a Terapia Familiar explanamos no decorrer do
capítulo acima.
Capítulo II
2.0 – Breve histórico sobre Família
A família é uma unidade fundamental que acompanha a formação e o
desenvolvimento do ser humano. É composta por pessoas que estabelecem entre si
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profundas ligações emotivas, que são naturalmente complexas e diferentes ao longo
da vida e muitas vezes unem várias gerações, podendo possuir elementos que, não
tendo ligação biológica com a família, são afetivamente muito importantes no enredo
das relações familiares.
Compreendemos família como o primeiro grupo de mediação do indivíduo
com o mundo social, responsável pela sua sobrevivência física e mental.
Consideramos que é no seio familiar que também deve se concretizar o exercício
dos direitos da criança e do adolescente, como cuidados essenciais para possibilitar
seu crescimento e desenvolvimento, pois antes mesmo de nascer o indivíduo já
ocupa um lugar na família.
Neste sentido a exemplo de função da família é importante destacarmos que,
na sua ausência deve-se oferecer à criança e ao adolescente uma “família
substituta” ou instituição que se responsabilize pela transmissão desses valores e
condição para inserção na vida social segundo o ECA (Estatuto da Criança e do
Adolescente).
Segundo Szymanski (2002), podemos compreender família como a
associação de pessoas que escolhe conviver por razões afetivas e assume um
compromisso de cuidado mútuo e, se houver com crianças, adolescentes e adultos
que vivam sob o mesmo teto.
A concepção citada acima vem sendo vivida há mais de 100 anos pela
humanidade, a despeito das definições “oficiais” de grupo familiar. Neste sentido
conceber a família em suas múltiplas configurações e particularidades como
pertencentes às diferentes camadas sociais, torna-se um grande e importante
desafio para o Serviço Social, Psicologia e outras áreas afins.
De acordo com Áries (1981) apud Gueiros (2002), numa retrospectiva
histórica da família a partir do século X, até o referido século a família, inclusive em
temos de patrimônio não tinha expressão. Em decorrência das oscilações do
Estado, a concepção de linhagem ganha força a partir de então, porém tendo como
uma das preocupações a não divisão do patrimônio.
No século XV as crianças mais especificamente as do sexo masculino,
passam a ser educadas em escola aos poucos. Diante deste quadro, a família inicia
uma concentração em torno deste segmento para então garantir a transmissão de
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conhecimentos de geração a geração por intermédio da participação das crianças na
vida dos adultos.
No decorrer dos séculos os principais acontecimentos tem início no século
XVI e XVII, período em que as mulheres casadas perdem gradativamente seus
poderes e perdem juridicamente a incapacidade. Os maridos tornam-se soberanos a
ponto de a mulher perder o direito de substituir o próprio marido em situação de
ausência, loucura e todo e qualquer ato sem efeito legal apenas se autorizado pelo
marido.
No século XVII a separação entre família e sociedade é visível.
Gueiros (2002), informa que somente no final do século XVIII e início do século XIX,
a educação escolar será extensiva às crianças do sexo feminino, período em que
segundo Àries (1981) apud em Gueiros (2002) os laços de linhagens são
enfraquecidos juntamente ao fortalecimento do poder do marido.
Na época da Revolução Industrial, os papéis familiares eram separados e
subdivididos de tal maneira que, o homem, pai de família, era responsável pelo
sustento da sua esposa e de seus filhos. A mulher por sua vez, era criada para
cuidar da casa e de seus filhos, ser bondosa e obediente ao seu esposo.
Os filhos do sexo masculino eram vistos dentro da economia agrícola como
soma ao trabalho na lavoura, um número a mais nas plantações agrícolas. As filhas
eram criadas desde sua infância a cuidar da casa e dos irmãos mais novos para
assim serem futuras boas esposas e mães.
A família possuía uma composição que configurou um padrão de “Família Nuclear
Burguesa”, em que toda e qualquer família, considerada “normal” deveria ter um
homem e uma mulher e filhos, com os papéis definidos.
Ainda no século XVII os vínculos familiares são assim fortalecidos dando
início ao desenvolvimento da família moderna, ou seja, passa a existir uma
separação ente o público e o privado com ênfase na intimidade familiar e a
privacidade de cada indivíduo na própria família, separando-se, inclusive os
cômodos na casa visando assegurar tal privacidade.
Lembramos que as mudanças ocorridas ao longo do século de XVII
abrangem a todas as camadas sociais a partir do século XVIII. Já na segunda
metade do século XIX, o movimento feminista provocam outras mudanças na família
patriarcal, ou seja, família cuja os papéis de homens e mulheres e as fronteiras entre
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público e privado são severamente definidos: homem tem exclusividade como chefe
de família e tolerância do adultério por parte do mesmo.
Ainda no mesmo século há o desenvolvimento da família conjugal moderna,
na qual a escolha do parceiro é na base de amor e do romantismo, superando-se a
dicotomia entre amos e sexo, desenvolvendo assim um novo papel para o homem e
a mulher no casamento.
