cap3_a fotografia digital
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8/2/2019 Cap3_A Fotografia Digital
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CAPTULO 3A FOTOGRAFIA DIGITAL
Desde sua inveno, a fotografia dependeu de suportes fsicos para ser visualizada:
filme e papis. Algumas imagens podem ser positivas, como os velhos daguerretipos ou os
slides de 35mm para projeo. Outras, resultam de um processo negativo/ positivo, onde
necessrio o emprego de um filme negativo impresso sobre contato ou ampliado em papel
fotogrfico. A qualidade da fotografia, alm de depender da competncia tcnica do
fotgrafo, depende da cmera empregada, da qualidade da objetiva e da uniformidade do
plano do filme utilizado.Depois de uma exposio correta, que depende de uma fotometragem exata, seja
manual ou automtica, forma-se sobre o filme uma imagem latente. As etapas seguintes so a
revelao e a impresso. No caso dos filmes e papis em preto-e-branco, que normalmente
so revelados manualmente1, o processo compreende cinco etapas bsicas. Primeiro, o filme
imerso em solues reveladoras que vo agir diretamente sobre os haletos (gros) de prata
que foram expostos luz. Como essas solues podem continuar a agir sobre as partculas
no expostas, ocasionando um tom cinza generalizado (vu qumico), o filme transferidopara uma soluo interruptora levemente cida2 ou lavado em gua corrente. Posteriormente
o filme fixado em solues base de hipossulfito de sdio ou amnia, lavado e posto para
secar3.
1 Embora seja possvel o processamento mecnico dos filmes P&B, opta-se pelo processo manual na medida emas etapas desse processo so bastante simples e rpidas. Alm disso, os equipamentos e produtos qumicosutilizados so fceis de adquirir e de conservar. Tambm pesa o fato de permitir maior controle sobre a imagemobtida.2 Utiliza-se uma soluo diluda de cido actico a 5%.3 Essas etapas so importantes para a obteno de um negativo sem manchas e/ou arranhes. O tempo delavagem est diretamente relacionado com o tempo de vida til da imagem: quanto maior for o tempo delavagem (com um mximo de 2 horas), mais tempo o negativo ir durar.
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Variveis como a idade e a temperatura das substncias qumicas utilizadas na
revelao, o tempo que o filme ou o papel ficou em cada banho qumico ou at mesmo o grau
de agitao no banho de processamento afetam o resultado final da imagem fotogrfica. No
caso do processamento de fotografias coloridas, as etapas so mais complexas e a
sensibilidade s variveis de tempo e temperatura so ainda mais crticas.
Embora muitos amadores e profissionais possam ainda fazer o processamento de
filmes coloridos em seus prprios laboratrios [cmaras escuras], a maioria das pessoas
deixa isso por conta dos laboratrios de revelao automtica que empregam mquinas
denominadas mini-labs e so capazes de revelar e ampliar rapidamente as fotografias. A
desvantagem do emprego de sistemas automatizados que difcil conseguir obter uma
revelao individualizada. Assim, se a tabela indicar que um dado filme exige um tempo nobanho revelador de cinco minutos, mesmo que, por experincia o fotgrafo saiba que esse
tempo deve ser ampliado pela imagem ter sido tomada em ambiente com pouca luz, ser
utilizado o padro pr-estabelecido.
Desta forma, apesar da crescente evoluo dos equipamentos, com mquinas dotadas
de sistemas eletrnicos capazes de focar e fotometrar corretamente e mini-labs4 automticos
produzindo cpias com rapidez, a fotografia ainda dependia de suportes fsicos para
apresentao e armazenagem. Com o aparecimento da tecnologia da imagem digital, ganha-se agilidade e eficincia de operao.
3.1. As primeiras cmeras digitais
Muito antes de haver cmeras digitais, j existia a tecnologia digital da cmera
escura, isto , uma tecnologia digital para manipulao e edio de imagens. O emprego de
tcnicas de computao para tratamento de imagens comeou em 1964, no Laboratrio deJato Propulso (JPL), para corrigir as distores de imagens produzidas, por cmera acoplada
em uma sonda espacial (Ranger 7), da superfcie lunar (GONZALEZ e WOODS, 2003) 5.
O primeiro programa comercial de edio de imagens em preto-e-branco foi o Digital
Darkroom, da Silicon Beach Software, criado em 1978 especialmente para aAssociated Press
(AP). Em 1989 surgiram oAdobe Photoshop e oLetraset ColorStudio. O Digital Darkroom
4 Os mais modernos mini-labs no apenas so capazes de revelar e ampliar imagens a partir de filme fotogrficos
como tambm podem ampliar imagens digitais arquivadas nos mais diferentes suportes: CDRoms, disquetes,cartes de memria ou at mesmo diretamente da web.5 GONZALEZ, Rafael C. e WOODS, Richard E. Processamento de imagens digitais. So Paulo: EdgardBlcher, 2003. P 11.
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era um programa bsico, permitia ajustes de brilho e contraste de imagens escaneadas, bem
como cortar, girar e posterizar6 imagens. Segundo Rose (1998)7 era ainda possvel retocar
partes das imagens com o auxlio de uma das ferramentas. Entretanto, o software era limitado
a uma escala de cinza de 8 bits e no se adequava s necessidades profissionais da fotografia.
Quando a Apple lanou um computador Macintosh com cor de 24 bits, no final da
dcada de 1980, surgiram o Photoshop e o ColorStudio. Pelo alto preo (cerca de 2 mil
dlares) esses softwares se destinavam aos estdios e empresas de arte comercial, emissoras
de TV e agncias de publicidade.
Embora fosse possvel o surgimento das primeiras cmeras para captura de imagens
digitais j na dcada de 1970, o alto custo no viabilizava comercialmente tal produo. A
empresa japonesa Sony anunciou em 1983 o lanamento comercial da primeira cmera digital,aMAVICA8. Ainda um prottipo, a cmera dispensava os filmes para registar imagens. As
imagens, de baixa qualidade, eram captadas por um sistema de CCD e armazenadas num
disquete e vistas na tela de um computador. Apesar do estardalhao, a cmera s apareceu,
junto com outros modelos e marcas, no incio da dcada de 1990.
Ainda nos anos de 1980, a Sony lanou as primeiras cmeras de vdeo para uso
comercial equipadas com trs CCDs. Cada chip era destinado leitura de uma das cores do
padro RGB (Red, Green, Blue: vermelho, verde e azul, que so as chamadas cores aditivas)9
.Apesar de serem excelentes em ambientes externos, as primeiras cmeras eram problemticas
quando utilizadas em estdio. Entretanto, atualmente so as cmeras mais utilizadas pelas
emissoras de TV.
