cooperaÇÃo internacional sÃo luÍs/guiana … · 2.3.2 a sustentabilidade no brasil ......
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Universidade de Brasília
JOSÉ CARLOS RIBEIRO
COOPERAÇÃO INTERNACIONAL SÃO LUÍS/GUIANA FRANCESA EM ESPORTE ESCOLAR: interfaces socioculturais franco-
maranhenses como sugestões para o Programa Segundo Tempo local
São Luís 2007
JOSÉ CARLOS RIBEIRO
COOPERAÇÃO INTERNACIONAL SÃO LUÍS/GUIANA FRANCESA EM ESPORTE ESCOLAR: interfaces socioculturais franco-
maranhenses como sugestões para o Programa Segundo Tempo local Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar. Orientador: Prof. Dr. Paulo da Trindade Nerys Silva
São Luís 2007
RIBEIRO, José Carlos COOPERAÇÃO INTERNACIONAL SÃO LUÍS/GUIANA FRANCESA EM ESPORTE ESCOLAR: interfaces socioculturais franco-maranhenses como sugestões para o Programa Segundo Tempo local, 2007. 75 p. TCC (Especialização) – Universidade de Brasília. Centro de Ensino à Distância, 2007. 1. Cooperação internacional. 2. Desenvolvimento sustentável. 3. Esporte Escolar.
JOSÉ CARLOS RIBEIRO
COOPERAÇÃO INTERNACIONAL SÃO LUÍS/GUIANA FRANCESA EM ESPORTE ESCOLAR: interfaces socioculturais franco-
maranhenses como sugestões para o Programa Segundo Tempo local
Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar pela Comissão formada pelos professores:
Presidente: Prof. Dr. Paulo da Trindade Nerys Silva
Universidade Federal do Maranhão
Membro: Prof. Dr. Paulo Henrique Azevedo
Universidade de Brasília
São Luís (MA), 10 de agosto de 2007.
AGRADECIMENTOS
A Deus, a Meishu Sama, a meus antepassados e a minha mãe Raimunda
Primitiva Ribeiro, pela forma equilibrada com que me vem conduzindo na minha
longa jornada de evolução material e espiritual no Universo.
Ao Espírito de Luz, que nesta vida se chamou Gilbert Zaquéu de Araújo
transmutado ao mundo Espiritual, no dia 18 de maio de 1998. Obrigado por tudo, e
que seja agraciado com o verdadeiro mundo de Verdade-Bem e belo (Reino da Luz),
outorgado por Deus aos seus filhos mais ilustres.
A todo o povo da Guiana Francesa e, em especial, aos amigos Alex
Blaise Said, Chavigny Serge Jean-Tony, Jean Nita, Sebastian e Pierre Jean-Luc,
pelo privilégio do convívio, apoio, incentivo e parceria na construção dessa
cooperação internacional entre os povos amazônicos, antilhanos e caribenhos.
Ao Ministério do Esporte e ao CEAD/Unb pela oportunidade participar de
um Curso de Especialização à Distância.
À equipe técnica de trabalho do Programa Segundo Tempo e da
SESP/MA, formada por Manoel Trajano, Marlizete Mendonça, Lina Maria Barbosa,
Ilva Lícia Sadanha, Paulo César Maia e Silvanete Cunha, pela colaboração das
informações referentes ao relatório técnico, de grande contribuição para a
construção do presente estudo.
Ao professor Paulo da Trindade pela orientação, atenção dispensada e
interesse imprescindível na realização deste trabalho.
A todos os professores do Curso que souberam disseminar o
conhecimento.
Agradeço a todos que direta ou indiretamente contribuíram para
realização deste trabalho.
RESUMO
Uma proposta de cooperação internacional entre São Luís e Guiana Francesa no
esporte escolar. Este relato de experiência teve como objetivo levantar
apontamentos com interfaces ambiental natural e sociocultural franco-maranhenses
que possam subsidiar a Cooperação Internacional São Luís – MA / Guiana Francesa
na formação esportiva escolar à luz da abordagem sócio-antropológica defendida no
contexto do Programa Segundo Tempo, e com foco no desenvolvimento sustentável
na Bacia Hidrográfica Amazônica latino-americana e caribenha, explorando a
temática esporte como fenômeno sociocultural. O método aplicado na pesquisa foi
de natureza qualitativa por se adequar melhor ao objeto estudado.
Palavras-chaves: Cooperação Internacional. Desenvolvimento sustentável. Esporte Escolar.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................9 2 LEITURA DA REALIDADE....................................................................................13
2.1 Indicadores Econômicos do Maranhão .......................................................13 2.2 Alguns aspectos históricos, geográficos, econômicos, culturais, sociais
e políticos franco-maranhenses..................................................................15 2.2.1 A Invasão Francesa ....................................................................................16 2.2.2 Interfaces ambientais naturais e socioculturais entre o Maranhão e a Guiana Francesa .................................................................................................18
2.2.2.1 Ocupação Indígena..........................................................................19 2.2.2.2 Exploração e colonização ................................................................20 2.2.2.3 A Invasão Francesa na Guiana Francesa........................................21 2.2.2.4 Guiana Francesa .............................................................................21 2.2.2.5 Brasileiros na Guiana Francesa.......................................................22 2.2.2.6 Maranhenses na Guiana Francesa em busca de trabalho...............23 2.2.2.7 Tião e o L’ Equipe ............................................................................24 2.2.2.8 Espaço Franco-Maranhense............................................................27 2.2.2.9 A Invasão Francesa II: Em Saint Louis Roi De France ....................29
2.3 Esporte e Desenvolvimento Sustentável I....................................................34 2.3.1 Tratado de Cooperação Amazônica............................................................37 2.3.2 A sustentabilidade no Brasil ........................................................................38 2.3.3 Sustentabilidade do esporte escolar: principais problemas e desafios .......38
2.4 Cooperação Amazônica: uma proposta entre São Luís e Guiana Francesa na área de formação esportiva escolar ..................................................................40
3 LEITURA DA REALIDADE ESPECÍFICA .............................................................42 3.1 Programa Segundo Tempo No Maranhão: Relatório Final/SESP.................42
4 ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS OBSERVADOS NO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO NO MARANHÃO.................................................................54
4.1 Aspectos negativos........................................................................................54 4.2 Aspectos positivos.........................................................................................57
5 ANÁLISES, CRÍTICAS E SUGESTÕES................................................................59 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................64
REFERÊNCIAS ...................................................................................................66 ANEXOS .............................................................................................................68
9
1 INTRODUÇÃO “Escola é... o lugar onde se faz amigos não se trata só de prédios, salas, quadros, programas, horários, conceitos... Escola é, sobretudo, gente; gente que trabalha, que estuda, que se alegra, se conhece, se estima. O diretor é gente, o coordenador é gente, o professor é gente, o aluno é gente, cada funcionário é gente. E a escola será cada vez melhor na medida em que cada um se comporte como colega, amigo, irmão. Nada de ‘ilha cercada de gente por todos os lados. Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir que não tem amizade a ninguém. Nada de ser como o tijolo que forma a parede, indiferente, frio, só. Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar, é também criar laços de amizade, é criar ambiente de camaradagem, é conviver, é se ‘amarrar nela’! Ora, é lógico... numa escola assim vai ser fácil estudar, trabalhar, crescer, fazer amigos, educar-se, ser feliz.” (Paulo Freire)
Este trabalho vem justamente refletir sobre as interfaces socioculturais
franco-maranhenses interagindo com o ensino do gesto técnico do esporte escolar
no contexto ludovicense e da Guiana Francesa, buscando entender as interfaces
das bases conceituais sobre como a cooperação amazônica pode contribuir na
formação esportiva escolar.
O método de trabalho utilizado teve como fundamento a utilização de
pesquisa bibliográfica e a análise documental através dos seguintes procedimentos:
a) levantamento do referencial bibliográfico sobre temas que tratam das Interfaces
Franco-Maranhenses, visando enfatizar aspectos similares destas áreas de estudo;
b) levantamento bibliográfico da documentação oficial sobre políticas, planos e
10
programas com ênfase na área de formação de recursos humanos para o Ensino do
Esporte Escolar.
Para orientar teoricamente a análise, partiu-se do pressuposto de que a
metodologia está diretamente relacionada ao modo de como se olha para o contexto
sociocultural, como se percebe os seus problemas e como se busca as respostas.
Nesse sentido, as suposições, interesses e propósitos levaram a diferentes
caminhos e perspectivas para a realização de uma investigação. Portanto, recorreu-
se ao referencial ecológico, procurando reconhecer a atualidade das categorias
históricas em uma abordagem ambiental natural e sociocultural.
O presente trabalho constitui peça fundamental na gestão do esporte
escolar, representando um importante instrumento de gerenciamento no âmbito do
sistema esportivo escolar no Estado do Maranhão. Para o desenvolvimento do
trabalho de pesquisa, a metodologia aplicada contemplou o maior número possível
de informação, caracterizada por uma abordagem teórico-sistêmica dos dados
levantados e submetidos à análise comparativa.
A justificativa para este crescente interesse deve-se ao elevado eixo
norteador da prática da cultura esportiva educativa: a formação da personalidade de
um aluno-atleta-cidadão autônomo, participativo, crítico e criativo.
Quais as possibilidades oferecidas por esta Cooperação Amazônica
Brasil/ Guiana Francesa? O que pensam a respeito os especialistas? Que
contribuições trouxe o Programa Segundo Tempo em São Luís/MA para a
Cooperação Amazônica em São Luís? Qual o impacto na iniciação ao esporte
ludovicense/Guiana Francesa? Existe muita controvérsia em nível técnico sobre a
conveniência ou não das abordagens em âmbito escolar? Qual o potencial do
cenário que haverá de emergir desta Cooperação Amazônica Franco-maranhense,
no sentido de reverter as práticas usuais do ensino-aprendizagem do esporte
escolar? Estas questões norteadoras constituem a base do escopo reflexivo deste
estudo, sem, contudo, apresentar respostas definitivas e acabadas dos projetos
conceituais e de ensino do esporte escolar.
11
Questionamentos como estes abordam assuntos de grande relevância em
um mundo globalizado, especificamente na América Latina, principalmente entre
países com proximidade política, geográfica, histórica e étnica cultural como Brasil e
Guiana Francesa, que apresentam grande produção de conhecimentos significativos
nesta área, clamando por uma maior Cooperação/Intercâmbio na produção do
conhecimento.
O segundo capítulo irá dispor sobre os pontos em comum existentes entre
a Guiana Francesa e São Luís, para implantar uma cooperação amazônica referente
ao esporte entre esses dois governos. E em seguida será tratado sobre a
importância do desenvolvimento sustentável para o desenvolvimento esportivo
maranhense, que são respaldados e garantidos pela Constituição Federal e em
tratados internacionais, como o Tratado da Cooperação Amazônica.
No terceiro capítulo, será apresentado o Programa Segundo Tempo para
que na sua próxima edição se faça uma integração com a proposta da cooperação
amazônica a fim de melhor desenvolver o esporte no Maranhão, proporcionando
uma melhor qualidade de vida aos jovens maranhenses, não somente fisicamente,
mas também ao que se refere ao comportamento, tornando-os responsáveis em
relação à vida. Tudo isso pode ser adquirido através das regras e finalidades do
esporte que vem a ser trabalhado.
O Programa Segundo Tempo foi fruto de uma experiência teórico-prática
do professor José Carlos Ribeiro, no exercício de supervisor do Programa Segundo
Tempo nos pólos dos municípios de Santa Helena, Pinheiro e São Bento, no período
de 2006, convidado para assessorar no âmbito do Direito Esportivo o Secretário de
Estado do Esporte vigente da época, Dr. Alim Maluf Neto Filho, durante sua gestão à
frente do SESP, no período de 2003 a 2005.
Os dados aqui expostos foram
gentilment
seus 50 núcleos localizados em
e cedidos pela equipe técnica de
trabalho, de coordenação e de
administração, do qual José Carlos Ribeiro
também fazia parte, a fim de demonstrar a
sistemática organizacional e
desenvolvimento das atividades do
Programa Segundo Tempo no Maranhão, em
escolas públicas da rede oficial de ensino do Estado do Maranhão, que atendeu a
12
10.000 crianças, sob responsabilidade e coordenação da Secretaria de Estado do
Esporte, Convênio nº 110/2004/ME/SNEE/SESP.
O Programa Segundo Tempo estava previsto inicialmente para ser
executado
ivos
encontrad
, críticas e sugestões de como
ocorre o e
no período de dezembro de 2004 a outubro de 2005, mas foi lançado
oficialmente no dia 11 de agosto de 2006, Dia do Estudante. A programação foi
dividida em duas partes: a primeira, solene e cívica; e a segunda, esportivo-cultural,
com apresentações de grupos de dança, capoeira e torneios inter-escolares. A
solenidade do lançamento ocorreu no CAIC Embaixador Araújo Castro, no bairro da
Cidade Operária, na cidade São Luís, com a presença do Secretário de Estado do
Esporte, Dr. Antonio Ribeiro Neto, e do Secretário de Estado da Educação, professor
doutor Edson Nascimento, e outras autoridades. A solenidade envolveu alunos,
estagiários, professores, diretores de estabelecimentos de ensino, supervisores e
coordenadores do Programa. Simultaneamente a este evento de abertura em São
Luís, o Programa foi lançado nos demais núcleos da região metropolitana e nos
municípios do interior do Estado. Para efetivar essa realização, o evento também
contou com ampla divulgação nos meios de comunicação. (MARANHÃO, 2006)
Será exposto no quarto capítulo os aspectos negativos e posit
os na realização do Programa Segundo Tempo do Maranhão, para que na
próxima edição seja reparados os erros cometidos e aprimorar os resultados obtidos
associados ao tratado de cooperação amazônica.
No quinto capítulo, será feito análises
nsino-aprendizagem-treinamento, quais os métodos mais adequados para
desenvolver um esporte embasado na sustentabilidade defendida na Agenda 21,
para enfim tecer considerações gerais no último capítulo sobre o tema aqui proposto.
13
2 LEITURA DA REALIDADE 2.1 Indicadores Econômicos do Maranhão
O Maranhão apresenta alta taxa de crescimento populacional
principalmente nas áreas urbanas. O êxodo rural exacerbou-se a partir da década de
70, por uma corrida desordenada da zona rural rumo aos centros urbanos. Mesmo
assim, o maranhão ainda concentra maior contingente populacional na zona rural.
