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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR – CTTMar
CURSO DE OCEANOGRAFIA
AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA MARICULTURA NO CICLO DO MATERIAL
ORGÂNICO NA ENSEADA DA ARMAÇÃO DO ITAPOCOROY, PENHA – SC
GABRIEL KARAGIANNIS DE SOUZA
Itajaí, 2013
ii
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR – CTTMar
CURSO DE OCEANOGRAFIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA MARICULTURA NO CICLO DO MATERIAL
ORGÂNICO NA ENSEADA DA ARMAÇÃO DO ITAPOCOROY, PENHA - SC
GABRIEL KARAGIANNIS DE SOUZA
Monografia apresentada como parte
dos requisitos para obtenção do grau de
Bacharel em Oceanografia na
Universidade do Vale do Itajaí.
Orientadora: Drª Kátia Naomi
Kuroshima
Itajaí, 2013
iii
“A vida sem luta é um mar morto no centro do organismo universal”
Machado de Assis.
iv
AGRADECIMENTOS
A minha família, principalmente aos meus pais por todo apoio psicológico e financeiro, e
assim, proporcionarem a realização de uma etapa importante da minha vida.
Aos meus amigos de longa data, Ernesto, Jean, Luma, Junior, tio Ronaldo, “Se Liga”, Fuin,
Alemão e tantos outros que de alguma forma me ajudaram nesta conquista. Obrigado por
fazerem parte da minha vida e propiciarem as melhores férias de todas.
Aos amigos que conquistei nestes anos de faculdade, André, Raphael, Aline, Higor, toda a
turma 2009-1, entre outros, obrigado por todos os momentos vividos e a força de sempre
continuar e nunca desistir. No início, vocês sabem que a ajuda de vocês foi muito importante.
Talvez, hoje não estaria escrevendo estas palavras.
Um agradecimento especial ao meu amigo/irmão Fernando Poletto por todas as histórias
vividas. Quase 5 anos juntos hein. Obrigado por dividir todo seu conhecimento e honestidade,
e por com certeza, fazer-me uma pessoa melhor. Poucas pessoas são como você, não se
esqueça disso. Assim, faz sempre com que aqueles que lhe tem apreço continuem perto de ti.
Espero que sejamos amigos até o resto de nossas vidas.
Outro agradecimento especial a você Ana Paula. Obrigado por tudo que passamos juntos.
Espero que, de qualquer forma, estaremos juntos para compartilharmos momentos que até o
presente tornem-se memoráveis.
A minha grande orientadora, não só pelo conhecimento acadêmico, porém pelo sentimento de
amizade. Obrigado por toda atenção durante tantos anos e espero que possamos sempre trocar
figurinhas oceanográficas. Espelho-me muito em seu conhecimento.
A todos meus amigos do LOQ, prof.ª Patrícia, prof. Jurandir, Karol, Peixer, Maycon, Maria,
Sara, Ana, Cátia e Rodolfo pelas análises compartilhadas, às coletas e processamento das
saídas de campo. Enfim, obrigado por todo conhecimento prático a mim proporcionado.
Obrigado à galera do mergulho, Camila, Pedro, Juliana e prof. Ewerton pela oportunidade da
realização das coletas e todo apoio para esta pesquisa.
A todos os professores que me auxiliaram em todo conhecimento adquirido durante esses
anos. Lembre-se que só pela profissão escolhida, para aqueles que realmente fazem o que
gostam vocês tornam-se pessoas especiais.
v
RESUMO
As atividades de mitilicultura presentes no Estado de Santa Catarina causam um significativo
aumento nas interações entre a coluna d’água e os sedimentos. Essas interações são
determinantes no controle da produção primária, e consequentemente, na sustentação da
produtividade da mitilicultura. Portanto, este estudo teve como principal objetivo,
compreender a influência da maricultura nas interações entre os diferentes reservatórios do
material orgânico na enseada da Armação do Itapocoroy, Penha – SC, sendo estes, o
sedimento superficial; material particulado em suspensão e coluna d’água. Para este estudo,
foram utilizadas amostras coletadas em dois pontos amostrais: 1) com e 2) sem influência das
atividades de maricultura. Os nutrientes inorgânicos, juntamente com o NOT e POT, foram
determinados através do método colorimétrico clássico, enquanto o COT por titulometria
através da digestão ácida com dicromato de potássio (K2Cr2O7). A concentração dos
nutrientes em cada reservatório sofreu maiores flutuações em relação à sazonalidade quando
comparados com os diferentes locais de estudo. A taxa de sedimentação do material
particulado em suspensão na área de cultivo foi, em média, três vezes maior que fora da área
de cultivo, além de ser maior no período de Primavera pela maior densidade de organismos
suspensos no sistema de cultivo. Dessa forma, ocorrem maiores concentrações dos nutrientes
que chegam ao sedimento nestes locais. As razões C:N:P demonstraram que o material
orgânico presente no ambiente está enriquecido de fósforo ou empobrecido de carbono e
nitrogênio, com razões que variam entre (83-42) : (3-5) : 1, enfatizando o poder de adsorção
do fosfato ao MPS.
Palavras-chave: mitilicultura, biogeoquímica, cultivo.
vi
Sumário
LISTA DE FIGURAS VIII
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................................................ X
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .................................................................................................................. XI
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................... 1
2 OBJETIVOS .............................................................................................................................................. 4
2.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................................................... 4
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................................................ 4
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................................................................... 4
3.1 A MITILICULTURA NO MUNICÍPIO DE PENHA - SC ................................................................................................... 4
3.2 INTERFACE SEDIMENTO – ÁGUA ........................................................................................................................ 7
3.3 A INFLUÊNCIA DA MITILICULTURA NA INTERFACE SEDIMENTO – ÁGUA ....................................................................... 9
4 METODOLOGIA ...................................................................................................................................... 10
4.1 ÁREA DE ESTUDO ..................................................................................................................................... 10
4.2 METODOLOGIA DE COLETA E PROCESSAMENTO .................................................................................................. 11
4.2.1 Sedimento ...................................................................................................................................... 11
4.2.2 Material particulado em suspensão .............................................................................................. 12
4.2.3 Coluna d’água ................................................................................................................................ 13
4.3 METODOLOGIA DE ANÁLISE ............................................................................................................................ 13
4.3.1 Parâmetros físico-químicos............................................................................................................ 14
4.3.2 Nutrientes inorgânicos e clorofila-a............................................................................................... 14
4.3.3 Nutrientes orgânicos ..................................................................................................................... 15
4.4 ESTATÍSTICA ................................................................................................................................................ 15
4.5 TAXA DE SEDIMENTAÇÃO ............................................................................................................................... 15
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................................................... 16
5.1 COLUNA D’ÁGUA .......................................................................................................................................... 16
5.1.1 Parâmetros físico-químicos............................................................................................................ 16
5.1.2 Nutrientes inorgânicos................................................................................................................... 19
5.1.3 Clorofila-a ...................................................................................................................................... 24
5.2 SEDIMENTO ................................................................................................................................................ 25
vii
5.3 MATERIAL PARTICULADO EM SUSPENSÃO (MPS)................................................................................................ 29
5.3.1 Carbono Orgânico Particulado (COT)............................................................................................. 30
5.3.2 Nitrogênio Orgânico Total (NOT) ................................................................................................... 32
5.3.3 Fósforo Orgânico Total (POT) ........................................................................................................ 34
5.3.4 Taxa de sedimentação ................................................................................................................... 36
6 CONCLUSÕES ......................................................................................................................................... 41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................................... 42
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Molusco Perna perna (Linnaeus, 1758) (Mollusca Mytilidae), vista frontal e lateral,
evidenciando as linhas de crescimento. Fonte: Cinemar (2008). ............................................... 6
Figura 2: Sistema de cultivo long-line suspenso por flutuadores. Fonte Marenzi (2003) .......... 7
Figura 3: Ciclo dos nutrientes e formação de biodepósitos em um ambiente sob influência do
cultivo de moluscos em baixa profundidade. Fonte: Adaptado de Suplicy (2005). ................... 7
Figura 4: Representação da área amostral, ressaltando os dois locais de coleta, onde C =
cultivo e F = Fora. .................................................................................................................... 11
Figura 5: Esquema metodológico da coleta de MPS, evidenciando as diferentes profundidades
a partir do fundo. ...................................................................................................................... 12
Figura 6: Distribuição espacial de Salinidade (ppm), Temperatura (ºC) e Oxigênio dissolvido
(% sat) (média, desvio padrão, máximo e mínimo) para os diferentes períodos e locais de
estudo, onde: CP (cultivo-primavera); CV (cultivo-verão); FP (fora-primavera); e FV (fora-
verão). ....................................................................................................................................... 17
Figura 7: Distribuição espacial e temporal de NH4+, NO2
-, NO3
- e PO4
3- (média, desvio
padrão, máximo e mínimo) para os diferentes períodos e locais de estudo, onde CP (cultivo-
primavera); CV (cultivo-verão); FP (fora-primavera); e FV (fora-verão). .............................. 20
Figura 8: Distribuição espacial dos os compostos nitrogenados para cada campanha amostral.
.................................................................................................................................................. 23
Figura 9: Distribuição espacial e temporal de COT, NOT e POT no sedimento superficial
(média, desvio padrão, máximo e mínimo) para os diferentes períodos e locais de estudo, onde
CP (cultivo-primavera); CV (cultivo-verão); FP (fora-primavera); e FV (fora-verão). ........... 26
ix
Figura 10: Distribuição espacial de COT (µMol/gMPS) no MPS (média, desvio padrão,
máximo e mínimo) para as diferentes profundidades, períodos e locais de estudo, onde: CP
(cultivo-primavera); CV (cultivo-verão); FP (fora-primavera); e FV (fora-verão). ................. 31
Figura 11: Distribuição espacial e temporal de NOT (µMol/gMPS) no MPS (média, desvio
padrão, máximo e mínimo) para as diferentes profundidades, períodos e locais de estudo,
onde: CP (cultivo-primavera); CV (cultivo-verão); FP (fora-primavera); e FV (fora-verão). . 33
x
LISTA DE TABELAS
Quadro 1: Relação dos nutrientes determinados em cada reservatório e respectivas
metodologias analíticas utilizadas. ........................................................................................... 14
Tabela 2: Valores médios, desvio padrão, mínimo e máximo dos parâmetros físico-químicos
das amostras da água para cada campanha amostral. ............................................................... 16
Tabela 3: Valores médios, desvio padrão, mínimo e máximo dos nutrientes inorgânicos das
amostras de água para cada campanha amostral. Todos os valores são expressos em µMol/L.
.................................................................................................................................................. 19
Tabela 4: Valores médios, desvio padrão, mínimo e máximo de COT, NOT e POT das
amostras do sedimento superficial para cada campanha amostral (dados em µMol/gsed). ....... 26
Tabela 5: Valores médios, desvio padrão, mínimo e máximo de COT, NOT e POT das
amostras do MPS para cada campanha amostral a 1, 2 e 3 metros a partir do fundo (dados em
µMol/gMPS). .............................................................................................................................. 30
Tabela 6: Dados referentes à taxa de sedimentação potencial para as diferentes profundidades,
períodos e locais de estudo. Todos os valores são expressos em g.m-2
.dia-1
. ........................... 37
Tabela 7: Taxa de sedimentação de COT, NOT e POT nos diferentes períodos e locais de
coleta, onde C = cultivo e F = Fora. Todos os valores são expressos em mmol.m-2
.dia-1
........ 39
xi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
COT – Carbono orgânico total
NOT – Nitrogênio orgânico total
POT – Fósforo orgânico total
MPS – Material Particulado em suspensão
NH4+ - Amômio
NO2- - Nitrito
NO3- - Nitrato
PO43-
- Fosfato
Clo-a – Clorifila-a
O.D. – Oxigênio dissolvido
MOP – Matéria orgânica particulada
MOD – Matéria orgânica dissolvida
CV – Cultivo-Verão
CP – Cultivo-Primavera
FV – Fora-Verão
FP – Fora-Primavera
1
1 INTRODUÇÃO
As zonas costeiras são ambientes de transição ecológica que desempenham importante
função de ligação entre os ecossistemas terrestres e marinhos. São ambientes complexos e
diversificados, incluindo os estuários, manguezais, praias, costões rochosos, entre outros, e
apresenta grande relevância para a sustentação da vida no mar (CARVALHO & RIZZO,
1994).