As primeiras cmeras digitais eram consideradas curiosidades tecnolgicas. Alm do
alto custo e da baixa capacidade de armazenagem, as imagens apresentavam resolues
baixas e pouca definio quando visualizadas ou impressas. Com o passar dos anos, a
resoluo e a capacidade de armazenamento aumentaram, permitindo fazer imagens com altaqualidade e em maior nmero. Os preos tambm foram se tornando cada vez mais acessveis.
6 Posterizar: modificar a profundidade de cores de um dado objeto ou figura. Quanto menor for o nvel deposterizao, menor o nmero de cores presentes na figura. In GARCIA, Ana S. Software livre e edicindigital de imgenes. Vigo (Espanha): NetGame CaixaNova, 2004. Disponvel em Acesso em 12/11/2004.7 ROSE, Carla. Fotografia digital. Rio de Janeiro: Campus, 1998. P 14.8 A Sony ainda fabrica vrios modelos de suas cmeras MAVICA, que gravam os dados em disquetes de 3 pol. ou em CD-R de 80mm, dependendo do modelo. Apesar disso, um equipamento voltado para o pblicoamador pois a capacidade de armazenagem dos discos varia de 1.44MB a, no mximo, 200MB.9 Padro RGB: o padro no qual aparelhos de TV, monitores de vdeo, projetores de vdeo e similaresfuncionam internamente. No padro RGB as informaes de cada cor primria de vdeo (vermelho, verde e azul)so transmitidas cada uma em um fio. Este o padro usado nos conectores VGA e DVI, usados por monitoresde vdeo.
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O emprego de cmeras digitais para produzir imagens a serem utilizadas em pginas da
Internet tambm fez as vendas aumentarem, contribuindo para a queda de preos.
As primeiras cmeras digitais para uso profissional surgiram a partir de 1989, caso
da Fujix (Fujifilm) que, a um custo de 5 mil dlares era capaz de armazenar algo en torno de
21 imagens em um carto de memria (ROSE, 1998, p.16)10. Em 1992, a Kodak lanou a
Kodak Professional Digital Camera System (DCS100), montada a partir do chassi (corpo) de
uma cmera Nikon F3 com um backdigital, CCD com resoluo de 1024 x 1280 pixels, visor
de cristal lquido na parte traseira, discos de memria de 200MB e custava 30 mil dlares.
Caso o usurio desejasse maior capacidade de armazenagem, era possvel adquirir uma
unidade de disco externo para pendurar no ombro, com capacidade para at 600 fotos. A
DCS100 foi empregada pela primeira vez nos Jogos Olmpicos de Barcelona (POPSCI,2000)11.
No mesmo ano, a Kodak formou um consrcio com a agncia de notcias The
Associated Press (AP) e com dois dos maiores fabricantes de equipamentos fotogrficos:
Nikon e Cnon para adaptar cmeras fotogrficas convencionais para a nova tecnologia. A
idia dessa estratgia era tornar mais fcil a adoo da imagem digital pelos fotojornalistas e
vencer eventuais resistncias que naturalmente barram a introduo de novas tecnologias. Os
tcnicos das empresas consorciadas acreditavam que a substituio dos velhos processos seriamais fcil e menos oneroso se empregassem cmeras idnticas s j utilizadas, inclusive
permitindo o aproveitamento dos acessrios (objetivas, filtros, flashes) das cmeras
analgicas. O resultado foi o desenvolvimento da NC2000 totalmente digital e empregada
pelos fotgrafos da Associated Press na deciso do SuperBowl (campeonato de futebol
americano) de 1996, no Arizona, EUA.
Em 1997 as cmeras baratas eram muito limitadas. Muitas geravam fotos com a
resoluo de 320 x 240 pixels, e sua memria tinha capacidade para pouco mais de 10 fotos.Era preciso pagar cerca de 300 dlares por uma cmera com essas caractersticas, enquanto as
melhores cmeras chegavam faixa dos mil dlares. O modelo mais antigo de cmeras
digitais amadoras foi a Logitech Fotoman Plus (1994) produzia 32 imagens com a resoluo
de 320x240, em preto-e-branco. A Epson Photo PC (1996) operava com at 640x480, e a
10 ROSE, Idem.11 Cf.:Best of What's New Winner 1991: Kodak introduces the Digital Camera System (DCS) 100, the world's
first professional digital camera. The 55-pound system consists of the camera, a 200MB external hard disk drivewith batteries, control panel, mono display, and cables. Getting "crisp 1.3-megapixel images" costs you $30,000.Initial buyers are news organizations; 12 are used to cover the 1992 Olympic Games in Barcelona. Inhttp://www.popsci.com/popsci/bown/article/0,16106,389349,00.html.
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Cnon PowerShot600 (1997) chegava a 832x624. Em 1999 a maioria das boas cmeras j
chegava resoluo de 1280x960 pixels.
A partir do ano 2000, comeou-se a falar mais intensamente de novas tecnologias
digitais para aquisio de imagens. Atualmente, diversos modelos de cmeras j esto no
mercado e outros tantos ainda esto em testes nas bancadas de laboratrios. Pelo fato das
tecnologias serem diversas, existem tambm diversos tipos de sensores. Estes sensores podem
ter a mesma resoluo e tamanhos diferentes ou ter o mesmo tamanho e variar de resoluo.
Assim como o tamanho dos pixels (que varia de tamanho dependendo do modelo, da
tecnologia e do fabricante das cmeras) a dimenso destes sensores influencia diretamente na
qualidade da imagem, no ngulo de viso da lente e na profundidade de campo.
3.2. A tecnologia das imagens digitais
Embora comumente se fale de fotografia digital, o termo rechaado por muitos
pesquisadores uma vez que o conceito inicial de fotografia, pressupe um processo fsico-
qumico para a obteno da imagem. Muitos pesquisadores e fotgrafos preferem o emprego
do termo imagens digitais ou fotografias eletrnicas, pois estas so mais prximas das
imagens eletrnicas, videogrficas, porque se baseiam numa seqncia de nmeros binrios
(bits).
Para Jain (1989) uma imagem refere-se funo bidimensional de intensidade da luz
f(x, y) ondex ey denotam as coordenadas espaciais e o valor de fem qualquer ponto (x, y)
proporcional ao brilho (ou nveis de cor) naquele ponto.
