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nCPC 12 QUESTÕES SOBRE PRÁTICAS PROCESSUAIS

NO (NOVO) CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Armando A. Oliveira 25 de junho de 2015

Interação entre A.E. e tribunal

Um dos principais entraves ao regular funcionamento do processo de execução

prende-se com a dificuldade de integração das atividades do agente de execução e

do tribunal. Estas dificuldades foram amplificadas com os problemas surgidos na

implementação do novo mapa judiciário.

A principais necessidades do A.E. prendem-se com:

Confirmação da inexistência de oposição à execução e/ou à penhora;

Suspensão (ou não) das diligências quando há oposição/embargos;

Informação sobre os créditos reclamados, identificação das partes e dos mandatários;

Informação sobre custas em dívida;

Impossibilidade de comunicação direta e eletrónica com o Ministério Público.

Estas dificuldades podem ser colmatadas através de integração de

serviços eletrónicos nas plataformas SISAAE/GPESE.

Interação entre A.E. e tribunal

ARTIGO 748.º CONSULTAS E DILIGÊNCIAS PRÉVIAS À PENHORA

1 - A secretaria notifica o agente de execução de que deve iniciar as

diligências para penhora:

a) Depois de proferido despacho que dispense a citação prévia do

executado;

b) Depois de decorrido o prazo de oposição à execução sem que esta

tenha sido deduzida;

c) Depois da apresentação de oposição que não suspenda a execução;

d) Depois de ter sido julgada improcedente a oposição que tenha

suspendido a execução.

Interação entre A.E. e tribunal

Sempre que há oposição/embargos ou reclamação de créditos:

Comunicar ao agente de execução o teor da oposição/embargos;

Inserir no CITIUS, no processo principal, a identificação dos

embargantes/reclamantes e respetivos mandatários;

O despacho que admite a oposição deve atribuir os efeitos.

Quanto não há oposição:

Não cabe à secretaria verificar a regularidade da citação nem contar os prazos;

Cabe tão só informar que no dia xx consta(m) do processo oposição/embargos.

Interação entre A.E. e tribunal

Para os tribunais, um dos principais entraves prende-se com a errada

utilização, por parte dos agentes de execução, dos modelos de

documentos que estão disponíveis.

Muitos agentes de execução utilizam o requerimento genérico para

juntar ou fazer os pedidos mais diversos, colocando em causa a

organização dos serviços da secretaria.

No SISAAE/GPESE será disponibilizada uma nova funcionalidade que

pode diminuir significativamente a utilização deste modelo, uma vez

que passa a ter que ser justificada a respetiva utilização.

Interação entre A.E. e tribunal

Outro dos problemas para os tribunais, mais agora com a

redistribuição dos processos pelas novas comarcas, prende-se com

a dificuldade em interpretar os pedidos dos agentes de execução,

pois são, em regra, demasiados sintéticos.

Quer para a secretaria, quer para o juiz, é tendencialmente

impossível analisar o histórico de processo que pode conter

centenas de registos.

Os agentes de execução devem procurar fazer uma síntese do

processo (ou do momento processual) para auxiliar o juiz a tomar a

decisão.

Decisões do agente de

execução (ou falta destas)

Continua a ser habitual que agentes de execução questionem o juiz

sobre a solução a dar a determinado problema, muito

particularmente quando existem conflitos mais ou menos declarados

com o exequente, como, por exemplo:

Redução do valor de venda;

Remoção de bens quando o executado foi constituído fiel depositário;

Entrega de montantes antes de decorrido o prazo de oposição;

Aplicação do n.º 3 do artigo 796º;

Dispensa de pagamento de Imposto de Selo ou IVA.

Decisões do agente de

execução (ou falta destas)

O agente de execução deve tomar uma decisão, cabendo à

parte reclamar daquela para o juiz;

A decisão do agente de execução deve estar sempre

fundamentada;

Quando o agente execução verifica que há reclamação deve,

proativamente, prestar esclarecimentos complementares que

possam auxiliar o juiz à tomada de decisão.

Penhora de depósitos bancários

O novo regime de penhora de depósitos bancários fez com que o número de pedidos

tivesse crescido para números nunca antes vistos e, naturalmente, foi causa do elevado

número de oposições/embargos.

Um número significativo destes embargos está sustentado no facto de o saldo existente

resultar do créditos salariais impenhoráveis.