Apesar das mudanças, vale ressaltar que até o século XX a existência de
traços da família patriarcal na família conjugal se fez presente. A igualdade no que
tange aos direitos e deveres do homem e da mulher só se efetivou no Brasil na
Constituição de 1988 na sociedade conjugal, segundo a autora. Gueiros (2002),
afirma que pesquisadores do campo da família entendem que, o modelo patriarcal e
conjugal, existem na contemporaneidade dependo da camada social pertencente à
família.
[...] Para compreendê-las e melhor desenvolver projetos de atenção à família, o ponto de partida é o olhar para esse agrupamento humano como um núcleo em torno do qual as pessoas se unem , primordialmente por razões afetivas, dentro de um projeto de vida em comum, em que compartilham um cotidiano, e , no decorrer das trocas intersubjetivas, transmitem tradições, planejam seu futuro, acolhem-se, atendem os idosos, formam crianças e adolescentes (SZYMANSKI, 2002, p.10).
Analisamos a partir de Szymanski (2002), destacamos que as trocas afetivas
na família registram marcas que as pessoas levam por toda a vida, traçando
caminhos na maneira de ser com os outros afetivamente e na maneira de agir com
as pessoas. Ao destacar o jeito de ser com os outros, a aprendizagem com as
pessoas que muito significa, o que vai prolongar por muitos anos e com frequência
projeta-se nas famílias que se formam posteriormente.
Podemos considerar o exemplo de pais e mães que compreendem sua tarefa
social das mais diferentes maneiras e assumem essa incumbência conforme os
modos de ser que foram desenvolvendo ao longo de suas vidas, ou seja, os pais são
para os filhos os primeiros modelos de como os adultos se comportam, de como ser
homem ou ser mulher, a criança incorporará a cultura que a família reproduzir em
seu interior.
23
Entendemos que a família carrega valores em suas histórias contadas. Ela é o lócus de potencialidades. É um espaço de construção de afetos, solidariedade, interdependência e reciprocidade (GUIMARÃES, 2002, p.175).
Sabemos que esses valores não ocorrem isoladamente, num vazio, mas com
localização social e histórica, não há uma uniformidade, pois sabemos que as
famílias buscam uma adequação entre os valores herdados, os partilhados com os
pares e os novos valores, que parte de seu contato com outros segmentos da
sociedade e de informações que absorvem.
Compreendemos de acordo com Szymanski (2002), que classe social, é um
fator condicionante dos modos de relacionamento interpessoal, por seus membros
carregarem culturas próprias, por compartilharem uma história, pelas experiências
vividas, pelas oportunidades educacionais que receberam e pelas condições de vida
que experimentaram.
2.1 – Família na contemporaneidade
A Constituição de 1988, segundo Gueiros (2002), incorporou algumas
transformações da família contemporânea, no entanto não contemplou toda sua
diversidade. Nos últimos anos, várias mudanças ocorreram no plano
socioeconômico-culturais, pautadas no processo de globalização da economia
capitalista e vêm interferindo na dinâmica e estrutura familiar, trazendo alterações
em seu padrão tradicional de organização. Sendo assim, não podemos falar de
família, mas de famílias, para que possamos tentar contemplar a diversidade de
relações que convivem na sociedade.
A complementaridade Família-Estado parece cada vez mais tênue, depositando-se nas famílias uma sobrecarga que na maioria das vezes não conseguem suportar, tendo em vista as precárias condições socioeconômicas em que parcela considerável da população está submetida. Isso se acentua ainda mais quando se trata de configurações familiares que não contam com reconhecimento social e legal, pois além de todas as questões vividas pelas demais famílias, a elas cabem fazer frente a
24
preconceitos expressos nas relações com amigos, com a vizinhança, com a escola dos filhos e no trabalho, além de não poderem contar, em certos casos, com o amparo legal e previdenciário disponível para as configurações familiares reconhecidas social e legalmente (GUEIROS, 2002, p.117).
Observamos um Estado reducionista em suas intervenções do campo social e
que apela pela solidariedade social incluindo a família como protagonista especial
sem a mínima atenção por parte do mesmo. Ao invés de atender as demandas em
sua totalidade opta por programas focalistas e seletivos que segundo Yazbek
(2001), são tímidas, erráticas e incapazes de alterar a enorme fratura entre
necessidades e possibilidades efetivas de acesso a bens e serviços.
Com o conceito da família foi se configurando também o papel destas, o que
entendemos que os laços familiares que foram reconhecidos socialmente e foram
criadas funções sociais, como por exemplo a responsabilidade com o apoio e a
proteção de todos seus membros.
De acordo com a PNAS (2004) (Política Nacional de Assistência),
identificamos que a família tem como funções básicas prover a proteção e a
socialização de seus membros, além de constituir-se como referências morais, de
vínculos afetivos e sociais de identidade grupal, e, ainda ser mediadora das relações
dos seus membros com outras instituições sociais e com o Estado.