Apenas 31,41% residem nos centros urbanos. (MARANHÃO, 1998)
Atualmente a população absoluta chega acerca de 5.000.000 de
habitantes, com uma densidade demográfica de 15 habitantes/km². Estima-se que
1.972.008 habitantes residem na zona urbana enquanto 2.950.331 pessoas se
distribuem pelo meio rural do Estado. A taxa de crescimento entre 19888 e 1991
situava-se em torno de 1,91%, maior que a média nordestina, porém inferior se
comparada à década passada. (MARANHÃO, 1998)
Há uma desigualdade na distribuição da população do Estado, pois 36%
dela concentram-se em dez municípios. De acordo com a faixa etária, 69,9% da
população maranhense é maior de 10 anos de idade, dos quais 49,85 são homens e
50, 15 são mulheres, o que explica uma extraordinária oferta de mão-de-obra barata
e abundante. Os municípios que representam a maior taxa de crescimento
14
correspondente à população total são: Açailândia, Imperatriz, São Luís e Santa
Luzia. (MARANHÃO, 1998)
O fator de desequilíbrio na distribuição da renda ocupada, 50,3% recebe
menos de salário mínimo, 60,8% entre um e dois salários mínimos e apenas 4%
mais de 5 salários mínimos. Na zona rural ocorre maior desigualdade, pois 47% da
população ocupada não recebem remuneração alguma enquanto apenas 32%
recebe o equivalente a um salário mínimo. Na zona urbana, 44,36% da população
ocupada não tem nenhum rendimento, 26% recebe um salário mínimo e 32% mais
de um salário mínimo. (MARANHÃO, 1998)
Do ponto de vista da economia, o Estado do Maranhão demonstra um
crescimento da taxa do PIB superior ao do nordeste do Brasil, o que demonstra um
regime de expansão da economia Estadual. A partir de 1975 o setor agropecuário
sofreu uma queda brusca na contribuição do PIB estadual devido à falta de crédito
rural a partir dos órgãos financeiros oficiais e também pela influência de fatores
climáticos que refletiu em sucessivas quedas de produção agrícola. (MARANHÃO,
1998)
O desempenho das atividades industriais ganhou impulso a partir de
1984, quando o complexo Alumínio-Alumina Consórcio ALUMAR começou a
produzir, coincidindo com a dinamização das atividades exportadoras de ferro da
Companhia vale do Rio Doce. (MARANHÃO, 1998)
O setor terciário apresentou tendências de crescimento a partir de 1970
contribuindo naquele período com 40,3% do PIB maranhense, devido o declínio do
setor agropecuário e também a influência do comércio, a intermediação e os
serviços comunitários sociais e pessoais que ganharam impulso a partir da influência
da polarização do setor industrial e de atração dos outros prestadores de serviços e
da oferta de bens. (MARANHÃO, 1998)
Referentes aos dias atuais temos os seguintes indicadores econômicos
do Estado, o que não se mostra muito diferente segundos os dados da Secretaria de
Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Maranhão citados anteriormente,
conforme o quadro abaixo.
15
Fonte: Portal do Maranhão. Disponível em:
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 (até junho)
P.I.B. Total do Estado* (em bilhões de R$) 9,207 10,293 11,420 13,984 16.547
P.I.B. - Per Capita* (em R$) 1.616,00 1.782,00 1.949,00 2.354,00 2.748,06
Participação Setorial (%)
Agropecuária 16,76 17,1 18,00 20,3 20,1
Indústria 23,58 23,5 25,23 26,1 25,4
Serviços 59,66 59,4 56,77 53,6 54,4
Exportações** (US$ 1.000 FOB) 758.245 544.329 652.375 739.798 1231.085 1.501.034 1.712.701 1.036.392
Importações** ( US$ 1.000 FOB) 485.611 830.524 866.470 661.815 735.655 1.156.715 1.725.832 961.405
Saldo Comercial** ( US$ 1.000 FOB) 272.635 -286.195 -214.096 77.983 495.430 344.318 -13.131 74.987
Fontes: IBGE* e MDIC** Obs: O saldo negativo em 2001-2002 no Maranhão, decorre da mudança de metodologia. São computados como importações do Maranhão todos os derivados de petróleo que descarregaram pelo Porto da Madeira e são transportados para outros Estados.
http://www.ma.gov.br/cidadao/estado/informacoes_economicas/indicadores_economicos.php
2.2 Alguns aspectos históricos, geográficos, econômicos, culturais, sociais e
políticos franco-maranhenses É importante para o presente trabalho fazer alguns apontamentos sobre o
contexto histórico do Maranhão, pois o intercâmbio na formação esportiva escolar
não se dá somente pela necessidade de simplesmente obter novos conhecimentos
sobre o assunto. Para que isso aconteça, é necessário ter alguns aspectos históricos
em comum entre Maranhão e Guiana Francesa, pois a relação que irá se travar
entre os povos não é de superioridade, mas de cooperação, e isso não acontece
entre povos em que seu aspecto histórico-cultural sejam tão distantes e diferentes
entre si.
16
2.2.2 A Invasão Francesa
A formação histórica do Maranhão está inserida nos moldes do antigo
sistema Colonial Mercantilista. Assim, o Estado do Maranhão nasce como resultado
da expansão da colonização tradicional européia, da expansão das políticas
mercantilistas francesa e portuguesa, iniciada no século XV. Em 1612, com a
invasão francesa, inicia-se o povoamento desta região, denominada França
Equinocial.
A ocupação e o povoamento da Grande Ilha do Maranhão (ou Upaon-
Açú, na linguagem indígena) iniciam-se, em 1612, com a invasão francesa. A
ocupação, o povoamento e a colonização portuguesa iniciaram-se somente em
1615, cem anos depois do descobrimento do Brasil. Para que tal fato acontecesse,
os portugueses travaram guerra com os franceses que por aqui ora se instalaram,
vencendo-os e expulsando-os na Batalha de Guaxenduba, decisiva na retomada
dessas terras.
França Equinocial
No século XVII, os franceses passaram por uma profunda crise
econômica, provocada devido às lutas entre católicos e protestantes pelo poder,
advindas da implantação da Reforma na França e da necessidade de adentrar ao
universo mercantilista da época, em busca de consolidar o regime absolutista e de
uma burguesia em formação.
O empreendimento francês no Maranhão constituiu-se, na realidade, em
uma tentativa de colonização, em que vários fatores contribuíram para essa
necessidade francesa de montar a sua retaguarda colonial:
a) A crise da França, ocasionada pela perda de espaço político-
econômico na Europa Ocidental e pela decadência de rota tradicional que tinha
como ponto final a região de Flandres;
b) As disputas decorrentes da formação do Estado Nacional Francês e a
crise social francesa ocasionada pela difusão da reforma protestante no País;
c) A União Ibérica e a repercussão do Tratado de Tordesilhas na Europa,
aliadas junto com o conhecimento prévio do litoral brasileiro pelos franceses, que
desde o século XIV comercializavam o Pau Brasil;
17
d) O despovoamento da região e a existência da foz do rio Amazonas,
que tornavam a região um ponto estratégico para as potências estrangeiras que
queriam se estabelecer na América.
O Maranhão correspondia a todo o norte do atual Brasil, observando os
limites do Tratado de Tordesilhas. As regiões que correspondiam ao Maranhão
eram: Pará, Maranhão, Ceará, Tocantins, parte do Amazonas e norte do Rio Grande
do Norte.
Desde 1594, Jacques Riffault estabeleceu uma feitoria em Upaon-Açú
(Ilha de São Luís). Seu compatriota Charles dês Vaux, de certa forma, teve um grau
de responsabilidade muito grande para tal feito, pois conquistou a confiança dos
silvícolas e o domínio da língua nativa.
Em uma de suas idas e vindas à França, Dês Vaux trouxe consigo Daniel
de La Touche para uma viagem de reconhecimento do terreno ocupado no Brasil,
designado pelo rei Henrique IV. Posteriormente, entusiasmado com a terra, obteve
concessão, junto a Maria de Médicis, para estabelecer uma Colônia.
Em 1612, os franceses empreenderam uma das mais ousadas tentativas
de ocupação territorial no Brasil desde 1567: a formação de uma Colônia na região
norte do país, que passaria a ser conhecida com o nome de França Equinocial. Esta
empreitada contava com o apoio dos principais setores da sociedade, burguesia e
nobreza francesa, inclusive a Regente D. Maria de Médicis.
Assim, no dia 08 de setembro de 1612, respeitando todos os protocolos
que o regime da França estabelecia, fundaram a Colônia França Equinocial com a
colaboração espontânea dos índios (tendo a frente o cacique Japiaçu), dando início
à construção e ocupação do Forte São Luís, cujo nome foi escolhido em
homenagem ao rei-menino da França e ao Santo Padroeiro da cidade natal de
Daniel de La Touche.
A França Equinocial teve várias características, dentre as quais se
destacaram: a formação de um núcleo de colonização efetiva, a ocupação de um
ponto estratégico militar e a tentativa de montagem de uma Colônia de exploração
nos moldes do restante do continente americano.
18
Batalha de Guaxenduba
Apesar da implantação e da formação da Colônia francesa, ocorre a
expulsão dos franceses pelos portugueses, após a derrota na Batalha de
Guaxenduba, que marcaria o fim do que seria a última tentativa de colonização
francesa em terras brasileiras.
Em 19 de novembro de 1614, 300 franceses e 200 índios, ao comando do
Sr. La Ravardiére, entricheiraram-se no outeiro defronte do Forte Lusitano. Os
portugueses acometeram os franceses, apesar da inferioridade numérica de
combatentes. Os franceses perderam seu comandante Du Pezieux e mais 100
combatentes abatidos na luta, ou afogados na fuga, ou devorados pelos tubarões.
Com tal desfecho em 1º de novembro de 1614, Sr. La Ravardiére e
duzentos (200) franceses tiveram que deixar a ilha, no prazo de cinco meses,
entregando o Forte de São Luís / Saint Louis Roi du Français aos portugueses.
Apesar de gozarem de uma íntima relação com os indígenas e de
conhecerem detalhadamente o litoral brasileiro, os franceses não resistiram aos
portugueses e acabaram por se retirar do Maranhão, deixando para trás uma
pequena Vila e um Forte, o que realmente fazia com que a Ilha de São Luís se
correlacionasse com os franceses.
2.2.3 Interfaces ambientais naturais e socioculturais entre o Maranhão e a Guiana Francesa
As interfaces francomaranhenses que aqui se estabelecem servem para
dar suporte para a cooperação amazônica na área do esporte escolar. Os
subtópicos abaixo discriminados demonstram a estreita relação existente entre o
Maranhão, especificamente São Luís, e a Guiana Francesa.
Os assuntos explorados revelam os benefícios que essa cooperação
pode beneficiar essas comunidades da Bacia Amazônica no intuito de desenvolver
de forma sustentável o processo de ensino aprendizagem e treinamento de atletas
escolares.
19
É interessante notar que tanto o Maranhão como a Guiana Francesa
foram originalmente ocupadas por índios de várias nações, como: o grupo Tupi,
Tupinambás, Tabajara, Caeté, Tapuia, Guaja, Guajajara, Canela, Barbalos e outros.
Já a Guiana Francesa foi originalmente ocupada pela nação indígena Aruaque e o
primeiro europeu a atingir seu território teria sido o espanhol Vicente Pingón.
Assim como o Maranhão, a região da Guiana Francesa foi explorada por
ingleses, holandeses, espanhóis, portugueses e franceses, até ser oficialmente
reivindicada por Daniel de La Touche para a França, o mesmo fundador de São Luís
do Maranhão. Entre 1809 e 1817, foi ocupada por tropas luso-brasileiras e manteve
um litígio territorial com o Brasil, só resolvido em 1900. Atualmente, é uma região da
França em igualdade com as demais, sendo o único território da União Européia na
América do Sul Continental. (BELATTI, 2007)
2.2.3.1 Ocupação Indígena
O Maranhão pertenciam originalmente ao grupo Tupi, além de outras,
como: Tupinambás, Tabajara, Caeté, Tapuia, Guaja, Guajajara, Barbalos, etc. Estes
grupos indígenas moravam em aldeias, tinham agricultura, teciam algodão,
acreditavam num deus criador do universo e identificavam astros e estrelas.
Enquanto que, nas terras correspondentes a atual Guiana Francesa, eram
os povos ameríndios que ocupavam. Estes povos são ancestrais dos atuais
Emerillon e Guaiampis, falantes de Tupi-Guarani.
No final do século VIII, os índios Caraíbas, as tribos Kaliños ou Galibi e os
Wayanas já ocupavam todo o entorno do litoral e do leste da atual Guyane. Estes
eram falantes das línguas caribenhas e viviam em tribos dos Palicur, Guaimpi e
Galibi. Atualmente, a maioria da população da Guiana Francesa ainda é de origem
indígena.
20
2.2.3.2 Exploração e colonização
A escravidão negra foi introduzida no Brasil no início do processo de
colonização como instrumento impulsionador da economia colonial. Processo
semelhante aconteceu na Guiana Francesa em 1656, com a importação dos
primeiros escravos africanos, como condição sine quanon para o desenvolvimento
do território, pois colonos judeus holandeses (chamados marranos) chegaram a
Caiema e construíam a primeira usina de açúcar.
Filhos de diversas nações (Costa do Marfim, Costa do Ouro e Costa dos
Escravos e das ilhas portuguesas de São Tomé e Príncipe) foram trazidos para o
Brasil, como instrumento primordial para manutenção de poderes e riquezas dos
grandes senhores, por meio do trabalho escravo africano. Encontrava-se gente de
diversas nações escravizada pelos senhores portugueses: angolanos, congos, fanti-
ahantis, najô, jejes, etc., trazidos à força para tornarem-se os principais artífices da
riqueza maranhense no século XIX e contribuir com brilhantismo na formação de
nossa identidade histórico-étnico-cultural, material, espiritual, isto é, da nossa
corporeidade.
Eram trazidos em torno de 300 a 500 fôlegos vivos, amontoados no fundo
dos porões infectados dos “Tumbeiros”. Durante a viagem os óbitos beiravam a 25%
dos embarcados; e a vida útil e produtiva dos negros nos engenhos e fazendas,
sujeitos a castigos e torturas no tronco, nas gargalheiras, nas correntes, nas surras
de chicotes de couro cru, dentre outras, não passavam de 10 anos.
Sem a Costa da África, o Brasil não teria negros; sem negros, não se
plantaria cana nem faria açúcar; e sem açúcar, talvez não existiria o Brasil. O
algodão, sendo branco, tornou preto o Maranhão.
Pode-se dizer que foi com a nova Companhia Geral do Comércio do Grão
Pará e Maranhão, em 1757, que se organizou a rota negra da Amazônia e que os
negros chegaram a considerável quantidade (25.365 trazidos para o Maranhão e
Pará. Calcula-se que 3 milhões e 300 mil negros entraram no Brasil no século XVII e
XIX).
21
2.2.3.3 A Invasão Francesa na Guiana Francesa
Em 1503, um primeiro grupo de colonos franceses se instalou na Ilha de
Caiena durante alguns anos. Entre 1604 a 1652, são feitas várias tentativas de
colonização pelos franceses.
A primeira expedição foi em 1604, dirigida pelo Capitão Daniel de La
Ravardiére. Em 1624, o rei Luís XIII da França ordena a instalação dos primeiros
colonos, originários da Normandia. O Cardeal Richelieu autoriza a colonização da
Guyane, em 1626.
2.2.3.4 Guiana Francesa
Ao levantarmos o assunto sobre as interfaces socioculturais franco-
maranhenses São Luís/Guiana Francesa, tivemos por intenção demonstrar
conexões históricas, étnicas e socioculturais, que consolidam as possibilidades de
uma cooperação internacional entre um país em desenvolvimento que é o Brasil e
um território latino-americano da França.
A Guiana Francesa não parece um país sul-americano e de fato não é um
país, mas um Departamento Ultramarino da França. O idioma oficial é o francês, a
moeda é o euro, e os habitantes têm nacionalidade francesa e passaporte europeu.