Uma imagem digital uma imagem discretizada tanto em coordenadasespaciais quanto em brilho. Uma imagem digital pode ser portanto,considerada como sendo uma matriz cujos ndices de linhas e de colunasidentificam um ponto na imagem, e o correspondente valor do elemento damatriz identifica o nvel de cinza naquele ponto. Os elementos dessa matrizdigital so chamados de elementos da imagem, elementos da figura, pixels e,embora o tamanho da imagem digital varie de acordo com a aplicao, vantajoso selecionar matrizes quadradas com tamanhos e nmeros de nveisque sejam potncias inteiras de 2 (dois) (JAIN, 1989, p.25)12.
12. In JAIN, A. K. Fundamentals of Digital Image Processing. New Jersey: Prentice-Hall, 1989.
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Para ns, o termo fotografia digital ou imagem digital (termo que preferimos utilizar ,
pelas razes j citadas) ser empregado a toda e qualquer imagem que constituda por um
arquivo que um cdigo numrico legvel pelo computador.
No caso do fotojornalismo, essas imagens podem ser obtidas atravs do uso de
cmeras digitais, cujos arquivos sero transferidos diretamente para os computadores de
editorao e da, aps os tratamentos edio, para as rotativas ou por um processo analgico/
digital, com as imagens capturadas por cmeras convencionais, e posteriormente escaneadas
para se transformarem em arquivos digitais.
Uma cmera digital opera de forma muito prxima s tradicionais cmeras
fotogrficas. Para Breslow (1991)13, a grande diferena reside na ausncia do filme
fotogrfico, pois na cmera digital este substitudo por um sensor, um semicondutorespecializado capaz de conduzir parte da eletricidade que chega at ele. O sensor de uma
cmera digital, composto por vrios elementos fotossensveis separados e organizados em
uma grade, ocupa uma rea equivalente ao do visor. A imagem atravessa a objetiva e atinge o
sensor, que converte a luz em impulsos eltricos. A intensidade da carga varia dependendo da
intensidade da luz que bate em cada elemento. Neste aspecto, o sensor funciona como um
filme, onde cada gro da emulso substitudo por dos elementos do sensor.
Quando se aperta o disparador da cmera digital, os sensores passam as informaes apartir de cada elemento para um conversor de analgico para digital, que codifica os dados e
os envia para serem armazenados em memria RAM14, para posterior descarregamento, ou
armazena-os em um carto de memria mais eficiente. Para qualquer pessoa acostumada a
fotografar com mquinas tradicionais, o emprego da cmera digital, apesar de incorporar
novidades no exige muito esforo para adaptao.
Poderamos destacar as seguintes semelhanas e diferenas, mais tcnicas do que
conceituais entre os equipamentos tradicionais e os digitais:a) cmeras digitais no utilizam filme, mas cartes de memria para armazenamento
de imagens. Estes cartes permitem que se grave, copie e apague (delete) arquivos
de imagens;
b) flashes funcionam igualmente como nas cmeras convencionais e, dependendo domodelo da cmera digital, podem vir embutido no corpo e/ou utilizando uma
13 BRESLOW, Norman. Basic Digital Photography. London: focal Press, 1991.14 RAM a sigla para Random Access Memory (Memria de acesso aleatrio). Este tipo de memria permitetanto a leitura como a gravao e regravao de dados. No entanto, assim que elas deixam de ser alimentadaseletricamente, ou seja, quando o usurio desliga o computador, a memria RAM perde todos os seus dados.Existem 2 tipos de memria RAM: estticas e dinmicas. In: http://www.infowester.com/memoria.php.
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conexo externa por sapata ou pino ( a diferena que nas cmeras digitais, existe
um pr-disparo para avaliar a luz branca (whitepoint) o que obriga o uso de flashes
especiais se forem externos);
c) as cmeras digitais , alm de um visor idntico s das mquinas convencionais,incorporam uma grande novidade: um visor atravs de tela de cristal lquido
(LCD) localizado na parte posterior do corpo da cmera. Este visor permite ao
usurio ver a imagem exatamente como ser capturada. O problema que em
ambientes de muita luz, torna-se quase impossvel o uso do visor;
d) as objetivas so muito semelhantes, mas muitas cmeras digitais incorporam orecurso do zoom digital, alm do zoom ptico. O zoom digital irreal, uma
aproximao, ou melhor, uma ampliao gerada por um software. Isso resultaem imagens imprecisas e de cores inconsistentes. De qualquer modo, mais tarde
todas as imagens podem sofrer cortes e ampliaes quando forem editadas
digitalmente;
e) os ajustes de foco, velocidade de obturador e abertura de diafragma, nos modelosmais simples de cmeras digitais so totalmente automticos. Contudo, nas
cmeras digitais mais modernas ou de modelos mais avanados, pode-se regular
no apenas cada um desses itens individualmente, mas tambm estabelecer asensibilidade do filme, ou melhor, definir se a captura da imagem ocorrer numa
sensibilidade correspondente a valores ISO, variveis de ISO100 at ISO1600,
como nas cmeras que empregam filmes fotogrficos;
f) Muitas cmeras digitais tambm incorporam recursos de udio e de vdeo,permitindo a gravao de alguns segundos ou at minutos de imagens em
movimento, dependendo do tamanho das memrias empregadas;
O interesse em mtodos de captura e processamento de imagens digitais decorre deduas reas principais de aplicao: melhoria de informao visual para a interpretao
humana e o processamento de dados de cenas para percepo automtica atravs de mquinas.
Uma das primeiras aplicaes de imagens digitais foi o melhoramento de imagens
digitalizadas para jornais, enviadas por meio de cabo submarino de Londres para Nova Iorque
na dcada de 1920 (Gonzalez e Woods, 2003, p.33)15.
Embora a tecnologia das imagens digitais tenha se desenvolvido rapidamente nos 35
anos seguintes, foi preciso a combinao do surgimento de computadores digitais de grande
15 GONZALEZ, Rafael & WOODS, Richard. Processamento de imagens digitais. So Paulo: Edgard Blcher,2003.
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porte com o programa espacial americano, nos fim da dcada de 1950, para chamar a ateno
ao potencial dos conceitos de imagem digital e permitir o aparecimento dos atuais sistemas
empregados.
Os primeiros estudos em busca de um sistema de captao de imagens digitais
ocorreram ainda na metade da dcada de 1950. Russell Kirsch frente de um grupo de
cientistas doNational Bureau of Standard(EUA) construiu um scanner16 mecnico de tambor
e o utilizou para copiar as variaes de tons existentes em uma fotografia. Os dados obtidos
pelo escaneamento foram inseridos em um computador que, segundo Mitchell (1994)17, foi
previamente programado para reconhecer linhas de desenhos e objetos. Posteriormente, os
padres de luz e sombras se transformavam em uma informao digital (imagem) reproduzida
na tela de um osciloscpio18. Embora a imagem obtida fosse apenas um esboo muito rsticoda imagem original, as experincias de Kirsch demonstravam as possibilidades de
transformao de uma imagem analgica em digital, passvel de manipulao no computador.