O litoral do Estado de Santa Catarina, principalmente sua porção centro-norte, é
caracterizado por apresentar inúmeras áreas protegidas, compostas por baías, enseadas e
estuários (COSTA et al,. 1998). Estas condições morfológicas contribuem expressivamente
nas atividades de maricultura do Estado, proporcionando-o o título de maior produtor
nacional, com uma produção anual, na enseada da Armação do Itapocoroy, de
aproximadamente 1800 toneladas em 2009 (SANTOS et al., 2009). Parte deste sucesso foi
resultado da implantação do Centro Experimental de Mariculura (CEM), pela Universidade
do Vale do Itajaí (UNIVALI), onde são desenvolvidas atividades nos âmbitos de pesquisa,
ensino e extensão na área de malacocultura, além da produção e fornecimento de sementes
para os cultivos (MANZONI et al., 1998).
A principal espécie cultivada em todo o Estado, é do mexilhão Perna perna
(Mollusca, Bivalvia, Mytilidae), onde as condições oceanográficas do ambiente são
favoráveis ao seu desenvolvimento, pois possui alta qualidade para o cultivo em escala
comercial, grande resistências às variações ambientais de temperatura e salinidade, alta
capacidade adaptativa e sobretudo, alta taxa de crescimento (FERREIRA & MAGALHÃES
2004).
A malacocultura (cultivo de moluscos, incluindo mexilhões, ostras, vieiras, entre
outros) é uma modalidade da aquicultura bastante lucrativa, pois não há necessidade do
fornecimento de alimentos aos organismos cultivados, justamente por sua capacidade
filtradora; possui alto índice de conversão alimentar, resultando em alto crescimento para a
espécie; baixo custo em relação às instalações de cultivo; facilidade de manejo; e alta
produtividade (MARQUES, 1998). Todavia, por mais inócuos sejam os impactos ambientais
causados por este tipo de atividade, quando da prática intensiva, o cultivo de moluscos
15b
2
marinhos pode causar alguns impactos negativos ao ambiente, como distúrbios das
comunidades naturais do fitoplâncton; deterioração da qualidade da água pela acumulação de
dejetos; introdução de espécies competidoras; e principalmente, a significativa deposição de
matéria orgânica ao ambiente (VINATEA, 2000). Além disso, desequilíbrios
socioeconômicos podem ocorrer, uma vez que em densidades elevadas, a produção decai,
principalmente pela redução na taxa de crescimento e, portanto, maior tempo de cultivo
(SUPLICY, 2005).
A partir do relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e
Agricultura – FAO (1999), o Brasil é um país com uma das mais altas taxas de crescimento da
biomassa de moluscos de todo o mundo. Porém, este trunfo pode ser perdido diante a
implantação e operação mal planejadas dos cultivos. Os moluscos, suspensos no sistema de
cultivo, chegam a filtrar aproximadamente 80 – 100 litros de água por dia, retendo,
principalmente, microrganismos como o fitoplâncton, além de matéria orgânica particulada
em suspensão (JORGENSEN, 1990). Entretanto, em densidades excessivas, os moluscos são
submetidos a situações de estresse (SUPLICY, 2000), podendo influenciar fisiologicamente
estes organismos comprometendo sua taxa de crescimento.
A Enseada da Armação do Itapocoroy, localizada no município de Penha – SC é um
ambiente restrito, de deposição sedimentar marinha que, portanto, sofre influência de
processos físicos (ondas, marés e correntes); biológicos (síntese de carapaças, pelotas fecais
ou ainda sedimentação e deposição dos próprios organismos mortos); antrópicos; e fatores
climáticos (FRIEDMAN et al., 1992). Por se tratar de uma enseada, as forçantes físicas que
atuam na troca, renovação e circulação de suas águas e de seus componentes são de baixa
relevância, aumentando os impactos causados pelos processos descritos acima no próprio
ambiente (MANN, 1999). Sua fisiografia impõe pouca variação na concentração das
substâncias presentes, apresentando fatores de diluição relativamente inferiores aos
observados em regiões costeiras abertas (MANN, 1999).
Apesar disto, as atividades de mitilicultura (cultivo de mexilhões) têm sido
determinantes para a área, pois afetam consideravelmente o ambiente (HATCHER et al.
1994), intensificando as interações entre a camada sedimentar e a coluna d’ água adjacente. O
cultivo altera as características texturais dos sedimentos, além de promover a associação da
3
matéria orgânica aos mesmos e interferir na dinâmica dos nutrientes na interface sedimento-
água.
Diante da grande deposição de matéria orgânica autóctone no ambiente, proveniente,
sobretudo dos organismos cultivados, aliada a uma baixa dinâmica, pode ocorrer uma elevada
bioacumulação. Quando o tempo de residência das pelotas fecais, por exemplo, é superior ao
tempo necessário para sua desintegração, ressuspensão e remoção ocorrem o acúmulo destas
no ambiente. Assim, a capacidade de suporte do local pode ser ultrapassada, dependendo,
fundamentalmente, de fenômenos como ondas e correntes para a restauração da qualidade
ambiental (D’AQUINO et al., 2006).
Ambientes de baixa profundidade intensificam as interações entre os processos da
coluna d’água e o sedimento e, se nestes locais são inseridas atividades como a maricultura,
os processos biogeoquímicos se tornam ainda mais significantes (KUROSHIMA et al., 2011).
Os organismos filtradores aceleram a transformação do material vivo (microalgas) em
material orgânico detrítico, como pellets fecais. Este material, depositado no sedimento,
intensifica os processos de decomposição bacteriana na camada sedimentar, tendo como
produto final os nutrientes inorgânicos (KUROSHIMA et al., 2011).
Conhecer previamente o estoque de matéria orgânica presente nos sedimentos permite
uma avaliação das áreas de circulação mais efetivas ou, de maneira geral, as características
dos compostos orgânicos depositados em sedimentos de fundo. Segundo Forstner (1989), os
sedimentos são de vital importância na avaliação da intensidade e formas de impactos a que
os ecossistemas marinhos estão ou estiveram submetidos. Além de apresentar-se como um
compartimento importante na reciclagem de matéria orgânica proveniente da coluna d’água e
fundamental na regeneração desses nutrientes que são absorvidos pelas microalgas, fechando
o ciclo (KUROSHIMA et al., 2011; KUROSHIMA 1995; PEREIRA FILHO et al., 1998).
Desta forma, o conhecimento da concentração e distribuição dos nutrientes na enseada da
Armação do Itapocoroy, permitirá aprimorar a compreensão da biogeoquímica desses
nutrientes nos distintos reservatórios, avaliando a influência da ação antrópica e da
maricultura.
4
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Compreender a influência da maricultura nas interações entre os diferentes reservatórios
do material orgânico, na enseada da Armação do Itapocoroy no município de Penha – SC,
sendo estes: sedimento superficial; material particulado em suspensão (MPS) e coluna d’água.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Avaliar as concentrações dos nutrientes inorgânicos e orgânicos na coluna d’água nas
formas dissolvida e particulada, em dois ambientes: 1) sob a influência das atividades
de maricultura; 2) Sem influência das atividades de maricultura;
Avaliar as interações entre os diferentes reservatórios, incluindo água e sedimento nos
dois ambientes.
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 A MITILICULTURA NO MUNICÍPIO DE PENHA - SC
A aquicultura é definida como o cultivo de organismos aquáticos, incluindo peixes,
moluscos, crustáceos e plantas aquáticas. Pode ser realizado em água doce (lagos, açudes e
rios), ou no mar (maricultura), sendo esta última, representada principalmente pelo cultivo de
moluscos (malacocultura) e camarões (carcinocultura) (PAULILO, 2002). No município da
Penha, com a implementação do Centro Experimental de Maricultura (CEMar) em 1994, e o
apoio do curso de oceanografia da UNIVALI, viabilizou-se o cultivo de moluscos marinhos
na região, dando subsidio a outras comunidades (MARENZI et al., 1996).
Este tipo de atividade, e em especial o cultivo de moluscos bivalves, vem crescendo
em todo o mundo, inclusive no Brasil (LOVATELLI, 2006). Ocorre em áreas costeiras
protegidas, especialmente em baías e enseadas, pois estes locais fornecem facilidades de
acesso, além de apresentarem altas taxas de produção primária, que sustenta tanto as altas
densidades de moluscos, quanto às suas taxas de crescimento acelerado. As espécies mais
5
comumente cultivadas são as ostras, mexilhões e almejas (DUMBAULD et al., 2009;
LOVATELLI, 2006).
O cultivo de moluscos, por apresentar-se como uma atividade recente no Brasil, é alvo
de constantes discussões em relação aos aspectos sociais, econômicos e ambientais. Sua
sustentabilidade depende do conhecimento ecológico dos ambientes marinhos onde serão
inseridos os cultivos, fundamental para a avaliação dos potenciais de produção e viabilidade
(VALENTI et al., 2000; VINATEA, 2000;). Assim, algumas variáveis ambientais, que
sustentam a produção total de uma enseada dedicada ao cultivo, devem ser consideradas.
Entre as principais, destacam-se: a morfologia do local; a produtividade primária;
hidrodinâmica; as trocas com ambientes adjacentes ou interfaces; entre outros (GRANT et al.,
1995; PROENÇA & SCHETTINI, 1998; PEREIRA FILHO et al., 1998; SCHETTINI et al.,
1997).
O litoral do Estado de Santa Catarina possui uma costa de aproximadamente 562
quilômetros de extensão (GERCO/SC, 2004). Por apresentar condições propícias ao
desenvolvimento da mitilicultura, no que diz respeito a sua morfologia costeira, caracterizada
por enseadas e baías, o Estado já foi o maior produtor de mexilhões da América Latina
(MARENZI & BRANCO, 2006.). O município de Penha, por sua vez, é atualmente um dos
maiores parques de cultivo de moluscos, representando cerca de 18% da produção de
mexilhões cultivados em todo o Estado (CARVALHO FILHO, 2001; OLIVEIRA NETO,
2007).
Os mexilhões são organismos filtradores que se alimentam, sobretudo, de micro-
organismos presentes na água. Este tipo de alimentação é um processo contínuo, somente
interrompido quando estes animais são expostos a condições ambientais desfavoráveis, como
de baixa salinidade ou reduzidos teores de oxigênio dissolvido na água, e quando expostos ao
ar (MARQUES, 1998). Estes animais se fixam ao substrato através de um conjunto de
filamentos chamado bisso, após a fase larval planctônica. A partir daí, passam a ter hábitos
bentônicos, vivendo aderidos a vários tipos de substratos consolidados, como rochas, cordas
submersas, cascos de embarcações, entre outros. Porém, habitam, preferencialmente, costões
rochosos nas regiões entremarés até a zona de infralitoral (RESGALLA Jr. et al., 2008).
6
A espécie de mexilhão cultivada na enseada da Armação do Itapocoroy, Penha – SC, é
a do militídeo Perna perna (Linnaeus, 1758) (Mollusca, Bivalvia, Mytilidae) (FERREIRA &
MAGALHÃES, 2004) (Figura 1). Sua concha é equivalve com três margens (dorsal, ventral e
posterior), e lisa, apresentando apenas linhas concêntricas de crescimento. Uma das principais
características da espécie é a ausência do músculo adutor posterior, que a distingue de outras.
É uma espécie dioica, sem dimorfismo sexual externo, onde sua diferenciação é possível pela
diferença de coloração dos tecidos gonádicos dos animais maduros. O manto apresenta-se de
cor alaranjada nas fêmeas, e esbranquiçado nos machos (RESGALLA Jr. et al., 2008;
RIBEIRO-COSTA et al., 2002).
Figura 1: Molusco Perna perna (Linnaeus, 1758) (Mollusca Mytilidae), vista frontal e lateral, evidenciando as
linhas de crescimento. Fonte: Cinemar (2008).
Em relação a sua distribuição, o mexilhão Perna perna é uma espécie subtropical,
exibindo um crescimento mais rápido quando comparado à espécies oriundas de clima
temperado (RESGALLA Jr. et al., 2008). No Brasil, inclusive na enseada da Armação do
Itapocoroy, o sistema de cultivo mais utilizado para os mexilhões é do tipo suspenso flutuante
(long-line ou espinhel) (Figura 2), formado por um cabo com cerca de 100 metros de
comprimento, onde ficam amarradas as redes de cultivo. Estas estruturas são, então, suspensas
por flutuadores, como “bombonas” ou galões de plástico (20-50 litros), aportadas nas
extremidades por poitas de concreto (~1 tonelada) ou estacas de aço nas extremidades presas
ao sedimento. As sementes (juvenis com cerca de 2 a 3 cm de comprimento) são comumente
obtidas a partir de estoques naturais presentes nos costões rochosos, atingindo o valor
comercial para a espécie com 8 a 9 cm de concha, alcançados, aproximadamente, em 8 meses
de vida (MARENZI, 2003).