O nível de vida é muito superior ao de qualquer outra nação do continente e o custo
de vida também. Ao mesmo tempo, é evidente que este território não faz parte da
Europa, o clima é quente e úmido a maior parte do ano, a vegetação típica da
grande Bacia Amazônica, e a maior parte da população é constituída por negros e
mestiços, apesar de haver uma parcela considerável de brancos.
A Guiana Francesa ganhou importância, principalmente, com a base de
lançamentos de satélites da França. Como resultado, muitos profissionais de alto
nível fixaram-se no território e, assim, a capital Caiena transformou-se em uma
pequena França Tropical. Apesar do desenvolvimento recente, o interior desse
território permanece quase que completamente selvagem e inabitado. Ainda assim,
o primeiro mundo equatorial da Guiana Francesa atrai massas de emigrantes.
22
Comparada à metrópole, a ex-colônia latino-americana engatinha em
termos de desenvolvimento sustentável. O investimento em cultura, marca
tradicional da administração francesa, é deficiente no departamento. A falta de lazer
é apontada pelos imigrantes como um dos seus maiores problemas, razão das
visitas periódicas ao Brasil tanto pelos guianenses como pelos brasileiros e da
necessidade de uma cooperação internacional como os países latinos da mesma
bacia hidrográfica para fazer frente às demandas emergentes do cotidiano.
Christophe Giraudet, funcionário do tesouro público, admite que, na
verdade, a França não se preocupa muito com a necessidade de desenvolver
sustentavelmente a Guiana Francesa, pois os benefícios sociais bancados pelo
governo não conseguem atingir os patamares metropolitanos. Assim como em São
Luís existem favelas na cidade, prédios no centro histórico e há muito tempo
esperam por restauração, um sistema educacional e esportivo escolar a ser
aprimorado em busca de intercâmbio.
O que parece um Eldorado para a população carente do norte e nordeste
brasileiro jamais pode ser comparado ao padrão de vida francês, propriamente dito,
do outro lado do oceano, mas nada que uma política de ocupação internacional de
desenvolvimento sustentável não possa resolver.
2.2.3.5 Brasileiros na Guiana Francesa
Os brasileiros na Guiana Francesa somaram-se a uma população local de
etnias variadas, fruto do processo de ocupação colonial francês na América do Sul.
O Guianês e o descendente de escravos foram trazidos, principalmente das caraíbas
francesas, desde o século XVIII, para atender o projeto de exploração econômica
daquela região. Há ainda, chineses, malaios, haitianos, franceses e africanos
provenientes da ex-Guyane Holandesa, além de uma população ameríndia
espalhada pelo território ainda quase que totalmente inexplorado. Todos vivem sob a
proteção do Estado Francês.
O status político de departamento de ultra-mar deu à Guiana Francesa a
melhor condição sócio-econômica das Guyanes. Pode-se afirmar que a população
nativa possui o mesmo padrão de vida da metrópole, e usufrui dos benefícios sociais
de alta qualidade do governo social-democrata da França.
23
O seu custo de vida, no entanto, é sensivelmente mais caro do que na
França, já que não existe uma produção agrícola local que possa atender a
demanda de sua população. Todos os componentes alimentícios são importados da
Europa.
A partir dos anos noventa, o perfil do brasileiro que emigrou para a
Guiana Francesa modificou-se um pouco pela entrada de elementos da classe
média, com maior nível educacional, proveniente de outras regiões que não da
Amazônia Brasileira.
2.2.3.6 Maranhenses na Guiana Francesa em busca de trabalho
Nas margens do rio Oiapoque, no Amapá, há um obelisco que demarca a
fronteira que contém trechos do Hino Nacional e a frase “O município de Oiapoque,
aqui começa o Brasil”. A cidade é a última escala rumo à Guiana Francesa, que fica
do outro lado do rio, onde começa a Europa com mais de 40 mil brasileiros.
(PAGANOTI; GURGEL, 2006)
A afirmação pode causar estranhamento, mas a geografia explica por que
o Brasil faz fronteira com a União Européia em meio a Floresta Amazônica. A mais
oriental das Guyanes é o único território na América do Sul que nunca obteve
independência de sua colonizadora e, portanto, não é uma nação. Como um
departamento da França, os guyanenses françaises têm os mesmos direitos e
obrigações que quaisquer outros da chamada “região metropolitana” (França), cuja
administração tem sede em Paris e representação no Parlamento Francês. Somado
a isto, há um fato que chega a surpreender: sua moeda é o euro, dado fundamental
para explicar o fenômeno imigratório que atualmente vivencia.
Segundo Taborda (apud AROUCK, 2000), Secretário do Consulado do
Brasil em Caiena (capital do departamento), a população da Guyane é de apenas
170 mil habitantes, o equivalente a cidade de São Caetano do Sul (SP), com uma
parcela considerável de brasileiros. Tratando e comparando em relação ao fluxo de
imigrantes, o Brasil perde somente para o Haiti.
Formando um verdadeiro caldeirão étnico, metade dos habitantes da
Guyane é de estrangeiros, como: comunidades francofônicas, como a do Haiti, até
grupos da China, Laos e do Camboja.
24
A presença estrangeira imprime traços interessantes na cultura local, e a
contribuição brasileira é evidente. Restaurantes tipicamente brasileiros são
facilmente vistos pelas ruas da capital, o português é falado quase como uma
segunda língua, a moda é ditada pelo gosto verde-amarelo e, como já se poderia
esperar, o desfile de escolas de samba é tradição no carnaval.
Pela proximidade geográfica, a Guiana Francesa atrai principalmente
gente do Amapá, Pará e Maranhão. Nestes estados, a população sofre com a falta
de infra-estrutura, educação, assistência social e atendimento à saúde. De acordo
com dados de 2000 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD), o Maranhão apresenta o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do
País. O Amapá e o Pará também têm IDH inferior à média brasileira, agravando
ainda mais a situação a alta taxa de desemprego, o trabalho escravo e infantil da
região.
Segundo análise do pesquisador Ronaldo Arouck (2000), da Universidade
Federal do Pará (UFPA), a rigidez da fiscalização sobre o fluxo de trabalhadores
imigrantes na Guiana Francesa varia de acordo com a necessidade de mão-de-obra
nesse departamento. Dessa forma, a fiscalização aumenta quando a oferta de
empregos diminui nos Estados brasileiros.
Para a antropóloga Ligia Simonian (AROUCK, 2000) da UFPA, a Guiana
Francesa pode funcionar também como trampolim para aventuras maiores, pois a
contigüidade com um país europeu também leva o indivíduo a sonhar com uma
imigração para a Europa propriamente dita.
2.2.3.7 Tião e o L’ Equipe
O atleta de maior destaque do handebol maranhense, Sebastião Rubens
Sobrinho Pereira, o Tião, a estrela do handebol, encantou o mundo e conquistou
vários títulos nacionais para o Maranhão. Tião deixou a expressão do handebol arte.
Seu Amadeu João Silva Pereira, pai de Tião, declarou, em conversas
informais, que sempre teve muito orgulho do filho com o handebol. Assim, de acordo
com informações fornecidas pelo pai, Sebastião Rubens Sobrinho Pereira, o Tião,
nasceu em São Luís, em 20 de janeiro de 1957. Sua carreira como atleta de grande
destaque teve início nos Jogos Escolares Maranhenses (JEM’s), onde foi revelado
25
na década de 1970. Em competições, Tião fez parte das equipes do CEMA, Liceu e
do Colégio Marista e Batista.
Sua estréia na Seleção Maranhense de Handebol Juvenil aconteceu em
dezembro de 1973, no Ginásio Caio Martins, em Niterói, Rio de Janeiro. Na ocasião,
a seleção conquistou o quarto lugar no campeonato brasileiro. No ano seguinte, Tião
voltou à competição com a equipe juvenil, em Osasco, em São Paulo, onde
chegaram ao pódio com o terceiro lugar. Também em 1974, Sebastião Pereira jogou
na seleção maranhense adulta pela primeira vez, conquistando mais uma vez o
terceiro lugar. (AROUCHE, 2005)
O reconhecimento nacional veio em 1976, quando Tião, foi considerado o
melhor jogador de handebol do país. No campeonato brasileiro disputado no Rio de
Janeiro, a seleção maranhense foi campeã na categoria adulto. Primeiro
maranhense a participar da seleção brasileira de handebol. Tião foi reconhecido
internacionalmente como um grande armador central, posição em que jogava com
mais freqüência, embora dominasse todos os postos específicos do jogo de
handebol, são os chamados, atualmente, de jogador universal. Jogava bem
basquete, voleibol, futsal e magnífico no futebol, além do atletismo, como afirmam
seus antigos companheiros do Bermudão (equipe maranhense) de esporte. Isso se
deve, pois os atletas participavam de vários campeonatos em modalidades
esportivas diferentes.
Na França, em Nice, durante uma edição da Copa Latina de Handebol,
ele foi carinhosamente intitulado como o Maravilha Negra do Handebol Mundial pelo
Jornal Francês L’Équipe e homenageado com um monumento. Durante sua
passagem na Europa, Tião foi sujeito e objeto de estudo de diversos pesquisadores
do esporte das melhores universidades européias, como as da Romênia, Espanha,
Alemanha, França, Hungria e das antigas universidades da Iuguslávia, Alemanha
Oriental e União Soviética, que dominavam o cenário internacional naquela época.
Os cientistas queriam compreender a corporeidade do negro maranhense em seus
atos de exibição de gala, da sua técnica corporal, nos principais palcos do esporte
europeu e mundial.
O homem é um todo, não apenas corpo-físico tião de ser, regulado pela
Biomecânica, fisiologia, Anatomia, Cinesiologia e outros. É um corpo emocional que
tem sentimentos, inserido em um contexto social brasileiro com o seu modelo de
produção na razão das suas exigências, poder, injustiça social, dominação, etc.
26
Segundo João Bastos (2003 apud BRASIL, 2004), a corporeidade é o
resultado complexo da articulação dos universos físicos (Phisis), da vida (bios) e
antropossocial. Todas essas dimensões estão intrinsecamente associadas na
totalidade do ser humano, construindo sua corporeidade, que envolve a estrutura
orgânica-biofísica-motora e organiza todas as dimensões humanas (dimensões do
físico), do instinto pulsão-afeto (emocional – sentimental) e da razão-pensamento-
cognição-consciência (mental – espiritual).
Para Santin (1987 apud BRASIL, 2004), o homem não age por partes,
mas sempre com unidade; o pensar as emoções, os gestos são humanos, não são
ora físicos, ora psíquicos, mas sempre totalidade. O homem é corporeidade, é
movimento, gesto, expressividade, é presença.
Nesse sentido, é necessário tratar Tião não apenas como manifestação
da dimensão biológica humana, restringindo-se ao analisar os determinantes e as
conseqüências de uma sua prática motriz sobre o organismo humano, nem tão
pouco analisá-lo desvinculado de seu contexto histórico, político e sociocultural,
como se fosse um ser desconectado dos significados sociais humanos.
O estilo tião de jogar handebol constitui uma expressão humana repleta
de valores e significados culturais, que, ao mesmo tempo em que expressa
comportamentos, constrói e reconstrói um universo de valores sociais, significados e
ressignificados em atitudes; enfim, agindo e representando socialmente seu meio
ambiente natural e sociocultural.
Compreendido como um elemento da cultura corporal maranhense, Tião
manifesta um movimento dialético entre os movimentos padronizados, as técnicas,
regras e sua contextualização num determinado momento particular e num grupo
específico, estabelecendo formas diferentes para se jogar o handebol.
A forma de jogar handebol como o de Tião expressa a maneira de como o
jogador compreende o mundo, que é determinado em função do tempo, espaço e
valores próprios de cada grupo.
27
2.2.3.8 Espaço Franco-Maranhense
A casa França-Maranhão foi inaugurada com proposta de integração das
culturas, com destaque para São Luís, já que foi a única capital brasileira fundada
por franceses.
É de se notar que São Luís dispõe de um centro para a valorização da
cultura francesa integrada aos aspectos do Maranhão, especificamente, às de São
Luís. A Casa França-Maranhão está instalada na rua do Giz, nº 139, Praia Grande.
A solenidade de inauguração contou com a presença do embaixador da França no
Brasil, Antoine Pouilleute.
A Casa funciona como um centro cultural, relembrando as antigas
tradições e também as manifestações contemporâneas francesas, com direito a
exposições de obras de artes, cineclube, aulas de francês e um banco de dados
sobre a França e o Maranhão. “É um setor de informação alturística, voltado para as
pessoas que queiram saber mais sobre o Centro Histórico e, sobretudo, um
chamamento para a identificação com língua francesa”, explica José Jorge Leite
Soares, Cônsul Honorário da França em São Luís e um dos idealizadores do projeto.
Além da cultura francesa, os interessados em viajar para o país poderão
tirar dúvidas e buscar informações no Consulado da França em São Luís, que
também terá sede na casa. “É uma oportunidade para divulgar o trabalho do
consulado além de disponibilizar dicas sobre viagens à França e orientar franceses
que moram aqui ou visitam a cidade”, frisa José Jorge Soares.
O casarão situado na Rua do Giz, no bairro Praia Grande, foi construído
em 1842. O prédio que recebeu a Casa França-Maranhão pertenceu à família do
político Colares Moreira abrigando, posteriormente, estabelecimentos comerciais até
ser desapropriado em 1980 pelo Governo do Estado do Maranhão, que fez a doação
do casarão para a Aliança Francesa, para construir e desenvolver o Centro de
Cultura Francófona no Estado.
28
Adaptações
As obras foram acompanhadas por equipes do Instituto de Patrimônio
Histórico e Artístico do Maranhão (Iphan) que fiscalizaram todas as intervenções
feitas no prédio, já que este está situado na área tombada como Patrimônio Cultural
da Humanidade – o que impede mudanças na estrutura. O Cônsul Honorário da
França em São Luís relatou que
Para abrigar o Centro, foi feita uma reforma para recuperar o prédio e adaptá-lo às condições de um centro cultural. Tivemos o cuidado de restaurar as características originais, como os vitrais nas cores azul, vermelho e branco, que acabara se tornando a marca da Casa, pois correspondem às mesmas cores do país.
O projeto foi idealizado há um ano pela Aliança Francesa de São Luís e
aprovado pela Lei Rouanet, sendo voltada para incentivos culturais. O orçamento de
recuperação e restauração foi cerca de R$ 650 mil, financiados pela Petrobrás e
Companhia Vale do Rio Doce em parceria com a Embaixada da França no Brasil,
que contribuiu com 40 mil euros para a compra de móveis, equipamento e material
de expediente para a casa. “O prédio foi totalmente equipado graças ao apoio do
governo francês, que viu todo o esforço das empresas brasileiras e do governo
brasileiro e também percebeu a importância do projeto”, ressalta José Jorge.
Peças Raras
Durante o processo de recuperação, o prédio que abrigou A Casa
França–Maranhão, também serviu de espaço para pesquisas arqueológicas.
Durante o trabalho foram encontradas peças datadas no século XVIII, XIX e início do
século XX.
O material achado corresponde a artigos de uso pessoal dos artigos
moradores, como moedas nacionais, cachimbos de cerâmica, faianças portuguesas
e francesas, azulejos franceses, garrafas de gríès, tinteiros ingleses e utensílios de
higiene pessoal, como: uma escova de dente feita de osso que trazia uma
homenagem ao imperador.