Podemos analisar através de Gueiros (2002), que, a medida em que o Estado
diminui sua participação na solução de questões de determinados segmentos como,
por exemplo crianças, adolescentes, idosos, portadores de deficiência e pessoas
com problemas crônicos de saúde, a família tem sido requisitada a completar esta
lacuna, sem recebimento mínimo de assistência do poder público.
Na família funções fundamentais como a função sexual-reprodutiva é
essencial para a existência da sociedade, a função econômica, para a manutenção
da vida, e a educacional, uma função de manutenção da cultura. A família
independente das estruturas e das funções sociais que assume, adquire o papel de
mediadora entre os sujeitos e a coletividade, vincula o privado e o público, seus
membros com o Estado, além disso, a família se caracteriza como um espaço
contraditório, onde a convivência é marcada por conflitos e desigualdades.
25
Na contemporaneidade não podemos mais falar da família brasileira de um
modo geral, pois existem várias tipos de formação familiar em nossa sociedade,
tendo cada uma delas suas características e não mais seguindo padrões do
passado, nos dias atuais existem famílias de pais separados, chefiadas por
mulheres, chefiadas por homens sem a companheira, a extensa, a homossexual, e
ainda a nuclear que seria a formação familiar do início dos tempos formada de pai,
mãe e filhos, mas não seguindo os padrões antiquadros de antigamente.
Apesar da diversidade das famílias citadas nos tempos atuais, podemos citar
algumas características que as famílias atuais vêm apresentando em comum como,
a diminuição do número de membros, de casamentos religiosos, aumento na
participação feminina no mercado de trabalho, participação de vários membros da
família em sua economia, o chefe da família tende a ser mais velho, quanto mais
ricas, mais chefes responsáveis pela família, quanto mais pobre mais os filhos
contribuem na renda familiar para o sustento da família.
Desta forma podemos afirmar que apesar de todas os mudanças que
aconteceram ao longo de todos esses anos na instituição família, o fato de ela não
se basear mais no casamento típico e religioso é a mais marcante delas, pois hoje
em dia até o Código Civil já fez mudanças em relação a união dos casais, entre
outras mudanças.
Acreditamos que ao pensar família nos dias de hoje, devemos considerar as
mudanças que ocorrem em nossa sociedade, como andam as novas relações
humanas e de que forma as pessoas estão cuidando de suas vidas familiares.
Entendemos que estas mudanças que estão ocorrendo na contemporaneidade
abalam de certa forma a dinâmica familiar em sua totalidade na particularidade de
cada indivíduo no seio familiar de acordo com sua composição, pertencimento social
e história.
Lembramos que os modos de vida das famílias contemporâneas vêm se
transformando, num tempo histórico e social no sentido da criação de novas
articulações de gênero e gerações, gerando novos códigos as mudanças e ao
mesmo tempo mantendo o padrão básico das antigas gerações.
O alcoolismo, violência doméstica, desemprego crônico, consumo de drogas,
são fatores condicionantes da devastação causada nas famílias contemporâneas.
26
Vale ressaltar que estes fatores não podem ser analisados fora de um quadro de
referência da sociedade mais ampla.
Portanto, a organização da família vem se transformando com o passar dos tempos,
porém, em todos os tempos e seja qual for sua formação a família deve
desempenhar funções educativas, transmitir valores culturais, ser modelos de
formação para o indivíduo viver socialmente e estabelecer suas relações.
2.2 – Principais tipos de Famílias
Segundo Souza (2010) ao falarmos da família formamos uma imagem
imediata de um conjunto de pessoas ligadas por laços de consanguinidade que
vivem juntos em regime de coabitação. Porém o estudo da família consiste na
compreensão das variações que este grupo pode assumir, e vem assumindo, na
nossa sociedade. Portanto, é importante identificarmos os tipos de família que
existem.
Na contemporaneidade é comum ouvirmos sobre a crises familiares por
motivo de vários problemas sociais (drogas, violência, alcoolismo, etc), se refere,
entre outras questões, a uma relativa diminuição do modelo de família dominante, a
chamada família nuclear.
2.2.1– Família Nuclear
A família nuclear, geralmente é constituída por dois adultos de sexo diferente
que vivem maritalmente com os seus filhos biológicos e/ou adotados. Incluímos duas
gerações com filhos biológicos. De acordo com Souza (2010), a Família Nuclear é o
tipo mais comum de família. Porém constatamos que tal tipo nos apresenta uma
tendência à diminuição. Os resultados do censo deste ano, 2010, vai confirmar se
esta tendência se mantém, aumentam ou se estabilizou. Vale ressaltar que no Brasil
se constitui como principal família na sociedade
Neste contexto é importante a compreensão do conceito de papel social de
gênero. Quando olhamos a família nuclear temos apenas o conjunto dos membros.
Entretanto, é interessante notar que, se ficarmos atentos quanto a divisão dos
27
papéis sociais entre o casal, é possível expandirmos a família nuclear em subtipos
conforme Souza (2010).