7
Figura 2: Sistema de cultivo long-line suspenso por flutuadores. Fonte Marenzi (2003)
3.2 INTERFACE SEDIMENTO – ÁGUA
A interface sedimento-água, o material particulado em suspensão e os sedimentos
superficiais são reservatórios de vital importância dos ambientes costeiros, principalmente em
relação a sua estruturação e funcionamento, pois constituem fronteiras da sedimentação do
material orgânico, caracterizando ambientes de massiva mineralização da matéria orgânica e
reciclagem de nutrientes (CARMOUZE, 1994). Quando esses locais apresentam as atividades
de maricultura, caso da enseada da Armação do Itapocoroy, a quantidade de material orgânico
sedimentar é ainda mais expressiva, conferindo altos índices de regeneração dos nutrientes
nos sedimentos, devido à mineralização desse material orgânico (KLUMP & MARTENS,
1981) (Figura 3).
Figura 3: Ciclo dos nutrientes e formação de biodepósitos em um ambiente sob influência do cultivo de
moluscos em baixa profundidade. Fonte: Adaptado de Suplicy (2005).
NUTRIENTES INORGÂNICOS
DISSOLVIDOS
ASSIMILAÇÃO
BIODEPÓSITOS
BIODEPOSIÇÃO
REMINERALIZAÇÃO (AÇÃO DAS BACTÉRIAS)
FITOPLÂNCTON
ASSIMILAÇÃO
8
A camada sedimentar desses ambientes, principalmente sua fração orgânica, realiza
trocas de nutrientes com a coluna d’água sobrejacente, impondo aos sedimentos, um papel
fundamental em relação ao armazenamento e reciclagem de compostos da coluna sedimentar
(BAUMGARTEN et al., 2001). Alguns processos que provocam estas alterações nas trocas
sedimento-água envolvem os processos biológicos, físico-químicos, químicos e os processos
de transporte, representados respectivamente, pela a ação de bactérias oxidantes e redutoras;
adsorção/dessorção; reações de precipitação e oxi-redução; e fluxos de difusão/advecção.
(BAUMGARTEN et al., 2001).
O conhecimento dos teores de matéria orgânica depositada e as características dos
compostos que é formada, nos sedimentos costeiros e marinhos, fornece alta correlação de
diversos processos determinantes para o ambiente, como a produtividade de águas
superficiais, aporte de materiais de origem continental para o oceano, potencial de
oxidação/redução (redox), índices de sedimentação e distribuição sedimentar, além da
biomassa microbiológica e os processos de decomposição bacteriana (SOMMARUGA &
CONDE, 1990; MEYERS, 1997). Essas características, muitas vezes, são de vital importância
para os estudos dos ambientes costeiros, pois estes estão entre os maiores reservatórios de
matéria orgânica da superfície terrestre (HUTZINGER, 1980/1986).
Durante a decomposição da matéria orgânica nos sedimentos, quando este processo
ocorre por completo, resulta-se na formação de nutrientes inorgânicos dissolvidos. Ou quando
incompleto, a porção não decomposta é solubilizada para a formação de matéria orgânica
dissolvida (OTSUKI & HANYA, 1972). Estes compostos, por sua vez, podem ser devolvidos
à coluna d’água e reutilizados pelos organismos (FLODERUS & HAKANSON, 1989).
Portanto, o material particulado em suspensão, principalmente o orgânico, atua no controle da
reatividade, transporte e impacto biológico de compostos produzidos no ambiente, pois agem
como ligantes fundamentais para as substâncias químicas presentes na coluna d’água e nos
sedimentos de fundo, além de ser fonte dos fluxos de nutrientes (BERG et al., 2003;
DITORO, 2001). As trocas contínuas de solutos e partículas entre sedimento e a coluna de
água, então, são componentes importantes dos ciclos de materiais que determinam a atividade
biológica e composição química dos ecossistemas marinhos (LERAT et al., 1989).
9
3.3 A INFLUÊNCIA DA MITILICULTURA NA INTERFACE SEDIMENTO – ÁGUA
Mesmo sendo consideradas atividades de baixo impacto ambiental quando
comparadas a outros tipos de cultivos, o cultivo de mexilhões (mitilicultura) alteram diversos
parâmetros ambientais. Segundo Kestemont (1995), alguns dos impactos negativos causados
são: 1) modificações na hidrodinâmica local; 2) aumento da concentração de sólidos em
suspensão; e 3) depleção de oxigênio e enriquecimento orgânico, tanto no sedimento, quanto
na coluna d’água; entre outros.
O cultivo de mexilhões, quando realizado de maneira fortemente intensiva, modifica
os fluxos de massa e energia nos ecossistemas costeiros, aumentando o vínculo entre a coluna
d’água, onde os organismos vivem em estruturas suspensas, com o ambiente bentônico. Os
mexilhões se alimentam de fitoplâncton e partículas orgânicas na coluna d’água, produzindo
fezes e pseudofezes através da biodeposição. Esta estimula o metabolismo bentônico e
aumenta a regeneração de nutrientes (CHRISTENSEN et al., 2003), promovendo mudanças
nas características dos sedimentos (DAHLBÄCK & GUNNARSSON, 1981) e na composição
da comunidade bentônica (STENTON-DOZEY et al., 2001; TENORE et al., 1982).
A elevada acumulação de biodepósitos nas proximidades de um local de cultivo é
determinada por cinco fatores: 1) taxa de produção de biodepósitos; 2) dispersão inicial
(transporte de biodepósitos na coluna d’água até o seu primeiro contato com o fundo do mar);
3) resdistribuição de biodepósitos na superfície do sedimento por arrasto; 4) saltação e/ou
ressuspensão, e 5) taxa de decaimento dos biodepósitos (CHAMBERLAIN et al., 2006;
HARTSTEIN & STEVENS, 2005).
Através da elevada biodeposição, as áreas onde possuem cultivos de mexilhões,
podem tornar-se locais caracterizados por possuírem sedimentos em condições anóxicas e
subóxicas por conta do aumento da oferta de matéria orgânica (HANDERSON et al., 1997;
MAZOLLA et al., 1999; MIRTO et al., 2000). Além disso, um significativo enriquecimento
de carbono orgânico, nitrogênio e fósforo na coluna d’água, podem levar a eutrofização do
ambiente (BAUDINET et al., 1990). Por conseguinte, a biodeposição estimula a
produtividade e biomassa bentônica, desempenhando um papel fundamental no que diz
respeito à matéria orgânica e os ciclos biogeoquímicos (GRENZ et al., 1990; MORIARTY,
1986).
10
Quando da alteração e intensificação do ciclo do material orgânico e dos nutrientes nos
ambientes marinhos, como ocorre na enseada da Armação do Itapocoroy, Penha – SC e por se
tratar de um ambiente pouco profundo, há a formação de um local bastante particular,
podendo causar alterações no metabolismo natural do ambiente, influenciando sua atividade
química e biológica (PEREIRA FILHO et al., 1998).
Assim, dependendo da intensidade de carga orgânica produzida pelos moluscos e das
características do próprio ambiente, como sua hidrodinâmica, a massiva quantidade de
material orgânico pode levar a uma degradação do ambiente, causando sérios problemas ao
seu ecossistema, sobretudo em enseadas, onde a ação de ondas e correntes, agentes que atuam
na circulação e renovação das águas não é altamente significativa (PEREIRA FILHO et al.,
1998).
4 METODOLOGIA
4.1 ÁREA DE ESTUDO
A enseada da Armação do Itapocoroy (Figura 4) está localizada na latitude 26º46’10’’
Sul e longitude 48º38’45’’ Oeste, situa-se no município de Penha – SC e, é delimitada a norte
pelo Morro da Penha e a sul pela Ponta do Vigia. Por apresentar um formato semicircular na
direção Noroeste – Sudeste, a enseada constitui-se de uma área naturalmente abrigada da
influência significativa de processos dinâmicos como ondas, correntes e ventos provenientes
dos quadrantes Sul e Sudeste (MENEZES, 1999).
A amplitude de maré varia de 0,6 a 1,2 metros, caracterizando um regime de micro-
maré e, embora não haja rios que desaguem diretamente na enseada interferindo na área de
cultivo, a região sofre influência do Rio Itajaí-Açú, onde sua foz situa-se à cerca de 10 km do
local de estudo. A influência deste rio é perceptível pela presença de uma pluma de sedimento
que atinge em maior ou menor intensidade a zona de cultivo, dependendo da ação dos ventos
(SCHETTINI et al., 1999).
Com uma área de aproximadamente 59.000 m2 (IBGE, 2009), profundidade média de
8 m e limite máximo de 15 m (SCHETTINI et al.,1999), além das outras características
11
citadas acima, o ambiente é definido como um local de condições favoráveis, no que diz
respeito as técnicas da maricultura (SCHETTINI et al., 1999).
4.2 METODOLOGIA DE COLETA E PROCESSAMENTO
Para os distintos reservatórios: sedimento superficial; material particulado em
suspensão (MPS) e coluna d’água, as amostragens foram obtidas em dois pontos de coleta. A)
Sob uma área de maricultura e, B) sob uma área sem maricultura, dentro da enseada da
Armação do Itapocoroy. Em cada ponto de coleta, foram realizadas duas amostragens: a
primeira, realizada no período de Primavera, nos dias 16 e 17 de Outubro de 2012, enquanto a
segunda, no Verão e nos dias 27 e 28 de Fevereiro de 2013.
4.2.1 Sedimento
As amostras de sedimento superficial foram coletadas através de mergulho autônomo e
com o auxílio de tubos de PVC (30 x 0,8cm). Estas amostras foram guardadas nos próprios
tubos, identificados e preservados no escuro sob refrigeração durante o todo o transporte até o
laboratório de Oceanografia Química e Poluição Marinha – CTTMar/UNIVALI.
Figura 4: Representação da área amostral, ressaltando os dois locais de coleta, onde C = cultivo e F = Fora.
12
Para as determinações químicas, os sedimentos foram peneirados em malha de
0,063mm de diâmetro, sendo utilizado o material fino (silte e argila) por apresentar maior
sítio de adsorção.
4.2.2 Material particulado em suspensão
Para as coletas de material particulado em suspensão (MPS), foram utilizadas
“armadilhas para MPS”, com aproximadamente 50 cm de comprimento, 7 cm de área na
abertura superior e 3,5 cm na abertura inferior, formando uma armadilha de formato cônico,
confeccionadas com tubos e conexões de PVC (Figura 5). Nos dois pontos de coleta,
estipularam-se três profundidades diferentes para alocação das armadilhas, sendo de 1, 2 e 3
metros do fundo.
Figura 5: Esquema metodológico da coleta de MPS, evidenciando as diferentes profundidades a partir do fundo.
Nas extremidades das armadilhas, foram amarradas cordas para instalação no local de
estudo. Na parte inferior, uma poita com massa considerável (~5 Kg) foi atrelada, além de
uma boia flutuadora, na parte superior, para sua sustentação submersa na água. As armadilhas
foram, então, colocadas também com o auxílio de mergulho autônomo, sendo amarradas, na
área de cultivo, nos próprios “long-lines” e, na área sem influência do cultivo, em galões de 5
litros, garantindo sua flutuação e posterior localização. Estas armadilhas foram deixadas no
local durante 24 horas.
13
Em cada armadilha, foi adicionada, no fundo, aproximadamente 1000 ml de Na2SO4
(100g/L) para garantir, com esta solução de alta densidade, o aprisionamento e a estabilização
do material particulado no fundo destas armadilhas. Toda a água armazenada nas armadilhas
foi coletada em galões, identificados e preservados no escuro sob refrigeração durante o
transporte ao laboratório. As amostras foram centrifugadas, o material sedimentado foi lavado
inúmeras vezes com água destilada para retirada dos sais (verificado através de AgNO3), e
posteriormente secas em estufa a uma temperatura de 60° C. Em seguida, armazenadas até as
respectivas análises químicas.
Para definir o tempo de coleta do material particulado, foi realizado previamente,
testes com as armadilhas. Pretendia-se testar o tempo para obter uma quantidade razoável de
material particulado para as determinações químicas. Foram colocadas diversas armadilhas
em profundidades diferentes em tempos diversos. Estes testes permitiram definir que três
armadilhas, em três profundidades, distantes 1 metro cada um do fundo, e permanecendo
durante 24 horas, seria o suficiente para a coleta de material particulado em quantidade
suficiente para as determinações químicas.