As peças fazem parte do acervo do espaço e ficaram em exposição
permanente na Casa. “Esses objetos fazem parte do Patrimônio da União e ficam
29
sob guarda da Casa. Aqui realmente ficou um ponto de apoio ao turismo. Uma casa
de conhecimento sobre o passado e o presente”, enfatiza Jorge Soares.
Idioma Francês Estudado
Um dos objetivos importantes da Casa França-Maranhão é aproximar os
maranhenses do idioma francês. A Casa que abrigou a Aliança Francesa de São
Luís suporta uma capacidade média de 300 alunos. “Nós estamos direcionando a
maior parte de nossas atividades para cá, como bibliotecas e atividades extra-
classes”, explica a diretora da Aliança Francesa em São Luís, Sidonie Lancome.
A intenção ao disponibilizar a maior parte das atividades do curso de
idiomas na Casa França-Maranhão é proporcionar aos alunos o contato com o
cotidiano francês. “Além das aulas, vamos oferecer atividades culturais. A cada mês
teremos uma exposição diferente em francês. Vamos ter ateliês de culinária francesa
e, futuramente ateliês de degustação do vinho”, adianta a diretora. (BRANCO, 2007,
p. 1)
Uma das atividades permanentes, complementar às aulas do idioma
francês, é a montagem do Cine Clube, que funciona uma vez por semana. “Os filmes
serão abertos também aos visitantes da Casa. Serão sessões complementares às
aulas, sem esquecer de garantir a participação das pessoas de fora”, afirma Sidonie
Lancome.
2.2.3.9 A Invasão Francesa II: Em Saint Louis Roi De France
O primeiro euro-guyanense a chegar a São Luís foi o técnico em esporte,
Alex Blaise Said, em 2006, para supervisionar o recente Projeto Tião de Handebol e avaliar a possibilidade de fazer a primeira parceria entre a União Nacional de
Esporte Escolar Francesa da Regional da Guiana Francesa com o citado projeto.
Chavigny Serge Jean-Tony, representante da Liga Nacional da Guiana
Francesa, foi o segundo euroguyanense a visitar São Luís no final de 2006 e início
de 2007. Ele veio ministrar uma oficina sobre arbitragem para técnicos e atletas
universitários em terras ludovicenses, para mostrar como é feito o treinamento de
30
árbitros na França. “Será uma parceria, troca de informações, um intercâmbio de
fato no handebol”, afirma Jean-Tony.
Foto 1: Jean-Tony, representante da Liga Guiana Francesa de Handball
O representante da Liga Francesa lamenta a falta de apoio para o
esporte, mas acredita que, com a parceria franco-maranhense, haverá uma evolução
significativa no handebol, o que sensibilizará os governantes de um modo geral a
investir mais nesta área.
A importância deste intercâmbio internacional franco-maranhense para o
desenvolvimento desta modalidade esportiva em nosso país reside na grande
qualidade técnica do handebol francês sempre mais ranqueado mundialmente. Nas
últimas edições dos campeonatos mundiais, conquistaram o mundial masculino da
modalidade em 2001 e o último mundial feminino em 2005.
O francês Jean-Tony também é treinador e diretor técnico da equipe ASC
LE GELDAR de Kourou Handball, árbitro e membro da equipe técnica da Liga
Mundial de Handebol da Guiana Francesa. Esta equipe técnica é responsável pelo
treinamento e preparo de todas as seleções regionais do país francês.
O professor francês Jean Nita, a convite do Instituto Tião, comandou o I
Seminário Internacional de Psicomotricidade e Treinamento de Handebol Escolar,
evento promovido pelo acima citado Instituto, no período de 13 a 17 de janeiro de
2007, com as temáticas: “o desenvolvimento psicomotor”; “o trabalho de
psicomotricidade com atletas jovens”; “os fundamentos e o desenvolvimento
psicomotor e o progresso de ensino-aprendizagem e treinamento do esporte
escolar”.
31
Jean Nita assistiu aos treinos das equipes universitárias de handebol.
Segundo ele, o Brasil no handebol está começando a progredir depois das
participações nos campeonatos mundiais. Falou que o mundial e os jogos olímpicos
são referências para qualquer esporte. “Atletas e comissão técnica têm que trabalhar
muito”, resume o professor.
No Seminário, o professor Nita abordou a psicomotricidade de maneira
geral, especialmente voltada ao handebol, e os fundamentos do esporte. Frisou que
não veio para ensinar, mas para trabalhar, trazendo novas informações para aqueles
interessados no esporte. (MENEZES, 2007)
Jean Nita disse ainda que sua explanação tem caráter interdisciplinar e
utilizou o futebol de campo como exemplo. “Se você não sabe passar e receber
neste jogo, não consegue jogar este esporte. No handebol é parecido – se você não
fazer um bom passe, o jogo não flui. O jogo tem que ser dinâmico. E isso é
essencial”, afirma ele.
O profº. Dr. Nita afirmou que os pilares do seu processo de ensino-
aprendizagem e treinamento na formação esportiva escolar têm fundamentos
embasados pelos estudos do pedagogo brasileiro Paulo Freire. O professor
considera Paulo Freire como um dos maiores educadores do século passado e do
início deste novo milênio. “Aprender a jogar um esporte é como aprender a ler. Se
você não treinar, não aprende”, finalizou profº. Jean Nita.
A afinidade de Nita pelos estudos e trabalhos de Freire se deu, porque
este último teve como base de seus estudos e teorias as fontes filosóficas do
humanismo francês pré-existencialista (Gabriel Marcel, Jacques Maritain, Simone
Weil), de orientação católica; os sociólogos estão mais em evidência, principalmente,
por suas reflexões sobre a educação e a política brasileiras e estrangeiras (Florestan
Fernandes, L. T. Hopkins, R. Livingstone, Karl Manheiros, J. Mantovani, A.
Tocqueville, Oliveira Viana, A. N. Whitead, W. H. Patrick, John Dewey, Maurice
Duverger) (ROSAS, 2004).
32
Badminton Franco-Maranhase
Os professores Alex Blaise Said, José Carlos Ribeiro (canhoto), o micro
empresário Otto Lago e os publicitários Wanger Loares e Francisco Neto findaram a
Federação de Badminton do Maranhão-FEBAMA, em 25 de abril de 2007, no
auditório do Sistema Mirante. A entidade maranhense é a quarta Federação de
Badminton a ser criada na região Nordeste, que já existe nos estados do Piauí, Rio
Grande do Norte e Pernambuco.
Para a fundação da Federação Maranhense, os professores basearam-se
em documentos oficiais da Federação Francesa de Badminton, livros, regras oficiais,
estatutos, manuais de formação de atletas (técnica e táticas) e árbitros enviados,
pelo ex-presidente da liga de Badminton da Guiana Francesa, o Sr. Pierre Jean-luc,
trazidos pelo também francês Alex Blaise Saide.
Acertada toda a regularização jurídica, os fundadores partiram para
popularizar o esporte no estado. Para tanto, eles criaram centros de excelência de
desenvolvimento de Badminton em parceria com o Colégio Universitário/COLUN,
unidade de aplicação da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e no Centro
Federal de Educação Tecnológica do Maranhão.
O CEFET/MA com os alunos do ensino fundamental, médio e superior,
sob a coordenação do professor Canhoto (diretor de relações internacionais e
desenvolvimento do esporte na FEBAMA), está realizando cursos de formação de
recursos humanos na modalidade esportiva, no caso o Badminton.
A equipe da FEBAMA supervisiona técnicos e árbitros em universidades,
centros universitários, faculdades, escolas públicas, privadas, condôminos, clubes,
empresas e etc. Esta função demonstra a importância deste órgão para o esporte
maranhense.
A Confederação Brasileira de Badminton sugeriu ainda a integração com
os professores da Federação de Badminton piauiense, que vem desenvolvendo a
modalidade com muito sucesso nas escolas públicas. Esse contrato teve início com
a ida do professor José Carlos Ribeiro Canhoto à competição iniciada com a III Taça
Teresina de Badminton, no período de 08 a 11 de julho de 2007, evento que faz
parte do calendário nacional da Confederação Brasileira de Badminton.
33
Outra ação para popularizar o Badminton no Maranhão será o intercâmbio
com atletas da seleção brasileira que participou dos jogos Pan-Americanos. Já
começamos a liderar também um intercâmbio internacional com a liga da Guiana
Francesa de Badminton. Eles já demonstraram que estão dispostos a nos ajudar.
Os planos dos dirigentes da FEBAMA para o futuro não param por aí.
Eles pretendem, no período do aniversário de São Luís, criar um torneio ou copa
internacional, a priori com equipes franco-brasileiras e a posteriore com os demais
países da Bacia Amazônica e caribenha, além de trabalhar o Badminton como
ferramenta de inclusão social em comunidades, principalmente com os adultos e
idosos.
O Estatuto da Federação de Badminton
A bandeira da FEBAMA tem o formato da bandeira francesa,
invertendo os lados das faixas azul e vermelha. Sobre a faixa central branca, há
duas raquetes de Badminton na cor preta, com os cabos cruzados entre si em forma
de “x”. Acima desta tem um brasão francês simbolizando uma peteca na cor violeta.
Na parte superior da faixa azul, uma estrela branca e na inferior, a sigla FEBAMA,
sendo as duas letras “a” serão simbolizadas por duas petecas invertidas.
A simbologia da bandeira: as cores vermelha, branca e preta
representam as raças que formam o povo maranhense, ou seja, índios, franceses,
portugueses, holandeses, africanos e Le Badminton en Guiana Francesa parceira na
Fundação da FEBAMA, respectivamente. O azul, o céu e o violeta representam a
mudança, transformação, globalização e a espiritualidade. A faixa vermelha, o sol
nascente de uma nova cultura esportiva; a estrela é o nosso Estado e o mascote da
FEBAMA, chamado Touchê – personagem da nova literatura maranhense, em
homenagem ao fundador de São Luís. As raquetes pretas simbolizam a união dos
negros maranhenses e guyanenses franceses em prol do esporte franco-
maranhense. E o brasão francês na cor violeta representa a peteca como símbolo da
grande amizade dos indígenas da Upaon-Açú aos franceses Frei Claude d’Abbeville
e Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardiére, fundador da Saint Louis Roi de
France, em 08 de setembro de 1612.
34
O uniforme dos atletas da FEBAMA obedecerá aos regulamentos
vigentes, com cores da bandeira da entidade, podendo qualquer delas ser a principal
e as demais secundárias, tendo no lado esquerdo da camiseta e na altura do peito,
aplicado o referido símbolo.
O brasão, ilustrado na capa do presente trabalho, é a flor-de-lis em forma de brasão, simbolizando o nosso sentido de direção. Os chineses a
usavam como símbolo de direção a 2.000 a.C. Estátuas etruscas e ornamentos
romanos, do Egito e da Índia, portavam nesse sentido esse desenho. A flor-de-lis
representa também o Escotismo e sua simbologia é toda baseada em valores como:
fraternidade, dever para com o próximo e união.
2.3 Esporte e desenvolvimento sustentável I
A Constituição Federal de 1988 marcou o sistema esportivo nacional
brasileiro ao reconhecer como direito do cidadão o acesso a atividades desportivas
formais e não-formais, como dever do Estado a promoção dessas atividades e como
prioridade a destinação de recursos públicos para o esporte educacional. (COSTA,
2006)
A Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU)
preconizou a utilização de atividades físicas para promover a educação, a saúde, o
desenvolvimento e a paz, buscando atingir os Objetivos de Desenvolvimento do
Milênio que visam, até 2015: a redução das taxas de pobreza e de fome, a garantia
de acesso de todas as crianças ao ensino primário e o combate à AIDS (INSTITUTO
DE DESPORTO DE PORTUGAL, 2005). (COSTA, 2006)
“Atualmente o Governo Federal promove o Programa Segundo Tempo
que em sua fase de implantação, em 2005, atendia a 516,7 mil crianças e
adolescentes em 2.681 núcleos no país" (GOMES; CONSTANTINO, 2005, p. 603
apud COSTA, 2006).
35
No maranhão, o governo promove o Programa Segundo Tempo alinhado
com a política de esportes da ONU. Seu objetivo é assegurar o acesso ao esporte
para as populações tradicionalmente excluídas, contribuindo para o fortalecimento de
programas em esferas governamentais tais como a saúde e a educação (COSTA,
2006). Junto a isso, cabe destacar o esporte relacionado à sustentabilidade, sendo
realizado de forma mais consciente e de acordo com o contexto em que o público-
alvo se encontra inserido.
O Conceito de desenvolvimento sustentável adotado pela Agenda 21 é
um processo de construção permanente com base no princípio de que a ação
humana no tempo presente não deve comprometer os recursos ambientais naturais
e socioculturais e a qualidade de vida das gerações futuras. Conforme a agenda 21
brasileira, o conceito pode receber a seguinte definição:
Desenvolvimento sustentável é a preocupação em atender às
necessidades do momento presente, sem comprometer as das gerações futuras.
(DA COSTA, 2002)
Portanto, deve-se subentender dessa definição que o governo deve
possuir um desenvolvimento social e econômico estável, equilibrado, com
mecanismo de distribuição justa das riquezas geradas, bem como ser capaz de levar
em consideração a fragilidades e interdependência e as escalas de tempo próprias e
específicas dos elementos naturais (SIQUEIRA, 2001).
Mas novas dimensões foram incorporadas ao conceito de
desenvolvimento sustentável, evidenciando uma ampliação dos temas contemplados
e a característica de manter-se como um conceito em formação, a saber:
Sustentabilidade Ecológica;
Sustentabilidade Ambiental;
Sustentabilidade Social;
Sustentabilidade Política;
Sustentabilidade Econômica
Sustentabilidade Demográfica;
Sustentabilidade Institucional;
Sustentabilidade Especial; e
Sustentabilidade Cultural.
36
Na II Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (RIO 92), realizada no Rio de Janeiro em 1992, foi adotado o
conceito de sustentabilidade para uma Agenda do Século XXI, que incorporou as
questões sociais e dos direitos humanos, além de questões ambientais,
contemplando assim tanto a dimensão de sustentabilidade ampliada quanto à
dimensão de sustentabilidade como processo.
Na primeira sessão dessa Agenda, são tratadas as dimensões sociais e
econômicas, tais como a cooperação internacional para acelerar o desenvolvimento
sustentável nos países em desenvolvimento, o combate à pobreza, a mudança nos
padrões de consumo, a dinâmica demográfica, a saúde e a habilitação.
Na terceira sessão, foram tratados os temas relacionados aos principais
grupos sociais, tais como as memórias étnicas, as mulheres, as crianças e os
jovens, os povos indígenas, a definição de regras para atuação das organizações
não governamentais (ONGS), o poder local, os trabalhadores e os sindicatos, as
regras para empresas e indústrias, a comunidade científica e tecnológica, e as
regras de atração para os agricultores.
A quarta sessão trata dos meios para implementação da Agenda 21, tais
como: os mecanismos financeiros, suporte e proporção de acessos para
transferência de tecnologia; a ciência para o desenvolvimento sustentável; a
promoção da educação ambiental; mecanismos nacionais e internacionais de
cooperação para construção da capacidade em desenvolvimento sustentável; os
arranjos institucionais internacionais; os mecanismos e instrumentos legais
internacionais; e a constituição de bases de informação para apoiar as tomadas de
decisões.