Observamos que quando os papéis sociais de gênero dentro da família, entre
o casal, é feito de modo a resultar ao homem a tarefa de provedor da família,
principal ou exclusivo, e à mulher as tarefas domésticas não-remuneradas, nós
temos um tipo de família nuclear chamada de tradicional.
Entendemos de acordo com Souza (2010) que a crise da família nuclear está
relacionada com este tipo família, o tradicional. Notamos que nesta família homens e
mulheres tem poderes diferentes, gozam de status desiguais. O homem costuma ter
todo o poder de decisão sobre a família.
O autor destaca que as conquistas da mulher nos direitos e deveres resultam
nas transformações nos papéis de gênero que passam a refletir na família através
da divisão das responsabilidades com as tarefas domésticas entre homens e
mulheres. Neste sentido, resulta numa nova modalidade de família nuclear,
chamada de família conjugal, aquela em que os papéis sociais de gênero resultam
em igualdade entre o casal quanto as decisões para com a família e nas
responsabilidades na criação dos filhos e na administração da casa.
2.2.2 – Famílias Extensas
A Família Extensa é constituída por um maior número de pessoas, seja por
afinidade ou parentesco, como tios, avós enteados, primos etc. Podemos incluir três
ou quatro gerações.
Acreditamos a partir de Souza (2010), que esta corresponde ao “esticamento”
da família em direção gerações anteriores ou posteriores à família nuclear. Por
exemplo, quando os pais de um dos cônjuges do casal, passa a coabitar com a
família nuclear ou quando um dos filhos forma sua família e coabita na casa de sua
família nuclear original.
2.2.3 – Famílias Monoparentais chefiadas por Pai ou Mãe
Entendemos que as famílias monoparentais as quais são constituídas por
apenas um adulto e seu(s) filho(s). Em sua maioria, o adulto é uma mulher.
Os casos de monoparentalidades surgem de situações como viuvez, separação e
28
divórcios, gravidez na adolescência e outra. Analisamos que as famílias citadas
acima frequentemente são alvo de discriminação social.
Sabemos que muitas das famílias monoparentais são lideradas pelas
mulheres e em geral mulheres de classes sociais mais baixas sem acesso aos
recursos legais que poderiam obrigar o pai a assumir as responsabilidades na
criação dos filhos. De acordo com Souza (2010) somamos a isto o fato de no Brasil
a remuneração do trabalho das mulheres ser menor do que o dos homens.
2.2.4 – Família Recompostas
Compreendemos por famílias reconstituídas ou recompostas aquelas
originadas do segundo casamento, geralmente depois do divórcio. Seja entre
pessoas jovens que não trazem filhos do casamento anterior, ou mesmo as que
trazem. Sabemos que as transformações nos papéis sociais de gênero, entretanto,
ocorrem mediante muitos conflitos, às vezes até sob a forma de violência doméstica.
Neste sentido, a maioria dos casais segundo Souza (2010), não suportam as
divergências e se desfazem. Deste modo muitas pessoas que já possuem filhos
passam a estar “disponíveis” para novas relações. Quando se formam novos casais
que reúnem pessoas que já tem filhos e todos coabitam, o casal e os filhos de
casamentos anteriores, emerge então, a chamada família recomposta.
2.2.5 – Casais Homossexuais com ou sem crianças
A evolução das mentalidades tem possibilitado a estabilização de relações entre homossexuais que optam por viver maritalmente. No Brasil, o movimento homossexual começou com a abertura política e o fim do Regime Militar, no fim da década de 1970, avançando com mais força a partir da metade da década de 1980. Os anos de 1990 foram marcados pela luta contra a discriminação e por maior abertura e orientação sexual, luta que desde 1986 a 1988 tendo o grupo Triângulo Rosa do Rio de Janeiro na liderança buscando acrescentar á Constituição de 1988 a igualdade entre homossexual e heterossexuais.
Quando pessoas do mesmo sexo resolvem formar uma família, ou seja, diferente daquele proposto pelo modelo que consiste em homem e em mulher, estarão criando uma condição nova. Esta família ao ser constituída deverá ter como alicerce o seu mundo vivido, onde o respeito, o carinho, o afeto, o zelo, a
29
sinceridade, a confiança, o amor, a humildade, a compreensão e o cuidar um do outro são palavras chaves e atitudes para uma convivência duradoura. Esta convivência terá momentos de sofrimento, de alegria, de conquista e de perda, construindo, assim, uma vida a dois.
2.2.6 – Várias pessoas vivendo juntas
De acordo com (Kaslouw:37) apud Szymanski (2002:10) existe as composições
familiares em que mesmo sem laços legais ou consanguíneos, mas com forte
compromisso mútuo vivem sob o mesmo teto também podemos considerar família.
2.2.7 - Família pós-moderna
Entendemos por Família Pós Moderna a que surgiu mais atualmente, aquela
em que não existem regras básicas de parentesco. Filhos morando com só um dos
pais (devido ao divórcio), casais sem filhos, uniões homossexuais, etc. Para alguns,
não é um estilo de família, mas justamente a falta de um "estilo" pré-determindo.
