bem-estar na produção de alevinos de tilápia-do-nilo - pdf
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
CÂMPUS SÃO LUÍS DE MONTES BELOS
CURSO DE ZOOTECNIA
BEM-ESTAR NA PRODUÇÃO DE ALEVINOS DE
TILÁPIA-DO-NILO
Acadêmico: Fábio de Freitas Paiva
Orientadora: Profª Drª Raquel Priscila de Castro Oliveira
São Luís de Montes Belos
Agosto de 2015
ii
FÁBIO DE FREITAS PAIVA
BEM-ESTAR NA PRODUÇÃO DE ALEVINOS DE
TILÁPIA-DO-NILO
São Luís de Montes Belos
Agosto de 2015
Monografia apresentada ao
Curso de Zootecnia do
Câmpus São Luís de Montes
Belos, Universidade Estadual
de Goiás, para obtenção do
grau em Bacharel em
Zootecnia.
iii
iv
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Deus que mesmo em momentos difíceis sempre me
acompanhou e me amparou com seu amor e graça.
v
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, o Pai criador que me acompanha em todos os momentos de minha vida.
A minha família, que sempre me apoiou e ajudou a conquistar meu sonho.
A minha ‘’mãe, ‘chefa’, professora, amiga e colega de profissão ’’, Raquel Oliveira por toda compreensão, carinho e paciência infinita.
A minha ‘’chefa’’, Milena Rizzia por sempre me incentivar e mostrar todo o potencial que tenho.
Ao quadro de professores, por terem me instruído, ensinado e orientado durante estes incontáveis anos que passei na instituição.
Aos funcionários da Universidade por fazerem um trabalho tão justo que nos propicia todos os dias condições para estudo.
A Universidade Estadual de Goiás – Câmpus São Luís de Montes Belos pela oportunidade concebida a mim para realização do curso de Zootecnia.
A todos os Docentes do curso de Zootecnia do câmpus São Luís de Montes Belos, deixo um muito obrigado por todo conhecimento adquirido durante esses anos, me preparando da melhor maneira possível para o mercado profissional.
Aos meus supervisores de estágio Adriano patrão, João Barbosa e Ramon Amaral em nome da Piscicultura A3 por me receberem com tanto apresso e portas abertas o que demonstou confiança em meu trabalho.
vi
A toda equipe de funcionários da empresa Piscicultura A3, pela paciência e troca de conhecimentos de uma forma tão simples e proveitosa e as novas amizades feitas no período de estágio.
A todos amigos que dividiram casa comigo e suportaram meus enjoos de alguma forma: Rafael Dias, Girlei Gonçalves, Leandro Arruda, Felipe Diniz, Thalles Bueno, Danilo Pires, Murilo Carlos, Iago Almeida, Anderson Catalão e Diogo Caetano.
Ao meu grande amigo, irmão, uma das melhores pessoas que tive o prazer de conhecer durante esses anos e que pretendo levar comigo para o resto de minha vida, Georgios Bruno obrigado pelo companheirismo, amizade, cumplicidade, apoio Obrigado irmão!
A minha grande amiga, irmã, companheira que me levou a ver um novo lado da zootecnia e que graças ao seu esforço e companheirismo tenho o prazer de defender este trabalho. Obrigado Emília Camargo.
A minha grande amiga e companheira Bruna de Azeredo Bastos por fazer parte de minha vida e ter me aconselhado tanto durante esses anos de amizade.
A minha amiga que sempre esteve comigo em dias bons e principalmente nos ruins, alguém que tive o prazer de conviver e caminhar. Obrigado Paulla Barbosa.
A Claudinha Luz por toda paciência e zelo em realizar seu trabalho com tanta
competência e por ter me ajudado tanto nestes anos.
vii
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS............................................................................ Ix
LISTA DE QUADROS........................................................................... Xi
RESUMO............................................................................................. Xii
ABSTRACT.......................................................................................... Xiii
1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 1
2 REVISÃO DA LITERATURA................................................................ 3
2.1 Tilápias................................................................................................. 3
2.1.1 Características da Tilápia-do-Nilo........................................................ 4
2.1.2 Monossexo........................................................................................... 5
2.2 Sistema Intensivo, Viveiros................................................................... 6
2.2.1 Características da qualidade da água em viveiros para criação de tilápias-do-Nilo......................................................................................
7
2.2.1.1 Temperatura......................................................................................... 7
2.2.1.2 Transparência e produção de plânctons ............................................. 8
2.2.1.3 Potencial Hidrogênico (pH) e calagem................................................. 9
2.2.1.4 Oxigênio dissolvido (OD)...................................................................... 9
2.2.1.5 Amônia ................................................................................................ 10
2.2.2 Capacidade de suporte........................................................................ 11
2.3 Fator de Condição ................................................................................ 11
2.4 Conceitos de Bem-Estar na Produção Animal...................................... 11
2.4.1 Legislação brasileira para bem-estar animal........................................ 12
2.4.2 Senciência............................................................................................ 13
2.5 Conceitos de Bem Estar na Produção de Peixes................................. 13
2.5.1 Cinco liberdades................................................................................... 13
2.6 Cinco Liberdades Aplicadas a Peixe..................................................... 14
2.6.1 Liberdade fisiológica............................................................................. 15
2.6.2 Liberdade ambiental............................................................................. 17
2.6.3 Liberdade sanitária............................................................................... 17
2.6.4 Liberdade comportamental................................................................... 18
2.6.5 Liberdade psicológica......................................................................... 18
viii
3 RELATÓRIO DE ESTÁGIO.................................................................. 19
3.1 Período de Estágio............................................................................... 19
3.2 Descrição da Empresa.......................................................................... 19
3.3 Descrição das Atividades Realizadas................................................... 19
3.3.1 Preparação dos viveiros ...................................................................... 19
3.3.2 Transporte dos alevinos....................................................................... 21
3.3.3 Recepção dos alevinos e aclimatação ................................................ 22
3.4 Seleção................................................................................................. 23
3.4.1 Seleção na recepção dos alevinos....................................................... 23
3.4.2 Biometria no arraçoamento.................................................................. 23
3.5 Ração Fornecida................................................................................... 24
3.6 Manejo Alimentar.................................................................................. 25
3.7 Qualidade de água............................................................................... 26
3.8 Transferência Para os Tanques-Rede.................................................. 27
3.9 Avaliação do Bem-Estar na Piscicultura............................................... 31
3.9.1 Cinco liberdades................................................................................... 31
3.9.1.1 Liberdade fisiológica ............................................................................ 32
3.9.1.2 Liberdade ambiental............................................................................. 32
3.9.1.3 Liberdade sanitária .............................................................................. 32
3.9.1.4 Liberdade comportamental................................................................... 33
3.9.1.5 Liberdade psicológica........................................................................... 32
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................ 34
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 35
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus) com coloração desejada na
espécie.................................................................................................
5
Figura 2 Viveiro com cal virgem em preparação para receber alevinos (vazio
sanitário por sete dias).........................................................................
20
Figura 3 Imagem A: Caixa de transporte para alevinos. Imagem B: retirada
dos alevinos das caixas de transporte.................................................
21
Figura 4 Imagem A: coleta de água do viveiro. Imagem B: Água utilizada para
aclimatação..........................................................................................
22
Figura 5 Ração utilizada na alevinagem com teor de 40% de proteína bruta e
granulometria 2mm...............................................................................
24
Figura 6 Arraçoamento de alevinos com ração extrusada 1.2mm 40% de PB
em sistema intensivo de produção.......................................................
25
Figura 7 Despesca dos alevinos para transferência do viveiro aos tanques-
rede realizada por colaboradores. Em cada despesca foram
retirados aproximadamente 60 mil alevinos.........................................