Não existe forma, direta ou indireta, de o agente de execução antecipadamente saber

qual a origem do saldo penhorado.

O agente execução só tem conhecimento desta situação quando lhe é comunicado que

foram deduzidos embargos, em muitos casos mesmo antes do executado ter sido

citado/notificado.

Se, antes de notificado/citado, o executado demostrar ao agente de execução que os

valores existentes na conta bancária resultam exclusivamente de créditos salariais

impenhoráveis, pode o agente de execução decidir pelo levantamento da penhora.

A venda e o leilão eletrónico

A plataforma de leilão eletrónico encontra-se pronta a funcionar, estando tão

só dependente da autorização da C.N.P.D.;

Logo que a plataforma esteja em funcionamento, todas as vendas já

decididas em carta fechada, cuja data não esteja fixada, devem passar para

venda em leilão eletrónico;

Para tal, o agente de execução deve tomar decisão nesse sentido e informar

o tribunal de que já não se mostra necessária a marcação de dia e hora;

A plataforma vai servir para os processos tramitados por agente de

execução, mas também para todas e quaisquer vendas, incluindo em

processos de insolvência.

Venda em carta fechada

A análise da atividade processual antecedente ao pedido de marcação da venda não

é simples, seja pela secretaria, seja pelo juiz.

É conveniente que o agente de execução, no pedido de marcação de dia e hora da

venda, junte os seguintes elementos:

Notificação para pronunciar quanto à venda;

Decisão da venda;

Notificação da decisão.

Tendo em consideração que é habitual que, na data da venda, se constate que o

imóvel já foi vendido pela AT, deve o agente de execução, no dia da venda ou no dia

antecedente, realizar uma consulta ao registo predial, a fim de verificar a situação

registral.

Remoção de fiel depositário

A remoção de fiel depositário depende de decisão judicial que assim o determine;

O pedido de remoção de fiel depositário é normalmente efetuado pelo agente de

execução;

O pedido de remoção de fiel depositário deve ser devidamente fundamentado;

Deve o agente de execução demostrar que o fiel depositário foi pessoalmente

notificado para apresentar os bens e que não o fez ou justificou. Pode ainda

demostrar a impossibilidade de concretizar a notificação pessoal do fiel

depositário;

A notificação do fiel depositário deve ser feita sob carta registada com aviso de

receção ou, quando esta se frustre, por contacto pessoal, salvo se o fiel depositário

estiver representado por mandatário judicial, pois, nesse caso, é feita

eletronicamente.

Título de crédito - Efeitos da

falta de entrega do original

Dispõem o n.º 5 do 724º que, “Quando a execução se funde em título de crédito e o requerimento executivo tiver

sido entregue por via eletrónica, o exequente deve sempre enviar o original para o tribunal, dentro dos 10 dias

subsequentes à distribuição; na falta de envio, o juiz, oficiosamente ou a requerimento do executado, determina a

notificação do exequente para, em 10 dias, proceder a esse envio, sob pena de extinção da execução”.

Sabemos então que é “dever do exequente remeter o original no prazo de 10 dias subsequentes à distribuição”.

No entanto, a falta dessa entrega não implica a recusa do requerimento executivo, só sendo tal exigível se o juiz

(oficiosamente ou a pedido do executado), assim o determinar.

Decidindo o juiz por impor a entrega do original do título de crédito, tem o exequente o prazo de 10 dias (contados

da notificação) para fazer a entrega do original do título de crédito. Caso não o faça, a execução será declarada

extinta, cabendo tal decisão ao juiz.

Em resumo:

I - Sendo entregue o requerimento executivo em suporte de papel, o original do título de crédito tem que ser

entregue conjuntamente com o r.e.

II - Sendo o requerimento executivo entregue por via eletrónica, a entrega do original do título de crédito só pode

ser exigida por decisão do juiz, não tendo assim o agente de execução (ou a secretaria) que recusar o

requerimento executivo ou sequer notificar o exequente para proceder à entrega do original.

Notificação do executado na

execução nos próprios autos

Dispõe o artigo 626º do CPC:

A execução da decisão condenatória no pagamento de quantia

certa segue a tramitação prevista para a forma sumária, havendo

lugar à notificação do executado após a realização da penhora.

Questões recorrentes:

Havendo mandatário constituído, a notificação é feita a este por via

eletrónica?