Podemos incluir neste conceito, a família de homens e mulheres que são
casados e vivem em locais separados por questões de privacidade muita das vezes
por motivo de estudo manias e outros fatores condicionantes.
Finalizamos este capítulo explicitando que para nós profissionais do Serviço
Social e áreas afins, conhecer a família da qual se fala e para qual dirigimos nossa
prática profissional é de suma importância, pois compreender o papel de cada
indivíduo e sua inserção social é fundamental para que o indivíduo e sua família
tenham êxito e efetivas condições de autonomia, sejam respeitados em seus
direitos e tenham elevados o nível de qualidade de vida.
Capítulo III
3.0 – Breve Histórico sobre programas no Brasil para a instituição Família.
30
No Brasil, a partir da década de 90, percebemos um aumento de programas
de combate à pobreza, direcionados às famílias com segmentos como crianças,
jovens, idosos e pessoas com deficiência. Neste primeiro momento encontramos a
unidade familiar como público privilegiado, pois a atenção destinada aos
seguimentos é posta para atender as demandas das famílias em condições de
vulnerabilidade social.
Em 1999, a consolidação do princípio fundante da PNAS (Política Nacional de
Assistência Social), institui a centralidade na família para concepção e
implementação dos benefícios, serviços, programas e projetos com o apoio do
NAF´s (Núcleo de Apoio às Famílias).
Segundo TEIXEIRA (2009), no ano de 2003 é lançado o PNAIF – Plano
Nacional de Atendimento Integral à Família e em 2004 o PAIF – Programa de
Atenção Integral à Família, cujos objetivos se constitui em superar os programas
com abordagens individuais fragmentados que não resolve questões concernentes à
totalidade familiar.
Sabemos que a partir destes programas a intenção que se tem de
centralidade na família, não constitui em autonomia e independência para
emancipação total dos indivíduos do grupo familiar. No entanto há uma rede de
serviços públicos que segundo TEIXEIRA, (2009), geram autonomização de seus
membros, da vizinhança, da parentela, inclusive com serviços domiciliares de
cuidados e socialização de crianças, adolescentes jovens e idosos.
Compreendemos que estes segmentos requerem maior atenção dos
familiares e demandam maior zelo, inclusive por parte da mulher exigindo delas mais
responsabilidades e serviços como condição para poder ter acesso a algum
benefício ou serviço público.
Diante desta situação, surgem os conflitos e problemas relacionados à
família, que necessita maiores cuidados para vida em família. Temos a certeza de
que há a necessidade de uma rede de serviços, incluindo os domiciliares, de caráter
público, de suporte para as famílias, de cuidados diários, atividades lúdicas,
recreativas, preventivas e curativas, se Fo o caso, investimento para geração de
emprego, para que de fato as famílias tenham uma vida digna.
3.1 – O Programa Bolsa Família
31
O Programa Bolsa, foi criado em 09 de Janeiro de 2004 a partir do governo do
presidente, Luiz Inácio Lula da Silva. Trata-se de um programa destinado às ações
de transferência de renda com condicionalidades vinculadas à educação (antes
Bolsa Escola) e à saúde (antes Bolsa Alimentação e Auxílio Gás).
Constitui-se num programa de transferência direta de renda que beneficia
famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza em todo o País. Este
programa integra o Plano Brasil Sem Miséria (BSM), que tem como foco de atuação
os 16 milhões de brasileiros com renda familiar per capita inferior a R$ 70 mensais, e
está baseado na garantia de renda, inclusão produtiva e no acesso aos serviços
públicos segundo dados do MDS (Ministério de Desenvolvimento Social) (2012).
De acordo com o MDS (2012), o Programa Bolsa Família possui três eixos
principais focados na transferência de renda, condicionalidades e ações e
programas complementares. A transferência de renda promove o alívio imediato da
pobreza. As condicionalidades reforçam o acesso a direitos sociais básicos nas
áreas de educação, saúde e assistência social. Já as ações e programas
complementares objetivam o desenvolvimento das famílias, de modo que os
beneficiários consigam superar a situação de vulnerabilidade.
O Programa atende mais de 13 milhões de famílias em todo território nacional
de acordo com o perfil e tipos de benefícios: o básico, o variável, o variável
vinculado ao adolescente (BVJ), o variável gestante (BVG) e o variável nutriz (BVN)
e o Benefício para Superação da Extrema Pobreza na Primeira Infância (BSP). Os
valores dos benefícios pagos pelo PBF variam de acordo com as características de
cada família, considerando a renda mensal da família por pessoa, o número de
crianças e adolescentes de até 17 anos, de gestantes, nutrizes e de componentes
da família.
Neste sentido, o PBF tem como proposta desenvolver ações emergenciais
integradas a ações estruturais para famílias em todo ciclo de pobreza. De acordo
com Santos (2010), a implementação de programas complementares tem o objetivo
oficial de promover o desenvolvimento de capital humano, traduzindo a perspectiva
de resultados mais efetivos e sustentáveis para redução da pobreza.