26
Figura 8 Contagem de alevinos feita por colaboradores.................................... 27
Figura 9 Caixa de transporte com oxigenação................................................... 28
Figura 10 Retirada dos alevinos das caixas de transporte com auxilio de puçá
levados ao duto de transporte............................................................
29
Figura 11 Transferência de alevinos. Duto utilizado para recepção de alevinos
nos tanques rede..................................................................................
29
x
Figura 12 Transferência de alevinos. Duto utilizado para recepção de alevinos
nos tanque-rede...................................................................................
30
xi
Lista de Quadro
Quadro 1 Características das Tilápias mais cultivadas no mundo................ 4
xii
RESUMO
A avaliação do bem-estar animal é de suma importância à produção de alevinos para garantir o sucesso da produção, pois estes se tornarão os futuros animais a serem engordados e comercializados. Este trabalho foi elaborado com o intuito de abordar cuidados que devem ser realizados com os alevinos desde a concepção à transferência fornecendo bem-estar. São estes cuidados: recepção dos alevinos, alimentação, manejos gerais e despesca, tendo em vista aspectos sanitários, alimentares, estressores e ambientais. O estágio foi realizado na Piscicultura 3A integrada do grupo Ambar Amaral, localizada no município de Santa Fé do Sul São Paulo com inicio no dia 17 de dezembro de 2014 e fim no dia 06 de março de 2015 totalizou 312 horas. A produção de alevinos inicia-se com o planejamento da produção de pescado por ciclo em que há interesse pelo piscicultor, construção dos viveiros para estocagem destes animais, cuidados com a manutenção, arraçoamento, qualidade da água, prevenção à predadores ou agentes estressores, qualidade sanitária do ambiente em que os peixes são alocados, liberdade para expressar comportamentos típicos da espécie e qualidade de vida dos peixes. Desta forma, garantir por meio de práticas de bem-estar produtividade elevada e com baixa mortalidade sem diminuir a qualidade de vida destes animais. PALAVRAS-CHAVE: Cinco liberdades, qualidade de vida, produtividade, sistema intensivo e viveiros.
xiii
Abstract
The assessment of animal welfare is of paramount importance to production fingerlings to ensure the success of production, since these will be the future animals to be fattened and marketed. This work was done with the intention of address care that should be performed with fingerlings from conception to transfer providing welfare. Are these precautions: The production of fingerlings is initiated with planning of fish production per cycle in which there is interest by the pisciculturist, construction of nurseries for in which these is interest by the maintenance, feeding, water quality, prevention of stocking of predators or stressors in the municipality Santa Fé do Sul – São Paulo commencing on December 17, 2014 and end on March 6, 2015, totaling 312 hours. Sanitary quality of the environment in which the fish are allocated, freedom to express typical behaviors of the specie and quality of life of fish. This way we ensure through welfare practices, high productivity and with low mortality without diminishing the quality of life of these animals. KEYWORDS: Five freedoms, quality of life, productivity, intensive system and nurseries.
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, a criação de peixes foi uma novidade introduzida pelos
holandeses quando ocuparam parte do território nordestino, no século XVIII.
No entanto, foi a partir da década de 30 que começou a se desenvolver com o
povoamento de açudes públicos no Nordeste, destinados para armazenagem
de água, e que permitiam atender às necessidades de pesca das populações
circunvizinhas (Faria et al., 2013).
A tilápia é um peixe de origem africana que vive em água doce, as
primeiras espécies de tilápia foram introduzidas no Brasil por volta dos anos 50
(Barbosa et al., 2010).
O Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) realizou um censo no Brasil
entre outubro de 2009 a outubro de 2011, e os dados foram registros de
localização exata das atividades aquícolas e interações socioeconômicas. Foi
identificado 15.469 produtores de pescado no continente, dentre estes
produtores, 8.855 criavam tilápia, sendo, 22% na região Sudeste e 3% no
Centro-Oeste (MPA, 2014).
De acordo com dados do IBGE (2013), a produção de tilápias durante o
período de 01 de janeiro a 31 de dezembro de 2013 nos estados de São Paulo
e Goiás foram respectivamente 24.329 e 7.371 toneladas. A cidade de Santa
Fé do Sul, SP, produziu neste mesmo período, 6.486 toneladas de tilápia.
Kubtiza (2015) estima que a produção atual de tilápia se aproxime de
210.000 toneladas/ano. A tilápia é produzida em praticamente todas as regiões
do país, São Paulo se destaca no sudeste, com grande expansão nos cultivos
nos últimos 10 anos. Este crescimento se deve primeiramente a grande
aceitação do mercado aos produtos da tilápia cultivada. O mercado de tilápia e
de pescado em geral no Brasil continua com demanda maior do que a oferta, a
ponto do Brasil importar grande quantidade de pescado.
Através de processos zootécnicos aplicados na piscicultura, tem-se a
ideia de produzir o máximo ao menor custo. Está em crescimento técnicas
aplicadas para a produção com saúde e bem-estar desses animais (Pedrazzani
et al., 2007).
O conceito de bem-estar animal está aplicado a peixes com
controvérsias ligadas à capacidade de sofrimento, e foi caracterizado nos
2
peixes em contextos de interação social, memória espacial e aprendizagem
(Galhardo & Oliveira R., 2006).
Com o decorrer do tempo é previsto que da mesma forma que
acontece com os outros animais, o consumidor começará a fazer
considerações sobre o bem-estar dos peixes (Pedrazzani et al., 2007).
Ao utilizar o conceito de Bem-Estar associado ao correto manejo na
produção de alevinos, os animais estão aptos à expressar suas características
genéticas, assim, é promovido o desenvolvimento satisfatório conforme as
características da espécie.
Objetivou-se com este trabalho discorrer sobre o bem-estar na
produção de alevinos de tilápia-do-Nilo e garantir por meio de práticas de bem-
estar produtividade elevada com baixa mortalidade sem diminuir a qualidade de
vida destes animais.
3
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Tilápias
De acordo com o Ministério da Pesca e Aquicultura (2014) o Brasil
possui condições favoráveis para a produção aquícola, visto que disponibiliza
3,5 milhões de hectares de lâmina d’água em reservatórios de usinas
hidrelétricas e em propriedades particulares no interior do país. A estratégia do
Ministério da Pesca e Aquicultura para fortalecer a produção nacional de
pescado incorpora a criação de parques aquícolas continentais e marinhos em
águas de domínio da União.
A tilápia foi introduzida no Brasil em 1953, quando a “Light”, em São
Paulo, importou Tilápia Rendalli do Congo. Posteriormente, em 1971, o
Departamento Nacional de Obras Contra a Seca - (DNOCS) introduziu
exemplares da espécie Tilápia Nilótica (Oreochromis niloticus) com o intuito de
povoar os reservatórios públicos da Região Nordeste (Oliveira et al., 2007).
Figueiredo Junior & Valente Junior (2008) corroboram e complementam
o trabalho de Oliveira et al. (2007) informando que os Estados de São Paulo e
Minas Gerais, através de suas companhias hidrelétricas, produziram na década
de 70 alevinos para povoamento de seus reservatórios. Essa tentativa de
dispersão da espécie fracassou devido à falta de conhecimento. No entanto, a
tilapicultura firmou-se como atividade empresarial a partir de 1980, quando
surgiram os empreendimentos pioneiros.
Kubitza (2000) afirmou que existe mais de 70 espécies de tilápias, a
maioria delas oriundas da África, quatro destacam-se na aquicultura graças as
suas características, conforme observado no quadro 1.