Uma vez que a execução passou a ser uma extensão do processo

declarativo, a notificação (após penhora) é concretizada na pessoa

do mandatário.

Notificação do executado na

execução nos próprios autos

É feita ao executado por carta registada simples, considerando-se que este

a recebeu mesmo que devolvida por não reclamada?

Mais uma vez, não se trata de um novo processo, pelo que o executado é

notificado nos termos gerais. Atenção que, se o executado for constituído

fiel depositário, tal implica a constituição de obrigações específicas que

deve delas ter conhecimento pessoal.

Entendendo-se que esta é pessoal (nos moldes de uma citação), há lugar à

“notificação edital”?

Não há previsão legal para notificações editais.

Tendo o réu, agora executado, sido citado editalmente, como proceder?

Será notificado o MP em representação do ausente.

Processo Declarativo

Citação por agente de execução

É habitualmente suscitada a intervenção do agente de execução quando se frustra a citação por via

postal.

Há, no entanto, um conjunto de atividades que devem ser desenvolvidas antes da remessa do

processo ao agente de execução.

Cabe à secretaria, quando frustrada a citação por via postal, realizar as consultas às bases de dados,

devendo promover nova tentativa naquela que se presuma ser a morada mais atualizada.

No caso de pessoas coletivas, antes de ser concretizada a citação postal, deve a secretaria promover

a consulta ao RNPC para concretizar a citação postal nessa morada e, caso venha devolvida,

novamente por via postal por carta em depósito.

Frustrando-se a citação por via postal por inexistência de recetáculo (por exemplo), a secretaria deve

promover a citação posta do legal representante.

Só depois de esgotadas estas possibilidades deve ser designado agente de execução.

Ordem da realização da

penhora

Dispõe o artigo 751º que a penhora começa pelos bens cujo valor

pecuniário seja de mais fácil realização e se mostrem adequados ao

montante do crédito do exequente. Dispõe ainda que o agente de

execução deve respeitar as indicações do exequente sobre os bens

que pretende ver prioritariamente penhorados.

A aplicação prática desta norma pode mostrar-se complexa,

cabendo ao agente de execução a sua interpretação e aplicação,

devendo saber demonstrar a sua independência em relação à

vontade do exequente.

Ordem da realização da

penhora

A adequação da penhora prevalece sobre a vontade do exequente.

Para defesa da sua atividade, o agente de execução, sempre que entender

que a vontade do exequente não é consentânea com os limites impostos

pelo princípio da adequação (ou outros legalmente impostos), deve tomar

decisão formal nesse sentido, devolvendo ao exequente a possibilidade de

reclamar dessa mesma decisão.

A aceitação da indicação do exequente, quando se adivinhe a possibilidade

de ser questionada por conflituar com o princípio da adequação, deve ser

objeto de decisão do agente de execução, devidamente fundamentada.

Ordem da realização da penhora

Exemplo

Num processo com a quantia exequenda de 5.000,00 €, opta-se

pela penhora de imóvel em detrimento de veículo automóvel.

Decisão: Opta-se pela penhora do imóvel uma vez que o único

veículo registado a favor do executado é do ano de 2003, sem

seguro em vigor, pelo que é expectável que este possa já não

existir.

Exemplo

Num processo com a quantia exequenda de 5.000,00 €, opta-se pela

penhora de bens móveis sem que, previamente, se realize penhora de

depósitos bancários.

Decisão: Opta-se pela penhora de bens móveis uma vez que, após as

consultas realizadas, não foram apurados outros bens, nomeadamente

salários ou veículos e, conforme expresso pelo exequente, a

possibilidade de existirem saldos é reduzida, podendo, por via dessa

penhora, ser o executado alertado do presente processo e com isso

fazer “desaparecer” os bens móveis.

Ordem da realização da penhora

Valor constante do título

vs quantia exequenda

Para determinação da forma do processo (ordinária ou sumária), nos

termos da alínea d) do n.º 1 do artigo 550º, deve atender-se ao valor da

quantia exequenda, incluindo juros e despesas, ou ao valor constante do

título (exemplo: cheque de 9.600,00 € + 420,00 € de juros).

Dispõe a alínea d) do n.º1 do artigo 550º que o “valor” está diretamente

ligado á “obrigação pecuniária vencida” e não ao valor constante do título

executivo, pelo que deve atender-se ao valor indicado no processo.

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