37
2.3.1 Tratado de Cooperação Amazônica
O Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), celebrado em Brasília,
Brasil, em 3 de Julho de 1978, pelos oito países amazônicos (Bolívia, Brasil,
Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela), é uma instrumento
jurídico de natureza técnica que tem por objetivo promover o desenvolvimento
sustentável e integrado da bacia amazônica, de maneira a permitir a elevação do
nível de vida dos povos daqueles países, a plena integração da região Amazônica
às suas respectivas economias nacionais, a troca de experiências quanto ao
desenvolvimento regional e o crescimento econômico com a preservação do meio –
ambiente. (TRATADO, 2007)
O tratado prevê a cooperação entre os membros para a promoção da
pesquisa científica e tecnológica; o intercâmbio de informações; a utilização racional
dos recursos naturais; a liberdade de navegação e do comércio; a preservação dos
bens culturais; os cuidados com a saúde; a criação e a operação de centros de
pesquisa, de infra-estrutura de transporte e comunicações; o incremento do Turismo
e o comércio fronteiriço. Todas essas medidas devem ser adotadas mediante ações
bilaterais ou de grupos de países, com o objetivo de promover o desenvolvimento
sustentável dos respectivos territórios. (TRATADO, 2007)
O TCA é um tratado que permite celebrar acordos sobre temas
específicos e tem a flexibilidade necessária para ajustar-se às mudanças e
necessidades da região. (TRATADO, 2007)
Organização do Tratado de Cooperação Amazônica
Em 1995, os oito países-membros, reunidos em Lima, Peru, decidiram
criar a Organização do Tratado de cooperação Amazônica (OTCA), de modo a
fortalecer institucionalmente o TCA, dar-lhe personalidade internacional e
implementar os objetivos do Tratado, permitindo o estabelecimento da Secretaria
Permanente da OTCA em Brasília. (TRATADO, 2007)
A criação dessa organização dá respaldo para que haja um
desenvolvimento sustentável correlacionado às mais diversas áreas, no trabalho
aqui abordado, mais especificamente ao esporte, de forma a implementar novas
metodologias na formação esportiva de alunos-atletas no contexto escolar.
38
2.3.2 A sustentabilidade no Brasil
A construção da sustentabilidade no Brasil com a Agenda 21 Brasileira
teve como temas para debates, definições de estratégias e prioridades:
sustentabilidade ampliada e desigualdades sociais, que abordam temas como os
programas de investimentos que promovem a redução das desigualdades sociais
em harmonia com a minimização dos impactos ambientais.
2.3.3 Sustentabilidade do esporte escolar: principais problemas e desafios
Os principais problemas que atingem a sustentabilidade do esporte
escolar relacionam-se ao modelo adotado largamente no país, àquele que
proporcionou a atividade corporal com caráter competitivo surgida no âmbito da
cultura européia no século XVIII, com rápida expansão em todo mundo,
transformando-se atualmente num dos principais fenômenos da história da
humanidade, levado a assumir características de competição, rendimento físico-
técnico, treinamento e busca de recordes (BRANCHT, 1997 apud BRASIL, 2004).
A expansão do esporte coincide com o crescimento do capitalismo pelo
mundo, expressando características da nova sociedade industrial. Dessa forma, o
contexto histórico acabou estimulando e provocando rotinas de treinamentos para o
aperfeiçoamento do desempenho e técnicas em quadras e, consequentemente, a
competição exacerbada em bases empresariais, como: espetáculo mundial e
mercadoria, patrocinado e divulgado por grandes empresas comerciais de diversos
países.
Embora tenha proporcionado um aumento expressivo de produção de
equipamentos esportivos e o número de praticantes, tal modelo contribuiu para
fortalecimento do vencer a qualquer custo e de valores respaldados pelo princípio de
que os fins justificam os meios. O uso do doping e a especialização precoce são
expressões desse espírito capitalista de conseguir campeões e de promover a
mercadoria esportiva às ultimas conseqüências, provocando perdas significativas à
cultura esportiva e à cultura corporal (KUNZ, 1994 apud BRASIL, 2004).
39
O esporte escolar tem assumido, principalmente, os valores do esporte de
rendimento ou espetáculo. Com isso, o esporte na escola não tem garantido uma
postura crítica em relação aos aspectos considerados negativos do esporte de
rendimento.
Para que seja alcançada a sustentabilidade esportiva escolar no país,
deve ser implementadas medidas, como as defendidas por vários autores da área de
Educação física, (BRASIL, 2004) a saber:
Implantar o esporte na escola;
A construção do esporte discutido entre os participantes;
As condutas e os valores inerentes na atividade;
A posição favorável aos valores que levem a maior participação
dos alunos;
Respeitar e reconhecer às diferenças que existe entre eles;
Oportunizar a apropriação de todos os alunos ao esporte como um
patrimônio sociocultural imprescindível ao seu desenvolvimento
como ser humano;
No ensino do esporte, não apenas reproduzir as técnicas das
modalidades esportivas, mas medir um conhecimento amplo e
crítico sobre o esporte, inclusive os reproduzidos pela mídia;
Contribuir para formação de um espectador crítico, inteligente e
sensível;
Utilizar a mídia como instrumento pedagógico efetivo da cultura
esportiva;
Saber a história do esporte e do seu praticante;
Compreender os determinantes políticos do esporte;
Saber apreciar a beleza estética dos gestos esportivos;
Compreender que as especificidades culturais determinam as
diferentes formas de ser praticado um mesmo esporte;
Respeitar as características individuais de cada praticante;
Entender as entrelinhas da média esportiva;
Promover a educação ambiental pelo esporte;
Promover cooperação internacional em esporte escolar
40
Acelerar o desenvolvimento sustentável nos países em
desenvolvimento, com perfil técnico, histórico, étnico, sociocultural
e ecológico semelhantes.
2.4 Cooperação Amazônica: uma proposta entre São Luís e Guiana Francesa na
área de formação esportiva escolar
No ano de 2006, começamos um intercâmbio internacional São Luís-
Guiana Francesa na área do esporte escolar, que culminou com a vinda do técnico
francês Alex Blaise Said, formado pela Federação Francesa de Handebol para
supervisionar a metodologia do trabalho a ser aplicado.
O nosso grande desafio foi de estabelecer uma proposta metodológica de
ensino-aprendizagem-treinamento do esporte escolar que melhor contribuísse com a
realidade local, sem ferir as bases conceituais do modelo francês.
Para isso tornou-se necessário refletir sobre as principais interfaces das
bases conceituais e do ensino do gesto técnico da modalidade esportiva em
questão, nos dois contextos sócio-culturais: o ludovicense e o guianense.
Chegamos ao seguinte entendimento de que a abordagem sociocultural
era a que melhor poderia contribuir com a presente demanda. A dimensão técnica
do esporte extrapola o instrumental e a questão do gesto eficiente; possibilita tratar o
esporte como fenômeno sociocultural e não apenas biológico, este ainda dominante
nos treinamentos esportivos; explora o tema da cultura corporal e suas implicações
no processo de ensino dos esportes, ampliando o entendimento de que o corpo não
se limita ao biológico, simplesmente ossos, músculos e nervos.
O cenário escolar não se resume apenas à transmissão de conteúdos
esportivos pedagogicamente organizados, a técnicas corporais analisadas apenas
pela eficiência biomecânica, fisiológica ou execução de movimentos técnicos, deve
também compreender a visão de esporte como prática humana e, portanto, cultural.
41
A presente reflexão tem, como base concreta, todo material didático do
conteúdo trabalhado no I Seminário Internacional de Psicomotrocidade e Treinamento em Esporte Escolar, ministrado pelo Dr. Jean Nita (com tradução
simultânea do técnico Alex Blaise Said), no período de 13 a 16 de janeiro de 2007,
em São Luís / MA, e as orientações propostas do Manual do Programa Segundo Tempo, que objetiva em suas ações complementares promover interfaces entre a
cultura e o esporte através de palestras, grupos de estudos e leitura, teatro, outras
temáticas de danças, artes plásticas, e outras práticas culturais.
O Prof. Dr. Jean Nita foi nomeado Diretor Técnico pela Federação
Francesa de Handebol, para responder pelo desenvolvimento do esporte junto à
Liga da Guiana Francesa de Handebol por dez anos, sendo o responsável direto
pelo processo ensino-aprendizagem-treinamento do handebol na regional da Guiana
Francesa.
42
3 LEITURA DA REALIDADE ESPECÍFICA
3.1 Programa Segundo Tempo: Relatório Final/ SESP O Problema
Nas escolas da Rede Pública Estadual, localizadas em áreas de baixo
Índice de Desenvolvimento Humano, constatou-se o alto índice de evasão escolar
das crianças e adolescentes que geralmente está relacionado à inserção destes na
marginalidade, ao uso indevido de drogas, etc. As desigualdades sociais impostas
pela sociedade capitalista mostram-se diretamente relacionados a esses aspectos.
(MARANHÃO, 2006)
O Plano de Trabalho do Programa Segundo Tempo foi proposto para
ser desenvolvido em 50 escolas que possuía as características acima expostas.
Foram selecionadas pela Secretaria de Estado da Educação 27 (vinte e sete)
escolas em São Luís e 23 (vinte e três) nos municípios do Interior do Estado.
(MARANHÃO, 2006)
Com o desenvolvimento das atividades do programa e da prática de
atividades esportivas no contra-turno das aulas, buscou-se integrar o corpo discente
e reduzir os índices de evasão escolar dos alunos. (MARANHÃO, 2006)
43
Histórico do Programa Segundo Tempo
O aluno em tempo integral na Escola. Essa é a meta do Programa
Segundo Tempo lançado na Sexta-Feira de 11/ 03/ 2005 pelo Governo do Estado,
por meio das Secretarias de Educação (SEDUC) e de Esportes (SESP). O programa
é resultado do Convênio firmado com o Ministério do Esporte e foi lançado pelos
secretários Edson Nascimento (SEDUC) e Alim Maluf (SESP).
Os secretários observaram que o lançamento do programa foi um
esforço do governo do Estado para levar ensino de qualidade e o esporte de forma
integrada a vários municípios maranhenses. Nascimento acentuou que o mérito da
assinatura do projeto é do Governador do Estado, José Reinaldo Tavares, e do
secretário de Esportes, Alim Maluf, cujo empenho foi fundamental para que o projeto
fosse implantado no Maranhão, com papel preponderante na construção da
cidadania.
Gestão
A Secretaria de Estado do Esporte encaminhou ofício à Secretaria de
Estado do Planejamento – SEPLAN, no sentido de agilizar a inclusão no orçamento
da SESP do recurso oriundo do Ministério do Esporte e do recurso da contra-partida,
criando, através do Setor Financeiro, o Plano de Aplicação Específico e de acordo
com as rubricas de cada ação. (MARANHÃO, 2006)
Convênio
Entre os Departamentos Jurídicos da SESP e SEDUC com as Caixas
Escolares, disponibilizado pelas diretoras dos 50 (cinqüenta) Estabelecimentos de
Ensino que foram contemplados com o Programa, foi firmado um convênio de
repasse mensal de recursos financeiros necessários à Ação de Reforço Alimentar, no valor de R$ 1.200,00 (hum mil e duzentos reais) por escola. (MARANHÃO, 2006)
44
Parceria
Firmou-se parceria com a Secretaria de Estado da Educação, para melhor
selecionar as escolas com população de baixo IDH, em risco social e com estrutura
mínima para desenvolvimento das atividades. Para facilitar o planejamento e
execução dos trabalhos, a SEDUC também colocou à disposição da SESP uma
professora de Educação Física, para atuar como Coordenadora Pedagógica e
articuladora entre as escolas contempladas com o Programa Segundo Tempo e a
Coordenação Geral na SESP. (MARANHÃO, 2007)
Teve-se também parceria com o Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Maranhão, que disponibilizou acadêmicos do 6º ao 8º
períodos do mesmo curso para atuar como estagiários/bolsistas do Programa,
proporcionando a estes a prática e aos alunos qualidade de vida. (MARANHÃO,
2006)
Coordenação e Supervisão
A Coordenação do Programa Segundo Tempo elaborou um plano de
supervisão, acompanhamento e avaliação sistemática das atividades. Para facilitar
os trabalhos, os núcleos foram divididos em 10 áreas em São Luís, onde cada
supervisor foi responsável por dois a três núcleos. Nos municípios do interior,
haviam 9 áreas selecionadas, onde cada supervisor era responsável por dois
núcleos (considera-se a proximidade entre os municípios das regiões).
(MARANHÃO, 2006)
Executado por professores licenciados em educação física selecionados
para esse fim, o trabalho consistiu no acompanhamento das atividades in loco. Além
do acompanhamento dos trabalhos nos núcleos, os supervisores de área
participaram de reuniões quinzenais na sede da SESP e a Coordenação fez visitas
às escolas entrevistando o corpo docente e discente. (MARANHÃO, 2006)
45
Supervisão e acompanhamento
Esse trabalho foi desenvolvido pelo grupo de supervisores duas vezes por
semana, com observações feitas pela direção dos estabelecimentos de ensino,
estagiários e alunos registrados através de formulário próprio, sendo encaminhados
à coordenação geral do Programa para análise e discussão em reuniões, avaliação
de interesse das atividades e reformulação do planejamento. (MARANHÃO, 2006)
Reforço Alimentar
Essa ação previa o repasse de recurso em 10 parcelas, no valor de
R$1.200,00 (hum mil e duzentos reais) por mês, aos estabelecimentos de ensino
contemplados com o Programa Segundo Tempo, através de convênio elaborado
pelo Setor Jurídico da SESP/SEDUC, com parecer da Procuradoria Geral do Estado
e celebrado com as Caixas Escolares, sob responsabilidade da direção das
respectivas escolas, para aquisição e fornecimento de lanche para as crianças
beneficiadas com o Programa. (MARANHÃO, 2006)
Capacitação continuada em Esporte Escolar
A Coordenação do Programa enviou a CEAD/UNB relação nominal, com
28 professores para o Curso de Especialização em Esporte Escolar e 35
estagiários/monitores para o Curso de Extensão em Esporte Escolar. (MARANHÃO,
2006)
Considerando que a maioria dos professores dos núcleos dos municípios
do interior do estado são leigos e não possui qualificação necessária para participar
da Capacitação Continuada em Esporte Escolar – CEAD/UNB, a Coordenação do
Programa elaborou o Projeto “Capacitação e Atualização Técnica em Esporte
Escolar,” tendo como objetivo a padronização da metodologia de ensino das
modalidades esportivas desenvolvidas no Programa.
46
Reuniões
Houve reuniões com os Setores Jurídicos da SESP e SEDUC e diretoras
dos estabelecimentos de ensino contemplados com o Programa, para tratar de
assuntos relacionados à elaboração dos Convênios com as Caixas Escolares,
fundamentado em parecer jurídico da Procuradoria Geral do Estado, para repasse e
sistemática da prestação de contas do recurso destinado ao Reforço Alimentar.
