chico o macaco fujão
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CHICO O macaco fujão
Por Ceile Bernardo
Ilustrações Graziela Mota
2002
Na floresta encantada, Vivia Chico, O Macaco Fujão. De doces desejos, Vivia o pobre animal Ver a cidade, Ir-se da floresta Conhecer novo pessoal
Tanto desejou, Tanto suspirou, Que na mente de macaco Uma só imagem ficou: Ver-se em novas Terras No raiar da Nova Era
E qual não foi a surpresa, Quando em dia nebuloso A floresta esquentou. E de lá, o Macaco Chico enxotou.
O povo da cidade, ao saber do desastre Aos animais da floresta, Abrigo propiciou. Os recebeu de bom grado, E em um circo próximo os colocou.
No início, tudo era festa. Olhares atentos, surpresos, Chico notou. Pipoca, salgadinho, amendoim, De tudo experimentou
Mas pouco a pouco, A cabeça, a barriga, O corpo de Chico cansou E todo o entusiasmo da vida nova, Estancou.
Ah! Saudades, Quantas saudades A floresta encantada deixou Mas só agora, em contato com a nova realidade É que Chico se lembrou Dos mil e um encantos Encontrados nos belos recantos Que a Mãe Natureza criou.
O raiar do sol por cima da grande árvore, O trinar dos passarinhos, O som das águas tranqüilas, Comer frutos verdinhos. O pula-pula nos galhos, O corre-corre no chão, As folhas cheias de orvalho, A alegria no coração.
“Macaco bom de fibra não foge não, Não pode negar a essência”. Devia ter ouvido a sábia coruja, Dona Espertina, Com toda a sua experiência
Ah! Saudades, Dos tempos de outrora, Das horas que não voltam mais...” (assim dizia o poeta que Chico se lembrou) Que fazer Para a angústia desaparecer? O sofrimento faz crescer? Já ouvi isso alguém dizer! Ai!! Pára o Mundo que eu quero descer!
Deve ser por isso que Doutor Cabralino havia lhe dito: “Cada macaco no seu galho, Chico!”
Assim pensando, Chico foi refletindo E descobrindo O que lhe ia pela alma. Quanto mais pensava, Sua mente se aclarava, Com uma forte convicção, Que não importam os caminhos, Nem o tempo ou os espinhos, Importa sim Abrir as portas do próprio coração.
Conhecer a si mesmo, Nos desejos, nos anseios, Construindo por todos os meios, A própria realização. Os sonhos têm de ser sonhados, Os caminhos trilhados, Para o coração ser desvendado.
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