4.2.3 Coluna d’água
As amostragens da coluna d’água foram feitas através de mergulho autônomo, com o
auxílio de garrafas plásticas (2L), próximo ao fundo, evitando ao máximo a ressuspensão do
sedimento. Estas amostras, sobretudo, acondicionadas nas próprias garrafas, previamente
limpas e imediatamente refrigeradas no escuro durante o transporte para posterior análise.
Em laboratório, as amostras foram filtradas (filtros de HA – Acetato de celulose,
Ɵ=0,45 µm), o filtrado foi separado em alíquotas para determinação dos nutrientes
inorgânicos dissolvidos e o filtro utilizado para a determinação da clorofila-a
4.3 METODOLOGIA DE ANÁLISE
Os parâmetros determinados foram categorizados em parâmetros físico-químicos,
nutrientes inorgânicos, orgânicos e clorofila-a. A relação destes parâmetros, os reservatórios
onde cada um foi determinado e suas respectivas metodologias analíticas estão sintetizados no
quadro 1.
14
Quadro 1: Relação dos nutrientes determinados em cada reservatório e respectivas metodologias analíticas
utilizadas.
PARÂMETROS Parâmetros Água Sedim. MPS Método
FISICO-
QUÍMICOS
Temperatura X Sonda multiparâmetros
O2 X Sonda multiparâmetros
Salinidade X Sonda multiparâmetros
NUTRIENTES
INORGÂNICOS
NH4 X Colorimetria, através da formação do complexo do
indofenol.
NO2-
X Colorimetria, através da reação de Griess
NO3-
X Colorimetria, após redução a nitrito, usando coluna
redutora de cádmio.
PO43-
X Colorimetria, pelo processo do ácido ascórbico.
NUTRIENTES
ORGÂNICOS
COT X X Digestão ácida com dicromato de potássio e
determinação por titulometria indireta.
NOT X X Digestão úmida com persulfato de potássio e
determinação de NO3- por colorimetria
POT X X Digestão úmida com persulfato e determinação de
PO43- por colorimetria
Clorofila-a X
Extração com acetona (90%) e determinação por
colorimetria.
4.3.1 Parâmetros físico-químicos
Os parâmetros físico-químicos: salinidade, temperatura e oxigênio dissolvido foram
analisados em campo com subsídio de uma sonda multiparâmetros Yellow Springs – modelo
6600. Todos os sensores foram calibrados no dia de campo, com soluções padrões específicas.
4.3.2 Nutrientes inorgânicos e clorofila-a
Os nutrientes inorgânicos (NH4+, NO2
-, NO3
- e PO4
3-) foram determinados a partir do
método colorimétrico de Strickland e Parsons (1972), seguindo recomendações descritas em
APHA/AWWA/WEF (2005). As leituras das absorbâncias foram realizadas em
espectrofotômetro Shimadzu UV-1800, e as concentrações calculadas a partir da curva de
calibração, elaborada a cada dia de análise.
A clorofila-a foi, por fim, determinada a partir da extração em acetona (90%) por 24
horas, quantificada por colorimetria e calculada através da equação:
(( ( ) ( )) ( ) ( ))
( )
15
Sendo:
WL- comprimento de onda
VE – Volume do extrator – acetona (em ml)
TO- Trajeto ótico – comprimento da cubeta utilizada
4.3.3 Nutrientes orgânicos
Os nutrientes orgânicos determinados foram: Nitrogênio Orgânico Total (NOT);
Fósforo Orgânico Total (POT); e Carbono Orgânico Total (COT).
Os dois primeiros nutrientes orgânicos foram determinados após digestão úmida com
persulfato de potássio (K2S2O8) e posterior determinação colorimétrica de NO3- e PO4
3-,
respectivamente. Por último, o Carbono Orgânico Particulado, diferentemente dos parâmetros
acima, foi analisado por titulometria indireta do excesso de dicromato de potássio (K2Cr2O7),
utilizado como oxidante da decomposição do carbono orgânico, quantificado a partir de
solução padrão de Fe2+
.
4.4 ESTATÍSTICA
Para as análises estatísticas, utilizou a análise de variância (ANOVA), aplicada para testar
as hipóteses: 1) Variação sazonal dos dados de concentração dos nutrientes; e 2) variação
entre os distintos ambientes de estudo (dentro e fora da área de cultivo). O teste post-hoc de
Tukey HSD (Honestly Significantly Differences) foi executado para distinguir as diferenças
existentes entre os valores médios dos tratamentos utilizados na ANOVA. Todos os testes
foram determinados com índice de significância de 0,05.
4.5 TAXA DE SEDIMENTAÇÃO
A taxa de sedimentação foi calculada segundo a equação abaixo, utilizando como
variáveis: a massa de material particulado em suspensão presente na armadilha, a área de
abertura superior da “armadilha de MPS”, além do tempo de permanência desta na coluna
d’água (SCHETTINI et al., 2004).
16
Onde:
Ps = massa de material particulado em suspensão, retido na armadilha (g);
A = área da abertura superior de cada armadilha (m2);
t = tempo de permanência das armadilhas na coluna d’água (dia).
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 COLUNA D’ÁGUA
5.1.1 Parâmetros físico-químicos
Os parâmetros físico-químicos (oxigênio dissolvido, temperatura e salinidade), medidos
em campo, estão apresentados na tabela 2.
Tabela 2: Valores médios, desvio padrão, mínimo e máximo dos parâmetros físico-químicos das amostras da
água para cada campanha amostral.
Salinidade Temp. (°C) OD (% sat)
Campanha Cultivo Fora Cultivo Fora Cultivo Fora
VERÃO
Média 33,95 34,0 25,9 26,0 89,94 93,6
Desv. Pad. 0,07 0,06 0,10 0,06 2,81 1,58
Mínimo 33,9 33,9 25,74 25,9 82,2 90,5
Máximo 34,14 34,0 25,99 26,1 91,7 95,4
Média 34,06 34,0 21,3 21,4 96,6 100,2
PRIMAVERA Desv. Pad. 0,72 0,71 0,36 0,51 3,23 5,51
Mínimo 33,1 33,0 20,9 21,0 91,1 92,8
Máximo 34,77 34,8 21,8 22,4 101 107,9
17
Figura 6: Distribuição espacial de Salinidade (ppm), Temperatura (ºC) e Oxigênio dissolvido (% sat) (média,
desvio padrão, máximo e mínimo) para os diferentes períodos e locais de estudo, onde: CP (cultivo-primavera);
CV (cultivo-verão); FP (fora-primavera); e FV (fora-verão).
- Salinidade
A salinidade apresentou valores similares tanto na variação sazonal quanto nos dois
ambientes de estudo (Figura 6). Seus valores médios foram de 34,06 ± 0,72 e 34,03 ± 0,71 na
Primavera, dentro e fora do cultivo, respectivamente. Com valor máximo de 34,77 e mínimo
de 33,1 no cultivo e, máximo de 34,76 e mínimo de 33,01 fora.
No verão, embora com níveis parecidos, seus valores médios foram de 33,95 ± 0,07 e
33,96 ± 0,06, dentro e fora da área de cultivo, respectivamente. E valor máximo de 34,14 com
mínimo de 33,9 no cultivo e, máximo de 34,02 e mínimo de 33,89 fora. Comprovando a baixa
diferença, tanto em relação aos ambientes de estudo quanto à variação sazonal, os valores de p
para todas as comparações foram representativamente maiores que 0,05, evidenciando que
não houve diferença significativa temporal ou espacial.
Segundo Marenzi (2006) altos valores de salinidade são características de ambientes
costeiros com pouca influência hídrica continental no outono e no verão. Além de representar
períodos com menores índices de precipitação, enquanto que valores baixos de salinidade
estão relacionados com épocas de elevada precipitação.
CP CV FP FV
33
.03
3.5
34
.03
4.5
Sa
lin
ida
de
CP CV FP FV
21
22
23
24
25
26
Te
mp
era
tura
(ºC
)
CP CV FP FV
85
90
95
10
01
05
Oxig
ên
io d
isso
lvid
o (
%)
18
- Temperatura
A temperatura apresentou perfil padrão em relação à sazonalidade com diferenças
significativas (p<0,05), onde os valores mostraram-se maiores no Verão em relação à
Primavera nas distintas áreas de estudo (Figura 6), havendo diferença significativa entre os
períodos. No Verão, a temperatura apresentou valores de 25,88 ± 0,10° C e 26,00 ± 0,06° C
dentro da área de cultivo e fora desta, respectivamente. Já na Primavera, os valores foram de
21,30 ± 0,36° C na área de cultivo e 21,41 ± 0,51° C fora desta. Dado os valores, não houve
diferença significativa (p>0,05) entre os diferentes locais de estudo (dentro e fora da área de
cultivo) tanto em suas médias, quanto em seus valores máximo e mínimo.
- Oxigênio dissolvido (O.D.)
Em ambas as áreas de estudo (cultivo e fora), os níveis de oxigênio dissolvido foram
maiores na primavera quando comparados aos de verão, apresentando valor médio de 96,6 ±
3,23% dentro da área de cultivo, e 100,24 ± 5,51% fora. No Verão, os valores médios foram
de 89,94 ± 2,81% e 93,61 ± 1,58%, dentro e fora da área de cultivo, respectivamente.
A partir das análises estatísticas, a comparação múltipla entre os dados forneceu um valor
de p < 0,05 tanto na comparação entre cultivo, na Primavera e Verão, quanto para fora do
cultivo, também para os dois períodos, enfatizando influência sazonal nos dados. Já em
relação aos dois locais de estudo, os valores de p foram maiores que 0,05, mostrando que não
há diferença significativa entre os teores de O.D. no cultivo e fora, em ambos os períodos.
(Figura 6).
Os maiores níveis de O.D. observados na Primavera em relação ao de Verão podem estar
relacionados com os maiores valores de temperatura nesta última estação. O aumento da
temperatura neste período, além de diminuir a solubilidade dos gases, intensifica os processos
microbiológicos de decomposição aeróbia e o aumento do metabolismo aquático (YUNG et
al., 1999).
Entre os gases dissolvidos na água, o oxigênio é um dos mais importantes na dinâmica e
caracterização de ecossistemas aquáticos (VICTORETTE & BRENTANO, 2011). Os
principais fatores que controlam diretamente a concentração de oxigênio dissolvido na água é
19
a temperatura e a pressão (VICTORETTE & BRENTANO, 2011). E indiretamente, a
concentração de matéria orgânica dissolvida e particulada na água, o que pode explicar a
pequena diferença nos valores de O.D. nos dois locais de estudo, tanto para a Primavera,
quanto para o Verão, onde os valores apresentaram-se maior fora da área de cultivo e menor
dentro desta, justamente pela maior carga de matéria orgânica depositada pelos organismos
suspensos no sistema de cultivo. Porém, como enfatizado pela análise estatística, este
processo é de baixa relevância no ambiente.
5.1.2 Nutrientes inorgânicos
Os valores de nutrientes inorgânicos estão representados na tabela 3. Nesta são exibidos
os níveis dos nutrientes inorgânicos dissolvidos na coluna d’água, sendo estes os compostos
nitrogenados (NO3-, NO2
-, NH4
+) e fosfato (PO4
3-).
Tabela 3: Valores médios, desvio padrão, mínimo e máximo dos nutrientes inorgânicos das amostras de água
para cada campanha amostral. Todos os valores são expressos em µMol/L.
Os compostos nitrogenados na coluna d’água estão divididos na forma inorgânica
dissolvida (NID) em amônio (NH4+), nitrito (NO2
-) e nitrato (NO3
-) (Tabela 3). As
concentrações destes nutrientes estão sujeitas a várias transformações no ambiente aquático,
principalmente por ações de microrganismos. O NH4+
é a primeira forma de nitrogênio
inorgânico liberado pela respiração, tendo como resultado da oxidação enzimática deste, a
produção de NO3-, forma mais oxidada, e o NO2
-, como elemento intermediário
(CARMOUZE, 1994).