(MARANHÃO, 2006)
Reuniões com supervisores e estagiários/bolsistas
Em julho de 2005 as reuniões foram realizadas com todo grupo de
trabalho (coordenação, supervisores e estagiários/bolsistas) para apresentar e
discutir filosofia do Programa, definir dias e horários de funcionamento, planejamento
das atividades e metodologia de ensino, critérios de seleção e inscrição dos alunos,
e lançamento do Programa nas escolas. (MARANHÃO, 2007)
O segundo momento, também em julho de 2005, foi destinado ao
planejamento das atividades, reunindo supervisores e estagiários das escolas de
cada área, considerando a disponibilidade do espaço físico e horários.
(MARANHÃO, 2006)
Proposta Pedagógica Metodológica do PST-MA
A proposta filosófica-pedagógica sugerida no PST-MA foi alinhavada no
processo ao longo prazo, constituído pelos momentos de aprendizagem motora e de
desenvolvimento da capacidade de jogo, ao treinamento técnico e tático. Construção
de um conjunto de atividades e jogos para potencializar a compreensão tática, a
lógica interna do jogo, sem submeter os iniciantes a desgastantes processos
analíticos de repetições de técnicas. (GRECO, 2005)
A direção filosófica implica direção de um processo de ensino-
aprendizagem-treinamento dos pólos incidental para o formal intencional,
integrando-os, das formas de aprendizagens implícitas à intencional-formal.
Postulam-se regras de comportamentos táticos aprendidas de formas implícitas:
jogar para aprender e aprender jogando. O ensino implícito antes do explícito.
47
As situações vivenciais pelo praticante surge da interação
professor/aluno, da integração da análise e da compreensão tática na aplicação da
técnica, entendendo a tríade pessoa-tarefa-ambiente que são dependente da
história do indivíduo, da cultura e de ambientes sociais pregressos da pessoa.
Aprender a jogar jogando e jogar para aprender de forma incidental, prazerosa, rica
e variada, construindo os jogos e as regras dos mesmos em conjunto, conforme as
práticas.
Nas faixas etárias iniciais devem prevalecer as metodologias que
possibilitem o aprendizado incidental, pois o aprendiz tem pouco conhecimento
explícito (declarativo) das estruturas e da mecânica dos gestos técnicos e dos
gestos que faz.
Adequar no planejamento às competições pedagógicas e os festivais
esportivos. O primeiro como atividades tradicionais ajustadas como caráter
pedagógico, já o segundo como atividade mais lúdica, com maior participação: um
não deve excluir o outro.
Desenvolvimento das atividades – Modalidades Esportivas
De acordo com o planejamento, as aulas das modalidades esportivas –
Atletismo, Basquetebol, Handebol, Futsal, Futebol e Voleibol, – foram desenvolvidas
da seguinte forma: duas modalidades eleitas a cada duas semanas, em sistema de
rodízio, às 2ª feiras e 4ª feiras, sendo as 6ª feiras destinadas à organização de
festivais/torneios esportivos. Além do aspecto prático, foram ministradas aulas sobre
a origem e evolução histórica de cada modalidade no sentido de difundir a cultura
esportiva. (MARANHÃO, 2006)
Quanto à modalidade Capoeira, coordenada por um professor licenciado
em Educação Física e a participação de seis Mestres, as aulas foram realizadas em
sistema itinerante. A proposta de trabalho da modalidade enfatizou, além da prática
em si, a história e importância da Capoeira na cultura brasileira. Essa modalidade foi
uma atração à parte, pois reunia alunos que estavam inseridos no Programa e
grande parte dos alunos da Escola. (MARANHÃO, 2006)
48
Área Geográfica e características
Em São Luís, as escolas onde funcionaram os núcleos localizaram-se em
bairros carentes de baixo IDH, sem infra-estrutura de saneamento básico, em áreas
de conflito (invasões) e de risco social, como se pode verificar no quadro abaixo.
(MARANHÃO, 2006)
Quadro 1: Núcleos - capital
Nº NOME DA ESCOLA BAIRRO 01 U.I. Roseana Sarney Murad São Francisco 02 U.I. Y Bacanga Anjo da Guarda 03 U.I. Professora Maria Pinho Cohatrac I 04 U.I. Sagarana II Caratatiua 05 U.I. Antônio Ribeiro da Silva Sá Viana 06 U.I. Barjonas Lobão II – CAIC Jardim América 07 U.I. Embaixador Araújo Castro – CAIC Cidade Operária 08 CEEFM Menino Jesus de Praga Cidade Operária 09 U.I. Pio XII Outeiro da Cruz 10 CEEFM Maria Helena Duarte Bequimão 11 U.I. Santa Tereza Cidade Operária II 12 CEEFM Cidade de São Luís Cohab Anil III 13 CEEFM Manoel Beckman Bequimão 14 CEEFM José Justino Pereira Cidade Operária 15 U.I. Força Aérea Brasileira São Cristóvão 16 U.I. Haideé Chaves Angelim 17 U.I. Marly Sarney Maiobão 18 U.I. Professor Rubem Almeida Bequimão 19 U.I. Estado do Amazonas II Parque Timbiras 20 U.E. Dr. Antônio Jorge Dino Bairro de Fátima 21 U.I. Pedro Álvares Cabral Cidade Operária 22 U.I. Cônego Ribamar Carvalho Cohab 23 CEEFM Dr. Geraldo Melo Cohab Anil IV 24 U.I. Maria José Aragão Cidade Operária 25 U.I. João Paulo II Habitacional Turu 26 U.I. Felipe Condurú Tirirical 27 U.I. Bandeira Tribuzzi Maiobão
Fonte: MARANHÃO. Secretaria de Estudo do Esporte. Relatório final: Programa Segundo Tempo. São Luís, 2006.
Da mesma forma, os municípios do Interior do Estado contemplados com
o Programa também possuem baixo IDH, e as escolas onde funcionaram os
núcleos, em sua maioria, possuem estrutura precária. (MARANHÃO, 2006)
49
Quadro 2: núcleos – municípios do interior
Nº NOME DA ESCOLA MUNICÍPIO 01 CEEFM Joaquim Soeiro de Carvalho Barreirinhas 02 CEEFM Wady Fiquene Itapecurú-Mirim 03 CEEFM Estado do Espirito Santo Vitória do Mearim 04 CEEFM Nagib Haickel Pindaré-Mirim 05 U.I. Maria José Macêdo Costa Colinas 06 CEEFM Bandeira Tribuzzi Santa Inês 07 CEEFM Marechal Castelo Branco Timon 08 CEEFM Antônio Corrêa Esperantinópolis 09 CEEFM Maura Jorge de Melo Lago da Pedra 10 CEEFM José Malaquias Lago do Junco 11 CEEFM América Central Morros 12 CEEFM Raimundo João Saldanha Rosário 13 CEEFM Dom Francisco São Bento 14 CEEFM João Batista de Carvalho Santa Rita 15 U.I. Raimundo Manoel da Cunha –CAIC Viana 16 U.I. Governador Luís Rocha Presidente Dutra 17 CEEFM Cidade de Arari Arari 18 CEEFM Professor Rubem Almeida-CAIC Pinheiro 19 U.I. Dom Marcelino Bicego –CAIC Açailândia 20 U.I. Poeta Castro Alves – CAIC Santa Helena 21 CEEFM Monsenhor Clóvis Vidigal Caxias 22 U.E. Poeta Gonçalves Dias – CAIC Paço do Lumiar 23 U.E. Cidade de São José de Ribamar –CAIC São José de Ribamar
Fonte: MARANHÃO. Secretaria de Estudo do Esporte. Relatório final: Programa Segundo Tempo. São Luís, 2006. Seleção de Supervisores
Foram selecionados professores graduados em Educação Física para
atuar como Supervisores de Área do Programa, nos núcleos de São Luís e nos
municípios do Interior do Estado. No processo de seleção, além da análise de
currículo, foram considerados aspectos como experiências anteriores, interesse e
disponibilidade de tempo. (MARANHÃO, 2006)
Seleção de Estagiários/Bolsistas – Região Metropolitana
Através de Portaria do Secretário de Estado do Esporte, foi constituída
comissão composta por servidores da SESP/SEDUC, para promover o processo
seletivo simplificado dos Acadêmicos de Educação Física que iriam atuar nos
estabelecimentos de ensino contemplados com o Programa Segundo Tempo. No
50
processo, além da análise de currículo e histórico escolar, foram considerados
fatores como disponibilidade de turno e a proximidade dos domicílios dos bolsistas
em relação às escolas. (MARANHÃO, 2006)
Seleção de Estagiários/Bolsistas – Municípios do Interior
Considerando a inexistência de Cursos de Educação Física nos
municípios do Interior do Estado contemplados com o Programa, foram selecionados
professores leigos, com experiência de atuação na disciplina Educação Física,
através de indicação da direção das escolas contempladas e análise de currículos.
(MARANHÃO, 2006)
Seleção e inscrição dos alunos no Programa
Essa seleção ocorreu de forma imparcial, contemplando os alunos que
atendiam o perfil estabelecido. Para tal feito contou-se com a participação e
indicação da Direção das Escolas na seleção dos alunos. Preliminarmente, as
inscrições foram efetuadas em formulário elaborado pela Coordenação do Programa
e, posteriormente, via internet. (MARANHÃO, 2006)
Quadro 3: Quantitativo de alunos por faixa etária
MASCULINO FEMININO
07 a 09 anos 171 07 a 09 anos 118
10 a 12 anos 1.987 10 a 12 anos 1.932
13 a 15 anos 1.779 13 a 15 anos 1.709
16 a 18 anos 1.242 16 a 18 anos 1.043
Acima de 18 anos 10 Acima de 18 anos 09
TOTAL 5.189 TOTAL 4.811 Fonte: MARANHÃO. Secretaria de Estudo do Esporte. Relatório final: Programa Segundo Tempo. São Luís, 2006.
51
Sistemática de distribuição do material esportivo e uniformes
Essa distribuição ocorreu de forma organizada mediante recibo. O critério
utilizado foi a divisão em duas quotas: a primeira cota, no início do Programa, em
agosto/2005, constou da entrega dos uniformes e 50% do quantitativo do material
esportivo; a segunda cota, em fevereiro de 2006, constou da entrega do restante do
material esportivo em estoque. No primeiro momento, em agosto de 2005, a SESP
foi responsável pela entrega dos kits de material na Região Metropolitana, enquanto
a SEDUC contratou uma empresa transportadora para proceder a entrega dos kits
de material nos municípios do Interior do Estado. (MARANHÃO, 2006)
No segundo momento, em fevereiro de 2006, a distribuição do material foi
efetuada na SESP, através da Supervisão de Material, e entregue diretamente às
diretoras das escolas ou sob responsabilidade dos Supervisores de Área. No
transcorrer da execução do Programa, houve reposição de material (bolas) que
apresentaram defeito ou desgaste. (MARANHÃO, 2006)
Instalações Esportivas
Constatou-se nas visitas preliminares realizadas nos estabelecimentos de
ensino selecionadas para o Programa (núcleos) que as instalações esportivas
necessitavam de reparos em sua estrutura – muros, alambrados, coberturas, cercas,
equipamentos esportivos, etc. –, além de limpeza geral nas áreas periféricas, o que
originou a elaboração de um documento, através da Coordenação Geral do
Programa, solicitando da direção das escolas informações sobre as necessidades de
serviços de recuperação e melhorias das instalações esportivas, para
desenvolvimento das atividades do Programa Segundo Tempo. (MARANHÃO,
2006)
52
Relatório Financeiro
RECEITA FONTE VALOR DESPESA VALOR PAGO
Min.Esporte 0111 890.000,00 Mat.Suplementar 18.591,00
Estagiários 129.740,00
Ref. Alimentar (*) 140.400,00
Rend.Aplicação 0111 Estagiários/Capoeira 7.800,00
Gov. Estado 3101 108.000,00 Coord.Núcleos 44.400,00
INSS 20% 8.880,00 Fonte: MARANHÃO. Secretaria de Estudo do Esporte. Relatório final: Programa Segundo Tempo. São Luís, 2006. (*) O recurso referente ao Reforço Alimentar foi empenhado no valor de R$300.000,00, compreendendo o período de agosto a dezembro/2005. Entretanto, somente foi transferido para as Caixas Escolares conveniadas o valor de R$140.000,00, para as Escolas que prestaram contas, conforme determina o convênio firmado com a SESP. Considerações Complementares
O Programa Segundo Tempo, criado pelo Governo Federal, através do
Ministério do Esporte, vem ao encontro da proposta do Governo do Estado do
Maranhão de implementar, no âmbito escolar,
beneficiando comunidades carentes, novo
paradigma de atividades de esporte e de
lazer como meio de contribuir para a redução
do quadro de injustiças e de exclusão social.
(MARANHÃO, 2006)
Dados estatísticos comprovam que
o Maranhão apresenta baixo Índice de Desenvolvimento Humano nas regiões
menos assistidas e em comunidades de baixa renda, onde se registra grande índice
de evasão escolar aliado ao risco da marginalidade, do uso de drogas, etc., posto
que as desigualdades sociais influenciam diretamente nesses aspectos.
(MARANHÃO, 2006)
53
Conforme comprovado através dos trabalhos de supervisão e mesmo com
algumas deficiências, o Programa Segundo Tempo vem contribuindo, através de
propostas de atividades esportivas e culturais planejadas, para o desenvolvimento
humano, para a formação física e intelectual e da cidadania, além de proporcionar
uma melhor compreensão sobre cidadania, solidariedade, auto-estima,
comunicação, respeito ao próximo, tolerância, sentido do coletivo, disciplina e
liderança. (MARANHÃO, 2006)
O Governo do Estado do
Maranhão, por meio das Secretarias de
Estado do Esporte e da Educação, tem
demonstrado grande interesse na realização
e continuidade do Programa Segundo
Tempo que, por seu alcance social em
benefício e reconhecimento da comunidade,
vem merecendo ampla divulgação nos meios de comunicação, inclusive na página
do PNUD (www.pnud.org.br). (MARANHÃO, 2006)
54
4 ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS OBSERVADOS NO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO NO MARANHÃO
4.1 Aspectos Negativos
Um dos aspectos negativos observados foi o lançamento de recursos
financeiros do convênio no orçamento da SESP feito com atraso, ocorrendo somente
em 08 de março de 2005, face aos imprevistos ocorridos (MARANHÃO, 2006):
a) Atraso no recebimento dos uniformes e materiais esportivos fornecidos
pelo “Programa Pintando a Liberdade”; b) Atraso no início do calendário escolar, em decorrência da greve dos
docentes da rede estadual;
c) Atraso no processo para aquisição do material complementar,
cumprindo Normas Específicas da Comissão de Licitação do Estado.
Estes imprevistos foram motivos para que as atividades fossem iniciadas
somente no mês de agosto de 2005, o que tornou imperioso a apresentação de
exposição de motivos, requerendo do Ministério do Esporte a prorrogação da
vigência do Convênio e sendo concedido, através de Termo Aditivo, até 06 de junho
de 2006. (MARANHÃO, 2006)
Além disso, comparando àquilo que foi projetado para ser realizado,
verificou-se que:
55
• Não foram recebidas 50 (cinqüenta) redes de voleibol, relacionadas
no ofício n° 577/2005 – CMAES/SE/ME, de 7 de abril de 2005.