A grande descoberta para o desenvolvimento do processo de captao de imagens
digitais deu-se em 1969, com a criao dos sensores fotossensveis chamados de CCD
(Charge Coupled Device), ou dispositivo de carga acoplada, por Willard Boyle e George
Smith, cientistas do Laboratrios Bell (AT&T). Composto por milhares de elementos
fotossensveis separados, organizados em uma grade que geralmente corresponde forma dovisor, essa tecnologia permitiu o desenvolvimento de uma srie de aparelhos eletrnicos,
como fax-smiles, cmeras de vdeo e de fotografia e scanners19.
16 O scanner, enquanto ferramenta, nos permite digitalizar originais que variam desde transparncias at objetostridimensionais, fazer tratamentos de cor e modificaes em geral, criar novas imagens partir de um mesmooriginal de forma que no podemos manipular na fotografia.17 MITCHELL, William J. The reconfigured eye: visual truth in the post-photographic era. Cambridge: MTIPress, 1994.18 O osciloscpio um instrumento que permite observar numa tela plana uma diferena de potencial (ddp) emfuno do tempo, ou em funo de uma outra ddp. O elemento sensor um feixe de eltrons que, devido aobaixo valor da sua massa e por serem partculas carregadas, podem ser facilmente aceleradas e defletidas pelaao de um campo eltrico ou magntico. In: http://www.if.ufrj.br/teaching/oscilo/intro.html.19 O CCD um chip de silcio, normalmente de um centmetro ou dois de tamanho, dividido em uma grade declulas, cada uma das quais age como um pequeno fotomultiplicador em que um fton colidindo libera um oumais eltrons. Os eltrons so ento "lidos" em fileiras (direo rpida) e colunas (direo lenta), a corrente convertida em um sinal digital e a cada clula ou elemento da imagem ("pixel", compresso do ingls 'pictureelement') atribudo um valor digital proporcional ao nmero de ftons em entrada naquele pixel (o brilho daparte da imagem que recai naquele pixel). Conforme Sonka, Hlavac e Boyle (1993), ao passar atravs dosfiltros RGB, a reao (descarga eltrica) pode ser medida para cada espectro individual de cor. Quando as
leituras so combinadas e avaliadas via software, a cmera pode determinar a cor especfica de cada segmento daimagem. Como ela na verdade um conjunto de dados numricos, ela pode ser facilmente carregada emanipulada em um computador. Cf.: SONKA, M.; HLAVAC, V. e BOYLE, R. Image Processing Analysisand Machine Vision. London: Chapman & Hall, 1993. P 25.
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O CCD surgiu a partir das pesquisas que j vinham sendo desenvolvidas nos
Laboratrios Bell sobre semicondutores20 e diodos de silcio e memrias para computadores.
Mitchell (1994) diz que o projeto do CCD surgiu numa tarde de outubro de 1969, aps uma
rpida brain-storm21. Embora o dispositivo tenha sido criado para funcionar como uma
memria de computador, muitos perceberam no sistema outras utilidades, como substituir
as velhas chapas fotogrficas empregadas nas cmeras fotogrficas acopladas aos telescpios
ou ser utilizado no lugar dos tubos de raios catdicos22 das velhas cmeras de vdeo.
Em 1972, os planos de desenvolvimento do novo dispositivo foram apresentados e
repassados pelos Laboratrios Bell aos pesquisadores do Laboratrio de Jato Propulso (Jet
Propulsion Laboratory JPL) administrado pela NASA Agncia Espacial dos EUA e pelo
Caltech Instituto de Tecnologia da Califrnia, onde se desenvolvia o telescpio espacialHubble. Empresas comerciais foram chamadas para participarem do projeto, desenvolvendo
aplicaes prticas e comerciais para o dispositivo.
Uma das primeiras aplicaes foi realizada pela Fairchild Semiconductor, uma
empresa nascida em 1957 no Vale do Silcio. Conforme Preuss (2000)23, tratava-se de um
chip de CCD que foi adaptado numa cmera fotogrfica comum e acoplado a um telescpio
domstico. O telescpio foi apontado para o planeta Urano e se produziu a primeira fotografia
astronmica digital, que pode ser vista em um osciloscpio do Observatrio de Health Kit,nos EUA. Embora ainda fosse deficiente, logo a maioria dos observatrios astronmicos e
sonda espaciais passaram a contar com cmeras fotogrficas dotadas de CCDs.
As primeiras cmeras de TV construdas com a tecnologia de CCDs, apareceram
ainda em 1975. Essas cmeras gravavam imagens atravs de um CCD e as imagens eram
armazenadas em meio magntico (fitas) comum e editadas em ilhas de edio convencionais.
Essa tecnologia permitiu o desenvolvimento de uma srie de padres de vdeo e de
equipamentos ainda hoje empregados por muitas emissoras e produtoras de vdeo e televiso.20 Semicondutores so componentes eletrnicos, construdos a partir de estruturas base de silcio ou outroselementos qumicos como o Germnio, que, ao receber cargas eltricas, facilitam a passagem de corrente maisnum sentido do que em outro. A descoberta dos materiais semicondutores no final da dcada de 1930,revolucionou a eletrnica permitindo o aparecimentos dos transistores, que hoje so utilizados na fabricao damaioria dos aparelhos eletrnicos modernos, dos rdios ao computador. O chip ou circuito integrado, elementobsico para os modernos computadores no mais do que uma srie de minsculos transistores integrados numpequeno conjunto. Cf.: http://www.coltec.ufmg.br/alunos/220/semicondutores/semicond.htm.21 brain-storm: tempestades cerebrais: termo de origem inglesa, muito utilizado para definir reunies sempropsito definido, sem um incio, meio e fim lgicos, mas onde idias podem surgir de forma inovadora.22 Um tubo de raios catdicos consiste numa ampola de vidro fechada no interior da qual se encontram, sob
vcuo (cerca de 10-3 mbar), os seguintes componentes: o canho eletrnico, o sistema de desvio magntico oueletrosttico e um tela (alvo) fluorescente em sulfureto de zinco.23 PREUSS, Paul. New high sensitivity CCDs poised to transform Astronomy. Science Beat/ Berkeley Lab.In http://www.lbl.gov/Science-Articles/Archive/ccd-infrared.html.