Em condições aeróbias o nitrogênio presente na água sofre processos de nitrificação
(NH4+
NO2
- NO3
-), com oxidação primeiramente do íon amônio, transformando-se em
NH4+ (µMol/L) NO2
- ( µMol/L) NO3
- ( µMol/L) PO4
3- ( µMol/L)
Campanha Cultivo Fora Cultivo Fora Cultivo Fora Cultivo Fora
PRIMAVERA
Média 9,79 10,31 0,4 0,39 1,65 1,46 0,37 0,37
Desv. Pad. 2,21 0,41 0,01 0,01 0,42 0,06 0,03 0,03
Mínimo 8,22 10,31 0,39 0,38 1,24 1,40 0,36 0,36
Máximo 11,36 11,1 0,41 0,41 2,09 1,52 0,4 0,4
Média 6,68 6,4 0,08 0,07 0,52 0,46 0,30 0,29
VERÃO Desv. Pad. 0,8 0,55 0,004 0,002 0,07 0,006 0,00 0,03
Mínimo 5,89 5,98 0,08 0,07 0,45 0,45 0,30 0,26
Máximo 7,50 7,03 0,08 0,08 0,58 0,46 0,30 0,30
20
nitrito e, posteriormente, em nitrato. Já em condições anaeróbias, característica de ambientes
eutrofizados, ocorre o processo de desnitrificação, por meio do consumo de NO3- e produção
de nitrogênio molecular (N2) durante a decomposição da matéria orgânica (FRACALOSSI,
2011).
Figura 7: Distribuição espacial e temporal de NH4+, NO2
-, NO3
- e PO4
3- (média, desvio padrão, máximo e
mínimo) para os diferentes períodos e locais de estudo, onde CP (cultivo-primavera); CV (cultivo-verão); FP
(fora-primavera); e FV (fora-verão).
- Nitrato
O nitrato é a forma nitrogenada de maior estado de oxidação e a mais estável entre os
compostos nitrogenados inorgânicos (CARMOUZE, 1994). As concentrações médias na
Primavera (1,65 ± 0,42 µMol/L e 1,46 ± 0,06 µMol/L, dentro e fora do cultivo,
respectivamente) foram maiores que os valores observados no Verão (0,52 ± 0,07 µMol/L no
CP CV FP FV
0.5
1.0
1.5
2.0
Nitra
to (
uM
ol/L
)
CP CV FP FV
0.1
00
.20
0.3
00
.40
Nitri
to (
uM
ol/L
)
CP CV FP FV
67
89
10
11
Am
ôn
io (
uM
ol/L
)
CP CV FP FV
0.2
60
.30
0.3
40
.38
Fo
sfa
to (
uM
ol/L
)
21
cultivo, e 0,46 ± 0,006 µMol/L fora do cultivo), sendo diferentes significativamente (p<0,05)
(Figura 8).
Segundo Galan et al. (2004), dependendo da estação do ano, tem-se diferentes
intensidades de luz, temperatura e disponibilidade de nutrientes, fatores que influenciam
diretamente na atividade biológica do ambiente. Contudo, são comumente encontrados
valores mais altos de concentração de nitrato associados com épocas de inverno e outono,
onde o efeito sinérgico dos fatores acima desfavorece a atividade biológica, causando um
excedente de nitrato na coluna d’água. O oposto ocorre nos períodos de Primavera e Verão,
devido a altas temperaturas, além de elevada luminosidade e disponibilidade de nutrientes
(PEDROSA, 2011), justificando os maiores valores de NO3- observado neste estudo,
coincidindo com o período de menor temperatura.
Já em relação aos dados entre os locais de estudo, observa-se que em ambas as estações,
os maiores valores de nitrato deram-se dentro da área de cultivo, todavia, apresentando
valores de p>0,05, enfatizando que não há diferença significativa entre eles. Carmouze (1994)
atenta ao fato de que em ambientes rasos, onde a camada fótica abrange toda a coluna d’água,
o amônio produzido pela respiração aeróbica é rapidamente assimilado pelos organismos
fotossintéticos, sem ocorrer o processo de oxidação a nitrito e, posteriormente, a nitrato.
Segundo o mesmo autor, este processo, porém, é facilitado em condição afótica, onde não há
elevada assimilação fotossintética do amônio.
Deste modo, a ocorrência de maiores níveis de nitrato dentro da área de maricultura,
pode ter relação com os organismos suspensos no sistema de cultivo, uma vez que este pode
estar limitando a intensidade luminosa na coluna d’água, além do grande aporte de material
orgânico oriundo destes organismos através de fezes e pseudofezes, facilitando a oxidação do
amônio em nitrito e nitrato. Vale destacar que estes processos são de menor relevância quando
comparados com a diferença sazonal, uma vez que as amostragens foram feitas em apenas um
ponto amostral em cada ambiente de estudo.
22
- Nitrito
O nitrito é comumente encontrado no ambiente aquático como um componente
intermediário, que pode provir tanto da oxidação do amônio, processo mais comum, como da
redução bacteriana do nitrato (CARMOUZE, 1994).
As concentrações médias de nitrito foram bastante parecidas para os dois locais de
estudo, tanto para o período de Primavera, quanto para o Verão. No primeiro, a concentração
média foi de 0,4 ± 0,01 µMol/L e 0,39 ± 0,01 µMol/L dentro e fora do cultivo,
respectivamente. Enquanto no Verão, a concentração média de nitrito foi de 0,08 ± 0,004
µMol/L, no cultivo e 0,07 ± 0,002 µMol/L, fora (Figura 7). Tendo como base as comparações
estatísticas, essa baixa diferença entre os ambientes de estudo é enfatizada pelos valores de
p>0,05. Já em relação à sazonalidade, os valores de p<0,05 obtidos nas comparações entre
cultivo-verão (CV) e cultivo-primavera (CP), fora-verão (FV) e fora-primavera (FP),
ressaltam a diferença significativa entre os períodos abordados, da mesma forma que o nitrato,
com os maiores valores observados durante a coleta de Primavera.
Como no caso do nitrato, o nitrito provém, principalmente, da oxidação do amônio
presente no ambiente, e está relacionado com a sazonalidade. Como observado, os maiores
valores de concentração de nitrito ocorreu no período da Primavera em relação ao Verão,
quando a temperatura local estava mais baixa. Já em relação aos valores entre os diferentes
ambientes de estudo apresentarem iguais concentrações em ambos os períodos de coleta, pode
ser explicado pelo fato do nitrito ser utilizado por alguns organismos na ausência ou em
concentrações baixas de nitrato, onde esses organismos o assimilam como nutriente
(PEDROSA, 2011).
- Amônio
O amônio é a primeira forma de nitrogênio liberado pela respiração, portanto, a mais
abundante, além de forma preferencial em relação à assimilação do nitrogênio para os
microrganismos (MANN, 1982; CARMOUZE, 1994). Da mesma forma que as outras formas
nitrogenadas, as maiores concentrações médias foram obtidas na Primavera 9,79 ± 2,21
µMol/L no cultivo e, 10,31 ± 0,41 µMol/L fora, em relação aos valores observados. Verão:
6,68 ± 0,8 µMol/L dentro da área de cultivo e 6,4 ± 0,55 µMol/L, fora (Figura 7).
23
Os teores de amônio são frequentemente associados à sazonalidade, onde maiores
valores estão relacionados com os períodos de baixa temperatura, devido à diminuição da
atividade biológica. O oposto ocorre nos períodos de altas temperaturas, épocas em que
acontece a diminuição da concentração de amônio no ambiente marinho, justamente pelo
aumento da atividade biológica associada ao consumo deste composto (PEDROSA, 2011).
A partir das comparações estatísticas, foram obtidos valores de p<0,05 em relação aos
períodos (Primavera e Verão), comprovando a diferença sazonal para os teores de NH4+.
Enquanto que em relação aos locais de estudo, os valores de p>0,05 mostram que não há
diferença significativa entre eles para ambos os períodos. Segundo Suplicy (2005), os animais
filtradores são muito eficientes na remoção de matéria orgânica particulada em suspensão,
removendo direta e indiretamente os teores de nitrogênio e outros nutrientes presentes. Esses
organismos, além de removerem os níveis de nitrogênio do ambiente, também incorporam
uma porção em seus tecidos, compostos por aproximadamente 1,4% de nitrogênio e 0,14% de
fosfato, por exemplo.
Figura 8: Distribuição espacial dos os compostos nitrogenados para cada campanha amostral.
Observando os resultados obtidos, a proporção entre os três compostos nitrogenados
(NH4+, NO2
- e NO3
-) na Primavera e dentro da área de cultivo foi de 82,78% referente ao
amônio, seguida de 13,9% do nitrato e 3,32% do nitrito, enquanto fora do cultivo a proporção
entre os parâmetros foi de 85,17%, 11,68% e 3,15%, respectivamente. No Verão, as
proporções foram de 95,57% para amônio, 3,32 para nitrato e 1,11% para nitrito, dentro da
área de cultivo. E 95,84%, 3,09% e 1,06% para os mesmos parâmetros e fora da área de
cultivo. (Figura 8).
0%
20%
40%
60%
80%
100%
CP CV FP FV
Pro
po
rção
(%
)
Pontos amostrais
NO3
NO2
NH4
24
- Fosfato
Os compostos fosfatados abrangem tanto o fósforo orgânico particulado (POP) e
dissolvido (POD), quanto o fósforo inorgânico dissolvido ou fosfato (PO43-
), forma de maior
importância para a assimilação dos microrganismos (ESTEVES, 1998).
As concentrações médias de fosfato na Primavera foram idênticas para os diferentes
locais de estudo, sendo de 0,37 ± 0,03 µMol/L. No Verão, apesar dos valores terem sido
semelhantes, dentro da área de cultivo, o teor médio de fosfato foi de 0,30 ± 0,00 µMol/L,
enquanto fora do cultivo sua concentração foi de 0,29 ± 0,03 µMol/L (Figura 8).
Com base nas comparações estatísticas, o fosfato apresentou diferença significativa nas
suas concentrações apenas em relação aos períodos (p<0,05) e não aos distintos locais de
estudo (p>0,05), bem como os outros nutrientes inorgânicos mencionados acima.
Assim como o nitrogênio inorgânico dissolvido (NID - NH4+, NO2
- e NO3
-), o fósforo é
um nutriente essencial para os organismos nos sistemas aquáticos, sendo utilizado,
principalmente, na formação de biomassa (DOLAN, 1997), além de síntese proteica. Portanto,
as maiores concentrações de fósforo na Primavera em relação ao Verão, justificam-se por,
neste último período, haver um aumento da atividade biológica e consequentemente, maior
consumo deste nutriente pelos organismos, acompanhando a distribuição do NID.
5.1.3 Clorofila-a
Na Primavera, a concentração média de clorofila-a foi de 1,79 µg/L e 1,92 µg/L dentro
e fora da área de cultivo, respectivamente, enquanto no Verão, os valores médios foram de
3,52 µg/L e 3,61 µg/L para os mesmos locais. As análises estatísticas não foram realizadas
por esse parâmetro apresentar apenas uma média pontual para cada local e período de estudo.
Porém, é notável a diferença sazonal nos teores de clorofila-a tanto na área de cultivo quanto
fora desta.
A clorofila-a é geralmente associada à produção primária local, com maiores valores
nos períodos de elevadas temperaturas e maior incidência luminosa, o que pode explicar os
maiores valores registrados na coleta de Verão, onde foi registrado um aumento da
temperatura, acompanhando os menores valores dos nutrientes inorgânicos. Porém, outro
25
fator importante que influencia a concentração de clorofila em ambientes costeiros é o índice
pluviométrico. Os maiores valores de clorofila-a são geralmente relacionados com períodos
chuvosos (Verão), enquanto as menores concentrações, associadas a períodos secos
(Outono/Inverno), o que pode explicar a diferença em suas concentrações nos dois períodos.
Segundo Araújo et al. (2006), que realizou uma caracterização climatológica do município de
Penha-SC, os meses de maior regime pluviométrico são Janeiro, Fevereiro e Março, período
em que foi realizada a amostragem de Verão para o presente estudo.
Estudos pretéritos e na mesma área de estudo, realizados por Chevarria & Kuroshima
(1998), encontraram valor médio de 2,8 µg/L de clorofila-a durante aproximadamente 2 anos
e meio de amostragem ao longo da enseada. Estudo realizado por Pedrosa (2011) e no mesmo
ambiente encontrou valor médio de clorofila-a de 2,3 ± 1,7 µg/L durante um período de 12
anos de amostragem, variando entre o máximo de 15,6 µg/L e um mínimo de 0,1 µg/L.
A baixa diferença entre os locais, sendo menor dentro da área de cultivo em relação a
fora desta e em ambas as estações do ano, podem estar relacionadas com as estruturas de
cultivo neste ambiente, que interferem na intensidade luminosa na coluna d’água, e
consequentemente na produção primária, além do consumo do fitoplâncton pela ação
filtradora dos moluscos.