De acordo com a lei n 10.836 artigo 8:
32
A execução e a gestão do Programa Bolsa Família são públicas e governamentais e dar-se-ão de forma descentralizada, por meio da conjugação de esforços entre os entes federados, observada a intersetorialidade, a participação comunitária e o controle social.
As ações regulares são ofertadas pelas três esferas de governo bem como a
união os estados e municípios e também pela sociedade civil com a intenção de
desenvolver capacidades nas famílias cadastradas no PBF, colaborando para a
superação de vulnerabilidade social. A celebração de parcerias com o Governo
Federal, os valores podem ser complementados por estados e municípios, o que
dependerá dos termos de pactos entre os entes federados.
O decreto n 5.209, de 17 de setembro de 2004, regulamenta o PBF, em seu
artigo 4 com seus objetivos básicos os quais são:
● Promoção do acesso à rede de serviços públicos, em especial à saúde à
educação e assistência social;
●Combate a fome e promoção da segurança alimentar e nutricional;
●Estímulo e emancipação sustentada das famílias que vivem em situação de
pobreza e extrema pobreza;
●Cobate a pobreza; e
●Promover a intersetorialidade, a complementaridade e a sinergia das ações
sociais do poder público.
Os benefícios são liberados através do critério por renda per capta familiar e
depende do grau de vulnerabilidade de cada família. Podemos esmiuçar os diversos
tipos:
● O benefício básico é destinado a unidades familiares que se encontrem em
situação de extrema pobreza, ou seja, com renda per capta inferior a R$ 70,00
(Setenta reais) por pessoa;
● O benefício variável é destinado a unidades familiares que se encontrem em
situação de pobreza e extrema pobreza e que tenham em sua composição familiar
crianças entre zero e doze anos e/ou adolescentes entre treze e dezessete anos,
sendo pago benefício de até três crianças e dois adolescentes.
33
Visto que a gestão do Programa Bolsa Família é descentralizada e
compartilhada entre a União, estados, Distrito Federal e municípios. Os entes
federados trabalham em conjunto para aperfeiçoar, ampliar e fiscalizar a execução
do Programa, instituído pela Lei 10.836/04 de 09 de janeiro de 2004 e
regulamentado pelo Decreto nº 5.209/04, de 17 de setembro de 2004.
As famílias são selecionadas para o PBF com base nas informações
registradas pelo município no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo
Federal, instrumento de coleta de dados que tem como objetivo identificar todas as
famílias de baixa renda existentes no Brasil. O Ministério do Desenvolvimento Social
e Combate à Fome (MDS) seleciona, de forma automatizada, as famílias que serão
incluídas no PBF. No entanto, o cadastramento não implica a entrada imediata das
famílias no Programa e o recebimento do benefício.
De acordo com CRESS (2008) para fins do Programa Bolsa Família é
considerado Família, a unidade nuclear, eventualmente ampliada por outros
indivíduos que com ela possuam laços de parentesco ou de afinidade, que forme um
grupo doméstico, vivendo sob o mesmo teto e que se mantém pela contribuição de
seus membros.
Entendemos por renda familiar mensal, a soma total dos rendimentos brutos
recebidos por todos os membros da família a cada mês. As famílias cuja renda
familiar mensal esteja compreendida entre os valores citados no texto acima será
contemplada com o benefício de acordo com o perfil.
A concessão dos benefícios dependerá do cumprimento no que couber, de condicionalidades relativas ao exame pré-natal, ao acompanhamento nutricional, ao acompanhamento de saúde, à frequência escolar de 85% (oitenta e cinco por cento) em estabelecimento de ensino regular, sem prejuízo de outras que estão previstas no regulamento do programa. (CRESS, 2008, p.127).
Compreendemos que as famílias beneficiadas pelo Programa Bolsa Família,
tem a responsabilidade de manter a saúde da gestante em dia através do pré-natal e
dar continuidade após o nascimento da criança, com acompanhamento do peso e
vacinação das crianças até os sete anos de idade. No caso da educação a partir dos
cinco anos de idade as crianças e/ou adolescentes devem permanecer na escola de
ensino regular até os dezoito anos incompletos para ter direito ao benefício.
34
Quando as famílias não conseguem cumprir o compromisso de manter a
criança e ou/ adolescente na escola, com a frequência escolar superior a 85%
(oitenta e cinco por cento) ou com a vacinação e pesagem em dia com a saúde, são
aplicadas sanções referentes ao descumprimento de condicionalidades e
sistematização de informações sobre as famílias em situação de descumprimento de
condicionalidades para acompanhamento por outras políticas públicas segundo
Santos (2010).
A gestão das condicionalidades funciona da seguinte maneira: período de
acompanhamento da educação e da saúde; período de registro das informações do
acompanhamento nos sistemas; repercussão gradativa (as sanções) com base nos
resultados registrados e consolidados de descumprimento das condicionalidades;
apresentação de recursos pelas as famílias quanto aos efeitos decorrentes do
descumprimento e acompanhamento sócio assistencial de famílias em situação de
descumprimento.