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No mesmo ano surgiu o primeiro scanner de mesa, fabricado pela Kurzweil Computer e
empregava um CCD 500, da Fairchild, com uma resoluo de 100 X 100 pixels24.
Apesar das qualidades dos CCDs, a sua fabricao problemtica, pois necessita de
uma linha de produo exclusiva, que no pode ser compartilhada por outros dispositivos,
como, por exemplo, chips e outros componentes para computadores. Alm disso, o consumo
de energia de um equipamento com CCD sempre maior. Existem no mercado modernas
cmeras dotadas de sensores com tecnologia CMOS (Complementary Metal Oxide
Semiconductor), que usam fotodiodos e transistores para os pixels. Nestes sensores, o acesso
a cada pixel individual, no h movimento de cargas.
As tecnologias de sensores de imagens CMOS e CCD so totalmente diferentes. Os
sensores de imagens CCD so dispositivos (eletrnicos) de carga emparelhada que parafuncionar requerem circuitos muito sofisticados e de alto consumo de energia, e devido
quantidade de sistemas de apoio eletrnico, ocupam mais espao dentro da cmara e
consomem mais bateria. Os sensores de imagens CMOS incorporam a tecnologia de
sensibilidade luminosa que permite a converso direta da carga dentro do pixel, e portanto,
reduzem dramaticamente a necessidade de circuitos de apoio e o consumo de energia. Alm
disso, A qualidade de imagem dos CMOS est emparelhando com a qualidade do CCD na
baixa e mdia resoluo, s ainda deixando intocvel os sensores de imagem de altaresoluo.
Alm disso, sensores de imagem CMOS podem incorporar outros circuitos no mesmo
chip e eliminar os muitos chips separados que so requeridos por um CCD. Isto tambm
permite somar caractersticas adicionais ao chip com um pequeno custo extra. Segundo Curtin
(2001)25, estas caractersticas incluem anti-jitter (estabilizao de imagem) e compresso de
imagem. Isto no s faz o equipamento ficar menor, mais leve e mais barato, como tambm
requer menos energia, e assim as baterias duram mais.Sensores de imagem CMOS podem trocar os modos de operao entre fotografia e
vdeo imediatamente. Porm, como a gravao de vdeos resulta em arquivos enormes, esses
equipamentos precisam, inicialmente, ser acopladas ao computador quando usados neste
modo, mesmo para registrar s alguns segundos de vdeo. Entretanto, os equipamentos
dotados de sensores CMOS podem servir para videoconferncias embora as mquinas
24 O pixel a abreviatura para 'picture element' (elemento de uma imagem). o menor elemento de uma imagem
digital e contm informao acerca da luminosidade e cor. Quanto mais pixels uma imagem tiver melhor a suaresoluo e qualidade.25 CURTIN, Dennis P. Imagem digital. In: http//www.imagemdigital.com/ acessado em 09 de setembro de2004.
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fotogrficas no possam capturar os 20 quadros por segundo necessrios para animao em
vdeo.
3.3. A qualidade da imagem digital
O tamanho dos sensores de imagem est relacionado de forma direta com a qualidade final da
imagem. Todo sensor formato por um nmero limitado de clulas fotossensveis. No curto
espao de tempo em que o obturador aberto, cada clula grava a intensidade ou brilho da luz
que o atinge por meio de uma carga eltrica. O brilho gravado por cada clula ento
armazenado na memria da cmera, ou no carto de memria, como uma srie de nmeros
binrios que podem ser usados para reconstruir a cor e o brilho dos pontos que formam a
imagem na tela do monitor (BRESLOW, 1991)26.
A imagem digital ser ento formada por esses milhares ou milhes de pontos que so
os pixels (elementos de imagem). Mas, na medida em cada pixel capturado por um nico
sensor de imagem, a quantidade de sensores fotossensveis que determinar a quantidade de
pixels presentes em uma imagem e sua resoluo.
A resoluo de uma imagem digital a relao entre a nitidez e o tamanho
da imagem. Quanto mais clulas fotossensveis existirem em um sensor deimagem, mais pixels teremos e melhor sero os detalhes gravados e maisntidas sero as imagens. Entretanto, se algum ampliar indefinidamente aimagem, chegar um momento em que os pixels vo comear a aparecercomo pontos multifacetados - a chamada pixelizao (Breslow, 1991)27.
Assim, uma imagem formada por um nmero maior de pixels poder sofrer
ampliaes maiores do que outra formada por um nmero reduzido de pixels. As clulas
fotossensveis so distribudas sobre a superfcie de um sensor de imagem como uma teia
(grade). A resoluo de uma cmera ser determinada pela quantidade de elementos
fotossensveis que existem nesta grade. Se uma cmera digital possuir um sensor de imagem
com uma teia de 1600 sensores (largura) por 1200 sensores (altura), este ir gerar uma
imagem de 1600 x 1200 pixels. Essa cmera ter ento, uma resoluo de (1600 x 1200
pixels) 1,92 megapixels (GONZALEZ e WOODS, 2003, p 258)28.
importante ressaltar que quanto maior a quantidade de pixels numa imagem, maior
ser o tamanho do arquivo resultante. Muitas cmeras permitem ao usurio escolher o modo
de resoluo das imagens de acordo com a finalidade de uso dessa imagem. Imagens que
26 BRESLOW, Norman. Op. Cit. 1991.27 Idem.
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sero exibidas apenas na web, devem ter um tamanho de arquivo reduzido e uma resoluo
menor, por conseqncia - para facilitar o carregamento dos arquivos.
Conforme Gonzalez e Woods (2003), se a inteno a impresso da imagem, a
resoluo dever ser a maior possvel. Uma imagem cuja resoluo seja de 2048 x 1560
pixels, resultar em um arquivo de 3,3MB. Entretanto, poder fornecer uma impresso, sem
qualquer perda de nitidez, de 17,34 x 13 cm. Mas, se a imagem capturada possuir uma
resoluo baixa, de apenas 640 x 480 pixels (resoluo bsica para imagens veiculadas na
web), a impresso resultar em uma imagem de apenas 5,42 x 4,06 cm.