Cruzamentos entre espécies têm sido utilizados na obtenção de
híbridos machos ou de híbridos em linhagens de tilápias vermelhas. As
características destes híbridos e linhagens geralmente são intermediárias às
das espécies que os originaram (Kubitza, 2011).
4
Oreochromis
Niloticus
Oreochromis
aureus
Oreochromis
mossambicus
Oreochromis
u. hornorum
Crescimento XXXXX XXXXX XXX XXX
Tolerância à
baixas
temperaturas
XXX XXXXX XXX XXX
Tolerância à
alta salinidade
XXX XXXX XXXXX XXXXX
Idade de
maturação
sexual
5-6 meses 4 meses 3meses 3-4 meses
Produção de
alevinos
(prolificidade)
XXXXX XXXX XXX XXX
Legenda: Quanto maior o numero de X, melhor são os indicadores de características Fonte: Kubitza, 2000.
Quadro 1. Características das Tilápias mais cultivadas no mundo.
2.1.1 Características da Tilápia-do-Nilo
Oliveira et al. (2007) relataram que a tilápia nilótica apresenta hábito
alimentar fitoplanctófago (alimenta-se de algas), aceita rações comerciais
elaboradas à base de subprodutos da agropecuária. Kubitza (2000)
acrescentou que a Tilápia-do-Nilo apresenta habilidade em se alimentar do
plâncton, assim, quando cultivada em viveiros de águas verdes, supera em
crescimento e conversão alimentar as demais espécies de tilápias.
A Tilápia-do-Nilo possui dentes rudimentares nos lábios, intestino
longo, respiração do tipo branquial e o corpo coberto por escamas (Oliveira et
al., 2007). A coloração deste gênero geralmente é cinza escuro, com
nadadeiras caudais, apresenta listras pretas delgadas e verticais. Os machos,
durante o período reprodutivo, apresentam a superfície ventral do corpo e as
nadadeiras anais, dorsais e pélvicas pretas, a cabeça e o corpo com manchas
vermelhas (Pereira & Silva, 2012).
5
Fonte: Aquabel, (2013).
Figura 1: Tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus) com coloração desejada na espécie.
2.1.2 Monossexo
Lima (2011) relatou que o cultivo monossexual é uma técnica que
consiste em cultivar indivíduos de mesmo sexo e apresenta algumas vantagens
como: impedir a reprodução nos viveiros, maior rendimento de carcaça e
controle da população.
Um grande entrave existente com o cultivo de tilápia-do-Nilo está
relacionado com a precoce maturidade sexual e elevada fecundidade, o que
acarreta a elevação da população em condições de cultivo. Este fato pode
provocar grandes prejuízos aos cultivos devido à redução das taxas de
crescimento dos animais envolvidos na reprodução, competição pelo alimento
e queda na qualidade da água devido à elevada população presente no
sistema intensivo (Bombardelli et al., 2004).
A Tilápia-do-Nilo apresenta crescimento superior no macho
(aproximadamente 25%), maior ganho em peso e melhor conversão alimentar
quando comparados às fêmeas. A reversão sexual de tilápias é empregada
como biotecnologia para produção de monossexo, as tilápias do sexo
6
masculino, por meio de indução hormonal ou temperaturas elevadas, maximiza
a produtividade e o crescimento da tilapicultura no Brasil (Lima, 2011).
2.2 Sistema intensivo em Viveiros
Neste sistema utiliza-se maior nível técnico em comparação com o
sistema semi-intensivo (onde a ração artificial é suplemento da alimentação). É
necessário que a alimentação seja totalmente artificial, com rações
balanceadas que podem propiciar a melhor performance aos peixes (Rural
News, 2015).
Na piscicultura intensiva em viveiros utiliza-se esses métodos para
produção de peixes e para que o funcionamento desse sistema seja positivo
são necessários alguns critérios, tais como: arraçoamento dos peixes com
ração balanceada e adequada para cada espécie atenta para a fase de cultivo,
manejo criterioso e espécies adaptadas à criação em alta estocagem (LOPES,
2012).
Neste sistema de criação, os viveiros apresentam maior taxa de
renovação de água em relação aos sistemas extensivos e semi-intensivos.
Pode-se utilizar aeração suplementar para regular a disponibilidade de oxigênio
dissolvido na água. Normalmente, a opção é pelo monocultivo, com densidades
elevadas (assim as tilápias produzem acima de 20 mil alevinos por hectare),
utiliza-se ração de qualidade e frequência de alimentação (Faria et al. 2013).
Sanches & Hayashi (2001) recomendam para fase de alevinagem de
tilápias, cinco arraçoamentos diários durante o período diurno, em intervalos de
tempo semelhantes.
Para Oliveira (2010) a densidade de estocagem está relacionada com
a quantidade de peixes colocados por m2, dentre as técnicas de manejo
empregadas na piscicultura para a produção de tilápia-do-Nilo, a densidade de
estocagem é de extrema importância. Lopes (2012) definiu como taxa de
estocagem ideal de um a três peixes/m².
Viveiros para cultivo de peixes caracterizam-se pela ocorrência de
densidade superior às encontradas na natureza. Esta superpopulação torna o
ambiente instável, para a obtenção de produção é necessário o manejo
adequado (Ostrensky & Boeger, 1998).
7
Oliveira (2010) complementa a ideia de Ostrensky & Boeger (1998) e
afirmou que densidades elevadas podem acarretar alta taxa de mortalidade,
redução no crescimento do animal, altos níveis de estresse, mudança no
comportamento, redução na eficiência da reversão sexual e aumento na
transmissão de doenças, devido ao maior contato entre os peixes.
2.2.1 Características da qualidade da água em viveiros para criação de tilápias-
do-Nilo
Pereira & Silva (2012) relataram que para a criação racional dos peixes
um dos passos principais é a análise da qualidade da água. Os peixes vivem
em equilíbrio com o ambiente aquático, desta maneira os organismos bióticos e
o meio abiótico devem estar inter-relacionados e interligados. No momento em
que ocorre alguma variação, os peixes ficam estressados, o que aumenta a
possibilidade de adquirirem doenças.
A qualidade da água deve ser avaliada antes, durante e depois do
desenvolvimento da atividade de piscicultura. A criação intensiva exige análise
diária de algumas variáveis, tais como: temperatura e oxigênio dissolvido.
Outros parâmetros de qualidade da água que recomenda-se analisar
frequentemente são: transparência, pH e amônia (Faria et al., 2013).
2.2.1.1 Temperatura
A temperatura corpórea dos peixes varia de acordo com a temperatura
da água em que eles estão. O aumento da temperatura da água eleva a taxa
de metabolismo dos animais (Embrapa, 2000). Os peixes são animais
exotérmicos, a temperatura corpórea apresenta-se próxima à temperatura da
água em que vivem. Os peixes tropicais apresentam faixa de conforto térmico
situada entre 22 e 30°C (IABS, 2013).
A temperatura da água é um dos fatores que deve ser objeto de
constante monitoramento, pois é um dos parâmetros limitantes na alimentação,
provoca a redução no consumo alimentar e estresse quando não estiver na
faixa de conforto dos peixes (IABS, 2013).
8
A exigência em temperatura depende da espécie de peixe e fase de
desenvolvimento em que este se encontra (ovo, larva, pós-larva ou juvenil).
Temperaturas mínimas e máximas da água devem ser conhecidas de modo a
determinar a viabilidade do cultivo de uma espécie em particular (Kubitza,
1998).
2.2.1.2 Transparência e produção de plânctons.
A transparência é aferida com o Disco de Secchi, quando a coluna
d’água medida com o disco apresentar mais de 30 cm indica baixa
produtividade de plâncton, menor que 20 cm a produtividade de plâncton é alta,
recomenda-se transparência entre 20 e 30 cm (Pereira & Silva, 2012).