Ressaltamos que as condicionalidades visam certificar o compromisso e a
responsabilidade das famílias ao mesmo tempo em representam o acesso a direitos
como saúde, educação e alimentação aumentando a autonomia das famílias no que
tange a inclusa social. Observamos também a ampliação para de oportunidades de
geração de renda das famílias. São na verdade resultado de ações que almejam
melhoria da qualidade de vida das famílias beneficiadas pelo Programa Bolsa
Família.
Diante da ausência de políticas de proteção social que deveriam ser
implementadas pela esfera pública, deparamos, no nosso cotidiano profissional, com
a pressão para que encontremos junto à família respostas para graves situações
vividas pelos indivíduos que dela fazem parte. Gueiros (2002:118)
Os setores mais vulneráveis são geralmente os mais prejudicados.
Entendemos que esse núcleo familiar, não dispõe do básico para promover a
integração social e o desenvolvimento pessoal de seus membros. É também
evidente a necessidade de inclusão em programas sociais que permitam condições
básicas de inserção social e de cidadania Gueiros (2002:119).
3.2 – Demandas apresentadas pelas Famílias
35
No que se refere ao Programa Bolsa Família podemos destacar os momentos
em que os grupos são chamados por motivos de descumprimento das
condicionalidades como saúde e educação, ou seja, criança ou adolescente
afastado da escola por diversos motivos: neurológico, psicológicos, alcoolismo,
droga, violência familiar, tráfico de drogas e outras questões que afetam o seio
familiar, pois na maioria das vezes os pais perdem o controle da situação. Não
obstante os problemas também podem surgir por parte dos pais.
As famílias beneficiadas pelo programa trazem angústias, sofrimentos e
frustrações, ao mesmo tempo em que se empenham para superá-los ou diminuí-los
diante das experiências acumuladas, as histórias de vida.
De acordo com Duarte (2011) em seu estudo sobre relação e família para
com a questão do cuidado, observamos três tipos de sobrecarga que problematizam
a vida das famílias dentre as quais a parte das finanças, o desenvolvimento ou a
quebra das rotinas familiares e a manifestações de doenças física e emocional.
O desemprego a exemplo de questões sociais apontadas nas famílias
atendidas,refletem um ônus bastante grave, a chamada exclusão social de alguns
grupos sociais que provocam muitas vezes a perda de autonomia do indivíduo,
também a autoconfiança, perda da saúde física e até mesmo psicológica.
No que se refere à frequência escolar, segundo dados coletados nos
atendimentos realizados pelos técnicos do Programa Bolsa Família de Itaboraí são
problemas como doenças das crianças, negligência dos pais, gravidez precoce,
trabalho e violência doméstica.
Analisamos que tem aumentado demandas apresentadas pelos usuários
como transtorno mental. Este aparece como um dos aspectos condicionantes da
desestrutura da família beneficiária do PBF, que procura o técnico por causa da
suspensão do benefício, porém expõem outros problemas que exigem uma escuta
cuidadosa para melhor atendimento das demandas.
Acreditamos que neste momento nós profissionais não devemos naturalizar
ou mesmo banalizar, ao dando importância às queixas dos referidos casos que
chegam aos serviços. Temos que acolher com cuidado a essas famílias.
Diante das demandas apresentadas ao Serviço Social do PBF Itaboraí, os
profissionais identificam problemas à nível de cuidado psicológico e terapêutico e
realiza encaminhamento para suprir a real demanda da apresentada pela família.
36
Neste sentido entendemos a necessidade de um profissional especializado para
melhor atender a estas demandas.
Geralmente são famílias que compartilham a mesma problemática e, por meio
de atendimentos, criamos um espaço terapêutico no sentido de provocar mudanças
marcadas pela solidariedade e ajuda mútua que permite um rico intercâmbio entre
as famílias que procuram o Programa pelos mesmos problemas. Optamos por temas
trazidos pelo grupo para trabalhar as questões e tentarmos resolve-las em conjunto.
O difícil é concentrar todos os membros das famílias com assiduidade nas reuniões.
3.3 – O possível trabalho com Famílias
Dada a centralidade que a família em conquistado no âmbito dos programas
sociais atualmente, principalmente a partir do Estatuto da Criança e do Adolescente,
a prática do Assistente Social tem sido repensada para melhor atendimento das
demandas na família brasileira. Apesar da procura cotidiana na instituição surgir de
demandas isoladas, na maioria das vezes apresentadas por um dos membros da
família, entendemos que é através da família que há a possibilidade de ampliação
desse horizonte.
Diante das questões apresentadas pelos usuários beneficiários do Programa
Bolsa Família, é possível se trabalhar com a realização de palestras; encontros com
as famílias; cronogramas de plantões para atendimento diretamente com as famílias
no programa, nas residências através de visitas domiciliares para o
acompanhamento familiar e escolas.