5.2 SEDIMENTO
Os valores médios, desvio padrão, mínimo e máximo dos nutrientes orgânicos do
sedimento estão exibidos na tabela 4. Entre esses nutrientes, foram analisados o Carbono
Orgânico Total (COT); Nitrogênio Orgânico Total (NOT); e Fósforo Orgânico Total (POT).
O carbono orgânico particulado presente nos ecossistemas aquáticos é oriundo,
principalmente, de plantas e animais, a partir da ressuspensão do sedimento, trocas com
sistemas adjacentes, efluentes (doméstico e industrial), e do fitoplâncton (CARMOUZE,
1994).
26
Tabela 4: Valores médios, desvio padrão, mínimo e máximo de COT, NOT e POT das amostras do sedimento
superficial para cada campanha amostral (dados em µMol/gsed).
COT
NOT
POT
Campanha Cultivo Fora Cultivo Fora Cultivo Fora
PRIMAVERA
Média 1053,25 1181,74 84,84 75,01 12,38 15,38
Desv. Pad. 65,78 111,96 1,31 3,75 1,25 0,07
Mínimo 983,35 1062,46 83,91 71,07 11,49 15,33
Máximo 1113,95 1284,55 85,77 78,48 13,26 15,43
Média 169,36 171,05 57,12 77,09 18,42 17,11
VERÃO Desv. Pad. 12,88 15,05 0,93 13,2 1,45 1,18
Mínimo 154,63 153,73 56,47 64,24 16,94 16,06
Máximo 178,49 180,92 57,78 90,62 19,83 18,38
Figura 9: Distribuição espacial e temporal de COT, NOT e POT no sedimento superficial (média, desvio padrão,
máximo e mínimo) para os diferentes períodos e locais de estudo, onde CP (cultivo-primavera); CV (cultivo-
verão); FP (fora-primavera); e FV (fora-verão).
A concentração média de COT, na Primavera, foi de 1053,25 ± 65,78 µMol/gsed na área
de cultivo, e 1181,74 ± 111,96 µMol/gsed fora desta. No Verão, os valores médios tanto na
área de cultivo quanto fora desta, foram em torno de 6 a 7 vezes inferiores aos apresentados
na Primavera nos mesmos ambientes (169 ± 12,88 µMol/gsed e 171,05 ± 15,05 µMol/gsed,
dentro e fora do cultivo, respectivamente) (Figura 9). Esta grande diferença é também
ressaltada através das análises comparativas, onde os valores de p<0,05 referentes aos dois
ambientes de estudo, enfatizam a distinção nos teores de COT para as duas estações. Em
CP CV FP FV
20
04
00
60
08
00
10
00
12
00
CO
P (
uM
ol/g
)
CP CV FP FV
60
65
70
75
80
85
90
NO
T (
uM
ol/g
)
CP CV FP FV
12
14
16
18
20
PO
T (
uM
ol/g
)
27
contra partida, os valores de p>0,05 alusivos aos ambientes de estudo, indicam que não há
diferença significativa nos teores de COT entre eles.
Observando os teores de COT encontrados, nota-se que a diferença entre os locais de
estudo (cultivo e fora) foi expressivamente menor em relação à diferença entre os períodos.
Félix (2009) em estudo semelhante e na mesma área de estudo, encontrou resultados onde os
teores de carbono foram menores em pontos dentro da enseada se comparados àqueles de
fora. Outros dois estudos, o primeiro realizado por Crawford et al. (2003), onde analisou três
fazendas de cultivo de moluscos na Tasmânia, e o segundo feito por Hatcher et al., (1994),
avaliando duas fazendas de cultivo no litoral canadense, encontraram resultados onde não
houveram diferenças significativas nas concentrações de carbono entre uma área de referência
e outra de cultivo.
Já a grande diferença das concentrações de COT sazonalmente pode estar relacionada
com os organismos responsáveis pela transformação do carbono orgânico em CO2, onde no
verão, aliado a alta incidência de luz na coluna d’água e ao aumento do metabolismo destes
organismos, causam diminuição de carbono orgânico nos sedimentos (FÉLIX, 2009).
A concentração média de nitrogênio orgânico total (NOT), na Primavera, foi de 84,84
± 1,31 µMol/gsed, na área de cultivo, enquanto que fora desta, a concentração média de
nitrogênio foi de 75,01 ± 3,75 µMol/gsed. No Verão, os valores médios foram de 57,12 ± 0,93
µMol/gsed e 77,09 ± 13,2 µMol/gsed, dentro e fora do cultivo, respectivamente (Figura 9).
Através das análises estatísticas para este parâmetro, houve diferença significativa
apenas em relação à sazonalidade na área de cultivo, com valor de p=0,04. Já para fora da
área de cultivo e entre os locais de estudo, tanto para a Primavera quanto para o Verão, os
valores de p>0,05, demonstrando que não há diferença nos teores de NOT, mesmo com uma
grande diferença entre a área de cultivo e fora no Verão, explicado pelo alto valor de desvio
padrão entre as réplicas neste último ambiente.
A diferença sazonal em relação à área de cultivo pode estar associada ao aumento do
metabolismo dos organismos no período de Verão, associado ao aumento da produção de
biodepósitos nesta região, na qual intensifica a sedimentação do material orgânico ao
sedimento e, por conseguinte, a liberação do nitrogênio inorgânico (NH4+,NO2
- e NO3
-) para a
28
coluna d’água devido a ação das bactérias no sedimento (SUPLICY, 2005). Segundo o
mesmo autor, quando da assimilação do fitoplâncton pelos organismos filtradores, ocorre a
adesão de muco proteico às células fitoplanctônicas durante o processo de filtração e geração
de biodepósitos, onde auxilia na ação das bactérias e consequentemente, na liberação do
nitrogênio, o que pode justificar o aumento na taxa de decomposição na área de cultivo,
observado pelos baixos valores de NOT nesta área, especificamente durante o período de
Verão.
O fósforo é um nutriente utilizado na formação de biomassa nos ambientes marinhos e
reciclado no próprio meio, passando parte dele pelo ciclo orgânico, sendo mobilizado nos
sedimentos, principalmente como fosfato (DOLAN, 1997; PELLENS et al., 1998).
Na Primavera, a concentração média de POT no sedimento superficial dentro da área de
cultivo foi de 12,38 ± 1,25 µMol/gsed, enquanto que fora, o valor médio foi de 15,38 ± 0,07
µMol/gsed. Já no Verão, os valores médios foram maiores, sendo de 18,42 ± 1,45 µMol/gsed e
17,11 ± 1,18 µMol/gsed dentro e fora da área de cultivo, respectivamente (Figura 9).
A partir das análises estatísticas, houve diferença significativa em relação à
sazonalidade apenas na área de cultivo, com valor de p=0,005. Porém, para o ambiente de
fora, a sazonalidade não ficou tão marcada, além de não haver diferença significativa também
entre os locais, devido os valores das comparações estatísticas apresentarem valores de
p>0,05.
Em relação à diferença sazonal para a área de cultivo, esta pode ser explicada pela
presença dos organismos na área de maricultura que, aliado a elevação da temperatura no
período de Verão, ocorre um aumento no metabolismo dos organismos suspensos no sistema
de cultivo e, por conseguinte, ocorre um acréscimo de biodepósitos nos sedimentos
superficiais. A pequena diferença entre cultivo e fora na Primavera pode estar relacionada
com o regime hidrodinâmico local, que desempenha importante função na remobilização do
material acumulado no fundo. As ondas, desta forma, atuam na ressuspensão deste material,
enquanto que as correntes geradas pelo vento e marés, em seu transporte (SCHETTINI et al.,
1999).
29
Estudo similar realizado por Kuroshima et al. (2011) mostrou valor médio de fósforo
orgânico total no mesmo local de estudo de 6,87 µMol/gsed, ou seja, bem abaixo dos valores
de concentração obtidos para o presente estudo. Porém, este valor foi adquirido a partir de 50
pontos, obtidos ao longo de toda a enseada, o que pode diluir a concentração deste parâmetro
ao longo das diferenças espaciais. No mesmo trabalho, os autores concluíram que as maiores
concentrações de POT encontravam-se abaixo da área de cultivo e na porção mais externa da
enseada, evidenciando a participação e contribuição da atividade de maricultura na
caracterização sedimentar e consequentemente, nas interações entre o sedimento e a coluna
d’água, além de corroborar a fonte alóctone de fósforo no ambiente, provavelmente a partir de
aportes continentais, considerando a grande influência do Rio Itajaí-acú, que apresenta sua
pluma para direção norte, onde se localiza a enseada da Armação do Itapocoroy.
Outro estudo realizado por Félix (2009) no mesmo ambiente avaliou a concentração de
fósforo orgânico em diversos pontos da enseada durante os períodos de Inverno e Verão.
Neste último, a concentração média de POT foi de 6,77 ± 2,21 µMol/gsed, variando entre um
mínimo de 3,87 ± 1,19 µMol/gsed e máximo de 11,37 ± 0,37 µMol/gsed, sendo os valores mais
altos, encontrados abaixo da área de cultivo. No mesmo estudo, o autor não relaciona a
sazonalidade com as concentrações de fósforo orgânico, assim como Matijevic et al. (2008),
que também encontrou maiores teores deste elemento em áreas de cultivo, quando
comparadas com uma área de referência, sem evidenciar sazonalidade.
5.3 MATERIAL PARTICULADO EM SUSPENSÃO (MPS)
O material particulado em suspensão compreende partículas maiores que 0,45 μm e
pode constituir-se de uma fração mineral ou inorgânica e outra orgânica. A fração orgânica é
representada, entre outros, pelos compostos que estão adsorvidos ao MPS, tornando-o um
importante meio de transporte destes nutrientes para o ambiente adjacente (BAUMGARTER
et al., 1996). Segundo este mesmo autor, a quantidade de material particulado em suspensão
na água é bastante variável no espaço e no tempo, o que depende de fatores como a
hidrodinâmica local, constituição dos substratos, fatores meteorológicos, entre outros.
Os dados da fração orgânica do MPS estão descritos na tabela 5. Nesse compartimento,
assim como no sedimento superficial, foram determinados o Carbono Orgânico Total (COT);
30
Nitrogênio Orgânico Total (NOT); e Fósforo Orgânico Total (POT), sobretudo, em três
diferentes profundidades a partir do fundo (1, 2 e 3 metros).
Tabela 5: Valores médios, desvio padrão, mínimo e máximo de COT, NOT e POT das amostras do MPS para
cada campanha amostral a 1, 2 e 3 metros a partir do fundo (dados em µMol/gMPS).
COT
NOT
POT
Campanha Cultivo Fora Cultivo Fora Cultivo Fora
1 M
ET
RO
DO
FU
ND
O
VERÃO
Média 1436,96 1803,48 64,65 75,84 22,2 24,66
Desv. Pad. 90,1 102,58 11,86 6,16 1,04 0,64
Mínimo 1362,48 1730,95 56,26 71,49 21,47 24,21
Máximo 1537,48 1876,01 73,04 80,2 22,94 25,12
Média 1042,67 903,7 65,57 64,32 22,04 19,6
PRIMAVERA Desv. Pad. 99,32 69,55 2,7 16,23 3,93 0,79
Mínimo 939,36 854,52 63,66 52,85 18,03 18,81
Máximo 1137,46 952,88 67,48 75,79 25,89 20,39
2 M
ET
RO
S D
O F
UN
DO
VERÃO
Média 2027,58
68,31
21,03 26,78
Desv. Pad. 214,34
1,57
Mínimo 1876,01
19,92
Máximo 2179,14
22,14
Média 1019,12 1048,18 65,6 71,09 22,00 20,19
PRIMAVERA Desv. Pad. 20,54 105,05 2,05 4,91 0,88 1,08
Mínimo 995,87 973,9 64,15 67,62 21,38 19,11
Máximo 1034,77 1122,46 67,05 74,56 22,62 21,27
3 M
ET
RO
S D
O F
UN
DO
VERÃO
Média 1631,63 1889,93 94,4 93,12 24,56 20,15
Desv. Pad. 211,92 179,78 11,25
2,17 0,15
Mínimo 1481,78 1762,81 86,45
23,02 20,04
Máximo 1781,48 2017,05 102,36
26,09 20,25
Média 975,26 1141,81 17,94 21,78
PRIMAVERA Desv. Pad. 134,7 0,38
Mínimo 877,16 17,67
Máximo 1128,84 18,37
5.3.1 Carbono Orgânico Particulado (COT)
Para a profundidade de 1 metro a partir do fundo, as análises estatísticas demonstraram
que não houve diferença significativa entre os teores de COT apenas entre cultivo e fora no
período de Primavera, com valor de p=0,423. Todavia, os valores de p<0,05, ressaltam, além
de uma diferença sazonal tanto para a área de cultivo quanto para fora desta, uma diferença
entre estes locais no período de Verão (Figura 10).