Plâncton é a comunidade de micro-organismos que vive em suspensão
na coluna d’água, divididos basicamente em fitoplâncton e zooplâncton. O
fitoplâncton é formado por pequenas algas que, a partir da luz do sol e do gás
carbônico dissolvido na água produzem oxigênio utilizado na respiração dos
peixes. Além disso, o plâncton é a base da cadeia alimentar, o zooplâncton é
formado por diminutos organismos que se alimentam do fitoplâncton e
extremamente importante para a nutrição dos peixes nos diferentes estágios de
desenvolvimento, desde larvas até adultos (Faria et al. 2013).
A produção planctônica em estações de piscicultura visa,
principalmente, suprir a demanda de alimentos vivos para larvas e alevinos. As
oscilações nos diversos parâmetros físico-químico destes viveiros definem, em
linhas gerais, as condições da qualidade de água para a produção do plâncton,
o que interfere na capacidade de produção assim como na qualidade dos
organismos produzidos (Sá & Sipaúba, 1997).
O plâncton contribui para o balanceamento da dieta da tilápia-do-nilo
pois, fornece aminoácidos essenciais, ácidos graxos, minerais e vitaminas que
pode estar ausentes ou em quantidades limitantes nas rações. Em viveiros com
alta densidade de estocagem e com água verde esta contribuição ainda pode
chegar a cerca de 30% (Kubitiza, 2006).
2.2.1.3 Potencial hidrogênico (pH) e calagem
9
O pH é representado por uma escala de 0 a 14 que indica a quantidade
de íons de hidrogênio [H+] livres numa solução. A água quando está com pH
igual a 7, diz-se que está neutra. Porém quanto maior a concentração de íons
de hidrogênio, mais ácida fica a água e o pH diminui de 7 até 0. Se a
concentração de [H+] diminuir, ela fica básica e o pH sobe de 7 até 14. É
recomendável para a maioria das espécies de peixes que o pH se situe em
faixa de 6,5 a 8,5 (Faria et al., 2013).
Com a construção de viveiros em locais com solos ácidos a água pode
apresentar valores baixos de pH e concentrações reduzidas de alcalinidade
total, apresentar sedimentos ácidos no fundo dos viveiros, o que interfere
indiretamente na produção de plânctons, o que resulta em baixa produção de
peixes e de outras espécies cultivadas (Queiroz & Boeira, 2006).
Em viveiros, a calagem pode ser usada para correção do pH,
geralmente, água com pH menor que 6,5 deve receber calagem. Esta corrige
os valores de pH e neutraliza a acidez de troca do solo do fundo dos viveiros. O
calcário agrícola é o material mais utilizado em calagem, apresenta lenta
reação na água suave elevação do pH seguro para aplicação em viveiros com
peixes (Kubitza, 1998).
2.2.1.4 Oxigênio dissolvido (OD)
O oxigênio é essencial à vida e baixas concentrações de OD na água
podem causar atraso no crescimento, redução na eficiência alimentar dos
peixes, aumento na incidência de doenças e mortalidade dos peixes (Kubitza,
1998).
A taxa de difusão do oxigênio na água é muito lenta, isto faz com que a
liberação de oxigênio pelas algas através da fotossíntese seja a principal fonte
de OD nos ecossistemas aquícolas. Para a piscicultura é necessário ocorrer
saldo positivo entre produção e consumo de oxigênio na água. A variação
diária nos níveis de OD de um viveiro depende da quantidade de plânctons
presente, assim uma correlação positiva: quanto menor a quantidade de
plânctons, menor o teor de OD (Cyrino et al., 2011).
10
As concentrações de OD declinam durante o período noturno, este
componente varia e pode causar danos à produção das 00:00 as 8:00 horas
da manhã (Queiroz & Silveira 2006).
O oxigênio dissolvido é um dos componentes da água que mais varia
durante o dia. Para desenvolvimento da Tilápia-do-Nilo, são requeridos níveis
mínimos de 2mg/L, o ideal é acima de 5mg/L. Níveis mais baixos
comprometem o desenvolvimento, sobretudo, quando se mantêm por períodos
prolongados (Barbosa et al. 2010).
2.2.1.5 Amônia
É comum o enriquecimento de viveiros com nutrientes, principalmente
o nitrogênio e o fósforo, que em geral, são oriundos do arraçoamento, adubos e
fertilizantes que contêm tais elementos. O uso inadequado desses nutrientes
podem ocasionar prejuízos tanto ambientais quanto financeiros (Mercante et
al., 2007).
O principal resíduo nitrogenado excretado por peixes é a amônia (NH3
forma não ionizada) mais tóxica aos peixes e pode causar mortalidade de
peixes. Concentrações iguais ou superiores a 0,20 mg/L, servem como alerta
no cultivo de tilápias, pois compromete diretamente à conversão alimentar,
crescimento e tolerância a manejos (Kubitza, 2000).
Macedo & Sipaúba-Tavares (2010) confirmaram o estudo de Mercante
et al. (2007) e Kubitza (2000) afirmaram que amônia é o principal resíduo
nitrogenado excretado pelos peixes, resultante do metabolismo protéico e
contribui para o aumento da decomposição microbiana de resíduos orgânicos
(restos de alimentos, fezes e adubos orgânicos).
2.2.2 Capacidade de suporte
Attayde & Panosso (2011) afirmam que no contexto da piscicultura
intensiva, a capacidade de suporte pode ser definida como a quantidade
máxima de peixes que poderá ser produzida em um ecossistema sem deflagrar
um processo de degradação ambiental pela carga de resíduos gerados.
Araripe et al. (2006) complementam que a piscicultura é uma atividade
que requer boas condições ambientais, pois esse ambiente é modificado com o
11
manejo dos peixes e seu metabolismo. O impacto da piscicultura no ambiente é
a própria produção aquícola, desta forma gera resíduos e os leva para o
ambiente uma quantidade de nutrientes compatível com o tipo de cultivo
realizado.
Para Kubitza (1999) a capacidade de suporte é quando os peixes
param de ganhar peso, ou seja, quando o incremento em biomassa for nulo.
Kubitza & Kubitza (2000) complementam e afirmam que qualquer tentativa de
superar esse limite de biomassa sem incrementar a estratégia de cultivo, pode
resultar em perda parcial ou total da produção.
O conhecimento da carga máxima de nutrientes gerados pelo sistema
de cultivo que o ecossistema é capaz de sustentar é fundamental para o
desenvolvimento da atividade, pois é uma importante ferramenta para o
controle e preservação da qualidade da água do ambiente e para a garantia da
sustentabilidade ambiental da atividade (Attayde & Panosso, 2011).
Para Kubitza & Kubitza (2000) é fundamental para o planejamento e a
otimização da produção, o conhecimento e quantificação da capacidade de
suporte.
2.3 Fator de Condição
Segundo Araújo et al. (2011) o índice de fator de condição (K) é muito
utilizado nos estudos de biologia pesqueira, o motivo é que o mesmo indica o
grau de bem-estar do peixe em relação ao ambiente de produção. O fator de
condição influencia os aspectos nutricionais recentes e/ou gastos de reservas
em atividades cíclicas, que permite a relação das condições ambientais e os
aspectos comportamentais das espécies.
Gomiero et al. (2010) relataram que a relação peso-comprimento é
uma maneira facilitada de descrever o crescimento, sem considerar a idade do
peixe. É usada para estimar o peso através do comprimento, a partir do
momento que se conhece o comprimento, ou vice e versa, uma das etapas
para o estudo do fator de condição, usada como parâmetro no estudo da
biomassa para estimativas de populações naturais ou em sistemas de
produção.