• Do quantitativo de 10.000 (dez mil) camisas destinadas a atender a
demanda do Programa no Maranhão, 180 (cento e oitenta)
estavam manchadas e mofadas. Dessa forma, as escolas dos
municípios de Colinas (Unidade Integrada Maria José Macedo
Costa) e Rosário (Centro de Ensino Fundamental e Médio
Raimundo João Saldanha) receberam apenas 115 camisas.
• Em relação ao quantitativo de calções recebidos, cerca de 1.800
(mil e oitocentos) foi distribuído para as escolas que participaram
do lançamento do Programa em São Luís.
Infelizmente as necessidades para
melhoria das instalações esportivas
verificadas não foram providenciadas, o que
fez com que as atividades fossem
desenvolvidas em situações precárias do
ambiente esportivo.
Outra situação negativa foi a
sistemática de repasse dos recursos às Caixas Escolares, que foi deficiente e
impossibilitou a transferência da totalidade prevista pelo Convênio. A Cláusula
Quarta condicionou o repasse da próxima parcela mediante a prestação da parcela
anterior, exigindo-se, ainda, a apresentação das respectivas notas fiscais, o que
acarretava maior dificuldade para a direção
das escolas, considerando que estas atuam
com vários projetos, além do quadro de
pessoal administrativo ser insuficiente para
atender a demanda dos trabalhos. Isto gerou
atrasos nos repasses, obrigando a
Coordenação do Programa, por várias
vezes, a solicitar a intervenção de Secretaria de Estado da Educação através de
ofícios, no sentido de agilizar as prestações de contas. (MARANHÃO, 2006)
Desta forma, os recursos destinados à Ação de Reforço Alimentar não
foram repassados na totalidade e devolvidos ao Ministério do Esporte.
Consequentemente, os objetivos propostos foram atingidos apenas parcialmente,
56
posto que, por comodidade, a Direção dos estabelecimentos de ensino optou por
servir a merenda tradicional, fornecida através do FUNDEF e Governo do Estado.
(MARANHÃO, 2006)
Em razão de indisponibilidade de recursos, o curso de capacitação e
atualização técnica do Programa Segundo Tempo não foi realizado. Para minimizar
o problema, orientamos os Supervisores de Área para ministrar oficinas, articulando
conceitos, planejamento e metodologia das modalidades esportivas desenvolvidas
no Programa. (MARANHÃO, 2006)
Houve grande reclamação dos estagiários/bolsistas quanto a quantidade,
qualidade e durabilidade do material esportivo fornecido pelo Programa Pintando a
Liberdade (bolas) para o trabalho de iniciação esportiva. (MARANHÃO, 2006)
Em 11 escolas de São Luís, observou-se evasão de alguns alunos do
Programa, notadamente na faixa etária de 15/16 anos, masculino e feminino, em
decorrência de participação em outras atividades, tais como: trabalho, tomar conta
de irmãos menores, participar de cursos de seu interesse (ou da família), etc. Dessa
forma, foram abertas novas inscrições e optou-se pela faixa etária de 8 a 10 anos.
Quanto às escolas dos municípios do interior do estado, não foram registrados fatos
dessa natureza, em que a freqüência dos alunos é alta. (MARANHÃO, 2006)
Com isso verificou-se que no Programa Segundo Tempo houve ausência
da identidade histórico-cultural local, que é de extrema importância para que a
interação e a participação dos alunos-atletas sejam efetivas. Identificar-se com
aquilo que se faz, fazer-se parte do que se está realizando, é fundamental para o
bom desempenho de qualquer atleta, principalmente para aqueles que estão
iniciando em qualquer tipo de esporte.
57
4.2 Aspectos Positivos
Durante a execução do Programa, observou-se que, nos estabelecimento
de ensino contemplados com o Programa, a prática de atividades esportivas, de
atividades complementares e o reforço alimentar, realizados no contra turno das
aulas, possibilitaram a redução do índice de evasão escolar, melhoraram a auto-
estima e a interação do grupo social. O envolvimento da comunidade escolar, as
famílias e as parcerias e convênios firmados com as instituições foram fundamentais
no êxito do processo. Conforme pode ser constatado em depoimentos dos alunos e
familiares, a expectativa é a continuidade do Programa. (MARANHÃO, 2006)
Na seqüência do trabalho, houve acompanhamento sistemático das
atividades, registrado em relatórios dos supervisores de área, de onde extraímos
algumas situações que foram detectadas:
• Os horários de funcionamento em algumas escolas confrontavam com as
aulas de educação física, gerando problemas que foram solucionados com a
divisão do espaço físico, já que não há disponibilidade de adequação em
outros dias e horários. (MARANHÃO, 2006)
• Em todas as escolas contempladas com o Programa, foram disponibilizadas
cadernetas para controle de freqüência, local para armazenamento do
material esportivo (armários, salas). (MARANHÃO, 2006)
• Indisponibilidade, em algumas escolas, de merendeiras para elaboração do
lanche, o que acarreta uma sobrecarga às professoras ou pessoal de serviços
gerais. A presença de merendeiras é de grande necessidade uma vez que
poderá ser elaborado e cumprido um cardápio de reforço alimentar.
(MARANHÃO, 2006)
58
• Constatou-se que há resistência por parte de alguns alunos dos núcleos de
São Luís e dos núcleos dos municípios do interior do estado, no que diz
respeito ao uso das camisas do Programa em razão do slogan “Fome Zero”,
explorado de forma jocosa pela comunidade estudantil como “passa-fome”,
“necessitados”, etc. Mesmo após trabalho de conscientização feito pelos
estagiários, professores e direção das escolas, notou-se que os alunos
integrantes do Programa sentem-se constrangidos e só utilizam a camisa
durante as atividades. Ao sair, retiram e guardam. (MARANHÃO, 2006)
• Identificou-se maior interesse e participação por algumas modalidades
esportivas, notadamente futebol, futsal, voleibol e capoeira, enquanto nas
outras modalidades há menor participação. Esse problema foi solucionado
com conscientização e com a realização de torneios e festivais internos e
inter-escolas de bairros próximos, quando houver maior interesse e
motivação. (MARANHÃO, 2006)
59
5 ANÁLISES, CRÍTICAS E SUGESTÕES
Nosso estudo versa sobre as interfaces franco-maranhenses, abordando
sobre a importância da necessidade de Cooperação Internacional Esportivo Escolar
entre São Luís e Guiana Francesa com finalidade de acelerar o desenvolvimento
sustentável no esporte escolar da Bacia Amazônica latino-americana, antilhana e
caribenha.
Para a realização do intercâmbio esportivo escolar da regional Guiana
Francesa com os demais países da América Latina, o Governo Francês incentiva,
apóia e financia a cooperação aqui instaurada via a UNSS (União Nacional Esportiva
Escolar), com o intuito de desenvolver e tornar o esporte conhecido em todas as
esferas da sociedade.
A priori é de suma importância a realização da citada cooperação
internacional, já que não há óbice legal que possa constranger a realização do
mesmo. Sua procedência é viável e legal, pois já existem um termo de cooperação
internacional franco-brasileiro, além do tratado da cooperação amazônica e das
várias áreas esportivas e à ciência do esporte que sustentam a eficiência e
aplicabilidade desse intercâmbio. O assunto aqui abordado faz referência às várias disposições e
apontamentos do cotidiano franco-maranhense sociocultural e historicamente
construído ao longo do tempo, nas seguintes temáticas: Invasão francesa, França
Equinocial, Batalha de Guaxenduba, Interfaces maranhenses e euroguianense,
60
ocupação indígena, exploração e colonização, brasileiros na Guiana Francesa, Os
maranhenses na Guiana Francesa em busca de trabalho, Espaço Franco-
maranhense, Tião e L’Équipe, a Invasão Francesa II, o Badminton Franco-
Maranhense, desenvolvimento sustentável e a sustentabilidade do esporte escolar.
Essas interfaces observadas entre São Luís e Guiana francesa visam estabelecer
diretrizes em conjunto para que todos os setores do sistema estadual de esporte
caminhem na busca do desenvolvimento sustentável na região norte e nordeste
brasileira, onde já se encontra incluída a população maranhense.
As interfaces de identidade socioculturais francomaranhenses
proporcionam para que o esporte, principalmente no âmbito escolar, seja trabalhado
em conjunto com a próxima edição do Programa Segundo Tempo local,
principalmente em São Luís, com o intuito de ampliar os horizontes da formação
étnicos-culturais dos alunos-atletas das escolas maranhenses.
O Tratado da Cooperação Amazônica e o Programa Segundo Tempo,
embasados sobre a teoria do desenvolvimento sustentável, dão suportes para que
haja uma cooperação esportiva internacional entre São Luís e Guiana Francesa.
Isso, entretanto, não exclui benefícios para os outros municípios do Estado do
Maranhão, muito pelo contrário, todos ganham com esse projeto de integração e
cooperação, já que as políticas públicas do estado não beneficiam somente um
município, mas todos os municípios localizados no mesmo, como o Programa
Segundo Tempo que beneficiou municípios que contavam em grande quantidade
com crianças e adolescentes em situação de risco social.
Dessa forma, pode-se dizer que inovamos quando propusemos o
gerenciamento integrado do esporte latino-americano, antilhano e caribenho,
utilizando a bacia hidrográfica como instrumento de gestão. Com efeito, foi nos
países da comunidade européia, onde todo uso e ocupação do solo têm a bacia
hidrográfica como uma unidade de planejamento e gestão, sendo este modelo de
gerenciamento desenvolvido e criado pela França. E agora essa inovação serve de
instrumento para o último relatório sobre aquecimento global em 2007.
Todas as políticas governamentais francesas utilizam a bacia hidrográfica
como referência, principalmente na política de esporte francesa, que já desenvolvem
sua Agenda 21 de Sustentabilidade do esporte e meio ambiente.
61
Esse formato de gestão no Brasil é ainda inédito, pois a questão é fruto
de discussão em recentes seminários nacionais, com atraso em relação aos outros
países, pois o assunto aqui abordado, o modelo de desenvolvimento sustentável, é
bastante implementado e discutido internacionalmente no que se refere ao esporte,
olimpismo natural e sociocultural. Logo, haverá avanço substancial na política
estadual e regional do esporte, adotando princípios de gestão integradas e
participativas nos eventos e competições realizados pelos países participantes da
cooperação internacional.
A proposta defendida neste estudo acompanha a tendência mundial de
internacionalização das relações em todos os aspectos da cultura humana. É a
cultura humana, as relações que o homem trava entre si, com o outro e com o
mundo, que globaliza o desenvolvimento de princípios e de diretrizes que
propiciarão ações eficientes da gestão do esporte escolar no Maranhão, pois,
majoritariamente, são ações altamente regulamentáveis, buscando instrumentalizar
o poder público.
As instituições esportivas privadas e a sociedade, para que possam
promover ações capazes de acelerar o intercâmbio Esportivo-Ambiental no nosso
estado em menor tempo possível, com base nos parâmetros do desenvolvimento
sustentável, contribuem dessa maneira com melhor qualidade de vida das
populações da Bacia Amazônica ao oferecer acesso à prática e à cultura do esporte
escolar.
A dimensão continental do nosso país torna inviável o intercâmbio
esportivo interno com o eixo centro-sul. O Maranhão está mais próximo da Europa
do que com a região sudeste, no caso o Estado de São Paulo, pois, como já
sabemos, a Guiana Francesa é um território francês na América Latina, ávida para
se desenvolver em conjunto conosco, principalmente na área de recursos humanos
esportivos na formação de atletas escolares, técnicos e metodologia de formação
esportiva escolar.
O projeto desenvolvido para a realização da cooperação entre a Guiana
Francesa e o Maranhão sob o aspecto do desenvolvimento sustentável baseia-se
nos novos paradigmas de grandes educadores, dentre eles destaca-se o brasileiro
Paulo Freire, muito respeitado e admirado pelos educadores franceses, que já
sistematizam uma metodologia de ensino-aprendizagem-treinamento na formação
esportiva escolar de acordo com as teorias desse ilustre pedagogo.
62
A Cooperação Internacional esportiva franco-maranhense constitui peça
fundamental para o processo ensino-aprendizagem-treinamento do esporte escolar,
representando um importante instrumento de gestão esportiva na formação do atleta
escolar e no aprimoramento da evolução da escola maranhense de esporte, em
consonância com um país com similitude socioculturais, como a Guiana Francesa na
América Latina, através de estudo reflexivo interdisciplinar da escola francesa e um
modelo tipicamente brasileiro.
O ato de aprender e desenvolver competências para o esporte escolar
depende da orientação filosófica pedagógica da prática educativa esportiva. O
enfoque biológico é dominante e exclusivo no âmbito escolar brasileiro, resumindo-
se a conteúdos educacionais, à execução de gestos técnicos fundados da eficiência
biomecânica ou fisiológica. Sob este enfoque, entende-se assim o corpo apenas
como um organismo biológico, de ossos, músculos e nervos, completamente
alienado do seu contexto histórico-cultural, sendo este principal responsável pelo
atual modelo fragmentado da sociedade escolar, humana e da visão de mundo.
Nos últimos anos, na tentativa de superar o atual modelo da visão do
homem e do mundo, tem aumentado significativamente o interesse nos estudos
sobre as conseqüências do processo ensino-aprendizagem-treinamento do esporte
escolar à luz da abordagem sócio-antropológica, destacando o esporte como prática
humana e, portanto, cultural.
A Cooperação Internacional São Luís/Guiana Francesa evidencia dois
modelos de formação esportiva: aprender a jogar jogando, jogar para aprender e o
das bases psicomotoras para aprendizagem dos esportes coletivos, defendido pelo
Prof. Dr. Jean Nita durante a realização do I Seminário Internacional e Treinamento
em handebol escolar.
É consenso entre as duas vertentes a adoção de novos paradigmas
quanto ao processo ensino-aprendizagem-treinamento do esporte escolar, pois
sabe-se que tal processo não está centrado especificamente na transmissão de
conteúdos do dualismo técnica/tática.
Assim, é necessário, através do ensino do esporte escolar, considerar a
dimensão cultural como constitutiva da dinâmica humana para superar a visão
tradicional do esporte como uma ação limitada do corpo físico, pois a totalidade
humana biológica, cultural, social e psíquica não está isolada da dimensão física.
63
A abordagem sociocultural do esporte tem buscado compreender a
imensa e rica tradição desta área do conhecimento, procurando entender suas
variadas manifestações como expressão de contextos específicos. Dessa forma, o
esporte tem avanços significativos ao considerar os aspectos simbólicos, refletindo e
estudando sobre a estética, a beleza, a subjetividade, a expressividade, a relação
com a arte, enfim, o significador.
Nesta perspectiva, esta pesquisa constitui-se em um estudo que se
propõe aprimorar o processo metodológico do ensino-aprendizagem-treinamento do
esporte escolar pautado no enfoque exclusivo e dominante biológico, instrumental e
do gesto eficiente.
64
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Cooperação Internacional São Luís/ Guiana Francesa para a
formação esportiva escolar resgata o tratado da Cooperação Amazônica (TCA),
assinado em Brasília, em 03 de Julho de 1978, pelos outros países amazônicos:
Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. O Tratado
prevê a colaboração entre os países membros para promover, dentre outros
assuntos, a preservação do patrimônio cultural e o intercâmbio de informações.