Como o problema da resoluo crtico, desenvolveu-se o artifcio de acrescentar
pixels fantasmas (artificiais) imagem para simular maior resoluo. Isso possvel por
existir dois tipos de resoluo: a tica e a interpolada. A resoluo tica o nmero absolutode pixels que o sensor consegue capturar fisicamente durante a digitalizao, seja numa
cmera ou em um scanner (INFOWESTER, 2003)29. Porm, conforme Negraes (2001)30,
com o emprego de softwares incorporados na cmera (ou com o emprego de um programa de
edio de imagens), possvel acrescentar pixels artificiais imagem, num processo chamado
de interpolao. O software analisa a imagem e cada um dos pixels que a compe para criar
um vizinho para cada um deles. Estes pixels artificiais seriam clones dos originais, copiando
suas caractersticas de cor e brilho, mas quase sempre esse processo deficiente e a imagemresultante tem pouca qualidade. Nesse processo de interpolao, no h acrscimo de
informao imagem, mas o arquivo tende a crescer.
Quanto exibio da imagem, os dispositivos de sada (visualizao) das imagens
digitais podem ser tanto dispositivos para impresso como monitores de TV e computadores.
No caso do presente estudo, vamos apenas discutir, como dispositivos de sada, os monitores
de computadores. Os monitores so os dispositivos empregados para a exibio das imagens
digitais veiculadas na Web.A maioria dos monitores atuais se baseia na tecnologia de tubos de raioscatdicos (CRT catode ray tube), j bastante antiga, mas capaz de ofereceruma boa relao custo/benefcio, para produzir imagens de qualidade emcomputadores pessoais. Entretanto, os monitores de tela de cristal lquido( LCD liquid cristal displays) cobrem uma boa fatia do mercado.Fabricantes como a Apple, NEC Mitsubish e Hitachi no fabricam maismonitores do tipo CRT (AZEVEDO e CONCI, 2003, p.18)31.
28 GONZALEZ, Rafael C. e WOODS, Richard. E. Op. Cit., 2003,. P 25829 INFOWESTER. Scanners. Disponvel em http://www.infowester.com/scanners.php . Acessado em 12 de
setembro de 2004.30 NEGRAES, Roberto. Manual online de fotografia digital. Banco da Imagem. Disponvel emhttp://www.bancodaimagem.com.br/curso/index.html . Acessado em 10 de agosto de 2004.31 AZEVEDO, Eduardo e CONCI, urea. Computao Grfica. Rio de Janeiro: Campus, 2003. P18.
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O conceito de resoluo de imagem tambm se aplica aos monitores. Assim como as
cmeras, utilizadas para a captura (aquisio de imagens), os monitores possuem uma
resoluo determinada por sua largura e altura em pixels. Para Azevedo e Conci (2003), o
pixel deve ser encarado como uma unidade lgica e no fsica. O tamanho do pixel vai
depender de como a resoluo da tela foi configurada. Desta forma, se estiver sendo usada a
resoluo mxima, um pixel ser equivalente a uma unidade fsica do monitor. Porm, para
resolues menores do que a mxima, um pixel ser composto por mais de um ponto fsico da
tela (AZEVEDO e CONCI, 2003, p.21)32.
A forma de imagem na tela depende da resoluo e do tamanho do monitor. A mesma
resoluo produzir uma imagem de melhor qualidade, menos reticulada, em um monitor
menor, e perder gradualmente a forma, medida que forem usados modelos maiores. Issoocorre porque o mesmo nmero de pixels ter que se espalhar por uma rea maior da tela.
(GONZALEZ e WOODS, 2003 p. 27)33.
O atual padro de resoluo adotado por grande parte dos stios e portais na Web de
800 x 600 pixels. Softwares baseados em janelas (windows) costumam trabalhar com
resolues de 1024 x 768 pixels, para evitar que a imagem necessite de ampliaes com o
emprego dos recursos dozoom.
Existe uma estreita relao entre a resoluo usada e o tamanho do monitor.Resolues muito altas em uma tela pequena podem resultar em problemas, pois alguns
programas (softwares) utilizam textos limitados a um nmero fixo de pontos. Desse modo,
quando apresentado em telas pequenas configuradas com alta resoluo, o texto aparecer
muito reduzido para propiciar uma leitura confortvel. Por outro lado, aumentar o tamanho
de um monitor nem sempre a soluo indicada (AZEVEDO e CONCI, 2003, p21)34. Se a
resoluo no puder acompanhar o aumento da tela, o resultado ser caracteres e imagens
mais reticulados.No caso dos monitores de cristal lquido (LCD), os tubos de raios catdicos so
substitudos por uma rede de clulas contendo cristal lquido e filtros coloridos polarizados.
Essas clulas fazem o papel dos pixels nos monitores de raios catdicos (CRT), e um pixel
pode ser formado por mais de uma clula. No entanto, essas clulas no podem variar em
suas dimenses.
No monitores tipo CRT, podemos aumentar ou diminuir, sempreproporcionalmente, o nmero de linhas e colunas, aumentando ou
32 Idem. P 21.33 GONZALEZ, Rafael e WOODS, Richard. Op. Cit.34 AZEVEDO, Eduardo e CONCI, urea. Op. Cit.
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diminuindo o nmero de pixels (...) nos monitores de cristal lquido isso no to simples pois cada clula vem com dimenses predefinidas. Aoalterarmos a resoluo da imagem, provocamos a distoro da imagem. Issoocorre porque no possvel fazer um aumento proporcional (altura elargura) da tela (AZEVEDO e CONCI, 2003. P23)35.
As telas de cristal lquido podem ter vrios problemas. Um dos principais decorrente
da forma como as telas so montadas. Cada tela montada sobre um substrato de vidro com
um nico chip (conjunto de transistores). Levando em conta que uma tela preparada atingir
uma resoluo de 800 x 600 pixels pode conter mais de 6 milhes de transistores, as chances
de ocorrer um defeito em um destes transistores relativamente comum. Toda tela de LCD
possui pequenos defeitos e, para descobri-los basta preench-la com um fundo preto ou
branco. Os pontos que mais se destacarem so os defeituosos.As telas de cristal lquido, empregadas em notebooks apresentam ainda outros
problemas. Essas telas so construdas empregando uma grade de fios condutores. Cada
interseo dessa grade forma um pixel e a corrente necessria para a polarizao transmitida
por esses fios. A forma como essa corrente circula entre as linhas, sempre de um ponto
superior em direo ao ponto a ser ativado, provoca uma cintilao da imagem. Para amenizar
essa cintilao, conforme Gonzalez e Woods (2003), os cristais empregados so de baixa
resposta o que acarreta uma reduo na nitidez da imagem que pode ser percebida durante a
execuo de vdeos ou games. Outro problema um efeito denominado crosstalk, causado
pela interferncia do campo magntico de uma clula sobre clulas de cristal lquido vizinhas.