31
Figura 10: Distribuição espacial de COT (µMol/gMPS) no MPS (média, desvio padrão, máximo e mínimo) para
as diferentes profundidades, períodos e locais de estudo, onde: CP (cultivo-primavera); CV (cultivo-verão); FP
(fora-primavera); e FV (fora-verão).
Para a profundidade de 2 metros a partir do fundo, a concentração média de COT, na
Primavera e dentro da área de cultivo foi de 1019,12 ± 20,54 µMol/gMPS. Fora, a concentração
média foi de 1048,18 ± 105,05 µMol/gMPS. No Verão, como observado na tabela 6, não foram
realizadas as análises de Carbono Orgânico Total fora da área de cultivo, devido à falta de
material particulado coletado na armadilha fixada a 2 metros a partir do fundo. Porém, no
cultivo, a concentração média deste parâmetro foi de 2027 ± 214,34 µMol/gMPS (Tabela 6).
Através dos dados encontrados, nota-se uma grande diferença (p=0,002) sazonal na
concentração média de COT na Primavera. Como não houve amostragem no Verão e fora do
cultivo, foram realizadas as análises estatísticas entre os ambientes de estudo apenas no
período de Primavera, com valor de p=0,995. Dessa forma, não houve diferença significativa
entre cultivo e fora neste período (Figura 10).
Por último, a concentração média de COT para a profundidade de 3 metros a partir do
fundo, na Primavera e dentro da área de cultivo, foi de 975,26 ± 134,7 µMol/gMPS, enquanto
fora desta, a concentração média de COT foi de 1141,81 µMol/gMPS, havendo somente uma
amostragem. No Verão, os valores médios de concentração foram de 1631,63 ± 211,92
µMol/gMPS e 1889,93 ± 179,78 µMol/gMPS, dentro e fora do cultivo, respectivamente (Tabela
7).
A partir das análises comparativas de médias, os teores de COT para essa profundidade
apresentaram-se iguais estatisticamente, ou seja, sem diferença significativa entre suas
CP CV FP FV
05
00
10
00
15
00
20
00
CO
T -
1m
(u
Mo
l/L
)
CP CV FP
05
00
10
00
15
00
20
00
CO
T -
2m
(u
Mo
l/L
)
CP CV FP FV
05
00
10
00
15
00
20
00
CO
T -
3m
(u
Mo
l/L
)
32
concentrações no que diz respeito à variação sazonal no ambiente fora da área de cultivo,
além da variação entre os dois locais de estudo no período de Primavera. Para ambas as
comparações, foram obtidos valores de p>0,05. Entretanto, em relação à área de cultivo e sua
variação sazonal, o valor de p<0,05, comprova que há diferença significativa entre os dois
ambientes de estudo no período de Verão (Figura 10).
Com base nos resultados obtidos, nota-se que as variações nas concentrações de COT
são mais evidenciadas sazonalmente. Em todas as profundidades, este fato ficou bem
marcado, principalmente dentro da área de cultivo, onde os organismos filtradores suspensos
neste sistema intensificam os processos biogeoquímicos da coluna d’água, acelerando a
transformação do material orgânico vivo (microalgas), por exemplo, em material orgânico
morto (pellets fecais) (KUROSHIMA el al., 2011), além da taxa de sedimentação potencial,
que é consideravelmente mais acentuada dentro deste ambiente.
Em relação à comparação entre os ambientes de estudo (cultivo e fora), em quase todas
as profundidades e períodos, o teor médio de COT foi menor dentro da área de cultivo quando
comparado com fora desta, com exceção apenas para a profundidade de 1 metro a partir do
fundo.
Apesar das análises estatísticas corroborarem para uma diferença não significativa entre
cultivo e fora, exceto na Primavera a 1 metro do fundo, a diferença nos teores de COT nestes
dois ambientes pode estar relacionada com o fato dos organismos filtradores terem a
capacidade de retirar matéria particulada em suspensão, reduzindo direta e indiretamente a
quantidade de nutrientes presentes na coluna d’água (SUPLICY, 2005). No entanto, deve-se
salientar também, que esta análise avalia No entano, deve-se salientar também, que esta
análise avalia o teor de carbono por unidade de massa do MPS, e não considera a quantidade
total de COT no meio, o que será avaliado no próximo item.
5.3.2 Nitrogênio Orgânico Total (NOT)
Em relação à profundidade de 1 metro do fundo, os resultados encontrados ressalvam
que os valores de concentração de NOT tanto para os dois períodos quanto para os distintos
locais de estudo foram semelhantes, não evidenciando sazonalidade e até mesmo diferença na
concentração de NOT para a área de cultivo e fora desta. Tal fato é enfatizado por meio das
33
análises estatísticas, na qual foram obtidos valores de p>0,05 em todas as comparações
(Figura 11).
Figura 11: Distribuição espacial e temporal de NOT (µMol/gMPS) no MPS (média, desvio padrão, máximo e
mínimo) para as diferentes profundidades, períodos e locais de estudo, onde: CP (cultivo-primavera); CV
(cultivo-verão); FP (fora-primavera); e FV (fora-verão).
Em 2 metros a partir do fundo, a concentração média de NOT, no período de Primavera
e na área de cultivo foi de 65,6 ± 2,05 µMol/gMPS. Fora do cultivo, com valor médio foi de
71,09 ± 4,91 µMol/gMPS. No Verão, como relatado na tabela 6, há apenas um valor médio de
Nitrogênio Orgânico Total dentro da área de cultivo, devido à realização de apenas uma
amostragem pela falta de material particulado presente na armadilha, com concentração média
de 68,31 µMol/gMPS. Problema este que ocorre também fora da área de cultivo.
Deve-se atentar ao fato de que no Verão, a densidade de organismos suspensos no
sistema de cultivo era significativamente menor comparado com o período de Primavera, o
que pode justificar a falta de material para análise química deste parâmetro. No ambiente fora
do cultivo, à falta de material para análise pode estar relacionada justamente com a ausência
dos organismos suspensos, uma vez que estes aceleram os processos de sedimentação do
material particulado em suspensão através da biodeposição (fezes e pseudofezes). Tal fato
pode ser observado para o Carbono Orgânico Particulado na mesma profundidade.
Dessa forma, as análises estatísticas foram realizadas apenas na comparação de médias
entre a área de cultivo e as duas estações de coleta; e entre os ambientes de estudo somente no
período de Primavera. Em ambas as comparações, os valores de p se apresentaram maiores
CP CV FP FV
02
04
06
08
01
00
12
0
NO
T -
1m
(u
Mo
l/L
)
CP CV FP
02
04
06
08
01
00
12
0
NO
T -
2m
(u
Mo
l/L
)
CV FV
02
04
06
08
01
00
12
0
NO
T -
3m
(u
Mo
l/L
)
34
que 0,05, evidenciando que não há diferença significativa tanto em relação à sazonalidade,
quanto entre os locais (Figura 11).
As determinações de NOT para a profundidade de 3 metros a partir do fundo foram
realizadas apenas para o período de Verão (Tabela 7), e mesmo assim, com apenas uma
amostragem no ambiente de fora da área de cultivo, sendo assim, rejeitadas as análises
estatísticas (Figura 11). Como já citado para outros parâmetros e até mesmo para o NOT, a
falta de material particulado em suspensão retido na armadilha para tal profundidade não foi
suficiente para realizar as análises químicas.
Diferentemente do Carbono Orgânico Particulado, as concentrações de NOT obtidas
para as diferentes profundidades não indicaram um padrão específico tanto para a
sazonalidade quanto entre os dois ambientes de estudo. As análises estatísticas, por sua vez,
ratificam que não houve diferença significativa nas concentrações de NOT em nenhuma
dessas comparações.
O que pode ser destacado é a diferença nos teores de NOT para a profundidade de 1
metro a partir do fundo e no período de Verão, mesmo sendo obtido, nas análises
comparativas, um valor de p=0,730 indicando similaridade entre os teores deste parâmetro,
provavelmente pelos altos valores de desvio padrão (observar tabela 5). Além da diferença
entre cultivo e fora a 2 metros do fundo no período de Primavera, com valor de p=0,461.
Estas duas diferenças, assim como para o COT, sendo maior fora da área de cultivo em
relação à dentro desta, pode indicar a retirada de material particulado em suspensão, bem
como nutrientes na coluna d’água pela ação filtradora dos moluscos (SUPLICY, 2005).
Segundo o mesmo autor, uma acelerada sedimentação de matéria orgânica pode resultar no
aumento do processo de denitrificação por meio da ação de bactérias, auxiliando na remoção
de nitrogênio em ambientes sobrecarregados pela descarga de nutrientes orgânicos e
inorgânicos.
5.3.3 Fósforo Orgânico Total (POT)
Assim como o nitrogênio orgânico total (NOT), os teores médios de POT para a
profundidade de 1 metro a partir do fundo, não apresentaram grandes diferenças tanto em
relação à sazonalidade, quanto entre os locais de amostragem. Para todas as comparações, a
35
partir das análises estatísticas, os valores de p>0,05 destacam que não há diferença
significativa entre os dois períodos e os locais de estudo (Figura 12).
Figura 12: Distribuição espacial de POT (µMol/gMPS) no MPS (média, desvio padrão, máximo e mínimo) para
as diferentes profundidades, períodos e locais de estudo, onde: CP (cultivo-primavera); CV (cultivo-verão); FP
(fora-primavera); e FV (fora-verão).
Nas amostragens de 2 metros a partir do fundo, a concentração média de POT na
Primavera e dentro da área de cultivo foi de 22,00 ± 0,88 µMol/gMPS. Fora desta, a média
encontrada foi de 20,19 ± 1,08 µMol/gMPS. No Verão, dentro da área de cultivo, a
concentração média de fósforo foi de 21,03 ± 1,57 µMol/gMPS, enquanto que fora, houve
apenas uma amostragem para esta profundidade, com concentração média de 26,78
µMol/gMPS (Tabela 6). Como no caso do COT e NOT para a mesma profundidade, a falta de
material particulado em suspensão na armadilha proporcionou apenas uma amostragem e não
em triplicata.
Através das análises estatísticas, não houve diferença significativa entre os ambientes de
estudo na Primavera, além de não haver diferença também entre as diferentes estações dentro
da área de cultivo, com valores de p>0,05. Em relação à área de cultivo e fora no período de
Verão, o valor de p=0,05 evidencia uma pequena diferença nos teores de POT para os dois
locais de estudo neste período, além de apresentar diferença significativa entre Primavera e
Verão no ambiente fora da área de cultivo, com valor de p=0,028 (Figura 12).
Em 3 metros a partir do fundo, a concentração média de POT dentro da área de cultivo e
no período de Primavera foi de 17,94 ± 0,38 µMol/gMPS. Fora, com apenas uma amostragem,
a concentração foi de 21,78 µMol/gMPS. No Verão, os valores médios de concentração foram
CP CV FP FV
18
20
22
24
26
PO
T -
1m
(u
Mo
l/g
)
CP CV FP FV
20
22
24
26
PO
T -
2m
(u
Mo
l/g
)
CP CV FP FV
18
20
22
24
26
PO
T -
3m
(u
Mo
l/g
)
36
de 24,56 ± 2,17 µMol/gMPS e 20,15 ± 0,15 µMol/gMPS dentro e fora da área de cultivo,
respectivamente (Tabela 7).
A partir dos dados obtidos e suas análises estatísticas, houve diferença significativa nas
concentrações de POT apenas dentro da área de cultivo em relação aos dois períodos de
estudo, com valor de p=0,01. Porém, os valores de p>0,05 para as comparações entre os locais
tanto na Primavera, quanto no Verão e para a variação sazonal fora da área de cultivo,
enfatizam que não há diferença significativa entre eles (Figura 12).
A partir dos resultados encontrados juntamente com suas análises estatísticas, as
concentrações de POT para ambas as profundidades apresentaram-se, de forma geral,
semelhantes tanto em relação à sazonalidade, quanto aos distintos ambientes de estudo. Dois
eventos que não corroboram com esta afirmação foram nos teores de POT para a
profundidade de 2 metros do fundo, onde houve diferença significativa nas concentrações
deste parâmetro envolvendo os dois ambientes no período de Verão e diferença sazonal para
fora da área de cultivo.