12
2.4 Conceitos de Bem-Estar na Produção Animal
O bem-estar animal é um conceito de difícil definição no meio
científico, devido à complexidade do assunto e a grande divergência observada
entre os cientistas atuantes na área (Mantenca et al., 2013).
Broom & molento(2004) definem bem-estar animal como uma
satisfeita qualidade de vida que englobam determinados aspectos referentes
ao animal, tais como saúde física e mental, longevidade e felicidade.
Galhardo & Oliveira (2007) descreveram que a área científica do
bem-estar animal tem como objetivo a caracterização da qualidade de vida dos
animais e o desenvolvimento de estratégias que permitam o seu incremento
quando os animais se encontram sob a responsabilidade de humanos.
Broom (2011) complementou que o bem-estar animal é um conceito
científico que descreve qualidade de vida potencialmente mensurável de um
ser vivo em determinado momento, no entanto, ressalta que a abordagem
científica do tema deve estar amplamente separada da ética.
Molento & Pont (2010) avaliou o bem-estar de um animal em sistema
produtivo por três possibilidades, são elas:
o animal está adaptado, porém apresenta uma função não
significativa em seu ambiente atual;
o ambiente oferece ao animal um desafio para o qual ele não
tem condições de adaptar-se;
o animal tem uma adaptação apropriada ao seu ambiente
natural, mas tal adaptação se torna inadequada;
2.4.1 Legislação brasileira para o bem-estar animal
Desde 1934 existe no Brasil a preocupação com o bem-estar animal,
quando foram estabelecidas medidas de proteção animal, no qual, princípios
de respeito aos animais já eram observados (MAPA, 2015).
A legislação de bem-estar animal no Brasil teve início com o decreto n°
24.645 de julho de 1934, no seu artigo n°225 dota o poder público de
competência para proteger a fauna, a flora e veda práticas que submetam
animais a crueldade. Através da portaria n°185 de março de 2008 (Atualizada
pela portaria n°524 de 2011) a Comissão Técnica Permanente de Bem-estar
13
Animal, com o objetivo principal de coordenar as mais diversas ações
referentes a este tema na produção animal e fomentar a adoção das boas
práticas para o bem-estar animal pela cadeia produtiva, sempre embasada na
legislação vigente e no conhecimento técnico-científico disponível (MAPA,
2015).
2.4.2 Senciência
Agência de Notícias de Direitos Animais (ANDA) (2009) define
senciência como um conceito que combina os termos “sensibilidade” e
“consciência”. O conceito chave para a compreensão do debate sobre os
direitos animais. A senciência é definida como a presença de estados mentais
que acompanhem as sensações físicas. Ela é um atributo fundamental para
todos os animais, por estes estarem separados de sua fonte de alimentos. Por
isso é considerada uma característica típica e definidora dos indivíduos do
reino animal.
De forma resumida é a capacidade de sentir, estar consciente de si ou
apenas do ambiente que o cerca. Senciência é a capacidade de sentir e
engloba os animais vertebrados (Luna, 2008).
2.5 Conceitos de Bem-Estar na Produção de Peixes
Pedrazzani et al., (2007) definem a consciência como o que é
percebido pelo animal em dado momento a respeito de sua situação imediata,
observa com atenção às imagens ou representações de objetos e eventos,
situações que os peixes enfrentam no presente, lembranças ou antecipações
de ações futuras. Galhardo & Oliveira (2006) reforçam o trabalho de
Pedrazzani et al., (2007) com seu estudo e afirmam que a formação de
aspectos mentais declarativas é um pré-requisito para a existência de
senciência e retratada em peixes em contextos de interação social, memória
espacial e aprendizagem.
Takahashi et al., (2006) afirmaram que o estresse pode ser
compreendido como a reação biológica do peixe a estímulos ameaçadores,
pode variar com a intensidade a exposição e diferentes estímulos, bem como
14
com a genética e a domesticação dos animais. O ambiente aquático é
extremamente dinâmico, com mudanças rápidas ou extremas na concentração
de OD e pH.
O conceito de bem-estar animal tem-se aplicado a peixes com
discussão relacionada à sua capacidade de sofrimento. A complexidade
cognitiva dos peixes gera implicações relevantes para o seu estatuto moral e
recomendações relacionadas com a manutenção em cativeiro (Galhardo &
Oliveira 2006). Os animais que vivem nesse ambiente enfrentam essas e
outras alterações, que podem ocasionar estresse e reduzir a habilidade na
manutenção da homeostase (OBA et al., 2009).
Certos procedimentos que implicam manipulação física, tais como: a
captura para controle de doenças, a classificação dos animais por tamanho e a
despesca são atividades causadoras de estresses físicos e psicológicos
agudos (Pedrazzani et al., 2007).
2.5.1 Cinco liberdades
De acordo com a Farm Animal Welfare Council - FAWC (2009) para
que um animal possa demonstrar seu potencial de desempenho se faz
necessário uma situação de conforto somado a de bem-estar. Assim, os
animais precisam de vários fatores a sua disposição para que possam gozar
das cinco liberdades citado pela primeira vez em 1965 pelo comitê Brambell
(grupo denominado pelo Ministério da Agricultura da Inglaterra para avaliar as
condições em que os animais eram mantidos no sistema de criação intensiva
naquele país) e depois revisada em 1970 a qual se equipara a versão de 2009.
Ainda de acordo com FAWC (2009) o comitê Brambell define o bem-
estar animal como um termo que abrange tanto o bem-estar físico quanto o
mental. Assim a avaliação ideal do animal deve se considerar desde aspectos
físicos (fisiológicos) como mentais (comportamentais). A relação entre
homem/animal no contexto do bem-estar animal é analisada e considera
diferentes situações, desta forma, toma como referência o conceito das cinco
liberdades, afirma-se que todos os animais devem ser livres de medo e
angustia, livres de fome e sede, livres de desconforto, livres de dor, ferimentos
e doenças e ter liberdade para expressar seu comportamento normal.
15
2.6 Cinco liberdades aplicadas a peixes
A definição posta pelo Farm Animal Welfare Council (FAWC), do
Parlamento Britânico em seu Código de Bem-estar para Animais de Produção,
citada por Wesbter (1987) em sua publicação definiu as cinco liberdades que
determinam o bem-estar animal. Chevillon (2000) as classificou e é
amplamente aceita e utilizada, são elas:
Liberdade fisiológica.
Liberdade ambiental.
Liberdade sanitária.
Liberdade comportamental.
Liberdade psicológica.
2.6.1 Liberdade fisiológica
Na liberdade fisiológica os peixes devem estar livres de fome, a
alimentação deve estar à disposição do animal, deve ser suficiente e
apresentar quantidade e qualidade, permite crescimento, vigor e saúde normais
de cada espécie, citado por (Webster 1987; Santana et al., 2014).
Neto & Prado (s/d) complementam com a afirmativa de que peixes com
peso médio de 1 a 20 gramas devem receber rações com teores de 40% de PB
e cerca de 10% de seu peso total, já alevinos entre 22 a 50 gramas, devem ser
arraçoados com ração 40% PB e 8% do seu peso vivo. Para peixes de 10 a
50g as rações devem ser oferecidas em pequenas partículas de modo que o
peixe possa abocanhá-los.