3.4. Imagem digital e reproduo de cores
A luz percebida pelo olho humano uma pequena parte de toda radiao
eletromagntica existe no universo. (Nuclio, 2003)
36
. Essa radiao se propaga a partir deuma fonte de energia37 em movimentos retilneos, descrevendo ciclos em forma de ondas
regulares que vibram perpendicularmente direo de sua propagao. Embora no seja nossa
inteno estudar ptica, ou fsica da luz, importante a discusso de alguns conceitos para a
compreenso de como as imagens e as cores so percebidas.
35 Idem.36Nuclio Interactivo de Astronomia. Disponvel em http://www.portaldoastronomo.org . Acessado em 13 de
setembro de 2004.37 As fontes luminosas so dividas em (a) fontes naturais: Estrelas. Para ns, devido distncia que nosencontramos desses objetos, somente o sol ser considerado fonte natural de radiao luminosa; (b) as fontesartificiais, como as lmpadas, etc.
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A luz, parte visvel dessa radiao, chamada de espectro luminoso. O espectro
luminoso constitui uma estreita faixa de comprimento de onda que varia de 400 a 700nm38.
Existem trs comprimentos bsicos de onda luminosa: o azul, prximo aos 400nm refere-se
faixa de luz mais intensa, o verde ,um comprimento intermedirio, e o vermelho, com
700nm, e que corresponde faixa mais fraca, prxima radiao infravermelha e s ondas de
rdio (LABORATRIO DE FSICA UFC, 2001)39.
Cada um dos comprimentos de onda que formam este espectro, produz um estmulo
diferente na parte posterior do olho humano. Esses estmulos, conforme Bertulani (2002)40,
so transformados em impulsos eltricos que, enviados ao crebro, permitem-nos perceber as
imagens e as cores dos objetos que as compem41. A mistura dos trs comprimentos bsicos
de onda formam o que percebemos como luz branca.Todos os objetos que podemos ver e fotografar, dependem tanto da luz que ilumina
esses objetos quanto das propriedades especficas de suas superfcies e texturas. Isso tem
conseqncias prticas importantes para a fotografia, principalmente em funo da exposio
correta (abertura do diafragma e velocidade do obturador). No caso da imagem digital no
diferente, em funo da sensibilidade necessria para um sensor de imagem capturar as cores.
Existem diversas implicaes no modo como as fotoclulas que compem um sensor
percebem a luz, e como essa informao processada.Um dos principais problemas da fotografia sempre foi a correta captura das cores tal
como o olho humano capaz de perceb-las. Os materiais fotogrficos no reproduzem toda
a gama de tons e cores perceptveis pelo olho humano. Nas primeiras emulses fotogrficas,
apenas os objetos azuis eram percebidos corretamente. Pouco tempo depois, na metade do
sculo XIX, as emulses fotogrficas passaram a ser ortocromticas, percebendo o verde,
mas ainda ignorando os tons vermelhos e alaranjados. Logo depois surgiram as emulses
pancromticas que so sensveis a todas as cores do espectro visvel e tambm s radiaesultravioleta.
38 Unidade mtrica utilizada para expressar os valores de comprimentos de ondas. 01 nanometro (nm) eqivale potncia de 10a menos 9, ou 0,000000001 m. In: http://www.inmetro.gov.br/consumidor/unidLegaisMed.asp.39 Laboratrio de fsica Universidade Federal do Cear (UFC). http://www.fisica.ufc.br/coresluz3.htm .40 BERTULANI, C. A. Luz e Cor. Projeto Ensino de fsica distncia. Instituto de Fsica UFRJ. Disponvelem: http://www.if.ufrj.br/teaching/luz/cor.html .41 Os fotoreceptores do olho humano apresentam caractersticas totalmente diferentes. Existem na verdade trstipos de cones que respondem a espectro de cores distintos (vermelho, verde e azul). Sendo assim, diz-se que o
sistema visual humano distingue as cores pelo processo da tricromacia. Nota-se que a eficincia do cone queresponde a cor azul possui uma eficincia bem menor do que os outros dois tipos de cones. Os bastonetes por suavez, embora sejam maioria absoluta, s conseguem captar a luminosidade da cor, ou seja, s respondem a umespectro e desta forma no diferenciam cores.
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Apesar das limitaes ainda presentes, podemos admitir que essas emulses possuem
o equilbrio de sensibilidade s cores bem prximo da viso humana (SCHISLER, 1995,
p.22)42. Os filmes em cores sempre sofreram do mesmo problema, principalmente quando da
copiagem, em papel, das imagens fotogrficas.
As imagens digitais tambm enfrentam o mesmo problema. A amplitude de cores
que um sensor de imagem digital consegue capturar tambm inferior viso humana
(BRESLOW, 1991)43. Filmes fotogrficos positivos (slides) possuem maior sensibilidade s
cores do que qualquer sensor digital atualmente em uso, embora tambm sejam superiores ao
filme fotogrfico negativo em cores.
Os sensores das cmeras digitais, trabalham com o padro de cores RGB, o mesmo
padro dos monitores e que iremos explicar melhor a seguir, gravam apenas em escalas decinza, em uma srie de 256 tons de cinza que vai do branco puro ao preto. Basicamente, os
sensores capturam apenas o brilho das imagens (GONZALEZ e WOODS, 2003, p. 8)44. As
cores percebidas so obtidas com o emprego de filtros coloridos (azul, verde e vermelho)
posicionados sobre o sensor para separar as luzes refletidas de um objeto colorido.
O que determinar a forma de funcionamento desse conjunto (sensor + filtros) ser a
tecnologia de construo e funcionamento da cmera digital. Cmeras digitais podem capturar
imagens de trs formas diferentes. Curtin (2000) classifica as cmeras digitais em:(a) cmeras digitais de um chip (sensor) e um disparo: usam filtros de cordiferentes em cima de cada fotoclula para capturar todas as trs cores comuma nica exposio, (b) cmeras de um chip e trs disparos: fazem trsexposies separadas: um para cada filtro vermelho, verde e azul. A cadadisparo, um filtro diferente posicionado frente do sensor de imagem; (c)cmeras de dois chips: capturam crominncia45 usando um sensor(normalmente equipado com filtros para luz vermelha e luz azul) eluminncia46 com um segundo sensor (normalmente o que captura a luzverde). Estas mquinas exigem menos interpolao para obter coresverdadeiras; (e) cmeras de trs chips: usam trs sensores de imagem, cada
um coberto com um filtro sensvel ao vermelho, verde ou azul. Um divisorde luz dentro da cmera as imagens incidentes em trs cpias, cada uma
42 SCHISLER, Millard W. L. Revelao em preto-e-branco, a imagem com qualidade. So Paulo: Senac/Martins Fontes, 1995.43 BRESLOW, Norman. Op. Cit. 1991.44 GONZALEZ, Rafael e WOODS, Richard. Op. Cit. 2003.45 CROMINNCIA: Caracterstica da imagem que definida por dois valores: colorao e saturao. Acolorao a parte de luz refletida por um objeto. Este absorve luz e reflete apenas uma parte do espectro
visvel. A saturao define a proporo de branco que uma cor contm. Quanto maior for a percentagem debranco, tanto menor ser o seu brilho.46 LUMINNCIA: Unidade de medida da intensidade de uma fonte de luz. Tambm utilizada como sinnimo debrilho. Os monitores e as placas de tratamento da imagem controlam a luminncia e a crominncia.