O processo ensino-aprendizagem-treinamento na formação esportiva
escolar deve, prioritariamente, levar em consideração as interfaces socioculturais e a
diversidade humana. Qualquer tentativa de compreensão deve passar por uma
reflexão do tipo antropológica.
Gradativamente, no programa Segundo Tempo Local poderão ser
incorporados outros conteúdos e metodologias de ensino-aprendizagem-treinamento
escolar com interfaces franco-maranhenses. Torna-se impreterivelmente necessário
o intercâmbio de informações esportivas nesta área, sob a égide dos princípios de
desenvolvimento sustentável.
65
As interfaces franco-maranhenses no processo ensino-aprendizagem-
treinamento podem ser compreendidas como uma tentativa de sistematização de
uma proposta pedagógica direcionada a oportunizar uma preparação didático-
metodológica e sociocultural do programa Segundo Tempo Local, relacionada ao
modelo de aprendizagem histórico-social, em que as crianças e adolescentes
aprendem ter a leitura do esporte e descrevê-lo como ações motoras carregadas de
intenções socioculturais.
66
REFERÊNCIAS
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67
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69
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LUÍS
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ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DE ESPORTE
GABINETE DO SECRETÁRIO SESP-Trav. Guaxenduba nº 100 - Outeiro da Cruz – Complexo Esportivo de São Luís Cep: 65 043 320
Telefones: (98) 243.6978 (fax) - 249. 3339 - 243. 4282 E-mail: gabinete@gesp.ma.gov.br. SÃO LUÍS - M
ARIA N. º 016/SESP São Luís, 11 de fevereiro de 2005.
O SECRETÁRIO DE ESTADO DO ESPORTE, no uso de atribuições legais
R E S O L V E:
Costituir a Comissão composta pelos servidores MANOEL TRAJANO AS NETO, JOSÉ CARLOS RIBEIRO, ELIZABETH SANTANA ALVES DE BEIRA FEQUES, para,no período de 14 a 18 de Fevereiro, promover o sso seletivo simplificado de 50 acadêmicos ou professores de Educação , que irão atuar nos estabelecimentos de ensino contemplados com o
rama ‘Segundo Tempo” em São Luís. Para participar do processo seletivo serão pré-requisitos aos alunos
tenham cursado as disciplinas Educação Física Infantil, Atletismo, uetebol, Futsal, Handebol, Voleibol e Socorro de Urgência.
Para os estabelecimentos de ensino que funcionarão nos municípios terior do Estado a seleção ficará sob responsabilidade dos diretores das ctivas escolas.
Dê-se ciência, Cumpra-se.
GABINETE DO SECRETÁRIO DE ESTADO DO ESPORTE, EM SÃO
– MA, 11 DE FEVEREIRO DE 2005.
RACHID MALUF FILHO
tário de Estado do Esporte
70
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Secrede ene cinetária
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ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DE ESPORTE
GABINETE DO SECRETÁRIO SESP-Trav. Guaxenduba nº 100 - Outeiro da Cruz – Complexo Esportivo de São Luís Cep: 65 043 320
Telefones: (98) 243.6978 (fax) - 249. 3339 - 243. 4282 E-mail: gabinete@gesp.ma.gov.br. SÃO LUÍS - MA
IO CIRC. N. º 003/05-GS São Luís, 24 de Fevereiro de 2005.
tríssima Senhora ANDA BARROS ROLAND
esentante da Caixa Escolar Poeta Castro Alves
TA HELENA/ MA
Prezada Senhora,
O Governo do Estado do Maranhão firmou convênio com o Ministério sporte no sentido de desenvolver em nosso Estado o Programa Segundo o, para funcionar no contra-turno do período das aulas normais, com objetivo emocratizar o acesso à pratica e a cultura do esporte como instrumento acional, visando o desenvolvimento de crianças e adolescentes, culados em escolas públicas”.
No Maranhão, o Programa será desenvolvido em parceria com a
taria de Estado da Educação e funcionará em 50 (cinqüenta) estabelecimentos sino da rede pública estadual, sendo 25 (vinte e cinco) em São Luís e 25 (vinte co) municípios do Interior do Estado, contemplando 10.000 crianças na faixa de 11 a 16 anos.
Nesse sentido, em adiantamento ao ofício enviado pela SEDUC dando a direção desse estabelecimento de ensino para uma reunião dia 11 de próximo, na SESP, solicitamos que nesta data V.Sa.apresente o currículo de rofissionais da área de Educação Física que possua o perfil para atuar com as e adolescentes na faixa etária de 11 a 16 anos, com as modalidades de
ação, atletismo, handebol, futebol, futsal, basquetebol e voleibol. Dos três ulos apresentados, a SESP selecionará dois, para integrar o quadro de sionais responsáveis pelo desenvolvimento das atividades do Programa ndo Tempo nos estabelecimentos de ensino dos municípios do interior do o.
Atenciosamente,
RACHID MALUF FILHO
tário de Estado do Esporte
71
CONVÊNIO Nº 50/2005 - SESP
PROCESSO Nº 077/2005 – SESP
CONVÊNIO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA QUE ENTRE SI CELEBRAM A SECRETARIA DE ESTADO DO ESPORTE E A CAIXA ESCOLAR U.I. BANDEIRA TRIBUZZI - MAIOBÃO – SÃO LUÍS, COM INTERVENIÊNCIA DA SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO, OBJETIVANDO A IMPLANTAÇÃO E A EXECUÇÃO DAS AÇÕES DO PROGRAMA ESPORTIVO SOCIAL “SEGUNDO TEMPO”.
Pelo presente instrumento particular firmado entre as partes, de um lado a SECRETARIA DE ESTADO DO ESPORTE - SESP, inscrita no CNPJ nº 05.506.465/0001-32, sediada na Travessa Guaxenduba, nº 100, Outeiro da Cruz, nesta cidade, doravante denominada CONCEDENTE, neste ato representada pelo seu Secretário, ALIM RACHID MALUF FILHO, brasileiro, maranhense, casado, Economista, residente e domiciliado na Avenida Mário Andreazza, Olho Dágua - São Luís-MA, portador da Carteira de Identidade nº 220700 - SSP/MA, e CNPF nº 035.566.703-72, a CAIXA ESCOLAR U.I. BANDEIRA TRIBUZZI –MAIOBÃO – SÃO LUÍS, inscrita no CNPJ sob o n° 01.322.235/0001-62, situada na Av. 13 Qdª 140 , s/n, Maiobão – São Luís /MA, doravante denominada COVENIENTE, neste ato representada pela sua Diretora, MARIA DA CONCEIÇÃO GÓES NOVAIS, brasileira, casada, Professora, portadora da C.I. nº 108.784.199 – 0 SSP/MA, CPF 106.628.043-68, residente em Rua 115,Qdª 77 Casa 24 Maiobão, São Luís/MA, e tendo como partícipe executora a SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO, inscrita no CNPJ sob o nº 033.520.86/0001-00, com endereço, na Rua Virgilio Domingues nº 741, São Francisco, nesta capital, doravante denominada CONVENENTE, neste ato representado pelo seu Secretário, EDSON NASCIMENTO, brasileiro, casado, engenheiro elétrico, portador da C.I. nº 084.213.495 ISP/RJ, e CNPF nº 126.440.214-72, residente e domiciliado no Condomínio Village Alcântara, Bloco A, Apto. 403, Conjunto Jardim Coelho Neto, Cohajap, nesta cidade, doravante denominada INTERVENIENTE, RESOLVEM celebrar o presente Convênio, conforme processo nº 77/2005, de acordo com a legislação vigente, mediante as cláusulas e condições seguintes:
CLÁUSULA PRIMEIRA - DO OBJETO
O presente convênio com repercussão no desporto educacional tem por objeto promover a implantação e posteriormente a execução das ações do programa esportivo social “Segundo Tempo” em parceria com a CONVENENTE, no atendimento crianças, adolescentes e jovens, distribuídos em 50 núcleos, sendo 25
72
localizados nas escolas públicas de bairros periféricos de São Luís e 25 escolas públicas de municípios do interior do estado do Maranhão, especificamente no tocante ao Reforço Alimentar, nos termos do plano de trabalho, parte integrante do presente instrumento independente de transcrição.
CLÁUSULA SEGUNDA - DAS OBRIGAÇÕES
I - À CONCEDENTE compete:
a) Promover o repasse dos recursos financeiros de acordo com o Plano de Trabalho e com o disposto na CLÁUSULA QUARTA.
b) Orientar, supervisionar e fiscalizar os trabalhos conveniados,
cabendo-lhe acompanhar as atividades a serem executadas, verificando a exata aplicação dos recursos deste CONVÊNIO e avaliar os resultados;
c) Prorrogar de ofício a vigência deste Convênio, quando houver
atraso na liberação dos recursos, limitada a prorrogação ao exato período do atraso verificado, desde que ainda haja plena condição de execução do objeto;
d) Analisar e aprovar a prestação de contas dos recursos aplicados
na consecução do objeto deste Convênio.
II - A CONVENENTE compete: a) Aplicar os recursos repassados pela CONCEDENTE
exclusivamente para o objeto do presente CONVÊNIO; b) Executar o cumprimento do objeto deste instrumento nos termos e
formas estabelecidas pelo plano de trabalho; c) Promover abertura de conta bancária exclusivamente para
capitação dos recursos do presente instrumento; d) Restituir o eventual saldo de recursos à CONCEDENTE, inclusive
os provimentos das receitas obtidas das aplicações financeiras, no prazo de 30 (trinta) dias da conclusão, extinção, denúncia ou rescisão do presente CONVÊNIO;
e) Arcar com o pagamento de toda e qualquer despesa excedente aos recursos financeiros a cargo da CONCEDENTE;
f) Manter atualizada a escrituração contábil específica dos ato e
fatos relativos a execução deste Convênio, para fins de fiscalização, de acompanhamento e avaliação dos resultados obtidos;
g) Assegurar e destacar, obrigatoriamente, a participação dos Governos Federal e Estadual, e, bem assim, do Ministério do Esporte – ME e da Secretaria de Estado do Esporte – SESP, em toda e qualquer ação, promocional ou não relacionada com a execução do objeto descrito neste Convênio;
73
h) Responsabilizar-se por todos os encargos de natureza trabalhista e previdenciária, decorrente de eventuais demandas judiciais relativas a recursos humanos utilizados na execução do objeto deste Convênio, bem como por todos os ônus tributários ou extraordinários que incidam sobre o presente instrumento, ressalvados aqueles de natureza compulsória, lançados automaticamente pela rede bancária arrecadadora;
III A INTERVENENTE compete: a) Assegurar e manter as estruturas físico-desportivas em condições
de uso para a prática pedagógica do esporte escolar, no âmbito da escola; b) Disponibilizar o corpo técnico - pedagógico para atuar no projeto,
no âmbito da escola;
c) Realizar seleção e o encaminhamento dos alunos - atletas escolares que se habilitarão a participar do projeto “Segundo Tempo”
d) Disponibilizar a infra-estrutura escolar em perfeitas condições de
uso para as execuções do programa social ‘Segundo Tempo” no tocante ao Reforço Alimentar (cozinha x refeitório) CLÁUSULA TERCEIRA – DO VALOR E DOTAÇÃO ORÇAMENTÁRIA
O valor do presente Convênio é de R$ 12.000,00(doze mil reais), a
serem repassados a CONVENENTE em 10(dez) parcelas mensais de R$1.200,00 ( um mil e duzentos reais)
PARÁGRAFO PRIMEIRO – Os recursos financeiros referidos nesta cláusula correrão a conta da seguinte Dotação Orçamentária:
FONTE: CONVÊNIO /ME /SNEE /SESP Nº 110/2004
CLÁUSULA QUARTA - DA LIBERAÇÃO DOS RECURSOS
O repasse dos recursos financeiros para execução das metas será feito mensalmente conforme plano de trabalho que estabelece a natureza de despesas, estando a segunda parcela condicionada a sua liberação à remessa de relatórios físicos financeiros das ações realizadas, e a solicitação da Concedente.
CLÁUSULA QUINTA – DA VIGÊNCIA
O prazo de vigência do presente Convênio será de 10(dez) meses, contados a partir da assinatura, podendo ser alterado através de Termo Aditivo, por solicitação da CONVENENTE, fundamentada em razões concretas que justifiquem,
74
formulada, no mínimo 30(dias) antes do término da vigência prevista para a execução do objeto deste Convênio, entretanto sem modificá-lo.
CLÁUSULA SEXTA – DA PUBLICAÇÃO
A CONCEDENTE providenciará a publicação deste Convênio em extrato no Diário Oficial no Prazo de até 20 (vinte) dias de acordo com o Parágrafo Primeiro do Art. 61 da Lei 8.666/93 e suas alterações.
CLÁUSULA SÉTIMA – DA PRESTAÇÃO DE CONTAS A prestação de contas será mensal, ou seja, como a liberação dos recursos ocorrerá em dez (10) parcelas, sendo que, a segunda parcela ficará condicionada à apresentação de prestação de contas parcial referente à primeira parcela liberada e assim sucessivamente após a aplicação da última parcela, será apresentada a prestação de contas total do recurso recebido em até 30(trinta) dias após o vencimento do presente convênio.
PARÁGRAFO ÚNICO - A prestação de contas dos recursos transferidos, deverá ser acompanhada das peças técnicas e contábeis estabelecidas na seguinte forma:
a) Plano de trabalho; b) Cópia de termo de convênio; c) Publicação no Diário Oficial; d) Relatório de execução físico financeiro; e) Relação de pagamentos;
CLÁUSULA OITAVA – DA DOCUMENTAÇÃO COMPROBATÓRIA
As notas fiscais, recibos, faturas e demais documentos de despesas, deverão ser emitidos em favor da Convenente, devidamente identificados com o número deste convênio. PARÁGRAFO PRIMEIRO – Não poderá ser pago com recursos do convênio despesas com:
a) Data anterior ou posterior à vigência do Convênio; b) Finalidades diversas das estabelecidas no Convênio; c)Contratação de Pessoal
CLÁUSULA NONA – DA RESCISÃO E DA DENÚNCIA
O PRESENTE Convênio poderá ser rescindido de pleno direito no caso de infração a qualquer uma das cláusulas ou condições neste estipulado, ou
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denunciado por qualquer dos Convenentes com antecedência mínima e 30 (trinta) dias ou a qualquer tempo, em fase Superveniência de impedimento legal que o torne formal ou materialmente inexeqüível.
CLÁUSULA DÉCIMA – DO FORO Fica eleito o Foro da Comarca de São Luís Estado do Maranhão, para dirimir as questões decorrentes deste Convênio, renunciando as partes a qualquer outro por privilegiado que seja.
E por estarem assim justas e de acordo, firmam o presente instrumento, em 05 (cinco) vias de igual teor e forma, na presença das testemunhas abaixo nomeadas e indicadas, para que produzam efeitos jurídicos e legais, em juízo ou fora dele. São Luís-MA, 11 de março de 2005. ALIM RACHID MALUF FILHO
SECRETARIO DE ESTADO DO ESPORTE – SESP
EDSON NASCIMENTO SECRETARIO DE ESTADO DA
EDUCAÇÃO – SEDUC
MARIA DA CONCEIÇÃO GÓES NOVAIS DIRETORA DA CAIXA ESCOLAR TESTEMUNHAS:
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