Kubitza (1999) descreveu que em condições naturais e em viveiros o
primeiro alimento das pós-larvas de tilápias são o fitoplâncton, os copépodos e
os cladóceros. Estes organismos possuem alto valor energético e podem
conter níveis de proteína na matéria seca que varia de 20 a 60%. Kubitza
(2003) complementa com a afirmação de que zooplâncton é o principal
alimento durante as primeiras fases de desenvolvimento dos peixes, desta
forma, a adubação feita de forma adequada, é fundamental para estimular e
possibilitar o rápido crescimento de alevinos.
16
O apetite dos peixes é influenciado por variações na temperatura por
ser é um animal exotérmico, deve-se observar diariamente a busca de alimento
pelos peixes e ajustar as taxas de arraçoamento (Sussel, 2008).
Kubitza (1999) relatou que devido à necessidade de moagem fina para
obter partículas de tamanho inferior a 0,5mm as rações para pós-larvas estão
sujeitas a maiores perdas de nutrientes por dissolução na água, principalmente
os minerais, as vitaminas hidrossolúveis, proteínas e aminoácidos livres.
Kubitiza (2009) complementa que as rações para pós-larvas
geralmente contém entre 40 e 50% de proteína e teor de gordura entre 10 e
15%. Alevinos a partir de 0,5g já podem ser alimentados com rações na forma
granulada.
Alguns fatores como temperatura ambiente, tempo de estocagem,
armazenamento com excesso de umidade, produtos amontoados, composição
química, dentre outros, o aparecimento de fungos na ração pode afetar o
consumo pelos animais e até mesmo provocar morte. É de suma importância
que os produtos sejam conservados em perfeitas condições, com locais secos
arejados e limpos, e que ofereçam condições adequadas durante o transporte
para que não prejudiquem a qualidade (Custódio et al. 2005).
Machado (2000) apresentou algumas práticas para estoque de rações
e produtos, dentre as principais estão:
Primeiro que vence primeiro que sai;
o local de armazenagem deve ser fresco, ventilado e iluminado;
as áreas de armazenagem devem ser mantidas limpas;
o empilhamento deve ser bem alinhado, em blocos regulares,
manter os paletes, com afastamento mínimo de 50cm das
paredes para evitar umidade e facilitar a limpeza,
os paletes devem respeitar afastamento de 30 cm entre si e 20
cm do piso.
2.6.2 Liberdade ambiental
Para garantir a liberdade ambiental os peixes devem ester livres de
desconforto térmico ou físico. As instalações devem ser adaptadas e fazer com
17
que o ambiente apresente conforto térmico, desta forma permite o descanso e
atividades normais (Webster 1987; Santana et al., 2014).
Segundo Hein & Brianese (2004) a temperatura ideal da água para
produção de tilápia-do-Nilo que visa o bem-estar e conforto térmico é entre 22
e 30°C. Temperaturas superiores ou inferiores influenciam diretamente na
produção de tilápias.
Produção de tilápias em sistema intensivo pode-se trabalhar com
densidades elevadas, acima de 20 mil alevinos por hectare, apresenta
quantidade superior a 3 peixes por m² (Moraes et al., 2013). Produção eficiente
é o peso que pode ser produzido com conversão alimentar adequada, em
período razoavelmente curto e com peso final aceito, desta forma se adequa a
normas de bem-estar animal (Paiva et al; 2008).
2.6.3 Liberdade sanitária
Na liberdade sanitária os peixes devem estar livres de dor, ferimentos e
doenças. As instalações devem apresentar-se de forma a minimizar o risco de
doenças, fraturas e machucados, e quaisquer casos que ocorram devem ser
reconhecidos e tratados imediatamente (Webster 1987; Santana et al., 2014).
A densidade de estocagem nos sistemas de produção de peixes é
fundamental, pois está associada ao bem-estar dos animais. Alta densidade
influencia diretamente na qualidade da água, aumenta a agressividade dos
peixes o que favorece o aparecimento de feridas, doenças e deformidades;
pode aumentar o aparecimento de infestações parasitárias e gera altas taxas
de mortalidade (Pedrazzani et al., 2007).
Huntingford et al. (2006) destacam algumas atividades humanas que
podem comprometer o bem-estar dos peixes, dentre elas estão:
Privação de alimentos durante tratamentos de doenças ou
despescas;
manuseio e remoção de água durante procedimentos
zootécnicos;
falta de cuidados para se evitar a transmição de doenças
através de animais selvagens.
18
2.6.4 Liberdade comportamental
Essa liberdade visa a Possibilidade para expressar padrões de
comportamento normais. O ambiente deve permitir e oferecer condições para
que o animal expresse seus instintos e comportamentos normais, próprios à
sua espécie (Webster 1987; Santana et al., 2014).
A densidade ideal dos grupos depende das características
comportamentais dos animais, em particular, a tendência para formar
cardumes ou a territorialidade (Pedrazzani, 2007).
2.6.5 Liberdade psicológica:
Os animais devem estar livres de medo e angustia não deve ser
exposto a situações que lhe provoquem angústia, ansiedade, medo ou dor
(Webster, 1987; Santana et al., 2014).
Devido a grande produção de peixes, há muitos animais de pequeno
porte e isto oferece uma atração maior para os predadores, peixes menores
são mais predados por se tratar de animais com pouca sagacidade no
momento de se livrarem do perigo (Huntingford et al., 2006).
Lontras e ariranhas são os principais predadores de peixes em viveiros.
O uso de telas para a cobertura de tanques e viveiros de piscicultura oferece
alternativa na proteção contra o ataque por lontras, no entanto é necessário
que a cobertura seja bem feita, utiliza-se tela de boa qualidade e malha
adequada (Marchini et al., 2011).
Dados recentes de cultivo mostram que a cobertura dos tanques com
telas anti-pássaros contribuem sobremaneira para aumentar a sobrevivência
dos alevinos (Kubitza, 2007).
Recomenda-se fornecer de quatro a seis refeições ao dia, nas quais os
peixes são alimentados à vontade (próximo da saciedade). Isso contribui para
minimizar o tempo em que estes peixes jovens permanecem susceptíveis aos
predadores (Kubitza, 2009),
3 RELATÓRIO DE ESTÁGIO
19
3.1 Período de Estágio
No dia 17 de dezembro de 2014 iniciou-se as atividades do estágio
curricular supervisionado na Piscicultura A3. O mesmo encerrou no dia 06 de
março de 2015, o que totalizou 312 horas, sob a supervisão do Sócio
Proprietário Médico Veterinário Antônio Ramon do Amaral Neto.
3.2 Descrição da Empresa
A Piscicultura A3 está localizada no município de Santa Fé do Sul – SP
e situada no reservatório da Usina de Ilha Solteira, com extensão de 1.195km².
Pertence ao Grupo Ambar Amaral, que conta com cinco empresas: Piscicultura
A3, Rações Raguife, Brazilian Fish, Agropecuária 3A, loteamento Por do Sol.
A piscicultura A3 dispõe de duas unidades. A unidade 1, no período do
estágio supervisionado estava em reforma para ser ativada como unidade de
pesquisas e experimentos. A unidade 2 era destinada a engorda de Tilápia-do-
Nilo (Oreochromis niloticus) e dispõe de:
Dez viveiros com 2.100m² cada, exclusivos para alevinagem;
a água destinada para os viveiros eram proveniente de
bombeamento mecânico diretamente do reservatório de Ilha
Solteira;
aproximadamente 60 tanques-rede de 126m³
265 tanques-rede de 27 m³, usados para fase de engorda e
terminação;
3.3 Descrição das Atividades Realizadas.
3.3.1 Preparação dos viveiros.
Os viveiros após serem despescados, foram desinfetados e expostos
ao sol para secarem, quando secos, realizava-se a aplicação de cal virgem na
proporção de 50 g/m² e o vazio sanitário respeitado por sete dias ao sol.