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apontando para um dos sensores. Produz imagens de alta resoluo comdistribuio de cor excelente (CURTIN, 2000)47.
Desta forma, segundo Curtin (2000), ser a tecnologia empregada no dispositivo
sensor da cmera que determinar a maior ou menor fidelidade da imagem s cores originaisdo objeto.
Restringindo-se o problema de reproduo de cores em um ambiente digital
(computador), h necessidade de uma "combinao linear" das cores bsicas para ento
formar as cores desejadas. A este processo d-se o nome de metamerismo, ou seja, quando se
tem a mesma sensao de cor. As cores na imagem apresentada em um monitor de
computador diferem em muito das cores naturais. Na verdade so mais uma simulao de
cores de modo a enganar o olho humano e permitir que enxerguemos as cores na tela.Conforme Azevedo e Conci (2003)48, a Comission Internationale de l'clairge (CIE),
props um mtodo para representao perceptual de cores, utilizando as cores bsicas
vermelho (Red), verde (Green) e azul (Blue), daqui para frente sendo denominado de RGB.
Como j foi visto anteriormente, o olho humano no consegue perceber componentes. Desta
forma, o que se faz, no caso de monitores de vdeo, projetar uma luz em um determinado
anteparo e, regulando-se a intensidade das cores RGB tentar produzir a mesma sensao de
cor (metamerismo). Esse processo chamado de processo aditivo, porque quando as trscores so combinadas em partes iguais, formam o branco. Em um monitor, cada pixel ser
formado por trs pontos, cada um de uma cor ( vermelha, verde e azul). Alm disso,
monitores no precisam usar meios-tons para criar cores porque podem variar a intensidade da
cor em cada pixel.
O grande problema com os monitores para a imagem digital que existem centenas
de modelos, cada um com um modo prprio de apresentar cores na tela. Conforme as
imagens passam de uma cmera digital ou de um scanner para um computador, so tratadas e
editadas, e enviadas para pginas da Web e depois exibidas em um monitor, as cores sofrero
variaes pois cada equipamento tem seu modo de apresent-las. Para se conseguir cores mais
consistentes em uma grande variedade de equipamentos, preciso um sistema de
gerenciamento de cores.
Um sistema de gerenciamento de cores um software capaz de analisar o espectro
de cores de determinado dispositivo atravs de um perfil de cores, a partir da indicao do
47 CURTIN, Dennis P, Os fundamentos da imagem digital. http://www.imagem-digital.com/chapter02-D-f.html.48 AZEVEDO, Eduardo e CONCI, urea. Op. Cit. P 189
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meio (dispositivo) de sada (visualizao), para que o sistema automaticamente compense as
cores, a fim de se obter a mesma visualizao.
Como afirma Fernandes (2004)49, durante muitos anos, todas as solues disponveis
para um correto gerenciamento da cores eram baseadas em sistemas proprietrios, ou seja,
equipamentos e softwares que funcionam em conjunto, mas que oferecem bons resultados
somente para equipamentos do mesmo fabricante.
Em 1993, foi criado oICC (International Color Consortium), que tinha como objetivo
principal criar um sistema de gerenciamento de cores que fosse independente de qualquer
marca ou fabricante. Ao mesmo tempo, aApple iniciou o desenvolvimento do ColorSync, que
nada mais do que uma parte do sistema operacional do Mac que permite aos programas
seguirem as padronizaes de cor indicadas pelo ICC. Para o sistema operacional Windowsencontraremos oAdobe Gamma, programa instalado a partir doAdobe Photoshop.
Dessa forma, para uma boa visualizao das imagens digitais, no apenas as cmeras e
os scanners devem ser calibrados, mas tambm os dispositivos de sada (exibio) devem
tambm ser ajustados para manter o padro de cores. Esse ajuste/ correo ser mais ou
menos preciso dependendo da qualidade do dispositivo. Monitores novos tero uma melhor
resposta aos ajustes do que um outro com trs anos de uso.
A forma mais correta de calibrao50
de um monitor com o auxlio de um aparelhochamado colormetro, capaz de medir as caractersticas colorimtricas do monitor e criar
profiles de cor (perfis de cor), que nada mais so do que arquivos gravados no sistema
operacional, que contm informaes sobre a capacidade de cor de cada monitor. Cada vez
que o seu computador mandar um pixel de cor para a tela ele ir consultar o profile de cor
do monitor e ajustar a cor correta (PORTAL DAS ARTES GRFICAS, 2004)51.
Assim, da mesma forma, que imagens digitais produzidas para jornais e revistas
correm o risco de no possurem a qualidade desejada quando impressas, nos parece evidenteque, frente s dificuldades para visualizao da imagem em um monitor, as imagens que
49 FERNANDES, Ricardo. Gesto de cor. Disponvel em http://portaldasartesgraficas.com/forum .50 Uma das maiores dificuldades na implantao de sistemas que utilizem gerenciamento de cor baseado emperfis a calibrao correta dos monitores e programas. Especialmente porque alguns aparelhos necessrios sode difcil operao ou no esto disponveis maioria dos usurios de computadores. (...) possvel executaruma calibrao dos monitores de forma mais simples, com o uso de um software (ADOBE GAMMA) instaladojunto com o ADOBE PHOTOSHOP. Antes de iniciar esta calibrao, o monitor deve estar ligado por uns 30
minutos. Este procedimento deve ser executado uma vez por ms(...). In: PORTAL DAS ARTES GRFICAS.Disponvel em: http://portaldasartesgraficas.com/artigo_gestao_cor.htm .51 PORTAL DAS ARTES GRFICAS. Calibrao de monitores e outros equipamentos digitais. Disponvelem: http://portaldasartesgraficas.com.
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compem uma pgina na web no tero a mesma qualidade (definio) de uma fotografia
vista em um impresso.
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