Optamos por temas trazidos pelo grupo para trabalhar as questões e
tentarmos resolve-las em conjunto. O difícil é concentrar todos os membros das
famílias com assiduidade nas reuniões.
De acordo com SANTOS (2010), Vale destacar que devemos acompanhar e
estimular as famílias atendidas pelo Programa. Estimular a oferta de serviços
públicos que possam favorecer a emancipação efetiva das famílias, além de
incentivar a transformação através de ações positivas.
Entendemos que faz-se necessário a busca constante por alternativas
conjuntas que subsidiem ações direcionadas às famílias, para que as mesmas
37
melhorem seu conhecimento, melhorando também o seu bem-estar e a relação
entre o membros.
No núcleo do Programa Bolsa Família observamos a necessidade de um
espaço grupal para que as pessoas tenham oportunidades de rever histórias
pessoais e ações que se tornam referências para suas relações com os membros de
suas famílias e com o mundo, pois, as condições em que realizamos o atendimento
em relação à estrutura ainda são precárias.
Mesmo reconhecendo que a família é um espaço contraditório, cuja dinâmica cotidiana de convivência é marcada por conflitos e desigualdade sociais, no entanto a atribuição de mediadora das relações público e privado, bem como geradora de modalidades comunitárias de vida, e o papel de inclusão social de seus membros são razões suficientes para apostar e incentivar na sua capacidade protetiva (TEIXEIRA, 2009, p.259).
Portanto, nesses espaços de cuidado são vários os atores dessa cena, os
técnicos, os familiares e os usuários, e, particularmente todos estão imbuídos de
uma ética do cuidado, apesar dos limites tudo tem sido feito em defesa da vida
humana e para com essa mesma vida. Cabe a nós profissionais especializamos
nosso atendimento para que seja feito um acompanhamento de fato para
emancipação dessas famílias, também vulnerável a um sistema burocrático e sem
informação.
38
CONCLUSÃO
O presente trabalho se propôs a apontar a estudar a Terapia de Família com
as famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família do município de Itaboraí. Diante
das questões, discussões, análises e estudos desenvolvidos ao longo desta
pesquisa, fez-se necessário compreender a questão da Terapia de Família, o
processo terapêutico e a atuação do profissional terapeuta com famílias.
Para entendermos a dimensão e o significado da terapia de família, foi
necessário pensá-la dentro da conjuntura de teoria sistêmica e também estudar as
teorias cibernéticas de primeira e de segunda ordem para alcançarmos a nossa
meta de entendimento da família nos sentidos: social, cultural e econômica.
Ademais, entendemos que compreender as características, desafios e forma
de atendimento às famílias se constitui um enfrentamento primordial para todos
aqueles que desejam atuar nesse contexto.
A instituição Família têm ocupado um papel vital na dinâmica da vida social
dos indivíduos, pois a partir da família os cidadãos se tornam conscientes e
convictos de seus direitos, mas, sobretudo, da importância de sua participação no
processo de transformação da realidade social.
Explicitamos o entendimento das diversas arranjos e composições familiares
que estão postas na sociedade e o que tem representado para sociedade em sua
totalidade, pois em parceria com profissionais especializados na área da terapia de
família podem, assim, ser consideradas mediadora do conhecimento rumo à
autonomia dos sujeitos.
Ao estudarmos as famílias do PBF Itaboraí consideramos que os diversos
problemas apresentados pelas famílias cadastradas no programa, é um desafio para
nós profissionais que acreditamos que há possibilidade de mudança e
transformação social através de reuniões de grupos e outras técnicas de
atendimento a essas famílias que geralmente apresentam as mesmas demandas.
Acreditamos que a família segue sua trajetória contribuindo de forma
educativa para a participação social de cada indivíduo, que obtendo o conhecimento
sobre sua realidade social podem mudar o rumo de sua própria história. Ao
identificarmos dificuldades e conflitos procuramos mediar situações apresentadas
com ajuda da própria família, tendo em vista que nós profissionais especialista em
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terapia familiar, podemos trabalhar com método de tratamento das relações
familiares onde as pessoas interagem umas com as outras e influenciam essas
relações em apoio mútuo, ou seja, a Terapia Familiar não é uma terapia à família,
mas com a família.
A partir disso, consideramos de extrema importância da atuação do
Assistente Social com especialização em Terapia de Família, pois possibilita um
melhor atendimento. O especialista possui um papel de extrema importância, pois
promove o equilíbrio através de suas intervenções, ocasionando assim uma
mudança individual em cada membro da família. Vale lembrar que não transforma,
mas, é possível despertar favoráveis mudanças na vida do sujeito em parceria com
a família.
Portanto oferecemos uma melhora das interações no interior da instituição
familiar e trabalhamos um processo de recodificação de mensagens, onde
possibilita-se a maior compreensão nas suas comunicações facilitando a busca da
descoberta de novos caminhos de relação sistêmica, com a incitação de que todos
podem e devem atuar e descobrirem onde convém introduzir mudanças para
favorecer uma evolução e um amadurecimento para melhor convivência em família.
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