Posteriormente, receberam calcário dolomítico na proporção de 95 g/m². A
20
adubação não foi realizada. A figura 2 mostra viveiro em preparação para o
início de um novo ciclo produtivo. Após sete dias, os viveiros receberam água
bombeada diretamente do reservatório de Ilha Solteira.
Fonte: arquivo pessoal, 2014.
Figura 2. Viveiro com cal virgem em preparação para receber alevinos (vazio sanitário por sete dias).
3.3.2 Transporte dos alevinos.
Os alevinos chegaram a propriedade em caixas de fibra de vidro
utilizadas especificamente para o transporte de peixes vivos, proveniente de
Santa Fé do Sul - SP, com densidade aproximada de 70 mil alevinos/3 m³, para
o transporte os animais foram banhados em sal. Essas caixas de transporte
possuiam oxigenação por cilindros de oxigênio monitorados e regulados por
manômetros e fluxômetros a pressão de 8 mg/L. O oxigênio era injetado na
água através de mangueiras microperfuradas de borracha e a água foi
controlada com temperatura aproximadamente de 28 °C. A figura 3 A e 3 B
mostram como era feito o transporte dos alevinos.
21
Fonte: Arquivo pessoal, 2014.
Figura 3. Imagem A: Caixa de transporte para alevinos Imagem B: retirada dos alevinos das caixas de transporte.
3.3.3 Recepção dos alevinos e aclimatação
Os alevinos chegaram à fazenda com peso médio de 1,0g, constatado
por meio de pesagem realizada com balança digital de gancho.
A aclimatação nas caixas de transporte foi realizada com a água dos
viveiros. Com auxílio de baldes, os colaboradores da piscicultura
acrescentaram água nas caixas de transporte. O parâmetro adotado para a
quantidade de água utilizada nessa aclimatação era a temperatura aferida nos
viveiros preparados para recepção dos alevinos, esta aferição foi realizada com
auxílio de um termômetro de bulbo de mercúrio. O acréscimo de água foi
interrompido quando a temperatura da água nas caixas aproximou a
temperatura aferida nos viveiros. No dia da recepção, a temperatura registrada
da água dos viveiros foi 28°C. A figura 4 A e 4 B mostram o manejo de
aclimatação na água das caixas de transporte realizada por colaboradores da
Piscicultura A3.
A aclimatação foi realizada de forma à assegurar o menor índice de
mortalidade dos alevinos, foi realizado em horários que a temperatura ambiente
estava mais amena no período matutino e no fim da tarde, dois períodos do dia
em que se tem horários com temperaturas relativamente inferiores se
comparadas a outros horários do dia.
A B
22
Fonte: Arquivo Pessoal, 2014.
Figura 4: Imagem A: coleta de água do viveiro. Imagem B: Água utilizada para aclimatação.
3.4 Seleção
3.4.1 Seleção na recepção dos alevinos
A seleção era realizada da seguinte forma: com auxílio de uma peneira,
os peixes foram coletados nas caixas de transporte e colocados em um
recipiente feito de cano PVC com 20cm e 50mm de comprimento e diâmetro
respectivamente, o cano foi perfurado para escoar a água. O recipiente foi
utilizado para padronizar uma quantidade aproximada na contagem dos peixes.
Realizou-se três coletas para contar a quantidade de alevinos e obtinha-se a
um valor médio de peixes no recipiente.
Os alevinos foram transferidos para os viveiros num total de 100.000
alevinos por viveiro e 47,62 peixes por m², essa era a densidade de estocagem
adotada até a despesca destes viveiros.
3.4.2 Biometria no arraçoamento
Para estimar a quantidade, tipo e granulometria de ração fornecida
para os alevinos era realizada a biometria quinzenalmente, em que se
verificava o peso dos peixes por amostragem aleatória nos viveiros.
A B
23
Para a pesagem dos alevinos, os colaboradores capturavam
quantidade aproximada de 200 peixes com auxilio de puçá. Os animais eram
colocados em sacola de manejo para a pesagem em balança digital de gancho.
A função tara da balança era selecionada a cada pesagem, desta forma, se
considerava unicamente o peso dos alevinos. O peso médio dos peixes era
estabelecido pela média aritmética, dessa forma foi possível verificar a
quantidade de alevinos.
3.5 Ração Fornecida
Na piscicultura A3 fornecia-se ração Top Fish, produzida pela empresa
Raguife pertencente ao grupo Ambar Amaral, conforme a figura 5. A ração
fornecida para alevinos variava em pó, 1.2 mm, 2.0 mm e apresenta 40% de
proteína bruta total. Esta mesma composição para as diferentes
granulometrias.
Níveis de garantia por kg de produto:
Umidade: máx. 120g;
proteína bruta: min. 400g;
extrato etéreo: min. 60g;
matéria fibrosa: máx. 60g;
matéria mineral: máx. 110g;
fósforo: min. 12g; fósforo: máx. 16g;
cálcio: min. 18g; cálcio: máx. 30g;
vitamina A: 12.000UI; vitamina D3: 3.000UI; vitamina E: 150UI;
vitamina K3: 15,00mg; vitamina B1-tiamina: 20,00mg; vitamina
B2- riboflavina: 20,00mg; vitamina B6-piridoxina: 17,50mg;
vitamina B12- cianocobalamina: 40,00mcg; vitamina C:
300,00mg; niacina: 100,00mg;
pantotenato de cálcio: 50,00mg; biotina: 1,00mg; ácido fólico:
6,00mg; cobre: 17,50mg; ferro: 100,00mg; manganês: 50,00mg;
zinco: 120,00mg.
24
Fonte: Arquivo pessoal, 2014.
Figura 5. Ração utilizada na alevinagem com teor de 40% de proteína bruta e granulometria de 2mm.
3.6 Manejo Alimentar
Na fase inicial dos alevinos foi fornecido 22% de ração em relação ao
peso vivo e no fim do ciclo, 7%. Essa relação peso vivo e fornecimento de
ração sofreu variação conforme o desenvolvimento dos peixes. A ração pó e
extrusada, assim como a granulometria da ração variou com o peso e idade
desses alevinos. Era realizado quatro arraçoamentos diários, dois no período
matutino e dois no vespertino durante os sete dias da semana.
25
O primeiro arraçoamento era iniciado as 09:00h e finalizado as 10:30h.
Esperava-se um período de 1h após o término do arraçoamento para o início
do próximo. O arraçoamento acontecia quando a oxigenação estava igual ou
superior a très ppm. Em relação à quantidade de ração fornecida, era utilizado
um software, em que o mesmo era alimentado com o peso médio dos alevinos
e arraçoamento diário. Caso houvesse sobra de ração, era pesado à
quantidade de sobra por trato e as informações repassadas ao responsável
técnico que lançava esses valores no Software. A figura 6 mostra o momento
do arraçoamento.
Fonte: Arquivo pessoal 2014.
Figura 6. Arraçoamento de alevinos com ração extruasada 1.2 mm 40% de PB em sistema intensivo de produção.
3.7 Qualidade da Água
A empresa não dispunha de kit para análise de qualidade de água. Era
necessário a visita técnica de um colaborador da empresa Raguife que fazia as
análises quinzenais dos viveiros, avalia-se oxigênio dissolvido, temperatura,
pH, turbidez e transparência. Nesses 15 dias, era feita análise de temperatura
com termômetro digital e oxigênio dissolvido com oxímetro. Os valores
encontrados de oxigênio dissolvido e temperaturas médias no período matutino
26
eram três ppm e 27°C, respectivamente, já no período vespertino 10ppm e
30°C, respectivamente, pH 7 e a transparência não foi mensurada.