5.3.4 Taxa de sedimentação
A sedimentação é um processo de retirada do material particulado em suspensão da
coluna d’água (JARAMILLO et al., 1992), onde essas partículas, tanto nos rios quanto nos
oceanos, podem ser oriundas de fontes alóctones, tendo como principal fonte os rios, e/ou
autóctones, sendo a principal fonte destas, a produção primária (ROSA et al., 1991). A
sedimentação, além de atuar como um processo fundamental para o metabolismo de
ambientes aquáticos no que diz respeito a sua influência na regeneração de nutrientes controla
o suprimento destes para a comunidade bentônica (BLOESCH & UEHLINGER, 1986). Em
áreas de cultivo de moluscos, justamente pela presença desses organismos suspensos nas
cordas, ocorre o incremento no fluxo vertical de partículas, estimado então, pela taxa de
sedimentação potencial (SCHETTINI et al., 1997).
A taxa de sedimentação, por sua vez, é denominada pelo fluxo vertical de partículas
para o fundo, a partir de processos como advecção e ressuspensão, e seu aumento pode
ocorrer em função da hidrodinâmica do ambiente e biodeposição (D’AQUINO et al., 2006).
37
Os valores calculados para a taxa de sedimentação nas 3 profundidades coletadas de
MPS, nos dois períodos (Verão e Primavera) estão, assim apresentados na tabela 6.
Tabela 6: Dados referentes à taxa de sedimentação potencial para as diferentes profundidades, períodos e locais
de estudo. Todos os valores são expressos em g.m-2
.dia-1
.
1m do fundo 2m do fundo 3m do fundo
Cultivo Fora Cultivo Fora Cultivo Fora
VERÃO 5,54 2,33
1,88
0,36
4,70 2,0
PRIMAVERA 23,50
3,61
12,73
3,56
2,95
0,74
A partir dos dados de taxa de sedimentação potencial em cada profundidade de estudo,
observa-se que em todas elas, e em ambos os períodos, a taxa de sedimentação foi maior
dentro da área de cultivo comparado com fora desta. Tal fato pode ser explicado, tanto pela
presença dos organismos suspensos no sistema de cultivo, através da potencial biodeposição
decorrente da produção de fezes e pseudofezes, quanto das alterações hidrodinâmicas
promovidas por estas estruturas (BARG 1992). Outros processos que atuam na taxa de
sedimentação potencial são as ondas e correntes por meio da dissipação turbulenta causada
pela tensão de cisalhamento do escoamento junto ao fundo (D’AQUINO et al., 2006).
Em relação à sazonalidade, nota-se que na Primavera, houve maiores valores da taxa de
sedimentação em relação ao Verão, estando em desconformidade apenas para a profundidade
de 3 metros a partir do fundo. Um fator importante a destacar-se em relação à diferença
sazonal da taxa de sedimentação dentro da área de cultivo é a maior densidade de organismos
nas estruturas no período de Primavera, época de engorda dos moluscos. Em contra partida,
no período de Verão, os maricultores geralmente retiram os organismos para o comércio.
As proporções entre cada profundidade e local de estudo foram em torno de 2 a 4 vezes
maiores no cultivo comparados com a área de fora. Apenas na profundidade de 1 m a partir do
fundo e na Primavera, esta proporção foi de aproximadamente 6 vezes maior, e na
profundidade de 2 metros no Verão, onde a taxa de sedimentação no cultivo foi cerca de 5
vezes maior que fora.
38
Em concordância, Mattsson & Lindén (1983) encontraram valores de sedimentação
cerca de três vezes maior dentro de áreas de cultivo de moluscos no sistema do tipo long line
comparados com áreas de controle (sem cultivo) na costa oeste da Suécia.
Em estudo pretérito realizado na mesma área de estudo (D’AQUINO et al., 2006), os
autores encontraram uma taxa de sedimentação média em toda a enseada de 262 g.m-2
.dia-1
,
valor bastante acima do encontrado neste estudo. Neste mesmo trabalho, as armadilhas foram
colocadas a 0,5, 1 e 1,5 metros a partir do fundo, com valores de 380, 226 e 181 g.m-2
.dia-1
,
respectivamente. Desse modo, observa-se que os valores decresceram com o aumento da
profundidade acima do fundo, o que também ocorreu no presente estudo, exceto na
profundidade de 3 metros acima do fundo e no Verão.
Estes resultados evidenciam que o sistema de cultivo está, de fato, contribuindo com a
taxa de sedimentação no ambiente estudado. Por outro lado, as maiores concentrações da taxa
de sedimentação serem observados nas profundidades mais próximas do fundo, evidencia a
contribuição das correntes de fundo, ressuspendendo o material de fundo.
A expressiva diferença entre os dois estudos pode estar relacionado com o fato de que
no primeiro (D’AQUINO et al., 2006), o valor obtido é uma média para toda a enseada, com
pontos de coleta dentro e fora da área de cultivo. No entanto, os autores encontraram valores
menores de taxa de sedimentação, com mínimo de 6 g.m-2
.dia-1
.
Foi calculada a taxa de sedimentação de cada substância orgânica no MPS, utilizando a
mesma equação anterior para estimar a contribuição do MPS no transporte destas substâncias
(Tabela 7).
Dessa forma, esses nutrientes, principalmente o nitrogênio e o fósforo, podem sofrer
processo de assimilação através dos organismos suspensos no sistema de cultivo, por
exemplo. Caso esses nutrientes não sejam assimilados, os mesmos chegam ao sedimento,
sofrendo assim, regeneração a partir das bactérias, tendo como produto final os nutrientes
inorgânicos (KUROSHIMA et al., 2011).
Para o cálculo da taxa de sedimentação das substâncias orgânicas presente no MPS foi
utilizado o peso seco do material particulado retido em cada armadilha, a concentração molar
39
de cada parâmetro, a área de abertura das armadilhas e o tempo de permanência das mesmas,
através da equação:
([ ] )
Onde:
- [ ]Molar = concentração molar de cada nutriente (mmol);
- Ps = massa total de material particulado em suspensão em cada armadilha (g);
- A = área de abertura superior de cada armadilha (m2);
- t = tempo de permanência das armadilhas na coluna d’água (dia).
Tabela 7: Taxa de sedimentação de COT, NOT e POT nos diferentes períodos e locais de coleta, onde C =
cultivo e F = Fora. Todos os valores são expressos em mmol.m-2
.dia-1
.
PRIMAVERA VERÃO Prof. Cultivo Fora Cultivo Fora
CO
T 1 m 33,76 6,5 5,78 2,10
2 m 25,81 6,74 1,92 0,38
3 m 4,81 4,59 2,28
NO
T 1 m 1,52 0,27 0,36 0,15
2 m 0,87 0,33 0,12 0,03
3 m 0,28
PO
T 1 m 0,49 0,09 0,12 0,05
2 m 0,31 0,09 0,04 0,007
3 m 0,06 0,01 0,08 0,04
Como pode ser observado, a taxa de sedimentação dos nutrientes orgânicos, levando em
consideração a quantidade de MPS em cada local avaliado, sofreu maiores flutuações no que
diz respeito à variação sazonal do que entre os locais de coleta. As maiores concentrações
encontradas na Primavera pode estar correlacionado com a maior densidade de organismos
suspensos no sistema de cultivo neste período. Além disso, no Verão, ocorre um aumento da
atividade biológica em função do aumento do metabolismo dos organismos (PEDROSA,
2011), diminuindo a concentração dos nutrientes disponíveis.
Já em relação aos distintos locais de estudo, mesmo com uma diferença menor em
relação à variação sazonal, as concentrações de cada nutriente orgânico, foram maiores dentro
da área de cultivo em ambas as profundidades, evidenciando a contribuição dos organismos
dos organismos cultivados. Klump & Martens (1981) atentam ao fato de que em ambientes
40
onde são inseridas atividades como a maricultura, a quantidade de material orgânico
sedimentar é ainda mais expressiva, impondo altos índices de regeneração dos nutrientes nos
sedimentos, devido à mineralização desse material orgânico. Dessa forma, a camada
sedimentar desses ambientes, principalmente sua fração orgânica, realiza trocas de nutrientes
com a coluna d’água, impondo aos sedimentos um papel fundamental em relação ao
armazenamento e reciclagem de compostos da coluna sedimentar (BAUMGARTEN et al.,
2001). Suplicy (2005), ainda enfatiza que os moluscos filtradores exercem importante função
em relação ao controle da quantidade de matéria orgânica em suspensão, influenciando,
assim, na ciclagem dos nutrientes no ambiente.
O material orgânico nos ambientes marinhos é dividido em dissolvido, representado
principalmente pelos polímeros e geo-polímeros (substâncias húmicas), enquanto que o
particulado, representado pelo material detrítico em suspensão na coluna d’água, além da
biomassa fitoplanctônica e dos organismos presentes no ambiente (CARMOUZE, 1994). O
carbono, nitrogênio e fósforo do material detrítico, por sua vez, são divididos em três
compartimentos, constituindo a matéria orgânica particulada, dissolvida e os nutrientes
(CARMOUZE, 1994).
Já em relação ao carbono, nitrogênio e fósforo da biota, estes elementos também estão
distribuídos em três compartimentos, como os organismos fotossintetizantes que produzem
matéria orgânica através de energia luminosa e substâncias inorgânicas; os organismos que
produzem matéria orgânica por meio de energia química e substâncias inorgânicas (bactérias);
e os organismos que produzem matéria orgânica através de energia química e substâncias
orgânicas como fonte de alimentos biogênicos, como os animais (CARMOUZE, 1994).
A razão C:N:P entre esses elementos, partindo do princípio que no meio oceânico
predomina-se a biomassa fitoplanctônica, é de 106:16:1 (REDFIELD et al., 1963). Portanto,
estas razões auxiliam na determinação da origem da matéria orgânica, além de servir como
dados de referência para avaliar a falta de um desses elementos no ambiente (CARMOUZE,
1994).
No período de Primavera, a razão variou entre (69-80) : (3-5) : 1 dentro da área de
cultivo, e (72-75) : (3-4) : 1 fora da área de cultivo. Já no Verão as razões estiveram entre (57-
41
48) : 3 : 1 e (42-57) : (3-4) : 1, respectivamente. Todos os valores encontrados consideram as
três profundidades de amostragem. A partir dos dados das razões C:N:P, observa-se que o
material particulado em suspensão (MPS) está enriquecido de fósforo, tanto na comparação
entre C:N, quanto para N:P. Neste caso, o fósforo constituído no MPS, quando na coluna
d’água, sofre os processos de decomposição, e logo depois, pode de aderir novamente ao
MPS, aumentando sua concentração neste reservatório.
6 CONCLUSÕES
A partir dos dados obtidos, conclui-se:
Dentre os parâmetros físico-químicos: temperatura e oxigênio dissolvido apresentaram
diferença em seus valores apenas em relação à variação sazonal. Entretanto, a
salinidade não variou significativamente tanto entre os períodos, quanto entre os locais
de estudo.
As concentrações dos nutrientes inorgânicos dissolvidos na coluna d’água foram
semelhantes no que diz respeito aos distintos locais de estudo, corroborando que não
houve diferença nos teores de NH4+, NO2
-, NO3
- e PO4
3- entre a área de cultivo e fora
desta. As diferenças mais marcantes envolvem as duas estações do ano para as duas
áreas, sendo maiores no período de mais baixa temperatura (Primavera), indicando o
seu menor uso pelos processos fotossintetizantes.
As concentrações dos nutrientes orgânicos no sedimento, assim como na coluna
d’água, exibiram maiores flutuações em relação à sazonalidade. O COT apresentou
essa diferença tanto dentro da área de cultivo quanto fora, enquanto que NOT e POT,
apenas na área sobre influência da maricultura;
No que concerne ao material particulado em suspensão, este reservatório foi bastante
variável quanto às concentrações dos nutrientes orgânicos, mostrando-se dependente
não apenas da presença dos organismos do sistema de cultivo, todavia de fatores como
a sazonalidade e hidrodinâmica local, agindo como agente de transporte desse
material;
Os organismos suspensos no sistema de cultivo aceleram a taxa de sedimentação
potencial do material particulado em suspensão em cerca de 3 a 4 vezes comparados
42
com áreas sem influência das atividades de maricultura, conferindo, portanto, maiores
concentrações dos nutrientes que chegam ao sedimento nestes locais;
As razões molares entre C, N e P indicam que o material orgânico no ambiente está
enriquecido de fósforo ou empobrecido de carbono e nitrogênio. O fósforo, por ser
mais reativo, pode, depois de decomposto, voltar a se aderir ao MPS, aumentando sua
concentração neste reservatório;
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