Os níveis recomendados de oxigenação, amônia, temperatura, pH,
turbidez e transparência para produção de Tilápias-do-Nilo são
respectivamente: >4.0 mg/L, <10 mg/L, 22 a 30 °C, 6.5 a 8,0 20 a 30 cm
(EMBRAPA,2013).
3.8 Transferência para os Tanques-Rede
Os alevinos levaram aproximadamente 75 dias para atingirem o peso
de transferência, os peixes foram transferidos para os tanques-rede quando
atingiram peso médio de 30 gramas. Para o manejo foi utilizado uma rede de
arrasto para a despesca do viveiro. O manejo iniciava por volta de 09:00h e
com término às 13:00h. Esse manejo era realizado por colaboradores conforme
mostrado nas figuras 7 e 8.
Fonte: Arquivo pessoal, 2014. Figura 7. Despesca dos alevinos para transferência do viveiro aos tanques rede
realizada por colaboradores. Em cada despesca foram retirados aproximadamente 60 mil alevinos.
27
Fonte. Arquivo pessoal 2014.
Figura 8 Contagem de alevinos feita por colaboradores.
Para a transferência dos alevinos era feito a despesca dos viveiros, da
seguinte forma: passava a rede de arrasto para retirada total ou parcial dos
alevinos, os colaboradores coletavam os alevinos com auxilio de sacolas de
transporte feitas de material plástico perfurado. Essas sacolas serviram tanto
para transporte quanto para pesagem. Durante o processo de pesagem, as
sacolas foram molhadas e com uma balança digital de gancho (em que utilizou
a função tara) pesou os alevinos excluiu-se o peso das sacolas. Desta forma
pode-se mensurar o peso médio dos peixes em cada coleta. Realizou três
pesagens para se estimar o peso médio por quantidade de peixes. A cada
pesagem, os colaboradores contaram a quantidade de alevinos por sacola.
Este método permitiu chegar ao peso médio dos alevinos. Após a
coleta utilizou caixas de transporte com oxigenação 8mg/L para a transferência
dos peixes, conforme mostra a figura 9. Foi utilizado nesse deslocamento dos
peixes, sal comum, na proporção de 2 kg/ m³. Essas caixas apresentavam
densidades médias de 10 mil alevinos por 3m3.
28
Fonte: arquivo pessoal, 2014.
Figura 9. caixa de transporte com oxigenação;
Ao chegar no local de transferência, com auxilio de um motor-bomba,
era realizado um processo de nivelamento na temperatura da água e
aclimatação dos peixes alocados nas caixas de transporte com a água do
reservatório de Ilha Solteira. Após constatado o aplanamento da temperatura
das caixas de transporte e do reservatório (com auxilio de um termômetro de
bulbo de mercúrio) o mesmo motor-bomba era instalado no duto de transporte
para a água auxiliar na descida dos alevinos até os tanques-rede e, dessa
forma, evitar lesões nesses animais.
Os peixes foram retirados das caixas de transporte com auxilio de puçá
e transferidos para os tanques-rede através de um duto. Esse duto levou os
peixes das caixas até os tanques-rede instalados no outro lado do duto,
conforme figuras 10, 11 e 12. Após esse manejo era administrado sal na
proporção de 40g/m², nos alevinos.
29
Fonte: Arquivo pessoal, 2014.
Figura 10: Retirada dos alevinos da caixa de transporte com auxilio de puçá levados ao duto de transporte.
Fonte, Arquivo pessoal, 2014.
Figura 11. Os alevinos foram colocados em um duto que levou direto ao tanque rede.
30
Fonte: Arquivo pessoal, 2014.
Figura 12. Transferência de alevinos. Duto utilizado para recepção de alevinos nos tanques rede.
3.9 Avaliação do Bem-Estar na Piscicultura
3.9.1- Cinco liberdades
De acordo com Pinheiro & Brito (2009) a definição sobre o
comportamento animal do Conselho do Bem-Estar de Animais de Produção do
Reino Unido Farm Animal Welfare Council-FAWC, desenvolveu as ‘’cinco
liberdades’’:
Liberdade fisiológica.
Liberdade ambiental.
Liberdade sanitária.
Liberdade comportamental.
Liberdade psicológica.
Baseado nos estudos sobre essas liberdades pode ser observado
na produção dos alevinos:
31
3.9.1.1- Liberdade fisiológica
Durante o arraçoamento, foi observado que não houve falta de
alimento destinado aos peixes, o alimento com tamanho adequado a cada
categoria e tamanho do peixe e apresentava dentro dos parâmetros
recomendados por Gonçalves (2007) com valores entre 24 a 56% PB em
função da fase de desenvolvimento, a ração fornecida na piscicultura
apresentava 40% de PB.
.
3.9.1.2- Liberdade ambiental
As instalações apresentadas estavam dentro dos padrões adequados
de acordo com a liberdade ambiental. A temperatura da água se mantinha
dentro dos padrões de conforto térmico para produção dos peixes que foram
produzidos nos viveiros. As temperaturas médias aferidas ao longo dos dias
eram no período matutino em média de 27 °C e vespertino 30 °C, segundo
SEBRAE (2008), as tilápias são predominantemente de águas quentes; a
temperatura da água do cultivo pode variar de 20 a 30°C, embora possam
tolerar temperaturas de aproximadamente 12°C.
3.9.1.3- Liberdade sanitária
As instalações eram livres de quaisquer riscos de provocar traumas
nos alevinos. No momento da biometria era feita avaliação de sanidade dos
peixes, se necessário, adotava-se o protocolo de tratamento do lote no próprio
viveiro. No período de estágio não foi constatado nenhuma enfermidade, dessa
forma não houve nenhum acompanhamento de tratamento de doenças,
utilizava-se sal comum para profilaxia de doenças. Após cada manejo era
administrado sal na proporção de 40g/m².
Os equipamentos utilizados para o manejo eram próprios para evitar
fraturas e machucados.
32
3.9.1.4. Liberdade comportamental
As instalações atendiam a critérios desejados para os animais
expressarem seus comportamentos normais como nadar em cardume,
apreensão do alimento e instintos de fuga na presença de ameaças. Os
viveiros tinha profundidade média de 1,4 m. Desta forma pode-se observar que
os peixes conseguiam se locomover livremente pelo viveiro sempre em forma
de cardumes.
3.9.1.5. Liberdade psicológica
Observou-se nas instalações, a presença de telas para proteção de
pássaros dentre outros predadores, água com baixa transparência, propicia
maior segurança contra possíveis predadores e consequentemente diminui o
estresse e medo dos alevinos.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A fase de alevinagem é a mais importante dentro de um sistema de
produção intensiva de peixes, o futuro da produção depende diretamente do
bom funcionamento e desenvolvimento destes alevinos. A seleção de animais
superiores geneticamente, aliado a todos os cuidados necessários na etapa de
alevinagem, resulta em índices zootécnicos e produtivos satisfatórios dentro do
sistema de produção.
Com as boas praticas de manejo e a avaliação das cinco liberdades,
verificou-se que houve bem estar na produção de alevinos de tilápia-do-Nilo, e
propiciou, desenvolvimento satisfatório, baixos índices de mortalidade e
consequentemente maior rentabilidade.
O estágio supervisionado obrigatório realizado na Piscicultura A3,
colaborou de forma direta para o aprendizado teórico e prático onde foi
abordado todos os aspectos do sistema de produção de alevinos de tilápia-do-
33
Nilo, onde foram acompanhadas realidades diferentes de outras já observadas,
colaborou assim, para o desenvolvimento técnico e profissional.
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